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CENTRO FEDERAL DE EDUCAÇÃO TECNOLÓGICA DE MINAS GERAIS

UNIDADE CURVELO
Departamento de Engenharia Civil e Meio Ambiente
Curso de Graduação em Engenharia Civil

SILVIA GREGÓRIO PACHECO

ANÁLISE DAS CONDIÇÕES ESTRUTURAIS DE UM EDIFÍCIO EM CONCRETO


ARMADO UTILIZANDO DIFERENTES METODOLOGIAS

CURVELO – MG
2020
2

SILVIA GREGÓRIO PACHECO

ANÁLISE DAS CONDIÇÕES ESTRUTURAIS DE UM EDIFÍCIO EM CONCRETO


ARMADO UTILIZANDO DIFERENTES METODOLOGIAS- ESTUDO DE CASO

Trabalho de Conclusão de Curso apresentado ao


Curso de Engenharia Civil do Centro Federal de
Educação Tecnológica de Minas Gerais, Unidade
Curvelo, como requisito parcial para obtenção do
título de Bacharel em Engenharia Civil.

Área de concentração: Materiais de Construção


Civil

Orientador: Prof. Msc. Marcos de Paulo Ramos


Coorientador: Prof. Msc. Thiago Pena Bortone
3

SILVIA GREGÓRIO PACHECO

ANÁLISE DAS CONDIÇÕES ESTRUTURAIS DE EDIFÍCIO EM CONCRETO


ARMADO UTILIZANDO DIFERENTES METODOLOGIAS- ESTUDO DE CASO

Trabalho de Conclusão de Curso apresentado ao


Curso de Graduação em Engenharia Civil do
Centro Federal de Educação Tecnológica de
Minas Gerais, Unidade Curvelo, como requisito
parcial para obtenção do título de Bacharel em
Engenharia Civil.

Área de concentração: Materiais de


Construção Civil

Banca Examinadora:

______________________________________________
Prof. Msc. Marcos de Paulo Ramos (orientador)

_____________________________________________
Prof. Msc. Thiago Pena Bortone (coorientador)

_______________________________________________
Prof. Msc. Alexandre Magno (CEFET-MG)

_______________________________________________
Prof. Msc. Antônio Ribeiro de Oliveira Netto

Curvelo, 04 de dezembro de 2020


4

Dedico esse trabalho a minha família, que


sempre apoiou e incentivou minhas escolhas.
5

AGRADECIMENTOS

Agradecer sempre á Deus, por ter me dado força em todos os momentos de desânimo e
estresse.
A minha família, em especial a minha mãe que sempre me deu todo o conforto para
conseguir estudar com tranquilidade.
Ao meu grande amigo Edson, que estudou o tema comigo e sempre foi muito paciente
em suas explicações.
A todos os membros do Laboratório de Avaliação e Reabilitação do Ambiente
Construído do CEFET/MG Curvelo - LAR, destacando meu orientador e coorientador que
sempre foram muito solícitos e presentes em suas orientações.
Ao Centro Federal de Educação Tecnológica de Minas Gerais - CEFET/MG, por todos
os conhecimentos adquiridos e por toda a infraestrutura disponibilizada.
A todos aqueles que contribuíram para o meu aprendizado, de forma direta e indireta.
6

RESUMO

O presente trabalho tem como objetivo avaliar dois métodos de inspeção visual de
edificações: a metodologia Grau de Deterioração da Estrutura da Universidade de Brasília
(GDE/UnB), criada por Castro (1994) em sua última modificação adaptada por Fonseca
(2007), e a metodologia prescrita pela Norma de Inspeção Predial Nacional do Instituto
Brasileiro de Avaliações e Perícias de Engenharia (IBAPE), visando incorporá-los em fluxos
de processo para fins de gerenciamento de manutenções. Além disso, é feita avaliação da
condição estrutural do edifício com intuito de se estabelecer o seu G d (Grau de Deterioração
da Estrutura) e recomendações. Para o seu desenvolvimento realizou-se, inicialmente, a
revisão bibliográfica dos temas primordiais no quesito de inspeção Predial. Para seu
desenvolvimento, realizou-se a avaliação do Edifício conforme determina a Metodologia
GDE/UnB. O Trabalho foi dividido em quatro partes, Introdução; Capítulo 1: Avaliação das
Metodologias de Inspeção Visual de Edificações para fins de Gerenciamento de Manutenções;
Capítulo 2: Aplicação da Metodologia GDE em ema Edificação Pública- Estudo de Caso:
Curvelo MG; e Considerações Finais. O conteúdo desses capítulos corresponde a dois artigos
aprovados e publicados no IV Congresso Brasileiro de Patologia das Construções (CBPAT
2020).
Com este trabalho, foi possível determinar as semelhanças e diferenças da utilização
desses métodos e determinar o nível de deterioração da estrutura avaliada e ações a serem
tomadas.

Palavras-chave: Inspeção predial, concreto armado, análise comparativa.


7

ABSTRACT

The present work aims to evaluate two methods of visual realization of buildings: the
Method of Degree of Deterioration of the Structure of the University of Brasília (GDE /
UnB), created by Castro (1994) in its last modification adapted by Fonseca (2007), and the
methodology prescribed by the National Building Inspection Standard of the Brazilian
Institute of Engineering Assessments and Expertise (IBAPE), qualified to incorporate them in
process flows for the purpose of maintenance management. In addition, the structural
condition of the building is assessed in order to establish its Gd (Degree of Structure
Deterioration) and recommendations. For its development, a bulletin was made, a
bibliographic review of the main themes in the item of Building information. For its
development, the evaluation of the Building was carried out as determined by the GDE / UnB
Methodology. The Work was divided into four parts, Introduction; Chapter 1: Evaluation of
Visual Inspection Methodologies for Buildings for the purpose of Maintenance Management;
Chapter 2: Application of the GDE Methodology in Public Building - Case Study: Curvelo
MG; and Final Considerations. The content of these chapters corresponds to two articles
written and published at the IV Brazilian Congress of Construction Pathology (CBPAT 2020).
With this work, it was possible to determine the similarities and differences in the use
of methods and to determine the level of deterioration of the evaluated structure and actions to
be separated.

Keyword: Building inspection, reinforced concrete, comparative analysis


8

LISTA DE FIGURAS

INTRODUÇÃO
Figura 1.1– Origem dos problemas patológicos com relação às etapas de produção.. .18

APLICAÇÃO DA METODOLOGA GDE EM UMA EDIFICAÇÃO PÚBLICA-


ESTUDO DE CASO: CURVELO MG
Figura 3.1- Localização da edificação em estudo.........................................................60
Figura 3.2 – Solapamento do solo e piso......................................................................61
Figura 3.3 – Fissura agravada por umidade..................................................................61
Figura 3.4 – Fissura na base dos elementos em alvenaria.............................................62
Figura 3.5 – Solapamento com Vegetação....................................................................62
Figura 3.6 – Infiltração na parede.................................................................................63
Figura 3.7 – Desplacamento do Revestimento..............................................................63
Figura 3.8 – Fissura (ausência de base de assentamento).............................................64
Figura 3.9– Descascamento da Pintura.........................................................................64
Figura 3.10- Fissura na Alvenaria.................................................................................65
Figura 3.11- Fissura próximo as juntas de dilatação.....................................................65
9

LISTA DE TABELAS

INTRODUÇÃO
Tabela 1.1 –Vida Útil de Projeto (VUP).......................................................................14
Tabela 1.2- Dano e Fator de Ponderação em lajes........................................................21
Tabela 1.3 - Dano e Fator de Ponderação em Escadas e Rampas.................................23
Tabela 1.4 - Dano e Fator de Ponderação em Vigas.....................................................24
Tabela 1.5 - Dano e Fator de Ponderação em Pilares...................................................25
Tabela 1.6 – Classificação do Fator de Intensidade......................................................26
Tabela 1.7 – Historico da Norma de Inspeção Predial..................................................28
Tabela 1.8– Classificação de Prioridades......................................................................32
Tabela 1.9– Itens do Laudo de Inspeção ......................................................................33

AVALIACÃO DAS METODOLOGIAS DE INSPECÃO VISUAL DE EDIFICACÕES


PARA FINS DE GERENCIAMENTO DE MANUTENÇÕES
Tabela 2.1- Classificação do Fator de Intensidade (Fi).................................................41
Tabela 2.2- – Classificação dos níveis de deterioração do elemento (Gde)...................43
Tabela 2.3- Classificação do Fator de Relevância Estrutural (Fr).................................44
Tabela 2.4– Classificação dos níveis de deterioração da estrutura (Gd).......................44
Tabela 2.5– Nível da Inspeção......................................................................................46
Tabela 2.6– Referencias usuais de Documentação.......................................................46
Tabela 2.7– Classificação de não conformidade...........................................................47
Tabela 2.8– Classificação do grau de risco...................................................................48
Tabela 2.9– Classificação GUT....................................................................................49
Tabela 2.10– Itens que devem constar no Laudo da Inspeção Predial..........................51
Tabela 2.11– Comparação geral entre metodologias de inspeção predial....................53

APLICAÇÃO DA METODOLOGA GDE EM UMA EDIFICAÇÃO PÚBLICA-


ESTUDO DE CASO: CURVELO MG
Tabela 3.1- Cálculo do Grau de Deterioração da Estrutura (Gd)..................................66
10

LISTA DE ABREVIATURAS E SIGLAS

ABNT Associação Brasileira de Normas Técnicas


CBPAT Congresso Brasileiro de Patologias das Construções
CEFET/MG Centro Federal de Educação Tecnológica de Minas Gerais
D Grau de Dano
D(i) O grau de Dano de Ordem (i)
Dmáx Maior Grau de Dano no Elemento
Fi Fator de Intensidade
Fp Fator de Ponderação
Fr Fator de Relevância Estrutural
Gd Grau de Deterioração da Estrutura
Gde Grau de Deterioração de um Elemento Estrutural
Gde(i) Grau de deterioração do elemento de ordem (i)
Gde(máx) Grau de deterioração máxima do elemento
Gdf Grau de Deterioração de uma família
IBAPE Instituto Brasileiro de avaliações e Perícias de Engenharia
m Número de Danos Detectados no Elemento
NBR Norma Brasileira
PECC-UnB Programa de Pós-Graduação em Estruturas e Construção Civil
da Universidade de Brasília
11

SUMÁRIO

1 INTRODUÇÃO 13
1.1 JUSTIFICATIVA E IMPORTANCIA.....................................................................15
1.2 OBJETIVOS.............................................................................................................15
1.2.1 Objetivo Geral..............................................................................................16
1.2.2 Objetivos específicos....................................................................................16
1.3 REVISÃO BIBLIOGRÁFICA.................................................................................17
1.3.1 Principais Causas das Patologias no Concreto Armado...............................17
1.3.1.1 Manifestações Patológicas Decorrentes da Concepção......................18
1.3.1.2 Manifestações Patológicas Geradas na Etapa de Execução...............18
1.3.1.3 Manifestações Patológicas Geradas na Etapa de Manutenção...........19
1.3.2 METODOLOGIA GDE/UnB.......................................................................20
1.3.3 NORMA DE INSPEÇÃO PREDIAL NACIONAL DO IBAPE.................26
1.3.3.1 Histórico da Inspeção Predial.............................................................26
1.4 INSPEÇÃO PREDIAL –DIRETRIZES, CONCEITOS, TERMINOLOGIA E
PROCEDIMENTO (ABNT-NBR 16747)................................................................29
1.4.1 Levantamento de dados e documentação.....................................................29
1.4.2 Levantamento de dados e documentação.....................................................30
1.4.3 Anamnese para a identificação de característica construtivas......................30
1.4.4 Vistoria da edificação de forma sistêmica;...................................................30
1.4.5 Classificação das irregularidades constatadas..............................................30
1.4.6 Recomendação das ações necessárias para restaurar o desempenho............30
1.4.7 Organização das prioridades.........................................................................31
1.4.8 Avaliação da manutenção e uso....................................................................31
1.4.9 Redação e emissão do Laudo técnico de inspeção predial...........................32
1.5 ESTRUTURA DO TRABALHO.............................................................................33
1.6 REFERÊNCIAS.......................................................................................................34
2 CAPÍTULO 1: AVALIACÃO DAS METODOLOGIAS DE INSPECÃO VISUAL
DE EDIFICACÕES PARA FINS DE GERENCIAMENTO DE MANUTENÇÕES
36
2.1 INTRODUÇÃO........................................................................................................38
2.2 METODOLOGIA DE INSPEÇÃO EM EDIFICAÇÕES........................................39
2.2.1 Metodologia GDE/UnB................................................................................39
12

