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BACHARELADO EM ENGENHARIA CIVIL

Débora Viégas Machado

ESTUDO DE VIABILIDADE ECONÔMICA DO MÉTODO


LIGHT STEEL FRAME PARA CONSTRUÇÃO DE MORADIA
POPULAR

Porto Alegre
2021
2

DÉBORA VIÉGAS MACHADO

ESTUDO DE VIABILIDADE ECONÔMICA DO METÓDO LIGTH STEEL


FRAME PARA CONSTRUÇÃO DE MORADIA POPULAR

Projeto de Pesquisa do Trabalho de Diplomação a ser


apresentado ao Departamento de Engenharia Civil do
Centro Universitário Ritter dos Reis, como parte dos
requisitos para obtenção do título de Engenheiro Civil.
Orientador: Prof. Felipe Silveira Prates da Cunha

Porto Alegre
2021
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AGRADECIMENTOS

Agradeço primeiramente aos meus pais, Mara e Aquiles, por todo amor e
confiança depositada em mim, mas principalmente ao suporte e incentivo
incondicional, para não desistir neste longo caminho. Essa vitória eu dedico a vocês.
Aos meus amigos, à família que eu escolhi, a vida é muito mais leve com a
presença de vocês.
Ao meu orientador Felipe, pela disposição e tempo dedicado, cada conselho foi
fundamental para conclusão deste trabalho. E aos demais professores que tive ao
longo da graduação, todos os ensinamentos foram de suma importância para a minha
formação profissional.
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RESUMO

A busca por avanços tecnológicos no setor da construção civil, se mostra cada vez
mais presente no mercado, sobretudo com a alta demanda perante a indústria,
impulsionada pelo constante crescimento populacional. Diante deste cenário,
sistemas que se apresentam mais econômicos e sustentáveis ganharam espaço no
mercado, viabilizando assim construções mais eficientes em diversos aspectos. Em
cima deste contexto, o trabalho visa disseminar conhecimento sobre o método
construtivo LSF (Light Steel Frame), bem como, suas vantagens e técnicas, além de
compará-lo com o sistema tradicional utilizado no Brasil, sistematizando todas as
informações necessárias para um melhor entendimento. Neste estudo foi realizado
um projeto baseado nas moradias populares, para fins de levantamento
orçamentários, por conseguinte uma análise econômica e comparativa dos custos.
Entretanto, diante dos resultados o sistema LSF se apresentou com um valor mais
alto na execução, quando posto em comparação, porém vários fatores devem ser
considerados, pois podem se equivaler ao método convencional praticado, como é o
caso da sustentabilidade e o prazo de execução que o Steel Frame proporciona. No
entanto, conclui-se que embora haja uma diferença econômica, o método LSF
permanece sendo uma excelente alternativa construtiva crescente no mercado, e de
imensa importância para o futuro da construção civil.

Palavras-chave: Construção Civil. Light Steel Framing. Análise Comparativa.


Viabilidade Econômica.
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LISTA DE FIGURAS
Figura 1 – Hierarquia dos modos de construção ....................................................... 21
Figura 2 - Estrutura em Light Steel Framing.............................................................. 25
Figura 3 - Instituto Dona Ana Rosa, São Paulo - SP. ... Erro! Indicador não definido.
Figura 4 – Conjunto de interesse social, Avaré/SP ................................................... 29
Figura 5 – Elementos estruturais do método convencional ....................................... 31
Figura 6 – Estrutural de uma moradia via steel frame ............................................... 32
Figura 7 – Revestimentos mínimos para os perfis de aço ......................................... 33
Figura 8 – Montagem através do método stick.......................................................... 34
Figura 9 – Estrutura modular ..................................................................................... 35
Figura 10 – Montagem dos painéis ........................................................................... 36
Figura 11 – Ilustração das etapas executivas via LSF .............................................. 37
Figura 12 - Etapas na execução de fundação radier ................................................. 38
Figura 13 – Esperas para ancoragem dos pilares ..................................................... 39
Figura 14 – Sistema de ancoragem pelo sistema LSF .............................................. 40
Figura 15 – Estrutura de aço ..................................................................................... 41
Figura 16 – Perfis de aço .......................................................................................... 42
Figura 17 – Processo de mistura dos elementos ...................................................... 43
Figura 18 – Estrutura para viga (Ferragem e caixaria) .............................................. 44
Figura 19 – Estrutura para pilar (Ferragem e caixaria) .............................................. 45
Figura 20 – Instalações hidráulicas pelo método convencional ................................ 46
Figura 21 – Instalações hidráulicas pelo sistema LSF .............................................. 47
Figura 22 – Fechamento externo por placas cimentícias .......................................... 48
Figura 23 - Normas .................................................................................................. 51
Figura 24 – Foto ilustrativa com isolamento através de lã de vidro ........................... 52
Figura 25 – Marcação de alvenaria por blocos cerâmicos ........................................ 53
Figura 26 – Imagem ilustrativa de assentamento de blocos ..................................... 54
Figura 27 – Imagem ilustrativa da ligação de alvenaria ............................................ 55
Figura 28 – Ilustração da disposição de vergas e contravergas................................ 56
Figura 29 – Ilustração da fissuração pelo não uso de vergas e contravergas ........... 56
Figura 30 – Encunhamento através da inclinação em 45 graus ................................ 57
Figura 31 – Elementos presentes nas portas ............................................................ 58
Figura 32 – Desenho esquemático de painel não estrutural com abertura ............... 59
Figura 33 – Ilustração da ordem de revestimento ..................................................... 60
Figura 34 – Desenho esquemático referente a revestimento cerâmico .................... 61
Figura 35 – Desenho esquemático das etapas de revestimentos ............................. 62
Figura 36 – Aplicação de placas de gesso acartonado ............................................. 63
Figura 37 – Diversidade de materiais para aplicação em forro ................................. 64
Figura 38 – Aplicação de gesso acartonado em forro ............................................... 64
Figura 39 – Estrutura para telhado ............................................................................ 65
6

Figura 40 – Esquema estrutural para telhado ........................................................... 66


Figura 41 – Planta arquitetônica................................................................................ 67
Figura 42 – Corte lateral do projeto da moradia ........................................................ 69
Figura 43 – Visão superior do projeto da habitação popular ..................................... 70
7

LISTA DE TABELAS

Tabela 1 – Áreas totais dos cômodos internos.......................................................... 68


Tabela 2 – Áreas totais das aberturas do projeto ...................................................... 68
Tabela 3 – Composição por metro quadrado para paredes em alvenaria e
revestimentos ............................................................................................................ 74
Tabela 4 – Composição das etapas para execução dos pilares ............................... 75
Tabela 5 – Composição dos elementos estruturais complementares da alvenaria ... 76
Tabela 6 – Composição dos cálculos totais para execução da alvenaria de vedação
.................................................................................................................................. 77
Tabela 7 – Carga horária para execução das paredes de vedação .......................... 78
Tabela 8 – Composição para execução das paredes internas pelo método Steel
Frame ........................................................................................................................ 79
Tabela 9 - Composição para execução das paredes externas pelo método Steel
Frame ........................................................................................................................ 80
Tabela 10 - Composição total das paredes internas e externa via steel frame ......... 81
Tabela 11 – Tempo de execução das paredes internas e externas através do LSF . 81
Tabela 12 – Composição estrutural pelo método convencional ................................ 82
Tabela 13 – Orçamento total estimado para mão de obra via método convencional 83
Tabela 14 – Orçamento total ..................................................................................... 83
Tabela 15 – Composição estrutural pelo Steel Frame .............................................. 84
Tabela 16 – Orçamento total da mão de obra ........................................................... 85
Tabela 17 – Orçamento total levantado .................................................................... 85
Tabela 18 – Comparativo de orçamentos dos métodos ............................................ 86
Tabela 19 – Comparativo de materiais na execução entre os dois métodos ............ 87
Tabela 20 – Comparativo do tempo de execução ..................................................... 87
Tabela 21 – Resumo total de funcionários para ambos os métodos ......................... 88
8

SUMÁRIO
INTRODUÇÃO .......................................................................................................... 11
1.2 PROBLEMA DE PESQUISA ............................................................................ 12
1.2 OBJETIVOS DA PESQUISA ............................................................................ 12
1.2.1 Objetivo geral ................................................................................................ 12
1.2.2 Objetivos específicos .................................................................................... 13
1.3 JUSTIFICATIVA ........................................................................................... 13
2 PROCEDIMENTOS METODOLÓGICOS ........................................................... 15
2.1 CARACTERIZAÇÃO DA PESQUISA ............................................................... 15
2.2 DELIMITAÇÃO DA PESQUISA........................................................................ 16
2.3 TÉCNICAS E INSTRUMENTOS DA COLETA DE DADOS ............................. 16
2.3.1 Definição operacional das variáveis ...................................................... 17
2.4 ESTRUTURA DO TRABALHO......................................................................... 17
3 REFERENCIAL TEÓRICO ................................................................................. 19
3.1 CONSTRUÇÃO CIVIL NO BRASIL.................................................................. 19
3.2 SISTEMAS CONSTRUTIVOS.......................................................................... 21
3.2.1 LIGHT STEEL FRAME .............................................................................. 23
3.2.1.1 Vantagens do LSF ..................................................................................... 27
3.2.1.2 Desvantagens do LSF ................................................................................ 28
3.2.1.3 Aplicações .................................................................................................. 29
4 ETAPAS CONSTRUTIVAS ................................................................................ 31
4.1Sistemas em comparação ................................................................................. 31
4.1.1Sistema convencional ................................................................................. 31
4.1.2 Light Steel Frame....................................................................................... 32
4.2 Fundação ......................................................................................................... 36
4.2.1 Radier ........................................................................................................ 37
4.2.2 Ancoragem ................................................................................................ 38
4.3 Estrutural .......................................................................................................... 40
4.3.1 Steel Frame ............................................................................................... 40
4.3.2 Sistema Convencional ............................................................................... 42
4.4 Instalações elétricas e hidráulicas.................................................................... 46
9

4.4.1 Sistema Convencional ............................................................................... 46


4.4.2 Steel Frame ............................................................................................... 47
4.4 Fechamentos ................................................................................................... 47
4.4.1 Método painéis – Steel Frame ................................................................... 47
4.4.1 Método convencional - Alvenaria ............................................................... 52
4.5 Aberturas ......................................................................................................... 58
4.5.1 Sistema convencional ................................................................................ 58
4.5.2 Sistema LSF .............................................................................................. 59
4.6 Revestimentos ................................................................................................. 60
4.6.1 Sistema convencional ................................................................................ 60
4.6.2 Sistema Steel frame................................................................................... 62
4.7 Forro ................................................................................................................ 63
4.7.1 Sistema convencional ................................................................................ 63
4.7.2 Steel Frame ............................................................................................... 64
4.8 Cobertura ......................................................................................................... 65
4.8.1 Steel Frame ............................................................................................... 65
4.7.2 Sistema convencional ................................................................................ 66
5 PROJETO........................................................................................................... 67
5.1 Detalhamento Projeto – Moradia Popular ........................................................ 67
6 VIABILIDADE ECONÔMICA .............................................................................. 71
5.1 PLANEJAMENTO ORÇAMENTÁRIO .............................................................. 71
7 ORÇAMENTOS .................................................................................................. 73
7.1 Paredes internas e externas ............................................................................ 73
7.1.1 Método convencional ................................................................................. 73
7.1.2 Steel Frame ............................................................................................... 79
7.2 EMPRESAS ................................................................................................. 82
7.2.1 Método Convencional ................................................................................ 82
7.2.2 Steel Frame ............................................................................................... 84
8 RESULTADOS ................................................................................................... 86
8.1 ANÁLISE E INTERPRETAÇÃO DOS DADOS ............................................. 86
8.2 CONTRIBUIÇÕES PRÁTICAS E ACADÊMICAS......................................... 89
10

9 CONCLUSÃO ..................................................................................................... 90
REFERÊNCIAS......................................................................................................... 91
11

