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CENTRO DE TECNOLOGIA E GEOCIÊNCIAS UFPE

TRABALHO DE CONCLUSÃO DE CURSO

BACHARELADO EM ENGENHARIA CIVIL

ANÁLISE ESTRUTURAL DE LAJE DE FUNDAÇÃO TIPO


RADIER EM CONCRETO ARMADO

Filipe Rocha Guedes

Renan Godoy Burgos

Orientador Prof. Dr. Paulo Marcelo V. Ribeiro

RECIFE

2014
FILIPE ROCHA GUEDES

RENAN GODOY BURGOS

ANÁLISE ESTRUTURAL DE LAJE DE FUNDAÇÃO TIPO


RADIER EM CONCRETO ARMADO

Trabalho de conclusão de curso de


graduação apresentado à Universidade
Federal de Pernambuco como requisito
parcial para obtenção do grau de Bacharel
em Engenharia Civil.

Área de concentração: Engenharia Civil


e Engenharia Estrutural
Orientador: Prof. Dr. Paulo M. Ribeiro

RECIFE

2014
Catalogação na fonte

Bibliotecária Valdicéa Alves, CRB-4 / 1260

G924a Guedes, Filipe Rocha .


FILIPE ROCHA GUEDES
Análise estrutural de laje de fundação tipo radier em concreto armado. /
RENAN
Filipe Rocha Guedes GODOY
- Recife: BURGOS
O Autor, 2014.

112folhas, Ils., e Tabs.

Orientador: Profº. Dº Paulo Macelo V. Ribeiro.

TCC (Graduação) – Universidade Federal de Pernambuco. CTG.


Programa de Pós-Graduação em Engenharia Civil, 2014.

Inclui Referências.

1. Engenharia Civil. 2.Radier. 3. Análise estrutural. 4.Concreto Armado. I.


Burgos, Renan Godoy. II. Ribeiro, Paulo Marcelo V.(Orientador). III. Título.
AGRADECIMENTOS

Agradecemos, inicialmente, a nossa família: nossos pais e irmãos, que não mediram
esforços para que chegássemos até esta etapa de nossas vidas.

A todos os amigos do curso de graduação de Engenharia Civil por estarem presentes e


dispostos para nos ajudar e nos motivar durante todos estes anos.

A Universidade Federal de Pernambuco (UFPE) por nos proporcionar uma formação


profissional e humana.

Aos professores do curso de Engenharia Civil pelos ensinamentos passados durante


estes cinco anos de curso.

Agradecimento especial ao professor Paulo Marcelo Ribeiro, pela dedicação, paciência,


convívio e incentivo como professor e orientador.
“Os bons engenheiros são aqueles que, em vez de se
limitarem a seguir cegamente as normas e códigos,
preferem obedecer às leis da natureza".
T. Y. Lin
LISTA DE ILUSTRAÇÕES