2.2.1.1 Grau de Dano (D)...............................................................................41


2.2.1.2 Grau de Deterioração de um elemento (Gde).....................................41
2.2.1.3 Grau de Deterioração de uma família (Gdf).......................................42
2.2.1.4 Fator de Relevância Estrutural (Fr)....................................................42
2.2.1.5 Grau de Deterioração da Estrutura (Gd).............................................43
2.2.2 Norma de Inspeção Predial Nacional do IBAPE..........................................43
2.2.2.1 Determinação do nível da inspeção....................................................44
2.2.2.2 Verificação e análise da documentação..............................................45
2.2.2.3 Obtenção de informações dos responsáveis.......................................45
2.2.2.4 Vistoria dos tópicos constantes na listagem de verificação................45
2.2.2.5 Classificação das anomalias e falhas..................................................46
2.2.2.6 Definição de Prioridades....................................................................47
2.2.2.7 Recomendações Técnicas...................................................................48
2.2.2.8 Avaliação da Manutenção e Uso........................................................48
2.3 METODOLOGIA.....................................................................................................50
2.4 . RESULTADOS E DISCUSSÕES..........................................................................51
2.5 CONCLUSÕES........................................................................................................53
2.6 REFERÊNCIAS.......................................................................................................54
3 CAPÍTULO 2: APLICAÇÃO DA METODOLOGA GDE EM UMA
EDIFICAÇÃO PÚBLICA- ESTUDO DE CASO: CURVELO MG 56
3.1 INTRODUÇÃO........................................................................................................58
3.2 ESTUDO DE CASO................................................................................................59
3.3 RESULTADOS E DISCUSSÕES............................................................................60
3.4 CONCLUSÕES........................................................................................................67
4 CONSIDERAÇÕES FINAIS 68
ANEXO A 70
13

1 INTRODUÇÃO
Toda obra após concluída possui um período de vida útil estimado. Helene (1992)
propôs a definição objetiva de vida útil, mostrando que podem ser distinguidas pelo menos
quatro situações:
a) Período de tempo que vai até a despassivação da armadura que é geralmente
chamado de período de iniciação. Esse período de tempo pode-se associar a chamada vida útil
de projeto, que corresponde ao período de tempo necessário para que a frente de carbonatação
ou a frente de cloretos atinja a armadura. O fato de a região carbonatada atingir a armadura,
não significa que partir desse momento haverá corrosão significativa, apesar de geralmente
ocorrer;
b) A vida útil de serviço ou de utilização é o período de tempo que vai até o
momento em que aparecem manchas no concreto, ou fissuras de cobrimento, ou ainda quando
há o destacamento do concreto de cobrimento;
c) A vida útil última ou total é o período de tempo no qual há uma redução
considerável da armadura ou uma perda importante da aderência armadura / concreto,
ocasionando o colapso da estrutura;
d) A vida útil residual corresponde ao período de tempo em que a estrutura ainda
será capaz de desempenhar suas funções, contado a partir da data de uma vistoria. Essa
vistoria e correspondente diagnóstico pode ser efetuado a qualquer instante da vida em uso da
estrutura.

A vida útil de um edifício está relacionada com o seu desempenho ao longo do tempo
e, de acordo com a Norma Brasileira - NBR 15575 (ABNT, 2013), é estabelecido um nível de
desempenho estrutural do edifício de no mínimo 50 anos (Tabela 1.1).
Entretanto, há casos em que antes do prazo final atribuído a vida útil, a edificação já
apresenta um quadro de desempenho abaixo do esperado devido à falta de manutenções
periódicas, que fazem com ocorra manifestações patológicas (SCHEIDEGGE; CALENZANI,
2019).
14

Tabela 1.1 –Vida Útil de Projeto (VUP).

Sistema VUP mínima em anos

≥50 anos
Estrutura
Conforme NBR 8681(ABNT, 2004)

Pisos internos ≥13

Vedação vertical externa ≥40

Vedação vertical interna ≥20

Cobertura ≥20

Hidrosanitário ≥20

*Considerando periodicidade e processo de manutenção segundo a NBR


5674 (ABNT, 2012) e especificados no respectivo manual de uso, operação
e manutenção entregue ao usuário elaborado em atendimento a NBR 14037
(ABNT, 2014).

Fonte: NBR 15575 (ABNT, 2013)

Até o ano de 2020, a Associação Brasileira de Normas Técnicas (ABNT), não possuía
normativo publicado acerca das recomendações técnicas da atividade de inspeção predial.
Assim, para realizar uma inspeção predial, tínhamos a já existente e amplamente aplicada
Norma de Inspeção Predial Nacional elaborada pelo Instituto Brasileiro de avaliações e
Perícias de Engenharia (IBAPE, 2012b).
A Norma de Inspeção Predial elaborada pelo IBAPE é um grande avanço quanto às
recomendações técnicas de execução da inspeção predial e de elaboração de laudo técnico,
considerando a edificação como o corpo humano é como em um check-up médico, avalia
cada parte ou elemento construtivo (IBAPE, 2012a). Porém, tal normativa, em alguns casos,
não contém diretrizes suficientes para a padronização destas atividades, deixando muitas
lacunas na responsabilidade do profissional responsável pela elaboração do Laudo de
Inspeção Predial. Sabe-se que uma inspeção executada por procedimentos insuficientes não
15

gera confiança nos resultados, dificultando o trabalho do corpo técnico e o controle e


verificação da inspeção. (VERVLOET, 2018).
Outra metodologia utilizada para a inspeção é a metodologia criada no Programa de
Pós-Graduação em Estruturas e Construção Civil da Universidade de Brasília (PECC-UnB)
com o intuito de realizar a avaliação quantitativa do grau de deterioração de estruturas de
concreto, denominada metodologia de Grau de Deterioração do Elemento (GDE/UnB)
(CASTRO, 1994).
Entretanto, no dia 21 de maio foi publicada a NBR 16747 (ABNT, 2020) - Inspeção
predial- Diretrizes, conceitos, terminologia e procedimento, com o objetivo de padronizar a
metodologia de inspeção predial, elaborando métodos e etapas mínimas de atividade a serem
executadas. A norma se aplica a edificações de qualquer tipologia, públicas ou privadas para
a avaliação geral da edificação, através de avaliação sensorial.

1.1 JUSTIFICATIVA E IMPORTANCIA

É de suma importância que um edifício público, mantenha a capacidade de seus


sistemas construtivos. Sendo assim, neste trabalho foram avaliados os métodos de inspeção
visual de edificações, particularmente, a Norma de Inspeção Predial Nacional do IBAPE
(Instituto Brasileiro de Avaliações e Perícias de Engenharia) e a Metodologia GDE/UnB
(Grau de Deterioração do Elemento) e efetuou-se análise da construção do Prédio
Administrativo do Centro Federal de Educação Tecnológica (CEFET/MG) – Campus Curvelo
utilizando a GDE/UnB, em sua última modificação adaptada por Fonseca (2007).
É preciso destacar que a NBR 16747 (ABNT, 2020) é responsável por padronizar as
atividades de inspeção, sobrepondo a qualquer outra metodologia/método que anteriormente
possuía tal finidade. A norma não foi utilizada para a avaliação do edifício, pois até a data de
envio dos artigos ela não havia sido publicada. O procedimento descrito na norma será
abordado na revisão bibliográfica deste trabalho.
16

1.2 OBJETIVOS

1.2.1 Objetivo Geral

O objetivo geral é realizar uma análise comparativa entre a Metodologia GDE/UnB e


a Norma de Inspeção Predial Nacional do IBAPE, para posteriormente determinar o estado
geral da estrutura.

1.2.2 Objetivos específicos


Com o intuito de atingir o objetivo geral, estabeleceu-se os seguintes objetivos
específicos:
 Detalhamento das metodologias e suas aplicabilidades, bem como o estudo das
principais causas das manifestações patológicas que podem ocorrer nessas
estruturas;
 Realização da inspeção predial do Prédio Administrativo do CEFET/MG -
Campus Curvelo, de forma a identificar as anomalias e as falhas;
 Avaliação da condição estrutural desse edifício.

1.3 REVISÃO BIBLIOGRÁFICA

1.3.1 Principais Causas das Patologias no Concreto Armado

Várias são as anomalias e falhas construtivas possíveis de ocorrer durante a etapa de


concepção do empreendimento. Elas podem iniciar durante o estudo preliminar (lançamento
da estrutura), na execução do anteprojeto, ou durante a elaboração do projeto de execução
(Figura 1.1) (ZANZARINI, 2016).
17

Figura 1.1– Origem dos problemas patológicos com relação às etapas de produção.
Execução Uso Planejamento Projetos Materiais

18%
28%

4%

40% 10%

Fonte: Adaptado de Helene (1992).

Na maioria dos casos essas anomalias e falhas são detectadas pelos próprios usuários
da edificação. Quanto mais cedo for detectada, menor terá sido a perda de desempenho, e
mais simples e barato pode ser sua recuperação. Portanto, é de grande importância a
realização de inspeções periódicas e vistorias feitas por profissional habilitado e qualificado,
para que os sintomas das falhas e anomalias possam ser detectados precocemente. Nas
vistorias o técnico deve levantar o maior número de informações possíveis (LAPA, 2008).

1.3.1.1 Manifestações Patológicas Decorrentes da Concepção

Durante a fase de projeto, alguns fatores influenciam na qualidade do projeto final


como, por exemplo, a compatibilização dos desenhos de projetos. É fundamental que esses
serviços de compatibilização não sejam deixados para serem resolvidos durante a construção,
pois acabam exigindo a adoção de soluções mitigadoras. Além disso, os detalhamentos de
projetos são de grande importância, pois é por meio destes que a leitura e interpretação
podem ser feitas corretamente. Também são considerados fatores fundamentais: a
especificação de materiais, o conhecimento de normalização e a solução de interfaces de
projeto (OLIVEIRA, 2013).
De acordo com Souza e Ripper (1998), as possíveis anomalias e falhas que podem
ocorrer na fase de projeto são originadas de um estudo preliminar deficiente, ou de
18

anteprojetos equivocados. Os principais erros em projetos, citados pelos autores, que podem
ser origens de manifestações patológicos a edificação, são:
 Elementos de projeto inadequados (má definição das ações atuantes ou da
combinação mais desfavorável dessas, escolha errônea do modelo analítico,
deficiência no cálculo da estrutura ou na avaliação da resistência do solo e etc.);
 Falta de compatibilização entre a estrutura e a arquitetura;
 Especificação inadequada de materiais;
 Projeto pouco detalhado ou detalhado de maneira errada;
 Inexequibilidade de projetos;
 Falta de padronização das representações;
 Erros de dimensionamento estrutural.

1.3.1.2 Manifestações Patológicas Geradas na Etapa de Execução

Após a fase de realização do projeto, segue-se para a próxima etapa que é denominada
execução (construção), a partir do planejamento da obra (SOUZA; RIPPER, 1998).
O construtor deve ficar atento a cada fase concluída, pois um erro pode ser responsável
por grandes problemas futuros, como por exemplo na etapa de execução das fundações, que
são elementos responsáveis pela sustentação da estrutura e se executadas com falhas, podem
ser responsáveis por problemas relacionados a recalques contribuindo para o aparecimento de
fissuras nas peças componentes da estrutura, sendo mais evidentes nas paredes e
revestimentos (VIEIRA, 2016).
De acordo com Olivari (2003), pode-se citar os seguintes defeitos durante a fase de
execução, sendo responsáveis por futuras manifestações patológicas:
 Erro de interpretação dos projetos;
 Falta de controle tecnológico;
 Uso de concreto vencido;
 Falta de limpeza ou estanqueidade das formas;
 Falta de saturação das formas;
 Armadura mal posicionada;
 Falta de espaçadores e pastilhas para garantir o cobrimento;
19

 Falta de cuidado com os ferros superiores das lajes, permitindo o seu


rebaixamento;
 Segregação do concreto por erro de lançamento;
 Falta de cura ou cura mal executada;
 Cimbramentos mal executados e desformas antes do tempo determinado;
 Erros de vibração;
 Juntas de concretagem mal posicionadas ou mal executadas;
 Falta de fiscalização;
 Erro no dimensionamento ou no posicionamento das formas.

1.3.1.3 Manifestações Patológicas Geradas na Etapa de Manutenção

As anomalias e falhas construtivas oriundos da manutenção inadequada, ou pela


ausência de manutenção, têm a causa relacionada ao desconhecimento técnico, a omissão e
problemas econômicos. Pode-se evidenciar como principais causas de manifestações
patológicas provenientes da etapa de manutenção (SOUZA; RIPPER, 1998):
 Sobrecarga não prevista em projeto;
 Danos gerados em elementos estruturais devido a impactos;
 Falta de programa de manutenção adequado;
 Carbonatação e corrosão química ou eletroquímica;
 Ataque de agentes agressivos;
 Erosão por abrasão.

