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UNIVERSIDADE FEDERAL DO PIAUÍ - UFPI

CENTRO DE TECNOLOGIA – CT
CURSO DE ARQUITETURA E URBANISMO

ALÉXYA VANESSA ALVES DE CERQUEIRA FREITAS

PROPOSTA DE CENTRO DE APOIO PARA PESSOAS COM AUTISMO

Teresina
2019
ALÉXYA VANESSA ALVES DE CERQUEIRA FREITAS

PROPOSTA DE CENTRO DE APOIO PARA PESSOAS COM


AUTISMO

Monografia apresentado à Universidade Federal de


Piauí – UFPI, como requisito parcial para o
desenvolvimento da disciplina Trabalho Final de
Graduação 2 (TFG 2), do curso de Arquitetura e
Urbanismo.
Orientador(a): Prof.ª Dra. Nícia Bezerra Formiga
Leite

Teresina
2019
Sumário
1. TEMA ................................................................................................................... 7

2. INTRODUÇÃO ..................................................................................................... 8

3. JUSTIFICATIVA ................................................................................................. 10

4. METODOLOGIA................................................................................................. 12

5. REFERÊNCIAL TEORICO ................................................................................. 13

5.1. Definição- Transtorno do Espectro Autista (TEA) ......................................... 13

5.2. Aspectos sensoriais e comportamento ......................................................... 15

5.3. Tratamentos ................................................................................................. 16

5.4. Legislação e o transtorno do espectro autista (TEA).................................... 19

5.5. Evolução histórica dos locais de atendimento a autistas ............................. 20

5.5.1. Escala mundial ...................................................................................... 20

5.5.2. Escala Nacional ..................................................................................... 27

5.5.3. Escala regional ...................................................................................... 32

5.6. Arquitetura e ambiente construído ............................................................... 35

6. ESTUDO DE CASOS ......................................................................................... 41

6.1. Center for Autism and the Devoloping Brain ................................................ 41

6.2. Lumen et Fides............................................................................................. 54

6.3. Associação amiga dos autistas (AMA) ......................................................... 73

7. TERRENO PROPOSTO .................................................................................... 99

8. PROGRAMA DE NECESSIDADES/ DIMENSIONAMENTO ............................ 109

9. MEMORIAL JUSTIFICATIVO ........................................................................... 112

9.1. Conceito/ partido ........................................................................................ 112

9.2. Critérios projetuais ..................................................................................... 113

9.3. Planta baixa................................................................................................ 115

10. CONCLUSÃO ................................................................................................ 118

11. REFERÊNCIAS ............................................................................................. 119


LISTA DE FIGURAS
Figura 1:Escola Experimental de Bonnueil-sur-Marne .............................................. 22
Figura 2:Le Courtil, Bélgica ....................................................................................... 24
Figura 3:Classificação do autismo ao longo da sua história ...................................... 25
Figura 4:St. Coletta School ........................................................................................ 26
Figura 5:Fachada Norte da St. Coletta School .......................................................... 27
Figura 6:AMA-Unidade Lavapés ............................................................................... 29
Figura 7:Sede AMA Florianópolis .............................................................................. 30
Figura 8:Sede AMA Joinville ..................................................................................... 31
Figura 9:Área livre para recreação ............................................................................ 32
Figura 10: Associação de amigos dos autistas/PI ..................................................... 33
Figura 11: CEIR......................................................................................................... 34
Figura 12: Espaços para exploração ......................................................................... 39
Figura 13:Janelas altas ............................................................................................. 40
Figura 14: Autism and the Devolopin Brain ............................................................... 41
Figura 15: Center for Autism and the Devoloping Brain antes da reforma ................ 42
Figura 16: Implantação Center for Autism and Devoloping Brain em relação ao Hospital
New York Presbuterian.............................................................................................. 43
Figura 17: Hospital New York Presbuterian............................................................... 44
Figura 18: Principais vias de acesso ......................................................................... 45
Figura 19: Acessos ao Center for Autism and the Devoloing Brain ........................... 45
Figura 20: Volumetria externa do edificio .................................................................. 46
Figura 21: Fachada ................................................................................................... 46
Figura 22: Espaços internos ...................................................................................... 47
Figura 23: Cores espaços internos ............................................................................ 47
Figura 24: Planta Baixa ............................................................................................. 48
Figura 25: Setorização .............................................................................................. 49
Figura 26: Circulação Interna .................................................................................... 50
Figura 27: Sala de observação dos pacientes........................................................... 51
Figura 28: Iluminação natural .................................................................................... 52
Figura 29: Iluminação artificial ................................................................................... 53
Figura 30: Treliças refinadas através de pinturas ...................................................... 54
Figura 31: Instituição Lumen et Fides ....................................................................... 55
Figura 32: Localização da Lumen et Fides ................................................................ 57
Figura 33: Acessos ao edifício .................................................................................. 58
Figura 34: Blocos constituintes da instituição ............................................................ 59
Figura 35: Setorização .............................................................................................. 60
Figura 36: Recepção ................................................................................................. 61
Figura 37: Secretaria ................................................................................................. 62
Figura 38: Sala de reuniões ...................................................................................... 62
Figura 39: Sala depediasuit ....................................................................................... 63
Figura 40: Sala de exercícios físicos com pé direito duplo ........................................ 63
Figura 41: Área de atividades motoras ...................................................................... 64
Figura 42: Sala de fonoaudiologia ............................................................................. 65
Figura 43: Sala de Terapia comportamental ............................................................. 65
Figura 44: Sala multissensorial ................................................................................. 66
Figura 45: Sala multissensorial com espaço para vídeos.......................................... 66
Figura 46: Setor de apoio familiar ............................................................................. 67
Figura 47: Setor de cavalos....................................................................................... 67
Figura 48: Sala de desenvolvimento de atividades ................................................... 68
Figura 49: Sala de atividades com cores fortes ......................................................... 69
Figura 50: Espaço para realização de atividades ...................................................... 69
Figura 51: Refeitório .................................................................................................. 70
Figura 52: Casa dos autistas ..................................................................................... 70
Figura 53: Circulação interna .................................................................................... 71
Figura 54: Esquadrias ............................................................................................... 72
Figura 55: Associação amiga dos autistas ................................................................ 73
Figura 56: Rua josé Clemente Pereira ...................................................................... 74
Figura 57: Blocos da instituição................................................................................. 75
Figura 58: Setorização .............................................................................................. 77
Figura 59: Tipologia da construção ........................................................................... 78
Figura 60: Circulação horizontal e vertical................................................................. 79
Figura 61: Circulação ................................................................................................ 80
Figura 62: Refeitório .................................................................................................. 81
Figura 63: Cozinha .................................................................................................... 81
Figura 64: Sala de fisioterapia ................................................................................... 82
Figura 65: Sala de Psicologia .................................................................................... 83
Figura 66: Mesa para o assistido em sala de Psicologia ........................................... 83
Figura 67: Sala de atividade artística ........................................................................ 84
Figura 68: Sala administrativa ................................................................................... 85
Figura 69: Sala administrativa ................................................................................... 85
Figura 70: Área de serviço ........................................................................................ 86
Figura 71: Piscina desativada ................................................................................... 86
Figura 72: Pátio coberto ............................................................................................ 87
Figura 73: Área para Quadra coberta ........................................................................ 88
Figura 74: Sanitários ................................................................................................. 88
Figura 75: Sanitários ................................................................................................. 89
Figura 76: Vegetação existente ................................................................................. 90
Figura 77: Horta ........................................................................................................ 91
Figura 78: Sistema de reaproveitamento da água da chuva ..................................... 91
Figura 79: Estrutura da edificação ............................................................................. 92
Figura 80: Telhado .................................................................................................... 93
Figura 81: Esquadrias em ferro ................................................................................. 94
Figura 82: Esquadrias em madeira ........................................................................... 94
Figura 83: Esquadrias gradiadas............................................................................... 95
Figura 84: Portas de Ferro WC-Piscina ..................................................................... 95
Figura 85: Porta de Ferro edifício com gradiado ....................................................... 96
Figura 86: Porta interna de Ferro .............................................................................. 96
Figura 87: Forro PVC ................................................................................................ 97
Figura 88: Cores padrões da Instituição .................................................................... 98
Figura 89: Raios de influências de locais de tratamento ao autista e terreno proposto
................................................................................................................................ 100
Figura 90: Localização do Bairro Comprida ............................................................ 101
Figura 91: Avenida São Francisco .......................................................................... 102
Figura 92: Dimensões do terreno ............................................................................ 103
Figura 93: Vegetação existente ............................................................................... 104
Figura 94: Estudo do entorno .................................................................................. 105
Figura 95: Paradas de Ônibus................................................................................. 106
Figura 96: Topografia .............................................................................................. 107
Figura 97: Insolação e Ventilação ........................................................................... 108
Figura 98: Formas curvas........................................................................................ 112
Figura 99: Jardim sensorial ..................................................................................... 113
Figura 100: Tratamento estético.............................................................................. 115
Figura 101: Partido .................................................................................................. 116
Figura 102: Distribuição Linear................................................................................ 116
Figura 103: Organização dos ambientes ................................................................. 117
7

1. TEMA

Arquitetura institucional.
8

2. INTRODUÇÃO

Desde o início das primeiras construções humanas as comunidades parecem


criar suas edificações de acordo com os padrões dos indivíduos ditos normais,
excluindo ou negligenciando aqueles que não se enquadram na norma. Atualmente é
percebido uma necessidade de atenção aos indivíduos que de alguma forma se
encontram a margem da normalidade e apresentam necessidades especiais.

De acordo com o DSM-V (2014), o Transtorno do espectro autista faz parte


dos transtornos globais do desenvolvimento, onde os indivíduos acometidos pelo
mesmo apresentam dificuldades na comunicação, socialização e comportamentos
repetitivos. Sua manifestação ocorre de maneira única variando de indivíduo para
indivíduo apresentando diversas especificações que caracterizam a presença do
transtorno.

Conforme a gravidade do quadro, torna-se necessário a efetivação de um


tratamento para os indivíduos autistas, que contribua para seu desenvolvimento
pessoal e social; e, que conte com estrutura e métodos de intervenções que facilite e
contribua para o seu progresso.

Como é colocado por LAUREANO (2017) o ambiente vivido pelo ser humano
possui grandes influências no acontecimento de suas sensações e percepções, o que
afeta diretamente em seu comportamento. Consequentemente, é incontestável a
necessidade de um estudo referente a esta influência que possibilite um melhor
aproveitamento da mesma em relação ao desenvolvimento da pessoa com TEA.

Este trabalho tem como intenção a criação de uma proposta de um local


desenvolvido a partir da relação meio e indivíduo, levando em consideração as
influências que o espaço arquitetônico pode prover, sendo positivas ou negativas, no
progresso do indivíduo com TEA, para assim gerar um espaço que contribua para o
desenvolvimento e inserção social desse grupo de pessoas.

Além disso, a proposta desta pesquisa também objetiva a conscientização dos


projetistas visando incentivar a participação da arquitetura na compreensão da
importância de seu papel em uma questão quem vem se tornando cada vez mais
presente na sociedade que é o TEA; e, por meio de um projeto voltado para as
9

necessidades dos autistas, a arquitetura busca cumprir sua função social ao criar um
espaço que permita a inclusão de todos os indivíduos.
10

3. JUSTIFICATIVA

O autismo foi utilizado como tema base, por se tratar de um espectro de


pessoas que possuem o funcionamento do cérebro de maneira singular e com uma
percepção de espaço particular (DSM-V, 2014). Acredita-se que esse grupo de
pessoas possa se beneficiar com um tratamento em local adequado e construído de
acordo com suas reais necessidades e singularidades.

O Meio acadêmico admite que não existe uma cura para o TEA, porém com
tratamento e apoio necessário, seus portadores podem apresentar significativas
melhorias. Em seus estudos Garcia, Tuchman e Rotta (2014) elucidam a importância
dos programas de tratamento e intervenção, que ao se realizarem de maneira precoce
podem melhorar de maneira significativa as chances de inclusão social do indivíduo
com TEA (BRASIL, 2014).

Na cidade de Teresina-PI, não há uma estatística que apresente dados


referentes a quantidade de pessoas com o transtorno, contudo estudos elaborados
pela CDC (2019) indicam que 1 a cada 50 pessoas no mundo são afetadas pelo
mesmo, logo, o TEA passa assim a ser uma epidemia infantil com mais ocorrências
que a AIDS e o câncer.

Ao comparar as informações provenientes do CDC (2019) com os dados


fornecidos pelo IBGE, onde a população estimada de Teresina é de 861.442 pessoas,
podemos concluir que cerca de 14.600 pessoas possivelmente se enquadram no
transtorno. É importante destacar que no Piauí só é possível conseguir tratamento
especializado na capital, logo as demais cidades também buscam os serviços
prestados em Teresina.

À medida que se torna evidente o crescente número de pessoas


diagnosticadas com essa síndrome, percebe-se a necessidade de um ambiente
qualificado voltado para o atendimento de pessoas com TEA. Laureano (2017)
destaca as características especificas de comportamento e percepção espacial, e
como elas se relacionam com o meio construído interferindo diretamente em seu
desenvolvimento durante as terapias.

Na cidade de Teresina é possível encontrar apoio ao TEA nas seguintes


instituições: AMA(Associação de Amigos dos Autistas do Piauí), Associação
11

Pestalozzi “Casa Odylo Costa Filho; CAPS Infanto Juvenil; CHAC- Centro de
habilitação Ana Cordeiro; CIES-Centro Integrado de Educação Especial; Federação
das APAEs do Piauí; Instituto Panda- Núcleo de Apoio à pessoa com Deficiência/
Paralisia Cerebral; SEID – Secretaria Estadual para Inclusão das Pessoas com
Deficiência; além de instituições privadas onde o atendimento costuma apresentar
valores elevados. A Associação amiga dos autistas se encontra atualmente com uma
fila de espera de 300 pessoas e as demais instituições existentes não possuem vagas
satisfatórias para o atendimento (AMA, 2019).

Correia (2011) explana:

As crianças com autismo são diferentes, mas devem partilhar, tal como as
crianças sem problemas de desenvolvimento, as mesmas oportunidades, ao
invés de verem gorado o seu futuro (CORREIA, 2011, p. 126).

