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D0230E20
GOIÂNIA
2020
GUILHERME DE PAULA LISBOA
D0230E20
GOIÂNIA
2020
Ficha de identificação da obra elaborada pelo autor, através do
Programa de Geração Automática do Sistema de Bibliotecas da UFG.
CDU 624
AGRADECIMENTOS
Aos meus pais, Olimpio e Luzeni, à minha irmã, Giovanna, ao meu cunhado, Frederico, e à
minha afilhada, Rafaela, pelo apoio incondicional e compreensão. Aos meus padrinhos,
Adelson e Lucilene, e aos meus “quase-irmãos”, Ricardo e Milene, pela torcida.
Ao professor Daniel por, mais uma vez, me orientar tão bem e por se empenhar para que
obtivéssemos resultados de qualidade.
Aos demais professores da área de Mecânica das Estruturas do GECON, Fred, Renata, Sylvia
e Zenon, pelo enorme suporte acadêmico e pela motivação aos alunos ante as dificuldades ao
longo do Mestrado.
Aos colegas de turma que conheci no Mestrado, Anna, Kenia, Phablo, e aquelas com quem
compartilho momentos desde a Graduação, Ericka e Nathália, sem todos os quais essa jornada
teria sido praticamente impossível.
Ao meu amigo de longa data, Sérgio, e aos colegas de LABMEC, Marcel e Cleiton, pelas dicas,
apoio, discussões produtivas e momentos descontraídos compartilhados durante as atividades
no laboratório.
Aos técnicos administrativos, Hugo e Verônica, e aos técnicos de laboratório, Antônio, Vitor,
Walter e Rafael, pela disposição de sempre ajudar.
À Escola de Engenharia e à UFG por mais uma vez me acolherem e me possibilitarem grande
crescimento profissional e pessoal.
Aos colegas do IFG, em especial Bruna, Ilves, Dani, Liliane e Raíssa, pela torcida.
Ao IFG pela concessão de redução de vinte por cento na carga horária de trabalho para
desenvolvimento de atividades de pós-graduação stricto sensu.
À FAPEG pela concessão de bolsa de pesquisa por meio da Chamada Pública 03/2018 Bolsas
de formação de mestrado e doutorado.
G. P. LISBOA
RESUMO
G. P. LISBOA
ABSTRACT
Progressive collapse is a rare event associated to the spreading, from element to element, of a
local damage, resulting, eventually, in the collapse of the entire structure or a disproportionately
part of it. Standards and design recommendations most referred about this theme are usually
associated to one or both of two approaches. One is the Indirect Method, which provides
continuity, redundancy and ductility to the structure by tying structural elements with current
reinforcement or prestressing strands not tensioned inserted in these elements, i.e, but without
performing structural analysis. The second one is the Direct Method, that, based on advanced
analytical techniques, consists on designing key elements to resist exceptional loads or defining
alternative load paths for loads redistribution due to a vertical supporting element, i.e. The tie
forces method is usually based on empiric definitions. But in the direct methods, the ultimate
resistance can be verified considering material and geometrical nonlinearities in the whole
structure to make it resists a local damage in an exceptional situation without collapsing largely
or in whole. In this work, a methodology of computational modelling is developed by using
simplified numeric model carried out by Finite Elements Method, implemented in software
DIANAⓒ v.10.2, using beam, rotational spring and shell finite elements. The developed
methodology bases, among other considerations, on modification of behavior resulted from
Modified Compression Field Theory (MCFT) to define the constitutive model of beam-column
connection on monolithic frames. With the developed and validated methodology of modelling,
parametric analyses are taken, whose results suggest that previsions about ultimate
displacements and resistant force in a structure under progressive collapse are possible basing
on the physical and geometrical characteristics, known in design steps. The developed
methodology of modelling is also applied to study a complete story. The results are compared
to design recommendations from two references: one with alternative load path approach and
other with determination of tie forces (indirect method) approach. According to the tie forces
method, the beam longitudinal reinforcements can only be considered as ties if these structural
elements can carry rotations beyond 0,20 rad. But the obtained results indicate that this
recommendation is conservative.
G. P. LISBOA
LISTA DE FIGURAS
Figura 1.1 – Estrutura que não colapsa totalmente após a ruína de um pilar. Fonte: (LIN
et al.; 2018). ........................................................................................................................... 36
Figura 1.2 – Edifício Ronan Point após colapso. Fonte: (LARANJEIRAS; 2011)............... 37
Figura 1.3 – Fachada do Edifício Murrah. Fonte: (LA MAZZA; 2018). .............................. 38
Figura 2.1 – Armadura contra colapso progressivo, segundo a ABNT NBR 6118
(ABNT, 2014). ....................................................................................................................... 46
Figura 2.2 – Amarrações para ações excepcionais segundo o Eurocode 2 (CEN, 2004). ..... 51
Figura 2.3 – Definição de colapso progressivo controlado por deformação ou por força
segundo o disposto em GSA (2013). Modificado de GSA (2013). ....................................... 56
Figura 2.4 – Pilares externos a serem removidos segundo GSA (2013). Modificado de
GSA (2013). .......................................................................................................................... 58
Figura 2.5 – Pilares internos a serem removidos, segundo GSA (2013). Modificado de
GSA (2013). .......................................................................................................................... 59
Figura 2.6 – Áreas de consideração dos carregamentos. Modificado de GSA (2013). ......... 62
Figura 2.9 – Direção das amarrações internas, espaçamento entre elas e apresentação de
como determinar L1. Modificado de UFC 4-023-03 (DOD, 2009). ...................................... 75
G. P. LISBOA
D0230E20: Proposta de uma metodologia para simulação computacional do colapso progressivo de estruturas...
Figura 3.1 – Esquema dos pórticos ensaiados por Almusallam et al. (2018). Modificado
de Elsanadedy et al.; 2017).................................................................................................... 82
Figura 3.3 – Esquema de ensaio desenvolvido por Kang e Tan (2016). ............................... 83
Figura 3.4 – Parte dos modelos numéricos desenvolvidos por Elsanadedy et al. (2017). .... 85
Figura 3.6 – À esquerda, visão geral do esquema experimental utilizado por Tohidi e
Baniotopoulos (2017), no qual se é possível ver o mecanismo de aplicação das duas etapas
de carregamento. À direita, detalhe do mecanismo, em que se vê a viga de apoio
intermediário (ligação laje-laje), responsável pela primeira etapa de carregamento, e a
estrutura superior, relativa à segunda etapa de carregamento. .............................................. 87
Figura 3.7 – Pórtico com colapso simulado por Qian e Li (2018). À esquerda, esquema
em planta; à direita, esquema em corte.................................................................................. 88
Figura 3.9 – Apoio elaborado por La Mazza (2018) para as vigas. ...................................... 89
Figura 3.10 – Dados geométricos1 das amostras IMF, à esquerda do Eixo de Simetria, e
SMF, à direita do Eixo de Simetria, estudadas por Lew et al. (2011). As cotas ao longo
das vigas indicam as seções em que há alteração de área de armadura. Dimensões fora de
escala. .................................................................................................................................... 92
Figura 3.12 – Modelo reduzido apresentado por Lew et al. (2011). ..................................... 94
Figura 3.14 – Amostras P1, destacada em azul, à esquerda; e T1, destacada em vermelho,
à direita. ................................................................................................................................. 97
Figura 4.1 – Superelemento finito desenvolvido por Lowes, Mitra e Altoontash (2003).
Modificado de Lowes, Mitra e Altoontash (2003). ............................................................... 104
Figura 4.2 – Geometria dos modelos em elementos finitos gerado no DIANAⓒ v.10.2
para as amostras IMF, à esquerda do Eixo de Simetria (a); e SMF, à direita do Eixo de
Simetria. Dimensões fora de escala. ...................................................................................... 105
Figura 4.3 – Elementos finitos utilizados na modelagem: (1) CL9BE e (2) SP2RO. Fonte:
(TNO, 2017). ......................................................................................................................... 106
Figura 4.4 – Distribuição dos pontos de integração ao longo da altura da seção transversal
(direção η) de elementos de viga Classe II e Classe III no DIANAⓒ v.10.2. Modificado
de TNO (2017). ..................................................................................................................... 107
Figura 4.5 – Detalhe da ligação na extremidade esquerda do modelo do Pórtico IMF......... 108
Figura 4.8 – Curva tensão-deformação adotada para o aço (LEW et al.; 2011). .................. 111
Figura 4.11 – Forças (a) e distorções (b) em um nó de pórtico considerado como painel.
Modificado de Yu (2012). ..................................................................................................... 115
Figura 4.12 – Fissuração experimental do Pórtico IMF sob deslocamento de 610 mm,
com destaque para os braços de alavanca nas seções da viga e do pilar. Modificado de
Lew et al. (2011). .................................................................................................................. 116
Figura 4.13 – Momentos fletores em uma viga em segundo as rigidezes das ligações nos
apoios. Fonte: (EL DEBS; 2017)........................................................................................... 116
Figura 4.14 – Modelagem via descrição Lagrangeana clássica x resultados obtidos por
Battini (2002) para: uma viga em balanço (a) e do Pórtico Toggle (b). ................................ 118
Figura 4.15 – Curvas força-deslocamento do apoio central obtidas neste trabalho e por
Lew et al. (2011) para o Pórtico IMF (a) e para o Pórtico SMF (b)...................................... 119
Figura 4.18 – Para a amostra P1: (a) esquema geral do modelo; e (b) dimensões dos pilares
e das condições de contorno. Fonte: (QIAN, LI E ZHANG; 2014). ..................................... 126
Figura 4.20 – Amostra S1: (a) visualização das restrições de apoio consideradas e (b)
representação tridimensional do modelo. .............................................................................. 127
Figura 4.21 – Amostra T1: vigas longitudinais, ao longo do eixo X, e vigas transversais,
ao longo do eixo Z, vinculadas ao pilar central. Em (a) são apresentadas as molas
rotacionais nas ligações viga-pilar. Em (b) percebe-se a face superior coincidente das
vigas nas duas direções. ......................................................................................................... 128
Figura 4.23 – Curvas tensão-deformação adotadas para o aço das armaduras das lajes e
longitudinal das vigas. ........................................................................................................... 132
Figura 4.24 – Curvas força-deslocamento do apoio central obtidas para a amostra (a) P1
e para a amostra (b) P2. ......................................................................................................... 134
Figura 4.25 – Curvas força-deslocamento do apoio central obtidas para a amostra (a) T1
e para a amostra (b) T2. ......................................................................................................... 135
Figura 4.28 – Curvas força-deslocamento do apoio central para a amostra (a) S1 e para a
amostra (b) S2. ....................................................................................................................... 142
Figura 5.1 – Curvas força-deslocamento para a amostra P1: (a) Análise 1 e (b) Análise 2.
............................................................................................................................................... 153
Figura 5.2 – Resultados da análise paramétrica das amostras P1 e dos Pórticos IMF e SMF
em termos de [Fu / Fmax] e [uu / L]. ........................................................................................ 155
Figura 5.3 – Nós para obtenção das forças solicitantes nas armaduras longitudinais da
viga. ....................................................................................................................................... 157
Figura 5.4 – Força nas armaduras ao longo do desenvolvimento das curvas força-
deslocamento do apoio central. ............................................................................................. 158
Figura 5.5 – Força nas armaduras ao longo do desenvolvimento das curvas força-
deslocamento do apoio central. ............................................................................................. 159
Figura 5.6 – Resultados da análise paramétrica das amostras P1 e dos Pórticos IMF e SMF
em termos de [uu / L] e [Parâmetro (1 / α)]. ......................................................................... 161
Figura 5.7 – Curvas força-deslocamento para a amostra S1 (a) Análise 1 e (b) Análise 2. .. 164
Figura 5.8 – Força nas armaduras longitudinais das vigas transversais (VT’s) ao longo do
desenvolvimento das curvas força-deslocamento do apoio central....................................... 166
Figura 5.9 – Força nas armaduras longitudinais das vigas longitudinais (VL’s) ao longo
do desenvolvimento das curvas força-deslocamento do apoio central. ................................ 167
Figura 5.10 – Força nas armaduras longitudinais inferiores das vigas transversais (VT’s)
e das vigas longitudinais (VL’s) e curvas força-deslocamento do apoio central. ................. 168
Figura 5.11 – Resultados da análise paramétrica das amostras S1 em termos de [Fu / Fmax]
e [(uu / L)_VT’s]. ................................................................................................................... 171
Figura 6.1 – Edifício estudado experimentalmente por Xiao et al. (2013) e por Xiao et
al. (2015): (a) Planta de Fôrmas; (b) e (c) Vistas Laterais. Modificado de Xiao et
al. (2013). Dimensões em mm. .............................................................................................. 176
Figura 6.2 – Malha de elementos finitos gerada para o pavimento. ...................................... 178
Figura 6.4 – Exemplo de verificação do critério de GSA (2013) para a remoção de pilares
adicionais ao removido na análise. ........................................................................................ 183
Figura 6.6 – Análise 2: esquema para definição de faixas de largura para cálculo de
amarrações segundo o UFC 4-023-03 (DOD, 2009). Dimensões em m. .............................. 189
Figura 6.7 – Análise 1: deformações nas armaduras das lajes. ............................................. 190
Figura 6.8 – Análise 2: deformações nas armaduras das lajes. ............................................. 191
Figura 6.9 – Análise 3: deformações nas armaduras das lajes. ............................................. 191
Figura 6.11 – Nós para obtenção das forças solicitantes na armadura longitudinal inferior
das vigas (esquema válido para as duas direções no plano do pavimento). .......................... 193
Figura 6.12 – Nós para obtenção das forças solicitantes nos reinforcement grids
representativos da armadura inferior das lajes. ..................................................................... 193
Figura 6.13 – Amarrações periféricas: razões entre a força nas armaduras estimada da
modelagem e a força de amarração calculada conforme UFC 4-023-03 (DOD, 2009). ....... 194
Figura 6.14 – Amarrações internas: razões entre a força nas armaduras estimada da
modelagem e a força de amarração calculada conforme UFC 4-023-03 (DOD, 2009). ....... 195
Figura A.4 – Classificação dos estudos com abordagem teórica retornados às strings:
"progressive collapse" AND "concrete" e "progressive collapse" AND structure (24
trabalhos). .............................................................................................................................. 218
Figura A.5 – Classificação dos estudos com abordagem experimental retornado às strings:
Figura A.6 – Classificação dos estudos com abordagem teórica retornados às strings:
"progressive collapse" AND "precast concrete" (18 trabalhos). .......................................... 222
Figura B.1 – Curvas θ x M (2), θ x Meng (3) e θ x Map (4) para as ligações do Pórtico IMF. ..... 230
Figura B.2 – Curvas θ x M (2), θ x Meng (3) e θ x Map (4) para as ligações da amostra P1. ....... 234
Figura C.2 – Geometria do modelo em elementos finitos gerado no DIANAⓒ v.10.2 para
o Pórtico IMF de Lew et al. (2011). ...................................................................................... 237
Figura C.3 – Detalhe da ligação na extremidade esquerda do modelo do Pórtico IMF. ....... 237
Figura C.4 – Elementos finitos bidimensionais de viga L6BEN (1) e L6BEA (2) e de mola
translacional SP2TR (3). Fonte: (TNO, 2017). ..................................................................... 238
Figura C.6 – Curvas força-deslocamento do apoio central obtidas por Lew et al. (2011)
neste trabalho (sob diferentes concepções das ligações viga-pilar) para o Pórtico IMF. ...... 243
Quadro 6.1 – Detalhamento dos pilares. Fonte: (XIAO et al.; 2015).................................... 177
Quadro 6.2 – Detalhamento das vigas. Fonte: (XIAO et al.; 2015). ..................................... 177
Quadro B.1 – Dados físicos e geométricos do Pórtico IMF de Lew et al. (2011). ............... 226
Quadro B.2 – Dados físicos e geométricos da amostra P1 de Qian, Li e Ma (2014). ........... 231
G. P. LISBOA
LISTA DE TABELAS
Tabela 4.2 – Caracterização físico-geométrica das barras de aço. Fonte: (QIAN, LI E MA;
2014). ..................................................................................................................................... 131
Tabela 5.2 – Força máxima obtida na armadura longitudinal inferior (ou superior) de cada
G. P. LISBOA
D0230E20: Proposta de uma metodologia para simulação computacional do colapso progressivo de estruturas...
Tabela 5.3 – Força máxima obtida na armadura longitudinal inferior (ou superior) das
vigas transversais e das vigas longitudinais de cada modelo. ............................................... 169
Tabela 6.4 – Dimensionamento das amarrações segundo UFC 4-023-03 (DOD, 2009)
para as quatro análises realizadas. ......................................................................................... 189
Tabela B.1 – Pórtico IMF: passos de obtenção da curva rigidez rotacional-rotação com
base na curva distorção angular-tensão cisalhante obtida da MCFT. .................................. 229
Tabela B.2 – Amostra P1: passos de obtenção da curva rigidez rotacional-rotação com
base na curva distorção angular-tensão cisalhante obtida da MCFT. .................................. 233
Tabela C.1 – Pontos obtidos para a curva alongamento x força para as molas
translacionais no quadro da ligação viga-pilar. ..................................................................... 241
Tabela C.2 – Resistência vertical de primeiro pico e resistência vertical última: resultados
de modelagem e experimentais.............................................................................................. 243
G. P. LISBOA
LISTA DE SÍMBOLOS
Símbolos Romanos
Asneg,long Área de armadura longitudinal inferior (ou superior) das vigas dos modelos,
na Tabela 5.1, na Tabela 5.2;
Asneg,long,VL Área de aço de uma única barra da armadura longitudinal inferior (ou
superior) das vigas longitudinais (na direção de maior vão) dos modelos, na
Tabela 5.3;
Asneg,long,VT Área de aço de uma única barra da armadura longitudinal inferior (ou
superior) das vigas transversais (na direção de menor vão) dos modelos, na
Tabela 5.3;
G. P. LISBOA
D0230E20: Proposta de uma metodologia para simulação computacional do colapso progressivo de estruturas...
Eci Módulo de elasticidade inicial do concreto, na Figura 4.6 e nas expressões (4.8) e (6.1);
EXX Deformação dos reinforcement grids na direção X, na Figura 6.7, na Figura 6.8, na
Figura 6.9 e na Figura 6.10;
EZZ Deformação dos reinforcement grids na direção Z, na Figura 6.7, na Figura 6.8, na
Figura 6.9 e na Figura 6.10;
fc Resistência à compressão do concreto, na Figura 4.6, nas expressões (4.7), (6.1) e (6.2)
e na Figura C.6;
Fs Força diagonal que surge nos nós do painel, na Figura 4.11 e no modelo de Yu (2012)
(Apêndice C);
Fsu Força de ruptura na armadura longitudinal inferior (ou superior) da viga segundo a lei
constitutiva do aço e a área de armadura, na Tabela 5.2;
Fsu,VL Área de aço de uma única barra da armadura longitudinal inferior (ou superior)
das vigas longitudinais (na direção de maior vão) dos modelos, na Tabela 5.3;
Fsu,VT Área de aço de uma única barra da armadura longitudinal inferior (ou superior)
das vigas transversais (na direção de menor vão) dos modelos, na Tabela 5.3;
Ft Força a ser resistida pela amarração, por unidade de comprimento, expressão (2.3), na
expressão (2.4) e na expressão (2.5);
Ftie Força de tração no tirante nas amarrações de internas posicionadas no interior das
vigas, na equação (2.2);
Fvert Carga vertical última de projeto resistida pelo pilar de extremidade, na expressão (2.5);
G Carregamentos gravitacionais não majorados para ações controladas tanto por força
quanto por deslocamento, nas análises linear estática e não-linear estática, segundo o
GSA (2013);
GLF Carregamentos gravitacionais majorados para ações controladas por força em análise
linear estática, na equação (2.7), na Figura 2.6;
GN Carregamentos gravitacionais majorados para ações controladas tanto por força quanto
por deslocamento em análise não-linear estática, segundo GSA (2013);
GND Carregamentos gravitacionais para ações controladas por deformação e por força em
análise não-linear dinâmica, na equação (2.14);
Valor do carregamento permanente, nas equações (2.6), (2.7), (2.11), (2.14) e (6.5);
h Altura livre do pavimento, para cálculos referentes à equação (2.4) e na equação (2.5);
Menor valor entre: o vão entre colunas na direção da amarração ou 5 h, sendo h a altura
livre do pavimento, em m, na expressão (2.4);
O menor valor entre: o vão entre colunas na direção da amarração ou cinco vezes a
altura livre do pavimento, na expressão (2.4);
LP Faixa de contribuição das armaduras das lajes para amarrações periféricas, igual a 1 m,
na equação (2.25);
Parcela igual à altura da viga na soma (SR + LP), que determina a região fissurada da
viga que influencia a rotação relativa entre a viga e o pilar;
Map Momento de engastamento semirrígido nas vigas, na Figura 4.13 e na equação (4.6);
Meng Momento de engastamento perfeito nas vigas, na Figura 4.13 e na equação (4.6);
mLIF Menor fator m para todas as vigas diretamente conectadas ao pilar imediatamente
acima ao considerado removido, na equação (2.8);
q1 Força a ser resistida pela amarração, por unidade de comprimento, para cálculo de
armaduras periféricas, na equação (2.1);
q3 Força a ser resistida pela amarração, por unidade de comprimento, para cálculo de
armaduras internas, na equação (2.2);
QCE Maior esforço esperado no elemento para ação controlada por deformação, conforme
GSA (2013);
QCL Menor esforço esperado no elemento para ação controlada por força, conforme
GSA (2013);
Valor do carregamento acidental, nas equações (2.6), (2.7), (2.11), (2.14) e (6.5);
QUD Valor da ação controlada por deformação obtido do modelo linear elástico, na
equação (2.9);
QUF Valor da ação controlada por força obtido do modelo linear elástico, nas
equações (2.10), (2.13) e (2.15);
sn Valor característico para o carregamento de neve, nas equações (2.6), (2.7), (2.11)
e (2.14);
SR Na soma (SR + LP), que determina a região fissurada da viga que influencia a rotação
relativa entre a viga e o pilar, corresponde à distância entre fissuras na face tracionada
da viga nas ligações viga-pilar, calculada conforme o Eurocode 2 (CEN, 2004);
Tint,DOD Força de amarração interna segundo UFC 4-023-03 (DOD, 2009), na Tabela 6.4;
Tper,DOD Força de amarração periférica segundo UFC 4-023-03 (DOD, 2009), na Tabela 6.4;
Símbolos Gregos
γ Distorção angular total que surge no painel, resultante da soma (γ1 + γ2), na
Figura 4.11, nos cálculos realizados no Apêndice B e no modelo de Yu (2012)
(Apêndice C);
γ1 Distorção angular que surge nas barras verticais do painel, na Figura 4.11 e no modelo
de Yu (2012) (Apêndice C);
γ2 Distorção angular que surge nas barras horizontais do painel, na Figura 4.11 e no
modelo de Yu (2012) (Apêndice C);
ε Deformação do material;
θpra Ângulo de rotação plástica admissível segundo GSA (2013) e se refere a elementos
estruturais, componentes ou ligações;
Diâmetro da barra na Tabela 5.1, no Quadro 6.1, no Quadro 6.2, no Quadro B.1 e no
Quadro B.2;
ΩLD Fator de majoração para combinação de ações controladas por deformação em análise
linear estática segundo GSA (2013), nas equações (2.6), (2.8);
ΩLF Fator de majoração para combinação de ações controladas por força em análise linear
estática segundo GSA (2013), nas equações (2.7), (2.8);
ΩN Fator de majoração para combinação de ações controladas por deformação ou por força
em análises não-lineares estáticas segundo GSA (2013), nas equações (2.11), (2.12)
e (6.5).
1.4 METODOLOGIA............................................................................................................. 42
G. P. LISBOA
D0230E20: Proposta de uma metodologia para simulação computacional do colapso progressivo de estruturas...
G. P. LISBOA Sumário
D0230E20: Proposta de uma metodologia para simulação computacional do colapso progressivo de estruturas...
G. P. LISBOA Sumário
D0230E20: Proposta de uma metodologia para simulação computacional do colapso progressivo de estruturas...
6.3.2 Comparação com o Método das Forças de Amarração do UFC 4-023-03 (DOD, 2009)
.................................................................................................................................. 185
6.3.2.1 Observações a respeito da largura da faixa de contribuição das lajes para as amarrações
................................................................................................................................................ 190
6.3.2.2 Forças de amarração – Estimativa da modelagem versus dimensionamento segundo
UFC 4-023-03 (DOD, 2009) .................................................................................................. 192
6.3.2.3 Resultados de Qian e Li (2019) – Análise comparativa ............................................. 196
G. P. LISBOA Sumário
D0230E20: Proposta de uma metodologia para simulação computacional do colapso progressivo de estruturas...
G. P. LISBOA Sumário
CAPÍTULO 1
INTRODUÇÃO
De acordo com o FIB Bulletin 63, o colapso progressivo é um evento relativamente raro,
resultante de um dano local a uma estrutura que carece de continuidade, ductilidade e
redundância adequadas à prevenção da propagação do dano (FIB, 2012b). Ainda segundo o
mesmo documento – e considerando-se que seu foco principal são estruturas em concreto pré-
moldado –, os projetos devem buscar atender níveis aceitáveis de segurança contra o colapso
progressivo, uma vez que seria economicamente inviável conceber estruturas que oferecessem
nível total de segurança. Para tanto, é necessário que se estabeleça o que pode ser dado por
aceitável.
O colapso progressivo, como encontrado em grande parte da literatura sobre o tema, é um tipo
de ruptura incremental, em que o dano resultante é desproporcional à causa. Segundo
Ellingwood et al. (2007), um colapso pode ser considerado progressivo se, em qualquer
pavimento, a área horizontal atingida estiver limitada inferiormente por 70 m² (há
recomendações que indicam 100 m²) ou 15% da área do piso, o menor entre os dois valores;
em se tratando da propagação vertical, é comum se limitar em, no mínimo, dois pavimentos.
G. P. LISBOA
D0230E20: Proposta de uma metodologia para simulação computacional do colapso progressivo... 36
Figura 1.1 – Estrutura que não colapsa totalmente após a ruína de um pilar. Modificado de Lin et al. (2018).
A consideração do colapso progressivo perpassa pelo projeto da estrutura para resistir a ações
anormais. Essa terminologia se refere a ações de natureza dinâmica, geralmente relacionadas a
impactos de veículos, explosões em sistemas de gás (explosões internas) ou ataques por bomba
(explosões internas ou externas), ou até mesmo erros de projeto ou execução. Essas são ações
excepcionais definidas na ABNT NBR 8681 (ABNT, 2003). Neste sentido, também cabe
destacar que estruturas cujos projetos tenham se baseado em códigos que considerem ações de
sismos têm ganho indireto de segurança contra colapso progressivo. Mas, conforme ressalta
Yu (2012), os elementos estruturais trabalham sob diferentes estados de tensão quando em
situação de sismos (carregamentos cíclicos horizontais) ou quando em situação de colapso (com
carregamentos essencialmente verticais).
Quando são levados em conta o risco ao meio ambiente e as perdas econômicas e de vidas,
percebe-se a importância da consideração da possibilidade de ocorrência do colapso
progressivo nos projetos de estruturas. Ainda que edificações imunes a danos provocados pelo
fenômeno sejam infactíveis, é possível reduzir riscos e perdas proporcionando à estrutura
capacidade resistente suficiente para que ações de evacuação dos prédios e operações de resgate
sejam realizadas.
G. P. LISBOA Capítulo 1
D0230E20: Proposta de uma metodologia para simulação computacional do colapso progressivo... 37
análise estrutural, avalia a estrutura projetada a fim de torná-la menos suscetível a eventuais
cenários de colapso, utilizando para tanto, o dimensionamento de caminhos alternativos de
carga quando da ruína de determinados elementos estruturais, ou o fornecimento de resistência
adequada a regiões específicas da estrutura para que não venham a ruína caso submetidos a
carregamentos como de explosões ou impactos de veículos, por exemplo.
1.1 HISTÓRICO
Estão registrados na literatura alguns casos de edifícios que atingiram o colapso progressivo e
outros que resistiram ao fenômeno, mas que, de uma forma ou de outra, evidenciaram o tema e
sua relevância. Os mais conhecidos são brevemente apresentados a seguir.
Figura 1.2 – Edifício Ronan Point após colapso. Fonte: (LARANJEIRAS; 2011).
G. P. LISBOA Capítulo 1
D0230E20: Proposta de uma metodologia para simulação computacional do colapso progressivo... 38
G. P. LISBOA Capítulo 1
D0230E20: Proposta de uma metodologia para simulação computacional do colapso progressivo... 39
após esse tempo se deu devido à perda de resistência das armaduras expostas causada pelo
incêndio. A investigação constatou que os pilares apresentaram comportamento dúctil, em
grande parte graças ao cintamento (estribos helicoidais) utilizado em muitos dos pilares ao invés
da armadura transversal usual em forma de estribos isolados.
Figura 1.4 – Fachada do edifício atingido no conjunto Khobar Towers. Fonte: (LARAJEIRAS; 2011).