Além disso, Azevedo (2011) evidencia um fator que contribui muito para o aumento do
número de acidentes na fase de utilização e manutenção que são as reformas sem
acompanhamento técnico, quando proprietários/responsáveis pela edificação optam por fazer
alterações ou utilizar a construção de forma diferente do especificado em projeto, gerando
consequências para a estabilidade do empreendimento.
São comuns acidentes decorrentes do mau uso e/ou falta manutenção das estruturas. Por
isso é importante a manutenção periódica, podendo evitar os surgimentos de patologias
oriundos dessa prática e em, pois, alguns casos, pode evitar a ruína da estrutura.
20

1.3.2 METODOLOGIA GDE/UnB

A metodologia Grau de Deterioração do Elemento (GDE/UnB) foi desenvolvida por


Castro (1994), e consiste na proposta para a manutenção de estruturas de concreto armado de
edificações usuais, de forma a quantificar o Grau de Deterioração da Estrutura (Gd),
calculando o Grau do Dano (D), Grau de Deterioração do Elemento (Gde) e Grau de
Deterioração da Família de elementos (Gdf). De acordo com as consequências das patologias
em relação à condição estética a metodologia estabelece valores para o Fator de Ponderação
(Fp), que podem variar de 0 a 5 (Tabela 1.2, Tabela 1.3, Tabela 1.4, Tabela 1.5) (FONSECA,
2007).
Tabela 1.2- Dano e Fator de Ponderação em lajes

Danos Fp

Carbonatação 3

Cobrimento Deficiente 3

Contaminação por Cloretos 3

Corrosão de Armaduras 5

Desagregação 3

Desplacamento 3

Eflorescência 2

Falhas de Concretagem 2

Fissuras 2a5

Flechas 5

Manchas 3

Umidade 3

Fonte: Fonseca (2007).


21

Tabela 1.3 - Dano e Fator de Ponderação em Escadas e Rampas

Danos Fp

Carbonatação 3

Cobrimento Deficiente 3

Contaminação por Cloretos 4

Corrosão de Armaduras 5

Desagregação 3

Desplacamento 3

Eflorescência 2

Falhas de Concretagem 2

Fissuras 2a5

Flechas 5

Manchas 3

Sinais de Esmagamento 4

Umidade 3

Fonte: Fonseca (2007).


22

Tabela 1.4 - Dano e Fator de Ponderação em Vigas

Danos Fp

Carbonatação 3

Cobrimento Deficiente 3

Contaminação por Cloretos 4

Corrosão de Armaduras 5

Desagregação 3

Desplacamento 3

Eflorescência 2

Fissuras 2a5

Falhas de Concretagem 2

Flechas 5

Manchas 3

Sinais de Esmagamento 4

Umidade 3

Fonte: Fonseca (2007)


23

Tabela 1.5 - Dano e Fator de Ponderação em Pilares

Danos Fp

Carbonatação 3

Cobrimento Deficiente 3

Contaminação por Cloretos 4

Corrosão de Armaduras 5

Desagregação 3

Desplacamento 3

Desvio da Geometria 4

Fissuras 2a5

Falhas de Concretagem 2

Flechas 5

Manchas 3

Sinais de Esmagamento 4

Umidade 3

Fonte: Fonseca (2007).


24

Além disso, ao realizar uma inspeção da estrutura, o Fator de Intensidade (F i) determina as


possíveis lesões que o elemento pode apresentar e varia de 0-4, conforme a Tabela 2 (CASTRO,
1994):

Tabela 1.6 – Classificação do Fator de Intensidade.

Fi Lesões

0 Sem lesões

1 Lesões leves

2 Lesões toleráveis

3 Lesões graves

4 Estado Crítico

Fonte: CASTRO (1994).

Essa metodologia sofreu modificações, quando observado que a mesma poderia levar algumas
vezes a resultados incoerentes, dessa maneira, Lopes (1998) modificou a fórmula do Grau de
Deterioração do Elemento (Gde). Boldo (2002), utilizou o princípio de Lopes (1998) para o Grau de
Deterioração da Família (Gdf), em diferentes edificações, alterando-se sua denominação do Caderno de
Inspeções para Inspeção para Estruturas de Concreto. Posteriormente Fonseca (2007) utilizou a
metodologia GDE/UnB para calcular o Grau de Deterioração de Estruturas de concreto armado e
realizou mais adaptações, alterando as formulações dos cálculos do Grau de Deterioração da Família
(Gdf) e do Grau do Dano (D) e apresentou uma mudança nos tipos mais usuais de danos (BOAS et al.,
2018).
Para a aplicação da metodologia GDE/UnB em estruturas de concreto armado, deve-se adequar
e adaptar se necessário, as fórmulas e fatores de intensidade e ponderação, de acordo com as variações
de cada ambiente em específico (BOAS et al., 2018).
25

1.3.3 NORMA DE INSPEÇÃO PREDIAL NACIONAL DO IBAPE

O IBAPE Instituto Brasileiro de Avaliações e Perícias de Engenharia foi fundado em 1957,


possui caráter técnico construído por ações pioneiras intimamente ligadas ao desenvolvimento das
atividades dos profissionais de Engenharia, Arquitetura, Agronomia, sem fins lucrativos (IBAPE,
2012).

1.3.3.1 Histórico da Inspeção Predial

A Inspeção Predial foi trazida para o Brasil no ano de 1999, através de um trabalho técnico
apresentado no X Congresso Brasileiro de Avaliações e Perícias de Engenharia – COBREAP (NEVES
e BRANCO, 2009). Após esta data, os estudos sobre o tema foram aperfeiçoados, novas técnicas
foram introduzidas e algumas adaptações foram realizadas para adequar a Inspeção Predial às
necessidades do nosso mercado. Com o intuito de padronizar a Inspeção Predial, em 2001, o Instituto
Brasileiro de Avaliações e Perícias do estado de São Paulo - IBAPE/SP publicou a primeira norma
técnica sobre o tema, proporcionando ao profissional responsável pela elaboração do serviço, um
balizador das atividades a serem executadas (NEVES e BRANCO, 2009).
Em 2012, o IBAPE disponibiliza a Norma de Inspeção Predial Nacional, baseada em texto
normativo pioneiro do IBAPE/SP. A modificação foi realizada para atender as exigências da NBR
5674 (ABNT, 2012), NBR 15575-1 (ABNT, 2013) e colaborar com a “saúde dos edifícios”.
A Tabela 1.7, apresenta detalhes do histórico das revisões da Norma de Inspeção Predial, até a
última modificação que ocorreu em 2012. Desde esse período a norma do IBAPE Nacional prevaleceu
na realização de Inspeções Predial. Entretanto, no ano de 2020 a NBR 16747 (ABNT, 2020) foi
publicada e define os novos parâmetros para realização de uma Inspeção.

Tabela 1.7 – Histórico da Norma de Inspeção Predial

Ano Fatos/Ocorrências
26

Publicação do livro ‘A Saúde dos Edifícios”, realizado pelo


1997
IBAPE/SP e Crea/SP

A obrigatoriedade da Inspeção predial é assunto discutido no


Congresso de Perícias de Engenharia e Avaliações, onde foram
1998
considerados os acidentes prediais então ocorridos até aquela
oportunidade.

Entra em vigor a norma técnica da ABNT NBR 5674:


1999
Manutenção dos edifícios – procedimentos.

2000 Fundada a Câmara de Inspeção predial do IBAPE /SP.

Publicação e aprovação da Norma de Inspeção Predial do


2003
IBAPE /SP.

A Câmara de Inspeção predial do IBAPE /SP realiza a primeira


2005
revisão da Norma de Inspeção Predial do IBAPE /SP.

Realização pelo IBAPE /SP do 1º Seminário de Inspeção Predial


2005
e Manutenção

Realização pelo IBAPE /SP do 1º Seminário de Inspeção Predial


2005
e Manutenção

A Câmara de Inspeção Predial do IBAPE /SP realiza a segunda


2007
revisão da Norma de Inspeção Predial do IBAPE /SP.

O IBAPE /SP e outras entidades, elaboram o trabalho Diretrizes


2009
para a Inspeção Predial em Estádios de Futebol.

Fonte: Adaptado de IBAPE (2019).

Tabela 1.7 Histórico da Norma de Inspeção Predial-Continuação

2009 Publicação e aprovação da Norma de Inspeção predial do


IBAPE Nacional.
27

A Câmara de Inspeção Predial do IBAPE/SP, então coordenada


2009 pela Engª Marli Lanza Kalil, apresenta estudo sobre Acidentes
Prediais e as Deficiências com a Manutenção

A Câmara de Inspeção Predial do IBAPE/SP realiza a terceira


2011 revisão da Norma de Inspeção Predial do IBAPE/SP,
coordenada pelo Engº Vanderley Jacob Junior.

A ABNT revisa a norma NBR 5674. Manutenção dos edifícios


2011/2012
– procedimentos

A Câmara de Inspeção Predial do IBAPE/SP dá início à


2012 coletânea da cartilhas informativas “Inspeção Predial – A saúde
dos Edifícios”,

Câmara de Inspeção Predial do IBAPE/SP da continuidade à


coletânea da cartilhas informativas “Inspeção Predial – A saúde
dos Edifícios”, lançado mais 6 (seis) publicações abordando
2012/2018 separadamente sistemas diversos das edificações, quais sejam:
proteção e combate a incêndios, acessibilidade, espaços e
sistemas de lazer, mecanização, sistemas e elementos
complementares e eletricidade

2012 Revisão Norma de Inspeção Predial do IBAPE Nacional

Fonte: Adaptado de IBAPE (2018).

1.4 INSPEÇÃO PREDIAL –DIRETRIZES, CONCEITOS, TERMINOLOGIA E


PROCEDIMENTO - NBR 16747 (ABNT, 2020)

A NBR 16747 (ABNT, 2020), a partir de 21 de maio de 2020, estabelece as condições para a
gestão da manutenção de edificações. A gestão do sistema de manutenção inclui meios que mantenham
as características originais da edificação e que previnam a perda de desempenho da estrutura e de seus
elementos. Como a norma é recente, é importante ressaltar que as edificações existentes antes da
vigência desta Norma precisam se adequar ou criar os seus programas de manutenção atendendo as
exigências estabelecidas. Além disso, não faz parte do processo de avaliação, a identificação de
28

problemas que não tenham manifestado nada aparente ou que precisem de ensaios específicos para a
identificação.
O processo de inspeção predial definidos por essa norma engloba os seguintes processos:

a) Levantamento de dados e documentação;


b) Análise dos dados e documentação solicitados e disponibilizados;
c) Anamnese para a identificação de característica construtiva da edificação, como idade,
histórico de manutenção, intervenções, reformas e alterações de uso ocorridas;
d) Vistoria da edificação de forma sistêmica;
e) Classificação das irregularidades constadas;
f) Recomendação das ações necessárias para restaurar ou preservar o desempenho dos sistemas,
subsistemas e elementos construtivos;
g) Organização das prioridades, em patamares de urgência, tendo em conta as recomendações
apresentadas pelo inspetor predial;
h) Avaliação da manutenção, conforme NBR 5674 (ABNT, 2012);
i) Avaliação do uso;
j) Redação e emissão do laudo técnico de inspeção.

1.4.1 Levantamento de dados e documentação

É importante que o profissional habilitado solicite o acesso para analisar a documentação do


empreendimento. A Tabela D (Anexo A), indica a documentação necessária, entretanto a lista poderá
ser adequada pelo responsável da inspeção considerando a sua complexidade.

1.4.2 Levantamento de dados e documentação

Deve-se verificar se os documentos técnicos estão arquivados e em poder com o responsável


legal do empreendimento, conforme estabelece a NBR 5674 (ABNT, 2012) e NBR 14037 (ABNT,
2014).
As falhas e não conformidades encontradas devem estar descritas no laudo de inspeção predial.

1.4.3 Anamnese para a identificação de característica construtivas


29

Nesta fase, deve-se obter informações e coletar dados, por meio de entrevistas sobre a
edificação e seu histórico para auxiliar o profissional na realização da inspeção predial.

1.4.4 Vistoria da edificação de forma sistêmica;


A vistoria da edificação deve ser feita para constatação das anomalias e falhas de manutenção,
uso e operação, considerando os requisitos dos usuários. Tal serviço deve considerar: Características
construtivas, idade das instalações e da construção e vida útil prevista; exposição ambiental da
edificação; agentes (e processos) de degradação (atuantes); expectativa sobre o comportamento em
uso.
Essas vistorias podem ser realizadas por equipe multidisciplinar, conforme a complexidade
e/ou especificidade das instalações.