Para Santos e Sousa (2005) as abordagens de intervenção nos indivíduos


com TEA tem o objetivo de melhorar suas capacidades individuais e desenvolver a
adaptação dos mesmos ao ambiente. O autor fundamenta a importância da
intervenção:

Apesar da dificuldade de avaliação dos benefícios individuais de cada tipo de


tratamento, os resultados finais têm sido bastante satisfatórios. Contudo,
esses indivíduos devem ser periodicamente reavaliados para possíveis
adaptações na direção do tratamento ao longo do tempo, conforme a
necessidade de cada um (SANTOS; SOUSA, 2005, p. 43)

Dessa forma a criação de um espaço para intervenção e suporte de pessoas


com TEA e seus familiares se faz necessária devido a existência de comprovada
carência. O centro de apoio surge para atender uma demanda da sociedade
teresinense de um espaço que propicie melhores condições no suporte ao
acolhimento da população dentro do espectro autista.

A proposta arquitetônica que faz presente neste projeto objetivará a criação


de um local terapêutico voltado para as necessidades do usuário em questão,
abrangendo um público de todas as idades e funcionando como apoio ao ensino
regular para as crianças, dessa maneira servindo como suporte para o
desenvolvimento do autista a partir da interação meio e indivíduo.
12

4. METODOLOGIA

O presente trabalho será realizado em duas etapas, sendo estas nas


disciplinas de TFG I no semestre 2019.1 e TFG II no semestre 2019.2. Na primeira
etapa será desenvolvido o projeto de pesquisa no qual realizará uma explanação
sobre o tema objeto de estudo que contarão com o desenvolvimento de uma
justificativa, uma abordagem sobre conceitos gerais relacionados ao tema , análise
dos estudos de casos, escolha e levantamento de um terreno e propostas que podem
ser aplicadas no projeto. Na segunda etapa será efetivada a proposta de projeto
arquitetônico com base nos conhecimentos adquiridos na etapa anterior.

O desenvolvimento da primeira etapa envolverá os seguintes processos:

• Realização de pesquisas bibliográficas em livros, periódicos,


publicações eletrônicas, artigos, teses, monografias e internet para que fossem
obtidas informações para base teórica acerca do tema do trabalho;
• Levantamento de dados atuais referentes ao tema nos órgãos
competentes para um esclarecimento da situação atual do problema abordado;
• Levantamento de dados de instituições de apoio ao TEA na cidade de
Teresina, analisando a demanda por instituições de tratamento para o autismo;
• Estudo arquitetônico de instituições voltadas para o atendimento de
pessoas portadoras do TEA, em nível local, nacional e internacional;
• Escolha e estudo aprofundado do terreno, levando em conta suas
potencialidades, e a análise de seus aspectos topográficos, insolação, ventilação,
acessos, potencial construtivo e estudo da legislação;

O desenvolvimento da segunda etapa consistirá em:

• Elaboração do conceito e do partido levando em conta os conhecimentos


obtidos sobre o tema;
• Elaboração do programa de necessidades conforme as necessidades
estudadas;
• Desenvolvimento das etapas do projeto;
• Elaboração do projeto arquitetônico de um centro de desenvolvimento
autista, apresentado em nível de anteprojeto contendo plantas baixas, cortes,
fachadas, estudo volumétrico, memoriais justificativo e descritivo.
13

5. REFERÊNCIAL TEORICO

5.1. Definição- Transtorno do Espectro Autista (TEA)

O significado da palavra autismo, tem origem em “autos”, que em outras


palavras significa próprio e enquanto “ismo” significa um estado de ser, trata-se de
uma pessoa voltada para si própria. Diante de tal avaliação, podemos concluir que o
autismo pode ser descrito como uma condição onde o indivíduo encontra recluso em
si próprio (OLIVEIRA et al., 2017).

O novo DSM-V (2014) faz uma atualização no que anteriormente era


conhecido como síndrome autista. Agora o autismo passa a ser referenciado como
Transtorno do espectro autista e consideram-se patologias integrantes desta
síndrome os seguintes diagnósticos: autismo de Kanner, autismo infantil, autismo de
alto funcionamento, autismo atípico, síndrome de Asperger, e transtornos globais não
específicos do desenvolvimento.

O diagnóstico para o TEA é apenas clínico e só é realizado a partir de


observações da criança e/ou entrevistas com os responsáveis. Também podem ser
usados como instrumentos o uso de triagens aplicados por profissionais e analisados
por uma multiplicidade de profissionais para maior abrangência possível (OLIVEIRA
et al., 2017).

Os sistemas utilizados no mundo para a classificação do autismo são o Código


Internacional das Doenças e Problemas Relacionados à Saúde (CID-10) e o Código
Internacional de Funcionalidades. Neles, são apontados como indicadores da
presença do TEA, a presença de comportamentos considerados atípicos, repetitivos
e estereotipados. Porém é importante enfatizar que pessoas com TEA não
necessariamente apresentam todos os sintomas (BRASIL, 2014).

Com base na avaliação médica e na observação Stelzer (2010) descreve:

De todas as doenças já descritas, poucas causaram (e ainda causam) tanta


confusão quanto o autismo. Talvez contribua para isto o fato de que não há
exames capazes de determinar o diagnóstico de autismo, estabelecido
somente do comportamento (STELZER, 2010, p.5).

O autismo é definido com um espectro e isso se justifica pela imensa


variabilidade de características clinicas que podem ser observadas. Para Mello et al
(2013) é incorreto a ideia que uma pessoa com TEA se comporta desse ou daquele
14

jeito, para a autora cada indivíduo se comporta de maneira única apesar de se


encontrarem no mesmo espectro.

O TEA pode ser dividido em três grupos, ondes estes compreendem o nível
de comprometimento dos indivíduos de acordo com os níveis de gravidade dos casos.
O nível três ou autismo severo é o quadro onde o indivíduo exige apoio no
desenvolvimento de atividades básicas do dia a dia; o nível dois ou autismo moderado
o indivíduo já exige um apoio substancial e o nível um ou autismo de alto
funcionamento exige pouco ou nenhum apoio substancial (DSM-V, 2014).

Ainda de acordo com o DSM-V(2014) o TEA possui características básicas


que envolvem alguns critérios: o critério A está associado ao prejuízo na interação e
comunicação social; o critério B relaciona-se aos critérios de comportamentos;
enquanto os critério C e D fazem referência aos sintomas manifestados ainda na
infância que causam prejuízo no desempenho social e no cotidiano.

De acordo com o DSM-V (2014) as principais caraterísticas do TEA se


manifestam em 3 domínios principais: na área social, na linguagem e no
comportamento.

Na área social, o indivíduo pode apresentar dificuldades na interação com as


demais pessoas, tende a buscar o isolamento e pode interagir fora do que é
considerado padrão socialmente. Na área da linguagem, a pessoa com TEA pode
desenvolver ou não comunicação verbal, porém, mesmo aquelas que a desenvolvem
podem ter prejuízos como desvios semânticos e fala pragmática. Na área do
comportamento, tais pessoas acabam por apresentar certa rigidez comportamental e
de pensamento; logo, desenvolvem comportamentos ritualistas, movimentos
estereotipados e dependência a uma série de rotinas (DSM-V, 2014).

O DMS-V (2014) compreende que a apresentação de tais sintomas só será


considerada como diagnóstico para o TEA, se manifestado de maneira que ocorra
prejuízo substancial para aquele indivíduo.

O transtorno do espectro autista pode ainda apresentar diferenças relativas


ao gênero. O mesmo é mais recorrente em indivíduos do sexto masculino, sendo
quatro vezes mais frequente que no sexto feminino. Vale ressaltar que resultados de
pesquisas apontam que os casos diagnosticados no sexo feminino geralmente
15

possuem maior grau de severidade ou apresentam concomitância com deficiência


intelectual, o que de acordo com o DSM-V(2014) pode significar que mulheres autistas
que não possuem comprometimentos significativos podem não ter o transtorno
diagnosticado, também apresentando maiores adaptações na vida em sociedade.

A causa do autismo continua incerta, porém as teorias mais aceitas na


atualidade dizem respeito a combinação de fatores genéticos e ambientais. Segundo
Tamanaha et al. (2013) os fatores de risco para componentes genéticos são a
presença de defeitos congênitos e a idade materna ou paterna acima de 40 anos. Os
riscos ambientais incluem a exposição a agentes químicos, falta de vitaminas,
infecções durante a gestação, uso de drogas e até a prematuridade.

5.2. Aspectos sensoriais e comportamento

Para o desenvolvimento de um espaço pensado para o individuo com TEA


são necessárias algumas observações importantes referentes aos aspectos
sensoriais e o curso do comportamento de tais pessoas.

As pessoas com TEA podem apresentar reações adversas aos estímulos


ambientais nos meios em que se encontrem inseridas. Dessa forma, o ambiente pode
se tornar um dissipador de estímulos que pode vir a ser prejudicial para a vivência de
tal pessoa. Correia (2005) esclarece:

Estas crianças apresentam, muitas vezes também, hiper ou hiposensibilidade


a alguns estímulos sensoriais, como, por exemplo, não reagirem a barulhos
muito altos, como de buzinas, ou serem muito sensíveis ao tecido da roupa,
desencadeando nelas alguns comportamentos imprevisíveis, como choro
aparentemente sem sentido (Correia, 2005, p.12).
Segundo Mello et al. (2013) pessoas com o transtorno autista apresentam
hipersensibilidade sensorial, em outras palavras, sensibilidades a ambientes com
ruídos exacerbados, se distraem facilmente com objetos luminosos e com música,
além de apresentarem certa atração por texturas; além, de apresentarem em certas
ocasiões comportamentos estranhos como consequência da superestimulação do
ambiente.

Em relação ao comportamento, de acordo com Correia (2005) os autistas


apresentam em sua vida gostos restritos e repetitivos, fazendo com que se torne
importante a preservação e criação de uma rotina, o que por consequência os fazem
rejeitar certas experiências. Essa característica autista se torna um elemento
16

desafiador que pode contribuir positivamente ou negativamente no desenvolvimento


autista.

Logo, ao planejarmos um espaço autista é importante levar em consideração


a maneira como o mesmo compreende o espaço, a relação da superestimulação
tendo como consequência comportamentos estranhos e a vivência do espaço
respeitando suas peculiaridades.

5.3. Tratamentos

O diagnostico do autismo é crônico e até o momento não há uma cura


definitiva, por outro lado, é notável que por meio de intervenções e diagnóstico
precoce, é possível a reversão do quadro e até mesmo progresso no desenvolvimento
das habilidades essenciais para a realizações das atividades diárias
(CORREIA,2005).

Devido à grande variedade de características apresentadas pelos indivíduos


com TEA, diversas terapias são apontadas como alternativas para apoio e
desenvolvimento dos mesmos. Cada tratamento é voltado para uma necessidade
específica e pode ser utilizado em conjunto com os demais na tentativa de otimizar os
resultados. Contudo, não é necessariamente com a sobrecarga de tratamentos que
os resultados serão melhores, portanto, é necessário a observação das necessidades
de cada caso (BRASIL, 2000).

Os métodos TEACCH (Treatment and Education of Autistic and Related


Communication Handcapped Children), ABA (Análise aplicada do comportamento) e
o PECS (Picture Exchange Communication System) são os principais métodos
aplicados nos tratamentos das pessoas com transtorno do espectro autista (BRASIL,
2000).

Segundo Mello (2007) o TEACCH é um eficaz tratamento de intervenção cujo


qual possui uma metodologia com objetivo na modificação comportamental. Tal
método permite um programa individualizado onde as pessoas passam por uma
avaliação que esclarecem suas maiores dificuldades e seus pontos fortes. O
tratamento também visa o desenvolvimento e independência do indivíduo.

O ABA (Applied Behavior Analysis) consiste no ensino de habilidades para os


indivíduos autistas. Em geral, a prática objetiva tornar o aprendizado em um ato
17

agradável ao mesmo tempo em que incentiva a associação entre o ambiente, o


comportamento e a aprendizagem. Suas principais teorias se baseiam no retorno
positivo ao comportamento como consequência de uma ação (MELLO, 2007).

O PECS (Picture Exchange Communication System) é um método que tem


como princípio o desenvolvimento da linguagem falada nos indivíduos que possuem
problemas em seu desenvolvimento. O método utiliza como base a interação por meio
de imagens como alternativa para a comunicação (AMORIM,2011).

O meio acadêmico também admite tratamentos estruturados voltados para o


desenvolvimento do autista. Para Bosa (2006) ao longo da vida do autista é importante
a realização de terapias de linguagem, com o incentivo de interação social e a
realização de educação especial, com foco no desenvolvimento de habilidades
sociais.

Nos dias que decorrem, o tratamento é orientado para a aprendizagem de


novos comportamentos, seguindo-se, para tal, o modelo baseado na teoria
da aprendizagem, em que o comportamento da criança é visto como uma
resposta às situações de estimulação externas (CORREIA, 2011, p.43).

Ainda de acordo com Amorim (2011) existem ainda outras formas de


intervenções para as pessoas com TEA que consistem em atividades com médicos
especializados voltados para o desenvolvimento de habilidades e para a realização
de atividades diárias, onde terapias podem funcionar como tratamentos para os
sintomas do autismo.

A terapia fonoaudiologia é requerida devido aos casos frequentes de


distúrbios de linguagem em pessoas com autismo. É voltada para indivíduos com
dificuldades na língua falada, e é responsável pelo desenvolvimento e aprendizado de
outras formas de comunicação, torna-se valido um tratamento apropriado que
possibilite a evolução do quadro (TAMANAHA et al. 2013).

A ludoterapia é uma forma de intervenção que faz uso de instrumentos lúdicos


que possibilitam uma melhor interação do paciente com o médico, o que facilita a
comunicação entre ambos, ao criar sensação de confiança e como consequência
tornam maiores as chances de resultados positivos no tratamento (BRASIL, 2000).

Terapia ocupacional é um recurso que auxilia nos trabalhos de reabilitação e


tem como foco principal a estimulação das habilidades do indivíduo, além do ensino
18

de atividades que são realizadas ao longo do dia, o que possibilita a autonomia da


criança no seu autocuidado. Segundo Tamanaha et al. (2013, p.28):

A intervenção do terapeuta ocupacional dependerá das necessidades de


cada pessoa e da etapa de desenvolvimento da pessoa com TEA. Melhorar
o desempenho em atividades, como alimentação, vestuário, higiene, ou,
ainda, mobilidade, brincar, desempenho escolar e ensino de procedimentos
de segurança são ações comuns do terapeuta ocupacional.