1.2 JUSTIFICATIVA
Uma das principais formas de se tratar o colapso progressivo em fase de projeto é por meio da
remoção de determinados elementos, vez que esta metodologia tem como principal vantagem
a avaliação dos efeitos na estrutura devidos à perda do elemento, independentemente da causa,
G. P. LISBOA Capítulo 1
D0230E20: Proposta de uma metodologia para simulação computacional do colapso progressivo... 40
Segundo Feng, Wang e Wu (2019), a metodologia dos caminhos alternativos de carga é a mais
comum e efetiva de tratar o colapso progressivo em estruturas e é, por isso, considerada
explicitamente em algumas normas e recomendações de projeto, como o UFC 4-023-03
(DOD, 2009) e o GSA (2013), tratadas mais adiante neste trabalho. Esta metodologia se dá pela
remoção de elementos verticais de sustentação (pilares ou paredes portantes) a fim de se
conhecerem as regiões da estrutura restante que possam necessitar de reforço para que tornem-
se caminhos à redistribuição de esforços. Por avaliar a estrutura sob eventuais ações reais,
encaixa-se como um dos Métodos Diretos de tratamento do colapso progressivo.
Neste sentido, para que seja possível a análise de determinada estrutura sob colapso progressivo
ainda em fase de projeto, o software utilizado deve ser capaz de simular seu comportamento
considerando as não-linearidades física (dependente aos materiais) e geométrica (associada ao
arranjo estrutural). Além disso, e sabendo-se que a alteração do equilíbrio estático da estrutura
pode incorrer em comportamento variável no tempo, em alguns casos análises não-lineares
dinâmicas podem ser necessárias. Dada a complexidade de se usar soluções analíticas sob todas
essas considerações, é viável discretizar a estrutura e tratar numericamente o problema.
Modelar determinada estrutura considerando seus elementos de forma simplificada, como pela
utilização de elementos finitos de pórtico (para vigas e pilares) e de casca (para lajes), por
exemplo, é uma alternativa eficiente, uma vez que pode reduzir consideravelmente os tempos
de modelagem e de processamento da estrutura.
G. P. LISBOA Capítulo 1
D0230E20: Proposta de uma metodologia para simulação computacional do colapso progressivo... 41
Além disso, conforme Feng, Wang e Wu (2019), modelos simplificados, quando bem
desenvolvidos, podem também representar efeitos não-lineares locais de forma bastante
satisfatória. Assim, os modelos simplificados mostram-se como a uma boa alternativa para o
tratamento do colapso progressivo em estruturas de concreto armado em fase de projeto.
Diante do exposto, justificam-se estudos que, como o deste trabalho, com vistas à aplicabilidade
ainda em fase de projeto, proponham-se a desenvolver modelos computacionais simplificados
capazes de representar estruturas tanto bidimensionais quanto tridimensionais sob colapso de
elementos verticais resistentes e que possibilitem o tratamento de tais estruturas sob a
metodologia dos caminhos alternativos de carga.
1.3 OBJETIVOS
Este trabalho teve por objetivo geral o estudo do colapso progressivo em estruturas monolíticas
de pórtico em concreto armado moldado in loco por meio de análise teórico-computacional.
G. P. LISBOA Capítulo 1
D0230E20: Proposta de uma metodologia para simulação computacional do colapso progressivo... 42
1.4 METODOLOGIA
O texto deste trabalho está dividido em sete capítulos e três apêndices. No Capítulo 1 é
apresentado o tema de estudo por meio desta introdução, que contempla histórico, objetivos,
justificativa e metodologia.
G. P. LISBOA Capítulo 1
D0230E20: Proposta de uma metodologia para simulação computacional do colapso progressivo... 43
O Capítulo 5 apresenta análise paramétrica com dois dos modelos validados no Capítulo 4, um
pórtico plano e um pórtico espacial com pavimento com lajes e vigas. Essa análise foi realizada,
primeiramente, alterando-se apenas os vãos em vigas e, em um segundo momento, alterando-
se, concomitantemente, as taxas de armadura longitudinal dessas vigas.
G. P. LISBOA Capítulo 1
D0230E20: Proposta de uma metodologia para simulação computacional do colapso progressivo... 44
G. P. LISBOA Capítulo 1
CAPÍTULO 2
REVISÃO BIBLIOGRÁFICA:
NORMAS E RECOMENDAÇÕES DE PROJETO
Quando de suas recomendações de segurança e de estados limites a serem atendidos, essa norma
prevê que seja considerado o estado limite último de colapso progressivo. Suas recomendações
mais explícitas, no entanto, são postas apenas quando das orientações de dimensionamento e
detalhamento de lajes.
Em seu item 19.5.4 Colapso progressivo, para lajes submetidas à punção, essa norma estabelece
como critério de segurança contra esse fenômeno a garantia de ductilidade local por meio da
ancoragem da armadura de flexão inferior que atravessa o contorno C (primeira superfície
G. P. LISBOA
D0230E20: Proposta de uma metodologia para simulação computacional do colapso progressivo... 46
Figura 2.1 – Armadura contra colapso progressivo, segundo a ABNT NBR 6118 (ABNT, 2014).
Como recomendações de detalhamento, a ABNT NBR 6118 (ABNT, 2014) prevê, ainda, que
podem ser desconsideradas as armaduras (passivas) contra colapso progressivo caso pelo menos
um cabo de armadura ativa atravesse a seção transversal dos pilares ou elementos de apoio das
lajes lisas. Outras considerações sobre espaçamentos entre as superfícies críticas, inclusive
quanto à presença de furos nas lajes, constam na norma, porém fogem aos objetivos deste
trabalho e, por isso, não serão aqui apresentadas.
A American Society of Civil Engineers, nos tópicos 1.4 General Structural Integrity e C1.4 (na
seção de comentários) da ASCE 7-05 (ASCE, 2006), cita que a integridade estrutural e,
consequentemente, a capacidade da estrutura de resistir a danos locais sem que estes resultem
em colapso total do sistema, pode ser considerada implicitamente, por meio do adequado
provimento de resistência, continuidade e ductilidade (capacidade de dissipação de energia) aos
componentes da estrutura (método indireto), e/ou explicitamente, por meio de caminhos
alternativos de carga, que redistribuem esforços originados pela falha de algum elemento, e de
resistências maiores a elementos relevantes da estrutura a fim de evitar a ruptura destes (método
direto).
G. P. LISBOA Capítulo 2
D0230E20: Proposta de uma metodologia para simulação computacional do colapso progressivo... 47
1) bom plano de layout, com o qual se busca distribuição adequada de pilares e paredes a
fim de se reduzirem vãos;
Apesar dessas ponderações, o documento cita, no entanto, que não é seu objetivo – ao menos
na versão vigente à data deste trabalho – trazer indicações específicas a respeito de
carregamentos e suas combinações, de critérios de dimensionamento e de detalhamento a serem
considerados contra o colapso progressivo.
G. P. LISBOA Capítulo 2
D0230E20: Proposta de uma metodologia para simulação computacional do colapso progressivo... 48
Para as estruturas em geral, são recomendadas resistência mínima de ligações e integridade por
amarrações. Quando da consideração desta última, as amarrações longitudinais e transversais
devem conectar os elementos a sistemas resistentes lateralmente. No caso de amarrações
verticais, estas devem ser realizadas em juntas horizontais entre elementos estruturais verticais
e devem satisfazer:
1) no caso de amarrações de colunas, é necessário que resistam a uma força de 200 Ag, em
lbf e Ag em pol², ou 0,14 Ag, em kN e Ag em cm², sendo Ag a área da seção transversal da
coluna. Para situações em que se tenham áreas superiores àquelas requeridas pelo
carregamento, é permitida a utilização destas, limitando-se a redução a 50% da área
bruta efetiva;
2) em conexões de painéis pré-moldados, devem ser providas pelo menos duas amarrações,
com resistência mínima de 44,5 kN cada.
Para estruturas em painéis com três ou mais pavimentos são prescritas distribuições e
resistências diferentes das anteriormente citadas, mas ainda com o objetivo de se garantir a
integridade por meio de amarrações. Para estes casos, a norma referencia o PCI Building Code
Committee (1986), que traz recomendações para amarrações de integridade mínimas a serem
utilizadas em estruturas em paredes portantes.
Sobre as amarrações, é indicado que devem compor um completo caminho de carga, nos quais
o carregamento deve ser transferido da forma mais direta possível. Desta forma, eventuais
excentricidades destas amarrações, especialmente nas ligações, devem ser evitadas ou
minimizadas.
Destaca-se que, nessa versão de 2019, o código apresenta um Apêndice complementar à versão
de 2014, com verificações de projeto aplicáveis a análises não-lineares de estruturas sob
situações de sismos com movimentos horizontais e verticais. São apontadas orientações gerais
quanto às combinações de carregamento a serem consideradas, aos modelos e às análises a
serem desenvolvidos, bem como aos critérios de aceitação a serem utilizados. No entanto, as
indicações se referem a solicitações cíclicas. Conforme já ressaltado, no entanto, estruturas
G. P. LISBOA Capítulo 2
D0230E20: Proposta de uma metodologia para simulação computacional do colapso progressivo... 49
Esta norma estabelece que estruturas que não tenham sido projetadas para resistir a ações
acidentais (“accidental actions”) devem ser providas de sistema de amarração apropriado para
estabelecer caminhos alternativos de carga em caso de danos locais e, com isso, prevenir o
colapso progressivo. Sobre as estruturas, as recomendações constam nas Seções 9, destinada
principalmente àquelas em concreto armado moldado no local, e 10, com foco nas estruturas
em concreto pré-moldado. A respeito das ações, ressalta-se que o termo “acidentais” vem de
tradução livre do texto do documento. Quando levadas em conta as definições da ABNT
NBR 8681 (ABNT, 2003), essas ações são mais bem classificadas como ações excepcionais.
Sobre as amarrações, o Eurocode 2 (CEN, 2004) coloca como necessárias, em suas Seções 9
e 10,
1) as de periferia;
2) as internas;
É definido por esta norma que as amarrações podem ser assumidas com suas resistências
características. Além disso, armaduras com outros objetivos em colunas, paredes, vigas e pisos
podem ser consideradas como resistentes a parte ou ao total dos esforços destinados ao cálculo
das amarrações, uma vez que as amarrações são tomadas como armaduras mínimas e não como
adicionais àquelas resultantes dos esforços da análise estrutural.
Segundo os critérios desta norma, cada nível (piso e cobertura) deve ter amarração contínua de
periferia nos 1,2 m a partir da borda, podendo para isso ser considerada a contribuição da
armadura já presente no elemento, que resista a uma força de tração de:
G. P. LISBOA Capítulo 2
D0230E20: Proposta de uma metodologia para simulação computacional do colapso progressivo... 50
em que Ftie,per é a força de tração no tirante (em kN) e L é o comprimento do vão final do
elemento (em m), sendo recomendados os valores de 10 kN/m e de 70 kN para q1 e Q2,
respectivamente.
Ainda, é recomendado que estruturas com contornos internos (como pátios e átrios, por
exemplo) devem ter amarrações periféricas nesses contornos da mesma forma que nos externos,
que devem ser completamente ancorados.
Tais amarrações devem estar presentes em cada nível de piso e na cobertura, em duas direções
aproximadamente perpendiculares entre si, de forma que sejam compostas por armaduras
contínuas ao longo de todo o comprimento no qual estão dispostas. Essas amarrações devem
ser ancoradas às amarrações de periferia em cada um de seus extremos, a não ser que continuem
como amarrações horizontais em colunas ou paredes.
As amarrações internas devem ser, no todo ou em parte, distribuídas nas lajes ou podem ser
agrupadas junto às vigas ou no interior destas ou ainda em paredes portantes ou outra posição
apropriada. De qualquer forma, em cada uma das direções, devem ser capazes de suportar uma
tração de 20 kN/m. Nos casos em que as armaduras de amarração precisem ser posicionadas no
interior das vigas, a força de tração deve ser dada por:
L1 + L2
Ftie = q3 Q4 (2.2) a
2
em que Ftie é a força de tração no tirante (em kN) e L1 e L2 são os vãos das lajes em ambos os
lados da viga (em m, ver Figura 2.2). São recomendados os valores de 20 kN/m e de 70 kN para
q3 e Q4, respectivamente.
G. P. LISBOA Capítulo 2
D0230E20: Proposta de uma metodologia para simulação computacional do colapso progressivo... 51
Figura 2.2 – Amarrações para ações excepcionais segundo o Eurocode 2 (CEN, 2004).
Os pilares de canto devem ser amarrados nas duas direções. Neste caso, a armadura utilizada
para amarração periférica pode ser continuada e utilizada como horizontal.
Segundo o que é posto no Eurocode 2 (CEN, 2004), estruturas em painéis com cinco ou mais
pavimentos devem ser providas de amarrações verticais em colunas e/ou paredes estruturais
(painéis) de forma a se limitar a área de dano em caso de perda acidental de colunas ou paredes
inferiores. Essas amarrações devem formar parte de um sistema que suporte um vão maior que
a área atingida.
É colocado por essa norma que amarrações verticais contínuas podem ser adotadas desde o
nível mais baixo até o mais alto, de forma que seja possível a transferência esforços no caso de
G. P. LISBOA Capítulo 2
D0230E20: Proposta de uma metodologia para simulação computacional do colapso progressivo... 52
uma coluna ou parede acidentalmente perdida. Outras considerações, como baseadas no efeito
diafragma de paredes remanescentes do dano e/ou que considerem os esforços de membrana
das lajes de piso, podem ser feitas se o equilíbrio da estrutura e sua capacidade de se deformar
forem verificados. No entanto, não são apontadas formas de se realizarem tais verificações.
A norma em questão ainda traz algumas recomendações gerais adicionais. É indicado, por
exemplo, que amarrações horizontais em duas direções devem ser contínuas e ancoradas ao
perímetro da estrutura. Além disso, devem ser colocadas no interior de concreto moldado no
local, nos casos em que esse material seja utilizado, ou nas ligações entre elementos de concreto
pré-moldado. Ainda sobre aplicação em estruturas em concreto pré-moldado, as armaduras não
devem ser ancoradas por dobramento em juntas estreitas entre elementos. Nestes casos, devem
ser realizadas ancoragens mecânicas.
60
Ft
20 + 4 ns
(2.3) a
sendo ns o número de pavimentos e Ft deve ser considerada para cada metro de largura
do elemento;
2) para as amarrações horizontais, que devem ser dispostas em cada nível de piso e de
cobertura, em duas direções perpendiculares entre si e de forma que seus extremos
estejam ancorados às amarrações de periferia, o espaçamento não deve ser superior a
1,5 L, sendo L a distância entre apoios das lajes na direção da amarração. A força a ser
resistida pela amarração horizontal deve atender:
Ft
Fh gk + qk L (2.4) a
Ft 7,5 5
3) para as amarrações de periferia, em cada nível (piso e cobertura) a força a ser resistida
é de 3,3 Ft e devem ser dispostas a até 1,2 m a partir da extremidade da edificação.
G. P. LISBOA Capítulo 2
D0230E20: Proposta de uma metodologia para simulação computacional do colapso progressivo... 54
2 Ft
F
Fv 0,8 h Ft (2.5) a
0,03 F
vert
sendo Fvert a carga vertical última de projeto resistida pelo elemento no pavimento em
questão, em kN; e h a altura livre do pavimento, em m. Além disso, esses elementos
devem ser amarrados continuamente desde o mais baixo ao mais alto pavimento. Com
relação ao valor de 0,8 h Ft, há uma nota no documento considerando a possibilidade de
erro, visto que, em normas britânicas, o valor é de 0,4 h Ft.
Acerca dos pilares de canto, o documento indica que estes devem ser amarrados em duas
direções perpendiculares entre si, podendo, para cada uma delas, ser considerada a força
resistente calculada conforme definido pelas expressões (2.3) e (2.5).
Tanto o New York City Building Code de 1998 quanto o World Trade Center Building Code
Task Force de 2003 se referem ao método direto pela consideração de elementos-chave, mas
apenas o primeiro define que qualquer elemento essencial para a estabilidade da estrutura não
deve ruir sob carregamento uniforme de 34 kN/m2.
GSA (2013) substitui a versão anterior, de 2003, e objetiva orientar a redução de riscos de
colapso progressivo em edifícios federais novos e reformados nos Estados Unidos. Além disso,
tal documento alinha as indicações dadas pelo Interagency Security Comittee (ISC), pelo
General Services Administration, pelas recomendações da American Society of Civil Engineers
para reabilitação de estruturas que sofreram sismos e pelo Department of Defense (DoD), a fim
de se reduzirem as controvérsias ocasionadas pela versão anterior.
G. P. LISBOA Capítulo 2
D0230E20: Proposta de uma metodologia para simulação computacional do colapso progressivo... 55
A Redundância, que deve ser considerada em conjunto com os Caminhos Alternativos, objetiva
distribuir a capacidade de resistência ao colapso progressivo por entre os pavimentos sem que
seja necessária a remoção de um pilar ou parede estrutural. Já sobre os Caminhos Alternativos
de Carga, estes devem ser impostos a fim de que a estrutura seja capaz de resistir à remoção de
elementos estruturais verticais. A definição dos elementos a serem removidos deve ser realizada
conforme o nível de proteção exigido para a edificação em estudo, o que depende da quantidade
de pavimentos e do Facility Security Level (FSL) Nível de Segurança da Instalação [tradução
do autor]. Como é destinada a instalações do governo federal, o GSA (2013) toma o FSL tal
como é determinado em Interagency Security Committee et al. (2008), segundo o qual as
instalações federais são categorizadas em FSL’s de I a V.
Segundo o GSA (2013): para FSL’s I e II e edificações com baixa ocupação não é necessário
ser considerada a possibilidade de colapso progressivo, independentemente do número de
pavimentos; para FSL’s III e IV e edificações com 4 ou mais andares, é definido que devem ser
utilizadas tanto a metodologia dos Caminhos Alternativos de Carga, quanto a da Redundância,
ambas tratadas a seguir; para FSL V, apenas o provimento de Caminhos Alternativos de Carga
deve ser realizado, não sendo necessária a consideração de Redundância, o que se justifica pelo
fato de que, para este nível, os Caminhos Alternativos de Carga devem ser avaliados sob ruína
de pilares em todos os pavimentos do edifício. Ressalta-se que a classificação da edificação
segundo o FSL é indicada para edifícios federais, seguindo o disposto na Seção 4, Facility
Security Level Determinations for Federal Facilities, do Interagency Security
Committee (2017) e que, por fugir ao objetivo central deste trabalho, não é aqui apresentada.
A fim de estabelecer critérios de análise por método direto, este texto apresenta a Metodologia
dos Caminhos Alternativos de Carga e os Requisitos de Redundância estabelecidos por
GSA (2013).
G. P. LISBOA Capítulo 2
D0230E20: Proposta de uma metodologia para simulação computacional do colapso progressivo... 56
alguma ligação dessa viga com o restante da estrutura seja semirrígida, ela é classificada como
elemento primário por contribuir na resistência ao colapso progressivo.
Figura 2.3 – Definição de colapso progressivo controlado por deformação ou por força segundo o disposto em
GSA (2013). Modificado de GSA (2013).
G. P. LISBOA Capítulo 2
D0230E20: Proposta de uma metodologia para simulação computacional do colapso progressivo... 57
Para o método dos Caminhos Alternativos de Carga, o GSA (2013) estabelece que os pilares
externos e internos sejam removidos em projeto, bem como os painéis no caso de estruturas em
paredes portantes. Inicialmente, é definido que devem ser removidos os seguintes elementos
verticais (pilares ou paredes):
1) para FSL’s III e IV, elementos verticais externos do primeiro pavimento acima do solo
e elementos verticais externos e internos de pavimentos de subsolo, áreas de
carga/descarga e áreas de acesso público não controlado;
2) para FSL V, elementos verticais externos e internos em cada pavimento. Além disso, é
posto que, ao se considerar a remoção destes elementos, ela deve ser realizada de
maneira que se garanta a continuidade dos elementos horizontais (vigas ou lajes), isto
é, o elemento vertical deve apoiar o horizontal pela face inferior deste último.
No que se refere aos pilares externos, é recomendado que pilares próximos aos centros tanto do
maior lado quanto do menor lado da edificação sejam considerados removidos, bem como os
pilares de canto e os próximos a estes (o penúltimo, por exemplo), como exemplifica a
Figura 2.4. Devem ser removidos, também, pilares em localidades críticas, que devem ser
determinadas pelo responsável seguindo a prática corrente. Essas localidades, no entanto,
devem incluir, sem se limitar, a:
Além disso, pilares que estejam distantes menos de 30% da maior dimensão da área de
influência do pilar removido devem ser removidos simultaneamente a este último.
G. P. LISBOA Capítulo 2
D0230E20: Proposta de uma metodologia para simulação computacional do colapso progressivo... 58
Figura 2.4 – Pilares externos a serem removidos segundo GSA (2013). Modificado de GSA (2013).
Com relação aos pilares internos, é definido que, para estruturas com estacionamento em
subsolo ou áreas de acesso público sem controle, devem ser removidos os pilares internos
localizados próximos ao meio do menor lado (1), próximos ao meio do maior lado (2) e nos
cantos da área de acesso não-controlado (3). Além disso, devem ser removidos também os
pilares no contorno da área de acesso não controlado localizados próximos ao meio do maior
lado dessa área (4), conforme mostrado na (Figura 2.5). Além desses pilares que estejam
distantes menos de 30% da maior dimensão da área de influência do pilar removido, devem ser
removidos simultaneamente a este último.
G. P. LISBOA Capítulo 2
D0230E20: Proposta de uma metodologia para simulação computacional do colapso progressivo... 59
Figura 2.5 – Pilares internos a serem removidos, segundo GSA (2013). Modificado de GSA (2013).
Para análise dos esforços segundo o método dos caminhos alternativos de carga, GSA (2013)
propõe diferentes tipos de análises:
1) Linear Estática: para estruturas de até dez pavimentos e com continuidade expressiva
ao longo dos caminhos de carga, sem grandes diferenças entre as dimensões dos vãos e
com rigidezes semelhantes entre ligações viga-pilar de cada lado do elemento vertical;
G. P. LISBOA Capítulo 2
D0230E20: Proposta de uma metodologia para simulação computacional do colapso progressivo... 60
Por serem menos subjetivas, as três primeiras são mais passíveis de estabelecimento de
metodologia. Devido a isso, cada uma delas é abordada a seguir.
O modelo destinado a este tipo de análise deve ser tridimensional e incluir todos os elementos
primários, com exceção do que está sendo considerado removido. Devem ser consideradas
apenas as rigidezes e as resistências dos elementos primários e com nível de detalhe suficiente
para que se garanta o fluxo de carregamento dos pisos e da cobertura aos elementos primários.
Após a análise, tanto os elementos primários quanto os secundários devem ser verificados
quanto aos critérios de aceitação para os casos de carregamento empregados. Devido a isso, é
interessante que sejam incluídos no modelo os elementos secundários, mas com rigidezes e
resistências nulas, apenas para fins de verificação de suas deformações.
Com relação a modelos que incluam ligações entre elementos horizontais (vigas e lajes, por
exemplo) e verticais (como pilares e paredes), a resistência das ligações não deve ser incluída
no modelo com resistência superior à do elemento horizontal correspondente.
Para a consideração dos carregamentos, a estrutura deve ser analisada segundo duas
combinações distintas: 1) colapso progressivo controlado por deformação e 2) colapso
progressivo controlado por força.
Observando-se a Figura 2.6, quando o colapso progressivo é controlado por deformação, devem
ser aplicadas à estrutura, simultaneamente, as duas combinações a seguir:
carregamento dada pela primeira expressão deve ser considerada nas áreas hachuradas da
Figura 2.6, enquanto a combinação da segunda expressão deve ser considerada nas demais
áreas.
Ainda conforme a Figura 2.6, mas para colapso controlado por força, devem ser aplicadas à
estrutura, simultaneamente, as duas combinações de carregamento seguintes:
G. P. LISBOA Capítulo 2
D0230E20: Proposta de uma metodologia para simulação computacional do colapso progressivo... 62
G. P. LISBOA Capítulo 2
D0230E20: Proposta de uma metodologia para simulação computacional do colapso progressivo... 63
em que mLIF é o menor fator m para todas as vigas diretamente conectadas ao pilar
imediatamente acima ao considerado removido. Os fatores m das vigas podem ser determinados
conforme a Tabela 4.2 de GSA (2013) e dependem de vários parâmetros, como taxa de
armadura de flexão, presença de esforço cortante na seção e resistência à compressão do
concreto, por exemplo. Em resumo, esses fatores compreendem valores que variam de 1,75 a
19.
O GSA (2013) apresenta critérios de aceitação tanto para o colapso progressivo controlado por
deformação quanto para o colapso progressivo controlado por força. No primeiro caso, em
todos os elementos, primários e secundários, deve ser atendida a expressão (2.9):
em que QUD é a solicitação de cálculo obtida da análise linear estática oriunda do processamento
da estrutura com o apoio removido; m é o mesmo definido anteriormente; ϕ é o fator de redução
de resistência, adotado conforme o material e o código utilizados no projeto – ASCE/SEI
(ASCE, 2007) e o GSA (2013) indicam que este valor é igual à unidade; e QCE é a resistência
esperada do elemento estrutural em análise, definida como o valor médio de resistência obtida
considerando a variabilidade da resistência dos materiais, bem como encruamento e o
desenvolvimento de seções plásticas. Ressalta-se que QCE e QUD se referem a todos os tipos de
esforços atuantes nos elementos estruturais (cortante, normal e momentos fletor e torçor).
Em se tratando do critério de aceitação para o colapso progressivo controlado por força, para
elementos primários e secundários deve ser atendida a expressão (2.10).
G. P. LISBOA Capítulo 2
D0230E20: Proposta de uma metodologia para simulação computacional do colapso progressivo... 64
em que QUF é a solicitação de cálculo obtida da análise linear estática oriunda do processamento
da estrutura com o apoio removido; ϕ é o mesmo coeficiente definido anteriormente; e QCL é a
resistência característica inferior do elemento estrutural em análise, definida como o valor
médio da resistência subtraído do desvio padrão. Da mesma forma que colocado para o colapso
progressivo controlado por deformação, QCL e QUF também se referem a todos os tipos de
esforços solicitantes.
Em seu Apêndice D, GSA (2013) apresenta um exemplo de análise linear estática realizada em
estrutura de pórtico em concreto armado de sete pavimentos, com arranjo estrutural regular,
considerando lajes como elementos secundários e, portanto, sem rigidez e resistência desses
elementos no modelo.
O modelo destinado a este tipo de análise deve ser tridimensional e incluir todos os elementos
primários. Não há restrições quanto a irregularidades geométricas para a utilização deste tipo
de análise. A consideração dos elementos secundários é opcional, mas vantajosa, uma vez que
eles devem ser checados após a análise do colapso controlado por deformação. Por exemplo, o
GSA (2013) recomenda que na verificação das ligações nas extremidades das vigas secundárias
em estruturas metálicas a rotação na ligação deve ser inferior à sua rotação plástica máxima
permitida. Rigidezes e resistências devem ser consideradas apenas nos elementos primários. Já
que se trata de um modelo não-linear, as deformações não-lineares são relevantes ante as
lineares (e >> g nas Curvas Tipos 1 e 2 da Figura 2.3) e os coeficientes minoradores de
resistência, ϕ, (os mesmos definidos para a Análise Linear) devem ser aplicados aos limites de
resistência não-lineares nos elementos e componentes com colapso controlado por deformação.
Para a análise do colapso da estrutura, controlada tanto por deformação quanto por força, as
seguintes combinações de carregamento gravitacional devem ser aplicadas simultaneamente:
G. P. LISBOA Capítulo 2
D0230E20: Proposta de uma metodologia para simulação computacional do colapso progressivo... 65
0,45
N = 1,04 +
pra
+ 0,48 (2.12) a
y
O valor de ΩN deve ser calculado para todo elemento primário (estando incluídas as ligações
viga-pilar e excluídos os pilares) que toque ou esteja no interior do perímetro ABCD da
Figura 2.6. De mão de todos os valores calculados, toma-se o maior valor de ΩN.
Além dos valores definidos, é indicado, também, que os carregamentos devem ser aplicados de
forma incremental até o valor total definido. Devem ser aplicados no mínimo 10 passos de
G. P. LISBOA Capítulo 2
D0230E20: Proposta de uma metodologia para simulação computacional do colapso progressivo... 66
carregamento e o software deve ser capaz de, a cada passo, alcançar a convergência
iterativamente antes de que seja admitido o passo seguinte.
A respeito dos critérios de aceitação para colapsos controlados por deformação, GSA (2013)
coloca que todos os elementos primários e secundários devem apresentar capacidade de
deformação superior às máximas obtidas na análise não-linear. Acerca da aceitação dos
resultados obtidos para colapsos controlados por força, é definido que deve ser atendida a
expressão (2.13):
O modelo destinado a este tipo de análise deve ser tridimensional e incluir todos os elementos
primários. A seção dos elementos a serem removidos devem também compor o modelo. Não
há restrições quanto a irregularidades geométricas para a utilização deste tipo de análise. A
consideração dos elementos secundários é opcional, mas vantajosa, uma vez que eles devem
ser checados após a análise do colapso controlado por deformação. Para verificar ligações de
vigas em estruturas metálicas, por exemplo, GSA (2013) aponta que a rotação da região da
ligação deve ser inferior à sua rotação plástica máxima permitida. Rigidezes e resistências
devem ser consideradas apenas nos elementos primários. Já que se trata de um modelo não-
linear, as deformações não-lineares são relevantes ante as lineares (e >> g nas Curvas Tipos 1
e 2 da Figura 2.3) e os coeficientes minoradores de resistência devem ser aplicados aos limites
de resistência não-lineares nos elementos e componentes com ação controlada por deformação.
