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UNIVERSIDADE FEDERAL DE GOIÁS

ESCOLA DE ENGENHARIA CIVIL E AMBIENTAL


PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM GEOTECNIA, ESTRUTURAS
E CONSTRUÇÃO CIVIL

INTERAÇÃO SOLO-ESTRUTURA NO PROJETO


DE EDIFÍCIOS ALTOS

AUGUSTO COSTA SILVA

D0192G18
GOIÂNIA
2018
AUGUSTO COSTA SILVA

INTERAÇÃO SOLO-ESTRUTURA NO PROJETO


DE EDIFÍCIOS ALTOS

Dissertação apresentada ao Programa de Pós-Graduação em


Geotecnia, Estruturas e Construção Civil da Universidade
Federal de Goiás para obtenção do título de Mestre em
Engenharia Civil.
Área de Concentração: Geotecnia.
Orientador: Prof.° Maurício Martines Sales. M.Sc. D.Sc.

D0192G18
GOIÂNIA
2018
FOLHA DE APROVAÇÃO

AUGUSTO COSTA SILVA

INTERAÇÃO SOLO-ESTRUTURA NO PROJETO DE EDIFÍCIOS ALTOS

Dissertação apresentada ao Programa de Pós-Graduação em


Geotecnia, Estruturas e Construção Civil da Universidade
Federal de Goiás para obtenção do título de Mestre em
Engenharia Civil.

Aprovado em: ____/____/___.

Banca Examinadora:
________________________________

Prof. Dr. Maurício Martines Sales – Universidade Federal de Goiás (Orientador)


_________________________________

Prof. Dr. Sylvia Regina Mesquita de Almeida – Universidade Federal de Goiás (Examinador
Interno)
_________________________________

Prof. Dr. Alexandre Duarte Gusmão – Universidade de Pernambuco (Examinador Externo)

Atesto que as revisões solicitadas foram feitas:

_____________________________________

Prof. Dr. Maurício Martines Sales (orientador)

Goiânia, 30 de outubro de 2018


À minha família, em especial minha mãe, pai e
irmãos, que sempre acreditaram no meu
potencial, e me deram forças nos momentos
difíceis.
AGRADECIMENTOS

Agradeço a Deus que concede a mim graça em todos os meus caminhos, e me fez crer que
tudo seria possível, mesmo nos momentos em que não conseguia ver o fim da estrada;

À minha família Regina, Alexia, Vagner, Valéria, Helena e Orminda que sempre me apoiaram
e incentivaram ao longo de minha vida;

Ao professor Maurício Martines Sales, por todo conhecimento transmitido com grande
maestria, através das matérias ministradas e durante a orientação deste trabalho. Agradeço
ainda, pela paciência e disposição em sanar minhas dúvidas, atenção e amizade;

Ao professor Ademir Aparecido do Prado, pela colaboração e incentivo no desenvolvimento


da pesquisa. Além disso, pela concessão da licença do software CAD/TQS, adquirida pela
Universidade Federal de Goiás (UFG);

Àos professores do mestrado, das áreas de Geotecnia e Estrutura que contribuíram com seus
conhecimentos;

A professora orientadora de iniciação cientifica Rita de Cássia Silva, pelos conselhos valiosos;

Aos colegas do mestrado das áreas de Geotécnica, Estrutura e Construção Civil, pela
amizade e por compartilharem este momento em minha vida, em especial, Jeferson, Paulo,
Sergio e Patrícia, que além do mestrado, caminhamos juntos desde a graduação, e Marcela,
Hebert e Laynara, do mestrado;

À Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (CAPES); pela bolsa de


mestrado concedida a mim no período do mestrado;

Aos técnicos do Laboratório de Geotecnia da UFG, que sempre me receberam com alegria e
por transmitirem parte de seus conhecimentos, sobre a realização dos diversos ensaios.

A. C. SILVA
“Failure is simply the opportunity to begin again,
this time more intelligently.”

(Henry Ford)
RESUMO

A estrutura de uma edificação e o solo em que está assentada trabalham em conjunto, em um


mecanismo de interação solo-estrutura (ISE). No entanto, na prática, os projetos da
superestrutura e da fundação são calculados separadamente, sem considerar a interação das
partes envolvidas. Os projetistas da superestrutura, em geral, ou consideram na análise os
apoios como indeslocáveis ou a fazem com molas de Winkler, que são elementos
independentes em que não há interação entre os elementos de fundação e o solo adjacente.
Isso pode levar a uma distribuição de recalques irreal, no qual, em alguns pontos, os recalques
são maiores e, em outros, menores que os recalques obtidos da distribuição real. Quanto à
superestrutura, na análise da ISE, ocorre a redistribuição de esforços nos pilares, o que pode
levar a diferentes valores de parâmetros de estabilidade global e a necessidade de revisão do
detalhamento dos pilares em comparação ao cálculo realizado convencionalmente. Dessa
forma, os métodos convencionais estariam contra a segurança, o que leva ao objetivo deste
trabalho que foi comparar, para edificações hipotéticas, de 50 pavimentos, com formas
quadrangular e retangular em planta, as reações de apoio nos pilares, os recalques, as
distorções angulares, os esforços na fundação, os parâmetros de estabilidade global e os
deslocamentos laterais dos edifícios obtidos com ISE e por meio de métodos convencionais.
Para cada geometria, consideraram-se dois tipos de solo e estacas de 60 cm e 140 cm de
diâmetro. Além disso, foram realizadas análises adicionais, tais quais: a verificação da
influência do momento fletor na base dos pilares, a influência da consideração da rigidez dos
pilares, adoção de um coeficiente de mola, baseado na hipótese de Winkler e a consideração
da deformabilidade do solo por meio da estimativa do recalque médio da fundação. Na análise
das superestruturas, foi utilizado um programa comercial de projeto de estruturas de concreto
armado e, para análise da fundação, foi utilizado um programa que utiliza uma metodologia
híbrida em sua formulação, sendo realizada a interação das partes por processo iterativo.
Com a consideração da interação, os edifícios apresentaram menores recalques na região
central da fundação, menores distorções angulares e menores esforços na fundação. Por
outro lado, os parâmetros de estabilidade global, o deslocamento lateral no topo do edifício,
esforços em vigas selecionadas, e os esforços nos pilares do primeiro pavimento foram
maiores. Destaca-se que a fundação dimensionada que apresentou maior rigidez (solo mais
fraco e com estacas de 60 cm de diâmetro) apresentou o melhor desempenho em relação a
fundação e, na parte da estrutura, apresentou os menores valores de parâmetros de
estabilidade e deslocamentos laterais. Além disso, a realização de uma iteração no
procedimento de interação conduziu a melhores resultados que os obtidos pela hipótese de

A. C. SILVA
D0192G18: Interação Solo-Estrutura no Projeto de Edifícios Altos

Winkler, metodologia do recalque médio e pela consideração da rigidez dos pilares. Ainda,
constatou-se que a adoção de apenas cargas verticais na interação não teve influência sobre
os resultados.

Palavras-chave: Interação Solo-Estrutura. Recalques. Reações de Apoio. Parâmetros de


Estabilidade Global.

A. C. SILVA Resumo
ABSTRACT

The structure of a building and the soil on which it is built work together in a soil-structure
interaction mechanism (SSI). However, in practice, the superstructure and foundation projects
are calculated separately, without considering the interaction of the parties involved. The
designers of the superstructure, generally, either consider in the analysis the supports as fixed
points or do so with Winkler springs, which are independent elements in which there is not
interaction between the foundation elements and the adjacent soil. This may lead to an
unrealistic distribution of settlements, in which, at some points, the settlements are larger and,
in others, smaller than the settlements obtained from the real distribution. As for the
superstructure, in the SSI analysis, redistribution of efforts occurs in the columns, which can
lead to otherwise values of global stability parameters and the need to review the details of the
columns in comparison to the calculation performed conventionally. Thus, the conventional
methods would be against safety, which leads to the objective of this work which was to
compare, for hypothetical buildings, of 50 floors, with quadrangular and rectangular plant
shapes, support reactions in the columns, settlements, angular distortions, efforts in the
foundation, overall stability parameters and lateral displacements of buildings obtained with
SSI and by conventional methods. For each geometry, two types of soil and piles of 60 cm and
140 cm in diameter were considered. In addition, additional analyzes were carried out, such
as: the verification of the influence of the bending moment at the base of the columns, the
influence of the consideration of the rigidity of the columns, adoption of a spring coefficient,
based on the Winkler hypothesis and the consideration of the soil deformability by estimating
of the foundation's average settlement. In the analysis of the superstructures, a commercial
program for the design of reinforced concrete structures was used and, for the analysis of the
foundation, a program was used that uses a hybrid methodology in its formulation, being the
interaction of the parts by iterative process. With consideration of the interaction, the buildings
presented smaller settlements in the central region of the foundation, smaller angular
distortions and smaller efforts in the foundation. On the other hand, the global stability
parameters, the lateral displacement at the top of the building, the efforts at the selected beams
and efforts at the first floor columns were larger. It should be noted that the dimensioned
foundation that presented higher stiffness (weaker soil and piles with a diameter of 60 cm) had
the best performance in relation to the foundation and, in the part of the structure, presented
the lowest values of stability parameters and lateral displacements . In addition, performing an
iteration in the interaction procedure led to better results than those obtained by Winkler's

A. C. SILVA
D0192G18: Interação Solo-Estrutura no Projeto de Edifícios Altos

hypothesis, the methodology of the average settlement and the consideration of the rigidity of
the columns. Also, it was verified that the adoption of only vertical loads in the interaction had
no influence on the results.

Key words: Soil-Structure Interaction. Settlements. Support Reactions. Global Stability


Parameters.

A. C. SILVA Abstract
LISTA DE FIGURAS

Figura 2.1 — Exemplo para definição dos movimentos em fundações (modificado de


BURLAND; BROMS; DE MELLO, 1977). ............................................................................ 41

Figura 2.2 — Tipos de recalques em edificações: (a) recalques uniformes, (b) recalques
desuniformes, (c) recalques desuniformes com distorção angular (VELLOSO; LOPES,
2004). ................................................................................................................................. 43

Figura 2.3 — Distorção angular (modificado de BJERRUM, 1963). .................................... 43

Figura 2.4 — Representação do modelo de Winkler (COLARES, 2006). ............................ 46

Figura 2.5 — Curvas carga-recalque simplificada para radier estaqueado (modificado de


DAVIS; POULOS, 1972). .................................................................................................... 51

Figura 3.1 — Esquema das dimensões das edificações (BORGES, 2009). ........................ 58

Figura 4.1 — Hipóteses básicas do projeto convencional de fundações e superestrutura


(GUSMÃO, 1990, 1994). ..................................................................................................... 63

Figura 4.2 — Momento em radier pelos modelos de Winkler e Contínuo: (a) Carga
pontual aplicada no centro, (b) 5 cargas pontuais aplicadas equidistantes (BROWN,
1977apud SMALL, 2001). ................................................................................................... 65

Figura 4.3 — Exemplos de deformadas de recalques estimados e medidos e suas


curvas de frequência (GUSMÃO, 1990, 1994). ................................................................... 66

Figura 4.4 — Variação do CV ao longo do tempo (GUSMÃO; GUSMÃO FILHO; MAIA,


2000). ................................................................................................................................. 67

Figura 4.5 — Influência da ISE para o edifício Skyper (modificado de SALES; SMALL;
POULOS, 2010).................................................................................................................. 70

Figura 4.6 — Recalque versus rigidez relativa estrutura solo (modificado de LOPES;
GUSMÃO, 1991apud COLARES, 2006). ............................................................................ 72

Figura 5.1 — Esquema simplificado da representação dos métodos de cálculo utilizados.


........................................................................................................................................... 75

A. C. SILVA
D0192G18: Interação Solo-Estrutura no Projeto de Edifícios Altos

Figura 5.2 — Fluxograma dos procedimentos convencionais de cálculo. ........................... 77

Figura 5.3 — Fluxograma do procedimento de ISE. ............................................................ 78

Figura 5.4 — Edifício hipotético Q de geometria quadrada em planta (cm). ........................ 84

Figura 5.5 — Edifício hipotético R de geometria retangular em planta (cm). ....................... 85

Figura 5.6 — Seção transversal de pilares utilizados na configuração final dos edifícios
retangular (cm). .................................................................................................................. 86

Figura 5.7 — Esquema ilustrativo do perfil de solo e as estacas calculadas, para


fundação sobre solo fraco (FA) e forte (FO). ....................................................................... 90

Figura 5.8 — Fatores de interação (e) x espaçamento relativo (s/d) para os diâmetros
de 60 cm e 140 cm. ............................................................................................................ 91

Figura 5.9 — Malha resultante de pilares e estacas do caso QFA60 (cm). ......................... 93

Figura 5.10 — Malha resultante de pilares e estacas do caso QFA140 (cm). ..................... 94

Figura 5.11 — Malha resultante de pilares e estacas do caso QFO (cm). ........................... 95

Figura 5.12 — Malha resultante de pilares e estacas do caso RFA60 (cm). ....................... 96

Figura 5.13 — Malha resultante de pilares e estacas do caso RFA140 (cm). ..................... 97

Figura 5.14 — Malha resultante de pilares e estacas do caso RFO60 (cm). ....................... 98

Figura 5.15 — Malha resultante de pilares e estacas do caso RFO140 (cm). ..................... 99

Figura 5.16 — Consideração de rigidez dos pilares com aumento de altura do radier, na
posição dos pilares, correspondente a 5 pavimentos. ....................................................... 102

Figura 6.1 – Variação dos recalques com o número de iterações para o caso QFA60. .... 106

Figura 6.2 – Variação dos recalques com o número de iterações para o caso QFA140.... 106

Figura 6.3 – Variação dos recalques com o número de iterações para o caso QFO. ........ 106

Figura 6.4 — Bacia de recalques obtida de corte horizontal para o caso QFA60. ............. 107

Figura 6.5 — Bacia de recalques obtida de corte horizontal para o caso QFA140. ........... 108

A. C. SILVA Lista de Figuras


D0192G18: Interação Solo-Estrutura no Projeto de Edifícios Altos

Figura 6.6 — Bacia de recalques obtida de corte horizontal para o caso QFO. ................ 108

Figura 6.7 — Comparação das bacias de recalques de corte horizontal dos casos
analisados. ....................................................................................................................... 109

Figura 6.8 — Maiores distorções angulares obtidas com e sem interação para o caso
QFA60. ............................................................................................................................. 110

Figura 6.9 — Maiores distorções angulares obtidas com e sem interação para o caso
QFA140. ........................................................................................................................... 110

Figura 6.10 — Maiores distorções angulares obtidas com e sem interação para o caso
QFO.................................................................................................................................. 110

Figura 6.11 — Cargas (P) normalizadas pela carga inicial (P0) nos pilares versus o
número de iterações para o caso QFA60.......................................................................... 111

Figura 6.12 — Cargas (P) normalizadas pela carga inicial (P0) nos pilares versus o
número de iterações para o caso QFA140........................................................................ 112

Figura 6.13 — Cargas (P) normalizadas pela carga inicial (P0) nos pilares versus o
número de iterações para o caso QFO. ............................................................................ 112

Figura 6.14 — Comportamento dos pilares com a interação em relação a analise sem
interação, para os casos QFA60, QFA140 e QFO. ........................................................... 113

Figura 6.15 — AR’s obtidos de corte horizontal para o caso QFA60. ................................ 114

Figura 6.16 — AR’s obtidos de corte horizontal para o caso QFA140. .............................. 114

Figura 6.17 — AR’s obtidos de corte horizontal para o caso QFO. ................................... 114

Figura 6.18 — Cargas nas estacas com e sem interação, de corte horizontal, para o
caso QFA60. ..................................................................................................................... 115

Figura 6.19 — Cargas com interação (P) normalizadas pela carga sem interação (P0)
nas estacas para o caso QFA60. ...................................................................................... 115

Figura 6.20 — Cargas nas estacas com e sem interação, de corte horizontal, para o
caso QFA140. ................................................................................................................... 116

A. C. SILVA Lista de Figuras


D0192G18: Interação Solo-Estrutura no Projeto de Edifícios Altos

Figura 6.21 — Cargas com interação (P) normalizadas pela carga sem interação (P0)
nas estacas para o caso QFA140. .................................................................................... 116

Figura 6.22 — Momento fletor no radier em Y com e sem interação, de corte vertical,
para o caso QFA60. .......................................................................................................... 117

Figura 6.23 — Momento fletor no radier em Y com e sem interação, de corte vertical,
para o caso QFA140. ........................................................................................................ 117

Figura 6.24 — Momento fletor no radier em Y com e sem interação, de corte vertical,
para o caso QFO. ............................................................................................................. 118

Figura 6.25 — DR’s obtidos de corte horizontal para o caso QFA60................................. 119

Figura 6.26 — DR’s obtidos de corte horizontal para o caso QF140. ................................ 119

Figura 6.27 — DR’s obtidos de corte horizontal para o caso QFO. ................................... 119

Figura 6.28 — Relação do Z com o número de iterações para o caso QFA60. ................ 120

Figura 6.29 — Relação do Z com o número de iterações para o caso QFA140. .............. 120

Figura 6.30 — Relação do Z com o número de iterações para o caso QFO. .................... 121

Figura 6.31 — Relação do  com o número de iterações para o caso QFA60. ................. 122

Figura 6.32 — Relação do  com o número de iterações para o caso QFA140. ............... 122

Figura 6.33 — Relação do  com o número de iterações para o caso QFO. .................... 122

Figura 6.34 — Comparação do parâmetro Z dos casos com geometria quadrangular. .... 123

Figura 6.35 — Comparação do parâmetro α dos casos com geometria quadrangular. ..... 123

Figura 6.36 — Deslocamento lateral no topo do edifício para o caso QFA60.................... 124

Figura 6.37 — Deslocamento lateral no topo do edifício para o caso QFA140. ................. 124

Figura 6.38 — Deslocamento lateral no topo do edifício para o caso QFO. ...................... 125

Figura 6.39 — Momento fletor na viga V1 do 1º pavimento para o caso QFA60. .............. 125

Figura 6.40 — Momento fletor na viga V1 do 2º pavimento para o caso QFA60. .............. 126

A. C. SILVA Lista de Figuras


D0192G18: Interação Solo-Estrutura no Projeto de Edifícios Altos

Figura 6.41 — Momento fletor na viga V1 do 5º pavimento para o caso QFA60. .............. 126

Figura 6.42 — Momento fletor na viga V1 do 10º pavimento para o caso QFA60. ............ 126

Figura 6.43 — Momento fletor na viga V1 do 50º pavimento para o caso QFA60. ............ 127

Figura 6.44 — Momento fletor na viga V5 do 1º pavimento para o caso QFA60. .............. 127

Figura 6.45 — Momento fletor na viga V5 do 2º pavimento para o caso QFA60. .............. 128

Figura 6.46 — Momento fletor na viga V5 do 5º pavimento para o caso QFA60. .............. 128

Figura 6.47 — Momento fletor na viga V5 do 10º pavimento para o caso QFA60. ............ 128

Figura 6.48 — Momento fletor na viga V5 do 50º pavimento para o caso QFA60. ............ 129

Figura 6.49 — Variação dos recalques com o número de iterações para o edifício
retangular. ........................................................................................................................ 130

Figura 6.50 — Bacia de recalques obtida de corte horizontal para o edifício retangular. .. 131

Figura 6.51 — Comparação das bacias de recalques de corte horizontal do edifício


retangular. ........................................................................................................................ 132

Figura 6.52 — Maiores distorções angulares obtidas com e sem interação para solo
fraco. ................................................................................................................................ 133

Figura 6.53 — Maiores distorções angulares obtidas com e sem interação para solo
forte. ................................................................................................................................. 133

Figura 6.54 — Cargas (P) normalizadas pela carga inicial (P0) nos pilares versus o
número de iterações para o edifício retangular. ................................................................ 135

Figura 6.55 — AR’s obtidos para o edifício retangular. ..................................................... 136

Figura 6.56 — Comportamento dos pilares com a interação em relação a analise sem
interação, para o caso RFA60. ......................................................................................... 137

Figura 6.57 — Comportamento dos pilares com a interação em relação a analise sem
interação, para os casos RFA140, RFO60 e RFO140. ..................................................... 138

Figura 6.58 — Cargas com interação (P) normalizadas pela carga inicial (P0) nas estacas
para edifício retangular. .................................................................................................... 140

A. C. SILVA Lista de Figuras


D0192G18: Interação Solo-Estrutura no Projeto de Edifícios Altos

Figura 6.59 — Momento fletor no radier em Y com e sem interação para edifício
retangular.......................................................................................................................... 141

Figura 6.60 — Momento fletor no radier em X com e sem interação para edifício
retangular.......................................................................................................................... 141

Figura 6.61 — DR’s obtidos para o edifício retangular. ..................................................... 142

Figura 6.62 — Relação do Z com o número de iterações para edifício retangular. ........... 143

Figura 6.63 — Relação do  com o número de iterações para edifício retangular. ........... 144

Figura 6.64 — Comparação do Z dos casos com geometria retangular. .......................... 145

Figura 6.65 — Comparação do  dos casos com geometria retangular. ........................... 145

Figura 6.66 — Deslocamento lateral no topo do edifício retangular. ................................. 146

Figura 6.67 — Comparação dos recalques com e sem a consideração dos momentos
fletores na base dos pilares, para o caso QFA60. ............................................................. 147

Figura 6.68 — Cargas nos pilares (P) com e sem a consideração dos momentos fletores
na base dos pilares para o caso QFA60. .......................................................................... 147

Figura 6.69 — Momento Fletor nos pilares em X com e sem interação, de corte
horizontal, para o caso QFA60.......................................................................................... 148

Figura 6.70 — Bacia de recalques obtidas para a previsão pelo coeficiente de mola, de
corte horizontal, para o caso QFA60. ................................................................................ 148

Figura 6.71 — Ampliação da região central da bacia de recalques obtidas para a


previsão pelo coeficiente de mola, de corte horizontal, para o caso QFA60...................... 149

Figura 6.72 — Bacia de recalques obtidas para a previsão pelo recalque médio
utilizando o método de Randolph (1983), de corte horizontal, para o caso QFA60. .......... 150

Figura 6.73 — Cargas obtidas com interação, com coeficiente de mola e pelo método
do recalque médio (P) normalizadas pela carga inicial (P0), em pilares de canto,
extremidade e internos para o caso QFA60. ..................................................................... 150

A. C. SILVA Lista de Figuras


D0192G18: Interação Solo-Estrutura no Projeto de Edifícios Altos

Figura 6.74 — Comparação das bacias de recalques para rigidez dos pilares
correspondente a 5 e 50 pavimentos, em corte horizontal, para caso QFA60................... 151

Figura 6.75 — Influência da consideração da rigidez dos pilares, em corte horizontal,


para o edifício quadrangular. ............................................................................................ 151

Figura 6.76 — Influência da consideração da rigidez dos pilares, em corte horizontal,


para o edifício retangular. ................................................................................................. 152

Figura A.1 — Definição do modelo dos edifícios hipotéticos avaliados. ............................ 163

Figura A.2 — Definição dos pavimentos dos edifícios hipotéticos. .................................... 164

Figura A.3 — Definição das propriedades dos materiais dos edifícios hipotéticos. ........... 165

Figura A.4 — Definição do carregamento de vento para os edifícios hipotéticos. ............. 165

Figura A.5 — Determinação do coeficiente de arrasto. ..................................................... 166

Figura A.6 — Dados de entrada do programa DEFPIG. ................................................... 166

Figura A.7 — Dados de entrada referentes à estaca no programa DEFPIG. .................... 167

Figura A.8 — Dados referentes as propriedades do solo do programa DEFPIG. .............. 168

Figura A.9 — Dados de entrada do item fatores de interação do programa DEFPIG. ....... 168

Figura A.10 — Fatores de interação obtidos de um exemplo do programa DEFPIG. ........ 169

Figura A.11 — Flexibilidade obtida de um exemplo do programa DEFPIG. ...................... 169

Figura A.12 — Coordenadas nodais de linhas e colunas no programa GARP. ................. 170

Figura A.13 — Definição da espessura do radier no programa GARP. ............................. 171

Figura A.14 — Tensões aplicadas aos elementos do radier no programa GARP. ............ 171

Figura A.15 — Momentos fletores em X e Y aplicados em alguns nós correspondentes


a área dos pilares. ............................................................................................................ 172

Figura A.16 — Dados das estacas no programa GARP.................................................... 173

Figura A.17 — Propriedades do solo e do radier no programa GARP. ............................. 173

A. C. SILVA Lista de Figuras


D0192G18: Interação Solo-Estrutura no Projeto de Edifícios Altos

Figura C.1 — Sondagem de reconhecimento (SPT) - SP01. ............................................ 177

Figura C.2 — Sondagem de reconhecimento (SPT) - SP02. ............................................ 178

Figura C.3 — Sondagem de reconhecimento (SPT) - SP03. ............................................ 179

Figura C.4 — Sondagem de reconhecimento (SPT) - SP04. ............................................ 180

A. C. SILVA Lista de Figuras


LISTA DE TABELAS

Tabela 5.1 — Média do NSPT dos furos ao longo da profundidade do terreno adotado........ 87

Tabela 5.2 — Resistência Estrutural das Estacas............................................................... 87

Tabela 5.3 — Resistência Lateral e de Ponta de solo fraco. ............................................... 88

Tabela 5.4 — Resistência Lateral e de Ponta de solo forte. ................................................ 88

Tabela 5.5 — Critério para definição das cargas de projeto para solo fraco. ...................... 89

Tabela 5.6 — Critério para definição das cargas de projeto para solo forte. ....................... 89

Tabela 5.7 — Resumo dos casos analisados. .................................................................... 92

Tabela 5.8 — Faixa de valores do módulo de reação do subleito kv (modificado de


BOWLES, 1996). .............................................................................................................. 101

Tabela B.1 — Cargas e momentos nos pilares sem a interação para o caso QFA60. ...... 175

Tabela B.2 — Cargas e momentos nos pilares com a interação para o caso QFA60. ...... 176

A. C. SILVA
LISTA DE ABREVIATURAS E SIGLAS

ABNT Associação Brasileira de Normas Técnicas

CAD Computer Aided Design

CAPES Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior

CI Com interação

DEFPIG Deformation Analysis of Pile Groups

ELS Estado Limite de Serviço

ELU Estado Limite Último

FA Solo fraco

FO Solo forte

GARP Geotechnical Analysis of Raft with Piles

ISE Interação Solo-Estrutura

MDF Método das Diferenças Finitas

MEC Método dos Elementos de Contorno

MEF Método dos Elementos Finitos

NAPRA Non-linear Analysis of Piled RAfts

NBR Norma Brasileira

Q Edifício de geomteria quadrangular

R Edifício de geomteria retangular

SI Sem interação

SISEs Sistema de Interação Solo-Estrutura

A. C. SILVA
D0192G18: Interação Solo-Estrutura no Projeto de Edifícios Altos

SoFIA Soil-Foundation Interaction Analysis

SSI Soil-Structure Interaction

SPT Standard Penetration Test

UFG Universidade Federal de Goiás

A. C. SILVA Lista de Abreviaturas e Siglas


LISTA DE SÍMBOLOS

Símbolos Romanos

A0 Razão entre pressão aplicada e tensão efetiva

AC Área do pilar resultante do pré-dimensionamento

Ap Área da seção transversal da ponta.

