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D0192G18
GOIÂNIA
2018
AUGUSTO COSTA SILVA
D0192G18
GOIÂNIA
2018
FOLHA DE APROVAÇÃO
Banca Examinadora:
________________________________
Prof. Dr. Sylvia Regina Mesquita de Almeida – Universidade Federal de Goiás (Examinador
Interno)
_________________________________
_____________________________________
Agradeço a Deus que concede a mim graça em todos os meus caminhos, e me fez crer que
tudo seria possível, mesmo nos momentos em que não conseguia ver o fim da estrada;
À minha família Regina, Alexia, Vagner, Valéria, Helena e Orminda que sempre me apoiaram
e incentivaram ao longo de minha vida;
Ao professor Maurício Martines Sales, por todo conhecimento transmitido com grande
maestria, através das matérias ministradas e durante a orientação deste trabalho. Agradeço
ainda, pela paciência e disposição em sanar minhas dúvidas, atenção e amizade;
Àos professores do mestrado, das áreas de Geotecnia e Estrutura que contribuíram com seus
conhecimentos;
A professora orientadora de iniciação cientifica Rita de Cássia Silva, pelos conselhos valiosos;
Aos colegas do mestrado das áreas de Geotécnica, Estrutura e Construção Civil, pela
amizade e por compartilharem este momento em minha vida, em especial, Jeferson, Paulo,
Sergio e Patrícia, que além do mestrado, caminhamos juntos desde a graduação, e Marcela,
Hebert e Laynara, do mestrado;
Aos técnicos do Laboratório de Geotecnia da UFG, que sempre me receberam com alegria e
por transmitirem parte de seus conhecimentos, sobre a realização dos diversos ensaios.
A. C. SILVA
“Failure is simply the opportunity to begin again,
this time more intelligently.”
(Henry Ford)
RESUMO
A. C. SILVA
D0192G18: Interação Solo-Estrutura no Projeto de Edifícios Altos
Winkler, metodologia do recalque médio e pela consideração da rigidez dos pilares. Ainda,
constatou-se que a adoção de apenas cargas verticais na interação não teve influência sobre
os resultados.
A. C. SILVA Resumo
ABSTRACT
The structure of a building and the soil on which it is built work together in a soil-structure
interaction mechanism (SSI). However, in practice, the superstructure and foundation projects
are calculated separately, without considering the interaction of the parties involved. The
designers of the superstructure, generally, either consider in the analysis the supports as fixed
points or do so with Winkler springs, which are independent elements in which there is not
interaction between the foundation elements and the adjacent soil. This may lead to an
unrealistic distribution of settlements, in which, at some points, the settlements are larger and,
in others, smaller than the settlements obtained from the real distribution. As for the
superstructure, in the SSI analysis, redistribution of efforts occurs in the columns, which can
lead to otherwise values of global stability parameters and the need to review the details of the
columns in comparison to the calculation performed conventionally. Thus, the conventional
methods would be against safety, which leads to the objective of this work which was to
compare, for hypothetical buildings, of 50 floors, with quadrangular and rectangular plant
shapes, support reactions in the columns, settlements, angular distortions, efforts in the
foundation, overall stability parameters and lateral displacements of buildings obtained with
SSI and by conventional methods. For each geometry, two types of soil and piles of 60 cm and
140 cm in diameter were considered. In addition, additional analyzes were carried out, such
as: the verification of the influence of the bending moment at the base of the columns, the
influence of the consideration of the rigidity of the columns, adoption of a spring coefficient,
based on the Winkler hypothesis and the consideration of the soil deformability by estimating
of the foundation's average settlement. In the analysis of the superstructures, a commercial
program for the design of reinforced concrete structures was used and, for the analysis of the
foundation, a program was used that uses a hybrid methodology in its formulation, being the
interaction of the parts by iterative process. With consideration of the interaction, the buildings
presented smaller settlements in the central region of the foundation, smaller angular
distortions and smaller efforts in the foundation. On the other hand, the global stability
parameters, the lateral displacement at the top of the building, the efforts at the selected beams
and efforts at the first floor columns were larger. It should be noted that the dimensioned
foundation that presented higher stiffness (weaker soil and piles with a diameter of 60 cm) had
the best performance in relation to the foundation and, in the part of the structure, presented
the lowest values of stability parameters and lateral displacements . In addition, performing an
iteration in the interaction procedure led to better results than those obtained by Winkler's
A. C. SILVA
D0192G18: Interação Solo-Estrutura no Projeto de Edifícios Altos
hypothesis, the methodology of the average settlement and the consideration of the rigidity of
the columns. Also, it was verified that the adoption of only vertical loads in the interaction had
no influence on the results.
A. C. SILVA Abstract
LISTA DE FIGURAS
Figura 2.2 — Tipos de recalques em edificações: (a) recalques uniformes, (b) recalques
desuniformes, (c) recalques desuniformes com distorção angular (VELLOSO; LOPES,
2004). ................................................................................................................................. 43
Figura 3.1 — Esquema das dimensões das edificações (BORGES, 2009). ........................ 58
Figura 4.2 — Momento em radier pelos modelos de Winkler e Contínuo: (a) Carga
pontual aplicada no centro, (b) 5 cargas pontuais aplicadas equidistantes (BROWN,
1977apud SMALL, 2001). ................................................................................................... 65
Figura 4.5 — Influência da ISE para o edifício Skyper (modificado de SALES; SMALL;
POULOS, 2010).................................................................................................................. 70
Figura 4.6 — Recalque versus rigidez relativa estrutura solo (modificado de LOPES;
GUSMÃO, 1991apud COLARES, 2006). ............................................................................ 72
A. C. SILVA
D0192G18: Interação Solo-Estrutura no Projeto de Edifícios Altos
Figura 5.6 — Seção transversal de pilares utilizados na configuração final dos edifícios
retangular (cm). .................................................................................................................. 86
Figura 5.8 — Fatores de interação (e) x espaçamento relativo (s/d) para os diâmetros
de 60 cm e 140 cm. ............................................................................................................ 91
Figura 5.9 — Malha resultante de pilares e estacas do caso QFA60 (cm). ......................... 93
Figura 5.10 — Malha resultante de pilares e estacas do caso QFA140 (cm). ..................... 94
Figura 5.11 — Malha resultante de pilares e estacas do caso QFO (cm). ........................... 95
Figura 5.12 — Malha resultante de pilares e estacas do caso RFA60 (cm). ....................... 96
Figura 5.13 — Malha resultante de pilares e estacas do caso RFA140 (cm). ..................... 97
Figura 5.14 — Malha resultante de pilares e estacas do caso RFO60 (cm). ....................... 98
Figura 5.15 — Malha resultante de pilares e estacas do caso RFO140 (cm). ..................... 99
Figura 5.16 — Consideração de rigidez dos pilares com aumento de altura do radier, na
posição dos pilares, correspondente a 5 pavimentos. ....................................................... 102
Figura 6.1 – Variação dos recalques com o número de iterações para o caso QFA60. .... 106
Figura 6.2 – Variação dos recalques com o número de iterações para o caso QFA140.... 106
Figura 6.3 – Variação dos recalques com o número de iterações para o caso QFO. ........ 106
Figura 6.4 — Bacia de recalques obtida de corte horizontal para o caso QFA60. ............. 107
Figura 6.5 — Bacia de recalques obtida de corte horizontal para o caso QFA140. ........... 108
Figura 6.6 — Bacia de recalques obtida de corte horizontal para o caso QFO. ................ 108
Figura 6.7 — Comparação das bacias de recalques de corte horizontal dos casos
analisados. ....................................................................................................................... 109
Figura 6.8 — Maiores distorções angulares obtidas com e sem interação para o caso
QFA60. ............................................................................................................................. 110
Figura 6.9 — Maiores distorções angulares obtidas com e sem interação para o caso
QFA140. ........................................................................................................................... 110
Figura 6.10 — Maiores distorções angulares obtidas com e sem interação para o caso
QFO.................................................................................................................................. 110
Figura 6.11 — Cargas (P) normalizadas pela carga inicial (P0) nos pilares versus o
número de iterações para o caso QFA60.......................................................................... 111
Figura 6.12 — Cargas (P) normalizadas pela carga inicial (P0) nos pilares versus o
número de iterações para o caso QFA140........................................................................ 112
Figura 6.13 — Cargas (P) normalizadas pela carga inicial (P0) nos pilares versus o
número de iterações para o caso QFO. ............................................................................ 112
Figura 6.14 — Comportamento dos pilares com a interação em relação a analise sem
interação, para os casos QFA60, QFA140 e QFO. ........................................................... 113
Figura 6.15 — AR’s obtidos de corte horizontal para o caso QFA60. ................................ 114
Figura 6.16 — AR’s obtidos de corte horizontal para o caso QFA140. .............................. 114
Figura 6.17 — AR’s obtidos de corte horizontal para o caso QFO. ................................... 114
Figura 6.18 — Cargas nas estacas com e sem interação, de corte horizontal, para o
caso QFA60. ..................................................................................................................... 115
Figura 6.19 — Cargas com interação (P) normalizadas pela carga sem interação (P0)
nas estacas para o caso QFA60. ...................................................................................... 115
Figura 6.20 — Cargas nas estacas com e sem interação, de corte horizontal, para o
caso QFA140. ................................................................................................................... 116
Figura 6.21 — Cargas com interação (P) normalizadas pela carga sem interação (P0)
nas estacas para o caso QFA140. .................................................................................... 116
Figura 6.22 — Momento fletor no radier em Y com e sem interação, de corte vertical,
para o caso QFA60. .......................................................................................................... 117
Figura 6.23 — Momento fletor no radier em Y com e sem interação, de corte vertical,
para o caso QFA140. ........................................................................................................ 117
Figura 6.24 — Momento fletor no radier em Y com e sem interação, de corte vertical,
para o caso QFO. ............................................................................................................. 118
Figura 6.25 — DR’s obtidos de corte horizontal para o caso QFA60................................. 119
Figura 6.26 — DR’s obtidos de corte horizontal para o caso QF140. ................................ 119
Figura 6.27 — DR’s obtidos de corte horizontal para o caso QFO. ................................... 119
Figura 6.28 — Relação do Z com o número de iterações para o caso QFA60. ................ 120
Figura 6.29 — Relação do Z com o número de iterações para o caso QFA140. .............. 120
Figura 6.30 — Relação do Z com o número de iterações para o caso QFO. .................... 121
Figura 6.31 — Relação do com o número de iterações para o caso QFA60. ................. 122
Figura 6.32 — Relação do com o número de iterações para o caso QFA140. ............... 122
Figura 6.33 — Relação do com o número de iterações para o caso QFO. .................... 122
Figura 6.34 — Comparação do parâmetro Z dos casos com geometria quadrangular. .... 123
Figura 6.35 — Comparação do parâmetro α dos casos com geometria quadrangular. ..... 123
Figura 6.36 — Deslocamento lateral no topo do edifício para o caso QFA60.................... 124
Figura 6.37 — Deslocamento lateral no topo do edifício para o caso QFA140. ................. 124
Figura 6.38 — Deslocamento lateral no topo do edifício para o caso QFO. ...................... 125
Figura 6.39 — Momento fletor na viga V1 do 1º pavimento para o caso QFA60. .............. 125
Figura 6.40 — Momento fletor na viga V1 do 2º pavimento para o caso QFA60. .............. 126
Figura 6.41 — Momento fletor na viga V1 do 5º pavimento para o caso QFA60. .............. 126
Figura 6.42 — Momento fletor na viga V1 do 10º pavimento para o caso QFA60. ............ 126
Figura 6.43 — Momento fletor na viga V1 do 50º pavimento para o caso QFA60. ............ 127
Figura 6.44 — Momento fletor na viga V5 do 1º pavimento para o caso QFA60. .............. 127
Figura 6.45 — Momento fletor na viga V5 do 2º pavimento para o caso QFA60. .............. 128
Figura 6.46 — Momento fletor na viga V5 do 5º pavimento para o caso QFA60. .............. 128
Figura 6.47 — Momento fletor na viga V5 do 10º pavimento para o caso QFA60. ............ 128
Figura 6.48 — Momento fletor na viga V5 do 50º pavimento para o caso QFA60. ............ 129
Figura 6.49 — Variação dos recalques com o número de iterações para o edifício
retangular. ........................................................................................................................ 130
Figura 6.50 — Bacia de recalques obtida de corte horizontal para o edifício retangular. .. 131
Figura 6.52 — Maiores distorções angulares obtidas com e sem interação para solo
fraco. ................................................................................................................................ 133
Figura 6.53 — Maiores distorções angulares obtidas com e sem interação para solo
forte. ................................................................................................................................. 133
Figura 6.54 — Cargas (P) normalizadas pela carga inicial (P0) nos pilares versus o
número de iterações para o edifício retangular. ................................................................ 135
Figura 6.56 — Comportamento dos pilares com a interação em relação a analise sem
interação, para o caso RFA60. ......................................................................................... 137
Figura 6.57 — Comportamento dos pilares com a interação em relação a analise sem
interação, para os casos RFA140, RFO60 e RFO140. ..................................................... 138
Figura 6.58 — Cargas com interação (P) normalizadas pela carga inicial (P0) nas estacas
para edifício retangular. .................................................................................................... 140
Figura 6.59 — Momento fletor no radier em Y com e sem interação para edifício
retangular.......................................................................................................................... 141
Figura 6.60 — Momento fletor no radier em X com e sem interação para edifício
retangular.......................................................................................................................... 141
Figura 6.62 — Relação do Z com o número de iterações para edifício retangular. ........... 143
Figura 6.63 — Relação do com o número de iterações para edifício retangular. ........... 144
Figura 6.64 — Comparação do Z dos casos com geometria retangular. .......................... 145
Figura 6.65 — Comparação do dos casos com geometria retangular. ........................... 145
Figura 6.67 — Comparação dos recalques com e sem a consideração dos momentos
fletores na base dos pilares, para o caso QFA60. ............................................................. 147
Figura 6.68 — Cargas nos pilares (P) com e sem a consideração dos momentos fletores
na base dos pilares para o caso QFA60. .......................................................................... 147
Figura 6.69 — Momento Fletor nos pilares em X com e sem interação, de corte
horizontal, para o caso QFA60.......................................................................................... 148
Figura 6.70 — Bacia de recalques obtidas para a previsão pelo coeficiente de mola, de
corte horizontal, para o caso QFA60. ................................................................................ 148
Figura 6.72 — Bacia de recalques obtidas para a previsão pelo recalque médio
utilizando o método de Randolph (1983), de corte horizontal, para o caso QFA60. .......... 150
Figura 6.73 — Cargas obtidas com interação, com coeficiente de mola e pelo método
do recalque médio (P) normalizadas pela carga inicial (P0), em pilares de canto,
extremidade e internos para o caso QFA60. ..................................................................... 150
Figura 6.74 — Comparação das bacias de recalques para rigidez dos pilares
correspondente a 5 e 50 pavimentos, em corte horizontal, para caso QFA60................... 151
Figura A.1 — Definição do modelo dos edifícios hipotéticos avaliados. ............................ 163
Figura A.2 — Definição dos pavimentos dos edifícios hipotéticos. .................................... 164
Figura A.3 — Definição das propriedades dos materiais dos edifícios hipotéticos. ........... 165
Figura A.4 — Definição do carregamento de vento para os edifícios hipotéticos. ............. 165
Figura A.7 — Dados de entrada referentes à estaca no programa DEFPIG. .................... 167
Figura A.8 — Dados referentes as propriedades do solo do programa DEFPIG. .............. 168
Figura A.9 — Dados de entrada do item fatores de interação do programa DEFPIG. ....... 168
Figura A.10 — Fatores de interação obtidos de um exemplo do programa DEFPIG. ........ 169
Figura A.12 — Coordenadas nodais de linhas e colunas no programa GARP. ................. 170
Figura A.14 — Tensões aplicadas aos elementos do radier no programa GARP. ............ 171
Tabela 5.1 — Média do NSPT dos furos ao longo da profundidade do terreno adotado........ 87
Tabela 5.5 — Critério para definição das cargas de projeto para solo fraco. ...................... 89
Tabela 5.6 — Critério para definição das cargas de projeto para solo forte. ....................... 89
Tabela B.1 — Cargas e momentos nos pilares sem a interação para o caso QFA60. ...... 175
Tabela B.2 — Cargas e momentos nos pilares com a interação para o caso QFA60. ...... 176
A. C. SILVA
LISTA DE ABREVIATURAS E SIGLAS
CI Com interação
FA Solo fraco
FO Solo forte
SI Sem interação
A. C. SILVA
D0192G18: Interação Solo-Estrutura no Projeto de Edifícios Altos
Símbolos Romanos
B Largura da fundação
CV Coeficiente de variação
d Diâmetro da estaca
E Módulo de elasticidade
A. C. SILVA
D0192G18: Interação Solo-Estrutura no Projeto de Edifícios Altos
i Número da iteração
I Momento de Inércia
j Número do apoio
Km Coeficiente de mola
Kr Rigidez do radier
L, Comprimento da fundação
m Número de apoios
ne Número de estacas
NSPT, NSPT,m Número de golpes para penetrar um amostrador padrão, nos 30 cm finais
Pu Capacidade de carga
t Espessura da fundação
u Fator que varia de 0,4 à 0,6, comumente adotado como igual a 0,5
V Variações de recalques
wi Recalque imediato
wr Recalque do radier
wt Recalque total
Símbolos Gregos
B Deformação angular
Distorção Angular
δ Recalque diferencial
Deflexão relativa
L Comprimento da estaca
Mtot,d Soma dos produtos de todas as forças verticais atuantes na estrutura, com
seus valores de cálculo
Rotação
s Resistência do aço
Inclinação
A. C. SILVA
D0192G18: Interação Solo-Estrutura no Projeto de Edifícios Altos
A. C. SILVA Sumário
D0192G18: Interação Solo-Estrutura no Projeto de Edifícios Altos
A. C. SILVA Sumário
CAPÍTULO 1
INTRODUÇÃO
Para melhor simular o comportamento das fundações existem os modelos que consideram o
solo como um meio contínuo, os quais possibilitam incorporar o efeito de interação entre as
partes da fundação. Nesses modelos, aparece a necessidade de compatibilizar a
deformabilidade da fundação com a rigidez da superestrutura, para representar o mecanismo
de interação solo-estrutura (ISE).