G. P. LISBOA Capítulo 2
D0230E20: Proposta de uma metodologia para simulação computacional do colapso progressivo... 67
A fim de que sejam considerados colapsos controlados por deformação e por força, a seguinte
combinação de carregamento gravitacional deve ser aplicada a toda a estrutura:
em que: GND corresponde aos carregamentos gravitacionais para análise não-linear dinâmica;
gk é o carregamento permanente (dead weight) incluindo carregamentos de fachada, em kN/m²;
qk é a carga acidental gravitacional (live load), que não deve exceder a 244 kN/m²; sn é a carga
de neve, não considerada no Brasil, em kN/m². Diferentemente das análises linear estática e
não-linear estática, em que são estabelecidas diferentes áreas para diferentes combinações, aqui
a única combinação de carregamento indicada, dada pela equação (2.14), deve ser considerada
em toda a estrutura.
A respeito dos critérios de aceitação para colapsos controlados por deformação, GSA (2013)
coloca que todos os elementos primários e secundários devem apresentar capacidade de
deformação superior às máximas obtidas na análise não-linear dinâmica. Acerca da aceitação
dos resultados obtidos para colapsos controlados por força, é definido que deve ser atendida a
expressão (2.15):
G. P. LISBOA Capítulo 2
D0230E20: Proposta de uma metodologia para simulação computacional do colapso progressivo... 68
Em se tratando da resistência, o GSA (2013) estabelece que para cada elemento portante (pilar
ou parede) externo removido ao nível do solo, a variação da resistência de projeto de qualquer
sistema de redistribuição de esforços deve ser menor que 30% da resistência média dos sistemas
de redistribuição ao longo da altura do edifício, como coloca a expressão (2.16). Elementos
internos não precisam ser considerados.
QRi − QR
0,3 (2.16) a
QR
G. P. LISBOA Capítulo 2
D0230E20: Proposta de uma metodologia para simulação computacional do colapso progressivo... 69
QR = QC (2.17) a
Figura 2.7 – Disposição dos elementos a serem considerados no sistema de redistribuição de esforços.
Modificado de GSA (2013).
G. P. LISBOA Capítulo 2
D0230E20: Proposta de uma metodologia para simulação computacional do colapso progressivo... 70
A resistência de projeto necessária de um único elemento para determinado esforço, QC, deve
considerar todas as ações gravitacionais atuantes sobre o elemento e suas ligações, cujos
materiais devem ter leis de comportamento determinadas pela norma de projeto correspondente.
A resistência média dos sistemas de redistribuição ao longo da altura do edifício, QR , fica então
n
QRi
QR = i =1
(2.18) a
n
K Ri − K R
0,3 (2.19) a
KR
KR = KC (2.20) a
G. P. LISBOA Capítulo 2
D0230E20: Proposta de uma metodologia para simulação computacional do colapso progressivo... 71
A disposição dos elementos a serem considerados segundo os critérios de rigidez à flexão segue
o mesmo esquema apresentado na Figura 2.7, para os critérios de resistência.
A rigidez à flexão necessária de um único elemento, KC, deve ser determinada considerando-se
as condições de apoio anteriormente à remoção do pilar ou parede portante e a estrutura sujeita
a carregamento distribuído.
n
K Ri
KR = i =1
(2.21) a
n
O UFC 4-023-03 (DOD, 2009) é um dos códigos mais completos acerca do tema, já que
contempla os métodos direto e indireto, destinados a estruturas de concreto, aço e madeira.
O método direto é abordado tanto segundo o Método da Resistência Local Específica, em que
determinados elementos estruturais e suas ligações devem ser dimensionados sob
carregamentos específicos incomuns e, portanto, é um método que depende da natureza do
carregamento; quanto segundo o Método dos Caminhos Alternativos de Carga em que
G. P. LISBOA Capítulo 2
D0230E20: Proposta de uma metodologia para simulação computacional do colapso progressivo... 72
O método indireto é tratado sob o chamado Tie Force Method, ou Método das Forças de
Amarração, em tradução livre. Para tanto, UFC 4-023-03 (DOD, 2009) define forças de
amarração mínimas a fim de prover continuidade, ductilidade e redundância entre os elementos
estruturais e à estrutura como um todo, a fim de que sejam desenvolvidos caminhos alternativos
de carga em caso de falha de um pilar, por exemplo. Essas forças de amarração podem ser
providas por elementos estruturais dimensionados segundo os métodos de projeto
convencionais. Caso tais elementos não se mostrem suficientes, estes devem ser
redimensionados ou devem ser acrescentados elementos adicionais.
Segundo esta referência, devem ser providos três tipos de amarração à estrutura em estudo:
amarrações longitudinal e transversal (amarrações internas), amarração periférica e amarração
vertical, conforme Figura 2.8.
G. P. LISBOA Capítulo 2
D0230E20: Proposta de uma metodologia para simulação computacional do colapso progressivo... 73
Figura 2.8 – Amarrações em uma estrutura em pórtico. Modificado de UFC 4-023-03 (DOD, 2009).
Para que seja empregada essa metodologia, UFC 4-023-03 (DOD, 2009) coloca que as
estruturas reticuladas devem conter, nas duas direções, quatro ou mais áreas retangulares (ou
quadradas) delimitadas por elementos estruturais verticais, como pilares nos cantos ou paredes
portantes ao longo das bordas.
Rn Ru (2.22) a
G. P. LISBOA Capítulo 2
D0230E20: Proposta de uma metodologia para simulação computacional do colapso progressivo... 74
em que: ϕ – é o fator de redução de resistência, tomado por UFC 4-023-03 (DOD, 2009)
conforme estabelecido pelo ACI 318 (ACI, 2014) e igual a 0,75;
Qi – é a solicitação em análise.
A respeito do valor da resistência nominal da amarração, UFC 4-023-03 (DOD, 2009) o adota
igual a 1,25 Rn em seu Apêndice D, que apresenta um exemplo de dimensionamento de
amarrações para estruturas em pórtico de concreto armado, de forma que se tem 0,75 (1,25 Rn)
no lado esquerdo da inequação (2.22). Tratando do método dos caminhos alternativos de carga,
no entanto, GSA (2013) considera, em seu item 3.2.3, a resistência nominal igual à resistência
requerida.
Por considerar que a ruína de determinado elemento estrutural leva o sistema de laje ou piso a
transferir, horizontalmente, as cargas verticais por meio dos mecanismos de resistência
disponíveis, UFC 4-023-03 (DOD, 2009) define que deve ser calculado o carregamento de
laje/piso por meio da expressão (2.23):
G. P. LISBOA Capítulo 2
D0230E20: Proposta de uma metodologia para simulação computacional do colapso progressivo... 75
Nos itens 2.8.1.1 a 2.8.1.4, são detalhadas as forças de amarração requeridas, a distribuição e a
localização das amarrações longitudinais e transversais, periféricas e verticais segundo o
UFC 4-023-03 (DOD, 2009).
Os sistemas de piso e teto devem ser utilizados para a disposição destas amarrações. Vigas
podem ser utilizadas para provimento parcial ou total das forças de amarração apenas se, na
ligação com outros elementos, tiverem capacidade verificada de suportar rotações superiores a
0,20 rad. Essas rotações, segundo o próprio UFC 4-023-03 (DOD, 2009), em seu Apêndice B,
são tomadas iguais às rotações observadas nas extremidades de vigas (chord rotations) para
estruturas em pórtico, isto é, iguais às relações (u / L), em que u é o deslocamento vertical entre
dois apoios consecutivas da viga e L é o comprimento da viga.
Figura 2.9 – Direção das amarrações internas, espaçamento entre elas e apresentação de como determinar L1.
Modificado de UFC 4-023-03 (DOD, 2009).
G. P. LISBOA Capítulo 2
D0230E20: Proposta de uma metodologia para simulação computacional do colapso progressivo... 76
Fi = 3 wF L1 (2.24) a
Os sistemas de piso e teto devem ser utilizados para a disposição destas amarrações. Vigas
podem ser utilizadas para provimento parcial ou total das forças de amarração apenas se, na
ligação com outros elementos, tiverem capacidade verificada de suportar rotações superiores a
0,20 rad.
Em edifícios formados por mais de um estrutura independente (por exemplo, separadas por
juntas) em que uma parte tenha de um a dois pavimentos e a outra parte tenha mais de três
pavimentos, as amarrações periféricas devem ser dispostas em todos os pavimentos contíguos,
tanto na estrutura mais baixa quanto na estrutura mais alta.
Fp = 6 wF L1 LP + 3WC (2.25) a
Ao ponderar que as vigas não são projetadas para suportar grandes rotações, é recomendado
por UFC 4-023-03 (DOD, 2009) que os sistemas de amarração interna e periférica sejam
G. P. LISBOA Capítulo 2
D0230E20: Proposta de uma metodologia para simulação computacional do colapso progressivo... 77
dispostos pela laje ou piso. Neste sentido, a menos que seja verificado que a capacidade de
rotação da viga analisada e de suas ligações seja superior a 0,20 rad, o posicionamento destas
amarrações é limitado conforme a Figura 2.10.
Figura 2.10 – Restrições de posicionamento para amarrações periféricas e internas que sejam paralelas ao eixo
longitudinal de vigas. Modificado de UFC 4-023-03 (DOD, 2009).
Pilares e paredes portantes devem ser utilizados para receber e transmitir a resistência de
amarração vertical requerida. Cada um desses elementos verticais deve ser amarrado
continuamente do topo, no último nível da edificação, à base. Essas amarrações devem ser
retilíneas e não precisam se estender às fundações.
G. P. LISBOA Capítulo 2
D0230E20: Proposta de uma metodologia para simulação computacional do colapso progressivo... 78
Com relação à norma de projeto de estruturas de concreto armado, ABNT NBR 6118
(ABNT, 2014), é indicado que deve ser considerado o estado limite último de colapso
progressivo, e não há definição de tipologias de edificações em que tal consideração deve ser
feita. A norma apenas apresenta recomendações específicas de detalhamento de armaduras
longitudinais em regiões de lajes lisas submetidas a punção, de forma que essas armaduras não
são definidas com base em análise estrutural que considere a ocorrência de carregamentos
específicos, por exemplo. A não ser por essas situações de projeto, não há definição sequer de
amarrações entre elementos estruturais (método indireto) a fim de se proverem continuidade,
ductilidade e integridade estruturais adequadas à prevenção do colapso progressivo.
G. P. LISBOA Capítulo 2
D0230E20: Proposta de uma metodologia para simulação computacional do colapso progressivo... 79
Acerca dos métodos diretos, por serem baseados em análise estrutural, levam a abordagens mais
precisas do colapso progressivo em fase de projeto. Das recomendações que se pautam no
dimensionamento de caminhos alternativos de carga, no entanto, que têm definições mais
completas em GSA (2013) à data deste texto, não há exemplos de aplicação para todas as
metodologias de análise propostas. Para estruturas em pórtico monolítico de concreto armado,
por exemplo, é apresentado apenas um exemplo de análise linear estática de um edifício com
conformação retangular. Exemplos de análise não-linear estática ou não-linear dinâmica não
são contemplados.
Destaca-se também que as normas geralmente não classificam estruturas de forma a definir
diferentes níveis de probabilidade de ocorrência do colapso progressivo. Neste sentido, códigos
com metodologia única de abordagem desse fenômeno (via método indireto, por exemplo)
podem levar a projetos conservadores e pouco econômicos. Dentre os poucos documentos que
classificam as estruturas e definem metodologias adequadas a cada nível de probabilidade de
ocorrência de colapso progressivo, é notável, no entanto, que essas classificações se restringem
a estruturas específicas, como de edificações federais e militares.
Esse conjunto de fatores evidencia que o tema ainda é pouco conhecido e se mostra como um
vasto campo de estudo a ser explorado.
G. P. LISBOA Capítulo 2
CAPÍTULO 3
Neste capítulo é apresentada a revisão com base em trabalhos científicos, em formato de artigo,
de dissertação de mestrado ou de tese de doutorado. Com relação aos artigos, alguns
apresentados neste item não necessariamente estão contemplados na Revisão Sistemática
apresentada no Apêndice A deste trabalho.
A seguir, a revisão é dividida em dois tópicos: no primeiro, estudos gerais acerca do colapso
progressivo, as metodologias mais comumente encontradas em estudos tanto experimentais
quanto teóricos e numéricos são apresentados; no segundo são apresentados alguns trabalhos
específicos que podem ser utilizados no desenvolvimento de modelos numéricos simplificados
com fins à aplicação em análises de estruturas complexas deste tipo sob situação de colapso.
G. P. LISBOA
D0230E20: Proposta de uma metodologia para simulação computacional do colapso progressivo... 81
G. P. LISBOA Capítulo 3
D0230E20: Proposta de uma metodologia para simulação computacional do colapso progressivo... 82
observadas ser maior, tal efeito é compensado pelo ganho de resistência dos materiais devido
ao maior nível de deformações inerente. Desta forma, os autores concluíram que o erro devido
ao ensaio quasi-estático foi relativamente pequeno.
Figura 3.1 – Esquema dos pórticos ensaiados por Almusallam et al. (2018). Modificado de Elsanadedy et
al.; 2017)
(a)
(b)
(c)
Kang e Tan (2016), por meio de ensaios experimentais que simulam a perda do pilar central em
quatro pórticos em concreto pré-moldado, cada um com duas vigas sobre três pilares,
apresentaram resultados que indicaram ser importante a consideração das ações de arco de
compressão (Figura 3.2) e de catenária (forças de tração, semelhante ao que ocorre em cabos
G. P. LISBOA Capítulo 3
D0230E20: Proposta de uma metodologia para simulação computacional do colapso progressivo... 83
pendurados horizontalmente) nas vigas, uma vez que exercem grande influência sobre os pilares
de extremidade e nas ligações viga-pilar. As ligações e o topo das vigas foram feitos com
concreto moldado in loco e o carregamento, monotônico quasi-estático. O esquema de ensaio é
mostrado na Figura 3.3. Segundo Kang e Tan (2016), o provimento de caminhos alternativos
de carga passa pela capacidade de a estrutura desenvolver os mecanismos apontados, o que
pode ocorrer apenas se os pilares de extremidade apresentarem rigidez suficiente para não
romperem por força cortante e permitirem o surgimento dessas ações, o que também depende
do nível de restrição horizontal provida por esses pilares. Apesar de ter variado as dimensões
dos pilares de extremidade, uma das conclusões do trabalho foi que a relação entre esses
parâmetros e as forças horizontais que surgem no pórtico devem ser objeto de estudo de
trabalhos experimentais e analíticos futuros. Essa recomendação foi, inclusive, uma lacuna do
estado-da-arte acerca do assunto, evidenciada na Revisão Sistemática apresentada neste
trabalho quando da classificação dos artigos científicos quanto à ênfase.
G. P. LISBOA Capítulo 3
D0230E20: Proposta de uma metodologia para simulação computacional do colapso progressivo... 84
G. P. LISBOA Capítulo 3
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Figura 3.4 – Parte dos modelos numéricos desenvolvidos por Elsanadedy et al. (2017).
G. P. LISBOA Capítulo 3
D0230E20: Proposta de uma metodologia para simulação computacional do colapso progressivo... 86
catenária nas lajes alveolares, a estrutura deve suportar grandes deslocamentos sem colapsar.
Neste sentido, as amostras com amarrações com comprimento de ancoragem insuficiente –
segundo a BS 8110 (1997) – tiveram maior êxito, já que as demais, por não permitirem o
deslizamento da armadura, apresentaram rompimento das barras sob pequenos deslocamentos,
chegando à ruína antes de alcançarem a ação catenária. Além disso, os resultados obtidos em
diversos modelos em elementos finitos considerando diferentes tipos de carregamento (desde
monotônico, como no ensaio experimental, àqueles simulando a queda de um painel de laje
superior sobre o ensaiado) os levaram a concluir que as solicitações nas amarrações não sofrem
tanta influência da forma de aplicação do carregamento.
Figura 3.5 – Vista em planta do esquema experimental utilizado por Tohidi e Baniotopoulos (2017), no qual uma
viga metálica simula a parede de apoio intermediária e nas extremidades as lajes estão ligadas a vigas metálicas
fixas também por meio de amarrações.
Laje
G. P. LISBOA Capítulo 3
D0230E20: Proposta de uma metodologia para simulação computacional do colapso progressivo... 87
Figura 3.6 – À esquerda, visão geral do esquema experimental utilizado por Tohidi e Baniotopoulos (2017), no
qual se é possível ver o mecanismo de aplicação das duas etapas de carregamento. À direita, detalhe do
mecanismo, em que se vê a viga de apoio intermediário (ligação laje-laje), responsável pela primeira etapa de
carregamento, e a estrutura superior, relativa à segunda etapa de carregamento.
G. P. LISBOA Capítulo 3
D0230E20: Proposta de uma metodologia para simulação computacional do colapso progressivo... 88
e rigidez inicial bastante inferiores. Por fim, recomendaram estudos experimentais em escalas
reais e por meio de modelos computacionais pelo método dos elementos finitos.
Figura 3.7 – Pórtico com colapso simulado por Qian e Li (2018). À esquerda, esquema em planta; à direita,
esquema em corte.
Figura 3.8 – Representação em planta do esquema experimental de Qian e Li (2018) com ligações por pino.
G. P. LISBOA Capítulo 3
D0230E20: Proposta de uma metodologia para simulação computacional do colapso progressivo... 89
Figura 3.9 – Apoio elaborado por La Mazza (2018) para as vigas. Adaptado de La Mazza (2018).
G. P. LISBOA Capítulo 3
D0230E20: Proposta de uma metodologia para simulação computacional do colapso progressivo... 90
Dado o objetivo deste trabalho, foram escolhidos alguns trabalhos da literatura para serem
detalhados e que serviram de base para a validação dos modelos computacionais desenvolvidos
neste texto.
Este documento corresponde ao NIST Technical Note 1720, do National Institute of Standards
and Technology, do Departamento do Comércio dos Estados Unidos. Nele é apresentado um
extenso estudo experimental e computacional de dois arranjos de pórticos planos, ambos
compostos por uma viga contínua sustentada por três pilares, nos quais se simula a perda do
pilar central. Os dois arranjos representam parcialmente dois pórticos de dez pavimentos
projetados conforme recomendações do ACI 318 (ACI, 2002) dadas com o objetivo de se
reduzirem os efeitos de colapsos desproporcionais. Enquanto um foi projetado segundo
recomendações para categoria intermediária de sismos (Pórtico IMF Intermediate Moment
Frame, correspondente à Seismic Design Category C), o outro seguiu critérios para categoria
especial de sismos (Pórtico SMF – Special Moment Frame, correspondente à Seismic Design
Category D). Os carregamentos foram definidos conforme a ASCE 7-02 (ASCE, 2002).
O trabalho de Lew et al. (2011) foi escolhido para apresentação aqui de forma mais completa
por alguns motivos. Um fator relevante é o de que as metodologias utilizadas, os resultados e
suas análises foram detalhadamente apresentados ao longo do documento. Além disso, Lew et
al. (2011) apresentaram dados colhidos do início do ensaio até a perda de resistência total da
estrutura, contemplando o desenvolvimento dos mecanismos de arco de compressão e de efeito
catenária.
Lew et al. (2011) apresentaram também dois modelos numéricos calibrados para cada um dos
ensaios experimentais realizados: 1) um modelo chamado “reduzido”, com elementos de
G. P. LISBOA Capítulo 3
D0230E20: Proposta de uma metodologia para simulação computacional do colapso progressivo... 91
pórtico para as vigas e pilares e, para as ligações viga-pilar, quadros formados por barras rígidas,
cuja distorção angular foi regida por molas rotacionais não-lineares, dispostas em extremidades
opostas de uma mesma diagonal do quadro; e 2) um modelo denominado “detalhado”, com
elementos sólidos para o concreto e elementos de pórtico para as armaduras longitudinais e
transversais. Ambos os modelos foram capazes de representar todo o ensaio e os mecanismos
de resistência observados no ensaio experimental. Com relação ao primeiro, Lew et al. (2011)
ressaltaram a importância do modelo para a aplicação em estudos que contemplem estruturas
completas e não apenas parciais, como a esquematizada.
Os dados geométricos dos Pórticos IMF e SMF são apresentados na Figura 3.10, na qual se vale
da simetria de ambos baseada no pilar central. Sobre o comportamento dos arranjos durante o
ensaio, foram destacadas três principais ocorrências visivelmente notadas, nesta ordem:
1) esmagamento do concreto na região superior das vigas nas regiões próximas ao pilar
intermediário; 2) desenvolvimento de maiores fissuras (aprofundamento e alargamento)
devidas à flexão; e 3) rompimento de uma das barras de aço inferiores e abertura de uma grande
fissura junto ao pilar intermediário. Juntando-se tais observações aos resultados obtidos, Lew
et al. (2011) dividiram o ensaio em três etapas principais: 1) a formação do efeito de arco de
compressão, devido em grande parte à restrição horizontal provocada pelos pilares, propiciando
ganho de resistência (até 296 kN de força e 127 mm de deslocamento vertical do pilar central
no Pórtico IMF e até 903 kN e 112 mm no Pórtico SMF, respectivamente); 2) a formação de
rótulas plásticas devido à plastificação das armaduras tracionadas e ao esmagamento do
concreto sob os esforços de flexão, o que causa a redução da capacidade resistente da estrutura;
e 3) a formação do efeito de ação catenária, observado a partir do ponto em que o deslocamento
do pilar intermediário alcança valores maiores que a altura da viga e foi caracterizado pelo
comportamento de toda a viga à tração, proporcionando ganho de resistência. O ensaio
procedeu até o rompimento de uma barra inferior junto ao pilar intermediário (em 547 kN de
força e 1092 mm de deslocamento vertical do pilar central no Pórtico IMF e em 1232 kN e
1219 mm no Pórtico SMF, respectivamente). Estas etapas são esquematizadas na Figura 3.11.
G. P. LISBOA Capítulo 3
Figura 3.10 – Dados geométricos1 das amostras IMF, à esquerda do Eixo de Simetria, e SMF, à direita do Eixo
de Simetria, estudadas por Lew et al. (2011). As cotas ao longo das vigas indicam as seções em que há alteração
de área de armadura. Dimensões fora de escala.
__________________________
1
Correspondência entre bitolas das barras de aço: No. 4 = 12,7 mm; No. 8 = 25,4 mm; No. 9 = 28,65 mm;
No. 10 = 32,26 mm.
G. P. LISBOA Capítulo 3
Figura 3.11 – Mecanismos de resistência desenvolvidos ao longo do ensaio simulando a perda do pilar central.
Modificado de Lew et al. (2011).
Apesar de ter sido observado, ao final do ensaio, que as armaduras de flexão das vigas já haviam
plastificado até mesmo no meio do vão, a ruptura foi observada apenas na armadura inferior
junto ao pilar removido, o que sugere que a capacidade rotacional das ligações viga-pilar é
também responsável pelo efeito catenária, uma vez que foram observadas rotações concentradas
nessas regiões.
A respeito dos modelos numéricos apresentados por Lew et al. (2011), foi posto que foram
desenvolvidos a fim de se conhecer melhor os processos de redistribuição de esforços e o
consequente desenvolvimento das solicitações em eventuais amarrações. Foram consideradas
não-linearidades geométricas e físicas (inclusive ruptura dos materiais) nos modelos. Em
ambos, o carregamento, a exemplo do que foi realizado no esquema experimental, foi aplicado
por imposição de deslocamento vertical para baixo no pilar central a uma pequena taxa, de
G. P. LISBOA Capítulo 3
D0230E20: Proposta de uma metodologia para simulação computacional do colapso progressivo... 94
As ligações viga-pilar foram modeladas por meio da utilização de quadros retangulares com
barras rígidas (axialmente e à flexão) e os quatro nós rotulados. O equilíbrio foi garantido por
duas molas rotacionais não-lineares, uma no nó superior esquerdo e outra no nó inferior direito,
as quais tiveram suas curvas momento-rotação obtidas por meio da utilização da Teoria do
Campo de Compressão Modificada (Modified Compression Field Theory MCFT), de Vecchio
e Collins (1986), da qual se obtém uma curva distorção angular-tensão cisalhante.
G. P. LISBOA Capítulo 3
D0230E20: Proposta de uma metodologia para simulação computacional do colapso progressivo... 95
Os resultados obtidos do modelo resultante indicaram boa equivalência com aquele do ensaio
experimental, em termos tanto das curvas força x deslocamento do apoio central e esforços
axiais na viga x deslocamento do apoio central (nas quais pode ser observado o
desenvolvimento dos efeitos de arco de compressão e ação catenária), quanto dos
deslocamentos máximos observados. Essas curvas serão mostradas mais adiante, quando da
apresentação da modelagem do ensaio experimental de Lew et al. (2011) realizada neste
trabalho.
G. P. LISBOA Capítulo 3
D0230E20: Proposta de uma metodologia para simulação computacional do colapso progressivo... 96
Figura 3.13 –Amostra S1 de Qian, Li e Ma (2014). R6 se refere a barras lisas de 6 mm de diâmetro; T10, T13 e
T16 se referem a barras nervuradas de 10, 13 e 16 mm de diâmetro, respectivamente. Dimensões em mm.
G. P. LISBOA Capítulo 3
D0230E20: Proposta de uma metodologia para simulação computacional do colapso progressivo... 97
Figura 3.14 – Amostras P1, destacada em azul, à esquerda; e T1, destacada em vermelho, à direita.
No trabalho também foram ensaiadas as amostras P2, T2 e S2. A única diferença entre S1 e S2
foi o fato de terem sido considerados, nesta última, vãos iguais nas direções longitudinal e
transversal e apenas vigas de seção 140 x 80 mm. T2 tem as mesmas vigas internas da amostra
S2 e a amostra P2 é o pórtico plano que contém as vigas em uma única direção da amostra T2
(iguais às vigas transversais da amostra T1).
Representado pela Figura 3.15, o esquema experimental de Qian, Li e Ma (2014) contou com
oito bases de apoio metálicas para os pilares de canto e de extremidade. Ao pilar intermediário
(central), do qual foi simulada a ruptura, não foram fixadas bases de apoio. A ruína desse pilar
foi simulada por meio da imposição de deslocamento vertical por macaco hidráulico (número 2
na Figura 3.15). O aparato de aço (número 3) garantiu que o deslocamento fosse vertical ao
longo do ensaio e que, consequentemente, a ruptura obedecesse à simetria das amostras.
Transdutores de deslocamentos foram utilizados para as medições de deslocamentos em vários
pontos da amostra ensaiada. Além disso, strain gauges também foram colocados nas armaduras
antes da concretagem para avaliação das deformações nas barras de aço.
G. P. LISBOA Capítulo 3
D0230E20: Proposta de uma metodologia para simulação computacional do colapso progressivo... 98
Figura 3.15 – Esquema experimental utilizado por Qian, Li e Ma (2014). À esquerda, a amostra S1. À direita, a
amostra T1.
A exemplo do que foi observado nos ensaios de Lew et al. (2011), a força última das amostras
P1, P2, T2, S1 e S2 ficou associada ao rompimento das armaduras longitudinais inferiores das
vigas junto ao pilar removido. No caso da amostra T1, uma imperfeição inicial fez com o que
a ruptura se desse pelo desenvolvimento de grandes fissuras devidas ao cisalhamento a partir
de determinado instante ao longo do ensaio.
G. P. LISBOA Capítulo 3
D0230E20: Proposta de uma metodologia para simulação computacional do colapso progressivo... 99
Yu e Tan (2013) colocaram que a taxa de armadura longitudinal superior tem maior relevância
que a inferior, pois os resultados obtidos indicaram que, apesar de influenciar pouco o
desenvolvimento do efeito de arco de compressão, o aumento da armadura longitudinal superior
retardou o rompimento da armadura inferior e elevou significativamente a resistência última
G. P. LISBOA Capítulo 3
D0230E20: Proposta de uma metodologia para simulação computacional do colapso progressivo... 100
devida à ação catenária. Faz-se aqui uma ressalva quanto a este ponto, no entanto, por dois
principais motivos:
1) das amostras ensaiadas naquele trabalho, a resistência última deu-se com o rompimento
das armaduras superiores das vigas nas seções junto aos pilares removidos, de forma
que foram observados incrementos de resistência mesmo após a ruína das armaduras
inferiores, diferentemente do que ocorreu nos Pórticos IMF e SMF de Lew et al. (2011)
e nos ensaios de Qian, Li e Ma (2014);
Sob o mesmo esquema experimental utilizado por Qian e Li (2018), com mesma geometria,
mesmo tipo de carregamento, Qian e Li (2019) avaliaram três arranjos estruturais que
contemplaram vigas, lajes e representação de pilares sem considerá-los como elementos
lineares. Das três amostras, uma em concreto monolítico, utilizada como de controle, e duas em
concreto pré-moldado com painéis de lajes alveolares, buscou-se avaliar a resiliência das
estruturas pré-moldadas e o efeito dos painéis e das vigas transversais no provimento de
resistência ao colapso progressivo. Para tanto, diferentemente do que foi apresentado no
trabalho anterior, que teve foco na avaliação de ligações viga-laje por pino e por chapa soldada,
G. P. LISBOA Capítulo 3
D0230E20: Proposta de uma metodologia para simulação computacional do colapso progressivo... 101
Qian e Li (2019) executaram essas ligações e o topo das vigas em concreto moldado in loco,
com barras de aço soldadas para garantir continuidade no interior das ligações e avaliam a
interferência da disposição dos painéis alveolares na fase construtiva (na maior ou na menor
dimensão da estrutura) no comportamento da estrutura pré-moldada sob colapso. Além disso,
de posse dos resultados obtidos nos ensaios quasi-estáticos e embasados nos estudos de Qian e
Li (2014) e de Tsai (2010), que utilizaram abordagem baseada em energia, concluíram ser este
um procedimento eficaz para determinação da curva de resistência dinâmica dos arranjos
estruturais por meio da expressão:
1 ud
PCC (ud ) =
ud 0
PNS (u) du (3.1) a
em que: PCC (ud) é a função de resistência dinâmica; PNS (u) é o valor do carregamento de ensaio
resistido sob deslocamento u; e ud é o deslocamento total até o ponto analisado.