Figura 2.1 – Vigas e pilares de concreto armado numa construção simples ...................15
Figura 2.2 – Elementos estruturais bidimensionais: placas, chapas e cascas ..................16
Figura 2.3 – Bloco de fundação (elemento tridimensional) ............................................17
Figura 2.4 – Esforços solicitantes. Corpo recortado virtualmente (a). Distribuição de
forças ao longo da superfície recortada (b) .....................................................................18
Figura 2.5 – Esforço de cisalhamento e esforço normal..................................................19
Figura 2.6 – Esforços de flexão e torção .........................................................................19
Figura 2.7 – Viga de concreto armado apoiada em dois pilares de concreto ..................20
Figura 2.8 – Modelo estrutural para a viga real da figura 2.7 .........................................21
Figura 2.9 – Sapata isolada ..............................................................................................22
Figura 2.10 – Radier liso .................................................................................................24
Figura 2.11 – Radier com pedestais ou congumelos .......................................................24
Figura 2.12 – Radier nervurado .......................................................................................24
Figura 2.13 – Radier em caixão .......................................................................................25
Figura 2.14 – Detalhe de cordoalha de sete fios ..............................................................29
Figura 3.1 – Divisão esquemática do solo em regiões ....................................................32
Figura 3.2 – Diferentes casos de interação solo-estrutura ...............................................34
Figura 3.3 – Representação do radier pelo método de grelha sobre base elástica ...........35
Figura 3.4 – Representação da Hipótese de Winkler ......................................................36
Figura 3.5 – Analogia entre coeficiente de mola e coeficiente de reação vertical ..........37
Figura 3.6 – Fatores 0 e 1 para o cálculo do recalque imediato em camada argilosa
finita .................................................................................................................................43
Figura 4.1 – Placa submetida à carregamento normal externo pz(x,y) ...........................46
Figura 4.2 – Elemento de placa detalhado .......................................................................48
Figura 4.3 – Malha para solução de aproximação de derivadas por diferenças finitas ...54
Figura 4.4 – Elemento estrutural atual (placa) e sistema de grelhas substituinte
(representação da placa através de grelha) ......................................................................57
Figura 5.1 – Grelha sobre base elástica ...........................................................................59
Figura 5.2 – Carregamento concentrado numa grelha .....................................................60
Figura 5.3 – Modelo estrutural do edifício ......................................................................61
Figura 5.4 – Modelo estrutural para processamento .......................................................62
Figura 5.5 – Cargas de vento nulas..................................................................................62
Figura 5.6 – Discretização da malha ...............................................................................63
Figura 5.7 – Alteração do multiplicador de deslocamentos verticais para simular
deformação lenta..............................................................................................................64
Figura 5.8 – Coeficiente de mola.....................................................................................65
Figura 5.9 – Extração de dados do modelo estrutural .....................................................66
Figura 5.10 – Geração do modelo de grelha ....................................................................66
Figura 5.11 – Discretização de um elemento de geometria regular utilizando malha com
elementos cujos intervalos entre os nós adjacentes sejam constantes .............................68
Figura 5.12 – Discretização de um elemento de geometria irregular utilizando malha
com elementos cujos intervalos entre os nós adjacentes sejam constantes .....................69
Figura 5.13 – Discretização de um elemento de geometria circular através de uma malha
de elementos com geometrias diferenciadas ...................................................................69
Figura 5.14 – Discretização de um elemento de geometria irregular através de uma
malha de elementos com diferentes geometrias ..............................................................70
Figura 5.15 – Modelo de inicialização do SAP2000 ‘grid only’ .....................................72
Figura 5.16 – Linhas da grade no SAP2000 ....................................................................73
Figura 5.17 – Grade correspondente à um retângulo de 12 por 8 no SAP2000 ..............74
Figura 5.18 – Definição de materiais no SAP2000 .........................................................75
Figura 5.19 – Definição das propriedades do novo material ...........................................75
Figura 5.20 – Janela de definição de novos materiais .....................................................76
Figura 5.21 – Definição da ‘Area Section’ ......................................................................76
Figura 5.22 – Definição da espessura do radier de 20 cm ...............................................77
Figura 5.23 – Janela de definição de ‘Area Sections’no SAP2000 .................................78
Figura 5.24 – Desenho manual de elemento de área retangular no SAP2000.................78
Figura 5.25 – Divisão do elemento em vários elementos de área menores .....................79
Figura 5.26 – Divisão do elemento em vários elementos de área menores de 40x40 .....80
Figura 5.27 – Elemento de placa (radier) dividido em vários elementos menores de
40x40cm no SAP2000 .....................................................................................................80
Figura 5.28 – Selecionando todos os elementos de uma única vez a partir do comando
‘Select All’ no SAP2000 .................................................................................................81
Figura 5.29 – Inserção dos apoios elásticos de translação a partir de ‘Area Springs’.....82
Figura 5.30 – Criação do padrão de cargas ‘SOBRECARGA’ como carga viva ...........83
Figura 5.31 – Inserção das forças nos nós .......................................................................83
Figura 5.32 – Resultado da modelagem com as cargas inseridas ....................................84
Figura 5.33 – Modelo de análise utilizando apenas o plano XY .....................................84
Figura 5.34 – Processamento da estrutura no SAP2000..................................................85
Figura 5.35 – Mostrar resultados de elementos de área ‘Shells’ no SAP2000 ................85
Figura 5.36 – Mostrar resultados relativos a momentos na direção local 2 e cargas de
sobrecarga apenas ............................................................................................................86
Figura 5.37 – Resultados para momentos fletores de valores característicos .................86
Figura 5.38 – Áreas de influência que contribuem para o valor da rigidez da mola em
unidade de força por metro. .............................................................................................87
Figura 6.1 – ‘Planta de forma’ da estrutura que será modelada para o estudo 01 ...........90
Figura 6.2 – Isovalores para os momentos fletores na direção X obtidos do SAP2000 ..91
Figura 6.3 – Isovalores para os momentos fletores na direção Y obtidos do SAP2000 ..92
Figura 6.4 – Configuração deformada da placa modelada no SAP2000 .........................92
Figura 6.5 – Isovalores para os momentos fletores na direção X obtidos do TQS .........93
Figura 6.6 – Isovalores para os momentos fletores na direção Y obtidos do TQS .........93
Figura 6.7 – Configuração deformada da placa modelada no TQS.................................94
Figura 6.8 – Analogia com êmbolo (placa) exercendo pressão num fluido ....................98
Figura 6.9 – Esquema de apoios elásticos à translação numa placa ................................98
Figura 6.10 – Comparativo entre os valores das rijezas das molas no SAP2000. ...........99
Figura 6.11 – Planta de forma utilizada para o estudo de caso 02. ..............................101
Figura 6.12 – Isovalores para os momentos fletores na direção X (caso 2) ..................102
Figura 6.13 – Isovalores para os momentos fletores na direção Y (caso 2) ..................102
Figura 6.14 – Armadura horizontal positiva..................................................................103
Figura 6.15 – Armadura horizontal negativa .................................................................103
Figura 6.16 – Armadura vertical positiva ......................................................................104
Figura 6.17 – Armadura vertical negativa .....................................................................104
LISTA DE TABELAS

Tabela 2.1 – Correspondência entre classe de agressividade e qualidade do concreto ..28


Tabela 2.2 – Características das cordoalhas engraxadas de sete fios .............................29
Tabela 3.1 – Valores de Kv segundo Terzhagi ...............................................................39
Tabela 3.2 – Valores de Kv segundo Moraes .................................................................39
Tabela 4.1 – Expressões obtidas para as derivadas parciais necessárias à análise de
placas retangulares por diferenças finitas .......................................................................54
Tabela 6.1 – Resumo dos resultados obtidos para o estudo de caso 01 ..........................94
Tabela 6.2 – Resultados para esforços característicos de momentos fletores e
deslocamentos a partir da variação do coeficiente de reação do solo (e
consequentemente da rigidez do apoio elástico) utilizando o SAP2000 .........................96
Tabela 6.3 – Resultados para os maiores valores de momentos fletores característicos
quando comparadas as modelagens utilizando apoios elásticos do tipo ‘Area Springs’
(considerando a área de influência, AS) e ‘Joint Springs’ (JS, sem considerar a variação
do valor da rijeza elástica nas bordas) .............................................................................99
Tabela 6.4 – Variação dos esforços característicos e deslocamentos imediatos em função
do Kv .............................................................................................................................105
Tabela 6.5 – Resultados para diferentes espessuras da laje ...........................................106
RESUMO

O presente trabalho visa realizar um estudo de lajes de concreto do tipo radier - solução
comum para fundações de estruturas de pequeno porte – através de diferentes estratégias
de modelagem, levando-se em conta sempre a interação solo-estrutura. São apresentadas
como principais focos as análises estruturais utilizando modelo de grelha e método dos
elementos finitos, objetivando um estudo comparativo entre os resultados encontrados.
A fundação em radier pode ser uma solução técnica ou economicamente mais viável em
alguns casos, e no Brasil não há apoio de norma técnica pertinente exclusiva para o
dimensionamento e análise deste tipo de estrutura. Em estudos de caso, exemplos reais
são analisados utilizando os dois modelos de análise, visando obter sempre resultados
comparativos tanto nos métodos em si quanto na influência do solo em relação à
estrutura e por fim realizando um orçamento simplificado em função da variação de
parâmetros de cálculo da estrutura.

Palavras-chave: Radier. Análise estrutural. Concreto armado.


ABSTRACT

The present paper aims to conduct a study of concrete slabs radier type – a common
solution for foundation of small structures – through different modeling strategies, using
the soil-structure interaction. It is presented as major focus the structural analysis using
grid model and finite element method, aiming at a comparative study of the results
found. The radier foundation can be a solution more feasible technically or
economically in some cases, and in Brazil there isn’t any support of a pertinent
technical manual for the design and analysis of such structure. In case studies, real
examples are analyzed using both analytical models, aiming to obtain comparative
results related not only to the methods themselves but also to the influence of the soil on
the structure and finally performing a simplified budget due to the variation of analysis
parameters of the structure.