1.4.5 Classificação das irregularidades constatadas


As irregularidades constatadas devem ser classificadas em anomalias e falhas. Como a inspeção
é feita de forma sensorial pode não ser possível classificar a totalidade dessas irregularidades, sendo
assim o inspetor predial deve incluir deve incluir nas recomendações a análise mais aprofundada destas
anomalias ou falhas, conforme o item 3.5.6.

1.4.6 Recomendação das ações necessárias para restaurar o desempenho

As recomendações técnicas para a recuperação dos sistemas, devem ser apresentadas de forma
clara e objetiva, facilitando a compreensão do responsável legal, gestor, síndico ou proprietário. É
importante que indique manuais, ilustrações e normas pertinentes para facilitar as futuras providencias.
As recomendações técnicas devem podem indicar a necessidade de contratação adicional de
profissional especialista para uma inspeção predial mais especializada, e/ou dos serviços técnicos com
ensaios e avaliações específicas, para a elaboração de relatórios e e pareceres ao laudo de inspeção
predial.

1.4.7 Organização das prioridades

As recomendações para as inconformidades constatadas devem ser organizadas em patamares


de urgente, conforme a Tabela 1.8.

Tabela 1.8– Classificação de Prioridades.


30

Grau Gravidade
Prioridade 1 Perda de desempenho comprometendo a saúde e/ou
segurança dos usuários e/ou funcionamento dos
sistemas construtivos e a vida útil e quando geram
danos ao meio ambiente.
Prioridade 2 Perda parcial do desempenho sobre a funcionalidade da
edificação; sem prejuízo a ação direta dos sistemas,
sem comprometer a saúde e segurança dos usuários.
Prioridade 3 Perda de desempenho pode ocasionar pequenos prejuízos à
estética. Não existe necessidade de intervenções imediatas. Não
comprometem a saúde e segurança dos usuários
Fonte: Adaptado de NBR 16747 (ABNT, 2020).

1.4.8 Avaliação da manutenção e uso

No trabalho de inspeção predial devem ser considerados na avaliação da manutenção: falhas


nos elementos, subsistemas e sistemas construtivos; não conformidades e falhas registradas nos
documentos; não conformidades conforme a NBR 5674 (ABNT, 2012); organização das prioridades
quanto a ações corretivas recomendadas pelo inspetor predial. A avaliação de uso, pode ser
classificada como regular e irregular.

1.4.9 Redação e emissão do Laudo técnico de inspeção predial

O laudo técnico é um documento completo, que deve ser no mínimo os itens da Tabela 1.9.
31

Tabela 1.9– Itens do Laudo de Inspeção .


Item Objeto
1 Identificação do Solicitante;
2 Descrição técnica da edificação;
3 Datas das vistorias que compuseram a inspeção;
4 Documentação analisada e disponibilizada;
5 Descrição completa da metodologia de inspeção;
Lista dos sistemas, elementos, componentes construtivos e
6
equipamentos inspecionados e não inspecionados;
7 Descrição das não conformidades constadas;
Recomendação das ações necessárias para restaurar ou
8 preservar o desempenho dos sistemas, subsistemas e elementos
construtivos da edificação;
9 Organização das prioridades em patamares de urgência;
Avaliação da manutenção dos sistemas e equipamentos e das
10
condições de uso da edificação;
11 Conclusões e considerações finais;
12 Encerramento;
13 Data do laudo técnico;
Assinatura dos profissionais responsáveis, acompanhada do
14
numero no respectivo conselho de classe.
Fonte: NBR 16747 (ABNT, 2020).

1.5 ESTRUTURA DO TRABALHO

Esta pesquisa efetua uma análise dos métodos de inspeção visual de edificações, e realiza a
avaliação da condição estrutural do Prédio Administrativo do CEFET/MG - Campus Curvelo
conforme estabelece a Metodologia GDE/UnB. Durante o percurso desta pesquisa foram
desenvolvidos dois estudos complementares, que foram publicados no IV Congresso Brasileiro de
Patologia das Construções (CBPAT-2020) . O presente documento foi dividido em quatro tópicos
principais, descritos a seguir:
INTRODUÇÃO – Apresenta uma introdução geral sobre a vida útil de estruturas; revisão
bibliográfica acerca das principais causas das patologias em concreto armado, uma vez que
conhecendo essa origem do é possível definir com eficiência como resolver problema; Metodologia
GDE/UnB, Norma de Inspeção Predial Nacional do IBAPE e Norma NBR 16747 (ABNT, 2020), já
que a partir da data de implementação da norma, essa sobressai de qualquer norma anteriormente
publicada.
32

ARTIGO A: AVALIACÃO DAS METODOLOGIAS DE INSPECÃO VISUAL DE


EDIFICACÕES PARA FINS DE GERENCIAMENTO DE MANUTENÇÕES: Tem como objetivo
avaliar as metodologias de inspeção visual de edificações, particularmente a Metodologia GDE/UnB e
a metodologia prescrita pela Norma de Inspeção Predial Nacional do IBAPE (Instituto Brasileiro de
Avaliações e Perícias de Engenharia), visando incorporá-las em fluxos de processo para fins de
gerenciamento de manutenções. Neste capitulo analisou-se de forma qualitativa o emprego dos
métodos.
ARTIGO B: APLICAÇÃO DA METODOLOGA GDE EM UMA EDIFICAÇÃO PÚBLICA-
ESTUDO DE CASO: CURVELO MG: Neste capítulo realizou-se a inspeção predial do Prédio
Administrativo do CEFET/MG - Campus Curvelo, utilizando a metodologia GDE/UnB. Com o
objetivo de analisar de forma quantitativa o método e determinar o Grau de Deterioração da Estrutura
(GDE).
CONCLUSÃO: É feita à conclusão geral trabalho e, também, recomendações para trabalhos
futuros.
33

REFERÊNCIAS

ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS (ABNT). NBR 8681: Ações e segurança


nas estruturas – Procedimento. Rio de Janeiro: ABNT, 2004.

NBR 14037: Diretrizes para elaboração de manuais de uso, operação e manutenção das edificações —
Requisitos para elaboração e apresentação dos conteúdos. Rio de Janeiro: ABNT, 2014.

ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS (ABNT). NBR 16747:2020 Inspeção


Predial — Diretrizes, conceitos, terminologia e procedimento. Rio de Janeiro: ABNT, 2020.

ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS (ABNT). NBR 15575: Edificações


habitacionais - Desempenho. Rio de Janeiro: ABNT, 2013.

ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS (ABNT). NBR 5674: Manutenção de


edificações — Requisitos para o sistema de gestão de manutenção. Rio de Janeiro: ABNT, 2012

AZEVEDO, M. T. et al. Concreto: Ciência e Tecnologia. 2011, v.2. São Paulo: Ibracon.

BOAS, E. et al . Aplicação de Metodologia GDE/UnB em uma edificação habitacional: Estudo de


caso em Águas Lindas de Goiás- GO. CONGRESSO BRASILEIRO DO CONCRETO, 60, 2018,
Goías.

CASTRO, E.K., Desenvolvimento de Metodologia para Manutenção de Estruturas de Concreto


Armado. 1994. Dissertação (Mestrado em Estruturas), Departamento de Engenharia Civil.
Universidade de Brasília, Brasília, DF.

DOLACIO, A. C., A obrigatoriedade da inspeção predial. In: XVII Congresso Brasileiro de


Engenharia de Avaliação e Perícias. Florianópolis, SC, 2013.

FONSECA, R.P., A estrutura do Instituto Central de Ciências: Aspectos históricos, científicos e


tecnológicos de projeto, execução, intervenções e propostas de manutenção. 2007. Dissertação
(Mestrado em Estruturas e Construção Civil), Departamento de Engenharia Civil e Ambiental.
Universidade de Brasília. Brasília, DF.

FORTALEZA. Lei Nº 9.913 de 16 de Julho de 2012. Dispõe sobre obrigatoriedade de vistoria técnica,
manutenção preventiva e periódica das edificações e equipamentos públicos ou privados no âmbito do
Município de Fortaleza, e dá outras providências. Fortaleza, CE, 2012.

HELENE, P. Manutenção para Reparo, Reforço e Proteção de Estruturas de Concreto. 2ª ed. SP: Pini,
1992.

Instituto Brasileiro de Avaliações e Perícias de Engenharia (IBAPE). Cartilha Inspeção Predial “A


Saúde dos edifícios”, 2012a. Disponível <
https://www.ibape-sp.org.br/adm/upload/uploads/1541781803CartilhaInspecao_Predial_a_Saude_dos_
Edificios>

Instituto Brasileiro de Avaliações e Perícias de Engenharia (IBAPE). Norma de Inspeção Predial, 2012
b. Disponível < http://ibape-nacional.com.br/biblioteca/wp-content/uploads/2012/12/Norma-de-Inspe
%C3%A7%C3%A3o-Predial-IBAPE-Nacional.pdf >
34

LAPA, J..S., Patologia, Recuperação e Reparo das estruturas de Concreto. 2008. Dissertação
(Mestrado em Construção Civil), Departamento de Engenharia Civil. Universidade Federal de Minas
Gerais, Minas Gerais, BH.

NEVES, D. R. R.; BRANCO, L. A. M. N., Estratégia de Inspeção Predial. In: Construindo, v.1, n.2,
p.12-19. Belo Horizonte, MG, 2009.

OLIVARI, G. Patologia em Edificações. 2003. Monografia (Trabalho de Conclusão de Curso),


Universidade Anhembi Morumbi, São Paulo.

OLIVEIRA, D. F. O Conceito de Qualidade Aliado às Patologias na Construção Civil. 2013.


Monografia (Trabalho de Conclusão de Curso), Escola Politécnica – Universidade Federal do Rio de
Janeiro , Rio de Janeiro.

SALVADOR. Lei Nº 5.907 de 27 de Setembro de 2001. Legislação do Município de Salvador que


determina "obrigatória" realização de inspeção predial por profissional habilitado no CREA. Salvador,
BA, 2001.

SCHEIDEGGER, G, CALENZANI, C. Patologia, recuperação e reparo das estruturas de concreto.


Revista Científica Multidisciplinar Núcleo do Conhecimento. Ano 04, Ed. 03, Vol. 05, pp. 68-92.
Março de 2019.

SOUZA, V.C.; RIPPER, T. Patologia, Recuperação e Reforço de Estruturas de Concreto. 2ª ed. SP:
PINI, 1998.

VERVLOET, S. Análise de indicadores para execução de inspeção predial regular obrigatória e


diretrizes para o corpo técnico. 2018. Dissertação (Mestrado em Engenharia Civil), Programa de
Pós-Graduação em Engenharia Civil – Universidade Federal do Espírito Santo, Vitória.

VIEIRA. M. A. Patologias Construtivas: Conceito, Origens e Métodos de Tratamento.– Revista


Especialize On-line IPOG, Goiânia, n. 12, p. 1-15, 2016. Disponível <
https://www.ipog.edu.br/revista-especialize-online/edicao-n12-2016/patologias-construtivas-conceito-
origens-e-metodo-de-tratamento/>

ZANZARINI, J. Análise das Causas e recuperação de fissuras em Edificação Residencial em


Alvenaria Estrutural- Estudo de Caso. 2016. Trabalho de Conclusão de Curso, Departamento
Acadêmico de Construção Civil. Universidade Tecnológica Federal do Paraná, Paraná, CPM.
35

2 ARTIGO A: AVALIACÃO DAS METODOLOGIAS DE INSPECÃO VISUAL DE


EDIFICACÕES PARA FINS DE GERENCIAMENTO DE MANUTENÇÕES

Este capítulo visa avaliar como é realizada uma inspeção visual utilizando a norma de
Inspeção Predial Nacional do IBAPE e a metodologia GDE/UnB, com o intuito de definir parâmetros
de comparação entre essas.