INTRODUÇÃO

O atual cenário enfrentado mundialmente, apresenta problemas alarmantes em


variados âmbitos, sendo eles ambientais, sociais e econômicos. Logo, a construção
civil, por interligar-se em todos os aspectos, é uma das áreas diretamente afetadas,
ou seja, dispõe da necessidade em se reinventar e buscar um constante processo
evolutivo, para assim adaptar-se às novas condições expostas.
Diante disso, empresas atribuíram um novo olhar perante o modo de construir,
e buscaram através de novos métodos, melhor desempenho e auxílio nas principais
variáveis hoje presentes na construção, como redução de custos e desperdícios, baixa
produtividade, cumprimento de prazos entre outros. Na visão de Flávio Dahlem da
Rosa, sócio-diretor da Andora construções “É sobre buscar o equilíbrio entre as
necessidades do mercado da Construção Civil e a preservação dos recursos naturais.
Fundamentalmente, é sobre as nossas vidas e as vidas futuras”
Assim sendo, a industrialização dos sistemas construtivos, tornou-se
fundamental, além de contrapor aos sistemas convencionais, que por sua vez, já
demonstram mais ineficácia que benefícios em sua execução. É o caso do sistema
Light Steel Frame, no qual mostrou-se um grande avanço perante o mercado. De
acordo com Freitas e Castro:
“É certo que sistemas construtivos como o Light Steel Framing são uma ponte
para o desenvolvimento tecnológico da construção civil. Mas também, temos
a convicção que uma das maiores contribuições desse sistema seja construir
com qualidade, sem desperdícios e com preocupação ambiental.” (FREITAS
etl, 2006, p. 116)

Apesar de revolucionário, a industrialização em sistemas construtivos no Brasil


ainda encontra uma forte barreira: a cultura tradicional. Diversos fatores conduzem
que a aceitação de novos métodos por parte da população seja praticamente nula,
questões nas quais demonstram que a implantação de novas alternativas vai muito
além de comprovações e eficácias, mas sim do acesso a população, seja econômico
ou teórico.
Portanto, o presente trabalho realiza uma análise do sistema construtivo
industrializado Light Steel Frame, apontando sua produção, bem como técnicas e
mecanismos empregados para sua execução. Além disso, a pesquisa contempla
12

sobre a sua relevância no mercado nacional construtivo, com enfoque no estado do


Rio Grande do Sul, através da comparação técnica econômica entre métodos,
apresentando minuciosamente cada etapa envolvida na elaboração de uma moradia
popular.

1.2 PROBLEMA DE PESQUISA

A partir no cenário atual da construção civil, percebe-se a necessidade de


novas alternativas construtivas, das quais busquem economia e redução na geração
de resíduos ao planeta. Conforme Barros (1996), para se conseguir mudar
verdadeiramente o processo de produção, ou seja, para se adquirir melhor
desempenho e, ao mesmo tempo menores custos, é necessária uma verdadeira
incorporação das novas tecnologias construtivas.

De acordo com o 12° Encontro Científico Cultural Interinstitucional (ECCI) o


Steel Frame é uma forma de construir que implementa baixo custo, rapidez,
flexibilidade e preservação ambiental, tendência natural tendo em vista as
necessidades apresentadas por uma sociedade em desenvolvimento.

Diante dessa realidade, com intuito de analisar construções economicamente


mais viáveis e sustentáveis, as questões propostas por este trabalho são:

• Levando em questão a viabilidade econômica, bem como a


sustentabilidade e eficácia, a utilização do Light Steel Frame (LSF) como método
construtivo de moradia popular, é acessível?

1.2 OBJETIVOS DA PESQUISA

O presente trabalho é contemplado por objetivo geral e objetivos específicos,


apresentados a seguir.

1.2.1 Objetivo geral

O presente trabalho tem como objetivo apresentar a execução e etapas


condicionantes do sistema Light Steel Frame, bem como apresentar sua importância
para o setor da construção civil no país.
13

Neste estudo, são abordadas a eficiência e a produtividade do método,


demonstrando suas etapas desde a fase inicial de projeto até a finalização da obra, a
fim de mostrar sua viabilidade técnica e econômica comparadas ao sistema
construtivo convencional.

1.2.2 Objetivos específicos

Com o intuito de aprofundar o estudo de viabilidade do sistema LSF empregado


em habitações populares, destacam-se os seguintes os objetivos específicos:

a) Relatar brevemente os sistemas construtivos do Brasil, visando o maior


entendimento das suas utilizações.
b) Apresentar o histórico do sistema LSF, abordando suas características, etapas
construtivas e materiais empregados.
c) Realizar um estudo da utilização do sistema LSF na construção de uma
moradia popular, descrevendo todos os processos envolvidos até a finalização
da obra.
d) Elaborar uma análise comparativa entre o sistema LSF em relação ao
convencional método construtivo (alvenaria e concreto armado), visando a
viabilidade, bem como suas vantagens e desvantagens na utilização.

1.3 JUSTIFICATIVA

Conforme o estudo da Federação das Indústrias de São Paulo FIESP, ao


implementar novos sistemas e programas, haveria impacto positivo em toda a
economia, uma vez que o setor de construção emprega 13% da força de trabalho e
representa 10% do PIB brasileiro. Dentro desta perspectiva, com tecnologias
avançadas, novos sistemas construtivos ganharam destaque no mercado, como é o
caso do Light Steel Frame.
De acordo com Crasto (2005), este é um sistema de concepção racional e
altamente industrializado, que tem como principal característica uma estrutura
constituída por perfis de aço galvanizado de pequena espessura formados a frio,
14

promovendo um processo de construção de alta eficiência e grande rapidez de


execução.
No Brasil, entretanto, obras realizadas por este sistema ainda não possuem um
número significativo, afetando proporcionalmente o conhecimento das vantagens de
sua utilização. Desta forma, a análise proposta neste trabalho pretende difundir
conhecimentos a respeito da construção através do método LSF, ambicionando
assim, contribuir para realização de trabalhos futuros, tanto em âmbito acadêmico
quanto empresarial.
15

2 PROCEDIMENTOS METODOLÓGICOS

Neste capítulo será abordado os procedimentos empregados para o


desenvolvimento da pesquisa, subdivididos nos tópicos seguintes.

2.1 CARACTERIZAÇÃO DA PESQUISA

Quanto a área do conhecimento, conforme definidas pelo CNPq (2020), este


Trabalho se situa na grande área das engenharias, dentro da subárea Engenharia
Civil, no ramo da construção civil, especificamente na área processos construtivos.
Quanto à finalidade, o Trabalho classifica-se como sendo uma pesquisa básica,
uma vez que, conforme Gil (2010), o tipo de pesquisa assim denominado pretende
preencher uma lacuna do conhecimento (GIL, 2010, p. 2017). Portanto, o estudo de
sistemas construtivos, busca, por sua vez proporcionar conhecimento sobre novas
tecnologias e suas vantagens em comparação à métodos antigos.
Quanto aos objetivos, enquadra-se esta pesquisa dentro do tipo denominado
pesquisa exploratória, pois, tendo em vista o que afirma o mesmo autor, este é o tipo
em que “maioria das pesquisas realizadas com propósitos acadêmicos, pelo menos
num primeiro momento” (GIL, 2010, p. 27), o que está em sintonia com o que pretende
este Trabalho, uma vez que, busca evidenciar a relevância econômica e sustentável
da utilização de novos métodos construtivos. Ainda dentro desta subdivisão, a coleta
de dados se dará através de pesquisa bibliográfica, que é descrito por Martins Junior
(2008), como “O pesquisador somente utiliza publicações impressas ou eletrônicas”.
(MARTINS JUNIOR, 2008, p. 59).
Quanto aos métodos empregados, classifica-se a mesma, ainda conforme a
subdivisão estabelecida por Gil (2010), referente a natureza dos dados, como uma
pesquisa tanto qualitativa como quantitativa, uma vez que nos interessa neste trabalho
as atribuições de caráter atributos, propriedades ou características dos elementos
estudados, bem como as quantidades que serão medidas. Quanto ao ambiente em
que os dados serão coletados, o trabalho será de campo. Quanto ao grau de controle
das variáveis, será uma pesquisa não experimental, a qual, conforme Gil (2010) é
conceituada como “O pesquisador analisa as informações provenientes de um
16

determinado efeito provocado por um ambiente foco de observação” (GIL, 2010, p.


28), pois sob um mesmo projeto, o estudo comparativo entre dois métodos
construtivos, será realizado em cima de formulações e concepções já existentes,
proporcionando assim de forma direta suas vantagens e desvantagens, tanto em
âmbito econômico como ecológico.

2.2 DELIMITAÇÃO DA PESQUISA

Sendo este trabalho um estudo baseado em dois modelos construtivos –


Alvenaria Convencional x Light Steel Frame – a pesquisa delimitou-se em buscar
informações e analisar ambos os sistemas tanto em âmbito técnico como financeiro.
Conforme Lakatos e Marconi (1991, p.162), “delimitar a pesquisa é estabelecer
limites para a investigação”, logo, para a realização do trabalho, além da literatura do
tema abordado, utilizou-se para base do estudo de viabilidade econômica o projeto de
moradia popular no Brasil.

2.3 TÉCNICAS E INSTRUMENTOS DA COLETA DE DADOS

Para a presente pesquisa será realizado um o levantamento de dados


orçamentários para a implantação dos dois sistemas construtivos em análise – LSF e
alvenaria convencional – no estado do RS, obtendo uma média dos fornecedores da
região e, registrados a partir de planilhas de custos e gráficos gerados através do
programa Excel.
Quanto à implementação de novos sistemas construtivos na sociedade, será
efetuada uma pesquisa na região de Porto Alegre e região Metropolitana sobre a
aceitação e o conhecimento sobre o LSF.
Tais informações tornaram os resultados da pesquisa mais precisos, visando
saber qual deles cumprem melhor os requisitos de funcionalidade, qualidade e
viabilidade para esta construção erradicando lacunas para eventuais incertezas na
construção.
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2.3.1 Definição operacional das variáveis

Diante dos métodos postos em comparação pela pesquisa, seguem abaixo as


variáveis relevantes a serem consideradas:
• Custo orçamentário dos materiais da região;
• Logística;
• Aceitação por parte da população em implementar um novo sistema
construtivo nas moradias;
• Mão de obra qualificada para execução do serviço;

2.4 ESTRUTURA DO TRABALHO

Esta pesquisa é composta por sete capítulos elaborados de forma a levar o


leitor à compreensão dos aspectos referentes ao estudo de sistemas construtivos e
suas referidas técnicas e execuções quando projetadas em moradias populares, com
enfoque na viabilidade econômica deles.
No capítulo I (Introdução) é apresentada uma pequena introdução a
importância do tema escolhido, seguida da justificativa da pesquisa, objetivos e
motivações deste trabalho.
No capítulo II (Procedimentos Metodológicos) são mostrados os passos para
realização da pesquisa, desde a caracterização para a aplicação da metodologia, até
a sua delimitação e descrição da coleta de dados.
O capítulo III (Referencial Teórico) traz uma fundamentação teórica da
construção civil no Brasil, bem como a evolução dos sistemas construtivos diante da
sociedade, abordando seus devidos impactos, tanto em âmbito econômico como
sustentável.
O capítulo IV (Etapas Construtivas) descreve todas as etapas executivas de
ambos os sistemas em comparação, apresentando detalhadamente cada exigência e
normas a serem seguidas.
No capítulo V (Projeto) apresenta todos os dados do projeto base e seus
aspectos executivos, para posterior verificação de viabilidade econômica, objetivo da
pesquisa.
18

No capítulo VI (Viabilidade Econômica) é abordado de forma simplória o que


abrange um orçamento e seu devido impacto perante a execução de um projeto,
conforme estudos já realizados.
No capítulo VII (Orçamentos) é apresentado orçamentos de ambos os sistemas
construtivos, elaborado mediante a empresas privadas e insumos e composições
fornecidas pela Caixa Econômica Federal, o Sistema Nacional de Pesquisa de Custos
e Índices da Construção Civil (SINAPI).
No capítulo VIII (Análise e Discussão dos Resultados) é realizado a análise dos
dados obtidos anteriormente, bem como, as considerações finais e sugeridas
pesquisas futuras.
No capítulo VIII (Conclusão) é realizado o fechamento do trabalho.
19

3 REFERENCIAL TEÓRICO

Este capítulo consiste em fundamentar a pesquisa através da visão de alguns


autores sobre o histórico da construção civil nacional, assim como, os sistemas mais
empregados e novidades no mercado, sendo estes, os assuntos relevantes para o
entendimento da pesquisa.