AL Área lateral da estaca

AR Fator de recalque absoluto

B Largura da fundação

CV Coeficiente de variação

d Diâmetro da estaca

dtot Deslocamento lateral total

DR Fator de recalque diferencial

E Módulo de elasticidade

EcsIc Rigidez equivalente a soma da rigidez de todos os pilares na direção


considerada

Ef Módulo de elasticidade da fundação

Es Módulo de elasticidade do solo

FAVt Denominação dada no CAD/TQS para o fator de amplificação os esforços

fcd Resistência à compressão de cálculo do concreto;

fck Resistência característica à compressão do concreto

h Espessura da camada de solo

H Altura total da estrutura em relação ao topo da fundação

A. C. SILVA
D0192G18: Interação Solo-Estrutura no Projeto de Edifícios Altos

i Número da iteração

I Momento de Inércia

I0 Fator de influência dos recalques para uma estaca incompressível em uma


massa semi-infinita

j Número do apoio

k0,j Rigidez para um solo de elevada rigidez (apoios indeslocáveis) no apoio j

ki,j Rigidez do apoio j na iteração i

Km Coeficiente de mola

kv Modulo de reação vertical

Ke Rigidez equivalente da estrutura

Kes Rigidez relativa estrutura-solo

Kpg Rigidez do grupo de estacas

Kpr Rigidez do radier estaqueado

Kr Rigidez do radier

Krs Rigidez relativa radier-solo

Ks Rigidez do solo correspondente a relação carga-recalque

L, Comprimento da fundação

LAB, LCD Comprimento entre dois pontos

Lx, Ly Dimensão da edificação, respectivamente, em x e y

Lim Limite admissível

m Número de apoios

M1,tot,d Momento de tombamento com valor de cálculo

Mx, My Momentos fletores, respectivamente, em x e y

A. C. SILVA Lista de Símbolos


D0192G18: Interação Solo-Estrutura no Projeto de Edifícios Altos

n Número de andares acima da fundação ou de pavimentos

ne Número de estacas

Nd Carga de cálculo atuante sobre o pilar

Nk Carga total vertical atuante na estrutura com seu valor característico

NSPT, NSPT,m Número de golpes para penetrar um amostrador padrão, nos 30 cm finais

P, P (x,y) Carga concentrada aplicada

PA, PB, PW Cargas obtidas nos pontos A, B e W

P0 Carga inicial obtida sem interação

Pest Carga atuando na estaca

Pi,j Reações de apoio verticais do apoio j na iteração i

PL Parcela de carga de atrito lateral da estaca

PP Parcela de carga na ponta da estaca

Ppg Carga absorvida pelo grupo de estacas

PPROJ,S, PPROJ,E Cargas de projeto, respectivamente, para o solo e estacas

Pr Carga absorvida pelo radier

Pu Capacidade de carga

P- Processo P-delta

qp Tensão normal de compressão máxima na ponta da estaca

q, q (x,y) Pressão aplicada

rL Resistência lateral das estacas

rP Resistência de ponta das estacas

RK Fator de correção para compressibilidade da estaca

A. C. SILVA Lista de Símbolos


D0192G18: Interação Solo-Estrutura no Projeto de Edifícios Altos

Rh Fator de correção para profundidade da camada finita sobre uma base


rígida

R Fator de correção para o coeficiente de Poisson

s Espaçamento entre estacas

Su Resistência não drenada

t Espessura da fundação

u Fator que varia de 0,4 à 0,6, comumente adotado como igual a 0,5

V Variações de recalques

w, w (x,y), s Deslocamento ou recalque absoluto

w0 Recalque obtido sem a iteração.

w0,j Recalque para um solo de elevada rigidez (apoios indeslocáveis) no apoio j

w1 Recalque na cabeça da estaca isolada

wa Recalque por adensamento primário

wA, wW Recalques obtidos no ponto A e W

wpg Recalque do grupo de estacas

wi Recalque imediato

wi,j Recalque do apoio j na iteração i

wm Recalque médio da fundação

wr Recalque do radier

wt Recalque total

wv Recalque por adensamento secundário

Símbolos Gregos

 Parâmetro de estabilidade global alfa

A. C. SILVA Lista de Símbolos


D0192G18: Interação Solo-Estrutura no Projeto de Edifícios Altos

1 Valor limite do parâmetro de estabilidade global alfa

B Deformação angular

e Fator de interação entre estacas

pr, pr Fator de interação do radier sobre o grupo de estacas e vice-versa,


respectivamente

 Distorção Angular

z Parâmetro de estabilidade global gama z

z’ Fator de amplificação dos esforços

δ Recalque diferencial

 Deflexão relativa

L Comprimento da estaca

Mtot,d Soma dos produtos de todas as forças verticais atuantes na estrutura, com
seus valores de cálculo

w Diferença entre o recalque da iteração atual e a anterior

εcri Deformação de tração crítica

 Rotação

x,y, x, y Índices de esbeltez de corpo rígido nas direções x e/ou y

f Coeficiente de Poisson da fundação

s Coeficiente de Poisson do solo

s Taxa de armadura de aço

PROJ Tensão de projeto sobre o radier

s Resistência do aço

s Tensão cisalhante máxima ao longo do fuste da estaca

A. C. SILVA Lista de Símbolos


D0192G18: Interação Solo-Estrutura no Projeto de Edifícios Altos

 Inclinação

A. C. SILVA Lista de Símbolos


SUMÁRIO
CAPÍTULO 1 - INTRODUÇÃO ............................................................................................ 37

1.1. OBJETIVOS ......................................................................................................... 38

1.2. ESTRUTURA DO TRABALHO ............................................................................ 38

CAPÍTULO 2 – RECALQUES EM FUNDAÇÕES ................................................................ 41

2.1. DEFINIÇÕES E DANOS ASSOCIADOS A RECALQUES ................................... 41

2.2. PREVISÃO DE RECALQUES .............................................................................. 44

2.2.1. Métodos de previsão ................................................................................... 44


2.2.2. Fundações superficiais ............................................................................... 47
2.2.3. Fundações profundas ................................................................................. 48
2.2.4. Fundações mistas ....................................................................................... 50
CAPÍTULO 3 – ANÁLISE ESTRUTURAL ........................................................................... 57

3.1. AÇÕES NA ESTRUTURA .................................................................................... 57

3.2. ESTABILIDADE GLOBAL ................................................................................... 58

CAPÍTULO 4 – INTERAÇÃO SOLO-ESTRUTURA............................................................. 63

4.1. MODELOS RESPRESENTATIVOS DO SOLO NA INTERAÇÃO SOLO-


ESTRUTURA...................................................................................................................... 63

4.2. METODOLOGIA PROPOSTA POR GUSMÃO (1990, 1994) ............................... 66

4.3. FATORES QUE AFETAM A INTERAÇÃO SOLO-ESTRUTURA ......................... 69

4.3.1. Rigidez relativa estrutura solo .................................................................... 69


4.3.2. Número de pavimentos ............................................................................... 71
4.3.3. Influência da sequência construtiva .......................................................... 73
4.3.4. Edifícios vizinhos ........................................................................................ 73
CAPÍTULO 5 - METODOLOGIA.......................................................................................... 75

5.1. PROCEDIMENTO GERAL ................................................................................... 75

5.2. FLUXOS DE CÁLCULO ....................................................................................... 76

5.2.1. Procedimentos convencionais ................................................................... 76


5.2.2. Interação solo-estrutura .............................................................................. 77
5.3. PROGRAMAS UTILIZADOS ................................................................................ 79

5.3.1. CAD/TQS ...................................................................................................... 79

A. C. SILVA
D0192G18: Interação Solo-Estrutura no Projeto de Edifícios Altos

5.3.2. GARP ............................................................................................................ 80


5.4. CONSTRUÇÃO DOS CASOS .............................................................................. 81

5.4.1. Superestrutura ............................................................................................. 82


5.4.2. Fundação...................................................................................................... 86
5.5. ANÁLISES ADICIONAIS .................................................................................... 100

5.5.1. Consideração do momento fletor dos pilares ......................................... 100


5.5.2. Coeficientes de mola ................................................................................. 100
5.5.3. Rigidez dos pilares .................................................................................... 102
CAPÍTULO 6 – RESULTADOS E DISCUSSÕES .............................................................. 105

6.1. EDIFÍCIO QUADRANGULAR ............................................................................ 105

6.1.1. Recalques................................................................................................... 105


6.1.2. Distorção angular ...................................................................................... 109
6.1.3. Reações de apoio ...................................................................................... 111
6.1.4. Cargas nas estacas ................................................................................... 115
6.1.5. Momentos na fundação ............................................................................. 117
6.1.6. Estabilidade global .................................................................................... 120
6.1.7. Deslocamento lateral no topo do edifício ................................................ 123
6.1.8. Esforços na superestrutura ...................................................................... 125
6.2. EDIFÍCIO RETANGULAR .................................................................................. 129

6.2.1. Recalques................................................................................................... 129


6.2.2. Distorção angular ...................................................................................... 132
6.2.3. Reações de apoio ...................................................................................... 134
6.2.4. Cargas nas estacas ................................................................................... 139
6.2.5. Momentos na fundação ............................................................................. 140
6.2.6. Estabilidade global .................................................................................... 143
6.2.7. Deslocamento lateral no topo do edifício ................................................ 145
6.3. ANÁLISES ADICIONAIS .................................................................................... 146

6.3.1. Momento fletor nos pilares ....................................................................... 146


6.3.2. Coeficientes de mola ................................................................................. 148
6.3.3. Rigidez dos pilares .................................................................................... 151
CAPÍTULO 7 – CONCLUSÕES E SUGESTÕES PARA TRABALHOS FUTUROS .......... 153

REFERÊNCIAS ................................................................................................................. 157

APÊNDICE A – ENTRADA DE DADOS DOS PROGRAMAS ........................................... 163

A.1 CAD/TQS ................................................................................................................... 163

A.2 DEFPIG ...................................................................................................................... 166

A. C. SILVA Sumário
D0192G18: Interação Solo-Estrutura no Projeto de Edifícios Altos

A.3 GARP ......................................................................................................................... 169

APÊNDICE B – CARGAS E MOMENTOS NOS PILARES ............................................... 175

ANEXO C – SONDAGEM SPT .......................................................................................... 177

A. C. SILVA Sumário
CAPÍTULO 1
INTRODUÇÃO

Os projetistas de estruturas comumente simplificam os elementos de fundação como apoios


indeslocáveis, e para esta condição de contorno determinam as cargas nos pilares. De posse
dessas cargas, mas sem considerar a rigidez da superestrutura, os projetistas de fundações
calculam e dimensionam os elementos de fundação para que não ocorra ruptura e os
recalques sejam admissíveis.

Outra simplificação adotada pelos projetistas estruturais para a fundação é baseada no


modelo de Winkler, que considera os elementos de fundação discretizados por molas, cuja
constante de mola representa a deformabilidade do solo. Essa simplificação tem sido adotada
em softwares de projetos de estruturas.

Para melhor simular o comportamento das fundações existem os modelos que consideram o
solo como um meio contínuo, os quais possibilitam incorporar o efeito de interação entre as
partes da fundação. Nesses modelos, aparece a necessidade de compatibilizar a
deformabilidade da fundação com a rigidez da superestrutura, para representar o mecanismo
de interação solo-estrutura (ISE).

Nas últimas décadas, com a construção de edifícios altos, houve a necessidade de se analisar
a estabilidade global desses, pelo fato de que estruturas mais esbeltas são mais susceptíveis
a deslocamentos laterais. Além disso, pelo fato de a ISE considerar a deformabilidade da
fundação, as estruturas analisadas por este método, podem apresentar maiores valores de
parâmetros de estabilidade global do que os que são calculados convencionalmente, pela
hipótese de apoios indeslocáveis.

Os projetistas, ainda em sua maioria, desconsideram o mecanismo de ISE, então, questiona-


se quais os prejuízos da adoção de métodos que não consideram a ISE, no desempenho de
edificações quanto a recalques, cargas nos pilares, esforços nas partes da estrutura
(superestrutura e fundação) e parâmetros de estabilidade global?

Em relação ao projeto de fundações, a utilização do modelo de ISE, na análise de edificações,


além de ser mais realista, conduz a menores recalques diferenciais, em comparação aos
métodos simplificados, comumente adotados pelos projetistas (GUSMÃO, 1990, 1994). Dessa
forma, pode-se viabilizar a aceitação de projetos de fundações que com os métodos
convencionais não seriam aceitos, acarretando em maior economia.

A. C. SILVA
38 D0192G18: Interação Solo-Estrutura no Projeto de Edifícios Altos

No que se refere ao projeto de estruturas, a consideração da ISE pode acarretar em maiores


esforços em partes da superestrutura e menores em outras, relativo aos calculados por
métodos que a não consideram. Por outro lado, em Borges (2009) verificou-se que a ISE
refletiu no aumento dos valores dos parâmetros de estabilidade global. Assim, o cálculo
convencional pode estar contra a segurança.

Diversos estudos têm sido realizados sobre a ISE, e, dessa forma, a presente pesquisa busca
colaborar para o amadurecimento e a disseminação desse conhecimento. Isso por meio da
constatação da influência da ISE no desempenho de edificações e identificação de variáveis
que afetam o desempenho de edificações quando se considera a ISE.

1.1. OBJETIVOS

O objetivo geral é investigar o comportamento de edificações hipotéticas, quanto às reações


de apoio nos pilares, recalques de fundação, parâmetros de estabilidade global entre outros,
utilizando diferentes formas de cálculo que consideram ou não a ISE. Em relação aos objetivos
específicos, destacam-se:

 Comparar o comportamento de edificações hipotéticas de cinquenta pavimentos, com


duas formas distintas em planta (quadrada e retangular), considerando as seguintes
condições de apoio: i) indeslocáveis e ii) com molas que incorporam o efeito da
interação das partes da fundação;

 Alterar as alternativas de fundação, avaliando seu efeito na ISE;

 Avaliar o comportamento das edificações hipotéticas considerando um valor estimado


de coeficiente de mola de Winkler;

 Calcular os recalques das fundações, levando em conta a rigidez dos pilares, como
forma simplificada de considerar o efeito da ISE; e

 Comparar os resultados obtidos pela ISE, com os obtidos por metodologia simplificada,
que considera a deformabilidade da fundação, por meio do recalque médio da mesma.

1.2. ESTRUTURA DO TRABALHO

 Capítulo 1 – Introdução: Nesse capítulo é apresentada a contextualização do tema


abordado no trabalho, além dos objetivos e a estrutura do trabalho;

A. C. SILVA Capítulo 1
D0192G18: Interação Solo-Estrutura no Projeto de Edifícios Altos 39

 Capítulo 2 – Recalques em fundações: Nesse capítulo são discutidos as definições


sobre recalques e os métodos de cálculo de recalques para os diversos tipos de
fundação (superficial, profunda e mista);

 Capítulo 3 – Análise estrutural: Nesse capítulo são abordadas as ações que solicitam
a superestrutura e a estabilidade global, que é relevante em edifícios altos;

 Capítulo 4 – Interação solo-estrutura: Nesse capítulo é debatido o mecanismo de


interação solo-estrutura, apresentando trabalhos relacionados com o tema;

 Capítulo 5 – Metodologia: Nesse capítulo são apresentados os casos de edifícios


hipotéticos que foram analisados, os procedimentos de cálculo convencional e
considerando a ISE, os programas utilizados e as análises adicionais que foram
realizadas;

 Capítulo 6 – Resultados e discussões: Este capítulo apresenta e discute os resultados


obtidos das análises realizadas com e sem a interação solo estrutura, para os casos
avaliados, e os obtidos de análises adicionais relacionadas com a ISE;

 Capítulo 7 – Conclusões e sugestões para trabalhos futuros: Nesse capítulo são


apresentadas as principais conclusões do trabalho e sugestões para trabalhos futuros;

 Apêndice A – Entrada de dados dos programas: São descritos os passos para


utilização dos programas adotados para representar a superestrutura e a fundação;

 Apêndice B – Cargas e Momentos nos pilares: São apresentados as cargas e


momentos obtidos da superestrutura com e sem interação para um caso de estudo; e

 Anexo C – Sondagem SPT: Apresenta o documento de sondagem utilizado para o


cálculo da fundação.

A. C. SILVA Capítulo 1
CAPÍTULO 2
RECALQUES EM FUNDAÇÕES

Este capítulo apresenta definições a respeito de movimentos em fundações, os danos em


edifícios associados a esses movimentos e métodos de previsão de recalques em fundações
superficiais, profundas e mistas.

2.1. DEFINIÇÕES E DANOS ASSOCIADOS A RECALQUES

Em Burland e Wroth (1974) foram definidos alguns termos relacionados ao movimento de


fundações, considerando pontos discretos com deslocamento conhecido, conforme se pode
observar na Figura 2.1.

Figura 2.1 — Exemplo para definição dos movimentos em fundações (modificado de BURLAND; BROMS; DE
MELLO, 1977).

(a) Definições de recalque absoluto, recalque (b) Definições de distorção angular, deflexão
diferencial, rotação e deformação angular. relativa, inclinação e razão de deflexão.

Com o objetivo de esclarecer os termos ilustrados na Figura 2.1 e empregados neste trabalho,
apresentam-se as definições utilizadas por Burland e Wroth (1974), a saber:

 Recalque ou recalque absoluto (w) é o deslocamento vertical para baixo em relação


ao nível de referência da fundação, caso o deslocamento ocorra para cima denomina-
se o movimento de ‘levantamento’;

 Recalque diferencial ou relativo (), representa o recalque de um ponto em relação a


outro no maciço;

 Rotação () descreve a mudança de gradiente de uma linha reta que une dois pontos
de recalque;

A. C. SILVA
42 D0192G18: Interação Solo-Estrutura no Projeto de Edifícios Altos

 Inclinação () representa a rotação de corpo rígido de toda ou parte da superestrutura,


verificada pelo desaprumo das fachadas;

 Rotação relativa ou distorção angular () é a inclinação da reta que une dois pontos
de recalques da fundação em relação ao desaprumo. O cálculo para obtenção da
rotação relativa consiste na razão do recalque diferencial pelo comprimento entre os
pontos;

 Deformação angular (B) é a definição relacionada com a predição de trincas laterais


que acontecem em edifícios quando existem movimentos relativos. Pode-se calcular
a deformação angular pela Equação (2.1). Convencionou-se que a deformação
angular é positiva quando a concavidade no ponto é voltada para cima e negativa
quando voltada para baixo;

 AB CD
   (2.1)
LAB LCD

 Deflexão relativa () é o máximo deslocamento relativo de uma linha reta ligando dois
pontos de referência. Semelhante para a deformação angular, a convenção é positiva
quando a concavidade é voltada para cima e negativa quando voltada para baixo; e

 Razão ou índice de deflexão (/L) é a relação da deflexão relativa pelo comprimento.

O movimento de fundações é um fenômeno que ocorre em edificações, principalmente em


razão das cargas que são induzidas no solo, podendo provocar redistribuição de esforços nos
elementos estruturais e não estruturais. Ademais, dependendo do tipo e da magnitude dos
movimentos podem ocorrer danos estéticos, funcionais e estruturais nas edificações.

Os principais movimentos que ocorrem na fundação são: i) recalque absoluto, ii) recalque
diferencial e iii) distorção angular. Os recalques absolutos (Figura 2.2a) desenvolvem-se de
maneira uniforme entre os diversos pontos discretos da fundação, assim não geram esforços
na estrutura. Neste caso, se os recalques forem acentuados podem surgir danos estéticos e
funcionais.

Os recalques diferenciais (Figura 2.2b), por sua vez, apresentam-se de forma desuniforme,
mas com a mesma rotação angular em toda estrutura, desse modo, podem ser gerados
apenas danos estéticos e funcionais à edificação. Se os recalques diferenciais (Figura 2.2c)
vierem acompanhados de distorção angular, pode ser apreciável a redistribuição de esforços
na estrutura ao ponto de causar danos estruturais na mesma ou em elementos de vedação.

A. C. SILVA Capítulo 2
D0192G18: Interação Solo-Estrutura no Projeto de Edifícios Altos 43

Figura 2.2 — Tipos de recalques em edificações: (a) recalques uniformes, (b) recalques desuniformes, (c)
recalques desuniformes com distorção angular (VELLOSO; LOPES, 2004).

Por meio de uma série de observações de obras reais e em laboratório, foram estimados
deslocamentos admissíveis para as fundações, mesmo que em ordem de grandeza, com a
finalidade de se evitar a ocorrência de danos as edificações. Nesse sentido, para limitar a
distorção angular foi elaborado por Bjerrum (1963) um fluxograma de distorções angulares
admissíveis, conforme observa-se na Figura 2.3.

Figura 2.3 — Distorção angular (modificado de BJERRUM, 1963).

Uma forma expedita de avaliar o comportamento de uma estrutura, quanto a danos devido a
recalques, é a verificação do aparecimento de fissuras (ABNT, 1996). Skempton e MacDonald
(1956) sugeriram valores limites de recalques de projeto para evitar a ocorrência de danos
(trincas), baseados no registro de recalques e danos em edificações. Eles propuseram um
limite de distorção angular de 1/500 para uso em projeto, em que é considerado um fator de
segurança de, no mínimo, 1,5 em decorrência das incertezas no cálculo dos recalques.

A. C. SILVA Capítulo 2
44 D0192G18: Interação Solo-Estrutura no Projeto de Edifícios Altos

Vale ressaltar que esses valores de deslocamentos admissíveis foram estimados para antigos
sistemas construtivos, específicos de determinadas localidades. Portanto, esses valores
devem ser tomados apenas como ponto de partida na análise do desempenho de uma
edificação.

Na tentativa de avaliar os danos por recalque, Burland e Wroth (1974) perceberam que as
aberturas de fissuras visíveis estão relacionadas com a deformação crítica de tração (εcri). Em
suas análises, definiu-se εcri= 0,075% para uma viga retangular uniforme, sendo obtida boa
concordância com as observações experimentais de edificações.

Fadeev et al. (2006) destacam que a bacia de recalques de uma edificação é afetada por
recalques adicionais gerados por novas edificações. Assim, a limitação dos recalques deveria
considerar, além dos recalques originais, os recalques adicionais provocados de construções
vizinhas. Os autores relatam também que, em geral, os recalques de fundação superficial
afetam mais edificações vizinhas que fundação em estacas, neste tipo de fundação os
recalques adicionais são primordialmente devido a instalação. Outras obras de engenharia
adjacentes, como por exemplo escavações, pontes, viadutos e túneis, podem causar também
recalques adicionais.

Camós et al. (2016), na tentativa de prever danos a edifícios devido a recalques produzidos
por túneis, propuseram a aplicação de um modelo probabilístico, em que os recalques
produzidos pelo túnel são simulados por um modelo de perfil Gaussiano, e os danos são
determinados pelo uso do método de viga equivalente. O procedimento proposto foi aplicado
a um estudo de caso, a saber, o da construção de uma linha de metrô em Barcelona. Obteve-
se boa concordância dos recalques e danos, durante a construção, mediante o modelo com
os registros observados da obra.

2.2. PREVISÃO DE RECALQUES

Este tópico aborda, em termos gerais, alguns métodos de previsão de recalques em


fundações e as diferentes abordagens a respeito da previsão dos mesmos em fundações
superficiais, profundas e mistas.

2.2.1. Métodos de previsão

Os recalques em fundações são provocados pelas tensões induzidas no solo, sendo assim, o
conhecimento das tensões no solo é necessário para previsão adequada dos recalques.
Essas tensões podem ser calculadas pela teoria da elasticidade por diferentes soluções, em

A. C. SILVA Capítulo 2
D0192G18: Interação Solo-Estrutura no Projeto de Edifícios Altos 45

que o solo é considerado um meio contínuo. Destacam-se neste trabalho as soluções de


Boussinesq (18851) e Mindlin (1936).

O problema de uma força normal concentrada aplicada na superfície de um semi-espaço


infinito, elástico, isótropo e homogêneo foi resolvido por meio das equações de Boussinesq
que possibilitou determinar as componentes de tensões em pontos no interior do meio
contínuo. Outra importante solução analítica do problema de meio contínuo foi obtida por
Mindlin (1936) que determinou as componentes de tensões e de deslocamentos em um ponto
do interior de um sólido semi-infinito, tridimensional elástico, homogêneo e isotrópico devido
a aplicação de força normal e paralela no interior desse sólido, em uma determinada
profundidade.

Em ambas as soluções, as componentes de tensões em um ponto infinitesimal no interior do


maciço possibilitam a determinação das componentes deformações desse ponto utilizando a
lei constitutiva do material, assumida obedecendo a Lei de Hooke. Todavia, a consideração
de material elástico linear fornece uma boa aproximação apenas para baixas tensões
solicitantes. Determinadas as componentes de deformações, obtém-se as componentes dos
deslocamentos por meio das equações de compatibilidade.

A determinação de parâmetros elásticos representativos do solo, a saber, módulo de


elasticidade e coeficiente de Poisson, depende das propriedades do solo. Logo, enfatiza-se
que a sua determinação é de fundamental importância na previsão do comportamento de
recalques que ocorrem em uma fundação.

Uma limitação das soluções de Boussinesq e de Mindlin é a consideração de um meio


homogêneo, o que não ocorre na realidade. Isso porque a deformabilidade do solo varia com
a profundidade, devido, a presença de materiais com propriedades distintas, maior
confinamento nas camadas mais profundas e grau de saturação das camadas.

Com a finalidade de considerar, de modo simplificado, a heterogeneidade do solo e camada


indeslocável em determinada profundidade foi proposto um procedimento por Steinbrenner
(19342 apud SALES, 2000). Nesse procedimento, o recalque de uma camada finita provocado
por carregamento na superfície pode ser obtido pela subtração do recalque de uma massa
semi-infinita pelo recalque na profundidade do estrato indeslocável. A heterogeneidade é

1
BOUSSINESQ, V. J. Application des Potentials a L’Etude de L’Equilibre et du Mouvement des Solides Elastiques,
Gauthier-Villars, Paris, 1985.
2
STEINBRENNER, W. Tafelun Zur Setzungsberechnung. Die Strasse, v. 1, p. 121, 1934.

A. C. SILVA Capítulo 2
46 D0192G18: Interação Solo-Estrutura no Projeto de Edifícios Altos

considerada por meio da superposição dos recalques de cada camada, calculados por
metodologia especifica adotada pelo autor.

Na previsão dos recalques pode-se também utilizar métodos discretos para representar o
solo, como o método baseado no modelo de Winkler ou por métodos numéricos. O modelo
de Winkler discretiza o solo por elementos de mola independentes, assim, não considera o
solo adjacente a esses elementos, que é levado em conta pelo modelo contínuo.

O modelo de Winkler estabelece uma relação diretamente proporcional entre o deslocamento


w (x,y) em um ponto e a carga P (x,y) aplicado nesse ponto, essa relação é representada pela
coeficiente de mola Km, conforme a Equação (2.2). Segundo Antoniazzi (2011), a rigidez do
solo pode ser representada pelo módulo de reação vertical kv, definido em termos de pressão
q (x,y), dado pela Equação (2.3).

P( x,y )  K m  w( x,y ) (2.2)

q( x,y )  kv  w( x,y ) (2.3)

Os deslocamentos são obtidos para os pontos abaixo da área do carregamento aplicado.


Esses deslocamentos serão uniformes para carregamento infinitamente rígido ou para
carregamento flexível uniformemente distribuído, conforme a Figura 2.4 (COLARES, 2006).

Figura 2.4 — Representação do modelo de Winkler (COLARES, 2006).

(a) carregamento rígido. (b) uniformemente distribuído

Para representar o meio contínuo por meio de métodos discretos são utilizadas ferramentas
numéricas. As ferramentas numéricas utilizadas para representar o comportamento da
fundação são baseadas, principalmente, nos seguintes métodos: i) Método dos Elementos
Finitos (MEF), ii) Método dos Elementos de Contorno (MEC) e iii) Método das Diferenças
Finitas (MDF).

A. C. SILVA Capítulo 2
D0192G18: Interação Solo-Estrutura no Projeto de Edifícios Altos 47

Com o MDF obtém-se uma equação algébrica em substituição a uma equação diferencial de
determinado fenômeno. A equação obtida relaciona os valores da variável do problema em
um ponto aos quatro pontos adjacentes, dessa forma a malha é ortogonal. O MEC é um
método para solução de sistemas de equações integrais, em que apenas o contorno é
discretizado por elementos de contorno, e posteriormente são determinados os valores no
interior do domínio. O MEF é a ferramenta numérica mais utilizada por possibilitar diversas
formas de divisão do domínio em elementos, sendo o comportamento desses formulado em
função da geometria e propriedades, e a interação entre os elementos acontece nos nós
(HACHICH et al., 1996).

2.2.2. Fundações superficiais

Os principais tipos de fundações superficiais são sapatas, blocos e radiers. Os recalques de


fundação superficial podem ser determinados por métodos racionais, semi-empíricos e
métodos empíricos. Esses recalques dependem, principalmente, das propriedades dos
materiais do terreno, da forma e nível de carregamento e da rigidez do elemento de fundação.

Os recalques de uma fundação superficial podem ocorrer: i) de maneira imediata (wi), ii) por
adensamento primário (wa) e iii) por adensamento secundário (wv). Os recalques imediatos
(ou elásticos) ocorrem no momento da aplicação de cargas sobre o terreno e podem ser
estimados pela teoria da elasticidade. Os recalques por adensamento obedecem a teoria de
adensamento de solos, sendo o adensamento primário devido à expulsão de água dos vazios
do solo, e o secundário (ou de fluência) decorrente da redução de volume do solo após a
dissipação das pressões neutras. O recalque total ou final (wf) de uma fundação superficial é
a soma das três parcelas de recalque, conforme observa-se na Equação (2.4).

wf  w i  wa  wv (2.4)

Em solos granulares normalmente a permeabilidade é alta. Quando cargas são aplicadas e a


drenagem é permitida nesses solos, as deformações ocorrem de modo imediato. Nos solos
finos a permeabilidade é reduzida, dessa forma, além de recalque imediato podem ocorrer
recalques por adensamento primário e secundário, sendo a velocidade do adensamento
primário função das condições de drenagem e da compressibilidade do solo.

