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UNIVERSIDADE FEDERAL DE GOIAS

ESCOLA DE ENGENHARIA CIVIL E AMBIENTAL


PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM GEOTECNIA,
ESTRUTURAS E CONSTRUÇÃO CIVIL

PROPOSTA DE UMA METODOLOGIA


PARA SIMULAÇÃO COMPUTACIONAL DO
COLAPSO PROGRESSIVO DE
ESTRUTURAS RETICULADAS EM
CONCRETO ARMADO

GUILHERME DE PAULA LISBOA

D0230E20
GOIÂNIA
2020
GUILHERME DE PAULA LISBOA

PROPOSTA DE UMA METODOLOGIA


PARA SIMULAÇÃO COMPUTACIONAL DO
COLAPSO PROGRESSIVO DE
ESTRUTURAS RETICULADAS EM
CONCRETO ARMADO

Trabalho apresentado ao Programa de Pós-Graduação Stricto


Sensu em Geotecnia, Estruturas e Construção Civil da
Universidade Federal de Goiás como parte dos requisitos para
obtenção do título de Mestre em Engenharia Civil.
Área de Concentração: Estruturas
Orientador: Prof. Dr. Daniel de Lima Araújo

D0230E20
GOIÂNIA
2020
Ficha de identificação da obra elaborada pelo autor, através do
Programa de Geração Automática do Sistema de Bibliotecas da UFG.

Lisboa, Guilherme de Paula


Proposta de uma Metodologia para Simulação Computacional do
Colapso Progressivo de Estruturas Reticuladas em Concreto Armado
[manuscrito] / Guilherme de Paula Lisboa. - 2020.
244 f.

Orientador: Prof. Dr. Daniel de Lima Araújo.


Dissertação (Mestrado) - Universidade Federal de Goiás, Escola
de Engenharia Civil e Ambiental(EECA), Programa de Pós-Graduação
em Engenharia Civil - Geotecnia, Estruturas e Construção Civil, Goiânia,
2020.
Bibliografia. Apêndice.
Inclui siglas, abreviaturas, símbolos, tabelas, lista de figuras, lista
de tabelas.

1. Colapso progressivo. 2. Estruturas monolíticas. 3. Modelagem


computacional. 4. Análise paramétrica. 5. Recomendações
normativas. I. Araújo, Daniel de Lima, orient. II. Título.

CDU 624
AGRADECIMENTOS

A Deus, pois tenho a certeza de que Ele sempre está comigo.

Aos meus pais, Olimpio e Luzeni, à minha irmã, Giovanna, ao meu cunhado, Frederico, e à
minha afilhada, Rafaela, pelo apoio incondicional e compreensão. Aos meus padrinhos,
Adelson e Lucilene, e aos meus “quase-irmãos”, Ricardo e Milene, pela torcida.

Ao professor Daniel por, mais uma vez, me orientar tão bem e por se empenhar para que
obtivéssemos resultados de qualidade.

Aos demais professores da área de Mecânica das Estruturas do GECON, Fred, Renata, Sylvia
e Zenon, pelo enorme suporte acadêmico e pela motivação aos alunos ante as dificuldades ao
longo do Mestrado.

Aos colegas de turma que conheci no Mestrado, Anna, Kenia, Phablo, e aquelas com quem
compartilho momentos desde a Graduação, Ericka e Nathália, sem todos os quais essa jornada
teria sido praticamente impossível.

Ao meu amigo de longa data, Sérgio, e aos colegas de LABMEC, Marcel e Cleiton, pelas dicas,
apoio, discussões produtivas e momentos descontraídos compartilhados durante as atividades
no laboratório.

Aos técnicos administrativos, Hugo e Verônica, e aos técnicos de laboratório, Antônio, Vitor,
Walter e Rafael, pela disposição de sempre ajudar.

À Escola de Engenharia e à UFG por mais uma vez me acolherem e me possibilitarem grande
crescimento profissional e pessoal.

Aos colegas do IFG, em especial Bruna, Ilves, Dani, Liliane e Raíssa, pela torcida.

Ao IFG pela concessão de redução de vinte por cento na carga horária de trabalho para
desenvolvimento de atividades de pós-graduação stricto sensu.

À FAPEG pela concessão de bolsa de pesquisa por meio da Chamada Pública 03/2018 Bolsas
de formação de mestrado e doutorado.

G. P. LISBOA
RESUMO

O colapso progressivo é um evento relativamente raro associado à propagação de um dano local


à estrutura, mas que resulta em danos desproporcionais à causa inicial. As normas e
recomendações de projeto mais referenciadas acerca do assunto, quando tratam do tema de
forma explícita, o fazem de duas principais formas. Por métodos indiretos, baseados no
provimento de continuidade, redundância e ductilidade, por meio do uso de amarrações entre
os elementos estruturais com a utilização de armaduras correntes ou de cordoalhas de protensão
não tensionadas no interior de tais elementos, por exemplo. A outra forma se apoia nos métodos
diretos, que, baseados em técnicas avançadas de análise estrutural, buscam ou dimensionar
elementos-chave para que estes resistam a esforços excepcionais ou estabelecer caminhos
alternativos de carga para redistribuição de esforços decorrentes da perda de um elemento
vertical, por exemplo. A definição das forças de dimensionamento das amarrações nos métodos
indiretos é normalmente feita de forma empírica. Já no método direto, para que a estrutura
resista a um dano local sem ruir em grande parte ou no seu todo, é necessária a verificação da
resistência última da estrutura em situações excepcionais, lançando-se mão das não-
linearidades física e geométrica de todo o arranjo. Neste trabalho é desenvolvida uma
metodologia de modelagem computacional baseada em modelo numérico simplificado
realizado via Método dos Elementos Finitos, implementado no software DIANAⓒ v.10.2, com
a utilização de elementos finitos de pórtico, de mola rotacional e de casca. A metodologia
desenvolvida se pauta, dentre outras considerações, na definição de uma lei constitutiva para
molas rotacionais representativas das ligações viga-pilar baseada em modificação do
comportamento definido segundo a Modified Compression Field Theory (MCFT). Com a
metodologia de modelagem validada, são realizadas análises paramétricas, cujos resultados
sugerem ser possível a previsão de deslocamentos e forças últimos em estruturas monolíticas
em pórtico de concreto armado sob colapso progressivo a partir das características físicas e
geométricas da estrutura definidas ainda em fase de projeto. A metodologia de modelagem
desenvolvida é também aplicada ao estudo de um pavimento completo. Os resultados obtidos
são comparados com as recomendações de projeto de duas referências: uma com abordagem
por provimento de caminhos alternativos de carga e outra com abordagem por provimento de
amarrações entre elementos estruturais. Segundo o método das amarrações utilizado, as
armaduras longitudinais das vigas podem ser consideradas como amarrações apenas se esses
elementos tiverem capacidade verificada de suportar rotações superiores a 0,20 rad. Os
resultados obtidos indicam ser conservadora essa consideração.

Palavras-chave: Colapso progressivo. Estruturas monolíticas. Modelagem computacional.


Análise paramétrica. Recomendações normativas.

G. P. LISBOA
ABSTRACT

Progressive collapse is a rare event associated to the spreading, from element to element, of a
local damage, resulting, eventually, in the collapse of the entire structure or a disproportionately
part of it. Standards and design recommendations most referred about this theme are usually
associated to one or both of two approaches. One is the Indirect Method, which provides
continuity, redundancy and ductility to the structure by tying structural elements with current
reinforcement or prestressing strands not tensioned inserted in these elements, i.e, but without
performing structural analysis. The second one is the Direct Method, that, based on advanced
analytical techniques, consists on designing key elements to resist exceptional loads or defining
alternative load paths for loads redistribution due to a vertical supporting element, i.e. The tie
forces method is usually based on empiric definitions. But in the direct methods, the ultimate
resistance can be verified considering material and geometrical nonlinearities in the whole
structure to make it resists a local damage in an exceptional situation without collapsing largely
or in whole. In this work, a methodology of computational modelling is developed by using
simplified numeric model carried out by Finite Elements Method, implemented in software
DIANAⓒ v.10.2, using beam, rotational spring and shell finite elements. The developed
methodology bases, among other considerations, on modification of behavior resulted from
Modified Compression Field Theory (MCFT) to define the constitutive model of beam-column
connection on monolithic frames. With the developed and validated methodology of modelling,
parametric analyses are taken, whose results suggest that previsions about ultimate
displacements and resistant force in a structure under progressive collapse are possible basing
on the physical and geometrical characteristics, known in design steps. The developed
methodology of modelling is also applied to study a complete story. The results are compared
to design recommendations from two references: one with alternative load path approach and
other with determination of tie forces (indirect method) approach. According to the tie forces
method, the beam longitudinal reinforcements can only be considered as ties if these structural
elements can carry rotations beyond 0,20 rad. But the obtained results indicate that this
recommendation is conservative.

Keywords: Progressive collapse. Monolithic concrete frame structures. Computational


modelling. Parametric analyses. Normative tie force recommendations.

G. P. LISBOA
LISTA DE FIGURAS

Figura 1.1 – Estrutura que não colapsa totalmente após a ruína de um pilar. Fonte: (LIN
et al.; 2018). ........................................................................................................................... 36

Figura 1.2 – Edifício Ronan Point após colapso. Fonte: (LARANJEIRAS; 2011)............... 37

Figura 1.3 – Fachada do Edifício Murrah. Fonte: (LA MAZZA; 2018). .............................. 38

Figura 1.4 – Fachada do edifício atingido no conjunto Khobar Towers. Fonte:


(LARAJEIRAS; 2011). ......................................................................................................... 39

Figura 2.1 – Armadura contra colapso progressivo, segundo a ABNT NBR 6118
(ABNT, 2014). ....................................................................................................................... 46

Figura 2.2 – Amarrações para ações excepcionais segundo o Eurocode 2 (CEN, 2004). ..... 51

Figura 2.3 – Definição de colapso progressivo controlado por deformação ou por força
segundo o disposto em GSA (2013). Modificado de GSA (2013). ....................................... 56

Figura 2.4 – Pilares externos a serem removidos segundo GSA (2013). Modificado de
GSA (2013). .......................................................................................................................... 58

Figura 2.5 – Pilares internos a serem removidos, segundo GSA (2013). Modificado de
GSA (2013). .......................................................................................................................... 59

Figura 2.6 – Áreas de consideração dos carregamentos. Modificado de GSA (2013). ......... 62

Figura 2.7 – Disposição dos elementos a serem considerados no sistema de redistribuição


de esforços. Modificado de GSA (2013). .............................................................................. 69

Figura 2.8 – Amarrações em uma estrutura em pórtico. Modificado de UFC 4-023-03


(DOD, 2009). ......................................................................................................................... 73

Figura 2.9 – Direção das amarrações internas, espaçamento entre elas e apresentação de
como determinar L1. Modificado de UFC 4-023-03 (DOD, 2009). ...................................... 75

G. P. LISBOA
D0230E20: Proposta de uma metodologia para simulação computacional do colapso progressivo de estruturas...

Figura 2.10 – Restrições de posicionamento para amarrações periféricas e internas que


sejam paralelas ao eixo longitudinal de vigas. Modificado de UFC 4-023-03
(DOD, 2009). ......................................................................................................................... 77

Figura 3.1 – Esquema dos pórticos ensaiados por Almusallam et al. (2018). Modificado
de Elsanadedy et al.; 2017).................................................................................................... 82

Figura 3.2 – Esquema de formação do arco de compressão. ................................................. 83

Figura 3.3 – Esquema de ensaio desenvolvido por Kang e Tan (2016). ............................... 83

Figura 3.4 – Parte dos modelos numéricos desenvolvidos por Elsanadedy et al. (2017). .... 85

Figura 3.5 – Vista em planta do esquema experimental utilizado por Tohidi e


Baniotopoulos (2017), no qual uma viga metálica simula a parede de apoio intermediária
e nas extremidades as lajes estão ligadas a vigas metálicas fixas também por meio de
amarrações. ............................................................................................................................ 86

Figura 3.6 – À esquerda, visão geral do esquema experimental utilizado por Tohidi e
Baniotopoulos (2017), no qual se é possível ver o mecanismo de aplicação das duas etapas
de carregamento. À direita, detalhe do mecanismo, em que se vê a viga de apoio
intermediário (ligação laje-laje), responsável pela primeira etapa de carregamento, e a
estrutura superior, relativa à segunda etapa de carregamento. .............................................. 87

Figura 3.7 – Pórtico com colapso simulado por Qian e Li (2018). À esquerda, esquema
em planta; à direita, esquema em corte.................................................................................. 88

Figura 3.8 – Representação em planta do esquema experimental de Qian e Li (2018) com


ligações por pino. ................................................................................................................... 88

Figura 3.9 – Apoio elaborado por La Mazza (2018) para as vigas. ...................................... 89

Figura 3.10 – Dados geométricos1 das amostras IMF, à esquerda do Eixo de Simetria, e
SMF, à direita do Eixo de Simetria, estudadas por Lew et al. (2011). As cotas ao longo
das vigas indicam as seções em que há alteração de área de armadura. Dimensões fora de
escala. .................................................................................................................................... 92

Figura 3.11 – Mecanismos de resistência desenvolvidos ao longo do ensaio simulando a

G. P. LISBOA Lista de Figuras


D0230E20: Proposta de uma metodologia para simulação computacional do colapso progressivo de estruturas...

perda do pilar central. Modificado de Lew et al. (2011). ...................................................... 93

Figura 3.12 – Modelo reduzido apresentado por Lew et al. (2011). ..................................... 94

Figura 3.13 –Amostra S1 de Qian, Li e Ma (2014). R6 se refere a barras lisas de 6 mm de


diâmetro; T10, T13 e T16 se referem a barras nervuradas de 10, 13 e 16 mm de diâmetro,
respectivamente. Dimensões em mm. .................................................................................... 96

Figura 3.14 – Amostras P1, destacada em azul, à esquerda; e T1, destacada em vermelho,
à direita. ................................................................................................................................. 97

Figura 3.15 – Esquema experimental utilizado por Qian, Li e Ma (2014). À esquerda, a


amostra S1. À direita, a amostra T1. ..................................................................................... 98

Figura 4.1 – Superelemento finito desenvolvido por Lowes, Mitra e Altoontash (2003).
Modificado de Lowes, Mitra e Altoontash (2003). ............................................................... 104

Figura 4.2 – Geometria dos modelos em elementos finitos gerado no DIANAⓒ v.10.2
para as amostras IMF, à esquerda do Eixo de Simetria (a); e SMF, à direita do Eixo de
Simetria. Dimensões fora de escala. ...................................................................................... 105

Figura 4.3 – Elementos finitos utilizados na modelagem: (1) CL9BE e (2) SP2RO. Fonte:
(TNO, 2017). ......................................................................................................................... 106

Figura 4.4 – Distribuição dos pontos de integração ao longo da altura da seção transversal
(direção η) de elementos de viga Classe II e Classe III no DIANAⓒ v.10.2. Modificado
de TNO (2017). ..................................................................................................................... 107

Figura 4.5 – Detalhe da ligação na extremidade esquerda do modelo do Pórtico IMF......... 108

Figura 4.6 – Relação tensão-deformação à compressão do concreto. Modificado de Lew


et al. (2011). .......................................................................................................................... 109

Figura 4.7 – Relação tensão-deformação à tração do concreto. Modificado de Lew et


al. (2011). .............................................................................................................................. 110

Figura 4.8 – Curva tensão-deformação adotada para o aço (LEW et al.; 2011). .................. 111

G. P. LISBOA Lista de Figuras


D0230E20: Proposta de uma metodologia para simulação computacional do colapso progressivo de estruturas...

Figura 4.9 – Curvas tensão-deformação adotadas para representação do bond-slip nos


Pórticos IMF e SMF. ............................................................................................................. 113

Figura 4.10 – Representação de um nó de pórtico sob carregamento e idealização da


distribuição de forças no perímetro do nó. Modificado de Lowes, Mitra e
Altoontash (2003). ................................................................................................................. 114

Figura 4.11 – Forças (a) e distorções (b) em um nó de pórtico considerado como painel.
Modificado de Yu (2012). ..................................................................................................... 115

Figura 4.12 – Fissuração experimental do Pórtico IMF sob deslocamento de 610 mm,
com destaque para os braços de alavanca nas seções da viga e do pilar. Modificado de
Lew et al. (2011). .................................................................................................................. 116

Figura 4.13 – Momentos fletores em uma viga em segundo as rigidezes das ligações nos
apoios. Fonte: (EL DEBS; 2017)........................................................................................... 116

Figura 4.14 – Modelagem via descrição Lagrangeana clássica x resultados obtidos por
Battini (2002) para: uma viga em balanço (a) e do Pórtico Toggle (b). ................................ 118

Figura 4.15 – Curvas força-deslocamento do apoio central obtidas neste trabalho e por
Lew et al. (2011) para o Pórtico IMF (a) e para o Pórtico SMF (b)...................................... 119

Figura 4.16 – Deformações na armadura no meio do vão das vigas na modelagem e no


ensaio experimental do Pórtico IMF. No gráfico superior, deformações ao longo de todo
o ensaio. No gráfico inferior, destaque para deslocamentos do apoio central até 1000 mm.
............................................................................................................................................... 121

Figura 4.17 – Deformações na armadura no meio do vão das vigas na modelagem e no


ensaio experimental do Pórtico SMF. No gráfico superior, deformações ao longo de todo
o ensaio. No gráfico inferior, destaque para deslocamentos do apoio central até 1000 mm.
............................................................................................................................................... 122

Figura 4.18 – Para a amostra P1: (a) esquema geral do modelo; e (b) dimensões dos pilares
e das condições de contorno. Fonte: (QIAN, LI E ZHANG; 2014). ..................................... 126

Figura 4.19 – Representações tridimensionais dos modelos simplificados para as

G. P. LISBOA Lista de Figuras


D0230E20: Proposta de uma metodologia para simulação computacional do colapso progressivo de estruturas...

amostras (a) P1 e (b) T1. ....................................................................................................... 126

Figura 4.20 – Amostra S1: (a) visualização das restrições de apoio consideradas e (b)
representação tridimensional do modelo. .............................................................................. 127

Figura 4.21 – Amostra T1: vigas longitudinais, ao longo do eixo X, e vigas transversais,
ao longo do eixo Z, vinculadas ao pilar central. Em (a) são apresentadas as molas
rotacionais nas ligações viga-pilar. Em (b) percebe-se a face superior coincidente das
vigas nas duas direções. ......................................................................................................... 128

Figura 4.22 – Vinculação entre vigas e lajes. ........................................................................ 129

Figura 4.23 – Curvas tensão-deformação adotadas para o aço das armaduras das lajes e
longitudinal das vigas. ........................................................................................................... 132

Figura 4.24 – Curvas força-deslocamento do apoio central obtidas para a amostra (a) P1
e para a amostra (b) P2. ......................................................................................................... 134

Figura 4.25 – Curvas força-deslocamento do apoio central obtidas para a amostra (a) T1
e para a amostra (b) T2. ......................................................................................................... 135

Figura 4.26 – Destaque do nó em que são analisadas as deformações da armadura


longitudinal da viga. .............................................................................................................. 139

Figura 4.27 – Curvas força-deslocamento do apoio central para a amostra S1 sob


diferentes discretizações. ....................................................................................................... 140

Figura 4.28 – Curvas força-deslocamento do apoio central para a amostra (a) S1 e para a
amostra (b) S2. ....................................................................................................................... 142

Figura 5.1 – Curvas força-deslocamento para a amostra P1: (a) Análise 1 e (b) Análise 2.
............................................................................................................................................... 153

Figura 5.2 – Resultados da análise paramétrica das amostras P1 e dos Pórticos IMF e SMF
em termos de [Fu / Fmax] e [uu / L]. ........................................................................................ 155

Figura 5.3 – Nós para obtenção das forças solicitantes nas armaduras longitudinais da
viga. ....................................................................................................................................... 157

G. P. LISBOA Lista de Figuras


D0230E20: Proposta de uma metodologia para simulação computacional do colapso progressivo de estruturas...

Figura 5.4 – Força nas armaduras ao longo do desenvolvimento das curvas força-
deslocamento do apoio central. ............................................................................................. 158

Figura 5.5 – Força nas armaduras ao longo do desenvolvimento das curvas força-
deslocamento do apoio central. ............................................................................................. 159

Figura 5.6 – Resultados da análise paramétrica das amostras P1 e dos Pórticos IMF e SMF
em termos de [uu / L] e [Parâmetro (1 / α)]. ......................................................................... 161

Figura 5.7 – Curvas força-deslocamento para a amostra S1 (a) Análise 1 e (b) Análise 2. .. 164

Figura 5.8 – Força nas armaduras longitudinais das vigas transversais (VT’s) ao longo do
desenvolvimento das curvas força-deslocamento do apoio central....................................... 166

Figura 5.9 – Força nas armaduras longitudinais das vigas longitudinais (VL’s) ao longo
do desenvolvimento das curvas força-deslocamento do apoio central. ................................ 167

Figura 5.10 – Força nas armaduras longitudinais inferiores das vigas transversais (VT’s)
e das vigas longitudinais (VL’s) e curvas força-deslocamento do apoio central. ................. 168

Figura 5.11 – Resultados da análise paramétrica das amostras S1 em termos de [Fu / Fmax]
e [(uu / L)_VT’s]. ................................................................................................................... 171

Figura 5.12 – Resultados da análise paramétrica das amostras S1 em termos de


[(uu / L)_VT’s] e [Parâmetro (1 / α): (VL’s / VT’s)]. ............................................................ 172

Figura 6.1 – Edifício estudado experimentalmente por Xiao et al. (2013) e por Xiao et
al. (2015): (a) Planta de Fôrmas; (b) e (c) Vistas Laterais. Modificado de Xiao et
al. (2013). Dimensões em mm. .............................................................................................. 176

Figura 6.2 – Malha de elementos finitos gerada para o pavimento. ...................................... 178

Figura 6.3 – Situações de análise do pavimento. ................................................................... 182

Figura 6.4 – Exemplo de verificação do critério de GSA (2013) para a remoção de pilares
adicionais ao removido na análise. ........................................................................................ 183

Figura 6.5 – Deformadas e distribuição de deslocamentos verticais do pavimento ao final


da Fase 1 de carregamento. ................................................................................................... 185

G. P. LISBOA Lista de Figuras


D0230E20: Proposta de uma metodologia para simulação computacional do colapso progressivo de estruturas...

Figura 6.6 – Análise 2: esquema para definição de faixas de largura para cálculo de
amarrações segundo o UFC 4-023-03 (DOD, 2009). Dimensões em m. .............................. 189

Figura 6.7 – Análise 1: deformações nas armaduras das lajes. ............................................. 190

Figura 6.8 – Análise 2: deformações nas armaduras das lajes. ............................................. 191

Figura 6.9 – Análise 3: deformações nas armaduras das lajes. ............................................. 191

Figura 6.10 – Análise 4: deformações nas armaduras das lajes............................................. 191

Figura 6.11 – Nós para obtenção das forças solicitantes na armadura longitudinal inferior
das vigas (esquema válido para as duas direções no plano do pavimento). .......................... 193

Figura 6.12 – Nós para obtenção das forças solicitantes nos reinforcement grids
representativos da armadura inferior das lajes. ..................................................................... 193

Figura 6.13 – Amarrações periféricas: razões entre a força nas armaduras estimada da
modelagem e a força de amarração calculada conforme UFC 4-023-03 (DOD, 2009). ....... 194

Figura 6.14 – Amarrações internas: razões entre a força nas armaduras estimada da
modelagem e a força de amarração calculada conforme UFC 4-023-03 (DOD, 2009). ....... 195

Figura 6.15 – Esquema experimental de Qian e Li (2019).................................................... 197

Figura A.1 – Redução da quantidade de trabalhos retornados às strings “progressive


colapse” AND “precast concrete”. ...................................................................................... 213

Figura A.2 – Redução da quantidade de trabalhos retornados às strings “progressive


colapse” AND “concrete”. ................................................................................................... 214

Figura A.3 – Redução da quantidade de trabalhos retornados às strings “progressive


colapse” AND structure. ....................................................................................................... 215

Figura A.4 – Classificação dos estudos com abordagem teórica retornados às strings:
"progressive collapse" AND "concrete" e "progressive collapse" AND structure (24
trabalhos). .............................................................................................................................. 218

Figura A.5 – Classificação dos estudos com abordagem experimental retornado às strings:

G. P. LISBOA Lista de Figuras


D0230E20: Proposta de uma metodologia para simulação computacional do colapso progressivo de estruturas...

"progressive collapse" AND "concrete" e "progressive collapse" AND structure (11


trabalhos). .............................................................................................................................. 219

Figura A.6 – Classificação dos estudos com abordagem teórica retornados às strings:
"progressive collapse" AND "precast concrete" (18 trabalhos). .......................................... 222

Figura A.7 – Classificação dos trabalhos com abordagem experimental retornados às


strings: "progressive collapse" AND "precast concrete" (12 trabalhos). ............................. 223

Figura B.1 – Curvas θ x M (2), θ x Meng (3) e θ x Map (4) para as ligações do Pórtico IMF. ..... 230

Figura B.2 – Curvas θ x M (2), θ x Meng (3) e θ x Map (4) para as ligações da amostra P1. ....... 234

Figura C.1 – Proposta de Yu (2012) para ligações viga-pilar para modelos


computacionais simplificados. Modificado de Yu (2012). ................................................... 235

Figura C.2 – Geometria do modelo em elementos finitos gerado no DIANAⓒ v.10.2 para
o Pórtico IMF de Lew et al. (2011). ...................................................................................... 237

Figura C.3 – Detalhe da ligação na extremidade esquerda do modelo do Pórtico IMF. ....... 237

Figura C.4 – Elementos finitos bidimensionais de viga L6BEN (1) e L6BEA (2) e de mola
translacional SP2TR (3). Fonte: (TNO, 2017). ..................................................................... 238

Figura C.5 – Curva Alongamento x Força para as molas translacionais no quadro da


ligação viga-pilar. .................................................................................................................. 241

Figura C.6 – Curvas força-deslocamento do apoio central obtidas por Lew et al. (2011)
neste trabalho (sob diferentes concepções das ligações viga-pilar) para o Pórtico IMF. ...... 243

G. P. LISBOA Lista de Figuras


LISTA DE QUADROS

Quadro 6.1 – Detalhamento dos pilares. Fonte: (XIAO et al.; 2015).................................... 177

Quadro 6.2 – Detalhamento das vigas. Fonte: (XIAO et al.; 2015). ..................................... 177

Quadro B.1 – Dados físicos e geométricos do Pórtico IMF de Lew et al. (2011). ............... 226

Quadro B.2 – Dados físicos e geométricos da amostra P1 de Qian, Li e Ma (2014). ........... 231

G. P. LISBOA
LISTA DE TABELAS

Tabela 4.1 – Comparativo entre os resultados experimentais e os resultados das


modelagens, em termos de força e deslocamento vertical..................................................... 123

Tabela 4.2 – Caracterização físico-geométrica das barras de aço. Fonte: (QIAN, LI E MA;
2014). ..................................................................................................................................... 131

Tabela 4.3 – Resultados comparativos em termos de força vertical obtidos para os


modelos P1, P2, T1 e T2 ensaiados por Qian, Li e Ma (2014). ............................................ 136

Tabela 4.4 – Resultados comparativos em termos de força vertical obtidos para os


modelos P1, P2, T1 e T2: modelagem de La Mazza (2018) versus ensaios experimentais
de Qian, Li e Ma (2014). ....................................................................................................... 137

Tabela 4.5 – Resultados comparativos em termos de força vertical obtidos para os


modelos P1, P2, T1 e T2: modelagem de Qian, Li e Zhang (2014) versus ensaios
experimentais de Qian, Li e Ma (2014). ................................................................................ 137

Tabela 4.6 – Resultados comparativos em termos de força vertical obtidos para S1 e S2


ao longo dos ensaios computacionais deste trabalho e experimentais de Qian, Li e Ma
(2014). ................................................................................................................................... 143

Tabela 4.7 – Resultados comparativos em termos de força vertical obtidos para os


modelos S1 e S2: modelagem de La Mazza (2018) versus ensaios experimentais de Qian,
Li e Ma (2014). ...................................................................................................................... 144

Tabela 4.8 – Resultados comparativos em termos de força vertical obtidos para os


modelos S1 e S2: modelagem de Qian, Li e Zhang (2014) versus ensaios experimentais
de Qian, Li e Ma (2014). ....................................................................................................... 144

Tabela 4.9 – Relações umax / uy para as modelagens realizadas. ............................................ 147

Tabela 5.1 – Relação de amostras avaliadas na Análise Paramétrica. .................................. 151

Tabela 5.2 – Força máxima obtida na armadura longitudinal inferior (ou superior) de cada

G. P. LISBOA
D0230E20: Proposta de uma metodologia para simulação computacional do colapso progressivo de estruturas...

modelo. .................................................................................................................................. 157

Tabela 5.3 – Força máxima obtida na armadura longitudinal inferior (ou superior) das
vigas transversais e das vigas longitudinais de cada modelo. ............................................... 169

Tabela 6.1 – [Parâmetro (1 / α): (VL’s / VT’s)] para os cruzamentos de viga do


pavimento. ............................................................................................................................. 181

Tabela 6.2 – Resultados obtidos para a Fase 2 de carregamento em termos da força


vertical aplicada (considerando-se apenas os incrementos de carga concentrada adicionais
ao carregamento distribuído da Fase 1). ............................................................................... 186

Tabela 6.3 – Resultados obtidos para a Fase 2 de carregamento em termos de


deslocamento vertical do pilar removido. ............................................................................. 187

Tabela 6.4 – Dimensionamento das amarrações segundo UFC 4-023-03 (DOD, 2009)
para as quatro análises realizadas. ......................................................................................... 189

Tabela B.1 – Pórtico IMF: passos de obtenção da curva rigidez rotacional-rotação com
base na curva distorção angular-tensão cisalhante obtida da MCFT. .................................. 229

Tabela B.2 – Amostra P1: passos de obtenção da curva rigidez rotacional-rotação com
base na curva distorção angular-tensão cisalhante obtida da MCFT. .................................. 233

Tabela C.1 – Pontos obtidos para a curva alongamento x força para as molas
translacionais no quadro da ligação viga-pilar. ..................................................................... 241

Tabela C.2 – Resistência vertical de primeiro pico e resistência vertical última: resultados
de modelagem e experimentais.............................................................................................. 243

G. P. LISBOA Lista de Tabelas


LISTA DE ABREVIATURAS

ABNT – Associação Brasileira de Normas Técnicas

ACI – American Concrete Institute

ASCE – American Society of Civil Engineers

DoD – Department of Defense

FIB – Fédération Internacionale du Béton (International Federation for Structural


Concrete)

FSL – Facility Security Level

GSA – General Services Administration

ISC – Interagency Security Committee

MCFT – Modified Compression Field Theory

MEF – Método dos Elementos Finitos

NBR – Norma Brasileira

NIST – National Institute of Standards and Technology

PCI – Precast Concrete Institute

UFC – Unified Facilities Criteria

VL – Viga na direção de maior vão (viga longitudinal)

VT – Viga na direção de menor vão (viga transversal)

G. P. LISBOA
LISTA DE SÍMBOLOS

Símbolos Romanos

Ag Área da seção transversal da coluna;

Asneg,long Área de armadura longitudinal inferior (ou superior) das vigas dos modelos,
na Tabela 5.1, na Tabela 5.2;

Asneg,long,VL Área de aço de uma única barra da armadura longitudinal inferior (ou
superior) das vigas longitudinais (na direção de maior vão) dos modelos, na
Tabela 5.3;

Asneg,long,VT Área de aço de uma única barra da armadura longitudinal inferior (ou
superior) das vigas transversais (na direção de menor vão) dos modelos, na
Tabela 5.3;

b Largura do pilar, na Figura 4.12;

bj Base do painel, na Figura 4.11 e no modelo de Yu (2012) (Apêndice C);

bpilar Largura do pilar no quadro representativo da ligação viga-pilar no modelo de


Yu (2012) (Apêndice C);

C’ Segunda superfície crítica em lajes submetidas à punção (ABNT, 2014) na


Figura 2.1;

C” Terceira superfície crítica em lajes submetidas à punção (ABNT, 2014), na


Figura 2.1;

d Deformação última nos gráficos da Figura 2.3;

Altura útil da viga, na Figura 4.12 e no modelo de Yu (2012) (Apêndice C);

D Carregamento permanente, nas equações (2.23);

dj Espessura fora do plano do painel, na Figura 4.11 e no modelo de Yu (2012)


(Apêndice C);

G. P. LISBOA
D0230E20: Proposta de uma metodologia para simulação computacional do colapso progressivo de estruturas...

dviga Altura útil da viga no quadro representativo da ligação viga-pilar no modelo de


Yu (2012) (Apêndice C);

e Deformação correspondente à resistência máxima nos gráficos da Figura 2.3;

E Módulo de elasticidade sob regime linear, na Figura 4.13;

Ec Módulo de elasticidade secante do concreto, na Figura 4.6, na Figura 4.7 e na


equação (4.6);

Eci Módulo de elasticidade inicial do concreto, na Figura 4.6 e nas expressões (4.8) e (6.1);

EXX Deformação dos reinforcement grids na direção X, na Figura 6.7, na Figura 6.8, na
Figura 6.9 e na Figura 6.10;

EZZ Deformação dos reinforcement grids na direção Z, na Figura 6.7, na Figura 6.8, na
Figura 6.9 e na Figura 6.10;

F Força vertical aplicada ao pilar rompido, na Figura 3.11;

Força vertical aplicada ao pilar rompido, nos gráficos força-deslocamento do apoio


central;

fc Resistência à compressão do concreto, na Figura 4.6, nas expressões (4.7), (6.1) e (6.2)
e na Figura C.6;

Resistência de cálculo à compressão do concreto, na aproximação de Lowes, Mitra e


Altoontash (2003) para modificação da lei constitutiva do aço a fim de se considerar o
bond-slip;

Fc Força de compressão gerada na ligação viga-pilar durante o desenvolvimento dos


mecanismos de resistência observados em estrutura sob colapso, na Figura 3.11;

Força requerida para as amarrações internas (longitudinais e transversais) segundo a


expressão (2.24);

Fh Força a ser resistida pela amarração horizontal, por unidade de comprimento, na


expressão (2.4);

Fmax Força vertical aplicada ao pilar rompido correspondente ao primeiro pico de


resistência;

Fp Força requerida para as amarrações periféricas segundo a expressão (2.25);

G. P. LISBOA Lista de Símbolos


D0230E20: Proposta de uma metodologia para simulação computacional do colapso progressivo de estruturas...

Fs Força diagonal que surge nos nós do painel, na Figura 4.11 e no modelo de Yu (2012)
(Apêndice C);

Fsu Força de ruptura na armadura longitudinal inferior (ou superior) da viga segundo a lei
constitutiva do aço e a área de armadura, na Tabela 5.2;

Fsu,VL Área de aço de uma única barra da armadura longitudinal inferior (ou superior)
das vigas longitudinais (na direção de maior vão) dos modelos, na Tabela 5.3;

Fsu,VT Área de aço de uma única barra da armadura longitudinal inferior (ou superior)
das vigas transversais (na direção de menor vão) dos modelos, na Tabela 5.3;

ft Resistência à tração do concreto, na Figura 4.7 e nas expressões (4.7) e (6.3);

Ft Força a ser resistida pela amarração, por unidade de comprimento, expressão (2.3), na
expressão (2.4) e na expressão (2.5);

Força de tração gerada na ligação viga-pilar durante o desenvolvimento dos


mecanismos de resistência observados em estrutura sob colapso, na Figura 3.11;

Ftie Força de tração no tirante nas amarrações de internas posicionadas no interior das
vigas, na equação (2.2);

Ftie,col Força de tração no tirante nas amarrações de coluna, segundo o Eurocode 2


(CEN, 2004);

ftie,fac Força de tração distribuída por comprimento de fachada, segundo o Eurocode 2


(CEN, 2004);

Ftie,per Força de tração no tirante nas amarrações de periferia, na equação (2.1);

Fu Força vertical aplicada ao pilar rompido correspondente à resistência última da


estrutura;

Fx Solicitação de força no elemento SP2TR;

fy Tensão de escoamento do aço na aproximação de Lowes, Mitra e Altoontash (2003)


para modificação da lei constitutiva do aço a fim de se considerar o bond-slip;

Fy Força vertical aplicada ao pilar rompido correspondente ao escoamento da armadura


longitudinal inferior das vigas;

Fv Força a ser resistida pela amarração vertical em pilares de extremidade, na


expressão (2.5);

G. P. LISBOA Lista de Símbolos


D0230E20: Proposta de uma metodologia para simulação computacional do colapso progressivo de estruturas...

Fvert Carga vertical última de projeto resistida pelo pilar de extremidade, na expressão (2.5);

g Deformação linear máxima nos gráficos da Figura 2.3;

G Carregamentos gravitacionais não majorados para ações controladas tanto por força
quanto por deslocamento, nas análises linear estática e não-linear estática, segundo o
GSA (2013);

GLD Carregamentos gravitacionais majorados para ações controladas por deformação em


análise linear estática, na equação (2.6), na Figura 2.6;

GLF Carregamentos gravitacionais majorados para ações controladas por força em análise
linear estática, na equação (2.7), na Figura 2.6;

Gf,t Energia de fratura à tração do concreto;

GN Carregamentos gravitacionais majorados para ações controladas tanto por força quanto
por deslocamento em análise não-linear estática, segundo GSA (2013);

GND Carregamentos gravitacionais para ações controladas por deformação e por força em
análise não-linear dinâmica, na equação (2.14);

gk Valor característico para o peso próprio, na expressão (2.4);

Valor do carregamento permanente, nas equações (2.6), (2.7), (2.11), (2.14) e (6.5);

h Altura livre do pavimento, para cálculos referentes à equação (2.4) e na equação (2.5);

Comprimento do elemento, na Figura 4.7;

hb Altura do painel, na Figura 4.11 e no modelo de Yu (2012) (Apêndice C);

I Momento de inércia bruta da viga (sem consideração do aço), na Figura 4.13 e na


equação (4.6);

kbb Molas responsáveis por transferir as resultantes de compressão à ligação viga-pilar no


modelo de Yu (2012) (Figura C.1);

kbs Molas responsáveis por transferir os esforços cisalhantes à ligação viga-pilar no


modelo de Yu (2012) (Figura C.1);

kbt Molas responsáveis por transferir as resultantes de tração à ligação viga-pilar no


modelo de Yu (2012) (Figura C.1);

G. P. LISBOA Lista de Símbolos


D0230E20: Proposta de uma metodologia para simulação computacional do colapso progressivo de estruturas...

ks Molas responsáveis pelo controle da distorção angular do painel representativo da


ligação viga-pilar no modelo de Yu (2012) (Figura C.1);

KC Rigidez de projeto de um único elemento, na equação (2.20);

KR Resistência de projeto de determinado sistema de redistribuição, na equação (2.20);

KR Rigidez à flexão média dos sistemas de redistribuição ao longo da altura do edifício

associados ao pilar externo removido, nas equações (2.19), (2.21);

KRi Rigidez à flexão de um dado sistema de redistribuição de esforços no andar


correspondente ao pilar externo removido, nas equações (2.19), (2.21);

KROT Rigidez rotacional da extremidade da viga considerando o diagrama momento-rotação


final nos cálculos do Apêndice B;

Kϕ Rigidez rotacional secante da extremidade da viga, na Figura 4.13, na equação (4.6) e


nos cálculos do Apêndice B;

L Comprimento do vão mais próximo à periferia, na equação (2.1) e na Figura 2.2;

Distância entre os apoios das lajes na direção da amarração, na equação (2.3);

Menor valor entre: o vão entre colunas na direção da amarração ou 5 h, sendo h a altura
livre do pavimento, em m, na expressão (2.4);

Carregamento variável, nas equações (2.23);

O menor valor entre: o vão entre colunas na direção da amarração ou cinco vezes a
altura livre do pavimento, na expressão (2.4);

Comprimento da barra de aço deformada sob tensão e sob escorregamento, na


expressão (4.2) para aproximação de Lowes, Mitra e Altoontash (2003) para
consideração do bond-slip;

Comprimento das vigas (vão teórico); na Figura 4.13; na definição do comprimento


dos elementos finitos na malha; nas equações (4.6), (4.9) e nas relações [u / L];

lb Comprimento de ancoragem básico das armaduras, na Figura 2.1;

lj Comprimento da diagonal do painel não deformado, na Figura 4.11 e no modelo de


Yu (2012) (Apêndice C);

G. P. LISBOA Lista de Símbolos


D0230E20: Proposta de uma metodologia para simulação computacional do colapso progressivo de estruturas...

L0 Comprimento não deformado da barra de aço na aproximação de Lowes, Mitra e


Altoontash (2003) para consideração do bond-slip;

L1 Maior distância entre centros de pilares, pórticos ou paredes portantes na direção


analisada, na Figura 2.9 e nas expressões (2.24), (2.25);

L1 e L2 Comprimento dos vãos em ambos os lados da viga em caso de amarrações internas


posicionadas no interior das vigas, na equação (2.2) e na Figura 2.2;

LL Vão na direção de maior vão, na Figura 2.9;

LP Faixa de contribuição das armaduras das lajes para amarrações periféricas, igual a 1 m,
na equação (2.25);

Parcela igual à altura da viga na soma (SR + LP), que determina a região fissurada da
viga que influencia a rotação relativa entre a viga e o pilar;

LT Vão na direção de maior vão, na Figura 2.9;

m Fator correspondente às vigas conectadas ao pilar imediatamente acima ao considerado


removido. É determinado por GSA (2013) conforme o tipo de estrutura;

M Solicitação de momento no elemento SP2RO;

Momento no meio do vão nas vigas, na Figura 4.13;

Momento na ligação viga-pilar nas curvas θ x M obtidas no Apêndice B e no modelo


de Yu (2012) (Apêndice C);

Map Momento de engastamento semirrígido nas vigas, na Figura 4.13 e na equação (4.6);

Momento na ligação viga-pilar nas curvas θ x Map obtidas no Apêndice B e no modelo


de Yu (2012) (Apêndice C);

Meng Momento de engastamento perfeito nas vigas, na Figura 4.13 e na equação (4.6);

Momento na ligação viga-pilar nas curvas θ x Meng obtidas no Apêndice B;

mLIF Menor fator m para todas as vigas diretamente conectadas ao pilar imediatamente
acima ao considerado removido, na equação (2.8);

n quantidade de sistemas de redistribuição nas expressões (2.18), (2.21);

fator que depende da resistência à compressão do concreto, na Figura 4.6;

ns quantidade de pavimentos na expressão (2.3);

G. P. LISBOA Lista de Símbolos


D0230E20: Proposta de uma metodologia para simulação computacional do colapso progressivo de estruturas...

p Carga distribuída sobre as vigas, na Figura 4.13;

P Solicitação do elemento estrutural, nos gráficos da Figura 2.3;

PCC Resistência dinâmica, na equação (3.1);

PNS Valor resistido no ensaio quasi-estático sob deslocamento u, na equação (3.1);

Py Ponto no qual ocorre a plastificação do elemento, a partir do qual se inicia o


comportamento não-linear, nos gráficos da Figura 2.3;

q1 Força a ser resistida pela amarração, por unidade de comprimento, para cálculo de
armaduras periféricas, na equação (2.1);

q3 Força a ser resistida pela amarração, por unidade de comprimento, para cálculo de
armaduras internas, na equação (2.2);

Q2 Força a ser resistida pela amarração para cálculo de armaduras periféricas, na


equação (2.1);

Q4 Força a ser resistida pela amarração para cálculo de armaduras internas, na


equação (2.2);

QC Resistência de projeto de um único elemento, na equação (2.17);

QCE Maior esforço esperado no elemento para ação controlada por deformação, conforme
GSA (2013);

QCL Menor esforço esperado no elemento para ação controlada por força, conforme
GSA (2013);

Qi Solicitação analisada na equação (2.22);

qk Valor característico para o carregamento acidental, na expressão (2.4);

Valor do carregamento acidental, nas equações (2.6), (2.7), (2.11), (2.14) e (6.5);

QR Resistência de projeto de determinado sistema de redistribuição, na equação (2.17), na


Figura 2.7;

QR Resistência média dos sistemas de redistribuição ao longo da altura do edifício

associados ao pilar externo removido, nas equações (2.16), (2.18);

G. P. LISBOA Lista de Símbolos


D0230E20: Proposta de uma metodologia para simulação computacional do colapso progressivo de estruturas...

QRi Resistência de projeto de um dado sistema de redistribuição de esforços no andar


correspondente ao pilar externo removido, nas equações (2.16), (2.18);

QUD Valor da ação controlada por deformação obtido do modelo linear elástico, na
equação (2.9);

QUF Valor da ação controlada por força obtido do modelo linear elástico, nas
equações (2.10), (2.13) e (2.15);

rviga rigidez da viga na ligação viga-pilar, na expressão (5.1);

rpilar,inf rigidez do trecho de pilar inferior à ligação viga-pilar, na expressão (5.1);

rpilar,sup rigidez do trecho de pilar superior à ligação viga-pilar, na expressão (5.1);

Rn Resistência nominal da amarração, na equação (2.22);

Ru Resistência requerida para a amarração, na equação (2.22);

s escorregamento da armadura, sob tensão σ e deformação ε na aproximação de Lowes,


Mitra e Altoontash (2003) para consideração do bond-slip;

sn Valor característico para o carregamento de neve, nas equações (2.6), (2.7), (2.11)
e (2.14);

SR Na soma (SR + LP), que determina a região fissurada da viga que influencia a rotação
relativa entre a viga e o pilar, corresponde à distância entre fissuras na face tracionada
da viga nas ligações viga-pilar, calculada conforme o Eurocode 2 (CEN, 2004);

TDtY Deslocamentos verticais, na Figura 6.5;

Tint,DOD Força de amarração interna segundo UFC 4-023-03 (DOD, 2009), na Tabela 6.4;

Tper,DOD Força de amarração periférica segundo UFC 4-023-03 (DOD, 2009), na Tabela 6.4;

u Deslocamento, na equação (3.1);

Graus de liberdade externos do elemento, na Figura 4.1;

Diferença de deslocamento vertical entre apoios da viga, nas relações [u / L];

ud Deslocamento total até o ponto da curva de ensaio quasi-estático analisado, na


equação (3.1);

umax Deslocamento vertical do apoio central correspondente ao primeiro pico de resistência;

G. P. LISBOA Lista de Símbolos


D0230E20: Proposta de uma metodologia para simulação computacional do colapso progressivo de estruturas...

uu Deslocamento vertical último do apoio central, anterior ao colapso da estrutura;

ux Grau de liberdade de translação no elemento SP2TR;

uy Deslocamento vertical do apoio central correspondente ao início do escoamento da


armadura longitudinal inferior das vigas junto à ligação viga-pilar;

v Graus de liberdade internos do elemento, na Figura 4.1;

WC Parcela de carregamento permanente de revestimento para cálculo da força requerida


para as amarrações periféricas segundo a expressão (2.25);

wF Carregamento distribuído na laje, nas equações (2.23), (2.24), (2.25);

yi Coeficiente de majoração do carregamento, na equação (2.22).

Símbolos Gregos

α razão entre rigidez da viga e a rigidez do nó na ligação viga-pilar, na expressão (5.1),


na Tabela 6.;

γ Distorção angular total que surge no painel, resultante da soma (γ1 + γ2), na
Figura 4.11, nos cálculos realizados no Apêndice B e no modelo de Yu (2012)
(Apêndice C);

γ1 Distorção angular que surge nas barras verticais do painel, na Figura 4.11 e no modelo
de Yu (2012) (Apêndice C);

γ2 Distorção angular que surge nas barras horizontais do painel, na Figura 4.11 e no
modelo de Yu (2012) (Apêndice C);

∆ Deformação do elemento sob solicitação P, nos gráficos da Figura 2.3;

Deformações internas do elemento, na Figura 4.1;

Deslocamento diagonal que surge no painel, na Figura 4.11 e no modelo de Yu (2012)


(Apêndice C);

ε Deformação do material;

Deformação do aço sob condições normais, sem bond-slip, na aproximação de Lowes,


Mitra e Altoontash (2003) para modificação da lei constitutiva do aço a fim de se
considerar o escorregamento;

G. P. LISBOA Lista de Símbolos


D0230E20: Proposta de uma metodologia para simulação computacional do colapso progressivo de estruturas...

εc1 Deformação do concreto sob tensão igual a fc, na Figura 4.6;

ε’ Deformação do aço sob consideração do bond-slip, na aproximação de Lowes, Mitra


e Altoontash (2003) para modificação da lei constitutiva do aço a fim de se considerar
o escorregamento;

 u cr Deformação última do concreto sob tração, na Figura 4.7;

η Coordenada local na direção da altura da seção dos elementos de pórtico, na


Figura 4.4;

θ Ângulo entre a linha horizontal e a diagonal do quadro, na Figura 4.11;


Rotação na ligação viga-pilar, correspondente às curvas momento-rotação obtidas no
Apêndice B e no modelo de Yu (2012) (Apêndice C);

θpra Ângulo de rotação plástica admissível segundo GSA (2013) e se refere a elementos
estruturais, componentes ou ligações;

θy Ângulo de rotação correspondente ao escoamento admissível segundo GSA (2013);

σ Tensão resistida pelo material;

Tensão no aço na aproximação de Lowes, Mitra e Altoontash (2003) para modificação


da lei constitutiva do aço a fim de se considerar o bond-slip;

τe Tensão de aderência sob deformação elástica do aço cisalhante periférica no painel na


aproximação de Lowes, Mitra e Altoontash (2003) para modificação da lei constitutiva
do aço a fim de se considerar o bond-slip;

τ Tensão cisalhante periférica no painel nos cálculos realizados no Apêndice B;

τp Tensão cisalhante periférica no painel, na Figura 4.11 e no modelo de Yu (2012)


(Apêndice C);

τy Tensão de aderência sob deformação plástica do aço cisalhante periférica no painel na


aproximação de Lowes, Mitra e Altoontash (2003) para modificação da lei constitutiva
do aço a fim de se considerar o bond-slip;

ϕ Fator de redução de resistência, adotado conforme o material e o código utilizados em


projeto;

ϕb Diâmetro da barra na aproximação de Lowes, Mitra e Altoontash (2003) para


modificação da lei constitutiva do aço a fim de se considerar o bond-slip;

G. P. LISBOA Lista de Símbolos


D0230E20: Proposta de uma metodologia para simulação computacional do colapso progressivo de estruturas...

Diâmetro da barra na Tabela 5.1, no Quadro 6.1, no Quadro 6.2, no Quadro B.1 e no
Quadro B.2;

ϕx Grau de liberdade de rotação no elemento SP2RO;

ΩLD Fator de majoração para combinação de ações controladas por deformação em análise
linear estática segundo GSA (2013), nas equações (2.6), (2.8);

ΩLF Fator de majoração para combinação de ações controladas por força em análise linear
estática segundo GSA (2013), nas equações (2.7), (2.8);

ΩN Fator de majoração para combinação de ações controladas por deformação ou por força
em análises não-lineares estáticas segundo GSA (2013), nas equações (2.11), (2.12)
e (6.5).