Keywords: Radier. Structural analysis. Reinforced concrete.


SUMÁRIO

1. INTRODUÇÃO .......................................................................................................... 10
1.1 Apresentação ......................................................................................................... 10
1.2 Justificativa ........................................................................................................... 11
1.3 Metodologia .......................................................................................................... 12
1.3.1 Tipo de pesquisa ............................................................................................. 12
1.3.2 Procedimentos ................................................................................................ 12
1.4 Objetivos ............................................................................................................... 13
1.4.1 Objetivos gerais .............................................................................................. 13
1.4.2 Objetivos específicos...................................................................................... 13
2. REVISÃO DA LITERATURA .................................................................................. 14
2.1 Breve revisão estrutural ........................................................................................ 14
2.1.1 Elementos estruturais lineares ........................................................................ 14
2.1.2 Elementos estruturais bidimensionais ............................................................ 15
2.1.3 Elementos estruturais tridimensionais............................................................ 16
2.1.4 Cargas e esforços nas estruturas ..................................................................... 17
2.1.5 Análise estrutural............................................................................................ 20
2.2 Fundações ............................................................................................................. 21
2.3 Radiers .................................................................................................................. 23
2.3.1 Definição e classificação ................................................................................ 23
2.3.2 Materiais ......................................................................................................... 27
2.3.3 Disposições construtivas ................................................................................ 30
3. PARÂMETROS GEOTÉCNICOS ............................................................................ 31
3.1 Interação solo-estrutura......................................................................................... 31
3.1.1 Fatores de influência no mecanismo da interação solo-estrutura ................... 33
3.2 Hipótese de Winkler e constantes elásticas do solo .............................................. 35
3.2.1 Determinação do coeficiente de reação vertical a partir do uso de tabelas .... 38
3.2.2 Determinação do coeficiente de reação vertical a partir de ensaios de placa 40
3.2.3 Determinação do coeficiente de reação vertical a partir do cálculo do recalque
vertical estimado ..................................................................................................... 41
4. ANÁLISE E MODELOS PARA CÁLCULO DE PLACAS ..................................... 44
4.1 Elementos estruturais de placas ............................................................................ 44
4.1.1 Teorias de placa e soluções analíticas para placas delgadas .......................... 45
4.1.2 Métodos numéricos para solução de problemas de placas delgadas .............. 50
4.2 Estabilidade, capacidade de porte e modelagem da estrutura ............................... 50
4.3 Métodos de cálculo para fundações Radiers ......................................................... 51
4.3.1 Método Estático.............................................................................................. 51
4.3.2 Método do American Concrete Institute (ACI).............................................. 52
4.3.3 Método das Diferenças Finitas ....................................................................... 52
4.3.4 Método da placa sobre solo de Winkler ......................................................... 55
4.3.5 Método dos Elementos Finitos ....................................................................... 55
4.3.6 Método da Analogia de Grelha ...................................................................... 56
5. PROCEDIMENTOS DE ANÁLISE ESTRUTURAL UTILIZANDO MÉTODO DA
ANALOGIA DE GRELHA E MÉTODO DOS ELEMENTOS FINITOS .................... 58
5.1 Procedimento de análise estrutural automatizada utilizando método da analogia de
grelha .......................................................................................................................... 58
5.1.1 Fundamentação do método............................................................................. 58
5.1.2 Software utilizado .......................................................................................... 60
5.1.3 Etapas da modelagem ..................................................................................... 61
5.2 Procedimento de análise estrutural automatizada utilizando Método dos
Elementos Finitos ....................................................................................................... 67
5.2.1 Fundamentação do método............................................................................. 67
5.2.2 Software utilizado – SAP2000 ....................................................................... 71
5.2.3 Etapas da modelagem ..................................................................................... 71
5.2.4 Considerações sobre apoios elásticos à translação ......................................... 87
6. ESTUDOS DE CASO ................................................................................................ 89
6.1 Estudo de caso 01 ................................................................................................. 89
6.1.1 Comparativo entre os dois métodos de cálculo, resultados e conclusões ...... 91
6.1.2 Variação do coeficiente de reação vertical do solo e análise dos resultados . 95
6.1.3 Estudo da variação da rigidez elástica nos apoios ao longo da placa ............ 96
6.2 Estudo de caso 02 ............................................................................................... 100
6.2.1 Resultados iniciais ........................................................................................ 101
6.2.2 Variação do coeficiente de reação vertical do solo e análise dos resultados 105
6.2.3 Variação da espessura do radier: um estudo simplificado de viabilidade
econômica.............................................................................................................. 106
6.3 Conclusões finais relativas aos estudos de caso ................................................. 107
7. CONSIDERAÇÕES FINAIS ................................................................................... 108
8. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ..................................................................... 110
10

1. INTRODUÇÃO

1.1 Apresentação

Este texto é desenvolvido através de sete capítulos, que consistem de introdução do


trabalho, revisão bibliográfica, aplicação para estudos de caso e finalmente resultados e
conclusões obtidas. A estruturação do trabalho é apresentada da seguinte maneira:

 No primeiro capítulo são apresentados os objetivos, justificativa e metodologia


do trabalho;
 O capítulo 2 trata da revisão da literatura, onde é abordada inicialmente uma
breve revisão estrutural em relação a aspectos gerais de análise e elementos
estruturais, seguido de aspectos relativos especificamente às lajes radiers, como
definição e classificação, materiais utilizados e disposições construtivas;
 No capítulo 3 é abordada a questão da interação solo-estrutura como definições e
embasamento teórico em relação ao módulo de reação do solo, que se trata de
um conceito importante que será abordado ao longo dos demais capítulos;
 O capítulo seguinte aborda resumidamente as teorias analíticas de placas de
Kirchhoff e em seguida os métodos de cálculo existentes para lajes radiers;
 No capítulo 5 há o emprego de ferramenta computacional para análise estrutural
do elemento em questão. São expostos dois casos práticos de análise. Os
fundamentos de cada método bem como um roteiro para modelagem do radier
também são abordados ao longo do capítulo;
 A seguir realiza-se dois estudos de caso no capítulo 6, utilizando os programas
computacionais SAP2000 e CAD/TQS para tal, conforme metodologia abordada
no capítulo anterior;
 Finalmente no último capítulo são abordadas as conclusões e considerações
finais.
11

1.2 Justificativa

As lajes de fundação do tipo radier, mais conhecidas simplesmente por radiers,


mostram-se como uma solução para fundações rasas, conforme a NBR 6122/96 –
Projeto de Fundações – em seu item 3.4, sendo utilizadas principalmente para obras de
programas de habitação financiadas pelo governo federal, nas quais objetiva-se a
construção de um grande volume de moradias em um pequeno período de tempo. As
fundações em lajes radiers também podem se mostrar viáveis para outras estruturas de
pequeno porte, como pequenos blocos residenciais e comerciais ou casas térreas.