Fraser e Wardle (1976) analisaram o comportamento de um radier retangular de rigidez


qualquer com carregamento uniformemente em um semi-espaço elástico homogêneo usando
o MEF. Os autores observaram que, para o caso particular de um radier quadrado, em que a
espessura da camada finita de solo é igual à largura do radier, os resultados de recalques

A. C. SILVA Capítulo 2
48 D0192G18: Interação Solo-Estrutura no Projeto de Edifícios Altos

absoluto, recalque diferencial e momento fletor diferem, respectivamente, de 55%, 18% e 15%
em relação a solução de semi-espaço infinito.

Yune e Olgun (2015) avaliaram o efeito da divisão de um solo mole normalmente adensado
em camadas sobre o recalque por adensamento do solo abaixo de uma sapata. Calcularam
os recalques por adensamento na condição unidimensional e tridimensional, esta que é mais
realística. Os autores observaram que o cálculo dos recalques com uma única camada
subestima os valores de recalques, e que quanto menor o número de subdivisões das
camadas menores são os recalques. Por outro lado, quando se considera infinitas divisões da
camada, os recalques são de 1,2 a 50 vezes maiores que os obtidos por uma única camada.

Essa diferença é ainda maior quanto menor a razão pressão aplicada-tensão efetiva (A0),
maior a razão espessura da camada por largura da sapata (h/B) e menor a razão comprimento
por largura da sapata (L/B). Eles destacam que a escolha de 10% a 38% da profundidade em
relação ao topo da camada de argila para calcular a tensão efetiva em uma única camada
produziu estimativas precisas de recalques (YUNE; OLGUN, 2015).

2.2.3. Fundações profundas

Os principais tipos de fundações profundas são os tubulões e as estacas. No caso de estaca


isolada, a capacidade de carga (Pu) é dada pela soma da parcela de ponta (PP) – que é devida
a tensões normais na base – com a parcela de atrito lateral (PL) – devido à resistência ao
cisalhamento ao longo do fuste –, conforme observa-se na equação abaixo.

Pu  s  AL  q p  Ap (2.5)

onde:s e qp são as tensões máximas, respectivamente, de cisalhamento ao longo do fuste e


normal na ponta; AL é a área lateral da estaca e Ap é a área da seção transversal da ponta.

Em relação ao comportamento das partes da estaca, destaca-se que o atrito lateral entre a
estaca e o solo é mobilizado para pequenos deslocamentos enquanto que na ponta da estaca
a resistência máxima é alcançada para grandes deslocamentos (HACHICH et al., 1996).

Poulos e Davis (1980) relatam que, além dos métodos tradicionais que utilizam a teoria
unidimensional e adotam uma distribuição de tensões arbitraria ao longo da estaca ou usam
correlações empíricas, existem métodos mais sofisticados de previsão de recalques e
distribuição de carga em estacas isoladas. Esses podem ser divididos em: i) métodos de
transferência de carga, ii) métodos baseados na teoria da elasticidade pela solução de Mindlin
e iii) métodos numéricos.

A. C. SILVA Capítulo 2
D0192G18: Interação Solo-Estrutura no Projeto de Edifícios Altos 49

Segundo Poulos e Davis (1980), nos métodos de transferência de carga, determina-se a razão
transferência de carga/resistência ao cisalhamento do solo e os recalques ao longo de vários
pontos da estaca por meio de um procedimento iterativo, que se inicia na ponta e termina na
cabeça da estaca. A principal limitação do método está em assumir apenas a tensão
cisalhante em um ponto, desconsiderando a continuidade da massa de solo.

Na maioria das análises baseadas na teoria da elasticidade, as estacas são divididas em


elementos uniformemente carregados e a solução é obtida pela imposição da compatibilidade
de deslocamentos entre a estaca e o solo adjacente em cada elemento. Os deslocamentos
da estaca são obtidos pela compressibilidade da mesma sob carregamento axial. Os
deslocamentos dentro da massa de solo são obtidos por meio das equações de Mindlin para
carregamentos dentro da massa de solo. A diferença entre os vários métodos está na
distribuição de tensão cisalhante ao longo da estaca (POULOS; DAVIS, 1980).

Aoki e Lopes (1975) utilizaram as equações de Mindlin para estimar tensões e recalques em
fundações profundas. As cargas são transmitidas ao terreno pelos elementos de fundação
considerando as parcelas do fuste e da base. Quando a fundação é em um grupo de estacas
os efeitos de interação entre as estacas e entre as estacas e o solo afeta a magnitude dos
recalques, assim é importante estudar os efeitos dessas interações.

Poulos (1968) analisou o efeito de aumento dos recalques devido à interação entre duas
estacas idênticas sobre um meio elástico pelo fator de interação estaca-estaca. Por meio da
superposição de fatores de interação de estacas individuais, em um grupo quadrado simétrico
com 25 estacas incompressíveis, foi verificado o aumento dos recalques devido à interação
de estacas adjacentes.

O autor considerou dois casos: estacas com cap rígido, em que as estacas recalcam
igualmente e estacas com cap flexível, onde as cargas axiais são iguais. Os recalques
diferenciais em um grupo de estacas com cap flexível aumentaram com a majoração do
número de estacas, e o espaçamento de 15 diâmetros foi considerado o máximo no qual as
interações foram relevantes. Observou-se que o comportamento em campo de um grupo de
estacas foi bem previsto pela pelo modelo teórico empregado.

Poulos (1968) constatou também que em estacas esbeltas e com camada de solo profunda,
os recalques devido a estacas adjacentes aumentaram. Quanto ao coeficiente de Poisson,
observou-se pouca influência sobre a interação, mas o decréscimo no valor desse coeficiente
aumentou o fator de interação.

A. C. SILVA Capítulo 2
50 D0192G18: Interação Solo-Estrutura no Projeto de Edifícios Altos

Feng et al. (2017) analisaram o comportamento não linear viscoelástico do fuste e da base de
estacas utilizando o modelo de transferência de carga (t-z) para simular a interação estaca-
solo, baseado no modelo modificado de Burgers, que substitui as molas por um modelo
hiperbólico. Os modelos foram utilizados para calcular os recalques em função do tempo para
estacas isoladas e grupos de estacas submetidas a carregamento vertical sobre um solo mole
estratificado. Um estudo paramétrico foi realizado para uma estaca isolada onde observou-se
influência do módulo de elasticidade das estacas sobre o comportamento de recalques
dependente do tempo, sendo o aumento do módulo de elástico responsável por reduzir os
recalques no tempo, no caso analisado. Os resultados teóricos obtidos pelo modelo
concordaram bem com os resultados medidos em campo para uma estaca instrumentada.

2.2.4. Fundações mistas

Quando se utiliza radier como elemento de fundação sobre uma camada profunda de argila,
pode-se obter um adequado fator de segurança contra o estado limite último de capacidade
de carga; no entanto, os recalques da fundação podem ser excessivos, não atendendo o
estado limite de serviço. Portanto, são incorporadas estacas no radier para funcionarem como
elementos redutores de recalques, configuração essa que associa elementos de fundação
superficial e profunda, caracterizando-se uma fundação mista (POULOS; DAVIS, 1980).

Davis e Poulos (1972) apresentaram uma simplificação da curva carga-recalque de um


sistema de radier estaqueado, por meio de gráfico trilinear, conforme a Figura 2.5. No primeiro
trecho, o grupo de estacas é responsável pelos recalques, calculado com base na teoria da
elasticidade. No segundo trecho, a carga é maior que a capacidade de carga das estacas, e
os recalques adicionais são obtidos considerando o excesso de carga aplicado no radier. No
último trecho, a capacidade de carga do sistema radier estaqueado é atingida. Destaca-se
que após o trabalho de Poulos (1998), o primeiro trecho foi considerado governado pelo
sistema radier estaqueado.

Randolph (1983, 1994) propôs que o bloco sobre estacas funcionaria como um radier
estaqueado, no qual a carga aplicada ao conjunto seria suportada parte pelo radier e parte
pelas estacas. O recalque do radier (wr) e do grupo de estacas (wpg) são obtidos pela Equação
(2.6), onde se consideram as rigidezes do radier (Kr) e do grupo de estacas (Kpg), e ainda os
fatores de interação do grupo de estacas sobre o radier (rp) e vice versa (pr).

A. C. SILVA Capítulo 2
D0192G18: Interação Solo-Estrutura no Projeto de Edifícios Altos 51

 1  pr 
 K r   Ppg 
 wpg   K pg
    (2.6)
 wr    rp 1   Pr 

 K pg K r 

onde,

Pr é a carga absorvida pelo radier; e

Ppg é a carga absorvida pelo grupo de estacas.

Figura 2.5 — Curvas carga-recalque simplificada para radier estaqueado (modificado de DAVIS; POULOS,
1972).

Nesse método, os fatores de interação são proporcionais as suas respectivas rigidezes,


obedecendo o teorema da reciprocidade. A rigidez do radier estaqueado (Kpr) é obtido
igualando os recalques do radier e do grupo de estacas, conforme visto na Equação (2.7).
Obtém-se também a carga do radier em relação a carga total do radier estaqueado por meio
da Equação (2.8).

K pg  (1  2 rp )  K r
K pr  (2.7)
K 
1   r
2


rpK pg 

Pr (1   rp )  K r
 (2.8)
Pr  Ppg K pg  K r  (1   rp )

A. C. SILVA Capítulo 2
52 D0192G18: Interação Solo-Estrutura no Projeto de Edifícios Altos

Clancy e Randolph (1993) relataram que os fatores de interação pr e rp podem ser
aproximados pelo valor de 0,8, assim, a rigidez do radier estaqueado fica dependente apenas
da rigidez do radier e do grupo de estacas. Com essa aproximação, as Equações (2.9) e
(2.10) , apresentam a rigidez do radier estaqueado e relação carga do radier/carga total sobre
o radier estaqueado, respectivamente.

K 
1  0, 6   r 
 K pg 
K pr   K pg (2.9)
 Kr 
1  0, 64   
 K pg 
Pr 0, 2  K
  r (2.10)
Ppg K  K pg
1  0,8   r 
 K pg 

Hain e Lee (1978) previram o comportamento de fundação em radier estaqueado,


considerando o radier como uma placa flexível apoiada sobre um grupo de estacas de atrito
compressíveis e o solo como um meio elástico. A placa foi analisada pelo MEF e o conjunto
grupo de estacas/solo foi modelado utilizando as equações de Mindlin. Os autores
reanalisaram os edifícios La Azteca, na cidade do México, e Hyde Park Cavalry Barracks, em
Londres, utilizando o módulo elasticidade obtido do ensaio de prova de carga de estacas.
Verificou-se que os recalques absolutos e diferenciais previstos concordaram bem com os
recalques medidos das edificações.

Observou-se que a redução dos recalques é mais efetiva quando se aumenta a rigidez e
comprimento da estaca. O aumento da flexibilidade do radier provocou aumento nos
recalques diferenciais, mas o momento fletor máximo no radier foi reduzido (HAIN; LEE,
1978).

Poulos (1994) apresentou um método numérico aproximado para analisar fundações em


radier estaqueado incorporado no programa Geotechnical Analysis of Raft with Piles (GARP).
Nesse programa, o radier foi modelado como uma placa fina, discretizada por elementos
retangulares e avaliada pelo MDF. A partir de Small e Poulos (19983 apud SALES, 2000), o
radier passou a ser analisado como elementos de placa por meio do MEF.

Segundo Poulos (1994), o solo é assumido como um meio contínuo e elástico, e os


deslocamentos verticais do solo abaixo do radier podem ser causados pelas pressões de
contato ou pelo livre movimento do solo. As estacas são discretizadas por elementos de mola

3
SMALL, J. C.; POULOS, H. G. User's Manual of GARP6. University of Sidney. [S.l.]. 1998.

A. C. SILVA Capítulo 2
D0192G18: Interação Solo-Estrutura no Projeto de Edifícios Altos 53

que interagem entre si e com o radier, adotando-se uma rigidez equivalente apropriada. A
rigidez e os fatores de interação das estacas para diversos espaçamentos das estacas
utilizados no GARP foram obtidos por meio do programa Deformation Analysis of Pile Groups
(DEFPIG), que utiliza em sua formulação o MEC, baseado nas equações de Mindlin.

O método apresentou adequada precisão na determinação dos recalques e distribuição de


carga nas estacas do radier estaqueado quando comparado, por exemplo, com a solução de
Hain e Lee (1978) baseada no MEF. Os resultados do método concordaram bem também
com os resultados de ensaios de centrífuga e monitoramento de radier estaqueado em escala
real (POULOS, 1994).

Russo (1998) apresentou um procedimento numérico aproximado para análise de radier


estaqueado que foi implementado no programa Non-linear Analysis of Piled RAfts (NAPRA).
O radier foi modelado em elementos retangulares de placa fina com 4 (quatro) nós pelo MEF,
sendo utilizados elementos de mola nos nós, e apenas a rigidez axial é requerida pelo fato de
a interação radier e meio solo/estacas ser simplesmente vertical.

Tendo em conta as não linearidades devido ao contato unilateral do radier com o solo e devido
ao comportamento carga-recalque das estacas isoladas utilizando um procedimento
incremental. Os resultados obtidos pelo método aproximado apresentaram proximidade com
resultados experimentais de ensaios de centrífuga (RUSSO, 1998).

Em Russo (1998), os recalques de um radier apoiado em um semi-espaço elástico obtidos


pelo NAPRA foram comparados com os resultados de Fraser e Wardle (1976), no qual
observou-se boa concordância. Comparou-se também os resultados, obtidos pelo NAPRA,
de cargas transmitidas às estacas em um radier estaqueado com os obtidos por Kuwabara
(1989), que usou solução completamente baseada no MEC para análise desse tipo de
fundação. Observou-se que, para maiores valores de comprimento relativo (L/d), onde d é o
diâmetro da estaca, o NAPRA fornece resultados ligeiramente maiores que a solução de
Kuwabara (1989).

Russo et al. (2012) reavaliaram os recalques da fundação da torre Burj Khalifa, em Dubai,
onde a fundação é em radier estaqueado sobre um profundo deposito de rochas calcarias. A
reavaliação foi realizada com dados obtidos da interpretação de ensaios de prova de carga
por meio dos programas GARP e NAPRA, no qual incorporam os efeitos de interação das
estacas. Os recalques obtidos por ambos programas foram similares, mostrando pouca
influência do método de análise.

A. C. SILVA Capítulo 2
54 D0192G18: Interação Solo-Estrutura no Projeto de Edifícios Altos

Os autores avaliaram a influência da não linearidade da resposta da estaca, presente na


fundação da torre, pelo programa NAPRA, onde se observou uma pequena diferença nos
recalques pelas análises lineares e não lineares, o que indica um comportamento elástico
daquela fundação. Em uma análise sem a consideração da contribuição do radier no
desempenho da fundação, os recalques máximos e diferenciais foram, respectivamente, 17%
e 40% maiores em relação à análise que considera o radier (RUSSO et al., 2012).

Carvalho (2015) desenvolveu uma metodologia híbrida para análise de radier estaqueado em
regime elástico, implementada no programa Soil-Foundation Interaction Analysis (SoFIA),
baseado no MEF.O radier é analisado por elementos finitos de placa de Kirchhoff
isoparamétricos e o meio estaca/solo é avaliado por elementos finitos axissimétricos. Os
resultados obtidos quanto a recalques, carregamentos e momentos concordaram bem com
os resultados de outras pesquisas, como de Kuwabara (1989) e Sales (2000). Observou-se
que os resultados foram mais próximos dos trabalhos que utilizam metodologia híbrida em
relação aos que consideram uma análise tridimensional pelo MEF.

Bernardes (2017) implementou a análise não-linear, no programa SoFIA, desenvolvido por


Carvalho (2015), para estacas em fundação de radier estaqueado. O comportamento não
linear das estacas foi representado por uma função hiperbólica, que modela a variação de
rigidez das estacas com o carregamento. Os resultados foram próximos aos de outras
ferramentas numéricas que realizam a análise não-linear das estacas, como os do HYPR, de
Horikoshi e Randolph (1998) e os do programa GARP de Sales (2000).

Kumar, Patil e Choudhury (2017) analisaram uma construção de armazenamento de matéria-


prima no Sul deBà Ria–Vung Tàu, em província do Vietnam, construída em fundação em
radier estaqueado com geometria de 81 m por 55,5 m em planta, com 581 estacas ocas de
concreto pré-moldado (20 m de comprimento e 0,40 m de diâmetro). Os autores utilizaram o
software Plaxis 3D, baseado no MEF, para prever o comportamento carga-recalque. Validado
com dados de prova de carga, observou-se comportamento concordante entre as curvas
prevista e a obtida por prova de carga. Observou-se que, para cinco cenários, com diferentes
combinações de carregamento, o radier absorveu de 23% a 31% da carga vertical total.

Cui e Zheng (2018) utilizaram o método de deslocamento por cisalhamento para simular a
interação entre estaca, radier (cap) e o solo, e estacas como elementos de reforço do solo,
para grupo de estacas ou radier estaqueado considerando perfil estratificado. A curva carga-
recalque obtida por este método para um caso de estudo foi concordante com as curvas
utilizando o método dos elementos finitos e medições de modelo experimental da literatura.

A. C. SILVA Capítulo 2
D0192G18: Interação Solo-Estrutura no Projeto de Edifícios Altos 55

Luo, Yang e Li (2018) aplicaram o método de elementos de contorno tridimensional para a


análise de radier estaqueado em solo argiloso, sendo os resultados obtidos compatíveis com
os obtidos por medições de campo e outras simulações numéricas. Realizam um estudo
paramétrico relacionando recalque normatizado (pela largura do radier) com o fator de
segurança global de radier estaqueado. Destaca-se que para um fator de segurança típico de
3, observaram: (i) redução dos recalques com o número de estacas; (ii) insignificante redução
dos recalques com o aumento do diâmetro das estacas; (iii) redução dos recalques com o
aumento do espaçamento relativo e (iv) redução do recalque normalizado de 1,2 % com o
aumento da rigidez do solo, dada pela relação módulo de elasticidade (Es) e resistência não
drenada (Su), de 75 para 1000.

A. C. SILVA Capítulo 2
CAPÍTULO 3
ANÁLISE ESTRUTURAL

A análise estrutural estabelece os procedimentos a serem adotados para avaliar o


comportamento de uma estrutura. Este capítulo discute alguns dos fatores que influenciam a
análise da estrutura, como as ações impostas - por exemplo, o peso próprio, carga acidental
e carga de vento -e estabilidade global.

3.1. AÇÕES NA ESTRUTURA

Uma estrutura de concreto armado deve ser projetada para atender requisitos de segurança,
desempenho em serviço e durabilidade. Quando a estrutura começa a não atender aos
requisitos de segurança e desempenho em serviço, ela se encontra em um estado limite,
respectivamente, último e de utilização.

O estado limite último (ELU) está relacionado com a ruína da estrutura, ou seja, a perda da
capacidade de resistir às solicitações que lhe são impostas, determinando, assim, a
paralisação do uso da estrutura. Portanto, deve-se verificar no projeto de estruturas de
concreto armado os estados limites últimos, que podem ser, por exemplo, de deformações
plásticas excessivas, instabilidade do equilíbrio, perda de equilíbrio como corpo rígido, por
solicitações dinâmicas e pela transformação da estrutura em sistema hipostático (ABNT,
2003).

O estado limite de serviço (ELS) está relacionado com o prejuízo à utilização da estrutura pelo
usuário, seja pelo desconforto ou aparência visual, podendo ser devido a deformações
excessivas ou ao processo de fissuração que afeta a durabilidade da estrutura (ABNT, 2003).

Para a verificação dos estados limites, deve-se determinar as ações atuantes na estrutura. As
ações que atuam na estrutura podem ser classificadas, segundo sua variabilidade no tempo,
em: i) permanentes, ii) variáveis e iii) excepcionais. As ações permanentes ocorrem com
valores constantes, sem grandes variações em torno da média, ao longo da vida da
construção. Nas ações variáveis ocorrem oscilações em torno da média ao longo da vida da
construção; enquanto as ações excepcionais são de curta duração e possuem baixa
probabilidade de ocorrência ao longo da vida da construção (ABNT, 2003).

A. C. SILVA
58 D0192G18: Interação Solo-Estrutura no Projeto de Edifícios Altos

Dentre as ações permanentes, pode-se citar: o peso próprio da estrutura, alvenaria,


revestimento, os recalques de apoio, a retração e a fluência do concreto, e imperfeições
geométricas de pilares. Quanto às ações variáveis considera-se: as cargas acidentais, as
variações de temperatura, as pressões hidrostáticas e hidrodinâmicas e os efeitos do vento.
São exemplos de ações excepcionais: as explosões, os choques de veículos, incêndios,
enchentes e sismos excepcionais (ABNT, 2003).

As ações que ocorrem na estrutura podem ser tanto estáticas quanto dinâmicas,
prevalecendo, em sua maioria, as ações estáticas. A análise dinâmica torna-se importante
quando as ações na estrutura variam no tempo e os elementos adquirem velocidade e
aceleração, diferentemente de uma análise estática, onde as solicitações na estrutura são
realizadas lentamente. Pode-se citar como exemplos de ações que causam efeitos dinâmicos
os sismos e os ventos (BORGES, 2009).

3.2. ESTABILIDADE GLOBAL

Com o aumento da altura das edificações atuais, a estabilidade global dos edifícios passou a
ser determinante na definição de projetos. Visando avaliar a susceptibilidade de edificações
na cidade de Recife-PE, Fonte et al. (2005) definiram os índices de esbeltez de corpo rígido
(x,y) nas direções X e Y, por meio da Equação (3.1). Nesse caso, H é a altura do edifício, Lx
a dimensão da edificação em planta na direção de X e Ly a dimensão da edificação em planta
na direção de Y, conforme se observa na Figura 3.1. Adotou-se a seguinte classificação: se
x,y<4 edifício de pequena esbeltez, 4<x,y<6 edifício de média esbeltez e x,y>6 edifício de alta
esbeltez.

H
 x,y  (3.1)
Lx,y

Figura 3.1 — Esquema das dimensões das edificações (BORGES, 2009).

A. C. SILVA Capítulo 3
D0192G18: Interação Solo-Estrutura no Projeto de Edifícios Altos 59

Dessa forma, quanto mais esbeltas as edificações, mais susceptíveis ao fenômeno de


instabilidade. Esse fenômeno é caracterizado como um estado limite último, já que pode
ocorrer a ruptura do material. O estado limite último de instabilidade é caracterizado quando
elementos estruturais submetidos à flexo-compressão possuem perda de capacidade
resistente causada por deformações excessivas, decorrentes dos efeitos de 2ª ordem.

Os esforços de 2ª ordem globais são decorrentes de deslocamentos horizontais dos nós da


estrutura, gerados por ações de cargas verticais e horizontais. Quando os deslocamentos dos
nós são pequenos, de forma que os efeitos globais de 2ª ordem não gerem mais que 10% de
acréscimos nos esforços de 1ª ordem, pode-se considerar, para efeito de cálculo, a estrutura
como de nós fixos. No caso de deslocamentos horizontais consideráveis, deve-se considerar
também os efeitos globais de 2ª ordem, sendo a estrutura de nós móveis (ABNT, 2014).

Para considerar a estrutura como de nós fixos e assim dispensar a análise dos efeitos globais
de 2ª ordem, pode-se adotar procedimentos aproximados. Um deles classifica a estrutura
como de nós fixos se o parâmetro de estabilidade (), calculado pela Equação (3.2), for menor
que o valor de 1. Se a estrutura possuir 4 ou mais pavimentos esse valor é igual a 0,6, senão
é dado pela Equação (3.3) (ABNT, 2014).

Nk
H (3.2)
Ecs  Ic

1  0, 2  0,1 n (3.3)

onde,

n é o número de andares acima da fundação;

H é a altura total da estrutura em relação ao topo da fundação;

Nk é o somatório de todas as cargas verticais atuantes na estrutura com seu valor


característico; e

EcsIc é a rigidez equivalente a soma da rigidez de todos os pilares na direção considerada.

O outro procedimento aproximado, citado pela NBR 6118 (ABNT, 2014), desenvolvido por
Franco e Vasconcelos (1991), é o método do coeficiente z, válido para estruturas com 4 ou
mais pavimentos. Segundo os autores, o método foi desenvolvido por ser simples e preciso
na determinação da influência dos efeitos globais de 2ª ordem em uma estrutura, auxiliando
o processo de decisão por parte dos projetistas.

A. C. SILVA Capítulo 3
60 D0192G18: Interação Solo-Estrutura no Projeto de Edifícios Altos

Esse parâmetro é obtido de uma análise linear da estrutura carregada, considerando a não
linearidade física pela redução da rigidez dos elementos estruturais. O coeficiente z é
calculado pela Equação (3.4), onde considera que não há influência dos efeitos globais de 2ª
ordem na estrutura quando o valor é igual ou menor que 1,1 (FRANCO;
VASCONCELOS,1991). Neste caso, a NBR 6118 (ABNT, 2014) classifica a estrutura como
de nós fixos.

1
z  (3.4)
M tot ,d
1
M1,tot ,d

onde,

M1,tot,d é o momento de tombamento, ou seja, a soma dos momentos de todas as forças


horizontais da combinação considerada, com seus valores de cálculo, em relação à base da
estrutura; e

Mtot,d é a soma dos produtos de todas as forças verticais atuantes na estrutura, na


combinação considerada, com seus valores de cálculo, pelos deslocamentos horizontais de
seus respectivos pontos de aplicação, obtidos da análise de 1ª ordem.

No caso de nós fixos, calcula-se a estrutura apenas pelos esforços obtidos da teoria de
primeira ordem. O efeito de segunda ordem só é considerado em termos locais quando sob
ação de forças horizontais. Quando a estrutura é de nós moveis, deve-se considerar os efeitos
de 2ª ordem global e locais e as não linearidades física e geométrica. Quando o valor de z
situa entre 1,1 e 1,3, considera-se os esforços finais de primeira e segunda ordem, de forma
aproximada pela majoração dos esforços horizontais por 0,95.z (ABNT, 2014).

Uma estrutura que apresenta z superior a 1,3 comporta-se de maneira instável, assim devem
ser considerados os efeitos de 2ª ordem de forma mais precisa para garantir segurança.
Segundo Borges (2009), para isso utiliza-se o processo P- que segue um procedimento
iterativo, em que primeiramente determinam-se os deslocamentos de 1ª ordem para as cargas
horizontais e verticais aplicadas. Depois, com os deslocamentos obtidos, é calculado novos
deslocamentos considerando a configuração deformada e a aplicação das cargas originais, e
dessa forma segue o processo iterativo até que se atinja um critério de convergência.

Segundo Borges (2009), no estado limite último, o processo P- deve considerar a redução
de rigidez dos elementos estruturais apenas na análise não linear física, sendo admitida na
condição inicial a rigidez plena dos elementos.

A. C. SILVA Capítulo 3
D0192G18: Interação Solo-Estrutura no Projeto de Edifícios Altos 61

Bueno (2009) constatou que o parâmetro de estabilidade z avaliou coerentemente a


estabilidade global de edificações simétricas; mas, quando a edificação foi assimétrica, o seu
uso não proporcionou bons resultados em comparação com os obtidos pelo processo P-.
Para contemplar uma análise mais geral da estabilidade global, a autora propôs e aplicou aos
casos de edificações o fator de amplificação dos esforços z’ como parâmetro de estabilidade
global, que considera os deslocamentos horizontais devido a cargas verticais. Esse parâmetro
foi incorporado com a designação FAVt ao programa comercial de análise estrutural CAD/TQS
(TQS, 1986).

Borges (2009) observou para duas (as mais esbeltas) de três edificações analisadas, que os
deslocamentos laterais (dtot) provocados pela ação do vento, quando a ISE e a não linearidade
geométrica foram consideradas, ultrapassaram o valor limite, calculado pela Equação (3.5),
dada na NBR 6118 (ABNT, 2003). Observou-se também que os parâmetros da estabilidade
obtidos da análise que considera a ISE apresentaram valores maiores em relação à análise
que considera apoios indeslocáveis.

H
d tot  (3.5)
1700

Feitosa e Alves (2015) estudaram uma edificação com lajes protendidas, e observaram que o
enrijecimento das ligações laje-pilares e o aumento da rigidez transversal à flexão
contribuíram para a melhoria da estabilidade global da edificação analisada. Por outro lado, o
aumento do carregamento vertical da edificação reduziu a estabilidade global.