A musicoterapia pode ser considerada uma modalidade terapêutica que faz


uso da música para estabelecer uma comunicação com o indivíduo autista, permitindo
assim uma melhor interação médico e paciente, onde se torna possível uma
otimização do tratamento. Devido à grande variedade de manifestações das
características autistas encontradas entre os portadores do TEA é impossível se
definir regras que sejam aplicadas, uma vez que uma sobrecarga no sistema nervoso
do indivíduo pode levar a crises de auto estimulação. Contudo, a técnica pode servir
como complemento das outras intervenções (SANTOS; SOUZA, 2005).

O uso de medicação pode ser uma aliada na existência de alguma


comorbidade neurológica ou quando os sintomas interferem de forma prejudicial no
cotidiano. Mas é valido reconhecer que não existe uma medicação para tratar o TEA
(MELLO,2007).

Tamanaha et al. (2013) destaca ainda a importância do apoio familiar ao


tratamento da pessoa com TEA. Para o autor, é fundamental os atendimentos de
apoio familiar que devem ser realizados de maneira a entender as necessidades de
individuais de cada família além da criação de uma rede de apoio entre os usuários.
Nesse caso, a família possui papel fundamental como coparticipantes do tratamento
podendo potencializar as terapias adotadas.

Devido a grande demanda por novos tratamentos, são grandes os avanços


relacionados ao estudo do autismo, porém é notável a discussão mundial sobre a
eficácia das diferentes formas de intervenções para as pessoas com TEA. Tais
métodos continuam a se desenvolver e a busca por conhecimento científico
relacionado aos transtornos globais de desenvolvimento continua a ser uma pauta
frequente nos meios acadêmicos diante da necessidade de melhorias do indivíduo
autista (MELLO et al.,2013).

Portanto, podemos concluir que a intervenção ao TEA pode ocorrer das mais
variadas formas e por meio de diversas técnicas, abordagens e programas. Contudo,
19

sua escolha deve ser ponderada sempre levando em consideração as características


do individuo ao qual serão empregadas, segundo suas capacidades e aptidões.

5.4. Legislação e o transtorno do espectro autista (TEA)

O estado brasileiro possui algumas leis voltadas para o amparo das pessoas
com Transtorno do espectro autista. Tais legislações se destinam a preservar e
assegurar os direitos aos portadores de autismo na nação, porém a realidade ainda
se encontra um pouco distante dos anseios tanto dos familiares quanto dos próprios
portadores do autismo (MELLO et al, 2013).

A lei Nº 13.146, atualizada em 6 de julho de 2015 objetiva garantir o direito a


habilitação e reabilitação das pessoas com deficiência. Segundo Brasil (2015, p.5):

O processo de habilitação e de reabilitação tem por objetivo o


desenvolvimento de potencialidades, talentos, habilidades e aptidões físicas,
cognitivas, sensoriais, psicossociais, atitudinais, profissionais e artísticas que
contribuam para a conquista da autonomia da pessoa com deficiência e de
sua participação social em igualdade de condições e oportunidades com as
demais pessoas.

No ano de 2012 foi promulgada a Lei n° 12.764 que garante a assistência as


pessoas com Transtorno do espectro autista. A mesma busca assegurar e proteger
os direitos das pessoas com Transtorno do espectro autista, sendo esta considerada
Pessoa com Deficiência para todos os efeitos legais. Para tanto, a lei estabelece
diretrizes dentre as quais destacam-se as seguintes:

III - a atenção integral às necessidades de saúde da pessoa com transtorno


do espectro autista, objetivando o diagnóstico precoce, o atendimento
multiprofissional e o acesso a medicamentos e nutrientes; VI - a
responsabilidade do poder público quanto à informação pública relativa ao
transtorno e suas implicações; Art. 3o São direitos da pessoa com transtorno
do espectro autista: III - o acesso a ações e serviços de saúde, com vistas à
atenção integral às suas necessidades de saúde, incluindo: a) o diagnóstico
precoce, ainda que não definitivo;b) o atendimento multiprofissional;c) a
nutrição adequada e a terapia nutricional (BRASIL, 2012,p.1).

A NBR 9050 de 03 de dezembro 2015 trata sobre os aspectos de


acessibilidade em edificações, mobiliário, espaços e equipamentos urbanos. Ela
define o termo acessível como (ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS
TÉCNICAS, 2015, p.2):

[...]Espaço, edificação, mobiliário, equipamento urbano ou elemento que


possa ser alcançado, acionado, utilizado e vivenciado por qualquer pessoa,
inclusive aquelas com mobilidade reduzida. O termo acessível implica tanto
acessibilidade física como de comunicação [...]
20

Para fins projetuais para um espaço pensado para o indivíduo com TEA,
ainda na NBR 9050, a observação aspectos como a informação e a sinalização são
bastante relevantes (ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS, 2015, p.
32):

[...]Informação e sinalização; As informações devem ser completas, precisas


e claras. Devem ser dispostas segundo o critério de transmissão e o princípio
dos dois sentidos. 5.1.2 Transmissão. As informações podem ser transmitidas
por meios de sinalizações visuais, táteis e sonoras[...];5.2 Sinalização5.2.1
Geral A sinalização deve ser autoexplicativa, perceptível e legível para todos,
inclusive às pessoas com deficiência[...]5.2.8.1 Localização 5.2.8.1.1 A
sinalização deve ser localizada de forma a identificar claramente as utilidades
disponíveis dos ambientes. Devem ser fixadas onde decisões são tomadas,
em uma sequência lógica de orientação, de um ponto de partida ao ponto de
chegada. Devem ser repetidas sempre que existir a possibilidade de
alterações de direção; 5.2.8.1.5 Elementos de orientação e direcionamento
devem ser instalados com forma lógica de orientação, quando não houver
guias ou linhas de balizamento[...]

5.5. Evolução histórica dos locais de atendimento a autistas

5.5.1. Escala mundial


Historicamente, o Transtorno do Espectro Autista é uma síndrome a margem
da sociedade, muitas vezes os pais e parentes se encontraram em situação de
desamparo e estes foram os responsáveis pelas cobranças de políticas públicas e
pelas primeiras construções de instituições voltadas para o tratamento do autismo
(SERRA, 2010).

O termo “autismo” foi apresentado ao mundo acadêmico no ano de 1911, onde


Eugen Bleuler, psiquiatra suíço fez uso para descrever um grupo de sintomas
relacionados à esquizofrenia (OLIVEIRA et al,2017).

De acordo com Correia (2005, p.10):

Embora Bleuer, em 1911, tenha sido o primeiro autor a empregar o termo


autismo, ele não teve a pretensão de criar uma nova categoria nosográfica,
pretendendo apenas nomear uma característica da esquizofrenia pautada
pela impossibilidade ou grande dificuldade dos pacientes esquizofrênicos de
se relacionarem socialmente. Apenas com Kanner, em 1943, o nome foi
usado para definir um distúrbio, que reunia as características peculiares de
11 crianças, que não encontravam classificação nos transtornos infantis
descritos na época.

Na Áustria, no ano de 1944 o pesquisador e psiquiatra Hans Asperger


desenvolveu um trabalho com um grupo de crianças que apresentavam
características similares as crianças observadas por Kanner. Em virtude de suas
publicações terem sido publicadas em alemão e em um período de segunda guerra
21

mundial, demorou um tempo para que seu trabalho ganhasse reconhecimento.


Posteriormente o grupo de pessoas descritas por ele receberam o nome de síndrome
de Asperger em sua homenagem (MELLO,2007).

Atualmente é atribuída a Kanner e a Asperger a descrição do autismo. Embora


tais pesquisadores descrevessem formas de autismo ligeiramente diferentes, Kanner
descrevia crianças com casos mais severos, enquanto que Asperger descrevia casos
de crianças com autismo leve e com altas habilidades, mais tarde ambos os tipos de
autismo seriam reunidos em um só grupo: o TEA (DSM-V,2014).

Nos anos 50, houve muita confusão relacionada a natureza do autismo e suas
causas, se difundia a teoria de que o autismo era causado por pais não ligados
emocionalmente aos seus filhos, a hipótese de mãe geladeira, encunhado
principalmente por Bruno Bettelheim. Nesse momento os pesquisadores passaram a
analisar o impacto do autismo na vida das pessoas.

De acordo com Brasil (2000, p.5):

No passado, a falta de conhecimento sobre o autismo levou a que se


afirmassem teorias segundo as quais o autismo era decorrente da frigidez
da mãe ou da ausência do pai. Tais teorias, hoje em dia descartadas,
trouxeram um grande prejuízo ao conhecimento do autismo, pois pais e
mães de autistas, sentindo-se culpados pelo mal de seus filhos, procuravam
negá-lo ou escondê-la.

Nos anos sessenta uma série de evidências passou a apontar a origem do


autismo como um transtorno cerebral presente desde a infância, sem discriminação
econômica ou de raça (MELLO, 2013).

De acordo com Mello et al. (2013), a primeira grande aparição da síndrome


do autismo para o mundo ocorreu no ano de 1961, quando uma mãe uma criança com
autismo, Helen Alisson fez um apelo em entrevista transmitida para o Reino Unido mo
programa BBC de Londres. A sua aparição resultou em uma mobilização dos pais de
autistas no Reino Unido que juntos se reuniram na tentativa de mudar o destino de
seus filhos.

Foi em torno desta iniciativa dos pais que ao redor do mundo começou-se a
efetivar a construção de espaços voltados para o tratamento de pessoas com TEA,
que até então eram considerados como pessoas psicóticas e internadas em asilos
(VERNUS,2017).
22

No ano de 1969 surgiu na França a Escola Experimental de Bonneuil-sur-


Marne (Figura 1) fundada por Maud Mannoni, profissional especialista em doenças
mentais infantis (VERNUS, 2017).

Figura 1:Escola Experimental de Bonnueil-sur-Marne

Fonte: Ecóle de Bonnueil, 2019

A escola teve um início difícil, sem muitos recursos, foi muito importante a
cooperação de estudantes interessados na causa e principalmente a determinação
dos pais de conseguirem um tratamento humano e com resultados aos seus filhos
autistas, que realmente alcançasse resultados (VERNUS,2017).

A escola recebeu o nome de experimental por se tratar de uma instituição que


desde o início incentivou a liberdade de pensamento e a reflexão sobre as condutas.
Aos seus pacientes era transmitido o conceito de experiência de aprender com a vida
e a passava também a liberdade de ação (VERNUS,2017).

De acordo com Petri (1998, p.1):

Em Bonneuil, "instituição estourada", o trabalho é dividido entre o


que acontece dentro da instituição, e o que se passa fora, em espaços
diversos. Dentro, um espaço que acolhe a desordem e os sintomas, um lugar
para viver a loucura, que tem uma montagem para contê-la, como o escolar,
o jogo, os ateliês de conto, pintura, escultura e as atividades que visam ao
funcionamento da instituição (cozinha, limpeza, compras, etc). Fora, nos
estágios que realizam alguns adolescentes, nas famílias de acolhimento, na
circulação social como um todo, trata-se de lugares onde fazer "papel de
normal", [...]
23

A instituição funciona como um hospital de dia e um lar terapêutico à noite, a


mesma propicia lugares abertos com o objetivo de iniciar a criatividade e
espontaneidade de seus pacientes. As principais formas de tratamento são ateliers
que abordam assuntos sobre o mundo, sobre a arte e a história dos homens. Neles
são administradas atividades de poesia, leituras de atualidades, pintura, música e
escultura (VERNUS,2017).

A Escola Experimental de Bonneuil-sur-Marne é considerada uma referência


no tratamento e escolarização de crianças com autismo no mundo inteiro (PETRI,
1998; VERNUS,2017).

Em 1978 surge a primeira classificação sobre o autismo feito por Michael


Rutter. Essa classificação se torna um marco divisor e abre novas portas para a
compreensão do que seria o autismo. Rutter classificou o autismo como um distúrbio
de desenvolvimento cognitivo e propôs uma definição baseada em quatro critérios:
atraso e desvio social; problemas na comunicação; comportamentos incomuns e início
dos sintomas antes dos 30 meses de idade (AUTISMO E REALIDADE, 2017).

A definição de Rutter e o crescente corpo de trabalhos sobre o autismo


influenciaram a definição desta condição no DSM-III, em 1980, quando o autismo pela
primeira vez foi reconhecido e colocado em uma nova classe de transtornos, a saber:
os transtornos invasivos do desenvolvimento (TIDs). O termo TID foi escolhido para
refletir o fato de que múltiplas áreas de funcionamento são afetadas no autismo e nas
condições a ele relacionadas. Na época do DSM-III-R, o termo TID ganhou raízes,
levando à sua adoção também na décima revisão da Classificação Estatística
Internacional de Doenças (KLIN,2006).

Em 1981, Lorna Wing, uma pesquisadora, psiquiatra e mãe de autista inglesa


revolucionou a maneira como o autismo era considerado, seus estudos defendiam
uma melhor compreensão e serviços para pessoas com autismo. A mesma
desenvolve um conceito de autismo como um espectro e em homenagem a Hans
Asperger cunha pela primeira vez o termo Síndrome de Asperger (AUTISMO E
REALIDADE, 2017).

O psicólogo Ivar Lovaas foi outro contribuinte para o desvendamento da


questão autismo ao fazer uma análise comportamental dos indivíduos autistas e a
defender os benefícios da terapia comportamental intensiva. Posteriormente nos anos
24

1980 e 1990 a terapia comportamental passou a ser um dos principais tratamentos


relacionados ao autismo adotadas nas instituições de tratamento (AUTISMO E
REALIDADE, 2017).

A instituição é Le Courtil (Figura 2) foi fundada na Bélgica no ano de 1984, foi


um marco no país que revolucionou o tratamento para o autismo. A instituição desde
o início de suas atividades trabalhou com crianças psicóticas e neuróticas graves,
incluindo com pessoas com autismo (STEVENS,1996).