G. P. LISBOA Lista de Símbolos


SUMÁRIO

CAPÍTULO 1 – INTRODUÇÃO .......................................................................................... 35

1.1 HISTÓRICO ..................................................................................................................... 37

1.1.1 Edifício Ronan Point (1968) .......................................................................................... 37

1.1.2 Edifício Murrah (1995) ................................................................................................. 38

1.1.3 Pentágono (2001) ........................................................................................................... 38

1.1.4 Khobar Towers (1996)................................................................................................... 39

1.2 JUSTIFICATIVA ............................................................................................................. 39

1.3 OBJETIVOS ..................................................................................................................... 41

1.4 METODOLOGIA............................................................................................................. 42

1.5 ESTRUTURA DO TEXTO ............................................................................................. 42

CAPÍTULO 2 – REVISÃO BIBLIOGRÁFICA: NORMAS E RECOMENDAÇÕES DE


PROJETO ............................................................................................................................... 45

2.1 ABNT NBR 9062 (ABNT, 2017) ...................................................................................... 45

2.2 ABNT NBR 6118 (ABNT, 2014) ...................................................................................... 45

2.3 ASCE 7-05 (ASCE, 2006) ................................................................................................. 46

2.4 ACI 318 (ACI, 2019) ......................................................................................................... 47

2.5 EUROCODE 2 (CEN, 2004) ............................................................................................ 49

2.5.1 Amarrações de Periferia ............................................................................................... 49

2.5.2 Amarrações Internas ..................................................................................................... 50

G. P. LISBOA
D0230E20: Proposta de uma metodologia para simulação computacional do colapso progressivo de estruturas...

2.5.3 Amarrações Horizontais, de Colunas e/ou Paredes Estruturais ............................... 51

2.5.4 Amarrações Verticais .................................................................................................... 51

2.5.5 Recomendações de continuidade e de ancoragem das amarrações .......................... 52

2.6 ELLINGWOOD et al. (2007) ........................................................................................... 52

2.7 GENERAL SERVICES ADMINISTRATION (GSA, 2013) ........................................ 54

2.7.1 Metodologia dos Caminhos Alternativos de Carga .................................................... 55

2.7.1.1 Análise Linear Estática ................................................................................................. 60


2.7.1.2 Análise Não-linear Estática .......................................................................................... 64
2.7.1.3 Análise Não-linear Dinâmica ....................................................................................... 66

2.7.2 Requisitos de Redundância ........................................................................................... 68

2.8 UFC 4-023-03 (DOD, 2009) .............................................................................................. 71

2.8.1 Método das Forças de Amarração ............................................................................... 72

2.8.1.1 Amarrações Longitudinais e Transversais .................................................................... 75


2.8.1.2 Amarrações Periféricas ................................................................................................. 76
2.8.1.3 Disposição das amarrações internas e periféricas......................................................... 76
2.8.1.4 Amarrações Verticais ................................................................................................... 77

2.9 CONCLUSÕES DO CAPÍTULO ................................................................................... 78

CAPÍTULO 3 – REVISÃO BIBLIOGRÁFICA: TRABALHOS CIENTÍFICOS ........... 80

3.1 SINTETIZAÇÃO DE ESTUDOS GERAIS ................................................................... 80

3.2 DETALHAMENTO DE TRABALHOS ESPECÍFICOS ............................................. 90

3.2.1 Lew et al. (2011) ............................................................................................................. 90

3.2.2 Qian, Li e Ma (2014) e Qian, Li e Zhang (2014) ......................................................... 95

3.2.3 Yu e Tan (2013) .............................................................................................................. 99

G. P. LISBOA Sumário
D0230E20: Proposta de uma metodologia para simulação computacional do colapso progressivo de estruturas...

3.2.4 Qian e Li (2019) ........................................................................................................... 100

3.3 CONCLUSÕES DO CAPÍTULO ................................................................................. 101

CAPÍTULO 4 – DESENVOLVIMENTO DE UM MODELO COMPUTACIONAL


PARA REPRESENTAÇÃO DO COLAPSO EM ESTRUTURAS DE CONCRETO
ARMADO .............................................................................................................................. 103

4.1 ENSAIOS DE LEW et al. (2011) ................................................................................... 105

4.1.1 Malha de elementos finitos ......................................................................................... 105

4.1.2 Lei constitutiva dos materiais ..................................................................................... 109

4.1.3 Algoritmos de solução ................................................................................................. 117

4.1.4 Resultados .................................................................................................................... 118

4.2 ENSAIOS DE QIAN, LI E MA (2014) ......................................................................... 124

4.2.1 Malha de elementos finitos ......................................................................................... 124

4.2.2 Lei constitutiva dos materiais ..................................................................................... 130

4.2.3 Algoritmos de solução ................................................................................................. 133

4.2.4 Resultados .................................................................................................................... 133

4.3 COMENTÁRIOS ACERCA DO FATOR DE AMPLIFICAÇÃO DINÂMICA DE


GSA (2013) ............................................................................................................................ 146

CAPÍTULO 5 – ANÁLISE PARAMÉTRICA ................................................................... 148

5.1 AMOSTRA P1 – PÓRTICO PLANO........................................................................... 152

5.2 AMOSTRA S1 – PAVIMENTO COM LAJES E VIGAS .......................................... 162

CAPÍTULO 6 – MODELAGEM COMPUTACIONAL DO COLAPSO DE UM


PAVIMENTO DE CONCRETO ARMADO ..................................................................... 174

6.1 O EDIFÍCIO ................................................................................................................... 174

G. P. LISBOA Sumário
D0230E20: Proposta de uma metodologia para simulação computacional do colapso progressivo de estruturas...

6.2 DESCRIÇÃO DO MODELO COMPUTACIONAL .................................................. 178

6.2.1 Malha de elementos finitos ......................................................................................... 178

6.2.2 Lei constitutiva dos materiais ..................................................................................... 179

6.2.3 Carregamento .............................................................................................................. 179

6.2.4 Algoritmos de solução ................................................................................................. 184

6.3 ANÁLISE DE RESULTADOS ...................................................................................... 184

6.3.1 Análise não-linear estática segundo GSA (2013) ...................................................... 184

6.3.2 Comparação com o Método das Forças de Amarração do UFC 4-023-03 (DOD, 2009)
.................................................................................................................................. 185

6.3.2.1 Observações a respeito da largura da faixa de contribuição das lajes para as amarrações
................................................................................................................................................ 190
6.3.2.2 Forças de amarração – Estimativa da modelagem versus dimensionamento segundo
UFC 4-023-03 (DOD, 2009) .................................................................................................. 192
6.3.2.3 Resultados de Qian e Li (2019) – Análise comparativa ............................................. 196

CAPÍTULO 7 – CONCLUSÕES ........................................................................................ 199

7.1 DO LEVANTAMENTO BIBLIOGRÁFICO .............................................................. 199

7.2 DO MODELO COMPUTACIONAL SIMPLIFICADO PROPOSTO ..................... 200

7.3 DAS ANÁLISES PARAMÉTRICAS ........................................................................... 201

7.4 DO PAVIMENTO ANALISADO ................................................................................. 202

7.5 SUGESTÕES PARA TRABALHOS FUTUROS ........................................................ 203

REFERÊNCIAS ................................................................................................................... 205

APÊNDICE A – REVISÃO SISTEMÁTICA .................................................................... 211

A.1 SELEÇÃO DOS TRABALHOS ................................................................................... 212

G. P. LISBOA Sumário
D0230E20: Proposta de uma metodologia para simulação computacional do colapso progressivo de estruturas...

A.2 IDENTIFICAÇÃO DOS TEMAS ABORDADOS ..................................................... 215

APÊNDICE B – OBTENÇÃO DE CURVA MOMENTO-ROTAÇÃO PARA MOLAS


ROTACIONAIS COM BASE NA MCFT .......................................................................... 226

B.1 PÓRTICO IMF .............................................................................................................. 226

B.2 AMOSTRA P1................................................................................................................ 231

APÊNDICE C – MODELO DE YU (2012) PARA LIGAÇÃO VIGA-PILAR ............... 235

G. P. LISBOA Sumário
CAPÍTULO 1

INTRODUÇÃO

De acordo com o FIB Bulletin 63, o colapso progressivo é um evento relativamente raro,
resultante de um dano local a uma estrutura que carece de continuidade, ductilidade e
redundância adequadas à prevenção da propagação do dano (FIB, 2012b). Ainda segundo o
mesmo documento – e considerando-se que seu foco principal são estruturas em concreto pré-
moldado –, os projetos devem buscar atender níveis aceitáveis de segurança contra o colapso
progressivo, uma vez que seria economicamente inviável conceber estruturas que oferecessem
nível total de segurança. Para tanto, é necessário que se estabeleça o que pode ser dado por
aceitável.

O colapso progressivo, como encontrado em grande parte da literatura sobre o tema, é um tipo
de ruptura incremental, em que o dano resultante é desproporcional à causa. Segundo
Ellingwood et al. (2007), um colapso pode ser considerado progressivo se, em qualquer
pavimento, a área horizontal atingida estiver limitada inferiormente por 70 m² (há
recomendações que indicam 100 m²) ou 15% da área do piso, o menor entre os dois valores;
em se tratando da propagação vertical, é comum se limitar em, no mínimo, dois pavimentos.

A ruína por colapso progressivo ocorre quando os carregamentos ou as condições de contorno


dos elementos são alterados de forma a provocarem solicitações estáticas ou dinâmicas
superiores à resistência da estrutura, de maneira que, a menos que o projeto tenha considerado
caminhos alternativos de carga que redistribuam adequadamente os esforços, a estrutura como
um todo ou em grande parte colapsará. O colapso dos elementos continua até que: 1) a estrutura
encontre equilíbrio; ou 2) descontinuidades estruturais interrompam o colapso; ou ainda,
3) toda a estrutura entre em ruína. Na Figura 1.1, retirada de Lin et al. (2018), mostra-se um
exemplo em que, após a ruína de um pilar, a estrutura não entra em colapso total por causa da
resistência dos elementos aos esforços que surgem em caminhos alternativos de carga.

G. P. LISBOA
D0230E20: Proposta de uma metodologia para simulação computacional do colapso progressivo... 36

Figura 1.1 – Estrutura que não colapsa totalmente após a ruína de um pilar. Modificado de Lin et al. (2018).

A consideração do colapso progressivo perpassa pelo projeto da estrutura para resistir a ações
anormais. Essa terminologia se refere a ações de natureza dinâmica, geralmente relacionadas a
impactos de veículos, explosões em sistemas de gás (explosões internas) ou ataques por bomba
(explosões internas ou externas), ou até mesmo erros de projeto ou execução. Essas são ações
excepcionais definidas na ABNT NBR 8681 (ABNT, 2003). Neste sentido, também cabe
destacar que estruturas cujos projetos tenham se baseado em códigos que considerem ações de
sismos têm ganho indireto de segurança contra colapso progressivo. Mas, conforme ressalta
Yu (2012), os elementos estruturais trabalham sob diferentes estados de tensão quando em
situação de sismos (carregamentos cíclicos horizontais) ou quando em situação de colapso (com
carregamentos essencialmente verticais).

Quando são levados em conta o risco ao meio ambiente e as perdas econômicas e de vidas,
percebe-se a importância da consideração da possibilidade de ocorrência do colapso
progressivo nos projetos de estruturas. Ainda que edificações imunes a danos provocados pelo
fenômeno sejam infactíveis, é possível reduzir riscos e perdas proporcionando à estrutura
capacidade resistente suficiente para que ações de evacuação dos prédios e operações de resgate
sejam realizadas.

Com relação às formas de se considerar o colapso progressivo nas estruturas de concreto, há


duas metodologias bastante difundidas: o Método Indireto e o Método Direto. De forma
simplificada, o primeiro baseia-se em expressões empíricas para o dimensionamento de
armaduras que amarrem os elementos estruturais entre si, enquanto o segundo, por meio de

G. P. LISBOA Capítulo 1
D0230E20: Proposta de uma metodologia para simulação computacional do colapso progressivo... 37

análise estrutural, avalia a estrutura projetada a fim de torná-la menos suscetível a eventuais
cenários de colapso, utilizando para tanto, o dimensionamento de caminhos alternativos de
carga quando da ruína de determinados elementos estruturais, ou o fornecimento de resistência
adequada a regiões específicas da estrutura para que não venham a ruína caso submetidos a
carregamentos como de explosões ou impactos de veículos, por exemplo.

1.1 HISTÓRICO

Estão registrados na literatura alguns casos de edifícios que atingiram o colapso progressivo e
outros que resistiram ao fenômeno, mas que, de uma forma ou de outra, evidenciaram o tema e
sua relevância. Os mais conhecidos são brevemente apresentados a seguir.

1.1.1 Edifício Ronan Point (1968)

Possivelmente o caso mais conhecido em se tratando do tema, o edifício de apartamentos Ronan


Point, em Londres, tinha 22 andares, com 5 apartamentos por andar e com esquema estrutural
em paredes de concreto pré-moldado. As paredes e lajes eram conectadas por parafuso e
preenchimento com argamassa seca. Uma explosão de gás de cozinha em um dos apartamentos
do 18º pavimento fez com que uma parede portante fosse expulsa, incorrendo no colapso das
paredes acima e abaixo daquela. Na Figura 1.2 mostra-se imagem da parte do edifício que
sofreu ruína. O caso foi considerado como colapso progressivo devido ao fato de que o dano
total foi muito maior que a causa.

Figura 1.2 – Edifício Ronan Point após colapso. Fonte: (LARANJEIRAS; 2011).

G. P. LISBOA Capítulo 1
D0230E20: Proposta de uma metodologia para simulação computacional do colapso progressivo... 38

1.1.2 Edifício Murrah (1995)

O edifício Alfred P. Murrah era um edifício de 9 andares do governo federal norte-americano,


localizado na cidade de Oklahoma, Oklahoma, EUA. Em 1995 sofreu ataque terrorista por
explosão de um caminhão-bomba em frente sua fachada principal. A explosão levou à ruína
uma viga de transição no 3º pavimento que sustentava pilares dos pavimentos superiores e
causou danos que se estenderam cerca de 20 m para o interior do edifício. Devido a isso, o
colapso se estendeu por grande parte do edifício e estimou-se que praticamente metade da
estrutura tenha entrado em colapso. Na Figura 1.3 é mostrado o edifício após o atentado.

Figura 1.3 – Fachada do Edifício Murrah. Fonte: (LA MAZZA; 2018).

Apesar de evidenciar a vulnerabilidade de edifícios com pisos de transição ao colapso


progressivo, alguns especialistas apontaram que este caso não se trata de um, já que as
consequências foram proporcionais à causa (isto é, explosão de um caminhão-bomba).

1.1.3 Pentágono (2001)

O Pentágono é um edifício de 5 pavimentos e é sede do Departamento de Defesa dos EUA, em


Arlington, Virgínia. Com estrutura em concreto armado convencional moldado in loco, o prédio
foi atingido, em 11 de setembro de 2001, por um Boeing 757 em um ataque terrorista. O avião
voava a aproximadamente 850 km/h e a poucos centímetros do chão e penetrou cerca de 95 m
para o interior do edifício. Os pavimentos acima da área atingida, no entanto, não colapsaram
por quase 20 minutos, possibilitando a evacuação dos sobreviventes. A ruína que se sucedeu

G. P. LISBOA Capítulo 1
D0230E20: Proposta de uma metodologia para simulação computacional do colapso progressivo... 39

após esse tempo se deu devido à perda de resistência das armaduras expostas causada pelo
incêndio. A investigação constatou que os pilares apresentaram comportamento dúctil, em
grande parte graças ao cintamento (estribos helicoidais) utilizado em muitos dos pilares ao invés
da armadura transversal usual em forma de estribos isolados.

1.1.4 Khobar Towers (1996)

Khobar Towers é um conjunto de edifícios residenciais em Al-Khobar, Arábia Saudita, que


sofreu um atentado a bomba em junho de 1996. Os prédios foram concebidos em paredes
portantes em concreto pré-moldado que haviam sido dimensionadas com base na normatização
inglesa, que trazia recomendações quanto à consideração do colapso progressivo. Apesar de a
bomba ter aberto uma cratera no chão com 17 m de diâmetro e 5 m de profundidade, os danos
se restringiram apenas à fachada principal do prédio e a estrutura não ruiu. Na Figura 1.4
mostra-se a fachada do edifício atingido.

Figura 1.4 – Fachada do edifício atingido no conjunto Khobar Towers. Fonte: (LARAJEIRAS; 2011).

1.2 JUSTIFICATIVA

Uma das principais formas de se tratar o colapso progressivo em fase de projeto é por meio da
remoção de determinados elementos, vez que esta metodologia tem como principal vantagem
a avaliação dos efeitos na estrutura devidos à perda do elemento, independentemente da causa,

G. P. LISBOA Capítulo 1
D0230E20: Proposta de uma metodologia para simulação computacional do colapso progressivo... 40

possibilitando o dimensionamento de elementos adjacentes a fim de que sejam capazes de


atuarem como caminhos alternativos de carga.

Segundo Feng, Wang e Wu (2019), a metodologia dos caminhos alternativos de carga é a mais
comum e efetiva de tratar o colapso progressivo em estruturas e é, por isso, considerada
explicitamente em algumas normas e recomendações de projeto, como o UFC 4-023-03
(DOD, 2009) e o GSA (2013), tratadas mais adiante neste trabalho. Esta metodologia se dá pela
remoção de elementos verticais de sustentação (pilares ou paredes portantes) a fim de se
conhecerem as regiões da estrutura restante que possam necessitar de reforço para que tornem-
se caminhos à redistribuição de esforços. Por avaliar a estrutura sob eventuais ações reais,
encaixa-se como um dos Métodos Diretos de tratamento do colapso progressivo.

A ruína de um elemento essencial à estrutura altera drasticamente o equilíbrio estático do todo,


mas principalmente nas regiões adjacentes ao elemento atingido. Para que os esforços
anteriormente resistidos pelo elemento sejam redistribuídos e resistidos pelos adjacentes,
mecanismos de resistência adicionais, não considerados em projetos correntes, devem ser
ativados, o que está intrinsecamente associado a comportamentos não-lineares.

Neste sentido, para que seja possível a análise de determinada estrutura sob colapso progressivo
ainda em fase de projeto, o software utilizado deve ser capaz de simular seu comportamento
considerando as não-linearidades física (dependente aos materiais) e geométrica (associada ao
arranjo estrutural). Além disso, e sabendo-se que a alteração do equilíbrio estático da estrutura
pode incorrer em comportamento variável no tempo, em alguns casos análises não-lineares
dinâmicas podem ser necessárias. Dada a complexidade de se usar soluções analíticas sob todas
essas considerações, é viável discretizar a estrutura e tratar numericamente o problema.

É fato que modelagens computacionais que, além de considerarem as não-linearidades física e


geométrica, representem o mais fielmente possível a disposição espacial dos elementos
estruturais e seus componentes tendem a ser as mais eficazes em simular estruturas sob colapso.

Modelar determinada estrutura considerando seus elementos de forma simplificada, como pela
utilização de elementos finitos de pórtico (para vigas e pilares) e de casca (para lajes), por
exemplo, é uma alternativa eficiente, uma vez que pode reduzir consideravelmente os tempos
de modelagem e de processamento da estrutura.

G. P. LISBOA Capítulo 1
D0230E20: Proposta de uma metodologia para simulação computacional do colapso progressivo... 41

Com relação à representação de estruturas sob colapso via modelagem simplificada, é de se


ressaltar que o desenvolvimento de mecanismos não-lineares durante o colapso deve
contemplar também as ligações viga-pilar. As não-linearidades desenvolvidas nessas regiões
são relevantes a ponto de tornarem a simples conexão entre elementos de pórtico (representando
pilares e vigas) incapaz de representá-las adequadamente. Segundo Lowes, Mitra e
Altoontash (2003), podem ser destacados três entre esses mecanismos não-lineares: 1) o
comportamento da ancoragem das armaduras longitudinais; 2) o desenvolvimento de tensões e
deformações de cisalhamento no núcleo de concreto devidas às tensões de compressão e de
tração no perímetro da ligação; e 3) a redução de resistência e de rigidez do concreto a tensões
cisalhantes por causa da abertura de fissuras. Desta maneira, modelagens simplificadas
requerem metodologias adequadas para a representação das ligações viga-pilar.

Além disso, conforme Feng, Wang e Wu (2019), modelos simplificados, quando bem
desenvolvidos, podem também representar efeitos não-lineares locais de forma bastante
satisfatória. Assim, os modelos simplificados mostram-se como a uma boa alternativa para o
tratamento do colapso progressivo em estruturas de concreto armado em fase de projeto.

Diante do exposto, justificam-se estudos que, como o deste trabalho, com vistas à aplicabilidade
ainda em fase de projeto, proponham-se a desenvolver modelos computacionais simplificados
capazes de representar estruturas tanto bidimensionais quanto tridimensionais sob colapso de
elementos verticais resistentes e que possibilitem o tratamento de tais estruturas sob a
metodologia dos caminhos alternativos de carga.

1.3 OBJETIVOS

Este trabalho teve por objetivo geral o estudo do colapso progressivo em estruturas monolíticas
de pórtico em concreto armado moldado in loco por meio de análise teórico-computacional.

Os objetivos específicos deste trabalho são:

1) apresentar Revisão Bibliográfica acerca do colapso progressivo em estruturas


monolíticas de concreto armado moldado in loco, utilizando para isso as normas e
recomendações de projeto nacionais e internacionais mais comumente citadas em
trabalhos científicos, os quais são também contemplados na Revisão;

G. P. LISBOA Capítulo 1
D0230E20: Proposta de uma metodologia para simulação computacional do colapso progressivo... 42

2) desenvolver modelos computacionais simplificados (com a utilização de elementos


finitos de pórtico, de mola e de casca, por exemplo, ao invés de elementos sólidos) que
sejam capazes de simular o colapso progressivo observado em ensaios de pórticos
monolíticos (planos e espaciais) em concreto armado;

3) investigar, por meio de análise paramétrica em pórticos planos e tridimensionais, a


influência da esbeltez das vigas da estrutura e da taxa de armadura longitudinal desses
elementos sobre a forma de desenvolvimento do colapso na estrutura bem como sua
capacidade resistente;

4) avaliar a eficiência de recomendações de projeto baseadas em métodos indiretos para se


evitar o colapso progressivo em estruturas de concreto armado moldado in loco.

1.4 METODOLOGIA

A fim de se cumprir com o objetivo do trabalho, foram desenvolvidos modelos computacionais


simplificados planos e tridimensionais via Método dos Elementos Finitos implementado no
software DIANAⓒ v.10.2 (TNO, 2017). Esses modelos foram desenvolvidos considerando-se
os efeitos não-linearidades físicos e geométricos da estrutura que surgem em decorrência da
ruína de pilares do pórtico. Os resultados obtidos dos modelos foram validados por meio da
comparação com os obtidos experimentalmente por Lew et al. (2011) e por Qian, Li e
Ma (2014).

Os modelos assim desenvolvidos foram utilizados para a realização da análise paramétrica


proposta em pórticos planos e tridimensionais.

A modelagem desenvolvida foi também aplicada a um pavimento completo de edifício. Os


resultados obtidos por meio de análise não-linear estática desse modelo foram analisados
comparativamente aos obtidos via métodos indiretos, de forma a analisar sua eficiência.

1.5 ESTRUTURA DO TEXTO

O texto deste trabalho está dividido em sete capítulos e três apêndices. No Capítulo 1 é
apresentado o tema de estudo por meio desta introdução, que contempla histórico, objetivos,
justificativa e metodologia.

G. P. LISBOA Capítulo 1
D0230E20: Proposta de uma metodologia para simulação computacional do colapso progressivo... 43

O Capítulo 2 apresenta revisão bibliográfica com base em normas e recomendações de projeto


brasileiras e internacionais.

No Capítulo 3 apresenta-se revisão bibliográfica baseada em trabalhos científicos. Essa revisão


fica dividida em dois principais tópicos. No primeiro, tem-se uma sintetização geral dos estudos
acerca do tema. No segundo, alguns trabalhos experimentais e numéricos específicos são
abordados de forma mais detalhada, já que os estudos por eles apresentados são utilizados no
desenvolvimento dos modelos numéricos deste trabalho.

No Capítulo 4, tomando-se como base para validação estudos experimentais presentes na


literatura, apresenta-se metodologia de modelagem computacional simplificada para
representação de estruturas sob ruína de pilares. Essa metodologia contemplou, nas ligações
viga-pilar: molas rotacionais, cuja lei constitutiva baseou-se na modificação do comportamento
obtido segundo a Modified Compression Field Theory (MCFT); alteração da lei constitutiva
das armaduras a fim de se contemplar o bond-slip; e malhas de elementos finitos mais
discretizadas.

O Capítulo 5 apresenta análise paramétrica com dois dos modelos validados no Capítulo 4, um
pórtico plano e um pórtico espacial com pavimento com lajes e vigas. Essa análise foi realizada,
primeiramente, alterando-se apenas os vãos em vigas e, em um segundo momento, alterando-
se, concomitantemente, as taxas de armadura longitudinal dessas vigas.

Baseando-se também na metodologia de modelagem desenvolvida no Capítulo 4, no Capítulo 6


são mostradas análises em um pavimento completo. A solicitação verificada nas armaduras
longitudinais das vigas e nas armaduras das lajes foi comparada às forças dimensionadas
segundo o Método das Forças de Amarração proposto por UFC 4-023-03 (DOD, 2009).

No Capítulo 7 são apresentadas as considerações finais deste trabalho e sugestões para


trabalhos futuros.

O Apêndice A traz revisão bibliográfica acerca do colapso progressivo desenvolvida sob a


metodologia do mapeamento sistemático.

No Apêndice B, é apresentado o passo-a-passo para obtenção das leis de comportamento das


molas rotacionais utilizadas nas ligações viga-pilar do Capítulo 4, com base na modificação do
comportamento obtido segundo a Modified Compression Field Theory (MCFT).

G. P. LISBOA Capítulo 1
D0230E20: Proposta de uma metodologia para simulação computacional do colapso progressivo... 44

No Apêndice C, utilizando-se uma das estruturas apresentadas no Capítulo 4, os resultados


segundo a metodologia de modelagem apresentada naquele capítulo são comparados aos
obtidos quando adotada representação mais complexa das ligações viga-pilar.

G. P. LISBOA Capítulo 1
CAPÍTULO 2

REVISÃO BIBLIOGRÁFICA:
NORMAS E RECOMENDAÇÕES DE PROJETO

A seguir são apresentadas normativas e recomendações de projeto brasileiras e internacionais.


Com relação a estas últimas, a escolha das aqui relacionadas se justifica por serem mais
comumente encontradas nas citações de trabalhos científicos acerca do colapso progressivo em
estruturas de concreto. Também foi considerada necessária a disponibilidade de versões em
português ou em inglês de tais normativas e recomendações.

2.1 ABNT NBR 9062 (ABNT, 2017)

A norma brasileira de projeto e execução de estruturas de concreto pré-moldado, ABNT


NBR 9062 (ABNT, 2017), apesar de atualização extensa e recente à data deste trabalho (sua
versão anterior era de 2006), pode-se dizer que ainda não apresenta quaisquer recomendações
válidas quanto à segurança contra colapso progressivo. A única referência feita a isso está em
seu item 5.1.1.4, que diz “Devem ser tomados cuidados especiais na organização geral da
estrutura e nos detalhes construtivos, de forma a minimizar a possibilidade de colapso
progressivo”.

2.2 ABNT NBR 6118 (ABNT, 2014)

Quando de suas recomendações de segurança e de estados limites a serem atendidos, essa norma
prevê que seja considerado o estado limite último de colapso progressivo. Suas recomendações
mais explícitas, no entanto, são postas apenas quando das orientações de dimensionamento e
detalhamento de lajes.

Em seu item 19.5.4 Colapso progressivo, para lajes submetidas à punção, essa norma estabelece
como critério de segurança contra esse fenômeno a garantia de ductilidade local por meio da
ancoragem da armadura de flexão inferior que atravessa o contorno C (primeira superfície

G. P. LISBOA
D0230E20: Proposta de uma metodologia para simulação computacional do colapso progressivo... 46

crítica) além do contorno C’ ou C” (segunda ou terceira superfície crítica, respectivamente),


conforme a Figura 2.1:

Figura 2.1 – Armadura contra colapso progressivo, segundo a ABNT NBR 6118 (ABNT, 2014).

Como recomendações de detalhamento, a ABNT NBR 6118 (ABNT, 2014) prevê, ainda, que
podem ser desconsideradas as armaduras (passivas) contra colapso progressivo caso pelo menos
um cabo de armadura ativa atravesse a seção transversal dos pilares ou elementos de apoio das
lajes lisas. Outras considerações sobre espaçamentos entre as superfícies críticas, inclusive
quanto à presença de furos nas lajes, constam na norma, porém fogem aos objetivos deste
trabalho e, por isso, não serão aqui apresentadas.

2.3 ASCE 7-05 (ASCE, 2006)

A American Society of Civil Engineers, nos tópicos 1.4 General Structural Integrity e C1.4 (na
seção de comentários) da ASCE 7-05 (ASCE, 2006), cita que a integridade estrutural e,
consequentemente, a capacidade da estrutura de resistir a danos locais sem que estes resultem
em colapso total do sistema, pode ser considerada implicitamente, por meio do adequado
provimento de resistência, continuidade e ductilidade (capacidade de dissipação de energia) aos
componentes da estrutura (método indireto), e/ou explicitamente, por meio de caminhos
alternativos de carga, que redistribuem esforços originados pela falha de algum elemento, e de
resistências maiores a elementos relevantes da estrutura a fim de evitar a ruptura destes (método
direto).

São apontadas algumas premissas de projeto e de detalhamento que melhoram a integridade


estrutural, permitindo o surgimento de caminhos alternativos de carga. Dentre elas:

G. P. LISBOA Capítulo 2
D0230E20: Proposta de uma metodologia para simulação computacional do colapso progressivo... 47

1) bom plano de layout, com o qual se busca distribuição adequada de pilares e paredes a
fim de se reduzirem vãos;

2) provimento de sistema de amarrações (método indireto) entre os principais elementos


da estrutura como um todo. Tais amarrações devem ser previstas como um sistema
secundário de transmissão de carregamento, pelo qual a estrutura poderá resistir a
grandes deformações;

3) consideração de armações secundárias em lajes armadas em única direção, ainda que


com fatores de segurança inferiores aos da direção principal;

4) provimento de armaduras de flexão suficientes em lajes a fim de que se possibilite o


surgimento de ação catenária quando da eventual ruína de elemento de suporte desta
laje.

Apesar dessas ponderações, o documento cita, no entanto, que não é seu objetivo – ao menos
na versão vigente à data deste trabalho – trazer indicações específicas a respeito de
carregamentos e suas combinações, de critérios de dimensionamento e de detalhamento a serem
considerados contra o colapso progressivo.

Sobre as combinações de carregamento em eventos extraordinários, a ASCE 7-05


(ASCE, 2006) apenas comenta que, quando requerido pela norma ou recomendação seguida na
fase de projeto, resistência e estabilidade devem ser checadas a fim de se garantir que a estrutura
seja capaz de resistir aos efeitos do evento extraordinário, isto é, com baixa probabilidade de
ocorrência, como fogo, explosões e impactos de veículos, por exemplo.

2.4 ACI 318 (ACI, 2019)

Esta norma não traz recomendações explícitas à consideração do colapso progressivo em


projeto. Apenas em seu Capítulo 16, Connections Between Members, traz recomendações
gerais acerca da garantia de integridade estrutural por meio de amarrações verticais,
longitudinais e transversais e ao longo do perímetro da estrutura. Há duas seções de
recomendações, apresentadas nos itens 16.2.4 e 16.2.5. O primeiro se aplica a todas as estruturas
em concreto pré-moldado; o segundo é válido apenas para edifícios em paredes estruturais com
três ou mais pavimentos. No caso de conflito entre as duas recomendações, devem prevalecer
as deste último item.

G. P. LISBOA Capítulo 2
D0230E20: Proposta de uma metodologia para simulação computacional do colapso progressivo... 48

Para as estruturas em geral, são recomendadas resistência mínima de ligações e integridade por
amarrações. Quando da consideração desta última, as amarrações longitudinais e transversais
devem conectar os elementos a sistemas resistentes lateralmente. No caso de amarrações
verticais, estas devem ser realizadas em juntas horizontais entre elementos estruturais verticais
e devem satisfazer:

1) no caso de amarrações de colunas, é necessário que resistam a uma força de 200 Ag, em
lbf e Ag em pol², ou 0,14 Ag, em kN e Ag em cm², sendo Ag a área da seção transversal da
coluna. Para situações em que se tenham áreas superiores àquelas requeridas pelo
carregamento, é permitida a utilização destas, limitando-se a redução a 50% da área
bruta efetiva;

2) em conexões de painéis pré-moldados, devem ser providas pelo menos duas amarrações,
com resistência mínima de 44,5 kN cada.

Para estruturas em painéis com três ou mais pavimentos são prescritas distribuições e
resistências diferentes das anteriormente citadas, mas ainda com o objetivo de se garantir a
integridade por meio de amarrações. Para estes casos, a norma referencia o PCI Building Code
Committee (1986), que traz recomendações para amarrações de integridade mínimas a serem
utilizadas em estruturas em paredes portantes.

É ressaltado no texto da norma que os requisitos mínimos de resistência de ligações e de


amarrações não devem substituir outras porventura recomendadas.

Sobre as amarrações, é indicado que devem compor um completo caminho de carga, nos quais
o carregamento deve ser transferido da forma mais direta possível. Desta forma, eventuais
excentricidades destas amarrações, especialmente nas ligações, devem ser evitadas ou
minimizadas.

Destaca-se que, nessa versão de 2019, o código apresenta um Apêndice complementar à versão
de 2014, com verificações de projeto aplicáveis a análises não-lineares de estruturas sob
situações de sismos com movimentos horizontais e verticais. São apontadas orientações gerais
quanto às combinações de carregamento a serem consideradas, aos modelos e às análises a
serem desenvolvidos, bem como aos critérios de aceitação a serem utilizados. No entanto, as
indicações se referem a solicitações cíclicas. Conforme já ressaltado, no entanto, estruturas

G. P. LISBOA Capítulo 2
D0230E20: Proposta de uma metodologia para simulação computacional do colapso progressivo... 49

projetadas com considerações de sismos têm ganho indireto de resistência ao colapso


progressivo.

2.5 EUROCODE 2 (CEN, 2004)

Esta norma estabelece que estruturas que não tenham sido projetadas para resistir a ações
acidentais (“accidental actions”) devem ser providas de sistema de amarração apropriado para
estabelecer caminhos alternativos de carga em caso de danos locais e, com isso, prevenir o
colapso progressivo. Sobre as estruturas, as recomendações constam nas Seções 9, destinada
principalmente àquelas em concreto armado moldado no local, e 10, com foco nas estruturas
em concreto pré-moldado. A respeito das ações, ressalta-se que o termo “acidentais” vem de
tradução livre do texto do documento. Quando levadas em conta as definições da ABNT
NBR 8681 (ABNT, 2003), essas ações são mais bem classificadas como ações excepcionais.

Sobre as amarrações, o Eurocode 2 (CEN, 2004) coloca como necessárias, em suas Seções 9
e 10,

1) as de periferia;

2) as internas;

3) as horizontais, de colunas e/ou paredes estruturais;

4) as verticais, quando necessário, principalmente em estruturas em painéis.

É definido por esta norma que as amarrações podem ser assumidas com suas resistências
características. Além disso, armaduras com outros objetivos em colunas, paredes, vigas e pisos
podem ser consideradas como resistentes a parte ou ao total dos esforços destinados ao cálculo
das amarrações, uma vez que as amarrações são tomadas como armaduras mínimas e não como
adicionais àquelas resultantes dos esforços da análise estrutural.

Sobre os tipos de amarrações, são feitas as considerações seguintes.

2.5.1 Amarrações de Periferia

Segundo os critérios desta norma, cada nível (piso e cobertura) deve ter amarração contínua de
periferia nos 1,2 m a partir da borda, podendo para isso ser considerada a contribuição da
armadura já presente no elemento, que resista a uma força de tração de:
G. P. LISBOA Capítulo 2
D0230E20: Proposta de uma metodologia para simulação computacional do colapso progressivo... 50

Ftie, per = L q1  Q2 (2.1) a

em que Ftie,per é a força de tração no tirante (em kN) e L é o comprimento do vão final do
elemento (em m), sendo recomendados os valores de 10 kN/m e de 70 kN para q1 e Q2,
respectivamente.

Ainda, é recomendado que estruturas com contornos internos (como pátios e átrios, por
exemplo) devem ter amarrações periféricas nesses contornos da mesma forma que nos externos,
que devem ser completamente ancorados.

2.5.2 Amarrações Internas

Tais amarrações devem estar presentes em cada nível de piso e na cobertura, em duas direções
aproximadamente perpendiculares entre si, de forma que sejam compostas por armaduras
contínuas ao longo de todo o comprimento no qual estão dispostas. Essas amarrações devem
ser ancoradas às amarrações de periferia em cada um de seus extremos, a não ser que continuem
como amarrações horizontais em colunas ou paredes.

As amarrações internas devem ser, no todo ou em parte, distribuídas nas lajes ou podem ser
agrupadas junto às vigas ou no interior destas ou ainda em paredes portantes ou outra posição
apropriada. De qualquer forma, em cada uma das direções, devem ser capazes de suportar uma
tração de 20 kN/m. Nos casos em que as armaduras de amarração precisem ser posicionadas no
interior das vigas, a força de tração deve ser dada por:

L1 + L2
Ftie = q3  Q4 (2.2) a
2

em que Ftie é a força de tração no tirante (em kN) e L1 e L2 são os vãos das lajes em ambos os
lados da viga (em m, ver Figura 2.2). São recomendados os valores de 20 kN/m e de 70 kN para
q3 e Q4, respectivamente.

G. P. LISBOA Capítulo 2
D0230E20: Proposta de uma metodologia para simulação computacional do colapso progressivo... 51

Figura 2.2 – Amarrações para ações excepcionais segundo o Eurocode 2 (CEN, 2004).

2.5.3 Amarrações Horizontais, de Colunas e/ou Paredes Estruturais

Os pilares de extremidade e paredes devem ser amarrados horizontalmente à estrutura em cada


nível de piso e de cobertura. As amarrações devem ser capazes de resistir a uma força de tração
distribuída por comprimento de fachada, ftie,fac no caso de paredes, e a uma força total, Ftie,col no
caso de colunas, sendo os respectivos valores recomendados de 20 kN/m e 150 kN.

Os pilares de canto devem ser amarrados nas duas direções. Neste caso, a armadura utilizada
para amarração periférica pode ser continuada e utilizada como horizontal.

2.5.4 Amarrações Verticais

Segundo o que é posto no Eurocode 2 (CEN, 2004), estruturas em painéis com cinco ou mais
pavimentos devem ser providas de amarrações verticais em colunas e/ou paredes estruturais
(painéis) de forma a se limitar a área de dano em caso de perda acidental de colunas ou paredes
inferiores. Essas amarrações devem formar parte de um sistema que suporte um vão maior que
a área atingida.

É colocado por essa norma que amarrações verticais contínuas podem ser adotadas desde o
nível mais baixo até o mais alto, de forma que seja possível a transferência esforços no caso de

G. P. LISBOA Capítulo 2
D0230E20: Proposta de uma metodologia para simulação computacional do colapso progressivo... 52

uma coluna ou parede acidentalmente perdida. Outras considerações, como baseadas no efeito
diafragma de paredes remanescentes do dano e/ou que considerem os esforços de membrana
das lajes de piso, podem ser feitas se o equilíbrio da estrutura e sua capacidade de se deformar
forem verificados. No entanto, não são apontadas formas de se realizarem tais verificações.

2.5.5 Recomendações de continuidade e de ancoragem das amarrações

A norma em questão ainda traz algumas recomendações gerais adicionais. É indicado, por
exemplo, que amarrações horizontais em duas direções devem ser contínuas e ancoradas ao
perímetro da estrutura. Além disso, devem ser colocadas no interior de concreto moldado no
local, nos casos em que esse material seja utilizado, ou nas ligações entre elementos de concreto
pré-moldado. Ainda sobre aplicação em estruturas em concreto pré-moldado, as armaduras não
devem ser ancoradas por dobramento em juntas estreitas entre elementos. Nestes casos, devem
ser realizadas ancoragens mecânicas.

A fim de prover as ligações de capacidade de transferência de momentos, o Eurocode 2


(CEN, 2004) estabelece que as armaduras dos elementos estruturais devem ser contínuas nas
ligações e ancoradas aos elementos adjacentes. Para tanto, e tomando-se ligações viga-pilar,
por exemplo, são apontadas algumas formas de se garantir a continuidade da armadura
longitudinal da viga, como: grauteamento das armaduras nos furos passantes nos pilares;
soldagem de barras ou chapas entre as armaduras da viga e do pilar; protensão; luvas rosqueadas
ou preenchidas; trespasse de barras; entre outras.

2.6 ELLINGWOOD et al. (2007)

Esta referência traz as recomendações do National Institute of Standards and Technology, do


Department of Commerce dos Estados Unidos, reunidas no documento NISTIR 7396.

Em se tratando das amarrações destinadas a promoverem caminhos alternativos de carga,


Ellingwood et al. (2007), além de apresentarem indicações normativas já tratadas neste
trabalho, traz também as recomendações do New York City Building Code de 1998, e do World
Trade Center Building Code Task Force de 2003, nos quais o tratamento do colapso progressivo
se dá principalmente pelo método indireto por meio da definição de valores de força aos quais
as amarrações devem resistir. Essas recomendações são feitas para estruturas em concreto
armado, metálicas e em alvenaria.
G. P. LISBOA Capítulo 2
D0230E20: Proposta de uma metodologia para simulação computacional do colapso progressivo... 53

Em se tratando das indicações para estruturas em pórtico e em concreto armado e seguindo a


mesma disposição das armaduras apresentada na Figura 2.2, quando do tratamento do
Eurocode 2 (CEN, 2004), são definidos:

1) a força a ser resistida pela amarração Ft (em kN/m), é dada por:

60
Ft  
20 + 4 ns
(2.3) a

sendo ns o número de pavimentos e Ft deve ser considerada para cada metro de largura
do elemento;

2) para as amarrações horizontais, que devem ser dispostas em cada nível de piso e de
cobertura, em duas direções perpendiculares entre si e de forma que seus extremos
estejam ancorados às amarrações de periferia, o espaçamento não deve ser superior a
1,5 L, sendo L a distância entre apoios das lajes na direção da amarração. A força a ser
resistida pela amarração horizontal deve atender:

Ft

Fh   gk + qk L (2.4) a
Ft 7,5 5

sendo gk o peso próprio, em kN / m²; qk o carregamento acidental, em kN / m²; L o menor


valor entre: o vão entre colunas na direção da amarração ou 5 h, sendo h a altura livre
do pavimento, em m. Chama-se atenção, no entanto, para o fato de que a expressão (2.4)
vale apenas quando gk + qk > 7,5 kN/m² ou L > 5 m.

3) para as amarrações de periferia, em cada nível (piso e cobertura) a força a ser resistida
é de 3,3 Ft e devem ser dispostas a até 1,2 m a partir da extremidade da edificação.

4) para as amarrações verticais em pilares de extremidade, a força a ser resistida pelas


amarrações deve ser:

G. P. LISBOA Capítulo 2
D0230E20: Proposta de uma metodologia para simulação computacional do colapso progressivo... 54

 2 Ft
F  
Fv   0,8 h Ft (2.5) a
0,03 F
 vert

sendo Fvert a carga vertical última de projeto resistida pelo elemento no pavimento em
questão, em kN; e h a altura livre do pavimento, em m. Além disso, esses elementos
devem ser amarrados continuamente desde o mais baixo ao mais alto pavimento. Com
relação ao valor de 0,8 h Ft, há uma nota no documento considerando a possibilidade de
erro, visto que, em normas britânicas, o valor é de 0,4 h Ft.

Acerca dos pilares de canto, o documento indica que estes devem ser amarrados em duas
direções perpendiculares entre si, podendo, para cada uma delas, ser considerada a força
resistente calculada conforme definido pelas expressões (2.3) e (2.5).

Tanto o New York City Building Code de 1998 quanto o World Trade Center Building Code
Task Force de 2003 se referem ao método direto pela consideração de elementos-chave, mas
apenas o primeiro define que qualquer elemento essencial para a estabilidade da estrutura não
deve ruir sob carregamento uniforme de 34 kN/m2.

2.7 GENERAL SERVICES ADMINISTRATION (GSA, 2013)

GSA (2013) substitui a versão anterior, de 2003, e objetiva orientar a redução de riscos de
colapso progressivo em edifícios federais novos e reformados nos Estados Unidos. Além disso,
tal documento alinha as indicações dadas pelo Interagency Security Comittee (ISC), pelo
General Services Administration, pelas recomendações da American Society of Civil Engineers
para reabilitação de estruturas que sofreram sismos e pelo Department of Defense (DoD), a fim
de se reduzirem as controvérsias ocasionadas pela versão anterior.

Nesta recomendação, a metodologia apresentada para a consideração do colapso progressivo


nas estruturas se dá por meio da Redundância e do provimento de Caminhos Alternativos de
Carga, que devem ser identificados pela remoção de elementos estruturais verticais.

G. P. LISBOA Capítulo 2
D0230E20: Proposta de uma metodologia para simulação computacional do colapso progressivo... 55

A Redundância, que deve ser considerada em conjunto com os Caminhos Alternativos, objetiva
distribuir a capacidade de resistência ao colapso progressivo por entre os pavimentos sem que
seja necessária a remoção de um pilar ou parede estrutural. Já sobre os Caminhos Alternativos
de Carga, estes devem ser impostos a fim de que a estrutura seja capaz de resistir à remoção de
elementos estruturais verticais. A definição dos elementos a serem removidos deve ser realizada
conforme o nível de proteção exigido para a edificação em estudo, o que depende da quantidade
de pavimentos e do Facility Security Level (FSL) Nível de Segurança da Instalação [tradução
do autor]. Como é destinada a instalações do governo federal, o GSA (2013) toma o FSL tal
como é determinado em Interagency Security Committee et al. (2008), segundo o qual as
instalações federais são categorizadas em FSL’s de I a V.

Segundo o GSA (2013): para FSL’s I e II e edificações com baixa ocupação não é necessário
ser considerada a possibilidade de colapso progressivo, independentemente do número de
pavimentos; para FSL’s III e IV e edificações com 4 ou mais andares, é definido que devem ser
utilizadas tanto a metodologia dos Caminhos Alternativos de Carga, quanto a da Redundância,
ambas tratadas a seguir; para FSL V, apenas o provimento de Caminhos Alternativos de Carga
deve ser realizado, não sendo necessária a consideração de Redundância, o que se justifica pelo
fato de que, para este nível, os Caminhos Alternativos de Carga devem ser avaliados sob ruína
de pilares em todos os pavimentos do edifício. Ressalta-se que a classificação da edificação
segundo o FSL é indicada para edifícios federais, seguindo o disposto na Seção 4, Facility
Security Level Determinations for Federal Facilities, do Interagency Security
Committee (2017) e que, por fugir ao objetivo central deste trabalho, não é aqui apresentada.

A fim de estabelecer critérios de análise por método direto, este texto apresenta a Metodologia
dos Caminhos Alternativos de Carga e os Requisitos de Redundância estabelecidos por
GSA (2013).

2.7.1 Metodologia dos Caminhos Alternativos de Carga

Segundo esta referência, os elementos estruturais podem ser classificados em primários e


secundários. Os primários são os elementos responsáveis pela resistência da estrutura ao
colapso após a remoção de algum elemento de transferência de carregamentos verticais. Os
secundários são todos os demais elementos. Por exemplo, uma viga metálica é considerada
secundária caso sua ligação com o restante da estrutura não transfira momento fletor. Caso

G. P. LISBOA Capítulo 2
D0230E20: Proposta de uma metodologia para simulação computacional do colapso progressivo... 56

alguma ligação dessa viga com o restante da estrutura seja semirrígida, ela é classificada como
elemento primário por contribuir na resistência ao colapso progressivo.

Os elementos estruturais sujeitos a colapso progressivo devem ser classificados como


controlados por deformação ou controlados por força (Figura 2.3). Para tanto, o comportamento
de determinado elemento estrutural deve ser avaliado segundo gráficos Força x Deformação.
Basicamente, os elementos estruturais primários podem ser classificados como controlados por
deformação se eles possuírem ductilidade adequada, o que é definido caso a deformação última
do elemento (ponto e) seja maior ou igual a duas vezes a sua deformação linear (ponto g),
conforme Curvas Tipos 1 e 2 da Figura 2.3. Por outro lado, se o elemento não possuir
ductilidade ao final do seu regime elástico, é dito que o colapso progressivo é controlado por
força (Curva Tipo 3 da Figura 2.3). Para os elementos secundários, estes podem ser
classificados como controlados por deformação caso a deformação última regida pela Curva
Tipo 1 apresente qualquer relação e/g ou, se for regida pela Curva Tipo 2, apresente relação
e/g ≥ 2. Caso contrário, eles devem ser classificados como controlados por força. Além disso,
é definido, por exemplo, que em pórticos resistentes a momento fletor, as vigas e os pilares
possuem colapso progressivo controlado por deformação no que diz respeito aos esforços de
momento fletor, enquanto as vigas, com relação ao esforço cortante, os pilares, com relação aos
esforços cortante e axial, e as ligações, com relação ao esforço cortante, possuem colapso
progressivo controlado por força.

Figura 2.3 – Definição de colapso progressivo controlado por deformação ou por força segundo o disposto em
GSA (2013). Modificado de GSA (2013).

G. P. LISBOA Capítulo 2
D0230E20: Proposta de uma metodologia para simulação computacional do colapso progressivo... 57

Para o método dos Caminhos Alternativos de Carga, o GSA (2013) estabelece que os pilares
externos e internos sejam removidos em projeto, bem como os painéis no caso de estruturas em
paredes portantes. Inicialmente, é definido que devem ser removidos os seguintes elementos
verticais (pilares ou paredes):

1) para FSL’s III e IV, elementos verticais externos do primeiro pavimento acima do solo
e elementos verticais externos e internos de pavimentos de subsolo, áreas de
carga/descarga e áreas de acesso público não controlado;

2) para FSL V, elementos verticais externos e internos em cada pavimento. Além disso, é
posto que, ao se considerar a remoção destes elementos, ela deve ser realizada de
maneira que se garanta a continuidade dos elementos horizontais (vigas ou lajes), isto
é, o elemento vertical deve apoiar o horizontal pela face inferior deste último.

No que se refere aos pilares externos, é recomendado que pilares próximos aos centros tanto do
maior lado quanto do menor lado da edificação sejam considerados removidos, bem como os
pilares de canto e os próximos a estes (o penúltimo, por exemplo), como exemplifica a
Figura 2.4. Devem ser removidos, também, pilares em localidades críticas, que devem ser
determinadas pelo responsável seguindo a prática corrente. Essas localidades, no entanto,
devem incluir, sem se limitar, a:

1) regiões da estrutura que apresentem qualquer descontinuidade de carregamento vertical


(transições, por exemplo);

2) regiões em que a geometria horizontal da estrutura apresente grandes alterações, como


nos casos de diminuições abruptas de vãos ou cantos reentrantes;

3) pilares adjacentes pouco carregados; elementos estruturais com diferentes orientações


ou níveis de elevação.

Além disso, pilares que estejam distantes menos de 30% da maior dimensão da área de
influência do pilar removido devem ser removidos simultaneamente a este último.

G. P. LISBOA Capítulo 2
D0230E20: Proposta de uma metodologia para simulação computacional do colapso progressivo... 58

Figura 2.4 – Pilares externos a serem removidos segundo GSA (2013). Modificado de GSA (2013).

Com relação aos pilares internos, é definido que, para estruturas com estacionamento em
subsolo ou áreas de acesso público sem controle, devem ser removidos os pilares internos
localizados próximos ao meio do menor lado (1), próximos ao meio do maior lado (2) e nos
cantos da área de acesso não-controlado (3). Além disso, devem ser removidos também os
pilares no contorno da área de acesso não controlado localizados próximos ao meio do maior
lado dessa área (4), conforme mostrado na (Figura 2.5). Além desses pilares que estejam
distantes menos de 30% da maior dimensão da área de influência do pilar removido, devem ser
removidos simultaneamente a este último.

