Você está na página 1de 31

UNIVERSIDADE REGIONAL INTEGRADA DO ALTO URUGUAI

E DAS MISSÕES – URI


PRÓ-REITORIA DE ENSINO, PESQUISA E PÓS-GRADUAÇÃO
CAMPUS DE FREDERICO WESTPHALEN
DEPARTAMENTO DE ENGENHARIAS E CIÊNCIA DA COMPUTAÇÃO
CURSO DE ENGENHARIA CIVIL

AVALIAÇÃO E ANÁLISE DE PATOLOGIAS CONSTRUTIVAS OBSERVADAS


NA A BIBLIOTECA CENTRAL DR. JOSÉ MARIANO DA ROCHA FILHO

FREDERICO WESTPHALEN-RS
2018
BRUNO CAVALHEIRO
FERNANDO PIAIA
FRANCIS CAMPAGNOLO
LUCAS WIRTI RATOVA

AVALIAÇÃO E ANÁLISE DE PATOLOGIAS CONSTRUTIVAS OBSERVADAS


NA A BIBLIOTECA CENTRAL DR. JOSÉ MARIANO DA ROCHA FILHO

Trabalho da disciplina de Patologia em


Construções, Curso de Engenharia Civil,
Departamento das Engenharias e Ciência da
Computação da Universidade Regional
Integrada do Alto Uruguai e das Missões –
Campus de Frederico Westphalen.

Professor: Fabio Dischkaln do Amaral

FREDERICO WESTPHALEN-RS
2018
IDENTIFICAÇÃO

Instituição de Ensino/Unidade
URI - Universidade Regional Integrada do Alto Uruguai e das Missões
Campus de Frederico Westphalen

Direção do Campus
Diretor Geral: Silvia Regina Canan
Diretora Acadêmica: Elisabete Cerutti
Diretor Administrativo: Clovis Quadro Hempel

Departamento/Curso
Departamento de Engenharias e Ciência da Computação - Chefe: Mauro Cesar
Marchetti
Curso de Engenharia Civil - Coordenador: Prof. Me. William Widmar Cadore

Disciplina
Patologia em Construções

Professor
Me. Fabio Dischkaln do Amaral

Orientandos
Bruno Cavalheiro

Fernando Piaia

Francis Campagnolo

Lucas Wirti Rattova


LISTA DE FIGURAS

Figura 1 – Biblioteca Central Dr. Mariano Rocha Filho.............................................................09


Figura 2 - Etapas do processo de construção..............................................................................12
Figura 3 - Localização da Biblioteca Central no Campus da URI-FW.......................................16
Figura 4 - Fluxograma de trabalho.............................................................................................16
Figura 5 - Recalque na entrada da edificação.............................................................................17
Figura 6 - Recalque na entrada da edificação.............................................................................18
Figura 7 - Fissura no encontro pilar-laje. Pavimento térreo.......................................................18
Figura 8 - Fissuras nos encontros pilar-laje e pilar-viga no 2º Pavimento..................................19
Figura 9 - Fissura causada por movimentação térmica...............................................................20
Figura 10 - Fissura causada por movimentação térmica.............................................................20
Figura 11 - Presença de bolor em muro de contenção................................................................21
Figura 12 - Presença de bolor na junção da fundação com a superestrutura...............................21
Figura 13 - Presença de bolor na junção da fundação com a superestrutura...............................22
Figura 14 - Bolores encontrados na região sul da edificação......................................................22
Figura 15 - Fissura nos cantos inferiores de janelas...................................................................23
Figura 16 – Fissura no canto superior de porta...........................................................................24
Figura 17 - Fissura horizontal em parede...................................................................................25
Figura 18 - Fissura na laje do 2º pavimento................................................................................25
LISTA DE QUADROS

Quadro 1 - infiltrações, manchas, bolor ou mofo, e florescência................................................11