A. C. SILVA Capítulo 3
CAPÍTULO 4
INTERAÇÃO SOLO-ESTRUTURA

Este capítulo aborda os modelos que podem ser utilizados para representar o solo na análise
do conjunto superestrutura-fundação, a metodologia proposta por Gusmão (1990, 1994) para
avaliar o mecanismo de ISE e alguns fatores que afetam a ISE.

4.1. MODELOS RESPRESENTATIVOS DO SOLO NA INTERAÇÃO SOLO-


ESTRUTURA

O projeto convencional de fundações e da superestrutura analisam as partes separadamente.


O projetista da superestrutura considera os apoios indeslocáveis e calcula as reações de
apoio para essa condição. As reações de apoio são as cargas que os projetistas de fundação
consideram aplicadas nos elementos de fundação para calcular os recalques, conforme pode-
se observar na Figura 4.1.

Figura 4.1 — Hipóteses básicas do projeto convencional de fundações e superestrutura (GUSMÃO, 1990, 1994).

O modelo convencionalmente adotado em projetos não considera a rigidez e a


deslocabilidade da outra parte abstraída, logo, não simula o real funcionamento em conjunto
da superestrutura, elementos de fundação e o solo. O processamento em conjunto da
superestrutura e da fundação possibilita considerar a redistribuição de esforços devidos aos

A. C. SILVA
64 D0192G18: Interação Solo-Estrutura no Projeto de Edifícios Altos

recalques da fundação e as limitações impostas às fundações pela rigidez da superestrutura,


o que altera o comportamento de ambas as partes.

O solo no problema de interação solo-estrutura pode ser modelado pela hipótese de Winkler
ou de meio contínuo. No modelo de Winkler, devido ao fato do solo ser discretizado por
elementos de mola independentes, não é considerada a porção de solo adjacente e, dessa
forma, as tensões cisalhantes transmitidas pela superestrutura não são adequadamente
consideradas. A alternativa para avaliar de forma mais realística o mecanismo de ISE é a
consideração do solo como um meio contínuo que permite a interação de todo o sistema da
fundação.

Além da deficiência da formulação do modelo Winkler na previsão do comportamento do


terreno, o principal parâmetro do modelo, o coeficiente de mola, é de difícil determinação. Por
exemplo, no ensaio de placa, o comportamento carga recalque é específico para as
dimensões da placa, o que pode não refletir o comportamento da fundação (SMALL, 2001).

Os coeficientes de mola (Km) são obtidos pelos projetistas de estrutura por meio de
correlações empíricas para o módulo de reação vertical (kv) do solo. Visando uma estimativa
mais racional do módulo de reação vertical, Poulos (2018) propôs metodologias de cálculo
que consideram não apenas o tipo do solo, mas também o tipo de fundação, dimensão da
fundação e o tipo de carregamento. Destaca-se que em grupos de estacas, devem ser
consideraras as interações estaca-solo-estaca, no qual, provocam a redução do valor do
módulo de reação vertical.

Ainda em relação ao modelo de Winkler, Brown (19774 apud SMALL, 2001) concluiu, com
seus resultados, que a utilização desse modelo para representar o solo pode levar a
resultados errôneos, visto que esses diferem dos resultados obtidos pelo modelo contínuo,
que é mais racional na representação do solo. Avaliou-se o momento fletor provocado em um
radier pelo modelo de Winkler e modelo contínuo, onde se observou que o aumento do
número de cargas pontuais aplicadas no radier, simulando carregamento distribuído,
provocou maior discrepância entre os modelos (Figura 4.2 a e b).

Fonte, Gusmão Filho e Jucá (1994) avaliaram um edifício de 14 pavimentos sobre fundação
superficial com solo granular melhorado. Em suas análises, os recalques diferenciais previstos
foram comparados com os valores reais medidos. Nas previsões onde o carregamento foi
aplicado de forma instantânea, observou-se que em relação aos recalques da edificação, na

4
Brown P.T. Strip footings. Lecture 7, Geotechnical Analysis and Computer Applications, Department of Civil
Engineering, University of Sydney. 1977: 1.

A. C. SILVA Capítulo 4
D0192G18: Interação Solo-Estrutura no Projeto de Edifícios Altos 65

previsão sem a consideração da ISE, usando o modelo de Winkler, os recalques diferenciais


foram superestimados. Em contrapartida, na previsão que considerou a ISE, cujo meio é
contínuo, subestimou os recalques diferenciais. Observou-se também que na previsão que
considerou a sequência construtiva e o modelo de ISE, aproximou-se mais dos recalques in
situ da edificação.

Um fator importante para que os modelos sejam adequados é a obtenção de parâmetros que
descrevem corretamente o solo. Isso porque os solos possuem grande variabilidade espacial,
podendo apresentar comportamentos particulares. Assim, o uso de dados inadequados pode
tornar o modelo impreciso, o que afeta a previsão do comportamento de uma edificação.

Figura 4.2 — Momento em radier pelos modelos de Winkler e Contínuo: (a) Carga pontual aplicada no centro, (b)
5 cargas pontuais aplicadas equidistantes (BROWN, 19775apud SMALL, 2001).

Souza e Reis (2008) avaliaram a interação solo-estrutura em um edifício hipotético de


concreto armado, de 4 pavimentos, apoiado sobre sapatas, por meio da comparação dos
esforços atuantes nos pilares. Os autores consideraram apoios de rigidez infinita, rigidez
média e rigidez baixa, conforme os parâmetros elásticos adotados para o solo. Observaram
que a consideração da ISE produziu diferença superior a 20% dos valores médios para os
esforços nos pilares em relação a hipótese de apoios rígidos.

Móczár, Polgár e Mahler (2016) estudaram uma edificação assumindo as hipóteses de solo
modelado como um meio contínuo, usando programa de elementos finitos Plaxis 3D e de solo
modelado com um conjunto de coeficientes de reação, baseado no conceito de viga apoiada

5
Idem 4

A. C. SILVA Capítulo 4
66 D0192G18: Interação Solo-Estrutura no Projeto de Edifícios Altos

sobre fundação elástica, utilizando o programa Axis VM. Observaram que a distribuição dos
recalques foi semelhante, mas os valores dos recalques obtidos com o Plaxis 3D foram
maiores que os obtidos pelo Axis VM, sobretudo nas bordas do radier. Verificou-se que o tipo
de solo não teve grande influência sobre a distribuição do coeficiente de reação do solo, mas
apenas sobre o valor absoluto do coeficiente.

4.2. METODOLOGIA PROPOSTA POR GUSMÃO (1990, 1994)

Gusmão (1990, 1994) desenvolveu uma metodologia para interpretação de recalques


medidos em campo, de modo a verificar o efeito da ISE no desempenho de edificações, sendo
aplicada a três casos reais de obra. Nesta metodologia, os recalques médios e a distribuição
de recalques são avaliados por meio do coeficiente de variação (CV). Além disso, as
deformadas de recalques estimados e medidos são associadas a uma curva de frequência,
mesmo que os recalques não sejam variáveis aleatórias, conforme pode ser observado na
Figura 4.3.

Figura 4.3 — Exemplos de deformadas de recalques estimados e medidos e suas curvas de frequência
(GUSMÃO, 1990, 1994).

Na Figura 4.3a há uma igualdade tanto no valor médio quanto na distribuição dos recalques
estimados com os medidos; na Figura 4.3b, a média de recalques estimados é igual aos
medidos, todavia a distribuição de recalques é diferente; na Figura 4.3c, a distribuição de
recalques é semelhante, mas a média dos recalques estimados é diferente dos medidos; e,
por fim, na Figura 4.3d, nem média nem a distribuição de recalques são iguais ao medido.

A. C. SILVA Capítulo 4
D0192G18: Interação Solo-Estrutura no Projeto de Edifícios Altos 67

Gusmão (1990, 1994) observou que os recalques médios estão relacionados com o
comportamento carga-recalque obtidos para o solo, enquanto que a distribuição dos recalques
está relacionada com o modelo da ISE, onde existe a tendência de suavização da deformada
de recalques.

A metodologia de Gusmão (1990, 1994) pode ser utilizada para avaliação dos efeitos da
interação solo-estrutura, mesmo não se dispondo de medições de recalques em campo, isso
porque a distribuição dos recalques em obras reais aproxima-se muito da previsão pela
interação solo-estrutura. Assim, ao invés de se comparar os recalques estimados por
metodologias convencionais de cálculo com os recalques medidos, compara-se os estimados
convencionalmente com os calculados por meio da interação solo-estrutura, possibilitando
avaliar o erro que se comete ao utilizar as metodologias convencionais.

A metodologia desenvolvida e aplicada por Gusmão (1990, 1994) foi também empregada em
7 prédios idênticos em Recife-PE, de 18 lajes, com fundação em estacas pré-moldados de
concreto, no qual se observou que os CV medidos foram menores que os CV estimados
convencionalmente, evidenciando a tendência à uniformização dos recalques (GUSMÃO;
GUSMÃO FILHO, 1994).

Gusmão, Gusmão Filho e Maia (2000) aplicaram a metodologia de Gusmão (1990, 1994) a
uma edificação de 15 pisos construído em Recife-PE, com melhoramento do solo com estacas
de compactação. Realizou-se o monitoramento de recalques, observando que o CV começou
a estabilizar-se ainda nos primeiros pavimentos, em cerca de 100 dias (Figura 4.4),
evidenciando que a edificação atingiu um limite de rigidez, a partir do qual o mecanismo de
ISE foi menos significativo.

Figura 4.4 — Variação do CV ao longo do tempo (GUSMÃO; GUSMÃO FILHO; MAIA, 2000).

A. C. SILVA Capítulo 4
68 D0192G18: Interação Solo-Estrutura no Projeto de Edifícios Altos

Mota (2009), por meio do monitoramento dos recalques do edifício San Carlo, de 28
pavimentos, localizado em Fortaleza-CE, observou que o valor médio dos recalques medidos
aumentou e o coeficiente de variação diminuiu com a evolução da construção, o que revela a
uniformização dos recalques.

Bahia et al. (2016) monitoraram os recalques, por meio de níveis óticos de precisão, e as
cargas nos pilares, pela estimativa indireta usando os resultados de deformação, ao longo da
construção de um edifício residencial em Água Claras, no Distrito Federal. Observou-se que
os recalques se comportaram dentro dos limites adotados para região e que houve aumento
da carga nos pilares com o tempo de construção. Todavia, os valores medidos de cargas nos
pilares mostraram-se muito elevados. Assim, foi sugerido o desenvolvimento de novas
metodologias para estimativa das cargas nos pilares.

Em Gusmão (1990, 1994) foram definidos dois parâmetros para avaliar o efeito da interação
solo-estrutura na redistribuição de carga nos pilares e na uniformização dos recalques: i) o
fator de recalque absoluto (AR) e ii) o fator de recalque diferencial (DR), obtidos,
respectivamente, pelas Equações (4.1) e (4.2).

w
AR  (4.1)
wm

onde, w é o recalques em um determinado ponto e wm é o recalque médio.

Os recalques diferenciais são responsáveis por provocar a redistribuição de cargas nos pilares
quando se analisa a ISE. Essa redistribuição faz com que os pilares que recebem mais cargas
que a média, apresentem um alívio de tensões, enquanto que, os que receberem menores
cargas que a média, tendem a sofrer sobrecarga. Isso pode ser avaliado pelo AR, onde, se o
AR medido é maior que AR estimado, há tendência de sobrecarga nos pilares, e, se AR
medido for menor que AR estimado, a tendência é de alívio de tensões nos pilares.

| w  wm |
DR  (4.2)
wm

O parâmetro DR é utilizado para avaliar a suavização da deformada dos recalques devido a


ISE. Isso ocorre quando os valores de DR medidos são menores que os DR estimados, pelo
fato de os recalques diferenciais medidos serem menores que os estimados. Vale ressaltar
que os recalques absolutos medidos e estimados, decorrentes do modelo de tensão
deformação, devem possuir a mesma ordem de grandeza para que a avaliação de AR e DR
sejam coerentes.

A. C. SILVA Capítulo 4
D0192G18: Interação Solo-Estrutura no Projeto de Edifícios Altos 69

4.3. FATORES QUE AFETAM A INTERAÇÃO SOLO-ESTRUTURA

A interação solo-estrutura pode ser afetada por diversos fatores, tais como o tipo de fundação,
a sequência construtiva, o número de pavimentos, a rigidez relativa estrutura-fundação e
edificações vizinhas. Mediante o exposto, este tópico abordará alguns dos fatores que afetam
a interação solo-estrutura.

4.3.1. Rigidez relativa estrutura solo

A influência da rigidez da estrutura na interação solo-estrutura foi quantificada, primeiramente,


pela proposta de Meyerhof (1953) de modelar a estrutura como uma viga de rigidez
equivalente. Por meio da Equação (4.3), calcula-se a rigidez equivalente da estrutura que
corresponde ao somatório das rigidezes à flexão dos elementos estruturais que compõem a
estrutura. Essa rigidez equivalente (Ke) considera: o comprimento do vão (L), o módulo de
elasticidade (E), o momento de inércia (I) de cada elemento (vigas com contribuição da rigidez
dos pilares) e o número de pavimentos (n), que apresenta uma relação direta com a rigidez
equivalente.

E I
Ke  n   (4.3)
L4

Com relação ao solo, a rigidez do solo (Ks) corresponde a relação entre carga e recalque, que
pode ser obtido, por exemplo, por provas de carga. Conhecidas as rigidezes da estrutura e do
solo obtém-se a rigidez relativa estrutura-solo (Kes), que é dada pela Equação (4.4) (LOPES;
GUSMÃO, 19916 apud COLARES, 2006).

Ke
K es  (4.4)
Ks

Chamecki (1956) apresentou uma metodologia para o cálculo de recalques de fundação e de


reações de apoio da superestrutura incorporando a rigidez nesta, e aplicou a metodologia a
um exemplo numérico para possibilitar a avaliação da diferença de comportamento quando
ela é ou não considerada. Na metodologia que considera a rigidez da superestrutura, utilizou-
se coeficientes de transferência carga entre pilares adjacentes para a estrutura inteira (pela
multiplicação dos coeficientes de transferência pelo número de pavimentos), provocando a
transferência das cargas dos elementos mais carregados para os menos carregados. Com o

6
LOPES, F. R.; GUSMÃO, A. D. On the influence of soil-structure interation in the distribution of foundation loads
and settlements. In: European SMFE Conference Florence, 10., 1991, Florence, Italy. Proceedings… Florence,
1991, v. 1, p. 475-478.

A. C. SILVA Capítulo 4
70 D0192G18: Interação Solo-Estrutura no Projeto de Edifícios Altos

procedimento adotado, observou-se a redução na diferença das reações de apoios adjacentes


e redução de recalques diferenciais.

Borges (2009) relata que a ISE e a fissuração provocaram redução na rigidez efetiva global
de três edifícios analisados considerando os seguintes casos: i) apenas o efeito da fissuração,
ii) apenas o efeito da ISE e iii) o efeito acoplado da fissuração e da ISE, nas direções
ortogonais dos edifícios.

Sales, Small e Poulos (2010) previram recalques de fundação em radier estaqueado de três
casos reais (edifícios), com a finalidade de avaliar a rigidez da estrutura. As rigidezes das
estruturas foram consideradas de três formas: i) pela espessura original do radier, ii) pelo
aumento da inércia à flexão do radier em 10 vezes, de acordo com sugestão dada por Hooper
(1973) e iii) pelo aumento da espessura do radier apenas nas posições de pilares e paredes,
de acordo com sugestão dada por Small (2001). Esta última alternativa busca representar o
comportamento de interação solo-estrutura, por meio da consideração da rigidez dos pilares.

Sales, Small e Poulos (2010) observaram que, quando não existe homogeneidade na
distribuição do carregamento sobre o radier, devido à assimetria, a simulação que considera
a rigidez equivalente do edifício, pelo aumento da espessura do radier, produz piores
resultados em relação aos recalques máximos medidos, que o modelo onde foi aumentada
somente a rigidez dos pilares. Esta diferença foi observada no Edifício Skyper, em Frankfurt,
devido à assimetria do radier e da posição das cargas. A Figura 4.5 apresenta as curvas de
recalque por tempo previstas pelos diferentes modos e a medida do Edifício Skyper.

Figura 4.5 — Influência da ISE para o edifício Skyper (modificado de SALES; SMALL; POULOS, 2010).

A. C. SILVA Capítulo 4
D0192G18: Interação Solo-Estrutura no Projeto de Edifícios Altos 71

Russo et al. (2012) avaliaram o efeito da rigidez da superestrutura sobre os recalques


absolutos e diferenciais. Utilizaram-se três modelos para considerar a rigidez da
superestrutura:

 Aumentando a espessura de todo o radier para representar à rigidez a flexão da torre


inteira (Modelo 1);

 Aumentando a espessura do radier na parte central, refletindo a rigidez a flexão da


estrutura inteira (Modelo 2);

 Aumentando a espessura do radier apenas nas paredes de cisalhamento, refletindo a


rigidez a flexão da estrutura inteira (Modelo 3).

Esses três modelos foram também avaliados considerando apenas 10% da rigidez à flexão
da torre inteira. Observou-se que, em termos de recalques, que a consideração de 10% da
rigidez da superestrutura produz resultados próximos dos resultados que consideram a rigidez
da superestrutura inteira. Estes, no entanto, foram menores que os valores medidos, e os que
consideram 10% da rigidez da superestrutura aproximaram-se mais dos recalques medidos,
indicando para o caso analisado que não há necessidade de considerar a rigidez da
superestrutura inteira. Em relação às previsões teóricas que não consideram a rigidez da
superestrutura, observou-se discrepância em relação as que a consideram (RUSSO et al.,
2012).

4.3.2. Número de pavimentos

Lopes e Gusmão (19917 apud COLARES, 2006) avaliaram a influência do número de


pavimentos no comportamento da estrutura, sendo observado que o aumento do número dos
pavimentos da edificação resultou em maior rigidez relativa da estrutura-solo e os recalques
passaram a influenciar menos na redistribuição de esforços dos elementos estruturais. Outro
fator observado foi que, com o consequente aumento da rigidez relativa estrutura-solo,
diminuíram os recalques diferenciais

Verificou-se a influência da rigidez relativa estrutura solo nos recalques, considerando a ISE,
conforme a Figura 4.6, onde o aumento da rigidez relativa provocou redução de recalques,
tanto diferenciais quanto absolutos, no modelo de ISE. Quando não se considerou a ISE, a
rigidez relativa não teve influência sobre os recalques. Em ambos os modelos adotados os

7
Idem 6

A. C. SILVA Capítulo 4
72 D0192G18: Interação Solo-Estrutura no Projeto de Edifícios Altos

recalques absolutos apresentaram maiores magnitudes que os recalques diferenciais


(LOPES; GUSMÃO, 19918 apud COLARES, 2006).

Como já observado, o número de pavimentos de edifícios está diretamente relacionado com


a rigidez relativa, ou seja, o maior número de pavimentos provoca maior rigidez relativa e,
consequentemente, a suavização da deformada de recalques. Colares (2006) destaca em seu
estudo que a relação entre rigidez relativa e número de pavimentos não apresentou
comportamento linear, sendo que os primeiros pavimentos exerceram maior influência sobre
os recalques diferenciais.

Figura 4.6 — Recalque versus rigidez relativa estrutura solo (modificado de LOPES; GUSMÃO, 19919apud
COLARES, 2006).

Guerra e Sales (2011) avaliaram o efeito da ISE em um edifício de 15 pavimentos sobre


fundação em sapata utilizando programa de cálculo estrutural e planilhas eletrônicas para
cálculo dos recalques de sapatas. O resultado foi a redução dos recalques e cargas nos
pilares de centrais e ligeiro aumento dos recalques e cargas nos pilares de periferia, com o
aumento das iterações. Ao se aumentar o número de pavimentos, consequentemente,
aumentou a rigidez equivalente estrutura solo, e os recalques diferenciais tiveram sua taxa de
crescimento com a altura do edifício reduzida.

Bogdanovic, Edip e Stojmanovska (2016) utilizam um método computacional que acopla


elementos finitos e elementos infinitos para a análise da ISE dinâmica. Observaram, da
análise numérica de edifícios, que a influência da consideração da ISE, em relação a adoção
de apoios fixos, foi mais relevante para os casos com maior número de pavimentos.

8
Idem 6
9
Idem 6

A. C. SILVA Capítulo 4
D0192G18: Interação Solo-Estrutura no Projeto de Edifícios Altos 73

4.3.3. Influência da sequência construtiva

Danziger, Danziger e Crispel (2000) avaliaram o efeito da ISE em um edifício de três


pavimentos, na Zona Oeste do Rio de Janeiro-RJ, com fundação superficial em solo arenoso,
por meio da medição dos recalques, desde o início da construção. Constatou-se a maior
influência do primeiro pavimento no aumento da rigidez da estrutura, e a contribuição da
alvenaria para este aumento. Observou-se também que, mesmo em prédios baixos, pode-se
verificar a tendência de uniformização dos recalques.

Araújo (2009) estudou duas edificações hipotéticas de 15 pavimentos, considerando a


sequência construtiva dos pavimentos, com forma em planta quadrada e retangular. No
edifício com geometria quadrada, as cargas nos pilares centrais, que são mais carregados,
foram aliviadas, e nos pilares periféricos, que são menos carregados, apresentaram
sobrecarga com a consideração da ISE em comparação à estimativa convencional. O
procedimento que considera a ISE necessitou de, no máximo, três iterações para convergir,
para todos os pavimentos do edifício.

No edifício com geometria retangular, observou-se que, após o esgotamento da capacidade


última de resistência do fuste das estacas, a transferência de cargas para a base modificou o
comportamento de redistribuição de cargas nos pilares, com a alternância de cargas nos
pilares centrais e de borda do edifício (ARAÚJO, 2009).

4.3.4. Edifícios vizinhos

Reis (2000) avaliou três edifícios na cidade de Santos-SP sobre solo argiloso, considerando
o solo como um meio viscoelástico, adotando o modelo reológico de Kevin, com parâmetros
obtidos de retroanálise de curvas recalque por tempo. Os recalques obtidos pelo modelo,
considerando a ISE, mostraram-se compatíveis com os recalques medidos.

Verificou-se a influência do efeito de grupo de edifícios vizinhos, considerando a ISE, sobre


as tensões ao longo da profundidade do maciço, onde houve relevante diferença em relação
ao efeito isolado, sobre a camada de argila mole. Ainda sobre o efeito de grupo, a influência
nos esforços normais deu-se de forma mais significativa nos pilares internos que nos
periféricos (REIS, 2000).

Lou et al. (2011) realizaram uma revisão da literatura a respeito da interação estrutura-solo-
estrutura dinâmica, que engloba os efeitos de edificações adjacentes sobre a edificação. Os
autores destacam que os efeitos da interação entre edificações adjacentes podem ser

A. C. SILVA Capítulo 4
74 D0192G18: Interação Solo-Estrutura no Projeto de Edifícios Altos

significativos, quando do erguimento ou demolição de uma construção, podendo causar


variação nos danos sísmicos sobre a vizinhança.

A. C. SILVA Capítulo 4
CAPÍTULO 5
METODOLOGIA

Este capítulo apresenta a metodologia do trabalho que contempla o procedimento geral


adotado, fluxo de cálculo das reações de apoio e recalques, considerando os efeitos da
interação solo-estrutura e os procedimentos convencionais de cálculo: i) apoios indeslocáveis
e ii) apoios elásticos de Winkler. Além disso, são descritos os programas que foram utilizados,
os casos analisados e as análises adicionais realizadas.

5.1. PROCEDIMENTO GERAL

O procedimento geral de avaliação do efeito da ISE consistiu na comparação dos resultados


obtidos, em termos de reações de apoio, recalques, parâmetros de estabilidade e outros, da
análise de edifícios hipotéticos, de diferentes geometrias em planta, pelos métodos
convencionais (Figura 5.1 a e b) com os obtidos pelo método da ISE (Figura 5.1 c), que se
aproximam dos valores medidos em campo, como observado por Fonte, Gusmão Filho e Jucá
(1994).

Figura 5.1 — Esquema simplificado da representação dos métodos de cálculo utilizados.

Dentre os métodos convencionais, avaliaram-se o método de apoios indeslocáveis (Figura


5.1a), cujas bases dos pilares foram consideradas engastadas, e o método das molas de
Winkler, onde coeficientes de mola são aplicados nos apoios (Figura 5.1b). Além disso,
realizou-se um procedimento simplificado para considerar a deformabilidade da fundação, por
meio do recalque médio da fundação.

A avaliação das reações de apoio e recalques, obtida pelos métodos de apoios indeslocáveis
(engastados) e o de ISE, foi realizada utilizando a metodologia de Gusmão (1990, 1994).

A. C. SILVA
76 D0192G18: Interação Solo-Estrutura no Projeto de Edifícios Altos

Nessa metodologia, o parâmetro AR foi utilizado para avaliar a redistribuição de carga nos
pilares e o parâmetro DR na avaliação da distribuição de recalques.

Com o processamento dos pavimentos da estrutura, foram obtidos os parâmetros de


estabilidade global por diferentes métodos de cálculo adotados. O parâmetro de estabilidade
, calculado desde o primeiro pavimento, foi utilizado para avaliar a sensibilidade aos efeitos
de 2ª ordem, enquanto o parâmetro z foi usado para avaliar a estabilidade global das
edificações, sendo válido para edifícios com quatro ou mais pavimentos. O parâmetro FAVt,
que é determinado para as combinações no estado limite último, não foi utilizado por
apresentar resultados muito parecidos com os do z, obtido para as combinações simples de
vento.

A influência da geometria em planta, do tipo de fundação e do perfil de solo sobre o


desempenho de edificações hipotéticas foi avaliada pela comparação qualitativa e quantitativa
dos resultados obtidos, tais quais, parâmetros de estabilidade global, recalques, reações de
apoio e outros.

No processamento da interação solo-estrutura, inicialmente, consideraram-se apenas as


reações verticais sobre os pilares. Com a finalidade de avaliar o erro que se comete ao não
se considerar os momentos na base dos pilares, processou-se também a interação com a
consideração desses momentos.

A consideração da rigidez dos pilares no cálculo dos recalques foi realizada para comparação
com as análises com e sem interação solo-estrutura. Além disso, em todas as análises
realizadas, como o comportamento da fundação foi assumido como linear, os desempenhos
dos edifícios hipotéticos foram avaliados sem considerar a sequência construtiva.

5.2. FLUXOS DE CÁLCULO

Neste tópico são apresentados os fluxos de cálculo, que consideram os procedimentos


convencionais de cálculo de cargas e recalques nos pilares e o que considera o processo
iterativo de interação solo-estrutura.

5.2.1. Procedimentos convencionais

Os procedimentos convencionais de cálculo do conjunto fundação-superestrutura consideram


as hipóteses de apoios indeslocáveis e de Winkler. A Figura 5.2 apresenta o fluxograma de
cálculo pelos procedimentos convencionais.

A. C. SILVA Capítulo 5
D0192G18: Interação Solo-Estrutura no Projeto de Edifícios Altos 77

Figura 5.2 — Fluxograma dos procedimentos convencionais de cálculo.

onde: m é o número de apoios e j é o número do apoio em questão.

Os dados de entrada da superestrutura foram os mesmos em todos os procedimentos de


cálculo adotados. No procedimento que considera os apoios indeslocáveis, processou-se a
superestrutura, resultando em reações de apoio que foram utilizadas como cargas sobre os
elementos de fundação para cálculo dos recalques correspondentes a cada pilar. Nesta
metodologia, não há processo iterativo para determinar novas cargas e recalques.

No procedimento que utiliza a hipótese de Winkler, a análise também é efetuada sem


processo iterativo. A fundação é simulada por meio de elementos de mola, sem a
consideração da interação dos elementos de fundação com o meio contínuo. Dessa forma,
processa-se a estrutura com apoios elásticos, pela imposição de coeficientes de mola na base
dos pilares, sendo obtidas reações de apoio, e da análise da fundação, os recalques sob os
pilares.

5.2.2. Interação solo-estrutura

A análise de interação solo-estrutura dos casos hipotéticos de edificações foi realizada por
meio de um procedimento iterativo de obtenção das reações de apoio na superestrutura e de
recalques na fundação. Estes foram compatibilizados com a superestrutura por meio da

A. C. SILVA Capítulo 5
78 D0192G18: Interação Solo-Estrutura no Projeto de Edifícios Altos

flexibilização dos apoios. A Figura 5.3 apresenta um fluxograma descrevendo o procedimento


de simulação da ISE.

Figura 5.3 — Fluxograma do procedimento de ISE.

onde: i é o número da iteração (De 1 até 6).