G. P. LISBOA Capítulo 2
D0230E20: Proposta de uma metodologia para simulação computacional do colapso progressivo... 59

Figura 2.5 – Pilares internos a serem removidos, segundo GSA (2013). Modificado de GSA (2013).

Para análise dos esforços segundo o método dos caminhos alternativos de carga, GSA (2013)
propõe diferentes tipos de análises:

1) Linear Estática: para estruturas de até dez pavimentos e com continuidade expressiva
ao longo dos caminhos de carga, sem grandes diferenças entre as dimensões dos vãos e
com rigidezes semelhantes entre ligações viga-pilar de cada lado do elemento vertical;

2) Não-linear Estática: pode ser aplicada a qualquer estrutura;

3) Não-linear Dinâmica: como a anterior, também pode ser amplamente empregada;

4) Análise Racional Alternativa: desde que baseada nos princípios fundamentais da


mecânica e da dinâmica, ela pode se mostrar mais apropriada a alguns tipos de
edificações, como as em paredes portantes, ainda que se baseie em cálculos manuais ou
com auxílio de planilhas eletrônicas, por exemplo.

G. P. LISBOA Capítulo 2
D0230E20: Proposta de uma metodologia para simulação computacional do colapso progressivo... 60

Por serem menos subjetivas, as três primeiras são mais passíveis de estabelecimento de
metodologia. Devido a isso, cada uma delas é abordada a seguir.

2.7.1.1 Análise Linear Estática

O modelo destinado a este tipo de análise deve ser tridimensional e incluir todos os elementos
primários, com exceção do que está sendo considerado removido. Devem ser consideradas
apenas as rigidezes e as resistências dos elementos primários e com nível de detalhe suficiente
para que se garanta o fluxo de carregamento dos pisos e da cobertura aos elementos primários.
Após a análise, tanto os elementos primários quanto os secundários devem ser verificados
quanto aos critérios de aceitação para os casos de carregamento empregados. Devido a isso, é
interessante que sejam incluídos no modelo os elementos secundários, mas com rigidezes e
resistências nulas, apenas para fins de verificação de suas deformações.

Com relação a modelos que incluam ligações entre elementos horizontais (vigas e lajes, por
exemplo) e verticais (como pilares e paredes), a resistência das ligações não deve ser incluída
no modelo com resistência superior à do elemento horizontal correspondente.

Para a consideração dos carregamentos, a estrutura deve ser analisada segundo duas
combinações distintas: 1) colapso progressivo controlado por deformação e 2) colapso
progressivo controlado por força.

Observando-se a Figura 2.6, quando o colapso progressivo é controlado por deformação, devem
ser aplicadas à estrutura, simultaneamente, as duas combinações a seguir:

GLD = LD (1, 2 gk + ( 0,5 qk ou 0, 2 sn ) ) (1)


(2.6) a
G = 1, 2 gk + ( 0,5 qk ou 0, 2 sn ) ( 2)

em que: GLD corresponde aos carregamentos gravitacionais majorados para avaliação do


colapso progressivo; G corresponde aos carregamentos gravitacionais não majorados; gk é o
carregamento permanente (dead weight), incluindo carregamentos de fachada, em kN/m²; qk é
a carga acidental gravitacional (live load), que não deve exceder a 244 kN/m²; sn é a carga de
neve, não considerada no Brasil, em kN/m²; e ΩLD é o fator de majoração adotado, que depende
do tipo de estrutura, se em pórtico ou em painéis portantes. Na equação (2.6), a combinação de
G. P. LISBOA Capítulo 2
D0230E20: Proposta de uma metodologia para simulação computacional do colapso progressivo... 61

carregamento dada pela primeira expressão deve ser considerada nas áreas hachuradas da
Figura 2.6, enquanto a combinação da segunda expressão deve ser considerada nas demais
áreas.

Ainda conforme a Figura 2.6, mas para colapso controlado por força, devem ser aplicadas à
estrutura, simultaneamente, as duas combinações de carregamento seguintes:

GLF = LF (1, 2 gk + ( 0,5 qk ou 0, 2 sn ) ) (1)


(2.7) a
G = 1, 2 gk + ( 0,5 qk ou 0, 2 sn ) ( 2)

em que: GLF corresponde aos carregamentos gravitacionais majorados para avaliação do


colapso progressivo; gk é peso próprio (dead weight) incluindo carregamentos de fachada, em
kN/m²; qk é a carga acidental gravitacional (live load), que não deve exceder a 244 kN/m²; sn é
a carga de neve, não considerada no Brasil, em kN/m²; e ΩLF é o fator de majoração adotado,
que depende do tipo de estrutura, se em pórtico ou em painéis portantes. Assim como na
equação (2.6), na (2.7) a combinação de carregamento dada pela primeira expressão deve ser
considerada nas áreas hachuradas da Figura 2.6, enquanto a combinação da segunda expressão
deve ser considerada nas demais.

G. P. LISBOA Capítulo 2
D0230E20: Proposta de uma metodologia para simulação computacional do colapso progressivo... 62

Figura 2.6 – Áreas de consideração dos carregamentos. Modificado de GSA (2013).

G. P. LISBOA Capítulo 2
D0230E20: Proposta de uma metodologia para simulação computacional do colapso progressivo... 63

Considerando-se estruturas em pórtico de concreto armado, os coeficientes de majoração são


dados por:

LD = 1, 2 mLIF + 0,8


(2.8) a
LF = 2,0

em que mLIF é o menor fator m para todas as vigas diretamente conectadas ao pilar
imediatamente acima ao considerado removido. Os fatores m das vigas podem ser determinados
conforme a Tabela 4.2 de GSA (2013) e dependem de vários parâmetros, como taxa de
armadura de flexão, presença de esforço cortante na seção e resistência à compressão do
concreto, por exemplo. Em resumo, esses fatores compreendem valores que variam de 1,75 a
19.

O GSA (2013) apresenta critérios de aceitação tanto para o colapso progressivo controlado por
deformação quanto para o colapso progressivo controlado por força. No primeiro caso, em
todos os elementos, primários e secundários, deve ser atendida a expressão (2.9):

 mQCE  QUD (2.9) a

em que QUD é a solicitação de cálculo obtida da análise linear estática oriunda do processamento
da estrutura com o apoio removido; m é o mesmo definido anteriormente; ϕ é o fator de redução
de resistência, adotado conforme o material e o código utilizados no projeto – ASCE/SEI
(ASCE, 2007) e o GSA (2013) indicam que este valor é igual à unidade; e QCE é a resistência
esperada do elemento estrutural em análise, definida como o valor médio de resistência obtida
considerando a variabilidade da resistência dos materiais, bem como encruamento e o
desenvolvimento de seções plásticas. Ressalta-se que QCE e QUD se referem a todos os tipos de
esforços atuantes nos elementos estruturais (cortante, normal e momentos fletor e torçor).

Em se tratando do critério de aceitação para o colapso progressivo controlado por força, para
elementos primários e secundários deve ser atendida a expressão (2.10).

 QCL  QUF (2.10) a

G. P. LISBOA Capítulo 2
D0230E20: Proposta de uma metodologia para simulação computacional do colapso progressivo... 64

em que QUF é a solicitação de cálculo obtida da análise linear estática oriunda do processamento
da estrutura com o apoio removido; ϕ é o mesmo coeficiente definido anteriormente; e QCL é a
resistência característica inferior do elemento estrutural em análise, definida como o valor
médio da resistência subtraído do desvio padrão. Da mesma forma que colocado para o colapso
progressivo controlado por deformação, QCL e QUF também se referem a todos os tipos de
esforços solicitantes.

Em seu Apêndice D, GSA (2013) apresenta um exemplo de análise linear estática realizada em
estrutura de pórtico em concreto armado de sete pavimentos, com arranjo estrutural regular,
considerando lajes como elementos secundários e, portanto, sem rigidez e resistência desses
elementos no modelo.

2.7.1.2 Análise Não-linear Estática

O modelo destinado a este tipo de análise deve ser tridimensional e incluir todos os elementos
primários. Não há restrições quanto a irregularidades geométricas para a utilização deste tipo
de análise. A consideração dos elementos secundários é opcional, mas vantajosa, uma vez que
eles devem ser checados após a análise do colapso controlado por deformação. Por exemplo, o
GSA (2013) recomenda que na verificação das ligações nas extremidades das vigas secundárias
em estruturas metálicas a rotação na ligação deve ser inferior à sua rotação plástica máxima
permitida. Rigidezes e resistências devem ser consideradas apenas nos elementos primários. Já
que se trata de um modelo não-linear, as deformações não-lineares são relevantes ante as
lineares (e >> g nas Curvas Tipos 1 e 2 da Figura 2.3) e os coeficientes minoradores de
resistência, ϕ, (os mesmos definidos para a Análise Linear) devem ser aplicados aos limites de
resistência não-lineares nos elementos e componentes com colapso controlado por deformação.

É recomendado que a resposta força x deformação seja definida ao longo do comprimento de


cada elemento estrutural a fim de que possam ser identificados pontos de comportamento
inelástico. As ligações entre os elementos estruturais devem ser explicitamente consideradas no
modelo caso tenham resistência ou ductilidade inferior aos elementos por elas conectados, ou
se forem observados acréscimos maiores que 10% nas deformações em decorrência da
flexibilidade desses componentes.

Para a análise do colapso da estrutura, controlada tanto por deformação quanto por força, as
seguintes combinações de carregamento gravitacional devem ser aplicadas simultaneamente:

G. P. LISBOA Capítulo 2
D0230E20: Proposta de uma metodologia para simulação computacional do colapso progressivo... 65

GN = N (1, 2 gk + ( 0,5 qk ou 0, 2 sn ) ) (1)


(2.11) a
G = 1, 2 gk + ( 0,5 qk ou 0, 2 sn ) ( 2)

em que: GN corresponde aos carregamentos gravitacionais majorados para análise não-linear


estática e que devem ser considerados nas áreas hachuradas da Figura 2.6; G corresponde aos
carregamentos gravitacionais não majorados, que devem ser considerados nas demais áreas; gk
é o carregamento permanente (dead weight) incluindo carregamentos de fachada, em kN/m²; qk
é a carga acidental gravitacional (live load), que não deve exceder a 244 kN/m²; sn é a carga de
neve, não considerada no Brasil, em kN/m²; e ΩN é o fator de amplificação dinâmica adotado,
que depende do tipo de estrutura, se em pórtico ou em painéis portantes e pode ser definido
conforme Tabelas 3.5, 4.1 e 4.3 de GSA (2013) e da Equação 5-1 de ASCE/SEI (ASCE, 2007).
Para estruturas em pórtico de concreto armado, foco deste trabalho, o fator de amplificação
dinâmica é dado pela expressão (2.12):

0,45
N = 1,04 +
 pra
+ 0,48 (2.12) a
y

em que: ΩN é o fator de amplificação dinâmica; θpra é o ângulo de rotação plástica admissível


estabelecido nos critérios de aceitação das Tabelas 4.1 e 4.3 de GSA (2013) e se refere a
elementos estruturais, componentes ou ligações; e θy é a rotação correspondente ao escoamento
do aço, que é determinada segundo a Tabela 6.5 da ASCE/SEI (ASCE, 2007). Em se tratando
de ligações, o GSA (2013) estabelece que θy se refere à rotação de escoamento do elemento que
chega à ligação (viga, laje etc.), ao passo que θpra se refere à ligação em si. Ainda, pilares são
omitidos na determinação de ΩN.

O valor de ΩN deve ser calculado para todo elemento primário (estando incluídas as ligações
viga-pilar e excluídos os pilares) que toque ou esteja no interior do perímetro ABCD da
Figura 2.6. De mão de todos os valores calculados, toma-se o maior valor de ΩN.

Além dos valores definidos, é indicado, também, que os carregamentos devem ser aplicados de
forma incremental até o valor total definido. Devem ser aplicados no mínimo 10 passos de

G. P. LISBOA Capítulo 2
D0230E20: Proposta de uma metodologia para simulação computacional do colapso progressivo... 66

carregamento e o software deve ser capaz de, a cada passo, alcançar a convergência
iterativamente antes de que seja admitido o passo seguinte.

A respeito dos critérios de aceitação para colapsos controlados por deformação, GSA (2013)
coloca que todos os elementos primários e secundários devem apresentar capacidade de
deformação superior às máximas obtidas na análise não-linear. Acerca da aceitação dos
resultados obtidos para colapsos controlados por força, é definido que deve ser atendida a
expressão (2.13):

 QCL  QUF (2.13) a

em que QUF é a solicitação de cálculo obtida da análise não-linear estática oriunda do


processamento da estrutura com o apoio removido; ϕ é o mesmo coeficiente definido para
análises lineares estáticas; e QCL é a resistência característica inferior do elemento estrutural
em análise, definida como o valor médio subtraído do desvio padrão. Da mesma forma que
colocado para o colapso progressivo controlado por força na análise linear estática, QCL e QUF
também se referem a todos os tipos de esforços solicitantes.

2.7.1.3 Análise Não-linear Dinâmica

O modelo destinado a este tipo de análise deve ser tridimensional e incluir todos os elementos
primários. A seção dos elementos a serem removidos devem também compor o modelo. Não
há restrições quanto a irregularidades geométricas para a utilização deste tipo de análise. A
consideração dos elementos secundários é opcional, mas vantajosa, uma vez que eles devem
ser checados após a análise do colapso controlado por deformação. Para verificar ligações de
vigas em estruturas metálicas, por exemplo, GSA (2013) aponta que a rotação da região da
ligação deve ser inferior à sua rotação plástica máxima permitida. Rigidezes e resistências
devem ser consideradas apenas nos elementos primários. Já que se trata de um modelo não-
linear, as deformações não-lineares são relevantes ante as lineares (e >> g nas Curvas Tipos 1
e 2 da Figura 2.3) e os coeficientes minoradores de resistência devem ser aplicados aos limites
de resistência não-lineares nos elementos e componentes com ação controlada por deformação.

É recomendado que a resposta força x deformação seja definida ao longo do comprimento de


cada elemento a fim de que possam ser identificados pontos de comportamento inelástico. O

G. P. LISBOA Capítulo 2
D0230E20: Proposta de uma metodologia para simulação computacional do colapso progressivo... 67

comportamento força x deslocamento de cada componente deve ser considerado, incluindo


perda de resistência e resistência residual, se houver. As ligações devem ser explicitamente
consideradas no modelo caso tenha resistência ou ductilidade inferior aos elementos por elas
conectados, ou se forem observados acréscimos maiores que 10% nas deformações em
decorrência da flexibilidade desses componentes.

A fim de que sejam considerados colapsos controlados por deformação e por força, a seguinte
combinação de carregamento gravitacional deve ser aplicada a toda a estrutura:

GND = 1,2 gk + ( 0,5 qk ou 0,2 sn) (2.14) a

em que: GND corresponde aos carregamentos gravitacionais para análise não-linear dinâmica;
gk é o carregamento permanente (dead weight) incluindo carregamentos de fachada, em kN/m²;
qk é a carga acidental gravitacional (live load), que não deve exceder a 244 kN/m²; sn é a carga
de neve, não considerada no Brasil, em kN/m². Diferentemente das análises linear estática e
não-linear estática, em que são estabelecidas diferentes áreas para diferentes combinações, aqui
a única combinação de carregamento indicada, dada pela equação (2.14), deve ser considerada
em toda a estrutura.

Para a análise dinâmica é definido um procedimento de carregamento do modelo da estrutura.


Partindo-se de carregamento nulo, os carregamentos gravitacionais devem ser aplicados
monotonicamente e proporcionalmente à toda a estrutura, antes que se remova o elemento
estudado. Após atingir o equilíbrio, o elemento deve ser removido, preferencialmente de forma
instantânea (o tempo de duração da remoção não deve ser maior que um décimo do período
associado à resposta da estrutura ao movimento vertical dos elementos acima do removido). A
análise deve se manter por tempo suficiente para que seja observado o maior deslocamento
vertical ou para que se complete um ciclo de movimento vertical, o maior entre os dois.

A respeito dos critérios de aceitação para colapsos controlados por deformação, GSA (2013)
coloca que todos os elementos primários e secundários devem apresentar capacidade de
deformação superior às máximas obtidas na análise não-linear dinâmica. Acerca da aceitação
dos resultados obtidos para colapsos controlados por força, é definido que deve ser atendida a
expressão (2.15):

G. P. LISBOA Capítulo 2
D0230E20: Proposta de uma metodologia para simulação computacional do colapso progressivo... 68

 QCL  QUF (2.15) a

em que QUF é a solicitação de cálculo obtida da análise não-linear dinâmica oriunda do


processamento da estrutura com o apoio removido; ϕ é o mesmo coeficiente definido para
análises estáticas; e QCL é a resistência característica do material. Da mesma forma que colocado
para o colapso progressivo controlado por força nas análises estáticas, QCL e QUF também se
referem a todos os tipos de esforços solicitantes.

2.7.2 Requisitos de Redundância

Os requisitos de redundância devem ser aplicados em conjunto com os de Caminhos


Alternativos de Carga explicitados. Segundo o GSA (2013), para que seja garantida a
redundância, a estrutura deve ser provida de sistemas de redistribuição de esforços capazes de
redirecionar carregamentos gravitacionais a elementos adjacentes ante a perda de algum
elemento vertical resistente. Para tanto, tais sistemas devem ser colocados no perímetro externo
da estrutura a fim de que se atinjam os requisitos apontados a seguir.

Inicialmente, a quantidade mínima de sistemas de redistribuição de esforços incorporados à


estrutura é definida dividindo-se a quantidade de pavimentos por três, arredondando-se o
resultado para o inteiro superior. O número de sistemas resultante deve ser distribuído ao longo
da altura da estrutura, de forma que não haja espaçamento maior que três pavimentos.

Em se tratando da resistência, o GSA (2013) estabelece que para cada elemento portante (pilar
ou parede) externo removido ao nível do solo, a variação da resistência de projeto de qualquer
sistema de redistribuição de esforços deve ser menor que 30% da resistência média dos sistemas
de redistribuição ao longo da altura do edifício, como coloca a expressão (2.16). Elementos
internos não precisam ser considerados.

QRi − QR
 0,3 (2.16) a
QR

G. P. LISBOA Capítulo 2
D0230E20: Proposta de uma metodologia para simulação computacional do colapso progressivo... 69

em que: QRi é a resistência de projeto de um dado sistema de redistribuição de esforços no andar

correspondente ao pilar externo removido; QR é a resistência média dos sistemas de

redistribuição ao longo da altura do edifício associados ao pilar externo removido.

A resistência de projeto de determinado sistema de redistribuição, QR, é determinada ao se


considerar a resistência esperada de todos os elementos horizontais que contribuem com a
redistribuição dos carregamentos gravitacionais, como definido pela expressão (2.17).

QR =  QC (2.17) a

em que: ϕ é o fator de redução de resistência e depende da norma de projeto utilizada; e QC é a


resistência de projeto de um único elemento.

Os elementos a serem considerados para a redistribuição dos carregamentos gravitacionais são


aqueles dispostos no interior de uma única área de laje perpendicular ao elemento vertical
removido, como mostra a Figura 2.7.

Figura 2.7 – Disposição dos elementos a serem considerados no sistema de redistribuição de esforços.
Modificado de GSA (2013).

G. P. LISBOA Capítulo 2
D0230E20: Proposta de uma metodologia para simulação computacional do colapso progressivo... 70

A resistência de projeto necessária de um único elemento para determinado esforço, QC, deve
considerar todas as ações gravitacionais atuantes sobre o elemento e suas ligações, cujos
materiais devem ter leis de comportamento determinadas pela norma de projeto correspondente.

A resistência média dos sistemas de redistribuição ao longo da altura do edifício, QR , fica então

definida pela expressão (2.18).


n
QRi
QR = i =1
(2.18) a
n

em que n é a quantidade de sistemas de redistribuição ao longo da altura do edifício.

Os requisitos de redundância de GSA (2013) também estabelecem critérios de rigidez. À


semelhança do que é definido para os requisitos de força, é estabelecido que para cada elemento
portante (pilar ou parede) externo removido ao nível do solo, a variação da rigidez à flexão de
projeto de qualquer sistema de redistribuição de esforços deve ser menor que 30% da rigidez à
flexão média dos sistemas de redistribuição ao longo da altura do edifício, como coloca a
expressão (2.19). Elementos internos não precisam ser considerados.

K Ri − K R
 0,3 (2.19) a
KR

em que: KRi é a rigidez à flexão de um dado sistema de redistribuição de esforços no andar

correspondente ao pilar externo removido; KR é a rigidez à flexão média dos sistemas de

redistribuição ao longo da altura do edifício associados ao pilar externo removido.

A rigidez à flexão de determinado sistema de redistribuição, KR, é determinado ao se considerar


a rigidez à flexão esperada de todos os elementos horizontais que contribuem com a
redistribuição dos carregamentos gravitacionais, como definido pela expressão (2.20).

KR =  KC (2.20) a

G. P. LISBOA Capítulo 2
D0230E20: Proposta de uma metodologia para simulação computacional do colapso progressivo... 71

em que: ϕ é o fator de redução de resistência e depende da norma de projeto utilizada; e KC é a


rigidez de projeto de um único elemento.

A disposição dos elementos a serem considerados segundo os critérios de rigidez à flexão segue
o mesmo esquema apresentado na Figura 2.7, para os critérios de resistência.

A rigidez à flexão necessária de um único elemento, KC, deve ser determinada considerando-se
as condições de apoio anteriormente à remoção do pilar ou parede portante e a estrutura sujeita
a carregamento distribuído.

A rigidez à flexão média dos sistemas de redistribuição ao longo da altura do edifício, KR ,

fica então definida pela expressão (2.21).


n
K Ri
KR = i =1
(2.21) a
n

em que n é a quantidade de sistemas de redistribuição ao longo da altura do edifício.

2.8 UFC 4-023-03 (DOD, 2009)

O documento intitulado Design of Buildings to Resist Progressive Collapse, elaborado pelo


Department of Defense, dos Estados Unidos, traz recomendações de projeto contra o colapso
progressivo. Segundo o próprio código, é destinado a planejamento, projeto, construção,
manutenção e reabilitação de estruturas destinadas a departamentos militares, agências de
defesa e demais atividades do Departamento de Defesa. Além disso, o documento coloca que
suas recomendações devem ser utilizadas em edificações com mais de três pavimentos e com
mais de 25% de ocupação.

O UFC 4-023-03 (DOD, 2009) é um dos códigos mais completos acerca do tema, já que
contempla os métodos direto e indireto, destinados a estruturas de concreto, aço e madeira.

O método direto é abordado tanto segundo o Método da Resistência Local Específica, em que
determinados elementos estruturais e suas ligações devem ser dimensionados sob
carregamentos específicos incomuns e, portanto, é um método que depende da natureza do
carregamento; quanto segundo o Método dos Caminhos Alternativos de Carga em que

G. P. LISBOA Capítulo 2
D0230E20: Proposta de uma metodologia para simulação computacional do colapso progressivo... 72

determinados elementos fundamentais são considerados removidos (dano independente da


causa) e o sistema estrutural é verificado quanto à capacidade de não sofrer ruína. As
recomendações do documento para este último método, no entanto, são praticamente as mesmas
do GSA (2013) e já apresentadas.

O método indireto é tratado sob o chamado Tie Force Method, ou Método das Forças de
Amarração, em tradução livre. Para tanto, UFC 4-023-03 (DOD, 2009) define forças de
amarração mínimas a fim de prover continuidade, ductilidade e redundância entre os elementos
estruturais e à estrutura como um todo, a fim de que sejam desenvolvidos caminhos alternativos
de carga em caso de falha de um pilar, por exemplo. Essas forças de amarração podem ser
providas por elementos estruturais dimensionados segundo os métodos de projeto
convencionais. Caso tais elementos não se mostrem suficientes, estes devem ser
redimensionados ou devem ser acrescentados elementos adicionais.

Considerando-se que não é objetivo deste trabalho apresentar procedimentos ou metodologias


que estejam associados a carregamentos atípicos, como explosões ou impactos de veículos, por
exemplo, e tendo-se as considerações de UFC 4-023-03 (DOD, 2009) acerca do método dos
caminhos de carga abordadas por GSA (2013) de forma mais completa, apresenta-se aqui, para
este código, apenas o Método das Forças de Amarração.

2.8.1 Método das Forças de Amarração

Segundo esta referência, devem ser providos três tipos de amarração à estrutura em estudo:
amarrações longitudinal e transversal (amarrações internas), amarração periférica e amarração
vertical, conforme Figura 2.8.

G. P. LISBOA Capítulo 2
D0230E20: Proposta de uma metodologia para simulação computacional do colapso progressivo... 73

Figura 2.8 – Amarrações em uma estrutura em pórtico. Modificado de UFC 4-023-03 (DOD, 2009).

Para que seja empregada essa metodologia, UFC 4-023-03 (DOD, 2009) coloca que as
estruturas reticuladas devem conter, nas duas direções, quatro ou mais áreas retangulares (ou
quadradas) delimitadas por elementos estruturais verticais, como pilares nos cantos ou paredes
portantes ao longo das bordas.

São estabelecidos pelo UFC 4-023-03 (DOD, 2009) os coeficientes de ponderação da


solicitação e da resistência em projeto – Load and Resistance Factor Design –, por meio dos
quais se consideram as incertezas inerentes às resistências dos materiais, aos erros de construção
e à magnitude dos carregamentos, por exemplo. Considerando-se que todas essas incertezas
ainda se fazem presentes em situação de colapso da estrutura, os coeficientes de ponderação da
solicitação e da resistência em projeto devem ser considerados. É determinado então, conforme
expressão (2.22), que a resistência de projeto da amarração, Rn, deve ser maior ou igual a
resistência requerida, Ru.

 Rn  Ru (2.22) a

G. P. LISBOA Capítulo 2
D0230E20: Proposta de uma metodologia para simulação computacional do colapso progressivo... 74

em que: ϕ – é o fator de redução de resistência, tomado por UFC 4-023-03 (DOD, 2009)
conforme estabelecido pelo ACI 318 (ACI, 2014) e igual a 0,75;

Rn – é a resistência nominal da amarração, calculada por código específico,


dependendo do material utilizado;

ϕ Rn – é a resistência de projeto para a amarração;

Ru – resistência requerida para a amarração, igual a Σ γi Qi;

γi – é o coeficiente de majoração do carregamento;

Qi – é a solicitação em análise.

A respeito do valor da resistência nominal da amarração, UFC 4-023-03 (DOD, 2009) o adota
igual a 1,25 Rn em seu Apêndice D, que apresenta um exemplo de dimensionamento de
amarrações para estruturas em pórtico de concreto armado, de forma que se tem 0,75 (1,25 Rn)
no lado esquerdo da inequação (2.22). Tratando do método dos caminhos alternativos de carga,
no entanto, GSA (2013) considera, em seu item 3.2.3, a resistência nominal igual à resistência
requerida.

Por considerar que a ruína de determinado elemento estrutural leva o sistema de laje ou piso a
transferir, horizontalmente, as cargas verticais por meio dos mecanismos de resistência
disponíveis, UFC 4-023-03 (DOD, 2009) define que deve ser calculado o carregamento de
laje/piso por meio da expressão (2.23):

wF = 1,2 D + 0,5 L (2.23) a

em que: wF é a carga distribuída resultante sobre a laje, em kN/m²; D é a carga permanente


atuante, em que se incluem o peso próprio e carregamento permanente imposto, em kN/m²; e L
é a carga variável atuante, em kN/m².

Segundo o UFC 4-023-03 (DOD, 2009), as solicitações oriundas do projeto de amarrações


devem ser consideradas de forma separada das resultantes das metodologias de projeto
correntes. Para o projeto de amarrações, são definidos apenas carregamentos verticais sobre os
sistemas de laje/piso, de forma que não há incidência de cargas de vento, por exemplo.

G. P. LISBOA Capítulo 2
D0230E20: Proposta de uma metodologia para simulação computacional do colapso progressivo... 75

Nos itens 2.8.1.1 a 2.8.1.4, são detalhadas as forças de amarração requeridas, a distribuição e a
localização das amarrações longitudinais e transversais, periféricas e verticais segundo o
UFC 4-023-03 (DOD, 2009).

2.8.1.1 Amarrações Longitudinais e Transversais

Os sistemas de piso e teto devem ser utilizados para a disposição destas amarrações. Vigas
podem ser utilizadas para provimento parcial ou total das forças de amarração apenas se, na
ligação com outros elementos, tiverem capacidade verificada de suportar rotações superiores a
0,20 rad. Essas rotações, segundo o próprio UFC 4-023-03 (DOD, 2009), em seu Apêndice B,
são tomadas iguais às rotações observadas nas extremidades de vigas (chord rotations) para
estruturas em pórtico, isto é, iguais às relações (u / L), em que u é o deslocamento vertical entre
dois apoios consecutivas da viga e L é o comprimento da viga.

Amarrações longitudinais e transversais devem ser distribuídas ortogonalmente entre si ao


longo do sistema de piso e devem ser ancoradas às amarrações periféricas em cada extremidade.
O espaçamento não deve ser maior que 0,2 LT ou 0,2 LL, em que LT e LL são, respectivamente,
as maiores distâncias entre os centros de pilares, pórticos ou paredes portantes na direção
analisada. A determinação de LT e LL se dá conforme mostrado na Figura 2.9.

Figura 2.9 – Direção das amarrações internas, espaçamento entre elas e apresentação de como determinar L1.
Modificado de UFC 4-023-03 (DOD, 2009).

G. P. LISBOA Capítulo 2
D0230E20: Proposta de uma metodologia para simulação computacional do colapso progressivo... 76

A força requerida para as amarrações internas (longitudinais e transversais) é dada pela


expressão (2.24).

Fi = 3 wF L1 (2.24) a

em que: Fi é a força requerida, em kN/m; wF é o carregamento no piso, conforme


expressão (2.23); e L1 é a maior distância entre centros de pilares, pórticos ou paredes portantes
na direção analisada, obtido conforme Figura 2.9.

2.8.1.2 Amarrações Periféricas

Os sistemas de piso e teto devem ser utilizados para a disposição destas amarrações. Vigas
podem ser utilizadas para provimento parcial ou total das forças de amarração apenas se, na
ligação com outros elementos, tiverem capacidade verificada de suportar rotações superiores a
0,20 rad.

Em edifícios formados por mais de um estrutura independente (por exemplo, separadas por
juntas) em que uma parte tenha de um a dois pavimentos e a outra parte tenha mais de três
pavimentos, as amarrações periféricas devem ser dispostas em todos os pavimentos contíguos,
tanto na estrutura mais baixa quanto na estrutura mais alta.

A força requerida para as amarrações periféricas é dada pela expressão (2.25).

Fp = 6 wF L1 LP + 3WC (2.25) a

em que: Fp é a força requerida, em kN/m; wF é o carregamento no piso, conforme


expressão (2.23); e L1 é a maior distância entre centros de pilares, pórticos ou paredes portantes
na direção analisada (ainda que a Figura 2.9 se refira a amarrações internas, este valor é
determinado da mesma forma por ela apresentada); LP é igual a 1 m; WC é igual a
1,2 (carregamento permanente de revestimento sobre a faixa de largura L1).

2.8.1.3 Disposição das amarrações internas e periféricas

Ao ponderar que as vigas não são projetadas para suportar grandes rotações, é recomendado
por UFC 4-023-03 (DOD, 2009) que os sistemas de amarração interna e periférica sejam
G. P. LISBOA Capítulo 2
D0230E20: Proposta de uma metodologia para simulação computacional do colapso progressivo... 77

dispostos pela laje ou piso. Neste sentido, a menos que seja verificado que a capacidade de
rotação da viga analisada e de suas ligações seja superior a 0,20 rad, o posicionamento destas
amarrações é limitado conforme a Figura 2.10.

Figura 2.10 – Restrições de posicionamento para amarrações periféricas e internas que sejam paralelas ao eixo
longitudinal de vigas. Modificado de UFC 4-023-03 (DOD, 2009).

2.8.1.4 Amarrações Verticais

Pilares e paredes portantes devem ser utilizados para receber e transmitir a resistência de
amarração vertical requerida. Cada um desses elementos verticais deve ser amarrado
continuamente do topo, no último nível da edificação, à base. Essas amarrações devem ser
retilíneas e não precisam se estender às fundações.

As amarrações verticais devem ter resistência equivalente ao maior carregamento vertical


recebido pelo pilar ou parede em qualquer pavimento, o que deve ser definido utilizando-se a
área de influência do elemento e o carregamento vertical distribuído wF, definido na
expressão (2.23).

G. P. LISBOA Capítulo 2
D0230E20: Proposta de uma metodologia para simulação computacional do colapso progressivo... 78

2.9 CONCLUSÕES DO CAPÍTULO

Em se tratando da norma brasileira de projeto e execução de estruturas de concreto pré-


moldado, ABNT NBR 9062 (ABNT, 2017), é apontado que devem ser tomados cuidados
especiais em fase de projeto a fim de se minimizar a possibilidade de ocorrência de colapso
progressivo, mas não é apresentada nenhuma forma de se fazer isso.

Com relação à norma de projeto de estruturas de concreto armado, ABNT NBR 6118
(ABNT, 2014), é indicado que deve ser considerado o estado limite último de colapso
progressivo, e não há definição de tipologias de edificações em que tal consideração deve ser
feita. A norma apenas apresenta recomendações específicas de detalhamento de armaduras
longitudinais em regiões de lajes lisas submetidas a punção, de forma que essas armaduras não
são definidas com base em análise estrutural que considere a ocorrência de carregamentos
específicos, por exemplo. A não ser por essas situações de projeto, não há definição sequer de
amarrações entre elementos estruturais (método indireto) a fim de se proverem continuidade,
ductilidade e integridade estruturais adequadas à prevenção do colapso progressivo.

Neste sentido, apesar de a consideração do colapso progressivo ser recomendação normativa,


no Brasil a possibilidade de ocorrência desse fenômeno é negligenciada nos projetos de
estruturas de concreto, o que se deve, primordialmente, à falta de orientações e metodologias
sobre como o tema deve ser abordado e em que situações isso deve ser feito.

Sobre a definição de forças de amarração (método indireto) por normas e recomendações de


projeto internacionais, aponta-se que é em geral associada a arranjos estruturais bastante
regulares, e, no caso de estruturas reticuladas, com lajes apoiadas em vigas e de conformações
retangulares ou quadradas. As forças de amarração definidas são determinadas sem análise
estrutural e, em se tratando das amarrações horizontais em um pavimento, em geral, assume-se
que as solicitações devidas ao colapso variam linearmente com o vão na direção considerada.
É possível, no entanto, que isso não seja uma regra, e que haja variações dependentes da
quantidade de elementos estruturais no pavimento e da quantidade de pavimentos, por exemplo.
Outro ponto é que, ao contrário do que ocorre no Brasil, estruturas reticuladas em concreto
norte-americanas e europeias (origens das principais recomendações com base em forças de
amarração) são normalmente contraventadas, o que confere a elas maiores caminhos
alternativos de carga e incorre em menor solicitação das amarrações em eventual colapso.

G. P. LISBOA Capítulo 2
D0230E20: Proposta de uma metodologia para simulação computacional do colapso progressivo... 79

Acerca dos métodos diretos, por serem baseados em análise estrutural, levam a abordagens mais
precisas do colapso progressivo em fase de projeto. Das recomendações que se pautam no
dimensionamento de caminhos alternativos de carga, no entanto, que têm definições mais
completas em GSA (2013) à data deste texto, não há exemplos de aplicação para todas as
metodologias de análise propostas. Para estruturas em pórtico monolítico de concreto armado,
por exemplo, é apresentado apenas um exemplo de análise linear estática de um edifício com
conformação retangular. Exemplos de análise não-linear estática ou não-linear dinâmica não
são contemplados.

Destaca-se também que as normas geralmente não classificam estruturas de forma a definir
diferentes níveis de probabilidade de ocorrência do colapso progressivo. Neste sentido, códigos
com metodologia única de abordagem desse fenômeno (via método indireto, por exemplo)
podem levar a projetos conservadores e pouco econômicos. Dentre os poucos documentos que
classificam as estruturas e definem metodologias adequadas a cada nível de probabilidade de
ocorrência de colapso progressivo, é notável, no entanto, que essas classificações se restringem
a estruturas específicas, como de edificações federais e militares.

Esse conjunto de fatores evidencia que o tema ainda é pouco conhecido e se mostra como um
vasto campo de estudo a ser explorado.

G. P. LISBOA Capítulo 2
CAPÍTULO 3

REVISÃO BIBLIOGRÁFICA: TRABALHOS CIENTÍFICOS

Neste capítulo é apresentada a revisão com base em trabalhos científicos, em formato de artigo,
de dissertação de mestrado ou de tese de doutorado. Com relação aos artigos, alguns
apresentados neste item não necessariamente estão contemplados na Revisão Sistemática
apresentada no Apêndice A deste trabalho.

A seguir, a revisão é dividida em dois tópicos: no primeiro, estudos gerais acerca do colapso
progressivo, as metodologias mais comumente encontradas em estudos tanto experimentais
quanto teóricos e numéricos são apresentados; no segundo são apresentados alguns trabalhos
específicos que podem ser utilizados no desenvolvimento de modelos numéricos simplificados
com fins à aplicação em análises de estruturas complexas deste tipo sob situação de colapso.

3.1 SINTETIZAÇÃO DE ESTUDOS GERAIS

Jayasooriya et al. (2011) apresentaram a análise da capacidade residual de um edifício após


sofrer um ataque de bomba próximo à sua fachada e ao nível do chão. Os estudos foram
realizados em dois estágios: no primeiro, o edifício foi todo modelado em um pórtico espacial
com elementos de pórtico, para vigas e pilares, e de casca, para lajes e núcleo rígido do elevador,
e submetido a análise elástico-linear e pseudo-plástica para avaliação do comportamento global
da estrutura; no segundo, as regiões críticas observadas nos resultados do estágio anterior foram
modeladas com elementos tridimensionais – validadas com ensaios experimentais de outros
autores em trabalhos precedentes – e submetidas a análise não-linear elasto-plástica. A
justificativa para se proceder ao primeiro estágio, utilizando elementos de pórtico, foi baseada
em dois pontos: 1) expor todo o edifício ao carregamento ocasionado pela explosão, sendo que
toda a estrutura deve se comportar elasticamente durante o evento para manter a estabilidade e
a integridade; 2) o problema, se modelado todo o edifício com discretização em elementos
tridimensionais de todos os pilares, vigas e lajes, demandaria um esforço computacional grande,
principalmente em se tratando da realização de uma análise não-linear. Além disso, Jayasooriva
et al. (2011) afirmaram ser a análise em regime elástico-linear a mais apropriada para se

G. P. LISBOA
D0230E20: Proposta de uma metodologia para simulação computacional do colapso progressivo... 81

determinarem as zonas críticas da estrutura, as quais devem ser avaliadas isoladamente em


momento posterior. Pontua-se aqui, também, que elementos finitos de pórtico são mais
adequados à verificação de esforços que surgem nesse tipo de estrutura, como de momento
fletor e de cortante, por exemplo, já que elementos finitos sólidos apresentam resultados
principais apenas em termos de deslocamentos nodais e de tensões.

A fim de investigar a suscetibilidade de um edifício alto em concreto armado ao colapso


progressivo provocado por explosão ao nível do chão em um suposto ataque terrorista, Al-
Salloum et al. (2017) modelaram, em elementos finitos e no programa LS-DYNA, um edifício
com 4 subsolos, térreo e mais 23 pavimentos, sujeito a um carregamento por choques de onda
de pressão. Inicialmente, foi gerado um modelo completo do edifício, com elementos de
pórtico, para vigas e pilares, e de casca, para lajes e núcleo rígido do elevador; neste modelo foi
realizada análise linear global. A análise local baseou-se na modelagem de um dos pilares
críticos (identificados na análise anterior), utilizando, para tanto, elementos tridimensionais
para o concreto e de barra para as armaduras. Ao final, foi apontado que a análise linear global
é eficaz em mostrar ao projetista a quais elementos se deve prover maior resistência, em quais
regiões do pórtico devem ser garantidos maiores níveis de ductilidade e qual deve ser o plano
para se reduzir a suscetibilidade ao colapso progressivo do edifício que está sendo projetado.
Além disso, verificou-se que a modelagem dos elementos críticos utilizando elementos finitos
tridimensionais proporciona melhor avaliação do comportamento desses elementos em
situações de colapso.

Almusallam et al. (2018), ao utilizarem esquema experimental semelhante ao de Elsanadedy et


al. (2017), mostrado na Figura 3.1, com uma amostra em concreto moldado in loco e duas em
concreto pré-moldado com diferentes ligações viga-pilar, apontaram que as estruturas em
concreto pré-moldado são muito mais suscetíveis ao colapso progressivo que aquelas
correspondentes em concreto moldado in loco devido à falta de continuidade e à ductilidade
deficiente. Para chegar a essa e a outras conclusões, os autores simularam um cenário de perda
do apoio central por meio da imposição de um deslocamento a uma taxa de 100 mm/s. Isso
deveu-se a limitação do atuador utilizado, o que pode ter reduzido os efeitos inerciais com
relação aos que de fato seriam observados em situações reais, com taxas mais altas – e avaliaram
os resultados em termos dos padrões de ruína, das curvas carga x deslocamento do apoio central
e de deformações. Com relação aos efeitos inerciais reduzidos pelas limitações experimentais
dos ensaios, os autores destacaram que, apesar de, em situações reais, o nível de tensões

G. P. LISBOA Capítulo 3
D0230E20: Proposta de uma metodologia para simulação computacional do colapso progressivo... 82

observadas ser maior, tal efeito é compensado pelo ganho de resistência dos materiais devido
ao maior nível de deformações inerente. Desta forma, os autores concluíram que o erro devido
ao ensaio quasi-estático foi relativamente pequeno.

Figura 3.1 – Esquema dos pórticos ensaiados por Almusallam et al. (2018). Modificado de Elsanadedy et
al.; 2017)

(a)

(b)

(c)

Kang e Tan (2016), por meio de ensaios experimentais que simulam a perda do pilar central em
quatro pórticos em concreto pré-moldado, cada um com duas vigas sobre três pilares,
apresentaram resultados que indicaram ser importante a consideração das ações de arco de
compressão (Figura 3.2) e de catenária (forças de tração, semelhante ao que ocorre em cabos

G. P. LISBOA Capítulo 3
D0230E20: Proposta de uma metodologia para simulação computacional do colapso progressivo... 83

pendurados horizontalmente) nas vigas, uma vez que exercem grande influência sobre os pilares
de extremidade e nas ligações viga-pilar. As ligações e o topo das vigas foram feitos com
concreto moldado in loco e o carregamento, monotônico quasi-estático. O esquema de ensaio é
mostrado na Figura 3.3. Segundo Kang e Tan (2016), o provimento de caminhos alternativos
de carga passa pela capacidade de a estrutura desenvolver os mecanismos apontados, o que
pode ocorrer apenas se os pilares de extremidade apresentarem rigidez suficiente para não
romperem por força cortante e permitirem o surgimento dessas ações, o que também depende
do nível de restrição horizontal provida por esses pilares. Apesar de ter variado as dimensões
dos pilares de extremidade, uma das conclusões do trabalho foi que a relação entre esses
parâmetros e as forças horizontais que surgem no pórtico devem ser objeto de estudo de
trabalhos experimentais e analíticos futuros. Essa recomendação foi, inclusive, uma lacuna do
estado-da-arte acerca do assunto, evidenciada na Revisão Sistemática apresentada neste
trabalho quando da classificação dos artigos científicos quanto à ênfase.

Figura 3.2 – Esquema de formação do arco de compressão.

Figura 3.3 – Esquema de ensaio desenvolvido por Kang e Tan (2016).

G. P. LISBOA Capítulo 3
D0230E20: Proposta de uma metodologia para simulação computacional do colapso progressivo... 84

Elsanadedy et al. (2017) desenvolveram modelos não-lineares em elementos finitos com


elementos sólidos no software LS-DYNA para simular o comportamento de estruturas em
concreto pré-moldado não protendidas submetidas a situações de remoção de pilares. Para tanto,
primeiramente realizaram ensaios experimentais em três pórticos, utilizando-os para validação
de três modelos numéricos. Com os modelos validados, modelaram outros tipos de ligação a
fim de obterem novos parâmetros de avaliação da eficiência de ligações viga-pilar. Parte dos
modelos numéricos dos pórticos pré-moldados apresentados por Elsanadedy et al. (2017) são
mostrados na Figura 3.4. Nos modelos computacionais foram considerados o comportamento
não-linear do concreto e do aço, os efeitos das deformações sobre as propriedades dos materiais
(efeitos de fissuração no concreto, por exemplo) e o contato entre as superfícies nas ligações.
Por fim, os modelos numéricos indicaram, assim como os resultados experimentais, que o
modelo b da Figura 3.4 foi relativamente melhor que o modelo a no que se refere à resistência
contra colapso progressivo. Isso se deve ao fato de que, enquanto no modelo a a viga foi apenas
apoiada em uma placa de neoprene sobre o consolo, no modelo b as ligações viga-pilar foram
feitas por meio de chapa metálica soldada (no lugar do neoprene) a duas cantoneiras, uma fixada
ao consolo e outra à extremidade inferior da viga. Essa última ligação, portanto, tem maior
capacidade de transferência de esforços de momento entre os elementos e forças axiais à viga.
Além disso, são propostos dois novos parâmetros para avaliação de ligações viga-pilar, 1) a
eficiência do carregamento de pico e 2) a eficiência energética. Tais parâmetros podem ser
utilizados para comparação entre diferentes ligações monolíticas com concreto moldado no
local e barras de aço contínuas em cima e embaixo.

G. P. LISBOA Capítulo 3
D0230E20: Proposta de uma metodologia para simulação computacional do colapso progressivo... 85

Figura 3.4 – Parte dos modelos numéricos desenvolvidos por Elsanadedy et al. (2017).

Tohidi e Baniotopoulos (2017) estudaram o efeito catenária (ações de membrana) em painéis


formados por lajes alveolares quando da remoção de uma parede de apoio sob a ligação entre
dois painéis. Para tanto, avaliaram cinco amostras, experimentalmente e por simulações
computacionais no software ABAQUS, variando as amarrações longitudinais no
preenchimento dos alvéolos por meio de diferentes comprimentos de embutimento, taxas de
armadura de amarração utilizadas e resistências à compressão do graute de preenchimento dos
alvéolos. Com relação ao esquema experimental, a geometria geral das amostras é apresentada
na Figura 3.5. Visto que a ligação intermediária laje-laje estava sustentada por uma viga
metálica ao início do ensaio e que o mecanismo de carregamento podia atuar abaixo e acima do
arranjo ensaiado (ver Figura 3.6), o carregamento foi aplicado em duas etapas: na primeira, a
viga foi sendo removida para baixo até a perda do contato, simulando a perda da parede de
apoio; na segunda, iniciada imediatamente ao final da primeira, a estrutura de carregamento
passa a aplicar deslocamento vertical forçado para baixo a uma taxa de 6 mm/min. Os resultados
do estudo levaram à conclusão de que, para prover capacidade de desenvolvimento do efeito

G. P. LISBOA Capítulo 3
D0230E20: Proposta de uma metodologia para simulação computacional do colapso progressivo... 86

catenária nas lajes alveolares, a estrutura deve suportar grandes deslocamentos sem colapsar.
Neste sentido, as amostras com amarrações com comprimento de ancoragem insuficiente –
segundo a BS 8110 (1997) – tiveram maior êxito, já que as demais, por não permitirem o
deslizamento da armadura, apresentaram rompimento das barras sob pequenos deslocamentos,
chegando à ruína antes de alcançarem a ação catenária. Além disso, os resultados obtidos em
diversos modelos em elementos finitos considerando diferentes tipos de carregamento (desde
monotônico, como no ensaio experimental, àqueles simulando a queda de um painel de laje
superior sobre o ensaiado) os levaram a concluir que as solicitações nas amarrações não sofrem
tanta influência da forma de aplicação do carregamento.

Figura 3.5 – Vista em planta do esquema experimental utilizado por Tohidi e Baniotopoulos (2017), no qual uma
viga metálica simula a parede de apoio intermediária e nas extremidades as lajes estão ligadas a vigas metálicas
fixas também por meio de amarrações.

Laje

G. P. LISBOA Capítulo 3
D0230E20: Proposta de uma metodologia para simulação computacional do colapso progressivo... 87

Figura 3.6 – À esquerda, visão geral do esquema experimental utilizado por Tohidi e Baniotopoulos (2017), no
qual se é possível ver o mecanismo de aplicação das duas etapas de carregamento. À direita, detalhe do
mecanismo, em que se vê a viga de apoio intermediário (ligação laje-laje), responsável pela primeira etapa de
carregamento, e a estrutura superior, relativa à segunda etapa de carregamento.

Qian e Li (2018) apresentaram avaliação experimental de diferentes tipos de ligação entre


elementos pré-moldados. O programa experimental foi desenvolvido com três amostras em
escala 1:3: uma com pilares, vigas e lajes em concreto moldado no local; uma com elementos
em concreto pré-moldado e ligações viga-pilar por pino; e a última também com elementos pré-
moldados, mas ligações por chapa soldada. As lajes das amostras em concreto pré-moldado
eram compostas por painéis alveolares. Na Figura 3.7 é mostrado um pórtico, em planta e em
corte, do qual buscou-se simular a ruína de um pilar de extremidade, por ensaio experimental
em uma subestrutura, também indicada na imagem; na Figura 3.8 é mostrada a geometria de
ensaio, em que foram aplicados deslocamentos em regime quasi-estático ao ponto A2,
simulando a localização do pilar sob ruína. A fim de se corrigir a solicitação quasi-estática
durante o ensaio, foi utilizado um fator de amplificação dinâmica igual a 2,0. Como conclusões,
Qian e Li (2018) apontaram ser as ligações por pino muito mais eficientes que as por chapa
soldadas para o combate ao colapso progressivo, uma vez que aquelas permitem maiores
deslocamentos e o desenvolvimento dos efeitos de arco de compressão e de catenária nas vigas
e de ações de membrana nos painéis alveolares, apesar de proverem resistência pré-fissuração

G. P. LISBOA Capítulo 3
D0230E20: Proposta de uma metodologia para simulação computacional do colapso progressivo... 88

e rigidez inicial bastante inferiores. Por fim, recomendaram estudos experimentais em escalas
reais e por meio de modelos computacionais pelo método dos elementos finitos.

Figura 3.7 – Pórtico com colapso simulado por Qian e Li (2018). À esquerda, esquema em planta; à direita,
esquema em corte.

Figura 3.8 – Representação em planta do esquema experimental de Qian e Li (2018) com ligações por pino.