3.1 CONSTRUÇÃO CIVIL NO BRASIL

Para desenvolver uma visão ampla e abrangente sobre a indústria da


construção civil no Brasil, faz-se necessário o estudo da evolução deste setor e sua
longa trajetória até o cenário atual, bem como, seu avanço mediante as adversidades
do mercado de trabalho.
Conclui-se que qualquer construção na qual vincule-se a uma
comunidade, cidade ou população, pode ser vista como Construção Civil. Na opinião
de Medeiros e Rodrigues (2002), o setor da construção civil apresenta grande
influência no país, pois interliga-se direta e indiretamente às estruturas sociais,
culturais e políticas.
Em âmbito mundial, o setor de construção civil desenvolveu-se de forma tardia
no Brasil, ganhando destaque somente a partir da década de 40, durante o governo
de Getúlio Vargas, em decorrência dos investimentos estatais. Impulsionamento no
qual, serviu como estopim para o crescimento deste setor no país, atingindo o seu
auge na década de 90, através da industrialização nos métodos construtivos.
De acordo com Vieira “a construção civil é o setor que representa uma
importância fundamental na economia brasileira, e possui uma importante
participação na composição do PIB.” (VIEIRA, 2006, p. 27)
Segundo dados recentes do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística
(IBGE), estima-se que em 2018 a Construção Civil correspondeu aproximadamente
em 9% de participação no Produto Interno Bruto (PIB), valor expressivo no qual
comprova a real influência do setor no desenvolvimento do país, embora tenha
diminuído se comparado a 2012, decorrente da crise econômica enfrentada no Brasil.
Como pode ser analisado no Gráfico 1.0
20

GRÁFICO 1 - Investimentos em construção e participação (%) no PIB brasileiro

Fonte: FIESP (2018).

No cenário atual torna-se evidente o atraso referente ao desenvolvimento do


setor da construção no Brasil, seguindo majoritariamente artesanal e figurando-se por
uma gestão de baixa produtividade e desperdício exacerbado de recursos.
Na visão de Meseguer (1991) os sistemas construtivos empregados na
indústria consolidam-se de forma tradicional e conservadora. Contudo, é possível
perceber, mesmo que de forma lenta, mudanças no setor da construção decorrente
das exigências perante sociedade (CRASTO,2005).
Todavia, no Brasil em virtude da alta demanda exigida pela sociedade e seu
crescimento populacional, surgiram questões alarmantes relacionadas a gestão dos
processos construtivos implementados e a falta do uso racional dos recursos.
Segundo Mateus (2004), a indústria da construção civil provoca grande impacto
no meio ambiente em função da elevada quantidade de recursos que consome e dos
resíduos que produz. Ora, assim, foi imprescindível o investimento em novos métodos
na indústria que se adequassem em aspecto econômico, social e ambiental.
21

3.2 SISTEMAS CONSTRUTIVOS

Sistema construtivo para Sabbatini, “é um processo construtivo de elevados


níveis de industrialização e de organização, constituído por um conjunto de elementos
e componentes inter-relacionados e completamente integrados pelo processo.”
(SABBATINI, 1989, p. 25). O termo é também definido pelo autor PICARELLI (1982)
como "[...] conjunto de elementos da construção entre os quais existe uma relação
definida."
Desta forma, compreende-se que um sistema construtivo inter-relaciona
diversas etapas para sua implantação. Outro ensinamento de Sabbatini (1989) é
referente a hierarquia entre os modos construtivos existentes, e suas respectivas
integrações, conforme exemplifica a figura 1. Logo, é perceptível que o sistema
construtivo está colocado no mais alto nível, por englobar técnicas, métodos,
processos e subsistemas em sua execução.

Figura 1 – Hierarquia dos modos de construção

Fonte: Rondinely, (2013).

A construção, acima de tudo, é movida por questões culturais, no Brasil a


principal delas é a desigualdade social. A disseminação de informação sobre novos
processos construtivos e suas vantagens acaba sendo falha, bem como o custo de
22

mão de obra para executá-los, o que por consequência acarreta o desconhecimento


e inviabiliza grande parcela da população na utilização de novas alternativas, sejam
elas de materiais, produtos ou serviços.
De acordo com o CBCA não somente sistemas industrializados, mas sim
qualquer novidade no mercado brasileiro, seja serviço ou produto, requer disciplina e
persistência para vencer as barreiras culturais enraizadas na sociedade, de forma a
atingir a inclusão e aceitação pelo usuário. Logo, é indiscutível o investimento perante
as empresas em propagar o conhecimento, bem como demonstrar as vantagens da
implementação da tecnologia em sistemas, de certa forma, hoje visto como
ultrapassado. (CBCA, 2016)
Segundo Nascimento (2004), no Brasil o principal sistema construtivo utilizado
é a alvenaria de blocos, mais culturalmente conhecido como convencional, e
pressupõe que tal fato deve-se por achismos culturais impostos sobre a alvenaria,
sendo uma delas a sua durabilidade, embora essa questão seja discutida e
questionada por diversos pesquisadores.
Diante desse cenário, Luana Sato, afirma em sua dissertação:
Ainda que seja possível aplicar os fatores responsáveis pelo atraso do setor
ao acaso do específico das edificações residenciais de pequeno porte, deve-
se salientar que este nicho do mercado foi posicionado à margem das
pesquisas e discussões acadêmicas. Após a consolidação da construção em
altura, as particularidades das edificações unifamiliares passaram a não ser
prioritárias, por serem consideradas pouco relevantes ao contexto da
industrialização da construção civil. (SATO, 2001, p. 35)

Para Vera et al. (2007, p. 2) “uma utilização não sustentável dos recursos
naturais, como é o caso da exploração exaustiva dos recursos não renováveis, acaba
por afetar o equilíbrio ambiental e condiciona o presente pondo em causa a qualidade
de vida das gerações futuras”.
A International Organization for Standartisation (ISO) estabelece e padroniza
desde a década de 80 normas e diretrizes em prol da garantia de gestão do Sistema
da Qualidade em organizações. Aderida em mais de 40 países, a ISO 9000 se
demonstrou indispensável para a indústria da construção civil. No que diz respeito a
sustentabilidade, a norma estabelecida pelo sistema ISO afirma:
Edificação sustentável é aquela que pode manter moderadamente ou
melhorar a qualidade de vida e harmonizar-se com o clima, a tradição, a
23

cultura e o ambiente na região, ao mesmo tempo em que conserva a energia


e os recursos, recicla materiais e reduz as substâncias perigosas dentro da
capacidade dos ecossistemas locais e globais, ao longo do ciclo de vida do
edifício. (ISO/TC 59/SC3 N 459)

Anos mais tarde, CBCS afirmou “Trabalhar o desenvolvimento sustentável no


setor da construção significa maximizar e otimizar o uso dos recursos naturais por
meio de racionalidade e eficiência. Em termos práticos, implica fazer mais com
menos”. (CBCS, 2013, p. 1),
A necessidade de investimento em novas alternativas surge em cenários
críticos de baixa produtividade e consequentemente pouco rendimento, de modo a
buscar como válvula de escape para os problemas enfrentados. Na visão de Flávio
Dahlem da Rosa, sócio-diretor da Andora construções “É sobre buscar o equilíbrio
entre as necessidades do mercado da Construção Civil e a preservação dos recursos
naturais. Fundamentalmente, é sobre as nossas vidas e as vidas futuras”.
Desta forma, viu-se a necessidade do mercado em fortalecer o uso de sistemas
construtivos industrializados, caracterizados por maior planejamento e estudo de
viabilidade técnico-econômica e de logística.

3.2.1 LIGHT STEEL FRAME

Desenvolvido nos Estados Unidos, durante o século XIX, o sistema Light Steel
Frame alcançou grande visibilidade no setor construtivo através da necessidade de
sistemas mais rápidos e de baixo custo, devido ao expressivo crescimento
populacional ocasionado pela imigração entre os anos de 1810 e 1860.
Diante disso, o modo de construir passou por adaptações, levando em conta a
disponibilidade dos recursos da região, desenvolvendo o sistema Wood Frame.
Entretanto, o aumento do custo da madeira pela alta demanda, em conjunto do
progresso da indústria siderúrgica por meio da segunda guerra mundial, propiciou um
cenário ideal para a utilização do aço como matéria prima para a construção de
habitações, dando origem ao então conhecido Light Steel Frame. (MARINHO, 2020)
Segundo a visão de Bevilaqua (2019):
Light Steel Framing avança em diversos países e tem se mostrado um
sistema a construção civil atual por se alinhar às necessidades de
modernização da construção civil: prazos mais curtos, eficiência produtiva,
24

redução de impacto ambiental, mão de obra qualificada e economia. (CBCA,


2019, p. 14)

Em resposta às necessidades da sociedade, Light Steel Frame ganhou


projeção no mercado nacional. Questões indissociáveis como o crescimento
populacional, vida útil dos materiais e impacto ambiental abriram espaço para um novo
mercado de sistemas construtivos industrializados, nos quais enfatizem e ou priorizem
a sustentabilidade, além de proporcionar custo-benefício.
Contudo, o Brasil não foi um dos pioneiros em adotar sistemas construtivos
industrializados, visto que a utilização no país se deu apenas por volta da década de
90, através de empresas privadas que arriscaram na inovação do mercado, em
construções exclusivamente de médio e alto padrão.
No entanto, a utilização de estruturas metálicas em sistemas construtivos ainda
continua relativamente inferior ao esperado pelo grande potencial presente na
indústria brasileira. No mercado mundial, segundo os dados da Worldsteel Association
o Brasil encontra-se como 9° maior produtor de aço bruto mundial em 2018, conforme
pode ser visto no gráfico 2. Atualmente, o país conta com aproximadamente 2,9
milhões de toneladas de aço bruto.

GRÁFICO 2– Distribuição da produção mundial de aço bruto em 2018

Fonte: ETENE (2019)


25

De acordo com CBCA (2019), o sistema LSF é descrito como:


O Light Steel Framing (LSF) é definido como o sistema composto por um
esqueleto estrutural leve em aço que, em conjunto com outros subsistemas
industrializados dá forma à edificação e garante sua habitabilidade. (CBCA,
2019, p. 18)

Através de um desenho esquemático, as etapas construtivas na implantação


do LSF em uma moradia, são exemplificadas na figura 2.
Figura 2 - Estrutura em Light Steel Framing

Fonte: Manual Steel Frame: Arquitetura (2012)

Em relação ao sistema LSF, Rodrigues (2016) conceitua:


Existem dois conceitos básicos relativos ao Sistema Light Steel Framing
(LSF): Frame é o esqueleto estrutural projetado para dar forma e suportar a
edificação, sendo composto por elementos leves – os perfis formados a frio
(PFF) e Framing é o processo pelo qual se unem e vinculam elementos.
(RODRIGUES, 2016, p. 12)

Conforme a Agência Brasileira de Desenvolvimento Industrial “Os processos


construtivos industrializados podem oferecer melhores condições de maior controle
26

do desempenho ambiental, com a redução da geração de resíduos, emissão de CO2,


uso de energia e água no processo de fabricação e no canteiro.” (ABDI, 2015, p. 2)
Entretanto, apesar do conhecimento em relação as vantagens proporcionadas
pelo sistema LSF, comprovado principalmente em aplicações fora do país, é
indispensável observar a aplicação de inovações em diferentes países, pois estão
expostos a condicionantes distintos, desde a cultura local até disponibilidade de
recursos para implementação.
No Brasil, a industrialização no setor da construção civil ainda sofre grande
resistência por parte da população, ganhando apenas investimento de iniciativas
privadas. Em meio à crise, surge a necessidade das empresas se reinventarem,
mediante as constates mudanças exigidas do cenário atual.
Todavia, na visão de Guizeline é sustentado que:
O Brasil precisa recorrer à construção industrializada se quiser diminuir ou
eliminar o déficit habitacional do país, estimado em cerca de 6 milhões de
moradias. Entre as alternativas existentes, o steel frame é uma arma
poderosa para erguer residências de todos os padrões e que começa a ser
utilizada também por companhias habitacionais, como a estatal paulista
CDHU (Companhia de Desenvolvimento Habitacional e Urbano).
(GUIZELINE, 2010, pg. 1)

Na figura 2, pode-se observar o Instituto Dona Ana Rosa, localizado na cidade


de São Paulo, construção no Brasil executada em LSF, com todos os elementos
estruturais de execução finalizados.

Figura 3 - Instituto Dona Ana Rosa, São Paulo - SP.

Fonte: CBCA (2016).