SUMÁRIO
1. INTRODUÇÃO............................................................................................................. 7
1.1. Contexto da Pesquisa ....................................ERROR! BOOKMARK NOT DEFINED.
1.2. Justificativa ..................................................ERROR! BOOKMARK NOT DEFINED.
1.3. Objetivos .......................................................ERROR! BOOKMARK NOT DEFINED.
1.3.1. Objetivo Geral .............................................................. Error! Bookmark not defined.
1.3.2. Objetivos Específicos ................................................... Error! Bookmark not defined.
1.3.3. Resultados Esperados ................................ ERROR! BOOKMARK NOT DEFINED.
1.4 Data da Visita Técnica...............................ERROR! BOOKMARK NOT DEFINED.1
2. PATOLOGIAS NA CONSTRUÇÃO CIVIL ............... ERROR! BOOKMARK NOT
DEFINED.
2.1. Principais Tipos de Patologias Encontradas ................ ERROR! BOOKMARK NOT
DEFINED.
2.1.1. Infiltrações, manchas, bolor ou mofo e eflorescência .. ERROR! BOOKMARK NOT
DEFINED.
2.1.2. Fissuras e trincas ........................................ ERROR! BOOKMARK NOT DEFINED.
2.1.3. Corrosão da armadura ................................ ERROR! BOOKMARK NOT DEFINED.
2.1.4. Patologias ocasionadas por recalque ....... ERROR! BOOKMARK NOT DEFINED.5
3. ESTUDO DE CASO ................................................................................................... 15
3.1. Patologias encontradas na Edificação ....................................................................... 17
3.1.1. Recalque .................................................... ERROR! BOOKMARK NOT DEFINED.
3.1.2. Trincas por movimentação térmica ......... ERROR! BOOKMARK NOT DEFINED.9
3.1.3. Patologias causadas por umidade ................................................................................. 21
3.1.4. Trincas nos cantos e janelas .......................................................................................... 23
3.1.5. Fissuras nas paredes e lajes........................................................................................... 24
4. ALTERNATIVAS DE MEDIDAS CORRETIVAS ................................................ 26
4.1. Tratamento para Fissuras e Trincas ..........ERROR! BOOKMARK NOT DEFINED.
4.2. Tratamento para Patologias Causadas por Umidade . ERROR! BOOKMARK NOT
DEFINED.
4.3. Controle E Medidas Corretivas Para Recalques ......... ERROR! BOOKMARK NOT
DEFINED.
5. CONSIDERAÇÕES FINAIS ..................................................................................... 27
REFERÊNCIAS ....................................................ERROR! BOOKMARK NOT DEFINED.9
1 INTRODUÇÃO

Dentro da Engenharia Civil, o ramo da construção civil é popularmente descrito como


a principal atribuição do engenheiro, mesmo que está profissão compreenda inúmeras outras
qualificações. Isto se deve ao fato de que as edificações é um produto evidente no dia-a-dia,
chamando a atenção desde a etapa de construção até a obra concluída. Uma obra bem executada
se destaca pela sua beleza ou por sua ousadia, porém erros na fase de projeto, má execução ou
negligencia podem acarretar em uma edificação “doente”, e dependendo da gravidade, o
problema fica evidente ao ponto de manchar a reputação da edificação. Estas doenças são
conhecidas como patologias construtivas.

O termo patologia vem do grego pathos (doença) e logos (estudo) e sua aplicação não
se restringe apenas a engenharia, mas sim em qualquer área científica quando é necessário
elucidar fenômenos que possam causar danos a um organismo, objeto ou sistema. Para
compreender como ocorrem e quais os fatores que levam a deterioração de uma edificação, não
basta apenas analisar a situação sob uma visão macro, mas sim investigar a fundo o
comportamento das menores unidades que compõem a estrutura, ou seja, os materiais utilizados
em sua construção e como estes interagem com o ambiente externo.

Para evitar a ocorrência de patologias, as primeiras precauções são tomadas ainda na


fase de projeto, onde o projetista é responsável por propõe o uso de certo material de acordo
com as suas propriedades mecânicas e químicas, a fim de garantir que os elementos construtivos
possuam de fato as características a eles atribuídas, como resistência, deformação, dilatação
térmica e absorção de água (BERTOLINI, 2010). Outro fator determinante para o surgimento
de patologias é o mal dimensionamento das estruturas de concreto, uma vez que
subdimensionadas, as peças poderão apresentar fissuras por não suportar as cargas quando
submetidas a tração, e mais raramente, patologias decorrentes de esforços de compressão.
Mesmo que os materiais sejam escolhidos de maneira adequada e as estruturas
corretamente dimensionadas, os erros podem acontecer na fase de execução por diversos
motivos. O mal condicionamento dos materiais de construção, expondo-o a umidade ou agentes
contaminantes podem ocasionar patologias que poderão ser detectadas somente com o passar
dos anos, após a obra já estar finalizada. A má confecção de formas de lajes, vigas e pilares,
bem como a reutilização de painéis sem o devido controle de qualidade e sem o escoramento
adequado podem causar alteração na seção da estrutura, desaprumo, embarrigamento, entre
outros. Outro motivo é o erro frequente ocorre no momento da concretagem, principalmente de
pilares, quando o concreto usinado é lançado dentro da forma de uma altura elevada. Sem a
criação de janelas de inspeção, o lançamento do concreto a partir de uma altura superior a dois
metros pode ocasionar na segregação entre o agregado e a argamassa (NBR 14931, 2004).