La Mazza (2018), ao utilizar como base os estudos experimentais de Qian, Li e Ma (2014),


trabalhou com modelos simplificados em elementos finitos criados no software DIANAⓒ

G. P. LISBOA Capítulo 3
D0230E20: Proposta de uma metodologia para simulação computacional do colapso progressivo... 89

v.10.1. Os esquemas experimentais contemplaram vigas e lajes em concreto monolítico


formando uma estrutura plana horizontal, de forma que não houve elementos lineares
representando os pilares. Apesar de Qian, Li e Zhang (2014) também terem apresentado
modelos numéricos calibrados com os ensaios experimentais de Qian, Li e Ma (2014), La
Mazza (2018) ressaltou que tais modelos, embora tenham utilizado elementos de casca para
representação das lajes, compuseram as vigas com geometria e elementos tridimensionais, o
que inviabiliza, de certa maneira, a aplicação de modelos assim a estruturas muito grandes,
dado o grande esforço computacional requerido. Desta forma, La Mazza (2018) propôs
modelagem mais simplificada, mantendo a representação das lajes com elementos de casca,
mas utilizando elementos de pórtico para modelar as vigas. Os pilares, também não
contemplados no ensaio experimental, tiveram suas rigidezes aos movimentos axiais das vigas
e das lajes representadas por molas translacionais não-lineares (na horizontal), enquanto
restringiram completamente os movimentos verticais. O apoio elaborado por La Mazza (2018)
para representação dos pilares e das ligações viga-pilar é mostrado na Figura 3.9. Os resultados
encontrados foram bastante satisfatórios, mas esbarraram no inconveniente da não
representação dos pilares como elementos lineares que são de fato, o que é extremamente
necessário na análise de uma estrutura multipavimentos, e, consequentemente, na necessidade
de calibração das molas a fim de que forneçam a rigidez horizontal necessária ao
desenvolvimento dos mecanismos de arco de compressão e catenária, nas vigas, e compressão
de membrana e tração de membrana, nas lajes.

Figura 3.9 – Apoio elaborado por La Mazza (2018) para as vigas. Adaptado de La Mazza (2018).

Molas translacionais Amarração


não lineares rígida

G. P. LISBOA Capítulo 3
D0230E20: Proposta de uma metodologia para simulação computacional do colapso progressivo... 90

3.2 DETALHAMENTO DE TRABALHOS ESPECÍFICOS

Dado o objetivo deste trabalho, foram escolhidos alguns trabalhos da literatura para serem
detalhados e que serviram de base para a validação dos modelos computacionais desenvolvidos
neste texto.

3.2.1 Lew et al. (2011)

Este documento corresponde ao NIST Technical Note 1720, do National Institute of Standards
and Technology, do Departamento do Comércio dos Estados Unidos. Nele é apresentado um
extenso estudo experimental e computacional de dois arranjos de pórticos planos, ambos
compostos por uma viga contínua sustentada por três pilares, nos quais se simula a perda do
pilar central. Os dois arranjos representam parcialmente dois pórticos de dez pavimentos
projetados conforme recomendações do ACI 318 (ACI, 2002) dadas com o objetivo de se
reduzirem os efeitos de colapsos desproporcionais. Enquanto um foi projetado segundo
recomendações para categoria intermediária de sismos (Pórtico IMF Intermediate Moment
Frame, correspondente à Seismic Design Category C), o outro seguiu critérios para categoria
especial de sismos (Pórtico SMF – Special Moment Frame, correspondente à Seismic Design
Category D). Os carregamentos foram definidos conforme a ASCE 7-02 (ASCE, 2002).

O trabalho de Lew et al. (2011) foi escolhido para apresentação aqui de forma mais completa
por alguns motivos. Um fator relevante é o de que as metodologias utilizadas, os resultados e
suas análises foram detalhadamente apresentados ao longo do documento. Além disso, Lew et
al. (2011) apresentaram dados colhidos do início do ensaio até a perda de resistência total da
estrutura, contemplando o desenvolvimento dos mecanismos de arco de compressão e de efeito
catenária.

Os esquemas experimentais de Lew et al. (2011) contemplaram ensaios em amostras em escala


real e simularam a perda do pilar central por meio da aplicação de deslocamento monotônico à
taxa de 25 mm/min até que a capacidade resistente do conjunto fosse anulada. Foram coletados
dados de deslocamentos verticais e horizontais, rotações nas extremidades das vigas e
deformações das armaduras em vários pontos.

Lew et al. (2011) apresentaram também dois modelos numéricos calibrados para cada um dos
ensaios experimentais realizados: 1) um modelo chamado “reduzido”, com elementos de

G. P. LISBOA Capítulo 3
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pórtico para as vigas e pilares e, para as ligações viga-pilar, quadros formados por barras rígidas,
cuja distorção angular foi regida por molas rotacionais não-lineares, dispostas em extremidades
opostas de uma mesma diagonal do quadro; e 2) um modelo denominado “detalhado”, com
elementos sólidos para o concreto e elementos de pórtico para as armaduras longitudinais e
transversais. Ambos os modelos foram capazes de representar todo o ensaio e os mecanismos
de resistência observados no ensaio experimental. Com relação ao primeiro, Lew et al. (2011)
ressaltaram a importância do modelo para a aplicação em estudos que contemplem estruturas
completas e não apenas parciais, como a esquematizada.

Os dados geométricos dos Pórticos IMF e SMF são apresentados na Figura 3.10, na qual se vale
da simetria de ambos baseada no pilar central. Sobre o comportamento dos arranjos durante o
ensaio, foram destacadas três principais ocorrências visivelmente notadas, nesta ordem:
1) esmagamento do concreto na região superior das vigas nas regiões próximas ao pilar
intermediário; 2) desenvolvimento de maiores fissuras (aprofundamento e alargamento)
devidas à flexão; e 3) rompimento de uma das barras de aço inferiores e abertura de uma grande
fissura junto ao pilar intermediário. Juntando-se tais observações aos resultados obtidos, Lew
et al. (2011) dividiram o ensaio em três etapas principais: 1) a formação do efeito de arco de
compressão, devido em grande parte à restrição horizontal provocada pelos pilares, propiciando
ganho de resistência (até 296 kN de força e 127 mm de deslocamento vertical do pilar central
no Pórtico IMF e até 903 kN e 112 mm no Pórtico SMF, respectivamente); 2) a formação de
rótulas plásticas devido à plastificação das armaduras tracionadas e ao esmagamento do
concreto sob os esforços de flexão, o que causa a redução da capacidade resistente da estrutura;
e 3) a formação do efeito de ação catenária, observado a partir do ponto em que o deslocamento
do pilar intermediário alcança valores maiores que a altura da viga e foi caracterizado pelo
comportamento de toda a viga à tração, proporcionando ganho de resistência. O ensaio
procedeu até o rompimento de uma barra inferior junto ao pilar intermediário (em 547 kN de
força e 1092 mm de deslocamento vertical do pilar central no Pórtico IMF e em 1232 kN e
1219 mm no Pórtico SMF, respectivamente). Estas etapas são esquematizadas na Figura 3.11.

G. P. LISBOA Capítulo 3
Figura 3.10 – Dados geométricos1 das amostras IMF, à esquerda do Eixo de Simetria, e SMF, à direita do Eixo
de Simetria, estudadas por Lew et al. (2011). As cotas ao longo das vigas indicam as seções em que há alteração
de área de armadura. Dimensões fora de escala.

__________________________
1
Correspondência entre bitolas das barras de aço: No. 4 = 12,7 mm; No. 8 = 25,4 mm; No. 9 = 28,65 mm;
No. 10 = 32,26 mm.

G. P. LISBOA Capítulo 3
Figura 3.11 – Mecanismos de resistência desenvolvidos ao longo do ensaio simulando a perda do pilar central.
Modificado de Lew et al. (2011).

Apesar de ter sido observado, ao final do ensaio, que as armaduras de flexão das vigas já haviam
plastificado até mesmo no meio do vão, a ruptura foi observada apenas na armadura inferior
junto ao pilar removido, o que sugere que a capacidade rotacional das ligações viga-pilar é
também responsável pelo efeito catenária, uma vez que foram observadas rotações concentradas
nessas regiões.

A respeito dos modelos numéricos apresentados por Lew et al. (2011), foi posto que foram
desenvolvidos a fim de se conhecer melhor os processos de redistribuição de esforços e o
consequente desenvolvimento das solicitações em eventuais amarrações. Foram consideradas
não-linearidades geométricas e físicas (inclusive ruptura dos materiais) nos modelos. Em
ambos, o carregamento, a exemplo do que foi realizado no esquema experimental, foi aplicado
por imposição de deslocamento vertical para baixo no pilar central a uma pequena taxa, de
G. P. LISBOA Capítulo 3
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forma a se garantirem respostas estáticas, sem a necessidade de amplificação dinâmica. Atendo-


se aos objetivos deste trabalho, no entanto, apenas o modelo reduzido é abordado, e é ilustrado
na Figura 3.12.

Figura 3.12 – Modelo reduzido apresentado por Lew et al. (2011).

No modelo citado, foram utilizados elementos de pórtico de Hughes-Liu disponíveis no


software LS-DYNA, que são elementos com representação da seção transversal por
estratificação em camadas, obtida de degeneração do elemento sólido de oito nós também
implementado no software, e integração da seção no ponto médio ao longo do elemento. Além
disso, diferentes curvas tensão-deformação podem ser introduzidas para o aço e para o
concreto. O aço foi representado por material elasto-plástico com possibilidade de serem
modificadas as curvas tensão-deformação, o que foi utilizado para a consideração dos efeitos
de bond-slip. Acerca do concreto, foram considerados dois tipos de materiais: 1) aos elementos
considerados não críticos (com efeitos não-lineares reduzidos), foi admitido um modelo não-
linear físico sem critério de falha; e 2) aos elementos considerados críticos (com grandes efeitos
não-lineares), foi adotado um modelo não-linear físico com comportamento diferente na tração
e na compressão e com critério de falha definido pelos autores. O documento não deixou claro
quais os trechos dos pilares e das vigas foram considerados críticos ou não-críticos.

As ligações viga-pilar foram modeladas por meio da utilização de quadros retangulares com
barras rígidas (axialmente e à flexão) e os quatro nós rotulados. O equilíbrio foi garantido por
duas molas rotacionais não-lineares, uma no nó superior esquerdo e outra no nó inferior direito,
as quais tiveram suas curvas momento-rotação obtidas por meio da utilização da Teoria do
Campo de Compressão Modificada (Modified Compression Field Theory MCFT), de Vecchio
e Collins (1986), da qual se obtém uma curva distorção angular-tensão cisalhante.

G. P. LISBOA Capítulo 3
D0230E20: Proposta de uma metodologia para simulação computacional do colapso progressivo... 95

Os resultados obtidos do modelo resultante indicaram boa equivalência com aquele do ensaio
experimental, em termos tanto das curvas força x deslocamento do apoio central e esforços
axiais na viga x deslocamento do apoio central (nas quais pode ser observado o
desenvolvimento dos efeitos de arco de compressão e ação catenária), quanto dos
deslocamentos máximos observados. Essas curvas serão mostradas mais adiante, quando da
apresentação da modelagem do ensaio experimental de Lew et al. (2011) realizada neste
trabalho.

3.2.2 Qian, Li e Ma (2014) e Qian, Li e Zhang (2014)

O esquema experimental de Qian, Li e Ma (2014) é aqui apresentado brevemente com


finalidade de esclarecer o seu emprego na calibração do modelo computacional. As estruturas
ensaiadas foram projetadas conforme prescrições do ACI 318 (ACI, 2008) com diferentes vãos
livres e taxas de armadura e considerando carregamentos permanente e acidental de 6,2 e
3,0 kN/m², respectivamente. A resistência à compressão de projeto do concreto foi de 25 MPa
e a tensão de escoamento de projeto do aço foi de 460 MPa. Devido a limitações de espaço no
laboratório em que foram realizados os ensaios, as amostras tiveram suas dimensões reduzidas
para 1/4 das de fato utilizadas em projeto. A Figura 3.13 representa a amostra S1, em que “VT”
indica as vigas transversais (na direção de menor vão) e “VL” indica as vigas longitudinais (na
direção de maior vão). Na Figura 3.14 são apresentadas as amostras P1 e T1, sendo que T1 tem
as mesmas vigas internas de S1, mas sem as lajes (já que a ausência destes elementos resulta
em solicitações praticamente nulas nas vigas externas); e P1 é o pórtico plano que contém as
vigas longitudinais na amostra T1.

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Figura 3.13 –Amostra S1 de Qian, Li e Ma (2014). R6 se refere a barras lisas de 6 mm de diâmetro; T10, T13 e
T16 se referem a barras nervuradas de 10, 13 e 16 mm de diâmetro, respectivamente. Dimensões em mm.

G. P. LISBOA Capítulo 3
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Figura 3.14 – Amostras P1, destacada em azul, à esquerda; e T1, destacada em vermelho, à direita.

No trabalho também foram ensaiadas as amostras P2, T2 e S2. A única diferença entre S1 e S2
foi o fato de terem sido considerados, nesta última, vãos iguais nas direções longitudinal e
transversal e apenas vigas de seção 140 x 80 mm. T2 tem as mesmas vigas internas da amostra
S2 e a amostra P2 é o pórtico plano que contém as vigas em uma única direção da amostra T2
(iguais às vigas transversais da amostra T1).

Representado pela Figura 3.15, o esquema experimental de Qian, Li e Ma (2014) contou com
oito bases de apoio metálicas para os pilares de canto e de extremidade. Ao pilar intermediário
(central), do qual foi simulada a ruptura, não foram fixadas bases de apoio. A ruína desse pilar
foi simulada por meio da imposição de deslocamento vertical por macaco hidráulico (número 2
na Figura 3.15). O aparato de aço (número 3) garantiu que o deslocamento fosse vertical ao
longo do ensaio e que, consequentemente, a ruptura obedecesse à simetria das amostras.
Transdutores de deslocamentos foram utilizados para as medições de deslocamentos em vários
pontos da amostra ensaiada. Além disso, strain gauges também foram colocados nas armaduras
antes da concretagem para avaliação das deformações nas barras de aço.

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Figura 3.15 – Esquema experimental utilizado por Qian, Li e Ma (2014). À esquerda, a amostra S1. À direita, a
amostra T1.

Os resultados experimentais obtidos evidenciaram os mecanismos de resistência ao colapso


progressivo já mencionados neste trabalho, quais sejam o efeito de arco de compressão e a ação
catenária. Além destes, no entanto, devido à presença das lajes, foram destacados também os
efeitos de compressão e de tração de membrana. A contribuição das lajes na resistência dos
pavimentos deu-se: 1) pelo acréscimo de resistência observado mesmo após a força
correspondente ao escoamento das armaduras (rótulas plásticas), devido aos efeitos de arco de
compressão e compressão de membrana; e 2) pelo segundo acréscimo de resistência (após
queda com relação ao primeiro pico), devido à ação catenária e à tração de membrana. As
relações de resistência verificadas entre as amostras são apresentadas no item 4.2 deste trabalho.

A exemplo do que foi observado nos ensaios de Lew et al. (2011), a força última das amostras
P1, P2, T2, S1 e S2 ficou associada ao rompimento das armaduras longitudinais inferiores das
vigas junto ao pilar removido. No caso da amostra T1, uma imperfeição inicial fez com o que
a ruptura se desse pelo desenvolvimento de grandes fissuras devidas ao cisalhamento a partir
de determinado instante ao longo do ensaio.

G. P. LISBOA Capítulo 3
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Todas as amostras de Qian, Li e Ma (2014) foram modeladas numericamente por Qian, Li e


Zhang (2014) no software DIANAⓒ, em sua versão 10.1, e são citados por La Mazza (2018),
como já comentado anteriormente. Adiciona-se aqui, no entanto, o fato de que, de posse dos
modelos calibrados, Qian, Li e Zhang (2014) também realizaram uma análise paramétrica com
as amostras T2 e S2 a fim de avaliar a influência da taxa de armadura longitudinal das vigas,
da altura das vigas, da taxa de armadura das lajes e da espessura das lajes sobre o primeiro e o
último picos de carga. Os resultados obtidos indicaram que o aumento da taxa de armadura
longitudinal das vigas melhorou significativamente a resposta das estruturas ao colapso
progressivo, ao passo que a altura das vigas teve maior efeito sobre o efeito arco de compressão
do que sobre a ação catenária. De mesmo modo, o aumento da taxa de armadura das lajes teve
grande relevância sobre o desenvolvimento da tração de membrana, enquanto a espessura das
lajes teve maior efeito sobre a compressão de membrana.

3.2.3 Yu e Tan (2013)

Yu e Tan (2013) realizaram análise paramétrica experimental sob esquemas de ensaio


semelhantes ao de Qian, Li e Ma (2014) para as amostras P1 e P2, simulando pórticos planos.
Nesse estudo foram ensaiadas experimentalmente oito amostras em concreto monolítico,
contemplando diferentes taxas de armadura longitudinal superior e inferior e diferentes relações
L / h, sendo L o vão e h a altura das vigas. As variações dos parâmetros foram realizadas sobre
dois espécimes de referência projetadas segundo o ACI 318-05.

Com relação à taxa de armadura longitudinal inferior, os resultados de Yu e Tan (2013)


indicaram que, quanto maior este parâmetro, maior a rigidez do sistema (maior o nível de
resistência sob um mesmo deslocamento), principalmente sob baixos níveis de deslocamento,
compreendendo o desenvolvimento do efeito arco de compressão e o início da ação catenária.
Com relação à ação catenária, o aumento desse parâmetro permitiu que houvesse maiores níveis
de deslocamento antes do rompimento da armadura longitudinal inferior.

Yu e Tan (2013) colocaram que a taxa de armadura longitudinal superior tem maior relevância
que a inferior, pois os resultados obtidos indicaram que, apesar de influenciar pouco o
desenvolvimento do efeito de arco de compressão, o aumento da armadura longitudinal superior
retardou o rompimento da armadura inferior e elevou significativamente a resistência última

G. P. LISBOA Capítulo 3
D0230E20: Proposta de uma metodologia para simulação computacional do colapso progressivo... 100

devida à ação catenária. Faz-se aqui uma ressalva quanto a este ponto, no entanto, por dois
principais motivos:

1) das amostras ensaiadas naquele trabalho, a resistência última deu-se com o rompimento
das armaduras superiores das vigas nas seções junto aos pilares removidos, de forma
que foram observados incrementos de resistência mesmo após a ruína das armaduras
inferiores, diferentemente do que ocorreu nos Pórticos IMF e SMF de Lew et al. (2011)
e nos ensaios de Qian, Li e Ma (2014);

2) as variações impostas à armadura superior foram diferentes das atribuídas às armaduras


inferiores. Dessa mesma forma, a maior taxa de armadura adotada para a armadura
inferior foi significativamente menor que a estabelecida para a superior, o que pode ter
tornado mais relevantes os efeitos da taxa de armadura superior.

Em se tratando da relação L / h, quando reduzida, os resultados obtidos indicaram que o


comportamento em relação ao esforço cortante torna-se mais relevante, podendo impedir que a
ação catenária desenvolva níveis de resistência superiores aos devidos ao efeito arco de
compressão. Na contramão, o aumento dessa relação torna mais evidentes os efeitos de flexão
e axiais, favorecendo o desenvolvimento de maiores resistências sob a ação catenária. Os
resultados obtidos evidenciaram que, para relações L / h muito pequenas, a resistência ao
colapso progressivo seja regida pelo efeito de arco de compressão, que se desenvolve a menores
níveis de deslocamento que os observados para a ação catenária. Yu e Tan (2011) sugeriram,
portanto, que há um limite inferior para L / h a partir do qual a resistência devida à ação
catenária seja superior àquela por arco de compressão.

3.2.4 Qian e Li (2019)

Sob o mesmo esquema experimental utilizado por Qian e Li (2018), com mesma geometria,
mesmo tipo de carregamento, Qian e Li (2019) avaliaram três arranjos estruturais que
contemplaram vigas, lajes e representação de pilares sem considerá-los como elementos
lineares. Das três amostras, uma em concreto monolítico, utilizada como de controle, e duas em
concreto pré-moldado com painéis de lajes alveolares, buscou-se avaliar a resiliência das
estruturas pré-moldadas e o efeito dos painéis e das vigas transversais no provimento de
resistência ao colapso progressivo. Para tanto, diferentemente do que foi apresentado no
trabalho anterior, que teve foco na avaliação de ligações viga-laje por pino e por chapa soldada,

G. P. LISBOA Capítulo 3
D0230E20: Proposta de uma metodologia para simulação computacional do colapso progressivo... 101

Qian e Li (2019) executaram essas ligações e o topo das vigas em concreto moldado in loco,
com barras de aço soldadas para garantir continuidade no interior das ligações e avaliam a
interferência da disposição dos painéis alveolares na fase construtiva (na maior ou na menor
dimensão da estrutura) no comportamento da estrutura pré-moldada sob colapso. Além disso,
de posse dos resultados obtidos nos ensaios quasi-estáticos e embasados nos estudos de Qian e
Li (2014) e de Tsai (2010), que utilizaram abordagem baseada em energia, concluíram ser este
um procedimento eficaz para determinação da curva de resistência dinâmica dos arranjos
estruturais por meio da expressão:

1 ud
PCC (ud ) =
ud 0
PNS (u) du (3.1) a

em que: PCC (ud) é a função de resistência dinâmica; PNS (u) é o valor do carregamento de ensaio
resistido sob deslocamento u; e ud é o deslocamento total até o ponto analisado.

As principais conclusões do trabalho levantam que: 1) nas estruturas pré-moldadas foram


observados efeitos de arco de compressão nas vigas e de compressão de membrana nos painéis
comparáveis àqueles em estruturas monolíticas; 2) em virtude da descontinuidade entre os
painéis alveolares, as tensões de membrana nesses elementos foram insignificantes, de maneira
que a resistência sob grandes deformações se deve principalmente ao efeito catenária nas vigas;
3) as forças comumente indicadas em normas e recomendações de projeto para
dimensionamento de amarrações são conservadoras, especialmente em se tratando das
amarrações horizontais, por serem estas normalmente consideradas distribuídas nas lajes, na
contramão dos resultados do estudo, que indicaram ser as vigas as principais responsáveis por
suportar os esforços de tração, tanto em estruturas monolíticas quanto nas pré-moldadas.

3.3 CONCLUSÕES DO CAPÍTULO

Percebe-se, dos trabalhos avaliados, várias metodologias diferentes de abordagem do colapso


progressivo em estruturas de concreto armado. Dos estudos experimentais apresentados,
percebe-se a dificuldade de esquemas de ensaio capazes de representar adequadamente a
remoção instantânea de elementos verticais resistentes. Neste sentido, grande parte desses
estudos realizaram a imposição de deslocamentos verticais monotônicos, geralmente com

G. P. LISBOA Capítulo 3
D0230E20: Proposta de uma metodologia para simulação computacional do colapso progressivo... 102

velocidades máximas na ordem de 25 mm/min, limitando os efeitos inerciais nas estruturas.


Esses estudos experimentais têm sido, no entanto, bastante relevantes para o conhecimento dos
mecanismos de resistência ao colapso progressivo, intrinsecamente associados a efeitos não-
lineares físicos e geométricos.

Com relação aos estudos computacionais já desenvolvidos, grande parte deles teve foco em
representar esquemas experimentais previamente realizados. Nesses casos, etapas de calibração
tiveram grande importância e, de maneira geral, as metodologias de modelagem desenvolvidas
levaram a modelos representativos dos esquemas experimentais utilizados como base. Modelos
computacionais são bastante relevantes, já que permitem a identificação de efeitos localizados
não detectados experimentalmente por dificuldades técnicas de instrumentação, por exemplo, e
por possibilitarem o desenvolvimento de estudos paramétricos. No entanto, geralmente não são
aplicáveis a esquemas experimentais diferentes ou a estruturas completas sob situação de
colapso progressivo.

Dos trabalhos apresentados, naqueles que propuseram-se ao estudo de edifícios


multipavimentos sob modelos simplificados, foram realizadas, no geral, análises em regime
linear elástico. Além disso, não parece ter havido tratamento específico das ligações viga-pilar,
que, segundo Lowes, Mitra e Altoontash (2003), não são bem representadas pelas simples
vinculação entre elementos finitos de pórtico, por exemplo, em modelos sob efeitos não-
lineares.

Por fim, destaca-se a escassez de estudos nacionais acerca do colapso progressivo em estruturas
de concreto armado. Dentre os já desenvolvidos, apontam-se os trabalhos:

1) de Melo (2015), que teve foco no desenvolvimento de uma ferramenta computacional


aplicável ao estudo do colapso progressivo em pórticos planos de concreto armado,
desenvolvendo análise paramétrica com o software obtido; e

2) de Ruthes (2020), que propõe metodologia de classificação de estruturas segundo a


possibilidade de ocorrência de colapso progressivo e os riscos envolvidos e
determinando, com base nisso, a metodologia de consideração do fenômeno ainda em
fase de projeto. Ressalta-se que essa proposta é feita com vistas à aplicação em projeto
de estruturas de concreto brasileiras.

G. P. LISBOA Capítulo 3
CAPÍTULO 4

DESENVOLVIMENTO DE UM MODELO COMPUTACIONAL


PARA REPRESENTAÇÃO DO COLAPSO EM ESTRUTURAS
DE CONCRETO ARMADO

Neste capítulo é descrito o desenvolvimento de um modelo computacional para representação


do colapso progressivo de pórticos planos e tridimensionais de concreto armado. A validação
desses modelos é feita por meio da comparação com os Pórticos IMF e SMF estudados por Lew
et al. (2011) e com as amostras P1, P2, T1, T2, S1 e S2 de Qian, Li e Ma (2014).

Dentre os estudos anteriores sobre modelagem de estruturas de concreto em situação de


terremoto, cita-se o trabalho de Lowes, Mitra e Altoontash (2003), que apresentou extenso
estudo sobre o desenvolvimento de um “superelemento finito” (Figura 4.1) e sua
implementação no software de código aberto, OpenSees, com fins à representação de ligações
viga-pilar em modelos numéricos simplificados de duas dimensões. Os autores apresentaram
como vantagens do superelemento desenvolvido a possiblidade de associação aos elementos de
pórtico já implementados no software em questão e a não necessidade de calibração dos
modelos numéricos desenvolvidos, o que representa grande vantagem com relação ao que tem
sido feito por inúmeros trabalhos que também se propõem à representação de pórticos sob
situação de terremoto ou de colapso progressivo por meio de modelagem numérica
simplificada.

Apesar de coerentes, os resultados das modelagens realizadas por Lowes, Mitra e


Altoontash (2003) com a utilização do superelemento finito desenvolvido fica restrita a
modelos simplificados apenas em duas dimensões desenvolvidos no software OpenSees.

G. P. LISBOA
D0230E20: Proposta de uma metodologia para simulação computacional do colapso progressivo... 104

Figura 4.1 – Superelemento finito desenvolvido por Lowes, Mitra e Altoontash (2003). Modificado de Lowes,
Mitra e Altoontash (2003).

A partir do superelemento desenvolvido por Lowes, Mitra e Altoontash (2003) é possível


modelar uma ligação viga-pilar por meio da utilização de elementos de pórtico e de molas
translacionais e rotacionais. Os efeitos da distorção por cisalhamento nas ligações viga-pilar
podem ser representados por quadros formados por barras axialmente rígidas e com rigidez à
flexão. Contudo, a substituição do superelemento por elementos mais simples leva ao aumento
na quantidade de graus de liberdade do modelo analisado. Ainda, a modelagem com os
elementos mais simples não é capaz de representar estruturas tridimensionais, com vigas se
cruzando. Assim, com vistas ao desenvolvimento de modelos mais abrangentes (capazes de
representar também estruturas tridimensionais), porém ainda simplificados, na sequência do
capítulo é descrito o desenvolvimento de um modelo computacional na versão 10.2 do software
DIANAⓒ para representar as ligações viga-pilar em situação de colapso com grandes
deslocamentos.

G. P. LISBOA Capítulo 4
D0230E20: Proposta de uma metodologia para simulação computacional do colapso progressivo... 105

4.1 ENSAIOS DE LEW et al. (2011)

O modelo computacional foi validado a partir dos resultados dos ensaios realizados por Lew et
al. (2011), já apresentados no item 3.2.1. Assim, os dados geométricos das amostras são aqueles
já apresentados na Figura 3.10.

4.1.1 Malha de elementos finitos

Os modelos em elementos finitos foram gerados no DIANAⓒ v.10.2 e são mostrados na


Figura 4.2. As dimensões indicadas na figura consideram as distâncias eixo a eixo dos
elementos no esquema experimental utilizado como base. Chama-se atenção para os pontos
localizados nas regiões das vigas próximas às ligações viga-pilar (a 730 mm da ligação no
modelo IMF e a 830 mm no modelo SMF). Isso foi feito para permitir uma maior discretização
nessas regiões, vez que são nelas que surgem os efeitos não-lineares mais acentuados durante
o desenvolvimento do colapso. Foi admitida, ainda, uma distância de 25 mm entre o eixo dos
pilares e a extremidade das vigas a fim de deixar esses elementos separados na ligação viga-
pilar e evitar inconsistências por sobreposição de nós no modelo. Esses dois pontos foram
posteriormente vinculados rigidamente quanto às translações nas direções dos eixos X e Y,
sendo o momento fletor entre eles transmitido por meio de molas rotacionais com
comportamento não-linear. Um detalhe da ligação viga-pilar esquerda do modelo IMF é
apresentado na Figura 4.5.

Figura 4.2 – Geometria dos modelos em elementos finitos gerado no DIANA ⓒ v.10.2 para as amostras IMF, à
esquerda do Eixo de Simetria (a); e SMF, à direita do Eixo de Simetria. Dimensões fora de escala.

(a) (b)

G. P. LISBOA Capítulo 4
D0230E20: Proposta de uma metodologia para simulação computacional do colapso progressivo... 106

Os elementos finitos utilizados para representar as vigas e os pilares foram do tipo pórtico
(código CL9BE), bidimensionais, com função de interpolação quadrática e que obedecem à
Teoria de Mindlin-Reissner (consideração de deformações nas seções transversais devido ao
esforço cortante). Para representar a mola rotacional, foi utilizado o elemento de código SP2RO
disponível na biblioteca do programa. Esses elementos finitos são apresentados na Figura 4.3.
Além deles, foram utilizados também elementos do tipo reinforcement para representação das
armaduras longitudinais. Ressalta-se, no entanto, que esses não são elementos finitos, uma vez
que não compõem a matriz de rigidez do problema e apenas modificam as propriedades físicas
dos elementos finitos aos quais estão associados.

Figura 4.3 – Elementos finitos utilizados na modelagem: (1) CL9BE e (2) SP2RO. Fonte: (TNO, 2017).

A respeito dos elementos de pórtico, um parâmetro que se mostrou relevante na resposta não-
linear do modelo computacional foi a quantidade de pontos de integração ao longo da altura da
seção transversal. Segundo TNO (2017), para os elementos de pórtico Classe II e Classe III –
os elementos Classe II obedecem à Teoria de Bernoulli, enquanto os Classe III são regidos pela
Teoria de Mindlin-Reissner –, para os quais a alteração desse parâmetro está disponível, a
quantidade de pontos de integração deve ser um número ímpar entre três e onze, sendo três o
valor padrão adotado pelo programa. Na Figura 4.4 são mostradas as distribuições dos pontos
de integração ao longo da altura da seção transversal de um elemento de pórtico (direção η), em
que n eta indica a quantidade de pontos de integração admitida. Resultados preliminares obtidos
ainda em etapas de calibração mostraram respostas bastante diferentes entre modelos
considerando três e onze pontos de integração nas vigas, mas respostas semelhantes ao se

G. P. LISBOA Capítulo 4
D0230E20: Proposta de uma metodologia para simulação computacional do colapso progressivo... 107

considerar entre sete e onze pontos. Considerando-se o perceptível aumento de tempo de


processamento com o incremento na quantidade de pontos de integração, foram adotados três
e sete pontos de integração para os elementos finitos usados na representação dos pilares (por
terem sido admitidos em material elástico-linear e, por isso, sob pouca influência de efeitos
não-lineares físicos) e vigas, respectivamente.

Figura 4.4 – Distribuição dos pontos de integração ao longo da altura da seção transversal (direção η) de
elementos de viga Classe II e Classe III no DIANAⓒ v.10.2. Modificado de TNO (2017).

Lew et al. (2011) adotaram uma maior discretização da malha de elementos finitos nas regiões
próximas às ligações viga-pilar, tendo adotado o comprimento dos elementos finitos nessa
região igual à metade da altura da viga. Contudo, esses autores não informaram a extensão dessa
região. Neste trabalho, o comprimento dos elementos finitos na região de maior discretização
da viga, junto ao pilar, foi tomado em torno de 10 mm, enquanto nas demais regiões da viga
foram adotados elementos finitos com comprimento em torno de 50 mm. Para determinar o
comprimento da região mais discretizada da viga junto à ligação viga-pilar, adotou-se uma
modificação da proposta de Alva e El Debs (2013). Estes autores definem que a fissuração na
viga em uma distância igual a 0,5 (LP + SR) a partir do pilar, sendo LP a altura útil da viga e SR
a distância entre fissuras na face tracionada da viga e calculada conforme o Eurocode 2
(CEN, 2004), contribui com a rotação relativa entre a viga e o pilar nas ligações monolíticas.
Para este trabalho, adotou-se que a região fissurada da viga que influencia a rotação relativa
entre a viga e o pilar é igual a (SR + LP), a partir do eixo dos pilares, arredondando o valor assim
obtido para o inteiro divisível por 10 mais próximo.

A Figura 4.5 mostra o detalhe da ligação na extremidade esquerda do Pórtico IMF, na qual nota-
se que os elementos de reinforcement (armadura longitudinal) não foram modelados com a
G. P. LISBOA Capítulo 4
D0230E20: Proposta de uma metodologia para simulação computacional do colapso progressivo... 108

mesma separação de 25 mm entre a extremidade da viga e o eixo do pilar presente na ligação-


viga pilar, uma vez que acompanham as dimensões e o comportamento do elemento finito ao
qual estão vinculados (à viga, neste caso), tornando desnecessária tal consideração. Os
elementos de reinforcement destacados na figura representam o trecho das vigas com maior
discretização (comprimento igual SR + LP) e têm lei de comportamento (tensão-deformação)
modificada a fim de se considerar o efeito de escorregamento entre a armadura e o concreto (ou
bond-slip) nessa região.

Por não ter sido especificado o valor do cobrimento da armadura longitudinal considerado por
Lew et al. (2011), os elementos de reinforcement foram admitidos com 25 mm de cobrimento.

Figura 4.5 – Detalhe da ligação na extremidade esquerda do modelo do Pórtico IMF.

A divisão da malha de elementos finitos nos pilares seguiu o padrão das regiões não-críticas
das vigas, com elementos finitos com comprimento em torno de 50 mm. Além disso, como os
pilares das amostras estudadas têm dimensões mais robustas que as das vigas, o que incorre em
efeitos de não-linearidade física mais relevantes nas vigas, decidiu-se por modelá-los com
comportamento elástico-linear. Isso está de acordo com o que mostraram Lew et al. (2011),
segundo os quais os efeitos do colapso progressivo estão em grande parte associados às vigas,
restando aos pilares oferecer rigidez suficiente aos deslocamentos horizontais das vigas a fim
de que sejam desenvolvidas as ações de arco de compressão e de catenária.

G. P. LISBOA Capítulo 4
D0230E20: Proposta de uma metodologia para simulação computacional do colapso progressivo... 109

4.1.2 Lei constitutiva dos materiais

As leis constitutivas dos materiais foram baseadas nas expostas em Lew et al. (2011). Por terem
sido apresentados diagramas tensão-deformação para o concreto e para o aço, os dados foram
extraídos do documento e inseridos em diagramas multilineares no DIANAⓒ v.10.2.

Conforme os dados experimentais, o concreto utilizado nos Pórticos IMF e SMF tinham
resistência à compressão de 32 e de 36 MPa, respectivamente. As curvas tensão-deformação à
compressão foram tomadas conforme a colocada no documento do NIST, apresentada na
Figura 4.6.

Figura 4.6 – Relação tensão-deformação à compressão do concreto. Modificado de Lew et al. (2011).

Para a completa definição dessa curva foram admitidos os seguintes valores:

IMF SMF

Ec = 27 GPa (1) Ec = 29, 21GPa (1)


f c = 32 MPa (2) f c = 36 MPa (2)
 c1 = 1,185 e − 3 (3)  c1 = 1, 233 e − 3 (3)
n = 2, 4 (4) n = 2, 2 (4)

em que: (1) é o módulo de elasticidade do concreto, baseado no valor utilizado por Melo (2015)
quando de sua modelagem do Pórtico IMF, já que não foi mencionado em Lew et al. (2011);
(2) é igual à resistência à compressão do concreto; (3) é determinado da relação entre (1) e (2);
e (4) é o valor interpolado para os apresentados por Lew et al. (2011) para concretos com 20 e
40 MPa.
G. P. LISBOA Capítulo 4
D0230E20: Proposta de uma metodologia para simulação computacional do colapso progressivo... 110

Em se tratando da resistência à tração do concreto, foi obedecida a lei constitutiva apresentada


no documento do NIST, mostrada na Figura 4.7.

Figura 4.7 – Relação tensão-deformação à tração do concreto. Modificado de Lew et al. (2011).

Para a completa definição dessa curva foram considerados os seguintes valores:

IMF SMF

Ec = 27 GPa (1) Ec = 29, 21GPa (1)


f t = 3,10 MPa (2) f t = 2,90 MPa (2)
Gf,t = 0,136 N/mm (3) Gf,t = 0,139 N/mm (3)
h = 50 mm (4) h = 50 mm (4)
2G f ,t 2G f ,t
 u cr =  u cr =
ft h ft h

em que: (1) é o módulo de elasticidade do concreto, baseado no valor utilizado por Melo (2015)
quando de sua modelagem do Pórtico IMF, já que não foi mencionado em Lew et al. (2011);
(2) é igual à resistência à tração do concreto; (3) é admitido igual ao definido no Model
Code 2010 (FIB, 2012b), como Gf,t = (73 fc0,18) / 1000, sendo Gf,t em N/mm e fc em MPa; e
(4) corresponde ao tamanho do elemento finito, tomado aqui com o único valor de 50 mm
(comprimento dos elementos fora das zonas críticas).

Em se tratando da lei constitutiva considerada para o aço, Lew et al. (2011) apresentaram a
curva tensão-deformação obtida em ensaios experimentais com barras de aço de bitola No. 9
(correspondente a 28,65 mm de diâmetro). Lew et al. (2011) ressaltaram que, na falta de dados
de ensaio que contemplem o comportamento após a resistência máxima, assumem esse trecho

G. P. LISBOA Capítulo 4
D0230E20: Proposta de uma metodologia para simulação computacional do colapso progressivo... 111

sob forma descendente linear. A curva é mostrada na Figura 4.8 e foi empregada em todos os
elementos de reinforcement do modelo fora das regiões próximas às ligações viga-pilar.
Ressalta-se que as deformações apresentadas são as deformações totais, que representam as
deformações acumuladas desde as solicitações em fase elástica, e não apenas as deformações
plásticas.

Figura 4.8 – Curva tensão-deformação adotada para o aço (LEW et al.; 2011).

800

600
Tensão (MPa)

400

200

0
0,00 0,05 0,10 0,15 0,20
Deformação

Para a representação do efeito de bond-slip na armadura longitudinal localizada na região da


ligação viga-pilar (região crítica com forte comportamento não-linear), Lew et al. (2011)
lançaram mão da modificação da curva tensão-deformação do aço por meio do cálculo do
escorregamento pela aproximação proposta por Lowes, Mitra e Altoontash (2003). Assim, as
deformações sem o fenômeno de bond-slip são dadas pela expressão (4.1):

 = f ( ) (4.1) a

mas são alteradas para a expressão (4.2) quando da presença do deslizamento relativo entre a
armadura e o concreto:

L − L0 s( ) + f ( ) L0 s( )
'= = = + f ( ) = f '( , L0 ) (4.2) a
L0 L0 L0

G. P. LISBOA Capítulo 4
D0230E20: Proposta de uma metodologia para simulação computacional do colapso progressivo... 112

em que: s é o deslizamento relativo entre a armadura e o concreto sob a tensão σ; L0 é o


comprimento original da barra de aço e L é o comprimento total deformado, incluindo o
escorregamento. É destacado, no entanto, que essas relações são válidas apenas para curvas
tensão-deformação totais e não para aquelas que representem apenas trecho plástico com
deformações equivalentes.

Admitindo-se um ponto ([ε]n, [σ]n) na curva tensão-deformação, em que [ε]1 = [σ]1 = 0 (e


s1 = 0) é o primeiro ponto da curva e n = 2, 3, 4, ..., representam os pontos posteriores, o
deslizamento relativo em cada ponto da curva pode ser calculado pela expressão (4.3):

 b
 n+1  n+1 8 para  n+1  f y

sn+1 = 
e

sn +   +     −   b para    f y
(4.3) a


( n +1 )(n n +1 n )
8 y n +1

sendo ϕb o diâmetro da barra, em mm; fy a tensão de escoamento do aço, em MPa; e τe e τy, em


MPa, dados pela expressão (4.4):

 e = 1,8 fc para   f y
(4.4) a
0,05 fc   y  0,4 fc para   f y

em que fc é a resistência à compressão do concreto, em MPa; e τy foi tomado igual a 0,09 fc0,5
após etapas de calibração dos modelos. A deformação do aço foi então modificada levando em
consideração o deslizamento obtido da expressão (4.3), para o que foi necessário se conhecer o
comprimento crítico (L0). Além disso, a fim de se ter melhor representação da ruína dos
modelos experimentais (que apresentaram ruptura das barras inferiores junto aos pilares
centrais), nas curvas tensão-deformação modificadas para consideração do bond-slip, o trecho
descendente linear apresentado na Figura 4.8 foi substituído por uma queda brusca da tensão
resistida. softwaresoftwareVale ressaltar que os únicos reinforcements que foram representados
com o fenômeno de bond-slip foram aqueles dispostos nos trechos críticos (região da ligação
viga-pilar), tanto na fibra superior quanto na inferior. As curvas modificadas para as diferentes

G. P. LISBOA Capítulo 4
D0230E20: Proposta de uma metodologia para simulação computacional do colapso progressivo... 113

bitolas da armadura longitudinal são apresentadas na Figura 4.9, na qual também é mostrada a
curva original do aço.

Figura 4.9 – Curvas tensão-deformação adotadas para representação do bond-slip nos Pórticos IMF e SMF.

800

600
Tensão (MPa)

400

200

0
0,00 0,05 0,10 0,15 0,20 0,25 0,30
Deformação

Curva Original do Aço IMF - Barras No. 8


IMF - Barras No. 9 SMF - Barras No. 8

Com relação aos elementos de mola inseridos na ligação viga-pilar, apesar de o software
DIANA ⓒ, em sua versão 10.2, não oferecer suporte à entrada gráfica da curva momento-
rotação para estes elementos (é possível inserir a curva força-deslocamento apenas para molas
translacionais), é possível, por meio do arquivo de entrada de dados, em extensão .dat, definir
os pontos da curva rigidez rotacional-rotação. Para definição dessa curva, o nó do pórtico
monolítico foi representado por meio de um painel e a ele foi aplicada a Teoria do Campo de
Compressão Modificada (Modified Compression Field Theory – MCFT), de Vecchio e
Collins (1986), da qual se obteve uma curva distorção angular-tensão cisalhante.

A Figura 4.10(a) apresenta os esforços típicos que surgem no nó de um pórtico plano. Já a


Figura 4.10(b) mostra uma idealização das forças que surgem no nó para garantir o equilíbrio
dos esforços nele atuantes. As forças de tração são transferidas pelas armaduras (setas em
branco), as resultantes de compressão são transferidas pelo concreto (setas pretas). Além disso,
assume-se que as forças resultantes devidas ao cisalhamento são transferidas pelo interior da
ligação, pelo concreto, até as regiões comprimidas das vigas e dos pilares (setas hachuradas).

G. P. LISBOA Capítulo 4
D0230E20: Proposta de uma metodologia para simulação computacional do colapso progressivo... 114

Figura 4.10 – Representação de um nó de pórtico sob carregamento e idealização da distribuição de forças no


perímetro do nó. Modificado de Lowes, Mitra e Altoontash (2003).

A Figura 4.11 esquematiza as forças e as distorções que surgem no nó de pórtico considerado


como painel. Nessa figura, τp é a tensão cisalhante no painel, dj é a espessura fora do plano do
painel, hb é a altura da viga, bj é a largura do pilar; lj é a diagonal do painel; Fs é a força nas
diagonais do quadro; θ é o ângulo da diagonal com a horizontal; ∆ é o alongamento absoluto
das diagonais do quadro; e (1 + 2) representa a distorção angular total da ligação. Assim, tem-
se que:

M = ( p bj d j ) hb =  p Vlig (4.5) a

G. P. LISBOA Capítulo 4
D0230E20: Proposta de uma metodologia para simulação computacional do colapso progressivo... 115

Figura 4.11 – Forças (a) e distorções (b) em um nó de pórtico considerado como painel. Modificado de
Yu (2012).

(a) (b)

Assumindo-se a rotação da ligação como igual à distorção angular total (1 + 2), bastaria tomar
o diagrama obtido da MCFT e fazê-lo um diagrama momento-rotação. Isso implicaria, no
entanto, em considerar que o braço de alavanca das forças (hb e bj) se mantém constante durante
o desenvolvimento de distorções maiores e que, consequentemente, a posição da linha neutra
nos pilares e nas vigas da ligação seria constante No entanto, segundo o padrão de fissuração
experimental do Pórtico IMF, apresentado na Figura 4.12, as regiões das vigas e pilares mais
próximas às ligações apresentam-se com fissuração significativa já para deslocamento de
610 mm do apoio central (o deslocamento último foi de 1092 mm, conforme apontado no
item 3.2.1 deste trabalho). Considerando-se que a fissuração altera a posição da linha neutra
durante o carregamento e com fins a corrigir tais alterações, Lowes, Mitra e Altoontash (2003)
indicaram apropriados os fatores multiplicadores de 0,85 e de 0,75 para a altura útil da viga e
para a largura do pilar, respectivamente, a fim de que sejam admitidos constantes os braços de
alavanca das forças na ligação. Considerando essas distâncias como delimitadoras do volume
da ligação (equação (4.5)), tem-se os valores do momento fletor resistido pela ligação para o
diagrama momento-rotação.

G. P. LISBOA Capítulo 4
D0230E20: Proposta de uma metodologia para simulação computacional do colapso progressivo... 116

Figura 4.12 – Fissuração experimental do Pórtico IMF sob deslocamento de 610 mm, com destaque para os
braços de alavanca nas seções da viga e do pilar. Modificado de Lew et al. (2011).

0,85 d

0,75 b

A representação explícita da mola rotacional na ligação viga-pilar, no lugar de um quadro rígido


como feito por Yu (2012), torna semirrígida a ligação viga-pilar do pórtico monolítico. Para
obtenção do diagrama momento-rotação da mola, os valores de momento fletor obtidos na
ligação por meio da equação (4.5) (já ponderada pelos fatores minoradores) precisaram ser
modificados a fim de que fosse considerada a variação do momento fletor na extremidade da
viga em função da rigidez da mola rotacional colocada em sua extremidade, a exemplo do que
é apresentado nos esquemas da Figura 4.13.

Figura 4.13 – Momentos fletores em uma viga em segundo as rigidezes das ligações nos apoios. Fonte:
(EL DEBS; 2017).

G. P. LISBOA Capítulo 4
D0230E20: Proposta de uma metodologia para simulação computacional do colapso progressivo... 117

Assim, o momento fletor resistido pela ligação pode ser calculado como:

 
 
 1 
M ap = M eng 
2E I  (4.6) a
 c +1 
 L K 
 

em que: Map é o momento na extremidade da viga; Meng é o momento de engastamento perfeito


da ligação, tomado como aquele obtido da curva momento-rotação resultante da representação
do nó do pórtico como um painel e utilizando a MCFT e os coeficientes minoradores de Lowes,
Mitra e Altoontash (2003); Ec é o módulo de elasticidade do concreto; I é o momento de inércia
bruta da viga sem a consideração do aço; L é o comprimento da viga, de eixo a eixo dos pilares
de apoio; e Kϕ é a rigidez rotacional secante da ligação, obtida da curva momento-rotação do
nó de pórtico representando como um painel, obtida considerando-se o primeiro e o último
pontos do diagrama corrigido apenas pelos fatores de Lowes, Mitra e Altoontash (2003).

De posse dos pontos do diagrama momento-rotação corrigido para a ligação, calcula-se o


diagrama rigidez rotacional-rotação da mola, que é posteriormente inserido no arquivo de
entrada em extensão .dat do software DIANAⓒ. Os cálculos são apresentados no Apêndice B
deste trabalho.

4.1.3 Algoritmos de solução

Com relação à solução numérica, foi utilizado processamento em paralelo com a solução do
sistema de equações pelo método de Newton-Raphson Regular, utilizando matriz de rigidez
linear nas primeiras iterações de cada passo de carga, com limite de 500 iterações. O controle
de convergência foi pela norma de deslocamentos com tolerância de 1%. Foi utilizado o método
de busca linear (line search) com Comprimento de Arco ativado e passos de carga de 25 kN e
de 50 kN nos Pórticos IMF e SMF, respectivamente. A não-linearidade geométrica foi analisada
pela descrição Lagrangeana clássica. A não-linearidade física contemplou os efeitos de
plasticidade na compressão, de fissuração na tração e foi baseado no método de deformação
total. A respeito da descrição Lagrangeana clássica, TNO (2017) destaca que a análise com a
formulação Lagrangeana generalizada não se adapta bem aos efeitos de fissuração e quando há

G. P. LISBOA Capítulo 4
D0230E20: Proposta de uma metodologia para simulação computacional do colapso progressivo... 118

elementos de reinforcement embutidos nos elementos, que corresponde ao caso das armaduras
representadas na ligação. Devido a isso, apesar de ser mais indicado a modelos que apresentem
grandes deslocamentos e grandes deformações, que possivelmente se adequariam melhor a
ocorrências de colapso progressivo, a não-linearidade geométrica foi analisada pela descrição
Lagrangeana clássica. A Figura 4.14 mostra a modelagem de uma viga em balanço e do Pórtico
Toggle pelo DIANAⓒ usando a descrição Lagrangeana clássica. Observa-se que os resultados
das modelagens representaram bem os resultados obtidos por Battini (2002).

Figura 4.14 – Modelagem via descrição Lagrangeana clássica x resultados obtidos por Battini (2002) para: uma
viga em balanço (a) e do Pórtico Toggle (b).

(a) (b)

4.1.4 Resultados

Na Figura 4.15, as curvas força-deslocamento do apoio central resultantes das modelagens


deste trabalho foram comparadas às obtidas por Lew et al. (2011) para os Pórticos IMF e SMF,
tanto experimentalmente quanto em seus modelos numéricos detalhados (com elementos
tridimensionais) e reduzidos (apenas com elementos de pórtico e com quadros rígidos nas
ligações viga-pilar). Na Figura 4.15 também estão indicados os deslocamentos correspondentes
ao início da ação catenária e ao fim do efeito de arco de compressão definidos por Lew et
al. (2011) com base nos resultados experimentais.

G. P. LISBOA Capítulo 4
D0230E20: Proposta de uma metodologia para simulação computacional do colapso progressivo... 119

Figura 4.15 – Curvas força-deslocamento do apoio central obtidas neste trabalho e por Lew et al. (2011) para o
Pórtico IMF (a) e para o Pórtico SMF (b).

G. P. LISBOA Capítulo 4
D0230E20: Proposta de uma metodologia para simulação computacional do colapso progressivo... 120

Os valores de deslocamento vertical relativos ao início da ação catenária e de fim do efeito de


arco de compressão foram definidos por Lew et al. (2011) com base na análise das deformações
nas seções B3-B3 e em seu espelho, B8-B8, ambas no meio do vão. Tal análise levou aqueles
autores a definirem o início da ação catenária como o instante a partir do qual se iniciam as
deformações positivas na armadura superior ou na inferior das seções analisadas (deslocamento
de 508 mm e de 632 mm nos Pórticos IMF e SMF, respectivamente), e o fim do efeito de arco
de compressão como o instante a partir do qual não foram mais observadas deformações
negativas em qualquer das armaduras das seções analisadas (deslocamento de 762 mm em
ambos os pórticos).