27

3.2.1.1 Vantagens do LSF

De acordo com Crasto (2005), as principais vantagens apresentadas na


utilização do sistema LSF são:

• Os produtos que constituem o sistema são padronizados e derivados de


tecnologia avançada, em que os elementos construtivos são produzidos
industrialmente, onde o controle de qualidade é bastante rigoroso no que diz
respeito à matéria-prima utilizada, os processos de fabricação, suas características
técnicas e acabamento;
• Facilidade de obtenção dos perfis formados a frio, visto que são amplamente
utilizados pela indústria;
• O aço é um material de comprovada resistência e o alto controle de qualidade
tanto na produção da matéria-prima quanto de seus produtos, permite maior
precisão dimensional e melhor desempenho da estrutura;
• Facilidade de montagem, manuseio e transporte devido à leveza dos
elementos;
· Durabilidade e longevidade da estrutura, proporcionada pelo processo de
galvanização das chapas de fabricação dos perfis;
• Construção a seco, o que minora o uso de recursos naturais e o desperdício;
• Os perfis perfurados previamente e a utilização dos painéis de gesso
acartonado facilitam as instalações elétricas e hidráulicas;
• Facilidade na execução das ligações e consequente rapidez de construção
das estruturas;
• O aço é, além de reciclável, um material incombustível;
• Leveza do sistema estrutural, possibilitando a diminuição do carregamento na
fundação, o que barateia esta etapa construtiva;
• Pode apresentar flexibilidade no projeto arquitetônico.
28

3.2.1.2 Desvantagens do LSF

Apesar do sistema Ligth Steel Frame ser apropriado para diversas situações, a
sua utilização requer algumas desvantagens, referente ao local a ser implementado.
Segundo Marinho (2020), são elas:

• Falta de Mão de Obra: Por ser um sistema industrializado, não permite erros
e desperdícios havendo necessidade de mão de obra especializada na
elaboração de projetos e na execução;
• Barreira Cultural: Algumas pessoas acreditam que as construções são
frágeis, porém, países com elevados riscos sísmicos empregam os
sistemas à seco devido a elevada resistência dos perfis metálicos que são
reforçados por revestimentos estruturais;
• Limitação de Pavimentos: Seguindo os requisitos da norma, as construções
em LSF não pode ter mais de 6 pavimentos no Brasil devido à distribuição
de carga e pela espessura dos perfis;
• Abertura excessiva de vãos: Uma estrutura em LSF é mais eficiente quanto
maior a área de montantes não interrompidos uma vez que a distribuição
de cargas se dá através do perímetro e/ou por algumas paredes interiores;
• Eficiência térmica: Devido à baixa inércia térmica, a energia a fornecer para
o conforto térmico dissipa-se mais rapidamente havendo a necessidade de
utilização de isolantes térmicos entre as placas de fechamento exterior;
• Instalações Futuras: Necessidade de previsão das futuras instalações
suspensas para que sejam feitos os cálculos dos reforços estruturais das
paredes as quais receberão essas instalações.
29

3.2.1.3 Aplicações

As aplicabilidades do sistema LSF não dispõe de muitas restrições, podendo


ser utilizado desde edificações de alto padrão até moradias populares. Entretanto, no
Brasil, o cenário de utilização ainda está predominantemente destinado ao setor de
construção de alto padrão.
Em consequência do acúmulo de diversos fatores, sendo o principal deles a
falta de investimos, bem como o inexistente conhecimento sobre o método construtivo
e suas vantagens mediante a sociedade, contribuindo assim para a escassez de mão
de obra e por conseguinte a elevação do custo na sua utilização.
Entretanto, no Brasil, ao que se diz respeito à execução de moradias populares
pelo método LSF, o estado de São Paulo dispõe como referência o conjunto de
interesse social construído pelo CDHU - Companhia de Desenvolvimento Habitacional
e Urbano, grupo no qual prioriza e objetiva construções eficientes no âmbito
sustentável e econômico a fim de cooperar com déficit habitacional presente no país.
Na figura 4, apresenta a execução das moradias do projeto em Avaré/SP,
através do Steel Frame.

Figura 4 – Conjunto de interesse social, Avaré/SP

Fonte: CBCA (2012)


30

Porém, mesmo com todas as adversidades, Gustavo de Mello proprietário da


empresa GM Steel Frame1, inserido no mercado de trabalho, expõe uma opinião
positiva sobre o avanço do método no Brasil:
“A adoção do Light Steel Frame no Brasil vem crescendo em todos os setores
e regiões, não deixando mais dúvidas de que o sistema veio para ficar.
Acredito ser apenas questão de tempo para se tornar um dos sistemas mais
procurados. Por outro lado, existe uma enorme responsabilidade por parte
dos construtores em executar corretamente todas as etapas para não cairmos
em descrédito. No Ceará, apesar de poucos conhecerem, já existem obras
em LSF, comprovando o enorme potencial do sistema. Pouco a pouco vamos
contribuindo para uma nova realidade na construção civil, com mais
eficiência, qualidade e sustentabilidade, tudo isso mantendo a
competitividade frente a outros sistemas.” (Gustavo de Mello, 2020)

Embora haja barreiras sociais a serem vencidas para sua implementação, o ato
de propagar conhecimento sobre novas alternativas construtivas como o método LSF,
não deve ser deixado de lado, pois nem sempre uma novidade no mercado é aceita
de imediato, podendo vir levar tempo para seu êxito.
Logo, entende-se que embora seja devagar, a construção civil no Brasil está
em constante evolução, e o sistema Ligth Steel Frame é um grande passo para esse
avanço. Contudo, enquanto não há um investimento significativo perante o governo,
fica claro que empresas privadas ocupam esse espaço no mercado, acreditando no
alto potencial em que o método pode proporcionar.

1
Disponível em: < https://civilizacaoengenheira.wordpress.com/2020/07/14/light-steel-frame-a-industrializacao-
da-construcao-civil-no-brasil/
31

4 ETAPAS CONSTRUTIVAS

Neste capítulo será abordado, teoricamente, todas as etapas inclusas na


execução de uma moradia popular, descriminadas por dois métodos construtivos, a
fim de estabelecer uma visão acerca da utilização de diferentes sistemas para um
mesmo projeto, contribuindo posteriormente para a comparação orçamentária.

4.1Sistemas em comparação

4.1.1Sistema convencional

Utilizado desde os primórdios, a alvenaria é vista como um sistema construtivo


simples e objetivo, no qual consiste basicamente na combinação de materiais
acessíveis para seu êxito. (Nascimento, 2007)
Conforme Thomas (2009), o sistema convencional é constituído por diversas
etapas e componentes estruturais (Figura 5) como vigas, pilares e lajes de concreto,
nos quais são responsáveis pela sustentação e distribuição das solicitações atuantes
do projeto. E para complementar, a alvenaria é utilizada na vedação dos vãos,
podendo vir a ser executada com blocos de concreto ou tijolos cerâmicos.

Figura 5 – Elementos estruturais do método convencional

Fonte: Página da internet, Custodaconstrução2

2
Disponível em: < https://www.custodaconstrucao.com/etapas-obra-e-valor/alvenaria/verga/>, acesso
em maio de 2021
32

Decorrente de diversos fatores emblemáticos, sobretudo a desigualdade


socioeconômica, o método convencional é o mais adotado para construções no Brasil,
tornando-se muito mais que um sistema, mas sim um hábito cultural do país.
(RAMALHO, 2003)

4.1.2 Light Steel Frame

O sistema estrutural do método Steel Frame, bem como sua montagem, varia
conforme o projeto proposto, entretanto, independentemente do método de
montagem, sua base será predominantemente composta por perfis de aço formados
a frio, conforme ilustra a figura 6.

Figura 6 – Estrutural de uma moradia via steel frame

Fonte: Página da internet, núcleo do conhecimento.3

Na concepção de Freitas e Castro (2006) “Basicamente a estrutura em LSF é


composta de paredes, piso e cobertura. Reunidos, eles possibilitam a integridade
estrutural da edificação, resistindo aos esforços que solicitam as estruturas”. (Freitas
e Castro, 2006, p.14)

3
Disponível em: < https://www.nucleodoconhecimento.com.br/engenharia-civil/steel-frame>, acesso
em maio de 2021
33

Destaca-se que os perfis utilizados no estrutural do método LSF devem seguir


os revestimentos por zinco ou liga alumínio-zinco exigidos pela NBR 15253: 2005,
conforme apresentado na figura 7. Essa premissa é exclusivamente atribuída a não
ocorrência de oxidação dos perfis metálicos com o tempo.

Figura 7 – Revestimentos mínimos para os perfis de aço

Fonte: NBR 15253: 2005.

O método de montagem por Steel Frame pode ser realizado em até três
sistemas distintos, ressaltando sua vantagem em ser um sistema altamente
industrializado. No Brasil o método mais utilizado é por painéis, no qual. Entretanto o
estrutural ainda pode vir a ser por stick e modular.
34

• Método Stick

O Stick é visto como o mais antigo entre os três métodos de montagem do LSF,
especialmente pelos elementos estruturais como colunas e painéis precisarem ser
cortados in loco. Em relação às futuras instalações, tanto hidráulicas quanto elétricas,
os perfis podem dispor das passagens já perfuradas, entretanto vale ressaltar que
este modelo só é adotado quando não há alternativa para o uso de pré-fabricados. Na
figura 8, representa este sistema.

Figura 8 – Montagem através do método stick

Fonte: ABDI (2015)

• Modelo Modular

O método modular se dá com um processo intimamente industrializado,


resultante da pré-fabricação de todos os elementos estruturais, ou seja, os módulos
são montados em fábrica e transportados para o local intencionado na obra, seguindo
o projeto do empreendimento, conforme representado na figura 9.
Este modelo de sistema, durante o processo de fabricação, pode vir a
considerar acabamentos internos como revestimentos e até mobílias fixas, entre
35

outros, diminuindo consideravelmente as etapas construtivas e assim acelerando o


processo de execução, ressaltando uma de suas vantagens, a rapidez.

Figura 9 – Estrutura modular

Fonte: Página da internet, Futureng4

• Método por painéis

Este método caracteriza-se em grande parte industrial, porém dispõe de uma


parcela artesanal do ponto de vista da sua montagem. Neste sistema, os elementos
estruturais são pré-fabricados separadamente, no qual diferem do modular,
dependendo exclusivamente do projeto estrutural e mão de obra qualificada para
execução. No Brasil, este é o modo mais realizado entre as empresas que optam por
esse estilo de construção. A figura 10 demonstra a montagem dos painéis in loco.

4 Disponível em: < http://www.futureng.pt/construcao-modular/>, acesso em maio de 2021


36

Figura 10 – Montagem dos painéis

Fonte: Página da internet, Centersteel.5

4.2 Fundação

Para determinar o modelo de fundação, diversos fatores são indispensáveis,


sobretudo tópicos relacionados ao local onde o empreendimento será executado,
como a topografia, nível do lençol freático e profundidade de solo firme, questões
essas atribuídas pelo ensaio de sondagem. (ABDI,2015)
Em Fundações, teoria e prática, FALCONI et al (2019) destacam três critérios
vistos como determinantes na escolha da fundação apropriada, são eles o técnico,
econômico e o de mercado. Em síntese, o técnico associa-se à segurança estrutural
do projeto, já o econômico e de mercado interligam-se de modo a auxiliar na
alternativa mais viável de fundação, tanto para terreno quanto para região,
considerando os materiais disponíveis.
Logo, torna-se perceptível que o modelo de fundação impacta diretamente no
projeto, bem como no orçamento final da obra. Vale ressaltar que além da escolha

5
Disponível em: < https://centersteel.com.br/obra-rapida-steel-frame/ >, acesso em maio de 2021
37

adequada, faz-se essencial o acompanhamento perante execução, a fim de evitar


problemas nas etapas constituintes, nas quais possam vir gerar problemas futuros
como recalques e rupturas na estrutura.
De modo geral, habitações populares são atreladas a estruturas simples e de
apenas um pavimento, logo, sem cargas e esforços muito significativos. Crasto (2005),
reforça ainda que as fundações que mais costumam ser executadas são as diretas,
sendo elas: radier ou sapatas.

4.2.1 Radier

Conhecida como fundação rasa, o radier é essencialmente constituído por dois


elementos estruturais, sendo uma laje de concreto armado e as vigas em seu
respectivo perímetro, nas quais são responsáveis por suportar a carga e os esforços
da superestrutura e distribuir uniformemente pelo terreno. (ABDI, 2015, pg. 140)
Conforme a NBR 6122:2019 6determina radier como elemento de fundação
rasa, dotado de rigidez para receber mais do que 70% das cargas da estrutura.
Empreendimento executados pelo método LSF são usualmente realizados por
esse tipo fundação, sobretudo em decorrência da leveza do aço, material base da
estrutura deste sistema, ou seja, não acarreta grandes esforços sob o solo. A
execução se dá conforme a Figura 11.