AVALIACÃO DAS METODOLOGIAS DE INSPECÃO VISUAL DE EDIFICACÕES


PARA FINS DE GERENCIAMENTO DE MANUTENÇÕES

GREGÓRIO PACHECO, SILVIA GONÇALVES FILHO, EDSON


Estudante de Graduação Estudante de Graduação
CEFET/MG CEFET/MG
Minas Gerais; Brasil Minas Gerais; Brasil
silvia.gpacheco@hotmail.com edson.gonfilho@gmail.com

DE PAULO RAMOS, MARCOS PENA BORTONE, THIAGO


Professor EBTT Professor EBTT
CEFET/MG CEFET/MG
Minas Gerais; Brasil Minas Gerais; Brasil
marcos.ramos@cefetmg.br thiago.bortone@cefetmg.br

MARTINI, RACHEL FERREIRA, LUCIANA


Professora EBTT Professora EBTT
CEFET/MG CEFET-MG
Minas Gerais; Brasil Minas Gerais; Brasil
martini@cefetmg.br lupiferreira@cefetmg.br
36

RESUMO

A determinação da vida útil residual e de projeto de uma edificação está intimamente ligada ao
planejamento e execução dos processos de manutenção da mesma. A importância dessa manutenção é
destacada pela Associação Brasileira de Normas Técnicas – ABNT, em sua norma técnica NBR 6118
(ABNT, 2014), que exige a elaboração de um manual de utilização, inspeção e manutenção, contendo
especificações para garantir a vida útil das estruturas. De forma complementar, a NBR 5674 (ABNT,
2012) trata exclusivamente do tema de requisitos para o sistema de gestão de manutenção de
edificações. O presente trabalho tem como objetivo avaliar as metodologias de inspeção visual de
edificações, particularmente a Metodologia GDE/UnB (Grau de Deterioração do Elemento) e a
metodologia prescrita pela Norma de Inspeção Predial Nacional do IBAPE (Instituto Brasileiro de
Avaliações e Perícias de Engenharia), visando incorporá-las em fluxos de processo para fins de
gerenciamento de manutenções. Para o seu desenvolvimento, na primeira etapa, foram detalhadas,
através de pesquisa bibliográfica, as características dessas metodologias e suas aplicabilidades, bem
como o estudo das principais causas das manifestações patológicas que podem ocorrer nessas
estruturas. Na segunda etapa, comparou-se os parâmetros de avaliação dessas metodologias. Com este
trabalho, foi possível concluir que estas metodologias levam a resultados equivalentes, porém a
Metodologia GDE/UnB se mostrou mais eficaz na escolha da intervenção primária.
Palavras-chave: inspeção predial, gerenciamento de manutenções, concreto armado.

ABSTRACT
37

The determination of the residual and service life of a building is closely linked to the planning
and execution of maintenance processes. The importance of this maintenance is highlighted by the
Brazilian Association of Technical Standards - ABNT, in its technical standard NBR 6118 (ABNT,
2014), which requires the elaboration of a user manual, inspection and maintenance, containing
specifications to ensure the structures service life. Complementarily, NBR 5674 (ABNT, 2012)
exclusively deals with the theme of requirements for the building maintenance management system.
This paper aims to evaluate the methodologies of visual inspection of buildings, particularly the GDE
Methodology (Degree of Element Deterioration) / UnB and the methodology prescribed by the IBAPE
(Brazilian Institute of Engineering Assessment and Expertise) National Building Inspection Standard,
to incorporate them into process flows for maintenance management purposes. For its development, in
the first stage, the characteristics of these methodologies and their applicability were detailed and the
main causes of the pathological manifestations that may occur in these structures were studied. In the
second stage, the evaluation parameters of these methodologies were compared. With this work, it was
concluded that these methodologies lead to similar results, but the GDE Methodology / UnB was more
effective in choosing the primary intervention.
Keywords: building inspection, maintenance management, reinforced concrete.

2.1 INTRODUÇÃO

A determinação da vida útil residual e de projeto de uma edificação está intimamente ligada ao
planejamento e execução dos processos de manutenção da mesma. A importância dessa manutenção é
destacada pela Associação Brasileira de Normas Técnicas – ABNT, em sua norma técnica NBR 6118
38

(ABNT, 2014), que exige a elaboração de um manual de utilização, inspeção e manutenção, contendo
especificações para garantir a vida útil das estruturas. De forma complementar, a NBR 5674 (ABNT,
2012) trata exclusivamente do tema de requisitos para o sistema de gestão de manutenção de
edificações.
De forma a acompanhar o estado técnico de conservação, uso e manutenção das edificações, a
inspeção predial se torna uma ferramenta indispensável. Desde 2001, alguns municípios brasileiros
tornaram obrigatória a inspeção predial regular das edificações (VERVLOET, 2018). Tem-se como
exemplo, Salvador (BA), a Lei Nº 5.907 (SALVADOR, Lei 5.907, 2001); Fortaleza (FORTALEZA,
Lei n° 9.913, 2012); e outros Municípios que também criaram leis tornando obrigatória a inspeção
predial regular (DOLACIO, 2013), devido à ocorrência de acidentes com causas relacionadas à falta de
conservação dos edifícios. A Associação Brasileira de Normas Técnicas (ABNT), que é o órgão
regulador nacional, não possui normativo publicado acerca das recomendações técnicas da atividade de
inspeção predial. Entretanto, o Instituto Brasileiro de avaliações e Perícias de Engenharia (IBAPE)
elaborou a Norma de Inspeção Predial Nacional, que objetiva:

‘Esta norma fixa as diretrizes, conceitos, terminologia, convenções, notações, critérios e


procedimentos relativos à inspeção predial, cuja realização é de responsabilidade e da exclusiva
competência dos profissionais, engenheiros e arquitetos, legalmente habilitados pelos Conselhos
Regionais de Engenharia e Agronomia - CREAs -, de acordo com a Lei Federal 5194 de 21/12/1966 e
resoluções do CONFEA e Conselhos de Arquitetura e Urbanismo - CAUs - Lei nº 12.378 de 31/12/2010 e
resoluções do CAU-BR’ (IBAPE, 2012, p.3)

Outra metodologia utilizada para a inspeção de estruturas é a metodologia criada no Programa


de Pós-Graduação em Estruturas e Construção Civil da Universidade de Brasília (PECC-UnB) com o
intuito de realizar a avaliação quantitativa do grau de deterioração de estruturas de concreto,
denominada metodologia de Grau de Deterioração do Elemento (GDE/UnB) (CASTRO, 1994).
Sendo assim, o presente trabalho tem como objetivo avaliar as metodologias de inspeção visual
de edificações, particularmente, a Norma de Inspeção Predial Nacional do IBAPE (Instituto Brasileiro
de Avaliações e Perícias de Engenharia) e a Metodologia GDE/UnB (Grau de Deterioração do
Elemento), visando incorporá-las em fluxos de processo para fins de gerenciamento de manutenções.

2.2 METODOLOGIA DE INSPEÇÃO EM EDIFICAÇÕES

A seguir serão apresentadas e detalhadas as metodologias a serem comparadas neste trabalho,


nomeadamente a Metodologia GDE/UnB e a Norma de Inspeção Predial Nacional do IBAPE.
39

2.2.1 Metodologia GDE/UnB

A metodologia Grau de Deterioração do Elemento (GDE/UnB) foi desenvolvida por Castro


(1994) e revisada por Fonseca (2007), e consiste na proposta para a manutenção de estruturas de
concreto armado de edificações usuais, de forma a quantificar o grau de deterioração da estrutura (G d),
calculando o grau do dano (D), grau de deterioração do elemento (G de) e grau de deterioração da
família de elementos (Gdf). De acordo com as consequências das patologias em relação à condição
estética, a metodologia estabelece valores para o fator de ponderação (F p), que podem variar de 1 a 5.
Além disso, ao realizar uma inspeção da estrutura, o fator de intensidade (F i) determina as possíveis
lesões que o elemento pode apresentar e varia de 0 a 4, conforme a Tabela 2.1:

Tabela 2.10- Classificação do Fator de Intensidade (Fi).

Fi Lesões

0 Sem lesões

1 Lesões leves

2 Lesões toleráveis

3 Lesões graves

4 Estado Crítico
Fonte: CASTRO (1994).
40

Essa metodologia sofreu modificações por Lopes (1998), quando observado que este critério
poderia levar, algumas vezes, a resultados incoerentes. Dessa maneira, Lopes (1998) modificou a
fórmula do grau de deterioração do elemento (G de) (Equação 02). Boldo (2002), utilizou o princípio de
Lopes (1998) para o grau de deterioração da família (G df), em diferentes edificações, alterando-se sua
denominação no Caderno de Inspeções para Inspeção para Estruturas de Concreto. Posteriormente,
Fonseca (2007) utilizou a metodologia GDE/UnB para calcular o grau de deterioração de estruturas de
concreto armado, além de alterar as formulações dos cálculos do Grau de deterioração da família (G df)
(Equacão 2.3) e do Grau do Dano (D) (Equação 01) e apresentar uma mudança nos tipos mais usuais
de danos (BOAS et al., 2018). Para a avaliação de estruturas em Concreto Armado, foram utilizadas as
seguintes formulações, adaptadas por Fonseca (2007):

2.2.1.1 Grau de Dano (D)

D=0 ,8 F i F p para Fi ≤ 2 (Equação 2.1)

D=(12 F i−28) F p para Fi>2

Sendo:
D: Grau do Dano
Fi: Fator de Intensidade
Fp: Fator de Ponderação

2.2.1.2 Grau de Deterioração de um elemento (Gde)

∑ D(i )−Dmáx
Gde =Dmax [1+ i=1 m
] (Equação 2.2)
∑ D(i)
i=1

Em que:
Gde= Grau de deterioração de um elemento estrutural;
Dmáx= Maior grau de dano no elemento;
m: Número de danos detectados no elemento; e
D(i): O grau de dano de ordem (i).
41

Com base no valor encontrado para o G de, tem-se a classificação do nível de deterioração e as
medidas a serem tomadas, conforme Tabela 2.2.

Tabela 2.11- – Classificação dos níveis de deterioração do elemento (Gde).

Nível de Deterioração Gde Ações a serem tomadas

Baixo 0 - 15 Estado acertável. Manutenção preventiva.

Definir prazo/natureza para nova inspeção.


Médio 15 - 50
Em médio prazo (máx. 2 anos)

Definir prazo para inspeção especializada


Alto 50 - 80
detalhada. Em curto prazo (máx. 1 ano)

Definir prazo para inspeção especializada


Sofrível 80-100
detalhada. Em curto prazo (máx. 6 meses).

Crítico >100 Planejar intervenção imediata

Fonte: Adaptada de FONSECA (2007).

2.2.1.3 Grau de Deterioração de uma família (Gdf)

Utiliza-se a Equação 03 apenas para elementos com nível de deterioração superior ou médio,
ou seja, Gde ≥ 15.


m

∑ Gde (i)−Gdem á x
Gdf =Gdem á x 1+ i=1 (Equação 2.3)
m

∑ Gde(i)
i=1

Em que:
Gdf: Grau de deterioração de uma família de elementos;
Gdemáx: Grau de deterioração máxima do elemento;
Gde(i):Grau de deterioração do elemento de ordem (i);
42

2.2.1.4 Fator de Relevância Estrutural (Fr)

O fator de relevância estrutural tem por objetivo considerar a importância relativa das diversas
famílias que subdividem a estrutura, quanto ao comportamento e desempenho. Na Tabela 2.3 tem-se a
classificação do Fr.

Tabela 2.3- Classificação do Fator de Relevância Estrutural (Fr).


Fator de relevância Estrutural (Fr) Elementos analisados

1,0 Elementos de composição arquitetônica

2,0 Reservatório superior.


Escadas/rampas, reservatório inferior,
3,0
cortinas, lajes secundárias, juntas de dilatação.

4,0 Lajes, fundações, vigas secundárias.

5,0 Vigas e pilares principais.


Fonte: FONSECA (2007).

2.2.1.5 Grau de Deterioração da Estrutura (Gd)

A partir das informações obtidas anteriormente, é possível calcular o grau de deterioração da


estrutura (Equação 04) e classificá-lo de acordo com a Tabela 2.4.
K

∑ F r ( i) Gdf (i) (Equação 2.4)


Gd = i=l
∑ F r (i )
Tabela 2.4– Classificação dos níveis de deterioração da estrutura (G d).
Nível de deterioração Gd Ações a serem tomadas
Baixo 0 - 15 Estado aceitável. Manutenção preventiva.
Definir prazo/natureza para nova inspeção. Em médio
Médio 15 - 50
prazo (máx. 2 anos)
Definir prazo para inspeção especializada detalhada. Em
Alto 50 - 80
curto prazo (máx. 1 ano)
80- Definir prazo para inspeção especializada detalhada. Em
Sofrível
100 curto prazo (máx. 6 meses).
Crítico >100 Planejar intervenção imediata
43

Fonte: Adapatada de FONSECA (2007).