Nas últimas décadas, com a construção de edifícios altos, houve a necessidade de se analisar
a estabilidade global desses, pelo fato de que estruturas mais esbeltas são mais susceptíveis
a deslocamentos laterais. Além disso, pelo fato de a ISE considerar a deformabilidade da
fundação, as estruturas analisadas por este método, podem apresentar maiores valores de
parâmetros de estabilidade global do que os que são calculados convencionalmente, pela
hipótese de apoios indeslocáveis.
A. C. SILVA
38 D0192G18: Interação Solo-Estrutura no Projeto de Edifícios Altos
Diversos estudos têm sido realizados sobre a ISE, e, dessa forma, a presente pesquisa busca
colaborar para o amadurecimento e a disseminação desse conhecimento. Isso por meio da
constatação da influência da ISE no desempenho de edificações e identificação de variáveis
que afetam o desempenho de edificações quando se considera a ISE.
1.1. OBJETIVOS
Calcular os recalques das fundações, levando em conta a rigidez dos pilares, como
forma simplificada de considerar o efeito da ISE; e
Comparar os resultados obtidos pela ISE, com os obtidos por metodologia simplificada,
que considera a deformabilidade da fundação, por meio do recalque médio da mesma.
A. C. SILVA Capítulo 1
D0192G18: Interação Solo-Estrutura no Projeto de Edifícios Altos 39
Capítulo 3 – Análise estrutural: Nesse capítulo são abordadas as ações que solicitam
a superestrutura e a estabilidade global, que é relevante em edifícios altos;
A. C. SILVA Capítulo 1
CAPÍTULO 2
RECALQUES EM FUNDAÇÕES
Figura 2.1 — Exemplo para definição dos movimentos em fundações (modificado de BURLAND; BROMS; DE
MELLO, 1977).
(a) Definições de recalque absoluto, recalque (b) Definições de distorção angular, deflexão
diferencial, rotação e deformação angular. relativa, inclinação e razão de deflexão.
Com o objetivo de esclarecer os termos ilustrados na Figura 2.1 e empregados neste trabalho,
apresentam-se as definições utilizadas por Burland e Wroth (1974), a saber:
Rotação () descreve a mudança de gradiente de uma linha reta que une dois pontos
de recalque;
A. C. SILVA
42 D0192G18: Interação Solo-Estrutura no Projeto de Edifícios Altos
Rotação relativa ou distorção angular () é a inclinação da reta que une dois pontos
de recalques da fundação em relação ao desaprumo. O cálculo para obtenção da
rotação relativa consiste na razão do recalque diferencial pelo comprimento entre os
pontos;
AB CD
(2.1)
LAB LCD
Deflexão relativa () é o máximo deslocamento relativo de uma linha reta ligando dois
pontos de referência. Semelhante para a deformação angular, a convenção é positiva
quando a concavidade é voltada para cima e negativa quando voltada para baixo; e
Os principais movimentos que ocorrem na fundação são: i) recalque absoluto, ii) recalque
diferencial e iii) distorção angular. Os recalques absolutos (Figura 2.2a) desenvolvem-se de
maneira uniforme entre os diversos pontos discretos da fundação, assim não geram esforços
na estrutura. Neste caso, se os recalques forem acentuados podem surgir danos estéticos e
funcionais.
Os recalques diferenciais (Figura 2.2b), por sua vez, apresentam-se de forma desuniforme,
mas com a mesma rotação angular em toda estrutura, desse modo, podem ser gerados
apenas danos estéticos e funcionais à edificação. Se os recalques diferenciais (Figura 2.2c)
vierem acompanhados de distorção angular, pode ser apreciável a redistribuição de esforços
na estrutura ao ponto de causar danos estruturais na mesma ou em elementos de vedação.
A. C. SILVA Capítulo 2
D0192G18: Interação Solo-Estrutura no Projeto de Edifícios Altos 43
Figura 2.2 — Tipos de recalques em edificações: (a) recalques uniformes, (b) recalques desuniformes, (c)
recalques desuniformes com distorção angular (VELLOSO; LOPES, 2004).
Por meio de uma série de observações de obras reais e em laboratório, foram estimados
deslocamentos admissíveis para as fundações, mesmo que em ordem de grandeza, com a
finalidade de se evitar a ocorrência de danos as edificações. Nesse sentido, para limitar a
distorção angular foi elaborado por Bjerrum (1963) um fluxograma de distorções angulares
admissíveis, conforme observa-se na Figura 2.3.
Uma forma expedita de avaliar o comportamento de uma estrutura, quanto a danos devido a
recalques, é a verificação do aparecimento de fissuras (ABNT, 1996). Skempton e MacDonald
(1956) sugeriram valores limites de recalques de projeto para evitar a ocorrência de danos
(trincas), baseados no registro de recalques e danos em edificações. Eles propuseram um
limite de distorção angular de 1/500 para uso em projeto, em que é considerado um fator de
segurança de, no mínimo, 1,5 em decorrência das incertezas no cálculo dos recalques.
A. C. SILVA Capítulo 2
44 D0192G18: Interação Solo-Estrutura no Projeto de Edifícios Altos
Vale ressaltar que esses valores de deslocamentos admissíveis foram estimados para antigos
sistemas construtivos, específicos de determinadas localidades. Portanto, esses valores
devem ser tomados apenas como ponto de partida na análise do desempenho de uma
edificação.
Na tentativa de avaliar os danos por recalque, Burland e Wroth (1974) perceberam que as
aberturas de fissuras visíveis estão relacionadas com a deformação crítica de tração (εcri). Em
suas análises, definiu-se εcri= 0,075% para uma viga retangular uniforme, sendo obtida boa
concordância com as observações experimentais de edificações.
Fadeev et al. (2006) destacam que a bacia de recalques de uma edificação é afetada por
recalques adicionais gerados por novas edificações. Assim, a limitação dos recalques deveria
considerar, além dos recalques originais, os recalques adicionais provocados de construções
vizinhas. Os autores relatam também que, em geral, os recalques de fundação superficial
afetam mais edificações vizinhas que fundação em estacas, neste tipo de fundação os
recalques adicionais são primordialmente devido a instalação. Outras obras de engenharia
adjacentes, como por exemplo escavações, pontes, viadutos e túneis, podem causar também
recalques adicionais.
Camós et al. (2016), na tentativa de prever danos a edifícios devido a recalques produzidos
por túneis, propuseram a aplicação de um modelo probabilístico, em que os recalques
produzidos pelo túnel são simulados por um modelo de perfil Gaussiano, e os danos são
determinados pelo uso do método de viga equivalente. O procedimento proposto foi aplicado
a um estudo de caso, a saber, o da construção de uma linha de metrô em Barcelona. Obteve-
se boa concordância dos recalques e danos, durante a construção, mediante o modelo com
os registros observados da obra.
Os recalques em fundações são provocados pelas tensões induzidas no solo, sendo assim, o
conhecimento das tensões no solo é necessário para previsão adequada dos recalques.
Essas tensões podem ser calculadas pela teoria da elasticidade por diferentes soluções, em
A. C. SILVA Capítulo 2
D0192G18: Interação Solo-Estrutura no Projeto de Edifícios Altos 45
1
BOUSSINESQ, V. J. Application des Potentials a L’Etude de L’Equilibre et du Mouvement des Solides Elastiques,
Gauthier-Villars, Paris, 1985.
2
STEINBRENNER, W. Tafelun Zur Setzungsberechnung. Die Strasse, v. 1, p. 121, 1934.
A. C. SILVA Capítulo 2
46 D0192G18: Interação Solo-Estrutura no Projeto de Edifícios Altos
considerada por meio da superposição dos recalques de cada camada, calculados por
metodologia especifica adotada pelo autor.
Na previsão dos recalques pode-se também utilizar métodos discretos para representar o
solo, como o método baseado no modelo de Winkler ou por métodos numéricos. O modelo
de Winkler discretiza o solo por elementos de mola independentes, assim, não considera o
solo adjacente a esses elementos, que é levado em conta pelo modelo contínuo.
Para representar o meio contínuo por meio de métodos discretos são utilizadas ferramentas
numéricas. As ferramentas numéricas utilizadas para representar o comportamento da
fundação são baseadas, principalmente, nos seguintes métodos: i) Método dos Elementos
Finitos (MEF), ii) Método dos Elementos de Contorno (MEC) e iii) Método das Diferenças
Finitas (MDF).
A. C. SILVA Capítulo 2
D0192G18: Interação Solo-Estrutura no Projeto de Edifícios Altos 47
Com o MDF obtém-se uma equação algébrica em substituição a uma equação diferencial de
determinado fenômeno. A equação obtida relaciona os valores da variável do problema em
um ponto aos quatro pontos adjacentes, dessa forma a malha é ortogonal. O MEC é um
método para solução de sistemas de equações integrais, em que apenas o contorno é
discretizado por elementos de contorno, e posteriormente são determinados os valores no
interior do domínio. O MEF é a ferramenta numérica mais utilizada por possibilitar diversas
formas de divisão do domínio em elementos, sendo o comportamento desses formulado em
função da geometria e propriedades, e a interação entre os elementos acontece nos nós
(HACHICH et al., 1996).
Os recalques de uma fundação superficial podem ocorrer: i) de maneira imediata (wi), ii) por
adensamento primário (wa) e iii) por adensamento secundário (wv). Os recalques imediatos
(ou elásticos) ocorrem no momento da aplicação de cargas sobre o terreno e podem ser
estimados pela teoria da elasticidade. Os recalques por adensamento obedecem a teoria de
adensamento de solos, sendo o adensamento primário devido à expulsão de água dos vazios
do solo, e o secundário (ou de fluência) decorrente da redução de volume do solo após a
dissipação das pressões neutras. O recalque total ou final (wf) de uma fundação superficial é
a soma das três parcelas de recalque, conforme observa-se na Equação (2.4).
wf w i wa wv (2.4)
A. C. SILVA Capítulo 2
48 D0192G18: Interação Solo-Estrutura no Projeto de Edifícios Altos
absoluto, recalque diferencial e momento fletor diferem, respectivamente, de 55%, 18% e 15%
em relação a solução de semi-espaço infinito.
Yune e Olgun (2015) avaliaram o efeito da divisão de um solo mole normalmente adensado
em camadas sobre o recalque por adensamento do solo abaixo de uma sapata. Calcularam
os recalques por adensamento na condição unidimensional e tridimensional, esta que é mais
realística. Os autores observaram que o cálculo dos recalques com uma única camada
subestima os valores de recalques, e que quanto menor o número de subdivisões das
camadas menores são os recalques. Por outro lado, quando se considera infinitas divisões da
camada, os recalques são de 1,2 a 50 vezes maiores que os obtidos por uma única camada.
Essa diferença é ainda maior quanto menor a razão pressão aplicada-tensão efetiva (A0),
maior a razão espessura da camada por largura da sapata (h/B) e menor a razão comprimento
por largura da sapata (L/B). Eles destacam que a escolha de 10% a 38% da profundidade em
relação ao topo da camada de argila para calcular a tensão efetiva em uma única camada
produziu estimativas precisas de recalques (YUNE; OLGUN, 2015).
Pu s AL q p Ap (2.5)
Em relação ao comportamento das partes da estaca, destaca-se que o atrito lateral entre a
estaca e o solo é mobilizado para pequenos deslocamentos enquanto que na ponta da estaca
a resistência máxima é alcançada para grandes deslocamentos (HACHICH et al., 1996).
Poulos e Davis (1980) relatam que, além dos métodos tradicionais que utilizam a teoria
unidimensional e adotam uma distribuição de tensões arbitraria ao longo da estaca ou usam
correlações empíricas, existem métodos mais sofisticados de previsão de recalques e
distribuição de carga em estacas isoladas. Esses podem ser divididos em: i) métodos de
transferência de carga, ii) métodos baseados na teoria da elasticidade pela solução de Mindlin
e iii) métodos numéricos.
A. C. SILVA Capítulo 2
D0192G18: Interação Solo-Estrutura no Projeto de Edifícios Altos 49
Segundo Poulos e Davis (1980), nos métodos de transferência de carga, determina-se a razão
transferência de carga/resistência ao cisalhamento do solo e os recalques ao longo de vários
pontos da estaca por meio de um procedimento iterativo, que se inicia na ponta e termina na
cabeça da estaca. A principal limitação do método está em assumir apenas a tensão
cisalhante em um ponto, desconsiderando a continuidade da massa de solo.
Aoki e Lopes (1975) utilizaram as equações de Mindlin para estimar tensões e recalques em
fundações profundas. As cargas são transmitidas ao terreno pelos elementos de fundação
considerando as parcelas do fuste e da base. Quando a fundação é em um grupo de estacas
os efeitos de interação entre as estacas e entre as estacas e o solo afeta a magnitude dos
recalques, assim é importante estudar os efeitos dessas interações.
Poulos (1968) analisou o efeito de aumento dos recalques devido à interação entre duas
estacas idênticas sobre um meio elástico pelo fator de interação estaca-estaca. Por meio da
superposição de fatores de interação de estacas individuais, em um grupo quadrado simétrico
com 25 estacas incompressíveis, foi verificado o aumento dos recalques devido à interação
de estacas adjacentes.
O autor considerou dois casos: estacas com cap rígido, em que as estacas recalcam
igualmente e estacas com cap flexível, onde as cargas axiais são iguais. Os recalques
diferenciais em um grupo de estacas com cap flexível aumentaram com a majoração do
número de estacas, e o espaçamento de 15 diâmetros foi considerado o máximo no qual as
interações foram relevantes. Observou-se que o comportamento em campo de um grupo de
estacas foi bem previsto pela pelo modelo teórico empregado.
Poulos (1968) constatou também que em estacas esbeltas e com camada de solo profunda,
os recalques devido a estacas adjacentes aumentaram. Quanto ao coeficiente de Poisson,
observou-se pouca influência sobre a interação, mas o decréscimo no valor desse coeficiente
aumentou o fator de interação.
A. C. SILVA Capítulo 2
50 D0192G18: Interação Solo-Estrutura no Projeto de Edifícios Altos
Feng et al. (2017) analisaram o comportamento não linear viscoelástico do fuste e da base de
estacas utilizando o modelo de transferência de carga (t-z) para simular a interação estaca-
solo, baseado no modelo modificado de Burgers, que substitui as molas por um modelo
hiperbólico. Os modelos foram utilizados para calcular os recalques em função do tempo para
estacas isoladas e grupos de estacas submetidas a carregamento vertical sobre um solo mole
estratificado. Um estudo paramétrico foi realizado para uma estaca isolada onde observou-se
influência do módulo de elasticidade das estacas sobre o comportamento de recalques
dependente do tempo, sendo o aumento do módulo de elástico responsável por reduzir os
recalques no tempo, no caso analisado. Os resultados teóricos obtidos pelo modelo
concordaram bem com os resultados medidos em campo para uma estaca instrumentada.