Segundo Velloso e Lopes (2004), o radier encontra-se sempre como solução


mais custosa devido ao alto consumo de concreto, porém seu uso se torna mais
satisfatório quanto mais o número de pavimentos aumenta, de modo que Velloso e
Lopes (2004) ressaltam que a economia fica mais evidente quando a soma das cargas na
estrutura dividido pela resistência admissível do solo for maior que metade da área da
edificação. No caso de estruturas de pequeno porte fica, portanto, evidente que a
solução em lajes radier é de maior custo.

Estudos comparativos como o de Pacheco (2010) revelam que a solução em


sapatas corrida é mais econômica para os vários estudos de caso. É válido, contudo,
ressaltar que “as fundações em radier podem ser mais eficientes e até mais econômicas
se for levado em consideração seu tempo e praticidade de execução” (PACHECO, 2010,
p. 14).

A análise e dimensionamento de estruturas de laje do tipo radier, todavia, é


ausente em literatura técnica brasileira dedicada. A NBR 6122/2010 – Projeto de
fundações - e a própria NBR 6118/2007 – Projeto e execução de estruturas de concreto
– mostram-se um tanto ineficazes quanto ao dimensionamento e análise estrutural de
lajes do tipo radier, isto é, não há um item exclusivo para cálculo deste tipo de estrutura.
É necessário que o engenheiro estrutural realize seu próprio modelo para dimensionar e
verificar a estrutura. É importante ressalvar que “a escolha do tipo de fundação deve ser
fruto da análise de diversas alternativas e não se deve deixar levar pelas imposições do
sistema que se apresente no mercado” (DÓRIA, 2007, p. 1). Desta maneira, dada a
exiguidade de material bibliográfico e programa computacional dedicado que sintetize o
dimensionamento de lajes radier, surge-se a necessidade de realizar uma análise
12

estrutural criteriosa através de estudos de casos reais para verificação deste tipo de
estrutura.

Espera-se, desta forma, que o conteúdo deste trabalho gere contribuições para a
área da Engenharia Estrutural, e, possivelmente, para algumas formas de literaturas
técnicas futuras que digam a respeito do dimensionamento de lajes de fundação
(radiers).

1.3 Metodologia

1.3.1 Tipo de pesquisa

Para este trabalho, será realizada uma pesquisa do tipo exploratória a nível de
objetivos, uma vez que os estudos de caso e resultados estimulam a compreensão do
fenômeno em estudo e a construção de hipóteses. A nível de procedimentos, esta será
uma pesquisa experimental com estudos de caso, onde, segundo Gil (1991), consiste em
determinar um objeto de estudo, selecionar as variáveis que seriam capazes de
influenciá-lo e definir as formas de controle e de observação dos efeitos que as variáveis
produzem no objeto.

1.3.2 Procedimentos

Para o projeto estrutural de lajes radier o engenheiro pode se dispor de diversos


modelos de cálculo. Neste trabalho optou-se por utilizar o Método dos Elementos
Finitos (MEF) e o Método da Analogia de Grelha (MAG) para modelar a estrutura
através de ferramentas computacionais. As ferramentas aqui utilizadas foram o
SAP2000 – integrated software for structural analysis and design e o CAD/TQS para
análise estrutural e dimensionamento; e o Microsoft Excel para realização das planilhas
comparativas e análises de custos.
13

1.4 Objetivos

1.4.1 Objetivos gerais

O objetivo geral do trabalho é realizar uma análise estrutural de uma laje de


concreto do tipo radier usando ferramenta computacional através de dois modelos: MEF
e MAG, obtendo os esforços na estrutura e comparando os resultados. Também visa-se
obter a influência do módulo de reação do solo, isto é, o quanto a precisão geotécnica
influencia numa análise estrutural. Também pretende-se realizar outra análise, desta vez
fixando-se os parâmetros geotécnicos e carregamentos e variando a altura útil e
consequentemente espessura da laje. Para isso a estrutura será processada para os vários
tipos de casos, alterando os parâmetros que serão estudados. Em seguida será realizado
um orçamento simplificado, mostrando a influência dos resultados de esforços no custo
de materiais da estrutura de fundação (concreto e aço).

1.4.2 Objetivos específicos

Os objetivos específicos do trabalho são:

 Sistematizar os conceitos teóricos existentes a respeito dos métodos de cálculo


estudados (MEF e MAG);
 Processar os casos práticos estudados e estudar comparativamente os resultados
encontrados;
 Estudar e interpretar os resultados relativos aos programas computacionais
utilizados;
 Avaliar sobre a influência do tipo de solo (constante de reação do terreno) nos
resultados;
 Avaliar sobre a influência da altura útil e espessura da laje radier em relação ao
custo total de aço e concreto na execução da fundação.
14

2. REVISÃO DA LITERATURA

2.1 Breve revisão estrutural

Neste item serão apresentados brevemente conceitos importantes para o melhor


entendimento das estruturas e da análise estrutural, como classificações dos elementos
estruturais e esforços atuantes.

No contexto da engenharia civil, o termo estrutura refere-se à sistemas


compostos por peças estruturais ligadas entre si de modo a formar um conjunto estável,
isto é, um conjunto capaz de receber solicitações externas, absorvê-las internamente e
transmiti-las até os seus apoios, onde estas solicitações externas encontrarão seu sistema
estático equilibrante (VANDERILEI, 2007). Em outras palavras, tratam-se de objetos
com diferentes formas e tamanhos, construídos pelo homem, fixados permanentemente
em superfície terrestre, como resultado de uma construção. Exemplos práticos são casas,
edifícios, pontes, viadutos, torres de transmissão, etc. Podem ser utilizados materiais
diversos para as peças estruturais, porém os materiais mais comumente utilizados
atualmente na construção civil são o aço e o concreto.