2.2.2 Norma de Inspeção Predial Nacional do IBAPE

Nos EUA e no Canadá, a Inspeção Predial é um pré-requisito em qualquer transação


imobiliária, sendo obrigatória a entrega do laudo de inspeção para a assinatura dos contratos. No
Brasil, as transações imobiliárias são diferentes, uma vez que grande parte das negociações são
concretizadas considerando as informações fornecidas pelo atual proprietário do imóvel ou pelo
intermediador da venda, ignorando as informações técnicas que deveriam ser elaboradas por um
profissional especializado. Com o laudo de inspeção predial em mãos, o comprador e/ou usuário
estaria com as informações técnicas fundamentadas, capazes de orientá-lo na negociação do valor ou
até mesmo direcioná-lo em sua decisão de compra. Além disso, o laudo de inspeção predial é uma
importante ferramenta no auxílio para identificação de anomalias e falhas. (NEVES e BRANCO,
2009.)

De acordo com a Norma de Inspeção Predial do IBAPE (2012, p.5), a inspeção predial é a
“análise isolada ou combinada das condições técnicas, de uso e de manutenção da edificação”. O
método de avaliação técnica descrito nessa norma consiste nos seguintes procedimentos:

a) Determinação do nível de inspeção;


b) Verificação e análise da documentação;
c) Obtenção de informações dos usuários, responsáveis, proprietários e gestores das edificações;
d) Vistoria dos tópicos constantes na listagem de verificação;
e) Classificação das anomalias e falhas constatadas nos itens vistoriados, e das não conformidades com
a documentação examinada;
f) Classificação e análise das anomalias e falhas quanto ao grau de risco;
g) Definição de prioridades;
h) Recomendações técnicas;
i) Avaliação da manutenção e uso;
j) Recomendações gerais e de sustentabilidade;
k) Tópicos essenciais do laudo;
44

l) Responsabilidades.

2.2.2.1 Determinação do nível da inspeção

Classifica-se a Inspeção Predial conforme a sua complexidade e elaboração de laudo, conforme


as características da edificação, manutenção e operação existentes e a necessidade de equipe
multidisciplinar para realização dos trabalhos. Os níveis de inspeção predial podem ser divididos em
nível 1, nível 2 e nível 3 (Tabela 2.5).

Tabela 2.5– Nível da Inspeção.

Nível de Inspeção Ações

Edificações mais simples, normalmente sem a necessidade de equipe


Nível 1
multidisciplinar.

Edifícios multifamiliares, comerciais sem sistemas construtivos mais


Nível 2
complexos. Pode envolver equipe multidisciplinar

Nível 3 Edificações complexas. Sempre envolve equipe multidisciplinar.

Fonte: Adaptado de IBAPE (2012).

2.2.2.2 Verificação e análise da documentação

Quando disponível, é recomendável analisar os documentos administrativos, técnicos, de


manutenção e de operação da edificação (Tabela 2.6).

Tabela 2.6– Referencias usuais de Documentação.


Documentos Referências usuais

Administrativos Instituição, Especificação e Convenção de Condomínio; Regimento Interno do


Condomínio; Alvará de Construção; Auto de Conclusão; IPTU; Programa de Prevenção
de Riscos Ambientais (PPRA); Alvará do Corpo de Bombeiros; Ata de instalação do
condomínio; Alvará de funcionamento; Certificado de Manutenção do Sistema de
Segurança; Certificado de treinamento de brigada de incêndio; Licença de
45

funcionamento da prefeitura; Licença de funcionamento do órgão ambiental estadual;


Cadastro no sistema de limpeza urbana; Comprovante da destinação de resíduos sólidos,
etc. Relatório de danos ambientais, quando pertinente; Licença da vigilância sanitária,
quando pertinente; Contas de consumo de energia elétrica, água e gás; PCMSO –
Programa de Controle Médico de Saúde Ocupacional; Alvará de funcionamento; e
Certificado de Acessibilidade

Memorial descritivo dos sistemas construtivos; Projeto executivo; Projeto de estruturas;


Técnicos Projetos de Instalações Prediais: Projeto de Revestimentos em geral; Projeto de
paisagismo.

Manual de Uso, Operação e Manutenção; Plano de Manutenção e Operação e Controle


Selos dos Extintores; Relatório de Inspeção Anual de Elevadores; Atestado do Sistema de
Manutenção e
Proteção a Descarga Atmosférica; Certificado de limpeza e desinfecção; Relatório das
Operação
análises físico-químicas de potabilidade de água dos reservatórios e da rede; Certificado
de ensaios de pressurização em mangueiras.

Fonte: Adaptado de IBAPE (2012).

2.2.2.3 Obtenção de informações dos responsáveis

Para a elaboração do laudo de vistoria é importante, também, realizar entrevista com gestor ou
síndico para obtenção de informações sobre o uso do local, histórico de reformas e manutenções,
dentre outras intervenções ocorridas.

2.2.2.4 Vistoria dos tópicos constantes na listagem de verificação

A listagem de verificação se refere ao conjunto de tópicos a serem vistoriados, considerado o


número mínimo de itens abordados em uma inspeção, de acordo com a sua complexidade. Para que a
vistoria na inspeção predial seja sistêmica e que abranja, os seguintes sistemas construtivos e seus
elementos: estrutura, impermeabilização, instalações hidráulicas e elétricas, revestimentos externos em
geral, esquadrias, revestimentos internos, elevadores, climatização, exaustão mecânica, ventilação,
coberturas, telhados, combate a incêndio e SPDA.

2.2.2.5 Classificação das anomalias e falhas

As anomalias e falhas são não conformidades que acarretam na perda precoce de desempenho
real ou futuro dos elementos de sistemas construtivos, e redução de sua vida útil. Podem comprometer
a segurança, funcionalidade, operacionalidade, saúde de usuários, conforto térmico, acessibilidade,
46

durabilidade, vida útil, e outros critérios de desempenho conforme estabelece a NBR 15575 (ABNT,
2013). As anomalias e falhas podem ser classificadas conforme a Tabela 2.7.

Tabela 2.7– Classificação de não conformidade.

Não Conformidade Classificação

-Endógena: Própria edificação


-Exógena: Fatores externos;
Anomalias
-Natural: Fenômenos da natureza;
-Funcional: Término da vida útil

-Planejamento: Especificações inadequadas;


-Execução: Execução inadequada
Falhas
-Operacionais: Procedimentos inadequados;
-Gerenciais: Falta de controle de qualidade dos serviços.
Fonte: Adaptado de IBAPE (2012).

Para análise do grau de risco devem ser considerados: fatores de conservação, as manutenções
previstas, agentes de deterioração precoce, depreciação, riscos à saúde, segurança, funcionamento e
comprometimento de vida útil. Os graus de risco são classificados em estado crítico, regular e mínimo
(Tabela 2.8).
Tabela 2.8– Classificação do grau de risco.

Grau de Risco Classificação

Crítico Risco de provocar danos contra a saúde e segurança das pessoas;

Médio Risco de provocar perda parcial de desempenho e funcionalidade

Mínimo Risco de causar pequenos prejuízos a estética ou atividade planejada


Fonte: Adaptado de IBAPE (2012).

2.2.2.6 Definição de Prioridades

De acordo com a ordem do problema constatado, deve-se elaborar uma lista de prioridades
técnicas, onde essa lista é ordenada do mais crítico ao menos crítico, sendo estabelecidas através de
metodologias técnicas específicas, sendo uma delas a elas a matriz GUT.
47

O método GUT é utilizado para o gerenciamento de risco que leva em consideração a


Gravidade (G), a Urgência (U) e a Tendência (T) dos problemas a serem inspecionados. De acordo
com DIAS et al., 2018, para realizar essa a avaliação, o sistema estebelece os pesos que são destinados
a classificação de cada item inspecionado, com o intuito de definir graus de criticidade em relação aos
problemas encontrados (Tabela 2.9).

Tabela 2.9– Classificação GUT.

Grau Gravidade Peso


Perda de vidas humanas, do meio ambiente ou do
Total 10
próprio edifício
Ferimentos em pessoas, danos ao meio ambiente ou ao
Alta 8
edifício
Desconfortos, deterioração do meio ambiente ou do
Média 6
edifício
Baixa Pequenos incômodos ou pequenos prejuízos financeiros 3
Nenhuma Nenhuma 1
Grau Urgência Peso
Total Evento em ocorrência 10
Alta Evento prestes a ocorrer 8
Média Evento prognosticado para breve 6
Baixa Evento prognosticado para adiante 3
Nenhuma Evento imprevisto 1
Grau Tendência Peso
Total Evolução imediata 10
Alta Evolução em curto prazo 8
Média Evolução em médio prazo 6
Baixa Evolução em logo prazo 3
Fonte: DIAS et al., 2018.

Ao final da atribuição dos pesos para os problemas é calculado o produto (G) x (U) x (T). O
resultado definirá qual o grau de prioridade do problema. Para organizar os dados, é importante a
elaboração de “planilhas de prioridades” a qual indicará a lista de prioridades para intervenções.
48

2.2.2.7 Recomendações Técnicas

Com base no que foi constatado elaboram-se recomendações ou orientações técnicas para a
solução dos problemas, podendo estar relacionadas à adequação do plano de manutenção ou aos
reparos e reformas para solução de anomalias. Deve-se indicar manuais, ilustrações e normas
pertinentes para facilitar o entendimento do contratante.

2.2.2.8 Avaliação da Manutenção e Uso

Para realizar a avaliação da manutenção é preciso analisar o plano de manutenção para a


edificação e as respectivas condições de execução. Em caso de ausência do plano de manutenção na
edificação, o profissional responsável pela inspeção, precisará verificar as atividades realizadas e
devidamente registradas, comparando-as com o conjunto de recomendações mínimas de fabricantes e
fornecedores dos equipamentos e sistemas.
Outro ponto importante a ser avaliado diz respeito ao uso da edificação. Tal avaliação,
denominada Avaliação do Uso da Edificação pode ser classificada como: regular ou irregular,
devendo, para isso, observar as condições originais da edificação e os seus sistemas construtivos.
Uso Regular– Quando a edificação inspecionada encontra-se ocupada e utilizada de acordo
com o uso previsto no projeto.
Uso Irregular – Quando a edificação inspecionada encontra-se ocupada e utilizada de forma
irregular, com o uso divergente do previsto no projeto.

2.2.9 Recomendações gerais e de sustentabilidade

A definição de sustentabilidade refere-se há aspectos como o uso racional de recursos naturais,


a preservação do conforto e segurança de usuários, assim como a preservação do meio ambiente
(permeabilidade de solos, descartes irregulares para redes públicas, etc). Sendo assim, deve-se indicar
medidas de correção e melhoria da edificação que possam favorecer a sustentabilidade.

2.2.10 Tópicos Essenciais no Laudo

Realizada a inspeção predial, é necessário a elaboração do laudo técnico. Para sua construção,
há itens importantes que devem constar na em sua estrutura (Tabela 2.10).
49

Tabela 2.10– Itens que devem constar no Laudo da Inspeção Predial.

Grau Gravidade
1 Identificação do Solicitante;
2 Classificação do objeto da inspeção;
3 Localização;
4 Data da Diligência
5 Descrição Técnica do Objeto
6 Tipologia e padrão construtivo
7 Utilização e Ocupação
8 Idade da Edificação
9 Nível Utilizado
10 Documentação solicitada, entregue e analisada
11 Descrição do Critério e Método da Inspeção predial
12 Das informações Gerais Consideradas
Lista de verificação dos elementos construtivos e equipamentos vistoriados,
13
descrição e localização das respectivas anomalias e falhas.
14 Classificação das anomalias e falhas quanto ao grau de risco
15 Indicação de prioridade
Avaliação da manutenção e condições de uso da Edificação e dos sistemas
16
construtivos
17 Recomendações Técnicas
18 Recomendações gerais e de sustentabilidade
19 Relatório fotográfico
20 Recomendação do prazo para nova inspeção predial
21 Data do Laudo
22 Assinatura do profissional responsável
Anotação da Responsabilidade Técnica (ART) ou Registro de Responsabilidade
23
Técnica (RRT)
50

Fonte: IBAPE (2012).

2.3 METODOLOGIA

Como a norma de Inspeção Predial do IBAPE e a Medologia GDE/UnB possuem a finalidade


de nortear os trabalhos de inspeção predial em edificações, foi possível obter a comparação das
premissas básicas de ambas as metodologias. Essa comparação permitiu e a análise das situações sobre
a melhor aplicabilidade de cada uma delas. Outro fator importante foi o fato de que as metodologias
supracitadas são de aplicação visual, não sendo necessário nenhum uso de equipamento especial ou
análises destrutivas.
Para o desenvolvimento do trabalho, na primeira etapa, foram detalhadas, através de pesquisa
bibliográfica, as características dessas metodologias e suas aplicabilidades, bem como o estudo das
principais causas das manifestações patológicas que podem ocorrer nessas estruturas. Na segunda
etapa, comparou-se os parâmetros de avaliação dessas metodologias.