Nenhum projeto está a salvo de erros, principalmente em relação ao fator humano, pois
este está mais sujeito as condições de trabalho, relacionamento profissional e até problemas
pessoais podem interferir no desempenho, seja do projetista ou executor. Isso significa que
nenhuma edificação está livre de apresentar patologias de diversas origens, porém não há
motivos para preocupações exageradas. O colapso de estruturas é raro de ocorrer, pois as
patologias surgem em estágios distintos e em graus de gravidades diferentes. Uma vez que a
patologia é identificada na edificação, é recomendado que as medidas corretivas, reparos ou
fortalecimento de elementos estruturais sejam adotadas o quanto antes, por questões de
segurança e economia. Conforme descreve a Lei de Sitter (ou Lei dos 5), a intervenção tardia
nos reparos de uma patologia se torna mais dispendiosa, ascendendo em projeção geométrica
de razão 5, se comparadas com os custos estimados na reparação da mesma patologia, ainda na
etapa inicial (HELENE, 1992 apud PEREIRA, 2011).

A importância de se compreender as causas e sintomas das patologias construtivas


torna-se tarefa fundamental para o engenheiro civil, uma vez que o emprego de materiais
apropriados, medidas preventivas e soluções imediatas são opções que, na medida do possível,
possam evitar procedimentos de reparos onerosos.

1.1 Contextualização da pesquisa

A Biblioteca Central Dr. Mariano Rocha Filho compõe a estrutura universitária da


Universidade Regional Integrada, no campus de Frederico Westphalen. A edificação está
localizada no centro do campus e possui a numeração 9, em relação as demais instalações.
Possui uma área de 1750 metros quadrados divididos em três pavimentos, nos quais abrigam
todo o seu acervo, além de contar com o Centro Integrado de Pesquisa e Extensão – CIPE - em
seu subsolo.
A biblioteca foi construída em 2006 com o objetivo de facilitar o acesso aos mais de
quatro mil estudantes da universidade, uma vez que a antiga biblioteca era localizada no
segundo pavimento do prédio oito, onde se localiza o salão de atos e demais departamentos.
Seu espaço era limitado, impossibilitando a expansão de seu acervo, exigência necessária para
a ampliação do quadro de graduações e melhorias de acordo com as recomendações do
Ministério da Educação e Cultura – MEC.
Por se tratar de uma edificação com mais de dez anos e apresentar uma carga acidental
elevada sobre as lajes, que por se tratar de uma biblioteca, possui vãos maiores que em
edificações convencionais, é esperado que o prédio apresente algum tipo de patologia
construtiva.

Figura 1: Biblioteca Central Dr. Mariano Rocha Filho. Fonte: www.fw.uri.br

1.2 Justificativa
Todo a forma de conhecimento é um processo construído ao longo de anos e constituído
por etapas, para que assim, possa ser transferido e aprimorado, servindo de legado e referência
para as futuras gerações. Mesmo que a análise patológica do objeto deste estudo seja mais
superficial, ou seja, sem o rigor avaliatório de uma comissão acadêmica, parte-se do pressuposto
de que toda atividade é no mínimo criteriosa, atendendo aos requisitos explanados em aula. O
produto final desta análise poderá servir, então, como referência para os estudos sobre as
manifestações patológicas ocorridas na Biblioteca Central do campus, que serão desenvolvidos
pelos alunos da disciplina de Patologias em Construções ao longo dos anos, assim como as
análises anteriores serviu de referência para a elaboração deste estudo.

1.3 Objetivos

1.3.1 Objetivos Gerais

O presente estudo busca desenvolver o conhecimento adquirido ao longo do semestre


na disciplina de Patologias das Construções, sob supervisão do docente Me. Fabio Dischkaln
do Amaral. Observar in situ a ocorrência de fenômenos estudados em aula proporciona uma
melhor compreensão e estimula o olhar crítico necessário para que os futuros engenheiros civis
possam identificar e classificar corretamente as manifestações patológicas presentes nas
edificações.

1.3.2 Objetivos Específicos

O estudo possui as finalidades de:


 Efetuar um levantamento em busca de patologias acometidas na edificação onde está
situada a biblioteca Central do campus;
 Identificar de acordo com a sua classificação as manifestações patológicas;
 Realizar um levantamento fotográfico para catalogar as manifestações patológicas;
 Efetuar pesquisa bibliográfica sobre o tema.
1.4 Resultados Esperados

A Biblioteca Central Dr. Mariano Rocha Filho, ao longo de mais de dez anos de
construção não passou por processos de restauração em sua estrutura. Por ser um edifício com
carga acidental de valor mínimo 6KN/m² (NBR6120,1980) e alto fluxo de visitantes diários,
espera-se encontrar patologias como trincas, fissuras e recalques na estrutura.