Quando se utiliza radier como elemento de fundação sobre uma camada profunda de argila,
pode-se obter um adequado fator de segurança contra o estado limite último de capacidade
de carga; no entanto, os recalques da fundação podem ser excessivos, não atendendo o
estado limite de serviço. Portanto, são incorporadas estacas no radier para funcionarem como
elementos redutores de recalques, configuração essa que associa elementos de fundação
superficial e profunda, caracterizando-se uma fundação mista (POULOS; DAVIS, 1980).
Randolph (1983, 1994) propôs que o bloco sobre estacas funcionaria como um radier
estaqueado, no qual a carga aplicada ao conjunto seria suportada parte pelo radier e parte
pelas estacas. O recalque do radier (wr) e do grupo de estacas (wpg) são obtidos pela Equação
(2.6), onde se consideram as rigidezes do radier (Kr) e do grupo de estacas (Kpg), e ainda os
fatores de interação do grupo de estacas sobre o radier (rp) e vice versa (pr).
A. C. SILVA Capítulo 2
D0192G18: Interação Solo-Estrutura no Projeto de Edifícios Altos 51
1 pr
K r Ppg
wpg K pg
(2.6)
wr rp 1 Pr
K pg K r
onde,
Figura 2.5 — Curvas carga-recalque simplificada para radier estaqueado (modificado de DAVIS; POULOS,
1972).
K pg (1 2 rp ) K r
K pr (2.7)
K
1 r
2
rpK pg
Pr (1 rp ) K r
(2.8)
Pr Ppg K pg K r (1 rp )
A. C. SILVA Capítulo 2
52 D0192G18: Interação Solo-Estrutura no Projeto de Edifícios Altos
Clancy e Randolph (1993) relataram que os fatores de interação pr e rp podem ser
aproximados pelo valor de 0,8, assim, a rigidez do radier estaqueado fica dependente apenas
da rigidez do radier e do grupo de estacas. Com essa aproximação, as Equações (2.9) e
(2.10) , apresentam a rigidez do radier estaqueado e relação carga do radier/carga total sobre
o radier estaqueado, respectivamente.
K
1 0, 6 r
K pg
K pr K pg (2.9)
Kr
1 0, 64
K pg
Pr 0, 2 K
r (2.10)
Ppg K K pg
1 0,8 r
K pg
Observou-se que a redução dos recalques é mais efetiva quando se aumenta a rigidez e
comprimento da estaca. O aumento da flexibilidade do radier provocou aumento nos
recalques diferenciais, mas o momento fletor máximo no radier foi reduzido (HAIN; LEE,
1978).
3
SMALL, J. C.; POULOS, H. G. User's Manual of GARP6. University of Sidney. [S.l.]. 1998.
A. C. SILVA Capítulo 2
D0192G18: Interação Solo-Estrutura no Projeto de Edifícios Altos 53
que interagem entre si e com o radier, adotando-se uma rigidez equivalente apropriada. A
rigidez e os fatores de interação das estacas para diversos espaçamentos das estacas
utilizados no GARP foram obtidos por meio do programa Deformation Analysis of Pile Groups
(DEFPIG), que utiliza em sua formulação o MEC, baseado nas equações de Mindlin.
Tendo em conta as não linearidades devido ao contato unilateral do radier com o solo e devido
ao comportamento carga-recalque das estacas isoladas utilizando um procedimento
incremental. Os resultados obtidos pelo método aproximado apresentaram proximidade com
resultados experimentais de ensaios de centrífuga (RUSSO, 1998).
Russo et al. (2012) reavaliaram os recalques da fundação da torre Burj Khalifa, em Dubai,
onde a fundação é em radier estaqueado sobre um profundo deposito de rochas calcarias. A
reavaliação foi realizada com dados obtidos da interpretação de ensaios de prova de carga
por meio dos programas GARP e NAPRA, no qual incorporam os efeitos de interação das
estacas. Os recalques obtidos por ambos programas foram similares, mostrando pouca
influência do método de análise.
A. C. SILVA Capítulo 2
54 D0192G18: Interação Solo-Estrutura no Projeto de Edifícios Altos
Carvalho (2015) desenvolveu uma metodologia híbrida para análise de radier estaqueado em
regime elástico, implementada no programa Soil-Foundation Interaction Analysis (SoFIA),
baseado no MEF.O radier é analisado por elementos finitos de placa de Kirchhoff
isoparamétricos e o meio estaca/solo é avaliado por elementos finitos axissimétricos. Os
resultados obtidos quanto a recalques, carregamentos e momentos concordaram bem com
os resultados de outras pesquisas, como de Kuwabara (1989) e Sales (2000). Observou-se
que os resultados foram mais próximos dos trabalhos que utilizam metodologia híbrida em
relação aos que consideram uma análise tridimensional pelo MEF.
Cui e Zheng (2018) utilizaram o método de deslocamento por cisalhamento para simular a
interação entre estaca, radier (cap) e o solo, e estacas como elementos de reforço do solo,
para grupo de estacas ou radier estaqueado considerando perfil estratificado. A curva carga-
recalque obtida por este método para um caso de estudo foi concordante com as curvas
utilizando o método dos elementos finitos e medições de modelo experimental da literatura.
A. C. SILVA Capítulo 2
D0192G18: Interação Solo-Estrutura no Projeto de Edifícios Altos 55
A. C. SILVA Capítulo 2
CAPÍTULO 3
ANÁLISE ESTRUTURAL
Uma estrutura de concreto armado deve ser projetada para atender requisitos de segurança,
desempenho em serviço e durabilidade. Quando a estrutura começa a não atender aos
requisitos de segurança e desempenho em serviço, ela se encontra em um estado limite,
respectivamente, último e de utilização.
O estado limite último (ELU) está relacionado com a ruína da estrutura, ou seja, a perda da
capacidade de resistir às solicitações que lhe são impostas, determinando, assim, a
paralisação do uso da estrutura. Portanto, deve-se verificar no projeto de estruturas de
concreto armado os estados limites últimos, que podem ser, por exemplo, de deformações
plásticas excessivas, instabilidade do equilíbrio, perda de equilíbrio como corpo rígido, por
solicitações dinâmicas e pela transformação da estrutura em sistema hipostático (ABNT,
2003).
O estado limite de serviço (ELS) está relacionado com o prejuízo à utilização da estrutura pelo
usuário, seja pelo desconforto ou aparência visual, podendo ser devido a deformações
excessivas ou ao processo de fissuração que afeta a durabilidade da estrutura (ABNT, 2003).
Para a verificação dos estados limites, deve-se determinar as ações atuantes na estrutura. As
ações que atuam na estrutura podem ser classificadas, segundo sua variabilidade no tempo,
em: i) permanentes, ii) variáveis e iii) excepcionais. As ações permanentes ocorrem com
valores constantes, sem grandes variações em torno da média, ao longo da vida da
construção. Nas ações variáveis ocorrem oscilações em torno da média ao longo da vida da
construção; enquanto as ações excepcionais são de curta duração e possuem baixa
probabilidade de ocorrência ao longo da vida da construção (ABNT, 2003).
A. C. SILVA
58 D0192G18: Interação Solo-Estrutura no Projeto de Edifícios Altos
As ações que ocorrem na estrutura podem ser tanto estáticas quanto dinâmicas,
prevalecendo, em sua maioria, as ações estáticas. A análise dinâmica torna-se importante
quando as ações na estrutura variam no tempo e os elementos adquirem velocidade e
aceleração, diferentemente de uma análise estática, onde as solicitações na estrutura são
realizadas lentamente. Pode-se citar como exemplos de ações que causam efeitos dinâmicos
os sismos e os ventos (BORGES, 2009).
Com o aumento da altura das edificações atuais, a estabilidade global dos edifícios passou a
ser determinante na definição de projetos. Visando avaliar a susceptibilidade de edificações
na cidade de Recife-PE, Fonte et al. (2005) definiram os índices de esbeltez de corpo rígido
(x,y) nas direções X e Y, por meio da Equação (3.1). Nesse caso, H é a altura do edifício, Lx
a dimensão da edificação em planta na direção de X e Ly a dimensão da edificação em planta
na direção de Y, conforme se observa na Figura 3.1. Adotou-se a seguinte classificação: se
x,y<4 edifício de pequena esbeltez, 4<x,y<6 edifício de média esbeltez e x,y>6 edifício de alta
esbeltez.
H
x,y (3.1)
Lx,y
A. C. SILVA Capítulo 3
D0192G18: Interação Solo-Estrutura no Projeto de Edifícios Altos 59
Para considerar a estrutura como de nós fixos e assim dispensar a análise dos efeitos globais
de 2ª ordem, pode-se adotar procedimentos aproximados. Um deles classifica a estrutura
como de nós fixos se o parâmetro de estabilidade (), calculado pela Equação (3.2), for menor
que o valor de 1. Se a estrutura possuir 4 ou mais pavimentos esse valor é igual a 0,6, senão
é dado pela Equação (3.3) (ABNT, 2014).
Nk
H (3.2)
Ecs Ic
1 0, 2 0,1 n (3.3)
onde,
O outro procedimento aproximado, citado pela NBR 6118 (ABNT, 2014), desenvolvido por
Franco e Vasconcelos (1991), é o método do coeficiente z, válido para estruturas com 4 ou
mais pavimentos. Segundo os autores, o método foi desenvolvido por ser simples e preciso
na determinação da influência dos efeitos globais de 2ª ordem em uma estrutura, auxiliando
o processo de decisão por parte dos projetistas.
A. C. SILVA Capítulo 3
60 D0192G18: Interação Solo-Estrutura no Projeto de Edifícios Altos
Esse parâmetro é obtido de uma análise linear da estrutura carregada, considerando a não
linearidade física pela redução da rigidez dos elementos estruturais. O coeficiente z é
calculado pela Equação (3.4), onde considera que não há influência dos efeitos globais de 2ª
ordem na estrutura quando o valor é igual ou menor que 1,1 (FRANCO;
VASCONCELOS,1991). Neste caso, a NBR 6118 (ABNT, 2014) classifica a estrutura como
de nós fixos.
1
z (3.4)
M tot ,d
1
M1,tot ,d
onde,
No caso de nós fixos, calcula-se a estrutura apenas pelos esforços obtidos da teoria de
primeira ordem. O efeito de segunda ordem só é considerado em termos locais quando sob
ação de forças horizontais. Quando a estrutura é de nós moveis, deve-se considerar os efeitos
de 2ª ordem global e locais e as não linearidades física e geométrica. Quando o valor de z
situa entre 1,1 e 1,3, considera-se os esforços finais de primeira e segunda ordem, de forma
aproximada pela majoração dos esforços horizontais por 0,95.z (ABNT, 2014).
Uma estrutura que apresenta z superior a 1,3 comporta-se de maneira instável, assim devem
ser considerados os efeitos de 2ª ordem de forma mais precisa para garantir segurança.
Segundo Borges (2009), para isso utiliza-se o processo P- que segue um procedimento
iterativo, em que primeiramente determinam-se os deslocamentos de 1ª ordem para as cargas
horizontais e verticais aplicadas. Depois, com os deslocamentos obtidos, é calculado novos
deslocamentos considerando a configuração deformada e a aplicação das cargas originais, e
dessa forma segue o processo iterativo até que se atinja um critério de convergência.
Segundo Borges (2009), no estado limite último, o processo P- deve considerar a redução
de rigidez dos elementos estruturais apenas na análise não linear física, sendo admitida na
condição inicial a rigidez plena dos elementos.
A. C. SILVA Capítulo 3
D0192G18: Interação Solo-Estrutura no Projeto de Edifícios Altos 61
Borges (2009) observou para duas (as mais esbeltas) de três edificações analisadas, que os
deslocamentos laterais (dtot) provocados pela ação do vento, quando a ISE e a não linearidade
geométrica foram consideradas, ultrapassaram o valor limite, calculado pela Equação (3.5),
dada na NBR 6118 (ABNT, 2003). Observou-se também que os parâmetros da estabilidade
obtidos da análise que considera a ISE apresentaram valores maiores em relação à análise
que considera apoios indeslocáveis.
H
d tot (3.5)
1700
Feitosa e Alves (2015) estudaram uma edificação com lajes protendidas, e observaram que o
enrijecimento das ligações laje-pilares e o aumento da rigidez transversal à flexão
contribuíram para a melhoria da estabilidade global da edificação analisada. Por outro lado, o
aumento do carregamento vertical da edificação reduziu a estabilidade global.
A. C. SILVA Capítulo 3
CAPÍTULO 4
INTERAÇÃO SOLO-ESTRUTURA
Este capítulo aborda os modelos que podem ser utilizados para representar o solo na análise
do conjunto superestrutura-fundação, a metodologia proposta por Gusmão (1990, 1994) para
avaliar o mecanismo de ISE e alguns fatores que afetam a ISE.
Figura 4.1 — Hipóteses básicas do projeto convencional de fundações e superestrutura (GUSMÃO, 1990, 1994).
A. C. SILVA
64 D0192G18: Interação Solo-Estrutura no Projeto de Edifícios Altos
O solo no problema de interação solo-estrutura pode ser modelado pela hipótese de Winkler
ou de meio contínuo. No modelo de Winkler, devido ao fato do solo ser discretizado por
elementos de mola independentes, não é considerada a porção de solo adjacente e, dessa
forma, as tensões cisalhantes transmitidas pela superestrutura não são adequadamente
consideradas. A alternativa para avaliar de forma mais realística o mecanismo de ISE é a
consideração do solo como um meio contínuo que permite a interação de todo o sistema da
fundação.
Os coeficientes de mola (Km) são obtidos pelos projetistas de estrutura por meio de
correlações empíricas para o módulo de reação vertical (kv) do solo. Visando uma estimativa
mais racional do módulo de reação vertical, Poulos (2018) propôs metodologias de cálculo
que consideram não apenas o tipo do solo, mas também o tipo de fundação, dimensão da
fundação e o tipo de carregamento. Destaca-se que em grupos de estacas, devem ser
consideraras as interações estaca-solo-estaca, no qual, provocam a redução do valor do
módulo de reação vertical.
Ainda em relação ao modelo de Winkler, Brown (19774 apud SMALL, 2001) concluiu, com
seus resultados, que a utilização desse modelo para representar o solo pode levar a
resultados errôneos, visto que esses diferem dos resultados obtidos pelo modelo contínuo,
que é mais racional na representação do solo. Avaliou-se o momento fletor provocado em um
radier pelo modelo de Winkler e modelo contínuo, onde se observou que o aumento do
número de cargas pontuais aplicadas no radier, simulando carregamento distribuído,
provocou maior discrepância entre os modelos (Figura 4.2 a e b).
Fonte, Gusmão Filho e Jucá (1994) avaliaram um edifício de 14 pavimentos sobre fundação
superficial com solo granular melhorado. Em suas análises, os recalques diferenciais previstos
foram comparados com os valores reais medidos. Nas previsões onde o carregamento foi
aplicado de forma instantânea, observou-se que em relação aos recalques da edificação, na
4
Brown P.T. Strip footings. Lecture 7, Geotechnical Analysis and Computer Applications, Department of Civil
Engineering, University of Sydney. 1977: 1.
A. C. SILVA Capítulo 4
D0192G18: Interação Solo-Estrutura no Projeto de Edifícios Altos 65
Um fator importante para que os modelos sejam adequados é a obtenção de parâmetros que
descrevem corretamente o solo. Isso porque os solos possuem grande variabilidade espacial,
podendo apresentar comportamentos particulares. Assim, o uso de dados inadequados pode
tornar o modelo impreciso, o que afeta a previsão do comportamento de uma edificação.
Figura 4.2 — Momento em radier pelos modelos de Winkler e Contínuo: (a) Carga pontual aplicada no centro, (b)
5 cargas pontuais aplicadas equidistantes (BROWN, 19775apud SMALL, 2001).
Móczár, Polgár e Mahler (2016) estudaram uma edificação assumindo as hipóteses de solo
modelado como um meio contínuo, usando programa de elementos finitos Plaxis 3D e de solo
modelado com um conjunto de coeficientes de reação, baseado no conceito de viga apoiada
5
Idem 4
A. C. SILVA Capítulo 4
66 D0192G18: Interação Solo-Estrutura no Projeto de Edifícios Altos
sobre fundação elástica, utilizando o programa Axis VM. Observaram que a distribuição dos
recalques foi semelhante, mas os valores dos recalques obtidos com o Plaxis 3D foram
maiores que os obtidos pelo Axis VM, sobretudo nas bordas do radier. Verificou-se que o tipo
de solo não teve grande influência sobre a distribuição do coeficiente de reação do solo, mas
apenas sobre o valor absoluto do coeficiente.
Figura 4.3 — Exemplos de deformadas de recalques estimados e medidos e suas curvas de frequência
(GUSMÃO, 1990, 1994).