2.4 . RESULTADOS E DISCUSSÕES

As duas metodologias apresentadas possuem semelhanças e diferenças na avaliação de uma


edificação. É importante destacar que a metodologia GDE/UnB avalia o grau de deterioração da
estrutura, já a Norma de Inspeção Predial Nacional do IBAPE avalia os diferentes elementos da
edificação. A Tabela 2.11 apresenta uma comparação entre os dois métodos de inspeção.

Tabela 2.11– Comparação geral entre metodologias de inspeção predial.


Dados Norma do IBAPE Metodologia GDE/UnB
Ano da última 2012 2007
revisão
Elaborador IBAPE Nacional Castro (1994)
Estratégia de Inspeção Visual, testes e Inspeção Visual
Inspeção ensaios locais e/ou laboratoriais
específicos.
Parâmetro Estrutura, impermeabilização, Estrutural
s instalações
hidráulicas e elétricas,
51

revestimentos externos em geral,


esquadrias, revestimentos internos,
elevadores, climatização,
exaustão mecânica, ventilação,
coberturas, telhados, combate a
incêndio e SPDA
Escala de 1x1x1 a 10x10x10 0 a ≥100
Classificação (GUT)
Fonte: autores.

A partir da análise das características de cada metodologia, inicialmente, pode-se observar


algumas limitações da Metodologia GDE/UnB perante a norma de inspeção predial do IBAPE quanto
a estratégia de Inspeção Predial e quanto aos parâmetros da análise da vistoria. A norma do IBAPE
tem o intuito de verificar todos os elementos da edificação; em contrapartida a Metodologia GDE/UnB
avalia apenas a condição estrutural da edificação (vigas, lajes, vigas secundárias, pilares, elementos de
composição arquitetônica, escada/rampas).
Com relação a classificação, o grau de Prioridade estabelecido pela Norma do IBAPE se
assemelha a classificação dada ao Grau de Deterioração da Estrutura. O primeiro gera uma lista de
prioridades visando determinar uma ordem de prioridades das atividades necessárias para a correção
das anomalias identificadas, já o segundo define o prazo para se realizar a intervenção na família
analisada.
Pode-se observar que ao indicar os prazos para a realização de uma intervenção, a metodologia
GDE/UnB se mostra mais eficaz na escolha de uma intervenção primária. Sendo assim, no quesito de
avaliação estrutural, ambas as metodologias podem se complementar. De forma que GDE/UnB
poderia ser utilizada como uma metodologia de inspeção estrutural dos elementos para a Norma de
Inspeção Predial do IBAPE, assim como, a Matriz GUT é utilizada atualmente.

2.5 CONCLUSÕES

Diante do exposto, pode-se observar que ambas as metodologias tendem a apresentar resultados
semelhantes. Entretanto, a Metodologia GDE/UnB se mostrou mais eficaz em uma escolha de
intervenção estrutural primária, uma vez que indica prazos para a realização de uma intervenção em
famílias específicas do edifício.
52

Outro fator importante a se considerar, é que a Norma de Inspeção Predial do IBAPE permite
uma inspeção completa, englobando diversos sistemas construtivos. Já a Metodologia GDE/UnB
permite a classificação somente de elementos de estruturas em concreto armado.
Sendo assim, os métodos citados podem ser utilizados para se complementarem em termos de
análise de elementos estruturais, uma vez que a Metodologia GDE/UnB poderia ser utilizada na
classificação das prioridades de intervenção. Isto está diretamente relacionado ao fluxo de processos
para fins de gerenciamento de manutenções, o que auxiliaria no estabelecimento de prazos para a
realização de novas intervenções, de forma que a inspeção predial ficasse mais eficiente.
53

2.6 REFERÊNCIAS

ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS (ABNT). NBR 6118: Projeto de


estruturas de concreto - Procedimento. Rio de Janeiro: ABNT, 2014.

ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS (ABNT). NBR 15575: Edificações


habitacionais - Desempenho. Rio de Janeiro: ABNT, 2013.

ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS (ABNT). NBR 5674: Manutenção


de edificações — Requisitos para o sistema de gestão de manutenção. Rio de Janeiro: ABNT, 2012.

BOAS, E. et al . Aplicação de Metodologia GDE/UnB em uma edificação habitacional:


Estudo de caso em Águas Lindas de Goiás- GO. CONGRESSO BRASILEIRO DO CONCRETO,
Goías, 2018. Disponível em <http://ibracon.org.br/eventos/adminx/artigos/60CBC2024-ver4-autor-
APLICA%C3%87%C3%83O%20DE%20METODOLOGIA%20GDE%20UnB%20EM%20UMA
%20EDIFICA%C3%87%C3%83O%20HABITACIONAL%20%20ESTUDO%20DE%20CASO
%20EM%20%C3%81GUAS%20LINDAS%20DE%20GOI%C3%81S-%20GO.pdf> . Acesso em: 07
set. 2019.

BOLDO, P., Análise Quantitativa de Estruturas de Concreto Armado de Edificações no


Âmbito do Exército Brasileiro. Dissertação (Mestrado em Estruturas), Departamento de Engenharia
Civil e Ambiental, Universidade de Brasília, Brasília, DF, 2002.

CASTRO, E.K., Desenvolvimento de Metodologia para Manutenção de Estruturas de


Concreto Armado. Dissertação (Mestrado em Estruturas), Departamento de Engenharia Civil,
Universidade de Brasília, Brasília, DF, 1994.

DIAS, S. et al. Importância Das Inspeções Prediais Na Redução De Patologias: Estudo De


Caso Em Teresina-PI. CONFERÊNCIA SOBRE PATOLOGIA E RECUPERAÇÃO DE
EDIFICIOS, Rio de Janeiro, 2018. Disponível em <
http://www.nppg.org.br/patorreb/files/artigos/80652.pdf> . Acesso em: 06 jan. 2020.

DOLACIO, A. C., A obrigatoriedade da inspeção predial. In: XVII Congresso Brasileiro de


Engenharia de Avaliação e Perícias. Florianópolis, SC, 2013. Disponível em <http://ibape-
nacional.com.br/site/wp-content/themes/Nicol/documentos-xvicobreap/A%20 OBRIGATORIEDADE
%
20DA%20INSPE%C7%C3O%20PREDIAL%20Antonio%20Carlos%20Dalocio.pdf>. Acesso
em: 10 out. 2019.

FONSECA, R.P., A estrutura do Instituto Central de Ciências: Aspectos históricos,


científicos e tecnológicos de projeto, execução, intervenções e propostas de manutenção.
Dissertação (Mestrado em Estruturas e Construção Civil), Departamento de Engenharia Civil e
Ambiental, Universidade de Brasília. Brasília, DF, 2007.

FORTALEZA. Lei Nº 9.913 de 16 de Julho de 2012. Dispõe sobre obrigatoriedade de vistoria


técnica, manutenção preventiva e periódica das edificações e equipamentos públicos ou privados no
âmbito do Município de Fortaleza, e dá outras providências. Fortaleza, CE, 2012. Disponível em <
54

https://leismunicipais.com.br/a/ce/f/fortaleza/decreto/2015/1361/13616/decreto-n-13616-2015-
regulame
nta-lei-n-9913-de-16-de-julho-de-2012-que-dispoe-sobre-as-regras-gerais-e-especificas-a-
serem-obedecidas-na-manutencao-e-conservacao-das-edificacoes-no-municipio-de-fortaleza-e-da-
outras-providencias>. Acesso em : 10 out. 2019.

Instituto Brasileiro de Avaliações e Perícias de Engenharia (IBAPE). Norma de Inspeção


Predial, 2012. Disponível < http://ibape-nacional.com.br/biblioteca/wp-content/uploads/2012/12/
Norma-de-Inspe%C3%A7%C3%A3o-Predial-IBAPE-Nacional.pdf > Acesso em: 23 ago. 2019.

LOPES, B.A.R., Sistema de manutenção estrutural para grandes estoques de edificações:


Estudo para a inclusão do componente Estrutura de Concreto. Dissertação (Mestrado em
Estruturas), Departamento de Engenharia Civil, Universidade de Brasília, Brasília, DF, 1998.

NEVES, D. R. R.; BRANCO, L. A. M. N., Estratégia de Inspeção Predial. In: Construindo,


v.1, n.2, p.12-19. Belo Horizonte, MG, 2009.

SALVADOR. Lei Nº 5.907 de 27 de Setembro de 2001. Legislação do Município de Salvador


que determina "obrigatória" realização de inspeção predial por profissional habilitado no CREA.
Salvador, BA, 2001. Disponível em <
https://leismunicipais.com.br/a/ba/s/salvador/decreto/2001/1325/13251/decreto-n-13251-2001-dispoe-
sobre-a-regulamentacao-da-lei-n-5907-de-23-de-janeiro-de-2001-e-da-outras-providencias>. Acesso
em: 10 out. 2019.

VERVLOET, S. Análise de indicadores para execução de inspeção predial regular


obrigatória e diretrizes para o corpo técnico. Dissertação (Mestrado em Engenharia Civil),
Programa de Pós-Graduação em Engenharia Civil – Universidade Federal do Espírito Santo, Vitória,
2018.
55

3 ARTIGO B: APLICAÇÃO DA METODOLOGA GDE EM UMA EDIFICAÇÃO


PÚBLICA- ESTUDO DE CASO: CURVELO MG

Neste capítulo, é feito a avaliação da condição Estrutural de um edifício em concreto Armado,


utilizando a Metodologia GDE/UnB. As formulações e o procedimento foram omitidos nessa seção,
uma vez que já foram devidamente detalhadas no Capítulo 2- Avaliação das Metodologias de
Inspeção Visual de Edificações Para Fins de Gerenciamento de Manutenções.

APLICAÇÃO DA METODOLOGA GDE EM UMA EDIFICAÇÃO PÚBLICA-


ESTUDO DE CASO: CURVELO MG

GREGÓRIO PACHECO, SILVIA GONÇALVES FILHO, EDSON


Estudante de Graduação Estudante de Graduação
CEFET/MG CEFET/MG
Minas Gerais; Brasil Minas Gerais; Brasil
silvia.gpacheco@hotmail.com edson.gonfilho@gmail.com

DE PAULO RAMOS, MARCOS PENA BORTONE, THIAGO


Professor EBTT Professor EBTT
CEFET/MG CEFET/MG
Minas Gerais; Brasil Minas Gerais; Brasil
marcos.ramos@cefetmg.br thiago.bortone@cefetmg.br

MARTINI, RACHEL FERREIRA, LUCIANA


Professora EBTT Professora EBTT
CEFET/MG CEFET-MG
Minas Gerais; Brasil Minas Gerais; Brasil
martini@cefetmg.br lupiferreira@cefetmg.br
56

RESUMO

A concepção de uma edificação compõe-se das fases de projeto, especificação de materiais,


execução e manutenção. Caso ocorram falhas, em uma ou mais destas fases, podem surgir patologias
que comprometem a segurança, a durabilidade e o desempenho futuro da edificação. O presente
trabalho tem como objetivo analisar a condição estrutural de um edifício em concreto armado,
utilizando a Metodologia GDE/UnB (Grau de Deterioração do Elemento). Para o seu desenvolvimento,
na primeira etapa, foram detalhadas, através de pesquisas bibliográficas, as características dessa
metodologia e as principais causas das manifestações patológicas que podem ocorrer nesse tipo de
estrutura. Na segunda etapa, realizou-se a inspeção predial do Prédio Administrativo do CEFET/MG -
Campus Curvelo, de forma a identificar as anomalias e as falhas. Na terceira etapa, fez-se a avaliação
da condição estrutural desse edifício e a elaboração do laudo de inspeção. Na última etapa determinou
o grau de deterioração da estrutura com a medida a ser tomada no edifício em questão. Este trabalho
auxilia no cadastramento das patologias desta edificação, assim como no acompanhamento de suas
evoluções, além de ser uma importante ferramenta para o processo de reabilitação.
Palavras-chave: inspeção predial, condição estrutural, concreto armado.
57

ABSTRACT

The design of a building is made up of the project design, materials specification, execution
and maintenance. If failures occur in one or more of these phases may arise pathologies that
compromise safety, durability and the future performance of the building. The present work aims to
analyze the structural condition of a reinforced concrete building using the GDE (Element
Deterioration Degree) Methodology / UnB. For its development, in the first stage, through
bibliographical research, the characteristics of this methodology and the main causes of the
pathological manifestations that may occur in this type of structure were detailed. In the second stage,
the building was inspected to identify anomalies and faults. In the third stage, the structural condition
of this building was evaluated, and the inspection report was prepared. In the last step it determined the
degree of deterioration of the structure with the measure to be taken in the building in question. This
work assists in the registration of the pathologies of this building, as well as the monitoring of their
evolution, as well as being an important tool for the rehabilitation process.