1.5 Data da Visita Técnica

As informações coletadas presentes nesta análise foram obtidas em uma visita técnica
ao local estudado na manhã de sábado, dia 07 de abril de 2018.

2 PATOLOGIAS NA CONSTRUÇÃO CIVIL

A patologia na construção civil é parecida com a Ciência Médica, já que estuda os


sintomas, formas de manifestação, origens e causas das doenças ou falhas que possam vir a
ocorrer nas edificações. (HELENE, 2002).
Segundo o mesmo autor, as patologias se manifestam apresentando algumas
características a partir das quais é possível conhecer sua origem, natureza e os mecanismos dos
acontecimentos envolvidos. Alguns problemas têm maior incidência, devido à falta de cuidado
com a estrutura, esses problemas podem vim a se manifestar desde a etapa de projeto, na
execução ou até mesmo a utilização. Os problemas que devemos ter um maior cuidado são as
patologias encontradas nas estruturas em concreto armado, devido ao risco de danos na
integridade da estrutura.
A analise correta dos problemas, é aquela que nos permite definir claramente a origem,
causas, consequências, qual será a intervenção mais adequada e qual o método de intervir.
O processo de construção pode ser dividido em até cinco etapas, sendo elas:
planejamento, projeto, fabricação de materiais e elementos fora da obra, execução e uso.
Conforme dados da figura 2, a fase de planejamento e projetos tem grande influência no
surgimento de patologias. Nesse sentido é recomendado dedicar mais tempo em fazer projetos
mais detalhados e completos. (HELENE, 2002).
Figura 2- Etapas do processo de construção

Fonte: Helene (1992).

Ainda sobre a figura 1, Souza e Ripper (1998) destacam que as causas que dão origem
ao problema patológico são várias, portanto, tem-se buscado determinar qual fase foi a
responsável, ao longo do tempo pela maior quantidade de erros. Sendo assim, os problemas
patológicos não estão relacionados apenas com um erro, mas está associado pelo surgimento
de uma sequência de falhas durante a execução e processos construtivos. Ou seja, devemos
definir qual é o processo responsável pela maior parte dos erros, para que possamos fazer as
correções a fim de evitar novos problemas.

2.1 Principais Tipos De Patológias Encontradas

2.1.1 Infiltrações, machas, bolor ou mofo, eflorescência

No Quadro 1, será apresentado as prováveis causas dos problemas patológicos


definidos como: infiltração, manchas, bolor ou mofo, eflorescência.
INFILTRAÇÕES, MANCHAS, BOLOR OU MOFO, ELORESCÊNCIA

Quadro 1 – infiltrações, manchas, bolor ou mofo, eflorescência.

Infiltração Fenômeno que ocorre quando a quantidade de água é maior que possa a
pingar, ou até mesmo fluir resultando numa infiltração
Manchas Á agua ao atravessar uma barreira fica aderente, resultando em uma
mancha.
Bolor ou É entendido como a colonização de diversos fungos filamentosos sobre
mofo diferentes tipos de substrato, inclusive as argamassas inorgânicas. Se define
como uma alteração observável macroscopicamente na superfície de
diferentes materiais, sendo uma consequência do desenvolvimento de
microrganismos pertencentes ao grupo dos fungos. O desenvolvimento
desses fungos nas fachadas causa alteração estética, formando manchas
escuras indesejáveis e de tonalidade preta, marrom e verde, ou
ocasionalmente, manchas claras esbranquiçadas ou amareladas.
Eflorescência Formações salinas nas superfícies das paredes, trazidas de seu interior pela
umidade. Ela se apresenta de aspecto esbranquiçado na superfície da
pintura ou reboco; Criptoflorescência: formação de cristais no interior da
parede ou da estrutura pela ação de sais. Causam rachaduras e até queda da
parede; Gelividade: Ação da agua depositada nos poros e canais capilares
dos materiais que ao se congelar podem causar a desagregação dos mesmos
devido ao seu aumento de volume.
Fonte: Adaptado de (MIOTTO, apud SHIRAKAWA, 2010).