Figura 11 – Ilustração das etapas executivas via LSF

Fonte: Crasto (2005)

6
Disponível em: < https://nelsoschneider.com.br/nbr-6122-2019/>, acesso em maio de 2021.
38

À vista disto, quando o sistema construtivo adotado é o convencional, ou seja,


alvenaria de vedação e concreto armado, o tipo de fundação pode ser o mesmo
utilizado para o método LSF, por se tratar de habitações populares nas quais não
requerem estruturas complexas que possam acarretar grandes cargas sob o solo,
desde que executada de forma correta. As etapas são representadas conforme o
esquema na Figura 12.

Figura 12 - Etapas na execução de fundação radier

Fonte: Página da internet, blog para construir 7

4.2.2 Ancoragem

Embora ambos os sistemas, convencional e steel frame, sejam compatíveis na


execução através do mesmo modelo de fundação, quando se trata da ancoragem
necessária entre a laje e estrutura a ser levantada posteriormente, diferenças são
evidenciadas e indispensáveis para seguimento de cada método.
Para o sistema convencional de concreto armado e alvenaria de vedação,
basta deixar esperas nos locais onde nascerão as colunas, seguindo conforme o
projeto estrutural, para assim ancorar as futuras ferragens. Destaca-se que, as

7 Disponível em: < https://construindocasas.com.br/blog/construcao/radier/>, acesso em maio de 2021


39

colunas apresentam como uma das funções, auxiliar no recebimento das cargas
estruturais e consequentemente distribui-las diretamente na fundação.
Na figura 13, as esperas são representadas como arranques, termo popular
conhecido no canteiro de obra.

Figura 13 – Esperas para ancoragem dos pilares

Fonte: Autor.

Entretanto, no sistema construtivo steel frame, a ancoragem é elaborada de


forma distinta, porém exercida com a mesma finalidade, ou seja, contribuir para a
distribuição dos esforços estruturais na fundação, evitando assim o tombamento da
estrutura, em decorrência da pressão exercida por intempéries, como o vento. Essa
fixação dos elementos é regularmente feita por chumbadores químicos/mecânicos ou
barras roscadas. (FREITAS; CRASTO; 2006).
De forma esquemática a ancoragem entre painéis e fundação do método steel
frame é demonstrada na figura 14.
40

Figura 14 – Sistema de ancoragem pelo sistema LSF

Fonte: Castro, 2005.

4.3 Estrutural

4.3.1 Steel Frame

Segundo Rodrigues (2006), o Light Steel Frame caracteriza-se por uma


construção intimamente industrializada e a seco, resultante de uma estrutura
inteiramente exercida por perfis de aço galvanizado feitos a frio, operados em
conjunto. Sobretudo, o autor ressalta que uma das mais relevantes vantagens neste
sistema seria racionalização de materiais.
Os perfis amplamente utilizados no sistema LS, elementos mais conhecidos
como montantes e guias, são fabricados a partir do processo de perfilagem,
sucintamente adquiridos por bobinas aço galvanizado. (Castro, 2005).
Através do manual Steel Framing (2012), é descriminado didaticamente (Figura
15), todos os itens envolvidos na montagem de um painel estrutural.
41

Figura 15 – Estrutura de aço

Fonte: Manual Steel Framing: Arquitetura (2012).

Dito isto, no Brasil, estes perfis seguem as diretrizes impostas pela NBR
15253:2005, de modo a serem padronizadas perante a comercialização do mercado.
Este é o caso, por exemplo, da espessura das chapas fornecidas, na qual podem vir
variar apenas de 0,80 até 3,0mm, estipulado pela norma.
A estrutura deste sistema, de forma sucinta, é construída mediante quatro
seções, sendo elas no formato de: “U” enrijecido (Ue), o “U”, o “Cr” (cartola) e “L”. Os
elementos estruturais, segundo a norma e suas devidas aplicações é descrita na
Figura 16.
42

Figura 16 – Perfis de aço

Fonte: NBR 15253, 2005.

Conforme já mencionado, o método mais utilizado no Brasil é o realizado por


meio de painéis. Vale ressaltar ainda, que os painéis podem ser aplicados de duas
formas distintas: quando associado a funcionalidade, podem ser empregados em
fechamento externo (paredes) e divisórias, atuando de forma auto-portante, ou de
forma estritamente estrutural a fim de suportar cargas mediantes a futuros pavimentos
do empreendimento. (SANTIAGO; FREITAS; CRASTO, 2012).

4.3.2 Sistema Convencional

O método construtivo convencional realiza-se através do conjunto de estruturas


como fundações, vigas e pilares de concreto armado, nos quais são executados por
meio de fôrmas de madeira e atuam na sustentação do empreendimento, e por último
o uso de blocos cerâmicos assentados por argamassa responsáveis pela vedação
dos vãos existentes. (AZEVEDO, 1997)
Dito isso, é notória a diversidade de elementos que trabalham em conjunto para
que o sistema convencional atinja com êxito seu objetivo. Entretanto, o concreto se
43

sobressai como componente vital na maior parte das etapas construtivas. De acordo
com Bastos (2006), o concreto é descrito por um composto homogêneo, constituído
pela mistura de cimento, água, agregado miúdo, agregado graúdo e ar, nos quais
variam as quantidades conforme o traço desejado.
Sobretudo, o concreto ainda pode ser armado, ou seja, além dos elementos
que o constituem, pode ser executado com armadura, das qual é dimensionada
conforme o carregamento estrutural do projeto. Destaca-se, que a ferragem deve ser
espaçada, bem como os estribos, seguindo todas as normas, assim completando a
estrutura. (Yazigi, 2007)
De acordo com o item 3.1.3 da NBR 61188, estruturas de concreto armado “são
aqueles cujo estrutural depende da aderência entre concreto e armadura, e nos quais
não se aplicam alongamentos iniciais das armaduras antes da materialização dessa
aderência”. Na figura 17 ilustra o processo evolutivo da mistura de elementos até o
concreto armado.

Figura 17 – Processo de mistura dos elementos

Fonte: Página da internet, Pré fabricar.9

8
Disponível em: < https://www.galaxcms.com.br/up_arquivos/1149/NBR61182014-
20190807180913.pdf>, acesso em maio de 2021
9
Disponível em: < https://prefabricar.com.br/page/3/?attachment_id/>, acesso em maio de 2021
44

4.3.2.1 Vigas

Responsáveis por resistir à carregamentos atribuídos perpendicularmente ao


seu eixo longitudinal, as vigas são executadas de forma a sustentar outros elementos
estruturais, como lajes e telhados, além de atuar na distribuição da carga entre
colunas e fundação existentes. (BASTOS, 2006)
Conforme Barros e Medalho (1998), o processo de execução das vigas
consiste inicialmente na construção da fôrma de madeira, de acordo com a seção
estipulada no projeto. Finalizada a caixaria, as ferragens podem ser armadas com
seus devidos estribos e espaçamentos, para pôr fim serem posicionadas no interior
das formas e mais tarde concretadas. Na figura 18 é ilustrado uma viga devidamente
na caixaria, finalizada para concretagem.

Figura 18 – Estrutura para viga (Ferragem e caixaria)

Fonte: Autor
45

4.3.2.2 Pilares

Elemento vertical que compõe a maior parte das construções, conhecidos


como coluna ou pilar, são essenciais na sustentação estrutural, de forma a distribuir
as cargas provenientes de lajes e vigas, direcionando-as para a fundação e
consequentemente ao terreno. (Barros; Melhado,1998)
Conforme Barros e Melhado (1998), para a realização do dimensionamento dos
pilares, deve ser levado em conta os efeitos de 2ª ordem, bem como o raio de giração,
o índice de esbeltez e a excentricidade. Na figura 19, ilustra a caixaria e ferragem já
executada, para posterior concretagem.

Figura 19 – Estrutura para pilar (Ferragem e caixaria)

Fonte: Autor
46

4.4 Instalações elétricas e hidráulicas

4.4.1 Sistema Convencional

Conforme Oliveira (2012), às instalações perante o sistema construtivo


convencional, são realizadas mediante a abertura de canaleta na alvenaria,
ressaltando assim diversos pontos negativos do sistema, como o elevado número de
resíduos gerados.
Após a finalização das canaletas, as esperas são inseridas, ou seja,
mangueiras corrugadas para futura passagem de fiações elétricas, e tubulações para
ligações hidráulicas. Posteriormente, é realizado o fechamento delas, evidenciando
assim, o custo de mão de obra mais alto devido ao retrabalho gerado. (OLIVEIRA,
2012). A Figura 20, ilustra as passagens elétricas e hidráulicas pelo sistema
convencional.

Figura 20 – Instalações hidráulicas pelo método convencional

Fonte: Autor
47

4.4.2 Steel Frame

As instalações pelo método steel frame, ou seja, elétricas e hidrossanitárias,


seguem as mesmas condições impostas ao sistema convencional, havendo apenas
uma única diferença, a abertura de canaletas não são necessárias, pois as esperas
na estrutura metálica são introduzidas anteriormente do fechamento das paredes.
Diferença na qual evidencia a praticidade e racionalização de materiais propícios por
este sistema. (SANTIAGO, 2008). Na figura 21, demonstra as instalações na estrutura
metálica.
Figura 21 – Instalações hidráulicas pelo sistema LSF

Fonte: Página da internet, Angullar.10

4.4 Fechamentos

4.4.1 Método painéis – Steel Frame

Os fechamentos verticais dos painéis, independente se internos ou externos,


são realizados conforme as exigências atribuídas a cada cômodo, tal como umidade,
calor, acústica e entre outros. Dito isto, é compreensível as diversas possibilidades
dispostas aos ambientes, bem como os dos materiais que virão a ser utilizados para
suprir as solicitações.

10
Disponível em: https://www.angullar.com.br/instalacoeseletricasehidraulicas/>, acesso em maio de
2021
48

Para comprimento adequado dos requisitos impostos por cada projeto, é


obrigatório o seguimento da norma ISO 6241:1984, na qual dispõe de diretrizes
fundamentais que abordam os seguintes requisitos: segurança, estanqueidade,
condições termoacústicas, estética e durabilidade. Habitualmente os fechamentos
mais utilizados acabam sendo as placas de OSB, cimentícias e gesso acartonado,
materiais que melhor se adaptam a linha de construção industrializada oferecida pelo
sistema steel frame.

• EXTERNO

Segundo a norma ISO 6241:1984, o material utilizado para o fechamento


externo necessita resistir aos seguintes itens: intempéries, flexão, umidade e efeitos
da temperatura.
Um dos materiais mais utilizados para essa aplicação é a placa cimentícia,
devido principalmente a resistência proveniente de sua composição. O conjunto de
cimento, agregados naturais, celulose e impermeabilização por imersão, admite a
placa uma resistência superficial à abrasão, bem como maior estabilidade dimensional
e impermeabilidade. (BRASILIT 2020). Na figura 22, apresenta o fechamento das
estruturas por placas cimentícias.
Figura 22 – Fechamento externo por placas cimentícias

Fonte: Página da internet, Allmas.11

11 Disponível em: < http://www.allmas.com.br/galpao-hibrido>, acesso em maio de 2021


49

Vale ressaltar que a sua colocação só será realizada posteriormente à


conclusão de duas etapas, são elas: à fixação das placas OSB, feita de madeira com
finalidade estrutural, e aplicação da membrana, item este responsável por criar uma
camada com intuito de assegurar a umidade externa.
Ainda conforme a NORMA ISO 6241: 1984, os fechamentos devem seguir uma
ordem cronológica, na figura 20, demonstra os elementos colocados em sua devida
sequência.

Figura 20 – Sequência cronológica do fechamento da estrutura LSF

Fonte: Página da internet, Daudt.12

12
Disponível em: < https://daudt.eng.br/pt/mercado/light-steel-frame//>, acesso em maio de 2021
50

• INTERNO

Em ambientes internos, o material mais utilizado para vedação vertical acaba


sendo o gesso acartonado, em decorrência de vários fatores, como resistência a
compressão, fácil manejo, leveza e custo-benefício.
Industrialmente fabricadas, a composição de gesso, aditivos e água é o que
transmite às placas de gesso acartonado, características propícias para sua utilização.
(SANTIAGO, 2008)
Como pode existir diferentes exigências em áreas internas, as chapas de gesso
foram aprimoradas de modo que possam atendê-las. Hoje, a empresa Placo - Saint
Gobain, referência no mercado nacional, conta com três diferentes modelos de
chapas:
• Placa Standart branca/ cinza (ST): indicada para áreas secas,
encontradas na espessura 6mm e 12,5 mm - 1200x2000; 1200x1800,
1200x2400, 1200x3000;
• Placa Verde (RU): indicada para áreas úmidas, comercializada na
espessura 12,5 mm - 1200x1800, 1200x2400, 1200x3000;
• Placa Rosa (RF): indicada para ambientes com risco de incêndio,
comercializada na espessura 12,5 e 15 mm - 1200x1800, 1200x2400.

