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BLUMENAU
2013
PÂMELA ULIANA MOHR TAVARES
BLUMENAU
2013
INDUSTRIALIZAÇÃO NA CONSTRUÇÃO CIVIL:
ANALISE DO CENÁRIO ATUAL NO BRASIL
Por
_______________________________________________
Presidente: Prof.º Nilton Speranzini, Esp. – Orientador, FURB
_______________________________________________
Membro: Prof.º Ademar Cordeiro, Dr., FURB
_______________________________________________
Membro: Prof.º Édimo Celso Rudolf, Me., FURB
O mundo vive um momento em que se industrializar deixou de ser uma opção, e passou a ser
a alternativa que supre o crescimento e permite que as empresas possam continuar crescendo.
A utilização dos sistemas industrializados na construção civil oferece muitos benefícios como
canteiros de obras limpos, obras entregues dentro do prazo, qualidade do produto final, além
de contribuir positivamente para problemas como a sustentabilidade. Com base nesta
realidade, o presente trabalho busca encontrar os motivos da dificuldade de implantação dos
sistemas industrializados na construção brasileira, através de pesquisas realizadas buscando
apresentar a diferença entre os métodos convencional e industrializado, com as vantagens de
utilização apresentadas por modelos existentes.
The world is experiencing a moment to industrialize no longer an option, and became the
alternative that meets the growth and allows businesses to continue growing. The use of
industrialized systems in construction offers many benefits such as construction sites clean,
works delivered on time, product quality, and contribute positively to issues such as
sustainability. Based on this fact, the present work seeks to find the reasons for the difficulty
of deploying the systems in industrialized Brazilian construction through research conducted
in an attempt to present the difference between conventional and industrialized, with the
advantages of use provided by existing models.
1 INTRODUÇÃO ................................................................................................................... 12
1.1 PROBLEMA DA PESQUISA ........................................................................................... 12
1.2 OBJETIVOS ....................................................................................................................... 13
1.2.1 Geral ................................................................................................................................ 13
1.2.2 Específicos ....................................................................................................................... 13
1.3 JUSTIFICATIVA PARA ESTUDO DO TEMA................................................................ 14
1.4 ESTRUTURA DO TRABALHO ....................................................................................... 14
2 CONSTRUÇÃO INDUSTRIALIZADA ............................................................................ 15
2.1 A INDUSTRIALIZAÇÃO DA CONSTRUÇÃO .............................................................. 15
2.1.1 Componentes industrializados disponíveis no mercado .................................................. 16
2.1.1.1 Estruturas pré-fabricadas de concreto........................................................................... 17
2.1.1.2 Vantagens e inconvenientes das estruturas pré-fabricadas de concreto ....................... 18
2.1.1.3 Coberturas pré-fabricas ................................................................................................ 19
2.1.1.4 Paredes Dry-wall .......................................................................................................... 21
2.1.1.5 Sistema light steel framing ........................................................................................... 22
2.1.2 Industrialização do ciclo aberto e fechado ...................................................................... 23
2.2 A INDUSTRIALIZAÇÃO NO BRASIL ........................................................................... 25
2.3 ATRASO NO SETOR ........................................................................................................ 26
2.3.1 Atraso do setor construtivo no Brasil .............................................................................. 26
2.3.2 SINAT ............................................................................................................................. 27
2.4 DIFICULDADE DE IMPLANTAÇÃO ............................................................................. 28
2.4.1 Problemas proporcionados pelo atraso do setor .............................................................. 28
2.4.2 Obstáculos para superar ................................................................................................... 29
2.4.3 Autoconstrução ................................................................................................................ 32
2.5 INDUSTRIALIZAÇÃO E RACIONALIZAÇÃO ............................................................. 32
2.6 INDUSTRIALIZAÇÃO E SUSTENTABILIDADE ......................................................... 34
2.6.1 Industrialização e sustentabilidade .................................................................................. 34
2.7 MODELOS DE CONSTRUÇÕES INDUSTRIALIZADAS ............................................. 35
2.7.1 Modelo 1 – Moradia habitacional .................................................................................... 37
2.7.2 Modelo 2 – edifícios ........................................................................................................ 38
2.7.3 Modelo 3 – residencial .................................................................................................... 40
2.7.4 Modelo 4 – obras de grande porte ................................................................................... 41
2.8 COMPARATIVO ENTRE OS MÉTODOS ...................................................................... 42
2.8.1 Construções convencionais.............................................................................................. 42
2.8.2 Construções Industrializadas ........................................................................................... 44
2.9 VIABILIDADE DO USO NO PAÍS .................................................................................. 47
3 CONCLUSÃO...................................................................................................................... 48
REFERÊNCIAS ..................................................................................................................... 49
12
1 INTRODUÇÃO
Construir é um termo que todos em algum momento da vida iram se deparar. Quando
se pensa em construções logo vem à imagem de um pedreiro assentando quilômetros de
tijolos, um a um, em um processo longo e cansativo do qual quase não se pode ver o fim.