As deformações das armaduras nas modelagens numéricas realizadas neste trabalho foram
comparadas aos valores experimentais obtidos por Lew et al. (2011) para a seção B8-B8, no
meio do vão das vigas, e também foram utilizadas para definição do fim do efeito de arco de
compressão e do início da ação catenária. Os gráficos da Figura 4.16 são referentes à
deformação da armadura longitudinal nas vigas do Pórtico IMF e os da Figura 4.17 são relativos
à deformação da armadura longitudinal nas vigas do Pórtico SMF. Em ambos os casos,
notaram-se menores níveis de deformação das armaduras na modelagem que nas experimentais
correspondentes. Quando se observam os gráficos força-deslocamento do apoio central nos dois
pórticos, percebe-se que a modelagem do Pórtico IMF apresentou comportamento mais
próximo do observado no ensaio. Para esse mesmo modelo observa-se também melhor
representação da solicitação das armaduras longitudinais na viga.

G. P. LISBOA Capítulo 4
D0230E20: Proposta de uma metodologia para simulação computacional do colapso progressivo... 121

Figura 4.16 – Deformações na armadura no meio do vão das vigas na modelagem e no ensaio experimental do
Pórtico IMF. No gráfico superior, deformações ao longo de todo o ensaio. No gráfico inferior, destaque para
deslocamentos do apoio central até 1000 mm.

G. P. LISBOA Capítulo 4
D0230E20: Proposta de uma metodologia para simulação computacional do colapso progressivo... 122

Figura 4.17 – Deformações na armadura no meio do vão das vigas na modelagem e no ensaio experimental do
Pórtico SMF. No gráfico superior, deformações ao longo de todo o ensaio. No gráfico inferior, destaque para
deslocamentos do apoio central até 1000 mm.

Para melhor comparação dos valores obtidos dos ensaios com aqueles resultantes das
modelagens realizadas neste trabalho, apresenta-se a Tabela 4.1.

G. P. LISBOA Capítulo 4
D0230E20: Proposta de uma metodologia para simulação computacional do colapso progressivo... 123

Tabela 4.1 – Comparativo entre os resultados experimentais e os resultados das modelagens, em termos de força
e deslocamento vertical.

Desloc. Fim
Desloc. Início
Primeiro Pico Carga Última Arco de
Ação Catenária
de Carga (kN) (kN) Compressão
(mm)
(mm)
IMF -
Experimental 297 547 508 762
Lew et al. (2011)

Modelagem IMF 319 (+7,5%) 566 (+3,6%) 541 (+6,4%) 828 (+8,6%)

SMF -
Experimental 903 1232 635 762
Lew et al. (2011)

Modelagem SMF 835 (-7,5%) 1164 (-5,5%) 750 (+18,1%) 849 (+11,4%)

Em ambas as modelagens se notou que tanto o início da ação catenária quanto o fim do efeito
de arco de compressão surgiram para maiores valores de deslocamento do apoio central quanto
comparado aos resultados experimentais. A menor solicitação das armaduras no modelo
computacional, responsável pelo atraso no início da ação catenária, pode estar associada a duas
considerações feitas na modelagem: 1) a modificação da lei constitutiva das armaduras junto às
ligações viga-pilar, de maneira que o material modificado é mais deformável que o material-
base; e 2) a concentração de grande parte das deformações devidas à flexão nas molas discretas
posicionadas nas ligações viga-pilar. Apesar dessa relativa discrepância nos resultados, o
modelo computacional simplificado desenvolvido mostrou-se adequado, já que representou:
1) o desenvolvimento dos mecanismos de resistência observados no colapso do pórtico; 2) as
deformações desenvolvidas nas armaduras longitudinais nas faces superior e inferior da viga ao
longo da ocorrência do colapso; e 3) a força máxima resistida pelo pórtico antes da formação
dos mecanismos resistentes ao colapso progressivo, com erro máximo de 7,5%; 4) a força
última resistida pelo efeito de catenária da viga com erro inferior a 10%.

No Apêndice C deste trabalho, a ligação viga-pilar é representada por um modelo mais


complexo, baseado na ligação proposta por Yu (2012), que representa a ligação por meio de
um quadro rígido associado a molas translacionais. Esse modelo de ligação foi desenvolvido
com fins a aplicação em modelos computacionais simplificados formados por elementos de
barra. No entanto, essa proposta de representação da ligação viga-pilar não foi adotada no
G. P. LISBOA Capítulo 4
D0230E20: Proposta de uma metodologia para simulação computacional do colapso progressivo... 124

restante deste trabalho devido à dificuldade de implementá-la em modelagens tridimensionais,


em que haja o cruzamento de vigas e a presença de lajes convergindo na ligação viga-pilar.

4.2 ENSAIOS DE QIAN, LI E MA (2014)

A seguir são apresentadas modelagens computacionais simplificadas dos ensaios das amostras
P1, P2, T1, T2, S1 e S2 realizados por Qian, Li e Ma (2014), cujos dados geométricos foram
apresentados no item 3.2.2 deste trabalho.

4.2.1 Malha de elementos finitos

A exemplo do que foi realizado para os ensaios de Lew et al. (2011), a geração da geometria e
a discretização da malha também obedeceram às seguintes premissas:

1) região crítica próxima à ligação viga-pilar fixado com comprimento igual a SR + LP a


partir dos eixos dos pilares, arredondando o valor assim obtido para o inteiro divisível
por 10 mais próximo;

2) distância de 25 mm entre os nós do eixo dos pilares e os nós da extremidade das vigas,
com vinculação rígida das translações, mas transferência de momento fletor por meio
de molas rotacionais não-lineares. A disposição das molas rotacionais nos modelos T1,
T2, S1 e S2, que são tridimensionais, se deu de forma que o giro desses elementos seja
em torno do eixo perpendicular ao plano formado pela viga e pelo pilar aos quais foram
associados;

3) utilização do elemento finito CL9BE na modelagem de P1 e de P2, por serem pórticos


planos (a exemplo do que foi feito para os Pórticos IMF e SMF). Com relação aos
espécimes T1, T2, S1 e S2, que são tridimensionais, utilização do elemento finito de
pórtico CL18B. Este elemento é equivalente ao elemento finito CL9BE, uma vez que
também possui função de interpolação quadrática e também obedece à Teoria de
Mindlin-Reissner, mas conta com graus de liberdade em três dimensões. A quantidade
de pontos de integração ao longo da altura foi mantida igual a três para os pilares e igual
a sete para as vigas. Os elementos SP2RO e os elementos de reinforcement foram
utilizados em todos os modelos de forma semelhante ao descrito no item 4.1.1;

G. P. LISBOA Capítulo 4
D0230E20: Proposta de uma metodologia para simulação computacional do colapso progressivo... 125

4) para as amostras P1, P2, T1 e T2, os elementos de pórtico possuíam comprimento em


torno de 10 e de 50 mm nas regiões críticas e não-críticas das vigas, respectivamente, e
em torno de 50 mm ao longo dos pilares. Como apresentado mais adiante, as amostras
S1 e S2, com a presença de lajes, apresentavam malha com discretização diferente;

5) consideração dos pilares em material elástico linear, mesmo com armaduras.

Com relação aos elementos finitos utilizados, acrescenta-se que, para a modelagem das lajes
nas amostras S1 e S2, foi utilizado o elemento de casca CQ40S, com função de interpolação
quadrática e que também obedece à Teoria de Mindlin-Reissner. A quantidade de pontos de
integração ao longo da altura, comentado para os elementos de pórtico, também é válido para
os elementos de casca e foi definido igual a sete após etapas prévias de calibração. As armaduras
positivas e negativas das lajes foram modeladas por meio da utilização de grids de
reinforcement.

Devido ao fato de os pilares não terem sido executados no esquema experimental de Qian, Li e
Ma (2014), os resultados dos ensaios não consideraram a influência da rigidez à flexão dos
pilares. Neste sentido, com o objetivo de avaliar a sensibilidade a diferentes condições de
contorno, Qian, Li e Zhang (2014) realizaram modelagem computacional no software
DIANA ⓒ, tomando como base os referidos ensaios experimentais, e avaliaram a influência de
três diferentes condições de contorno. Os autores concluíram que o esquema estrutural mais
próximo do arranjo experimental da amostra P2 é o mostrado na Figura 4.18 e que a modelagem
assim realizada representou bem os resultados obtidos experimentalmente.

Baseando-se nessa premissa, as modelagens realizadas neste trabalho consideraram as


condições de contorno sob a mesma concepção da Figura 4.18 (altura dos pilares, vãos das
vigas longitudinais e transversais e engaste no topo e na base dos pilares), levando às
representações das amostras P1 e T1 mostradas na Figura 4.19, na qual se visualizam também
as condições de contorno nos modelos. Ressalta-se que o pilar central não contou com engastes
no topo ou na base. Apesar de o modelo P1 ser visualizado em três dimensões na Figura 4.19(a),
ele é bidimensional, bem como o modelo P2. Dadas essas definições, a malha final do modelo
P1 contou com: 519 elementos finitos, entre elementos de pórtico e de mola; 38 elementos de
reinforcement; e 3267 nós. Enquanto isso, a malha final do modelo T1 contou com:

G. P. LISBOA Capítulo 4
D0230E20: Proposta de uma metodologia para simulação computacional do colapso progressivo... 126

919 elementos finitos, entre elementos de pórtico e de mola; 164 elementos de reinforcement;
e 10839 nós.

Figura 4.18 – Para a amostra P1: (a) esquema geral do modelo; e (b) dimensões dos pilares e das condições de
contorno. Fonte: (QIAN, LI E ZHANG; 2014).

(a) (b)

Figura 4.19 – Representações tridimensionais dos modelos simplificados para as amostras (a) P1 e (b) T1.

(a) (b)

Para as amostras S1 e S2, Qian, Li e Zhang (2014) consideraram que, em estruturas reais, as
lajes adjacentes ao pilar rompido provêm restrições rotacionais e translacionais ao pilar. A fim
de tornar a modelagem computacional mais fiel às condições de contorno impostas
experimentalmente (ver número 6 na Figura 3.15) e tornar o comportamento das amostras mais
próximo ao de um pavimento em concreto armado, Qian, Li e Zhang (2014) recomendaram que
sejam impostas restrições de translação vertical e horizontal ao longo das bordas periféricas das
amostras analisadas de modo a representar a continuidade do pavimento (Figura 4.20). Por

G. P. LISBOA Capítulo 4
D0230E20: Proposta de uma metodologia para simulação computacional do colapso progressivo... 127

consequência destas vinculações, nas amostras S1 e S2 não foram considerados os pilares


adicionais mostrados na Figura 4.19.

Devido à simetria das amostras experimentais, as modelagens representaram apenas ¼ das


amostras. A continuidade das lajes nas direções positivas de X e de Z foi considerada por meio
de restrição das rotações das vigas (elementos mestres). Isso pode ser mais bem visualizado na
Figura 4.20(a). Na Figura 4.20(b) é mostrado o modelo tridimensional de S1, com visualização
dos volumes dos elementos de pórtico e de casca.

Figura 4.20 – Amostra S1: (a) visualização das restrições de apoio consideradas e (b) representação
tridimensional do modelo.

Ainda a respeito da geometria dos modelos computacionais, mas com relação às ligações viga-
pilar, as amostras T1 e S1 possuíam vigas com diferentes alturas nas duas direções ortogonais.
Assim, os eixos das vigas encontravam-se em diferentes alturas no pilar uma vez que elas
possuem a mesma altura das suas faces superiores. Apesar de no DIANA ⓒ, em sua versão 10.2,
ser possível, como dado de entrada de geometria, definir excentricidades para elementos de
pórtico, foi verificado que adotar essa metodologia leva a tempo de processamento maior e a
resultados menos representativos do ensaio experimental quando comparados com os
elementos de pórtico deslocados entre si na direção vertical diretamente na geração da
geometria. Adotando-se este último procedimento, a disposição geométrica das vigas junto ao
pilar central na amostra T1 é apresentada na Figura 4.21(a) e na Figura 4.21(b), que mostram
visualizações em três dimensões das vigas vinculadas ao pilar intermediário. Na Figura 4.21(a)

G. P. LISBOA Capítulo 4
D0230E20: Proposta de uma metodologia para simulação computacional do colapso progressivo... 128

podem ser observadas as molas rotacionais nas ligações, sendo que as em vermelho representam
as molas com rotação em torno de X e as em magenta representam aquelas com rotação em
torno de Z. Na Figura 4.21(b) podem ser melhor observadas as armaduras inseridas no interior
dos elementos de pórtico e a altura coincidente das faces superiores das vigas em direções
distintas.

Figura 4.21 – Amostra T1: vigas longitudinais, ao longo do eixo X, e vigas transversais, ao longo do eixo Z,
vinculadas ao pilar central. Em (a) são apresentadas as molas rotacionais nas ligações viga-pilar. Em (b) percebe-
se a face superior coincidente das vigas nas duas direções.

G. P. LISBOA Capítulo 4
D0230E20: Proposta de uma metodologia para simulação computacional do colapso progressivo... 129

Nota-se que nas amostras S1 e S2, além de os centroides de vigas em diferentes direções
também não coincidirem, nas ligações entre lajes (elementos de casca) e vigas (elementos de
pórtico), os centroides desses elementos também estão em diferentes alturas. Neste sentido, as
ligações viga-laje foram modeladas a exemplo do que fez La Mazza (2018), que considerou um
vínculo vertical rígido simulando a excentricidade entre vigas e lajes, como mostrado na
Figura 4.22(a). Ressalta-se, também, que a geometria das lajes não considerou a distância de
25 mm adotada nas ligações entre a viga e o pilar. A fim de garantir a coincidência entre nós de
elementos de casca e de elementos de pórtico nessas regiões, foram impostos, na geometria das
lajes, nós distanciados de 25 mm dos pilares em cada direção. Isso pode ser mais bem
visualizado na Figura 4.22(b), que também mostra as ligações viga-laje dispostas na direção do
eixo Y. Ao longo do eixo X, a vinculação rígida impuseram igualdade de translação nos três
eixos e de rotação em torno do eixo X. Ao longo do eixo Z, foram vinculadas as translações
nos três eixos e as rotações em torno do eixo Z. Neste sentido, as ligações viga-laje foram
consideradas rígidas.

Figura 4.22 – Vinculação entre vigas e lajes.

G. P. LISBOA Capítulo 4
D0230E20: Proposta de uma metodologia para simulação computacional do colapso progressivo... 130

4.2.2 Lei constitutiva dos materiais

A resistência à compressão do concreto, valor de projeto, foi de 25 MPa para todas as amostras.
Os valores experimentais obtidos, no entanto, foram de 19,9, 20,8, 21,5, 22,7, 21,4 e 23,3 MPa
para as amostras P1, P2, T1, T2, S1 e S2, respectivamente. Para todas as modelagens deste
trabalho foi considerada a resistência à compressão de projeto, assim como também fez La
Mazza (2018). A exemplo do que fizeram Qian, Li e Zhang (2014), o comportamento do
concreto à compressão foi admitido como parabólico, com energia de fraturamento à
compressão igual a cem vezes a energia de fraturamento à tração.

Com relação à resistência à tração do concreto, esta foi admitida conforme expressão (4.7), que
é indicada pelo Eurocode 2 (CEN, 2004) e pela ABNT NBR 6118 (ABNT, 2014). A relação
tensão-deformação à tração, assim como fizeram Qian, Li e Zhang (2014), foi considerado
conforme o CEB-FIP Model Code (CEB; 1993), que admite decaimento linear pós-pico
baseado na energia de fratura, Gf,t, definido pelo Model Code 2010 (FIB; 2012a) como
Gf,t = (73 fc0,18) / 1000, com Gf,t em N/mm e fc em MPa.

2
ft = 0,3 fc 3 (4.7) a

em que ft é a resistência à tração e fc é a resistência à compressão, ambos em MPa.

O módulo de elasticidade tangente do concreto foi estimado pela ABNT NBR 6118
(ABNT, 2014), considerando concretos com agregado graúdo calcáreo, conforme
expressão (4.8).

Eci = 0,9 5600 fc (4.8) a

em que: Eci é o módulo de elasticidade tangente inicial e fc é a resistência à compressão, ambos


em MPa.

Com relação às barras de aço, foram utilizadas barras T10, T13 e T16 (com 10, 13 e 16 mm de
diâmetro, respectivamente) como armaduras de flexão das vigas e dos pilares e barras R6 (com
6 mm de diâmetro) como armadura de flexão das lajes e armadura transversal das vigas e dos

G. P. LISBOA Capítulo 4
D0230E20: Proposta de uma metodologia para simulação computacional do colapso progressivo... 131

pilares (Figura 3.13). A Tabela 4.2 apresenta a caracterização físico-geométrica realizada por
Qian, Li e Ma (2014) das barras de aço utilizadas.

Tabela 4.2 – Caracterização físico-geométrica das barras de aço. Fonte: (QIAN; LI; MA, 2014).

Tensão de Deformação de Tensão de


Barra Escoamento, fy Escoamento, εy Alongamento
Última, fu
Último (%)
(MPa) (x 10-6) (MPa)
T10 (1) 437 2273 568 13,1
(2)
T13 535 2605 611 11,6
(3)
T16 529 2663 608 14,3
(4)
R6 355 1910 465 17,5
(1)
Barra nervurada de 10 mm de diâmetro;
(2)
Barra nervurada de 13 mm de diâmetro;
(3)
Barra nervurada de 16 mm de diâmetro;
(4)
Barra lisa de 6 mm de diâmetro.

Na Figura 4.23 são apresentadas as curvas tensão-deformação adotadas para as armaduras das
lajes (R6) e para as barras longitudinais das vigas (T10 – Curva Original). Na figura podem-se
notar os caimentos bruscos de tensão ao final dos respectivos trechos bilineares, representando
a ruptura das barras de acordo com os alongamentos últimos mostrados na Tabela 4.2. Nas
ligações viga-pilar, a consideração dos efeitos do bond-slip foi feita tal como apresentado
anteriormente para os Pórticos IMF e SMF de Lew et al. (2011), alterando-se apenas o valor da
tensão de aderência inelástica (τy, válida quando a tensão de tração no aço é superior à tensão
de escoamento), aqui tomada igual a 0,5 fc0,5. Este valor é maior que o limite superior dado na
expressão (4.4), porém foi o valor máximo admitido por Alva e El Debs (2013), que também
modificaram o comportamento do aço a fim de considerarem o fenômeno de bond-slip na
ligação viga-pilar. A alteração deste parâmetro com relação àquele das modelagens dos
Pórticos IMF e SMF se justifica em função das barras de aço utilizadas por Lew et al. (2011)
(barras ASTM A706 Grade 60) terem conformação de nervuras diferente das barras utilizadas
por Qian, Li e Ma (2014) (barras BS 4449 (BS, 1997) Grade 460), o que interfere nas tensões
de aderência desenvolvidas entre aço e concreto. As curvas modificadas tensão-deformação
para o aço das vigas longitudinais e transversais também são apresentadas na Figura 4.23, na
qual notam-se curvas diferentes para vigas longitudinais e transversais, o que se justifica pelos

G. P. LISBOA Capítulo 4
D0230E20: Proposta de uma metodologia para simulação computacional do colapso progressivo... 132

diferentes comprimentos críticos (SR + LP) nesses elementos. As armaduras das lajes (R6) não
foram modificadas para consideração dos efeitos do bond-slip.

Figura 4.23 – Curvas tensão-deformação adotadas para o aço das armaduras das lajes e longitudinal das
vigas.

600
Tensão (MPa)

400

200

0
0,00 0,05 0,10 0,15 0,20
Deformação

Barras T10 - Curva Original Barras T10 - Vigas Longitudinais


Barras T10 - Vigas Transversais Barras R6 - Lajes

Cabe ressaltar, ainda, que na consideração dos efeitos do bond-slip neste trabalho foi utilizada
uma metodologia diferente da realizada por Qian, Li e Zhang (2014) e La Mazza (2018). Os
primeiros adotaram a lei constitutiva do bond-slip recomendada pelo CEB-FIP Model
Code 1990 (CEB, 1993) aplicada por meio de elementos de interface entre as barras de aço e o
concreto. As barras de aço foram modeladas com elementos finitos de treliça, enquanto as vigas
foram modeladas com elementos sólidos. La Mazza (2018), por sua vez, não menciona os
efeitos do escorregamento das armaduras, mas termina por considerá-los no processo de
calibração de molas translacionais horizontais consideradas em seus modelos, apresentadas
esquematicamente na Figura 3.9 e que são responsáveis por simular a rigidez a flexão dos
pilares de extremidade.

Em se tratando do comportamento das molas rotacionais consideradas nas ligações viga-pilar,


foi adotado o mesmo procedimento apresentado para as modelagens dos Pórticos IMF e SMF
de Lew et al. (2011), procedimento este baseado na representação do nó do pórtico como um
painel com a curva distorção angular-tensão cisalhante obtida segundo a MCFT. Após a
obtenção de alguns resultados para os modelos de P1 e T1, no entanto, percebeu-se a
necessidade de diagramas momento-rotação representando comportamentos mais resistentes.
G. P. LISBOA Capítulo 4
D0230E20: Proposta de uma metodologia para simulação computacional do colapso progressivo... 133

Devido ao fato de os pilares não terem sido representados fisicamente no modelo experimental,
ao contrário do que foi realizado na modelagem (ver Figura 4.19), aqui, diferentemente do que
indicam Lowes, Mitra e Altoontash (2003), não foi admitido o fator multiplicador de 0,75 usado
na largura do pilar quando do cálculo do volume da ligação, como realizado nas amostras de
Lew et al. (2011) e mostrado na Figura 4.11. Tal consideração é justificada pela ausência dos
pilares no modelo experimental, o que aumenta a rigidez da ligação viga-pilar por diminuir a
fissuração do nó. Ressalta-se que sempre que houver a representação do pilar no modelo físico,
recomenda-se usar o fator multiplicador 0,75 na largura do pilar. Os cálculos para a amostra P1
são apresentados no Apêndice B deste trabalho.

4.2.3 Algoritmos de solução

Com relação aos algoritmos de solução numérica, comparativamente aos parâmetros


apresentados para a modelagem apresentada no item 4.1.3, o passo de carga foi o único
parâmetro alterado, sendo admitido incrementos de força de 10 kN para os modelos analisados
neste item.

4.2.4 Resultados

São apresentados, em termos de curvas força-deslocamento do apoio central, os resultados


obtidos da modelagem das amostras P1 e P2, na Figura 4.24, e das amostras T1 e T2, na
Figura 4.25. Juntamente aos resultados das modelagens são apresentados também os resultados
experimentais de Qian, Li e Ma (2014), os obtidos nas modelagens de Qian, Li e Zhang (2014)
e os alcançados por La Mazza (2018) em suas modelagens simplificadas.

G. P. LISBOA Capítulo 4
D0230E20: Proposta de uma metodologia para simulação computacional do colapso progressivo... 134

Figura 4.24 – Curvas força-deslocamento do apoio central obtidas para a amostra (a) P1 e para a amostra
(b) P2.

G. P. LISBOA Capítulo 4
D0230E20: Proposta de uma metodologia para simulação computacional do colapso progressivo... 135

Figura 4.25 – Curvas força-deslocamento do apoio central obtidas para a amostra (a) T1 e para a amostra
(b) T2.

G. P. LISBOA Capítulo 4
D0230E20: Proposta de uma metodologia para simulação computacional do colapso progressivo... 136

Na Tabela 4.3 são apresentados alguns valores de força obtidos da modelagem computacional
e do ensaio de Qian, Li e Ma (2014), por meio dos quais podem ser verificados o efeito arco de
compressão e ação catenária para as amostras P1, P2, T1 e T2. A Tabela 4.4 e a Tabela 4.5
comparam os resultados experimentais aos obtidos das modelagens computacionais de La
Mazza (2018) e de Qian, Li e Zhang (2014), respectivamente. Ressalta-se que nessas últimas
tabelas não há referência à força vertical correspondente ao escoamento das armaduras por não
ter sido fornecido pelos autores.

Tabela 4.3 – Resultados comparativos em termos de força vertical obtidos para os modelos P1, P2, T1 e T2
ensaiados por Qian, Li e Ma (2014).

Fmax(1) Fmax(2) Fu(1) / Fu(2) /


Amos. Fy(1) Fy(2) Fmax(1) Fmax(2) Fu(1) Fu(2)
/ Fy(1) / Fy(2) Fmax(1) Fmax(2)
26,14 24,00 30,86 32,00 48,05 47,00
P1 1,18 1,33 1,56 1,47
8,91% -3,55% 2,23%
24,03 26,00 27,56 36,00 56,93 59,00
P2 1,15 1,38 2,07 1,64
-7,58% -23,43% -3,51%
45,53 48,00 57,71 67,00 87,49 79,00
T1 1,27 1,40 1,52 1,18
-5,14% -13,86% 10,75%
48,89 48,00 54,97 64,00 111,46 90,00
T2 1,12 1,33 2,03 1,41
1,85% -14,11% 23,84%
T1/P1 1,74 2,00 1,87 2,09 1,82 1,68 --- --- --- ---
T2/P2 2,03 1,85 1,99 1,78 1,96 1,53 --- --- --- ---
(1)
Resultado obtido nas modelagens realizadas neste trabalho.
(2)
Resultado obtido experimentalmente por Qian, Li e Ma (2014).
Fy, Fmax e Fu são, respectivamente, as forças verticais correspondentes: ao escoamento da
armadura longitudinal inferior das vigas, ao primeiro pico de força e à força última resistida pelo
modelo.

G. P. LISBOA Capítulo 4
D0230E20: Proposta de uma metodologia para simulação computacional do colapso progressivo... 137

Tabela 4.4 – Resultados comparativos em termos de força vertical obtidos para os modelos P1, P2, T1 e T2:
modelagem de La Mazza (2018) versus ensaios experimentais de Qian, Li e Ma (2014).

Fu(1) / Fu(2) /
Amost. Fmax(1) Fmax(2) Fu(1) Fu(2)
Fmax(1) Fmax(2)
33,76 32,00 43,42 47,00
P1 1,29 1,47
5,51% -7,62%
36,53 36,00 57,89 59,00
P2 1,58 1,64
1,46% -1,89%
68,24 67,00 70,19 79,00
T1 1,03 1,18
1,85% -11,15%
67,23 64,00 67,98 90,00
T2 1,01 1,41
5,05% -24,47%
T1/P1 2,02 2,09 1,62 1,68 --- ---
T2/P2 1,84 1,78 1,17 1,53 --- ---
(1)
Resultado obtido nas modelagens de La Mazza (2018).
(2)
Resultado obtido experimentalmente por Qian, Li e Ma (2014).
Fmax e Fu são, respectivamente, as forças verticais correspondentes: ao primeiro pico de
força e à força última resistida pelo modelo.

Tabela 4.5 – Resultados comparativos em termos de força vertical obtidos para os modelos P1, P2, T1 e T2:
modelagem de Qian, Li e Zhang (2014) versus ensaios experimentais de Qian, Li e Ma (2014).

Fu(1) / Fu(2) /
Amost. Fmax(1) Fmax(2) Fu(1) Fu(2)
Fmax(1) Fmax(2)
32,85 32,00 38,51 47,00
P1 1,17 1,47
2,65% -18,06%
34,23 36,00 60,98 59,00
P2 1,78 1,64
-4,93% 3,35%
68,79 67,00 120,42 79,00
T1 1,75 1,18
2,67% 52,43%
68,16 64,00 121,88 90,00
T2 1,79 1,41
6,50% 35,42%
T1/P1 2,09 2,09 3,13 1,68 --- ---
T2/P2 1,99 1,78 2,00 1,53 --- ---
(1)
Resultado obtido nas modelagens de Qian, Li e Zhang (2014).
(2)
Resultado obtido experimentalmente por Qian, Li e Ma (2014).
Fmax e Fu são, respectivamente, as forças verticais correspondentes: ao primeiro pico de
força e à força última resistida pelo modelo.

G. P. LISBOA Capítulo 4
D0230E20: Proposta de uma metodologia para simulação computacional do colapso progressivo... 138

O escoamento da armadura longitudinal inferior da viga, usado como referência para


determinação da força vertical Fy na Tabela 4.3, foi avaliado no primeiro nó da armadura
longitudinal inferior da viga na região viga-pilar, junto ao pilar removido. A posição desse nó
pode ser visualizada na Figura 4.26. Pelo fato dos elementos do tipo reinforcement serem mais
deformáveis próximos às ligações viga-pilar, esses elementos apresentaram deformação de
plastificação superior à da lei constitutiva do aço tomado como base. Assim como no trabalho
de Qian, Li e Ma (2014), o efeito de arco de compressão na estrutura foi evidenciado pela
resistência crescente da estrutura mesmo após o escoamento da armadura longitudinal inferior
das vigas que chegam no pilar removido. Esse efeito foi observado em todas as amostras
modeladas, pois em todas elas a relação entre a força máxima relativa ao primeiro pico de
resistência (Fmax) e a força de escoamento (Fy) foi maior que a unidade. De fato, a relação
Fmax / Fy variou de 1,33 a 1,40 no ensaio e de 1,12 a 1,27 na modelagem computacional.

Uma vez esgotada a capacidade resistente do efeito de arco, observou-se redução da resistência
da estrutura com o aumento do deslocamento vertical do pilar. O efeito catenária manifestou-
se pelo retorno do aumento da capacidade resistente da estrutura até se atingir a força última,
Fu. Caso essa força seja maior que a força máxima (Fmax), pode-se afirmar que o colapso é
controlado pela ação catenária, que se desenvolve apenas sob grandes deslocamentos. Caso
contrário, o colapso é controlado pelo efeito de arco de compressão e limitado ao valor de Fmax.
Conclui-se da Tabela 4.3 que a relação Fu / Fmax variou de 1,18 a 1,64 no ensaio e de 1,52 a
2,07 na modelagem computacional, mostrando que todas as amostras tiveram o colapso
controlado pela ação catenária e definido pela ruptura da armadura longitudinal inferior da viga
junto ao pilar rompido. Tendo em vista a proximidade dos valores, pode-se concluir que o
modelo computacional foi capaz de representar o comportamento da estrutura até o seu colapso
e os mecanismos de resistência ao colapso progressivo.

G. P. LISBOA Capítulo 4
D0230E20: Proposta de uma metodologia para simulação computacional do colapso progressivo... 139

Figura 4.26 – Destaque do nó em que são analisadas as deformações da armadura longitudinal da viga.

Acerca das amostras S1 e S2, com a presença de laje, verificou-se que utilizar a mesma
discretização da malha definida nos modelos sem a presença de laje (com elementos de 10 e de
50 mm nas regiões críticas e não-críticas das vigas, respectivamente), não levou a resultados
satisfatórios. Isso pode ser verificado pelo gráfico da Figura 4.27, com curvas força-
deslocamento do apoio central para a amostra S1 (modelagem de apenas ¼ do esquema
experimental) com malhas sob diferentes discretizações, isto é: a mesma discretização utilizada
para os modelos sem a presença de laje, denominada Malha 1; e malhas com elementos de
pórtico e de casca com dimensões duas e quatro vezes maiores que na Malha 1, denominadas
Malha 2 e Malha 3, respectivamente. Observa-se que, ao ser adotada a Malha 1 e tomando-se
como referência o ponto em que o modelo de La Mazza (2018) apresentou queda brusca de
resistência, o deslocamento último do apoio central no modelo computacional é próximo ao
obtido por aquele autor, que definiu seus elementos finitos de pórtico e de casca com dimensões
entre 30 e 50 mm.

G. P. LISBOA Capítulo 4
D0230E20: Proposta de uma metodologia para simulação computacional do colapso progressivo... 140

Figura 4.27 – Curvas força-deslocamento do apoio central para a amostra S1 sob diferentes discretizações.

O modelo S2 também foi avaliado com as três discretizações de malha, apresentando resultado
semelhante ao obtido para o modelo S1. Esses resultados levaram à conclusão de que as
dimensões dos elementos finitos, no caso da presença da laje, podem ser dependentes do vão
das vigas. Tomando-se como base a Malha 3, que obteve a melhor aproximação em termos de
força última do modelo experimental e apresentou colapso controlado pela ação catenária,
chega-se à definição de elementos finitos de pórtico com comprimento de aproximadamente
0,02 L (= 42 mm nas VL’s de S1) na região próxima à ligação viga-pilar e de elementos finitos
de pórtico com comprimento de 0,10 L (= 210 mm nas VL’s de S1) fora dessa região, sendo L

G. P. LISBOA Capítulo 4
D0230E20: Proposta de uma metodologia para simulação computacional do colapso progressivo... 141

o vão teórico da viga na direção considerada. A discretização das lajes segue a discretização
das vigas nas duas direções, fazendo com que, em caso de vãos diferentes em cada direção, os
elementos de casca sejam retangulares, de forma a terem seus nós horizontalmente coincidentes
com os nós das vigas de suporte. Nos pilares, por serem em material elástico linear, os
elementos são adotados com comprimento em torno de 200 mm (= 4 x 50 mm). Dadas essas
definições, a malha final do modelo S1 contou com: 1102 elementos finitos, entre elementos de
pórtico, de mola e de casca; 120 elementos de reinforcement, entre armaduras longitudinais e
reinforcement grids; e 7685 nós.

As curvas força-deslocamento do apoio central obtidas para as amostras S1 e S2 ensaiadas por


Qian, Li e Ma (2014) e modeladas neste trabalho com a malha dependente do vão das vigas são
apresentadas na Figura 4.28.

G. P. LISBOA Capítulo 4
D0230E20: Proposta de uma metodologia para simulação computacional do colapso progressivo... 142

Figura 4.28 – Curvas força-deslocamento do apoio central para a amostra (a) S1 e para a amostra (b) S2.

G. P. LISBOA Capítulo 4
D0230E20: Proposta de uma metodologia para simulação computacional do colapso progressivo... 143

Na Tabela 4.6 são apresentados alguns valores de força registrados ao longo dos ensaios
computacional deste trabalho e experimental de Qian, Li e Ma (2014). Por meio das relações
T1 / P1, T2 / P2, S1 / P1 e S2 / P2 pode ser verificada a influência da presença de vigas
transversais e da presença das lajes no colapso da estrutura. A Tabela 4.7 e a Tabela 4.8
comparam os resultados experimentais aos obtidos das modelagens computacionais de La
Mazza (2018) e de Qian, Li e Zhang (2014), respectivamente. Ressalta-se que nessas tabelas
não há referência à força vertical correspondente ao escoamento das armaduras por não ter sido
fornecido pelos autores.

Tabela 4.6 – Resultados comparativos em termos de força vertical obtidos para S1 e S2 ao longo dos ensaios
computacionais deste trabalho e experimentais de Qian, Li e Ma (2014).

Fmax(1) Fmax(2) Fu(1) / Fu(2) /


Amos. Fy(1) Fy(2) Fmax(1) Fmax(2) Fu(1) Fu(2)
/ Fy(1) / Fy(2) Fmax(1) Fmax(2)
113,05 80,00 134,51 115,00 189,03 169,00
S1 1,19 1,44 1,41 1,47
41,31% 16,96% 11,85%
118,15 90,00 129,15 123,00 178,39 165,00
S2 1,09 1,37 1,38 1,34
31,27% 5,00% 8,12%
T1/P1 1,74 2,00 1,87 2,09 1,82 1,68 --- --- --- ---
S1/P1 4,33 3,33 4,36 3,59 3,93 3,60 --- --- --- ---
T2/P2 2,03 1,85 1,99 1,78 1,96 1,53 --- --- --- ---
S2/P2 4,92 3,46 4,69 3,42 3,13 2,80 --- --- --- ---
(1)
Resultado obtido nas modelagens realizadas neste trabalho.
(2)
Resultado obtido experimentalmente por Qian, Li e Ma (2014).
Fy, Fmax e Fu são, respectivamente, as forças verticais correspondentes: ao escoamento de
armadura longitudinal inferior das vigas, ao primeiro pico de força e à força última resistida pelo
modelo.

G. P. LISBOA Capítulo 4
D0230E20: Proposta de uma metodologia para simulação computacional do colapso progressivo... 144

Tabela 4.7 – Resultados comparativos em termos de força vertical obtidos para os modelos S1 e S2: modelagem
de La Mazza (2018) versus ensaios experimentais de Qian, Li e Ma (2014).

Fu(1) / Fu(2) /
Amost. Fmax(1) Fmax(2) Fu(1) Fu(2)
Fmax(1) Fmax(2)
125,70 115,00 111,27 169,00
S1 0,89 1,47
9,31% -34,16%
124,91 123,00 113,92 165,00
S2 0,91 1,34
1,55% -30,96%
T1/P1 2,02 2,09 1,62 1,68 --- ---
S1/P1 3,72 3,59 2,56 3,60 --- ---
T2/P2 1,84 1,78 1,17 1,53 --- ---
S2/P2 3,42 3,42 1,97 2,80 --- ---
(1)
Resultado obtido nas modelagens de La Mazza (2018).
(2)
Resultado obtido experimentalmente por Qian, Li e Ma (2014).
Fmax e Fu são, respectivamente, as forças verticais correspondentes: ao primeiro pico de
força e à força última resistida pelo modelo.

Tabela 4.8 – Resultados comparativos em termos de força vertical obtidos para os modelos S1 e S2: modelagem
de Qian, Li e Zhang (2014) versus ensaios experimentais de Qian, Li e Ma (2014).

Fu(1) / Fu(2) /
Amost. Fmax(1) Fmax(2) Fu(1) Fu(2)
Fmax(1) Fmax(2)
125,69 115,00 250,00 169,00
S1 1,99 1,47
9,30% 47,93%
120,42 123,00 182,99 165,00
S2 1,52 1,34
-2,10% 10,90%
T1/P1 2,09 2,09 3,13 1,68 --- ---
S1/P1 3,83 3,59 6,49 3,60 --- ---
T2/P2 1,99 1,78 2,00 1,53 --- ---
S2/P2 3,52 3,42 3,00 2,80 --- ---
(1)
Resultado obtido nas modelagens de Qian, Li e Zhang (2014).
(2)
Resultado obtido experimentalmente por Qian, Li e Ma (2014).
Fmax e Fu são, respectivamente, as forças verticais correspondentes: ao primeiro pico de
força e à força última resistida pelo modelo.

Da mesma forma que para as amostras P1, P2, T1 e T2, a força vertical Fy foi definida a partir
do escoamento da armadura longitudinal inferior da viga junto ao pilar removido, conforme a
Figura 4.26. Conclui-se da Tabela 4.6 que a relação Fu / Fmax variou de 1,34 a 1,47 no ensaio e
de 1,38 a 1,41 na modelagem computacional, mostrando que todas as amostras com laje tiveram

G. P. LISBOA Capítulo 4
D0230E20: Proposta de uma metodologia para simulação computacional do colapso progressivo... 145

o colapso controlado pela ação catenária e definido pela ruptura da armadura longitudinal
inferior da viga junto ao pilar rompido. A relação Fmax / Fy variou de 1,37 a 1,44 no ensaio e de
1,09 a 1,19 na modelagem computacional. O conjunto desses resultados mostrou que o modelo
computacional foi capaz de representar os mecanismos de resistência ao colapso progressivo.
Além disso, as relações T1 / P1 e T2 / P2 variaram de 1,53 a 2,09 no ensaio e de 1,74 a 2,03 na
modelagem computacional; enquanto as relações S1 / P1 e S2 / P2 variaram de 2,80 a 3,60 no
ensaio e de 3,13 a 4,92 na modelagem computacional, mostrando que o modelo computacional
conseguiu representar de forma adequada a contribuição de vigas em diferentes direções e de
lajes na resistência da estrutura ao colapso.

Diferentemente da metodologia utilizada por La Mazza (2018), a modelagem aqui apresentada


não depende de etapas de calibração dos elementos de mola e tem os pilares representados no
modelo computacional, o que é vantajoso quando da representação de pórticos
multipavimentos, por exemplo. Além disso, a mola adotada por aquele autor não tem sentido
físico, sendo o processo de calibração das rigidezes à tração e à compressão o responsável pela
adequação dos resultados computacionais aos experimentais. Também, admitindo-se como
resistência última dos modelos S1 e S2 de La Mazza (2018) aqueles que antecedem as quedas
bruscas de resistência, notou-se que não são obtidas razões Fu / Fmax maiores que a unidade,
diferentemente dos resultados obtidos experimentalmente.

Com relação à metodologia de Qian, Li e Zhang (2014), a modelagem proposta neste trabalho
é mais simples, uma vez que não utiliza elementos finitos sólidos e, consequentemente, pode
incorrer em menor quantidade de graus de liberdade e, daí, menor tempo de processamento da
estrutura. Este fator pode ser bastante relevante quando da modelagem de estruturas mais
complexas, com pavimentos de várias lajes e/ou multipavimentos, por exemplo. Outro ponto é
que, conforme ressaltado pelos próprios autores, os modelos não foram capazes de representar
a resistência última e a ruína observadas experimentalmente, de forma que esse ponto foi
induzido pelos autores.

Tomando-se o primeiro pico de resistência e a resistência última, percebeu-se que o modelo


desenvolvido neste trabalho apresenta diferenças percentuais coerentes com os obtidos por La
Mazza (2018) e por Qian, Li e Zhang (2014). Comparando-se apenas os valores de resistência
última, as diferenças aqui obtidas foram ainda menores.

G. P. LISBOA Capítulo 4
D0230E20: Proposta de uma metodologia para simulação computacional do colapso progressivo... 146

Em se tratando das curvas força-deslocamento do apoio central, percebeu-se boa conformidade


do modelo computacional em relação aos resultados experimentais de todas as amostras
analisadas. Conclui-se, ainda, que houve boa representação no que se refere tanto às resistências
devidas aos mecanismos de arco de compressão e de ação catenária quanto aos níveis de
deslocamento sob os quais esses mecanismos se desenvolveram.

4.3 COMENTÁRIOS ACERCA DO FATOR DE AMPLIFICAÇÃO


DINÂMICA DE GSA (2013)

As análises realizadas neste capítulo foram realizadas em subestruturas, com a aplicação de


carregamentos pontuais sobre os pilares rompidos e sem a consideração de carregamentos
distribuídos. Além disso, todas as análises foram não-lineares estáticas, metodologia para qual
GSA (2013) propõe que, em análises de estruturas inteiras, a combinação de carregamento
distribuído nos pavimentos seja a definida nas expressões (2.11), que estabelece um
carregamento majorado pelo fator de amplificação dinâmica e um carregamento não majorado.
O fator de amplificação dinâmica, responsável pela parcela majorada, depende da relação
(θpra / θy), apresentada na equação (2.12) e sobre a qual ressaltam-se os seguintes pontos:

1) conforme comentado no item 2.8.1 deste trabalho, UFC 4-023-03 (DOD, 2009) define
que, para estruturas em pórtico, a rotação na ligação viga-pilar pode ser assumida igual
à razão [u / L], em que u é a diferença de deslocamento vertical entre dois apoios
consecutivas da viga e L é seu comprimento;

2) tomando-se a razão [u / L], define-se:

u
 pra max
L
=
y uy (4.9) a
L

sendo: umax – o deslocamento do apoio central correspondente ao primeiro pico de


carga, que é relativo ao esgotamento da capacidade resistente da
ligação viga-pilar;
uy – o deslocamento do apoio central correspondente ao início do
escoamento da armadura longitudinal inferior da viga junto à ligação
viga-pilar; e

G. P. LISBOA Capítulo 4
D0230E20: Proposta de uma metodologia para simulação computacional do colapso progressivo... 147

L– o vão da viga.
3) para as modelagens realizadas neste capítulo, as relações (umax / uy) encontradas são
apresentadas na Tabela 4.9;

Tabela 4.9 – Relações umax / uy para as modelagens realizadas.

Modelagem umax / uy

Pórtico IMF (Pórtico Plano) 4,05


Pórtico SMF (Pórtico Plano) 2,82
Pórtico P1 (Pórtico Plano) 2,43
Pórtico P2 (Pórtico Plano) 2,33
Pórtico T1 (Pavimento de Vigas) 2,55
Pórtico T2 (Pavimento de Vigas) 2,17
Pórtico S1 (Pavimento de Vigas e Lajes) 2,29
Pórtico S2 (Pavimento de Vigas e Lajes) 1,88

Percebe-se que, com exceção da amostra S2, todos os modelos apresentaram respostas que
correspondem a (umax / uy) ≥ 2,0, que, conforme Figura 2.3, é o critério adotado por GSA (2013)
para classificar estruturas com colapso controlado por deformação. Observa-se, no entanto, que
a amostra S2 foi capaz de desenvolver grandes deslocamentos e apresentou pleno
desenvolvimento da ação catenária. Considera-se que essa divergência é pequena e que o valor
encontrado é próximo ao recomendado por GSA (2013) para classificação de estruturas como
de colapso controlado por deformação.

G. P. LISBOA Capítulo 4
CAPÍTULO 5

ANÁLISE PARAMÉTRICA

Tendo sido observada a adequação da metodologia de modelagem desenvolvida no capítulo


anterior para a representação do colapso de pórticos planos e espaciais, incluindo a presença de
laje, é possível a extrapolação do estudo para casos sobre os quais não foram desenvolvidos
ensaios experimentais. Neste sentido, análises paramétricas podem ser realizadas para que seja
avaliada a relevância de determinados parâmetros sobre o comportamento das estruturas
analisadas ou para que, a depender dos resultados obtidos, sejam encontrados padrões de
comportamento sob variações nos parâmetros selecionados. Neste último caso, se encontrados
esses padrões, podem ser definidas diretrizes a serem utilizadas em projetos correntes.

Das normativas e recomendações de projeto abordadas no Capítulo 2 deste trabalho, nota-se


que aquelas que recomendam o Método Indireto via Método das Forças de Amarração o fazem
por meio da definição de forças de dimensionamento de amarrações. É o caso do Eurocode 2
(CEN, 2004), de Ellingwood et al. (2007) e do UFC 4-023-03 (DOD, 2009). De maneira geral,
em se tratando das amarrações horizontais definidas por esses documentos, isto é, aquelas a
serem dispostas em vigas e lajes, contemplando amarrações internas (longitudinais e
transversais) e periféricas, as expressões recomendadas admitem as forças de amarração como
linearmente dependentes dos vãos horizontais na estrutura analisada.

Como comentado no item 3.2.2 deste trabalho, Qian, Li e Zhang (2014) também realizaram
análise paramétrica computacional após a validação do modelo computacional com os ensaios
experimentais de Qian, Li e Ma (2014). Essa análise contemplava dois modelos: um com
pavimento formado por vigas perpendiculares entre si, mas sem lajes; e outro pavimento
formado por lajes e vigas. Nos modelos, os autores realizaram variações em quatro parâmetros:
taxa de armadura longitudinal das vigas, altura das vigas, taxa de armadura das lajes e espessura
das lajes, sendo esses dois últimos, apenas nos modelos de pavimento. Os efeitos das variações
foram avaliados em termos da força vertical resistida no primeiro pico de carga e da força última
que levou os modelos ao colapso. Os resultados obtidos indicaram que aumentos na altura das
vigas e na espessura da laje têm maior influência sobre os efeitos de arco de compressão e de
compressão de membrana, respectivamente, ao passo que alterações nas taxas de armadura das

G. P. LISBOA
D0230E20: Proposta de uma metodologia para simulação computacional do colapso progressivo... 149

vigas e das lajes têm maior impacto sobre a ação catenária e sobre a tração de membrana,
respectivamente.

O trabalho de Yu e Tan (2013), abordado no item 3.2.3 deste texto, realizou análise paramétrica
experimental com esquema de ensaio bastante semelhante ao utilizado por Qian, Li e Ma (2014)
para avaliação de pórticos planos. Yu e Tan (2013) variaram três parâmetros de forma
independente: (1) a taxa de armadura longitudinal superior e (2) a taxa de armadura longitudinal
inferior das vigas por meio de alterações em suas respectivas áreas de aço; e (3) a esbeltez das
vigas por meio de alterações no vão e, consequentemente, na relação L / h, sendo L o vão e h a
altura das vigas. Em resumo, os resultados obtidos por esses autores sugerem que o efeito arco
de compressão é mais relevante em vigas com baixas taxas de armadura longitudinal e de
pequena esbeltez, ao passo que a ação catenária é mais evidente em vigas com grandes taxas de
armadura e grande esbeltez. Ainda sobre a esbeltez, este parâmetro mostrou-se relevante sobre
a forma de ruína da estrutura, permitindo ou não o desenvolvimento da ação catenária.

Para realizar análises complementares às de Qian, Li e Zhang (2014) e de Yu e Tan (2013), e


que ao mesmo tempo abranjam tanto estruturas bidimensionais quanto tridimensionais com a
presença de laje, foram realizadas análises paramétricas a partir dos modelos computacionais
representativos dos modelos P1, de pórtico plano, e S1, de pavimento com lajes e vigas,
ensaiados experimentalmente por Qian, Li e Ma (2014) e descritos no capítulo anterior deste
trabalho. O principal objetivo dessa análise paramétrica foi identificar a influência da esbeltez
da viga e da taxa de armadura longitudinal de flexão nas vigas sobre a formação dos
mecanismos resistentes até o colapso da estrutura, levando em consideração também a
influência da laje na formação desses mecanismos.

Para se alcançar esse objetivo, foram realizadas as duas seguintes análises paramétricas sobre
as estruturas selecionadas:

1) Análise 1 – alterações no vão das vigas do pórtico plano e no vão das vigas longitudinais
do pavimento com lajes e vigas (VL’s, que são as vigas na direção de maior vão,
conforme Figura 3.13), mantendo-se constante a altura e as áreas de armadura
longitudinal de flexão superior (negativa) e inferior (positiva) nessas vigas. Esta análise
se justifica já que Yu e Tan (2013) indicam ser a esbeltez da viga um parâmetro bastante
relevante na formação dos mecanismos resistentes ao colapso, ao mesmo tempo que

G. P. LISBOA Capítulo 5
D0230E20: Proposta de uma metodologia para simulação computacional do colapso progressivo... 150

essas variações não foram contempladas na análise paramétrica realizada por Qian, Li
e Zhang (2014), que alteraram a altura das vigas, sem alterar seu vão;

2) Análise 2 – alterações no vão das mesmas vigas dos modelos anteriores, mas alterando-
se também a área da armadura longitudinal de flexão resistente aos momentos fletores
negativo e positivo nessas vigas na mesma razão da variação do vão. Foi tomada como
referência a área de armadura longitudinal de flexão na viga dos modelos-base, isto é,
com vão de 2100 mm. Assim, para a amostra com vão de 1500 mm, por exemplo, a área
de armadura resistente à flexão (superior e inferior) foi multiplicada por um fator de
1500 / 2100 = 0,714 da área de aço do modelo-base. Da mesma forma que na Análise 1,
no caso do pavimento com lajes e vigas, essas alterações foram realizadas apenas nas
vigas de maior vão (VL’s). Esta análise se justifica no sentido de verificar a influência
conjunta da armadura longitudinal da viga, responsável pela ação catenária, com a
esbeltez desses elementos, podendo tornar possível determinar qual deles tem maior
relevância sobre a formação dos mecanismos resistentes ao colapso das estruturas
analisadas. Além disso, a variação linear da área de armadura longitudinal com o vão
está de acordo com o critério de dimensionamento de forças de amarração segundo as
normas e recomendações de projeto anteriormente apontadas.

As amostras analisadas neste capítulo são apresentadas na Tabela 5.1, na qual as áreas de aço
indicadas são apenas as negativas (ou superiores), bem como o diâmetro equivalente por barra
para essa quantidade de armadura. Isso se deve ao fato de o diâmetro da barra ser necessário
para o cálculo do comprimento das regiões críticas das vigas, de valor (SR + LP), que varia na
Análise 2. A área de armadura positiva (ou inferior) nas vigas das amostras listadas na
Tabela 5.1 foi sempre igual à área de armadura negativa (ou superior).