Keywords: building inspection, structural condition, reinforced concrete.


58

3.1 INTRODUÇÃO

O concreto já foi conhecido como um material livre de falhas e anomalias, que não sofria
deterioração. Este pensamento foi criado a partir de algumas observações de suas características, como
a durabilidade e resistência. Em antigos métodos ocorriam exageros nos cálculos, o que gerava peças
estruturais bem robustas, resultado de cálculos com margens muito altas de segurança (HELENE,
1992).
Quando dimensionadas, executadas e utilizadas de forma correta as estruturas de concreto
armado devem resistir às ações mecânicas e à agressividade ambiental. Os fatores como falta de
conhecimento adequado dos processos de construção, do comportamento dos materiais utilizados e
negligências quanto à utilização das normas técnicas, são os principais motivos que provocam a
diminuição da vida útil da estrutura. É comum que proprietários de imóveis, usuários e gestores
prediais negligenciem atividades preventivas, corretivas, dentre outras, que poderiam melhorar o
desempenho nos elementos construtivos (IBAPE, 2012).
Com o intuito de aumentar a vida útil da edificação, de acordo com a NBR 5674 (ABNT,
2012), tem-se necessidade de realizar manutenções nas edificações, uma vez que a manutenção visa
preservar ou recuperar as condições de uso previsto para as edificações, incluindo todos os serviços
realizados para prevenir ou corrigir a perda de desempenho decorrente da deterioração dos seus
componentes, ou de atualizações nas necessidades dos seus usuários.
Uma metodologia utilizada para realizar a inspeção predial é a metodologia criada no Programa
de Pós-Graduação em Estruturas e Construção Civil da Universidade de Brasília (PECC-UnB) com o
intuito de realizar a avaliação quantitativa do grau de deterioração de estruturas de concreto,
denominada metodologia de Grau de Deterioração do Elemento (GDE/UnB) (CASTRO, 1994).
O presente trabalho tem como objetivo analisar a condição estrutural de um edifício em
concreto armado, utilizando a Metodologia GDE/UnB (Grau de Deterioração do Elemento), de forma a
auxiliar no cadastramento das patologias desta edificação, assim como no acompanhamento de suas
evoluções. Além de ser uma importante ferramenta para o processo de reabilitação.
59

3.2 ESTUDO DE CASO

A partir da consolidação do fundamento teórico, realizou-se a inspeção predial no Prédio


Administrativo do Centro Federal de Educação Tecnológica de Minas Gerais - CEFET/MG - Campus
Curvelo, instituição que oferece o curso de Graduação em Engenharia Civil além dos cursos de nível
médio técnico em Edificações, Eletrotécnica e Meio Ambiente. A edificação em questão é utilizada
todos os dias para fins acadêmicos, tendo grande circulação de pessoas. Sendo assim, deve ser capaz
de atender às necessidades de seus usuários com segurança.
A construção do edifício foi finalizada no ano de 2011, e esse está localizado na Rua
Raymundo Mattoso, n° 900, bairro Santa Rita, no Município de Curvelo/MG, coordenadas geográficas
18° 44' 37.86" S e 44° 26' 46.72" O (Figura 3.1). Trata-se de uma edificação em concreto armado,
possibilitando a aplicação da Metodologia GDE/UnB, por meio de inspeções visuais.
Figura 3.2- Localização da edificação em estudo

(a) (b)
(a) Imagem de satélite. (b) Vista frontal.
Fonte: esquerda - Google Earth (2019) e direita - autores.

3.3 RESULTADOS E DISCUSSÕES

Para o cálculo de deterioração da estrutura, os elementos estruturais foram divididos nas


seguintes famílias: elementos de composição arquitetônica, juntas de dilatação e vigas secundárias,
uma vez que as demais famílias não apresentaram sinais de dano.
Durante a inspeção, foram identificadas as seguintes patologias: solapamento do solo e piso,
fissuras na base de alguns elementos em alvenaria, fissuras agravadas por fluidos, solapamento do solo
e piso com surgimento de vegetação, infiltrações em paredes, infiltração devido a falta de vedação
externa, descascamento da pintura, descolamento do piso e fissuras na alvenaria.
60

As figuras 3.2 a 3.11 apresentam as patologias detectadas.


Figura 3.3 – Solapamento do solo e piso.

Fonte: Autor

Figura 3.4 – Fissura agravada por umidade

Fonte: Autores.
Figura 3.5 – Fissura na base dos elementos em alvenaria.
61

Fonte: Autores. .

Figura 3.6 – Solapamento com Vegetação

Fonte: Autor

Fonte: Autores.

Fonte: Autores.
62

Figura 3.7 – Infiltração na parede.

Fonte: Autores

Figura 3.8 – Desplacamento do Revestimento.

Fonte: Autores.
Figura 3.9 – Fissura (ausência de base de assentamento).
63

Fonte: Autores.

Figura 3.10– Descascamento da Pintura

Fonte: Autores.
64

Figura 3.11- Fissura na Alvenaria

Fonte: Autores.

Figura 3.12- Fissura próximo as juntas de dilatação

Fonte: Autores
65

A partir dos fatores de intensidade (Fi) e fatores de ponderação (Fp) referentes a cada patologia
e fator de relevância (Fr) de cada elemento foi possível o cálculo do grau de dano (D), grau de
deterioração do elemento(Gde), grau de deterioração da família de elementos tipos (G df) e grau de
deterioração da estrutura(Gd). Os resultados são apresentados na Tabela 3.1.
Tabela 3.12- Cálculo do Grau de Deterioração da Estrutura (Gd).

Família Fr Elemento Patologia Fp Fi D Gde Gdf

Solapamento
Figura 3.3 3 2 4,8
solo
Fissura na base
Figura 3.5 3 2 4,8
do elemento
Fissura
Figura 3.4 agravada por 3 2 4,8
umidade
Solapamento
Figura 3.6 com surgimento 3 2 4,8
de vegetação
Elementos de
Infiltração na
composição 1 Figura 3.7 3 2 4,8 38,2 38,2
parede
arquitetônica
Fissura devido
à ausência de
Figura 3.8 3 3 24
base de
assentamento
Figura Descascamento
3 1 1,2
3.10 da pintura
Desplacamento
Figura 3.8 3 2 4,8
do revestimento
Figura Fissura na
2 2 4,8
3.11 alvenaria
Fissura
Juntas de Figura próximo às 1
3 3 3 12 -
dilatação 3.12 juntas de 2
dilatação
GRAU DE DETERIORAÇÃO DA ESTRUTURA (Gd) 38,2
Fonte: Autores

A partir dos valores obtidos, foi possível encontrar o grau de deterioração dos elementos de
composição arquitetônica (Gd) igual a 38,2, indicando que deve-se definir prazo/natureza para nova
inspeção em médio prazo (máx. 2 anos).
No caso das juntas de dilatação, tem-se o grau de deterioração desta família igual a 12, o que
apresenta nível de deterioração baixo, sendo classificado como aceitável. Para este caso é necessária a
realização de manutenção preventiva.
66

Com base nos valores encontrados, deve-se calcular o Grau de Deterioração da família (G df) e
Grau de Deterioração do da estrutura (G d) apenas a partir dos Elementos de Composição
Arquitetônica, visto que a outras famílias avaliadas foi obtido G df inferior a 15. As demais famílias do
edifício em questão não apresentaram sinais de danos. Sendo assim, tem-se o Grau de deterioração da
estrutura igual a 38,2. Para esse valor de deterioração da Estrutura tem-se que é preciso prazo/natureza
para nova inspeção. Em médio prazo (máx. 2 anos).

3.4 CONCLUSÕES

A partir deste trabalho, verifica-se que a Metodologia GDE/UnB identificou uma quantidade
considerável de danos na família de elementos de composição arquitetônica, sendo necessário realizar
uma intervenção em médio prazo. A eficiência da metodologia é evidenciada ao analisar os elementos
de forma isolada, possibilitando intervenções na família desejada. Esta é uma ferramenta que auxilia
no cadastramento das patologias, assim como no acompanhamento de suas evoluções, além de ser
importante para um processo futuro de reabilitação.
Além disso, é importante salientar que esta Metodologia não avalia a condição das instalações
elétricas e hidráulicas do edifício. Sendo assim, é importante sugerir que as mesmas sejam avaliadas
em trabalhados futuros, principalmente por se tratar de um edifício escolar frequentado diariamente
por estudantes, professores e colaboradores.

4 CONSIDERAÇÕES FINAIS
67

Com base no exposto nesse documento, podemos observar que a necessidade de


acompanhamento técnico de uma edificação não é uma demanda recente, diversas são as causas
responsáveis por comprometer o estado da estrutura. As formas de inspeção e de acompanhamento
estão sofrendo modificações com recorrência, com a finalidade de trazer maior segurança para os
usuários.
A Norma de Inspeção Predial Nacional do IBAPE (2012) foi muito utilizada para a realização
das inspeções, pois possibilita que profissional habilitado realizar uma análise completa da edificação.
A Metodologia GDE/UnB demonstrou ser de grande eficácia na avaliação da condição
estrutural do edifício, permitindo que intervenção seja realizada apenas na família do elemento
desejado. No caso do Edifício avaliado a família dos Elementos de Composição Arquitetônica
apresenta nível de deterioração médio, sendo necessário definir o prazo para a nova inspeção (máx. 2
anos), para acompanhar a estrutura. As demais famílias não apresentaram deterioração significativa.
Entretanto, é interessante que a Metodologia GDE/UnB seja utilizada associada à outra forma de
inspeção, para que outros parâmetros sejam avaliados e a estrutura seja verificada como um todo. Por
isso, seria interessante a associação da Metodologia GDE/UnB com Norma de Inspeção Predial
Nacional do IBAPE (20120 porém, sempre satisfazendo todos os requisitos prescritos na NBR 16747
(ABNT, 2020) uma vez que tal normativa se sobrepõe a qualquer outra norma anteriormente
implantada.

ANEXO A
Tabela A – Documentação ABNT 16 747
DOCUMENTOS TÉCNICOS E ADMNISTRATIVOS
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Manual de uso, operação e manutenção da edificação.


Manual técnico de uso operação e manutenção dos equipamentos instalados
Auto de conclusão(habite-se)
Alvará de Funcionamento
Auto de vistoria do corpo de bombeiros (AVCB)
Projetos legais aprovados (Exigidos pelo poder público, Segurança contra
incêndio, em concessionárias)
Projetos executivos
Regulamento/Regimento interno
Licenças Ambientais
Termos de ajustamento de conduta Ambiental
Outorga e licença do poço profundo de captação de água
Outorga de estação de tratamento de efluentes.
Cadastro das máquinas e equipamentos instalados na edificação;
Atestado de Brigada de Incêndio
Contrato de manutenção
Certificado de teste dos equipamentos de combate a incêndio
Livro de ocorrência de central de alarmes
Certificado de desratização e desinsetização
Plano de manutenção e operação e controle (PMOC), ambientes
climatizados.
Avaliação de rede de distribuição interna de gás.
Relatórios da realização de serviços de manutenção previstos no Manuel de
uso, operação e manutenção
Relatórios físicos químicos e bacteriológicos da de potabilidade de água e da
rede.
Relatórios de limpeza, desinfecção dos reservatórios de água.
Relatórios de limpeza e manutenção dos poços profundos.
Relatório de manutenção dos poços profundos
Relatório de manutenção da estação de tratamento de efluentes.
Tabela A – Documentação ABNT 16 747- Continuação

Relatório de manutenção e limpeza das caixas de inspeção e gordura.


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Relatório de manutenção da estação de tratamento de água


Relatório do acompanhamento da rotina de manutenção geral
Relatórios dos acompanhamentos das manutenções dos sistemas específicos,
como ar condicionado, motores, antenas, bombas, CFTV, equipamento
eletromecânicos e demais componentes.
Relatórios de Ensaios de água gelada e de condensação de sistemas de ar
condicionado central
Relatórios de ensaio de água de reuso (físico-químicos e bacteriológicos)
Relatório de ensaios de controle de efluentes tratados;
Relatório de testes de estanqueidade de rede de distribuição interna de gás
Relatórios de ensaios preditivos, como termografia, vibrações mecânicas e
etc.
Relatórios de manutenções de outros sistemas instalados;
Atestado do sistema de proteção de descarga atmosférica (SPDA)
Relatório da medição ôhmica do aterramento do SPDA
Fonte: 16747 (ABNT, 2020)

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