Na Figura 4.3a há uma igualdade tanto no valor médio quanto na distribuição dos recalques
estimados com os medidos; na Figura 4.3b, a média de recalques estimados é igual aos
medidos, todavia a distribuição de recalques é diferente; na Figura 4.3c, a distribuição de
recalques é semelhante, mas a média dos recalques estimados é diferente dos medidos; e,
por fim, na Figura 4.3d, nem média nem a distribuição de recalques são iguais ao medido.
A. C. SILVA Capítulo 4
D0192G18: Interação Solo-Estrutura no Projeto de Edifícios Altos 67
Gusmão (1990, 1994) observou que os recalques médios estão relacionados com o
comportamento carga-recalque obtidos para o solo, enquanto que a distribuição dos recalques
está relacionada com o modelo da ISE, onde existe a tendência de suavização da deformada
de recalques.
A metodologia de Gusmão (1990, 1994) pode ser utilizada para avaliação dos efeitos da
interação solo-estrutura, mesmo não se dispondo de medições de recalques em campo, isso
porque a distribuição dos recalques em obras reais aproxima-se muito da previsão pela
interação solo-estrutura. Assim, ao invés de se comparar os recalques estimados por
metodologias convencionais de cálculo com os recalques medidos, compara-se os estimados
convencionalmente com os calculados por meio da interação solo-estrutura, possibilitando
avaliar o erro que se comete ao utilizar as metodologias convencionais.
A metodologia desenvolvida e aplicada por Gusmão (1990, 1994) foi também empregada em
7 prédios idênticos em Recife-PE, de 18 lajes, com fundação em estacas pré-moldados de
concreto, no qual se observou que os CV medidos foram menores que os CV estimados
convencionalmente, evidenciando a tendência à uniformização dos recalques (GUSMÃO;
GUSMÃO FILHO, 1994).
Gusmão, Gusmão Filho e Maia (2000) aplicaram a metodologia de Gusmão (1990, 1994) a
uma edificação de 15 pisos construído em Recife-PE, com melhoramento do solo com estacas
de compactação. Realizou-se o monitoramento de recalques, observando que o CV começou
a estabilizar-se ainda nos primeiros pavimentos, em cerca de 100 dias (Figura 4.4),
evidenciando que a edificação atingiu um limite de rigidez, a partir do qual o mecanismo de
ISE foi menos significativo.
Figura 4.4 — Variação do CV ao longo do tempo (GUSMÃO; GUSMÃO FILHO; MAIA, 2000).
A. C. SILVA Capítulo 4
68 D0192G18: Interação Solo-Estrutura no Projeto de Edifícios Altos
Mota (2009), por meio do monitoramento dos recalques do edifício San Carlo, de 28
pavimentos, localizado em Fortaleza-CE, observou que o valor médio dos recalques medidos
aumentou e o coeficiente de variação diminuiu com a evolução da construção, o que revela a
uniformização dos recalques.
Bahia et al. (2016) monitoraram os recalques, por meio de níveis óticos de precisão, e as
cargas nos pilares, pela estimativa indireta usando os resultados de deformação, ao longo da
construção de um edifício residencial em Água Claras, no Distrito Federal. Observou-se que
os recalques se comportaram dentro dos limites adotados para região e que houve aumento
da carga nos pilares com o tempo de construção. Todavia, os valores medidos de cargas nos
pilares mostraram-se muito elevados. Assim, foi sugerido o desenvolvimento de novas
metodologias para estimativa das cargas nos pilares.
Em Gusmão (1990, 1994) foram definidos dois parâmetros para avaliar o efeito da interação
solo-estrutura na redistribuição de carga nos pilares e na uniformização dos recalques: i) o
fator de recalque absoluto (AR) e ii) o fator de recalque diferencial (DR), obtidos,
respectivamente, pelas Equações (4.1) e (4.2).
w
AR (4.1)
wm
Os recalques diferenciais são responsáveis por provocar a redistribuição de cargas nos pilares
quando se analisa a ISE. Essa redistribuição faz com que os pilares que recebem mais cargas
que a média, apresentem um alívio de tensões, enquanto que, os que receberem menores
cargas que a média, tendem a sofrer sobrecarga. Isso pode ser avaliado pelo AR, onde, se o
AR medido é maior que AR estimado, há tendência de sobrecarga nos pilares, e, se AR
medido for menor que AR estimado, a tendência é de alívio de tensões nos pilares.
| w wm |
DR (4.2)
wm
A. C. SILVA Capítulo 4
D0192G18: Interação Solo-Estrutura no Projeto de Edifícios Altos 69
A interação solo-estrutura pode ser afetada por diversos fatores, tais como o tipo de fundação,
a sequência construtiva, o número de pavimentos, a rigidez relativa estrutura-fundação e
edificações vizinhas. Mediante o exposto, este tópico abordará alguns dos fatores que afetam
a interação solo-estrutura.
E I
Ke n (4.3)
L4
Com relação ao solo, a rigidez do solo (Ks) corresponde a relação entre carga e recalque, que
pode ser obtido, por exemplo, por provas de carga. Conhecidas as rigidezes da estrutura e do
solo obtém-se a rigidez relativa estrutura-solo (Kes), que é dada pela Equação (4.4) (LOPES;
GUSMÃO, 19916 apud COLARES, 2006).
Ke
K es (4.4)
Ks
6
LOPES, F. R.; GUSMÃO, A. D. On the influence of soil-structure interation in the distribution of foundation loads
and settlements. In: European SMFE Conference Florence, 10., 1991, Florence, Italy. Proceedings… Florence,
1991, v. 1, p. 475-478.
A. C. SILVA Capítulo 4
70 D0192G18: Interação Solo-Estrutura no Projeto de Edifícios Altos
Borges (2009) relata que a ISE e a fissuração provocaram redução na rigidez efetiva global
de três edifícios analisados considerando os seguintes casos: i) apenas o efeito da fissuração,
ii) apenas o efeito da ISE e iii) o efeito acoplado da fissuração e da ISE, nas direções
ortogonais dos edifícios.
Sales, Small e Poulos (2010) previram recalques de fundação em radier estaqueado de três
casos reais (edifícios), com a finalidade de avaliar a rigidez da estrutura. As rigidezes das
estruturas foram consideradas de três formas: i) pela espessura original do radier, ii) pelo
aumento da inércia à flexão do radier em 10 vezes, de acordo com sugestão dada por Hooper
(1973) e iii) pelo aumento da espessura do radier apenas nas posições de pilares e paredes,
de acordo com sugestão dada por Small (2001). Esta última alternativa busca representar o
comportamento de interação solo-estrutura, por meio da consideração da rigidez dos pilares.
Sales, Small e Poulos (2010) observaram que, quando não existe homogeneidade na
distribuição do carregamento sobre o radier, devido à assimetria, a simulação que considera
a rigidez equivalente do edifício, pelo aumento da espessura do radier, produz piores
resultados em relação aos recalques máximos medidos, que o modelo onde foi aumentada
somente a rigidez dos pilares. Esta diferença foi observada no Edifício Skyper, em Frankfurt,
devido à assimetria do radier e da posição das cargas. A Figura 4.5 apresenta as curvas de
recalque por tempo previstas pelos diferentes modos e a medida do Edifício Skyper.
Figura 4.5 — Influência da ISE para o edifício Skyper (modificado de SALES; SMALL; POULOS, 2010).
A. C. SILVA Capítulo 4
D0192G18: Interação Solo-Estrutura no Projeto de Edifícios Altos 71
Esses três modelos foram também avaliados considerando apenas 10% da rigidez à flexão
da torre inteira. Observou-se que, em termos de recalques, que a consideração de 10% da
rigidez da superestrutura produz resultados próximos dos resultados que consideram a rigidez
da superestrutura inteira. Estes, no entanto, foram menores que os valores medidos, e os que
consideram 10% da rigidez da superestrutura aproximaram-se mais dos recalques medidos,
indicando para o caso analisado que não há necessidade de considerar a rigidez da
superestrutura inteira. Em relação às previsões teóricas que não consideram a rigidez da
superestrutura, observou-se discrepância em relação as que a consideram (RUSSO et al.,
2012).
Verificou-se a influência da rigidez relativa estrutura solo nos recalques, considerando a ISE,
conforme a Figura 4.6, onde o aumento da rigidez relativa provocou redução de recalques,
tanto diferenciais quanto absolutos, no modelo de ISE. Quando não se considerou a ISE, a
rigidez relativa não teve influência sobre os recalques. Em ambos os modelos adotados os
7
Idem 6
A. C. SILVA Capítulo 4
72 D0192G18: Interação Solo-Estrutura no Projeto de Edifícios Altos
Figura 4.6 — Recalque versus rigidez relativa estrutura solo (modificado de LOPES; GUSMÃO, 19919apud
COLARES, 2006).
8
Idem 6
9
Idem 6
A. C. SILVA Capítulo 4
D0192G18: Interação Solo-Estrutura no Projeto de Edifícios Altos 73
Reis (2000) avaliou três edifícios na cidade de Santos-SP sobre solo argiloso, considerando
o solo como um meio viscoelástico, adotando o modelo reológico de Kevin, com parâmetros
obtidos de retroanálise de curvas recalque por tempo. Os recalques obtidos pelo modelo,
considerando a ISE, mostraram-se compatíveis com os recalques medidos.
Lou et al. (2011) realizaram uma revisão da literatura a respeito da interação estrutura-solo-
estrutura dinâmica, que engloba os efeitos de edificações adjacentes sobre a edificação. Os
autores destacam que os efeitos da interação entre edificações adjacentes podem ser
A. C. SILVA Capítulo 4
74 D0192G18: Interação Solo-Estrutura no Projeto de Edifícios Altos
A. C. SILVA Capítulo 4
CAPÍTULO 5
METODOLOGIA
A avaliação das reações de apoio e recalques, obtida pelos métodos de apoios indeslocáveis
(engastados) e o de ISE, foi realizada utilizando a metodologia de Gusmão (1990, 1994).
A. C. SILVA
76 D0192G18: Interação Solo-Estrutura no Projeto de Edifícios Altos
Nessa metodologia, o parâmetro AR foi utilizado para avaliar a redistribuição de carga nos
pilares e o parâmetro DR na avaliação da distribuição de recalques.
A consideração da rigidez dos pilares no cálculo dos recalques foi realizada para comparação
com as análises com e sem interação solo-estrutura. Além disso, em todas as análises
realizadas, como o comportamento da fundação foi assumido como linear, os desempenhos
dos edifícios hipotéticos foram avaliados sem considerar a sequência construtiva.
A. C. SILVA Capítulo 5
D0192G18: Interação Solo-Estrutura no Projeto de Edifícios Altos 77
A análise de interação solo-estrutura dos casos hipotéticos de edificações foi realizada por
meio de um procedimento iterativo de obtenção das reações de apoio na superestrutura e de
recalques na fundação. Estes foram compatibilizados com a superestrutura por meio da
A. C. SILVA Capítulo 5
78 D0192G18: Interação Solo-Estrutura no Projeto de Edifícios Altos
A. C. SILVA Capítulo 5
D0192G18: Interação Solo-Estrutura no Projeto de Edifícios Altos 79
Os coeficientes de rigidez (k1,j) foram obtidos como a razão entre as cargas verticais, da
superestrutura, e os recalques, de cada pilar. Ressalta-se que tais coeficientes foram
utilizados nos nós da base dos pilares em que se processa a estrutura novamente, de forma
a obter novas reações de apoio verticais, que são as novas cargas verticais atuantes nos
elementos de fundação.
w i , j w i 1, j
| | Lim (5.1)
w i 1, j
Foram utilizados neste trabalho para obtenção dos resultados os programas CAD/TQS,
desenvolvido pela empresa TQS Informática ltda (1986), e GARP, desenvolvido por Poulos
(1994) e aperfeiçoado por Small e Poulos (2007). O primeiro avaliou a superestrutura e o
conjunto solo-estrutura utilizando o modelo de Winkler. O segundo calculou a fundação por
meio de uma metodologia híbrida, que combina o MEF, usado na análise do radier, com as
soluções analíticas da teoria da elasticidade para o solo e estacas.
5.3.1. CAD/TQS
Os dados que devem ser fornecidos ao CAD/TQS são as informações gerais do edifício, o
modelo estrutural do edifício, as definições dos pavimentos, os materiais, os cobrimentos, as
A. C. SILVA Capítulo 5
80 D0192G18: Interação Solo-Estrutura no Projeto de Edifícios Altos
Na análise dos edifícios, foram utilizados os modelos de grelha para a análise dos pavimentos
e de pórtico espacial que avalia o comportamento global da estrutura. O modelo de grelha
discretiza as lajes e vigas do pavimento por grelhas, sendo simulada a plastificação dos apoios
das lajes e vigas. Já no modelo de pórtico espacial, o edifício é analisado de forma global,
onde considera-se a flexibilização das ligações de pilares e vigas (TQS, 2015).
Para escolha do modelo de análise a ser adotado, realizou-se um exemplo teste, no qual
verificou-se que a diferença nos resultados de cargas nos pilares e parâmetros de estabilidade
global entre os modelos 4 e 6 foi menor do que 1%, ao ponto de se poder adotar o modelo 4
na análise dos casos hipotéticos, por demandar menor tempo de processamento.
5.3.2. GARP
A. C. SILVA Capítulo 5
D0192G18: Interação Solo-Estrutura no Projeto de Edifícios Altos 81
complexo de fundação, em radier estaqueado, mas também permite avaliar os outros tipos de
fundação.
Nesse tópico é descrita a construção dos casos hipotéticos pela definição das geometrias das
superestruturas e escolha do tipo de fundação adequado à superestrutura definida. Foram
selecionadas duas geometrias de superestrutura e a fundação em radier estaqueado ou
isolado, sendo escolhidas para cada uma, diferentes características da fundação (tipo de solo
A. C. SILVA Capítulo 5
82 D0192G18: Interação Solo-Estrutura no Projeto de Edifícios Altos
5.4.1. Superestrutura
Baseado no trabalho de Araújo (2009), duas geometrias distintas foram criadas: a primeira
com formato quadrado e a segunda retangular em planta, ambas com 50 pavimentos e pé
direito de 3,2 metros. O primeiro edifício foi escolhido com geometria quadrangular (6x6 linhas
de pilares), apresentando, dessa forma, inércia à flexão semelhante nas duas direções. O
segundo edifício hipotético apresenta geometria retangular (6x14 linhas de pilares), sendo a
inércia à flexão no lado de maior dimensão (Lx) menor do que a do lado de menor dimensão
(Ly).
A altura desses edifícios (H) é igual a 160 m e as dimensões dos edifícios são: Lx=29,8 m e
Ly=28,8 m, para o quadrangular, e Lx=77,8 m e Ly=28,8 m, para o retangular, dessa forma, é
possível calcular os índices de esbeltez de corpo rígido (x,y) nas direções x e y para ambos
edifícios, por meio da Equação (3.1). O primeiro edifício apresentou x= 5,37 e y= 5,56, sendo
classificado como de média esbeltez em ambas as direções, e o segundo edifício apresentou
x= 2,06 e y= 5,56, respectivamente, correspondente à baixa e média esbeltez.
Nd (5.2)
AC
0.85 fcd s s
A. C. SILVA Capítulo 5
D0192G18: Interação Solo-Estrutura no Projeto de Edifícios Altos 83
onde,
s é a resistência do aço; e
Com as alterações efetuadas, foram obtidas as plantas dos edifícios hipotéticos que estão
apresentadas na Figura 5.4 e na Figura 5.5. Essas plantas foram processadas no CAD/TQS,
onde foram obtidos parâmetros z menores que 1,1. Em ambos edifícios, os pilares nascem
A. C. SILVA Capítulo 5
84 D0192G18: Interação Solo-Estrutura no Projeto de Edifícios Altos
no pavimento fundação e morrem no último pavimento tipo com seção constante. As seções
transversais dos pilares estudados são apresentadas na Figura 5.6. Destaca-se que para
todos os casos, as análises foram realizadas considerando a combinação que considera
carregamento permanente e cargas acidentais.
A. C. SILVA Capítulo 5
D0192G18: Interação Solo-Estrutura no Projeto de Edifícios Altos 85
A. C. SILVA Capítulo 5
86 D0192G18: Interação Solo-Estrutura no Projeto de Edifícios Altos
Figura 5.6 — Seção transversal de pilares utilizados na configuração final dos edifícios retangular (cm).
Pilares equivalentes:
P31=P17=P18=P19=P20=P21=P22=P32=P33=P34=P35=P36=P39=P41=P42=P45=P46=P49
=P59=P60=P61=P62=P63=P64; P51=P15=P23=P29=P30=P38=P50=P58;
P66=P4=P5=P6=P7=P2=P8=P9=P10=P11=P12=P13=P14=P67=P68=P69=P70=P71=P72=P73=P74=P75=P76
=P77; P65=P1=P3=P78; P52=P16=P24=P25=P26=P27=P28=P53=P54=P55=P56=P57;
P37=P40=P43=P44=P47=P48.