G. P. LISBOA Capítulo 3
D0230E20: Proposta de uma metodologia para simulação computacional do colapso progressivo... 102
Com relação aos estudos computacionais já desenvolvidos, grande parte deles teve foco em
representar esquemas experimentais previamente realizados. Nesses casos, etapas de calibração
tiveram grande importância e, de maneira geral, as metodologias de modelagem desenvolvidas
levaram a modelos representativos dos esquemas experimentais utilizados como base. Modelos
computacionais são bastante relevantes, já que permitem a identificação de efeitos localizados
não detectados experimentalmente por dificuldades técnicas de instrumentação, por exemplo, e
por possibilitarem o desenvolvimento de estudos paramétricos. No entanto, geralmente não são
aplicáveis a esquemas experimentais diferentes ou a estruturas completas sob situação de
colapso progressivo.
Por fim, destaca-se a escassez de estudos nacionais acerca do colapso progressivo em estruturas
de concreto armado. Dentre os já desenvolvidos, apontam-se os trabalhos:
G. P. LISBOA Capítulo 3
CAPÍTULO 4
G. P. LISBOA
D0230E20: Proposta de uma metodologia para simulação computacional do colapso progressivo... 104
Figura 4.1 – Superelemento finito desenvolvido por Lowes, Mitra e Altoontash (2003). Modificado de Lowes,
Mitra e Altoontash (2003).
G. P. LISBOA Capítulo 4
D0230E20: Proposta de uma metodologia para simulação computacional do colapso progressivo... 105
O modelo computacional foi validado a partir dos resultados dos ensaios realizados por Lew et
al. (2011), já apresentados no item 3.2.1. Assim, os dados geométricos das amostras são aqueles
já apresentados na Figura 3.10.
Figura 4.2 – Geometria dos modelos em elementos finitos gerado no DIANA ⓒ v.10.2 para as amostras IMF, à
esquerda do Eixo de Simetria (a); e SMF, à direita do Eixo de Simetria. Dimensões fora de escala.
(a) (b)
G. P. LISBOA Capítulo 4
D0230E20: Proposta de uma metodologia para simulação computacional do colapso progressivo... 106
Os elementos finitos utilizados para representar as vigas e os pilares foram do tipo pórtico
(código CL9BE), bidimensionais, com função de interpolação quadrática e que obedecem à
Teoria de Mindlin-Reissner (consideração de deformações nas seções transversais devido ao
esforço cortante). Para representar a mola rotacional, foi utilizado o elemento de código SP2RO
disponível na biblioteca do programa. Esses elementos finitos são apresentados na Figura 4.3.
Além deles, foram utilizados também elementos do tipo reinforcement para representação das
armaduras longitudinais. Ressalta-se, no entanto, que esses não são elementos finitos, uma vez
que não compõem a matriz de rigidez do problema e apenas modificam as propriedades físicas
dos elementos finitos aos quais estão associados.
Figura 4.3 – Elementos finitos utilizados na modelagem: (1) CL9BE e (2) SP2RO. Fonte: (TNO, 2017).
A respeito dos elementos de pórtico, um parâmetro que se mostrou relevante na resposta não-
linear do modelo computacional foi a quantidade de pontos de integração ao longo da altura da
seção transversal. Segundo TNO (2017), para os elementos de pórtico Classe II e Classe III –
os elementos Classe II obedecem à Teoria de Bernoulli, enquanto os Classe III são regidos pela
Teoria de Mindlin-Reissner –, para os quais a alteração desse parâmetro está disponível, a
quantidade de pontos de integração deve ser um número ímpar entre três e onze, sendo três o
valor padrão adotado pelo programa. Na Figura 4.4 são mostradas as distribuições dos pontos
de integração ao longo da altura da seção transversal de um elemento de pórtico (direção η), em
que n eta indica a quantidade de pontos de integração admitida. Resultados preliminares obtidos
ainda em etapas de calibração mostraram respostas bastante diferentes entre modelos
considerando três e onze pontos de integração nas vigas, mas respostas semelhantes ao se
G. P. LISBOA Capítulo 4
D0230E20: Proposta de uma metodologia para simulação computacional do colapso progressivo... 107
Figura 4.4 – Distribuição dos pontos de integração ao longo da altura da seção transversal (direção η) de
elementos de viga Classe II e Classe III no DIANAⓒ v.10.2. Modificado de TNO (2017).
Lew et al. (2011) adotaram uma maior discretização da malha de elementos finitos nas regiões
próximas às ligações viga-pilar, tendo adotado o comprimento dos elementos finitos nessa
região igual à metade da altura da viga. Contudo, esses autores não informaram a extensão dessa
região. Neste trabalho, o comprimento dos elementos finitos na região de maior discretização
da viga, junto ao pilar, foi tomado em torno de 10 mm, enquanto nas demais regiões da viga
foram adotados elementos finitos com comprimento em torno de 50 mm. Para determinar o
comprimento da região mais discretizada da viga junto à ligação viga-pilar, adotou-se uma
modificação da proposta de Alva e El Debs (2013). Estes autores definem que a fissuração na
viga em uma distância igual a 0,5 (LP + SR) a partir do pilar, sendo LP a altura útil da viga e SR
a distância entre fissuras na face tracionada da viga e calculada conforme o Eurocode 2
(CEN, 2004), contribui com a rotação relativa entre a viga e o pilar nas ligações monolíticas.
Para este trabalho, adotou-se que a região fissurada da viga que influencia a rotação relativa
entre a viga e o pilar é igual a (SR + LP), a partir do eixo dos pilares, arredondando o valor assim
obtido para o inteiro divisível por 10 mais próximo.
A Figura 4.5 mostra o detalhe da ligação na extremidade esquerda do Pórtico IMF, na qual nota-
se que os elementos de reinforcement (armadura longitudinal) não foram modelados com a
G. P. LISBOA Capítulo 4
D0230E20: Proposta de uma metodologia para simulação computacional do colapso progressivo... 108
Por não ter sido especificado o valor do cobrimento da armadura longitudinal considerado por
Lew et al. (2011), os elementos de reinforcement foram admitidos com 25 mm de cobrimento.
A divisão da malha de elementos finitos nos pilares seguiu o padrão das regiões não-críticas
das vigas, com elementos finitos com comprimento em torno de 50 mm. Além disso, como os
pilares das amostras estudadas têm dimensões mais robustas que as das vigas, o que incorre em
efeitos de não-linearidade física mais relevantes nas vigas, decidiu-se por modelá-los com
comportamento elástico-linear. Isso está de acordo com o que mostraram Lew et al. (2011),
segundo os quais os efeitos do colapso progressivo estão em grande parte associados às vigas,
restando aos pilares oferecer rigidez suficiente aos deslocamentos horizontais das vigas a fim
de que sejam desenvolvidas as ações de arco de compressão e de catenária.
G. P. LISBOA Capítulo 4
D0230E20: Proposta de uma metodologia para simulação computacional do colapso progressivo... 109
As leis constitutivas dos materiais foram baseadas nas expostas em Lew et al. (2011). Por terem
sido apresentados diagramas tensão-deformação para o concreto e para o aço, os dados foram
extraídos do documento e inseridos em diagramas multilineares no DIANAⓒ v.10.2.
Conforme os dados experimentais, o concreto utilizado nos Pórticos IMF e SMF tinham
resistência à compressão de 32 e de 36 MPa, respectivamente. As curvas tensão-deformação à
compressão foram tomadas conforme a colocada no documento do NIST, apresentada na
Figura 4.6.
Figura 4.6 – Relação tensão-deformação à compressão do concreto. Modificado de Lew et al. (2011).
IMF SMF
em que: (1) é o módulo de elasticidade do concreto, baseado no valor utilizado por Melo (2015)
quando de sua modelagem do Pórtico IMF, já que não foi mencionado em Lew et al. (2011);
(2) é igual à resistência à compressão do concreto; (3) é determinado da relação entre (1) e (2);
e (4) é o valor interpolado para os apresentados por Lew et al. (2011) para concretos com 20 e
40 MPa.
G. P. LISBOA Capítulo 4
D0230E20: Proposta de uma metodologia para simulação computacional do colapso progressivo... 110
Figura 4.7 – Relação tensão-deformação à tração do concreto. Modificado de Lew et al. (2011).
IMF SMF
em que: (1) é o módulo de elasticidade do concreto, baseado no valor utilizado por Melo (2015)
quando de sua modelagem do Pórtico IMF, já que não foi mencionado em Lew et al. (2011);
(2) é igual à resistência à tração do concreto; (3) é admitido igual ao definido no Model
Code 2010 (FIB, 2012b), como Gf,t = (73 fc0,18) / 1000, sendo Gf,t em N/mm e fc em MPa; e
(4) corresponde ao tamanho do elemento finito, tomado aqui com o único valor de 50 mm
(comprimento dos elementos fora das zonas críticas).
Em se tratando da lei constitutiva considerada para o aço, Lew et al. (2011) apresentaram a
curva tensão-deformação obtida em ensaios experimentais com barras de aço de bitola No. 9
(correspondente a 28,65 mm de diâmetro). Lew et al. (2011) ressaltaram que, na falta de dados
de ensaio que contemplem o comportamento após a resistência máxima, assumem esse trecho
G. P. LISBOA Capítulo 4
D0230E20: Proposta de uma metodologia para simulação computacional do colapso progressivo... 111
sob forma descendente linear. A curva é mostrada na Figura 4.8 e foi empregada em todos os
elementos de reinforcement do modelo fora das regiões próximas às ligações viga-pilar.
Ressalta-se que as deformações apresentadas são as deformações totais, que representam as
deformações acumuladas desde as solicitações em fase elástica, e não apenas as deformações
plásticas.
Figura 4.8 – Curva tensão-deformação adotada para o aço (LEW et al.; 2011).
800
600
Tensão (MPa)
400
200
0
0,00 0,05 0,10 0,15 0,20
Deformação
= f ( ) (4.1) a
mas são alteradas para a expressão (4.2) quando da presença do deslizamento relativo entre a
armadura e o concreto:
L − L0 s( ) + f ( ) L0 s( )
'= = = + f ( ) = f '( , L0 ) (4.2) a
L0 L0 L0
G. P. LISBOA Capítulo 4
D0230E20: Proposta de uma metodologia para simulação computacional do colapso progressivo... 112
b
n+1 n+1 8 para n+1 f y
sn+1 =
e
sn + + − b para f y
(4.3) a
( n +1 )(n n +1 n )
8 y n +1
e = 1,8 fc para f y
(4.4) a
0,05 fc y 0,4 fc para f y
em que fc é a resistência à compressão do concreto, em MPa; e τy foi tomado igual a 0,09 fc0,5
após etapas de calibração dos modelos. A deformação do aço foi então modificada levando em
consideração o deslizamento obtido da expressão (4.3), para o que foi necessário se conhecer o
comprimento crítico (L0). Além disso, a fim de se ter melhor representação da ruína dos
modelos experimentais (que apresentaram ruptura das barras inferiores junto aos pilares
centrais), nas curvas tensão-deformação modificadas para consideração do bond-slip, o trecho
descendente linear apresentado na Figura 4.8 foi substituído por uma queda brusca da tensão
resistida. softwaresoftwareVale ressaltar que os únicos reinforcements que foram representados
com o fenômeno de bond-slip foram aqueles dispostos nos trechos críticos (região da ligação
viga-pilar), tanto na fibra superior quanto na inferior. As curvas modificadas para as diferentes
G. P. LISBOA Capítulo 4
D0230E20: Proposta de uma metodologia para simulação computacional do colapso progressivo... 113
bitolas da armadura longitudinal são apresentadas na Figura 4.9, na qual também é mostrada a
curva original do aço.
Figura 4.9 – Curvas tensão-deformação adotadas para representação do bond-slip nos Pórticos IMF e SMF.
800
600
Tensão (MPa)
400
200
0
0,00 0,05 0,10 0,15 0,20 0,25 0,30
Deformação
Com relação aos elementos de mola inseridos na ligação viga-pilar, apesar de o software
DIANA ⓒ, em sua versão 10.2, não oferecer suporte à entrada gráfica da curva momento-
rotação para estes elementos (é possível inserir a curva força-deslocamento apenas para molas
translacionais), é possível, por meio do arquivo de entrada de dados, em extensão .dat, definir
os pontos da curva rigidez rotacional-rotação. Para definição dessa curva, o nó do pórtico
monolítico foi representado por meio de um painel e a ele foi aplicada a Teoria do Campo de
Compressão Modificada (Modified Compression Field Theory – MCFT), de Vecchio e
Collins (1986), da qual se obteve uma curva distorção angular-tensão cisalhante.
G. P. LISBOA Capítulo 4
D0230E20: Proposta de uma metodologia para simulação computacional do colapso progressivo... 114
M = ( p bj d j ) hb = p Vlig (4.5) a
G. P. LISBOA Capítulo 4
D0230E20: Proposta de uma metodologia para simulação computacional do colapso progressivo... 115
Figura 4.11 – Forças (a) e distorções (b) em um nó de pórtico considerado como painel. Modificado de
Yu (2012).
(a) (b)
Assumindo-se a rotação da ligação como igual à distorção angular total (1 + 2), bastaria tomar
o diagrama obtido da MCFT e fazê-lo um diagrama momento-rotação. Isso implicaria, no
entanto, em considerar que o braço de alavanca das forças (hb e bj) se mantém constante durante
o desenvolvimento de distorções maiores e que, consequentemente, a posição da linha neutra
nos pilares e nas vigas da ligação seria constante No entanto, segundo o padrão de fissuração
experimental do Pórtico IMF, apresentado na Figura 4.12, as regiões das vigas e pilares mais
próximas às ligações apresentam-se com fissuração significativa já para deslocamento de
610 mm do apoio central (o deslocamento último foi de 1092 mm, conforme apontado no
item 3.2.1 deste trabalho). Considerando-se que a fissuração altera a posição da linha neutra
durante o carregamento e com fins a corrigir tais alterações, Lowes, Mitra e Altoontash (2003)
indicaram apropriados os fatores multiplicadores de 0,85 e de 0,75 para a altura útil da viga e
para a largura do pilar, respectivamente, a fim de que sejam admitidos constantes os braços de
alavanca das forças na ligação. Considerando essas distâncias como delimitadoras do volume
da ligação (equação (4.5)), tem-se os valores do momento fletor resistido pela ligação para o
diagrama momento-rotação.
G. P. LISBOA Capítulo 4
D0230E20: Proposta de uma metodologia para simulação computacional do colapso progressivo... 116
Figura 4.12 – Fissuração experimental do Pórtico IMF sob deslocamento de 610 mm, com destaque para os
braços de alavanca nas seções da viga e do pilar. Modificado de Lew et al. (2011).
0,85 d
0,75 b
Figura 4.13 – Momentos fletores em uma viga em segundo as rigidezes das ligações nos apoios. Fonte:
(EL DEBS; 2017).
G. P. LISBOA Capítulo 4
D0230E20: Proposta de uma metodologia para simulação computacional do colapso progressivo... 117
Assim, o momento fletor resistido pela ligação pode ser calculado como:
1
M ap = M eng
2E I (4.6) a
c +1
L K
Com relação à solução numérica, foi utilizado processamento em paralelo com a solução do
sistema de equações pelo método de Newton-Raphson Regular, utilizando matriz de rigidez
linear nas primeiras iterações de cada passo de carga, com limite de 500 iterações. O controle
de convergência foi pela norma de deslocamentos com tolerância de 1%. Foi utilizado o método
de busca linear (line search) com Comprimento de Arco ativado e passos de carga de 25 kN e
de 50 kN nos Pórticos IMF e SMF, respectivamente. A não-linearidade geométrica foi analisada
pela descrição Lagrangeana clássica. A não-linearidade física contemplou os efeitos de
plasticidade na compressão, de fissuração na tração e foi baseado no método de deformação
total. A respeito da descrição Lagrangeana clássica, TNO (2017) destaca que a análise com a
formulação Lagrangeana generalizada não se adapta bem aos efeitos de fissuração e quando há
G. P. LISBOA Capítulo 4
D0230E20: Proposta de uma metodologia para simulação computacional do colapso progressivo... 118
elementos de reinforcement embutidos nos elementos, que corresponde ao caso das armaduras
representadas na ligação. Devido a isso, apesar de ser mais indicado a modelos que apresentem
grandes deslocamentos e grandes deformações, que possivelmente se adequariam melhor a
ocorrências de colapso progressivo, a não-linearidade geométrica foi analisada pela descrição
Lagrangeana clássica. A Figura 4.14 mostra a modelagem de uma viga em balanço e do Pórtico
Toggle pelo DIANAⓒ usando a descrição Lagrangeana clássica. Observa-se que os resultados
das modelagens representaram bem os resultados obtidos por Battini (2002).
Figura 4.14 – Modelagem via descrição Lagrangeana clássica x resultados obtidos por Battini (2002) para: uma
viga em balanço (a) e do Pórtico Toggle (b).
(a) (b)
4.1.4 Resultados
G. P. LISBOA Capítulo 4
D0230E20: Proposta de uma metodologia para simulação computacional do colapso progressivo... 119
Figura 4.15 – Curvas força-deslocamento do apoio central obtidas neste trabalho e por Lew et al. (2011) para o
Pórtico IMF (a) e para o Pórtico SMF (b).
G. P. LISBOA Capítulo 4
D0230E20: Proposta de uma metodologia para simulação computacional do colapso progressivo... 120
As deformações das armaduras nas modelagens numéricas realizadas neste trabalho foram
comparadas aos valores experimentais obtidos por Lew et al. (2011) para a seção B8-B8, no
meio do vão das vigas, e também foram utilizadas para definição do fim do efeito de arco de
compressão e do início da ação catenária. Os gráficos da Figura 4.16 são referentes à
deformação da armadura longitudinal nas vigas do Pórtico IMF e os da Figura 4.17 são relativos
à deformação da armadura longitudinal nas vigas do Pórtico SMF. Em ambos os casos,
notaram-se menores níveis de deformação das armaduras na modelagem que nas experimentais
correspondentes. Quando se observam os gráficos força-deslocamento do apoio central nos dois
pórticos, percebe-se que a modelagem do Pórtico IMF apresentou comportamento mais
próximo do observado no ensaio. Para esse mesmo modelo observa-se também melhor
representação da solicitação das armaduras longitudinais na viga.
G. P. LISBOA Capítulo 4
D0230E20: Proposta de uma metodologia para simulação computacional do colapso progressivo... 121
Figura 4.16 – Deformações na armadura no meio do vão das vigas na modelagem e no ensaio experimental do
Pórtico IMF. No gráfico superior, deformações ao longo de todo o ensaio. No gráfico inferior, destaque para
deslocamentos do apoio central até 1000 mm.
G. P. LISBOA Capítulo 4
D0230E20: Proposta de uma metodologia para simulação computacional do colapso progressivo... 122
Figura 4.17 – Deformações na armadura no meio do vão das vigas na modelagem e no ensaio experimental do
Pórtico SMF. No gráfico superior, deformações ao longo de todo o ensaio. No gráfico inferior, destaque para
deslocamentos do apoio central até 1000 mm.
Para melhor comparação dos valores obtidos dos ensaios com aqueles resultantes das
modelagens realizadas neste trabalho, apresenta-se a Tabela 4.1.
G. P. LISBOA Capítulo 4
D0230E20: Proposta de uma metodologia para simulação computacional do colapso progressivo... 123
Tabela 4.1 – Comparativo entre os resultados experimentais e os resultados das modelagens, em termos de força
e deslocamento vertical.
Desloc. Fim
Desloc. Início
Primeiro Pico Carga Última Arco de
Ação Catenária
de Carga (kN) (kN) Compressão
(mm)
(mm)
IMF -
Experimental 297 547 508 762
Lew et al. (2011)
Modelagem IMF 319 (+7,5%) 566 (+3,6%) 541 (+6,4%) 828 (+8,6%)
SMF -
Experimental 903 1232 635 762
Lew et al. (2011)
Modelagem SMF 835 (-7,5%) 1164 (-5,5%) 750 (+18,1%) 849 (+11,4%)
Em ambas as modelagens se notou que tanto o início da ação catenária quanto o fim do efeito
de arco de compressão surgiram para maiores valores de deslocamento do apoio central quanto
comparado aos resultados experimentais. A menor solicitação das armaduras no modelo
computacional, responsável pelo atraso no início da ação catenária, pode estar associada a duas
considerações feitas na modelagem: 1) a modificação da lei constitutiva das armaduras junto às
ligações viga-pilar, de maneira que o material modificado é mais deformável que o material-
base; e 2) a concentração de grande parte das deformações devidas à flexão nas molas discretas
posicionadas nas ligações viga-pilar. Apesar dessa relativa discrepância nos resultados, o
modelo computacional simplificado desenvolvido mostrou-se adequado, já que representou:
1) o desenvolvimento dos mecanismos de resistência observados no colapso do pórtico; 2) as
deformações desenvolvidas nas armaduras longitudinais nas faces superior e inferior da viga ao
longo da ocorrência do colapso; e 3) a força máxima resistida pelo pórtico antes da formação
dos mecanismos resistentes ao colapso progressivo, com erro máximo de 7,5%; 4) a força
última resistida pelo efeito de catenária da viga com erro inferior a 10%.
A seguir são apresentadas modelagens computacionais simplificadas dos ensaios das amostras
P1, P2, T1, T2, S1 e S2 realizados por Qian, Li e Ma (2014), cujos dados geométricos foram
apresentados no item 3.2.2 deste trabalho.
A exemplo do que foi realizado para os ensaios de Lew et al. (2011), a geração da geometria e
a discretização da malha também obedeceram às seguintes premissas:
2) distância de 25 mm entre os nós do eixo dos pilares e os nós da extremidade das vigas,
com vinculação rígida das translações, mas transferência de momento fletor por meio
de molas rotacionais não-lineares. A disposição das molas rotacionais nos modelos T1,
T2, S1 e S2, que são tridimensionais, se deu de forma que o giro desses elementos seja
em torno do eixo perpendicular ao plano formado pela viga e pelo pilar aos quais foram
associados;
G. P. LISBOA Capítulo 4
D0230E20: Proposta de uma metodologia para simulação computacional do colapso progressivo... 125
Com relação aos elementos finitos utilizados, acrescenta-se que, para a modelagem das lajes
nas amostras S1 e S2, foi utilizado o elemento de casca CQ40S, com função de interpolação
quadrática e que também obedece à Teoria de Mindlin-Reissner. A quantidade de pontos de
integração ao longo da altura, comentado para os elementos de pórtico, também é válido para
os elementos de casca e foi definido igual a sete após etapas prévias de calibração. As armaduras
positivas e negativas das lajes foram modeladas por meio da utilização de grids de
reinforcement.
Devido ao fato de os pilares não terem sido executados no esquema experimental de Qian, Li e
Ma (2014), os resultados dos ensaios não consideraram a influência da rigidez à flexão dos
pilares. Neste sentido, com o objetivo de avaliar a sensibilidade a diferentes condições de
contorno, Qian, Li e Zhang (2014) realizaram modelagem computacional no software
DIANA ⓒ, tomando como base os referidos ensaios experimentais, e avaliaram a influência de
três diferentes condições de contorno. Os autores concluíram que o esquema estrutural mais
próximo do arranjo experimental da amostra P2 é o mostrado na Figura 4.18 e que a modelagem
assim realizada representou bem os resultados obtidos experimentalmente.
G. P. LISBOA Capítulo 4
D0230E20: Proposta de uma metodologia para simulação computacional do colapso progressivo... 126
919 elementos finitos, entre elementos de pórtico e de mola; 164 elementos de reinforcement;
e 10839 nós.
Figura 4.18 – Para a amostra P1: (a) esquema geral do modelo; e (b) dimensões dos pilares e das condições de
contorno. Fonte: (QIAN, LI E ZHANG; 2014).
(a) (b)
Figura 4.19 – Representações tridimensionais dos modelos simplificados para as amostras (a) P1 e (b) T1.
(a) (b)
Para as amostras S1 e S2, Qian, Li e Zhang (2014) consideraram que, em estruturas reais, as
lajes adjacentes ao pilar rompido provêm restrições rotacionais e translacionais ao pilar. A fim
de tornar a modelagem computacional mais fiel às condições de contorno impostas
experimentalmente (ver número 6 na Figura 3.15) e tornar o comportamento das amostras mais
próximo ao de um pavimento em concreto armado, Qian, Li e Zhang (2014) recomendaram que
sejam impostas restrições de translação vertical e horizontal ao longo das bordas periféricas das
amostras analisadas de modo a representar a continuidade do pavimento (Figura 4.20). Por
G. P. LISBOA Capítulo 4
D0230E20: Proposta de uma metodologia para simulação computacional do colapso progressivo... 127
Figura 4.20 – Amostra S1: (a) visualização das restrições de apoio consideradas e (b) representação
tridimensional do modelo.
Ainda a respeito da geometria dos modelos computacionais, mas com relação às ligações viga-
pilar, as amostras T1 e S1 possuíam vigas com diferentes alturas nas duas direções ortogonais.
Assim, os eixos das vigas encontravam-se em diferentes alturas no pilar uma vez que elas
possuem a mesma altura das suas faces superiores. Apesar de no DIANA ⓒ, em sua versão 10.2,
ser possível, como dado de entrada de geometria, definir excentricidades para elementos de
pórtico, foi verificado que adotar essa metodologia leva a tempo de processamento maior e a
resultados menos representativos do ensaio experimental quando comparados com os
elementos de pórtico deslocados entre si na direção vertical diretamente na geração da
geometria. Adotando-se este último procedimento, a disposição geométrica das vigas junto ao
pilar central na amostra T1 é apresentada na Figura 4.21(a) e na Figura 4.21(b), que mostram
visualizações em três dimensões das vigas vinculadas ao pilar intermediário. Na Figura 4.21(a)
G. P. LISBOA Capítulo 4
D0230E20: Proposta de uma metodologia para simulação computacional do colapso progressivo... 128
podem ser observadas as molas rotacionais nas ligações, sendo que as em vermelho representam
as molas com rotação em torno de X e as em magenta representam aquelas com rotação em
torno de Z. Na Figura 4.21(b) podem ser melhor observadas as armaduras inseridas no interior
dos elementos de pórtico e a altura coincidente das faces superiores das vigas em direções
distintas.
Figura 4.21 – Amostra T1: vigas longitudinais, ao longo do eixo X, e vigas transversais, ao longo do eixo Z,
vinculadas ao pilar central. Em (a) são apresentadas as molas rotacionais nas ligações viga-pilar. Em (b) percebe-
se a face superior coincidente das vigas nas duas direções.
G. P. LISBOA Capítulo 4
D0230E20: Proposta de uma metodologia para simulação computacional do colapso progressivo... 129
Nota-se que nas amostras S1 e S2, além de os centroides de vigas em diferentes direções
também não coincidirem, nas ligações entre lajes (elementos de casca) e vigas (elementos de
pórtico), os centroides desses elementos também estão em diferentes alturas. Neste sentido, as
ligações viga-laje foram modeladas a exemplo do que fez La Mazza (2018), que considerou um
vínculo vertical rígido simulando a excentricidade entre vigas e lajes, como mostrado na
Figura 4.22(a). Ressalta-se, também, que a geometria das lajes não considerou a distância de
25 mm adotada nas ligações entre a viga e o pilar. A fim de garantir a coincidência entre nós de
elementos de casca e de elementos de pórtico nessas regiões, foram impostos, na geometria das
lajes, nós distanciados de 25 mm dos pilares em cada direção. Isso pode ser mais bem
visualizado na Figura 4.22(b), que também mostra as ligações viga-laje dispostas na direção do
eixo Y. Ao longo do eixo X, a vinculação rígida impuseram igualdade de translação nos três
eixos e de rotação em torno do eixo X. Ao longo do eixo Z, foram vinculadas as translações
nos três eixos e as rotações em torno do eixo Z. Neste sentido, as ligações viga-laje foram
consideradas rígidas.
G. P. LISBOA Capítulo 4
D0230E20: Proposta de uma metodologia para simulação computacional do colapso progressivo... 130
A resistência à compressão do concreto, valor de projeto, foi de 25 MPa para todas as amostras.