Da análise da superestrutura, com apoios indeslocáveis, foram obtidas as reações de apoio


(P0,j) para todos os pilares, que foram usadas como cargas no cálculo da fundação. Além das
cargas dos pilares, as propriedades e geometria da fundação foram dados de entrada no
cálculo da fundação.

O resultado obtido da análise da fundação, considerando as interações entre as partes da


mesma, foram os recalques dos elementos de fundação. A variável recalque foi escolhida
para o teste de convergência, ao invés das cargas verticais e rigidezes dos apoios, porque os
projetistas de fundações possuem maior conhecimento de sua ordem de grandeza em relação
às demais, o que facilita a definição de um limite admissível.

A. C. SILVA Capítulo 5
D0192G18: Interação Solo-Estrutura no Projeto de Edifícios Altos 79

Os coeficientes de rigidez (k1,j) foram obtidos como a razão entre as cargas verticais, da
superestrutura, e os recalques, de cada pilar. Ressalta-se que tais coeficientes foram
utilizados nos nós da base dos pilares em que se processa a estrutura novamente, de forma
a obter novas reações de apoio verticais, que são as novas cargas verticais atuantes nos
elementos de fundação.

Com as novas cargas verticais sobre os elementos de fundação, calcularam-se os novos


recalques, e verificou-se se a variação entre os recalques do segundo (w2,j) e do primeiro (w1,j)
passo eram menores que o limite (Lim), para todos os apoios, por meio da Equação (5.1); se
sim, adotaram-se as cargas verticais e recalques obtidos; se não, continuava-se o processo
iterativo até a obtenção do limite admissível. Destaca-se que o teste de convergência foi usado
para avaliar a convergência dos resultados. Todavia, independentemente da convergência,
realizou-se o processamento da edificação 6 vezes para melhor comparação dos resultados,
sendo o sexto processamento (5ª iteração) considerada como a análise de ISE.

w i , j  w i 1, j
| | Lim (5.1)
w i 1, j

5.3. PROGRAMAS UTILIZADOS

Foram utilizados neste trabalho para obtenção dos resultados os programas CAD/TQS,
desenvolvido pela empresa TQS Informática ltda (1986), e GARP, desenvolvido por Poulos
(1994) e aperfeiçoado por Small e Poulos (2007). O primeiro avaliou a superestrutura e o
conjunto solo-estrutura utilizando o modelo de Winkler. O segundo calculou a fundação por
meio de uma metodologia híbrida, que combina o MEF, usado na análise do radier, com as
soluções analíticas da teoria da elasticidade para o solo e estacas.

5.3.1. CAD/TQS

A modelagem da superestrutura dos edifícios em análise foi realizada no software comercial


CAD/TQS, baseada em plantas de arquitetura definida para duas edificações hipotéticas. A
escolha do CAD/TQS dentre os diversos programas comerciais de projeto estrutural em
concreto armado deve-se ao fato de ser o mais difundido no Brasil, por permitir simular as
molas de Winkler e por estar disponível ao uso na Escola de Engenharia Civil e Ambiental da
Universidade Federal de Goiás.

Os dados que devem ser fornecidos ao CAD/TQS são as informações gerais do edifício, o
modelo estrutural do edifício, as definições dos pavimentos, os materiais, os cobrimentos, as

A. C. SILVA Capítulo 5
80 D0192G18: Interação Solo-Estrutura no Projeto de Edifícios Altos

cargas – nestas se incluindo as diversas ações e combinações - e os critérios adotados. As


telas de definição dos dados de entrada do programa são apresentadas no Apêndice A.

O CAD/TQS possui um editor gráfico que é compatível com arquivos de aplicativos em


Computer Aided Design (CAD), como, por exemplo, o AutoCAD (AUTODESK, 1982). Dessa
forma, foram inseridas no programa as plantas baixas hipotéticas criadas no AutoCAD. No
módulo “modelador estrutural” do CAD/TQS, foram definidos os elementos estruturais da
superestrutura, dos pavimentos fundação e tipo. Esse módulo é um banco de dados das
informações de carregamento, geometria e opções de cálculo da superestrutura.

Na análise dos edifícios, foram utilizados os modelos de grelha para a análise dos pavimentos
e de pórtico espacial que avalia o comportamento global da estrutura. O modelo de grelha
discretiza as lajes e vigas do pavimento por grelhas, sendo simulada a plastificação dos apoios
das lajes e vigas. Já no modelo de pórtico espacial, o edifício é analisado de forma global,
onde considera-se a flexibilização das ligações de pilares e vigas (TQS, 2015).

No CAD/TQS, a análise da superestrutura considerando os modelos de grelha e pórtico


espacial é realizada pelos denominados modelos de análise 4 e 6. No modelo 4, as barras
das lajes do modelo de grelha transmitem as reações para as vigas, dessa forma, não entram
na análise global do edifício. No modelo 6, a laje é incorporada na análise global, todavia o
tempo de processamento é maior.

Para escolha do modelo de análise a ser adotado, realizou-se um exemplo teste, no qual
verificou-se que a diferença nos resultados de cargas nos pilares e parâmetros de estabilidade
global entre os modelos 4 e 6 foi menor do que 1%, ao ponto de se poder adotar o modelo 4
na análise dos casos hipotéticos, por demandar menor tempo de processamento.

O processamento da superestrutura foi realizado com diversas combinações de ações, mas


as análises foram desenvolvidas apenas para o caso de carregamento permanente e
acidental. Os dados de saída foram as cargas nos pilares, o deslocamento lateral no topo dos
edifícios e os parâmetros de estabilidade global (α e z). Nos casos em que os parâmetros de
estabilidade foram menores que os valores limites indicados no programa, a superestrutura
foi considerada de nós fixos, dispensando procedimentos de cálculo para considerar os efeitos
de 2ª ordem globais.

5.3.2. GARP

Para analisar o comportamento conjunto dos elementos de fundação, e o solo representado


como meio contínuo, foi utilizado o programa GARP. Esse programa analisa o caso mais

A. C. SILVA Capítulo 5
D0192G18: Interação Solo-Estrutura no Projeto de Edifícios Altos 81

complexo de fundação, em radier estaqueado, mas também permite avaliar os outros tipos de
fundação.

O GARP (SMALL; POULOS, 2007) é considerado um programa de metodologia híbrida por


utilizar diferentes métodos para analisar as partes da fundação. O solo e as estacas são
avaliados pela teoria da elasticidade, incorporando todas as interações que ocorrem na
fundação e o radier é representado por elementos de placa, sendo analisado pelo MEF. As
estacas são representadas por molas que interagem entre si, podendo apresentar
comportamento linear ou não linear. Para considerar a não linearidade da fundação, o
programa permite a variação da rigidez das estacas com o nível de carregamento e a limitação
dos valores máximos de capacidade de carga da estaca e de compressão do solo.

O GARP, em sua análise, pode considerar a heterogeneidade do solo, a limitação de tensão


admissível no contato radier-solo, as estacas com resposta não-linear assumindo curva carga-
recalque hiperbólica, o limite de capacidade de carga de estacas, as estacas com diferentes
propriedades mecânicas, os diferentes tipos de cargas aplicadas, a imposição de pré-
deformações no solo e o radier com formato e alturas variadas.

Os dados de entrada no GARP foram os referentes a fundação – dos elementos de fundação


e do solo - e as cargas obtidas por programa de cálculo estrutural, nesta pesquisa o CAD/TQS.
Dentre os dados de entrada da fundação utilizados pode-se citar: o número de camadas do
solo, a profundidade de cada camada, o módulo de elasticidade e o coeficiente de Poisson do
solo de cada camada, o módulo de elasticidade dos elementos de fundação e outros. Desses
outros dados de entrada, destacam-se os fatores de interação entre estacas e a rigidez
unitária de cada estaca isolada, os quais, dentre diversos métodos, foram determinados pelo
programa DEFPIG (POULOS, 1980).

Os dados de saída do GARP são os esforços e recalques nos diversos elementos da


fundação, mas no processo de interação solo-estrutura apenas os recalques médios dos
elementos carregados são necessários para calcular a rigidez de flexibilização dos apoios da
superestrutura.

5.4. CONSTRUÇÃO DOS CASOS

Nesse tópico é descrita a construção dos casos hipotéticos pela definição das geometrias das
superestruturas e escolha do tipo de fundação adequado à superestrutura definida. Foram
selecionadas duas geometrias de superestrutura e a fundação em radier estaqueado ou
isolado, sendo escolhidas para cada uma, diferentes características da fundação (tipo de solo

A. C. SILVA Capítulo 5
82 D0192G18: Interação Solo-Estrutura no Projeto de Edifícios Altos

e tipo de estacas), resultando em uma configuração final da fundação (número e distribuição


de estacas sobre o radier), definindo assim os casos de análise.

5.4.1. Superestrutura

Baseado no trabalho de Araújo (2009), duas geometrias distintas foram criadas: a primeira
com formato quadrado e a segunda retangular em planta, ambas com 50 pavimentos e pé
direito de 3,2 metros. O primeiro edifício foi escolhido com geometria quadrangular (6x6 linhas
de pilares), apresentando, dessa forma, inércia à flexão semelhante nas duas direções. O
segundo edifício hipotético apresenta geometria retangular (6x14 linhas de pilares), sendo a
inércia à flexão no lado de maior dimensão (Lx) menor do que a do lado de menor dimensão
(Ly).

A altura desses edifícios (H) é igual a 160 m e as dimensões dos edifícios são: Lx=29,8 m e
Ly=28,8 m, para o quadrangular, e Lx=77,8 m e Ly=28,8 m, para o retangular, dessa forma, é
possível calcular os índices de esbeltez de corpo rígido (x,y) nas direções x e y para ambos
edifícios, por meio da Equação (3.1). O primeiro edifício apresentou x= 5,37 e y= 5,56, sendo
classificado como de média esbeltez em ambas as direções, e o segundo edifício apresentou
x= 2,06 e y= 5,56, respectivamente, correspondente à baixa e média esbeltez.

Definidas as geometrias iniciais, realizou-se um pré-dimensionamento dos pilares


considerando a hipótese de charneiras plásticas, pelo método da carga concentrada, com um
carregamento adotado de 12 kN/m² por piso, limite superior para edifícios usuais, baseado
em Gionco (2007).

Adotaram-se para a estrutura, concreto com resistência característica a compressão (fck) de


40 MPa, taxa de aço (s) de 2,5%, módulo de elasticidade do aço igual a 210 GPa, coeficiente
de majoração dos esforços e minoração da resistência igual a 1,4. Além disso, consideraram-
se o diagrama parábola-retângulo para o concreto, onde a tensão de pico corresponde a
0,85.fcd, e a resistência do aço calculada para a deformação de 2‰. Com esses parâmetros,
foi possível calcular as dimensões dos pilares dos edifícios, por meio da Equação (5.2). Foi
utilizado no programa estrutural a maior dimensão obtida para cada tipo de pilar (canto,
extremidade e interno). Por serem todos maiores que 0,19 m, atenderam a prescrição da NBR
6118 (ABNT, 2014).

Nd (5.2)
AC 
0.85  fcd  s s

A. C. SILVA Capítulo 5
D0192G18: Interação Solo-Estrutura no Projeto de Edifícios Altos 83

onde,

fcd é a resistência a compressão de cálculo do concreto;

Nd é a carga de cálculo atuante sobre o pilar;

s é a resistência do aço; e

AC é a área do pilar resultante do pré-dimensionamento.

Após o pré-dimensionamento, utilizou-se o programa CAD/TQS para processar os edifícios


hipotéticos definidos. Para estes foram escolhidas lajes maciças com espessura de 12 cm,
sendo utilizado o carregamento padrão APART1 dado no programa, correspondente a
sala/cozinha/dormitório, em que as cargas permanentes e acidentais distribuídas por área,
respectivamente, são iguais a 1,0 kN/m² e 1,5 kN/m². Essas propriedades são as mesmas
para todos os pavimentos tipo, sendo que no pavimento fundação não existe laje.

As vigas foram escolhidas com largura de 20 cm e altura de 50 cm, sendo o carregamento


sobre as vigas correspondente a alvenaria em blocos de concreto de 19 cm, utilizando o
carregamento padrão BLOCO19, em que a carga permanente é 3,2 kN/m e a altura da parede
igual a 2,7 m, compatível com o pé direito e altura da viga. As vigas baldrames do pavimento
fundação apresentaram as mesmas propriedades que as do pavimento tipo.

Após definição de todos os dados dos edifícios, efetuaram-se os processamentos,


considerando o caso de carregamento com todas as cargas permanentes e acidentais. Com
o processamento global dos edifícios hipotéticos, foram observados elevados valores de
parâmetros de estabilidade global, com valores de z superiores a 1,1. Visando obter
estruturas com parâmetro z menor do que 1,1, fizeram-se as seguintes alterações nos
edifícios hipotéticos:

 Aumento nas dimensões dos pilares;

 Aumento da altura e da largura das vigas, respectivamente, para 70 cm (alterando


altura de parede para 2,5 m) e 30 cm; e

 Enrijecimento dos pilares centrais, com adoção de formatos em U e L, sendo os pilares


em U utilizados para simular a caixa de elevador dos edifícios.

Com as alterações efetuadas, foram obtidas as plantas dos edifícios hipotéticos que estão
apresentadas na Figura 5.4 e na Figura 5.5. Essas plantas foram processadas no CAD/TQS,
onde foram obtidos parâmetros z menores que 1,1. Em ambos edifícios, os pilares nascem

A. C. SILVA Capítulo 5
84 D0192G18: Interação Solo-Estrutura no Projeto de Edifícios Altos

no pavimento fundação e morrem no último pavimento tipo com seção constante. As seções
transversais dos pilares estudados são apresentadas na Figura 5.6. Destaca-se que para
todos os casos, as análises foram realizadas considerando a combinação que considera
carregamento permanente e cargas acidentais.

Figura 5.4 — Edifício hipotético Q de geometria quadrada em planta (cm).

A. C. SILVA Capítulo 5
D0192G18: Interação Solo-Estrutura no Projeto de Edifícios Altos 85

Figura 5.5 — Edifício hipotético R de geometria retangular em planta (cm).

A. C. SILVA Capítulo 5
86 D0192G18: Interação Solo-Estrutura no Projeto de Edifícios Altos

Figura 5.6 — Seção transversal de pilares utilizados na configuração final dos edifícios retangular (cm).

Pilares equivalentes:
P31=P17=P18=P19=P20=P21=P22=P32=P33=P34=P35=P36=P39=P41=P42=P45=P46=P49
=P59=P60=P61=P62=P63=P64; P51=P15=P23=P29=P30=P38=P50=P58;
P66=P4=P5=P6=P7=P2=P8=P9=P10=P11=P12=P13=P14=P67=P68=P69=P70=P71=P72=P73=P74=P75=P76
=P77; P65=P1=P3=P78; P52=P16=P24=P25=P26=P27=P28=P53=P54=P55=P56=P57;
P37=P40=P43=P44=P47=P48.

5.4.2. Fundação

Na definição da fundação, primeiramente, adotou-se o perfil do terreno com base nos


resultados de sondagens pelo Standard Penetration Test (SPT), em terreno real da cidade de
Goiânia/GO, que estão presentes no Anexo C. Por meio dessas sondagens, calculou-se a
média dos valores de NSPT ao longo da profundidade dos 4 furos, conforme apresentado na
Tabela 5.1.

O máximo valor de NSPT considerado nos cálculos foi igual a 40, ou seja, quando o valor do
NSPT nas sondagens foi superior a 40, o valor adotado foi 40. Considerou-se o impenetrável
na profundidade de 38 m, sendo que nas profundidades onde não se realizou o SPT, adotou-
se NSPT igual a 40, já que se supôs serem camadas mais resistentes.

Consideraram-se dois casos, no primeiro, uma fundação superficial foi apoiada na cota de
- 3 m, onde o solo abaixo possui baixos valores de NSPT, sendo denominado de solo fraco
(FA). No outro caso, a fundação superficial foi apoiada na cota -10 m, similar a um solo que
sofreu escavação, onde o solo subjacente apresenta valores de NSPT mais elevados,
denominando-se o solo, assim, de forte (FO).

A. C. SILVA Capítulo 5
D0192G18: Interação Solo-Estrutura no Projeto de Edifícios Altos 87

Tabela 5.1 — Média do NSPT dos furos ao longo da profundidade do terreno adotado.

NSPT
Profundidade 1ºFuro 2ºFuro 3ºFuro 4ºFuro Média
-1 - - - - -
-2 2 2 2 2 2
-3 4 2 3 3 3
-4 7 4 4 4 5
-5 11 6 2 3 6
-6 8 12 4 4 7
-7 9 12 3 6 8
-8 19 10 10 7 12
-9 23 11 12 12 15
-10 18 17 13 27 19
-11 19 20 17 25 20
-12 27 17 21 25 23
-13 28 13 17 25 21
-14 31 21 21 26 25
-15 40 18 19 24 25
-16 37 18 26 35 29
-17 36 20 28 26 28
-18 30 22 25 38 29
-19 25 25 37 37 31
-20 40 33 27 38 35
-21 39 40 30 29 35
-22 40 27 31 40 35
-23 40 23 40 40 36
-24 40 24 40 40 36
-25 40 26 40 40 37
-26 40 32 40 40 38
-32 40 40 40 40 40
-38 40 40 40 40 40

Calculou-se a carga estrutural das estacas para os diâmetros de 60 e 140 cm. Para isso,
multiplicou-se a área da seção transversal (AP) das estacas pela tensão máxima no concreto,
de 6 MPa, valor limite estabelecido pela NBR 6122 (ABNT, 2010) para projeto em estacas
hélice, no qual não é necessário armar, obtendo assim, as cargas limites de projeto das
estacas (PPROJ,E), que são apresentadas na Tabela 5.2.

Tabela 5.2 — Resistência Estrutural das Estacas

Diâmetro (cm) 60 140


AP (m²) 0,2826 1,5386
PPROJ,E (kN) 1695,6 9231,6

Assumiu-se que as estacas utilizadas fossem hélice contínua, que apresentam os coeficientes
de ponta e atrito, respectivamente, iguais a 0,3 e 1. Seguindo o procedimento empírico de
Decourt e Quaresma (1978) modificado por Décourt (1996), determinaram-se para cada
diâmetro de estaca os parâmetros Nb e N’.

A. C. SILVA Capítulo 5
88 D0192G18: Interação Solo-Estrutura no Projeto de Edifícios Altos

No perfil de solo, a descrição do mesmo nas camadas abaixo de -7 m de profundidade era de


um silte arenoso. Como a região da ponta das estacas está em profundidades abaixo dos -7
m, tanto para o solo fraco quanto para o forte, o valor de K’ foi igual 250 kPa.

Foram calculadas as resistências laterais (rL) e de ponta (rP) das estacas avaliadas, para um
comprimento arbitrário das estacas. Com as resistências determinadas, calculou-se a carga
última nas estacas pela soma das parcelas de ponta e de atrito, que foram multiplicadas,
respectivamente, pelos coeficientes de ponta e atrito. As Tabela 5.3 e Tabela 5.4 apresentam
um resumo dos parâmetros calculados, respectivamente, para o solo fraco e o solo forte.
Destaca-se que, no cálculo do solo forte, foram buscados valores de capacidade de carga do
solo (Pu) próximos aos obtidos para o solo fraco, resultando em menores comprimentos de
estacas para os diâmetros avaliados.

Tabela 5.3 — Resistência Lateral e de Ponta de solo fraco.

Diâmetro (cm) 60 140


Nb 20 22
N' 35 37
K' (kPa) 250 250
rL (kPa) 75,44 83,08
rP (kPa) 8729,17 9208,33
AP (m²) 0,28 1,54
L (m) 18 21
AL (m²) 33,912 92,316
PL (kN) 2558,36 7669,92
PP (kN) 740,06 4250,38
Pu (kN) 3298,42 11920,30

Tabela 5.4 — Resistência Lateral e de Ponta de solo forte.

Diâmetro
60 140
(cm)
Nb 28 28
N' 36 37
K' (kPa) 250 250
rL (kPa) 102,57 104,62
rP (kPa) 9020,83 9208,33
AP (m²) 0,28 1,54
L (m) 13 14
AL (m²) 24,492 61,544
PL (kN) 2512,13 6438,45
PP (kN) 764,79 4250,38
Pu (kN) 3276,92 10688,83

Com as parcelas de ponta e de atrito definidas, adotou-se o critério de projeto apresentado


por Décourt (1996), que define a carga de projeto do solo (PPROJ,S), igual ao menor valor obtido

A. C. SILVA Capítulo 5
D0192G18: Interação Solo-Estrutura no Projeto de Edifícios Altos 89

pelas Equações (5.3) e (5.4). A planilha foi atualizada para que a carga de projeto do solo
fosse menor que a carga estrutural das estacas, com a finalidade de evitar a ruptura das
estacas. Para isso alterou-se o comprimento das estacas até que fosse obtido o valor de carga
de projeto do solo que fosse menor ou igual a carga estrutural das estacas, com intuito de
aproveitar ao máximo a capacidade de carga do solo.

PP  PL
PPROJS,1  (5.3)
2
PP PL
PPROJS,2   (5.4)
4 1, 3

Por questões executivas, as estacas em geral não conseguem avançar profundidades com
NSPT maior que 40. Dessa forma, observou-se que, para o solo fraco, nas estacas com
diâmetros de 140 cm, o comprimento máximo da estaca foi de 21 m e, para o solo forte, com
estacas de 140 cm de diâmetro, o comprimento máximo das estacas foi igual a 14 m. Em
ambos os casos, a capacidade de carga do solo não se aproximou da resistência estrutural
das estacas. As Tabela 5.5 e Tabela 5.6 apresentam um resumo com as cargas de projeto
obtidas para as estacas, respectivamente, para o solo fraco e o forte.

Tabela 5.5 — Critério para definição das cargas de projeto para solo fraco.

Diâmetro (cm) 60 140


PPROJS,1 (kN) 1649,21 5960,15
PPROJS,2 (kN) 2152,98 6962,53
PPROJ,E (kN) 1695,6 9231,6
PPROJ (kN) 1649,21 5960,15

Tabela 5.6 — Critério para definição das cargas de projeto para solo forte.

Diâmetro (cm) 60 140


PPROJS,1 (kN) 1638,46 5344,42
PPROJS,2 (kN) 2123,60 6015,25
PPROJ,E (kN) 1695,6 9231,6
PPROJ (kN) 1638,46 5344,42

Inicialmente, considerou-se a fundação do tipo blocos sobre estacas. Com as cargas de


projeto das estacas e as cargas nos pilares, obtidas do programa CAD/TQS para o edifício
quadrangular, e fundação em solo fraco, verificou-se o número de estacas necessário para
cada bloco de fundação. O espaçamento relativo (s/d) adotado entre as estacas foi de 3 e 2,5,
para estacas com o diâmetro de 60 cm e 140 cm, respectivamente. Em ambas as situações,
observaram-se a sobreposição de blocos e a interferência entre estacas em toda a fundação.
Assim, optou-se pela utilização da fundação em radier estaqueado.

A. C. SILVA Capítulo 5
90 D0192G18: Interação Solo-Estrutura no Projeto de Edifícios Altos

Por meio da média dos valores de NSPT, estimou-se o módulo de elasticidade das camadas
pela Equação (5.5), sendo escolhido o valor de 3,5 por estar entre 3 e 4, que é a sugestão
utilizada por Araújo (2009). Com o valor do módulo de elasticidade das camadas e as
dimensões hipotéticas de estacas de 60 cm e 140 cm, elaborou-se um esquema meramente
ilustrativo do perfil de solo e dos tipos de estacas calculadas, que é apresentado na Figura
5.7, para solo fraco e forte.

E(MPa )  3, 5  NSPT (5.5)

Figura 5.7 — Esquema ilustrativo do perfil de solo e as estacas calculadas, para fundação sobre solo fraco (FA)
e forte (FO).

Após a definição das características dos solos e estacas, foram obtidos os fatores de interação
e a rigidez das estacas, por meio do programa DEFPIG (POULOS, 1980), para uso no

A. C. SILVA Capítulo 5
D0192G18: Interação Solo-Estrutura no Projeto de Edifícios Altos 91

programa GARP. Para o solo fraco, a rigidez unitária foi igual a 380038,8 kN/m e 991394,7
kN/m, respectivamente, para os diâmetros de 60 e 140 cm, e na Figura 5.8 (a) são
apresentados os fatores de interação (e) para cada espaçamento relativo (s/d). Já para o
solo forte, a rigidez unitária foi igual a 490607,3 kN/m e 1007181,2 kN/m, respectivamente,
para os diâmetros de 60 cm e 140 cm, e os fatores de interação obtidos são apresentados na
Figura 5.8 (b).

Figura 5.8 — Fatores de interação (e) x espaçamento relativo (s/d) para os diâmetros de 60 cm e 140 cm.

(a) Solo Fraco. (b) Solo Forte.

Para definição da configuração final da fundação em radier estaqueado foi necessário obter
o número de estacas, alcançado pelos seguintes passos:

 Calculou-se a média dos valores de NSPT,m de 3 m abaixo do radier, por meio da Tabela
5.1;

 Com o valor de NSPT,m determinado, calculou-se a tensão de projeto sobre o radier


(PROJ) por meio da Equação (5.6), onde o valor 5 é utilizado tipicamente no estado de
Goiás para solo argiloso;

NSPT ,m
PROJ  (5.6)
5

 Considerou a tensão última sobre o radier como sendo igual a 3 vezes a tensão de
projeto sobre o radier;

 Estudou-se as possíveis alternativas e, para o espaçamento relativo (s/d) adotado, foi


considerado uma área de radier para englobar todos os pilares em questão;

 Em seguida, foi calculada a carga última sobre o radier isolado, pelo produto da tensão
última pela área do radier isolado;

 Pela soma das cargas sobre os pilares, determinou-se a carga total atuante sobre a
fundação advinda da superestrutura;

A. C. SILVA Capítulo 5
92 D0192G18: Interação Solo-Estrutura no Projeto de Edifícios Altos

 Considerou-se que a soma da carga última das estacas e do radier serviria para
suplantar 2,5 vezes a carga atuante na fundação;

 Após determinada a carga total sobre a fundação e sobre o radier, calculou-se por
simples subtração a carga última das estacas da fundação;

 Por meio da razão entre a carga atuante sobre as estacas e a carga última sobre as
estacas isoladas, determinou-se o número mínimo necessário de estacas, para os
casos analisados; e

 Com o número de estacas efetuou-se a distribuição das estacas sobre o radier nos
casos avaliados. Para essa distribuição obtida, a área do radier é modificada devido
ao desconto da área das estacas. Então, repete-se o cálculo, com a nova área obtida,
até que o número de estacas não se altere.

Adotou-se uma nomenclatura padrão para os casos analisados. Nessa nomenclatura, a


primeira letra refere-se à geometria dos edifícios, que pode ser quadrangular ou retangular,
abreviados, respectivamente, pelas letras Q e R. A segunda e terceira letras referem-se ao
tipo de solo, que pode ser fraco (FA) ou forte (FO). Por fim, a numeração indica a presença
de estacas, que podem apresentar diâmetro de 60 cm ou 140 cm.

A Tabela 5.7 apresenta um resumo dos casos analisados, definidos pelo cálculo do número
de estacas, juntamente com a distribuição das estacas sobre os radiers de espessura de 3 m.
Destaca-se que no caso QFO, pelo cálculo estrutural da fundação não houve a necessidade
de estacas, ou seja, trata-se de um radier isolado.

Tabela 5.7 — Resumo dos casos analisados.

Diâmetro N° Comprimento
Casos Nome Edifício Solo H* x V** s/d
(cm) Estacas (m)
1 QFA60 Q FA 60 300 18x18 18 3
2 QFA140 Q FA 140 84 10x10 21 3
3 QFO Q FO - 0 - - -
4 RFA60 R FA 60 794 45x18 13 2,5
5 RFA140 R FA 140 220 22x10 14 2,5
6 RFO60 R FO 60 75 15x5 13 2,5
7 RFO140 R FO 140 27 9x3 14 2,5

*H é número de estacas na linha horizontal.

**V é número de estacas na linha vertical.

Definiu-se para as configurações dos casos avaliados as malhas a serem utilizadas no


programa GARP, que podem ser observadas da Figura 5.9 até a Figura 5.15. As malhas foram

A. C. SILVA Capítulo 5
D0192G18: Interação Solo-Estrutura no Projeto de Edifícios Altos 93

definidas por meio de linhas faceando os pilares, para aplicação das tensões uniformes de
cada pilar, e linhas passando pelo eixo das estacas, para que estas pudessem ser inseridas.
Devido a limitação de processamento do programa GARP, de 75 x 75 linhas ou equivalente
ao produto, as malhas não puderam ser mais refinadas. Para o caso QFO, a malha utilizada
foi a mesma do caso QFA60.