5.4.2. Fundação
O máximo valor de NSPT considerado nos cálculos foi igual a 40, ou seja, quando o valor do
NSPT nas sondagens foi superior a 40, o valor adotado foi 40. Considerou-se o impenetrável
na profundidade de 38 m, sendo que nas profundidades onde não se realizou o SPT, adotou-
se NSPT igual a 40, já que se supôs serem camadas mais resistentes.
Consideraram-se dois casos, no primeiro, uma fundação superficial foi apoiada na cota de
- 3 m, onde o solo abaixo possui baixos valores de NSPT, sendo denominado de solo fraco
(FA). No outro caso, a fundação superficial foi apoiada na cota -10 m, similar a um solo que
sofreu escavação, onde o solo subjacente apresenta valores de NSPT mais elevados,
denominando-se o solo, assim, de forte (FO).
A. C. SILVA Capítulo 5
D0192G18: Interação Solo-Estrutura no Projeto de Edifícios Altos 87
Tabela 5.1 — Média do NSPT dos furos ao longo da profundidade do terreno adotado.
NSPT
Profundidade 1ºFuro 2ºFuro 3ºFuro 4ºFuro Média
-1 - - - - -
-2 2 2 2 2 2
-3 4 2 3 3 3
-4 7 4 4 4 5
-5 11 6 2 3 6
-6 8 12 4 4 7
-7 9 12 3 6 8
-8 19 10 10 7 12
-9 23 11 12 12 15
-10 18 17 13 27 19
-11 19 20 17 25 20
-12 27 17 21 25 23
-13 28 13 17 25 21
-14 31 21 21 26 25
-15 40 18 19 24 25
-16 37 18 26 35 29
-17 36 20 28 26 28
-18 30 22 25 38 29
-19 25 25 37 37 31
-20 40 33 27 38 35
-21 39 40 30 29 35
-22 40 27 31 40 35
-23 40 23 40 40 36
-24 40 24 40 40 36
-25 40 26 40 40 37
-26 40 32 40 40 38
-32 40 40 40 40 40
-38 40 40 40 40 40
Calculou-se a carga estrutural das estacas para os diâmetros de 60 e 140 cm. Para isso,
multiplicou-se a área da seção transversal (AP) das estacas pela tensão máxima no concreto,
de 6 MPa, valor limite estabelecido pela NBR 6122 (ABNT, 2010) para projeto em estacas
hélice, no qual não é necessário armar, obtendo assim, as cargas limites de projeto das
estacas (PPROJ,E), que são apresentadas na Tabela 5.2.
Assumiu-se que as estacas utilizadas fossem hélice contínua, que apresentam os coeficientes
de ponta e atrito, respectivamente, iguais a 0,3 e 1. Seguindo o procedimento empírico de
Decourt e Quaresma (1978) modificado por Décourt (1996), determinaram-se para cada
diâmetro de estaca os parâmetros Nb e N’.
A. C. SILVA Capítulo 5
88 D0192G18: Interação Solo-Estrutura no Projeto de Edifícios Altos
Foram calculadas as resistências laterais (rL) e de ponta (rP) das estacas avaliadas, para um
comprimento arbitrário das estacas. Com as resistências determinadas, calculou-se a carga
última nas estacas pela soma das parcelas de ponta e de atrito, que foram multiplicadas,
respectivamente, pelos coeficientes de ponta e atrito. As Tabela 5.3 e Tabela 5.4 apresentam
um resumo dos parâmetros calculados, respectivamente, para o solo fraco e o solo forte.
Destaca-se que, no cálculo do solo forte, foram buscados valores de capacidade de carga do
solo (Pu) próximos aos obtidos para o solo fraco, resultando em menores comprimentos de
estacas para os diâmetros avaliados.
Diâmetro
60 140
(cm)
Nb 28 28
N' 36 37
K' (kPa) 250 250
rL (kPa) 102,57 104,62
rP (kPa) 9020,83 9208,33
AP (m²) 0,28 1,54
L (m) 13 14
AL (m²) 24,492 61,544
PL (kN) 2512,13 6438,45
PP (kN) 764,79 4250,38
Pu (kN) 3276,92 10688,83
A. C. SILVA Capítulo 5
D0192G18: Interação Solo-Estrutura no Projeto de Edifícios Altos 89
pelas Equações (5.3) e (5.4). A planilha foi atualizada para que a carga de projeto do solo
fosse menor que a carga estrutural das estacas, com a finalidade de evitar a ruptura das
estacas. Para isso alterou-se o comprimento das estacas até que fosse obtido o valor de carga
de projeto do solo que fosse menor ou igual a carga estrutural das estacas, com intuito de
aproveitar ao máximo a capacidade de carga do solo.
PP PL
PPROJS,1 (5.3)
2
PP PL
PPROJS,2 (5.4)
4 1, 3
Por questões executivas, as estacas em geral não conseguem avançar profundidades com
NSPT maior que 40. Dessa forma, observou-se que, para o solo fraco, nas estacas com
diâmetros de 140 cm, o comprimento máximo da estaca foi de 21 m e, para o solo forte, com
estacas de 140 cm de diâmetro, o comprimento máximo das estacas foi igual a 14 m. Em
ambos os casos, a capacidade de carga do solo não se aproximou da resistência estrutural
das estacas. As Tabela 5.5 e Tabela 5.6 apresentam um resumo com as cargas de projeto
obtidas para as estacas, respectivamente, para o solo fraco e o forte.
Tabela 5.5 — Critério para definição das cargas de projeto para solo fraco.
Tabela 5.6 — Critério para definição das cargas de projeto para solo forte.
A. C. SILVA Capítulo 5
90 D0192G18: Interação Solo-Estrutura no Projeto de Edifícios Altos
Por meio da média dos valores de NSPT, estimou-se o módulo de elasticidade das camadas
pela Equação (5.5), sendo escolhido o valor de 3,5 por estar entre 3 e 4, que é a sugestão
utilizada por Araújo (2009). Com o valor do módulo de elasticidade das camadas e as
dimensões hipotéticas de estacas de 60 cm e 140 cm, elaborou-se um esquema meramente
ilustrativo do perfil de solo e dos tipos de estacas calculadas, que é apresentado na Figura
5.7, para solo fraco e forte.
Figura 5.7 — Esquema ilustrativo do perfil de solo e as estacas calculadas, para fundação sobre solo fraco (FA)
e forte (FO).
Após a definição das características dos solos e estacas, foram obtidos os fatores de interação
e a rigidez das estacas, por meio do programa DEFPIG (POULOS, 1980), para uso no
A. C. SILVA Capítulo 5
D0192G18: Interação Solo-Estrutura no Projeto de Edifícios Altos 91
programa GARP. Para o solo fraco, a rigidez unitária foi igual a 380038,8 kN/m e 991394,7
kN/m, respectivamente, para os diâmetros de 60 e 140 cm, e na Figura 5.8 (a) são
apresentados os fatores de interação (e) para cada espaçamento relativo (s/d). Já para o
solo forte, a rigidez unitária foi igual a 490607,3 kN/m e 1007181,2 kN/m, respectivamente,
para os diâmetros de 60 cm e 140 cm, e os fatores de interação obtidos são apresentados na
Figura 5.8 (b).
Figura 5.8 — Fatores de interação (e) x espaçamento relativo (s/d) para os diâmetros de 60 cm e 140 cm.
Para definição da configuração final da fundação em radier estaqueado foi necessário obter
o número de estacas, alcançado pelos seguintes passos:
Calculou-se a média dos valores de NSPT,m de 3 m abaixo do radier, por meio da Tabela
5.1;
NSPT ,m
PROJ (5.6)
5
Considerou a tensão última sobre o radier como sendo igual a 3 vezes a tensão de
projeto sobre o radier;
Em seguida, foi calculada a carga última sobre o radier isolado, pelo produto da tensão
última pela área do radier isolado;
Pela soma das cargas sobre os pilares, determinou-se a carga total atuante sobre a
fundação advinda da superestrutura;
A. C. SILVA Capítulo 5
92 D0192G18: Interação Solo-Estrutura no Projeto de Edifícios Altos
Considerou-se que a soma da carga última das estacas e do radier serviria para
suplantar 2,5 vezes a carga atuante na fundação;
Após determinada a carga total sobre a fundação e sobre o radier, calculou-se por
simples subtração a carga última das estacas da fundação;
Por meio da razão entre a carga atuante sobre as estacas e a carga última sobre as
estacas isoladas, determinou-se o número mínimo necessário de estacas, para os
casos analisados; e
Com o número de estacas efetuou-se a distribuição das estacas sobre o radier nos
casos avaliados. Para essa distribuição obtida, a área do radier é modificada devido
ao desconto da área das estacas. Então, repete-se o cálculo, com a nova área obtida,
até que o número de estacas não se altere.
A Tabela 5.7 apresenta um resumo dos casos analisados, definidos pelo cálculo do número
de estacas, juntamente com a distribuição das estacas sobre os radiers de espessura de 3 m.
Destaca-se que no caso QFO, pelo cálculo estrutural da fundação não houve a necessidade
de estacas, ou seja, trata-se de um radier isolado.
Diâmetro N° Comprimento
Casos Nome Edifício Solo H* x V** s/d
(cm) Estacas (m)
1 QFA60 Q FA 60 300 18x18 18 3
2 QFA140 Q FA 140 84 10x10 21 3
3 QFO Q FO - 0 - - -
4 RFA60 R FA 60 794 45x18 13 2,5
5 RFA140 R FA 140 220 22x10 14 2,5
6 RFO60 R FO 60 75 15x5 13 2,5
7 RFO140 R FO 140 27 9x3 14 2,5
A. C. SILVA Capítulo 5
D0192G18: Interação Solo-Estrutura no Projeto de Edifícios Altos 93
definidas por meio de linhas faceando os pilares, para aplicação das tensões uniformes de
cada pilar, e linhas passando pelo eixo das estacas, para que estas pudessem ser inseridas.
Devido a limitação de processamento do programa GARP, de 75 x 75 linhas ou equivalente
ao produto, as malhas não puderam ser mais refinadas. Para o caso QFO, a malha utilizada
foi a mesma do caso QFA60.
A. C. SILVA Capítulo 5
94 D0192G18: Interação Solo-Estrutura no Projeto de Edifícios Altos
A. C. SILVA Capítulo 5
D0192G18: Interação Solo-Estrutura no Projeto de Edifícios Altos 95
A. C. SILVA Capítulo 5
96 D0192G18: Interação Solo-Estrutura no Projeto de Edifícios Altos
A. C. SILVA Capítulo 5
D0192G18: Interação Solo-Estrutura no Projeto de Edifícios Altos 97
A. C. SILVA Capítulo 5
98 D0192G18: Interação Solo-Estrutura no Projeto de Edifícios Altos
A. C. SILVA Capítulo 5
D0192G18: Interação Solo-Estrutura no Projeto de Edifícios Altos 99
A. C. SILVA Capítulo 5
100 D0192G18: Interação Solo-Estrutura no Projeto de Edifícios Altos
Além dos casos analisados pela interação solo-estrutura, foram realizadas as seguintes
análises adicionais: (i) a avaliação da consideração do momento fletor dos pilares, (ii) a
adoção de um coeficiente de mola na base dos pilares para simular a deformabilidade do solo,
de forma similar ao praticado por vários projetistas estruturais, e (iii) a consideração da rigidez
dos pilares no cálculo dos recalques da fundação.
Nessa análise, para o caso QFA60, foram considerados os momentos fletores nas direções
de X e Y e as cargas verticais que atuam nos pilares no nível da fundação considerando a
atuação apenas do peso próprio e cargas acidentais (sem vento), obtidos pelo programa
CAD/TQS com a finalidade de comparar com a análise que considera apenas as cargas
verticais nos pilares.
No GARP os momentos são inseridos nos nós, dessa forma, escolheram-se alguns nós nas
posições dos pilares e aplicou-se o momento correspondente a divisão do momento total no
pilar pelo número de nós selecionados. Após o processamento da fundação no programa
GARP, são obtidos deslocamentos nos nós e com os recalques obtidos, comparou-se os
resultados da análise que considera os momentos fletores sobre os pilares em relação à que
não considera, com e sem interação.
Dois métodos de previsão utilizando o coeficiente de mola foram avaliados para verificar a
eficácia na obtenção de resultados compatíveis com a interação, para isto, utilizou-se o caso
de edifício QFA60. A escolha dos coeficientes de mola foi realizada por meio de previsões,
determinadas em função das propriedades do solo de fundação.
A. C. SILVA Capítulo 5
D0192G18: Interação Solo-Estrutura no Projeto de Edifícios Altos 101
Tabela 5.8 — Faixa de valores do módulo de reação do subleito kv (modificado de BOWLES, 1996).
Solo kv (kN/m³)
Areia fofa 4800-16000
Areia medianamente compacta 9600-80000
Areia compacta 64000-128000
Areia argilosa medianamente compacta 32000-80000
Areia siltosa medianamente compacta 24000-48000
Solo Argiloso:
q200 kPa 12000-24000
q00 kPa 24000-48000
q200 kPa > 48000
P I 0 RK R h R
w1 (5.7)
Es d
w pg w1 ne u (5.8)
onde
I0 é o fator de influência dos recalques para uma estaca incompressível em uma massa semi-
infinita;
Rh é o fator de correção para profundidade da camada finita sobre uma base rígida;
ne é o número de estacas;
u fator que varia de 0,4 à 0,6, comumente adotado como igual a 0,5.
A. C. SILVA Capítulo 5
102 D0192G18: Interação Solo-Estrutura no Projeto de Edifícios Altos
Com o recalque médio do radier estaqueado obteve-se o coeficiente de mola (Km) pela divisão
das cargas de cada pilar, advindas do primeiro processamento do edifício no CAD/TQS, pelo
recalque médio da fundação calculado. Dessa forma, cada pilar apresentou um coeficiente de
mola diferente, proporcional a carga absorvida. Inseriu-se o Km na base dos pilares,
processou-se a superestrutura e foram obtidas novas cargas.
Por fim, para o caso QFA60, visando simular, de forma simplificada, a rigidez dos pilares no
cálculo dos recalques, aumentou-se a espessura do radier nas posições correspondentes às
áreas dos pilares. O aumento da espessura foi de 3 m para 163 m, de forma que os pilares
possuíssem 160 m, o que corresponde a 50 pavimentos, e de 3 m para 19 m, com pilares de
16 m de altura, correspondente a 5 pavimentos.
Figura 5.16 — Consideração de rigidez dos pilares com aumento de altura do radier, na posição dos pilares,
correspondente a 5 pavimentos.
A. C. SILVA Capítulo 5
D0192G18: Interação Solo-Estrutura no Projeto de Edifícios Altos 103
Como os recalques calculados considerando de forma aproximada a rigidez dos pilares com
5 e 50 pavimentos foram praticamente iguais, conforme apresentado no tópico 6.3.3, os
demais casos foram analisados com a rigidez dos pilares correspondente a 5 pavimentos.
Além do caso QFA60, foram avaliados os casos QFO, RFA60 e RFO60. Essa análise foi feita
sem a realização de processo iterativo, ou seja, em apenas um processamento, já que o
método visa considerar de forma simplificada a interação solo-estrutura.
A. C. SILVA Capítulo 5
CAPÍTULO 6
RESULTADOS E DISCUSSÕES
6.1.1. Recalques
w (6.1)
V
w0
A. C. SILVA
106 D0192G18: Interação Solo-Estrutura no Projeto de Edifícios Altos
Figura 6.1 – Variação dos recalques com o número de iterações para o caso QFA60.
Figura 6.2 – Variação dos recalques com o número de iterações para o caso QFA140.
Figura 6.3 – Variação dos recalques com o número de iterações para o caso QFO.
A. C. SILVA Capítulo 6
D0192G18: Interação Solo-Estrutura no Projeto de Edifícios Altos 107
Na planta do edifício, apresentada na Figura 5.4, foram selecionados os pilares P23, P24,
P27, P28, P25 e P26, obtidos do corte AA. Para observar o efeito da interação, foram
computados os recalques desses pilares, e construídas bacias de recalques, que são
apresentadas nas Figura 6.4, Figura 6.5 e Figura 6.6, respectivamente, para os casos QFA60,
QFA140 e QFO.
Notou-se que, após a primeira iteração, houve uma significativa redução nos recalques em
todos os casos. A partir da segunda iteração, essa variação não é tão expressiva. Observou-
se a redução dos recalques com o número de iterações, com uma taxa decrescente de uma
iteração para outra, tanto, que as curvas da 4ª e 5ª iterações praticamente se sobrepõem.