2.1.2 Fissuras e trincas

A fissuração e trincas no caso de estruturas de concreto armado, é um dos principais


sintomas patológicos. Segundo Souza (1998), elas podem ser consideradas uma manifestação
característica das estruturas de concreto, sendo que o dano de ocorrência mais comum aquele
que, para as deformações mais acentuadas, mais chamam a atenção dos leigos, proprietários e
usuários, deixando a impressão que algo de anormal está ocorrendo. Elas podem surgir de
diversas causas, e é de extrema importância que antes de “fechar” uma fissura ou trica, se
conheça qual foi a origem do problema para que ela não volte a se manifestar novamente. Já
que a manifestação de fissura ou trica é consequência de um problema que está ocorrendo.
As fissuras são patologias que no processo de manifestação podem vir a afetar a estética,
durabilidade e características estruturais. A fissuração aumenta de acordo com a restrição ao
movimento dos materiais. Quanto maior a capacidade desse material de fazer essa
movimentação será aliviado as tensões e reduzido o surgimento de novas fissuras. (SAHADE,
2005). Segundo ele as fissuras podem se manifestar em três tipo:
 Geométricas ou isoladas;
 Mapeadas ou disseminadas;
 Ativas ou passivas.
As fissuras geométricas ou isoladas podem se manifestar em elementos de alvenaria ou
em juntas de assentamento. As fissuras mapeadas ou disseminadas têm abertura superficiais e
são formadas geralmente pela retração das argamassas.
As fissuras ativas apresentam variações sensíveis de abertura e fechamento, são
relacionadas a umidade sazonais e temperatura, essas fissuras apesar de estarem ativas, não
indicam problemas estruturais. Elas podem preocupar na medida que vai aumentando o sempre
a abertura, assim devem ser corrigidas com o tratamento das fissuras, chamadas assim de
fissuras progressivas. Já as fissuras passivas são consideradas estabilizadas por serem causadas
por manifestações estáveis, não apresentando variações ao longo do tempo. (SAHADE, 2005).
As trincas se manifestam através do rompimento do concreto, elas podem se
desenvolver parcialmente ou completamente ao longo de um elemento estrutural.

2.1.3 Corrosão da armadura

Helene (2002) define corrosão das armaduras de concreto como um fenômeno de


natureza eletroquímica que é impulsionado pelos agentes químicos externos ou internos do
concreto. No concreto armado o aço se encontra em uma região altamente alcalino no qual
estaria protegido do processo de corrosão pela presença da película protetora de caráter passivo.
A manifestação dos problemas ocasionados pela corrosão, são por meio de fissuração
no concreto paralelas a direção da armadura, delimitando ou desprendendo o recobrimento. Na
presença de umidade em componentes estruturais, a corrosão se manifesta em principio por
meio de machas de oxido nas superfícies de concreto. Ao produzir-se por meio da corrosão
oxido expansivo, com aumento de volume de aproximadamente oito a dez vezes do volume
originas, geram fortes tensões no concreto, que acontece o rompimento por tração, as fissuras
que surgem acompanham a linha das armaduras principais e, inclusive, dos estribos, se o
processo de corrosão for intenso. (FERNÁNDES CÁNOVAS, 1988).
A corrosão ocorre principalmente em peças de concreto aparente, pois a ação da
corrosão é originada pelas interações destrutivas do material com o ambiente através do
processo químico e eletroquímico, ocasionado pela oxidação da armadura e, consequentemente
pela ação da corrosão. (MELO, 2011).

2.1.4 Patologias ocasionadas por Recalques

Segundo Do Carmo (2003), os recalques do solo podem causar patologias no edifício,


conforme os recalques acontecem, pois será reduzida a resistência ao deslizamento, causando
movimentações da estrutura e gerando fissuras, esses acontecimentos podem ser em
decorrência de movimentos sísmicos, vibrações em construções vizinhas, retrações de argila,
raízes de arvores, alterações químicas do solo em questão, entre outras. O conhecimento do solo
que estará suportando a estrutura é de extrema importância para a redução dessas ações.
A sequência de erros na execução do elemento fundação, podem vim a se manifestar de
três tipos diferentes, os danos arquitetônicos, que prejudicam a estética da edificação, um
exemplo disso são as trincas nas paredes e acabamentos, apesar de não causar riscos a
estabilidade da estrutura, prejudicam na estética. Para casos que comprometam a estabilidade
da estrutura onde possa a levar ao colapso devemos processar o reforço imediatamente, esses
danos além de comprometer a estabilidade, afeta também a funcionalidade do edifício, vida útil,
desempenho. (DO CARMO, 2003).
Para conhecermos os processos de recalques em fundações, é essencial a determinação
do tipo de solo, principalmente se é argiloso ou arenoso, para a determinação de cargas da
ordem de 500 tf a 2.000 tf que irá variar em decorrência do modulo de deformação. Caso a
edificação for construída em solo moles ou fofos, os recalques são provenientes da diminuição
do volume do mesmo, afetado pela água que se desloca para partes do solo onde as pressões
são menores e os coeficientes de condutividade hidráulica também. (THOMAZ, 1989).