Figura 5.9 — Malha resultante de pilares e estacas do caso QFA60 (cm).

A. C. SILVA Capítulo 5
94 D0192G18: Interação Solo-Estrutura no Projeto de Edifícios Altos

Figura 5.10 — Malha resultante de pilares e estacas do caso QFA140 (cm).

A. C. SILVA Capítulo 5
D0192G18: Interação Solo-Estrutura no Projeto de Edifícios Altos 95

Figura 5.11 — Malha resultante de pilares e estacas do caso QFO (cm).

A. C. SILVA Capítulo 5
96 D0192G18: Interação Solo-Estrutura no Projeto de Edifícios Altos

Figura 5.12 — Malha resultante de pilares e estacas do caso RFA60 (cm).

A. C. SILVA Capítulo 5
D0192G18: Interação Solo-Estrutura no Projeto de Edifícios Altos 97

Figura 5.13 — Malha resultante de pilares e estacas do caso RFA140 (cm).

A. C. SILVA Capítulo 5
98 D0192G18: Interação Solo-Estrutura no Projeto de Edifícios Altos

Figura 5.14 — Malha resultante de pilares e estacas do caso RFO60 (cm).

A. C. SILVA Capítulo 5
D0192G18: Interação Solo-Estrutura no Projeto de Edifícios Altos 99

Figura 5.15 — Malha resultante de pilares e estacas do caso RFO140 (cm).

A. C. SILVA Capítulo 5
100 D0192G18: Interação Solo-Estrutura no Projeto de Edifícios Altos

5.5. ANÁLISES ADICIONAIS

Além dos casos analisados pela interação solo-estrutura, foram realizadas as seguintes
análises adicionais: (i) a avaliação da consideração do momento fletor dos pilares, (ii) a
adoção de um coeficiente de mola na base dos pilares para simular a deformabilidade do solo,
de forma similar ao praticado por vários projetistas estruturais, e (iii) a consideração da rigidez
dos pilares no cálculo dos recalques da fundação.

5.5.1. Consideração do momento fletor dos pilares

Nessa análise, para o caso QFA60, foram considerados os momentos fletores nas direções
de X e Y e as cargas verticais que atuam nos pilares no nível da fundação considerando a
atuação apenas do peso próprio e cargas acidentais (sem vento), obtidos pelo programa
CAD/TQS com a finalidade de comparar com a análise que considera apenas as cargas
verticais nos pilares.

No GARP os momentos são inseridos nos nós, dessa forma, escolheram-se alguns nós nas
posições dos pilares e aplicou-se o momento correspondente a divisão do momento total no
pilar pelo número de nós selecionados. Após o processamento da fundação no programa
GARP, são obtidos deslocamentos nos nós e com os recalques obtidos, comparou-se os
resultados da análise que considera os momentos fletores sobre os pilares em relação à que
não considera, com e sem interação.

5.5.2. Coeficientes de mola

Dois métodos de previsão utilizando o coeficiente de mola foram avaliados para verificar a
eficácia na obtenção de resultados compatíveis com a interação, para isto, utilizou-se o caso
de edifício QFA60. A escolha dos coeficientes de mola foi realizada por meio de previsões,
determinadas em função das propriedades do solo de fundação.

A primeira previsão, equivalente a hipótese de Winkler, utilizou a faixa de valores de módulo


de reação vertical do solo (kv) correspondente a uma areia siltosa medianamente compacta,
apresentada na Tabela 5.8 por Bowles (1996). Como a tensão aplicada sobre a fundação foi
em torno de 500 kPa, utilizou-se o valor médio correspondente à faixa de tensão de q00
kPa, que é igual a 36000 kN/m³. Para determinar o coeficiente de mola, foi necessário
multiplicar o módulo de reação do solo pela área da fundação e assim inserir na base dos
pilares do programa TQS o valor obtido.

A. C. SILVA Capítulo 5
D0192G18: Interação Solo-Estrutura no Projeto de Edifícios Altos 101

Tabela 5.8 — Faixa de valores do módulo de reação do subleito kv (modificado de BOWLES, 1996).

Solo kv (kN/m³)
Areia fofa 4800-16000
Areia medianamente compacta 9600-80000
Areia compacta 64000-128000
Areia argilosa medianamente compacta 32000-80000
Areia siltosa medianamente compacta 24000-48000
Solo Argiloso:
q200 kPa 12000-24000
q00 kPa 24000-48000
q200 kPa > 48000

A segunda previsão adotada na estimativa do coeficiente de mola foi o cálculo do recalque


médio da fundação, em radier estaqueado, por meio do método simplificado de Randolph
(1983, 1994), com a aproximação de Clancy e Randolph (1993). Destaca-se que para
obtenção desse valor, foi necessário a estimativa do recalque médio do radier por Fadum
(1948) e o recalque médio do grupo de estacas, por meio do cálculo do recalque de uma
estaca isolada (Equação (5.7)) e da previsão empírica de estimativa do recalque de um grupo,
sugerido por Fleming et al. (1985), dado na Equação.(5.8).

P  I 0  RK  R h  R 
w1  (5.7)
Es  d

w pg  w1  ne u (5.8)

onde

I0 é o fator de influência dos recalques para uma estaca incompressível em uma massa semi-
infinita;

w1 é o recalque na cabeça da estaca isolada;

RK é o fator de correção para compressibilidade da estaca;

Rh é o fator de correção para profundidade da camada finita sobre uma base rígida;

R é o fator de correção para o coeficiente de Poisson;

ne é o número de estacas;

u fator que varia de 0,4 à 0,6, comumente adotado como igual a 0,5.

A. C. SILVA Capítulo 5
102 D0192G18: Interação Solo-Estrutura no Projeto de Edifícios Altos

Com o recalque médio do radier estaqueado obteve-se o coeficiente de mola (Km) pela divisão
das cargas de cada pilar, advindas do primeiro processamento do edifício no CAD/TQS, pelo
recalque médio da fundação calculado. Dessa forma, cada pilar apresentou um coeficiente de
mola diferente, proporcional a carga absorvida. Inseriu-se o Km na base dos pilares,
processou-se a superestrutura e foram obtidas novas cargas.

5.5.3. Rigidez dos pilares

Por fim, para o caso QFA60, visando simular, de forma simplificada, a rigidez dos pilares no
cálculo dos recalques, aumentou-se a espessura do radier nas posições correspondentes às
áreas dos pilares. O aumento da espessura foi de 3 m para 163 m, de forma que os pilares
possuíssem 160 m, o que corresponde a 50 pavimentos, e de 3 m para 19 m, com pilares de
16 m de altura, correspondente a 5 pavimentos.

A consideração de altura equivalente a 5 pavimentos deve-se ao fato de que o efeito da


interação solo-estrutura é significativo nos primeiros 5 pavimentos. Dessa forma, foi possível
comparar os resultados de recalques para verificar eventual diferença entre as duas análises
(5 e 50 pavimentos). A Figura 5.16 apresenta a tela do programa onde aumentou-se a
espessura do radier, na posição dos pilares, para a altura correspondente a 5 pavimentos.

Figura 5.16 — Consideração de rigidez dos pilares com aumento de altura do radier, na posição dos pilares,
correspondente a 5 pavimentos.

A. C. SILVA Capítulo 5
D0192G18: Interação Solo-Estrutura no Projeto de Edifícios Altos 103

Como os recalques calculados considerando de forma aproximada a rigidez dos pilares com
5 e 50 pavimentos foram praticamente iguais, conforme apresentado no tópico 6.3.3, os
demais casos foram analisados com a rigidez dos pilares correspondente a 5 pavimentos.
Além do caso QFA60, foram avaliados os casos QFO, RFA60 e RFO60. Essa análise foi feita
sem a realização de processo iterativo, ou seja, em apenas um processamento, já que o
método visa considerar de forma simplificada a interação solo-estrutura.

A. C. SILVA Capítulo 5
CAPÍTULO 6
RESULTADOS E DISCUSSÕES

Este capítulo aborda os resultados da pesquisa, que compara o desempenho de edificações


hipotéticas obtido pelo método com a hipótese de ISE e pelo método de apoios indeslocáveis.
Avaliou-se também a utilização da hipótese de Winkler, a consideração da rigidez dos pilares
no cálculo dos recalques, e a influência dos momentos fletores nas bases dos pilares.

6.1. EDIFÍCIO QUADRANGULAR

Os resultados obtidos pelo cálculo do edifício quadrangular são os recalques, distorções


angulares, reações de apoio, cargas nas estacas, momentos na fundação, parâmetros AR e
DR, parâmetros de estabilidade global, deslocamentos laterais no topo do edifício e esforços
na superestrutura. Para o edifício quadrangular são considerados os casos QFA60, QFA140
e QFO.

6.1.1. Recalques

Escolheram-se os pilares P1, P3 e P17, respectivamente, de canto, de extremidade e interno


para analisar a variação dos recalques com o processo iterativo, nos casos QFA60, QFA140
e QFO, respectivamente, nas Figura 6.1,Figura 6.2 e Figura 6.3. Destaca-se que as variações
de recalques (V) a cada iteração foram obtidas por meio da Equação (6.1).

w (6.1)
V
w0

onde, w é a diferença entre o recalque da iteração atual e a anterior; e w0 é o recalque obtido


sem a iteração.

Em todos os casos analisados, observou-se que as curvas de variação de recalques dos


pilares P1, P3 e P17 convergem para 0, ou seja, com a iteração a variação de recalque tende
a diminuir. O pilar interno P17, apresentou valores negativos porque o recalque diminuiu com
as iterações. Por outro lado, o pilar de canto apresentou valores positivos devido ao aumento
dos recalques com as iterações. Por fim, o pilar de extremidade (P3), apresentou um
comportamento intermediário, de aumento e redução de recalques até a convergência.

A. C. SILVA
106 D0192G18: Interação Solo-Estrutura no Projeto de Edifícios Altos

Figura 6.1 – Variação dos recalques com o número de iterações para o caso QFA60.

Figura 6.2 – Variação dos recalques com o número de iterações para o caso QFA140.

Figura 6.3 – Variação dos recalques com o número de iterações para o caso QFO.

A. C. SILVA Capítulo 6
D0192G18: Interação Solo-Estrutura no Projeto de Edifícios Altos 107

Na planta do edifício, apresentada na Figura 5.4, foram selecionados os pilares P23, P24,
P27, P28, P25 e P26, obtidos do corte AA. Para observar o efeito da interação, foram
computados os recalques desses pilares, e construídas bacias de recalques, que são
apresentadas nas Figura 6.4, Figura 6.5 e Figura 6.6, respectivamente, para os casos QFA60,
QFA140 e QFO.

Notou-se que, após a primeira iteração, houve uma significativa redução nos recalques em
todos os casos. A partir da segunda iteração, essa variação não é tão expressiva. Observou-
se a redução dos recalques com o número de iterações, com uma taxa decrescente de uma
iteração para outra, tanto, que as curvas da 4ª e 5ª iterações praticamente se sobrepõem.

Na Figura 6.5, os pilares extremos (P23 e P26) apresentaram aumento de recalques,


enquanto os pilares internos (P24, P27, P28 e P25) apresentaram redução de recalques com
o número de iterações, o que condiz com o comportamento previsto por Gusmão (1990, 1994).
Na Figura 6.4 e na Figura 6.6, observou-se um comportamento distinto, onde os pilares de
extremidade (P23 e P26), sem interação não apresentaram os menores valores de recalques.

Figura 6.4 — Bacia de recalques obtida de corte horizontal para o caso QFA60.

A. C. SILVA Capítulo 6
108 D0192G18: Interação Solo-Estrutura no Projeto de Edifícios Altos

Figura 6.5 — Bacia de recalques obtida de corte horizontal para o caso QFA140.

Figura 6.6 — Bacia de recalques obtida de corte horizontal para o caso QFO.

A Figura 6.7 compara os recalques dos pilares do corte AA (Figura 5.4) para os três casos
analisados. Os maiores recalques foram obtidos, sequencialmente, para o edifício com solo
forte e sem estacas (QFO), solo fraco com estacas de 140 cm de diâmetro (QFA140) e solo
fraco com estacas de 60 cm de diâmetro (QFA60), nas análises com e sem interação solo-
estrutura. Como a carga total aplicada ao edifício é a mesma, menores valores de recalques,
são resultantes de uma maior rigidez final da fundação.

Os resultados demonstraram que, em uma fundação em radier isolado, mesmo que o solo
seja “forte”, onde espera-se menores recalques em relação a um solo “fraco”, os recalques
foram maiores que a fundação em radier estaqueado, o que mostra a grande capacidade das
estacas atuarem como elementos redutores de recalque. O fato dos recalques do caso QFA60
serem menores que os do QFA140, é devido a maior rigidez da fundação daquele caso.

A. C. SILVA Capítulo 6
D0192G18: Interação Solo-Estrutura no Projeto de Edifícios Altos 109

Figura 6.7 — Comparação das bacias de recalques de corte horizontal dos casos analisados.

Observou-se o efeito de suavização da deformada de recalques, devido a interação solo-


estrutura, em todos os casos analisados. Ainda, constatou-se em todos os casos, que o
formato das curvas é semelhante, nas análises com e sem interação solo-estrutura, o que
evidencia que as alterações na fundação influenciaram apenas na magnitude dos recalques.

6.1.2. Distorção angular

Considerou-se o valor de distorção angular de 1/500 sugerido para uso em projeto por
Skempton e MacDonald (1956). Adotou-se também o valor de distorção angular de 1/700 para
análise dos resultados.

Na Figura 6.8, as distorções angulares das duplas de pilares P28/P32, P27/P31, P5/P10 e
P4/P9, obtidas sem interação para o caso QFA60, ficaram no intervalo de 1/500 e 1/700.
Quando considerou a interação, todas as distorções angulares foram inferiores a 1/1000.

Os maiores valores de distorções angulares para o caso QFA140 são apresentados na Figura
6.9. A maioria das duplas de pilares analisadas sem interação apresentaram distorções
angulares próximas a 1/500. Considerando a interação, com exceção das duplas de pilares
P5/P10 e P4/P9, que apresentaram valores superiores a 1/700, as distorções angulares
situaram na faixa de 1/1000 a 1/700.

As maiores distorções angulares para o caso QFO são apresentadas na Figura 6.10. As
distorções angulares do cálculo sem a interação das duplas de pilares P2/P16 e P27/P31,
apresentaram valores na faixa 1/700 e 1/500, enquanto nas demais duplas esses valores
foram superiores a 1/500. Considerando a interação, as duplas de pilares apresentaram
distorções angulares na faixa de 1/1000 a 1/700.

A. C. SILVA Capítulo 6
110 D0192G18: Interação Solo-Estrutura no Projeto de Edifícios Altos

Figura 6.8 — Maiores distorções angulares obtidas com e sem interação para o caso QFA60.

1/666

Figura 6.9 — Maiores distorções angulares obtidas com e sem interação para o caso QFA140.

1/666

Figura 6.10 — Maiores distorções angulares obtidas com e sem interação para o caso QFO.

A. C. SILVA Capítulo 6
D0192G18: Interação Solo-Estrutura no Projeto de Edifícios Altos 111

Pela análise sem interação, observou-se que as maiores distorções angulares foram obtidas,
sequencialmente, para os casos QFO, QFA140 e QFA60. Dessa forma, as alternativas com
maiores recalques absolutos (ou fundação de menor rigidez final), resultaram em maiores
distorções angulares. Todavia, quando considerou a interação, as distorções angulares do
caso QFA140 foram ligeiramente maiores que do caso QFO, diferente do observado para os
recalques.

6.1.3. Reações de apoio

Os pilares P1 (canto), P7 (extremidade) e P8 (interno) foram escolhidos para avaliar as


reações de apoio obtidas com o processo iterativo. Nas Figura 6.11, Figura 6.12 e Figura 6.13,
são apresentados os gráficos de reações de apoio normalizadas pelas reações de apoio inicial
(sem interação) dos pilares P1, P7 e P8, respectivamente, para os casos QFA60, QFA140 e
QFO.

Observou-se para todos os casos avaliados do edifício quadrangular, que os pilares de canto
e extremidade apresentaram aumento de carga com a interação, enquanto os pilares internos
apresentaram redução de carga com a interação. Destaca-se que, houve um aumento de
carga no pilar P1 em torno de 30%, 40% e 60%, respectivamente, para os casos QFA60,
QFA140 e QFO. Dessa forma, no pilar de canto P1 o aumento de carga foi maior nos casos
com menor rigidez da fundação.

Figura 6.11 — Cargas (P) normalizadas pela carga inicial (P0) nos pilares versus o número de iterações para o
caso QFA60.

A. C. SILVA Capítulo 6
112 D0192G18: Interação Solo-Estrutura no Projeto de Edifícios Altos

Figura 6.12 — Cargas (P) normalizadas pela carga inicial (P0) nos pilares versus o número de iterações para o
caso QFA140.

Figura 6.13 — Cargas (P) normalizadas pela carga inicial (P0) nos pilares versus o número de iterações para o
caso QFO.

Em relação ao pilar interno P8, a redução das cargas com a interação foi em torno de 5% em
todos os casos. Quanto ao pilar de extremidade, observou-se aumento das cargas em torno
de 20% nos casos QFA60 e QFO, e de 30% no caso QFA140. Para reforçar as observações,
apresenta-se na Figura 6.14, um esquema com os pilares que sofrem sobrecarga (aumento
de carga) e os que sofrem alívio (redução de carga) com a interação.

O comportamento de cargas nos pilares, pode também ser obtido indiretamente pelo
parâmetro de interação AR, definido por Gusmão (1990) e calculado pela Equação (4.1). Os
valores de AR sem e com (5ª iteração) interação, de cada pilar, são comparados para destacar
se os mesmos sofrem sobrecarga ou a alívio com a interação.

A. C. SILVA Capítulo 6
D0192G18: Interação Solo-Estrutura no Projeto de Edifícios Altos 113

Figura 6.14 — Comportamento dos pilares com a interação em relação a analise sem interação, para os casos
QFA60, QFA140 e QFO.

Utilizaram-se os pilares do corte AA (Figura 5.4) para computar os valores de AR,


apresentados nas Figura 6.15, Figura 6.16 e Figura 6.17, respectivamente, para os casos
QFA60, QFA140 e QFO. Pelas curvas observa-se que os pilares internos (P24, P27, P28 e
P25) sofrem alivio com a interação, já que o AR calculado é menor que o estimado pelo
método convencional, e o oposto ocorre para os pilares de extremidade (P23 e P26). Esse
comportamento é equivalente ao observado pelas reações de apoio nos pilares, conforme a
Figura 6.14.

Pelo exposto por Gusmão (1990), os pilares com AR estimado (sem a interação) menor do 1,
tendem a apresentar sobrecarga com a interação, e quando o AR estimado é maior que 1,

A. C. SILVA Capítulo 6
114 D0192G18: Interação Solo-Estrutura no Projeto de Edifícios Altos

alívio de carga. Baseado nisso, reforça-se que os pilares internos apresentam alívio (AR
estimado>1) e os de canto sobrecarga (AR estimado<1) com a interação.

Figura 6.15 — AR’s obtidos de corte horizontal para o caso QFA60.

Figura 6.16 — AR’s obtidos de corte horizontal para o caso QFA140.

Figura 6.17 — AR’s obtidos de corte horizontal para o caso QFO.

A. C. SILVA Capítulo 6
D0192G18: Interação Solo-Estrutura no Projeto de Edifícios Altos 115

6.1.4. Cargas nas estacas

Os resultados de cargas nas estacas para todos os casos em estudo foram obtidos para as
estacas mais próximas dos pilares selecionados no corte AA (P23, P24, P27, P28, P25 e P26),
para extração dos recalques.

A Figura 6.18, apresenta as cargas nas estacas selecionadas (destacadas na Figura 5.9) do
caso QFA60, com e sem a consideração da interação. Observou-se que na região central a
interação promove uma redução nas cargas das estacas, que pode chegar até 33%, conforme
verificado na Figura 6.19. Nesta mesma figura, nas estacas da extremidade, o acréscimo de
carga com a interação pode chegar até 7%.

Figura 6.18 — Cargas nas estacas com e sem interação, de corte horizontal, para o caso QFA60.

Figura 6.19 — Cargas com interação (P) normalizadas pela carga sem interação (P 0) nas estacas para o caso
QFA60.

A. C. SILVA Capítulo 6
116 D0192G18: Interação Solo-Estrutura no Projeto de Edifícios Altos

A Figura 6.20 e a Figura 6.21 comparam a variação de carga nas estacas (destacadas na
Figura 5.10) para o caso QFA140. Observou-se que com o procedimento de interação uma
das estacas da extremidade foi completamente mobilizada, provocando uma redistribuição de
cargas nas demais estacas. Com a interação, na região central a redução nas cargas das
estacas, chegou até 13%, enquanto que, nas estacas da extremidade, o acréscimo de carga,
foi de até 14%. Dessa forma, observou-se, para ambos os casos, uma relação direta entre
cargas nas estacas e recalques, quanto ao aumento ou redução dos valores com a interação.

Observou-se também, que com a interação, para os casos QFA60 e QFA140, houve um
aumento da carga sobre o radier, e consequente redução da carga total sobre as estacas,
menor que 1%. Como o caso QFO não apresenta estacas, não foram obtidos resultados de
carga em estacas.

Figura 6.20 — Cargas nas estacas com e sem interação, de corte horizontal, para o caso QFA140.

Figura 6.21 — Cargas com interação (P) normalizadas pela carga sem interação (P 0) nas estacas para o caso
QFA140.

A. C. SILVA Capítulo 6
D0192G18: Interação Solo-Estrutura no Projeto de Edifícios Altos 117

6.1.5. Momentos na fundação

As Figura 6.22, Figura 6.23 e Figura 6.24 apresentam os momentos fletores no radier em Y,
obtidos de cortes verticais, realizados na região central do radier, respectivamente, para os
casos QFA60 (corte CC da Figura 5.9), QF140 (corte DD da Figura 5.10) e QFO (corte CC da
Figura 5.11). Observou-se que os momentos em Y em todos os casos apresentam redução
com a consideração da interação, o formato das curvas com e sem interação são semelhantes
e na região central uma redução maior dos momentos.

Figura 6.22 — Momento fletor no radier em Y com e sem interação, de corte vertical, para o caso QFA60.

Figura 6.23 — Momento fletor no radier em Y com e sem interação, de corte vertical, para o caso QFA140.

A. C. SILVA Capítulo 6
118 D0192G18: Interação Solo-Estrutura no Projeto de Edifícios Altos

Figura 6.24 — Momento fletor no radier em Y com e sem interação, de corte vertical, para o caso QFO.

Observou-se uma redução percentual significativa nos momentos fletores em Y na faixa de


30% até 50%, nos casos analisados. Como a armação empregada no elemento de fundação
é diretamente proporcional a estes momentos, poder-se-ia esperar uma grande economia de
armadura.

Os momentos que ocorrem na fundação, estão diretamente relacionados com os recalques


diferenciais. Dessa forma, é esperado um comportamento semelhante entre esses resultados.
Para avaliar os recalques diferencias, Gusmão (1990, 1994) utiliza o parâmetro de interação
DR, calculado pela Equação (4.2).

Dos pilares obtidos do corte AA (Figura 5.4), foram computados os valores de DR conforme
observa-se nas Figura 6.25, Figura 6.26 e Figura 6.27, respectivamente, para os casos
QFA60, QFA140 e QFO. Em todos os casos, a curva com interação apresentou DR menores
que o DR sem interação, o que comprovou a suavização da deformada de recalques com o
uso da interação. Além disso, pode-se ver que a maior suavização da deformada se deu nos
pilares internos P27 e P28. Assim, o comportamento de momentos e DR’s com a interação
foram condizentes.

A. C. SILVA Capítulo 6
D0192G18: Interação Solo-Estrutura no Projeto de Edifícios Altos 119

Figura 6.25 — DR’s obtidos de corte horizontal para o caso QFA60.

Figura 6.26 — DR’s obtidos de corte horizontal para o caso QF140.

Figura 6.27 — DR’s obtidos de corte horizontal para o caso QFO.

A. C. SILVA Capítulo 6
120 D0192G18: Interação Solo-Estrutura no Projeto de Edifícios Altos

6.1.6. Estabilidade global

A estabilidade global do edifício quadrangular foi avaliada pelos parâmetros z e  para as


combinações simples de vento. As Figura 6.28, Figura 6.29 e Figura 6.30 apresentam o
desenvolvimento do z com o número de iterações, respectivamente, para os casos QFA60,
QFA140 e QFO.

Figura 6.28 — Relação do Z com o número de iterações para o caso QFA60.

Figura 6.29 — Relação do Z com o número de iterações para o caso QFA140.

A. C. SILVA Capítulo 6
D0192G18: Interação Solo-Estrutura no Projeto de Edifícios Altos 121

Figura 6.30 — Relação do Z com o número de iterações para o caso QFO.

Observou-se que, no primeiro processamento (sem interação) o parâmetro z foi praticamente


igual nas direções verticais (90° e 270°) e horizontais (0° e 180°) do vento (Ver Figura 5.4),
devido ao efeito da simetria da edificação (aproximadamente quadrangular). Todavia, a partir
da primeira iteração o parâmetro apresentou valores maiores na direção horizontal em
comparação a vertical. Em todos os casos a interação promoveu o aumento do parâmetro z,
que concorda com as observações de Borges (2009).

Destaca-se que em todos os casos no primeiro processamento, onde não se considera a


interação o valor do z foi inferior a 1,1, que é o valor limite no qual os efeitos de segunda
ordem são desprezíveis e pode-se considerar a estrutura de nós fixos. A partir da primeira
iteração, em todos os casos, observou-se em ambas direções valores maiores que 1,1, dessa
forma, o edifício é classificado como de nós deslocáveis. Como os valores finais de z ficaram
entre 1,1 e 1,3 seria necessário majorar os esforços horizontais (fator de 0,95.z) na análise
de estabilidade do edifício.

As Figura 6.31, Figura 6.32 e Figura 6.33 apresentam o desenvolvimento do  com o número
de iterações, respectivamente, para os casos QFA60, QFA140 e QFO. Observou-se que o
comportamento do parâmetro  foi similar ao do z, no qual o parâmetro de estabilidade
apresentou aumento significativo com a 1ª iteração. Destaca-se que em todos os casos e
processamentos, os valores de  foram maiores que 1=0,6, ou seja, a superestrutura é
classificada como de nós moveis com e sem interação.

A. C. SILVA Capítulo 6
122 D0192G18: Interação Solo-Estrutura no Projeto de Edifícios Altos

Figura 6.31 — Relação do  com o número de iterações para o caso QFA60.

Figura 6.32 — Relação do  com o número de iterações para o caso QFA140.

Figura 6.33 — Relação do  com o número de iterações para o caso QFO.

A. C. SILVA Capítulo 6
D0192G18: Interação Solo-Estrutura no Projeto de Edifícios Altos 123

Na Figura 6.34 e na Figura 6.35 realizaram-se as comparações dos parâmetros z e ,


respectivamente, para os casos QFA60, QFA140 e QFO. Observou-se em todos os casos
que os parâmetros são maiores na direção horizontal. Os menores valores dos parâmetros,
em ambas direções, foram obtidos, em ordem, para os casos QFA60, QFA140 e QFO. Esse
fato mostra que a rigidez final da fundação, afeta de forma inversamente proporcional, o valor
final dos parâmetros z e . Todavia, destaca-se que os valores do parâmetro  para o caso
QFA60 na direção horizontal foram menores que o caso QFO na direção vertical.

Figura 6.34 — Comparação do parâmetro Z dos casos com geometria quadrangular.

Figura 6.35 — Comparação do parâmetro α dos casos com geometria quadrangular.

6.1.7. Deslocamento lateral no topo do edifício

As Figura 6.36, Figura 6.37 e Figura 6.38 apresentam os deslocamentos laterais no topo do
edifício, respectivamente, para os casos QFA60, QFA140 e QFO. Observou-se que em

A. C. SILVA Capítulo 6
124 D0192G18: Interação Solo-Estrutura no Projeto de Edifícios Altos

nenhum dos casos, em ambas direções do vento, o limite de deslocamento no topo, dado pela
Equação (3.5),foi atingido. Constatou-se que os deslocamentos laterais foram ligeiramente
maiores na direção horizontal (0° e 180°) em comparação a direção vertical (90° e 270°), para
todos os casos.

Os deslocamentos laterais aumentaram consideravelmente (mais de 80%) com a primeira


iteração, e a partir da segunda iteração houve uma leve redução progressiva dos
deslocamentos laterais para todos os casos. Esse comportamento foi semelhante ao
observado para os parâmetros de estabilidade global.

Figura 6.36 — Deslocamento lateral no topo do edifício para o caso QFA60.