Figura 2:Le Courtil, Bélgica

Fonte: http://www.courtil.be/courtil/

De acordo com Nel Medellín (2013) inicialmente a instituição servia de apoio


apenas para crianças, mas devido a evolução positiva dos quadros dos pacientes
tratados no local, no ano de 1993 ocorre uma expansão da mesma e ela passou a
atender o público jovem e de adultos. No ano de 2013 o estabelecimento oferecia
estadias de longa duração em regime residencial ou em creches para crianças e
adultos com autismo.

Na instituição, as atividades com as crianças se dividem em atividades


cotidianas onde acontecem atividades educativas, trabalhos com desenvolvimento de
linguagem e, atividades dentro de ateliês (STEVENS,1996).

Posteriormente, no ano de 1994 (Figura 3) ocorreu outra evolução para o


conhecimento acerca do tratamento do autismo, houve a criação de novos critérios
25

para a descrição do autismo, que foram avaliados em um estudo internacional. Os


sistemas de diagnósticos DSM-IV e CID-10 tornaram-se guias para a detecção do
autismo e no ano de 2013 a síndrome de Asperger foi adicionada ao DSM-V, que
então acrescentou os casos de autismo leve dentro do espectro autista (AUTISMO E
REALIDADE, 2017).

Figura 3:Classificação do autismo ao longo da sua história

Fonte: Laureana (2017), com base em Grinker (2010).

Nos Estados Unidos a escola St. Colleta (Figura 4) foi fundada no ano de 1959
por pais de uma criança diagnosticada com a Síndrome de Down. Devido suas lutas
para lidar com a falta de escolas no sistema educacional para crianças com
deficiência, esse casal resolveu criar uma escola de educação especial que tinha
como objetivo a educação para crianças com deficiência severas (SVEIVEN,2010).
26

Figura 4:St. Coletta School

Fonte: Archdaily (2010)

De acordo com Sveiven (2010) a primeira sede ocupada pela escola foi em
um porão cedido por uma outra escola em Washington, em condições bastante
limitadas. Porém em 1996 a escola adquire um novo local para suas atividades e
estendeu seu atendimento para o público adulto.

Em 2006 a escola muda-se novamente para o estado de Washington, dessa


vez ocupando uma área de 99.000 metros quadrados de terreno. O arquiteto
responsável pelo projeto foi Michael Graves, que sobre a construção, teve como
conceito a ideia de “casas escolares” (Figura 5) fazendo o uso de cores e espaços
lúdicos (SVEIVEN,2010).
27

Figura 5:Fachada Norte da St. Coletta School

Fonte: Archdaily (2010)

Outro ponto importante levado em conta pelo arquiteto foi o planejamento dos
espaços de acordo com as necessidades dos alunos, criando espaços com áreas de
estudos que segundo o mesmo surtiriam uma influência no tratamento e nos
resultados desejados. O edifício foi construído com um design caprichoso que criou
um contraste com a arquitetura convencional e é formado por uma série de grandes
casas pintadas e com tijolos nas fachadas (SVEIVEN,2010).

A área da instituição compreende uma sala para a comunidade e um ginásio


para as atividades dos estudantes, além de possuir instalação de enfermagem,
centros de fisioterapia e hidroterapia (SVEIVEN,2010). Nos fundos da construção fica
localizado um estacionamento e um espaço ao ar livre para as atividades dos alunos
(RAYER, 2016).

5.5.2. Escala Nacional


No Brasil, ainda de acordo com o que acontecia em outros países, as
primeiras construções voltadas para o tratamento de pessoas com TEA foram
concretizadas a partir da iniciativa de pais, que inconformados se mobilizaram em
busca de formas de tratamento e apoio público em benefício da causa (Mello et
al.,2013).
28

Segundo Mello et al. (2013) a primeira instituição brasileira voltada para


pessoas com TEA foi a Associação amiga dos autistas (AMA). Sua história tem início
no ano de 1984 formada por um grupo de pais de autistas brasileiros e tinham como
objetivo desenvolver e difundir o conhecimento acerca do autismo no país e gerar
novas possibilidades de desenvolvimento para as crianças com autismo,
independente das condições econômicas das famílias que precisassem de apoio.

Naquela época, um evento intitulado “Encontro de Amigos do Autista” foi um


forte elemento impulsionador da causa dos pais de autistas no Brasil. Tal evento
contou com o apoio de Isabel Bayonas, na época presidente de uma associação
espanhola de autismo e com a participação do psicólogo espanhol Angel Rivière, com
grande importância no meio acadêmico. Este evento teve muita importância nos
rumos tomados pela AMA a partir de então. No ano de 1983 surgiu então a primeira
AMA no Brasil, no estado de São Paulo, com tratamento exclusivo de pessoas com
autismo (MELLO et al.,2013).

Apesar de ter sido um grande avanço nas lutas dos país de autistas,
inicialmente a AMA ainda ocupava uma estrutura limitada, tendo as primeiras reuniões
ocorridas em um quintal de uma igreja batista, posteriormente essa área virou uma
escola e algum tempo depois, a instituição ganhou um novo espaço em uma casa
alugada na rua do Paraiso (LOPES,2011).

De acordo com Mello et al. (2013) a grande virada da AMA aconteceu no ano
de 1987 com a campanha “Você sabe o que é o autismo?”, assim, a AMA ganhou
repercussão na mídia brasileira e logo em seguida o governador do estado de São
Paulo cedeu um terreno de 1000 m² para a construção de uma nova sede para a
associação, porém devido a dificuldades financeiras houve uma demora na finalização
da obra e no ano 2000 ocorreu a inauguração do centro de Reabilitação Infantil, que
hoje é a atual Unidade Lavapés (Figura 6).
29

Figura 6:AMA-Unidade Lavapés

Fonte: https://www.ama.org.br/site/ama/infraestrutura/setor-lavapes/

O edifício do Lavapés foi um projeto da arquiteta Sonia Longato Bitar


construído com a verba do instituto Credcard. A instituição que é composta por cinco
salas de aula, salão de atividades, sala de cursos, sala administrativas e um
playground (LOPES, 2011).

Outra instituição brasileira de atendimento ao autista é a AMA Florianópolis


(Figura 7), localizada no estado de Santa Catarina teve sua fundação em 1994 e
surgiu da necessidade de um atendimento específico as pessoas com TEA e suas
famílias. A instituição atende o público infantil e jovem, e suas intervenções são feitas
por meio de técnicas específicas voltadas para esse público (AMA FLORIANÓPOLES,
2019).
30

Figura 7:Sede AMA Florianópolis

Fonte: Google maps, 2019

A instituição oferece tratamentos de psicologia, fonoaudiologia,


psicopedagogia, estimulação motora, musicoterapia e neurologia. Sua estrutura é
formada basicamente por uma sala de administração e duas salas de atendimento
onde as atividades são desenvolvidas (AMA FLORIANÓPOLES, 2019).

A AMA Joinville (Figura 8) é uma instituição de atendimento ao autista que


pode ser considerada como uma referência nacional. Teve sua fundação em 24 de
maio de 1988, por iniciativa de alguns pais de autistas. A edificação foi construída a
partir de uma doação pela prefeitura, contando também com doações de empreses
as locais. O projeto foi baseado em instituições de São Paulo e o edifício compreende
uma área de 770m² (AMA JOINVILLE,2015).
31

Figura 8:Sede AMA Joinville

Fonte: http://www.amajoinville.org/

No ano de 2010 a AMA teve anexado um imóvel vizinho tendo uma ampliação
de seu atendimento, até o ano de 2014 a instituição prestava serviços de atendimento
a 105 alunos entre 2 e 32 anos, sendo mantida por convênios e colaboração de
parceiros (AMA JOINVILLE,2014).

A AMA possui sua estrutura física com uma separação entre as crianças e os
adultos portadores do TEA. Os adultos são atendidos em um espaço exclusivo em
uma casa ao lado doada pela GIDION, enquanto as crianças são atendidas no prédio
principal (AMA JOINVILLE,2014).

O edifício conta com área administrativa, sala de reuniões, salas de


psicologia, serviço social, fonoaudiologia, terapia ocupacional, sala de nutrição, salas
de atividades de vivência, salas de aula, cozinha, banheiros, dois pátios cobertos,
duas áreas livres para recreação(Figura 9), piscina coberta, garagem, lavanderia e
depósitos (AMA JOINVILLE,2014).
32

Figura 9:Área livre para recreação

Fonte: http://www.amajoinville.org/

5.5.3. Escala regional


No estado do Piauí é possível encontrar atendimento para o público com TEA
em algumas instituições públicas, privadas e filantrópicas, como é o exemplo da AMA
Piauí. De acordo com Santos, Monte e Araújo (2014) a AMA Piauí (Figura 10) surgiu
da necessidade dos os pais de autistas da cidade de Teresina de encontrarem apoio
e tratamento aos seus filhos. A mesma foi fundada em 29 de janeiro de 2000 por pais
e amigos de indivíduos com TEA que tinham o objetivo oferecer atendimento,
incentivar pesquisas sobre o autismo e disseminar o conhecimento sobre do assunto
para a população.
33

Figura 10: Associação de amigos dos autistas/PI

Fonte: http://g1.globo.com/pi/piaui/noticia/2013/08/alvo-de-16-arrombamentos-ama-piaui-passa-por-
serias-dificuldades.html

A sede da AMA/PI está localizada no bairro Primavera, e ocupa um espaço


cedido pelo governo que anteriormente funcionava como uma escola pública. Ao
longo do tempo o local passou por algumas reformas pontuais na tentativa de adequar
o espaço as necessidades de uma estrutura de atendimento ao autista (SANTOS;
MONTE; ARAÚJO, 2014).

As atividades realizadas pela AMA/PI incluem o atendimento educacional, o


acompanhamento pedagógico, social e psicológico tanto para o autista como para a
família. A instituição busca promover uma educação para o aluno, quando possível o
inserindo no mercado de trabalho (SANTOS; MONTE; ARAÚJO, 2014).

O programa de necessidades da instituição abrange salas administrativas,


área de serviço contando com cozinha e refeitório, salas de fonoaudiologia, serviço
social, sala de terapia ocupacional, uma sala para AEE, salas de psicopedagogia,
34

duas salas de atendimento educacional especializado, uma sala de educação física e


uma sala onde são desenvolvidas atividades artísticas (AMA,2014).

Ainda no estado do Piauí encontramos o Centro de desenvolvimento


integrado (CEIR) que foi fundado na cidade de Teresina, bairro Ilhotas no ano de 2008,
tendo por objetivo o atendimento de pessoas com deficiência no Piauí. O CEIR (Figura
11) conta com uma equipe multidisciplinar, dispõe de técnicas modernas e
equipamentos que priorizam o atendimento e capacitação de seus pacientes.

Figura 11: CEIR

Fonte: https://www.gp1.com.br/noticias/ceir-vai-comemorar-10-anos-de-atendimentos-nesta-
segunda-feira-433422.html

No ano de 2015 foram iniciados os tratamentos voltados para a reabilitação


intelectual, dentre o qual pessoas com o Transtorno do Espectro Autista (TEA), além
de atender também outras deficiências como Síndrome de Down e microcefalia. Na
sua estrutura são oferecidos tratamentos de reabilitação físico-motora que incluem
fisioterapia, fonoaudiologia, serviço social, psicologia, pedagogia, arte-reabilitação,
musicoterapia, terapia ocupacional, hidroterapia, hidroginástica e reabilitação
desportiva (ALVES 2016).

Segundo Mello et al. (2013) existem diversas instituições AMA espalhadas por
todo o Brasil. O que pode ser concluído é que para a fundação da instituição é
35

necessária apenas a atitude de pais e interessados na causa autista, além disto, a


maioria dessas instituições funcionam com convênio e parcerias com o poder público.
Contudo, é importante observar que a maior parte das instituições de tratamento do
TEA no país não possuem fins lucrativos e infelizmente existe um déficit na
participação do governo em proporcionar tratamento para as pessoas com TEA.

5.6. Arquitetura e ambiente construído

A arquitetura é uma ciência que estuda e cria novos ambientes, a fim de


proporcionar bem estar e atender as necessidades de seus usuários. A arquitetura
geralmente faz uso dos aspectos sensoriais, das características auditivas, visuais,
táteis com o objetivo de passar significados e até emoções, o que facilita as funções
e atividades dentro daquele ambiente (MOSTAFA, 2014). A arquiteta e teórica
Mostafa (2014) descreve a arquitetura como algo abstrato que manipula o ambiente
físico de maneira a provocar o comportamento pretendido.

O comportamento das pessoas está diretamente relacionado as percepções


do meio que as envolvem. Portanto o intercâmbio comportamental do ambiente com
o homem é um meio canalizador de suas necessidades e compreensão do uso dos
espaços (VERGARA, TRONCOSO E RODRIGUES, 2018). De acordo com Laureano
(2017) o comportamento humano é um aspecto estudado dentro da psicologia
ambiental, portanto as interações homem/ambiente devem estar relacionados à
segurança, conforto e funcionalidade.

No caso dos autistas é de conhecimento por parte dos pesquisadores que


suas percepções do meio são diferenciadas, nessa perspectiva seu comportamento
também será diferenciado diante das influências do meio. Para Vergara, Troncoso e
Rodrigues (2018, p.2):

Autistas apresentam características que diferenciam sua percepção,


limitando, muitas vezes, o seu conhecimento do mundo. Não compreendem
facilmente a partir do todo, costumam focar mais as partes e os detalhes.
Apresentando distúrbios que provocam uma confusão na percepção das
informações e na interpretação dos sentidos, o mundo passa a ser uma fonte
de ruídos, odores e poluições visuais, ou seja, um cenário caótico, que pode
causar insegurança e instabilidade.
As pessoas com TEA geralmente possuem um cérebro mais ativo, se tornam
elétricas e absorvem muitas características dos ambientes em que se encontram, o
que causam uma dificuldade de concentração (VERGARA; TRONCOSO;
RODRIGUES, 2018).
36

Vergara, Troncoso e Rodrigues (2018) esclarece o fato de que é sabido que


as terapias comportamentais podem influências positivamente no tratamento do TEA,
segundo o autor, o ambiente também pode favorecer no desenvolvimento dessas
pessoas e contribuir de forma significativa com o seu tratamento. Em concordância
Mostafa (2014) entende que contrários a estes conceitos, a arquitetura praticada no
mundo de certa maneira exclui os autistas dos códigos e diretrizes arquitetônicos
mesmo de projetos voltados para esse grupo, mesmo sendo evidente todas as novas
possibilidades para projetar ambientes favoráveis aos usuários com TEA. Para a
autora:

Esta exclusão geral pode ser resultado da natureza não padronizada dos
desafios e, respectivamente, das necessidades ao longo do espectro
autístico. É a disputa deste papel, no entanto, que uma estratégia de design
para lidar com esses desafios variados pode ser implementada, permitindo
uma forma de personalização para grupos de usuários. Essa estratégia
também facilitará a geração de diretrizes e políticas gerais de design
(MOSTAFA,2014,p.143)
As soluções arquitetônicas e estéticas em construções voltadas para o
usuário com TEA parecem estar diretamente relacionadas com o ambiente sensorial.
O papel referênte a questão sensorial tem sido uma questão bastante discutida no
meio acadêmico desde que Leo Kanner apresentou para o mundo a sua definição do
transtorno no ano de 1943 (MOSTAFA, 2014 APUT KANNER, 1943).