3. ESTUDO DE CASO
A edificação analisada é a Biblioteca (Prédio 9) da URI, localizada na Av. Assis Brasil,
709 - Bairro Itapagé - Frederico Westphalen-RS. A edificação situada entre o prédio 10 e o
estacionamento do salão de atos da URI, conforme figura abaixo.

Figura 3- Pontos de referência para localização da Biblioteca Central no Campus da URI-FW.

Fonte: Empresa JR – URI-FW (2016). Adaptado pelo autor.

O trabalho foi realizado em 4 etapas, em primeiro momento foram consultados trabalhos


anteriores realizados na edificação, em seguida, os acadêmicos visitaram a Biblioteca Central
objetivando a verificação e levantamento fotográfico das principais patologias existentes. Com
os dados obtidos in loco, as anomalias detectadas foram classificadas de acordo com sua origem
e posteriormente averiguadas as medidas corretivas que podem ser aplicadas no caso. O
fluxograma a seguir resume as atividades realizadas no decorrer do trabalho.
Figura 4 - Fluxograma de trabalho.

Fonte: O Autor.
3.1 Patologias Encontradas na Edificação

3.1.1 Recalque

Os solos levam são constituídos por partículas sólidas misturadas com água e material
orgânico. Com as cargas externas todos os solos, em maior ou menor proporção, se deformam.
Se as deformações forem diferenciadas ao longo do plano das fundações de uma obra, tensões
de grande intensidade serão introduzidas na estrutura da mesma, podendo gerar o aparecimento
de trincas (PAULA, 2012).

Figura 5 - Recalque na entrada da edificação


Fonte: O Autor.
Figura 6 - Recalque na entrada da edificação.

Fonte: O Autor.

Figura 7 - Fissura no encontro pilar-laje. Pavimento térreo

Fonte: O Autor
Figura 8 - Fissuras nos encontros pilar-laje e pilar-viga. 2º Pavimento.

Fonte: O Autor

3.1.2 Trincas por movimentação térmica

Ao longo de um período, devido a variação de temperatura os componentes


de uma construção sofrem movimentação de dilatação ou contração. Essas
variações produzem variação dimensional nos materiais de construção (dilatação
ou contração), tais movimentos são restringidos pelos vínculos que envolvem os
elementos e componentes, desenvolvendo -se nos materiais, por este motivo, as
tensões geradas poderão provocar o surgimento de fissuras (PAULA, 2012).
Figura 9 - Fissura causada por movimentação térmica.

Fonte: O Autor

Figura 10 - Fissura causada por movimentação térmica

Fonte: O Autor
3.1.3 Patologias causadas por umidade

De acordo com Souza (2008), a umidade não é apenas uma causa de patologias,
ela age também como um meio necessário para que grande parte das patologias em
construções ocorra. Ela é fator essencial para o aparecimento de eflorescências, ferrugens,
mofo, bolores, perda de pinturas, de rebocos e até a causa de acidentes estruturais.

Figura 11 - Presença de bolor em muro de contenção.

Fonte: O Autor

Figura 12 - Presença de bolor na junção da fundação com a superestrutura.

Fonte: O Autor
Figura 13 - Presença de bolor na junção da fundação com a superestrutura.

Fonte: O Autor

Figura 14 - Bolores encontrados na região sul da edificação.

Fonte: O Autor
3.1.4 Trincas nos cantos de portas e janelas

Quando há presença de aberturas de portas e janelas na alvenaria, em seus cantos


ocorre acentuada concentração de tensões. Valle (2008) afirma que no caso de cargas
verticais uniformemente distribuídas, por exemplo, tensões unitárias aplicadas no topo da
parede chegam a triplicar-se ou mesmo quadruplicar-se nas proximidades dos cantos
superiores da abertura, podendo duplicar-se na região dos cantos inferiores.

Figura 15 - Fissura nos cantos inferiores de janelas.

Fonte: O Autor
Figura 16 - Fissura no canto superior de porta.

Fonte: O Autor.

3.1.5 Fissuras nas paredes e lajes

As juntas de argamassa atuam como planos de fraqueza e, dependendo da


orientação da resultante das cargas aplicadas e da orientação das juntas em relação a esta
resultante, as fissuras podem configurar-se em linha predominantemente reta, por ruptura
dos elementos constituintes da alvenaria, ou em linha quebrada, acompanhando a
interface entre a junta de argamassa e o componente (tijolo ou bloco). Portanto, o modo
de ruptura é governado pela coesão entre argamassa e o componente, e pelas propriedades
do componente sob tração (MAGALHÃES, 2004).