Figura 6.37 — Deslocamento lateral no topo do edifício para o caso QFA140.

A. C. SILVA Capítulo 6
D0192G18: Interação Solo-Estrutura no Projeto de Edifícios Altos 125

Figura 6.38 — Deslocamento lateral no topo do edifício para o caso QFO.

6.1.8. Esforços na superestrutura

Neste tópico são apresentados os momentos fletores em duas vigas da superestrutura, a viga
V1 (de canto a canto) e a V5 (que corta o interior da planta), para os pavimentos 1, 2, 5, 10 e
50, com e sem a interação do caso QFA60. Para a viga V1, são apresentados, da Figura 6.39
até a Figura 6.43, os momentos fletores do caso QFA60, nos pavimentos avaliados. Conforme
pode-se observar em todos os pavimentos avaliados os momentos fletores sem a interação
foram menores que os com a interação.

Figura 6.39 — Momento fletor na viga V1 do 1º pavimento para o caso QFA60.

A. C. SILVA Capítulo 6
126 D0192G18: Interação Solo-Estrutura no Projeto de Edifícios Altos

Figura 6.40 — Momento fletor na viga V1 do 2º pavimento para o caso QFA60.

Figura 6.41 — Momento fletor na viga V1 do 5º pavimento para o caso QFA60.

Figura 6.42 — Momento fletor na viga V1 do 10º pavimento para o caso QFA60.

A. C. SILVA Capítulo 6
D0192G18: Interação Solo-Estrutura no Projeto de Edifícios Altos 127

Figura 6.43 — Momento fletor na viga V1 do 50º pavimento para o caso QFA60.

Da Figura 6.44 até a Figura 6.48 são apresentados os momentos fletores da viga V5 do caso
QFA60, nos pavimentos avaliados. Assim, como para a viga V1, os momentos fletores sem a
interação são menores que com a interação para todos os pavimentos. Observou-se que a
magnitude dos momentos foi menor no 50º pavimento do que os pavimentos inferiores.
Destaca-se que o aumento dos momentos nos trechos extremos das vigas (V1 e V5) implica
na necessidade de maior armação nesses trechos.

Figura 6.44 — Momento fletor na viga V5 do 1º pavimento para o caso QFA60.

A. C. SILVA Capítulo 6
128 D0192G18: Interação Solo-Estrutura no Projeto de Edifícios Altos

Figura 6.45 — Momento fletor na viga V5 do 2º pavimento para o caso QFA60.

Figura 6.46 — Momento fletor na viga V5 do 5º pavimento para o caso QFA60.

Figura 6.47 — Momento fletor na viga V5 do 10º pavimento para o caso QFA60.

A. C. SILVA Capítulo 6
D0192G18: Interação Solo-Estrutura no Projeto de Edifícios Altos 129

Figura 6.48 — Momento fletor na viga V5 do 50º pavimento para o caso QFA60.

Não foram apresentados os gráficos correspondentes aos demais casos, com geometria
quadrangular e retangular, porque esses mostram um comportamento semelhante ao
observado para o caso QFA60.

6.2. EDIFÍCIO RETANGULAR

Os resultados obtidos do edifício retangular são expressos em termos dos mesmos


parâmetros utilizados para o edifício quadrangular, a saber: os recalques, distorções
angulares, reações de apoio, cargas nas estacas, momentos na fundação, parâmetros AR e
DR, parâmetros de estabilidade global e os deslocamentos laterais no topo do edifício. Para
o edifício retangular são considerados os casos RFA60, RFA140, RFO60 e RFO140.

6.2.1. Recalques

Para análise da variação de recalques pelo número de iterações do edifício retangular, foram
selecionados os pilares P1, P7 e P47 (Ver Figura 5.5), respectivamente, de canto, de
extremidade e interno. Os resultados dos casos RFA60, RFA140, RFO60 e RFO140, são
apresentados na Figura 6.49.

Observou-se em todos os casos analisados, para cada pilar, que a variação de recalque
diminuiu com o número de iterações. O pilar interno P43, em todos os casos, apresentou
valores de variação de recalque negativos, enquanto o pilar de canto P1 apresentou valores
positivos. Para o pilar de extremidade P7, na primeira iteração, dos casos RFA140, RFO60 e
RFO140, constatou-se valores negativos de variação de recalque e para o caso RFA60 valor

A. C. SILVA Capítulo 6
130 D0192G18: Interação Solo-Estrutura no Projeto de Edifícios Altos

positivo. Em todos os casos, a partir da terceira iteração houve pouca variação entre as
iterações.

Figura 6.49 — Variação dos recalques com o número de iterações para o edifício retangular.

(a) Caso RFA60. (b) Caso RFA140.

(c) Caso RFO60. (d) Caso RFO140.

Na planta do edifício retangular, selecionou-se do corte BB (Figura 5.5) uma linha horizontal
de pilares, a saber: P29, P31, P37, P40, P32, P33, P43, P44, P34, P35, P47, P48, P36 e P30.
Os recalques desses pilares foram computados, e construídas bacias de recalques, que são
apresentadas na Figura 6.50, para os casos RFA60, RFA140, RFO60 e RFO140.

De forma similar ao edifício quadrangular, após a primeira iteração, houve significativa


redução dos recalques em todos os casos, em contrapartida, a partir da segunda iteração,
essa redução não é tão expressiva, ao ponto de as curvas da 4ª e 5ª iteração praticamente
se sobreporem.

Em todos os casos, no corte BB, dos pilares de extremidade (P29 e P30) os menores
recalques, conforme esperado, foram obtidos sem a interação. Os recalques obtidos pelas
diferentes iterações apresentaram valores próximos, não sendo observada uma sequência
lógica entre os valores de recalques e o número de iterações, para os casos analisados.

A. C. SILVA Capítulo 6
D0192G18: Interação Solo-Estrutura no Projeto de Edifícios Altos 131

Figura 6.50 — Bacia de recalques obtida de corte horizontal para o edifício retangular.

(a) Caso RFA60. (b) Caso RFA140.

(c) Caso RFO60. (d) Caso RFO140.

Quanto aos pilares internos P31 e P36, observou-se que os maiores recalques foram obtidos,
em ordem, pela 1ª iteração, sem interação, e da 2ª iteração em diante. Já os pilares internos
P37, P40, P32, P33, P43, P44, P34, P35, P47 e P48, apresentaram redução de recalques
com o aumento no número de iterações, o que condiz com o comportamento previsto por
Gusmão (1990, 1994).

A Figura 6.51 (a) compara as bacias de recalques, do corte BB, obtidas para os casos RFA60
e RFO60. Constatou-se que a magnitude dos recalques do caso RFO60 são maiores que a
do caso RFA60, com e sem interação. Isso pode ser explicado pelo fato de o
dimensionamento, em termos de capacidade de carga, ter levado a uma menor quantidade
de estacas para o solo “forte”. Isto deixou a fundação com uma rigidez total menor e por isso
os maiores valores de recalque quando comparado com o caso RFA60.

A comparação das bacias de recalques obtidas para os casos RFA140 e RFO140 é


apresentada na Figura 6.51 (b). Nela, observou-se que a magnitude dos recalques no centro
das bacias foi similar para ambos os casos sem a interação, havendo até a sobreposição das

A. C. SILVA Capítulo 6
132 D0192G18: Interação Solo-Estrutura no Projeto de Edifícios Altos

curvas nos dois pilares centrais. Nas curvas com interação foi evidente a maior magnitude
dos recalques do caso RFO140 em relação ao caso RFA140.

Figura 6.51 — Comparação das bacias de recalques de corte horizontal do edifício retangular.

(a) Casos RFA60 e RFO60. (b) Casos RFA140 e RFO140.

Considerando que os recalques da região central foram próximos para os casos RFA140 e
RFO140, sem a interação, e que com a interação, foi evidente a menor magnitude dos
recalques em RFA140, a redução de recalques devido a interação foi maior para o caso
RFA140. Em todos os casos analisados foi observada a suavização da deformada de
recalques.

Comparando os casos de mesmas alternativas de fundação, considerando a interação,


constatou-se que os casos RFA60 e QFA60, apresentaram ordem de recalques,
respectivamente, em torno de 55 mm e 43 mm, e os casos RFA140 e QFA140, apresentaram
recalques na ordem de 75 mm e 57 mm, respectivamente. Assim, no que se refere a geometria
da edificação, verificou-se que, com a interação, os casos do edifício retangular apresentaram
maiores recalques absolutos (ou menor rigidez da fundação) que os casos do edifício
quadrangular.

6.2.2. Distorção angular

Na Figura 6.52 (a) são apresentadas as distorções angulares, obtidas sem interação para o
caso RFA60, das duplas de pilares P62/P72, P61/P71, P9/P20 e P8/P19, que foram maiores
que o limite de 1/500, e nas demais duplas de pilares, a distorção angular ficou entre 1/700 e
1/500. Quando se considerou a iteração, as duplas apresentaram distorções angulares na
faixa de 1/1000 e 1/700.

As distorções angulares para o caso RFA140 são apresentadas na Figura 6.52 (b). As
distorções angulares de todas as duplas de pilares analisadas sem a interação foram

A. C. SILVA Capítulo 6
D0192G18: Interação Solo-Estrutura no Projeto de Edifícios Altos 133

consideravelmente superiores a 1/500. Nas análises que consideraram a interação, as duplas


de pilares apresentaram distorções angulares entre 1/700 e 1/500.

Figura 6.52 — Maiores distorções angulares obtidas com e sem interação para solo fraco.

(a) Caso RFA60. (b) Caso RFA140.

As distorções angulares para o caso RFO60 são apresentadas na Figura 6.53 (a). As
distorções angulares das duplas de pilares P62/P72, P61/P71, P9/P20, P1/P16 e P8/P19, sem
a interação, foram superiores a 1/500, e, somente a dupla P3/P28, situou-se abaixo de 1/500.
Com a interação, todas as distorções angulares ficaram entre 1/1000 e 1/700.

As distorções angulares para o caso RFO140 são apresentadas na Figura 6.53 (b). A
distorção angular da dupla de pilares P1/P16 do cálculo sem a interação foi superior a 1/500,
as demais situaram-se na faixa de 1/700 e 1/500. Considerando a interação, as distorções
angulares de todas as duplas de pilares ficaram entre 1/1000 e 1/700.

Figura 6.53 — Maiores distorções angulares obtidas com e sem interação para solo forte.

(a) Caso RFO60. (b) Caso RFO140.

Pela análise sem interação, observou-se que as maiores distorções angulares foram obtidas,
sequencialmente, para os casos RFA140, RFA60, RFO60 e RFO140. Destaca-se que no caso
RFA140 as distorções angulares foram significantemente maiores que as dos demais casos.

Observou-se que para o solo menos resistente, o caso com estacas de diâmetro de 60 cm e
com fundação de maior rigidez (RFA60), apresentou menores distorções angulares que o

A. C. SILVA Capítulo 6
134 D0192G18: Interação Solo-Estrutura no Projeto de Edifícios Altos

caso com diâmetro de 140 cm (RFA140). Enquanto que para o solo mais resistente, maiores
distorções angulares foram obtidas para o caso RFO60 do que para o caso RFO140, sendo
que o caso RFO60 possui fundação com maior rigidez.

Com a interação, as maiores distorções angulares foram obtidas, em ordem, pelos casos
RFA140, RFA60, RFO140 e RFO60. Além disso, tanto para o solo menos resistente quanto
para o mais resistente, os casos com fundação de menor rigidez, apresentaram maiores
distorções angulares.

Contudo, destaca-se que a distorção angular máxima em um projeto sem a consideração da


ISE seria acima do limite de 1/500, em todos os casos, e com a consideração da interação,
as distorções angulares seriam maiores que 1/700 apenas no caso RFA140. Dessa forma, as
alternativas estudadas de projetos de fundações, que seriam recusadas sem a análise da
interação poderiam ser aceitas.

6.2.3. Reações de apoio

Escolheram-se os pilares P1 (canto), 29 (extremidade) e P33 (interno) para avaliar as reações


de apoio obtidas com o processo iterativo. A Figura 6.54 apresenta as reações de apoio
normalizadas pelas reações de apoio iniciais (sem interação) dos pilares P1, P29 e P33, para
os casos RFA60, RFA140, RFO60 e RFO140.

Para o pilar de canto P1, observou-se aumento de carga com a interação em torno de 40%,
70%, 55% e 55%, respectivamente, para os casos RFA60, RFA140, RFO60 e RFO140. O
pilar de extremidade P29, apresentou aumento de carga com a interação em torno de 10%,
2%, 5% e 5%, respectivamente, para os casos RFA60, RFA140, RFO60 e RFO140. Com o
solo fraco, ocorreu maiores cargas no pilar de canto P1, para o caso com menor rigidez final
(RFA140), e no pilar de extremidade P29 houve maiores cargas para o caso com maior rigidez
final (RFA60). Para o solo forte, não houve influência da rigidez da fundação nas cargas dos
pilares avaliados.

Por outro lado, para o pilar interno P33, observou-se a redução de carga com a interação em
torno de 25%, 30%, 20% e 20%, respectivamente, para os casos RFA60, RFA140, RFO60 e
RFO140. Dessa forma, a rigidez da fundação não teve grande influência.

A Figura 6.56 apresenta um esquema com os pilares que sofrem sobrecarga e os que sofrem
alívio com a interação para o caso RFA60. Nesse caso, todos os pilares de canto e de
extremidade apresentaram sobrecarga, e os internos apresentaram alívio de carga, o que
condiz com o exposto por Gusmão (1990, 1994).

A. C. SILVA Capítulo 6
D0192G18: Interação Solo-Estrutura no Projeto de Edifícios Altos 135

Figura 6.54 — Cargas (P) normalizadas pela carga inicial (P0) nos pilares versus o número de iterações para o
edifício retangular.

(a) Caso RFA60. (b) Caso RFA140.

(c) Caso RFO60. (d) Caso RFO140.

Já para os casos RFA140, RFO60 e RFO140 os pilares internos P16 e P28 apresentaram
sobrecarga ao invés de alívio de cargas. Os demais pilares internos apresentaram alívio e os
externos e de canto apresentaram sobrecarga, como esperado. O esquema com os pilares
que sofrem alívio e sobrecarga para esses casos é apresentado na Figura 6.57.

Assim como, para o edifício quadrangular, utilizou-se o parâmetro AR para avaliar o


comportamento de cargas sobre os pilares. Para isso, foram computados os valores de AR
do corte BB (Figura 5.5), para os casos RFA60, RFA140, RFO60 e RFO140, conforme se
observa na Figura 6.55. Destaca-se que a curva do caso RFO140, apresentou-se mais
uniforme que as curvas dos demais casos.

Pelas curvas do caso RFA60, observou-se que os pilares internos (P31, P37, P40, P32, P33,
P43, P44, P34, P35, P47, P48 e P36) sofreram alivio com a interação, já que o AR calculado
com interação é menor que o sem interação, e o oposto ocorre para os pilares de extremidade
(P29 e P30). Esse comportamento é concordante com o observado na Figura 6.56.

Destaca-se que, nos casos RFA140, RFO60 e RFO140 para os pilares P31 e P36, o AR das
curvas com e sem interação são praticamente iguais, ou seja, estão em transição de alívio e
sobrecarga. Dessa forma, há concordância com o comportamento da Figura 6.57, já que,

A. C. SILVA Capítulo 6
136 D0192G18: Interação Solo-Estrutura no Projeto de Edifícios Altos

apesar de os pilares P31 e P36 sofrerem alívio, estão rodeados por pilares que sofrem
sobrecarga, caracterizando assim, uma zona intermediária.

Observou-se também que, as magnitudes dos AR’s para o solo fraco foram maiores que para
o solo forte na região central da bacia de AR’s, em torno de 5%. Além disso, na geometria
retangular a magnitude dos AR’s na região central foi maior que da geometria quadrangular,
e equivalente nas extremidades.

Figura 6.55 — AR’s obtidos para o edifício retangular.

(a) Caso RFA60. (b) Caso RFA140.

(c) Caso RFO60. (d) Caso RFO140.

A. C. SILVA Capítulo 6
D0192G18: Interação Solo-Estrutura no Projeto de Edifícios Altos 137

Figura 6.56 — Comportamento dos pilares com a interação em relação a analise sem interação, para o caso
RFA60.

A. C. SILVA Capítulo 6
138 D0192G18: Interação Solo-Estrutura no Projeto de Edifícios Altos

Figura 6.57 — Comportamento dos pilares com a interação em relação a analise sem interação, para os casos
RFA140, RFO60 e RFO140.

A. C. SILVA Capítulo 6
D0192G18: Interação Solo-Estrutura no Projeto de Edifícios Altos 139

6.2.4. Cargas nas estacas

Os resultados de cargas nas estacas para todos os casos em estudo, foram obtidos para as
estacas mais próximas dos pilares selecionados no corte BB (P29, P31, P37, P40, P32, P33,
P43, P44, P34, P35, P47, P48, P36 e P30), para extração dos recalques.

A Figura 6.58 (a) apresenta as cargas relativas de estacas (destacadas na Figura 5.12) do
caso RFA60, no qual, observou-se redução nas cargas das estacas com a interação, na região
central, de até 11%, enquanto que, nas estacas da extremidade, o acréscimo de carga com a
interação, pode chegar até 7%. Observou-se que as duas estacas de extremidade
apresentaram carga relativa igual a 1, neste caso porque ambas foram completamente
mobilizadas, considerando ou não a interação, o que provocou redistribuição de cargas nas
demais estacas.

A Figura 6.58 (b) apresenta as cargas relativas de estacas (destacadas na Figura 5.13) do
caso RFA140. Neste caso, nenhuma das estacas foi completamente mobilizada, com e sem
a interação. Observou-se que, em toda a linha de estacas a interação promove uma redução
nas cargas das estacas, até mesmo nas estacas de extremidade, com valores mais
consideráveis nas coordenadas de 20 m e 60 m, que pode chegar até 27%. Percebeu-se
visualmente que houve maior redução dos recalques na região central para o caso RFA140
em relação ao caso RFA60, e aumento de recalques na extremidade apenas para o caso
RFA60.

A Figura 6.58 (c) apresenta as cargas relativas em uma linha horizontal de estacas dos casos
RF060 (Figura 5.14) e RFO140 (Figura 5.15), com e sem a consideração da interação. Em
ambos os casos todas as estacas atingem a capacidade máxima, com e sem a interação, o
que altera é o valor da capacidade de carga das estacas, já que são de diâmetros distintos. A
consequência disso é que não se observa alteração na carga relativa das estacas, que é igual
a 1.

Com a interação, praticamente não houve alteração no valor da carga total sobre o radier e
as estacas. A diferença é que a carga sobre o radier no solo fraco (RFA60 e RFA140) é em
torno de 5%, enquanto que, para o solo forte (RFO60 e RFO140) esse percentual é de
aproximadamente 80%. Esse valor é justificado pelo fato, de que todas as estacas foram
completamente mobilizadas, e assim o radier passou a absorver grande parte da carga total.

A. C. SILVA Capítulo 6
140 D0192G18: Interação Solo-Estrutura no Projeto de Edifícios Altos

Figura 6.58 — Cargas com interação (P) normalizadas pela carga inicial (P0) nas estacas para edifício retangular.

(a) Caso RFA60. (b) Caso RFA140.

(c) Casos RFO60 e RFO140.

6.2.5. Momentos na fundação

A Figura 6.59 apresenta os momentos fletores no radier em Y para os casos RFA60 (corte EE
da Figura 5.12), RF140 (corte GG da Figura 5.13), RFO60 (corte II da Figura 5.14) e RFO140
(corte II da Figura 5.15), de cortes verticais realizados na metade do radier. Observou-se que
o momento em Y, na região central, em todos os casos apresentam redução com a
consideração da interação, e diferente do edifício quadrangular, o formato da curva com
interação é ligeiramente mais abatida e nas extremidades os momentos são ligeiramente
maiores.

A Figura 6.60 apresenta os momentos fletores no radier em X para os casos RFA60 (corte FF
da Figura 5.12), RF140 (corte HH da Figura 5.13), RFO60 (corte JJ da Figura 5.14) e RFO140
(corte JJ da Figura 5.15), obtidos de cortes horizontais. Observou-se, em toda extensão dos
cortes, que os momentos em X, para todos os casos, apresentam redução com a
consideração da interação e o formato das curvas são parecidas. Destaca-se que com a
redução nos momentos fletores no radier, observada em todos os casos, obtém-se a redução
das armaduras utilizadas no elemento estrutural de fundação.

A. C. SILVA Capítulo 6
D0192G18: Interação Solo-Estrutura no Projeto de Edifícios Altos 141

Figura 6.59 — Momento fletor no radier em Y com e sem interação para edifício retangular.

(a) Caso RFA60. (b) Caso RFA140.

(c) Caso RFO60. (d) Caso RFO140.

Figura 6.60 — Momento fletor no radier em X com e sem interação para edifício retangular.

(a) Caso RFA60. (b) Caso RFA140.

(c) Caso RFO60. (d) Caso RFO140.

A. C. SILVA Capítulo 6
142 D0192G18: Interação Solo-Estrutura no Projeto de Edifícios Altos

Como já mencionado, os momentos que ocorrem na fundação estão diretamente relacionados


com os recalques diferenciais. Dessa forma, é esperado um comportamento semelhante entre
esses resultados. Para avaliar os recalques diferencias, utilizou-se do parâmetro de interação
DR, definido por Gusmão (1990, 1994)

Computou-se também os valores de DR, conforme pode-se observar na Figura 6.61, para os
casos RFA60, RFA140, RFO60 e RFO140. Em todos os casos, as curvas com interação
apresentam DR’s menores que os DR’s sem interação, o que comprova a suavização da
deformada de recalques com o uso da interação. Além disso, pode-se ver que a maior
suavização da deformada se dá nos pilares internos. Esse comportamento foi comprovado
pelos momentos sobre o radier, apresentado na Figura 6.60.

Figura 6.61 — DR’s obtidos para o edifício retangular.

(a) Caso RFA60. (b) Caso RFA140.

(c) Caso RFO60. (d) Caso RFO140.

Para os casos com diâmetro de 140 cm, nos pilares internos P31 e P36 houve praticamente
a interseção das curvas com e sem interação, evidenciando que quase não houve suavização
da deformada nesses pontos. Analogamente ao observado para o AR, os casos com solo
fraco apresentam maiores valores de DR na região central das bacias que o solo forte, e a

A. C. SILVA Capítulo 6
D0192G18: Interação Solo-Estrutura no Projeto de Edifícios Altos 143

magnitude dos DR’s da geometria retangular, na região central, foi maior que da geometria
quadrangular, e equivalente nas extremidades.

6.2.6. Estabilidade global

A estabilidade global do edifício retangular também foi avaliada pelos parâmetros z e , para
as combinações simples de vento. A Figura 6.62 relaciona o z com o número de iterações
para os casos RFA60, RFA140, RFO60 e RFO140, seguindo as direções do vento
apresentadas na Figura 5.5.

Observou-se que na primeira iteração o parâmetro foi ligeiramente maior nas direções
verticais (90° e 270°) em relação as direções horizontais (0° e 180°). Todavia, a partir da
primeira iteração, o parâmetro apresentou valores consideravelmente maiores na direção
vertical do edifício. Em todos os casos ocorre aumento do parâmetro com a interação. Esse
aumento concorda com as observações de Borges (2009).

Figura 6.62 — Relação do Z com o número de iterações para edifício retangular.

(a) Caso RFA60. (b) Caso RFA140.

(c) Caso RFO60. (d) Caso RFO140.

Em todos os casos, quando não se considerou a interação o valor do z foi inferior a 1,1. A
partir da primeira iteração, observou-se em ambas as direções valores maiores que 1,1, dessa
forma, o edifício é classificado como de nós deslocáveis. Como os valores finais de z ficaram

A. C. SILVA Capítulo 6
144 D0192G18: Interação Solo-Estrutura no Projeto de Edifícios Altos

entre 1,1 e 1,3, seria necessário majorar os esforços horizontais (fator de 0,95.z) na análise
de estabilidade do edifício.

A Figura 6.63 apresenta a relação do  com o número de iterações para os casos RFA60,
RFA140, RFO60 e RFO140. Observou-se a tendência do parâmetro  apresentar maiores
valores nas direções verticais em comparação as horizontais. Em todos os casos, a interação
provoca aumento do parâmetro. Além disso, em todos os casos e processamentos, os valores
de  foram maiores que 1=0,6, sendo a superestrutura classificada como de nós moveis,
com e sem interação.

Figura 6.63 — Relação do  com o número de iterações para edifício retangular.

(a) Caso RFA60. (b) Caso RFA140.

(c) Caso RFO60. (d) Caso RFO140.

Para o solo fraco, comparou-se o parâmetro z para os casos RFA60, RFA140, na Figura 6.64
(a). Observou-se que os menores valores do parâmetro, em ambas as direções, foram obtidos
para o caso RFA60. Quanto ao solo forte, é apresentado na Figura 6.64 (b), a comparação
dos casos RFO60 e RFO140, onde os menores valores de z foram obtidos para o caso
RFO60. Vale ressaltar que as retas dos casos RFO60 e RFO140 na horizontal foram
sobrepostas. Destaca-se que, para ambos tipos de solo, os menores valores do parâmetro z
foram obtidos para a fundação com maior rigidez final.

A. C. SILVA Capítulo 6
D0192G18: Interação Solo-Estrutura no Projeto de Edifícios Altos 145

Figura 6.64 — Comparação do Z dos casos com geometria retangular.

(a) Casos RFA60 e RFA140. (b) Casos RFO60 e RFO140.

Na Figura 6.65 (a), realizou-se a comparação do parâmetro  dos casos RFA60 e RFA140 e
na Figura 6.65 (b) dos casos RFO60 e RFO140. Observou-se que, os menores valores do
parâmetro, em ambas direções, foram obtidos para os casos RFA60 e RFO60, em que a
rigidez final da fundação é maior. Esse fato concorda com o comportamento observado para
o parâmetro z.

Figura 6.65 — Comparação do  dos casos com geometria retangular.

(a) Casos RFA60 e RFA140. (b) Casos RFO60 e RFO140.

6.2.7. Deslocamento lateral no topo do edifício

A Figura 6.66 apresenta os deslocamentos laterais no topo do edifício para os casos RFA60,
RFA140, RFO60 e RFO140. Observou-se também para o edifício retangular que em nenhum
dos casos, nas direções verticais e horizontais do vento, o limite de deslocamento no topo,
dado pela Equação (3.5) foi atingido.

Constatou-se que, os deslocamentos laterais foram maiores na direção vertical (90° e 270°)
em comparação a direção horizontal (0° e 180°), para todos os casos. Na direção vertical, os
deslocamentos laterais aumentaram consideravelmente com a primeira iteração, e a partir da
segunda iteração houve uma leve redução progressiva dos deslocamentos laterais para todos
os casos.

A. C. SILVA Capítulo 6
146 D0192G18: Interação Solo-Estrutura no Projeto de Edifícios Altos

Na direção horizontal, o aumento dos deslocamentos com a primeira iteração não foi tão
evidente, devido a magnitudes dos deslocamentos nesta direção ser bem menor que na
direção vertical. O menor valor dos deslocamentos na direção horizontal concorda com os
parâmetros de estabilidade global, que possuem menores valores nesta direção, o que era
esperado já que o comprimento horizontal (Lx) do edifício é mais que duas vezes maior que o
comprimento vertical (Ly), conforme a Figura 5.5.

Figura 6.66 — Deslocamento lateral no topo do edifício retangular.

(a) Caso RFA60. (b) Caso RFA140.

(c) Caso RFO60. (d) Caso RFO140.

6.3. ANÁLISES ADICIONAIS

Neste tópico, são apresentados e discutidos os resultados de analises adicionais que foram
realizadas para avaliar a interação solo-estrutura. Dentre essas analises, destaca-se a
influência da consideração do momento fletor dos pilares, a de determinação de um
coeficiente de mola que busca representar o comportamento da fundação e a consideração
da rigidez dos pilares no cálculo dos recalques.

6.3.1. Momento fletor nos pilares

Os pilares escolhidos para análise dos momentos foram os do corte horizontal (Figura 5.4)
utilizados nas análises anteriores do caso QFA60. A Figura 6.67 e a Figura 6.68 mostram,

A. C. SILVA Capítulo 6
D0192G18: Interação Solo-Estrutura no Projeto de Edifícios Altos 147

respectivamente, a comparação dos recalques e cargas nos pilares obtidos, com e sem
interação, quando se considera ou não os momentos fletores nas bases dos pilares (Apêndice
B). Observou-se nos gráficos de cargas e recalques, que as curvas se sobrepõem, tanto para
a situação sem interação quanto para a com interação. Dessa forma, para o caso QFA60 a
utilização de apenas cargas verticais não tem significativa influência sobre os resultados de
recalques e cargas nos pilares.