Mas não precisar ser desta forma. Obras intermináveis, falta de espaço e de
organização, atrasos e uma infinidade de outros pequenos inconvenientes que sempre surgem
nas construções convencionais, são substituídos pela organização e rapidez da construção
industrializada.
A industrialização da construção é um método cada vez mais necessário. É o
processo facilitador que reduz a perda de tempo nos canteiros de obra, planejando e
produzindo fora do canteiro componentes da construção e realizando no canteiro de obra a
montagem dos produtos pré-fabricados sem que tenha que se fazer uso de métodos
convencionais ganhando-se tempo com boa arquitetura, baixo custo, padronização e
racionalização dos materiais acabando com improvisos além de eliminar a poluição visual dos
canteiros, auxiliando na estética da obra e contribuindo para a sustentabilidade.
No Brasil, este método ainda não é uma realidade constante. Apesar de um grande
numero de obras ao longo dos antes já terem sido erguidas por este método, o que se pratica
nas obras ainda é o sistema convencional.
É dentro deste contexto que o presente trabalho procurar averiguar possíveis causas
do atraso do setor no Brasil, focando nos benefícios da construção industrializada para
diversos modelos de construções em relação ao método convencional de construção até hoje
aplicado e evidenciar a viabilidade do uso do sistema industrializado para o país.
1.2 OBJETIVOS
1.2.1 Geral
1.2.2 Específicos
A engenharia civil esta sempre buscando novas alternativas, que juntem inovação e
tecnologia com o fim de tornar mais praticas, seguras e eficientes às edificações, seguindo
esta ideia, este trabalho de pesquisa vem analisar a viabilidade de implantação do método de
construção industrializada para o Brasil, que ainda não desenvolveu o método como países do
exterior.
2 CONSTRUÇÃO INDUSTRIALIZADA
O Brasil perdeu a chance de se industrializar junto com outros países, os poucos que
na década de 50 e 60 tentaram foram barrados pela falta de apoio e incentivos, mas suas obras
puderam mostrar a perfeição da técnica.
Aos poucos a industrialização foi tomando conta das diversas áreas no setor da
construção, inicialmente fabricando parafusos e pequenas peças, até que, nos dias de
hoje, nos deparamos com a pré-fabricação, peças de diversos tamanhos e
importâncias fabricadas fora do local da obra e depois transportadas até esse e
fixadas no local de destino (MANSELL et al., 2010).
Vantagens Inconvenientes
• Produzidos em formas próprias reutilizáveis; • Utilização de formas para produzir a peca;
• Redução de desperdícios de materiais; • Controle de qualidade rigoroso da produção;
• Redução da mão-de-obra; • Detalhamento do projeto e planejamento antecipado e
criterioso do empreendimento;
• Redução do tempo de execução da obra; • Mão-de-obra especializada;
• Garantia de usar o artefato de cimento necessário na • Dificuldade no transporte das peças;
obra, com a resistência que ela precisa;
• Montagem seca; • Dificuldade na armazenagem adequada.
• Reduzir o custo com o cimbramento.
Quadro 1 – Vantagens e inconvenientes da pré-fabricação de concreto
Fonte: Mansell (2010, p. 10).
a) Telhas metálicas
Muito utilizadas, as telhas metálicas ganharam espaço nas grandes obras,
principalmente pela diferença de peso entre outras opções. A cobertura metálica pesa cerca de
6 kg/m², enquanto opções como o fibrocimento chega a 20 kg/m². Quando se trabalha com
coberturas mais leves, reduz o problema estrutural da edificação.
Vantagens
Baixo custo do projeto.
Liberdade no projeto arquitetônico.
Racionamento de material e mão de obra.
Baixo custo de materiais, comparado a alvenaria.
Compatibilidade com outros materiais.
Rapidez no processo de montagem.
Alívio de carga nas fundações.
Maior aproveitamento no espaço interno.