Peças esbeltas e longas, como vigas contínuas de vários tramos ou em grandes


panos de lajes, são as que mais sofrem com a variação de temperatura, principalmente
quando existem vínculos que impedem uma livre movimentação da peça de concreto
(GONÇALVES, 2015).

Figura 17 - Fissura horizontal em parede

Fonte: O Autor.

Figura 16 - Fissura na laje do 2º pavimento

Fonte: O Autor.
4. ALTERNATIVA DE MEDIDAS CORRETIVAS

Existem várias soluções que podem ser empregadas para corrigir manifestações
patológicas apresentadas por uma edificação, mas para a escolha da intervenção a ser
realizada devem ser considerados vários fatores. Segundo Helene (2003) deve-se existir
um estudo da aplicação e dos materiais a serem utilizados, para verificar se a medida de
correção é viável. Outro fator preponderante que deve ser levado em conta antes de
medidas corretivas serem tomadas é adquirir conhecimento se as patologias a serem
corrigidas estão ativas ou inativas. Sabe-se também que quanto mais cedo forem aplicadas
as medidas corretivas mais baratas elas são, sendo que com o passar do tempo vão
aumentando o seu valor.

4.1 Tratamento Para Fissuras e Trincas

De acordo com Oliveira (2012), devido a movimentação térmica e a deterioração


dos materiais que compõem a estrutura das paredes, com o passar do tempo as edificações
passam a apresentar fissuras e trincas. Para achar a forma ideal de tratar esse tipo de
patologia é fundamental saber classificar suas diferenças, essa classificação pode ser feita
em relação ao tamanho que a fissura ou trinca apresenta.

Segundo Zuchetti (2015), pode ser usada como alternativa de medida corretiva
para fissuras e trincas originadas a partir de movimentação térmica à renovação completa
do revestimento da parede. Também pode ser realizado o preenchimento das fissuras e
trincas com materiais de formulação acrílica elástica e em seguida efetuar a renovação da
pintura.

4.2 Tratamento Para Patologias Causadas Por Umidade

Os danos causados por umidade podem ser gerados por diversos fatores, que vão
desde problemas na fase de projeto, no processo de execução das edificações e até a ação
da natureza, principalmente da água da chuva (HELENE, 2003).
Para Zuchetti (2015) em superfícies que apresentam presença de bolores causados
pela umidade recomenda-se que seja realizada a limpeza da superfície com a utilização
de escova e produtos à base de cloro e após isso sejam eliminadas as infiltrações
causadoras de umidade. A pintura também pode ser renovada.

4.3 Controle E Medidas Corretivas Para Recalques

Quando existem dúvidas referentes ao comportamento de uma fundação, já


consolidada, é necessário acompanhar suas movimentações. Esse procedimento de
controle de recalque consiste na medida de forma regular, através de um marco de
referência, da evolução dos recalques com o passar do tempo. Nesse processo, a
velocidade de ocorrência é tão importante quanto o valor absoluto dos recalques
(MILITITSKY; CONSOLI; SCHNAID, 2015).

Segundo Milititsky, Consoli e Schnaid (2015) quando uma edificação apresenta


recalques da fundação é necessário a incorporação de reforços estruturais, um método
alternativo que pode ser utilizado para esse tipo de patologia são as micro estacas
helicoidais, a mesma faz com que a cedência da edificação seja parada. Com isso as
trincas serão contidas e cessarão seu aumento, podendo ser reparadas com soluções de
preenchimento e pintura.

5. CONSIDERAÇÕES FINAIS

Após os estudos sobre patologias da construção civil, obteve-se conhecimento que


as mesmas podem ter seu surgimento relacionado a falhas tanto no projeto quanto nos
processos construtivos, utilização e manutenção da edificação. Com isso pode-se concluir
que ter controle e considerar a qualidade dos materiais utilizados, bem como a execução
correta dos serviços, leva a um bom resultado final. Após o fim da etapa construtiva, com
a utilização dos usuários, é necessária frequente manutenção para aumentar a vida útil e
durabilidade de uma edificação.
Na edificação que foi objeto desse estudo, foram encontradas diversas
manifestações patológicas, sendo preponderante as fissuras, trincas e machas. Concluiu-
se que as fissuras na parte externa têm como principal causa a movimentação térmica, já
as trincas no interior da edificação originaram-se devido aos recalques que a fundação
vem sofrendo com o tempo. As manchas e bolores identificados na parte externa da
edificação são causadas pela umidade, mas também são influenciadas pela falta de
manutenção e higiene do prédio.