Os valores experimentais obtidos, no entanto, foram de 19,9, 20,8, 21,5, 22,7, 21,4 e 23,3 MPa
para as amostras P1, P2, T1, T2, S1 e S2, respectivamente. Para todas as modelagens deste
trabalho foi considerada a resistência à compressão de projeto, assim como também fez La
Mazza (2018). A exemplo do que fizeram Qian, Li e Zhang (2014), o comportamento do
concreto à compressão foi admitido como parabólico, com energia de fraturamento à
compressão igual a cem vezes a energia de fraturamento à tração.
Com relação à resistência à tração do concreto, esta foi admitida conforme expressão (4.7), que
é indicada pelo Eurocode 2 (CEN, 2004) e pela ABNT NBR 6118 (ABNT, 2014). A relação
tensão-deformação à tração, assim como fizeram Qian, Li e Zhang (2014), foi considerado
conforme o CEB-FIP Model Code (CEB; 1993), que admite decaimento linear pós-pico
baseado na energia de fratura, Gf,t, definido pelo Model Code 2010 (FIB; 2012a) como
Gf,t = (73 fc0,18) / 1000, com Gf,t em N/mm e fc em MPa.
2
ft = 0,3 fc 3 (4.7) a
O módulo de elasticidade tangente do concreto foi estimado pela ABNT NBR 6118
(ABNT, 2014), considerando concretos com agregado graúdo calcáreo, conforme
expressão (4.8).
Com relação às barras de aço, foram utilizadas barras T10, T13 e T16 (com 10, 13 e 16 mm de
diâmetro, respectivamente) como armaduras de flexão das vigas e dos pilares e barras R6 (com
6 mm de diâmetro) como armadura de flexão das lajes e armadura transversal das vigas e dos
G. P. LISBOA Capítulo 4
D0230E20: Proposta de uma metodologia para simulação computacional do colapso progressivo... 131
pilares (Figura 3.13). A Tabela 4.2 apresenta a caracterização físico-geométrica realizada por
Qian, Li e Ma (2014) das barras de aço utilizadas.
Tabela 4.2 – Caracterização físico-geométrica das barras de aço. Fonte: (QIAN; LI; MA, 2014).
Na Figura 4.23 são apresentadas as curvas tensão-deformação adotadas para as armaduras das
lajes (R6) e para as barras longitudinais das vigas (T10 – Curva Original). Na figura podem-se
notar os caimentos bruscos de tensão ao final dos respectivos trechos bilineares, representando
a ruptura das barras de acordo com os alongamentos últimos mostrados na Tabela 4.2. Nas
ligações viga-pilar, a consideração dos efeitos do bond-slip foi feita tal como apresentado
anteriormente para os Pórticos IMF e SMF de Lew et al. (2011), alterando-se apenas o valor da
tensão de aderência inelástica (τy, válida quando a tensão de tração no aço é superior à tensão
de escoamento), aqui tomada igual a 0,5 fc0,5. Este valor é maior que o limite superior dado na
expressão (4.4), porém foi o valor máximo admitido por Alva e El Debs (2013), que também
modificaram o comportamento do aço a fim de considerarem o fenômeno de bond-slip na
ligação viga-pilar. A alteração deste parâmetro com relação àquele das modelagens dos
Pórticos IMF e SMF se justifica em função das barras de aço utilizadas por Lew et al. (2011)
(barras ASTM A706 Grade 60) terem conformação de nervuras diferente das barras utilizadas
por Qian, Li e Ma (2014) (barras BS 4449 (BS, 1997) Grade 460), o que interfere nas tensões
de aderência desenvolvidas entre aço e concreto. As curvas modificadas tensão-deformação
para o aço das vigas longitudinais e transversais também são apresentadas na Figura 4.23, na
qual notam-se curvas diferentes para vigas longitudinais e transversais, o que se justifica pelos
G. P. LISBOA Capítulo 4
D0230E20: Proposta de uma metodologia para simulação computacional do colapso progressivo... 132
diferentes comprimentos críticos (SR + LP) nesses elementos. As armaduras das lajes (R6) não
foram modificadas para consideração dos efeitos do bond-slip.
Figura 4.23 – Curvas tensão-deformação adotadas para o aço das armaduras das lajes e longitudinal das
vigas.
600
Tensão (MPa)
400
200
0
0,00 0,05 0,10 0,15 0,20
Deformação
Cabe ressaltar, ainda, que na consideração dos efeitos do bond-slip neste trabalho foi utilizada
uma metodologia diferente da realizada por Qian, Li e Zhang (2014) e La Mazza (2018). Os
primeiros adotaram a lei constitutiva do bond-slip recomendada pelo CEB-FIP Model
Code 1990 (CEB, 1993) aplicada por meio de elementos de interface entre as barras de aço e o
concreto. As barras de aço foram modeladas com elementos finitos de treliça, enquanto as vigas
foram modeladas com elementos sólidos. La Mazza (2018), por sua vez, não menciona os
efeitos do escorregamento das armaduras, mas termina por considerá-los no processo de
calibração de molas translacionais horizontais consideradas em seus modelos, apresentadas
esquematicamente na Figura 3.9 e que são responsáveis por simular a rigidez a flexão dos
pilares de extremidade.
Devido ao fato de os pilares não terem sido representados fisicamente no modelo experimental,
ao contrário do que foi realizado na modelagem (ver Figura 4.19), aqui, diferentemente do que
indicam Lowes, Mitra e Altoontash (2003), não foi admitido o fator multiplicador de 0,75 usado
na largura do pilar quando do cálculo do volume da ligação, como realizado nas amostras de
Lew et al. (2011) e mostrado na Figura 4.11. Tal consideração é justificada pela ausência dos
pilares no modelo experimental, o que aumenta a rigidez da ligação viga-pilar por diminuir a
fissuração do nó. Ressalta-se que sempre que houver a representação do pilar no modelo físico,
recomenda-se usar o fator multiplicador 0,75 na largura do pilar. Os cálculos para a amostra P1
são apresentados no Apêndice B deste trabalho.
4.2.4 Resultados
G. P. LISBOA Capítulo 4
D0230E20: Proposta de uma metodologia para simulação computacional do colapso progressivo... 134
Figura 4.24 – Curvas força-deslocamento do apoio central obtidas para a amostra (a) P1 e para a amostra
(b) P2.
G. P. LISBOA Capítulo 4
D0230E20: Proposta de uma metodologia para simulação computacional do colapso progressivo... 135
Figura 4.25 – Curvas força-deslocamento do apoio central obtidas para a amostra (a) T1 e para a amostra
(b) T2.
G. P. LISBOA Capítulo 4
D0230E20: Proposta de uma metodologia para simulação computacional do colapso progressivo... 136
Na Tabela 4.3 são apresentados alguns valores de força obtidos da modelagem computacional
e do ensaio de Qian, Li e Ma (2014), por meio dos quais podem ser verificados o efeito arco de
compressão e ação catenária para as amostras P1, P2, T1 e T2. A Tabela 4.4 e a Tabela 4.5
comparam os resultados experimentais aos obtidos das modelagens computacionais de La
Mazza (2018) e de Qian, Li e Zhang (2014), respectivamente. Ressalta-se que nessas últimas
tabelas não há referência à força vertical correspondente ao escoamento das armaduras por não
ter sido fornecido pelos autores.
Tabela 4.3 – Resultados comparativos em termos de força vertical obtidos para os modelos P1, P2, T1 e T2
ensaiados por Qian, Li e Ma (2014).
G. P. LISBOA Capítulo 4
D0230E20: Proposta de uma metodologia para simulação computacional do colapso progressivo... 137
Tabela 4.4 – Resultados comparativos em termos de força vertical obtidos para os modelos P1, P2, T1 e T2:
modelagem de La Mazza (2018) versus ensaios experimentais de Qian, Li e Ma (2014).
Fu(1) / Fu(2) /
Amost. Fmax(1) Fmax(2) Fu(1) Fu(2)
Fmax(1) Fmax(2)
33,76 32,00 43,42 47,00
P1 1,29 1,47
5,51% -7,62%
36,53 36,00 57,89 59,00
P2 1,58 1,64
1,46% -1,89%
68,24 67,00 70,19 79,00
T1 1,03 1,18
1,85% -11,15%
67,23 64,00 67,98 90,00
T2 1,01 1,41
5,05% -24,47%
T1/P1 2,02 2,09 1,62 1,68 --- ---
T2/P2 1,84 1,78 1,17 1,53 --- ---
(1)
Resultado obtido nas modelagens de La Mazza (2018).
(2)
Resultado obtido experimentalmente por Qian, Li e Ma (2014).
Fmax e Fu são, respectivamente, as forças verticais correspondentes: ao primeiro pico de
força e à força última resistida pelo modelo.
Tabela 4.5 – Resultados comparativos em termos de força vertical obtidos para os modelos P1, P2, T1 e T2:
modelagem de Qian, Li e Zhang (2014) versus ensaios experimentais de Qian, Li e Ma (2014).
Fu(1) / Fu(2) /
Amost. Fmax(1) Fmax(2) Fu(1) Fu(2)
Fmax(1) Fmax(2)
32,85 32,00 38,51 47,00
P1 1,17 1,47
2,65% -18,06%
34,23 36,00 60,98 59,00
P2 1,78 1,64
-4,93% 3,35%
68,79 67,00 120,42 79,00
T1 1,75 1,18
2,67% 52,43%
68,16 64,00 121,88 90,00
T2 1,79 1,41
6,50% 35,42%
T1/P1 2,09 2,09 3,13 1,68 --- ---
T2/P2 1,99 1,78 2,00 1,53 --- ---
(1)
Resultado obtido nas modelagens de Qian, Li e Zhang (2014).
(2)
Resultado obtido experimentalmente por Qian, Li e Ma (2014).
Fmax e Fu são, respectivamente, as forças verticais correspondentes: ao primeiro pico de
força e à força última resistida pelo modelo.
G. P. LISBOA Capítulo 4
D0230E20: Proposta de uma metodologia para simulação computacional do colapso progressivo... 138
Uma vez esgotada a capacidade resistente do efeito de arco, observou-se redução da resistência
da estrutura com o aumento do deslocamento vertical do pilar. O efeito catenária manifestou-
se pelo retorno do aumento da capacidade resistente da estrutura até se atingir a força última,
Fu. Caso essa força seja maior que a força máxima (Fmax), pode-se afirmar que o colapso é
controlado pela ação catenária, que se desenvolve apenas sob grandes deslocamentos. Caso
contrário, o colapso é controlado pelo efeito de arco de compressão e limitado ao valor de Fmax.
Conclui-se da Tabela 4.3 que a relação Fu / Fmax variou de 1,18 a 1,64 no ensaio e de 1,52 a
2,07 na modelagem computacional, mostrando que todas as amostras tiveram o colapso
controlado pela ação catenária e definido pela ruptura da armadura longitudinal inferior da viga
junto ao pilar rompido. Tendo em vista a proximidade dos valores, pode-se concluir que o
modelo computacional foi capaz de representar o comportamento da estrutura até o seu colapso
e os mecanismos de resistência ao colapso progressivo.
G. P. LISBOA Capítulo 4
D0230E20: Proposta de uma metodologia para simulação computacional do colapso progressivo... 139
Figura 4.26 – Destaque do nó em que são analisadas as deformações da armadura longitudinal da viga.
Acerca das amostras S1 e S2, com a presença de laje, verificou-se que utilizar a mesma
discretização da malha definida nos modelos sem a presença de laje (com elementos de 10 e de
50 mm nas regiões críticas e não-críticas das vigas, respectivamente), não levou a resultados
satisfatórios. Isso pode ser verificado pelo gráfico da Figura 4.27, com curvas força-
deslocamento do apoio central para a amostra S1 (modelagem de apenas ¼ do esquema
experimental) com malhas sob diferentes discretizações, isto é: a mesma discretização utilizada
para os modelos sem a presença de laje, denominada Malha 1; e malhas com elementos de
pórtico e de casca com dimensões duas e quatro vezes maiores que na Malha 1, denominadas
Malha 2 e Malha 3, respectivamente. Observa-se que, ao ser adotada a Malha 1 e tomando-se
como referência o ponto em que o modelo de La Mazza (2018) apresentou queda brusca de
resistência, o deslocamento último do apoio central no modelo computacional é próximo ao
obtido por aquele autor, que definiu seus elementos finitos de pórtico e de casca com dimensões
entre 30 e 50 mm.
G. P. LISBOA Capítulo 4
D0230E20: Proposta de uma metodologia para simulação computacional do colapso progressivo... 140
Figura 4.27 – Curvas força-deslocamento do apoio central para a amostra S1 sob diferentes discretizações.
O modelo S2 também foi avaliado com as três discretizações de malha, apresentando resultado
semelhante ao obtido para o modelo S1. Esses resultados levaram à conclusão de que as
dimensões dos elementos finitos, no caso da presença da laje, podem ser dependentes do vão
das vigas. Tomando-se como base a Malha 3, que obteve a melhor aproximação em termos de
força última do modelo experimental e apresentou colapso controlado pela ação catenária,
chega-se à definição de elementos finitos de pórtico com comprimento de aproximadamente
0,02 L (= 42 mm nas VL’s de S1) na região próxima à ligação viga-pilar e de elementos finitos
de pórtico com comprimento de 0,10 L (= 210 mm nas VL’s de S1) fora dessa região, sendo L
G. P. LISBOA Capítulo 4
D0230E20: Proposta de uma metodologia para simulação computacional do colapso progressivo... 141
o vão teórico da viga na direção considerada. A discretização das lajes segue a discretização
das vigas nas duas direções, fazendo com que, em caso de vãos diferentes em cada direção, os
elementos de casca sejam retangulares, de forma a terem seus nós horizontalmente coincidentes
com os nós das vigas de suporte. Nos pilares, por serem em material elástico linear, os
elementos são adotados com comprimento em torno de 200 mm (= 4 x 50 mm). Dadas essas
definições, a malha final do modelo S1 contou com: 1102 elementos finitos, entre elementos de
pórtico, de mola e de casca; 120 elementos de reinforcement, entre armaduras longitudinais e
reinforcement grids; e 7685 nós.
G. P. LISBOA Capítulo 4
D0230E20: Proposta de uma metodologia para simulação computacional do colapso progressivo... 142
Figura 4.28 – Curvas força-deslocamento do apoio central para a amostra (a) S1 e para a amostra (b) S2.
G. P. LISBOA Capítulo 4
D0230E20: Proposta de uma metodologia para simulação computacional do colapso progressivo... 143
Na Tabela 4.6 são apresentados alguns valores de força registrados ao longo dos ensaios
computacional deste trabalho e experimental de Qian, Li e Ma (2014). Por meio das relações
T1 / P1, T2 / P2, S1 / P1 e S2 / P2 pode ser verificada a influência da presença de vigas
transversais e da presença das lajes no colapso da estrutura. A Tabela 4.7 e a Tabela 4.8
comparam os resultados experimentais aos obtidos das modelagens computacionais de La
Mazza (2018) e de Qian, Li e Zhang (2014), respectivamente. Ressalta-se que nessas tabelas
não há referência à força vertical correspondente ao escoamento das armaduras por não ter sido
fornecido pelos autores.
Tabela 4.6 – Resultados comparativos em termos de força vertical obtidos para S1 e S2 ao longo dos ensaios
computacionais deste trabalho e experimentais de Qian, Li e Ma (2014).
G. P. LISBOA Capítulo 4
D0230E20: Proposta de uma metodologia para simulação computacional do colapso progressivo... 144
Tabela 4.7 – Resultados comparativos em termos de força vertical obtidos para os modelos S1 e S2: modelagem
de La Mazza (2018) versus ensaios experimentais de Qian, Li e Ma (2014).
Fu(1) / Fu(2) /
Amost. Fmax(1) Fmax(2) Fu(1) Fu(2)
Fmax(1) Fmax(2)
125,70 115,00 111,27 169,00
S1 0,89 1,47
9,31% -34,16%
124,91 123,00 113,92 165,00
S2 0,91 1,34
1,55% -30,96%
T1/P1 2,02 2,09 1,62 1,68 --- ---
S1/P1 3,72 3,59 2,56 3,60 --- ---
T2/P2 1,84 1,78 1,17 1,53 --- ---
S2/P2 3,42 3,42 1,97 2,80 --- ---
(1)
Resultado obtido nas modelagens de La Mazza (2018).
(2)
Resultado obtido experimentalmente por Qian, Li e Ma (2014).
Fmax e Fu são, respectivamente, as forças verticais correspondentes: ao primeiro pico de
força e à força última resistida pelo modelo.
Tabela 4.8 – Resultados comparativos em termos de força vertical obtidos para os modelos S1 e S2: modelagem
de Qian, Li e Zhang (2014) versus ensaios experimentais de Qian, Li e Ma (2014).
Fu(1) / Fu(2) /
Amost. Fmax(1) Fmax(2) Fu(1) Fu(2)
Fmax(1) Fmax(2)
125,69 115,00 250,00 169,00
S1 1,99 1,47
9,30% 47,93%
120,42 123,00 182,99 165,00
S2 1,52 1,34
-2,10% 10,90%
T1/P1 2,09 2,09 3,13 1,68 --- ---
S1/P1 3,83 3,59 6,49 3,60 --- ---
T2/P2 1,99 1,78 2,00 1,53 --- ---
S2/P2 3,52 3,42 3,00 2,80 --- ---
(1)
Resultado obtido nas modelagens de Qian, Li e Zhang (2014).
(2)
Resultado obtido experimentalmente por Qian, Li e Ma (2014).
Fmax e Fu são, respectivamente, as forças verticais correspondentes: ao primeiro pico de
força e à força última resistida pelo modelo.
Da mesma forma que para as amostras P1, P2, T1 e T2, a força vertical Fy foi definida a partir
do escoamento da armadura longitudinal inferior da viga junto ao pilar removido, conforme a
Figura 4.26. Conclui-se da Tabela 4.6 que a relação Fu / Fmax variou de 1,34 a 1,47 no ensaio e
de 1,38 a 1,41 na modelagem computacional, mostrando que todas as amostras com laje tiveram
G. P. LISBOA Capítulo 4
D0230E20: Proposta de uma metodologia para simulação computacional do colapso progressivo... 145
o colapso controlado pela ação catenária e definido pela ruptura da armadura longitudinal
inferior da viga junto ao pilar rompido. A relação Fmax / Fy variou de 1,37 a 1,44 no ensaio e de
1,09 a 1,19 na modelagem computacional. O conjunto desses resultados mostrou que o modelo
computacional foi capaz de representar os mecanismos de resistência ao colapso progressivo.
Além disso, as relações T1 / P1 e T2 / P2 variaram de 1,53 a 2,09 no ensaio e de 1,74 a 2,03 na
modelagem computacional; enquanto as relações S1 / P1 e S2 / P2 variaram de 2,80 a 3,60 no
ensaio e de 3,13 a 4,92 na modelagem computacional, mostrando que o modelo computacional
conseguiu representar de forma adequada a contribuição de vigas em diferentes direções e de
lajes na resistência da estrutura ao colapso.
Com relação à metodologia de Qian, Li e Zhang (2014), a modelagem proposta neste trabalho
é mais simples, uma vez que não utiliza elementos finitos sólidos e, consequentemente, pode
incorrer em menor quantidade de graus de liberdade e, daí, menor tempo de processamento da
estrutura. Este fator pode ser bastante relevante quando da modelagem de estruturas mais
complexas, com pavimentos de várias lajes e/ou multipavimentos, por exemplo. Outro ponto é
que, conforme ressaltado pelos próprios autores, os modelos não foram capazes de representar
a resistência última e a ruína observadas experimentalmente, de forma que esse ponto foi
induzido pelos autores.
G. P. LISBOA Capítulo 4
D0230E20: Proposta de uma metodologia para simulação computacional do colapso progressivo... 146
1) conforme comentado no item 2.8.1 deste trabalho, UFC 4-023-03 (DOD, 2009) define
que, para estruturas em pórtico, a rotação na ligação viga-pilar pode ser assumida igual
à razão [u / L], em que u é a diferença de deslocamento vertical entre dois apoios
consecutivas da viga e L é seu comprimento;
u
pra max
L
=
y uy (4.9) a
L
G. P. LISBOA Capítulo 4
D0230E20: Proposta de uma metodologia para simulação computacional do colapso progressivo... 147
L– o vão da viga.
3) para as modelagens realizadas neste capítulo, as relações (umax / uy) encontradas são
apresentadas na Tabela 4.9;
Modelagem umax / uy
Percebe-se que, com exceção da amostra S2, todos os modelos apresentaram respostas que
correspondem a (umax / uy) ≥ 2,0, que, conforme Figura 2.3, é o critério adotado por GSA (2013)
para classificar estruturas com colapso controlado por deformação. Observa-se, no entanto, que
a amostra S2 foi capaz de desenvolver grandes deslocamentos e apresentou pleno
desenvolvimento da ação catenária. Considera-se que essa divergência é pequena e que o valor
encontrado é próximo ao recomendado por GSA (2013) para classificação de estruturas como
de colapso controlado por deformação.
G. P. LISBOA Capítulo 4
CAPÍTULO 5
ANÁLISE PARAMÉTRICA
Como comentado no item 3.2.2 deste trabalho, Qian, Li e Zhang (2014) também realizaram
análise paramétrica computacional após a validação do modelo computacional com os ensaios
experimentais de Qian, Li e Ma (2014). Essa análise contemplava dois modelos: um com
pavimento formado por vigas perpendiculares entre si, mas sem lajes; e outro pavimento
formado por lajes e vigas. Nos modelos, os autores realizaram variações em quatro parâmetros:
taxa de armadura longitudinal das vigas, altura das vigas, taxa de armadura das lajes e espessura
das lajes, sendo esses dois últimos, apenas nos modelos de pavimento. Os efeitos das variações
foram avaliados em termos da força vertical resistida no primeiro pico de carga e da força última
que levou os modelos ao colapso. Os resultados obtidos indicaram que aumentos na altura das
vigas e na espessura da laje têm maior influência sobre os efeitos de arco de compressão e de
compressão de membrana, respectivamente, ao passo que alterações nas taxas de armadura das
G. P. LISBOA
D0230E20: Proposta de uma metodologia para simulação computacional do colapso progressivo... 149
vigas e das lajes têm maior impacto sobre a ação catenária e sobre a tração de membrana,
respectivamente.
O trabalho de Yu e Tan (2013), abordado no item 3.2.3 deste texto, realizou análise paramétrica
experimental com esquema de ensaio bastante semelhante ao utilizado por Qian, Li e Ma (2014)
para avaliação de pórticos planos. Yu e Tan (2013) variaram três parâmetros de forma
independente: (1) a taxa de armadura longitudinal superior e (2) a taxa de armadura longitudinal
inferior das vigas por meio de alterações em suas respectivas áreas de aço; e (3) a esbeltez das
vigas por meio de alterações no vão e, consequentemente, na relação L / h, sendo L o vão e h a
altura das vigas. Em resumo, os resultados obtidos por esses autores sugerem que o efeito arco
de compressão é mais relevante em vigas com baixas taxas de armadura longitudinal e de
pequena esbeltez, ao passo que a ação catenária é mais evidente em vigas com grandes taxas de
armadura e grande esbeltez. Ainda sobre a esbeltez, este parâmetro mostrou-se relevante sobre
a forma de ruína da estrutura, permitindo ou não o desenvolvimento da ação catenária.
Para se alcançar esse objetivo, foram realizadas as duas seguintes análises paramétricas sobre
as estruturas selecionadas:
1) Análise 1 – alterações no vão das vigas do pórtico plano e no vão das vigas longitudinais
do pavimento com lajes e vigas (VL’s, que são as vigas na direção de maior vão,
conforme Figura 3.13), mantendo-se constante a altura e as áreas de armadura
longitudinal de flexão superior (negativa) e inferior (positiva) nessas vigas. Esta análise
se justifica já que Yu e Tan (2013) indicam ser a esbeltez da viga um parâmetro bastante
relevante na formação dos mecanismos resistentes ao colapso, ao mesmo tempo que
G. P. LISBOA Capítulo 5
D0230E20: Proposta de uma metodologia para simulação computacional do colapso progressivo... 150
essas variações não foram contempladas na análise paramétrica realizada por Qian, Li
e Zhang (2014), que alteraram a altura das vigas, sem alterar seu vão;
2) Análise 2 – alterações no vão das mesmas vigas dos modelos anteriores, mas alterando-
se também a área da armadura longitudinal de flexão resistente aos momentos fletores
negativo e positivo nessas vigas na mesma razão da variação do vão. Foi tomada como
referência a área de armadura longitudinal de flexão na viga dos modelos-base, isto é,
com vão de 2100 mm. Assim, para a amostra com vão de 1500 mm, por exemplo, a área
de armadura resistente à flexão (superior e inferior) foi multiplicada por um fator de
1500 / 2100 = 0,714 da área de aço do modelo-base. Da mesma forma que na Análise 1,
no caso do pavimento com lajes e vigas, essas alterações foram realizadas apenas nas
vigas de maior vão (VL’s). Esta análise se justifica no sentido de verificar a influência
conjunta da armadura longitudinal da viga, responsável pela ação catenária, com a
esbeltez desses elementos, podendo tornar possível determinar qual deles tem maior
relevância sobre a formação dos mecanismos resistentes ao colapso das estruturas
analisadas. Além disso, a variação linear da área de armadura longitudinal com o vão
está de acordo com o critério de dimensionamento de forças de amarração segundo as
normas e recomendações de projeto anteriormente apontadas.
As amostras analisadas neste capítulo são apresentadas na Tabela 5.1, na qual as áreas de aço
indicadas são apenas as negativas (ou superiores), bem como o diâmetro equivalente por barra
para essa quantidade de armadura. Isso se deve ao fato de o diâmetro da barra ser necessário
para o cálculo do comprimento das regiões críticas das vigas, de valor (SR + LP), que varia na
Análise 2. A área de armadura positiva (ou inferior) nas vigas das amostras listadas na
Tabela 5.1 foi sempre igual à área de armadura negativa (ou superior).
G. P. LISBOA Capítulo 5
D0230E20: Proposta de uma metodologia para simulação computacional do colapso progressivo... 151
Vão
Asneg,long –
Teórico [φb/barra]equival
Análise(1) Nomenclatura VL's
– VL’s (3) (mm) (4)
(mm²)
(mm) (2)
P1_An-1_L-1500 1500 157,08 10,000
P1_An-1_L-1800 1800 157,08 10,000
P1
P1_An-1_L-2100 2100 157,08 10,000
Análise 1
P1_An-1_L-2400 2400 157,08 10,000
P1_An-1_L-2700 2700 157,08 10,000
P1_An-2_L-1500 1500 112,20 8,452
P1_An-2_L-1800 1800 134,64 9,258
P1
P1_An-2_L-2100 2100 157,08 10,000
Análise 2
P1_An-2_L-2400 2400 179,52 10,690
P1_An-2_L-2700 2700 201,96 11,339
S1_An-1_L-1500 1500 157,08 10,000
S1_An-1_L-1800 1800 157,08 10,000
S1
S1_An-1_L-2100 2100 157,08 10,000
Análise 1
S1_An-1_L-2400 2400 157,08 10,000
S1_An-1_L-2700 2700 157,08 10,000
S1_An-2_L-1500 1500 112,20 8,452
S1_An-2_L-1800 1800 134,64 9,258
S1
S1_An-2_L-2100 2100 157,08 10,000
Análise 2
S1_An-2_L-2400 2400 179,52 10,690
S1_An-2_L-2700 2700 201,96 11,339
(1)
P1 é um pórtico plano (como na Figura 4.19(a)) e S1 é um pavimento com
vigas e lajes (como na Figura 4.20);
(2)
Maior vão, conforme Figura 3.13;
(3)
Área de armadura longitudinal inferior (ou superior) na viga da amostra
P1 e na viga longitudinal da amostra S1;
(4)
Diâmetro equivalente adotado para duas barras cujas áreas somadas
correspondem à área de aço mostrada na coluna (3).
A seguir são apresentados os resultados obtidos das análises realizadas, inicialmente para as
variações no pórtico plano P1 e, posteriormente, para as variações no pavimento S1.
G. P. LISBOA Capítulo 5
D0230E20: Proposta de uma metodologia para simulação computacional do colapso progressivo... 152
Qian, Li e Zhang (2014) utilizaram as curvas força-deslocamento do pilar central para avaliar
os resultados de sua análise paramétrica. Nesta linha, Yu e Tan (2013) também se valeram
desses resultados para observar as variações de comportamento global dos arranjos estudados.
Assim, na Figura 5.1 são apresentados os resultados para as duas análises realizadas em termos
de curvas força-deslocamento do pilar central da amostra P1. As curvas experimentais, obtidas
para as os modelos de referência de Qian, Li e Ma (2014), são apresentadas apenas com fins de
comparação. Destaca-se que as quedas acentuadas observadas nas curvas dos modelos
computacionais foram interpretadas como perda de equilíbrio estático devida à ruptura da
armadura longitudinal inferior da viga, de forma que a resistência última do modelo
computacional foi definida para a força imediatamente anterior à queda acentuada na curva
força-deslocamento do apoio central. Nas curvas em que não houve essa queda acentuada, a
perda de equilíbrio estático foi caracterizada pela falta de convergência no processamento
numérico, de maneira que a resistência última desses modelos correspondeu aos últimos pontos
de suas respectivas curvas.