Bem como em outros locais que oferecem serviços de assistência à saúde,


nos locais de atendimento as pessoas com TEA ,também é necessario uma
preocupação na elaboração da proposta arquitetônica, onde deve se levar em
consideração os elementos espaciais e ambientais que proporcionem um conforto
ambiental, seja acústico, visual, higrotérmico, ergonômico e olfativo; para que assim,
seja evitado situações de estresse e sofrimento físico ou psíquico dos usuários
(BRASIL, 2014). Assim como a terapia precoce, a arquitetura utilizada em espaços
terapêuticos poderia servir como uma forma de auxílio ao tratamento do TEA.
(VERGARA; TRONCOSO; RODRIGUES, 2018).

Mostafa (2014) desenvolveu em seus estudos acerca do ambiente construído


para o usuário com TEA uma série de diretrizes baseados na Teoria do Design
Sensorial, que se baseia no conceito de ambiente como um dos principais fatores no
desenvolvimento da percepção e do comportamento.
Algumas diretrizes de designer foram estabelecidas por Mostafa (2014) de
acordo com a análise de problemas comuns ao ambiente dito sensorial. Essas
37

diretrizes podem ser resumidas em: aspectos sonoros, sequenciamento espacial,


escape space, compartimentalização, zonas de transição, zoneamento sensorial,
segurança.

A acústica é apontada por Mostafa (2014) como uma característica que possui
mais influência sobre o comportamento autista referente ao ambiente sensorial.
Segundo a autora, pesquisas apontam que lugares com índices de ruídos e ecos mais
baixos são ambientes educacionais mais produtivos, o que contribuem para a
atenção, o tempo de resposta e até o comportamento do usuário autista.

Para Vergara, Troncoso e Rodrigues (2018, p. 14) em seus estudos sobre as


condições acústicas adequadas ao ambiente relacionadas ao autismo:

Tratamentos acústicos nos ambientes das salas escolares que isolem o


excesso de ruído externo, pérgolas que diminuam fortes incidências solares,
seriam pequenos exemplos onde a arquitetura escolar poderia cooperar com
a inclusão destas crianças que merecem esses cuidados para se sentirem
mais acolhidas no meio ambiente social.
O sequenciamento espacial está ligado ao conceito de criar uma relação do
espaço com a afinidade à rotina e previsibilidade de indivíduos com TEA. Para tal
ambiente seria viável áreas organizadas em sequência lógica, com uso típico
programado para esses espaços e circulação de fácil compreensão (MOSTAFA,
2014).

O escape space seria um espaço onde o usuário com TEA encontraria um


alívio da supestimulação encontrada no ambiente (MOSTAFA, 2014 APUT
MOSTADA, 2014). Para a autora esses espaços podem compreender pequenas
áreas silenciosas e com certo isolamento, com ambiente sensorial neutro e
estimulação mínima (MOSTAFA, 2014).

De acordo com Mostafa (2014) a compartimentalização tem como princípio


básico a delimitação das atividades realizadas no edifício com limitação sensorial
organizada por compartimentos, envolvendo uma qualidade sensorial.

As zonas de transição devem ser trabalhadas em conjunto com o


sequenciamento espacial e o zoneamento sensorial, a presença das zonas tem o
objetivo de recalibrar os sentidos dos usuários com TEA (MOSTAFA, 2014).

Já o critério de zoneamento sensorial traz uma proposta diferente do


zoneamento funcional, neste caso, os espaços devem ser organizados em função da
38

sua qualidade sensorial, agrupando os espaços conforme os níveis de estimulação,


sendo de alto ou baixo estímulo (MOSTAFA, 2014).

A segurança é um princípio que deve ter prioridade no ambiente para a pessoa


com TEA. De acordo com Mostafa (2014) como em alguns das crianças com TEA
possuem um senso alterado do ambiente, é fundamental criar conexões para proteger
e evitar possíveis acidentes.

Os autores Vergara; Troncoso e Rodrigues (2018) chamam ainda a atenção


para a iluminação dentro das construções. Para os autores devido a maioria dos
indivíduos com TEA possuírem sensibilidade a luz solar e a fácil distração que estão
sujeitos, é recomendável um cuidado em relação ao uso e posicionamento das janelas
nos ambientes de aprendizagem.

Outro autor que estuda as relações da influência do meio sobre o


comportamento autista é Beaver (2006). O autor apoia a criação de espaços (Figura
12) para a exploração, já que, sendo supersensíveis a estímulos sensoriais, se faz
necessário intervenções para que essas crianças possam de adaptar a essas
características comuns aos ambientes construídos.
39

Figura 12: Espaços para exploração

Fonte: http://cronicaautista.blogspot.com/2016/02/design.html

Beaver (2006) aponta uma alternativa em relação a iluminação natural através


de janelas. Para o autor o uso das janelas e da iluminação natural pode ser feita de
maneira a não se tornarem fonte de distração para as pessoas com autismo, devendo
as mesmas serem localizadas acima do nível da vista do observador (Figura 13).
40

Figura 13:Janelas altas

Fonte: http://cronicaautista.blogspot.com/2016/02/design.html

Outro ponto importante citado por Beaver (2006) é a textura dos ambientes,
já que devido à alta sensibilidade apresentada pelos indivíduos com TEA, os mesmos
podem se encontrar desconfortáveis diante de ambientes ou objetos com superfícies
abrasivas.
41

6. ESTUDO DE CASOS

6.1. Center for Autism and the Devoloping Brain


O Center for Autism and the Devolopin Brain (Figura 14) ou em tradição para
o português Centro para o autismo e o cérebro em desenvolvimento teve sua fundação
no ano de 2013, e surgiu de uma necessidade e da união de pais de autista em um
local de atendimento aos seus filhos (MEYERS, 2015).

Figura 14: Autism and the Devolopin Brain

Fonte: Megan Meyers (2012)

O centro fornece um conjunto completo e abrangente de serviços clínicos e


atendimento para pessoas com autismo de todas as faixas etárias e para os seus
familiares. O que o diferencia dos demais centros de tratamento ao autismo, é o fato
do atendimento ser prestado para o autista ao longo de toda a sua vida, incluindo na
fase adulta, não só na infância (NEXT FOR AUTISM,2018).

A instituição possui uma equipe multidisciplinar que envolvem terapeutas


ocupacionais e educacionais, psicólogos, fonoaudiólogos e assistentes sociais que
reunidos trabalham com o objetivo de desenvolver as habilidades das pessoas com o
Transtorno do espectro autista. A entidade oferece serviços como o diagnóstico do
autismo, a intervenção precoce; intervenções clínicas terapêuticas, planos de
tratamento individualizados, terapia familiar e treinamento em casa (NEXT FOR
AUTISM, 2018).
42

O centro se localiza na zona metropolitana da cidade de Nova York e ocupa


o que anteriormente era um prédio de um ginásio (Figura 15) localizado nos campos
White Plains no Hostital New York Presbyterain (MEYERS, 2015).

Figura 15: Center for Autism and the Devoloping Brain antes da reforma

Fonte: Megan Meyers (2012)

O escritório Silva Arquitetos foi o responsável pelo projeto e pela reforma no


interior da edificação, onde o edifício tem uma área de aproximadamente 11.000
metros quadrados e a obra teve um custo de 11 milhões de dólares (MILLER, 2013).

O prédio teve a sua implantação (Figura 16) afastada dos blocos principais do
Hospital New York Presbuterian, o que acabou por funcionar positivamente já que
afastado das demais edificações, ele se encontra cercado por uma grande área verde,
que por fim se tornou uma área bastante convidativa e calma para os usuários.
43

Figura 16: Implantação Center for Autism and Devoloping Brain em relação ao Hospital New York
Presbuterian

LEGENDA
Hospital New York Presbuterian
Center for Autism and Devoloping Brain
Fonte: GOOGLE EARTH 2019. Adaptado por Aléxya Freitas,2019.

A entidade é composta pelo edifício principal e por uma casa de máquinas


que está localizada fora do prédio principal onde se localizam os condicionadores de
ar e o sistema de ventilação com o propósito de afastar os ruídos intensos de meio a
evitar possíveis transtornos aos pacientes. O conjunto do edifício ainda conta com
uma piscina e quadra de esportes para realização de exercícios (Figura 17) (MILLER,
2013).
44

Figura 17: Hospital New York Presbuterian

LEGENDA
Prédio principal
Piscina
Casa de máquinas
Fonte: GOOGLE EARTH 2019. Adaptado por Aléxya Freitas,2019.

As principais vias que dão acesso ao Centro são as seguintes: Bloomingdale


RD, Mapple Ave e North Street (Figura 18), que darão acesso as vias internas do New
York Presbyterian e posteriormente a edificação. Existem três entradas (Figura 19),
cujo quais duas são exclusivas para os funcionários e apenas uma é de acesso
público. Devido a distância que o centro se encontra dos acessos principais, é notável
destacar que existe um caminho relativamente longo para alcançá-lo o que torno o
edifício um pouco escondido.
45

Figura 18: Principais vias de acesso

LEGENDA
Bloomingdale RD
Vias internas
North St
Fonte: GOOGLE EARTH 2019. Adaptado por Aléxya Freitas,2019.
Figura 19: Acessos ao Center for Autism and the Devoloing Brain

Fonte: GOOGLE EARTH 2019. Adaptado por Aléxya Freitas,2019.

A reforma da edificação se resumiu a parte interna, logo, a parte exterior não


passou por modificações o que significa que a estética do antigo ginásio foi mantida
(Figura 20).
46

Figura 20: Volumetria externa do edificio

Fonte: Megan Meyers (2012)

Quanto a volumetria, esta possui uma forma simples com telhado em duas
águas e telhas aparentes, forma está bastante comum nas residências Americanas
(Figura 21).

Figura 21: Fachada

Fonte: Megan Meyers (2012)

Um aspecto importante do projeto é a maneira como os espaços internos


foram trabalhados, as salas de tratamento foram estruturadas como pavilhões
tridimensionais com formas que lembram telhados, possuindo características
especificas de cor e forma, o que deu um caráter divertido e leve ao local (Figura 22).
47

O objetivo era de criar um espaço mais agradável e de fácil entendimento para os


pacientes com o conceito de ambiente familiar que afastasse o espaço dos padrões
de clínicas de tratamento (ENVIRONMENTS FOR HAEALTH ARCHICTETURE,
2014).

Figura 22: Espaços internos

Fonte:https://www.fastcompany.com/3054103/how-to-design-for-autism

Os espaços interiores receberam um tratamento diferenciado com o uso de


cores e formas diferentes (Figura 23) com a intenção de criar uma composição que
fosse similar a uma pequena cidade com um conceito de espaço divertido e ao mesmo
tempo urbano.

Figura 23: Cores espaços internos

Fonte:https://www.fastcompany.com/3054103/how-to-design-for-autism
48

Como escolha projetual, os arquitetos optaram pela criação de espaços


flexíveis para a acomodação dos usuários. O edifício é comporto por dois pavimentos,
um subterrâneo e outro térreo. Porém, o pavimento subterrâneo é uma área destinada
para ampliações futuras estando praticamente desocupado, contando com apenas
duas salas voltadas para o armazenamento de arquivos (ENVIRONMENTS FOR
HAEALTH ARCHICTETURE, 2014).

A planta baixa do pavimento térreo (Figura 24) mostra a distribuição e


organização dos espaços dentro da edificação. O centro é composto por salas para
intervenção, avaliação e realização das atividades em grupo; possui também uma
academia localizada na parte central da área de atendimento.

Figura 24: Planta Baixa

7 1
16 16 16
18 7 5 5 3
19

10 10 2
7 7
5
5
10 10 10 4
20 21
7 7 8
7
22 14 10 11 11 11 11
23 13
1
24 25 5 6

LEGENDA 10- Sala de observação 18- Lounge


v de
11- Sala de avaliação funcionários
1- Vestíbulo 12- Sala de atividades 19- Sala de trabalho em
2- Hall de entrada em grupo equipe
social 13- Armazenamento 20- Coordenação
3- Avaliação familiar 14- Consultório para 3 21- Assistência social
4- Recepção pessoas 22- Programa clínico
5- Recurso familiar 15- Academia 23- Assistência clínica
6- Registro de finanças 16- Consultório 24- Pesquisa
7- Banheiro Psiquiátrico 25- Secretaria
8- Depósito 17- Hall de entrada de
9- Circulação principal serviço
Fonte: Megan Meyers (2012). Adaptado por Aléxya Freitas

O edifício é zoneado (Figura 25) a partir de três partes principais: zona de


apoio para as famílias, zona de atendimento ao autista e zona para os funcionários,
onde estão a parte administrativa e as salas de pesquisa. Em cada zona é possível
49

encontrar sanitários e depósitos de maneira que a distribuição dos ambientes torna


mais conveniente o desenvolvimento das atividades no prédio.

Figura 25: Setorização

LEGENDA

Zona destinada aos funcionários Acesso funcionários


Zona destinada aos funcionários Acesso público

Zona destinada aos funcionários

Zona destinada aos funcionários

Fonte: Megan Meyers (2012). Adaptado por Aléxya Freitas

A maneira como o espaço está organizado é um ponto positivo para o


funcionamento dos edifícios, pois percebe-se que todas as áreas estão bem definidas
e organizadas com uma organização funcional satisfatória.