G. P. LISBOA Capítulo 5
D0230E20: Proposta de uma metodologia para simulação computacional do colapso progressivo... 151

Tabela 5.1 – Relação de amostras avaliadas na Análise Paramétrica.

Vão
Asneg,long –
Teórico [φb/barra]equival
Análise(1) Nomenclatura VL's
– VL’s (3) (mm) (4)
(mm²)
(mm) (2)
P1_An-1_L-1500 1500 157,08 10,000
P1_An-1_L-1800 1800 157,08 10,000
P1
P1_An-1_L-2100 2100 157,08 10,000
Análise 1
P1_An-1_L-2400 2400 157,08 10,000
P1_An-1_L-2700 2700 157,08 10,000
P1_An-2_L-1500 1500 112,20 8,452
P1_An-2_L-1800 1800 134,64 9,258
P1
P1_An-2_L-2100 2100 157,08 10,000
Análise 2
P1_An-2_L-2400 2400 179,52 10,690
P1_An-2_L-2700 2700 201,96 11,339
S1_An-1_L-1500 1500 157,08 10,000
S1_An-1_L-1800 1800 157,08 10,000
S1
S1_An-1_L-2100 2100 157,08 10,000
Análise 1
S1_An-1_L-2400 2400 157,08 10,000
S1_An-1_L-2700 2700 157,08 10,000
S1_An-2_L-1500 1500 112,20 8,452
S1_An-2_L-1800 1800 134,64 9,258
S1
S1_An-2_L-2100 2100 157,08 10,000
Análise 2
S1_An-2_L-2400 2400 179,52 10,690
S1_An-2_L-2700 2700 201,96 11,339
(1)
P1 é um pórtico plano (como na Figura 4.19(a)) e S1 é um pavimento com
vigas e lajes (como na Figura 4.20);
(2)
Maior vão, conforme Figura 3.13;
(3)
Área de armadura longitudinal inferior (ou superior) na viga da amostra
P1 e na viga longitudinal da amostra S1;
(4)
Diâmetro equivalente adotado para duas barras cujas áreas somadas
correspondem à área de aço mostrada na coluna (3).

A seguir são apresentados os resultados obtidos das análises realizadas, inicialmente para as
variações no pórtico plano P1 e, posteriormente, para as variações no pavimento S1.

G. P. LISBOA Capítulo 5
D0230E20: Proposta de uma metodologia para simulação computacional do colapso progressivo... 152

5.1 AMOSTRA P1 – PÓRTICO PLANO

Qian, Li e Zhang (2014) utilizaram as curvas força-deslocamento do pilar central para avaliar
os resultados de sua análise paramétrica. Nesta linha, Yu e Tan (2013) também se valeram
desses resultados para observar as variações de comportamento global dos arranjos estudados.
Assim, na Figura 5.1 são apresentados os resultados para as duas análises realizadas em termos
de curvas força-deslocamento do pilar central da amostra P1. As curvas experimentais, obtidas
para as os modelos de referência de Qian, Li e Ma (2014), são apresentadas apenas com fins de
comparação. Destaca-se que as quedas acentuadas observadas nas curvas dos modelos
computacionais foram interpretadas como perda de equilíbrio estático devida à ruptura da
armadura longitudinal inferior da viga, de forma que a resistência última do modelo
computacional foi definida para a força imediatamente anterior à queda acentuada na curva
força-deslocamento do apoio central. Nas curvas em que não houve essa queda acentuada, a
perda de equilíbrio estático foi caracterizada pela falta de convergência no processamento
numérico, de maneira que a resistência última desses modelos correspondeu aos últimos pontos
de suas respectivas curvas.

G. P. LISBOA Capítulo 5
D0230E20: Proposta de uma metodologia para simulação computacional do colapso progressivo... 153

Figura 5.1 – Curvas força-deslocamento para a amostra P1: (a) Análise 1 e (b) Análise 2.

G. P. LISBOA Capítulo 5
D0230E20: Proposta de uma metodologia para simulação computacional do colapso progressivo... 154

Observa-se da Figura 5.1 que, em algumas curvas, a resistência última, associada à ação
catenária, foi inferior ao primeiro pico de resistência, associado ao efeito de arco de
compressão, especialmente nos modelos com vãos menores. Isso ocorreu também na Análise 2,
na qual a armadura resistente à flexão foi variada. Esse resultado é coerente com os resultados
de Yu e Tan (2013) e evidencia que a redução do vão torna mais relevante o efeito de arco de
compressão frente à ação catenária, indicando que este parâmetro está associado à forma de
ruína da estrutura, influenciando fortemente o desenvolvimento ou não da ação catenária, que
se dá apenas sob grandes deslocamentos.

Frente aos resultados da Análise 1, os da Análise 2 explicitaram a influência da taxa de


armadura de flexão da viga na resistência do pórtico plano ao colapso. Como também observado
por Yu e Tan (2013), apesar de esse parâmetro ter menor relevância sobre a forma de ruína da
estrutura, notou-se que maiores taxas de armadura de flexão (tanto superior quanto inferior)
aumentaram a rigidez do modelo e a resistência da ligação viga-pilar, representada pelo
primeiro pico de força, além de possibilitar maiores deslocamentos verticais antes do
rompimento da armadura longitudinal inferior na viga junto ao pilar removido. Por outro lado,
nos modelos em que houve redução da armadura longitudinal das vigas, observou-se redução
da força máxima relativa ao primeiro pico. Além disso, nos modelos em que a ação catenária
se formou, observou-se que o aumento da armadura longitudinal de flexão resultou no aumento
da força última relativa ao colapso da estrutura.

Os mecanismos resistentes ao colapso também podem ser avaliados por meio da capacidade de
deslocamento vertical da estrutura. Neste sentido, tanto Lew et al. (2011) quanto Qian, Li e
Zhang (2014) indicaram que em seus modelos de pórtico plano o aumento de resistência após
o primeiro pico de carga (que se deve à ação catenária) foi observado para níveis de
deslocamento do apoio central em torno de 1,0 h, sendo h a altura da viga. Esse deslocamento
corresponde, aproximadamente, ao ponto de mínimo da curva força-deslocamento depois do
primeiro pico de força, o que pode ser mais bem visualizado na Figura 4.24. Yu e Tan (2013)
também associaram a capacidade da estrutura em desenvolver grandes deslocamentos verticais
à sua resistência ao colapso. Ainda, o Método das Forças de Amarração apresentado pelo
UFC 4-023-03 (DOD, 2009) recomenda que, para que sejam consideradas amarrações
passando pelo interior das vigas, é necessário que estas tenham capacidade verificada de
suportar uma razão [u / L] superior a 0,20 rad, sendo u a diferença de deslocamento vertical
entre os apoios da viga e L o seu vão.

G. P. LISBOA Capítulo 5
D0230E20: Proposta de uma metodologia para simulação computacional do colapso progressivo... 155

Dessa forma, o conjunto de resultados da análise paramétrica pode ser avaliado a partir da
relação [Fu / Fmax] x [uu / L], sendo Fu a força vertical última (correspondente ao colapso da
estrutura), Fmax a força vertical no primeiro pico de resistência (relativa ao efeito de arco de
compressão), uu o deslocamento vertical último no colapso da estrutura e L o vão teórico da
viga. Neste sentido, o desenvolvimento do colapso em uma estrutura está associado à sua
capacidade de desenvolver deslocamento

A Figura 5.2 mostra os pontos correspondentes aos resultados obtidos nas duas análises. Ao
observar esses resultados, conclui-se que a variação da taxa de armadura longitudinal da viga
teve pouca influência sobre a forma de colapso da estrutura, de modo que os pontos das duas
análises foram próximos. Por essa razão, ambas as análises foram consideradas em conjunto
para obtenção de uma curva aproximada via regressão não-linear, realizada no software LAB
Fit, que é também apresentada no gráfico da Figura 5.2. A curva obtida correlaciona a razão
[Fu / Fmax] a [uu / L]. Em se tratando do software LAB Fit, este conta com várias curvas de
ajuste pré-cadastradas, que, com base nos dados de entrada inseridos, resultam em diferentes
coeficientes de correlação R². O usuário pode então escolher qual curva utilizar. Além dos
resultados obtidos da análise paramétrica realizada, na Figura 5.2 são inseridos aqueles
relativos aos Pórticos IMF e SMF, de Lew et al. (2011), a fim de se comparar o resultado da
análise paramétrica com esses modelos.

Figura 5.2 – Resultados da análise paramétrica das amostras P1 e dos Pórticos IMF e SMF em termos de
[Fu / Fmax] e [uu / L].

G. P. LISBOA Capítulo 5
D0230E20: Proposta de uma metodologia para simulação computacional do colapso progressivo... 156

Considerando-se os mecanismos resistentes que se formam em pórticos planos de concreto


armado até o seu colapso, isto é, o efeito de arco de compressão e a ação catenária, notadamente
o segundo mecanismo está relacionado ao desenvolvimento de grandes deslocamentos da
estrutura antes do colapso. O início desse mecanismo pode ser definido pelo instante em que
todas as armaduras longitudinais da viga passam a ser tracionadas, como definido por Lew et
al. (2011), ou quando a curva força-deslocamento atinge o seu valor mínimo, semelhante ao
que adotam Qian, Li e Zhang (2014). Contudo, para obtenção deste ponto, é necessário que a
estrutura física ou o modelo computacional seja capaz de desenvolver grandes deslocamentos.
Assim, para que a estrutura não desenvolva um colapso progressivo ao se atingir o primeiro
pico de força (Fmax), quando se manifesta o efeito de arco de compressão, é desejável que ela
encontre uma nova posição de equilíbrio com resistência ao menos igual ao valor de Fmax. Essa
nova posição de equilíbrio será garantida pela ação catenária, que é proporcionada pelas
armaduras longitudinais das vigas que chegam ao pilar retirado da estrutura.

Dessa forma, não basta que se manifeste o efeito de ação catenária no pórtico em análise, mas
é desejável que sejam alcançados níveis de resistência vertical última, Fu, superiores aos de
resistência vertical de primeiro pico, Fmax. Partindo desse princípio, admite-se aqui que
[Fu / Fmax] ≤ 1,0 indica que o pórtico tem o seu colapso controlado pelo efeito de arco de
compressão (mecanismo de resistência com capacidade reduzida de redistribuição de esforços
para evitar o colapso progressivo da estrutura), enquanto [Fu / Fmax] ≥ 1,0 indica que o pórtico
tem o seu colapso controlado pela ação catenária (e com capacidade de encontrar uma posição
de equilíbrio mesmo após esgotado o mecanismo de arco de compressão). Assim, neste último
caso, o colapso progressivo do pórtico de concreto seria evitado por existir uma posição de
equilíbrio com resistência superior à de primeiro pico, que se desenvolve sob níveis bem
menores de deslocamento vertical. Portanto, conclui-se dos resultados do gráfico da Figura 5.2
que para se ter relações [Fu / Fmax] ≥ 1,0, a estrutura deve ser capaz de desenvolver relação
[uu / L] ≥ 0,13 rad. Este valor representa o mínimo de rotação que se espera que a ligação viga-
pilar suporte para que se garanta a formação da ação catenária no pórtico em análise.

A fim de correlacionar o comportamento global dos modelos – representado pela força vertical
resistida, F, na curva força-deslocamento do apoio central – com a força resistida pelas
armaduras longitudinais superior e inferior da viga junto ao pilar removido ao longo do
desenvolvimento dos ensaios computacionais, são apresentados os gráficos da Figura 5.4 e da
Figura 5.5. Para obter os valores de força nas armaduras, foram avaliados os nós de

G. P. LISBOA Capítulo 5
D0230E20: Proposta de uma metodologia para simulação computacional do colapso progressivo... 157

reinforcements destacados no esquema da Figura 5.3. Considerando-se que em cada camada de


armadura (inferior ou superior) há duas barras longitudinais, os nós destacados nessa figura
contemplam ambas, de forma que os valores analisados se referem a duas barras. A Tabela 5.2
indica a força máxima obtida na armadura longitudinal de cada modelo.

Figura 5.3 – Nós para obtenção das forças solicitantes nas armaduras longitudinais da viga.

Tabela 5.2 – Força máxima obtida na armadura longitudinal inferior (ou superior) de cada modelo.

Asneg,long Fsu
Análise Amostra
(mm²) (1) (kN) (2)
P1_An-1_L-1500 157,08 89,22
P1_An-1_L-1800 157,08 89,22
P1
P1_An-1_L-2100 157,08 89,22
Análise 1
P1_An-1_L-2400 157,08 89,22
P1_An-1_L-2700 157,08 89,22
P1_An-2_L-1500 112,20 63,73
P1_An-2_L-1800 134,64 76,48
P1
P1_An-2_L-2100 157,08 89,22
Análise 2
P1_An-2_L-2400 179,52 101,97
P1_An-2_L-2700 201,96 114,71
(1)
Área de armadura longitudinal inferior (ou superior) nas vigas dos modelos;
(2)
Força de ruptura na armadura longitudinal inferior (ou superior) segundo a lei
constitutiva do aço e a área de armadura em (1).

G. P. LISBOA Capítulo 5
D0230E20: Proposta de uma metodologia para simulação computacional do colapso progressivo de estruturas reticuladas em concreto armado 158

Figura 5.4 – Força nas armaduras ao longo do desenvolvimento das curvas força-deslocamento do apoio central.

G. P. LISBOA Capítulo 5
D0230E20: Proposta de uma metodologia para simulação computacional do colapso progressivo de estruturas reticuladas em concreto armado 159

Figura 5.5 – Força nas armaduras ao longo do desenvolvimento das curvas força-deslocamento do apoio central.

G. P. LISBOA Capítulo 5
D0230E20: Proposta de uma metodologia para simulação computacional do colapso progressivo... 160

Ao se observar a solicitação das armaduras durante os ensaios computacionais, notou-se o


aumento da força de compressão no concreto (representado pela compressão na armadura
superior) até a força vertical máxima (Fmax), quando o efeito de arco tem a maior contribuição.
A partir daí, verificou-se uma tendência de redução da força de compressão na armadura
superior até o instante em que ela passa a ser tracionada. Este instante representou o início da
ação catenária. Para as amostras com 1500 e com 1800 mm de vão, no entanto, a armadura
superior não chegou a ser tracionada, o que mostra que a ação catenária não foi plenamente
desenvolvida nesses modelos. De forma indireta, isso sustenta a conclusão de que, para
apresentar relações [Fu / Fmax] ≥ 1,0 e ter a ação catenária desenvolvida em situação de colapso,
a estrutura deve ser capaz de desenvolver relação [uu / L] ≥ 0,13 rad, já que nessas mesmas
amostras esses limites não foram obedecidos.

Nas vigas de maiores vãos notou-se comportamento diferente. A menor rigidez à flexão solicita
menos as armaduras, permitindo que suportem maiores níveis de deslocamento vertical do
apoio intermediário, para o que também contribuem maiores taxas de armadura longitudinal.
Observou-se, ainda, que, aumentando-se o deslocamento vertical, as armaduras longitudinais
comprimidas na ligação viga-pilar intermediária passam a sofrer alívio de solicitação e, caso
sejam suficientemente resistentes (isto é, caso haja área de armadura suficiente), passam a ser
também tracionadas em deslocamentos ainda maiores. É notável que, no ponto de resistência
última desses modelos, a soma das trações nas armaduras superior e inferior possa chegar a
praticamente o dobro da suportada apenas pelas armaduras inferiores. Destaca-se, no entanto,
que essa é uma condição dependente da continuidade das armaduras superior e inferior da viga
na ligação viga-pilar.

Sabe-se também que a relação [uu / L] está intimamente associada à rigidez dos apoios da viga.
Neste sentido, adota-se o Parâmetro (1 / α), dado pela expressão (5.1), para avaliar a influência
das condições de contorno da viga sobre a capacidade de rotação da ligação viga-pilar quando
do colapso da estrutura.

1 1
=
 rviga (5.1) a
rviga + rpilar,sup + rpilar,inf

G. P. LISBOA Capítulo 5
D0230E20: Proposta de uma metodologia para simulação computacional do colapso progressivo... 161

em que rviga, rpilar,sup e rpilar,inf são, respectivamente, as rigidezes da viga, do trecho de pilar acima
da ligação viga-pilar e do trecho de pilar abaixo da ligação viga-pilar, valores que estão
associados às condições de contorno da viga e dos pilares. O denominador da expressão (5.1)
representa a parcela de momento de engastamento resistida pela viga em uma ligação viga-pilar
rígida. O seu inverso é admitido aqui apenas a fim de que o Parâmetro (1 / α) cresça com o vão.

A Figura 5.6 mostra o resultado da relação entre [uu / L] e o [Parâmetro (1 / α)]. Tal como
realizado anteriormente, esses resultados foram utilizados para obtenção de uma curva
aproximada via regressão não-linear realizada no software LAB Fit. A curva obtida correlaciona
[uu / L] ao [Parâmetro (1 / α)]. A razão [uu / L] ≈ 0,13 rad obtida no gráfico da Figura 5.2 para
[Fu / Fmax] = 1,0 é destacada e os resultados dos Pórticos IMF e SMF, de Lew et al. (2011),
também são incluídos.

Figura 5.6 – Resultados da análise paramétrica das amostras P1 e dos Pórticos IMF e SMF em termos de [uu / L]
e [Parâmetro (1 / α)].

No gráfico da Figura 5.6, percebeu-se que, para se ter [Fu / Fmax] ≥ 1,0 a estrutura deve
apresentar [Parâmetro (1 / α)] ≥ 14,0, o que correspondente a [uu / L] ≥ 0,13 rad. Ou seja, para
o pórtico analisado, a rigidez da viga em relação à rigidez do nó do pórtico deve ser inferior a
0,071. Ainda conforme este último gráfico, sucessivos aumentos de [Parâmetro (1 / α)] levam
ao limite superior [uu / L] ≈ 0,18 rad. Neste sentido, é conservadora a recomendação do

G. P. LISBOA Capítulo 5
D0230E20: Proposta de uma metodologia para simulação computacional do colapso progressivo... 162

UFC 4-023-03 (DOD, 2009) de que, para serem consideradas amarrações passando pelo
interior das vigas, é necessário que estas tenham capacidade verificada de suportar razão [u / L]
superior a 0,20 rad. Tal fato é corroborado ao se observar que os valores da razão [u / L] para
os Pórticos IMF e SMF foram inferiores a esse limite e, mesmo assim, foi observada a formação
do mecanismo de ação catenária antes do colapso dos pórticos. Importante observar, também,
que a variação da rigidez dos pilares nos Pórticos IMF e SMF de fato influenciou a razão [u / L]
e que essa variação se encontra próxima dos valores obtidos da análise paramétrica.

Assim, ao se garantir que o pórtico em análise atinja razão [uu / L] ≥ 0,13 rad antes do colapso,
o que pode ser atingido quando [Parâmetro (1 / α)] ≥ 14,0, garante-se, de forma indireta, a
formação da ação catenária na armadura longitudinal da viga. Dessa forma, a armadura
longitudinal colocada nesses elementos pode ser considerada para evitar o colapso progressivo
da estrutura, e não apenas a armadura distribuída nas lajes.

5.2 AMOSTRA S1 – PAVIMENTO COM LAJES E VIGAS

Como realizado para a análise paramétrica da amostra P1, na Figura 5.7 são apresentados os
resultados de força-deslocamento do pilar central para o modelo S1, com pavimento formado
por vigas e lajes maciças de concreto. As curvas experimentais, obtidas para os modelos de
referência de Qian, Li e Ma (2014), são apresentadas apenas com fins de comparação. Assim
como para a amostra P1, quedas acentuadas observadas nas curvas de resultado das análises
computacionais foram interpretadas como perda de equilíbrio estático, de forma que a
resistência última do modelo computacional foi definida para a força imediatamente anterior à
queda acentuada na curva força-deslocamento do apoio central.

Nessa análise, apenas as vigas na direção de maior vão (vigas longitudinais, VL’s) tiveram o
seu vão e a sua armadura de flexão alteradas, ficando mantidas as propriedades das vigas na
direção de menor vão (vigas transversais, VT’s) tais como no modelo experimental. Desta
forma, nas Análises 1 e 2 desse modelo, a variação de vão nas vigas longitudinais terminou por
alterar a relação entre vãos da laje. Denomina-se aqui [Vão maior] / [Vão menor] a razão entre
o vão das vigas longitudinais e o vão das vigas transversais

Assim como na análise do pórtico plano, algumas curvas mostradas na Figura 5.7 evidenciam
que a resistência última, associada à ação catenária, foi inferior ao primeiro pico de carga,
associado ao efeito de arco de compressão. De fato, este mecanismo de resistência foi mais
G. P. LISBOA Capítulo 5
D0230E20: Proposta de uma metodologia para simulação computacional do colapso progressivo... 163

relevante em modelos com menores valores de vão da viga longitudinal. Já a ação catenária se
tornou mais evidente com o aumento desse parâmetro. Neste sentido, a razão entre vãos da laje
se mostrou como um parâmetro de forte influência sobre a forma de ruína da estrutura,
permitindo ou não o pleno desenvolvimento da ação catenária, possível apenas sob grandes
deslocamentos.

Ao se observarem comparativamente as curvas da Figura 5.1 e da Figura 5.7, nota-se que


modelos correspondentes de pórtico plano e de pavimento com lajes e vigas diferenciam-se
quanto à capacidade de desenvolvimento de deslocamentos. De fato, entre os modelos
P1_An-1_L-1500 e S1_An-1_L-1500 ou entre os modelos P1_An-2_L-1800 e S1_An-2_L-1800,
por exemplo, percebe-se que, em relação aos pórticos planos, as estruturas com pavimento
foram capazes de desenvolver maiores deslocamentos após o fim do efeito de arco de
compressão e, consequentemente, menor diferença entre a força de primeiro pico e a força
última aplicadas. Associa-se esse fato à maior capacidade de redistribuição de esforços dessas
estruturas, evidenciada por Qian, Li e Ma (2014) e por Qian, Li e Zhang (2014) e admitida
como devida a mecanismos complementares de resistência, isto é, os efeitos de compressão e
de tração de membrana, que ocorrem nas lajes.

As amostras ensaiadas por Yu e Tan (2013) não contemplavam os efeitos tridimensionais ou


mesmo a consideração de lajes. No entanto, a influência da taxa de armadura longitudinal das
vigas e da dimensão do vão desses elementos, verificada por aqueles autores e no item 5.1 deste
trabalho, se manteve válida para estruturas mais complexas, com pavimento de vigas e lajes.
Os resultados obtidos mostraram que, apesar de ter menor relevância sobre a forma de ruína da
estrutura, maiores taxas de armadura longitudinal das vigas (tanto superior quanto inferior)
contribuíram para maiores resistências de primeiro pico e para maiores níveis de rigidez da
estrutura, além de permitirem maiores deslocamentos até o colapso da estrutura e o aumento da
força vertical última resistida. Na contramão, reduções na taxa de armadura longitudinal das
vigas longitudinais levam a redução da força máxima relativa ao primeiro pico.

G. P. LISBOA Capítulo 5
D0230E20: Proposta de uma metodologia para simulação computacional do colapso progressivo... 164

Figura 5.7 – Curvas força-deslocamento para a amostra S1 (a) Análise 1 e (b) Análise 2.

G. P. LISBOA Capítulo 5
D0230E20: Proposta de uma metodologia para simulação computacional do colapso progressivo... 165

Os gráficos da Figura 5.8 correlacionam o comportamento global dos modelos – representado


pela força vertical resistida, F, na curva força-deslocamento do apoio central – à força resistida
pelas armaduras longitudinais superior e inferior da viga na direção de menor vão (viga
transversal, VT) junto ao pilar removido. Da mesma forma o faz a Figura 5.9, mas para a viga
na direção de maior vão (viga longitudinal, VL). Considerando-se que o colapso dos modelos
se deu pela ruptura das armaduras inferiores das vigas do pavimento e a fim de se estabelecer
uma análise comparativa entre as vigas nas diferentes direções, a Figura 5.10 relaciona as
curvas força-deslocamento do apoio central às forças apenas nas armaduras longitudinais
inferiores das vigas transversais e das vigas longitudinais. Ressalta-se que a força nas armaduras
foi obtida nos nós de reinforcements destacados no esquema da Figura 5.3, para as vigas nas
duas direções, mas, diferentemente das análises no pórtico plano, os valores aqui representam
a força em uma única barra (inferior ou superior), devido ao fato de os modelos serem em 3D.

Adianta-se que algumas estruturas apresentaram comportamentos bastante semelhantes entre


si. Os comportamentos estruturais entre as amostras S1_An-2_L-2400 e S1_An-1_L-2700, por
exemplo, são bastante próximos, com a ação catenária plenamente desenvolvida nas vigas nas
duas direções. Neste sentido, a fim de se reduzir a quantidade de gráficos, para as Análises 1
e 2, são apresentados apenas os resultados obtidos para os modelos-base, com vão de 2100 mm
para as vigas longitudinais, bem como para os modelos com menor e maior vão para as vigas
longitudinais, isto é, para os modelos com vãos longitudinais de 1500 mm e de 2700 mm. A
Tabela 5.3 indica a força máxima obtida na armadura longitudinal de cada modelo.

G. P. LISBOA Capítulo 5
D0230E20: Proposta de uma metodologia para simulação computacional do colapso progressivo de estruturas reticuladas em concreto armado 166

Figura 5.8 – Força nas armaduras longitudinais das vigas transversais (VT’s) ao longo do desenvolvimento das curvas força-deslocamento do apoio central.

G. P. LISBOA Capítulo 5
D0230E20: Proposta de uma metodologia para simulação computacional do colapso progressivo de estruturas reticuladas em concreto armado 167

Figura 5.9 – Força nas armaduras longitudinais das vigas longitudinais (VL’s) ao longo do desenvolvimento das curvas força-deslocamento do apoio central.

G. P. LISBOA Capítulo 5
D0230E20: Proposta de uma metodologia para simulação computacional do colapso progressivo de estruturas reticuladas em concreto armado 168

Figura 5.10 – Força nas armaduras longitudinais inferiores das vigas transversais (VT’s) e das vigas longitudinais (VL’s) e curvas força-deslocamento do apoio central.

G. P. LISBOA Capítulo 5
D0230E20: Proposta de uma metodologia para simulação computacional do colapso progressivo... 169

Tabela 5.3 – Força máxima obtida na armadura longitudinal inferior (ou superior) das vigas transversais e das
vigas longitudinais de cada modelo.

Asneg,long,VT Fsu,VT Asneg,long,VL Fsu,VL


Análise Amostra
(mm²) (1) (kN) (2) (mm²) (3) (kN) (4)
S1_An-1_L-1500 78,54 44,61 78,54 44,61
S1
S1_An-1_L-2100 78,54 44,61 78,54 44,61
Análise 1
S1_An-1_L-2700 78,54 44,61 78,54 44,61
S1_An-2_L-1500 78,54 44,61 56,10 31,86
S1
S1_An-2_L-2100 78,54 44,61 78,54 44,61
Análise 2
S1_An-2_L-2700 78,54 44,61 100,98 57,36
(1)
Área de aço de uma única barra da armadura longitudinal inferior (ou superior)
nas vigas na direção de menor vão (vigas transversais) dos modelos;
(2)
Força de ruptura em uma única barra da armadura longitudinal inferior (ou
superior) nas vigas transversais segundo a lei constitutiva do aço e a área de
armadura em (1);
(3)
Área de aço de uma única barra da armadura longitudinal inferior (ou superior)
nas vigas na direção de maior vão (vigas longitudinais) dos modelos;
(4)
Força de ruptura em uma única barra da armadura longitudinal inferior (ou
superior) nas vigas longitudinais segundo a lei constitutiva do aço e a área de
armadura na coluna em (3).

Da Figura 5.8 e da Figura 5.9 observa-se que o alívio das forças de compressão nas armaduras
superiores ocorre inicialmente nas VT’s. Além disso, exceto pela amostra S1_An-1_L-1500, em
que VT’s e VL’s contaram com mesma área de aço e mesmo vão, apesar de seções transversais
diferentes (rigidez maior nas VL’s), todas as demais as armaduras inferiores das VT’s foram
igualmente ou mais solicitadas que suas correspondentes nas VL’s sob níveis de deslocamento
iniciais.

Da Figura 5.10 percebe-se que, de todos os modelos analisados, o S1_An-2_L-1500 foi o único
em que o rompimento da armadura longitudinal inferior junto à ligação da VL com o pilar
removido se deu bastante antes do rompimento da armadura correspondente na VT. Associa-se
esse comportamento ao fato de que, nesse modelo, as VL’s tinham rigidez (relação
Inércia / Vão) muito maior que as VT’s, mas com armadura longitudinal menor que a das VT’s.
Por causa da maior rigidez, no entanto, as VL’s receberam maior momento, incorrendo em
maior solicitação de suas armaduras longitudinais devido aos esforços de flexão e, sob
deslocamentos verticais maiores, na ruptura dessas armaduras (ruína global do modelo).

G. P. LISBOA Capítulo 5
D0230E20: Proposta de uma metodologia para simulação computacional do colapso progressivo... 170

Em todos os modelos, notou-se que o binário de forças nas armaduras longitudinais das vigas
(tração na armadura inferior e compressão armadura na superior) se faz presente nas vigas em
ambas as direções até mesmo após o ponto de mínimo da curva força-deslocamento do pilar
central. Novamente com exceção do modelo S1_An-2_L-1500, no entanto, percebeu-se também
que esse binário permaneceu por mais tempo nas VL’s, indicando que, neste caso, a ação
catenária ocorre primeiramente nas VT’s, que também são mais solicitadas sob maiores níveis
de deslocamento do apoio central. Isso é observado pela descompressão da armadura superior
e sua posterior solicitação à tração.

Partindo-se dos modelos com vão longitudinal de 1800 mm e assumindo-se razões [Vão das
VL’s] / [Vão das VT’s] cada vez maiores, notou-se que as VT’s se tornaram cada vez mais
relevantes sobre o colapso do pavimento. Conforme se observa na Figura 5.10, com o aumento
desse parâmetro, a tração da armadura longitudinal inferior das VT’s ficou mais evidente frente
à da sua correspondente nas VL’s sob níveis de deslocamento iniciais, mesmo aumentando-se
área de armadura longitudinal apenas nestas últimas. Dessa forma, notou-se que os mecanismos
de resistência ao colapso progressivo se desenvolvem primeiramente nas VT’s.

Da Figura 5.8 e da Figura 5.9, vê-se que, para vãos longitudinais crescentes maiores ou iguais
a 2100 mm, as armaduras longitudinais superior e inferior das VT’s atingiram a tração resistente
última ao final do ensaio, o que não chega a ocorrer para as VL’s. Destaca-se, no entanto, que
essa é uma condição dependente da continuidade das armaduras superior e inferior da viga na
ligação viga-pilar.

Dessa forma, conclui-se que o comportamento do pavimento sob ruína de um pilar é controlado
pelas vigas de menor vão. Assim, como feito nas análises do pórtico plano, o conjunto de
resultados obtidos para o modelo de pavimento com lajes e vigas também foi avaliado a partir
da relação [Fu / Fmax] x [uu / L], sendo Fu a força vertical última (correspondente ao colapso da
estrutura), Fmax a força vertical no primeiro pico de resistência (relativa ao efeito de arco de
compressão), uu o deslocamento vertical último no colapso da estrutura e L o vão teórico das
vigas na direção de menor vão.

A Figura 5.11 mostra os pontos correspondentes aos resultados obtidos nas Análises 1 e 2. Os
resultados evidenciaram que a variação da taxa de armadura longitudinal da viga na direção
longitudinal teve pouca influência sobre a forma de colapso da estrutura, já que os pontos
correspondentes às duas análises foram próximos entre si. Assim, como realizado para o pórtico

G. P. LISBOA Capítulo 5
D0230E20: Proposta de uma metodologia para simulação computacional do colapso progressivo... 171

plano, as Análises 1 e 2 aqui também foram consideradas em conjunto para obtenção de uma
curva aproximada via regressão não-linear realizada no software LAB Fit, que é também
apresentada no gráfico da Figura 5.11. A curva obtida correlaciona a razão [Fu / Fmax] a
[(uu / L)_VT’s], sendo este último parâmetro a relação [uu / L] tomando-se as vigas transversais
(na direção de menor vão) como base.

Figura 5.11 – Resultados da análise paramétrica das amostras S1 em termos de [Fu / Fmax] e
[(uu / L)_VT’s].

Partindo-se do mesmo princípio adotado na análise paramétrica do pórtico plano, admite-se


aqui que uma razão [Fu / Fmax] < 1,0 indica que o colapso de determinado pórtico é controlado
pelo efeito de arco de compressão, que tem capacidade reduzida de redistribuição de esforços.
De forma contrária, uma razão [Fu / Fmax] ≥ 1,0 indica que o pórtico tem o seu colapso
controlado pela ação catenária, com capacidade de redistribuição de esforços superior ao
primeiro mecanismo. Ainda, a fim de definir que o pórtico possa encontrar uma nova posição
de equilíbrio após o primeiro pico de resistência e que, ainda, essa nova posição ofereça
resistência superior à de primeiro pico, conclui-se, da Figura 5.11, que para se ter relações
[Fu / Fmax] ≥ 1,0, o pavimento deve ser capaz de desenvolver relação
[(uu / L)_VT’s] ≥ 0,12 rad. Este valor representa a rotação mínima que as ligações viga-pilar
das vigas transversais devem suportar a fim de que se desenvolva a ação catenária no pórtico
analisado. O deslocamento vertical do pilar removido correspondente ao limite inferior de

G. P. LISBOA Capítulo 5
D0230E20: Proposta de uma metodologia para simulação computacional do colapso progressivo... 172

[(uu / L)_VT’s] pode ser utilizado para se encontrar a rotação mínima a ser suportada pelas
ligações viga-pilar das vigas longitudinais.

A exemplo do realizado para o modelo de pórtico plano, a influência das rigidezes das vigas
também foi avaliada aqui. No entanto, considerando-se a disposição das vigas em direções
ortogonais, propõe-se utilizar a razão [Parâmetro (1 / α)_VL’s] / [Parâmetro (1 / α)_VT’s],
sendo os Parâmetros (1 / α) das VL’s e das VT’s calculados conforme expressão (5.1). Os
resultados obtidos são apresentados no gráfico da Figura 5.12, no qual consta também uma
curva aproximada obtida via regressão não-linear realizada no software LAB Fit. A curva obtida
correlaciona [(uu / L)_VT’s] ao [Parâmetro (1 / α): (VL’s / VT’s)]. Destaca-se que o limite
superior para [(u / L)_VT’s] foi encontrado para [Parâmetro (1 / α): (VL’s / VT’s)] infinito na
curva aproximada obtida. A razão [uu / L] ≈ 0,12 rad obtida no gráfico da Figura 5.11 para
[Fu / Fmax] = 1,0 é apresentada.

Figura 5.12 – Resultados da análise paramétrica das amostras S1 em termos de [(uu / L)_VT’s] e
[Parâmetro (1 / α): (VL’s / VT’s)].

É conhecido, do dimensionamento convencional de lajes sob regime elástico-linear no Estado


Limite Último, que tais elementos, quando com relação [Vão Maior] / [Vão Menor] ≥ 2,0,
devem ser dimensionados como armados em uma única direção, com armaduras principais
dispostas paralelamente ao menor vão, já que aí se dão os esforços mais relevantes. Neste

G. P. LISBOA Capítulo 5
D0230E20: Proposta de uma metodologia para simulação computacional do colapso progressivo... 173

sentido, explica-se o fato de o comportamento geral das amostras com maiores relações entre
vãos ser em grande parte regido pelas VT’s em detrimento das VL’s, como mostrado na análise
da solicitação das armaduras longitudinais das vigas que chegam no pilar removido. Ainda
sobre essa semelhança, notou-se que para as VT’s, assim como para o modelo de pórtico plano,
houve um limite da razão [u / L], que, embora aproximadamente igual a 0,18 rad naquele caso,
aqui se reduziu para valores em torno de 0,14 rad. Atribui-se isso à contribuição de resistência
desenvolvida pelos elementos estruturais adicionais considerados (VL’s e lajes).

Valendo-se da análise realizada para o pórtico plano, da curva aproximada mostrada na


Figura 5.12, conclui-se que, para se ter [Fu / Fmax] ≥ 1,0 a estrutura deve apresentar [Parâmetro
(1 / α): (VL’s / VT’s)] ≥ 0,46, o que correspondente a [(uu / L)_VT’s] ≥ 0,1149 rad. Para
[(uu / L)_VT’s] ≥ 0,12 rad, [Parâmetro (1 / α): (VL’s / VT’s)] ≈ 0,48. Ainda conforme esse
gráfico, sucessivos aumentos de [Parâmetro (1 / α): (VL’s / VT’s)] levam ao limite superior
[(uu / L)_VT’s] ≈ 0,14 rad.

Corroborando a conclusão obtida da análise do pórtico plano, o limite superior encontrado


sugere que é conservadora a recomendação de UFC 4-023-03 (DOD, 2009) de que, para serem
consideradas amarrações passando pelo interior das vigas, é necessário que estas tenham
capacidade verificada de suportar razão [u / L] superior a 0,20 rad.

A fim de se garantir que o pórtico em análise atinja razão [(uu / L)_VT’s] ≥ 0,12 rad e que,
consequentemente, de forma indireta, se desenvolva a ação catenária na armadura longitudinal
da viga, estabelece-se [Parâmetro (1 / α): (VL’s / VT’s)] ≥ 0,48 . Assim, a armadura
longitudinal das vigas pode ser considerada para evitar o colapso progressivo da estrutura, e
não apenas a armadura distribuída nas lajes, como prevê UFC 4-023-03 (DOD, 2009).

G. P. LISBOA Capítulo 5
CAPÍTULO 6

MODELAGEM COMPUTACIONAL DO COLAPSO DE UM


PAVIMENTO DE CONCRETO ARMADO

Com base na metodologia de modelagem desenvolvida no Capítulo 4 para a simulação do


colapso de pórticos e pavimentos de concreto armado, neste capítulo é realizada a modelagem
computacional do pavimento térreo de uma estrutura de concreto armado em meia escala. Esse
pavimento faz parte de uma estrutura em concreto armado com três pavimentos que foi ensaiada
experimentalmente até o colapso. O objetivo dessa análise é verificar a eficiência do modelo
computacional desenvolvido no Capítulo 4 ao ser aplicado em um pavimento completo de
concreto armado moldado in loco. Além disso, tem como objetivo comparar os resultados
obtidos do modelo computacional com métodos indiretos de projeto para evitar o colapso
progressivo apresentados no Capítulo 2.

6.1 O EDIFÍCIO

Aqui simulou-se a remoção de diferentes pilares do pavimento térreo da estrutura mostrada na


Figura 6.1, que foi estudada experimentalmente, com resultados e análises abordados por Xiao
et al. (2013) e por Xiao et al. (2015). A estrutura ensaiada pelos autores contemplou apenas os
três primeiros pavimentos de uma estrutura maior, com dez pavimentos. O modelo físico
ensaiado era reduzido na escala de 1:2 e foi dimensionado conforme recomendações do
ACI 318 (ACI, 2008) para se reduzirem os efeitos do colapso progressivo. Para isso, foi adotada
a categoria intermediária de sismos, correspondente à Seismic Design Category C, a mesma
admitida para o Pórtico IMF de Lew et al. (2011), tratado nos itens 3.2.1 e 4.1 deste trabalho.
Também semelhante ao realizado por Lew et al. (2011), os carregamentos nos pavimentos
foram definidos conforme a ASCE 7-02 (ASCE, 2002). Dada a dificuldade prática e o custo
considerável para se realizar o carregamento distribuído em toda a extensão dos três pavimentos
do modelo experimental, os autores carregaram, em cada pavimento, apenas as áreas
hachuradas da Figura 6.1(a), com valor igual a 20 kN/m².

G. P. LISBOA
D0230E20: Proposta de uma metodologia para simulação computacional do colapso progressivo... 175

O Quadro 6.1 apresenta o detalhamento dos pilares do modelo, enquanto o Quadro 6.2
apresenta o detalhamento das vigas. Os pilares, por estarem nos cruzamentos de eixos, foram
identificados pela letra do eixo horizontal correspondente seguida pelo número do eixo vertical
correspondente. As lajes contaram com camadas contínuas de armadura superior e inferior, com
barras de 8 mm espaçadas a cada 200 mm, em ambas as direções.

O esquema experimental avaliou o edifício sob o rompimento de cinco diferentes pilares no


pavimento térreo. A remoção dos pilares ocorreu em três fases. Na primeira, o pilar A1 –
localizado no cruzamento dos eixos A e 1 – foi removido e, após a estabilização do
deslocamento vertical observado no topo do mesmo pilar, no terceiro pavimento, o pilar B1 –
localizado no cruzamento dos eixos B e 1 – também foi removido. Na segunda fase, os pilares
D2 e D3 – localizados nos cruzamentos do eixo D com os eixos 2 e 3, respectivamente – foram
também removidos, nesta ordem, a exemplo do que foi feito na fase anterior. Por fim, na terceira
fase, o pilar B3 – localizado no cruzamento dos eixos B e 3 – foi removido.

Xiao et al. (2013) e Xiao et al. (2015) apresentaram respostas no tempo em termos de
deslocamentos verticais e horizontais, acelerações e deformações nas armaduras. São
apresentados, também, padrões de fissuração nas lajes.

Como breve comentário acerca dos resultados apresentados naqueles trabalhos, ressalta-se que
o edifício estudado apresentou resistência relevante ao colapso, comportando-se essencialmente
sob regime elástico mesmo após o rompimento dos dois pilares referentes à primeira fase
(pilares A1, de canto, e B2, de extremidade). Maiores danos foram observados apenas depois
de rompidos os pilares na segunda fase (pilares D3 e D2, de extremidade). Ainda assim, a
estrutura resistiu ao rompimento de um quinto pilar (pilar B3, intermediário). Como apontam
Xiao et al. (2015), o desenvolvimento dos efeitos de colapso na estrutura, mesmo sob
rompimento instantâneo dos pilares, foi retardado. E, segundo os autores, muito embora isso
possa estar associado a diversos fatores, como comportamento dos materiais dependente do
tempo, por exemplo, estudos adicionais devem ser realizados com vistas à compreensão do
ocorrido. Aponta-se, neste trabalho, que a redução das dimensões da estrutura a meia escala
pode também ter sido um fator colaborante para os resultados obtidos.

Para mais informações a respeito do ensaio, dos resultados obtidos, das análises realizadas e
das conclusões obtidas, devem ser consultadas as referências Xiao et al. (2013) e Xiao et
al. (2015).

G. P. LISBOA Capítulo 6
D0230E20: Proposta de uma metodologia para simulação computacional do colapso progressivo... 176

Figura 6.1 – Edifício estudado experimentalmente por Xiao et al. (2013) e por Xiao et al. (2015): (a) Planta de
Fôrmas; (b) e (c) Vistas Laterais. Modificado de Xiao et al. (2013). Dimensões em mm.

G. P. LISBOA Capítulo 6
D0230E20: Proposta de uma metodologia para simulação computacional do colapso progressivo... 177

Quadro 6.1 – Detalhamento dos pilares. Fonte: (XIAO et al.; 2015).

Detalham. da
Seção Armadura Armadura
Pilar Seção
(mm) Longitudinal Transv.
Transversal

A1, A4, D1, Barras de φb


20 barras de
D4, B2, B3, 350 x 350 8 mm a cada
Φb 14 mm
C2, C3 125 mm

Barras de φb
A2, A3, D2, 16 barras de
330 x 330 8 mm a cada
D3 φb 14 mm
125 mm

Barras de φb
20 barras de
B1, B4, C1, C4 300 x 300 8 mm a cada
φb 14 mm
125 mm

Quadro 6.2 – Detalhamento das vigas. Fonte: (XIAO et al.; 2015).

Armad.
Seção transv. Armadura Longitudinal
Transv.

Vigas Extremidade Meio do Vão Meio


Base Alt.
Extr. do
(mm) (mm)
Face Sup. Face Inf. Face Sup. Face Inf. Vão

7 φb 8
φb 8
Eixos 11 4 3 3 φb 12 mm mm
225 355 mm
e 44 φb 12 mm φb 12 mm φb 12 mm (em duas c/
c/ 150
camadas) 225

φb 8
φb 8
Eixos 22 3 φb 12 3 φb 10 3 φb 10 3 φb 12 mm
200 280 mm
e 33 mm mm mm mm c/
c/ 150
225
7 φb 8
φb 8
Eixos AA 4 φb 12 3 φb 12 3 φb 12 φb 12 mm mm
225 355 mm
a DD mm mm mm (em duas c/
c/ 150
camadas) 150

G. P. LISBOA Capítulo 6
D0230E20: Proposta de uma metodologia para simulação computacional do colapso progressivo... 178

6.2 DESCRIÇÃO DO MODELO COMPUTACIONAL

Nesta seção, o modelo computacional é detalhado no que se refere à malha de elementos finitos
gerada, às propriedades dos materiais e ao carregamento adotado.

6.2.1 Malha de elementos finitos

Com base na geometria apresentada na Figura 6.1, a malha de elementos finitos resultante é
mostrada na Figura 6.2(a), representando o volume dos elementos em 3D, na qual nota-se que
todos os pilares foram considerados engastados na base. A Figura 6.2(b) mostra apenas as
armaduras dos pilares, das vigas e das lajes. Ressalta-se que a malha final contou com:
4728 elementos finitos, entre elementos de pórtico, de mola e de casca; 1170 elementos de
reinforcement, entre armaduras longitudinais e reinforcement grids; e 72559 nós.

Figura 6.2 – Malha de elementos finitos gerada para o pavimento.

(a)

(b)

G. P. LISBOA Capítulo 6
D0230E20: Proposta de uma metodologia para simulação computacional do colapso progressivo... 179

6.2.2 Lei constitutiva dos materiais

Por tratarem de estudos essencialmente experimentais, sem modelagens numéricas, Xiao et


al. (2013) e Xiao et al. (2015) apresentaram apenas a resistência à compressão do concreto e as
resistências de escoamento e de ruptura do aço. Desta forma, para a modelagem computacional,
foram adotadas leis constitutivas para os materiais baseadas nas modelagens apresentadas no
Capítulo 4. Por terem seguido as mesmas normas e muitas das recomendações de projeto
adotadas por Lew et al. (2011), admitiu-se aqui, para as armaduras longitudinais, a mesma lei
constitutiva empregada nas modelagens dos ensaios daquele trabalho, incluindo a metodologia
de modificação das armaduras junto às ligações viga-pilar.

Com relação ao concreto, o comportamento à compressão foi adotado como parabólico, como
realizado nas modelagens de Qian, Li e Zhang (2014), considerando-se a resistência à
compressão igual a 31 MPa e módulo de elasticidade dado pela expressão (6.1). Também como
considerado naquelas modelagens, o comportamento do concreto à tração é admitido com
decaimento linear pós-pico baseado na energia de fratura, que é dada pela expressão (6.2). A
resistência à tração é dada pela expressão (6.3):

Eci = 0,9 5600 fc (6.1) a

Gf ,t = 73 fc0,18 1000 (6.2) a

ft = 0,3 fc 2 3 (6.3) a

em que Eci é o módulo de elasticidade tangente inicial, em MPa; Gf,t é a energia de fratura, em
N/mm; fc é a resistência à compressão, em MPa; ft é a resistência à tração, em MPa.

6.2.3 Carregamento

Com relação ao carregamento sobre o pavimento, Xiao et al. (2013) e Xiao et al. (2015)
especificaram a sobrecarga de projeto igual a 4,77 kN/m² e a parcela de peso próprio de outros
elementos não estruturais igual a 1,44 kN/m², sem se remeterem ao peso próprio da estrutura.
Neste sentido, a fim de se ter todo o carregamento atuante na estrutura representado na

G. P. LISBOA Capítulo 6
D0230E20: Proposta de uma metodologia para simulação computacional do colapso progressivo... 180

modelagem, o peso específico de 25 kN/m³ foi considerado para as lajes, todas com espessura
de 11,5 cm. Desta forma, adotou-se gk = 4,32 kN/m² e qk = 4,77 kN/m².

A combinação de carregamento adotada na modelagem para a situação de colapso foi a definida


por GSA (2013) para análise não-linear estática, definida nas expressões (2.11) para o
carregamento majorado pelo fator de amplificação dinâmica e para o carregamento não
majorado. Com relação à razão (θpra / θy), apresentada na equação (2.12) e necessária para a
determinação do fator de amplificação dinâmica do carregamento, ressaltam-se os seguintes
pontos:

1) segundo o que considera UFC 4-023-03 (DOD, 2009) – e apontado no item 2.8.1 deste
trabalho – , para estruturas em pórtico, a rotação na ligação viga-pilar pode ser assumida
igual à razão [u / L], em que u é a diferença de deslocamento vertical entre dois apoios
consecutivas da viga e L é seu comprimento;

2) tomando-se a razão [u / L], define-se das modelagens realizadas nos capítulos anteriores
que:

u
 pra max
L
=
y u y
(6.4) a
L

sendo: umax – o deslocamento do apoio central correspondente ao primeiro pico de


carga, que é relativo ao esgotamento da capacidade resistente da ligação
viga-pilar;
uy – o deslocamento do apoio central correspondente ao início do escoamento
da armadura longitudinal inferior da viga junto à ligação viga-pilar; e
L – o vão da viga.
Admitindo-se que o deslocamento vertical do apoio central correspondente à ruína da
ligação viga-pilar é maior que o correspondente ao início do escoamento das armaduras,
tem-se que (θpra / θy) = (umax / uy) > 1,0;

3) conforme item 4.3 deste trabalho, com exceção do modelo S2, todos os demais modelos
apresentaram relações (umax / uy) maiores que 2,0, limite mínimo estabelecido por
GSA (2013) para classificar estruturas como de colapso controlado por deslocamento;

G. P. LISBOA Capítulo 6
D0230E20: Proposta de uma metodologia para simulação computacional do colapso progressivo... 181

4) valendo-se dos resultados encontrados na análise paramétrica realizada para modelos de


pavimento com lajes e vigas no Capítulo 5 deste trabalho, tem-se que, para se ter
[Fu / Fmax] ≥ 1,0 a estrutura deve apresentar [Parâmetro (1 / α): (VL’s / VT’s)] ≥ 0,46,
sendo VL a viga na direção longitudinal (maior vão das lajes) e VT a viga na direção
transversal (menor vão das lajes). Ressalta-se que na estrutura analisada não há pilares
acima do pavimento, de forma que os Parâmetros (1 / α) calculados consideraram
apenas a viga e o pilar sob ela (considerado engastado na base). Isso posto, conforme
Tabela 6.1, esse limite inferior foi obedecido em todos os cruzamentos de vigas da
Figura 6.1(a). Dessa forma, considerou-se que certamente seria formado o efeito
catenária e que, consequentemente, seriam desenvolvidos grandes deslocamentos, de
forma a poder se admitir (θpra / θy) ≥ 2,0;

Tabela 6.1 – [Parâmetro (1 / α): (VL’s / VT’s)] para os cruzamentos de viga do pavimento.

Parâmetro (1 / α):
Pilar no cruzamento das vigas
(VL’s / VT’s)
A1, D1, A4, D4 1,332
A2, D2, A3, D3 0,729
B1, C1, B4, C4 1,258
B2, C2, B3, C3 0,716

5) De Biagi et al. (2017), ao analisarem estrutura também com relevante capacidade de


deslocamento, adotaram (θpra / θy) = 2,0.