G. P. LISBOA Capítulo 5
D0230E20: Proposta de uma metodologia para simulação computacional do colapso progressivo... 153
Figura 5.1 – Curvas força-deslocamento para a amostra P1: (a) Análise 1 e (b) Análise 2.
G. P. LISBOA Capítulo 5
D0230E20: Proposta de uma metodologia para simulação computacional do colapso progressivo... 154
Observa-se da Figura 5.1 que, em algumas curvas, a resistência última, associada à ação
catenária, foi inferior ao primeiro pico de resistência, associado ao efeito de arco de
compressão, especialmente nos modelos com vãos menores. Isso ocorreu também na Análise 2,
na qual a armadura resistente à flexão foi variada. Esse resultado é coerente com os resultados
de Yu e Tan (2013) e evidencia que a redução do vão torna mais relevante o efeito de arco de
compressão frente à ação catenária, indicando que este parâmetro está associado à forma de
ruína da estrutura, influenciando fortemente o desenvolvimento ou não da ação catenária, que
se dá apenas sob grandes deslocamentos.
Os mecanismos resistentes ao colapso também podem ser avaliados por meio da capacidade de
deslocamento vertical da estrutura. Neste sentido, tanto Lew et al. (2011) quanto Qian, Li e
Zhang (2014) indicaram que em seus modelos de pórtico plano o aumento de resistência após
o primeiro pico de carga (que se deve à ação catenária) foi observado para níveis de
deslocamento do apoio central em torno de 1,0 h, sendo h a altura da viga. Esse deslocamento
corresponde, aproximadamente, ao ponto de mínimo da curva força-deslocamento depois do
primeiro pico de força, o que pode ser mais bem visualizado na Figura 4.24. Yu e Tan (2013)
também associaram a capacidade da estrutura em desenvolver grandes deslocamentos verticais
à sua resistência ao colapso. Ainda, o Método das Forças de Amarração apresentado pelo
UFC 4-023-03 (DOD, 2009) recomenda que, para que sejam consideradas amarrações
passando pelo interior das vigas, é necessário que estas tenham capacidade verificada de
suportar uma razão [u / L] superior a 0,20 rad, sendo u a diferença de deslocamento vertical
entre os apoios da viga e L o seu vão.
G. P. LISBOA Capítulo 5
D0230E20: Proposta de uma metodologia para simulação computacional do colapso progressivo... 155
Dessa forma, o conjunto de resultados da análise paramétrica pode ser avaliado a partir da
relação [Fu / Fmax] x [uu / L], sendo Fu a força vertical última (correspondente ao colapso da
estrutura), Fmax a força vertical no primeiro pico de resistência (relativa ao efeito de arco de
compressão), uu o deslocamento vertical último no colapso da estrutura e L o vão teórico da
viga. Neste sentido, o desenvolvimento do colapso em uma estrutura está associado à sua
capacidade de desenvolver deslocamento
A Figura 5.2 mostra os pontos correspondentes aos resultados obtidos nas duas análises. Ao
observar esses resultados, conclui-se que a variação da taxa de armadura longitudinal da viga
teve pouca influência sobre a forma de colapso da estrutura, de modo que os pontos das duas
análises foram próximos. Por essa razão, ambas as análises foram consideradas em conjunto
para obtenção de uma curva aproximada via regressão não-linear, realizada no software LAB
Fit, que é também apresentada no gráfico da Figura 5.2. A curva obtida correlaciona a razão
[Fu / Fmax] a [uu / L]. Em se tratando do software LAB Fit, este conta com várias curvas de
ajuste pré-cadastradas, que, com base nos dados de entrada inseridos, resultam em diferentes
coeficientes de correlação R². O usuário pode então escolher qual curva utilizar. Além dos
resultados obtidos da análise paramétrica realizada, na Figura 5.2 são inseridos aqueles
relativos aos Pórticos IMF e SMF, de Lew et al. (2011), a fim de se comparar o resultado da
análise paramétrica com esses modelos.
Figura 5.2 – Resultados da análise paramétrica das amostras P1 e dos Pórticos IMF e SMF em termos de
[Fu / Fmax] e [uu / L].
G. P. LISBOA Capítulo 5
D0230E20: Proposta de uma metodologia para simulação computacional do colapso progressivo... 156
Dessa forma, não basta que se manifeste o efeito de ação catenária no pórtico em análise, mas
é desejável que sejam alcançados níveis de resistência vertical última, Fu, superiores aos de
resistência vertical de primeiro pico, Fmax. Partindo desse princípio, admite-se aqui que
[Fu / Fmax] ≤ 1,0 indica que o pórtico tem o seu colapso controlado pelo efeito de arco de
compressão (mecanismo de resistência com capacidade reduzida de redistribuição de esforços
para evitar o colapso progressivo da estrutura), enquanto [Fu / Fmax] ≥ 1,0 indica que o pórtico
tem o seu colapso controlado pela ação catenária (e com capacidade de encontrar uma posição
de equilíbrio mesmo após esgotado o mecanismo de arco de compressão). Assim, neste último
caso, o colapso progressivo do pórtico de concreto seria evitado por existir uma posição de
equilíbrio com resistência superior à de primeiro pico, que se desenvolve sob níveis bem
menores de deslocamento vertical. Portanto, conclui-se dos resultados do gráfico da Figura 5.2
que para se ter relações [Fu / Fmax] ≥ 1,0, a estrutura deve ser capaz de desenvolver relação
[uu / L] ≥ 0,13 rad. Este valor representa o mínimo de rotação que se espera que a ligação viga-
pilar suporte para que se garanta a formação da ação catenária no pórtico em análise.
A fim de correlacionar o comportamento global dos modelos – representado pela força vertical
resistida, F, na curva força-deslocamento do apoio central – com a força resistida pelas
armaduras longitudinais superior e inferior da viga junto ao pilar removido ao longo do
desenvolvimento dos ensaios computacionais, são apresentados os gráficos da Figura 5.4 e da
Figura 5.5. Para obter os valores de força nas armaduras, foram avaliados os nós de
G. P. LISBOA Capítulo 5
D0230E20: Proposta de uma metodologia para simulação computacional do colapso progressivo... 157
Figura 5.3 – Nós para obtenção das forças solicitantes nas armaduras longitudinais da viga.
Tabela 5.2 – Força máxima obtida na armadura longitudinal inferior (ou superior) de cada modelo.
Asneg,long Fsu
Análise Amostra
(mm²) (1) (kN) (2)
P1_An-1_L-1500 157,08 89,22
P1_An-1_L-1800 157,08 89,22
P1
P1_An-1_L-2100 157,08 89,22
Análise 1
P1_An-1_L-2400 157,08 89,22
P1_An-1_L-2700 157,08 89,22
P1_An-2_L-1500 112,20 63,73
P1_An-2_L-1800 134,64 76,48
P1
P1_An-2_L-2100 157,08 89,22
Análise 2
P1_An-2_L-2400 179,52 101,97
P1_An-2_L-2700 201,96 114,71
(1)
Área de armadura longitudinal inferior (ou superior) nas vigas dos modelos;
(2)
Força de ruptura na armadura longitudinal inferior (ou superior) segundo a lei
constitutiva do aço e a área de armadura em (1).
G. P. LISBOA Capítulo 5
D0230E20: Proposta de uma metodologia para simulação computacional do colapso progressivo de estruturas reticuladas em concreto armado 158
Figura 5.4 – Força nas armaduras ao longo do desenvolvimento das curvas força-deslocamento do apoio central.
G. P. LISBOA Capítulo 5
D0230E20: Proposta de uma metodologia para simulação computacional do colapso progressivo de estruturas reticuladas em concreto armado 159
Figura 5.5 – Força nas armaduras ao longo do desenvolvimento das curvas força-deslocamento do apoio central.
G. P. LISBOA Capítulo 5
D0230E20: Proposta de uma metodologia para simulação computacional do colapso progressivo... 160
Nas vigas de maiores vãos notou-se comportamento diferente. A menor rigidez à flexão solicita
menos as armaduras, permitindo que suportem maiores níveis de deslocamento vertical do
apoio intermediário, para o que também contribuem maiores taxas de armadura longitudinal.
Observou-se, ainda, que, aumentando-se o deslocamento vertical, as armaduras longitudinais
comprimidas na ligação viga-pilar intermediária passam a sofrer alívio de solicitação e, caso
sejam suficientemente resistentes (isto é, caso haja área de armadura suficiente), passam a ser
também tracionadas em deslocamentos ainda maiores. É notável que, no ponto de resistência
última desses modelos, a soma das trações nas armaduras superior e inferior possa chegar a
praticamente o dobro da suportada apenas pelas armaduras inferiores. Destaca-se, no entanto,
que essa é uma condição dependente da continuidade das armaduras superior e inferior da viga
na ligação viga-pilar.
Sabe-se também que a relação [uu / L] está intimamente associada à rigidez dos apoios da viga.
Neste sentido, adota-se o Parâmetro (1 / α), dado pela expressão (5.1), para avaliar a influência
das condições de contorno da viga sobre a capacidade de rotação da ligação viga-pilar quando
do colapso da estrutura.
1 1
=
rviga (5.1) a
rviga + rpilar,sup + rpilar,inf
G. P. LISBOA Capítulo 5
D0230E20: Proposta de uma metodologia para simulação computacional do colapso progressivo... 161
em que rviga, rpilar,sup e rpilar,inf são, respectivamente, as rigidezes da viga, do trecho de pilar acima
da ligação viga-pilar e do trecho de pilar abaixo da ligação viga-pilar, valores que estão
associados às condições de contorno da viga e dos pilares. O denominador da expressão (5.1)
representa a parcela de momento de engastamento resistida pela viga em uma ligação viga-pilar
rígida. O seu inverso é admitido aqui apenas a fim de que o Parâmetro (1 / α) cresça com o vão.
A Figura 5.6 mostra o resultado da relação entre [uu / L] e o [Parâmetro (1 / α)]. Tal como
realizado anteriormente, esses resultados foram utilizados para obtenção de uma curva
aproximada via regressão não-linear realizada no software LAB Fit. A curva obtida correlaciona
[uu / L] ao [Parâmetro (1 / α)]. A razão [uu / L] ≈ 0,13 rad obtida no gráfico da Figura 5.2 para
[Fu / Fmax] = 1,0 é destacada e os resultados dos Pórticos IMF e SMF, de Lew et al. (2011),
também são incluídos.
Figura 5.6 – Resultados da análise paramétrica das amostras P1 e dos Pórticos IMF e SMF em termos de [uu / L]
e [Parâmetro (1 / α)].
No gráfico da Figura 5.6, percebeu-se que, para se ter [Fu / Fmax] ≥ 1,0 a estrutura deve
apresentar [Parâmetro (1 / α)] ≥ 14,0, o que correspondente a [uu / L] ≥ 0,13 rad. Ou seja, para
o pórtico analisado, a rigidez da viga em relação à rigidez do nó do pórtico deve ser inferior a
0,071. Ainda conforme este último gráfico, sucessivos aumentos de [Parâmetro (1 / α)] levam
ao limite superior [uu / L] ≈ 0,18 rad. Neste sentido, é conservadora a recomendação do
G. P. LISBOA Capítulo 5
D0230E20: Proposta de uma metodologia para simulação computacional do colapso progressivo... 162
UFC 4-023-03 (DOD, 2009) de que, para serem consideradas amarrações passando pelo
interior das vigas, é necessário que estas tenham capacidade verificada de suportar razão [u / L]
superior a 0,20 rad. Tal fato é corroborado ao se observar que os valores da razão [u / L] para
os Pórticos IMF e SMF foram inferiores a esse limite e, mesmo assim, foi observada a formação
do mecanismo de ação catenária antes do colapso dos pórticos. Importante observar, também,
que a variação da rigidez dos pilares nos Pórticos IMF e SMF de fato influenciou a razão [u / L]
e que essa variação se encontra próxima dos valores obtidos da análise paramétrica.
Assim, ao se garantir que o pórtico em análise atinja razão [uu / L] ≥ 0,13 rad antes do colapso,
o que pode ser atingido quando [Parâmetro (1 / α)] ≥ 14,0, garante-se, de forma indireta, a
formação da ação catenária na armadura longitudinal da viga. Dessa forma, a armadura
longitudinal colocada nesses elementos pode ser considerada para evitar o colapso progressivo
da estrutura, e não apenas a armadura distribuída nas lajes.
Como realizado para a análise paramétrica da amostra P1, na Figura 5.7 são apresentados os
resultados de força-deslocamento do pilar central para o modelo S1, com pavimento formado
por vigas e lajes maciças de concreto. As curvas experimentais, obtidas para os modelos de
referência de Qian, Li e Ma (2014), são apresentadas apenas com fins de comparação. Assim
como para a amostra P1, quedas acentuadas observadas nas curvas de resultado das análises
computacionais foram interpretadas como perda de equilíbrio estático, de forma que a
resistência última do modelo computacional foi definida para a força imediatamente anterior à
queda acentuada na curva força-deslocamento do apoio central.
Nessa análise, apenas as vigas na direção de maior vão (vigas longitudinais, VL’s) tiveram o
seu vão e a sua armadura de flexão alteradas, ficando mantidas as propriedades das vigas na
direção de menor vão (vigas transversais, VT’s) tais como no modelo experimental. Desta
forma, nas Análises 1 e 2 desse modelo, a variação de vão nas vigas longitudinais terminou por
alterar a relação entre vãos da laje. Denomina-se aqui [Vão maior] / [Vão menor] a razão entre
o vão das vigas longitudinais e o vão das vigas transversais
Assim como na análise do pórtico plano, algumas curvas mostradas na Figura 5.7 evidenciam
que a resistência última, associada à ação catenária, foi inferior ao primeiro pico de carga,
associado ao efeito de arco de compressão. De fato, este mecanismo de resistência foi mais
G. P. LISBOA Capítulo 5
D0230E20: Proposta de uma metodologia para simulação computacional do colapso progressivo... 163
relevante em modelos com menores valores de vão da viga longitudinal. Já a ação catenária se
tornou mais evidente com o aumento desse parâmetro. Neste sentido, a razão entre vãos da laje
se mostrou como um parâmetro de forte influência sobre a forma de ruína da estrutura,
permitindo ou não o pleno desenvolvimento da ação catenária, possível apenas sob grandes
deslocamentos.
G. P. LISBOA Capítulo 5
D0230E20: Proposta de uma metodologia para simulação computacional do colapso progressivo... 164
Figura 5.7 – Curvas força-deslocamento para a amostra S1 (a) Análise 1 e (b) Análise 2.
G. P. LISBOA Capítulo 5
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G. P. LISBOA Capítulo 5
D0230E20: Proposta de uma metodologia para simulação computacional do colapso progressivo de estruturas reticuladas em concreto armado 166
Figura 5.8 – Força nas armaduras longitudinais das vigas transversais (VT’s) ao longo do desenvolvimento das curvas força-deslocamento do apoio central.
G. P. LISBOA Capítulo 5
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Figura 5.9 – Força nas armaduras longitudinais das vigas longitudinais (VL’s) ao longo do desenvolvimento das curvas força-deslocamento do apoio central.
G. P. LISBOA Capítulo 5
D0230E20: Proposta de uma metodologia para simulação computacional do colapso progressivo de estruturas reticuladas em concreto armado 168
Figura 5.10 – Força nas armaduras longitudinais inferiores das vigas transversais (VT’s) e das vigas longitudinais (VL’s) e curvas força-deslocamento do apoio central.
G. P. LISBOA Capítulo 5
D0230E20: Proposta de uma metodologia para simulação computacional do colapso progressivo... 169
Tabela 5.3 – Força máxima obtida na armadura longitudinal inferior (ou superior) das vigas transversais e das
vigas longitudinais de cada modelo.
Da Figura 5.8 e da Figura 5.9 observa-se que o alívio das forças de compressão nas armaduras
superiores ocorre inicialmente nas VT’s. Além disso, exceto pela amostra S1_An-1_L-1500, em
que VT’s e VL’s contaram com mesma área de aço e mesmo vão, apesar de seções transversais
diferentes (rigidez maior nas VL’s), todas as demais as armaduras inferiores das VT’s foram
igualmente ou mais solicitadas que suas correspondentes nas VL’s sob níveis de deslocamento
iniciais.
Da Figura 5.10 percebe-se que, de todos os modelos analisados, o S1_An-2_L-1500 foi o único
em que o rompimento da armadura longitudinal inferior junto à ligação da VL com o pilar
removido se deu bastante antes do rompimento da armadura correspondente na VT. Associa-se
esse comportamento ao fato de que, nesse modelo, as VL’s tinham rigidez (relação
Inércia / Vão) muito maior que as VT’s, mas com armadura longitudinal menor que a das VT’s.
Por causa da maior rigidez, no entanto, as VL’s receberam maior momento, incorrendo em
maior solicitação de suas armaduras longitudinais devido aos esforços de flexão e, sob
deslocamentos verticais maiores, na ruptura dessas armaduras (ruína global do modelo).
G. P. LISBOA Capítulo 5
D0230E20: Proposta de uma metodologia para simulação computacional do colapso progressivo... 170
Em todos os modelos, notou-se que o binário de forças nas armaduras longitudinais das vigas
(tração na armadura inferior e compressão armadura na superior) se faz presente nas vigas em
ambas as direções até mesmo após o ponto de mínimo da curva força-deslocamento do pilar
central. Novamente com exceção do modelo S1_An-2_L-1500, no entanto, percebeu-se também
que esse binário permaneceu por mais tempo nas VL’s, indicando que, neste caso, a ação
catenária ocorre primeiramente nas VT’s, que também são mais solicitadas sob maiores níveis
de deslocamento do apoio central. Isso é observado pela descompressão da armadura superior
e sua posterior solicitação à tração.
Partindo-se dos modelos com vão longitudinal de 1800 mm e assumindo-se razões [Vão das
VL’s] / [Vão das VT’s] cada vez maiores, notou-se que as VT’s se tornaram cada vez mais
relevantes sobre o colapso do pavimento. Conforme se observa na Figura 5.10, com o aumento
desse parâmetro, a tração da armadura longitudinal inferior das VT’s ficou mais evidente frente
à da sua correspondente nas VL’s sob níveis de deslocamento iniciais, mesmo aumentando-se
área de armadura longitudinal apenas nestas últimas. Dessa forma, notou-se que os mecanismos
de resistência ao colapso progressivo se desenvolvem primeiramente nas VT’s.
Da Figura 5.8 e da Figura 5.9, vê-se que, para vãos longitudinais crescentes maiores ou iguais
a 2100 mm, as armaduras longitudinais superior e inferior das VT’s atingiram a tração resistente
última ao final do ensaio, o que não chega a ocorrer para as VL’s. Destaca-se, no entanto, que
essa é uma condição dependente da continuidade das armaduras superior e inferior da viga na
ligação viga-pilar.
Dessa forma, conclui-se que o comportamento do pavimento sob ruína de um pilar é controlado
pelas vigas de menor vão. Assim, como feito nas análises do pórtico plano, o conjunto de
resultados obtidos para o modelo de pavimento com lajes e vigas também foi avaliado a partir
da relação [Fu / Fmax] x [uu / L], sendo Fu a força vertical última (correspondente ao colapso da
estrutura), Fmax a força vertical no primeiro pico de resistência (relativa ao efeito de arco de
compressão), uu o deslocamento vertical último no colapso da estrutura e L o vão teórico das
vigas na direção de menor vão.
A Figura 5.11 mostra os pontos correspondentes aos resultados obtidos nas Análises 1 e 2. Os
resultados evidenciaram que a variação da taxa de armadura longitudinal da viga na direção
longitudinal teve pouca influência sobre a forma de colapso da estrutura, já que os pontos
correspondentes às duas análises foram próximos entre si. Assim, como realizado para o pórtico
G. P. LISBOA Capítulo 5
D0230E20: Proposta de uma metodologia para simulação computacional do colapso progressivo... 171
plano, as Análises 1 e 2 aqui também foram consideradas em conjunto para obtenção de uma
curva aproximada via regressão não-linear realizada no software LAB Fit, que é também
apresentada no gráfico da Figura 5.11. A curva obtida correlaciona a razão [Fu / Fmax] a
[(uu / L)_VT’s], sendo este último parâmetro a relação [uu / L] tomando-se as vigas transversais
(na direção de menor vão) como base.
Figura 5.11 – Resultados da análise paramétrica das amostras S1 em termos de [Fu / Fmax] e
[(uu / L)_VT’s].
G. P. LISBOA Capítulo 5
D0230E20: Proposta de uma metodologia para simulação computacional do colapso progressivo... 172
[(uu / L)_VT’s] pode ser utilizado para se encontrar a rotação mínima a ser suportada pelas
ligações viga-pilar das vigas longitudinais.
A exemplo do realizado para o modelo de pórtico plano, a influência das rigidezes das vigas
também foi avaliada aqui. No entanto, considerando-se a disposição das vigas em direções
ortogonais, propõe-se utilizar a razão [Parâmetro (1 / α)_VL’s] / [Parâmetro (1 / α)_VT’s],
sendo os Parâmetros (1 / α) das VL’s e das VT’s calculados conforme expressão (5.1). Os
resultados obtidos são apresentados no gráfico da Figura 5.12, no qual consta também uma
curva aproximada obtida via regressão não-linear realizada no software LAB Fit. A curva obtida
correlaciona [(uu / L)_VT’s] ao [Parâmetro (1 / α): (VL’s / VT’s)]. Destaca-se que o limite
superior para [(u / L)_VT’s] foi encontrado para [Parâmetro (1 / α): (VL’s / VT’s)] infinito na
curva aproximada obtida. A razão [uu / L] ≈ 0,12 rad obtida no gráfico da Figura 5.11 para
[Fu / Fmax] = 1,0 é apresentada.
Figura 5.12 – Resultados da análise paramétrica das amostras S1 em termos de [(uu / L)_VT’s] e
[Parâmetro (1 / α): (VL’s / VT’s)].
G. P. LISBOA Capítulo 5
D0230E20: Proposta de uma metodologia para simulação computacional do colapso progressivo... 173
sentido, explica-se o fato de o comportamento geral das amostras com maiores relações entre
vãos ser em grande parte regido pelas VT’s em detrimento das VL’s, como mostrado na análise
da solicitação das armaduras longitudinais das vigas que chegam no pilar removido. Ainda
sobre essa semelhança, notou-se que para as VT’s, assim como para o modelo de pórtico plano,
houve um limite da razão [u / L], que, embora aproximadamente igual a 0,18 rad naquele caso,
aqui se reduziu para valores em torno de 0,14 rad. Atribui-se isso à contribuição de resistência
desenvolvida pelos elementos estruturais adicionais considerados (VL’s e lajes).
A fim de se garantir que o pórtico em análise atinja razão [(uu / L)_VT’s] ≥ 0,12 rad e que,
consequentemente, de forma indireta, se desenvolva a ação catenária na armadura longitudinal
da viga, estabelece-se [Parâmetro (1 / α): (VL’s / VT’s)] ≥ 0,48 . Assim, a armadura
longitudinal das vigas pode ser considerada para evitar o colapso progressivo da estrutura, e
não apenas a armadura distribuída nas lajes, como prevê UFC 4-023-03 (DOD, 2009).
G. P. LISBOA Capítulo 5
CAPÍTULO 6
6.1 O EDIFÍCIO
G. P. LISBOA
D0230E20: Proposta de uma metodologia para simulação computacional do colapso progressivo... 175
O Quadro 6.1 apresenta o detalhamento dos pilares do modelo, enquanto o Quadro 6.2
apresenta o detalhamento das vigas. Os pilares, por estarem nos cruzamentos de eixos, foram
identificados pela letra do eixo horizontal correspondente seguida pelo número do eixo vertical
correspondente. As lajes contaram com camadas contínuas de armadura superior e inferior, com
barras de 8 mm espaçadas a cada 200 mm, em ambas as direções.
Xiao et al. (2013) e Xiao et al. (2015) apresentaram respostas no tempo em termos de
deslocamentos verticais e horizontais, acelerações e deformações nas armaduras. São
apresentados, também, padrões de fissuração nas lajes.
Como breve comentário acerca dos resultados apresentados naqueles trabalhos, ressalta-se que
o edifício estudado apresentou resistência relevante ao colapso, comportando-se essencialmente
sob regime elástico mesmo após o rompimento dos dois pilares referentes à primeira fase
(pilares A1, de canto, e B2, de extremidade). Maiores danos foram observados apenas depois
de rompidos os pilares na segunda fase (pilares D3 e D2, de extremidade). Ainda assim, a
estrutura resistiu ao rompimento de um quinto pilar (pilar B3, intermediário). Como apontam
Xiao et al. (2015), o desenvolvimento dos efeitos de colapso na estrutura, mesmo sob
rompimento instantâneo dos pilares, foi retardado. E, segundo os autores, muito embora isso
possa estar associado a diversos fatores, como comportamento dos materiais dependente do
tempo, por exemplo, estudos adicionais devem ser realizados com vistas à compreensão do
ocorrido. Aponta-se, neste trabalho, que a redução das dimensões da estrutura a meia escala
pode também ter sido um fator colaborante para os resultados obtidos.
Para mais informações a respeito do ensaio, dos resultados obtidos, das análises realizadas e
das conclusões obtidas, devem ser consultadas as referências Xiao et al. (2013) e Xiao et
al. (2015).
G. P. LISBOA Capítulo 6
D0230E20: Proposta de uma metodologia para simulação computacional do colapso progressivo... 176
Figura 6.1 – Edifício estudado experimentalmente por Xiao et al. (2013) e por Xiao et al. (2015): (a) Planta de
Fôrmas; (b) e (c) Vistas Laterais. Modificado de Xiao et al. (2013). Dimensões em mm.
G. P. LISBOA Capítulo 6
D0230E20: Proposta de uma metodologia para simulação computacional do colapso progressivo... 177
Detalham. da
Seção Armadura Armadura
Pilar Seção
(mm) Longitudinal Transv.
Transversal
Barras de φb
A2, A3, D2, 16 barras de
330 x 330 8 mm a cada
D3 φb 14 mm
125 mm
Barras de φb
20 barras de
B1, B4, C1, C4 300 x 300 8 mm a cada
φb 14 mm
125 mm
Armad.
Seção transv. Armadura Longitudinal
Transv.
7 φb 8
φb 8
Eixos 11 4 3 3 φb 12 mm mm
225 355 mm
e 44 φb 12 mm φb 12 mm φb 12 mm (em duas c/
c/ 150
camadas) 225
φb 8
φb 8
Eixos 22 3 φb 12 3 φb 10 3 φb 10 3 φb 12 mm
200 280 mm
e 33 mm mm mm mm c/
c/ 150
225
7 φb 8
φb 8
Eixos AA 4 φb 12 3 φb 12 3 φb 12 φb 12 mm mm
225 355 mm
a DD mm mm mm (em duas c/
c/ 150
camadas) 150
G. P. LISBOA Capítulo 6
D0230E20: Proposta de uma metodologia para simulação computacional do colapso progressivo... 178
Nesta seção, o modelo computacional é detalhado no que se refere à malha de elementos finitos
gerada, às propriedades dos materiais e ao carregamento adotado.
Com base na geometria apresentada na Figura 6.1, a malha de elementos finitos resultante é
mostrada na Figura 6.2(a), representando o volume dos elementos em 3D, na qual nota-se que
todos os pilares foram considerados engastados na base. A Figura 6.2(b) mostra apenas as
armaduras dos pilares, das vigas e das lajes. Ressalta-se que a malha final contou com:
4728 elementos finitos, entre elementos de pórtico, de mola e de casca; 1170 elementos de
reinforcement, entre armaduras longitudinais e reinforcement grids; e 72559 nós.
(a)
(b)
G. P. LISBOA Capítulo 6
D0230E20: Proposta de uma metodologia para simulação computacional do colapso progressivo... 179
Com relação ao concreto, o comportamento à compressão foi adotado como parabólico, como
realizado nas modelagens de Qian, Li e Zhang (2014), considerando-se a resistência à
compressão igual a 31 MPa e módulo de elasticidade dado pela expressão (6.1). Também como
considerado naquelas modelagens, o comportamento do concreto à tração é admitido com
decaimento linear pós-pico baseado na energia de fratura, que é dada pela expressão (6.2). A
resistência à tração é dada pela expressão (6.3):
ft = 0,3 fc 2 3 (6.3) a
em que Eci é o módulo de elasticidade tangente inicial, em MPa; Gf,t é a energia de fratura, em
N/mm; fc é a resistência à compressão, em MPa; ft é a resistência à tração, em MPa.
6.2.3 Carregamento
Com relação ao carregamento sobre o pavimento, Xiao et al. (2013) e Xiao et al. (2015)
especificaram a sobrecarga de projeto igual a 4,77 kN/m² e a parcela de peso próprio de outros
elementos não estruturais igual a 1,44 kN/m², sem se remeterem ao peso próprio da estrutura.
Neste sentido, a fim de se ter todo o carregamento atuante na estrutura representado na
G. P. LISBOA Capítulo 6
D0230E20: Proposta de uma metodologia para simulação computacional do colapso progressivo... 180
modelagem, o peso específico de 25 kN/m³ foi considerado para as lajes, todas com espessura
de 11,5 cm. Desta forma, adotou-se gk = 4,32 kN/m² e qk = 4,77 kN/m².