Resistência a vibrações, chuvas e ventos fortes.
Extinção dos problemas de infiltração.
Precisão construtiva.
Maior aproveitamento de luz solar, baixando o custo de energia elétrica.
Segurança, Flexibilidade.
Mobilidade, podendo ser desmontado e remontado em outro local.
Facilidade de expansão, caso deseje posteriormente aumentar a área, sendo
que não aparentando emenda.
Organização no canteiro de Obra.
Boa ventilação, não deixando o local abafado.
Versatilidade.
Preservação do Meio Ambiente.
Baixo custo de manutenção.
Quadro 2 – Vantagens da cobertura metálica
Fonte: Nova Teixeira (2009).
20
b) Telhas de concreto
Telhas de concreto parece ser um item muito pesado da construção, mas na verdade
tem peso similar e até menor do que algumas telhas de barros. No mercado a uma grande
variedade de telhas em linhas suaves e em diversas cores, dando liberdade de escolha para
clientes e projetistas.
Características:
apresentam excelente resistência mecânica;
são duráveis e de fácil manuseio;
são fornecidas em diversas cores e modelos;
são resistentes as ações das intempéries;
apresentam um conjunto de peças complementares para acabamento nas diversas
partes do telhado;
apresentam baixo índice de absorção de água, não sobrecarregando o telhado
quando da incidência de chuvas.
Vantagens
Alta Impermeabilidade;
Além da matéria-prima empregada, a tinta e a camada protetora aplicadas na superfície reduzem a absorção
de água das telhas, evitando que elas se encharquem;
Menor custo de mão-de-obra;
Por serem uniformes, alinhadas e de maior dimensão, as telhas têm encaixes perfeitos, diminuindo o tempo
de montagem do telhado;
Maior Resistência;
A alta qualidade dos materiais e a tecnologia utilizada na produção das telhas possibilitam uma resistência
superior à norma Brasileira (NBR), reduzindo a manutenção do telhado;
Dispensa reforço na estrutura;
Por apresentarem dimensões maiores, para a construção de um telhado são necessárias apenas 10,5 telhas por
m² resultando em um peso médio inferior (49 kg/m²), eliminando qualquer despesa com reforço na estrutura.
Quadro 3 – Vantagens da cobertura de concreto
Fonte: Portal Met@lica (1999-2013a).
21
Drywall traduzido do inglês significa „parede seca‟ que não precisa de argamassa
para a execução como as paredes convencionais de concreto.
É um sistema de divisórias utilizado para execução de paredes, revestimento e forros.
Há mais de vinte anos no Brasil, e setenta no mundo, começou a ser utilizado com frequência
há poucos anos. Sua estrutura consiste em painéis de gesso acartonado com estrutura rígida
em perfis de aço galvanizado, dentre as opções é possível encontrar Standart (para ambientes
secos), resistentes a umidade, resistentes a fogo e cimentícia (para ambientes externos sujeitos
a umidade) (SILVA, 2007).
As paredes são ocas, possibilitando a passagem no seu interior de instalações
elétricas, sistemas hidráulicos e telefonia.
O sistema de paredes Dry-wall oferece algumas vantagens quanto às paredes de
alvenaria convencional. Rapidez é mais notável delas, mas leveza, conforto acústico,
resistência ao fogo e manutenção também se sobressaem. Essas vantagens têm feito do
sistema Drywall um dos principais na execução de obras como cinemas.
Segundo Silva (2007), outra questão muito simples é a manutenção e os reparos das
instalações que forem instaladas em paredes Drywall. É necessário fazer somente um corte na
parede, permitindo o acesso das instalações para o reparo, e depois de finalizado a
manutenção, utilizar o pedaço retirado para o fechamento, e refazer o acabamento.
22
Light Steel Framing significa estrutura de aço leve, constituído por painéis
estruturais ou não de perfis de aço galvanizado formado a frio. Estes painéis tem a capacidade
de absorver as solicitações da edificação. A estrutura é dividida em grandes quantidades para
que cada uma resista um pouco da carga da edificação (SILVA, 2011a).
Esses sistemas são leves e de fácil manipulação, que podem ser usados não somente
na estrutura, mas em subsistemas como fundação, isolamentos, fechamentos e até instalações
23
Vantagens
Os Elementos e produtos que compõem o sistema são padronizados de alta tecnologia, produzidos
industrialmente, sendo o processo de fabricação inspecionada por rigoroso controle de qualidade.