A circulação interna (Figura 26) é outro pronto forte do projeto. A circulação


horizontal se apresenta de maneira funcional e se divide em acesso usuários e acesso
restrito dos funcionários. Já a circulação vertical é composta por duas escadas,
localizadas nas extremidades do prédio, que dão acesso ao subsolo, sendo pouco
utilizadas devido ao pouco uso do espaço.
50

Figura 26: Circulação Interna

LEGENDA

V Circulação vertical
Circulação horizontal
V

Fonte: Megan Meyers (2012). Adaptado por Aléxya Freitas

Uma característica do projeto que é bastante relevante é a criação de salas


onde os pais podem observar o tratamento dos pacientes, que se encontram
conectadas diretamente as salas de atendimento (Figura 27). Esta sala também se
apresenta como um recurso de apoio para os familiares onde é possível também
acompanhar a evolução dos filhos por meio de filmagens.
51

Figura 27: Sala de observação dos pacientes

Fonte: https://www.fastcompany.com/3054103/how-to-design-for-autism

Quanto a iluminação natural (Figura 28), na edificação permaneceram as


janelas do antigo edifício. Elas são janelas bastante altas, em esquadria de metal e
vidro, estando a uma altura maior que o plano do observador nas salas de
atendimento, que mesmo sem ter sido uma ideia proposital, pode contribuir para evitar
distrações para os pacientes durante a realização das atividades.
52

Figura 28: Iluminação natural

Fonte: Megan Meyers (2012)

Outro ponto importante trabalhado no projeto foi o da transparência, que tinha


como objetivo proporcionar uma livre observação dos ambientes, além de privilegiar
a iluminação natural entre os espaços. Sendo assim, os espaços internos possuem
portas com aberturas de vidro na lateral e na sua parte superior, e todas as salas são
repletas de janelas.

O projeto também demonstrou uma preocupação com a iluminação artificial e


propôs o encontro de equilíbrio entre a iluminação natural e artificial, que fosse
adequada a sensibilidade dos autistas (Figura 29).
53

Figura 29: Iluminação artificial

Fonte: ENVIRONMENTS FOR HEALTH ARCHITECTURE (2014)

No que diz respeito aos materiais, o projeto prezou pela utilização de produtos
naturais e fez o uso de diversas cores, o que deu um ar lúdico ao local. Contudo, de
certa maneira, pode-se levar em conta que a utilização de cores muito fortes e o uso
de muitas texturas podem levar a uma superestimulação do autista se tornando
prejudicial para a realização de suas atividades, além de que a ideia de um espaço
lúdico pode não ser muito adequada para os ambientes que são voltados para o
tratamento de adultos.

Por se tratar de um edifício de referência histórica de estrutura, não foi


possível que fossem feitas modificações e a estrutura básica do telhado teve que ser
preservada o que levou os arquitetos a tomarem como medidas de projeto algumas
alterações pontuais como o refinamentos das treliças de madeira que passaram a
receber uma coloração diferente dando um aspecto diferente aos ambientes internos(
Figura 30).
54

Figura 30: Treliças refinadas através de pinturas

Fonte: https://www.fastcompany.com/3054103/how-to-design-for-autism

Pode-se concluir destacando como pontos positivos do projeto a intenção dos


arquitetos na criação de um espaço pensado de acordo com as características
autistas, com uma inovação na criação de espaços que fizessem referência a um
espaço urbano com o objetivo de simular uma convivência social e estimular uma
socialização para os indivíduos autistas; o trabalho com as cores e com as texturas
na edificação revelam também uma preocupação com os estímulos que podem ser
prejudiciais aos pacientes autistas; e, a criação de espaços para o apoio a família que
permite uma maior participação familiar na intervenção. Dessa maneira, a observação
dos aspectos positivos muito tem a contribuir para o desenvolvimento do Centro de
apoio ao autista.

6.2. Lumen et Fides


A Lumen et Fides é uma instituição filantrópica localizada na cidade de
Presidente Prudente, São Paulo, que se destina ao atendimento de pessoas em todas
as faixas etárias diagnosticadas com Transtorno do Espectro Autista, doenças
neuromusculares e disfunções neuromotoras (GONÇALVES, MACHADO E
CAMPANHARO, 2010).

A Lumen et Fides (Figura 31) teve sua fundação em 15 de maio de 1957 por
meio da iniciativa de pais residentes na cidade de Presidente Prudente- SP que
buscavam por tratamento aos seus filhos (GONÇALVES, MACHADO E
CAMPANHARO, 2010).
55

Figura 31: Instituição Lumen et Fides

Fonte: Yasmim Perosso (2017)

De acordo com o diretor administrativo Manoel Dionísio Filho, o nome Lumen,


que possui origem latina, significa luz que brilha, trazendo um conceito de um guia
para um bom caminho e Fides são laços de amizades, que simbolicamente unem os
homens para realizarem o bem. Dessa forma, o nome da entidade possui um conceito
de cooperação em torno de um objetivo especial (GONÇALVES, MACHADO E
CAMPANHARO, 2010).

No ano de 1992 a Prefeitura Municipal de Presidente Prudente doou para a


Lumen et Fides um terreno que anteriormente funcionava a Instituição Alberto Cevelin.
Posteriormente a sede passou por reformas e expansões (GONÇALVES, MACHADO
E CAMPANHARO, 2010).

A Lumen et Fides oferece atendimentos profissionais nas áreas de


fisioterapia, psicologia, serviço social, pedagogia, terapia ocupacional, neurologia,
equoterapia e nutrição. É ainda importante destacar que na instituição também ocorre
um grupo operativo, onde são dadas orientações para a família relacionadas a
deficiência o que contribuem para a colaboração familiar no tratamento.
56

De acordo com Perosso (2017) no ano de 2017 a instituição contava com 66


funcionários e um total de 155 pacientes, sendo 55 deles autistas, existindo ainda uma
lista de espera com 45 pessoas diagnosticadas com o Transtorno do Espectro autista.

A instituição está localizada no bairro Jardim Alto da Boa Vista, com testada
para as ruas Maria Fernandes e Kasumi Obata (Figura 32).
57

Figura 32: Localização da Lumen et Fides

LEGENDA:

Lumen et Fides
Presidente prudente
Rua Maria Fernandes

Fonte: Google Earth (2019). Adaptado por Aléxya Freitas.

A entidade situa-se na zona sul da cidade de Presidente Prudente, fazendo


frente à praça Sebastião Jorge Chammé e tendo um entorno basicamente residencial,
o que possibilita a instituição um ambiente calmo e agradável, o que se torna muito
conveniente para os usuários em questão.

A Lumen et Fides possui seu estabelecimento dividido em quatro blocos e


conta com quatro acessos, sendo o acesso principal o voltado para a rua Maria
Fernandes (Figura 33).
58

Figura 33: Acessos ao edifício

LEGENDA

Entrada principal

Entradas secundárias

Fonte: Google Earth (2019). Adaptado por Aléxya Freitas.

De acordo com Perosso (2017), a instituição promove atendimento à saúde e


educação de pessoas com o transtorno do espectro autista, portanto, a autora justifica
que o complexo é cercado por alombrado com o objetivo de criar uma relação com o
entorno e permeabilidade visual, sendo a entrada de pessoas ao local restrita.

O acesso principal da instituição é guardado por um funcionário que direciona


os visitantes ou usuários do estabelecimento aos outros ambientes e os acessos
secundários são de acesso restrito aos funcionários, pais e atendidos levando
diretamente as dependências internas da entidade (PEROSSO, 2017).

A edificação é formada por quatro blocos independentes entre si (Figura 34),


que se encontram com uma distância considerável havendo apenas uma ligação entre
dois blocos por meio de uma cobertura metálica. Logo, pode-se afirmar que os blocos
foram implantados de maneira independente e sem uma ligação direta, não possui um
caminho acessível e pavimentado e nem cobertura para proteção das intempéries.
59

Figura 34: Blocos constituintes da instituição

LEGENDA:
Blocos
Fonte: Yasmim Perosso (2017). Adaptado por Aléxya Freitas.

A edificação é organizada por setores (Figura 35) que possuem tipologias com
características próximas. Os setores se dividem em: administrativo, pedagógico,
nutrição, serviço, terapia, atendimento médico, apoio familiar, setor dos autistas, setor
dos cavalos onde ocorre a equoterapia e ainda conta com uma quadra descoberta,
depósitos e estacionamento (PEROSSO, 2017).
60

Figura 35: Setorização

LEGENDA

Setor administrativo
Setor de Terapia
Setor pedagógico
Estacionamento coberto
Setor de nutrição Setor dos autistas
Setor de cavalos
Depósitos

Fonte: Yasmim Perosso (2017). Adaptado por Aléxya Freitas.


61

O setor administrativo é composto por uma recepção, secretaria, banheiros,


coordenadoria, sala de reuniões e sala da assistente social. Na entramos da
instituição temos acesso inicialmente a recepção (Figura 36) e a secretaria (Figura
37), que são marcadas pelas cores em tons neutros e claros (PEROSSO, 2017).

Figura 36: Recepção

Fonte: Yasmim Perosso (2017).


62

Figura 37: Secretaria

Fonte: Yasmim Perosso (2017).

A sala de reuniões (Figura 38) é um espaço com estética também neutra e


conta com uma mesa de dimensão grande para o desenvolvimento dos planejamentos
da instituição.

Figura 38: Sala de reuniões

Fonte: Yasmim Perosso (2017).

O setor pedagógico é constituído por três salas de aula, uma sala de terapia
ocupacional, banheiros e duas salas de pediasuit. As salas de pediasuit (Figura 39) já
63

apresentam um tratamento estético diferente, apesar de permanecerem com paredes


em tonalidades claras, é possível observar a existência de elementos com cores
diversas.

Figura 39: Sala depediasuit

Fonte: Yasmim Perosso (2017).

O bloco do setor de terapia é o maior bloco da construção e possui pé direito


duplo (Figura 40 e 41). O espaço contém grandes janelas de vidro que garantem uma
boa iluminação e ventilação natural, porém são insuficientes para proporcionar um
conforto térmico devido ao calor emitido pelas telhas que são metálicas (PEROSSO,
2017).

Figura 40: Sala de exercícios físicos com pé direito duplo

Fonte: Yasmim Perosso (2017).


64

Figura 41: Área de atividades motoras

Fonte: Yasmim Perosso (2017).

O setor ainda dispõe de uma área com piscina aquecida e um espaço para a
realização de atividades físicas, sala de fonoaudiologia (Figura 42), sala de
fisioterapia, sanitários e vestuários e salas de terapia ocupacional (Figura 43).
65

Figura 42: Sala de fonoaudiologia

Fonte: Yasmim Perosso (2017).


Figura 43: Sala de Terapia comportamental

Fonte: Yasmim Perosso (2017).


66

O setor multissensorial apresenta salas com superestimação dos sentidos


(Figura 44), são compostas por vários elementos lúdicos, luzes, cores fortes e
variadas (Figura 45), ou seja, são espaços com o objetivo de provocar sensações
diferentes ao estimular os sentidos dos usuários.

Figura 44: Sala multissensorial

Fonte: Yasmim Perosso (2017).


Figura 45: Sala multissensorial com espaço para vídeos

Fonte: Yasmim Perosso (2017).


67

O setor de apoio familiar (Figura 46) contém salas para o grupo cooperativo,
uma varanda, banheiro e copa. Possui uma tipologia arquitetônica simples, como
volumetria simples e cores neuras.

Figura 46: Setor de apoio familiar

Fonte: Yasmim Perosso (2017).

O setor de cavalos é formado por cinco baias, depósito para ração,


enfermaria, selaria e uma sala para o tratador (Figura 47).

Figura 47: Setor de cavalos

Fonte: Yasmim Perosso (2017).

O setor do autistas (Figura 48) é o último bloco dentro do terreno, contém


salas de aulas, sala da diretoria, sala de atendimento psicológico, cozinha, refeitório
e uma casa conhecida como casa do autista, que possui quarto, cozinha, banheiro,
sala e área de serviço e se localiza no mesmo bloco do setor dos cavalos.
68

Figura 48: Sala de desenvolvimento de atividades

Fonte: Yasmim Perosso (2017).

No setor dos autistas são desenvolvidas as atividades direcionadas para o


desenvolvimento pessoas dos assistidos. São espaços amplos, com cores neutras e
janelas que garantem a iluminação e ventilação (Figura 49 e 50). Alguns espaços
também contam com mobiliário com cores fortes, o que pode causar desconforto
sensorial para os usuários com autismo (Figura 51).
69

Figura 49: Sala de atividades com cores fortes

Fonte: Yasmim Perosso (2017).


Figura 50: Espaço para realização de atividades

Fonte: Yasmim Perosso (2017).


70

Figura 51: Refeitório

Fonte: Yasmim Perosso (2017).

A instituição possui uma edificação de uso inovador, trata-se se uma “casa”


onde os pacientes são induzidos a simular atividades comuns do dia a dia, de maneira
a aprender os hábitos que devem ser realizados fora da entidade (Figura 52).

Figura 52: Casa dos autistas

Fonte: Yasmim Perosso (2017).

Quanto a circulação interna (Figura 53), as salas são distribuídas nos blocos
sendo interligadas através de corredores que correspondem a circulação horizontal
71

da edificação. A estética desses espaços é bastante simples sem muitos detalhes e


estimulações sensoriais.

Figura 53: Circulação interna

Fonte: Yasmim Perosso (2017).

A estrutura do edifício é constituída por alvenaria em tijolos e estruturas


metálicas. A cobertura de todos os blocos da instituição é de telha metálica, o que
pode ocasionar aumento da temperatura interna dos ambientes e desconforto térmico.

As esquadrias (Figura 54) são em sua maioria em metal, e as janelas tem


partes constituintes de vidro, o que de certa maneira ao mesmo tempo que contribui
para uma boa iluminação natural, também se torno prejudicial ao conforto térmico dos
ambientes.
72

Figura 54: Esquadrias

Pela observação dos aspectos analisados, podemos concluir que na Lumen


et Fides os pacientes recebem um tratamento que busca ser humanizado, porém é
importante destacar os problemas arquitetônicos e espaciais, pois a instituição ainda
apresenta uma carência nos tratamentos dos espaços que poderia contribuir
positivamente no desenvolvimento dos assistidos.