Figura 6.4 — Bacia de recalques obtida de corte horizontal para o caso QFA60.
A. C. SILVA Capítulo 6
108 D0192G18: Interação Solo-Estrutura no Projeto de Edifícios Altos
Figura 6.5 — Bacia de recalques obtida de corte horizontal para o caso QFA140.
Figura 6.6 — Bacia de recalques obtida de corte horizontal para o caso QFO.
A Figura 6.7 compara os recalques dos pilares do corte AA (Figura 5.4) para os três casos
analisados. Os maiores recalques foram obtidos, sequencialmente, para o edifício com solo
forte e sem estacas (QFO), solo fraco com estacas de 140 cm de diâmetro (QFA140) e solo
fraco com estacas de 60 cm de diâmetro (QFA60), nas análises com e sem interação solo-
estrutura. Como a carga total aplicada ao edifício é a mesma, menores valores de recalques,
são resultantes de uma maior rigidez final da fundação.
Os resultados demonstraram que, em uma fundação em radier isolado, mesmo que o solo
seja “forte”, onde espera-se menores recalques em relação a um solo “fraco”, os recalques
foram maiores que a fundação em radier estaqueado, o que mostra a grande capacidade das
estacas atuarem como elementos redutores de recalque. O fato dos recalques do caso QFA60
serem menores que os do QFA140, é devido a maior rigidez da fundação daquele caso.
A. C. SILVA Capítulo 6
D0192G18: Interação Solo-Estrutura no Projeto de Edifícios Altos 109
Figura 6.7 — Comparação das bacias de recalques de corte horizontal dos casos analisados.
Considerou-se o valor de distorção angular de 1/500 sugerido para uso em projeto por
Skempton e MacDonald (1956). Adotou-se também o valor de distorção angular de 1/700 para
análise dos resultados.
Na Figura 6.8, as distorções angulares das duplas de pilares P28/P32, P27/P31, P5/P10 e
P4/P9, obtidas sem interação para o caso QFA60, ficaram no intervalo de 1/500 e 1/700.
Quando considerou a interação, todas as distorções angulares foram inferiores a 1/1000.
Os maiores valores de distorções angulares para o caso QFA140 são apresentados na Figura
6.9. A maioria das duplas de pilares analisadas sem interação apresentaram distorções
angulares próximas a 1/500. Considerando a interação, com exceção das duplas de pilares
P5/P10 e P4/P9, que apresentaram valores superiores a 1/700, as distorções angulares
situaram na faixa de 1/1000 a 1/700.
As maiores distorções angulares para o caso QFO são apresentadas na Figura 6.10. As
distorções angulares do cálculo sem a interação das duplas de pilares P2/P16 e P27/P31,
apresentaram valores na faixa 1/700 e 1/500, enquanto nas demais duplas esses valores
foram superiores a 1/500. Considerando a interação, as duplas de pilares apresentaram
distorções angulares na faixa de 1/1000 a 1/700.
A. C. SILVA Capítulo 6
110 D0192G18: Interação Solo-Estrutura no Projeto de Edifícios Altos
Figura 6.8 — Maiores distorções angulares obtidas com e sem interação para o caso QFA60.
1/666
Figura 6.9 — Maiores distorções angulares obtidas com e sem interação para o caso QFA140.
1/666
Figura 6.10 — Maiores distorções angulares obtidas com e sem interação para o caso QFO.
A. C. SILVA Capítulo 6
D0192G18: Interação Solo-Estrutura no Projeto de Edifícios Altos 111
Pela análise sem interação, observou-se que as maiores distorções angulares foram obtidas,
sequencialmente, para os casos QFO, QFA140 e QFA60. Dessa forma, as alternativas com
maiores recalques absolutos (ou fundação de menor rigidez final), resultaram em maiores
distorções angulares. Todavia, quando considerou a interação, as distorções angulares do
caso QFA140 foram ligeiramente maiores que do caso QFO, diferente do observado para os
recalques.
Observou-se para todos os casos avaliados do edifício quadrangular, que os pilares de canto
e extremidade apresentaram aumento de carga com a interação, enquanto os pilares internos
apresentaram redução de carga com a interação. Destaca-se que, houve um aumento de
carga no pilar P1 em torno de 30%, 40% e 60%, respectivamente, para os casos QFA60,
QFA140 e QFO. Dessa forma, no pilar de canto P1 o aumento de carga foi maior nos casos
com menor rigidez da fundação.
Figura 6.11 — Cargas (P) normalizadas pela carga inicial (P0) nos pilares versus o número de iterações para o
caso QFA60.
A. C. SILVA Capítulo 6
112 D0192G18: Interação Solo-Estrutura no Projeto de Edifícios Altos
Figura 6.12 — Cargas (P) normalizadas pela carga inicial (P0) nos pilares versus o número de iterações para o
caso QFA140.
Figura 6.13 — Cargas (P) normalizadas pela carga inicial (P0) nos pilares versus o número de iterações para o
caso QFO.
Em relação ao pilar interno P8, a redução das cargas com a interação foi em torno de 5% em
todos os casos. Quanto ao pilar de extremidade, observou-se aumento das cargas em torno
de 20% nos casos QFA60 e QFO, e de 30% no caso QFA140. Para reforçar as observações,
apresenta-se na Figura 6.14, um esquema com os pilares que sofrem sobrecarga (aumento
de carga) e os que sofrem alívio (redução de carga) com a interação.
O comportamento de cargas nos pilares, pode também ser obtido indiretamente pelo
parâmetro de interação AR, definido por Gusmão (1990) e calculado pela Equação (4.1). Os
valores de AR sem e com (5ª iteração) interação, de cada pilar, são comparados para destacar
se os mesmos sofrem sobrecarga ou a alívio com a interação.
A. C. SILVA Capítulo 6
D0192G18: Interação Solo-Estrutura no Projeto de Edifícios Altos 113
Figura 6.14 — Comportamento dos pilares com a interação em relação a analise sem interação, para os casos
QFA60, QFA140 e QFO.
Pelo exposto por Gusmão (1990), os pilares com AR estimado (sem a interação) menor do 1,
tendem a apresentar sobrecarga com a interação, e quando o AR estimado é maior que 1,
A. C. SILVA Capítulo 6
114 D0192G18: Interação Solo-Estrutura no Projeto de Edifícios Altos
alívio de carga. Baseado nisso, reforça-se que os pilares internos apresentam alívio (AR
estimado>1) e os de canto sobrecarga (AR estimado<1) com a interação.
A. C. SILVA Capítulo 6
D0192G18: Interação Solo-Estrutura no Projeto de Edifícios Altos 115
Os resultados de cargas nas estacas para todos os casos em estudo foram obtidos para as
estacas mais próximas dos pilares selecionados no corte AA (P23, P24, P27, P28, P25 e P26),
para extração dos recalques.
A Figura 6.18, apresenta as cargas nas estacas selecionadas (destacadas na Figura 5.9) do
caso QFA60, com e sem a consideração da interação. Observou-se que na região central a
interação promove uma redução nas cargas das estacas, que pode chegar até 33%, conforme
verificado na Figura 6.19. Nesta mesma figura, nas estacas da extremidade, o acréscimo de
carga com a interação pode chegar até 7%.
Figura 6.18 — Cargas nas estacas com e sem interação, de corte horizontal, para o caso QFA60.
Figura 6.19 — Cargas com interação (P) normalizadas pela carga sem interação (P 0) nas estacas para o caso
QFA60.
A. C. SILVA Capítulo 6
116 D0192G18: Interação Solo-Estrutura no Projeto de Edifícios Altos
A Figura 6.20 e a Figura 6.21 comparam a variação de carga nas estacas (destacadas na
Figura 5.10) para o caso QFA140. Observou-se que com o procedimento de interação uma
das estacas da extremidade foi completamente mobilizada, provocando uma redistribuição de
cargas nas demais estacas. Com a interação, na região central a redução nas cargas das
estacas, chegou até 13%, enquanto que, nas estacas da extremidade, o acréscimo de carga,
foi de até 14%. Dessa forma, observou-se, para ambos os casos, uma relação direta entre
cargas nas estacas e recalques, quanto ao aumento ou redução dos valores com a interação.
Observou-se também, que com a interação, para os casos QFA60 e QFA140, houve um
aumento da carga sobre o radier, e consequente redução da carga total sobre as estacas,
menor que 1%. Como o caso QFO não apresenta estacas, não foram obtidos resultados de
carga em estacas.
Figura 6.20 — Cargas nas estacas com e sem interação, de corte horizontal, para o caso QFA140.
Figura 6.21 — Cargas com interação (P) normalizadas pela carga sem interação (P 0) nas estacas para o caso
QFA140.
A. C. SILVA Capítulo 6
D0192G18: Interação Solo-Estrutura no Projeto de Edifícios Altos 117
As Figura 6.22, Figura 6.23 e Figura 6.24 apresentam os momentos fletores no radier em Y,
obtidos de cortes verticais, realizados na região central do radier, respectivamente, para os
casos QFA60 (corte CC da Figura 5.9), QF140 (corte DD da Figura 5.10) e QFO (corte CC da
Figura 5.11). Observou-se que os momentos em Y em todos os casos apresentam redução
com a consideração da interação, o formato das curvas com e sem interação são semelhantes
e na região central uma redução maior dos momentos.
Figura 6.22 — Momento fletor no radier em Y com e sem interação, de corte vertical, para o caso QFA60.
Figura 6.23 — Momento fletor no radier em Y com e sem interação, de corte vertical, para o caso QFA140.
A. C. SILVA Capítulo 6
118 D0192G18: Interação Solo-Estrutura no Projeto de Edifícios Altos
Figura 6.24 — Momento fletor no radier em Y com e sem interação, de corte vertical, para o caso QFO.
Dos pilares obtidos do corte AA (Figura 5.4), foram computados os valores de DR conforme
observa-se nas Figura 6.25, Figura 6.26 e Figura 6.27, respectivamente, para os casos
QFA60, QFA140 e QFO. Em todos os casos, a curva com interação apresentou DR menores
que o DR sem interação, o que comprovou a suavização da deformada de recalques com o
uso da interação. Além disso, pode-se ver que a maior suavização da deformada se deu nos
pilares internos P27 e P28. Assim, o comportamento de momentos e DR’s com a interação
foram condizentes.
A. C. SILVA Capítulo 6
D0192G18: Interação Solo-Estrutura no Projeto de Edifícios Altos 119
A. C. SILVA Capítulo 6
120 D0192G18: Interação Solo-Estrutura no Projeto de Edifícios Altos
A. C. SILVA Capítulo 6
D0192G18: Interação Solo-Estrutura no Projeto de Edifícios Altos 121
As Figura 6.31, Figura 6.32 e Figura 6.33 apresentam o desenvolvimento do com o número
de iterações, respectivamente, para os casos QFA60, QFA140 e QFO. Observou-se que o
comportamento do parâmetro foi similar ao do z, no qual o parâmetro de estabilidade
apresentou aumento significativo com a 1ª iteração. Destaca-se que em todos os casos e
processamentos, os valores de foram maiores que 1=0,6, ou seja, a superestrutura é
classificada como de nós moveis com e sem interação.
A. C. SILVA Capítulo 6
122 D0192G18: Interação Solo-Estrutura no Projeto de Edifícios Altos
A. C. SILVA Capítulo 6
D0192G18: Interação Solo-Estrutura no Projeto de Edifícios Altos 123
As Figura 6.36, Figura 6.37 e Figura 6.38 apresentam os deslocamentos laterais no topo do
edifício, respectivamente, para os casos QFA60, QFA140 e QFO. Observou-se que em
A. C. SILVA Capítulo 6
124 D0192G18: Interação Solo-Estrutura no Projeto de Edifícios Altos
nenhum dos casos, em ambas direções do vento, o limite de deslocamento no topo, dado pela
Equação (3.5),foi atingido. Constatou-se que os deslocamentos laterais foram ligeiramente
maiores na direção horizontal (0° e 180°) em comparação a direção vertical (90° e 270°), para
todos os casos.
A. C. SILVA Capítulo 6
D0192G18: Interação Solo-Estrutura no Projeto de Edifícios Altos 125
Neste tópico são apresentados os momentos fletores em duas vigas da superestrutura, a viga
V1 (de canto a canto) e a V5 (que corta o interior da planta), para os pavimentos 1, 2, 5, 10 e
50, com e sem a interação do caso QFA60. Para a viga V1, são apresentados, da Figura 6.39
até a Figura 6.43, os momentos fletores do caso QFA60, nos pavimentos avaliados. Conforme
pode-se observar em todos os pavimentos avaliados os momentos fletores sem a interação
foram menores que os com a interação.
A. C. SILVA Capítulo 6
126 D0192G18: Interação Solo-Estrutura no Projeto de Edifícios Altos
Figura 6.42 — Momento fletor na viga V1 do 10º pavimento para o caso QFA60.
A. C. SILVA Capítulo 6
D0192G18: Interação Solo-Estrutura no Projeto de Edifícios Altos 127
Figura 6.43 — Momento fletor na viga V1 do 50º pavimento para o caso QFA60.
Da Figura 6.44 até a Figura 6.48 são apresentados os momentos fletores da viga V5 do caso
QFA60, nos pavimentos avaliados. Assim, como para a viga V1, os momentos fletores sem a
interação são menores que com a interação para todos os pavimentos. Observou-se que a
magnitude dos momentos foi menor no 50º pavimento do que os pavimentos inferiores.
Destaca-se que o aumento dos momentos nos trechos extremos das vigas (V1 e V5) implica
na necessidade de maior armação nesses trechos.
A. C. SILVA Capítulo 6
128 D0192G18: Interação Solo-Estrutura no Projeto de Edifícios Altos
Figura 6.47 — Momento fletor na viga V5 do 10º pavimento para o caso QFA60.
A. C. SILVA Capítulo 6
D0192G18: Interação Solo-Estrutura no Projeto de Edifícios Altos 129
Figura 6.48 — Momento fletor na viga V5 do 50º pavimento para o caso QFA60.
Não foram apresentados os gráficos correspondentes aos demais casos, com geometria
quadrangular e retangular, porque esses mostram um comportamento semelhante ao
observado para o caso QFA60.
6.2.1. Recalques
Para análise da variação de recalques pelo número de iterações do edifício retangular, foram
selecionados os pilares P1, P7 e P47 (Ver Figura 5.5), respectivamente, de canto, de
extremidade e interno. Os resultados dos casos RFA60, RFA140, RFO60 e RFO140, são
apresentados na Figura 6.49.
Observou-se em todos os casos analisados, para cada pilar, que a variação de recalque
diminuiu com o número de iterações. O pilar interno P43, em todos os casos, apresentou
valores de variação de recalque negativos, enquanto o pilar de canto P1 apresentou valores
positivos. Para o pilar de extremidade P7, na primeira iteração, dos casos RFA140, RFO60 e
RFO140, constatou-se valores negativos de variação de recalque e para o caso RFA60 valor
A. C. SILVA Capítulo 6
130 D0192G18: Interação Solo-Estrutura no Projeto de Edifícios Altos
positivo. Em todos os casos, a partir da terceira iteração houve pouca variação entre as
iterações.
Figura 6.49 — Variação dos recalques com o número de iterações para o edifício retangular.
Na planta do edifício retangular, selecionou-se do corte BB (Figura 5.5) uma linha horizontal
de pilares, a saber: P29, P31, P37, P40, P32, P33, P43, P44, P34, P35, P47, P48, P36 e P30.
Os recalques desses pilares foram computados, e construídas bacias de recalques, que são
apresentadas na Figura 6.50, para os casos RFA60, RFA140, RFO60 e RFO140.
Em todos os casos, no corte BB, dos pilares de extremidade (P29 e P30) os menores
recalques, conforme esperado, foram obtidos sem a interação. Os recalques obtidos pelas
diferentes iterações apresentaram valores próximos, não sendo observada uma sequência
lógica entre os valores de recalques e o número de iterações, para os casos analisados.
A. C. SILVA Capítulo 6
D0192G18: Interação Solo-Estrutura no Projeto de Edifícios Altos 131
Figura 6.50 — Bacia de recalques obtida de corte horizontal para o edifício retangular.
Quanto aos pilares internos P31 e P36, observou-se que os maiores recalques foram obtidos,
em ordem, pela 1ª iteração, sem interação, e da 2ª iteração em diante. Já os pilares internos
P37, P40, P32, P33, P43, P44, P34, P35, P47 e P48, apresentaram redução de recalques
com o aumento no número de iterações, o que condiz com o comportamento previsto por
Gusmão (1990, 1994).