Figura 21 – Placas de vedação

Fonte: Página da internet, Diviplus.13

13
Disponível em: < https://diviplus.com.br/cores-placas-drywall//>, acesso em maio de 2021
51

De cunho estrutural, as chapas OSB são essenciais para compor o conjunto de


vedação do sistema construtivo. Realizadas a partir de pedaços de madeira, resinados
e prensados em alta temperatura, processo no qual assegura suas propriedades,
como a resistência.
A sua utilização pode ser multifuncional, tanto para áreas externas, como
internas, até mesmo em forros e pisos. Na figura 22, apresenta sua versatilidade na
construção, e na figura 23 esclarecesse suas aplicações e particularidades.

Figura 22 – Fechamento através chapas OSB

Fonte: Página da internet, Tecnoframe.14

Figura 23 – Aplicações

Fonte: Página da internet, lp Brasil.15

14
Disponível em: < https://tecnoframe.com.br//>, acesso em maio de 2021
15Disponível em: < http://www.lpbrasil.com.br/produtos/lp-osb-home-plus-estrutural.html/ >, acesso
em março de 2021
52

• ISOLAMENTO TÉRMICO E ACÚSTICO

Diante dos vazios presentes em uma construção realizada por estrutura


metálica, o isolamento térmico e acústico torna-se um requisito a ser exigido pelo
usuário. De acordo com Castro (2005), os mais habituais isolamentos utilizados são
lãs de pet, vidro e rocha, além de EPS, e suas aplicações vão depender das
imposições de cada ambiente. A sua aplicação é realizada conforme a figura 24.

Figura 24 – Foto ilustrativa com isolamento através de lã de vidro

Fonte: Página da internet, Soluções industriais.16

Vale ressaltar que construções convencionais, com alvenaria de vedação, não


é de costume abordar este assunto, em prol do uso de blocos, nos quais auxiliam para
o isolamento térmico e acústico. Obviamente, há exceções, como casos especiais de
estudos.

4.4.1 Método convencional - Alvenaria

Segundo Nascimento (2007) e Rodrigues (2006), a alvenaria é constituída por


uma sequência de etapas construtivas, resultante basicamente da união de blocos
cerâmicos assentados por argamassa, ou não, com finalidade de vedação ao

16 Disponível em: < https://www.solucoesindustriais.com.br//>, acesso em maio de 2021


53

ambiente ou sustentar os esforços de compreensão atribuídos a elementos


estruturais.
De acordo com Thomaz (2011), a vedação vertical por meio de blocos, promove
diversas vantagens, do que apenas divisão de ambientes, como conforto e segurança
do sistema estrutural como um todo, tanto interna como externamente. Entretanto,
Sabbatini (2001), destaca o custo-benefício, como a vantagem mais relevante
atribuída à utilização do método convencional no Brasil.
Vale destacar que a alvenaria convencional não possui projeto específico, dito
isso, em prol da segurança construtiva, a NBR 8545 (1984) auxilia na execução de
paredes em alvenaria, quando não aplicadas de modo estrutural.

• Marcação da Alvenaria
Seguindo as diretrizes impostas pela NBR 8545 (1984), para elevação da
alvenaria é preciso primeiramente realizar a marcação na laje, respeitando o projeto
arquitetônico do empreendimento. Iniciando pelas paredes externas e dando
continuidade pelas internas, este processo deve atentar-se ao alinhamento delas. Na
figura 25 é ilustrado o início da marcação de alvenaria numa laje.

Figura 25 – Marcação de alvenaria por blocos cerâmicos

Fonte: Autor
54

• Assentamento dos Blocos

O assentamento dos blocos só é dado seguimento após a finalização da


marcação, bem como conferência do alinhamento da mesma. Conforme a norma NBR
8545 a elevação das fiadas devem iniciar pelos cantos, de modo a contrafiar os blocos,
avançando até a altura desejada. Além dessas medidas é indicado esticar uma linha
nas extremidades da parede em execução, para função de padronizar a altura de cada
fiada, bem como auxiliar na verificação do prumo.

Figura 26 – Imagem ilustrativa de assentamento de blocos

Fonte: Página da internet, cerâmica roque.17

Vale enfatizar que é de extrema importância a impermeabilização das duas


primeiras fiadas, de modo a atuar contra qualquer umidade futura, na qual pode
transformar-se em alguma patologia nas paredes como bolhas.

17
Disponível em: < https://www.ceramicaroque.com.br/web/produto/bloco-tijolo-acustico-sta-19-
cm/informacoes-tecnicas/>, acesso em maio de 2021
55

• Ligação da Alvenaria

Para a ligação entre alvenaria e pilares, segundo a NBR 8545 é realizada


através da colocação de telas a cada três fiadas. Entretanto, a amarração entre esses
elementos estruturais também é regularmente feita in loco por esperas deixadas na
caixaria dos pilares, antes da concretagem, conhecidos popularmente na obra como
“cabelos”. Na figura 27, ilustra os dois modos realizados para essa devida ligação.

Figura 27 – Imagem ilustrativa da ligação de alvenaria

Fonte: Página da internet, Estruturas e bim18

• Vergas e Contravergas

Itens essenciais que compõem a alvenaria de vedação são as vergas e


contravergas, executadas nos vãos das aberturas. De acordo com a NBR 8545 (1984)
as vergas e contravergas, são elementos estruturais responsáveis por distribuir os
esforços perante os vãos das portas e janelas, atuando conforme uma viga.
As vergas posicionam-se na parte superior dos vãos e as contravergas na
superfície inferior, e podem ser executadas por blocos de concreto pré-moldado,

18
Disponível em: < http://www.estruturasebim.com/>, acesso em maio de 2021
56

canaletas e de concreto armado. Na figura 28, demonstra as devidas localizações dos


elementos estruturais, verga e contraverga.
Figura 28 – Ilustração da disposição de vergas e contravergas

Fonte: Página da internet, Resenha engenharia.19

Para Oliveira (2012), a utilização dos elementos estruturais como vergas e


contravergas é imprescindível, pois melhor distribuem as cargas do modo a impedir o
colapso na região das aberturas. Na figura 29, demonstra exatamente o processo.

Figura 29 – Ilustração da fissuração pelo não uso de vergas e contravergas

Fonte: Página da internet, Neoipsum.20

19
Disponível em: <https://resenhaengenharia.com/o-que-sao-vergas-e-contra-vergas-e-para-que-
servem/ > acesso em maio de 2021
20 Disponível em: < https://neoipsum.com.br/vergas-e-contravergas/>, acesso em maio de 2021
57

• Encunhamento

O processo de encontro da alvenaria com a viga estrutural, é conhecido por


encunhamento e executado através da aplicação de argamassa com aditivo expansor.
Essa etapa é indispensável, pois segundo a NBR 8545 evita o aparecimento de
fissuras na região.
Entretanto, o encunhamento pode ser realizado de duas formas, a primeira já
citada, e a segunda é através da inclinação em 45 graus dos blocos na última fiada.
Segundo Rodrigues (2006), o encunhamento através de tijolos, é ideal para locais
com deformações excessivas, pois a compressão é retida, causando assim alívio
perante as cargas de tensão na estrutura. A figura 30 demonstra exatamente o
processo.

Figura 30 – Encunhamento através da inclinação em 45 graus

Fonte: Autor.
58

4.5 Aberturas

4.5.1 Sistema convencional

Segundo a NBR 10821, as esquadrias devem cumprir a função de vedação,


bem como, contribuir ao conforto térmico do ambiente, independentemente do seu
material e modelo. Na visão de Pozzobon (2007), as portas desempenham o papel de
circulação dos usuários, além de colaborar para a ventilação da moradia.
No sistema convencional, a instalação das portas é realizada por meio de um
conjunto de componentes, são eles: marco ou batente, guarnição, folha(s) e ferragens.
O marco fica é a moldura interna da porta. A guarnição é a parte externa da porta,
fixada entre a alvenaria e o marco, é utilizada para acabamento. A folha é a parte que
separa os ambientes, fechando a parede, a mesma é fixada por dobradiças. Além
desses itens, a espuma expansiva é um componente indispensável, de modo auxiliar
no preenchimento os vazios entre o marco e a alvenaria. (POZZOBON, 2007).
A figura 31, demonstra cada elemento em seu devido local de funcionalidade.

Figura 31 – Elementos presentes nas portas

Fonte: Página da internet, Maranata portas.21

21 21
Disponível em: < @maranataportas />, acesso em maio de 2021
59

4.5.2 Sistema LSF

Segundo Crasto (2005), as aberturas diante do sistema steel frame é muito


mais simplório em comparação com o método convencional de construção, pois não
exige a realização de elementos estruturais como vergas e contravergas, uma vez que
não dispõe de cargas verticais atuantes. Para demarcação dos vãos basta o uso de
perfis denominados montantes, posteriormente fixado ao devido marco da abertura.
Já diante aos acabamentos superiores e inferiores é utilizado apenas uma guia,
conforme os painéis estruturais, representado na Figura 32.

Figura 32 – Desenho esquemático de painel não estrutural com abertura

Fonte: Crasto (2005)


60

4.6 Revestimentos

4.6.1 Sistema convencional

O revestimento é uma etapa ampla, e abrange inúmeras possibilidades de


acordo com a área de aplicação, entre os comumente utilizados destacam-se a
textura, pintura, cerâmica, gesso, entre outros. Entretanto, é indispensável observar
os locais a serem revestidos e quais condições estarão expostos, pois influenciará
diretamente na escolha do material. (OLIVEIRA, 2012)
Conforme Azevedo (2004), todo e qualquer revestimento depende
exclusivamente da correta preparação da superfície. No método convencional, o
revestimento em parede, por exemplo, resume-se basicamente na aplicação de três
camadas de argamassa, podendo ser preparada in loco ou industrializada. A primeira
camada é conhecida como chapisco, responsável por atribuir aderência à base. As
camadas restantes podem ser trabalhadas juntas, de forma única, e são denominadas
como emboço e reboco, encarregadas de regularizar imperfeições para posterior
pintura ou assentamento cerâmico através do cimento cola.
De forma esquemática, a figura 33 ilustra as três camadas de revestimento.

Figura 33 – Ilustração da ordem de revestimento

Fonte: Página da internet, construindo casas.22

22Disponível em: < https://construindocasas.com.br/blog/construcao/chapisco-emboco-reboco/ >,


acesso em maio de 2021
61

Os revestimentos sob lajes, devem acontecer posteriormente a duas etapas, a


regularização da laje do contrapiso e a impermeabilização, essa última irá depender
da área, como é o caso dos banheiros, cerâmico, pedras, entre outros, para assim
evitar futuros problemas. (AZEVEDO, 2004)
As etapas para aplicação do revestimento cerâmico são apresentadas na
figura 34.

Figura 34 – Desenho esquemático referente a revestimento cerâmico

Fonte: Página da internet, Construfácil.23

Por fim é realizada a pintura, de modo geral é considerada um dos últimos


acabamentos a serem feitos, com função protetora das superfícies. De acordo
Barbosa (2012), a pintura além de contribuir esteticamente, auxilia na proteção de
ações externas das intempéries.

23
Disponível em: < https://construfacilrj.com.br/o-que-e-o-revestimento-ceramico/>, acesso em maio
de 2021
62

4.6.2 Sistema Steel frame

Segundo Santiago (2008), o sistema LSF não apresenta restrições para


utilização de revestimentos, podendo receber as aplicações comumente usadas no
método construtivo convencional.
Entretanto, deve atentar-se a algumas condições, dependendo do
revestimento, para assegurar sua funcionalidade. Este é o caso do fechamento por
painéis, que além da membrana impermeabilizante, geralmente utilizadas nas placas
cimentícias e de OSB, torna-se necessário a aplicação de argamassa com auxílio de
uma tela parafusada na placa, para assim garantir aderência, e consequentemente
pintura ou revestimentos cerâmicos na área. (SANTIAGO, 2008)
Na Figura 31, demonstra todas as medidas necessárias para aplicação dos
revestimentos.