1) segundo o que considera UFC 4-023-03 (DOD, 2009) – e apontado no item 2.8.1 deste
trabalho – , para estruturas em pórtico, a rotação na ligação viga-pilar pode ser assumida
igual à razão [u / L], em que u é a diferença de deslocamento vertical entre dois apoios
consecutivas da viga e L é seu comprimento;
2) tomando-se a razão [u / L], define-se das modelagens realizadas nos capítulos anteriores
que:
u
pra max
L
=
y u y
(6.4) a
L
3) conforme item 4.3 deste trabalho, com exceção do modelo S2, todos os demais modelos
apresentaram relações (umax / uy) maiores que 2,0, limite mínimo estabelecido por
GSA (2013) para classificar estruturas como de colapso controlado por deslocamento;
G. P. LISBOA Capítulo 6
D0230E20: Proposta de uma metodologia para simulação computacional do colapso progressivo... 181
Tabela 6.1 – [Parâmetro (1 / α): (VL’s / VT’s)] para os cruzamentos de viga do pavimento.
Parâmetro (1 / α):
Pilar no cruzamento das vigas
(VL’s / VT’s)
A1, D1, A4, D4 1,332
A2, D2, A3, D3 0,729
B1, C1, B4, C4 1,258
B2, C2, B3, C3 0,716
Diante do exposto, adota-se (θpra / θy) = 2,0 de forma que o parâmetro ΩN resulta em 1,22.
Assim, as combinações de carregamento definidas para a análise do pavimento segundo as
expressões (2.11) são:
Conforme o GSA (2013), GN e G são definidos em regiões da estrutura que dependem do pilar
removido sob análise. Para o pavimento em estudo, essas regiões são definidas mais adiante.
G. P. LISBOA Capítulo 6
D0230E20: Proposta de uma metodologia para simulação computacional do colapso progressivo... 182
Ressalta-se que as combinações de carregamento aqui definidas são diferentes das utilizadas
nos trabalhos de Xiao et al. (2013) e de Xiao et al. (2015).
Para as análises aqui realizadas, se a estrutura atingisse uma nova posição de equilíbrio sob
ruína de alguns pilares específicos e sob os carregamentos definidos, o colapso da estrutura é
evitado. Então, foram realizados sucessivos incrementos de força concentrada no pilar
removido até que o pavimento atinjisse a ruína, aqui definida pela falta de convergência do
modelo computacional sob incremento de forças. Os resultados obtidos foram comparados com
as proposições do Método das Forças de Amarração do UFC 4-023-03 (DOD, 2009) a fim de
estimar a efetiva contribuição dos tirantes internos e periféricos posicionados nas lajes e nas
vigas na resistência do pavimento ao colapso progressivo.
G. P. LISBOA Capítulo 6
D0230E20: Proposta de uma metodologia para simulação computacional do colapso progressivo... 183
As análises apresentadas na Figura 6.3, que simularam o rompimento de apenas um pilar por
vez, atendem ao critério de GSA (2013) quanto ao rompimento de pilares adicionais
simultaneamente ao pilar analisado. Pode-se chegar a essa conclusão ao se observar a
Figura 6.4, que utiliza a Análise 4 como base. Tomando-se LVL como o maior vão das lajes
adjacentes ao pilar removido (distância entre os pilares A1 e A2), são indicados na figura dois
pilares adicionais fictícios, sobre os eixos BB e 22, a distâncias menor que 0,3 LVL e maior que
0,3 LVL, respectivamente, do pilar B2 removido na análise. Dessa forma, segundo GSA (2013),
apenas o pilar fictício sobre o eixo BB, destacado como o pilar B2, deveria ser removido
simultaneamente ao pilar B2. Outra observação é que GSA (2013) não indica que todos os
pilares do pavimento devem ser removidos, um de cada vez. Considerando a dupla simetria do
pavimento analisado, no entanto, todos os pilares foram individualmente removidos. Neste
sentido, as análises aqui realizadas atenderam às prescrições de GSA (2013).
Figura 6.4 – Exemplo de verificação do critério de GSA (2013) para a remoção de pilares adicionais ao
removido na análise.
O software DIANAⓒ v.10.2 possibilita análises de fase, a qual foi utilizada para representar o
carregamento aplicado no edifício em duas etapas, isto é:
1) na primeira etapa, a estrutura, já sem apoio para a base do pilar em estudo (a fim de
considerá-lo rompido), é submetida ao carregamento distribuído mostrado na
Figura 6.3, tal como proposto por GSA (2013), aplicado em dez passos de carga iguais,
até que se alcance a totalidade dos valores definidos nas expressões (2.11) (Fase 1 de
carregamento);
G. P. LISBOA Capítulo 6
D0230E20: Proposta de uma metodologia para simulação computacional do colapso progressivo... 184
Acerca dessa metodologia de carregamento adotada para o modelo, ressalta-se que, por se
pautar em análise não-linear estática, não haveria alteração de resultados caso a estrutura fosse
inicialmente carregada com o pilar analisado ainda íntegro e só então se considere a ruína do
pilar, já que os efeitos inerciais devidos à remoção do elemento seriam considerados apenas em
análises dinâmicas.
A seguir, são realizadas análises segundo GSA (2013) e UFC 4-023-03 (DOD, 2009).
G. P. LISBOA Capítulo 6
D0230E20: Proposta de uma metodologia para simulação computacional do colapso progressivo... 185
G. P. LISBOA Capítulo 6
D0230E20: Proposta de uma metodologia para simulação computacional do colapso progressivo... 186
Tabela 6.2 – Resultados obtidos para a Fase 2 de carregamento em termos da força vertical aplicada
(considerando-se apenas os incrementos de carga concentrada adicionais ao carregamento distribuído da Fase 1).
G. P. LISBOA Capítulo 6
D0230E20: Proposta de uma metodologia para simulação computacional do colapso progressivo... 187
Tabela 6.3 – Resultados obtidos para a Fase 2 de carregamento em termos de deslocamento vertical do pilar
removido.
Dos resultados da Tabela 6.2, notou-se que o efeito de arco de compressão foi um mecanismo
relevante de resistência ao colapso da estrutura, já que possibilitou a aplicação de forças
verticais superiores àquelas correspondentes ao escoamento da armadura longitudinal inferior
das vigas que se cruzavam no pila rompido ([Fmax > Fy] em todos os casos). Além disso, em
todas as análises observou-se que a ação catenária também foi relevante, já que foram
observadas razões [Fu / Fmax] maiores que a unidade. Conforme comentado anteriormente neste
trabalho, isso indica que, sob ruína individual dos pilares analisados, a estrutura tem colapso
controlado pela ação catenária ao invés do efeito de arco de compressão, o que é possibilitado
apenas sob o desenvolvimento de grandes deslocamentos.
Dos resultados [uu / L] da Tabela 6.3, percebe-se que o limite superior de aproximadamente
0,14 para as vigas de menor vão, encontrado na análise paramétrica do pavimento com lajes e
vigas no Capítulo 5 deste trabalho, não foi excedido. Além disso, conforme Tabela 6.1, o limite
inferior de [Parâmetro (1 / α): (VL’s / VT’s)] = 0,46 encontrado na análise paramétrica para
garantir [Fu / Fmax] ≥ 1,0 foi também obedecido nesse pavimento, mesmo para condições de
contorno diferentes da admitida no modelo de pavimento do Capítulo 5. Da Tabela 6.3, nota-
se também que, em todas as análises, o escoamento da armadura longitudinal inferior das vigas
ocorreu sob razões [uy / L] inferiores a 0,20 rad. Esses dados reforçam os resultados da análise
G. P. LISBOA Capítulo 6
D0230E20: Proposta de uma metodologia para simulação computacional do colapso progressivo... 188
paramétrica do Capítulo 5 e sugerem que a armadura longitudinal inferior das vigas pode ser
considerada como amarração contra o colapso progressivo, ainda que se observem razões
[uu / L] inferiores a 0,20 rad, como recomenda o UFC 4-023-03 (DOD, 2009).
A fim de se comparar a solicitação das armaduras longitudinais nas vigas e nas lajes do modelo
computacional aos valores obtidos do Método das Forças de Amarração de UFC 4-023-03
(DOD, 2009), fazem-se, inicialmente, as seguintes ponderações:
1) o UFC 4-023-03 (DOD, 2009) não determina fator de amplificação dinâmica, de modo
que o carregamento distribuído wF, calculado conforme expressão (2.23), resulta no
mesmo valor do carregamento não amplificado G, de GSA (2013), e definido na
expressão (6.5) como igual a 7,56 kN/m²;
2) para as amarrações periféricas, o UFC 4-023-03 (DOD, 2009) define que elas sejam
dispostas em uma faixa de Lp = 1 m a partir da face interna da viga correspondente, de
forma que o resultado da equação (2.25) é um valor em kN. Acrescenta-se que, para
essas amarrações, o valor de WC da equação (2.25) (correspondente a uma majoração
de 20% do carregamento permanente de revestimento) foi desconsiderado neste
trabalho;
G. P. LISBOA Capítulo 6
D0230E20: Proposta de uma metodologia para simulação computacional do colapso progressivo... 189
Figura 6.6 – Análise 2: esquema para definição de faixas de largura para cálculo de amarrações segundo
o UFC 4-023-03 (DOD, 2009). Dimensões em m.
A Tabela 6.4 apresenta, para cada uma das análises, as forças obtidas segundo o Método das
Forças de Amarração do UFC 4-023-03 (DOD, 2009).
Tabela 6.4 – Dimensionamento das amarrações segundo UFC 4-023-03 (DOD, 2009) para as quatro análises
realizadas.
G. P. LISBOA Capítulo 6
D0230E20: Proposta de uma metodologia para simulação computacional do colapso progressivo... 190
Ruthes (2020) indicou que trabalhos futuros acerca do colapso progressivo em estruturas em
pórtico de concreto armado devessem verificar o comportamento estrutural no estado limite
último de colapso. Além disso, a referência indicou também que, em modelos não-lineares
futuros desenvolvidos com esse fim, fosse analisada a área de influência dos danos devido à
ruína de um pilar. Considerando-se as análises não-lineares desenvolvidas neste trabalho, o
objetivo deste item é o de se observar, nas lajes, a faixa que compreende as armaduras inferiores
que efetivamente contribuem como amarrações. Para tanto, são apresentadas a Figura 6.7, a
Figura 6.8, a Figura 6.9 e a Figura 6.10. Os reinforcement grids do software utilizado não
apresentam resultados em termos de força nas armaduras, apenas de deformações. Isso posto,
as figuras mencionadas mostram as deformações na armadura maiores que aquela
correspondente ao escoamento do aço (deformação igual a 0,2%) e menores que aquela
correspondente à tensão última do aço (deformação igual a 10%). Desta forma, considera-se
possível observar a extensão dos efeitos não-lineares nas lajes em virtude da remoção dos
pilares. Destaca-se que as figuras se referem à resistência última dos modelos, anterior à ruptura
da armadura longitudinal inferior das vigas na direção de menor vão.
G. P. LISBOA Capítulo 6
D0230E20: Proposta de uma metodologia para simulação computacional do colapso progressivo... 191
G. P. LISBOA Capítulo 6
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G. P. LISBOA Capítulo 6
D0230E20: Proposta de uma metodologia para simulação computacional do colapso progressivo... 193
duas direções no plano do pavimento), e as armaduras inferiores das lajes, conforme esquema
da Figura 6.12, ilustrativo da Análise 1 (rompimento do pilar de canto A1). Acerca da
quantificação da força nas armaduras das lajes, ressalta-se que os reinforcement grids no
software utilizado não fornecem resultados em termos de força nas armaduras, mas apenas
deformações. Desta forma, a força nas armaduras das lajes foi obtida de forma indireta, por
meio da lei constitutiva do material e do detalhamento da armadura das lajes segundo Xiao et
al. (2013) e Xiao et al. (2015). Além disso, destaca-se da Figura 6.12 que a deformação na
armadura foi determinada em apenas um nó em cada direção, nas regiões próximas ao encontro
da laje com o pilar.
Figura 6.11 – Nós para obtenção das forças solicitantes na armadura longitudinal inferior das vigas (esquema
válido para as duas direções no plano do pavimento).
Figura 6.12 – Nós para obtenção das forças solicitantes nos reinforcement grids representativos da armadura
inferior das lajes.
As deformações apresentadas no item 6.3.2.1 indicam que as armaduras das lajes escoaram em
faixas maiores que aquelas definidas segundo a Figura 6.6. Neste sentido, as deformações
medidas nos nós apresentados na Figura 6.12 foram admitidas válidas para toda a faixa de
amarração. Isso posto, na Figura 6.13 e na Figura 6.14 é mostrada a razão entre a força nas
G. P. LISBOA Capítulo 6
D0230E20: Proposta de uma metodologia para simulação computacional do colapso progressivo... 194
Figura 6.13 – Amarrações periféricas: razões entre a força nas armaduras estimada da modelagem e a força de
amarração calculada conforme UFC 4-023-03 (DOD, 2009).
G. P. LISBOA Capítulo 6
D0230E20: Proposta de uma metodologia para simulação computacional do colapso progressivo... 195
Figura 6.14 – Amarrações internas: razões entre a força nas armaduras estimada da modelagem e a força de
amarração calculada conforme UFC 4-023-03 (DOD, 2009).
Pela Figura 6.13, nota-se que, caso fossem consideradas apenas as armaduras nas lajes como
amarração periférica, como recomenda UFC 4-023-03 (DOD, 2009), as forças de amarração
requeridas segundo essa referência não seriam satisfeitas para o pavimento em análise (razão
menor que 1,0 ao considerar apenas a armadura da laje). Contudo, em se tratando das vigas
periféricas, o resultado da Fase 1 de carregamento do modelo computacional mostrou que esse
pavimento encontrou uma posição de equilíbrio nas Análises 1, 2 e 3 (a Análise 4 não avaliou
amarrações periféricas). Isso deve-se ao fato de que a armadura longitudinal das vigas
periféricas contribui de forma significativa para evitar o colapso progressivo do pavimento. De
fato, nas Análises 1 e 3, apenas a armadura longitudinal das vigas na direção de menor vão seria
suficiente para atender aos requisitos de amarração periférica do UFC 4-023-03 (DOD, 2009).
Assim, ao serem somadas as forças nos tirantes posicionados nas lajes e nas vigas, conclui-se
que a força de amarração estimada da modelagem foi, pelo menos, 31% maior que a estimada
pelo critério do UFC 4-023-03 (DOD, 2009) para o pavimento em análise, mesmo para valores
da razão [uy / L] da Tabela 6.3 bastante inferiores ao limite mínimo de 0,20 rad estabelecido
pela referência.
G. P. LISBOA Capítulo 6
D0230E20: Proposta de uma metodologia para simulação computacional do colapso progressivo... 196
Pela Figura 6.14, que se refere às amarrações internas, nota-se que se for considerada apenas a
armadura nas lajes, a força de amarração estimada da modelagem já foi pelo menos 10% maior
que a requerida segundo o UFC 4-023-03 (DOD, 2009). Isso é um indicativo dos resultados
obtidos na Fase 1 de carregamento do modelo computacional, que mostraram que esse
pavimento tem armadura suficiente para evitar o colapso progressivo. Devido à maior faixa de
contribuição da laje, a armadura longitudinal inferior das vigas tem menor contribuição para a
resistência da amarração interna. Contudo, ela ainda contribuiu com pelo menos 34% da força
estimada segundo o UFC 4-023-03 (DOD, 2009). Considerando-se conjuntamente as
armaduras longitudinais inferiores das vigas e as armaduras das lajes na mesma direção, a força
total de amarração foi pelo menos 59% maior que a estimada por UFC 4-023-03 (DOD, 2009),
mesmo com valores da razões [uy / L] da Tabela 6.3 bastante inferiores a 0,20 rad.
Ressalta-se que tais resultados foram obtidos para o detalhamento de armaduras apresentado
por Xiao et al. (2013) e por Xiao et al. (2015), que seguem as recomendações do ACI 318
(ACI, 2008) para categoria intermediária de resistência a sismos, correspondente à Seismic
Design Category C, e podem ser alterados sob concepções diferentes de projeto. De toda forma,
em todos os casos nota-se que as vigas apresentaram contribuição relevante com as forças de
amarração requeridas por UFC 4-023-03 (DOD, 2009), mesmo sob razões [uy / L] inferiores a
0,20 rad. Isso sem considerar o encruamento e a tensão resistente última do aço, que faz com
que a força de ruína desse pavimento seja de 35% a 155% maior que a força que escoa a
armadura de amarração, dependendo se a ruína se dá em um pilar de canto ou um pilar
intermediário.
G. P. LISBOA Capítulo 6
D0230E20: Proposta de uma metodologia para simulação computacional do colapso progressivo... 197
G. P. LISBOA Capítulo 6
D0230E20: Proposta de uma metodologia para simulação computacional do colapso progressivo... 198
escoamento, Qian e Li (2019) encontraram o valor de 18,1 kN, que é inferior ao valor da força
de amarração periférica estimada pelo UFC 4-023-03 (DOD, 2009) para o caso analisado.
Assim, esse pavimento não teria armadura de amarração suficiente para resistir ao colapso
progressivo.
A conclusão dos autores com relação ao Método das Forças de Amarração proposto pelo
UFC 4-023-03 (DOD, 2009) é que deve ser reavaliada a exigência de rotação mínima de
0,20 rad para que as armaduras longitudinais das vigas possam ser consideradas parcial ou
integralmente como amarrações, o que corrobora os resultados obtidos no Capítulo 5 e na
modelagem do pavimento deste capítulo.
G. P. LISBOA Capítulo 6
CAPÍTULO 7
CONCLUSÕES
Por meio do Método Direto, que se baseia em análise estrutural, o comportamento da estrutura
sob colapso é avaliado a fim de que: 1) sejam dimensionados Caminhos Alternativos de Carga
(Alternate Load Path Method); ou 2) sejam dimensionados elementos críticos, ou elementos-
chave (Specific Local Resistance Method), da estrutura. O primeiro tem uma das abordagens
mais completas em GSA (2013) e tem sido o mais utilizado dentre os métodos diretos. O
UFC 4- 023-03 (DOD, 2009) também aborda o Método dos Caminhos Alternativos de Carga,
mas suas recomendações sobre esse método são praticamente as mesmas de GSA (2013). Nessa
metodologia, determinados elementos verticais portantes são removidos (dano independente da
causa) e verifica-se a capacidade de adaptação do sistema estrutural sem sofrer ruína.
É evidente que o método direto sempre levará a tratamento mais eficaz do colapso progressivo,
principalmente em se tratando de estruturas não contraventadas, como usualmente o são as
G. P. LISBOA
D0230E20: Proposta de uma metodologia para simulação computacional do colapso progressivo... 200
G. P. LISBOA Capítulo 7
D0230E20: Proposta de uma metodologia para simulação computacional do colapso progressivo... 201
As análises paramétricas realizadas indicaram que os dados físicos e geométricos dos elementos
componentes de um pavimento, que são conhecidos ainda em fase de projeto, podem indicar a
capacidade de deslocamento vertical da estrutura no caso da remoção de pilares. As relações
encontradas sugerem, no entanto, que há um limite de rotação na ligação viga-pilar, mesmo
para níveis crescentes de esbeltez das vigas, de modo que a razão entre resistências por ação
catenária e por efeito de arco de compressão também fica limitada. Para os modelos de pórtico
plano estudados, o limite superior de rotação observado foi de [uu / L] ≈ 0,18 rad, sendo uu o
deslocamento vertical último e L o vão da viga. Para os modelos de pavimento de lajes e vigas
também se chega a um limite para a rotação na ligação viga-pilar com o aumento das esbeltezes
das vigas na direção de maior vão das lajes, mas notou-se que este limite foi menor que aquele
para pórticos planos. O limite superior de rotação encontrado para essas estruturas foi de
[uu / L] ≈ 0,14 rad, sendo L o vão das vigas na direção de menor vão das lajes. Considerando-
se que grande parte dos modelos analisados desenvolveu a ação catenária e apresentou níveis
de resistência última superiores às de resistência vertical de primeiro pico, é conservadora a
recomendação do UFC 4-023-03 (DOD, 2009) de que, para serem consideradas amarrações
passando pelo interior das vigas, é necessário que esses elementos tenham capacidade
verificada de suportar rotação [u / L] superior a 0,20 rad.
G. P. LISBOA Capítulo 7
D0230E20: Proposta de uma metodologia para simulação computacional do colapso progressivo... 202
concreto monolítico. Além disso, a razão entre os Parâmetros (1 / α) das vigas nas duas
direções que chegam no pilar removido deve atender ao limite [Parâmetro (1 / α):
(VL’s / VT’s)] ≥ 0,46, pavimentos com laje maciça em concreto monolítico. Atendidas essas
condições, garante-se a formação do mecanismo de ação catenária nas vigas no caso da remoção
de pilares da estrutura.
G. P. LISBOA Capítulo 7
D0230E20: Proposta de uma metodologia para simulação computacional do colapso progressivo... 203
entanto, considera-se que as larguras de faixa segundo UFC 4-023-03 (DOD, 2009)
contemplaram armaduras das lajes que de fato contribuem para a resistência ao colapso do
pavimento. Ainda, ressalta-se que todas as análises feitas consideraram lajes com armaduras
nas duas direções.
2) realizar análise paramétrica com as mesmas amostras aqui avaliadas, mas submetidas a
carregamentos uniformemente distribuídos nas vigas das estruturas planas e nas lajes
das estruturas tridimensionais;
3) realizar análise paramétrica que considere, nas vigas, taxas de armadura superior e
inferior diferentes entre si, a fim de avaliar a influência sobre as relações [Ft / Fu] x
[uu / L] e [uu / L] x [Parâmetro (1 / α)] aqui encontradas, para estruturas tanto planas
quanto tridimensionais em concreto monolítico, e de forma a tornar mais eficaz a
previsão de deslocamentos últimos e de resistência última em estruturas com diferentes
detalhamentos;
4) adotar diferentes [Parâmetro (1 / α)] sob alterações das seções transversais das vigas, e
não apenas de seus comprimentos, como avaliado neste trabalho, bem como sob
alterações nas seções transversais dos pilares, a fim de se verificar a influência do
[Parâmetro (1 / α)]: a) sobre a relação entre a resistência devida ao efeito arco de
compressão e a devida à ação catenária; e b) sobre o desenvolvimento de tração das
G. P. LISBOA Capítulo 7
D0230E20: Proposta de uma metodologia para simulação computacional do colapso progressivo... 204
armaduras inferiores e superiores das vigas nas ligações viga-pilar junto ao pilar
considerado rompido;
G. P. LISBOA Capítulo 7
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Three-Story Half-Scale Reinforced Concrete Frame Building. ACI Structural Journal, v. 112,
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G. P. LISBOA Referências
APÊNDICE A
REVISÃO SISTEMÁTICA
Neste Apêndice, a relevância do tema de pesquisa deste trabalho é apresentada sob a forma de
uma revisão bibliográfica aos moldes do que se conhece como mapeamento sistemático
(Mapping Study), que estabelece um procedimento de revisão com vistas à sumarização do que
já é posto ou vem sendo adotado e dos resultados já alcançados por pesquisas acerca do objeto
de estudo, tornando mais fácil a identificação de possíveis novas linhas de estudo, por exemplo.
O levantamento aqui apresentado se deu com base em artigos científicos disponíveis no Portal
de Periódicos da CAPES, utilizando as seguintes bases de dados: Scopus (Elsevier), ASCE,
Web of Science, ScienceDirect Journals (Elsevier), SpringerLink. Realizada entre os dias 13 e
20 de fevereiro de 2019, esta busca utilizou as seguintes strings: 1) “progressive collapse” AND
“precast concrete” (com correspondência exata para ambas); 2) “progressive collapse” AND
“concrete” (com correspondência exata para ambas); e 3) “progressive collapse” AND
structure (com correspondência exata apenas para a primeira).
Destaca-se que, mesmo após o resultado das buscas pelas strings propostas, para que fosse
incluído como referência a ser aqui apresentada, cada artigo científico deveria obedecer,
conjuntamente, aos seguintes critérios de inclusão:
3) CRITÉRIO 3: estar disponível em uma das seguintes bases de dados: Scopus (Elsevier),
Web of Science, ScienceDiretc Journals (Elsevier), SpringerLink, ou ASCE Library
(American Society of Civil Engineers);
4) CRITÉRIO 4: conter alguma das strings de busca no título OU no resumo dos artigos
selecionados pelos critérios anteriores;
G. P. LISBOA
D0230E20: Proposta de uma metodologia para simulação computacional do colapso progressivo... 212
5) CRITÉRIO 5: relacionar-se diretamente com o tema. Este critério foi aplicado por meio
da leitura dos resumos dos trabalhos selecionados pelo Critérios 4, considerando-se com
relação direta as abordagens de colapso progressivo em estruturas de concreto. Artigos
tratando de colapso de estruturas sob incêndio foram excluídos, principalmente devido
ao fato de que há alterações de propriedades mecânicas dos materiais quando
submetidos a altas temperaturas (como módulo de elasticidade, por exemplo), situação
à qual não estão comumente sujeitas as estruturas sob colapso progressivo provocado
por outras causas que não incêndio. Além disso, a menos que tratassem a respeito de
considerações teóricas de carregamentos geralmente associados a colapso progressivo,
como ondas de explosões, por exemplo, artigos tratando do fenômeno em estruturas
metálicas também foram desconsiderados neste critério;
Destaca-se aqui que os Critérios 1, 2, e 3 de inclusão podem ser aplicados diretamente com o
uso das ferramentas de busca avançada oferecidas pelo Portal, ao contrário dos Critérios 4, 5 e
6, que são aplicados sob avaliação do pesquisador. Neste sentido, e considerando-se a
quantidade bastante grande de resultados retornados mesmo após a aplicação dos três primeiros
critérios a cada uma das três buscas (como poderá ser constatado mais adiante), seria bastante
onerosa a aplicação dos três últimos critérios a todos os trabalhos retornados após a aplicação
dos três primeiros. Sabe-se que o Portal de Periódicos da CAPES oferece ferramentas para se
refinarem os resultados, categorizadas em tipo de recurso (artigos, resenhas etc.), autor, bases
de dados e tópicos, por exemplo. Assim sendo, os resultados retornados após a aplicação dos
Critérios 1, 2 e 3, foram refinados pela seleção de tópicos apresentados pelo Portal e foram
G. P. LISBOA Apêndice A
D0230E20: Proposta de uma metodologia para simulação computacional do colapso progressivo... 213
também verificados com relação a eventuais repetições, para só então serem aplicados os
Critérios 4, 5 e 6.
Baseando-se no fato das estruturas em concreto pré-moldado serem mais suscetíveis ao colapso
progressivo que aquelas em concreto moldado in loco e dando foco maior àquelas, a primeira
busca se deu com as strings “progressive collapse” AND “precast concrete”, com
correspondência exata para ambas. A redução da quantidade de trabalhos retornados conforme
a aplicação dos critérios de inclusão pode ser verificada na Figura A.1, em que: o primeiro
ponto se refere à quantidade total de artigos retornados à busca utilizando-se apenas a
combinação de strings; os pontos C’s se referem às quantidades de artigos selecionados após a
aplicação do critério de índice correspondente; Rept. indica a quantidade de artigos após a
exclusão de resultados repetidos; e Tóp. 1 indica o número de artigos após a seleção conjunta
dos tópicos Progressive Collapse e Precast Concrete para refinamento dos resultados após o
Critério 3 (bases de dados).
Figura A.1 – Redução da quantidade de trabalhos retornados às strings “progressive colapse” AND “precast
concrete”.
500
Quantidade de Artigos
STRINGS
253
Retornados
C. 1 C. 2 C. 3 Rept.
112 100 89 36
Tóp. 1 C. 4 C. 5 C. 6
38 32 28 28
A segunda busca foi realizada com as strings “progressive collapse” AND “concrete”, com
correspondência exata para ambas. A redução da quantidade de trabalhos retornados conforme
G. P. LISBOA Apêndice A
D0230E20: Proposta de uma metodologia para simulação computacional do colapso progressivo... 214
a aplicação dos critérios de inclusão pode ser verificada na Figura A.2, em que: Tóp. 1 indica o
número de artigos após a seleção conjunta dos tópicos Progressive Collapse e Concrete e Tóp. 2
se refere à aplicação do tópico Frames, após os anteriores – já que restrição pelos dois primeiros
tópicos ainda retornava uma quantidade grande de artigos e o terceiro tópico não estava
disponível de início, surgindo somente após a aplicação dos dois primeiros. O terceiro tópico
se justifica dada a proposta deste trabalho em tratar das estruturas em pórtico de concreto pré-
moldado.
Figura A.2 – Redução da quantidade de trabalhos retornados às strings “progressive colapse” AND “concrete”.
2500 STRINGS
2135
Quantidade de Artigos
2000 C. 1
1510 C. 2
1394
Retornados
1500
C. 3
1226
1000
Tóp. 1
404 C. 6
500 Rept. C. 4 C. 5
Tóp. 2 39 37 27 27
42
0
G. P. LISBOA Apêndice A
D0230E20: Proposta de uma metodologia para simulação computacional do colapso progressivo... 215
Finitos. Em tempo, chama-se atenção para que, nesta terceira busca, a base da ASCE Library
(American Society of Civil Engineers) não estava disponível, sendo selecionadas apenas as
outras quatro indicadas anteriormente.