A Figura 6.51 (a) compara as bacias de recalques, do corte BB, obtidas para os casos RFA60
e RFO60. Constatou-se que a magnitude dos recalques do caso RFO60 são maiores que a
do caso RFA60, com e sem interação. Isso pode ser explicado pelo fato de o
dimensionamento, em termos de capacidade de carga, ter levado a uma menor quantidade
de estacas para o solo “forte”. Isto deixou a fundação com uma rigidez total menor e por isso
os maiores valores de recalque quando comparado com o caso RFA60.
A. C. SILVA Capítulo 6
132 D0192G18: Interação Solo-Estrutura no Projeto de Edifícios Altos
curvas nos dois pilares centrais. Nas curvas com interação foi evidente a maior magnitude
dos recalques do caso RFO140 em relação ao caso RFA140.
Figura 6.51 — Comparação das bacias de recalques de corte horizontal do edifício retangular.
Considerando que os recalques da região central foram próximos para os casos RFA140 e
RFO140, sem a interação, e que com a interação, foi evidente a menor magnitude dos
recalques em RFA140, a redução de recalques devido a interação foi maior para o caso
RFA140. Em todos os casos analisados foi observada a suavização da deformada de
recalques.
Na Figura 6.52 (a) são apresentadas as distorções angulares, obtidas sem interação para o
caso RFA60, das duplas de pilares P62/P72, P61/P71, P9/P20 e P8/P19, que foram maiores
que o limite de 1/500, e nas demais duplas de pilares, a distorção angular ficou entre 1/700 e
1/500. Quando se considerou a iteração, as duplas apresentaram distorções angulares na
faixa de 1/1000 e 1/700.
As distorções angulares para o caso RFA140 são apresentadas na Figura 6.52 (b). As
distorções angulares de todas as duplas de pilares analisadas sem a interação foram
A. C. SILVA Capítulo 6
D0192G18: Interação Solo-Estrutura no Projeto de Edifícios Altos 133
Figura 6.52 — Maiores distorções angulares obtidas com e sem interação para solo fraco.
As distorções angulares para o caso RFO60 são apresentadas na Figura 6.53 (a). As
distorções angulares das duplas de pilares P62/P72, P61/P71, P9/P20, P1/P16 e P8/P19, sem
a interação, foram superiores a 1/500, e, somente a dupla P3/P28, situou-se abaixo de 1/500.
Com a interação, todas as distorções angulares ficaram entre 1/1000 e 1/700.
As distorções angulares para o caso RFO140 são apresentadas na Figura 6.53 (b). A
distorção angular da dupla de pilares P1/P16 do cálculo sem a interação foi superior a 1/500,
as demais situaram-se na faixa de 1/700 e 1/500. Considerando a interação, as distorções
angulares de todas as duplas de pilares ficaram entre 1/1000 e 1/700.
Figura 6.53 — Maiores distorções angulares obtidas com e sem interação para solo forte.
Pela análise sem interação, observou-se que as maiores distorções angulares foram obtidas,
sequencialmente, para os casos RFA140, RFA60, RFO60 e RFO140. Destaca-se que no caso
RFA140 as distorções angulares foram significantemente maiores que as dos demais casos.
Observou-se que para o solo menos resistente, o caso com estacas de diâmetro de 60 cm e
com fundação de maior rigidez (RFA60), apresentou menores distorções angulares que o
A. C. SILVA Capítulo 6
134 D0192G18: Interação Solo-Estrutura no Projeto de Edifícios Altos
caso com diâmetro de 140 cm (RFA140). Enquanto que para o solo mais resistente, maiores
distorções angulares foram obtidas para o caso RFO60 do que para o caso RFO140, sendo
que o caso RFO60 possui fundação com maior rigidez.
Com a interação, as maiores distorções angulares foram obtidas, em ordem, pelos casos
RFA140, RFA60, RFO140 e RFO60. Além disso, tanto para o solo menos resistente quanto
para o mais resistente, os casos com fundação de menor rigidez, apresentaram maiores
distorções angulares.
Para o pilar de canto P1, observou-se aumento de carga com a interação em torno de 40%,
70%, 55% e 55%, respectivamente, para os casos RFA60, RFA140, RFO60 e RFO140. O
pilar de extremidade P29, apresentou aumento de carga com a interação em torno de 10%,
2%, 5% e 5%, respectivamente, para os casos RFA60, RFA140, RFO60 e RFO140. Com o
solo fraco, ocorreu maiores cargas no pilar de canto P1, para o caso com menor rigidez final
(RFA140), e no pilar de extremidade P29 houve maiores cargas para o caso com maior rigidez
final (RFA60). Para o solo forte, não houve influência da rigidez da fundação nas cargas dos
pilares avaliados.
Por outro lado, para o pilar interno P33, observou-se a redução de carga com a interação em
torno de 25%, 30%, 20% e 20%, respectivamente, para os casos RFA60, RFA140, RFO60 e
RFO140. Dessa forma, a rigidez da fundação não teve grande influência.
A Figura 6.56 apresenta um esquema com os pilares que sofrem sobrecarga e os que sofrem
alívio com a interação para o caso RFA60. Nesse caso, todos os pilares de canto e de
extremidade apresentaram sobrecarga, e os internos apresentaram alívio de carga, o que
condiz com o exposto por Gusmão (1990, 1994).
A. C. SILVA Capítulo 6
D0192G18: Interação Solo-Estrutura no Projeto de Edifícios Altos 135
Figura 6.54 — Cargas (P) normalizadas pela carga inicial (P0) nos pilares versus o número de iterações para o
edifício retangular.
Já para os casos RFA140, RFO60 e RFO140 os pilares internos P16 e P28 apresentaram
sobrecarga ao invés de alívio de cargas. Os demais pilares internos apresentaram alívio e os
externos e de canto apresentaram sobrecarga, como esperado. O esquema com os pilares
que sofrem alívio e sobrecarga para esses casos é apresentado na Figura 6.57.
Pelas curvas do caso RFA60, observou-se que os pilares internos (P31, P37, P40, P32, P33,
P43, P44, P34, P35, P47, P48 e P36) sofreram alivio com a interação, já que o AR calculado
com interação é menor que o sem interação, e o oposto ocorre para os pilares de extremidade
(P29 e P30). Esse comportamento é concordante com o observado na Figura 6.56.
Destaca-se que, nos casos RFA140, RFO60 e RFO140 para os pilares P31 e P36, o AR das
curvas com e sem interação são praticamente iguais, ou seja, estão em transição de alívio e
sobrecarga. Dessa forma, há concordância com o comportamento da Figura 6.57, já que,
A. C. SILVA Capítulo 6
136 D0192G18: Interação Solo-Estrutura no Projeto de Edifícios Altos
apesar de os pilares P31 e P36 sofrerem alívio, estão rodeados por pilares que sofrem
sobrecarga, caracterizando assim, uma zona intermediária.
Observou-se também que, as magnitudes dos AR’s para o solo fraco foram maiores que para
o solo forte na região central da bacia de AR’s, em torno de 5%. Além disso, na geometria
retangular a magnitude dos AR’s na região central foi maior que da geometria quadrangular,
e equivalente nas extremidades.
A. C. SILVA Capítulo 6
D0192G18: Interação Solo-Estrutura no Projeto de Edifícios Altos 137
Figura 6.56 — Comportamento dos pilares com a interação em relação a analise sem interação, para o caso
RFA60.
A. C. SILVA Capítulo 6
138 D0192G18: Interação Solo-Estrutura no Projeto de Edifícios Altos
Figura 6.57 — Comportamento dos pilares com a interação em relação a analise sem interação, para os casos
RFA140, RFO60 e RFO140.
A. C. SILVA Capítulo 6
D0192G18: Interação Solo-Estrutura no Projeto de Edifícios Altos 139
Os resultados de cargas nas estacas para todos os casos em estudo, foram obtidos para as
estacas mais próximas dos pilares selecionados no corte BB (P29, P31, P37, P40, P32, P33,
P43, P44, P34, P35, P47, P48, P36 e P30), para extração dos recalques.
A Figura 6.58 (a) apresenta as cargas relativas de estacas (destacadas na Figura 5.12) do
caso RFA60, no qual, observou-se redução nas cargas das estacas com a interação, na região
central, de até 11%, enquanto que, nas estacas da extremidade, o acréscimo de carga com a
interação, pode chegar até 7%. Observou-se que as duas estacas de extremidade
apresentaram carga relativa igual a 1, neste caso porque ambas foram completamente
mobilizadas, considerando ou não a interação, o que provocou redistribuição de cargas nas
demais estacas.
A Figura 6.58 (b) apresenta as cargas relativas de estacas (destacadas na Figura 5.13) do
caso RFA140. Neste caso, nenhuma das estacas foi completamente mobilizada, com e sem
a interação. Observou-se que, em toda a linha de estacas a interação promove uma redução
nas cargas das estacas, até mesmo nas estacas de extremidade, com valores mais
consideráveis nas coordenadas de 20 m e 60 m, que pode chegar até 27%. Percebeu-se
visualmente que houve maior redução dos recalques na região central para o caso RFA140
em relação ao caso RFA60, e aumento de recalques na extremidade apenas para o caso
RFA60.
A Figura 6.58 (c) apresenta as cargas relativas em uma linha horizontal de estacas dos casos
RF060 (Figura 5.14) e RFO140 (Figura 5.15), com e sem a consideração da interação. Em
ambos os casos todas as estacas atingem a capacidade máxima, com e sem a interação, o
que altera é o valor da capacidade de carga das estacas, já que são de diâmetros distintos. A
consequência disso é que não se observa alteração na carga relativa das estacas, que é igual
a 1.
Com a interação, praticamente não houve alteração no valor da carga total sobre o radier e
as estacas. A diferença é que a carga sobre o radier no solo fraco (RFA60 e RFA140) é em
torno de 5%, enquanto que, para o solo forte (RFO60 e RFO140) esse percentual é de
aproximadamente 80%. Esse valor é justificado pelo fato, de que todas as estacas foram
completamente mobilizadas, e assim o radier passou a absorver grande parte da carga total.
A. C. SILVA Capítulo 6
140 D0192G18: Interação Solo-Estrutura no Projeto de Edifícios Altos
Figura 6.58 — Cargas com interação (P) normalizadas pela carga inicial (P0) nas estacas para edifício retangular.
A Figura 6.59 apresenta os momentos fletores no radier em Y para os casos RFA60 (corte EE
da Figura 5.12), RF140 (corte GG da Figura 5.13), RFO60 (corte II da Figura 5.14) e RFO140
(corte II da Figura 5.15), de cortes verticais realizados na metade do radier. Observou-se que
o momento em Y, na região central, em todos os casos apresentam redução com a
consideração da interação, e diferente do edifício quadrangular, o formato da curva com
interação é ligeiramente mais abatida e nas extremidades os momentos são ligeiramente
maiores.
A Figura 6.60 apresenta os momentos fletores no radier em X para os casos RFA60 (corte FF
da Figura 5.12), RF140 (corte HH da Figura 5.13), RFO60 (corte JJ da Figura 5.14) e RFO140
(corte JJ da Figura 5.15), obtidos de cortes horizontais. Observou-se, em toda extensão dos
cortes, que os momentos em X, para todos os casos, apresentam redução com a
consideração da interação e o formato das curvas são parecidas. Destaca-se que com a
redução nos momentos fletores no radier, observada em todos os casos, obtém-se a redução
das armaduras utilizadas no elemento estrutural de fundação.
A. C. SILVA Capítulo 6
D0192G18: Interação Solo-Estrutura no Projeto de Edifícios Altos 141
Figura 6.59 — Momento fletor no radier em Y com e sem interação para edifício retangular.
Figura 6.60 — Momento fletor no radier em X com e sem interação para edifício retangular.
A. C. SILVA Capítulo 6
142 D0192G18: Interação Solo-Estrutura no Projeto de Edifícios Altos
Computou-se também os valores de DR, conforme pode-se observar na Figura 6.61, para os
casos RFA60, RFA140, RFO60 e RFO140. Em todos os casos, as curvas com interação
apresentam DR’s menores que os DR’s sem interação, o que comprova a suavização da
deformada de recalques com o uso da interação. Além disso, pode-se ver que a maior
suavização da deformada se dá nos pilares internos. Esse comportamento foi comprovado
pelos momentos sobre o radier, apresentado na Figura 6.60.
Para os casos com diâmetro de 140 cm, nos pilares internos P31 e P36 houve praticamente
a interseção das curvas com e sem interação, evidenciando que quase não houve suavização
da deformada nesses pontos. Analogamente ao observado para o AR, os casos com solo
fraco apresentam maiores valores de DR na região central das bacias que o solo forte, e a
A. C. SILVA Capítulo 6
D0192G18: Interação Solo-Estrutura no Projeto de Edifícios Altos 143
magnitude dos DR’s da geometria retangular, na região central, foi maior que da geometria
quadrangular, e equivalente nas extremidades.
A estabilidade global do edifício retangular também foi avaliada pelos parâmetros z e , para
as combinações simples de vento. A Figura 6.62 relaciona o z com o número de iterações
para os casos RFA60, RFA140, RFO60 e RFO140, seguindo as direções do vento
apresentadas na Figura 5.5.
Observou-se que na primeira iteração o parâmetro foi ligeiramente maior nas direções
verticais (90° e 270°) em relação as direções horizontais (0° e 180°). Todavia, a partir da
primeira iteração, o parâmetro apresentou valores consideravelmente maiores na direção
vertical do edifício. Em todos os casos ocorre aumento do parâmetro com a interação. Esse
aumento concorda com as observações de Borges (2009).
Em todos os casos, quando não se considerou a interação o valor do z foi inferior a 1,1. A
partir da primeira iteração, observou-se em ambas as direções valores maiores que 1,1, dessa
forma, o edifício é classificado como de nós deslocáveis. Como os valores finais de z ficaram
A. C. SILVA Capítulo 6
144 D0192G18: Interação Solo-Estrutura no Projeto de Edifícios Altos
entre 1,1 e 1,3, seria necessário majorar os esforços horizontais (fator de 0,95.z) na análise
de estabilidade do edifício.
A Figura 6.63 apresenta a relação do com o número de iterações para os casos RFA60,
RFA140, RFO60 e RFO140. Observou-se a tendência do parâmetro apresentar maiores
valores nas direções verticais em comparação as horizontais. Em todos os casos, a interação
provoca aumento do parâmetro. Além disso, em todos os casos e processamentos, os valores
de foram maiores que 1=0,6, sendo a superestrutura classificada como de nós moveis,
com e sem interação.
Para o solo fraco, comparou-se o parâmetro z para os casos RFA60, RFA140, na Figura 6.64
(a). Observou-se que os menores valores do parâmetro, em ambas as direções, foram obtidos
para o caso RFA60. Quanto ao solo forte, é apresentado na Figura 6.64 (b), a comparação
dos casos RFO60 e RFO140, onde os menores valores de z foram obtidos para o caso
RFO60. Vale ressaltar que as retas dos casos RFO60 e RFO140 na horizontal foram
sobrepostas. Destaca-se que, para ambos tipos de solo, os menores valores do parâmetro z
foram obtidos para a fundação com maior rigidez final.
A. C. SILVA Capítulo 6
D0192G18: Interação Solo-Estrutura no Projeto de Edifícios Altos 145
Na Figura 6.65 (a), realizou-se a comparação do parâmetro dos casos RFA60 e RFA140 e
na Figura 6.65 (b) dos casos RFO60 e RFO140. Observou-se que, os menores valores do
parâmetro, em ambas direções, foram obtidos para os casos RFA60 e RFO60, em que a
rigidez final da fundação é maior. Esse fato concorda com o comportamento observado para
o parâmetro z.
A Figura 6.66 apresenta os deslocamentos laterais no topo do edifício para os casos RFA60,
RFA140, RFO60 e RFO140. Observou-se também para o edifício retangular que em nenhum
dos casos, nas direções verticais e horizontais do vento, o limite de deslocamento no topo,
dado pela Equação (3.5) foi atingido.
Constatou-se que, os deslocamentos laterais foram maiores na direção vertical (90° e 270°)
em comparação a direção horizontal (0° e 180°), para todos os casos. Na direção vertical, os
deslocamentos laterais aumentaram consideravelmente com a primeira iteração, e a partir da
segunda iteração houve uma leve redução progressiva dos deslocamentos laterais para todos
os casos.
A. C. SILVA Capítulo 6
146 D0192G18: Interação Solo-Estrutura no Projeto de Edifícios Altos
Na direção horizontal, o aumento dos deslocamentos com a primeira iteração não foi tão
evidente, devido a magnitudes dos deslocamentos nesta direção ser bem menor que na
direção vertical. O menor valor dos deslocamentos na direção horizontal concorda com os
parâmetros de estabilidade global, que possuem menores valores nesta direção, o que era
esperado já que o comprimento horizontal (Lx) do edifício é mais que duas vezes maior que o
comprimento vertical (Ly), conforme a Figura 5.5.