Diante do exposto, adota-se (θpra / θy) = 2,0 de forma que o parâmetro ΩN resulta em 1,22.
Assim, as combinações de carregamento definidas para a análise do pavimento segundo as
expressões (2.11) são:

GN = N (1,2 gk + 0,5 qk ) = 1,22 (1,2 4,32 + 0,5 4,77 ) = 9,24 kN / m2


(6.5) a
G = 1,2 gk + 0,5 qk = 1,2 4,32 + 0,5 4,77 = 7,56 kN / m 2

Conforme o GSA (2013), GN e G são definidos em regiões da estrutura que dependem do pilar
removido sob análise. Para o pavimento em estudo, essas regiões são definidas mais adiante.
G. P. LISBOA Capítulo 6
D0230E20: Proposta de uma metodologia para simulação computacional do colapso progressivo... 182

Ressalta-se que as combinações de carregamento aqui definidas são diferentes das utilizadas
nos trabalhos de Xiao et al. (2013) e de Xiao et al. (2015).

Para as análises aqui realizadas, se a estrutura atingisse uma nova posição de equilíbrio sob
ruína de alguns pilares específicos e sob os carregamentos definidos, o colapso da estrutura é
evitado. Então, foram realizados sucessivos incrementos de força concentrada no pilar
removido até que o pavimento atinjisse a ruína, aqui definida pela falta de convergência do
modelo computacional sob incremento de forças. Os resultados obtidos foram comparados com
as proposições do Método das Forças de Amarração do UFC 4-023-03 (DOD, 2009) a fim de
estimar a efetiva contribuição dos tirantes internos e periféricos posicionados nas lajes e nas
vigas na resistência do pavimento ao colapso progressivo.

A Figura 6.3 identifica as vigas e os eixos longitudinais e transversais no pavimento analisado.


Tomando-se cada pilar rompido como uma análise distinta, a Figura 6.3 apresenta as análises
realizadas, indicando o pilar sob ruína e as áreas do pavimento com os carregamentos GN e G
definidos na equação (6.5).

Figura 6.3 – Situações de análise do pavimento.

G. P. LISBOA Capítulo 6
D0230E20: Proposta de uma metodologia para simulação computacional do colapso progressivo... 183

As análises apresentadas na Figura 6.3, que simularam o rompimento de apenas um pilar por
vez, atendem ao critério de GSA (2013) quanto ao rompimento de pilares adicionais
simultaneamente ao pilar analisado. Pode-se chegar a essa conclusão ao se observar a
Figura 6.4, que utiliza a Análise 4 como base. Tomando-se LVL como o maior vão das lajes
adjacentes ao pilar removido (distância entre os pilares A1 e A2), são indicados na figura dois
pilares adicionais fictícios, sobre os eixos BB e 22, a distâncias menor que 0,3 LVL e maior que
0,3 LVL, respectivamente, do pilar B2 removido na análise. Dessa forma, segundo GSA (2013),
apenas o pilar fictício sobre o eixo BB, destacado como o pilar B2, deveria ser removido
simultaneamente ao pilar B2. Outra observação é que GSA (2013) não indica que todos os
pilares do pavimento devem ser removidos, um de cada vez. Considerando a dupla simetria do
pavimento analisado, no entanto, todos os pilares foram individualmente removidos. Neste
sentido, as análises aqui realizadas atenderam às prescrições de GSA (2013).

Figura 6.4 – Exemplo de verificação do critério de GSA (2013) para a remoção de pilares adicionais ao
removido na análise.

O software DIANAⓒ v.10.2 possibilita análises de fase, a qual foi utilizada para representar o
carregamento aplicado no edifício em duas etapas, isto é:

1) na primeira etapa, a estrutura, já sem apoio para a base do pilar em estudo (a fim de
considerá-lo rompido), é submetida ao carregamento distribuído mostrado na
Figura 6.3, tal como proposto por GSA (2013), aplicado em dez passos de carga iguais,
até que se alcance a totalidade dos valores definidos nas expressões (2.11) (Fase 1 de
carregamento);

G. P. LISBOA Capítulo 6
D0230E20: Proposta de uma metodologia para simulação computacional do colapso progressivo... 184

2) não havendo perda de equilíbrio estático da estrutura na Fase 1, na segunda etapa


aplicam-se, sobre o pilar rompido, incrementos de força no valor de 30 kN, com
comprimento de arco ativado, até a perda de convergência do modelo computacional
(Fase 2 de carregamento).

Acerca dessa metodologia de carregamento adotada para o modelo, ressalta-se que, por se
pautar em análise não-linear estática, não haveria alteração de resultados caso a estrutura fosse
inicialmente carregada com o pilar analisado ainda íntegro e só então se considere a ruína do
pilar, já que os efeitos inerciais devidos à remoção do elemento seriam considerados apenas em
análises dinâmicas.

6.2.4 Algoritmos de solução

Com relação aos algoritmos de solução numérica, comparativamente aos parâmetros


apresentados para as modelagens apresentadas no Capítulo 4, foram alterados dois parâmetros:
o passo de carga, que influencia apenas a Fase 2 de carregamento; e o método de solução do
sistema de equações, que passou a ser o método de Newton-Raphson Modificado ao invés do
método de Newton-Raphson Regular. Esta última alteração se deve a melhor eficiência
computacional observada, além de não terem sido verificadas divergências entre os resultados
obtidos segundo os diferentes métodos.

6.3 ANÁLISE DE RESULTADOS

A seguir, são realizadas análises segundo GSA (2013) e UFC 4-023-03 (DOD, 2009).

6.3.1 Análise não-linear estática segundo GSA (2013)

A primeira análise é relativa ao método direto de verificação ao colapso progressivo baseado


em uma análise não-linear estática conforme indicado pelo GSA (2013). Para isso, considera-
se apenas a Fase 1 de carregamento. Os resultados obtidos mostraram que o pavimento, nessa
fase de carregamento, sofreu deslocamentos verticais muito pequenos na posição do pilar
removido. Esses deslocamentos não foram suficientes para fazer com que a armadura
longitudinal inferior das vigas que concorrem no pilar removido atingisse ao menos a tensão de
escoamento do aço. Desta forma, o pavimento encontrou nova posição de equilíbrio estático
em todas as quatro análises realizadas, apresentando-se, portanto, seguro quanto ao colapso

G. P. LISBOA Capítulo 6
D0230E20: Proposta de uma metodologia para simulação computacional do colapso progressivo... 185

progressivo segundo o que propõe o método utilizado. As deformadas do pavimento ao final da


Fase 1 de carregamento de cada análise são mostradas na Figura 6.5, que indica a distribuição
de deslocamentos verticais no pavimento (TDtY).

Figura 6.5 – Deformadas e distribuição de deslocamentos verticais do pavimento ao final da Fase 1 de


carregamento.

6.3.2 Comparação com o Método das Forças de Amarração do UFC 4-023-03


(DOD, 2009)

Não tendo ocorrido a perda de equilíbrio estático do pavimento ao final da Fase 1 de


carregamento, realizou-se a Fase 2 de carregamento com vistas a atingir o colapso da estrutura
ao impor incrementos de força sobre o pilar rompido até atingir-se a ruína global do pavimento.
Assim, os esforços nas amarrações internas e periféricas puderam ser comparados com os
obtidos segundo o método indireto das forças de amarração indicado por UFC 4-023-03
(DOD, 2009).

G. P. LISBOA Capítulo 6
D0230E20: Proposta de uma metodologia para simulação computacional do colapso progressivo... 186

Os resultados obtidos ao longo da Fase 2 de carregamento são apresentados na Tabela 6.2, em


termos da força vertical aplicada (considerando-se apenas os incrementos de carga concentrada
adicionais ao distribuído da Fase 1) e na Tabela 6.3, em termos do deslocamento vertical do
pilar rompido e da relação [u / L] (considerando-se o deslocamento vertical acumulado das
Fases 1 e 2).

Tabela 6.2 – Resultados obtidos para a Fase 2 de carregamento em termos da força vertical aplicada
(considerando-se apenas os incrementos de carga concentrada adicionais ao carregamento distribuído da Fase 1).

Fy(1) Fmax(2) Fu(3)


Análise Viga Fu / Fmax
(kN) (kN) (kN)
VT1 55,64
Análise 1 81,16 93,88 1,16
VL10 69,75
VT4 44,39
Análise 2 101,85 105,30 1,03
VL11 76,52
VT2 80,44
Análise 3 131,25 186,95 1,42
VL7 100,29
VT5 72,60
Análise 4 135,65 318,45 2,35
VL7 125,03
(1)
Força vertical sobre pilar removido correspondente ao escoamento
da armadura longitudinal da viga na ligação viga-pilar junto ao pilar
removido;
(2)
Força vertical sobre o pilar removido correspondente à ruína da
ligação viga-pilar;
(3)
Força vertical última sobre o pilar removido.

G. P. LISBOA Capítulo 6
D0230E20: Proposta de uma metodologia para simulação computacional do colapso progressivo... 187

Tabela 6.3 – Resultados obtidos para a Fase 2 de carregamento em termos de deslocamento vertical do pilar
removido.

uy(1) umax(2) uu(3)


Análise Viga uy / L umax / L uu / L
(mm) (mm) (mm)
VT1 64,89 0,0213 0,0514 0,1376
Análise 1 156,88 419,72
VL10 95,55 0,0209 0,0343 0,0918
VT4 16,86 0,0055 0,0266 0,1038
Análise 2 81,25 316,54
VL11 44,10 0,0097 0,0178 0,0693
VT2 29,83 0,0098 0,0433 0,1384
Análise 3 132,16 422,08
VL7 51,53 0,0113 0,0289 0,0924
VT5 23,95 0,0079 0,0245 0,1199
Análise 4 74,85 365,65
VL7 51,82 0,0113 0,0164 0,0800
(1)
Deslocamento do pilar removido correspondente ao escoamento da
armadura longitudinal da viga na ligação viga-pilar junto ao pilar removido;
(2)
Deslocamento do pilar removido correspondente à ruína da ligação viga-
pilar;
(3)
Deslocamento último do pilar removido.

Dos resultados da Tabela 6.2, notou-se que o efeito de arco de compressão foi um mecanismo
relevante de resistência ao colapso da estrutura, já que possibilitou a aplicação de forças
verticais superiores àquelas correspondentes ao escoamento da armadura longitudinal inferior
das vigas que se cruzavam no pila rompido ([Fmax > Fy] em todos os casos). Além disso, em
todas as análises observou-se que a ação catenária também foi relevante, já que foram
observadas razões [Fu / Fmax] maiores que a unidade. Conforme comentado anteriormente neste
trabalho, isso indica que, sob ruína individual dos pilares analisados, a estrutura tem colapso
controlado pela ação catenária ao invés do efeito de arco de compressão, o que é possibilitado
apenas sob o desenvolvimento de grandes deslocamentos.

Dos resultados [uu / L] da Tabela 6.3, percebe-se que o limite superior de aproximadamente
0,14 para as vigas de menor vão, encontrado na análise paramétrica do pavimento com lajes e
vigas no Capítulo 5 deste trabalho, não foi excedido. Além disso, conforme Tabela 6.1, o limite
inferior de [Parâmetro (1 / α): (VL’s / VT’s)] = 0,46 encontrado na análise paramétrica para
garantir [Fu / Fmax] ≥ 1,0 foi também obedecido nesse pavimento, mesmo para condições de
contorno diferentes da admitida no modelo de pavimento do Capítulo 5. Da Tabela 6.3, nota-
se também que, em todas as análises, o escoamento da armadura longitudinal inferior das vigas
ocorreu sob razões [uy / L] inferiores a 0,20 rad. Esses dados reforçam os resultados da análise

G. P. LISBOA Capítulo 6
D0230E20: Proposta de uma metodologia para simulação computacional do colapso progressivo... 188

paramétrica do Capítulo 5 e sugerem que a armadura longitudinal inferior das vigas pode ser
considerada como amarração contra o colapso progressivo, ainda que se observem razões
[uu / L] inferiores a 0,20 rad, como recomenda o UFC 4-023-03 (DOD, 2009).

A fim de se comparar a solicitação das armaduras longitudinais nas vigas e nas lajes do modelo
computacional aos valores obtidos do Método das Forças de Amarração de UFC 4-023-03
(DOD, 2009), fazem-se, inicialmente, as seguintes ponderações:

1) o UFC 4-023-03 (DOD, 2009) não determina fator de amplificação dinâmica, de modo
que o carregamento distribuído wF, calculado conforme expressão (2.23), resulta no
mesmo valor do carregamento não amplificado G, de GSA (2013), e definido na
expressão (6.5) como igual a 7,56 kN/m²;

2) para as amarrações periféricas, o UFC 4-023-03 (DOD, 2009) define que elas sejam
dispostas em uma faixa de Lp = 1 m a partir da face interna da viga correspondente, de
forma que o resultado da equação (2.25) é um valor em kN. Acrescenta-se que, para
essas amarrações, o valor de WC da equação (2.25) (correspondente a uma majoração
de 20% do carregamento permanente de revestimento) foi desconsiderado neste
trabalho;

3) para as amarrações internas (longitudinais e transversais), a faixa a partir das vigas


adjacentes não é definida no UFC 4-023-03 (DOD, 2009), de forma que o resultado da
equação (2.24) é um valor em kN/m (força por metro de laje). Assim, considerou-se uma
faixa com largura igual ao vão na direção perpendicular à da amarração. Isso pode ser
observado na Figura 6.6, em que as faixas (Lp) para amarrações periféricas e internas
são exemplificadas para a situação do pilar removido na Análise 2.

G. P. LISBOA Capítulo 6
D0230E20: Proposta de uma metodologia para simulação computacional do colapso progressivo... 189

Figura 6.6 – Análise 2: esquema para definição de faixas de largura para cálculo de amarrações segundo
o UFC 4-023-03 (DOD, 2009). Dimensões em m.

A Tabela 6.4 apresenta, para cada uma das análises, as forças obtidas segundo o Método das
Forças de Amarração do UFC 4-023-03 (DOD, 2009).

Tabela 6.4 – Dimensionamento das amarrações segundo UFC 4-023-03 (DOD, 2009) para as quatro análises
realizadas.

Tint,DOD (1) Tper,DOD (2)


Análise Viga Vão (mm)
(kN) (kN)
VT1 3050 138,40
Análise 1
VL10 4570 207,38
VT4 3050 316,25
Análise 2
VL11 4570 207,38
VT2 3050 138,40
Análise 3
VL7 4570 316,25
VT5 3050 316,25
Análise 4
VL7 4570 316,25
(1)
Calculado conforme expressão (2.24), admitindo a área de
influência da viga conforme exemplificado na Figura 6.6;
(2)
Calculado conforme expressão (2.25) admitindo a área de influência
da viga conforme exemplificado na Figura 6.6;
NOTA: todas as amarrações foram calculadas com
wF = G = 7,56 kN/m², obtido da expressão (6.5).

G. P. LISBOA Capítulo 6
D0230E20: Proposta de uma metodologia para simulação computacional do colapso progressivo... 190

6.3.2.1 Observações a respeito da largura da faixa de contribuição das lajes para


as amarrações

Ruthes (2020) indicou que trabalhos futuros acerca do colapso progressivo em estruturas em
pórtico de concreto armado devessem verificar o comportamento estrutural no estado limite
último de colapso. Além disso, a referência indicou também que, em modelos não-lineares
futuros desenvolvidos com esse fim, fosse analisada a área de influência dos danos devido à
ruína de um pilar. Considerando-se as análises não-lineares desenvolvidas neste trabalho, o
objetivo deste item é o de se observar, nas lajes, a faixa que compreende as armaduras inferiores
que efetivamente contribuem como amarrações. Para tanto, são apresentadas a Figura 6.7, a
Figura 6.8, a Figura 6.9 e a Figura 6.10. Os reinforcement grids do software utilizado não
apresentam resultados em termos de força nas armaduras, apenas de deformações. Isso posto,
as figuras mencionadas mostram as deformações na armadura maiores que aquela
correspondente ao escoamento do aço (deformação igual a 0,2%) e menores que aquela
correspondente à tensão última do aço (deformação igual a 10%). Desta forma, considera-se
possível observar a extensão dos efeitos não-lineares nas lajes em virtude da remoção dos
pilares. Destaca-se que as figuras se referem à resistência última dos modelos, anterior à ruptura
da armadura longitudinal inferior das vigas na direção de menor vão.

Figura 6.7 – Análise 1: deformações nas armaduras das lajes.

G. P. LISBOA Capítulo 6
D0230E20: Proposta de uma metodologia para simulação computacional do colapso progressivo... 191

Figura 6.8 – Análise 2: deformações nas armaduras das lajes.

Figura 6.9 – Análise 3: deformações nas armaduras das lajes.

Figura 6.10 – Análise 4: deformações nas armaduras das lajes.

G. P. LISBOA Capítulo 6
D0230E20: Proposta de uma metodologia para simulação computacional do colapso progressivo... 192

Em se tratando das amarrações periféricas, analisando-se comparativamente EXX na


Figura 6.7(a) e na Figura 6.9(a) e de EZZ na Figura 6.8(b), observou-se uma maior faixa de
contribuição das armaduras das lajes que eram paralelas às vigas de menor vão. Nessa direção,
a faixa com armadura inferior da laje com deformação maior que a de escoamento do aço
chegou a aproximadamente 3,2 m, valor 220% maior que a faixa de 1 m definida pelo
UFC 4-023-03 (DOD, 2009). Na direção das vigas de maior vão, foram verificadas faixas de
até aproximadamente 1,5 m, valor 50% maior que a faixa definida pelo UFC 4-023-03
(DOD, 2009), já que essa referência não faz distinção entre as direções.

Com relação às amarrações internas, notou-se comportamento semelhante. Paralelamente às


vigas de menor vão observaram-se faixas de até aproximadamente 6,4 m de largura (3,2 m para
cada lado da viga, EXX na Figura 6.8(a) e na Figura 6.10(a)), valor 40% maior que o vão entre
pilares nessa direção (4,57 m). Na outra direção, as faixas se restringiram a larguras de até
aproximadamente 3,6 m (1,8 m para cada lado, EZZ na Figura 6.9(b) e na Figura 6.10(b)), valor
18% maior que o vão entre pilares nessa direção (3,05 m). Esses resultados indicam que o
desenvolvimento das forças de amarração nas duas diferentes direções no plano de um
pavimento está associado à razão entre os lados da área de influência do pilar rompido.
Corroboram para essa conclusão os resultados obtidos no item 5.2 deste trabalho, no qual
verificou-se que o comportamento geral das estruturas analisadas com maiores relações
LVL / LVT (sendo LVL o maior vão da área de influência e LVT o menor vão da área de influência)
é controlado pela rigidez das vigas na direção de menor vão. Neste sentido, é possível que o
dimensionamento das amarrações dispostas nas lajes deva considerar a relação entre os vãos
nas duas direções da área de influência do pilar rompido. Contudo, tendo em vista os valores
de modelagem obtidos para o pavimento retangular analisado, as larguras de faixas definidas
conforme mostrado na Figura 6.6, considerando também uma faixa de 1 m de largura para os
tirantes periféricos, contemplaram armaduras das lajes que de fato contribuíram para a
resistência ao colapso do pavimento. Em tempo, ressalta-se que todas as análises feitas
consideraram lajes com armaduras nas duas direções.

6.3.2.2 Forças de amarração – Estimativa da modelagem versus dimensionamento


segundo UFC 4-023-03 (DOD, 2009)

A fim de se obterem as forças nas armaduras do modelo computacional, foram consideradas as


armaduras longitudinais inferiores das vigas, conforme esquema da Figura 6.11 (válido para as

G. P. LISBOA Capítulo 6
D0230E20: Proposta de uma metodologia para simulação computacional do colapso progressivo... 193

duas direções no plano do pavimento), e as armaduras inferiores das lajes, conforme esquema
da Figura 6.12, ilustrativo da Análise 1 (rompimento do pilar de canto A1). Acerca da
quantificação da força nas armaduras das lajes, ressalta-se que os reinforcement grids no
software utilizado não fornecem resultados em termos de força nas armaduras, mas apenas
deformações. Desta forma, a força nas armaduras das lajes foi obtida de forma indireta, por
meio da lei constitutiva do material e do detalhamento da armadura das lajes segundo Xiao et
al. (2013) e Xiao et al. (2015). Além disso, destaca-se da Figura 6.12 que a deformação na
armadura foi determinada em apenas um nó em cada direção, nas regiões próximas ao encontro
da laje com o pilar.

Figura 6.11 – Nós para obtenção das forças solicitantes na armadura longitudinal inferior das vigas (esquema
válido para as duas direções no plano do pavimento).

Figura 6.12 – Nós para obtenção das forças solicitantes nos reinforcement grids representativos da armadura
inferior das lajes.

As deformações apresentadas no item 6.3.2.1 indicam que as armaduras das lajes escoaram em
faixas maiores que aquelas definidas segundo a Figura 6.6. Neste sentido, as deformações
medidas nos nós apresentados na Figura 6.12 foram admitidas válidas para toda a faixa de
amarração. Isso posto, na Figura 6.13 e na Figura 6.14 é mostrada a razão entre a força nas
G. P. LISBOA Capítulo 6
D0230E20: Proposta de uma metodologia para simulação computacional do colapso progressivo... 194

armaduras estimada da modelagem computacional e a força de amarração calculada conforme


UFC 4-023-03 (DOD, 2009) para as quatro análises. Valores menores que 1,0 indicam força na
armadura estimada da modelagem inferior ao estimado segundo aquela referência. Ressalta-se
que, para obtenção das forças de amarração na modelagem e para estimativa das forças de
amarração segundo UFC 4-023-03 (DOD, 2009), as faixas de contribuição das amarrações
foram consideradas iguais a: 1 m para os tirantes periféricos; 4,57 m para as faixas paralelas às
vigas de menor vão; e 3,05 m para as faixas paralelas às vigas de maior vão, conforme
exemplificado no esquema da Figura 6.6. A Figura 6.13 mostra os resultados para as
amarrações periféricas e discrimina a parcela de força resistida pela armadura longitudinal
inferior das vigas daquela resistida pela armadura inferior das lajes na mesma direção das vigas,
além da soma da força em ambas as armaduras. Da mesma forma o faz a Figura 6.14, mas para
as amarrações internas do modelo. Ressalta-se que as forças de amarração da modelagem foram
estimadas admitindo que as armaduras longitudinais inferiores das vigas e as armaduras
inferiores das lajes, em ambas as direções, entram no escoamento antes do colapso do
pavimento. De fato, essa hipótese é válida tendo em vista que, segundo a Tabela 6.3, a força
última aplicada no pilar foi maior que a força necessária para escoar a armadura longitudinal
nas vigas em ambas as direções das lajes. Desse modo, as forças apresentadas se referem à
tensão de escoamento definida pela lei constitutiva.

Figura 6.13 – Amarrações periféricas: razões entre a força nas armaduras estimada da modelagem e a força de
amarração calculada conforme UFC 4-023-03 (DOD, 2009).

G. P. LISBOA Capítulo 6
D0230E20: Proposta de uma metodologia para simulação computacional do colapso progressivo... 195

Figura 6.14 – Amarrações internas: razões entre a força nas armaduras estimada da modelagem e a força de
amarração calculada conforme UFC 4-023-03 (DOD, 2009).

Pela Figura 6.13, nota-se que, caso fossem consideradas apenas as armaduras nas lajes como
amarração periférica, como recomenda UFC 4-023-03 (DOD, 2009), as forças de amarração
requeridas segundo essa referência não seriam satisfeitas para o pavimento em análise (razão
menor que 1,0 ao considerar apenas a armadura da laje). Contudo, em se tratando das vigas
periféricas, o resultado da Fase 1 de carregamento do modelo computacional mostrou que esse
pavimento encontrou uma posição de equilíbrio nas Análises 1, 2 e 3 (a Análise 4 não avaliou
amarrações periféricas). Isso deve-se ao fato de que a armadura longitudinal das vigas
periféricas contribui de forma significativa para evitar o colapso progressivo do pavimento. De
fato, nas Análises 1 e 3, apenas a armadura longitudinal das vigas na direção de menor vão seria
suficiente para atender aos requisitos de amarração periférica do UFC 4-023-03 (DOD, 2009).
Assim, ao serem somadas as forças nos tirantes posicionados nas lajes e nas vigas, conclui-se
que a força de amarração estimada da modelagem foi, pelo menos, 31% maior que a estimada
pelo critério do UFC 4-023-03 (DOD, 2009) para o pavimento em análise, mesmo para valores
da razão [uy / L] da Tabela 6.3 bastante inferiores ao limite mínimo de 0,20 rad estabelecido
pela referência.

G. P. LISBOA Capítulo 6
D0230E20: Proposta de uma metodologia para simulação computacional do colapso progressivo... 196

Pela Figura 6.14, que se refere às amarrações internas, nota-se que se for considerada apenas a
armadura nas lajes, a força de amarração estimada da modelagem já foi pelo menos 10% maior
que a requerida segundo o UFC 4-023-03 (DOD, 2009). Isso é um indicativo dos resultados
obtidos na Fase 1 de carregamento do modelo computacional, que mostraram que esse
pavimento tem armadura suficiente para evitar o colapso progressivo. Devido à maior faixa de
contribuição da laje, a armadura longitudinal inferior das vigas tem menor contribuição para a
resistência da amarração interna. Contudo, ela ainda contribuiu com pelo menos 34% da força
estimada segundo o UFC 4-023-03 (DOD, 2009). Considerando-se conjuntamente as
armaduras longitudinais inferiores das vigas e as armaduras das lajes na mesma direção, a força
total de amarração foi pelo menos 59% maior que a estimada por UFC 4-023-03 (DOD, 2009),
mesmo com valores da razões [uy / L] da Tabela 6.3 bastante inferiores a 0,20 rad.

Ressalta-se que tais resultados foram obtidos para o detalhamento de armaduras apresentado
por Xiao et al. (2013) e por Xiao et al. (2015), que seguem as recomendações do ACI 318
(ACI, 2008) para categoria intermediária de resistência a sismos, correspondente à Seismic
Design Category C, e podem ser alterados sob concepções diferentes de projeto. De toda forma,
em todos os casos nota-se que as vigas apresentaram contribuição relevante com as forças de
amarração requeridas por UFC 4-023-03 (DOD, 2009), mesmo sob razões [uy / L] inferiores a
0,20 rad. Isso sem considerar o encruamento e a tensão resistente última do aço, que faz com
que a força de ruína desse pavimento seja de 35% a 155% maior que a força que escoa a
armadura de amarração, dependendo se a ruína se dá em um pilar de canto ou um pilar
intermediário.

6.3.2.3 Resultados de Qian e Li (2019) – Análise comparativa

Qian e Li (2019), ao realizarem estudo experimental em pavimentos de lajes e vigas em


concreto monolítico e em concreto pré-moldado, utilizaram de metodologia de carregamento
semelhante à aqui adotada, isto é, realizada em duas fases. A Figura 6.15 apresenta o esquema
de ensaio utilizado pelos autores, no qual os blocos de concreto sobre o pavimento simularam
o carregamento distribuído de projeto majorado por um fator de amplificação dinâmica igual a
2,0, similarmente à Fase 1 de carregamento admitida neste trabalho. Por não ser este
carregamento suficiente para levar os modelos ensaiados à ruína, foi aplicado ainda
carregamento concentrado incremental sobre o pilar rompido, semelhante à Fase 2 de

G. P. LISBOA Capítulo 6
D0230E20: Proposta de uma metodologia para simulação computacional do colapso progressivo... 197

carregamento aqui adotada. Os ensaios simularam um pilar de extremidade rompido. Mais


detalhes acerca do esquema experimental podem ser encontrados em Qian e Li (2019).

Figura 6.15 – Esquema experimental de Qian e Li (2019).

Com os resultados experimentais obtidos e baseando-se nas forças de amarração dimensionadas


conforme o Método das Forças de Amarração definido em UFC 4-023-03 (DOD, 2009), Qian
e Li (2019) mostraram que as armaduras longitudinais das vigas periféricas podem ser
consideradas para garantir a segurança contra o colapso progressivo mesmo com rotação na
extremidade da viga [u / L] menor que 0,2 rad. Essa conclusão foi válida tanto para o espécime
em concreto monolítico quanto para os em concreto pré-moldado ensaiados pelos autores. Para
o espécime monolítico, a força de amarração periférica estimada pelo UFC 4-023-03
(DOD, 2009) foi de 37,2 kN, enquanto apenas as armaduras longitudinais superiores no meio
do vão das vigas periféricas seriam capazes de suportar 83,3 kN no escoamento (sem considerar
o encruamento e a tensão resistente última do aço). No entanto, essas armaduras não poderiam
ser consideradas como amarrações, vez que a ruína da estrutura se deu sob rotação das vigas
periféricas inferior a 0,20 rad, de forma que as amarrações deveriam ser consideradas apenas
nas lajes. Ao avaliarem a força que seria resistida apenas pela armadura das lajes quando no

G. P. LISBOA Capítulo 6
D0230E20: Proposta de uma metodologia para simulação computacional do colapso progressivo... 198

escoamento, Qian e Li (2019) encontraram o valor de 18,1 kN, que é inferior ao valor da força
de amarração periférica estimada pelo UFC 4-023-03 (DOD, 2009) para o caso analisado.
Assim, esse pavimento não teria armadura de amarração suficiente para resistir ao colapso
progressivo.

A conclusão dos autores com relação ao Método das Forças de Amarração proposto pelo
UFC 4-023-03 (DOD, 2009) é que deve ser reavaliada a exigência de rotação mínima de
0,20 rad para que as armaduras longitudinais das vigas possam ser consideradas parcial ou
integralmente como amarrações, o que corrobora os resultados obtidos no Capítulo 5 e na
modelagem do pavimento deste capítulo.

G. P. LISBOA Capítulo 6
CAPÍTULO 7

CONCLUSÕES

Neste capítulo são apresentadas as conclusões gerais deste texto.

7.1 DO LEVANTAMENTO BIBLIOGRÁFICO

Nota-se que a consideração do colapso progressivo em projeto se dá de duas formas: por


Método Indireto ou por Método Direto.

O Método Indireto busca estabelecer níveis mínimos de resistência, continuidade, redundância


e ductilidade por meio do provimento de amarrações no interior dos elementos estruturais. As
forças utilizadas para o dimensionamento dessas amarrações, no entanto, não são obtidas da
análise estrutural e são estabelecidas de forma empírica. Segundo os documentos que trazem
esse tipo de recomendação, no entanto, a adoção deste método é válida e, segundo
Laranjeiras (2011), é recomendada pelas normas inglesas desde 1970, após o colapso no
edifício Ronan Point. O Método das Forças de Amarração é uma das principais formas de
abordagem do colapso progressivo via Método Indireto e é recomendado por Eurocode 2
(CEN, 2004), por Ellingwood et al. (2007) e por UFC 4-023-03 (DOD, 2009), por exemplo.

Por meio do Método Direto, que se baseia em análise estrutural, o comportamento da estrutura
sob colapso é avaliado a fim de que: 1) sejam dimensionados Caminhos Alternativos de Carga
(Alternate Load Path Method); ou 2) sejam dimensionados elementos críticos, ou elementos-
chave (Specific Local Resistance Method), da estrutura. O primeiro tem uma das abordagens
mais completas em GSA (2013) e tem sido o mais utilizado dentre os métodos diretos. O
UFC 4- 023-03 (DOD, 2009) também aborda o Método dos Caminhos Alternativos de Carga,
mas suas recomendações sobre esse método são praticamente as mesmas de GSA (2013). Nessa
metodologia, determinados elementos verticais portantes são removidos (dano independente da
causa) e verifica-se a capacidade de adaptação do sistema estrutural sem sofrer ruína.

É evidente que o método direto sempre levará a tratamento mais eficaz do colapso progressivo,
principalmente em se tratando de estruturas não contraventadas, como usualmente o são as

G. P. LISBOA
D0230E20: Proposta de uma metodologia para simulação computacional do colapso progressivo... 200

estruturas reticuladas em concreto no Brasil. No entanto, a depender da tipologia da edificação


analisada, pode haver menor probabilidade de ocorrência do fenômeno, bem como menores
perdas associadas a eventuais situações de colapso. Considerando-se que projetos e execuções
de estruturas assim poderiam ser onerados de forma relevante, é relevante que as estruturas
sejam classificadas de forma a direcionar o método de tratamento do colapso progressivo
segundo os riscos envolvidos e as perdas associadas. Destaca-se que Ruthes (2020) apresenta
proposta neste sentido, com foco à aplicação em projeto de estruturas de concreto brasileiras.

7.2 DO MODELO COMPUTACIONAL SIMPLIFICADO PROPOSTO

O modelo desenvolvido e apresentado neste trabalho mostrou-se capaz de representar bem o


fenômeno do colapso progressivo em pórticos planos, em grelhas de vigas e em pavimentos
com lajes maciças em concreto monolítico. Os resultados computacionais obtidos foram
validados com oito diferentes ensaios experimentais e percebeu-se que os mecanismos de
resistência ao colapso do pavimento foram bem representados, quais sejam o efeito de arco de
compressão, a ação catenária e as ações de compressão e de tração de membrana. Assim como
nos ensaios experimentais, os elementos adicionais nos modelos tridimensionais, como vigas
transversais e lajes, levaram ao aumento de rigidez e de resistência ao colapso dos pavimentos.
Atribui-se essa constatação ao fato de que a maior quantidade de elementos aumenta os
caminhos alternativos de carga, necessários à redistribuição de esforços em eventual situação
de colapso.

Acerca da metodologia de representação das ligações viga-pilar desenvolvida neste trabalho


para modelos computacionais simplificados, destaca-se que ele independe de etapas de
calibração e possibilita a representação da curva momento-rotação de ligações viga-pilar, ainda
que com vigas dispostas em diferentes direções no plano de um pavimento. Dessa forma,
mostra-se adequado à representação de estruturas complexas, como pórticos espaciais com
várias lajes e/ou multipavimentos, por exemplo. Além disso, o modelo de ligação viga-pilar
desenvolvido tem uma quantidade reduzida de graus de liberdade quando comparado com
outros modelos encontrados na literatura, como o de Lowes, Mitra e Altoontash (2003) e o de
Yu (2012), por exemplo.

G. P. LISBOA Capítulo 7
D0230E20: Proposta de uma metodologia para simulação computacional do colapso progressivo... 201

7.3 DAS ANÁLISES PARAMÉTRICAS

As análises paramétricas realizadas indicaram que os dados físicos e geométricos dos elementos
componentes de um pavimento, que são conhecidos ainda em fase de projeto, podem indicar a
capacidade de deslocamento vertical da estrutura no caso da remoção de pilares. As relações
encontradas sugerem, no entanto, que há um limite de rotação na ligação viga-pilar, mesmo
para níveis crescentes de esbeltez das vigas, de modo que a razão entre resistências por ação
catenária e por efeito de arco de compressão também fica limitada. Para os modelos de pórtico
plano estudados, o limite superior de rotação observado foi de [uu / L] ≈ 0,18 rad, sendo uu o
deslocamento vertical último e L o vão da viga. Para os modelos de pavimento de lajes e vigas
também se chega a um limite para a rotação na ligação viga-pilar com o aumento das esbeltezes
das vigas na direção de maior vão das lajes, mas notou-se que este limite foi menor que aquele
para pórticos planos. O limite superior de rotação encontrado para essas estruturas foi de
[uu / L] ≈ 0,14 rad, sendo L o vão das vigas na direção de menor vão das lajes. Considerando-
se que grande parte dos modelos analisados desenvolveu a ação catenária e apresentou níveis
de resistência última superiores às de resistência vertical de primeiro pico, é conservadora a
recomendação do UFC 4-023-03 (DOD, 2009) de que, para serem consideradas amarrações
passando pelo interior das vigas, é necessário que esses elementos tenham capacidade
verificada de suportar rotação [u / L] superior a 0,20 rad.

Observou-se também que a capacidade da estrutura de desenvolver deslocamentos está


associada ao quão expressiva a resistência devida à ação catenária (associada à resistência
última) pode ser frente à resistência devida ao efeito de arco de compressão (associada ao
primeiro pico de resistência). Admitindo-se desejável que as estruturas encontrem uma posição
de equilíbrio mesmo após esgotado o mecanismo de arco de compressão e, ainda, que a ação
catenária seja capaz de desenvolver níveis de resistência vertical última, Fu, superiores aos de
resistência vertical de primeiro pico, Fmax, a razão [Fu / Fmax] deve ser maior que a unidade. Dos
parâmetros analisados, observou-se que a relação entre a rigidez da viga e a rigidez do nó de
pórtico (o que é associado também à esbeltez da viga) tem maior influência sobre a razão
[Fu / Fmax] do que a taxa de armadura longitudinal total (inferior + superior) das vigas, para o
que corroboram as análises de Yu e Tan (2013). Neste sentido, os resultados obtidos neste
trabalho dos modelos de pórtico plano indicaram que a rigidez da viga em relação à rigidez do
nó do pórtico deve ser inferior a 0,071. Estabelecido o [Parâmetro (1 / α)] no Capítulo 5,
percebeu-se que esse parâmetro deve ser superior a 14,0 nos modelos de pórtico plano em

G. P. LISBOA Capítulo 7
D0230E20: Proposta de uma metodologia para simulação computacional do colapso progressivo... 202

concreto monolítico. Além disso, a razão entre os Parâmetros (1 / α) das vigas nas duas
direções que chegam no pilar removido deve atender ao limite [Parâmetro (1 / α):
(VL’s / VT’s)] ≥ 0,46, pavimentos com laje maciça em concreto monolítico. Atendidas essas
condições, garante-se a formação do mecanismo de ação catenária nas vigas no caso da remoção
de pilares da estrutura.

7.4 DO PAVIMENTO ANALISADO

O pavimento analisado no Capítulo 6 apresentou equilíbrio conforme o procedimento de


análise não-linear estática recomendado por GSA (2013). Levando-se o pavimento à ruína por
meio da aplicação de carregamentos verticais concentrados incrementais aos indicados por
GSA (2013), observou-se que o valor-limite superior encontrado na análise paramétrica para a
rotação da ligação viga-pilar foi respeitado. As forças na armadura longitudinal inferior das
vigas e na armadura inferior das lajes, quando do escoamento dessas armaduras, foram
analisados comparativamente às forças de amarração estimadas segundo UFC 4-023-03
(DOD, 2009). Os resultados obtidos sugerem ser conservadora a restrição estabelecida por essa
referência de que, para que sejam utilizadas as armaduras longitudinais das vigas como
amarração interna ou periférica contra colapso progressivo, esses elementos devem ser capazes
de desenvolver rotações superiores a 0,20 rad. Isso porque, segundo previsão do UFC 4-023-03
(DOD, 2009), não havia amarração periférica suficiente na laje nas Análises 1, 2 e 3 para evitar
o colapso progressivo do pavimento. Contudo, em todas as análises realizadas, observou-se que
as armaduras longitudinais inferiores das vigas forneceram parcelas consideráveis de
resistência ao pavimento, e em alguns caso valores de força de amarração superiores aos valores
requeridos pelo UFC 4-023-03 (DOD, 2009), mesmo sob rotações [uu / L] ≤ 0,14 rad. Com
isso, não houve colapso do pavimento quando as armaduras de amarração atingiram o
escoamento do aço. Corroboram com essa conclusão as rotações-limite encontradas na análise
paramétrica deste trabalho, que não chegam a 0,20 rad, e as análises de Qian e Li (2019),
apresentadas no item 6.3.2.3.

Analisando-se a solicitação das armaduras inferiores das lajes, observou-se o desenvolvimento


de maiores faixas de contribuição das armaduras na direção de menor vão do que aquelas na
direção de maior vão. Isso foi verificado tanto para amarrações periféricas quanto para
amarrações internas. Tais resultados sugerem que o dimensionamento dos tirantes deva
considerar a relação entre os vãos nas duas direções da área de influência do pilar rompido. No

G. P. LISBOA Capítulo 7
D0230E20: Proposta de uma metodologia para simulação computacional do colapso progressivo... 203

entanto, considera-se que as larguras de faixa segundo UFC 4-023-03 (DOD, 2009)
contemplaram armaduras das lajes que de fato contribuem para a resistência ao colapso do
pavimento. Ainda, ressalta-se que todas as análises feitas consideraram lajes com armaduras
nas duas direções.

7.5 SUGESTÕES PARA TRABALHOS FUTUROS

Como sugestões para trabalhos futuros, têm-se:

1) verificar a aplicabilidade de um modelo intermediário entre o aqui apresentado, no que


se refere à discretização adotada para a malha de elementos finitos de pórtico e à
representação das ligações viga-pilar por molas rotacionais, e o modelo de La
Mazza (2018), no que se refere à representação das lajes não por elementos de casca e
suas armaduras por reinforcement grids, mas sim por meio de grelhas de viga (Modelo
EB3 daquele trabalho). Um modelo assim desenvolvido seria ainda mais simplificado,
podendo apresentar redução significativa de graus de liberdade, além de possivelmente
também dispensar etapas de calibração. Com isso, seria possível a modelagem de
estruturas com mais pavimentos com menor exigência de capacidade de processamento
do hardware;

2) realizar análise paramétrica com as mesmas amostras aqui avaliadas, mas submetidas a
carregamentos uniformemente distribuídos nas vigas das estruturas planas e nas lajes
das estruturas tridimensionais;

3) realizar análise paramétrica que considere, nas vigas, taxas de armadura superior e
inferior diferentes entre si, a fim de avaliar a influência sobre as relações [Ft / Fu] x
[uu / L] e [uu / L] x [Parâmetro (1 / α)] aqui encontradas, para estruturas tanto planas
quanto tridimensionais em concreto monolítico, e de forma a tornar mais eficaz a
previsão de deslocamentos últimos e de resistência última em estruturas com diferentes
detalhamentos;

4) adotar diferentes [Parâmetro (1 / α)] sob alterações das seções transversais das vigas, e
não apenas de seus comprimentos, como avaliado neste trabalho, bem como sob
alterações nas seções transversais dos pilares, a fim de se verificar a influência do
[Parâmetro (1 / α)]: a) sobre a relação entre a resistência devida ao efeito arco de
compressão e a devida à ação catenária; e b) sobre o desenvolvimento de tração das

G. P. LISBOA Capítulo 7
D0230E20: Proposta de uma metodologia para simulação computacional do colapso progressivo... 204

armaduras inferiores e superiores das vigas nas ligações viga-pilar junto ao pilar
considerado rompido;

5) a realização de análises não-lineares estáticas e dinâmicas sobre um mesmo modelo


numérico a fim de avaliar os fatores de amplificação dinâmica definidos conforme
GSA (2013), uma vez que os trabalhos que indicam as expressões adotadas pelo código,
quais sejam Marchand, McKay, e Stevens (2009) e McKay, Marchand e Diaz (2012),
se basearam em análise de estruturas sem a consideração de lajes;

6) para estudos experimentais, é interessante que as armaduras longitudinais de vigas e de


lajes sejam instrumentadas a fim de que possa ser observada a redistribuição de esforços
por caminhos alternativos de carga durante o desenvolvimento do colapso. Além disso,
em esquemas experimentais como o de Xiao et al. (2013) e de Xiao et al. (2015), ainda
que acarrete maiores custos, é interessante a consideração de ruína de pilares individuais
específicos em estruturas diferentes ao invés de vários pilares em sequência em uma
estrutura única, como feito pelos autores.

G. P. LISBOA Capítulo 7
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G. P. LISBOA Referências
APÊNDICE A

REVISÃO SISTEMÁTICA

Neste Apêndice, a relevância do tema de pesquisa deste trabalho é apresentada sob a forma de
uma revisão bibliográfica aos moldes do que se conhece como mapeamento sistemático
(Mapping Study), que estabelece um procedimento de revisão com vistas à sumarização do que
já é posto ou vem sendo adotado e dos resultados já alcançados por pesquisas acerca do objeto
de estudo, tornando mais fácil a identificação de possíveis novas linhas de estudo, por exemplo.

O levantamento aqui apresentado se deu com base em artigos científicos disponíveis no Portal
de Periódicos da CAPES, utilizando as seguintes bases de dados: Scopus (Elsevier), ASCE,
Web of Science, ScienceDirect Journals (Elsevier), SpringerLink. Realizada entre os dias 13 e
20 de fevereiro de 2019, esta busca utilizou as seguintes strings: 1) “progressive collapse” AND
“precast concrete” (com correspondência exata para ambas); 2) “progressive collapse” AND
“concrete” (com correspondência exata para ambas); e 3) “progressive collapse” AND
structure (com correspondência exata apenas para a primeira).

Destaca-se que, mesmo após o resultado das buscas pelas strings propostas, para que fosse
incluído como referência a ser aqui apresentada, cada artigo científico deveria obedecer,
conjuntamente, aos seguintes critérios de inclusão:

1) CRITÉRIO 1: ter sido publicado entre 1990 e 2019. Considerando-se a proposta de


análise teórico-computacional deste trabalho, a data inicial adotada se justifica pelo
grande crescimento na utilização de computadores na solução de problemas complexos
observado a partir dos anos de 1990;

2) CRITÉRIO 2: ter sido publicado em periódico revisado por pares,

3) CRITÉRIO 3: estar disponível em uma das seguintes bases de dados: Scopus (Elsevier),
Web of Science, ScienceDiretc Journals (Elsevier), SpringerLink, ou ASCE Library
(American Society of Civil Engineers);

4) CRITÉRIO 4: conter alguma das strings de busca no título OU no resumo dos artigos
selecionados pelos critérios anteriores;

G. P. LISBOA
D0230E20: Proposta de uma metodologia para simulação computacional do colapso progressivo... 212

5) CRITÉRIO 5: relacionar-se diretamente com o tema. Este critério foi aplicado por meio
da leitura dos resumos dos trabalhos selecionados pelo Critérios 4, considerando-se com
relação direta as abordagens de colapso progressivo em estruturas de concreto. Artigos
tratando de colapso de estruturas sob incêndio foram excluídos, principalmente devido
ao fato de que há alterações de propriedades mecânicas dos materiais quando
submetidos a altas temperaturas (como módulo de elasticidade, por exemplo), situação
à qual não estão comumente sujeitas as estruturas sob colapso progressivo provocado
por outras causas que não incêndio. Além disso, a menos que tratassem a respeito de
considerações teóricas de carregamentos geralmente associados a colapso progressivo,
como ondas de explosões, por exemplo, artigos tratando do fenômeno em estruturas
metálicas também foram desconsiderados neste critério;

6) CRITÉRIO 6: ser escrito em inglês OU português – nas ferramentas de busca utilizadas


foi possível se definir apenas um idioma, não sendo disponível filtrar por um ou outro,
de forma que a inclusão/exclusão por este critério foi realizada manualmente em
momento posterior.

A.1 SELEÇÃO DOS TRABALHOS

Aqui é apresentada a seleção de artigos científicos conforme os critérios de inclusão aplicados


aos resultados retornados à busca no Portal de Periódicos da CAPES, conforme apresentado
anteriormente. As etapas a seguir apresentadas foram executadas e documentadas com auxílio
da ferramenta Microsoft Excel®.

Destaca-se aqui que os Critérios 1, 2, e 3 de inclusão podem ser aplicados diretamente com o
uso das ferramentas de busca avançada oferecidas pelo Portal, ao contrário dos Critérios 4, 5 e
6, que são aplicados sob avaliação do pesquisador. Neste sentido, e considerando-se a
quantidade bastante grande de resultados retornados mesmo após a aplicação dos três primeiros
critérios a cada uma das três buscas (como poderá ser constatado mais adiante), seria bastante
onerosa a aplicação dos três últimos critérios a todos os trabalhos retornados após a aplicação
dos três primeiros. Sabe-se que o Portal de Periódicos da CAPES oferece ferramentas para se
refinarem os resultados, categorizadas em tipo de recurso (artigos, resenhas etc.), autor, bases
de dados e tópicos, por exemplo. Assim sendo, os resultados retornados após a aplicação dos
Critérios 1, 2 e 3, foram refinados pela seleção de tópicos apresentados pelo Portal e foram

G. P. LISBOA Apêndice A
D0230E20: Proposta de uma metodologia para simulação computacional do colapso progressivo... 213

também verificados com relação a eventuais repetições, para só então serem aplicados os
Critérios 4, 5 e 6.

Baseando-se no fato das estruturas em concreto pré-moldado serem mais suscetíveis ao colapso
progressivo que aquelas em concreto moldado in loco e dando foco maior àquelas, a primeira
busca se deu com as strings “progressive collapse” AND “precast concrete”, com
correspondência exata para ambas. A redução da quantidade de trabalhos retornados conforme
a aplicação dos critérios de inclusão pode ser verificada na Figura A.1, em que: o primeiro
ponto se refere à quantidade total de artigos retornados à busca utilizando-se apenas a
combinação de strings; os pontos C’s se referem às quantidades de artigos selecionados após a
aplicação do critério de índice correspondente; Rept. indica a quantidade de artigos após a
exclusão de resultados repetidos; e Tóp. 1 indica o número de artigos após a seleção conjunta
dos tópicos Progressive Collapse e Precast Concrete para refinamento dos resultados após o
Critério 3 (bases de dados).

Figura A.1 – Redução da quantidade de trabalhos retornados às strings “progressive colapse” AND “precast
concrete”.

ARTIGOS CIENTÍFICOS - Exclusão


Strings: "progressive collapse" AND "precast concrete"

500
Quantidade de Artigos

STRINGS
253
Retornados

C. 1 C. 2 C. 3 Rept.
112 100 89 36

Tóp. 1 C. 4 C. 5 C. 6
38 32 28 28

A segunda busca foi realizada com as strings “progressive collapse” AND “concrete”, com
correspondência exata para ambas. A redução da quantidade de trabalhos retornados conforme
G. P. LISBOA Apêndice A
D0230E20: Proposta de uma metodologia para simulação computacional do colapso progressivo... 214

a aplicação dos critérios de inclusão pode ser verificada na Figura A.2, em que: Tóp. 1 indica o
número de artigos após a seleção conjunta dos tópicos Progressive Collapse e Concrete e Tóp. 2
se refere à aplicação do tópico Frames, após os anteriores – já que restrição pelos dois primeiros
tópicos ainda retornava uma quantidade grande de artigos e o terceiro tópico não estava
disponível de início, surgindo somente após a aplicação dos dois primeiros. O terceiro tópico
se justifica dada a proposta deste trabalho em tratar das estruturas em pórtico de concreto pré-
moldado.

Figura A.2 – Redução da quantidade de trabalhos retornados às strings “progressive colapse” AND “concrete”.

ARTIGOS CIENTÍFICOS - Exclusão


Strings: "progressive collapse" AND "concrete"

2500 STRINGS
2135
Quantidade de Artigos

2000 C. 1
1510 C. 2
1394
Retornados

1500
C. 3
1226
1000
Tóp. 1
404 C. 6
500 Rept. C. 4 C. 5
Tóp. 2 39 37 27 27
42
0

A terceira busca utilizou as strings “progressive collapse” AND structure, com


correspondência exata apenas para a primeira. A redução da quantidade de trabalhos retornados
conforme a aplicação dos critérios de inclusão pode ser verificada na Figura A.3, em que: Tóp. 1
indica o número de artigos após a seleção conjunta dos tópicos Progressive Collapse e
Reinforced Concrete, Tóp. 2 se refere à aplicação do tópico Explosions, após os dois anteriores,
e Tóp. 3 se refere ao tópico Finite Element Method, aplicado após os três anteriores. O terceiro
tópico se justifica com base no fato de que boa parte dos colapsos progressivos ocorridos até
hoje terem se dado em consequência de explosões. O quarto tópico é justificado devido ao fato
de que a análise computacional proposta por este trabalho se baseia no Método dos Elementos

G. P. LISBOA Apêndice A
D0230E20: Proposta de uma metodologia para simulação computacional do colapso progressivo... 215

Finitos. Em tempo, chama-se atenção para que, nesta terceira busca, a base da ASCE Library
(American Society of Civil Engineers) não estava disponível, sendo selecionadas apenas as
outras quatro indicadas anteriormente.