Os perfis utilizados no sistema são de fácil obtenção, pois já são muito utilizados na indústria.
Matéria prima de alta qualidade e elevado índice de desempenho.
Elementos de grande precisão dimensional.
Estrutura leve, o que gera facilidade de transporte, manuseio e montagem.
Elementos estruturais com tratamento superficial galvânica, proporcionando durabilidade da estrutura.
Construção a seco, causando diminuição de desperdícios e do uso de recursos naturais.
Tubulações hidráulicas e fiações elétricas são de fácil instalação, pois os perfis são perfurados previamente
para a passagem da tubulação.
As ligações são geralmente parafusadas com parafusos auto brocantes e auto atarraxantes, proporcionando
velocidade de execução.
Rapidez na execução da obra.
O elemento estrutural principal é o aço, é um material incombustível e reciclado.
Quadro 4 – Vantagens do sistema light steel framing
Fonte: Castro (2005 apud SILVA, 2011b, p. 22).
processos construtivos de construções convencionais, onde se levantam tijolo por tijolo e faz-
se tudo desde o fundamento até as coberturas a mão, para o método industrializado. Mas, a
resistência que parte do setor da construção ainda enfrenta vem sendo um obstáculo que
impede o desenvolvimento e crescimento do setor no país.
O Brasil já oferece muitos produtos à construção civil, de tecnologias similares e
iguais a países onde a industrialização já é adepta, mas no Brasil estes ainda não são utilizados
por muitas construtoras. A construção civil, na pratica, não tem aderido às inovações
oferecidas pelo mercado da industrialização, e ainda percebe-se facilmente em muitas obras
madeiras de deformas, cacos de tijolos, azulejos quebrados e tantas picadeiras que se
colocadas na balança assustam o orçamento, afinal, tudo vai para o lixo.
Proprietários de comércios e empresários já se despertaram, visando menor prejuízo,
e lucros maiores, até para o governo federal essa inovação é necessário e bem vista como uma
porta para redução de déficits nacionais do setor de habitação.
Da mesma forma as financiadoras de imóveis consideram que a inovação e a
tecnologia vão gerar redução do custo das habitações, facilitando o acesso a população de
baixa renda a novas moradias (ITACARAMBI, 2007).
A inovação tecnológica, não só para a construção civil, mas para todo o país é uma
estratégia de desenvolvimento. Por isso foi implantado no país o Sistema Nacional de
Avaliação Técnica (SINAT) com o objetivo de analisar e avaliar o uso das tecnologias que
surgem para o setor da construção.
2.3.2 SINAT
“Falta mão-de-obra. Falta tempo para projetar. Faltam equipamentos e até materiais.
Faltam técnicas e tecnologias, além de participação dos arquitetos. Mas falta, antes de tudo,
visão estratégica aos que decidem como as obras serão realizadas” (OGGI, 2008).
A oferta de serviço proporcionada pelo setor de construção civil hoje apresenta
problemas que batem de frente com a procura pelo serviço. Mas o setor construtivo é a ultima
escolha do profissional, pois ter que trabalhar carregando blocos, e levantando sacos de
29
A legislação fiscal atual não permite àqueles que adotam um regime de construção
industrializada a tirar o máximo proveito dessa medida. Podemos citar dois casos de
entraves tributários: (i) ICMS – as elevadas alíquotas sobre os insumos que integram
os sistemas construtivos industrializados acabam por incentivar uso de processos
tradicionais (artesanais), com alíquotas inferiores, o que resulta na produção de
componentes no próprio canteiro; (ii) INSS – O custo previdenciário na construção
civil é tradicionalmente pautado em tabelas de consumo de mão de obra por área
construída associado a sistemas construtivos convencionais. Contudo, esse sistema
não consegue abarcar os benefícios em economia de mão de obra alcançados pela
substituição da produção manufatureira pela industrialização da obra, na qual a
produção em fábrica reduziria, em consequência, a mão de obra empregada
(NOGUEIRA apud SANTOS, 2012, p. 03).
Esse entrave é o mais rígido de todos para a aceitação da industrialização pela maior
parte das empresas, pois mesmo que elas aceitem e comecem a executar obras com elementos
industrializados e ocorra um aumento considerável da tecnologia disponível, o entrave fiscal
ainda pode ser inviável e barrar os empreendedores.