Figura 35 – Desenho esquemático das etapas de revestimentos

Fonte: Página da internet, buildingscience 24

24 24
Disponível em: < https://www.buildingscience.com/>, acesso em abril de 2021
63

Vale ressaltar que, quando optam por placas de gesso acartonado descartam
qualquer tipo de medida assertiva posterior, pois já contam com uma superfície
preparada para receber acabamentos, como pinturas e revestimentos cerâmicos.
(VIVIAN, 2011)
A colocação das placas de gesso acartonado é demonstrada na figura 33.

Figura 36 – Aplicação de placas de gesso acartonado

Fonte: Página da internet, Sul módulos.25

4.7 Forro

4.7.1 Sistema convencional

Os materiais utilizados no sistema convencional para compor a estrutura do


forro é diversa. Segundo Yazigi (2020), o forro está intimamente ligado ao conforto
térmico e acústico do empreendimento, assim associa-se na estética, contribuindo ao
acabamento interno, escondendo a estrutura da cobertura. Contudo, o material irá
depender do local e suas referidas exigências, podendo vir a ser PVC, gesso
acartonado, madeira, entre outros.

25Disponível em: < https://www.sulmodulos.com.br/gesso-acartonado-onde-pode-ser-aplicado//>,


acesso em maio de 2021
64

Figura 37 – Diversidade de materiais para aplicação em forro

Fonte: Página da internet, Casa e construção.26

4.7.2 Steel Frame

Como já mencionado anteriormente no item 4.4.1 fechamentos, a adoção do


sistema steel frame as placas de gesso acabam sendo o material mais utilizado para
acabamentos internos, incluindo para aplicação no forro.

Figura 38 – Aplicação de gesso acartonado em forro

Fonte: Página da internet, mem soluções construtivas.27

26 26
Disponível em: < https://casaeconstrucao.org/materiais/forro/>, acesso em maio de 2021
27 27
Disponível em: < https://memsolucoesconstrutivas.com.br/produtos/forrodegesso/>, acesso em
maio de 2021
65

4.8 Cobertura

4.8.1 Steel Frame

Em relação a coberturas, Castro (2005) afirma que a estrutura é realizada de


maneira simplória, seguindo os mesmos pressupostos e conceitos atribuídos ao
método convencional de madeiramento, porém executado pelos perfis metálicos “u” e
“ue” e almas de 90mm, 149 mm ou até 200mm de altura. Salienta-se que o encaixe
dos perfis deve seguir de modo a não gerar efeitos de segunda ordem, apenas atuar
na distribuição das cargas eminentemente entre si.
A utilização de perfis metálicos não influência sobre a escolha da cobertura,
logo, as opções seguem as mesmas habitualmente utilizadas no método
convencional, como fibrocimento, cerâmica e metálicas. (Castro, 2005)

Figura 39 – Estrutura para telhado

Fonte: Freitas e Crasto (2006, p. 65)


66

4.7.2 Sistema convencional

De acordo com a NBR 1575:(2013), os telhados devem dispor de estruturas


que suportem os devidos esforços atribuídos pela futura cobertura. A opção
comumente utilizada é o madeiramento, no qual deve ser de boa qualidade, para fins
de garantir a segurança mediante as telhas disponíveis no mercado, como
fibrocimento, cerâmica, zinco e entre outras.
A elaboração do telhado pode ser vista por duas etapas, armação e trama,
ambas essenciais para sua finalidade. A armação é considerada como a base
estrutural do madeiramento, constitui-se por tesoura, cantoneira, escora etc., todos os
elementos. Já a trama é responsável por servir apenas de apoio às telhas, se
sobrepondo à armação. (BORGES, 2009)

Figura 40 – Esquema estrutural para telhado

Fonte: Página da internet, Construçãociviltips.28

28 Disponível em: < https://construcaociviltips.blogspot.com/2011/09/>, acesso em maio de 2021


67

5 PROJETO

Neste capítulo será detalhado o projeto hipotético, no qual servira para a


realização do orçamento, bem como sua viabilidade econômica diante da comparação
entre os sistemas abordados.

5.1 Detalhamento Projeto – Moradia Popular

Para o estudo de viabilidade econômica proposta deste trabalho, foi realizado


um projeto hipotético, com o intuito de auxiliar à elaboração do levantamento do
quantitativos de materiais, e posterior composição de preços dos mesmos, seguindo
o padrão disposto das habitações populares no Brasil.
Além disso foi adotado critérios básicos impostos para moradias de baixo custo,
conforme normas legais, tal qual programas residenciais como o caso do MCMV que
apresenta grande influência para o modelo hoje, considerado padrão,

Figura 41 – Planta arquitetônica

Fonte: Elaborado pelo autor


68

A habitação detém de 70,035 metros quadrados de área construída, sendo


10,15 metros de comprimento e 6,90 metros de largura. Para a elaboração do projeto,
foi utilizado o software AutoCad. O piso térreo é dividido em uma sala e cozinha
conjugadas, 2 quartos, área de serviço e um banheiro.
Na tabela 1, apresenta detalhadamente a área de cada cômodo, conforme a
planta baixa apresentada.

Tabela 1 – Áreas totais dos cômodos internos

Fonte: Elaborado pelo autor

Conforme o projeto, todas as aberturas, ou seja, janelas e portas são descritas


na tabela 2, seguido da seção e área total ocupada.

Tabela 2 – Áreas totais das aberturas do projeto

Fonte: Elaborado pelo autor


69

A residência possui um pé direito de 2,60 m, no qual pode ser confirmado


através da planta em perspectiva de corte na figura 39, indicando suas cotas em
metros e elementos constituintes.

Figura 42 – Corte lateral do projeto da moradia

Fonte: Elaborado Autor

A visão superior realizada do projeto, em um terreno hipotético, conforme


representado na figura 43, auxiliou para o quantitativo estrutural do respectivo telhado,
bem como, indicando seu caimento e material adequado para sua definida área,
totalizando aproximadamente 90 metros quadrados.
70

Figura 43 – Visão superior do projeto da habitação popular

Fonte: Elaborado pelo Autor.


71

6 VIABILIDADE ECONÔMICA

Neste capítulo é apresentado teoricamente, a visão de alguns autores sobre as


divisões que orçamentos podem compreender, bem como sua importância perante a
execução de projetos.

5.1 PLANEJAMENTO ORÇAMENTÁRIO

De forma simplória, a execução de um projeto engloba diversas etapas,


entretanto o planejamento orçamentário destaca-se como sendo uma das etapas mais
relevantes, devido ao seu impacto direto na ação de construir.
Ao referenciar-se a estimativa de custos, Mattos (1965, p. 24) afirma que:
“Independentemente de localização, recursos, prazo, cliente e tipo de projeto,
uma obra é eminentemente uma atividade econômica e, como tal, o aspecto
custo reveste-se de especial importância.”

Logo, torna-se visível a essencialidade da realização de um levantamento


prévio dos custos envolvidos em uma obra. Identificar e quantificar serviços para fins
orçamentais, está intrinsicamente atrelado à possibilidade, de modo que a partir da
cotação realizada, estimule a busca por novas alternativas que tornem a construção
economicamente mais viável. Entretanto Gonçalves (2011, p 01), referente a
viabilidade econômica ressalva que:
“Uma definição confiável do custo no estudo de viabilidade também não será
garantia de sucesso se o desenvolvimento do projeto não for acompanhado
passo a passo, de modo que o processo de projetar se baseie nas diretrizes
e parâmetros adotados na referida definição de custo.”

De acordo com Formoso (1986, p. 31) “Para avaliar as decisões de projeto do


ponto de vista econômico, devemos usar uma metodologia que nos permita analisá-
las uma a uma [...]”. Tendo conhecimento disto, foram criadas distintas metodologias
para determinação de custos, todas com o intuito de facilitar o entendimento e
esclarecer os seus devidos impactos sob um orçamento.
Muitos autores entram em debate quando torna-se pauta a divisão dos custos
na construção de um empreendimento. Entretanto, de modo geral um orçamento é
classificado e custos direto e indiretos
Conforme Tisaka (2006 p. 15), os custos diretos são definidos como
72

[...] somatória de todos os custos dos materiais, equipamentos e mão de obra,


equipamentos e mão de obra aplicados diretamente em cada um dos serviços
na produção de uma obra ou edificação qualquer, incluindo-se todos os
gastos com a infraestrutura necessária para a execução da obra.”

Os custos diretos são definidos, ainda, por Mattos (1965, p. 31) como sendo
aqueles diretamente associados aos serviços de campo. Representam o custo orçado
dos serviços levantados.
Todavia, no que diz respeito aos custos diretos, pode se concluir que são
primordiais quando analisados no contexto geral da obra. Apesar disso, destaca-se a
relevância de analisar o sistema construtivo em questão, uma vez que o orçamento
poderá variar segundo a finalidade do projeto.
Os custos indiretos, no entanto, são definidos por Formoso (1986, p. 16), como
sendo:
[...] aqueles que não podem ser relacionados ao processo produtivo de uma
forma intrínseca. [...] Estes custos estão associados a um numeroso conjunto
de insumos, os quais são classificados sob alguns títulos, tais como:
administração do canteiro, taxas, administração do escritório central,
aluguéis, financiamentos, etc.

Deste modo, diante das referências adotadas é possível compreender a


importância efetiva dos custos indiretos perante a construção de um empreendimento,
pois apesar de não estarem prontamente envolvidos na execução em si, contribuem
para à realização e andamento eficiente.
À vista disto, o ato de comparar distintos sistemas construtivos implica
basicamente na análise dos fatores envolvidos em uma execução de projeto, tendo
como propósito final o estudo de viabilidade econômica. Portanto, neste trabalho, será
realizado a análise dos custos de modo individual, para que haja compreendimento
de cada etapa abordada.
73

7 ORÇAMENTOS

Neste capítulo será contemplado os orçamentos levantados para execução do


projeto de uma moradia popular realizado para fins de comparação dos sistemas
construtivos em análise. Diante dos catálogos adotados como referência, será
possível quantificar e analisar cada componente através dos preços unitários,
dispondo assim o orçamento final desejado.
Vale salientar que, por se tratar do projeto de uma moradia popular, o intuito do
trabalho é reduzir ao máximo os custos gerados, consequentemente atrelado ao
menor volume de materiais, mas nunca afetando a qualidade, de modo a tornar a
construção mais viável economicamente para grupos baixa renda. Dito isto, foi orçado
apenas o essencial para cada etapa,

7.1 Paredes internas e externas

Inicialmente, os orçamentos em comparação serão levantados mediante aos


insumos e composições fornecidas do ano de 2021 pela Caixa Econômica Federal,
nomeada como SINAPI – Sistema Nacional de Pesquisa de Custos e Índices da
Construção Civil. Utilizando os custos sem exoneração, destaca-se que nesta primeira
análise econômica, será considerado de ambos os sistemas construtivos, apenas a
estrutura das paredes internas e externas, e seus respectivos revestimentos, bem
como o tempo de execução

7.1.1 Método convencional

Para o método convencional foi orçado a vedação por meio da alvenaria de


blocos (9x14x19), tal qual, os elementos que complementam esse sistema de
fechamento, como cinta de amarração, vergas e contravergas, todas consideradas
com 5 cm.Todas as tabelas a seguir, contemplam os serviços envolvidos em cada
execução, ou seja, materiais e mão de obra necessárias nas etapas construtivas.
Destaca-se que, cada item irá contar com seu respectivo coeficiente, bem como, preço
de acordo com sua unidade disponibilizada pela SINAPI, contribuintes para o
orçamento final.
74

A tabela 3 mostra detalhadamente cada serviço para execução de vedação


através da alvenaria de blocos cerâmicos de 6 furos e na dimensão de 9x14x19,
assentados com argamassa na posição deitada. Além disso, apresenta os
revestimentos necessários para seu devido acabamento, como chapisco e reboco de
1,5 cm de espessura.

Tabela 3 – Composição por metro quadrado para paredes em alvenaria e revestimentos

Fonte: SINAPI, 2021 (Adaptado pelo autor).


75

A tabela 4, demonstra a composição de todas as etapas inclusas para a


execução do sistema de pilares, como fôrma (m²), ferragem (kg) e concreto (m³).

Tabela 4 – Composição das etapas para execução dos pilares

Fonte: SINAPI, 2021 (Adaptado pelo autor).


76

A tabela 5 apresenta a composição dos elementos estruturais que


complementam a alvenaria, como cinta de amarração (ml), vergas e contravergas
(ml), todas moldadas in loco em concreto.

Tabela 5 – Composição dos elementos estruturais complementares da alvenaria

Fonte: SINAPI, 2021 (Adaptado pelo autor)


77

A tabela 6 apresenta a composição total das etapas construtivas para alvenaria


de vedação, seguindo com as composições e insumos extraídos das tabelas
anteriores, elaboradas mediante o SINAPI.