Devido a edificação receber elevado fluxo de usuários diariamente, é essencial


que sejam executadas medidas corretivas de reparo, a fim de manter suas condições de
uso e aumentar sua vida útil. Além disso, é indispensável que seja realizada a manutenção
periódica do edifício para evitar surgimento de manifestações patológicas futuras.
REFERÊNCIAS

ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS. NBR 14931: Execução de


estruturas de concreto - Procedimento. 2 ed. Rio de Janeiro: Abnt, 2004. 53 p

BERTOLINI, Lucas. Materiais de construção: patologia, reabilitação,


prevenção. São Paulo: Oficina de Textos, 2010. 414 p.

DO CARMO, Paulo Obregon. Patologia das construções. Santa Maria, Programa de


atualização profissional – CREA – RS, 2003.

FERNÁNDES CÁNOVAS, M. Patologia e terapia do concreto armado. Tradução


de M. Celeste Marcondes, Carlos Wagner Fernandes dos Santos, Beatriz
Cannabrava. São Paulo: Pini, 1988.

HELENE, Paulo R. L. Manual para Reparo, reforço e Proteção de Estruturas de


Concreto. 2ª ed. São Paulo: Pini, 1992. 213 p.

GONÇALVES, E. A. B. Estudo de patologias e suas causas nas estruturas de concreto


armado de obras de edificações. [S.l.]: UFRJ, 2015

MAGALHÃES, E. F. De. Fissuras em alvenarias: configurações típicas e


levantamento de incidências no estado do rio grande do sul. [S.l.]: UFRGS, 2004.

MELO, A. C. A. Estudo das manifestações patológicas nas marquises de concreto


armado do Recife. 2011. 216 f. Dissertação (Mestrado) – Universidade de Pernambuco.
Recife, 2011. Disponível em: <.
http://taurus.unicamp.br/bitstream/REPOSIP/322039/1/Oliveira_MariaEmiliadaSilva_
M.pdf>. Acesso em: 15 abr. 2018.

MILITITSKY, Jarbas; CONSOLI, Nilo Cesar; SCHNAID, Fernando. Patologia das


fundações. 2. ed. São Paulo: Oficina de Textos, 2015. 256 p

MIOTTO, Daniela. Estudo de caso de patologias observadas em edificação escolar


estadual no município de Pato Branco-PR. 2010.

OLIVEIRA, Daniel F. Levantamento De Causas De Patologias Na Construção Civil.


Projeto de Graduação apresentado ao curso de Engenharia Civil. UFRJ, Rio de Janeiro,
2013.

PAULA, A. De. Fissuras , trincas e rachaduras causadas por recalque diferencial


de fundações . [S.l.]: UFMG, 2012.
PEREIRA, Priscila Souza. Programa De Manutenção De Edifícios Para As Unidades
De Atenção Primária À Saúde Da Cidade De Juiz De Fora. 2011. 109 f. Dissertação
(Mestrado) - Curso de Engenharia Civil, Universidade Federal de Juiz de Fora, Juiz de
Fora, 2011. Disponível em:
<.http://www.ufjf.br/ambienteconstruido/files/2009/09/Dissertação-Priscila-Souza-
Pereira1.pdf>. Acesso em: 21 abr. 2018.

SAHADE, F. R. Avaliação de Sistemas de Recuperação de Fissuras em Alvenaria de


Vedação: Instituto de Pesquisas Tecnológicas do Estado de São Paulo/SP, 2005.

SOUZA, M. F. De. Patologias ocasionadas pela umidade nas edificações. [S.l.]:


UFMG, 2008.

SOUZA, Vicente Custódio Moreira; RIPPER, Thomaz. Patologia, Recuperação e


Reforço de Estruturas de Concreto. 1º Edição. Editora Pini. São Paulo, 1998. 256 p.

THOMAZ, Ercio. Trincas em edifício: Causas, prevenção e recuperação. 1ª ed. São


Paulo, Pini, 1989.

VALLE, J. B. D. S. Patologia das alvenarias causa / diagnóstico / previsibilidade.


[S.l.]: UFMG, 2008. Disponível em:
<http://pos.demc.ufmg.br/novocecc/trabalhos/pg1/Patologia das alvenarias.pdf>.

ZUCHETTI, Pedro Augusto B. Patologias Da Construção Civil: Investigação


Patológica Em Edifício Corporativo De Administração Pública No Vale Do
Taquari/Rs. Trabalho de Conclusão de Curso de Engenharia Civil. UNIVATES,
Lajeado, 2015.

Você também pode gostar