Um ponto positivo para a instituição é a inovação na criação de um espaço


para simular as atividades realizadas no dia a dia com o objetivo de aumentar o nível
de independência dos os assistidos.
73

6.3. Associação amiga dos autistas (AMA)


A AMA surgiu no ano de 2000 na cidade de Teresina, incialmente ocupando
outros espaços até ter sua sede atual estabelecida no bairro Primavera, na rua José
Clemente Ferreira, número 2384. O terreno se encontra em uma área com fácil acesso
(Figura 55) para as zonas centro, zona norte através da avenida Duque de Caxias,
zona Leste pela ponte Petrônio Portela e a zona sul pela avenida Marechal Castelo
Branco. O Único acesso a instituição se encontra na rua José Clemente Pereira
(Figura 56).

Figura 55: Associação amiga dos autistas

LEGENDA
Associação amiga dos autistas
Fonte: GOOGLE EARTH 2019. Adaptado por Aléxya Freitas,2019.
74

Figura 56: Rua josé Clemente Pereira

Fonte: GOOGLE EARTH 2019.

A missão que a AMA se propõe frente a comunidade de Teresina é a de


oferecer serviço para as famílias e para pessoas com o Transtorno do Espectro
Autista, com o intuito de minimizar os comportamentos que são considerados
inadequados perante a sociedade (Informação verbal) 1.

A entidade oferece atendimento gratuito e possui caráter filantrópico. Para o


seu funcionamento a instituição conta com a contribuição de terceiros por meio de
convênios que contribuem para o desenvolvimento de suas atividades. A instituição
possui convênios com a Secretaria Estadual de Educação (SEDUC), com o município
de Teresina, com a secretaria de saúde, com o Mesa Brasil, conta ainda com a ajuda
da comunidade em geral, com uma parceria com a justiça e realiza eventos para a
arrecadação de fundos (Informação verbal) ¹.

Inicialmente a instituição foi fundada com o intuito de funcionar como uma


escola estadual chamada Celso Ribeiro, posteriormente o espaço foi cedido a AMA
por meio de um contrato de cessão de vinte anos, porém hoje se encontra em
processo de efetivação da doação (Informação verbal) ¹.

Ao longo dos anos, a instituição passou por algumas modificações e reformas


pontuais propostas pelas arquitetas Ivina Gadelga e Cecília Veloso com o objetivo de

1
Informação cedida por Luciana Fernandes de Moraes Luz – Diretora Pedagógica da Associação
Amiga dos autistas, em Teresina, em maio de 2019
75

promover melhorias e adequar o espaço às atividades desenvolvidas pela entidade


(Informação verbal)2. O terreno da edificação possui área de cerca de 3000 m² sendo
composta por quatro blocos principais (Figura 57), que juntos somas uma área de
aproximadamente 1065 m².

Figura 57: Blocos da instituição

Fonte: Gabriela Mendeiros (2018)

2
Informação cedida por Luciana Fernandes de Moraes Luz – Diretora Pedagógica da Associação
Amiga dos autistas, em Teresina, em maio de 2019
76

As atividades desenvolvidas na AMA são atividades que objetivam o


desenvolvimento e a independencia de seus assistidos e são disponibilizadas na
instituição tratamentos com fonoaudiologista, terapia ocupacional, psicopedagogia,
neurologista, fisioterapeuta, AAEE e psicologia, além das atividades realizadas como
educação musical, arte educação e educação física (Informação verbal)3.

A instituição organizou as suas atividades entre os quatro blocos e cada setor


ficou localizado em um bloco separado dos demais(Figura 58). O bloco possui cerca
de 182m², onde está localizado o refeitório, cozinha e depósito. O bloco 2 tem
aproximadamente 237 m² , o bloco 3 tem possui cerca de 265 m² e o bloco 4 dá lugar
a um pátio coberto, onde são realizados os eventos em geral contando com banheiros
masculino e feminino .

3
Informação cedida por Luciana Fernandes de Moraes Luz – Diretora Pedagógica da Associação
Amiga dos autistas, em Teresina, em maio de 2019
77

Figura 58: Setorização

Fonte: Gabriela Mendeiros (2018)

Uma das modificações realizadas para a adequação dos espaços da antiga


escola, para agora funcionar como um local de tratamento ao autista, foi a modificação
e divisão dos espaços que anteriormente davam lugar as salas de aula nos blocos 2
e 3. Podemos observar na planta baixa os ambientes que passaram por repartição
(Informação verbal)4.
É possível analisar por meio das imagens a volumetria do edificio que segue
o padrão das antigas escolas públicas de Teresina, com telhado em telha de barro
aparente e alpendre na lateral dos blocos (Figura 59). Os blocos possuem forma

4
Informação cedida por Luciana Fernandes de Moraes Luz – Diretora Pedagógica da Associação
Amiga dos autistas, em Teresina, em maio de 2019
78

simples retângular e sua organização no espaço possibilita uma boa iluminação e


ventilação do espaço.

Figura 59: Tipologia da construção

Fonte: Aléxya Freitas, 2019


No que diz respeito a circulação interna, ela é majitoriamente horizontal
(Figura 60), acontece nos alpendres nas laterais dos blocos e no pátio coberto, o que
se caracteriza como uma circulação confortável e fluida(Figura 61).
79

Figura 60: Circulação horizontal e vertical

Fonte: Gabriela Mendeiros (2018)


80

Figura 61: Circulação

Fonte: Aléxya Freitas, 2019


O refeitorio (Figura 62 ) da instituição é composto por grandes mesas que são
distrribuidas no ambiente onde acontecem as refeições, por pias e um bebedouro. O
espaço é confortável, amplo e possui uma iluminação adequada.
81

Figura 62: Refeitório

Fonte: Aléxya Freitas, 2019


O refeitório é acompanhado por uma cozinha (Figura 63) onde são preparadas
as refeições e lanches para os assistidos. A cozinha possui estrutura simples e é um
espaço bem arejado.
Figura 63: Cozinha

Fonte: Aléxya Freitas, 2019


82

No setor de saúde se localizam as salas de tratamento, que são sala de


fisioterapia (Figura 64), psicologia (Figura 65 e 66), educação física e fonoaudiologia.
Os ambientes seguem o mesmo padrão, são espaços reduzidos que não possuem
aberturas externas(Figura 66).Apesar do desconforto causado pela falta de janelas
nas salas e o pequeno espaço disponível, um aspecto relevante deve ser levantado,
quando se trata de pessoas no espectro autista, o mais indicado para os locais de
tratamento é que sejam espaços sem quaisquer estimulos , fechados, calmos e sem
distrações, o que torna o ambiente propicio para as internvenções.
Figura 64: Sala de fisioterapia

Fonte: Aléxya Freitas, 2019


83

Figura 65: Sala de Psicologia

Fonte: Aléxya Freitas, 2019


Figura 66: Mesa para o assistido em sala de Psicologia

Fonte: Aléxya Freitas, 2019


No setor educacional são desenvolvidas atividades artísticas e musicais que
objetivam o desenvolvimento social dos pacientes. São ambientes que seguem o
84

padrão de espaços pequenos e sem janelas, a diferença é que fazem mais uso de
cores e detalhes lúdicos de maneira a incentivar os pacientes nas atividades (Figura
67). Um ponto negativo em relação a estética escolhida para os locais é que a
instituição presta atendimento também a pessoas adultas, por tanto não seria ideal a
utilização de elementos lúdicos infantis, já que a sociedade tente a uma infantilização
das pessoas com autismo.
Figura 67: Sala de atividade artística

Fonte: Aléxya Freitas, 2019

O setor administrativo é formado pelas salas de coordenação, diretoria,


recepção e salas para os funcionários. São ambientes pequenos onde se organizam
todos os mobiliarios referentes as funções dos locais (Figura 68 e 69). Devido ao
tamamanho dos ambientes, há a necessidade de mais espaços para acomodar os
funcionários e mobiliário de maneira que contribua para o funcionamento da
instituição.
85

Figura 68: Sala administrativa

Fonte: Aléxya Freitas, 2019


Figura 69: Sala administrativa

Fonte: Aléxya Freitas, 2019


A instituição também conta com uma pequena área de serviço (Figura 70)
localizada posterior ao pátio coberto. A área de serviço não possui uma estrutura boa
devido as condições economicas da instituição, é composta por apenas dois tanques
de lavar roupas.
86

Figura 70: Área de serviço

Fonte: Aléxya Freitas, 2019


A instituição conta com uma piscina (Figura 71) que foi adicionada
posteriormente a construção e possui uma área de 59 m², porém atualmente se
encontra degradada o que impossibilita a utilização por meio dos pacientes.

Figura 71: Piscina desativada

Fonte: Aléxya Freitas, 2019


87

O pátio coberto (Figura 72) é um local bastante arejado e é o espaço destinado


para atividades em geral e também para a realizações de eventos promovidos pela
instituição. Devido a topografia do terreno, o patio possui rampas de acessos que
cumprem a sua função de acessibilidade uma vez que alguns autistas também
apresentam como sintomas problemas motores.
Figura 72: Pátio coberto

Fonte: Aléxya Freitas, 2019


Segunda a Diretora pedagogica Luciana Fernandes Moraes, a intituição
aguarda as verbas necessárias para transformar um espaço disponível (Figura 73) em
uma quadra de esportes para a realização de atividades com os assistidos. Por
enquanto a área se encontra de maneira inutilizavel.
88

Figura 73: Área para Quadra coberta

Fonte: Aléxya Freitas, 2019


A AMA também conta com um conjunto de banheiros (Figura 74 e 75)
masculino e feminino que possuem acesso atraves do pátio coberto. Os banheiros se
encontram em boa condição, com bom estado de acabemento e apresentam um
sanitário acessível em seu interior; porém é provavel que a quantidade de sanitários
seja insuficiente para a demanda do local.
Figura 74: Sanitários

Fonte: Aléxya Freitas, 2019


89

Figura 75: Sanitários

Fonte: Aléxya Freitas, 2019


Quanto a vegetação, pôde-se observar a existência de várias árvores e
plantas de pequeno porte no edificio (Figura 76), onde as plantas se encontram
distribuidas entre os blocos e as áreas livres da instituição, o que propicia um ambiente
mais agradável esteticamente e arejado.
90

Figura 76: Vegetação existente

Fonte: Gabriela Mendeiros (2018)

Vale a pena salientar que a instituição conta também com uma pequena horta
(Figura 77) promovida por uma iniciativa de estudantes do curso de Agronomia da
Ufpi. Outro ponto relevânte é o fato da instituição reutilizar as águas provinientes dos
sistemas condicionadores de ar para a irrigação da vegetação(Figura 78),
promovendo assim uma economia de subsidios e de água.
91

Figura 77: Horta

Fonte: Aléxya Freitas, 2019


Figura 78: Sistema de reaproveitamento da água da chuva

Fonte: Aléxya Freitas, 2019


92

No que diz respeito a estrutura da edificação podemos considera-la simples. As


paredes são de alvenaria de tijolos com pilares, vigas e lajes em concreto armado
(Figura 79).

Figura 79: Estrutura da edificação

Fonte: Aléxya Freitas, 2019


O telhado possui telhas cerâmicas e aparentes (Figura 80), sendo possível a
observação de tesouras de madeira no pátio coberto e no refeitório. Apenas a piscina
possui telhas metálicas.
93

Figura 80: Telhado

Fonte: Aléxya Freitas, 2019


As esquadrias dos blocos em sua maioria são em ferro e vidro do tipo
basculante (Figura 81). Por conta da falta de segurança a maioria das esquadrias que
continham partes de vidro foram trocadas por pedaços de madeira (Figura 82) e outras
passaram a receber proteção por gradeados (Figura 83).
94

Figura 81: Esquadrias em ferro

Fonte: Aléxya Freitas, 2019


Figura 82: Esquadrias em madeira

Fonte: Aléxya Freitas, 2019


95

Figura 83: Esquadrias gradiadas

Fonte: Aléxya Freitas, 2019


As portas da edificação são de ferro e algumas possuem gradis para otimizar a
segurança no local (Figura 84, 85 e 86).

Figura 84: Portas de Ferro WC-Piscina


96

Fonte: Aléxya Freitas, 2019


Figura 85: Porta de Ferro edifício com gradiado

Fonte: Aléxya Freitas, 2019


Figura 86: Porta interna de Ferro

Fonte: Aléxya Freitas, 2019


97

A forração da instituição se dar por meio de forro em PVC (Figura 87), o que
pode tornar as condições climaticas internas desconfortaveis devido as autas
temperaturas da capital teresinense e o fato do PVC se um forte condutor de calor.
Figura 87: Forro PVC

Fonte: Aléxya Freitas, 2019


As cores que predominam na instituição são o branco e o azul (Figura 88). Os
ambientes possuem tratamento simples e com estética neutra o que pode contribuir
com a intervenção ao autismo já que não é um ambiente de sobrecarga sensorial.
98

Figura 88: Cores padrões da Instituição

Fonte: Aléxya Freitas, 2019


Em virtude dos fatos mensionados, é possível observar como aspectos
positivos o fato de a instituição possuir um tratamento espacial pensado de acordo
com as pecliaridades da sindrome autista. Porém, podemos destacar como aspectos
negativos o pouco espaço disponível para a realização das atividades, e a ausencia
de outros ambientes que poderiam se tornar complementares para o desenvolvimento
dos pacientes com TEA.
99

7. TERRENO PROPOSTO

A escolha do terreno a ser utilizado para a implantação do Centro de apoio


para pessoas com autismo foi baseada em alguns aspectos considerados importantes
para a instituição. Foram estes os aspectos: o estudo dos raios de influência das
instituições públicas voltadas para o atendimento de autistas existentes na cidade de
Teresina, com o intuito de escolher um local que tenha maior carência de atendimento
a pessoas com TEA. Tomouse como base raios de 2000 metros, que ao serem
locados no mapa de Teresina (Figura 89) resultaram em áreas onde o atendimento
público é inexistente. Feito isso, realizou-se uma análise de qual seria a melhor zona
para implantar a instituição proposta, tendo como objetivo um terreno grande, capaz
de comportar a instituição de maneira adequada e que possuísse fácil acesso e bem
servida de transporte público, o que resultou em um terreno localizado na zona
sudeste da cidade.
100

Figura 89: Raios de influências de locais de tratamento ao autista e terreno proposto

LEGENDA

Área de influência de locais de tratamento ao autismo

Área de influência do terreno proposto

Terreno proposto

Fonte: Arquivo de AutoCAD PMT. Adaptado por Aléxya Freitas, 2019.