Quando se fala de projetos para construções industrializadas, logo surgem alguns
problemas. Projetos de comércios e indústrias são alvos fáceis da industrialização, em virtude
31
dos benefícios e da velocidade por ela oferecidos, e também são executados por construtoras
de grande porte, que tem mais facilidade para se adaptar a novas tendências. Mas, a realidade
das pequenas e médias empresas é que a industrialização traz consigo padronização e rigidez
de projeto. “Acomodar mercadorias, em tese, será sempre mais fácil do que acomodar seres
humanos, o que demanda um grau maior de personalização em termos de projeto”
(NOGUEIRA apud SANTOS, 2012, p. 03).
Outro fator controverso para as pequenas e médias empresas é que essas obras
acontecem num ciclo curto, onde o investidor/empreendedor precisa ter fluxo de caixa para
viabilizar a execução com sistemas industrializados.
A qualificação da mão de obra é uma barreira existente mesmo sem a
industrialização, porém facilmente superada através de treinamento especifico. Silva ressalta
(apud SANTOS, 2012, p. 03): “[...] é mais fácil capacitar para sistemas industrializados do
que para o artesanato do convencional”.
Para que os entraves ainda existentes sejam reduzidos e se possam introduzir
processos industriais, Nogueira (apud SANTOS, 2012) enfatiza que a maioria deles é
resolvido pelo setor privado da construção civil, mas a maior das barreiras são os entraves
fiscais, que dependem de uma reforma tributária principalmente do ICMS, para que haja
incentivos a industrialização e inovação tecnológica assim como as obras com maior grau de
industrialização e capacitação de projetistas e empresas prestadores de serviços.
No processo de industrialização, as empresas que fornecem os elementos de
execução fabricam as peças e as armazenam em seus depósitos. Isso significa que o projetista
tem que adaptar seus projetos entre os elementos que tem a sua disposição, sem poder desta
forma trabalhar com muita personalização. É o que acontece com a empresa automobilística,
não se fabricam carros personalizados para todos os clientes, mas a fabricação dos veículos
ocorre dentro do que existe no mercado (MICHALKA JR.; RIBEIRO, 2003).
Um fator muito importante e questionado no Brasil é o número de homens hora para
determinado serviço. Há uma grande preocupação que se passar a industrializar uma grande
parte da produção civil brasileira haverá um grande índice de desemprego, pois a
industrialização não precisa de tantos funcionários executando tarefas no canteiro de obra.
Esse é um beneficio para as construtoras e profissionais que contratam, mas para a grande
massa de trabalhadores é algo a se temer. Esse dado pode ser visto no Quadro 1 de supostas
vantagens e supostos inconvenientes da construção com pré-fabricados.
32
2.4.3 Autoconstrução
muito espaço, pela a abundância de mão de obra barata e não especializada disponível, que
entre outros fatores atrasou a introdução de processos mais industrializados e menos
artesanais.
O histórico do país não é grande quando se pensa na inserção dos princípios de
racionalização, mas a partir da década de 50, algumas construções de edifícios foi bem
interpretada levando em conta a economia de tempo que o método apresentava. As primeiras
delas em Brasília, mas sendo pontuadas na Bahia, no Rio de Janeiro e São Paulo. Alguns
projetos de Oscar Niemeyer e João Figueiras Lima, o Lelé, deram este impulso, entretanto, o
que permaneceu no país pelas décadas seguintes, foi o processo artesanal de seriado, deixando
em evidencia as altas taxas de desperdícios (SANTOS, 2011).
As habitações possuem 39,41 m², com sala e cozinha, dormitórios e banheiro. Para a
execução foram utilizadas 78 peças pré-fabricadas.
38
Segundo Visconti (2013), as obras têm um custo 20% menor do que a alvenaria
convencional, e a vantagem da rapidez na montagem, finalizando uma unidade em quatro
dias.
É comum se ver nos noticiários de hoje notícias de obras rápidas. Países como
Bélgica, Madri e Dubai, erguem seus edifícios com sistemas industrializados.
No Brasil, essas notícias ainda não são tão comuns quando se fala de edifícios, mas
existem muitos edifícios que já foram executados utilizando princípios da industrialização.
39
O Edifício Pátio Dom Luis, da figura 15, abriga Shopping, torres com salas
comerciais e torres residências. Típica estrutura industrializada (DONAKI, 2012).
Segundo Donaki (2012) algumas vantagens da execução dos edifícios
industrializados são vistos no quadro 5.
Vantagens
Redução de custos em relação a estrutural convencional (aproximadamente 20%).
Grande parte da logística de concretagem em canteiro eliminada.