Figura 6.67 — Comparação dos recalques com e sem a consideração dos momentos fletores na base dos
pilares, para o caso QFA60.

Figura 6.68 — Cargas nos pilares (P) com e sem a consideração dos momentos fletores na base dos pilares
para o caso QFA60.

A Figura 6.69 apresenta os momentos fletores em X nas bases dos pilares, de corte horizontal,
para o caso QFA60. Verificou-se que, os momentos em X sem a interação foram menores
que os com interação em todos os pilares. Dessa forma, sem a consideração da interação, os

A. C. SILVA Capítulo 6
148 D0192G18: Interação Solo-Estrutura no Projeto de Edifícios Altos

momentos fletores nos pilares dos primeiros pavimentos tendem a ser menores, o que
provoca o sub-dimensionamento dos pilares quando comparado com procedimento de
interação.

Figura 6.69 — Momento Fletor nos pilares em X com e sem interação, de corte horizontal, para o caso QFA60

6.3.2. Coeficientes de mola

Os resultados das previsões por métodos simplificados utilizando os coeficientes de mola e o


recalque médio da fundação, são apresentados neste tópico. Na Figura 6.70 são
apresentadas as bacias de recalques obtidas com interação, sem interação, com a 1ªiteração
e pelo coeficiente de mola, para o caso QFA60. No método que considera o coeficiente de
mola, há introdução de um coeficiente de mola estimado por meio do módulo de reação
vertical de 36000 kN/m³, obtido de Bowles (1996), em função do tipo de solo.

Figura 6.70 — Bacia de recalques obtidas para a previsão pelo coeficiente de mola, de corte horizontal, para o
caso QFA60.

A. C. SILVA Capítulo 6
D0192G18: Interação Solo-Estrutura no Projeto de Edifícios Altos 149

Na Figura 6.71, pela ampliação da região central das bacias da Figura 6.74, observou-se que
a utilização do coeficiente de mola provocou ligeira redução nos recalques em relação a
análise sem interação, todavia, essa redução não foi significante, aproximando-se mais do
comportamento da curva sem interação do que a com interação. Além disso, observou-se que
apenas uma iteração já produz recalques bem menores na região central, próximos da curva
com interação, ou seja, é preferível utilizar uma iteração ao invés de utilizar a estimativa pelo
coeficiente de mola.

Figura 6.71 — Ampliação da região central da bacia de recalques obtidas para a previsão pelo coeficiente de
mola, de corte horizontal, para o caso QFA60.

O método simplificado de Randolph (1983, 1994) foi utilizado na estimativa do recalque médio
do radier estaqueado do caso QFA60, por meio das Equações (2.9) e (2.10). O recalque
médio, neste caso, do radier isolado foi igual a 158 mm, e o recalque médio do grupo de
estacas, foi igual a 45,2 mm. Assim, o recalque do radier estaqueado foi aproximadamente
igual a 44,6 mm. A Figura 6.72 apresenta as bacias de recalque obtidas com interação, sem
interação, com a 1ªiteração e pelo recalque médio para o caso QFA60.

Verificou-se que a utilização do recalque médio do radier estaqueado por Randolph (1983,
1994), na previsão de recalques, produz menores recalques na região central que o método
de Winkler, todavia, a utilização da 1ª iteração, produz ainda menores recalques que essa
previsão. Assim, a utilização de apenas uma iteração é melhor que a previsão por métodos
simplificados.

A Figura 6.73 apresenta as cargas normalizadas pela cargas iniciais (sem interação), nos
pilares de canto P1, extremidade P7 e interno P8, para as situações com interação, pelo
coeficiente de mola e pelo método do recalque médio, do caso QFA60. Observou-se que para

A. C. SILVA Capítulo 6
150 D0192G18: Interação Solo-Estrutura no Projeto de Edifícios Altos

a análise pelo coeficiente de mola, as cargas normalizadas nos pilares de canto e extremidade
são aproximadamente iguais a 1, que significa que as cargas são semelhantes ao obtido sem
a interação. Já no pilar interno a análise pelo coeficiente de mola apresentou redução de 5%
de carga em relação a análise sem interação, resultado igual ao obtido com interação.

Quanto ao método do recalque médio, observou-se que, praticamente não houve alteração
nas cargas dos pilares. Portanto, constata-se que a utilização do coeficiente de mola e método
do recalque médio não produzem resultados satisfatórios quanto a cargas nos pilares em
comparação a análise com interação.

Figura 6.72 — Bacia de recalques obtidas para a previsão pelo recalque médio utilizando o método de Randolph
(1983), de corte horizontal, para o caso QFA60.

Figura 6.73 — Cargas obtidas com interação, com coeficiente de mola e pelo método do recalque médio (P)
normalizadas pela carga inicial (P0), em pilares de canto, extremidade e internos para o caso QFA60.

A. C. SILVA Capítulo 6
D0192G18: Interação Solo-Estrutura no Projeto de Edifícios Altos 151

6.3.3. Rigidez dos pilares

Para considerar a rigidez dos pilares de forma simplificada, a espessura do radier na posição
dos pilares foi aumentada para 19 m, valor correspondente a 5 pavimentos. Comparou-se
essa análise com de 50 pavimentos (equivalente à altura de 163 m de altura), para o caso
QFA60, no qual, observou-se a sobreposição das curvas de recalques, conforme apresentado
na Figura 6.74. Dessa forma, o cálculo com rigidez dos pilares correspondente a 5 pavimentos
foi realizado para os casos QFA60, QFO, RFA60 e RFO60.

Figura 6.74 — Comparação das bacias de recalques para rigidez dos pilares correspondente a 5 e 50
pavimentos, em corte horizontal, para caso QFA60.

Conforme pode-se observar na Figura 6.75, do corte AA (Figura 5.4), o aumento da rigidez
dos pilares para os casos QFA60 e QFO, apesar de suavizar a deformada de recalques em
relação a analise sem interação solo-estrutura, a sua magnitude não foi significativa, já que
ficou mais próxima da análise sem interação do que da que utiliza a interação.

Figura 6.75 — Influência da consideração da rigidez dos pilares, em corte horizontal, para o edifício
quadrangular.

(a) Caso QFA60. (b) Caso QFO.

A. C. SILVA Capítulo 6
152 D0192G18: Interação Solo-Estrutura no Projeto de Edifícios Altos

A Figura 6.76 mostra as bacias de recalques, do corte BB (Figura 5.5), para os casos RFA60
e RFO60. Nesses casos, os formatos das curvas são diferentes do edifício quadrangular, e
os recalques das curvas que consideram a rigidez dos pilares na região central, se localiza
em uma posição intermediaria entre as curvas sem e com interação. Todavia, essa curva
permanece mais próxima da curva sem interação. Nos pilares de extremidade, a curva que
considera a rigidez dos pilares, ao invés de apresentar recalques entre as curvas com e sem
interação, apresentou os menores recalques dentre as três curvas. Portanto, a adoção da
rigidez dos pilares não é capaz de fornecer recalques próximos dos obtidos pela interação.

Figura 6.76 — Influência da consideração da rigidez dos pilares, em corte horizontal, para o edifício retangular.

(a) Caso RFA60. (b) Caso RFO60..

A. C. SILVA Capítulo 6
CAPÍTULO 7
CONCLUSÕES E SUGESTÕES PARA TRABALHOS FUTUROS

A superestrutura e a fundação de um edifício trabalham em um mecanismo de interação


mútua, no qual a deformabilidade do solo é compatibilizada com a superestrutura. Os projetos
de estrutura comumente assumem em suas análises a hipótese de apoios indeslocáveis.
Dessa forma, não é considerada a deformabilidade do solo no cálculo das reações de apoio,
sendo usual que projetistas utilizem coeficientes de mola, baseados na hipótese de Winkler,
em substituição aos apoios indeslocáveis para considerar, de forma simplificada, a
deformabilidade do solo.

Neste trabalho comparou-se o comportamento com e sem a interação da superestrutura e da


fundação de casos hipotéticos de edifícios de 50 pavimentos, em fundação do tipo radier
isolado/radier estaqueado com diferentes tipos de solo e estacas. As características de cada
caso levaram a uma rigidez da fundação, que é produto do dimensionamento realizado.

Essa rigidez relaciona carga aplicada ao edifício com o recalque sofrido pelo mesmo, como
as cargas totais aplicadas aos edifícios foram as mesmas, as fundações de maior rigidez
foram as que apresentaram menores recalques. Vale ressaltar que essa rigidez é dependente
de vários fatores, como por exemplo: a deformabilidade do solo, número e diâmetro das
estacas, dimensão do radier.

Em todos os casos analisados, o primeiro processamento da interação solo-estrutura


provocou significativa redução dos recalques na região central da fundação, mas após a
segunda iteração, e para as iterações seguintes, a redução não é tão expressiva, tanto que
da 4ª para 5ª iterações a variação dos recalques é menor que 1%. Esse comportamento
evidencia o efeito de suavização da deformada de recalques devido a interação. Além disso,
de modo geral, os pilares internos apresentaram redução dos recalques com a interação,
enquanto os pilares de canto e de extremidade apresentaram tendência de aumento do
recalque com a interação.

Quanto as distorções angulares, os valores sem a consideração da interação foram maiores


que as obtidas quando a interação foi considerada. Em alguns casos, os valores máximos de
distorção angular ultrapassaram o limite de projeto de 1/500, definido por Skempton e
MacDonald (1956), sem a consideração da interação, sendo que, quando foi considerada, os

A. C. SILVA
154 D0192G18: Interação Solo-Estrutura no Projeto de Edifícios Altos

valores foram menores que o limite. Dessa forma, projetos de fundação que seriam rejeitados
inicialmente poderiam ser aceitos ao se considerar a interação.

Destaca-se que os casos com menor rigidez final apresentaram maiores valores de distorção
angular para o edifício quadrangular. No edifício retangular, com e sem a consideração da
interação, para o solo fraco a alternativa de fundação de menor rigidez (RFA140) apresentou
maiores distorções angulares. Para o solo forte, com a interação o comportamento anterior foi
observado, todavia, sem a interação, ocorreu o inverso, fundação de maior rigidez (RFO60)
provocando maiores distorções angulares.

Em relação às cargas nos pilares, na grande maioria, os pilares de canto e extremidade


apresentaram aumento de carga com a interação, enquanto os pilares internos apresentaram
redução de carga com a interação. A previsão de comportamento dos pilares pelo parâmetro
AR se mostrou condizente com as reações de apoio obtidas com a interação, no qual os
pilares internos apresentaram alívio e os de canto e extremidade sobrecarga.

Além disso, a interação promoveu significativa redução nas cargas sobre as estacas na região
central, e pequeno acréscimo nas extremidades para o edifício quadrangular. No edifício
retangular, o caso RFA140 sofreu com a interação, redução nas cargas das estacas em todo
o corte realizado e, nos casos com solo forte, onde um menor número de estacas foi
empregado, todas as estacas foram mobilizadas completamente.

Quanto aos momentos fletores no radier, a interação promoveu a redução considerável (de
30% a 50% em média) dos valores, principalmente na região central, nas direções X e Y, para
os casos analisados. Paralelamente, o parâmetro de interação DR apresentou redução com
a interação, comprovando a suavização da deformada de recalques. Dessa forma, com o
exposto acima, os edifícios hipotéticos avaliados com a interação promoveram a melhoria no
desempenho das fundações e poderiam ter o custo de armação reduzido consideravelmente.

Na parte da estrutura, ao analisar as situações com e sem interação, observou-se que a


interação promove significativo aumento dos parâmetros de estabilidade global. Em todos os
casos, edifícios classificados pelo parâmetro z, sem a interação, como de nós fixos, foram
classificados como de nós moveis quando a mesma foi considerada, ou seja, a interação piora
o desempenho da edificação, deixando a estrutura mais suscetível aos fenômenos de
instabilidade. Quanto aos deslocamentos laterais no topo do edifício, a interação também
promoveu aumento nos seus valores, todavia, não foi ultrapassado o valor limite de
deslocamento lateral, que assegura a estabilidade da edificação para os casos estudados.
Além disso, com a interação foram obtidos maiores esforços em duas vigas avaliadas (de

A. C. SILVA Capítulo 7
D0192G18: Interação Solo-Estrutura no Projeto de Edifícios Altos 155

canto a canto e cortando parte interna da planta), em alguns pavimentos, do caso com edifício
quadrangular, solo fraco e estacas de 60 cm (QFA60).

Destaca-se que a rigidez final da fundação atua de forma inversamente proporcional aos
parâmetros de estabilidade global, ou seja, os casos com maior rigidez final apresentaram
menores valores do parâmetro de estabilidade global z. Dessa forma, conclui-se que o melhor
desempenho da fundação e da estrutura foi obtido para a fundação mais rígida, que conduziu
a menores valores de parâmetros de estabilidade, recalques, distorções angulares e esforços
na fundação, ao passo que se sugere então, o dimensionamento de projetos com fundação
mais rígida.

No que se refere as análises adicionais, considerando ou não os momentos na base dos


pilares, os resultados de recalques e cargas nos pilares são semelhantes. Todavia, quando a
interação é considerada, os momentos nos pilares nos primeiros pavimentos são maiores.
Quanto a consideração da rigidez dos pilares no cálculo dos recalques, os resultados obtidos
foram mais próximos da análise sem interação do que da análise com interação.

Para o caso avaliado (QFA60), vê-se que a utilização de um coeficiente de mola por parte dos
projetistas estruturais não consegue prever adequadamente as reações de apoio e os
recalques da fundação, já que os recalques e reações de apoio obtidos com essa metodologia
se aproximaram dos obtidos sem considerar a interação solo-estrutura. Além disso, a
metodologia que considera a deformabilidade do solo, de modo simplificado, por meio do
cálculo do recalque médio da fundação, apresentou resultados melhores que os da hipótese
de Winkler, todavia, com apenas uma iteração, melhores resultados são obtidos.

Diante do tema abordado, algumas sugestões podem ser tomadas para trabalhos futuros, de
forma a aprofundar no assunto, como por exemplo:

 Avaliar a interação para edifícios com e sem juntas de dilatação;

 Avaliar a influência da interação considerando a não-linearidade e heterogeneidade do


material da superestrutura;

 Verificar a influência da variação da espessura do radier no comportamento de


recalques para os casos avaliados;

 Verificar o desempenho do conjunto fundação-estrutura com a alteração da


distribuição de estacas sob o radier;

 Avaliar a interação considerando o efeito da ação sísmica sobre as edificações


hipotéticas;

A. C. SILVA Capítulo 7
156 D0192G18: Interação Solo-Estrutura no Projeto de Edifícios Altos

 Analisar a influência da não-linearidade da fundação no comportamento das


edificações hipotéticas, em relação à análise linear, considerando a sequência
construtiva; e

 Verificar o efeito da ação horizontal do vento em relação à análise que não a considera.

A. C. SILVA Capítulo 7
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A. C. SILVA Referências
APÊNDICE A
ENTRADA DE DADOS DOS PROGRAMAS

Neste apêndice, são apresentados os dados de entrada utilizados nos programas utilizados.

A.1 CAD/TQS

No programa CAD/TQS deve-se determinar o modelo de representação da superestrutura a


ser adotado, conforme pode-se observar na Figura A.1. Nesta pesquisa, a análise da
superestrutura foi realizada considerando os modelos de grelha e pórtico espacial, presentes
nos modelos 4 (não considera as lajes na análise global) e 6 (laje incorporada na análise
global). Adotou-se o modelo 4, pois demanda menor tempo de processamento em relação ao
modelo 6.

Figura A.1 — Definição do modelo dos edifícios hipotéticos avaliados.

No módulo pavimentos foram definidos os pavimentos tipo e o pavimento fundação, sendo 50


pisos e pé direito de 3,20 m. Utilizou-se nos pavimentos tipo o modelo de grelha de lajes

A. C. SILVA
164 D0192G18: Interação Solo-Estrutura no Projeto de Edifícios Altos

planas, enquanto que o pavimento fundação foi analisado com o modelo de grelha somente
de vigas, conforme se observa na Figura A.2

Figura A.2 — Definição dos pavimentos dos edifícios hipotéticos.

No módulo materiais, definiu-se os edifícios hipotéticos como de concreto armado, sendo a


classe C40 utilizada para as vigas, lajes e pilares de concreto, onde o f ck é igual a 40 MPa, e
classe C25 para a fundação, com fck igual a 25 MPa. A classe de agressividade ambiental foi
definida como a 2, moderada – urbana, baseado nas características da cidade de Goiânia. A
tela do programa com essas propriedades é apresentada na Figura A.3.

As características do vento foram inseridas no programa para estimar o carregamento de


vento. Essas características foram escolhidas com base nas dimensões da edificação e as
características do vento para região de Goiânia. Dessa forma, os valores adotados foram
velocidade básica de 33 m/s, fator de terreno (S1) igual a 1, categoria de rugosidade (S2) V,
classe de edificação (S2) C, e fator estatístico (S3) igual a 1,1, conforme a Figura A.4.

Com as dimensões dos edifícios hipotéticos foram definidos os coeficientes de arrasto nas
quatro direções do vento, para baixa turbulência de vento, conforme é apresentado na Figura
A.5. Inseridas as dimensões da edificação, o programa busca o coeficiente de arrasto no
ábaco apresentado na Figura A.5. Esse coeficiente de arrasto é um dado de entrada para o
cálculo do carregamento do vento.

A. C. SILVA Apêndice A
D0192G18: Interação Solo-Estrutura no Projeto de Edifícios Altos 165

Figura A.3 — Definição das propriedades dos materiais dos edifícios hipotéticos.

Figura A.4 — Definição do carregamento de vento para os edifícios hipotéticos.

A. C. SILVA Apêndice A
166 D0192G18: Interação Solo-Estrutura no Projeto de Edifícios Altos

Figura A.5 — Determinação do coeficiente de arrasto.

A.2 DEFPIG

No programa DEFPIG (POULOS, 1980), para obter os fatores de interação e a flexibilidade


das estacas, que é transformada em rigidez para utilização como dado de entrada no GARP,
são utilizados 3 itens, que estão destacados na Figura A.6.

Figura A.6 — Dados de entrada do programa DEFPIG.

A. C. SILVA Apêndice A
D0192G18: Interação Solo-Estrutura no Projeto de Edifícios Altos 167

No primeiro item, os dados que são fornecidos são: comprimento da estaca, diâmetro da
estaca, diâmetro da ponta da estaca, módulo de Young do material da estaca, momento de
inércia da seção X da estaca, de geometria circular, razão da área da estaca da seção X.
Devem-se definir também alguns critérios, como a presença de um “cap”, o tipo de resposta
da estaca, condições no topo da estaca e condições da ponta da estaca. Na Figura A.7 são
apresentados os dados relacionados com a estaca.

Figura A.7 — Dados de entrada referentes à estaca no programa DEFPIG.

O segundo item é o relacionado com as propriedades do solo. Nele são definidos o número
de elementos no fuste e base da estaca, para facilitar a análise utilizou-se o número de
elementos no fuste igual ao comprimento da estaca e na base igual a 1. Além disso, é inserido
o coeficiente de Poisson do solo, a profundidade da camada de solo, módulo de elasticidade
do material impenetrável, subjacente a camada de solo e o tipo de distribuição do módulo das
camadas de solo com seus respectivos valores. A Figura A.8 apresenta a tela com os dados
de entrada no item propriedades do solo.

A. C. SILVA Apêndice A
168 D0192G18: Interação Solo-Estrutura no Projeto de Edifícios Altos

Figura A.8 — Dados referentes as propriedades do solo do programa DEFPIG.

O terceito e último item a ser utilizado no programa, é o denominado fatores de interação,


apresentado na Figura A.9. Nele são inseridos os espaçamentos relativos (s/d), que foram
limitados ao valor de 15, conforme observado por Sales, Small e Poulos (2010)

Figura A.9 — Dados de entrada do item fatores de interação do programa DEFPIG.

A. C. SILVA Apêndice A
D0192G18: Interação Solo-Estrutura no Projeto de Edifícios Altos 169

Os dados de saída do programa DEFPIG, como já mencionado, são a flexibilidade da estaca


e os fatores de interação. As Figura A.10 e Figura A.11 apresentam a tela com os valores
obtidos, respectivamente, de fatores de interação e flexibilidade da estaca de um exemplo
processado.

Figura A.10 — Fatores de interação obtidos de um exemplo do programa DEFPIG.

Figura A.11 — Flexibilidade obtida de um exemplo do programa DEFPIG.

A.3 GARP

No programa GARP os dados de entrada encontram-se na aba “generation”. Nela, a primeira


coisa que se define é a malha. As malhas foram criadas em arquivo de CAD e registradas as
coordenadas das linhas e colunas para uma planilha. No programa GARP inseriu-se o número

A. C. SILVA Apêndice A
170 D0192G18: Interação Solo-Estrutura no Projeto de Edifícios Altos

de linhas e colunas, e considerou-se elementos de 8 nós, conforme observa-se na Figura


A.12. Definido o grid por meio das coordenadas, o passo seguinte é gerar a malha, que é
realizada no item “generate mesh”.

Figura A.12 — Coordenadas nodais de linhas e colunas no programa GARP.

Outros parâmetros a serem definidos no programa são: a espessura do radier, as tensões


sobre os elementos do radier e os momentos nas direções X e Y aplicados nos nós. As telas
que apresentam esses parâmetros são apresentadas nas Figura A.13, Figura A.14 e Figura
A.15.

As tensões que foram inseridas foram obtidas da divisão das cargas em cada pilar sobre a
sua respectiva área, sendo esse procedimento efetuado a cada iteração dos casos
analisados. Na análise da influência do momento fletor sobre a interação em relação ao caso
que considera apenas carregamento vertical, escolheu, estrategicamente, nós dos elementos
dos pilares para aplicação dos momentos em X e Y, sendo os momentos nos nós obtidos pela
divisão do momento total nos pilares pelo número de nós escolhidos.

A. C. SILVA Apêndice A
D0192G18: Interação Solo-Estrutura no Projeto de Edifícios Altos 171

Figura A.13 — Definição da espessura do radier no programa GARP.

Figura A.14 — Tensões aplicadas aos elementos do radier no programa GARP.

A. C. SILVA Apêndice A
172 D0192G18: Interação Solo-Estrutura no Projeto de Edifícios Altos

Figura A.15 — Momentos fletores em X e Y aplicados em alguns nós correspondentes a área dos pilares.

Os dados referentes às estacas são: o comprimento da estaca, diâmetro da estaca, rigidez


da estaca - obtida pela divisão de um pelo valor da flexibilidade da estaca -, a capacidade de
carga a compressão e a tração das estacas, e os fatores de interação, conforme observa-se
na Figura A.16. Além disso, define-se o módulo de Young do material da estaca e o módulo
do material impenetrável, por meio de uma tela anexa a este item, aberta ao clicar em
“calculate”. No item “pile locations” são inseridas as estacas nos nós apropriados.

As propriedades do radier são o módulo de elasticidade e coeficiente de Poisson do material.


No que se refere às propriedades do solo, incorpora-se a tensão última no contato radier solo,
o levantamento do solo e o número de camadas adotado. Para cada camada, define-se a
quantidade de subcamadas, que nos casos analisados foi igual a 10, o módulo de elasticidade
e o coeficiente de Poisson de cada camada de solo, conforme a Figura A.17.

A. C. SILVA Apêndice A
D0192G18: Interação Solo-Estrutura no Projeto de Edifícios Altos 173

Figura A.16 — Dados das estacas no programa GARP.

Figura A.17 — Propriedades do solo e do radier no programa GARP.

A. C. SILVA Apêndice A
APÊNDICE B
CARGAS E MOMENTOS NOS PILARES

As Tabela B.1 e Tabela B.2, apresentam cargas e momentos nos pilares do caso QFA60,
respectivamente, sem e com a consideração da interação. Conforme pode-se observar, os
momentos em X e Y não chegam a 5% dos valores de cargas verticais.

Tabela B.1 — Cargas e momentos nos pilares sem a interação para o caso QFA60.

Pilares For X For Y For Z Mom X Mom Y Mom Z


kN kN kN kN.m kN.m kN.m
P1 -5 5 8063 26 24 0
P2 7 5 8379 28 -26 0
P3 -2 4 10065 -4 0 -1
P4 -1 4 10395 -3 1 0
P5 0 3 11438 -7 3 1
P6 3 3 11241 -7 -3 1
P7 -4 1 12216 0 -27 2
P8 -2 0 25715 -2 -42 1
P9 -2 1 15683 3 7 0
P10 -1 0 17334 4 -9 1
P11 4 1 13054 1 21 -2
P12 2 -1 27503 -4 19 -3
P13 -4 3 13041 4 -33 -1
P14 5 2 13777 5 24 1
P15 -3 2 16416 42 3 0
P16 2 2 18228 48 -7 1
P17 -2 -1 45927 586 -63 0
P18 -3 -2 12758 -3 -48 1
P19 -2 -1 16574 -4 -1 0
P20 -2 -2 47683 752 34 0
P21 3 -1 18598 -2 -26 0
P22 4 -2 13635 -2 32 -1
P23 -4 -1 12296 -2 -33 -1
P24 -1 -1 25453 22 -55 0
P25 2 -1 27682 100 -59 0
P26 5 -1 13024 -1 12 1
P27 -2 -2 16855 -4 4 0
P28 1 -2 18560 -2 -7 0
P29 -6 -4 7774 -20 24 0
P30 -2 -3 9462 8 -1 1

A. C. SILVA
176 D0192G18: Interação Solo-Estrutura no Projeto de Edifícios Altos

P31 -1 -3 9210 12 0 0
P32 0 -3 10131 17 3 -1
P33 3 -3 10656 14 -3 -1
P34 7 -4 8083 -17 -31 0

Tabela B.2 — Cargas e momentos nos pilares com a interação para o caso QFA60.

Pilares For X For Y For Z Mom X Mom Y Mom Z


kN kN kN kN.m kN.m kN.m
P1 -13 20 10694 74 51 -1
P2 15 20 10859 72 -55 1
P3 -8 36 12612 100 19 0
P4 -3 28 12621 63 1 0
P5 3 28 13880 63 -5 0
P6 10 36 14056 99 -25 -1
P7 -31 14 14618 30 124 -1
P8 -23 27 24457 309 146 1
P9 -12 18 13549 89 75 1
P10 7 18 15174 95 -125 0
P11 34 13 15180 30 -142 1
P12 25 27 26189 240 -267 -1
P13 -27 8 14702 11 16 -2
P14 29 8 15334 11 -42 2
P15 -21 18 13164 220 73 0
P16 21 19 14682 194 -77 1
P17 -10 0 36032 -1429 40 0
P18 -33 -5 15221 -11 92 1
P19 -29 -11 13618 -54 237 0
P20 1 0 38051 -1356 -126 0
P21 29 -11 15288 -49 -243 0
P22 34 -5 15915 -11 -107 -2
P23 -34 -14 14503 -39 102 2
P24 -26 -27 23516 -355 76 1
P25 27 -26 25306 -266 -219 -1
P26 36 -13 14957 -38 -127 -2
P27 -14 -28 14536 -303 32 0
P28 10 -29 16368 -324 -44 0
P29 -15 -17 10257 -77 45 0
P30 -9 -33 12026 -102 22 0
P31 -4 -34 12221 -118 5 0
P32 3 -35 13533 -122 -8 0
P33 11 -33 13365 -101 -28 1
P34 17 -17 10422 -73 -51 0

A. C. SILVA Apêndice B
ANEXO C
SONDAGEM SPT

Os parâmetros hipotéticos do solo foram determinados com base em um perfil de solo real da
cidade de Goiânia/GO. Esse perfil foi obtido, por meio de resultados de sondagens SPT, em
quarto furos. Da Figura C.1 até a Figura C.4 são apresentados os laudos de sondagens dos
furos realizados.

 FURO 1 (SP-01)

Figura C.1 — Sondagem de reconhecimento (SPT) - SP01.

A. C. SILVA
178 D0192G18: Interação Solo-Estrutura no Projeto de Edifícios Altos

 FURO 2 (SP-02)

Figura C.2 — Sondagem de reconhecimento (SPT) - SP02.

A. C. SILVA Anexo C
D0192G18: Interação Solo-Estrutura no Projeto de Edifícios Altos 179

 FURO 3 (SP-03)

Figura C.3 — Sondagem de reconhecimento (SPT) - SP03.

A. C. SILVA Anexo C
180 D0192G18: Interação Solo-Estrutura no Projeto de Edifícios Altos

 FURO 4 (SP-04)

Figura C.4 — Sondagem de reconhecimento (SPT) - SP04.

A. C. SILVA Anexo C

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