Os vínculos ou apoios são elementos que podem impedir o deslocamento de


pontos das peças, introduzindo como consequência esforços nesses pontos
correspondentes aos deslocamentos que impedem. Logo, estes têm a função de travar
possíveis deslocamentos que a estrutura venha a ter. No plano estes apoios impedirão
três movimentos que um provável corpo rígido causará. Para isso deve-se ter um
sistema de carregamento aplicado, onde este sistema é equilibrado por um conjunto de
carregamentos reativos que foi introduzido através dos vínculos ligados à estrutura
(CAMPANARI, 1985).

2.1.1 Elementos estruturais lineares

Os elementos estruturais lineares tratam-se de elementos onde uma de suas


dimensões é predominante em relação às outras, isto é, tem-se que uma das dimensões é
significativamente maior do que as outras duas. Em termos convencionais, considera-se
uma dimensão é significativamente maior quando esta for da ordem de cinco vezes
maior que outra.
15

Exemplos clássicos de estruturas lineares na engenharia civil são as barras, onde


geralmente se tratam de vigas e pilares. Nestes casos pode-se claramente notar que as
dimensões da seção transversal são menores que a extensão de sua linha central,
podendo estes ser considerados elementos de apenas uma dimensão no âmbito da
análise estrutural.

Figura. 2.1 – Vigas e pilares de concreto armado numa construção simples. FONTE: FRAGA, 2013.

2.1.2 Elementos estruturais bidimensionais

Os elementos estruturais bidimensionais ou planos são elementos em que uma de


suas dimensões é significativamente menor do que as outras duas. Nota-se que o termo
‘plano’ refere-se ao elemento possuir duas dimensões, e não do fato do elemento estar
contido necessariamente num plano. A dimensão significativamente menor é tratada
como a espessura do elemento.

Os tipos de elementos estruturais bidimensionais são as placas, cascas e chapas.


O que difere uma das outras é a forma física e, consequentemente, o modo como as
solicitações externas e internas acontecem.

As placas são elementos estruturais bidimensionais com carregamento normal à


sua superfície. Assim sendo, nelas estarão ocorrendo flexão (em uma ou nas duas
16

direções) e cisalhamento. Os principais representantes destes elementos são as lajes em


geral, incluindo as lajes de fundação do tipo radier, que serão o objeto de estudo deste
trabalho, e serão mais detalhadas nos próximos capítulos.

As chapas são elementos estruturais bidimensionais com carregamento ao longo


de sua superfície (plano composto pelas duas maiores dimensões). São, portanto,
elementos que recebem as ações diretamente, geralmente os comprimindo ao longo de
toda a sua extensão. Os principais representantes destes elementos são paredes de
alvenarias estruturais e vigas parede.

As cascas são elementos superficiais semelhantes às placas, porém estas


possuem curvaturas, com seus carregamentos tanto ao longo da superfície como normal
ou inclinado à superfície. As principais representantes destes elementos são as cascas
cilíndricas e abóbodas. Por serem elementos curvos, as cascas se aproximam do
comportamento de arcos.

Figura 2.2 – Elementos estruturais bidimensionais: placas, chapas e cascas. Fonte: ANDRADE, 2011.

2.1.3 Elementos estruturais tridimensionais

São elementos que possuem três dimensões com a mesma ordem de grandeza,
isto é, não possuem nenhuma dimensão predominante. Exemplo clássico de elementos
tridimensionais ou espaciais na engenharia civil são os blocos de fundações.
17

Figura 2.3 – Bloco de fundação (elemento tridimensional). FONTE: Construtora Lix da Cunha, 2007.

2.1.4 Cargas e esforços nas estruturas

Toda estrutura está submetida a esforços, isto é, forças e tensões de origens


diversas que produzirão esforços variados conforme forem dispostas ao longo de suas
dimensões. Ainda que não haja nenhum tipo de sobrecarga atuando na estrutura, esta
ainda estará sujeita ao seu peso próprio. As ações externas (por assim dizer) produzidas
na estrutura gerarão esforços internos que tenderão a ser resistidos pelo material da
mesma.

2.1.4.1 Esforços externos (ações externas)

Os esforços externos atuam no sistema material em análise (por contato ou ação


à distância) oriundos da ação de outro sistema. O peso próprio, a ação do vento e
esforços vinculares são exemplos de esforços externos (CAMPOS, 2010). Estes
esforços estão subdivididos em ativos e reativos.

Os esforços externos ativos serão classificados de permanentes quando atuam


constantemente sobre a estrutura (como seu peso próprio) e acidentais quando atuam de
18

forma transitória (o efeito do vento nas construções, carga de partida das máquinas, etc.)
(CAMPOS, 2010).

Os esforços ativos são conhecidos a priori, uma vez que no projeto são
estabelecidas as dimensões da peça para cálculo do peso próprio, por exemplo.
Os esforços reativos, produzidos pelos vínculos, são denominados de reações de
apoio, sendo determinados pelas equações da estática que regem o equilíbrio das forças
sobre um corpo em repouso (CAMPOS, 2010).

2.1.4.2 Esforços internos solicitantes

Os esforços internos solicitantes das estruturas são esforços a nível molecular


exercidos sobre uma ou mais seções do material da estrutura oriundos das ações
externas.

As forças internas geralmente são distribuídas de forma complexa sobre as


seções, mas, no entanto, as condições de equilíbrio são satisfeitas para cada parte
separadamente. Isto significa que a resultante das forças internas na seção genérica pode
ser obtida tanto na parte esquerda quanto na direita do corte imaginário (LIMA, 2010).

Figura 2.4 – Esforços solicitantes. Corpo recortado virtualmente (a). Distribuição de forças ao longo da
superfície recortada (b). Fonte: LIMA, 2010.

As resultantes dos esforços internos poderão ser esforços normais, esforços


cortantes, momentos fletores e momentos torsores, onde a maioria é presente nas
pequenas e grandes estruturas.

O esforço normal corresponde à componente da resultante de forças


perpendicular à seção transversal. Esta solicitação tem como efeito sobre a peça a
19

tendência de tracioná-la (distendê-la) ou comprimi-la (encurtá-la), ou seja, sendo a peça


retilínea, aumentar ou diminuir seu comprimento (SOARES, 2010).