Neste tópico, são apresentados e discutidos os resultados de analises adicionais que foram
realizadas para avaliar a interação solo-estrutura. Dentre essas analises, destaca-se a
influência da consideração do momento fletor dos pilares, a de determinação de um
coeficiente de mola que busca representar o comportamento da fundação e a consideração
da rigidez dos pilares no cálculo dos recalques.
Os pilares escolhidos para análise dos momentos foram os do corte horizontal (Figura 5.4)
utilizados nas análises anteriores do caso QFA60. A Figura 6.67 e a Figura 6.68 mostram,
A. C. SILVA Capítulo 6
D0192G18: Interação Solo-Estrutura no Projeto de Edifícios Altos 147
respectivamente, a comparação dos recalques e cargas nos pilares obtidos, com e sem
interação, quando se considera ou não os momentos fletores nas bases dos pilares (Apêndice
B). Observou-se nos gráficos de cargas e recalques, que as curvas se sobrepõem, tanto para
a situação sem interação quanto para a com interação. Dessa forma, para o caso QFA60 a
utilização de apenas cargas verticais não tem significativa influência sobre os resultados de
recalques e cargas nos pilares.
Figura 6.67 — Comparação dos recalques com e sem a consideração dos momentos fletores na base dos
pilares, para o caso QFA60.
Figura 6.68 — Cargas nos pilares (P) com e sem a consideração dos momentos fletores na base dos pilares
para o caso QFA60.
A Figura 6.69 apresenta os momentos fletores em X nas bases dos pilares, de corte horizontal,
para o caso QFA60. Verificou-se que, os momentos em X sem a interação foram menores
que os com interação em todos os pilares. Dessa forma, sem a consideração da interação, os
A. C. SILVA Capítulo 6
148 D0192G18: Interação Solo-Estrutura no Projeto de Edifícios Altos
momentos fletores nos pilares dos primeiros pavimentos tendem a ser menores, o que
provoca o sub-dimensionamento dos pilares quando comparado com procedimento de
interação.
Figura 6.69 — Momento Fletor nos pilares em X com e sem interação, de corte horizontal, para o caso QFA60
Figura 6.70 — Bacia de recalques obtidas para a previsão pelo coeficiente de mola, de corte horizontal, para o
caso QFA60.
A. C. SILVA Capítulo 6
D0192G18: Interação Solo-Estrutura no Projeto de Edifícios Altos 149
Na Figura 6.71, pela ampliação da região central das bacias da Figura 6.74, observou-se que
a utilização do coeficiente de mola provocou ligeira redução nos recalques em relação a
análise sem interação, todavia, essa redução não foi significante, aproximando-se mais do
comportamento da curva sem interação do que a com interação. Além disso, observou-se que
apenas uma iteração já produz recalques bem menores na região central, próximos da curva
com interação, ou seja, é preferível utilizar uma iteração ao invés de utilizar a estimativa pelo
coeficiente de mola.
Figura 6.71 — Ampliação da região central da bacia de recalques obtidas para a previsão pelo coeficiente de
mola, de corte horizontal, para o caso QFA60.
O método simplificado de Randolph (1983, 1994) foi utilizado na estimativa do recalque médio
do radier estaqueado do caso QFA60, por meio das Equações (2.9) e (2.10). O recalque
médio, neste caso, do radier isolado foi igual a 158 mm, e o recalque médio do grupo de
estacas, foi igual a 45,2 mm. Assim, o recalque do radier estaqueado foi aproximadamente
igual a 44,6 mm. A Figura 6.72 apresenta as bacias de recalque obtidas com interação, sem
interação, com a 1ªiteração e pelo recalque médio para o caso QFA60.
Verificou-se que a utilização do recalque médio do radier estaqueado por Randolph (1983,
1994), na previsão de recalques, produz menores recalques na região central que o método
de Winkler, todavia, a utilização da 1ª iteração, produz ainda menores recalques que essa
previsão. Assim, a utilização de apenas uma iteração é melhor que a previsão por métodos
simplificados.
A Figura 6.73 apresenta as cargas normalizadas pela cargas iniciais (sem interação), nos
pilares de canto P1, extremidade P7 e interno P8, para as situações com interação, pelo
coeficiente de mola e pelo método do recalque médio, do caso QFA60. Observou-se que para
A. C. SILVA Capítulo 6
150 D0192G18: Interação Solo-Estrutura no Projeto de Edifícios Altos
a análise pelo coeficiente de mola, as cargas normalizadas nos pilares de canto e extremidade
são aproximadamente iguais a 1, que significa que as cargas são semelhantes ao obtido sem
a interação. Já no pilar interno a análise pelo coeficiente de mola apresentou redução de 5%
de carga em relação a análise sem interação, resultado igual ao obtido com interação.
Quanto ao método do recalque médio, observou-se que, praticamente não houve alteração
nas cargas dos pilares. Portanto, constata-se que a utilização do coeficiente de mola e método
do recalque médio não produzem resultados satisfatórios quanto a cargas nos pilares em
comparação a análise com interação.
Figura 6.72 — Bacia de recalques obtidas para a previsão pelo recalque médio utilizando o método de Randolph
(1983), de corte horizontal, para o caso QFA60.
Figura 6.73 — Cargas obtidas com interação, com coeficiente de mola e pelo método do recalque médio (P)
normalizadas pela carga inicial (P0), em pilares de canto, extremidade e internos para o caso QFA60.
A. C. SILVA Capítulo 6
D0192G18: Interação Solo-Estrutura no Projeto de Edifícios Altos 151
Para considerar a rigidez dos pilares de forma simplificada, a espessura do radier na posição
dos pilares foi aumentada para 19 m, valor correspondente a 5 pavimentos. Comparou-se
essa análise com de 50 pavimentos (equivalente à altura de 163 m de altura), para o caso
QFA60, no qual, observou-se a sobreposição das curvas de recalques, conforme apresentado
na Figura 6.74. Dessa forma, o cálculo com rigidez dos pilares correspondente a 5 pavimentos
foi realizado para os casos QFA60, QFO, RFA60 e RFO60.
Figura 6.74 — Comparação das bacias de recalques para rigidez dos pilares correspondente a 5 e 50
pavimentos, em corte horizontal, para caso QFA60.
Conforme pode-se observar na Figura 6.75, do corte AA (Figura 5.4), o aumento da rigidez
dos pilares para os casos QFA60 e QFO, apesar de suavizar a deformada de recalques em
relação a analise sem interação solo-estrutura, a sua magnitude não foi significativa, já que
ficou mais próxima da análise sem interação do que da que utiliza a interação.
Figura 6.75 — Influência da consideração da rigidez dos pilares, em corte horizontal, para o edifício
quadrangular.
A. C. SILVA Capítulo 6
152 D0192G18: Interação Solo-Estrutura no Projeto de Edifícios Altos
A Figura 6.76 mostra as bacias de recalques, do corte BB (Figura 5.5), para os casos RFA60
e RFO60. Nesses casos, os formatos das curvas são diferentes do edifício quadrangular, e
os recalques das curvas que consideram a rigidez dos pilares na região central, se localiza
em uma posição intermediaria entre as curvas sem e com interação. Todavia, essa curva
permanece mais próxima da curva sem interação. Nos pilares de extremidade, a curva que
considera a rigidez dos pilares, ao invés de apresentar recalques entre as curvas com e sem
interação, apresentou os menores recalques dentre as três curvas. Portanto, a adoção da
rigidez dos pilares não é capaz de fornecer recalques próximos dos obtidos pela interação.
Figura 6.76 — Influência da consideração da rigidez dos pilares, em corte horizontal, para o edifício retangular.
A. C. SILVA Capítulo 6
CAPÍTULO 7
CONCLUSÕES E SUGESTÕES PARA TRABALHOS FUTUROS
Essa rigidez relaciona carga aplicada ao edifício com o recalque sofrido pelo mesmo, como
as cargas totais aplicadas aos edifícios foram as mesmas, as fundações de maior rigidez
foram as que apresentaram menores recalques. Vale ressaltar que essa rigidez é dependente
de vários fatores, como por exemplo: a deformabilidade do solo, número e diâmetro das
estacas, dimensão do radier.
A. C. SILVA
154 D0192G18: Interação Solo-Estrutura no Projeto de Edifícios Altos
valores foram menores que o limite. Dessa forma, projetos de fundação que seriam rejeitados
inicialmente poderiam ser aceitos ao se considerar a interação.
Destaca-se que os casos com menor rigidez final apresentaram maiores valores de distorção
angular para o edifício quadrangular. No edifício retangular, com e sem a consideração da
interação, para o solo fraco a alternativa de fundação de menor rigidez (RFA140) apresentou
maiores distorções angulares. Para o solo forte, com a interação o comportamento anterior foi
observado, todavia, sem a interação, ocorreu o inverso, fundação de maior rigidez (RFO60)
provocando maiores distorções angulares.
Além disso, a interação promoveu significativa redução nas cargas sobre as estacas na região
central, e pequeno acréscimo nas extremidades para o edifício quadrangular. No edifício
retangular, o caso RFA140 sofreu com a interação, redução nas cargas das estacas em todo
o corte realizado e, nos casos com solo forte, onde um menor número de estacas foi
empregado, todas as estacas foram mobilizadas completamente.
Quanto aos momentos fletores no radier, a interação promoveu a redução considerável (de
30% a 50% em média) dos valores, principalmente na região central, nas direções X e Y, para
os casos analisados. Paralelamente, o parâmetro de interação DR apresentou redução com
a interação, comprovando a suavização da deformada de recalques. Dessa forma, com o
exposto acima, os edifícios hipotéticos avaliados com a interação promoveram a melhoria no
desempenho das fundações e poderiam ter o custo de armação reduzido consideravelmente.
A. C. SILVA Capítulo 7
D0192G18: Interação Solo-Estrutura no Projeto de Edifícios Altos 155
canto a canto e cortando parte interna da planta), em alguns pavimentos, do caso com edifício
quadrangular, solo fraco e estacas de 60 cm (QFA60).
Destaca-se que a rigidez final da fundação atua de forma inversamente proporcional aos
parâmetros de estabilidade global, ou seja, os casos com maior rigidez final apresentaram
menores valores do parâmetro de estabilidade global z. Dessa forma, conclui-se que o melhor
desempenho da fundação e da estrutura foi obtido para a fundação mais rígida, que conduziu
a menores valores de parâmetros de estabilidade, recalques, distorções angulares e esforços
na fundação, ao passo que se sugere então, o dimensionamento de projetos com fundação
mais rígida.
Para o caso avaliado (QFA60), vê-se que a utilização de um coeficiente de mola por parte dos
projetistas estruturais não consegue prever adequadamente as reações de apoio e os
recalques da fundação, já que os recalques e reações de apoio obtidos com essa metodologia
se aproximaram dos obtidos sem considerar a interação solo-estrutura. Além disso, a
metodologia que considera a deformabilidade do solo, de modo simplificado, por meio do
cálculo do recalque médio da fundação, apresentou resultados melhores que os da hipótese
de Winkler, todavia, com apenas uma iteração, melhores resultados são obtidos.
Diante do tema abordado, algumas sugestões podem ser tomadas para trabalhos futuros, de
forma a aprofundar no assunto, como por exemplo:
A. C. SILVA Capítulo 7
156 D0192G18: Interação Solo-Estrutura no Projeto de Edifícios Altos
Verificar o efeito da ação horizontal do vento em relação à análise que não a considera.
A. C. SILVA Capítulo 7
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160 D0192G18: Interação Solo-Estrutura no Projeto de Edifícios Altos
A. C. SILVA Referências
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A. C. SILVA Referências
APÊNDICE A
ENTRADA DE DADOS DOS PROGRAMAS
Neste apêndice, são apresentados os dados de entrada utilizados nos programas utilizados.
A.1 CAD/TQS
A. C. SILVA
164 D0192G18: Interação Solo-Estrutura no Projeto de Edifícios Altos
planas, enquanto que o pavimento fundação foi analisado com o modelo de grelha somente
de vigas, conforme se observa na Figura A.2
Com as dimensões dos edifícios hipotéticos foram definidos os coeficientes de arrasto nas
quatro direções do vento, para baixa turbulência de vento, conforme é apresentado na Figura
A.5. Inseridas as dimensões da edificação, o programa busca o coeficiente de arrasto no
ábaco apresentado na Figura A.5. Esse coeficiente de arrasto é um dado de entrada para o
cálculo do carregamento do vento.
A. C. SILVA Apêndice A
D0192G18: Interação Solo-Estrutura no Projeto de Edifícios Altos 165
Figura A.3 — Definição das propriedades dos materiais dos edifícios hipotéticos.
A. C. SILVA Apêndice A
166 D0192G18: Interação Solo-Estrutura no Projeto de Edifícios Altos
A.2 DEFPIG
A. C. SILVA Apêndice A
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No primeiro item, os dados que são fornecidos são: comprimento da estaca, diâmetro da
estaca, diâmetro da ponta da estaca, módulo de Young do material da estaca, momento de
inércia da seção X da estaca, de geometria circular, razão da área da estaca da seção X.
Devem-se definir também alguns critérios, como a presença de um “cap”, o tipo de resposta
da estaca, condições no topo da estaca e condições da ponta da estaca. Na Figura A.7 são
apresentados os dados relacionados com a estaca.
O segundo item é o relacionado com as propriedades do solo. Nele são definidos o número
de elementos no fuste e base da estaca, para facilitar a análise utilizou-se o número de
elementos no fuste igual ao comprimento da estaca e na base igual a 1. Além disso, é inserido
o coeficiente de Poisson do solo, a profundidade da camada de solo, módulo de elasticidade
do material impenetrável, subjacente a camada de solo e o tipo de distribuição do módulo das
camadas de solo com seus respectivos valores. A Figura A.8 apresenta a tela com os dados
de entrada no item propriedades do solo.
A. C. SILVA Apêndice A
168 D0192G18: Interação Solo-Estrutura no Projeto de Edifícios Altos
A. C. SILVA Apêndice A
D0192G18: Interação Solo-Estrutura no Projeto de Edifícios Altos 169
A.3 GARP
A. C. SILVA Apêndice A
170 D0192G18: Interação Solo-Estrutura no Projeto de Edifícios Altos
As tensões que foram inseridas foram obtidas da divisão das cargas em cada pilar sobre a
sua respectiva área, sendo esse procedimento efetuado a cada iteração dos casos
analisados. Na análise da influência do momento fletor sobre a interação em relação ao caso
que considera apenas carregamento vertical, escolheu, estrategicamente, nós dos elementos
dos pilares para aplicação dos momentos em X e Y, sendo os momentos nos nós obtidos pela
divisão do momento total nos pilares pelo número de nós escolhidos.
A. C. SILVA Apêndice A
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A. C. SILVA Apêndice A
172 D0192G18: Interação Solo-Estrutura no Projeto de Edifícios Altos
Figura A.15 — Momentos fletores em X e Y aplicados em alguns nós correspondentes a área dos pilares.
A. C. SILVA Apêndice A
D0192G18: Interação Solo-Estrutura no Projeto de Edifícios Altos 173
A. C. SILVA Apêndice A
APÊNDICE B
CARGAS E MOMENTOS NOS PILARES
As Tabela B.1 e Tabela B.2, apresentam cargas e momentos nos pilares do caso QFA60,
respectivamente, sem e com a consideração da interação. Conforme pode-se observar, os
momentos em X e Y não chegam a 5% dos valores de cargas verticais.
Tabela B.1 — Cargas e momentos nos pilares sem a interação para o caso QFA60.
A. C. SILVA
176 D0192G18: Interação Solo-Estrutura no Projeto de Edifícios Altos
P31 -1 -3 9210 12 0 0
P32 0 -3 10131 17 3 -1
P33 3 -3 10656 14 -3 -1
P34 7 -4 8083 -17 -31 0
Tabela B.2 — Cargas e momentos nos pilares com a interação para o caso QFA60.
A. C. SILVA Apêndice B
ANEXO C
SONDAGEM SPT
Os parâmetros hipotéticos do solo foram determinados com base em um perfil de solo real da
cidade de Goiânia/GO. Esse perfil foi obtido, por meio de resultados de sondagens SPT, em
quarto furos. Da Figura C.1 até a Figura C.4 são apresentados os laudos de sondagens dos
furos realizados.
FURO 1 (SP-01)
A. C. SILVA
178 D0192G18: Interação Solo-Estrutura no Projeto de Edifícios Altos
FURO 2 (SP-02)
A. C. SILVA Anexo C
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FURO 3 (SP-03)
A. C. SILVA Anexo C
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FURO 4 (SP-04)
A. C. SILVA Anexo C