Tempo de projeto e desenvolvimento maior do que o tempo de execução.
Resultados satisfatórios na interface projeto, produção e montagem.
Compatibilidade e facilidade nas instalações.
Planejamento prévio para utilização da grua. (Otimização de recursos)
Redução de cronograma.
Regularidade e redução nas espessuras de revestimentos.
Redução de resíduos gerados em canteiro.
Redução de formas e escoramentos.
Qualidade.
Quadro 5 – Vantagens da industrialização para construção de edifícios
Fonte: Donaki (2012, p. 29).
40
Não só casas de habitações populares, mas residências, até mesmo de alto padrão
podem ser executadas por métodos industrializados.
A vida útil das casas pré-fabricadas é grande, e o custo de execução muito menor do
que as casas convencionais, pois o tempo gasto para executar também é bem menor, e o preço
a ser pago por ela é fixado antes do inicio dos trabalhos, evitando assim os imprevisíveis
gastos no meio da obra. A montagem dos painéis é muito mais rápido do que assentar os
tijolos.
Outra vantagem oferecida por este método é a fiscalização por meio do proprietário,
tudo que está sendo feito na obra é visível, facilitando a troca, por exemplo, de matérias que
não estejam apresentando qualidade por outro. Este método apresenta grande credibilidade, e
confiança para os proprietários e construtores (CASA PRÉ-FABRICADA, 2008-2013).
O que vai contra todo o tradicionalismo das construções convencionais, é o tempo de
execução muito extenso e dificilmente cumprido, muito desperdício de materiais, grande
volume de resíduos, consumo excessivo de matéria prima, mão-de-obra não qualificada,
retrabalhos e alto custo de execução.
A figura 20 mostra trabalhadores de Seara levantando paredes pelo método
convencional. O município movimentou até janeiro deste R$ 4,5 mil em financiamentos para
atender demanda do setor habitacional.
44
Segundo a diretora da PDCA Engenharia, Cássia Regina Martins acima na figura 22,
para alcançar a excelência do processo construtivo industrializado, que são utilizados nas
obras da construtora, foi necessário encontrar soluções integradas para o canteiro de obras e
alto investimento em qualificação de mão-de-obra.
Porém, ela ressalta que a redução do numero de acidentes de trabalho caiu e a houve
significativa redução na perda de materiais, antes imensuráveis.
Para Greven & Baldauf (2007 apud MORAES; LIMA, 2009) os sistemas
construtivos industrializados tem se tornado cada vez mais necessários para a construção civil
moderna, devido à necessidade de menor tempo na construção, de menores despesas e de
elevada produtividade.
O método industrializado pode ser adaptado para qualquer construção seja ela grande
ou pequena, rápida ou de longo prazo de execução. Mas não basta simplesmente poder optar
entre o método industrializado e o convencional, a viabilidade do uso no país ainda não
possibilita que qualquer obra seja executada através deste sistema de construção devido à
dificuldade da implantação do método.
No Brasil, este método ainda não é uma realidade constante. Muitas obras já foram
executadas por este método e o setor de construção já se apresenta bem desenvolvido, mas a
prática comprova que a preferencia ainda é o sistema convencional.
Por vários fatores, citados no decorrer do trabalho, torna-se fácil perceber que existe
uma forte resistência no país que impede o crescimento do sistema. Essa resistência torna o
método inviável em muitos tipos de obras, principalmente quando se trata de pequenas e
médias construtoras.
A viabilidade do método industrializado esta associada a alguns fatores, sendo eles,
viabilidade econômica, disponibilidade de elementos industrializados e equipamentos,
planejamento de obras e mão de obra qualificada.
A viabilidade atual no país é de construção de habitações populares. Quando se trata
de construções de larga escala, como de edifícios repetidos que visam ter uma redução nos
custos (MORAES; LIMA, 2009). Essas obras de maneira geral tem um padrão de construção,
não sendo comum a inserção de elementos variáveis.
As moradias habitacionais vêm de encontro com a redução do déficit habitacional.
Como afirmado por Itacarambi (2007), a construção industrializada é uma das únicas saídas
do país para que o déficit reduza.
Outro tipo de construção que já vem sendo executada desta forma, e se mostrado
muito eficaz é a construção de grandes obras como shoppings e grandes redes de
supermercados.
No mais, as obras de grade porte tende a se executarem por métodos industrializados,
principalmente porque são caracterizadas pelo longo prazo de execução.
48
3 CONCLUSÃO
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