O esforço cortante é um esforço que tende a “cisalhar” o objeto, ou seja, faz com
que a peça tenha a tendência de fazer as suas seções transversais deslizarem umas sobre
as outras. Corresponde às componentes de resultantes de forças contidas no plano da
seção transversal.

O momento fletor representa a resultante dos momentos relativos à seção


transversal, contidos no eixo da peça, gerados por cargas aplicadas transversalmente ao
eixo longitudinal. O esforço tende a curvar o eixo longitudinal, provocando tensões
normais de tração e compressão na peça.

O momento torsor representa a resultante dos momentos gerados por cargas


contidas ou que possuam componentes no plano perpendicular ao eixo da peça. Seu
efeito sobre a peça é a tendência das diversas seções transversais girarem umas em
relação às outras em torno do eixo longitudinal, torcendo a peça.

Figura 2.5 – Esforço de cisalhamento e esforço normal (da esquerda para a direita). FONTE:
CAROPRESI, 2010.

Figura 2.6 – Esforços de flexão e torção (da esquerda para a direita). FONTE: PALACIOS, 2011.
20

2.1.5 Análise estrutural

A análise estrutural trata-se da determinação dos efeitos das cargas


externas sobre as estruturas físicas, que, no ramo da engenharia civil, compreendem
todas as estruturas que devem resistir a cargas como: edifícios residenciais de concreto
armado, estruturas metálicas, pontes e viadutos, fundações, estruturas pré-moldadas e
outros. A análise estrutural incorpora os campos da mecânica estrutural, ciência dos
materiais e matemática aplicada, a fim de calcular todas as deformações da estrutura,
bem como os esforços internos, tensões e reações de apoio. Seus resultados são usados
para verificar a aptidão de uma estrutura para seu uso, de forma que a estrutura
proporcione um bom desempenho e seja segura, sólida e funcional. A análise estrutural
é, portanto, uma parte fundamental do projeto de engenharia de estruturas.

Em suma, no âmbito da Engenharia de Estruturas, a análise estrutural tem então


como objetivo a determinação do estado de tensão e de deformação de um sólido de
geometria arbitrária sujeito a ações exteriores.

Em toda e qualquer tipo de análise estrutural no ramo da engenharia civil, dada


complexidade de qualquer estrutural real, o engenheiro é forçado a simplificar o seu
modelo, que deve ser montado apenas com os parâmetros mais importantes do
elemento. No caso de uma viga, por exemplo, para modelo de análise estrutural deverão
ser consideradas apenas o seu comprimento, apoios, materiais e carregamento, tratando-
a com uma barra de apenas uma dimensão. Em geral, os elementos estruturais ao ser
representados em modelos de análise estrutural tem “dimensões reduzidas” quando
comparados ao mesmo elemento real. Essa entre outras hipóteses simplificadoras tem de
ser aplicadas diante da complexidade de análise de uma estrutura tridimensional real.

Figura 2.7 – Viga de concreto armado apoiada em dois pilares de concreto.


21

Figura 2.8 – Modelo Estrutural para a viga real da figura 2.7.

2.2 Fundações

Do latim fundare, que significa apoiar, firmar, fixar, segundo Caputo (1987),
fundação é a parte de uma estrutura que transmite a carga da obra ao terreno subjacente,
o qual pode ser composto por rochas, solos (pedregulhos, areias, argilas, etc.) ou aterros.
O estudo de toda fundação compreende preliminarmente o cálculo das cargas atuantes
na fundação e o estudo do terreno.

Depois do estudo preliminar, deve-se escolher o tipo de fundação, atentando-se,


segundo Caputo (1987), para alguns fatores:

 As cargas da estrutura devem ser transmitidas às camadas de terreno


capazes de suportá-las sem ruptura;
 As deformações das camadas de solo subjacentes às fundações devem ser
compatíveis com as da estrutura;
 A execução das fundações não deve causar danos às estruturas vizinhas;
 A escolha e o tipo de fundação deve atentar também para o aspecto
econômico.

Por fim, tem-se o dimensionamento e detalhamento, estudando-se a fundação


como elemento estrutural.

Os diferentes tipos de fundações podem ser separados em dois grandes grupos: o


das fundações profundas e o das fundações superficiais.

Dentro do primeiro grupo, podemos destacar alguns tipos: As estacas, que são
peças alongadas, cilíndricas ou prismáticas cravadas no solo para transmitir as cargas da
estrutura a uma camada profunda e resistente; Os tubulões, que possuem forma
cilíndrica, com base alargada ou não, com função semelhante a das estacas; Os caixões,
22

que são de seção retangular e normalmente possuem volumes muito maiores que os
tubulões.

Já com relação às fundações superficiais, podem ser destacados os seguintes


tipos:

 Fundação isolada: suporta apenas a carga de um pilar. Pode ser um


bloco, que é normalmente feito de concreto simples ou ciclópico e com
grande altura, garantido uma boa rigidez, ou uma sapata, que é feita de
concreto armado e possui pequena altura com relação às dimensões da
base, além de ter certa flexibilidade;
 Fundação excêntrica: a resultante das cargas aplicadas não passa pelo
centro de gravidade da base, como no caso de fundações em divisas de
terreno;
 Fundação corrida: transmite a carga de um muro, parede ou fila de
pilares, como as sapatas corridas e a viga de fundação;
 Placas de fundação, radiers ou “mat foundation”: reúnem num só
elemento de transmissão de carga um conjunto de pilares. Este tipo de
fundação será o foco deste trabalho e será abordado de maneira mais
detalhada a seguir.

Figura 2.9 – Sapata isolada. FONTE: Construtora Gabriel Bacelar, 2009.


23

2.3 Radiers

2.3.1 Definição e classificação

Radier é um tipo de fundação superficial que suporta uma estrutura e transmite


toda a sua carga uniformemente ao solo. Normalmente é executado em concreto armado
ou protendido. Segundo a NBR 6122/96, o radier é definido como um elemento de
fundação superficial que abrange todos os pilares da obra ou carregamentos distribuídos
(por exemplo: tanques, depósitos, silos, etc.).

Fundações do tipo radier são geralmente utilizadas quando o solo tem baixa
capacidade de suporte de carga, quando se quer uniformizar os recalques (o uso do
radier gera uma redução tanto nos recalques totais quanto nos diferenciais, sendo estes
últimos os que geram maiores danos às obras) ou quando as áreas das sapatas se
aproximam umas das outras.