Figura A.3 – Redução da quantidade de trabalhos retornados às strings “progressive colapse” AND structure.
STRINGS
4000 3781
3500 C. 1
Quantidade de Artigos
2597 C. 2
3000 2478
Retornados
2500 C. 3
2270
2000
1500
Tóp. 1
1000 511
Tóp. 3 Rept. C. 4 C. 5 C. 6
500 Tóp. 2 7 7 6 6 6
36
0
G. P. LISBOA Apêndice A
D0230E20: Proposta de uma metodologia para simulação computacional do colapso progressivo... 216
b. quanto à ÊNFASE, se: nas ligações laje-laje, nas ligações viga-laje, nas ligações viga-
pilar, em paredes, na ruptura por cisalhamento em pórticos, em paredes (estruturais ou
de preenchimento), em pilares, ou em vigas;
Chama-se atenção para o fato de que os tópicos de classificação apontados não são, de forma
alguma, excludentes entre si, de maneira que, em uma mesma classificação (quanto ao estudo,
por exemplo), determinado artigo pode apresentar abordagens tanto experimental quanto
teórica (numérica, por exemplo), o que possibilita, ao final de uma classificação, quantidade
total de artigos maior que aquela obtida após a aplicação dos critérios de inclusão. Além disso,
ou por falta de maiores informações no resumo de determinado artigo ou ainda pelo tipo de
abordagem não ter sido considerada aqui, como é o caso de artigos de revisão, por exemplo,
estes não são contabilizados nas classificações apresentadas.
G. P. LISBOA Apêndice A
D0230E20: Proposta de uma metodologia para simulação computacional do colapso progressivo... 217
(Figura A.5) retornados ao conjunto das strings “progressive colapse” AND “concrete” e
“progressive colapse” AND structure; e 2) trabalhos com abordagem teórica (Figura A.6) ou
experimental (Figura A.7) retornados às strings “progressive colapse” AND “precast
concrete”.
G. P. LISBOA Apêndice A
D0230E20: Proposta de uma metodologia para simulação computacional do colapso progressivo... 218
Figura A.4 – Classificação dos estudos com abordagem teórica retornados às strings: "progressive collapse"
AND "concrete" e "progressive collapse" AND structure (24 trabalhos).
Laje-Laje 0
Viga-Laje 1
Viga-Pilar 4
Ênfase
Shear Failure
(Pórtico) 2
Indireto 1
Método
Direto:
Cam. Alt. de Carga 9
Direto:
Elementos-chave 3
Linear
(Estática ou Dinâmica) 2
Não-linear
Análise
Estática 2
Não-linear
Quasi-estática 3
Não-linear
Dinâmica 12
Modelagem Resistência
Prec. da Mecan. de
Ação Catenária 5
Arco de
Compressão 3
Modelos
Micro 1
Modelos
Macro 6
G. P. LISBOA Apêndice A
D0230E20: Proposta de uma metodologia para simulação computacional do colapso progressivo... 219
Figura A.5 – Classificação dos estudos com abordagem experimental retornado às strings: "progressive
collapse" AND "concrete" e "progressive collapse" AND structure (11 trabalhos).
Laje-Laje 0
Viga-Laje 2
Viga-Pilar 4
Ênfase
Shear Failure
(Pórtico) 0
Quantidade de estudos
Paredes 1 experimentais selecionados
após critérios:
Pilar 0 11
Viga 2
Indireto 1
Método
Direto:
Cam. Alt. de Carga 7
Direto:
Elementos-chave 0
Linear
(Estática ou Dinâmica) 3
Não-linear
Análise
Estática 1
Não-linear
Quasi-estática 3
Não-linear
Dinâmica 3
Resistência
Mecan. de
Ação Catenária 7
Arco de
Compressão 5
G. P. LISBOA Apêndice A
D0230E20: Proposta de uma metodologia para simulação computacional do colapso progressivo... 220
A respeito dos métodos de abordagem, o método indireto de avaliação, que resulta, por
exemplo, na colocação de tirantes periféricos e centrais em estruturas de concreto, não têm sido
G. P. LISBOA Apêndice A
D0230E20: Proposta de uma metodologia para simulação computacional do colapso progressivo... 221
objeto comum de estudo, o que também é colocado por Adam et al. (2018). Ao contrário, a
verificação de caminhos alternativos de carga (método direto), que implica na formação dos
mecanismos de ação catenária e arco de compressão, tem sido mais estudada.
Com relação à precisão da modelagem nos estudos teóricos que fizeram uso de modelagem
computacional, os macromodelos (modelagem de estruturas com a utilização de elementos de
viga e de placa ou casca, por exemplo) são os mais recorrentemente utilizados em detrimento
dos micromodelos (modelagem com elementos tridimensionais). Há trabalhos que se valem de
ambos: dos primeiros para modelar a estrutura completa do edifício estudado a fim de se
encontrarem as zonas mais solicitadas e, a partir daí, analisar estas últimas com a utilização de
micromodelos, por exemplo.
G. P. LISBOA Apêndice A
D0230E20: Proposta de uma metodologia para simulação computacional do colapso progressivo... 222
Figura A.6 – Classificação dos estudos com abordagem teórica retornados às strings: "progressive collapse"
AND "precast concrete" (18 trabalhos).
Laje-Laje 1
Viga-Laje 0
Viga-Pilar 5
Ênfase
Shear Failure
(Pórtico) 0
Indireto 4
Método
Direto:
Cam. Alt. de Carga 4
Direto:
Elementos-chave 0
Linear
(Estática ou Dinâmica) 4
Não-linear
Análise
Estática 0
Não-linear
Quasi-estática 8
Não-linear
Dinâmica 5
Modelagem Resistência
Prec. da Mecan. de
Ação Catenária 3
Arco de
Compressão 1
Modelos
Micro 3
Modelos
Macro 3
G. P. LISBOA Apêndice A
D0230E20: Proposta de uma metodologia para simulação computacional do colapso progressivo... 223
Figura A.7 – Classificação dos trabalhos com abordagem experimental retornados às strings: "progressive
collapse" AND "precast concrete" (12 trabalhos).
Laje-Laje 1
Viga-Laje 1
Viga-Pilar 6
Ênfase
Shear Failure
(Pórtico) 2
Quantidade de estudos
Paredes 2 experimentais selecionados
após critérios:
Pilar 0 12
Viga 1
Indireto 2
Método
Direto:
Cam. Alt. de Carga 4
Direto:
Elementos-chave 0
Linear
(Estática ou Dinâmica) 3
Não-linear
Análise
Estática 0
Não-linear
Quasi-estática 9
Não-linear
Dinâmica 3
Resistência
Mecan. de
Ação Catenária 4
Arco de
Compressão 3
A exemplo do que acontece nas estruturas de concreto em geral (abordadas na Figura A.4 e na
Figura A.5), ao se reduzir a amostra para as estruturas em concreto pré-moldado (Figura A.6 e
Figura A.7), nota-se que a ênfase mais comum também está no estudo das ligações viga-pilar.
G. P. LISBOA Apêndice A
D0230E20: Proposta de uma metodologia para simulação computacional do colapso progressivo... 224
As ligações laje-laje e viga-laje não têm sido comumente consideradas. Com relação à ruptura
ocorrida por cisalhamento em pórticos, não foram encontradas abordagens teóricas, mas já há
resultados experimentais. As dificuldades de execução de ensaios experimentais com arranjos
estruturais mais complexos, já mencionadas, também se fazem presentes nos estudos de
estruturas pré-moldadas. Desta forma, abordagens que considerem os pilares e a atuação destes
como elementos-chave (método direto) também são escassas aqui, mesmo em estudos teóricos,
que poderiam levar em conta, por exemplo, estruturas de edifícios inteiros em concreto pré-
moldado, a exemplo do que pode ser visto em estudos de concreto moldado no local. A carência
por tais pesquisas é também apontada por Adam et al. (2018) quando tratam especificamente
das estruturas em concreto pré-moldado. A consideração de paredes (estruturais ou de
preenchimento) ainda carece principalmente de estudos experimentais.
Com relação ao tipo de análise, o que se percebe no caso de estruturas pré-moldadas é o mesmo
que o tratado anteriormente: análises não-lineares quasi-estáticas são as mais comumente
utilizadas, tanto pelos estudos experimentais quanto pelos teóricos. Dos oito artigos com este
último tipo de análise, cinco também apresentam resultados experimentais. Novamente,
análises não-lineares dinâmicas são mais recorrentes em estudos teóricos.
Com relação aos estudos que utilizam de modelagem computacional, foram encontrados
trabalhos que utilizam apenas macromodelos ou micromodelos. Diferentemente do observado
anteriormente, não foram encontrados estudos que lançam mão de ambas as abordagens em
conjunto.
Diante do exposto, nota-se que estudos da influência das ligações viga-laje e laje-laje no colapso
progressivo, bem como a análise de critérios para o dimensionamento das amarrações entre
elementos (método indireto) em estruturas pré-moldadas, ainda são poucos na literatura.
Contudo, notadamente as ligações viga-pilar têm papel importante na análise do colapso
progressivo de estruturas em pórtico, razão pela qual elas foram analisadas neste trabalho.
Ademais, por haver um maior número de estudos experimentais que contemplem arranjos
G. P. LISBOA Apêndice A
D0230E20: Proposta de uma metodologia para simulação computacional do colapso progressivo... 225
estruturais simplificados, formados apenas por vigas e pilares, mas com diferentes
configurações de ligações entre esses elementos, há maiores possibilidades de se validarem
modelos computacionais para tais variantes.
G. P. LISBOA Apêndice A
APÊNDICE B
Neste Apêndice, a metodologia proposta para a determinação da lei constitutiva das molas
rotacionais apresentada no item 4.1 é aplicada ao Pórtico IMF de Lew et al. (2011) e à amostra
P1 de Qian, Li e Ma (2014), também apresentados no Capítulo 4 deste trabalho.
Quadro B.1 – Dados físicos e geométricos do Pórtico IMF de Lew et al. (2011).
DADOS FÍSICOS
Resistência à compressão do concreto (MPa) 32,00
Módulo de elasticidade do concreto (MPa) 27.000
Resistência à tração do aço (MPa) 455,19
Módulo de elasticidade do aço (MPa) 200.000
DADOS GEOMÉTRICOS DA VIGA
Armadura superior que ancora no nó de pórtico 4 φb 25,40 mm (509 mm²/barra)
Armadura inferior que ancora no nó de pórtico 2 φb 28,65 mm (645 mm²/barra)
Largura da seção da viga (mm) 711,00
Altura total da seção da viga (mm) 508,00
Altura útil da seção da viga (mm) 457,60
Inércia bruta da viga (mm4) 7,77E+09
Vão da viga (mm) 6.096,00
DADOS PILAR
Armadura total que atravessa o nó de pórtico 12 φb 28,65 mm (645 mm²/barra)
Largura da seção do pilar (mm) 711,00
Altura total da seção do pilar (mm) 711,00
Inércia bruta do pilar (mm4) 2,13E+10
G. P. LISBOA
D0230E20: Proposta de uma metodologia para simulação computacional do colapso progressivo... 227
Ressalta-se que a Curva γ x τ (1), a Curva θ x M (2), a Curva θ x Meng (3) e a Curva θ x Map (4)
obtidas restringem-se a valores positivos para distorções angulares, rotações, tensões
cisalhantes e momentos fletores. Apesar disso, as molas rotacionais devem ser capazes de
trabalhar em ambos os sentidos. Para tanto, as curvas obtidas foram rebatidas para o trecho de
rotações negativas e momentos fletores negativos, como mostrado na Figura B.1(a), que
apresenta as curvas θ x M (2), θ x Meng (3) e θ x Map (4).
G. P. LISBOA Apêndice B
D0230E20: Proposta de uma metodologia para simulação computacional do colapso progressivo... 228
A Figura B.1(b) apresenta o diagrama multilinear θ x KROT (5) utilizado na representação da lei
constitutiva das molas no software DIANAⓒ. Para melhor visualização, é mostrado apenas para
valores de rotação entre 5,0E-04 e 3,0E-03 rad e rigidezes entre 7,10E+10 e
7,5E+10 N mm/rad.
M ap,n+1 − M ap,n
KROT ,n =
n+1 − n (B.1) a
em que: KROT,n é o valor da rigidez na linha analisada; Map,n+1 e Map,n são, respectivamente, os
valores de momento da Curva θ x Map (4) na linha subsequente e na linha analisada; e θn+1 e θn
são, respectivamente, os valores de rotação da Curva θ x Map (4) na linha subsequente e na linha
analisada.
G. P. LISBOA Apêndice B
D0230E20: Proposta de uma metodologia para simulação computacional do colapso progressivo de estruturas reticuladas em concreto armado 229
Tabela B.1 – Pórtico IMF: passos de obtenção da curva rigidez rotacional-rotação com base na curva distorção angular-tensão cisalhante obtida da MCFT.
G. P. LISBOA Apêndice B
D0230E20: Proposta de uma metodologia para simulação computacional do colapso progressivo de estruturas reticuladas em concreto armado 230
Figura B.1 – Curvas θ x M (2), θ x Meng (3) e θ x Map (4) para as ligações do Pórtico IMF.
(a) (b)
G. P. LISBOA Apêndice B
D0230E20: Proposta de uma metodologia para simulação computacional do colapso progressivo... 231
B.2 AMOSTRA P1
DADOS FÍSICOS
Resistência à compressão do concreto (MPa) 25,00
Módulo de elasticidade do concreto (MPa) 23.370
Resistência de cálculo à tração do (MPa) 437,00
Módulo de elasticidade do aço (MPa) 192.257
DADOS GEOMÉTRICOS DA VIGA
Armadura superior junto à ligação 2 φb 10 mm (78,54 mm²/barra)
Armadura inferior junto à ligação 2 φb 10 mm (78,54 mm²/barra)
Largura da seção da viga (mm) 100,00
Altura total da seção da viga (mm) 180,00
Altura útil da seção da viga (mm) 159,00
Inércia bruta da viga (mm4) 4,86E+07
Comprimento da viga (mm) 2.100,00
DADOS PILAR
Armadura total junto à ligação 8 φb 16 mm (201.06 mm²/barra)
Largura da seção do pilar (mm) 200,00
Altura total da seção do pilar (mm) 200,00
Inércia bruta do pilar (mm4) 1,33E+08
A exemplo do que foi apresentado para o Pórtico IMF, na Tabela B.2 os cálculos realizados
para determinação da curva rigidez rotacional-rotação dos elementos de mola para a amostra
P1 estão divididos em cinco grupos de resultados. Os quatro primeiros grupos são:
G. P. LISBOA Apêndice B
D0230E20: Proposta de uma metodologia para simulação computacional do colapso progressivo... 232
amostra P1 têm base com largura diferente da espessura do pilar. Neste caso, o volume
da ligação foi admitido como sendo Vlig = base do pilar x espessura do pilar x altura
da viga;
4) Curva θ x Map (4) – obtido da mesma forma descrita para o Pórtico IMF. Ressalta-se
apenas que o valor de Kϕ obtido neste caso foi de 4,603E+09 N mm / rad.
Assim como para o Pórtico IMF, a Curva γ x τ (1), a Curva θ x M (2), a Curva θ x Meng (3) e a
Curva θ x Map (4) foram rebatidas para o trecho de rotações negativas e momentos fletores
negativos. Dessa forma, as respectivas curvas resultantes são as apresentadas na Figura B.2(a).
A Figura B.2(b) apresenta o diagrama multilinear θ x KROT (5) utilizado na representação da lei
constitutiva das molas no software DIANAⓒ. Para melhor visualização, é mostrado apenas para
valores de rotação entre 5,0E-04 e 3,0E-03 rad e rigidezes entre 4,5E+09 e 5,5E+09 N mm/rad.
A metodologia de obtenção dessa curva segue o apresentado para o Pórtico IMF.
G. P. LISBOA Apêndice B
D0230E20: Proposta de uma metodologia para simulação computacional do colapso progressivo de estruturas reticuladas em concreto armado 233
Tabela B.2 – Amostra P1: passos de obtenção da curva rigidez rotacional-rotação com base na curva distorção angular-tensão cisalhante obtida da MCFT.
G. P. LISBOA Apêndice B
D0230E20: Proposta de uma metodologia para simulação computacional do colapso progressivo de estruturas reticuladas em concreto armado 234
Figura B.2 – Curvas θ x M (2), θ x Meng (3) e θ x Map (4) para as ligações da amostra P1.
(a) (b)
G. P. LISBOA Apêndice B
APÊNDICE C
Segundo colocado no Capítulo 4 deste trabalho, as respostas obtidas para o Pórtico IMF por
Lew et al. (2011) e pela metodologia de modelagem apresentada naquele capítulo (que utiliza
molas rotacionais não-lineares nas ligações viga-pilar) são comparadas a modelagem
computacional simplificada, mas com representação mais complexa das ligações viga-pilar,
baseada no modelo proposto por Yu (2012), mostrado na Figura C.1.
Figura C.1 – Proposta de Yu (2012) para ligações viga-pilar para modelos computacionais simplificados.
Modificado de Yu (2012).
1) os efeitos de distorção angular do painel por meio de quadro com arestas rígidas
axialmente e à flexão, cuja distorção é controlada por molas translacionais diagonais,
ks, na Figura C.1;
G. P. LISBOA
D0230E20: Proposta de uma metodologia para simulação computacional do colapso progressivo... 236
2) a interface entre viga e pilar, representada pelas molas kbs na Figura C.1, para
transferência de cisalhamento entre as vigas e a ligação. Yu (2012) destaca, no entanto,
que pórticos convencionais contam com resistência suficiente para que não rompam por
cisalhamento e que, em situações de ruína de um pilar, a transferência de cisalhamento
entre viga e pilar não é o principal mecanismo. Isso posto, Yu (2012) adota, portanto,
uma mola translacional de comportamento linear e grande rigidez;
3) o bond-slip das armaduras da viga, por meio dos pares de molas kbb e kbt, responsáveis
por transferir os esforços de momento das vigas para o pilar, nas quais não é considerada
a resistência à tração do concreto. Além disso, Yu (2012) trata esses elementos como
extremamente relevantes, já que, sob ruína de um pilar, o colapso do sistema fica sujeito
à ruptura das armaduras junto às ligações viga-pilar.
1) a mola kbs foi desconsiderada, de forma que a ligação foi direta entre a extremidade da
viga e a barra rígida do quadro (modelada também com elementos pórtico), tal como
considerado por Yu (2012) para os pilares;
2) as molas kbb e kbt não foram contempladas, já que se considera que os efeitos de bond-
slip são suficientemente representados segundo a metodologia de modificação da lei
constitutiva dos elementos de reinforcement, apresentada no item 4.1.
Isso posto, a geometria do modelo é apresentada na Figura C.2, em que são especificadas
também as regiões críticas (com grandes efeitos não-lineares) das vigas, mais próximas às
ligações viga-pilar. A definição do comprimento dessas regiões segue o indicado no item 4.1
deste trabalho (comprimento igual SR + LP). Também como colocado naquele item, a
discretização da malha define elementos com comprimento em torno de 10 mm para as regiões
críticas das vigas e em torno de 50 mm nas demais regiões. Ainda na Figura C.2 nota-se a
aplicação de carregamento em dois pontos, o que foi adotado a fim de manter-se a simetria do
modelo em torno da ligação viga-pilar intermediária.
G. P. LISBOA Apêndice C
D0230E20: Proposta de uma metodologia para simulação computacional do colapso progressivo... 237
Figura C.2 – Geometria do modelo em elementos finitos gerado no DIANAⓒ v.10.2 para o Pórtico IMF de Lew
et al. (2011).
No que se refere às dimensões dos quadros nas ligações viga-pilar, foram adotadas iguais a
0,85 dviga e a 0,75 bpilar, em que dviga é a altura útil da seção da viga e bpilar é a largura do pilar.
Um detalhe da ligação na extremidade esquerda do modelo é apresentado na Figura C.3, na
qual os elementos de reinforcement destacados compreendem os trechos das vigas com maior
discretização (comprimento igual a SR + LP) e têm lei de comportamento (tensão-deformação)
modificada a fim de se considerar o bond-slip.
Pela proposta de se utilizarem quadros com arestas rígidas e pelo fato de esses não serem
implementados no software utilizado, foi necessário construi-los no modelo. Neste sentido, a
fim de se considerarem as extremidades rotuladas das barras que compõem estes quadros, mas
G. P. LISBOA Apêndice C
D0230E20: Proposta de uma metodologia para simulação computacional do colapso progressivo... 238
ainda manter nós centrais com graus de liberdade de rotação para que se estabelecessem as
ligações com vigas e pilares, lançou-se mão da utilização de elementos finitos de pórtico
diferentes daqueles apresentados no item 4.1. Este fato considerado, nos quadros rígidos foram
adotados elementos de pórtico com função de interpolação linear. Sendo que na versão 10.2 do
DIANAⓒ não se é possível utilizar elementos com funções de interpolação linear e quadrática
em um mesmo modelo, foram adotados apenas os mais simples. Utilizaram-se os elementos
bidimensionais de pórtico L6BEN e L6BEA, representados na Figura C.4. O primeiro é um
elemento Classe I (isto é, regido pela Teoria de Bernoulli) e foi utilizado apenas nos quadros,
enquanto o segundo é um elemento Classe III (regido pela Teoria de Mindlin-Reissner) e foi
utilizado no restante do modelo.
Figura C.4 – Elementos finitos bidimensionais de pórtico L6BEN (1) e L6BEA (2) e de mola translacional
SP2TR (3). Fonte: (TNO, 2017).
(1) (2)
Diferentemente dos elementos Classe III, para os quais se é possível definir apenas as
dimensões da seção transversal, os elementos Classe I possibilitam a entrada de valores
específicos para área e momento de inércia, de modo que esses parâmetros se tornam
independentes entre si e independentes das dimensões da seção transversal. A fim de tornar as
barras dos quadros rígidas axialmente e à flexão, foram admitidas com área e momento de
inércia unitários, de forma que ambas as rigidezes fossem definidas pelo módulo de
elasticidade, admitido igual a 1e+13 MPa, após etapas de calibração. Além disso, foram
realizadas amarrações de translação entre barras paralelas. Diante dessas considerações,
entretanto, ressalta-se que os quadros nas ligações elaboradas neste trabalho não contemplam
arestas perfeitamente rígidas axialmente e à flexão.
G. P. LISBOA Apêndice C
D0230E20: Proposta de uma metodologia para simulação computacional do colapso progressivo... 239
A fim de se anularem as rotações nas extremidades das barras dos quadros, lançou-se mão de
uma propriedade adicional disponível para estes elementos no software utilizado. É possível
que seja duplicado o grau de liberdade à rotação em qualquer das extremidades do elemento
finito (ou em ambas, simultaneamente), de modo que as rotações não sejam transmitidas e,
consequentemente, os esforços de flexão também não. Assim, as extremidades das barras dos
quadros foram rotuladas. Outra propriedade utilizada foi a de definir as barras com
comportamento linear no decorrer da análise não-linear estática, a fim de que não se
desenvolvessem efeitos não-lineares geométricos.
Com relação aos materiais adotados, apenas as barras dos quadros foram definidas com material
elástico-linear. Assim, ao invés de admitir este tipo de comportamento também para os pilares,
como estabelecido no modelo com molas rotacionais (item 4.1), os comportamentos não-
lineares à compressão e à tração foram definidos também para tais elementos. Para as
armaduras, não houve alteração com relação às leis constitutivas já abordadas, sendo mantidas,
inclusive, as modificações de comportamento para consideração dos efeitos de bond-slip.
Diante da Figura 4.11, Yu (2012) propõe que a lei de comportamento das molas diagonais de
seu modelo seja dada com base no diagrama obtido da MCFT e definida por:
b d h d d l
2 2
Fs = p j j + p b j = p j j (1)
2 2 2
(C.1) a
2 l sen ( 2 )
= 1 + 2 = = j ( 2)
l j sen ( 2 ) 2
Propõe-se aqui, no entanto, que as relações (C.1) sejam aplicadas sobre o diagrama momento-
rotação, com os valores de momento obtidos segundo a expressão (4.6), que resulta no
G. P. LISBOA Apêndice C
D0230E20: Proposta de uma metodologia para simulação computacional do colapso progressivo... 240
1 M
Fs = l j (C.2) a
2 b j hb
Sabendo-se que a Curva θ x Map (4) do Apêndice B deste trabalho corresponde à curva momento-
rotação corrigida conforme a metodologia exemplificada naquele apêndice, a lei de
comportamento para molas translacionais no quadro da ligação viga-pilar é obtida das
expressões (C.1)(1) e (C.2) aplicadas a θ e a Map daquela curva, respectivamente. Ressalta-se,
no entanto, que para obter a Curva θ x Map (4)
, considera-se a altura da ligação como igual a
0,85 hb, tomando-se hb como a altura útil da viga e não a altura da seção. Neste sentido, essa
consideração também deve ser feita na expressão (C.2), de maneira que lj, que é o comprimento
da diagonal do quadro, também se refira ao quadro com dimensões reduzidas (isto é, base da
ligação dada por 0,75 bj e altura da ligação dada por 0,85 d, sendo bj a base do pilar d a altura
útil da seção da viga).
A Tabela C.1 apresenta os pontos obtidos para a curva alongamento x força das molas
translacionais no quadro da ligação viga-pilar. Ressalta-se que os resultados apresentados se
restringem a valores positivos de alongamento e de força. No entanto, as molas translacionais
devem ser capazes de trabalhar à tração e à compressão. Neste sentido, a curva encontrada deve
ser estendida para valores negativos de alongamento e de força, de forma que o ponto central
da curva final seja a coordenada [0,0]. A curva final pode ser mais bem visualizada na
Figura C.5, na qual o patamar de resistência no último trecho evidencia a plastificação perfeita
da ligação viga-pilar.
G. P. LISBOA Apêndice C
D0230E20: Proposta de uma metodologia para simulação computacional do colapso progressivo... 241
Tabela C.1 – Pontos obtidos para a curva alongamento x força para as molas translacionais no quadro da ligação
viga-pilar.
Curva
Curva
Alongam. x Força
Alongam. x Força
(cont.)
Alongam. Força Alongam. Força
(mm) (kN) (mm) (kN)
0,00E+00 0,00E+00 8,11E-01 4,79E+05
1,98E-02 1,41E+05 8,86E-01 5,07E+05
2,36E-02 1,69E+05 9,62E-01 5,35E+05
2,77E-02 1,97E+05 1,04E+00 5,63E+05
3,17E-02 2,25E+05 1,11E+00 5,92E+05
3,55E-02 2,54E+05 1,19E+00 6,20E+05
2,84E-01 2,82E+05 1,27E+00 6,48E+05
3,61E-01 3,10E+05 1,35E+00 6,76E+05
4,36E-01 3,38E+05 1,43E+00 7,04E+05
5,12E-01 3,66E+05 1,51E+00 7,32E+05
5,87E-01 3,94E+05 1,71E+00 7,61E+05
6,62E-01 4,23E+05 2,51E+00 7,89E+05
7,36E-01 4,51E+05 3,00E+00 7,89E+05
Figura C.5 – Curva Alongamento x Força para as molas translacionais no quadro da ligação viga-pilar.
1,2E+06
8,0E+05
Força (kN)
4,0E+05
0,0E+00
-4,0E+05
-8,0E+05
-1,2E+06
-3,0 -2,0 -1,0 0,0 1,0 2,0 3,0
Alongamento (mm)
Curva Alongam. x Força
Com respeito à solução numérica, foram adotadas as mesmas definições feitas no item 4.1.
G. P. LISBOA Apêndice C
D0230E20: Proposta de uma metodologia para simulação computacional do colapso progressivo... 242
De toda forma, considera-se que os resultados obtidos, tanto pela modelagem proposta no
Capítulo 4, com elementos de mola rotacional nas ligações viga-pilar, quanto pela modelagem
aqui apresentada, com quadros rígidos nessas ligações, são próximos entre si e são capazes de
representar bem a evolução de resistência e de deslocamentos em simulações de estruturas
planas sob ruína de um pilar central. Esses modelos são capazes de representar também os
efeitos dos mecanismos de resistência ao colapso progressivo em estruturas planas, quais sejam
o arco de compressão e a ação catenária. Ressalta-se, no entanto, que o modelo de ligação de
Yu (2012) não é aplicável a estruturas tridimensionais.
G. P. LISBOA Apêndice C
D0230E20: Proposta de uma metodologia para simulação computacional do colapso progressivo... 243
Figura C.6 – Curvas força-deslocamento do apoio central obtidas por Lew et al. (2011) neste trabalho (sob
diferentes concepções das ligações viga-pilar) para o Pórtico IMF.
700
600
500
400
F (kN)
300
200
100
0
0 200 400 600 800 1000 1200
Desloc. Vertical (mm)
Tabela C.2 – Resistência vertical de primeiro pico e resistência vertical última: resultados de modelagem e
experimentais.
Primeiro Pico de
Carga Última (kN)
Carga (kN)
IMF - Experimental
297 547
Lew et al. (2011)
G. P. LISBOA Apêndice C