Figura A.3 – Redução da quantidade de trabalhos retornados às strings “progressive colapse” AND structure.

ARTIGOS CIENTÍFICOS - Exclusão


Strings: "progressive collapse" AND structure

STRINGS
4000 3781
3500 C. 1
Quantidade de Artigos

2597 C. 2
3000 2478
Retornados

2500 C. 3
2270
2000

1500
Tóp. 1
1000 511
Tóp. 3 Rept. C. 4 C. 5 C. 6
500 Tóp. 2 7 7 6 6 6
36
0

Ao final, foi selecionado um total de 61 artigos científicos (28 + 27 + 6).

A.2 IDENTIFICAÇÃO DOS TEMAS ABORDADOS

Selecionados os artigos após a aplicação de todos os critérios de inclusão, buscou-se identificar


os principais temas abordados nos trabalhos selecionados. Tal atividade foi realizada apenas
com base na leitura dos resumos desses trabalhos, de forma que, caso determinada abordagem
não tenha sido aí explicitada, foi considerada não tratada pelo artigo. Neste sentido, as
abordagens dos trabalhos foram classificadas:

a. quanto ao ESTUDO, se teórica (numérico e/ou analítico) e/ou experimental;

G. P. LISBOA Apêndice A
D0230E20: Proposta de uma metodologia para simulação computacional do colapso progressivo... 216

b. quanto à ÊNFASE, se: nas ligações laje-laje, nas ligações viga-laje, nas ligações viga-
pilar, em paredes, na ruptura por cisalhamento em pórticos, em paredes (estruturais ou
de preenchimento), em pilares, ou em vigas;

c. quanto ao MÉTODO de abordagem. Baseando-se no que é posto por algumas normas,


como já comentado, se o método da pesquisa era: Indireto, Direto pela consideração de
Caminhos Alternativos de Carga, ou Direto pela consideração de Elementos-chave;

d. quanto à ANÁLISE estrutural. Baseando-se também no que é posto por algumas


normas, se: linear (estática ou dinâmica), não-linear estática, não-linear quasi-estática
ou não-linear dinâmica;

e. quanto ao MECANISMO DE RESISTÊNCIA observado, se ocorrem efeitos de ação


catenária ou de arco de compressão (ações de membrana, principalmente em elementos
de viga e de laje), todos associados à formação de caminhos alternativos de carga. Essa
classificação é contemplada por Adam et al. (2018), que realizaram extensa revisão
acerca do colapso progressivo, apontando o estado-da-arte no conhecimento deste
fenômeno;

f. no caso dos estudos teórico-numéricos, quanto à PRECISÃO DA MODELAGEM, isto


é, se macromodelos, utilizando elementos de viga e placa ou casca, ou se micromodelos,
com elementos tridimensionais.

Chama-se atenção para o fato de que os tópicos de classificação apontados não são, de forma
alguma, excludentes entre si, de maneira que, em uma mesma classificação (quanto ao estudo,
por exemplo), determinado artigo pode apresentar abordagens tanto experimental quanto
teórica (numérica, por exemplo), o que possibilita, ao final de uma classificação, quantidade
total de artigos maior que aquela obtida após a aplicação dos critérios de inclusão. Além disso,
ou por falta de maiores informações no resumo de determinado artigo ou ainda pelo tipo de
abordagem não ter sido considerada aqui, como é o caso de artigos de revisão, por exemplo,
estes não são contabilizados nas classificações apresentadas.

Tendo-se em vista a maior suscetibilidade das estruturas em concreto pré-moldado


comparativamente às suas equivalentes em concreto moldado in loco, buscou-se aqui destacar
os artigos científicos nesta linha de pesquisa, separando-os daqueles referentes a estruturas
monolíticas de concreto, por exemplo. Para tanto, os trabalhos foram agrupados nos seguintes
temas de interesse: 1) trabalhos com abordagem teórica (Figura A.4) ou experimental

G. P. LISBOA Apêndice A
D0230E20: Proposta de uma metodologia para simulação computacional do colapso progressivo... 217

(Figura A.5) retornados ao conjunto das strings “progressive colapse” AND “concrete” e
“progressive colapse” AND structure; e 2) trabalhos com abordagem teórica (Figura A.6) ou
experimental (Figura A.7) retornados às strings “progressive colapse” AND “precast
concrete”.

G. P. LISBOA Apêndice A
D0230E20: Proposta de uma metodologia para simulação computacional do colapso progressivo... 218

Figura A.4 – Classificação dos estudos com abordagem teórica retornados às strings: "progressive collapse"
AND "concrete" e "progressive collapse" AND structure (24 trabalhos).

ESTUDOS TEÓRICOS - Abordagens


Strings: "progressive collapse" AND "concrete"
"progressive collapse" AND structure

Laje-Laje 0

Viga-Laje 1

Viga-Pilar 4
Ênfase

Shear Failure
(Pórtico) 2

Paredes Quantidade de estudos


3 teóricos selecionados
após critérios:
Pilar 5
24
Viga 3

Indireto 1
Método

Direto:
Cam. Alt. de Carga 9
Direto:
Elementos-chave 3
Linear
(Estática ou Dinâmica) 2
Não-linear
Análise

Estática 2
Não-linear
Quasi-estática 3
Não-linear
Dinâmica 12
Modelagem Resistência
Prec. da Mecan. de

Ação Catenária 5
Arco de
Compressão 3
Modelos
Micro 1
Modelos
Macro 6

G. P. LISBOA Apêndice A
D0230E20: Proposta de uma metodologia para simulação computacional do colapso progressivo... 219

Figura A.5 – Classificação dos estudos com abordagem experimental retornado às strings: "progressive
collapse" AND "concrete" e "progressive collapse" AND structure (11 trabalhos).

ESTUDOS EXPERIMENTAIS - Abordagens


Strings: "progressive collapse" AND "concrete"
"progressive collapse" AND structure

Laje-Laje 0

Viga-Laje 2

Viga-Pilar 4
Ênfase

Shear Failure
(Pórtico) 0
Quantidade de estudos
Paredes 1 experimentais selecionados
após critérios:
Pilar 0 11

Viga 2

Indireto 1
Método

Direto:
Cam. Alt. de Carga 7
Direto:
Elementos-chave 0
Linear
(Estática ou Dinâmica) 3
Não-linear
Análise

Estática 1
Não-linear
Quasi-estática 3
Não-linear
Dinâmica 3
Resistência
Mecan. de

Ação Catenária 7
Arco de
Compressão 5

Considerando-se o conjunto dos estudos teóricos e experimentais apresentados na Figura A.4 e


na Figura A.5, nota-se que a ênfase mais recorrente nos trabalhos se dá com relação às ligações

G. P. LISBOA Apêndice A
D0230E20: Proposta de uma metodologia para simulação computacional do colapso progressivo... 220

viga-pilar, o que também é percebido quando se levam em conta as subestruturas mais


comumente estudadas experimentalmente (uma viga contínua sobre três pilares formando um
pórtico plano de um pavimento) e o fato de que muitos destes estudos servem de base para
abordagens teóricas para efeito de calibração de parâmetros de projeto, por exemplo. Neste
sentido, e tendo-se também em vista eventuais dificuldades de execução de ensaios
experimentais para o estudo de colapso progressivo em estruturas com arranjos mais
complexos, isto é, mais próximos de edifícios reais, é notável que estudos com ênfase
principalmente em remoção de pilares e que, consequentemente, considerem métodos diretos
por elementos-chave, sejam mais evidentes em estudos teóricos. Sobre arranjos mais
complexos, Adam et al. (2018) também consideram serem ainda necessários ensaios
experimentais em estruturas 3D. Nota-se, também, que poucos estudos se dedicaram ao colapso
progressivo em estruturas compostas por paredes (estruturais e de preenchimento), às ligações
viga-laje e à falha por cisalhamento verificada em pórticos. Também não foram encontrados
estudos abordando as ligações laje-laje, para tipos de estruturas em que estas existam, ou sobre
a influência destes elementos no comportamento estrutural em colapso progressivo, como
também apontam Adam et al. (2018).

As dificuldades na realização de ensaios experimentais perpassam também pela forma de se


aplicar carregamento às estruturas, haja visto que colapsos progressivos são fenômenos
essencialmente dinâmicos na direção vertical, diferentemente do que acontece em terremotos,
em que os movimentos predominantes são horizontais. Neste sentido, análises não-lineares
dinâmicas em ensaios experimentais se dão, ou com a utilização de equipamentos
especialmente desenvolvidos para tanto (o que é bastante incomum), ou pela consideração de
fatores de amplificação dinâmica em ensaios estáticos ou quasi-estáticos, o que faz com que
análises dinâmicas sejam mais facilmente desenvolvidas teoricamente. Carregamentos quasi-
estáticos são mais exequíveis que os dinâmicos em ensaios experimentais e podem ser aplicados
até a ruptura de estruturas estudadas, isto é, levando-as a comportamentos não-lineares. Daí,
conclui-se ser um campo aberto para pesquisas a realização de estudos experimentais que
considerem este tipo de análise, até mesmo para a calibração dos próprios fatores de
amplificação dinâmica utilizados em ensaios estáticos ou quasi-estáticos, como bem apontam
Adam et al. (2018).

A respeito dos métodos de abordagem, o método indireto de avaliação, que resulta, por
exemplo, na colocação de tirantes periféricos e centrais em estruturas de concreto, não têm sido

G. P. LISBOA Apêndice A
D0230E20: Proposta de uma metodologia para simulação computacional do colapso progressivo... 221

objeto comum de estudo, o que também é colocado por Adam et al. (2018). Ao contrário, a
verificação de caminhos alternativos de carga (método direto), que implica na formação dos
mecanismos de ação catenária e arco de compressão, tem sido mais estudada.

Com relação à precisão da modelagem nos estudos teóricos que fizeram uso de modelagem
computacional, os macromodelos (modelagem de estruturas com a utilização de elementos de
viga e de placa ou casca, por exemplo) são os mais recorrentemente utilizados em detrimento
dos micromodelos (modelagem com elementos tridimensionais). Há trabalhos que se valem de
ambos: dos primeiros para modelar a estrutura completa do edifício estudado a fim de se
encontrarem as zonas mais solicitadas e, a partir daí, analisar estas últimas com a utilização de
micromodelos, por exemplo.

G. P. LISBOA Apêndice A
D0230E20: Proposta de uma metodologia para simulação computacional do colapso progressivo... 222

Figura A.6 – Classificação dos estudos com abordagem teórica retornados às strings: "progressive collapse"
AND "precast concrete" (18 trabalhos).

ESTUDOS TEÓRICOS - Abordagens


Strings: "progressive collapse" AND "precast concrete"

Laje-Laje 1

Viga-Laje 0

Viga-Pilar 5
Ênfase

Shear Failure
(Pórtico) 0

Paredes Quantidade de estudos


4 teóricos selecionados
após critérios:
Pilar 0
18
Viga 1

Indireto 4
Método

Direto:
Cam. Alt. de Carga 4
Direto:
Elementos-chave 0
Linear
(Estática ou Dinâmica) 4
Não-linear
Análise

Estática 0
Não-linear
Quasi-estática 8
Não-linear
Dinâmica 5
Modelagem Resistência
Prec. da Mecan. de

Ação Catenária 3
Arco de
Compressão 1
Modelos
Micro 3
Modelos
Macro 3

G. P. LISBOA Apêndice A
D0230E20: Proposta de uma metodologia para simulação computacional do colapso progressivo... 223

Figura A.7 – Classificação dos trabalhos com abordagem experimental retornados às strings: "progressive
collapse" AND "precast concrete" (12 trabalhos).

ESTUDOS EXPERIMENTAIS - Abordagens


Strings: "progressive collapse" AND "precast concrete"

Laje-Laje 1

Viga-Laje 1

Viga-Pilar 6
Ênfase

Shear Failure
(Pórtico) 2
Quantidade de estudos
Paredes 2 experimentais selecionados
após critérios:
Pilar 0 12
Viga 1

Indireto 2
Método

Direto:
Cam. Alt. de Carga 4
Direto:
Elementos-chave 0
Linear
(Estática ou Dinâmica) 3
Não-linear
Análise

Estática 0
Não-linear
Quasi-estática 9
Não-linear
Dinâmica 3
Resistência
Mecan. de

Ação Catenária 4
Arco de
Compressão 3

A exemplo do que acontece nas estruturas de concreto em geral (abordadas na Figura A.4 e na
Figura A.5), ao se reduzir a amostra para as estruturas em concreto pré-moldado (Figura A.6 e
Figura A.7), nota-se que a ênfase mais comum também está no estudo das ligações viga-pilar.
G. P. LISBOA Apêndice A
D0230E20: Proposta de uma metodologia para simulação computacional do colapso progressivo... 224

As ligações laje-laje e viga-laje não têm sido comumente consideradas. Com relação à ruptura
ocorrida por cisalhamento em pórticos, não foram encontradas abordagens teóricas, mas já há
resultados experimentais. As dificuldades de execução de ensaios experimentais com arranjos
estruturais mais complexos, já mencionadas, também se fazem presentes nos estudos de
estruturas pré-moldadas. Desta forma, abordagens que considerem os pilares e a atuação destes
como elementos-chave (método direto) também são escassas aqui, mesmo em estudos teóricos,
que poderiam levar em conta, por exemplo, estruturas de edifícios inteiros em concreto pré-
moldado, a exemplo do que pode ser visto em estudos de concreto moldado no local. A carência
por tais pesquisas é também apontada por Adam et al. (2018) quando tratam especificamente
das estruturas em concreto pré-moldado. A consideração de paredes (estruturais ou de
preenchimento) ainda carece principalmente de estudos experimentais.

Sobre os métodos de abordagem, tanto há trabalhos que consideram os efeitos de amarrações


entre elementos (método indireto), quanto aqueles com foco sobre os efeitos de ação catenária
e de arco de compressão para provimento de caminhos alternativos de carga (método direto),
mas ainda com menos evidência para os primeiros. Foi encontrado um único trabalho que trata
ambos os métodos.

Com relação ao tipo de análise, o que se percebe no caso de estruturas pré-moldadas é o mesmo
que o tratado anteriormente: análises não-lineares quasi-estáticas são as mais comumente
utilizadas, tanto pelos estudos experimentais quanto pelos teóricos. Dos oito artigos com este
último tipo de análise, cinco também apresentam resultados experimentais. Novamente,
análises não-lineares dinâmicas são mais recorrentes em estudos teóricos.

Com relação aos estudos que utilizam de modelagem computacional, foram encontrados
trabalhos que utilizam apenas macromodelos ou micromodelos. Diferentemente do observado
anteriormente, não foram encontrados estudos que lançam mão de ambas as abordagens em
conjunto.

Diante do exposto, nota-se que estudos da influência das ligações viga-laje e laje-laje no colapso
progressivo, bem como a análise de critérios para o dimensionamento das amarrações entre
elementos (método indireto) em estruturas pré-moldadas, ainda são poucos na literatura.
Contudo, notadamente as ligações viga-pilar têm papel importante na análise do colapso
progressivo de estruturas em pórtico, razão pela qual elas foram analisadas neste trabalho.
Ademais, por haver um maior número de estudos experimentais que contemplem arranjos

G. P. LISBOA Apêndice A
D0230E20: Proposta de uma metodologia para simulação computacional do colapso progressivo... 225

estruturais simplificados, formados apenas por vigas e pilares, mas com diferentes
configurações de ligações entre esses elementos, há maiores possibilidades de se validarem
modelos computacionais para tais variantes.

G. P. LISBOA Apêndice A
APÊNDICE B

OBTENÇÃO DE CURVA MOMENTO-ROTAÇÃO PARA


MOLAS ROTACIONAIS COM BASE NA MCFT

Neste Apêndice, a metodologia proposta para a determinação da lei constitutiva das molas
rotacionais apresentada no item 4.1 é aplicada ao Pórtico IMF de Lew et al. (2011) e à amostra
P1 de Qian, Li e Ma (2014), também apresentados no Capítulo 4 deste trabalho.

B.1 PÓRTICO IMF

O Quadro B.1 mostra um resumo das propriedades físico-geométricas do Pórtico IMF


utilizadas tanto para obtenção da curva distorção angular-tensão cisalhante segundo a MCFT
quanto para a modificação desta curva para obtenção da curva rigidez rotacional-rotação da
mola.

Quadro B.1 – Dados físicos e geométricos do Pórtico IMF de Lew et al. (2011).

DADOS FÍSICOS
Resistência à compressão do concreto (MPa) 32,00
Módulo de elasticidade do concreto (MPa) 27.000
Resistência à tração do aço (MPa) 455,19
Módulo de elasticidade do aço (MPa) 200.000
DADOS GEOMÉTRICOS DA VIGA
Armadura superior que ancora no nó de pórtico 4 φb 25,40 mm (509 mm²/barra)
Armadura inferior que ancora no nó de pórtico 2 φb 28,65 mm (645 mm²/barra)
Largura da seção da viga (mm) 711,00
Altura total da seção da viga (mm) 508,00
Altura útil da seção da viga (mm) 457,60
Inércia bruta da viga (mm4) 7,77E+09
Vão da viga (mm) 6.096,00
DADOS PILAR
Armadura total que atravessa o nó de pórtico 12 φb 28,65 mm (645 mm²/barra)
Largura da seção do pilar (mm) 711,00
Altura total da seção do pilar (mm) 711,00
Inércia bruta do pilar (mm4) 2,13E+10
G. P. LISBOA
D0230E20: Proposta de uma metodologia para simulação computacional do colapso progressivo... 227

Na Tabela B.1 os cálculos realizados para determinação da curva rigidez rotacional-rotação


dos elementos de mola para o Pórtico IMF estão divididos em cinco grupos de resultados. Os
quatro primeiros grupos são:

1) Curva γ x τ (1) – corresponde à curva distorção angular-tensão cisalhante obtida da


MCFT aplicada ao nó de pórtico. A curva foi obtida segundo script apresentado por
Souza (2016);

2) Curva θ x M (2) – corresponde à curva momento-rotação obtida tomando-se os valores


de rotação iguais aos de distorção angular da Curva γ x τ (1) e definindo-se os momentos
fletores com base na expressão (4.5);

3) Curva θ x Meng (3) – corresponde à curva momento-rotação corrigida a partir da curva


anterior. Para tanto, são utilizados os fatores multiplicadores: 0,85, aplicado à altura útil
da viga, que deve ser utilizada em vez da altura da seção; e 0,75, aplicado à base do
pilar. Esses fatores são indicados por Lowes, Mitra e Altoontash (2003) e são adotados
para cálculo do volume da ligação. Conforme ressaltado no item 4.1, a utilização desses
fatores busca considerar a fissuração ao longo do desenvolvimento do colapso e a
consequente alteração da posição da linha neutra nesses elementos;

4) Curva θ x Map (4) – corresponde à curva momento-rotação corrigida a partir da Curva


θ x Meng (3). Para realizar essa correção, são mantidos os valores de rotação, enquanto os
valores de momento fletor são corrigidos pela expressão (4.6). Ainda, para que seja
aplicada a expressão (4.6), o valor de Kϕ é assumido igual à rigidez rotacional secante
da Curva θ x Meng (3)
, isto é, para defini-lo, tomam-se o primeiro e último pontos da
Curva θ x Meng (3)
. No caso da ligação analisada, o valor obtido foi
Kϕ = 1,033E+11 N mm / rad.

Ressalta-se que a Curva γ x τ (1), a Curva θ x M (2), a Curva θ x Meng (3) e a Curva θ x Map (4)
obtidas restringem-se a valores positivos para distorções angulares, rotações, tensões
cisalhantes e momentos fletores. Apesar disso, as molas rotacionais devem ser capazes de
trabalhar em ambos os sentidos. Para tanto, as curvas obtidas foram rebatidas para o trecho de
rotações negativas e momentos fletores negativos, como mostrado na Figura B.1(a), que
apresenta as curvas θ x M (2), θ x Meng (3) e θ x Map (4).

G. P. LISBOA Apêndice B
D0230E20: Proposta de uma metodologia para simulação computacional do colapso progressivo... 228

A Figura B.1(b) apresenta o diagrama multilinear θ x KROT (5) utilizado na representação da lei
constitutiva das molas no software DIANAⓒ. Para melhor visualização, é mostrado apenas para
valores de rotação entre 5,0E-04 e 3,0E-03 rad e rigidezes entre 7,10E+10 e
7,5E+10 N mm/rad.

Para a interpretação do diagrama multilinear, considera-se o fato de que, ao se ler um par de


pontos [rotação, rigidez rotacional] em arquivo de entrada de dados (em extensão .dat), o
software DIANAⓒ interpreta que o nível de rigidez especificado vale a partir do valor de rotação
também especificado, adotando níveis crescentes de rotação. Neste sentido, o diagrama
multilinear θ x KROT (5), que corresponde ao diagrama rotação-rigidez rotacional obtido com
base na curva Curva θ x Map (4), é definido mantendo-se os valores de rotação enquanto os
valores de rigidez rotacional de cada linha são obtidos segundo a seguinte expressão:

M ap,n+1 − M ap,n
KROT ,n =
n+1 − n (B.1) a

em que: KROT,n é o valor da rigidez na linha analisada; Map,n+1 e Map,n são, respectivamente, os
valores de momento da Curva θ x Map (4) na linha subsequente e na linha analisada; e θn+1 e θn
são, respectivamente, os valores de rotação da Curva θ x Map (4) na linha subsequente e na linha
analisada.

G. P. LISBOA Apêndice B
D0230E20: Proposta de uma metodologia para simulação computacional do colapso progressivo de estruturas reticuladas em concreto armado 229

Tabela B.1 – Pórtico IMF: passos de obtenção da curva rigidez rotacional-rotação com base na curva distorção angular-tensão cisalhante obtida da MCFT.

Curva Curva Curva Curva Diagrama Multilinear


γ x τ (1) θ x M (2) θ x Meng (3) θ x Map (4) θ x KROT (5)
γ τ θ M θ Meng θ Map θ KROT
(rad) (MPa) (rad) (N mm) (rad) (N mm) (rad) (N mm) (rad) (N mm/rad)
0,000E+00 0,000E+00 0,000E+00 0,000E+00 0,000E+00 0,000E+00 0,000E+00 0,000E+00 0,000E+00 1,405E+12
6,300E-05 1,000E+00 6,300E-05 2,568E+08 6,300E-05 1,475E+08 6,300E-05 8,853E+07 6,300E-05 1,475E+12
7,500E-05 1,200E+00 7,500E-05 3,082E+08 7,500E-05 1,770E+08 7,500E-05 1,062E+08 7,500E-05 1,362E+12
8,800E-05 1,400E+00 8,800E-05 3,595E+08 8,800E-05 2,065E+08 8,800E-05 1,239E+08 8,800E-05 1,362E+12
1,010E-04 1,600E+00 1,010E-04 4,109E+08 1,010E-04 2,360E+08 1,010E-04 1,416E+08 1,010E-04 1,475E+12
1,130E-04 1,800E+00 1,130E-04 4,622E+08 1,130E-04 2,654E+08 1,130E-04 1,593E+08 1,130E-04 2,241E+10
9,030E-04 2,000E+00 9,030E-04 5,136E+08 9,030E-04 2,949E+08 9,030E-04 1,771E+08 9,030E-04 7,168E+10
1,150E-03 2,200E+00 1,150E-03 5,650E+08 1,150E-03 3,244E+08 1,150E-03 1,948E+08 1,150E-03 7,408E+10
1,389E-03 2,400E+00 1,389E-03 6,163E+08 1,389E-03 3,539E+08 1,389E-03 2,125E+08 1,389E-03 7,347E+10
1,630E-03 2,600E+00 1,630E-03 6,677E+08 1,630E-03 3,834E+08 1,630E-03 2,302E+08 1,630E-03 7,408E+10
1,869E-03 2,800E+00 1,869E-03 7,191E+08 1,869E-03 4,129E+08 1,869E-03 2,479E+08 1,869E-03 7,471E+10
2,106E-03 3,000E+00 2,106E-03 7,704E+08 2,106E-03 4,424E+08 2,106E-03 2,656E+08 2,106E-03 7,471E+10
2,343E-03 3,200E+00 2,343E-03 8,218E+08 2,343E-03 4,719E+08 2,343E-03 2,833E+08 2,343E-03 7,439E+10
2,581E-03 3,400E+00 2,581E-03 8,731E+08 2,581E-03 5,014E+08 2,581E-03 3,010E+08 2,581E-03 7,408E+10
2,820E-03 3,600E+00 2,820E-03 9,245E+08 2,820E-03 5,309E+08 2,820E-03 3,187E+08 2,820E-03 7,377E+10
3,060E-03 3,800E+00 3,060E-03 9,759E+08 3,060E-03 5,604E+08 3,060E-03 3,364E+08 3,060E-03 7,316E+10
3,302E-03 4,000E+00 3,302E-03 1,027E+09 3,302E-03 5,899E+08 3,302E-03 3,541E+08 3,302E-03 7,227E+10
3,547E-03 4,200E+00 3,547E-03 1,079E+09 3,547E-03 6,194E+08 3,547E-03 3,718E+08 3,547E-03 7,168E+10
3,794E-03 4,400E+00 3,794E-03 1,130E+09 3,794E-03 6,489E+08 3,794E-03 3,895E+08 3,794E-03 7,054E+10
4,045E-03 4,600E+00 4,045E-03 1,181E+09 4,045E-03 6,784E+08 4,045E-03 4,072E+08 4,045E-03 6,998E+10

G. P. LISBOA Apêndice B
D0230E20: Proposta de uma metodologia para simulação computacional do colapso progressivo de estruturas reticuladas em concreto armado 230

Curva Curva Curva Curva Diagrama Multilinear


γ x τ (1) θ x M (2) θ x Meng (3) θ x Map (4) θ x KROT (5)
γ τ θ M θ Meng θ Map θ KROT
(rad) (MPa) (rad) (N mm) (rad) (N mm) (rad) (N mm) (rad) (N mm/rad)
4,298E-03 4,800E+00 4,298E-03 1,233E+09 4,298E-03 7,079E+08 4,298E-03 4,249E+08 4,298E-03 6,863E+10
4,556E-03 5,000E+00 4,556E-03 1,284E+09 4,556E-03 7,374E+08 4,556E-03 4,426E+08 4,556E-03 6,758E+10
4,818E-03 5,200E+00 4,818E-03 1,335E+09 4,818E-03 7,668E+08 4,818E-03 4,603E+08 4,818E-03 2,870E+10
5,435E-03 5,400E+00 5,435E-03 1,387E+09 5,435E-03 7,963E+08 5,435E-03 4,780E+08 5,435E-03 6,924E+09
7,992E-03 5,600E+00 7,992E-03 1,438E+09 7,992E-03 8,258E+08 7,992E-03 4,957E+08 7,992E-03 ---

Figura B.1 – Curvas θ x M (2), θ x Meng (3) e θ x Map (4) para as ligações do Pórtico IMF.

(a) (b)

G. P. LISBOA Apêndice B
D0230E20: Proposta de uma metodologia para simulação computacional do colapso progressivo... 231

B.2 AMOSTRA P1

O Quadro B.2 mostra um resumo das propriedades físico-geométricas do modelo P1 utilizadas


tanto para obtenção da curva distorção angular-tensão cisalhante segundo a MCFT quanto para
a modificação desta curva para obtenção da curva rigidez rotacional-rotação da mola.

Quadro B.2 – Dados físicos e geométricos da amostra P1 de Qian, Li e Ma (2014).

DADOS FÍSICOS
Resistência à compressão do concreto (MPa) 25,00
Módulo de elasticidade do concreto (MPa) 23.370
Resistência de cálculo à tração do (MPa) 437,00
Módulo de elasticidade do aço (MPa) 192.257
DADOS GEOMÉTRICOS DA VIGA
Armadura superior junto à ligação 2 φb 10 mm (78,54 mm²/barra)
Armadura inferior junto à ligação 2 φb 10 mm (78,54 mm²/barra)
Largura da seção da viga (mm) 100,00
Altura total da seção da viga (mm) 180,00
Altura útil da seção da viga (mm) 159,00
Inércia bruta da viga (mm4) 4,86E+07
Comprimento da viga (mm) 2.100,00
DADOS PILAR
Armadura total junto à ligação 8 φb 16 mm (201.06 mm²/barra)
Largura da seção do pilar (mm) 200,00
Altura total da seção do pilar (mm) 200,00
Inércia bruta do pilar (mm4) 1,33E+08

A exemplo do que foi apresentado para o Pórtico IMF, na Tabela B.2 os cálculos realizados
para determinação da curva rigidez rotacional-rotação dos elementos de mola para a amostra
P1 estão divididos em cinco grupos de resultados. Os quatro primeiros grupos são:

1) Curva γ x τ (1) – obtido da mesma forma descrita para o Pórtico IMF;

2) Curva θ x M (2) – corresponde à curva momento-rotação obtida tomando-se os valores


de rotação iguais aos de distorção angular da Curva γ x τ (1) e definindo-se os momentos
fletores com base na expressão (4.5). Diferentemente do Pórtico IMF, as vigas da

G. P. LISBOA Apêndice B
D0230E20: Proposta de uma metodologia para simulação computacional do colapso progressivo... 232

amostra P1 têm base com largura diferente da espessura do pilar. Neste caso, o volume
da ligação foi admitido como sendo Vlig = base do pilar x espessura do pilar x altura
da viga;

3) Curva θ x Meng (3) – corresponde à curva momento-rotação corrigida a partir da curva


anterior. Para tanto, é utilizado apenas o fator multiplicador de 0,85 aplicado à altura
útil da viga. Esse produto deve ser utilizado em vez da altura da viga para o cálculo do
volume da ligação. Como comentado no item 4.2 deste trabalho, o fator minorador de
0,75 deve ser aplicado à base do pilar apenas em modelagens de ensaios experimentais
que representem o pilar, o que não é o caso da amostra P1. Isso se deve ao fato de que
a ausência dos pilares no modelo físico diminui a fissuração no nó de pórtico;

4) Curva θ x Map (4) – obtido da mesma forma descrita para o Pórtico IMF. Ressalta-se
apenas que o valor de Kϕ obtido neste caso foi de 4,603E+09 N mm / rad.

Assim como para o Pórtico IMF, a Curva γ x τ (1), a Curva θ x M (2), a Curva θ x Meng (3) e a
Curva θ x Map (4) foram rebatidas para o trecho de rotações negativas e momentos fletores
negativos. Dessa forma, as respectivas curvas resultantes são as apresentadas na Figura B.2(a).

A Figura B.2(b) apresenta o diagrama multilinear θ x KROT (5) utilizado na representação da lei
constitutiva das molas no software DIANAⓒ. Para melhor visualização, é mostrado apenas para
valores de rotação entre 5,0E-04 e 3,0E-03 rad e rigidezes entre 4,5E+09 e 5,5E+09 N mm/rad.
A metodologia de obtenção dessa curva segue o apresentado para o Pórtico IMF.

G. P. LISBOA Apêndice B
D0230E20: Proposta de uma metodologia para simulação computacional do colapso progressivo de estruturas reticuladas em concreto armado 233

Tabela B.2 – Amostra P1: passos de obtenção da curva rigidez rotacional-rotação com base na curva distorção angular-tensão cisalhante obtida da MCFT.

Curva Curva Curva Curva Diagrama Multilinear


γ x τ (1) θ x M (2) θ x Meng (3) θ x Map (4) θ x KROT (5)
γ τ θ M θ Meng θ Map θ KROT
(rad) (MPa) (rad) (N mm) (rad) (N mm) (rad) (N mm) (rad) (N mm/rad)
0,000E+00 0,000E+00 0,000E+00 0,000E+00 0,000E+00 0,000E+00 0,000E+00 0,000E+00 0,000E+00 5,472E+10
8,000E-05 1,000E+00 8,000E-05 7,200E+06 8,000E-05 5,406E+06 8,000E-05 4,377E+06 8,000E-05 5,404E+10
1,070E-04 1,333E+00 1,070E-04 9,600E+06 1,070E-04 7,208E+06 1,070E-04 5,836E+06 1,070E-04 4,193E+09
4,550E-04 1,667E+00 4,550E-04 1,200E+07 4,550E-04 9,010E+06 4,550E-04 7,295E+06 4,550E-04 4,864E+09
7,550E-04 2,000E+00 7,550E-04 1,440E+07 7,550E-04 1,081E+07 7,550E-04 8,755E+06 7,550E-04 5,230E+09
1,034E-03 2,333E+00 1,034E-03 1,680E+07 1,034E-03 1,261E+07 1,034E-03 1,021E+07 1,034E-03 5,424E+09
1,303E-03 2,667E+00 1,303E-03 1,920E+07 1,303E-03 1,442E+07 1,303E-03 1,167E+07 1,303E-03 5,211E+09
1,583E-03 3,000E+00 1,583E-03 2,160E+07 1,583E-03 1,622E+07 1,583E-03 1,313E+07 1,583E-03 5,084E+09
1,870E-03 3,333E+00 1,870E-03 2,400E+07 1,870E-03 1,802E+07 1,870E-03 1,459E+07 1,870E-03 4,997E+09
2,162E-03 3,667E+00 2,162E-03 2,640E+07 2,162E-03 1,982E+07 2,162E-03 1,605E+07 2,162E-03 4,896E+09
2,460E-03 4,000E+00 2,460E-03 2,880E+07 2,460E-03 2,162E+07 2,460E-03 1,751E+07 2,460E-03 4,753E+09
2,767E-03 4,333E+00 2,767E-03 3,120E+07 2,767E-03 2,343E+07 2,767E-03 1,897E+07 2,767E-03 4,617E+09
3,083E-03 4,667E+00 3,083E-03 3,360E+07 3,083E-03 2,523E+07 3,083E-03 2,043E+07 3,083E-03 4,449E+09
3,411E-03 5,000E+00 3,411E-03 3,600E+07 3,411E-03 2,703E+07 3,411E-03 2,189E+07 3,411E-03 4,266E+09
3,753E-03 5,333E+00 3,753E-03 3,840E+07 3,753E-03 2,883E+07 3,753E-03 2,335E+07 3,753E-03 4,053E+09
4,113E-03 5,667E+00 4,113E-03 4,080E+07 4,113E-03 3,063E+07 4,113E-03 2,480E+07 4,113E-03 3,820E+09
4,495E-03 6,000E+00 4,495E-03 4,320E+07 4,495E-03 3,244E+07 4,495E-03 2,626E+07 4,495E-03 3,524E+09
4,909E-03 6,333E+00 4,909E-03 4,560E+07 4,909E-03 3,424E+07 4,909E-03 2,772E+07 4,909E-03 3,179E+09
5,368E-03 6,667E+00 5,368E-03 4,800E+07 5,368E-03 3,604E+07 5,368E-03 2,918E+07 5,368E-03 2,697E+09
5,909E-03 7,000E+00 5,909E-03 5,040E+07 5,909E-03 3,784E+07 5,909E-03 3,064E+07 5,909E-03 1,917E+09

G. P. LISBOA Apêndice B
D0230E20: Proposta de uma metodologia para simulação computacional do colapso progressivo de estruturas reticuladas em concreto armado 234

Curva Curva Curva Curva Diagrama Multilinear


γ x τ (1) θ x M (2) θ x Meng (3) θ x Map (4) θ x KROT (5)
γ τ θ M θ Meng θ Map θ KROT
(rad) (MPa) (rad) (N mm) (rad) (N mm) (rad) (N mm) (rad) (N mm/rad)
6,670E-03 7,333E+00 6,670E-03 5,280E+07 6,670E-03 3,964E+07 6,670E-03 3,210E+07 6,670E-03 6,249E+08
9,005E-03 7,667E+00 9,005E-03 5,520E+07 9,005E-03 4,145E+07 9,005E-03 3,356E+07 9,005E-03 ---

Figura B.2 – Curvas θ x M (2), θ x Meng (3) e θ x Map (4) para as ligações da amostra P1.

(a) (b)

G. P. LISBOA Apêndice B
APÊNDICE C

MODELO DE YU (2012) PARA LIGAÇÃO VIGA-PILAR

Segundo colocado no Capítulo 4 deste trabalho, as respostas obtidas para o Pórtico IMF por
Lew et al. (2011) e pela metodologia de modelagem apresentada naquele capítulo (que utiliza
molas rotacionais não-lineares nas ligações viga-pilar) são comparadas a modelagem
computacional simplificada, mas com representação mais complexa das ligações viga-pilar,
baseada no modelo proposto por Yu (2012), mostrado na Figura C.1.

Figura C.1 – Proposta de Yu (2012) para ligações viga-pilar para modelos computacionais simplificados.
Modificado de Yu (2012).

Conforme Yu (2012), ao se admitir o comportamento de uma ligação viga-pilar corrente tal


como o de um painel submetido a cisalhamento, a ligação proposta contempla:

1) os efeitos de distorção angular do painel por meio de quadro com arestas rígidas
axialmente e à flexão, cuja distorção é controlada por molas translacionais diagonais,
ks, na Figura C.1;

G. P. LISBOA
D0230E20: Proposta de uma metodologia para simulação computacional do colapso progressivo... 236

2) a interface entre viga e pilar, representada pelas molas kbs na Figura C.1, para
transferência de cisalhamento entre as vigas e a ligação. Yu (2012) destaca, no entanto,
que pórticos convencionais contam com resistência suficiente para que não rompam por
cisalhamento e que, em situações de ruína de um pilar, a transferência de cisalhamento
entre viga e pilar não é o principal mecanismo. Isso posto, Yu (2012) adota, portanto,
uma mola translacional de comportamento linear e grande rigidez;

3) o bond-slip das armaduras da viga, por meio dos pares de molas kbb e kbt, responsáveis
por transferir os esforços de momento das vigas para o pilar, nas quais não é considerada
a resistência à tração do concreto. Além disso, Yu (2012) trata esses elementos como
extremamente relevantes, já que, sob ruína de um pilar, o colapso do sistema fica sujeito
à ruptura das armaduras junto às ligações viga-pilar.

Foi desenvolvido modelo computacional em elementos finitos, no software DIANAⓒ v.10.2


(TNO, 2017), para representação do Pórtico IMF de Lew et al. (2011), baseando-se no modelo
de ligação viga-pilar de Yu (2012). Ressalta-se, no entanto, que em relação aos elementos de
mola admitidos no modelo, foram realizadas as seguintes alterações:

1) a mola kbs foi desconsiderada, de forma que a ligação foi direta entre a extremidade da
viga e a barra rígida do quadro (modelada também com elementos pórtico), tal como
considerado por Yu (2012) para os pilares;

2) as molas kbb e kbt não foram contempladas, já que se considera que os efeitos de bond-
slip são suficientemente representados segundo a metodologia de modificação da lei
constitutiva dos elementos de reinforcement, apresentada no item 4.1.

Isso posto, a geometria do modelo é apresentada na Figura C.2, em que são especificadas
também as regiões críticas (com grandes efeitos não-lineares) das vigas, mais próximas às
ligações viga-pilar. A definição do comprimento dessas regiões segue o indicado no item 4.1
deste trabalho (comprimento igual SR + LP). Também como colocado naquele item, a
discretização da malha define elementos com comprimento em torno de 10 mm para as regiões
críticas das vigas e em torno de 50 mm nas demais regiões. Ainda na Figura C.2 nota-se a
aplicação de carregamento em dois pontos, o que foi adotado a fim de manter-se a simetria do
modelo em torno da ligação viga-pilar intermediária.

G. P. LISBOA Apêndice C
D0230E20: Proposta de uma metodologia para simulação computacional do colapso progressivo... 237

Figura C.2 – Geometria do modelo em elementos finitos gerado no DIANAⓒ v.10.2 para o Pórtico IMF de Lew
et al. (2011).

No que se refere às dimensões dos quadros nas ligações viga-pilar, foram adotadas iguais a
0,85 dviga e a 0,75 bpilar, em que dviga é a altura útil da seção da viga e bpilar é a largura do pilar.
Um detalhe da ligação na extremidade esquerda do modelo é apresentado na Figura C.3, na
qual os elementos de reinforcement destacados compreendem os trechos das vigas com maior
discretização (comprimento igual a SR + LP) e têm lei de comportamento (tensão-deformação)
modificada a fim de se considerar o bond-slip.

Figura C.3 – Detalhe da ligação na extremidade esquerda do modelo do Pórtico IMF.

Pela proposta de se utilizarem quadros com arestas rígidas e pelo fato de esses não serem
implementados no software utilizado, foi necessário construi-los no modelo. Neste sentido, a
fim de se considerarem as extremidades rotuladas das barras que compõem estes quadros, mas

G. P. LISBOA Apêndice C
D0230E20: Proposta de uma metodologia para simulação computacional do colapso progressivo... 238

ainda manter nós centrais com graus de liberdade de rotação para que se estabelecessem as
ligações com vigas e pilares, lançou-se mão da utilização de elementos finitos de pórtico
diferentes daqueles apresentados no item 4.1. Este fato considerado, nos quadros rígidos foram
adotados elementos de pórtico com função de interpolação linear. Sendo que na versão 10.2 do
DIANAⓒ não se é possível utilizar elementos com funções de interpolação linear e quadrática
em um mesmo modelo, foram adotados apenas os mais simples. Utilizaram-se os elementos
bidimensionais de pórtico L6BEN e L6BEA, representados na Figura C.4. O primeiro é um
elemento Classe I (isto é, regido pela Teoria de Bernoulli) e foi utilizado apenas nos quadros,
enquanto o segundo é um elemento Classe III (regido pela Teoria de Mindlin-Reissner) e foi
utilizado no restante do modelo.

Figura C.4 – Elementos finitos bidimensionais de pórtico L6BEN (1) e L6BEA (2) e de mola translacional
SP2TR (3). Fonte: (TNO, 2017).

(1) (2)

(a) Topologia (b) Deslocamentos (c) Esforços


(3)

Diferentemente dos elementos Classe III, para os quais se é possível definir apenas as
dimensões da seção transversal, os elementos Classe I possibilitam a entrada de valores
específicos para área e momento de inércia, de modo que esses parâmetros se tornam
independentes entre si e independentes das dimensões da seção transversal. A fim de tornar as
barras dos quadros rígidas axialmente e à flexão, foram admitidas com área e momento de
inércia unitários, de forma que ambas as rigidezes fossem definidas pelo módulo de
elasticidade, admitido igual a 1e+13 MPa, após etapas de calibração. Além disso, foram
realizadas amarrações de translação entre barras paralelas. Diante dessas considerações,
entretanto, ressalta-se que os quadros nas ligações elaboradas neste trabalho não contemplam
arestas perfeitamente rígidas axialmente e à flexão.

G. P. LISBOA Apêndice C
D0230E20: Proposta de uma metodologia para simulação computacional do colapso progressivo... 239

A fim de se anularem as rotações nas extremidades das barras dos quadros, lançou-se mão de
uma propriedade adicional disponível para estes elementos no software utilizado. É possível
que seja duplicado o grau de liberdade à rotação em qualquer das extremidades do elemento
finito (ou em ambas, simultaneamente), de modo que as rotações não sejam transmitidas e,
consequentemente, os esforços de flexão também não. Assim, as extremidades das barras dos
quadros foram rotuladas. Outra propriedade utilizada foi a de definir as barras com
comportamento linear no decorrer da análise não-linear estática, a fim de que não se
desenvolvessem efeitos não-lineares geométricos.

Em se tratando da quantidade de pontos de integração ao longo da altura (direção η) dos


elementos de pórtico L6BEA, foram adotados sete pontos para pilares e vigas (no item 4.1, os
pilares contam com apenas três pontos).

Com relação aos materiais adotados, apenas as barras dos quadros foram definidas com material
elástico-linear. Assim, ao invés de admitir este tipo de comportamento também para os pilares,
como estabelecido no modelo com molas rotacionais (item 4.1), os comportamentos não-
lineares à compressão e à tração foram definidos também para tais elementos. Para as
armaduras, não houve alteração com relação às leis constitutivas já abordadas, sendo mantidas,
inclusive, as modificações de comportamento para consideração dos efeitos de bond-slip.

Diante da Figura 4.11, Yu (2012) propõe que a lei de comportamento das molas diagonais de
seu modelo seja dada com base no diagrama obtido da MCFT e definida por:

 b d   h d   d l
2 2

Fs =  p j j  + p b j  = p j j (1)
 2   2  2
(C.1) a

2  l sen ( 2 )
 = 1 +  2 =  = j ( 2)
l j sen ( 2 ) 2

em que: τp é a tensão cisalhante no painel, bj e dj são a base e a espessura fora do plano do


painel, respectivamente, hb é a altura da viga e lj é a diagonal do painel.

Propõe-se aqui, no entanto, que as relações (C.1) sejam aplicadas sobre o diagrama momento-
rotação, com os valores de momento obtidos segundo a expressão (4.6), que resulta no
G. P. LISBOA Apêndice C
D0230E20: Proposta de uma metodologia para simulação computacional do colapso progressivo... 240

diagrama momento-rotação corrigido conforme o proposto no Capítulo 4. Para o cálculo dos


valores de força, modifica-se expressão (C.1)(1) com auxílio da expressão (4.5), resultando no
que define a equação (C.2). No entanto, diferentemente do que se admite para as molas
rotacionais, neste caso as translacionais apresentam patamar de resistência após o pico definido
pelo diagrama obtido da MCFT.

1 M
Fs = l j (C.2) a
2 b j hb

Sabendo-se que a Curva θ x Map (4) do Apêndice B deste trabalho corresponde à curva momento-
rotação corrigida conforme a metodologia exemplificada naquele apêndice, a lei de
comportamento para molas translacionais no quadro da ligação viga-pilar é obtida das
expressões (C.1)(1) e (C.2) aplicadas a θ e a Map daquela curva, respectivamente. Ressalta-se,
no entanto, que para obter a Curva θ x Map (4)
, considera-se a altura da ligação como igual a
0,85 hb, tomando-se hb como a altura útil da viga e não a altura da seção. Neste sentido, essa
consideração também deve ser feita na expressão (C.2), de maneira que lj, que é o comprimento
da diagonal do quadro, também se refira ao quadro com dimensões reduzidas (isto é, base da
ligação dada por 0,75 bj e altura da ligação dada por 0,85 d, sendo bj a base do pilar d a altura
útil da seção da viga).

A Tabela C.1 apresenta os pontos obtidos para a curva alongamento x força das molas
translacionais no quadro da ligação viga-pilar. Ressalta-se que os resultados apresentados se
restringem a valores positivos de alongamento e de força. No entanto, as molas translacionais
devem ser capazes de trabalhar à tração e à compressão. Neste sentido, a curva encontrada deve
ser estendida para valores negativos de alongamento e de força, de forma que o ponto central
da curva final seja a coordenada [0,0]. A curva final pode ser mais bem visualizada na
Figura C.5, na qual o patamar de resistência no último trecho evidencia a plastificação perfeita
da ligação viga-pilar.

G. P. LISBOA Apêndice C
D0230E20: Proposta de uma metodologia para simulação computacional do colapso progressivo... 241

Tabela C.1 – Pontos obtidos para a curva alongamento x força para as molas translacionais no quadro da ligação
viga-pilar.

Curva
Curva
Alongam. x Força
Alongam. x Força
(cont.)
Alongam. Força Alongam. Força
(mm) (kN) (mm) (kN)
0,00E+00 0,00E+00 8,11E-01 4,79E+05
1,98E-02 1,41E+05 8,86E-01 5,07E+05
2,36E-02 1,69E+05 9,62E-01 5,35E+05
2,77E-02 1,97E+05 1,04E+00 5,63E+05
3,17E-02 2,25E+05 1,11E+00 5,92E+05
3,55E-02 2,54E+05 1,19E+00 6,20E+05
2,84E-01 2,82E+05 1,27E+00 6,48E+05
3,61E-01 3,10E+05 1,35E+00 6,76E+05
4,36E-01 3,38E+05 1,43E+00 7,04E+05
5,12E-01 3,66E+05 1,51E+00 7,32E+05
5,87E-01 3,94E+05 1,71E+00 7,61E+05
6,62E-01 4,23E+05 2,51E+00 7,89E+05
7,36E-01 4,51E+05 3,00E+00 7,89E+05

Figura C.5 – Curva Alongamento x Força para as molas translacionais no quadro da ligação viga-pilar.

1,2E+06

8,0E+05
Força (kN)

4,0E+05

0,0E+00

-4,0E+05

-8,0E+05

-1,2E+06
-3,0 -2,0 -1,0 0,0 1,0 2,0 3,0
Alongamento (mm)
Curva Alongam. x Força

Com respeito à solução numérica, foram adotadas as mesmas definições feitas no item 4.1.

G. P. LISBOA Apêndice C
D0230E20: Proposta de uma metodologia para simulação computacional do colapso progressivo... 242

Na Figura C.6 são apresentadas as curvas força-deslocamento do apoio central resultantes. É


apresentada também a curva obtida para o modelo com molas rotacionais nas ligações viga-
pilar para efeitos de comparação. No gráfico, notam-se diferentes coeficientes minoradores para
a resistência do concreto, fc. Tais reduções foram realizadas nos dados de entrada para obtenção
dos diagramas distorção angular-tensão cisalhante da MCFT e justificam-se como necessárias
devido ao fato de os quadros das ligações não serem efetivamente rígidos e pelo fato de as
molas diagonais não contemplarem a perda de resistência à compressão do concreto derivada
da tração na diagonal com a qual cada mola se cruza. Os resultados em termos de resistência
vertical de primeiro pico e de resistência vertical última, obtidos na modelagem e nos ensaios
experimentais de Lew et al. (2011), são apresentadas na Tabela C.2.

De toda forma, considera-se que os resultados obtidos, tanto pela modelagem proposta no
Capítulo 4, com elementos de mola rotacional nas ligações viga-pilar, quanto pela modelagem
aqui apresentada, com quadros rígidos nessas ligações, são próximos entre si e são capazes de
representar bem a evolução de resistência e de deslocamentos em simulações de estruturas
planas sob ruína de um pilar central. Esses modelos são capazes de representar também os
efeitos dos mecanismos de resistência ao colapso progressivo em estruturas planas, quais sejam
o arco de compressão e a ação catenária. Ressalta-se, no entanto, que o modelo de ligação de
Yu (2012) não é aplicável a estruturas tridimensionais.

G. P. LISBOA Apêndice C
D0230E20: Proposta de uma metodologia para simulação computacional do colapso progressivo... 243

Figura C.6 – Curvas força-deslocamento do apoio central obtidas por Lew et al. (2011) neste trabalho (sob
diferentes concepções das ligações viga-pilar) para o Pórtico IMF.

700

600

500

400
F (kN)

300

200

100

0
0 200 400 600 800 1000 1200
Desloc. Vertical (mm)

Ligação por Quadro Rígido - 1.0 fc


Ligação por Quadro Rígido - 0.5 fc
Ligação por Quadro Rígido - 0.3 fc
Ligação por Molas Rotacionais (Modelagem Capt. 4)
Experimental - Lew et al. (2011)
Modelo Reduzido - Lew et al. (2011)
Modelo Detalhado - Lew et al. (2011)

Tabela C.2 – Resistência vertical de primeiro pico e resistência vertical última: resultados de modelagem e
experimentais.

Primeiro Pico de
Carga Última (kN)
Carga (kN)

IMF - Experimental
297 547
Lew et al. (2011)

Ligação por Quadro


393 (32,2%) 519 (-5,0%)
Rígido - 1,0 fc

Ligação por Quadro


366 (23,4%) 533 (-2,5%)
Rígido - 0,5 fc

Ligação por Quadro


303 (2,1%) 540 (-1,3%)
Rígido - 0,3 fc

G. P. LISBOA Apêndice C

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