Além da qualidade do concreto utilizado para a construção do radier, o


desempenho deste também depende das propriedades do solo que serve de suporte.
Assim, para o cálculo estrutural e dimensionamento do radier, deve-se fazer a
classificação adequada do solo, conhecendo-se seu módulo de reação e sua resistência, a
qual é interferida pelo grau de compactação e pelo teor de umidade. Esse conhecimento
é necessário para identificar solos potencialmente problemáticos. No capítulo 3 será
abordado mais sobre questão da interação solo-estrutura.

Quanto à classificação dos radiers, estes podem ser diferenciados com relação à
geometria, rigidez à flexão e tecnologia empregada na execução.

Quanto à geometria, segundo Dória (2007), os radiers podem ser de quatro


diferentes tipos, em ordem crescente de rigidez: lisos, com pedestais ou cogumelos,
nervurados e caixão.

 Radier liso: é apenas uma laje com espessura constante e sem nenhuma viga
enrijecedora. Forma de execução muito simples é sua principal vantagem;
24

Figura 2.10 – Radier liso. FONTE: Construção civil, blog do engenheiro civil, 2012.

 Radier com pedestais ou cogumelos: há uma melhoria na resistência à flexão e


ao cisalhamento devido a um aumento de espessura sob os pilares. Os pedestais
podem ser superiores ou inferiores (estes últimos deixam a superfície do piso
plana);

Figura 2.11 – Radier com pedestais ou cogumelos. FONTE: Construção civil, blog do engenheiro
civil, 2012.

 Radier nervurado: são colocadas nervuras principais e secundárias sob os


pilares, as quais podem ser inferiores ou superiores (nestas últimas precisa-se da
colocação de agregado para que a superfície do piso fique plana);

Figura 2.12 – Radier nervurado. FONTE: Construção civil, blog do engenheiro civil, 2012.
25

 Radier em caixão: tem a vantagem de possuir uma grande rigidez e poder ser
executado com vários pisos.

Figura 2.13 – Radier em caixão. FONTE: Construção civil, blog do engenheiro civil, 2012.

As condições de cada obra determinarão a escolha do tipo mais adequado.


Fatores como cargas a transmitir, terreno da fundação, recalques máximos
permitidos, viabilidade econômica e método e prazo de execução devem ser
avaliados na hora de se escolher o tipo do radier.

Quanto à rigidez, segundo Dória (2007), os radiers podem ser dividos em


rígidos e elásticos.

Radier rígido é aquele que, por ter uma rigidez à flexão elevada, os
deslocamentos relativos da placa são desprezíveis e assim pode ser tratado como um
corpo rígido. O contrário ocorre para o radier elástico, que possui menor rigidez.

Segundo o American Concrete Institute – ACI (1997), o radier pode ser


considerado rígido se, e somente se, as duas seguintes condições abaixo forem
atendidas:

1- o espaçamento l entre as colunas deve atender a:


onde b é a largura da faixa de influência da linha de colunas, kv é o


coeficiente de reação vertical e Ec x I é a rigidez à flexão da faixa;

2- a variação nas cargas e espaçamento das colunas deve ser menor ou igual
a 20%.
26

Caso contrário, o radier será considerado flexível.

Quanto à tecnologia utilizada na construção, segundo Dória (2007), o radier


pode ser construído em concreto armado ou concreto protendido.

Radier em concreto armado é aquele que é construído com armardura


passiva. A NBR 6118/03 define elementos de concreto armado como aqueles cujo
comportamento estrutural depende da aderência entre concreto e armadura, e nos
quais não se aplicam alongamentos iniciais das armaduras antes da materialização
dessa aderência. A NBR 6118/03 ainda define armadura passiva como qualquer
armadura que não seja usada para produzir forças de protensão, isto é, que não seja
previamente alongada.

Determinar a resistência à compressão do concreto é essencial para o


funcionamento do radier em concreto armado. Essa resistência tem papel
fundamental para determinar a espessura do radier, além de influenciar na
deformação por retração, deformação lenta e deformação causada pela a variação de
temperatura.

Além da resistência à compressão do concreto, também têm importância no


desempenho do radier a concretagem e o acabamento superficial na fase de
execução. Essas duas operações têm efeito relacionado com a qualidade da camada
fina na superfície superior do radier. Cuidados com essa etapa são necessários para
evitar o aparecimento de fissuras, as quais podem ocorrer devido à movimentação
do solo e ao comportamento térmico ou de retração do concreto. Segundo Dória
(2007), os tipos de fissuração mais frequentes em placas de concreto do tipo radier
são as fissuras paralelas à junta de movimentação, fissuras superficiais concentradas
e fissuras de retração.

Radier em concreto protendido é aquele que é construído com uso de


armadura ativa. A NBR 6118/03 define elementos de concreto protendido como
aqueles nos quais parte das armaduras é previamente alongada por equipamentos
especiais de protensão com a finalidade de, em condições de serviço, impedir ou
limitar a fissuração e os deslocamentos da estrutura e propiciar o melhor
aproveitamento de aços de alta resistência no estado limite último (ELU). A NBR
6118/03 ainda define armadura ativa como aquela que é constituída por barra, fios
27

isolados ou cordoalhas, destinada à produção de forças de protensão, isto é, na qual


se aplica um pré-alongamento inicial.

Atualmente, no Brasil, a tecnologia de radier em concreto protendido tem


sido bastante utilizada, principalmente em construções mais simples dos programas
de habitação financiadas pelo governo federal. Fatores como simplicidade, rapidez,
segurança e vantagens técnicas e econômicas são responsáveis pelo seu uso. Na
prática, este tipo de radier é usado para construções de até 14 pavimentos.

Segundo o Concrete Society (2000), o radier em concreto protendido pós-


tracionado tem certas vantagens em relação ao construído em concreto armado.
Dentre essas vantagens, pode ser dito que o primeiro possui menor espessura de laje,
reduz fissuração, tem uma execução mais rápida e é mais impermeável.

Ainda segundo o Concrete Society (2000), algumas perdas que ocorrem


desde o início da aplicação da tensão nos cabos até o estágio final da protensão
podem ser dividias em dois tipos diferentes. Um deles se referem às perdas
imediatas, que podem ser por atrito, na ancoragem ou devido ao encurtamento
elástico do concreto. O segundo tipo é o das perdas progressivas, que podem ser por
retração do concreto, por fluência do concreto sob efeito da protensão e por
relaxação do aço.