Tabela 6 – Composição dos cálculos totais para execução da alvenaria de vedação

Fonte: Realizado pelo autor.


78

Na tabela 7 é apresentando o tempo de execução, calculado por metro


quadrado para vedação em alvenaria, e metro linear para o restante dos elementos
estruturais abordados.

Tabela 7 – Carga horária para execução das paredes de vedação

Fonte: SINAPI, 2021.

Através da tabela 7, pode se observar que o tempo total de execução do


conjunto de alvenaria de vedação e estrutural de concreto armado, somou-se em
545,16 horas. A sua soma procedeu-se com os valores estimados de cada etapa na
tabela 6, multiplicando-se pelo coeficiente do funcionário responsável.
Logo, considerando uma carga horária diária de trabalho de 8 horas, constata-
se que a finalização das etapas abordadas na análise será de aproximadamente 68
dias. Ressalta-se que este valor é apenas uma estimativa.
79

7.1.2 Steel Frame

Para o método Steel Frame, foi levantado o orçamento para a execução da


vedação, utilizando materiais disponíveis na tabela SINAPI. A tabela 8 apresenta a
composição de um metro quadrado para paredes internas, considerando perfil
estrutural LSF e placa de gesso em ambos os lados.

Tabela 8 – Composição para execução das paredes internas pelo método Steel Frame

Fonte: SINAPI, 2021 (Adaptado pelo autor)


80

A tabela 9 demonstra a composição de um metro quadrado para a composição


das paredes externas via Steel Frame, considerando placa cimentícia no lado externo
e placa de gesso no lado interno.

Tabela 9 - Composição para execução das paredes externas pelo método Steel Frame

Fonte: SINAPI, 2021 (Adaptado pelo autor)

Ressalva-se que, alguns materiais quantificados nas tabelas 8 e 9 foram


adaptados, pois não constam nas planilhas do catálogo disponibilizado pela SINAPI.
Este foi o caso dos perfis (montante e guias), utilizados para composição estrutural do
81

sistema LSF, método no qual não é abordado pelo SINAPI. Logo, para readequação
e sequência dos orçamentos, houve a necessidade de contar com o auxílio de preços
comerciais, empresa Center Steel, além de usufruir de referências em projetos
similares, neste caso o TCC de Diorges Corrêa.
Na tabela 10 é apresentado o resumo total do levantamento de custos para a
execução das paredes internas e externa pelo método steel frame.

Tabela 10 - Composição total das paredes internas e externa via steel frame

Fonte: Elaborado pelo autor.

A tabela 11 aponta o tempo de execução para as paredes internas e externas


da moradia, mediante os coeficientes via SINAPI.

Tabela 11 – Tempo de execução das paredes internas e externas através do LSF

Fonte: SINAPI, 2021.

Destaca-se que ambas as paredes, externas e internas, podem ser levantadas


simultaneamente, logo, o tempo de execução é reduzido consideravelmente em
comparação ao método convencional. Portanto, considerando uma carga horária
diária de trabalho de 8 horas, a execução das paredes será aproximadamente de 13
dias.
82

7.2 EMPRESAS

Para executar uma melhor comparação entre os dois sistemas construtivos, foi
realizado um orçamento mais completo, através de métodos acessíveis ao público,
bem como para construção na região.
Nesta segunda análise econômica, será considerado em ambos os sistemas
construtivos, a estrutura das paredes internas e externas, seus respectivos
revestimentos, forro e cobertura.

7.2.1 Método Convencional

O levantamento orçamentário para o método convencional, foi realizado


mediante os preços fornecidos pelo financiamento bancário do Banrisul.

Tabela 12 – Composição estrutural pelo método convencional

Fonte: BANRISUL, 2021 (Adaptado pelo autor)


83

Para estimar o custo de mão de obra, foi considerado o valor médio por metro
quadrado construído no Brasil no ano de 2021, divulgado pelo IBGE29 para uma
residência unifamiliar padrão. Destaca-se ainda que, no início do ano foi constatado
através do Índice Nacional da Construção Civil, um aumento considerável, chegando
hoje no valor de R$573,28 por metro quadrado.
Para uma estimativa, foi calculado e apresentado na tabela 13 o orçamento
total de mão de obra pelo método convencional.

Tabela 13 – Orçamento total estimado para mão de obra via método convencional

Fonte: Elaborado pelo autor.

Para obter um parâmetro geral dos custos para execução itens abordados na
execução, a tabela 14 apresenta o resumo total.

Tabela 14 – Orçamento total

Fonte: Elaborado pelo autor.

29
Disponível em: < ibge.gov.br/estatísticas/econômicas/preços-e-custos>, acesso em maio de 2021
84

7.2.2 Steel Frame

O orçamento pelo Steel Frame foi mediante o envio da planta arquitetônico


realizado para o projeto de comparação à uma empresa especializada no modelo de
construção LSF, denominada Center Steel, localizada em Porto Alegre – RS. A
empresa forneceu os cálculos para a execução estrutural da casa.
A tabela 15 apresenta detalhadamente todos os perfis metálicos para a
execução de cada etapa.

Tabela 15 – Composição estrutural pelo Steel Frame

‘Fonte: CenterSteel, 2021 (Adaptado pelo autor)


85

A tabela 16 apresenta o orçamento total da mão de obra para execução das


paredes internas e externas, bem como o estrutural do telhado. O valor estimado por
metro quadrado da região, considerando apenas estrutural e revestimentos, foi
fornecido pela mesma empresa que realizou o orçamento, ou seja, Center Steel.
A empresa ressalva ainda que, o metro quadrado pode ser orçado pelo
conjunto total da construção, e não apenas por estrutural e revestimentos, podendo
vir a incluir instalações, acabamentos e entre outros. Neste caso específico, será
adotado a primeira opção, entretanto será demonstrado o cálculo para ambos.

Tabela 16 – Orçamento total da mão de obra

Fonte: Elaborado pelo autor.

Para uma visão geral, na tabela 17 é apresentando o resumo total dos custos
relacionados aos materiais, estrutural e mão de obra.

Tabela 17 – Orçamento total levantado

Fonte: Elaborado pelo Autor.


86

8 RESULTADOS

Neste capítulo será realizado a comparação perante os orçamentos levantados


de ambos os sistemas construtivos.

8.1 ANÁLISE E INTERPRETAÇÃO DOS DADOS

Tendo em vista a finalidade pressuposta inicial do estudo, ou seja, viabilidade


econômica construtiva, foi apresentado no capítulo anterior (7) o levantamento de
custos para o planejamento de uma moradia popular, por meio de ambos os sistemas
em comparação, concreto armado e alvenaria de vedação e LSF.
O resumo total do orçamento realizado para os dois métodos através dos
insumos e composições da SINAPI, considerando mão de obra e materiais, encontra-
se na tabela 18.

Tabela 18 – Comparativo de orçamentos dos métodos

Fonte: Elaborado pelo autor.

Por meio dos valores expressados na tabela 18, constata-se uma diferença
considerável relativa ao custo final entre os dois métodos construtivos, de forma a
analisar os pretextos pelo qual o sistema LSF se sobressai, tanto no contexto de mão
de obra como de material.
Na visão de Domarascki e Fagiani (2009), o sistema LSF requer de diversas
etapas, mas montagem estrutural juntamente com o fechamento externo e interno,
seguido de revestimento, são as mais relevantes demandando maior mão de obra,
por conseguinte mais tempo e recursos financeiros perante a execução.
Logo, conclui-se que neste caso o sistema estrutural em aço demonstrou-se
10% maior que o convencional, sobretudo pelo valor unitário elevado dos itens que o
87

compõe. Um fator colaborante para esse efeito é o grande e fácil acesso dos materiais
do método convencional, no qual acarreta significadamente o custo dos mesmos, pela
grande oferta de mercado.
A diferença alta no custo dos materiais, também se reafirma através de
orçamento por empresas privadas, levando em consideração o estrutural,
revestimentos e telhado de uma moradia popular, conforme a tabela 19.

Tabela 19 – Comparativo de materiais na execução entre os dois métodos

Fonte: Elaborado pelo autor.

Todavia, quando se trata de mão de obra e explicação é bem sucinta e


semelhante aos materiais, pois a grande demanda por construções, não
necessariamente impacta na qualificação de servidores, o que ocasiona preços mais
relativamente baixos e negociáveis, diferentemente do Steel Frame, que exige mais
conhecimento para sua montagem e consequentemente alta.
Entretanto, a execução das etapas é absurdamente diferente entre ambos os
métodos, como demonstra a tabela 20.
Tabela 20 – Comparativo do tempo de execução

Fonte: Elaborado pelo autor

Constata-se, através dos valores da tabela 17 que, o tempo de execução entre


os métodos, é altamente desigual. O sistema Steel Frame realiza-se 523% mais
rápido que o convencional, característica na qual traz à tona todas as suas vantagens
88

de aplicação. Essa diferença se dá por diversos motivos, mas o principal deles é


relativo ao sistema ser altamente industrializado e enxuto. Sua montagem favorece a
velocidade de execução através itens pré-montados, além de reduzir expressivamente
o volume de resíduos. Para instalações elétricas e hidráulicas dispensam a abertura
de canaletas em paredes, e no âmbito estrutural as vigas e colunas não exigem de
tanta mão de obra como no método convencional, não havendo necessidade de forma
e ferragem.
Outro fator a ser considerado entre os dois métodos, e realçado através do
levantamento orçamentário, é o número de funcionários necessários para execução
do projeto. A tabela 21 apresenta o resumo dos trabalhadores envolvidos em cada
método.

Tabela 21 – Resumo total de funcionários para ambos os métodos

Fonte: Elaborado pelo autor.

Logo, percebe-se que a diferença de trabalhadores necessários para execução


do projeto de uma moradia popular é gritante entre ambos os métodos. Esse fator é
um dos que impacta diretamente no orçamento, destacando uma vantagem do
método LSF. O sistema convencional, ainda por ser altamente artesanal, demanda de
mais funcionários devido ao aumento de processos nas etapas, quando comparado
ao steel frame. A técnica de assentamento de blocos, assim como, o elevado índice
89

de resíduos gerados, por meio na alvenaria de vedação, exige um acréscimo de


funcionários para execução.
Contudo, o sistema convencional ainda é o mais utilizado e economicamente
viável, porém a sua forma predominantemente artesanal deixa a desejar em vários
quesitos, nos quais são de extrema importância neste momento atual, como a
sustentabilidade.

8.2 CONTRIBUIÇÕES PRÁTICAS E ACADÊMICAS

Para completação do estudo dirigido neste trabalho, seria proveitoso continuar


os orçamentos realizados, implementando todas as etapas construtivas não
abordadas na referida análise, para assim concretizar o levantamento de custos
completo para uma moradia popular.
90

9 CONCLUSÃO

Neste trabalho procurou-se apresentar através do embasamento teórico, as


técnicas, vantagens e particularidades de cada etapa necessária para execução de
uma moradia popular, perante a visão de dois sistemas construtivos, o LSF e o
convencional de concreto armado com vedação de alvenaria de blocos.
Posteriormente, mediante o estudo de viabilidade econômica, incialmente
proposto, foi realizado uma comparação entre os sistemas, através do levantamento
de custos pela SINAPI e empresas privadas.
Contudo, destaca-se que embora a aplicação do sistema LSF tenha obtido um
valor superior na construção de uma moradia popular, suas vantagens se sobressaem
quando colocadas na balança. Questões técnicas e construtivas como a redução
disparado no prazo de conclusão, bem como os resíduos gerados, em conjunto do
aumento significativo na produtividade, são questões nas quais equivalem a sua
diferença de custo e investimento no mercado.
O trabalho evidencia ainda que, a comparação do método construtivo LSF com
o convencional de concreto armado, dispõe da necessidade de ultrapassar uma
simples análise orçamentária, visto que um custo-benefício aborda fatores nos quais
não são mensuráveis, mas que impactam diretamente na eficiência de um sistema
construtivo. Talvez, se essas despesas indiretas fossem consideradas, o custo de
execução de ambos se assemelhasse.
Em suma, constata-se que o objetivo do trabalho foi atingido, uma vez que os
métodos foram orçados e analisados entre si, bem como apresentados teoricamente
de modo a difundir conhecimento sobre novas alternativas construtivas. Além disso
demonstrou através do estudo, que de fato o sistema LSF é de extrema importância
para o mercado construtivo no país, principalmente em âmbito sustentável.
91

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