101

O terreno proposto fica localizado na Avenida São Francisco no bairro


Comprida, zona sudeste de Teresina (Figura 90) e faz limite com os bairros Extrema,
Itararé e Tancredo Neves.

Figura 90: Localização do Bairro Comprida

6 4
5 3
1

LEGENDA:

1 Comprida 4 Itararé
Terreno proposto
Delimitação do Bairro comprida 2 Extrema 5 Tancredo Neves

Delimitação dos demais Bairros 3 Novo Horizonte 6 Beira Rio

Fonte: GOOGLE EARTH 2019. Adaptado por Aléxya Freitas,2019.

O terreno possui testada para a Avenida São Francisco (Figura 91), e no lado
direito existe uma grande porção de terra ainda sem construção e nos fundos, na
fachada Oeste, se localiza o Rio Poti.
102

Figura 91: Avenida São Francisco

Fonte: GOOGLE EARTH 2019.

A delimitação do terreno foi realizada de acordo com o traçado urbano já


existente, dessa forma resultando em uma área de aproximadamente 12.220 m²
deixando para os fundos uma grande quantidade de terreno para uma posterior
ocupação.

As dimensões do terreno (Figura 92) são: 149,48 metros de frente; 138,57


metros do lado direito; 112,65 metros do lado esquerdo e 195,33 metros de fundo, o
que resulta em um total de 12.220 m² de área. O terreno não possui qualquer tipo de
edificação ou pavimentação interna, entretanto apresenta algumas árvores (Figura 93)
que posteriormente podem ser utilizadas como parte do projeto paisagístico para o
Centro de apoio ao autismo.
103

Figura 92: Dimensões do terreno

149,48

112,65

138,57

195,33

LEGENDA:

Terreno proposto

Fonte: Arquivo de AutoCAD PMT. Adaptado por Aléxya Freitas, 2019.


104

Figura 93: Vegetação existente

LEGENDA:

Vegetação existente

Fonte: Arquivo de AutoCAD PMT. Adaptado por Aléxya Freitas, 2019.

Conforme o zoneamento da prefeitura de Teresina, o terreno está localizado


em uma Zona residencial, o que possibilita a criação de um centro de tratamento
autista. Conforme ainda a Lei Nº 3.558, de 20 de outubro de 2006 que deve ser levada
em consideração para a efetivação da proposta de projeto, o índice de aproveitamento
deve ser de no máximo 1 e a taxa de ocupação é de 60%.

ZR1
Índice de Recuo mínimo
USOS aproveitamento Frente Laterais Fundos TO
Residencial 1 2,00 1,5 e 0 1,5 60%

O estudo do entorno (Figura 94) foi realizado de acordo com um raio de


influência do terreno proposto. Para o levantamento dos equipamentos existentes,
verificou-se o tipo de construção presentes próximos a área, o que foi verificado que
o entorno possui em sua grande maioria residências, o que é um ponto importante já
105

que o Centro de apoio ao autista necessita de uma vizinhança calma que não produza
muitos ruídos. Verificou-se também alguns pequenos pontos que oferecem alguns
serviços.

Figura 94: Estudo do entorno

LEGENDA:

Terreno proposto

Serviço

Residencial

Fonte: Arquivo de AutoCAD PMT. Adaptado por Aléxya Freitas, 2019.

Quanto aos serviços de transporte público (Figura 95), a área proposta possui
em suas proximidades duas paradas de ônibus da linha A534-Parque Jurema-
Comprida, que passa pela Avenida São Francisco e segue para um terminal, fazendo
integração com o resto da cidade.
106

Figura 95: Paradas de Ônibus

LEGENDA:

Parada de Onibus

Av. São Francisco

Fonte: GOOGLE EARTH 2019.

O bairro Comprida em geral possui uma topografia pouco acidentada, o


terreno escolhido para a proposta se encontra quase que plano apresentando apenas
alguns desníveis, o que é um ponto positivo pois significa uma redução de gastos já
que não haverá remoção ou movimentação de terra (Figura 96).
107

Figura 96: Topografia

64

60
62

Fonte: Arquivo de AutoCAD PMT. Adaptado por Aléxya Freitas, 2019.

O terreno possui seus dois maiores lados voltados para o sentido norte e sul,
dessa maneira, a insolação no período da tarde e da manhã atingem os menores
lados do Terreno. No que diz respeito a ventilação, o terreno recebe os ventos sudeste
e noroeste sem muitas barreis, já que a área dos fundos não possui edificações e dos
lados e na parte frontal, as edificações não representam barreiras que possam
interferir na ventilação (Figura 97).
108

Figura 97: Insolação e Ventilação

LEGENDA:

Insolação Oeste rec


Insolação Leste

Ventos Sudeste

Ventos Noroeste
Fonte: Arquivo de AutoCAD PMT. Adaptado por Aléxya Freitas, 2019.

A partir de todas as análises conclui-se que conforme todas as características


do terreno, tais como legislativas, do entorno, da vegetação existente, do acesso, do
transporte público; o terreno analisado tem bastante potencial para receber o projeto
Centro de apoio para pessoas com autismo.
109

8. PROGRAMA DE NECESSIDADES/ DIMENSIONAMENTO


O programa de necessidades teve a sua formação a partir da análise das
necessidades sociais e funcionais daqueles que seriam atendidos pela instituição, ou
seja, pessoas com o Transtorno do espectro autista. Para tal, a proposta teve como
base a situação da AMA Piauí, que de acordo com a pesquisa realiza, possuía uma
fila de espera de aproximadamente 300 pessoas. Sendo assim, a proposta objetiva
criação de uma instituição que ofereça a quantidade de 300 vagas para pessoas com
autismo, em todas as idades, com funcionamento no período da manhã e da tarde; e
de caráter público.

O programa de necessidades foi dividido em 4 setores: setor administrativo,


setor de atendimento ao autista, setor de esporte e setor de serviço. Setores estes
que se dividem em dois edifícios distribuídos ao longo do terreno.

Setor administrativo
Recepção/ LOUNG 25,52m²
Secretária 11,73 m²
Coordenação 10,16 m²
Diretoria 10,98 m²
Recursos humanos 10,09 m²
Área de espera 16,24 m²
Contabilidade 12,41 m²
Sala de treinamento para voluntários 26,47 m²
Sala dos estagiários 22,26 m²
Sala assistente social 10,17 m²
DML 5,38 m²
Sala vigia 10,95 m²
BWC masculino 10,75 m²
BWC feminino 11,48 m²
PCD masculino 3,23 m²
PCD feminino 2,87 m²
Setor de atendimento ao autista
Sala de fonoaudiologia 26,68 m²
Sala de psicologia 15,37 m²
110

Sala de atividades sensoriais 31,39 m²


Sala de atividades artísticas 26,68 m²
BWC masculino 9,35 m²
BWC feminino 9,57 m²
PCD masculino 2,88 m²
PCD feminino 2,91 m²
Sala de musicoterapia 20,53 m²
Sala de fisioterapia 20,53 m²
Sala de avaliação 15,31 m²
Sala de atividade em grupo 15 m²
Sala de informática 15,31 m²
Sala de atividades sensoriais 2 26,97 m²
Sala de psicologia 2 15,37 m²
Sala de fisioterapia 2 31,39 m²
Sala de fonoaudiologia 1 15,31 m²
Sala de fonoaudiologia 2 15,31 m²
Setor de esporte
Ginásio 1180 m²
Vestiário masculino 19,36 m²
Vestiário feminino 19,36 m²
PCD masculino 19,33 m²
PCD feminino 5,01 m²
Setor de serviço
Refeitório 205,78 m²
Cozinha 57,10 m²
Depósito 5,44 m²
Câmara fria 6,24 m²
Depósito 5,77 m²
Copa 19,25 m²
Sala nutricionista 9,10 m²
BWC masculino 9,89 m²
BWC feminino 10,65 m²
PCD masculino 3,78 m²
111

PCD feminino 4,83 m²


Carga e descarga 28,75 m²
Área de serviço 30,04 m²
Vestiário masculino 16,64 m²
Vestiário feminino 13,46 m²
112

9. MEMORIAL JUSTIFICATIVO

9.1. Conceito/ partido

O autismo é uma síndrome que muito tem a ver com questões sensoriais,
pensando nisso a proposta em questão levou em consideração os efeitos que a
arquitetura, em relação aos aspectos sensoriais, pode ter sobre as pessoas que
possuem essa condição neurológica. Para tanto, o conceito adotado para o projeto é
a curva.

Ao ser relacionado a curva ao movimento, pode-se fazer referência a questão


espacial, com a criação de um ambiente fluído e contínuo que produzirá noções de
integração e exploração. A curva pode ser considerada como uma quebra de
paradigma espacial muito forte pois foge ao padrão estabelecido pelas formas
retangulares com espaços retos; logo, causa sensações diferentes aos usuários,
como também se torna um elemento instigador.

Para a concretização do conceito, o partido adotado visará a criação de


ambientes baseados orginalmente em formas circulares( Figura 98), o que
proporcionará a edificação formas orgânicas, espaços fluídos onde os usuários
percorrerão a edificação de uma maneira continua com diferentes tratamentos
sensoriais, estímulos a independência e a exploração de novas possibilidades.

Figura 98: Formas curvas

Fonte: Aléxya Freitas,2019.


113

9.2. Critérios projetuais

• Sequenciamento lógico
A inspiração para a linearidade do edifício também está agregada ao desejo
de exploração por parte dos atendidos ao local em questão, de frente para o setor de
atendimento, encontra-se um jardim que foi trabalho com o método de estimulação
sensorial que possui áreas de alta e baixa estimulação. O objetivo é levar o atendido
a percorrer a extensão do prédio e vivenciar as mais diferentes sensações.

Ainda sobre a linearidade, este conceito também está relacionado com a


organização lógica dos ambientes, com o objetivo de criar espaços de fácil
compreensão, o que facilitará o entendimento do edifício por parte da comunidade
atendida.

• . Zoneamento sensorial
Os jardins sensoriais (Figura 99) de alto e baixo estímulo seguem o conceito
de zoneamento sensorial que objetivam o recalibramento dos sentidos dos usuários
com autismo.

Figura 99: Jardim sensorial

Fonte: Aléxya Freitas,2019.

• Tranquilidade
114

A tranquilidade é um aspecto que se deseja alcançar por meio de espaços


com tratamento natural, com uso de vegetação e insolação natural, o que possibilita
o contato com a natureza.

• Iluminação natural
A iluminação natural será um aspecto presente na edificação com o objetivo
de tornar os ambientes mais confortáveis visualmente criando efeitos com a luz natural
e proporcionando também uma estética agradável ao local.

• Janelas altas
Se farão uso de janelas altas nas salas de atendimento com o objetivo de
evitar possíveis distrações por parte dos atendidos, já que os mesmos podem vir a se
distrair facilmente.

• Espaço para socialização


O programa de necessidades também dá lugar a uma horta que tem como
intuito desenvolver a percepção dos usuários com autismo, incentivar a socialização
e a exploração de novas atividades.

• Escape espace
É uma característica bastante comum em pessoas com TEA a necessidade
de se isolar em certos momentos para a recalibração dos sentidos. Levando-se esse
fato em consideração, o projeto possui um coreto localizado na parte posterior do
Ginásio, localização esta estratégica que proporciona um local para se estar sozinho;
sendo este um lugar mais intimista, com contato com a natureza e com menor trânsito
de pessoas.

• Tratamento estético (Figura 100)


Devido as já sabidas características sensoriais autistas, o projeto fez uso em
suas fachadas de um conceito estético mais limpo, simplista e clean; com o objetivo
da criação de um espaço mais neutro esteticamente e menos estimulador aos sentidos
da comunidade a ser atendida no local.
115

Figura 100: Tratamento estético

Fonte: Aléxya Freitas,2019

9.3. Planta baixa

Dentro do terreno, o programa de necessidades se distribuirá em dois edifícios


distintos, sendo que o primeiro abriga o setor de serviço juntamente com o setor
administrativo, e o segundo dará espaço para o setor de esportes e o setor de
atendimento.

Inicialmente o terreno foi desmembrado com a criação de um espaço


destinado a se tornar uma praça, local este que tem o objetivo de criar um recuo do
edifício em relação aos ruídos da rua, já que estes podem ser incômodos para as
pessoas com autismo que possuem sensibilidade auditiva. A praça( Figura 101)
também tem o objetivo de ser um espaço agradável de espera para os familiares dos
atendidos, como também uma maneira de tornar o local um pouco mais seguro a
medida que também há crianças atendidas pela instituição que no momento de sua
saída, não sairão diretamente para Avenida.
116

Figura 101: Partido

Fonte: Aléxya Freitas,2019.

A instituição possui 3 entradas, sendo uma que dá acesso a parte


administrativa e é a entrada principal para os atendidos, e os outros dois acessos
levam a dois estacionamentos distribuídos no lado esquerdo e direito do
estabelecimento.

As formas dos edifícios possuem inspiração circular, além disso o programa


de necessidades foi organizado de maneira a se evitar a locação de ambientes sem a
devida iluminação e ventilação natural (Figura 103), o que resultou em uma
distribuição linear (Figura 102 ).

Figura 102: Distribuição Linear

Fonte: Aléxya Freitas,2019.


117

Figura 103: Organização dos ambientes

Fonte: Aléxya Freitas,2019.


118

10. CONCLUSÃO
Em virtude dos fatos apresentados este projeto visa a criação de um centro
de atendimento e apoio ao autista pensado e projetado de acordo com as
características da síndrome, respeitando suas limitações e a maneira como
compreendem o espaço. Para tal a proposta trabalha com os aspectos sensoriais e
busca uma abordagem espacial diferenciada que leve a uma contribuição ao
desenvolvimento do público alvo atendido pela instituição, além da tentativa de criação
de um espaço de atendimento agradável e confortável.
119

11. REFERÊNCIAS

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https://www.ama.org.br/site/autismo/tratamento/. Acesso em: 27 mar. 2019.
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a edificações, mobiliário, espaços e equipamentos urbanos. Rio de Janeiro, p.
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Disponível em: https://autismoerealidade.org.br/o-que-e-o-autismo/marcos-
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ADULTS WITH ASD. Autism safari, [S. l.], 2006. 2nd wold autism congress and
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