Em termos de análise estrutural, a laje do tipo Radier pode ser considerada


como um elemento estrutural bidimensional de duas dimensões, conforme
conceituado anteriormente. Mais precisamente, o Radier pode ser tratado como uma
placa, isto é, elemento que estará sujeito a ações normais à sua superfície e tenderá a
ser solicitado por flexão predominantemente. A análise de elementos de placa será
feita mais adiante.

2.3.2 Materiais

Para construção do radier são necessários principalmente os materiais concreto,


armadura passiva (aço para concreto armado) e cordoalhas (aço para concreto
protendido).

Segundo Battagin (2009), o concreto é uma mistura homogênea de cimento,


agregados miúdos e graúdos, com ou sem incorporação de componentes minoritários
28

(aditivos químicos e adições), que desenvolve suas propriedades pelo endurecimento da


pasta de cimento. O concreto pode ser dividido em dois estados físicos: fresco e
endurecido.

No primeiro estado, o concreto tem como principal característica a


trabalhabilidade. Quando nessa fase, este material é plástico e assim é possível ser
modelado em formas e dimensões das mais variadas. Os fatores que mais influenciam
para esta característica são a relação de água com mistura seca (esse considerado o
principal), a granulometria dos agregados e o formato e textura dos grãos (quanto mais
arredondados e lisos, melhor para a trabalhabilidade).

No estado endurecido, o concreto tem como algumas características a


resistência, impermeabilidade e durabilidade, sendo a primeira delas a mais importante.
O fator água/cimento é o que mais influencia na resistência. Quanto menor essa relação,
maior será a resistência à compressão e à abrasão do concreto.

Na fabricação do concreto, segundo Dória (2007), devem-se ter alguns cuidados,


tais como a verificação da resistência a compressão do concreto, quantidade mínima de
cimento, tamanho máximo do agregado graúdo, slump (abatimento) e uma pequena
quantidade de ar incorporado. Ainda segundo Dória (2007), a durabilidade, resistência
requerida nas primeiras idades, materiais disponíveis e fatores econômicos influenciam
na escolha do tipo e classe do concreto.

A tabela a seguir, retirada da NBR 6118/03, mostra a relação entre a classe de


agressividade e qualidade do concreto.

Tabela 2.1 – Correspondência entre classe de agressividade e qualidade do concreto.


29

Com relação à armadura passiva, a NBR 6118/03 recomenda a utilização de aço


para concreto armado com valor característico da resistência ao escoamento nas
categorias CA-25, CA-50 e CA-60. A seguir serão apresentadas algumas características
para esse tipo de armadura:

 Massa específica: 7850 kg/m³


 Coeficiente de dilatação térmica: 10-5 oC-1
 Módulo de elasticidade: 210 GPa

Já para o radier protendido, um aço de alta resistência é utilizado pra protender o


concreto. Normalmente utiliza-se uma cordoalha engraxada e plastificada formada por
sete fios. Esta cordoalha, entregue na obra em bobinas, é beneficiada de acordo com
especificações e tamanhos exigidos pelo engenheiro projetista. Para este tipo de
cordoalha são utilizadas ancoragens e cunhas para protensão do radier.

Figura 2.14 – Detalhe de cordoalha de sete fios. FONTE: Revista Téchne, 2012.

Segundo Emerick (2002), as cordoalhas devem estar sempre limpas e livre de


corrosão, além do que rasgos ou falhas da cobertura plástica devem ser reparados antes
do lançamento do concreto com fita plástica para isolar a cordoalha do concreto.

A tabela a seguir apresenta algumas propriedades físicas e geométricas de


cordoalha engraxada de sete fios.

Tabela 2.2 – Características das cordoalhas engraxadas de sete fios. FONTE: DÓRIA, 2007.
30

2.3.3 Disposições construtivas

A seguir serão apresentadas algumas recomendações para construção de uma


fundação em radier, segundo Dória (2007):

 Recomenda-se, contra fissuras fragmentadas, utilizar secagem leve e não


adicionar cimento seco à superfície para absorver água exsudada. Contra
fissuras de retração plástica, utiliza-se uma cobertura de controle da
evaporação pulverizada no concreto fresco em tempo quente ou ventoso;
 Deve-se colocar água no concreto em uma quantidade para que se tenha
um slump máximo de 12,7 cm;
 Deve-se fazer o nivelamento e compactação do solo antes de execução da
fundação. Assim, exige-se ter um controle do CBR e ensaios devem ser
feitos para se comprovar os valores adotados pelo projetista;
 É pertinente que se tenha as tubulações para instalações hidro-sanitárias,
os eletrodutos e as saídas das armaduras de escadas e pilares já
posicionadas no solo sob a placa para evitar futuros cortes na laje já
concretada;
 Faz-se a escavação da viga do radier e coloca-se formas nas suas laterais;
 É recomendado isolar o solo do concreto com uma manta plástica após a
instalação das tubulações e eletrodutos.

Já segundo Almeida (2001), o subleito deve servir de suporte firme e


razoavelmente uniforme para a estrutura, ainda quando estiver molhado. Caso contrário,
utiliza-se brita graduada. Além disso, antes de ser lançado o concreto, o solo de argila
expansiva deve estar úmido e acima do seu teor de umidade ótima.
31

3. PARÂMETROS GEOTÉCNICOS

O presente capítulo foca a questão da interação solo-estrutura, fator importante a


ser considerado para a análise estrutural. Além disso, será também abordado sobre o
módulo de reação do solo.

3.1 Interação solo-estrutura

É de fundamental importância conhecer a estrutura do solo, pois esta tem


influência direta no comportamento do mesmo, tanto em termos de resistência ao
cisalhamento quanto de compressibilidade e até de permeabilidade. Segundo Machado e
Machado (2001), a estrutura dos solos finos possui maior diversificação e complexidade
do que a dos solos grossos, pois estes últimos possuem comportamento baseado na
gravidade enquanto os solos finos em forças elétricas, ou seja, forças de atração e
repulsão entre suas partículas.

Considera-se que as cargas em uma estrutura são aplicadas sobre as lajes, as


quais transferem para as vigas, passando depois para os pilares e por fim chegam na
fundação. Esta é a interface entre o solo e a estrutura, onde toda a carga da edificação
será jogada no solo, e assim, supõe-se que nessa parte seja garantida a indeslocabilidade
da base dos pilares. Com isso, muitos projetos estruturais são feitos com base na
hipótese de solo rígido e indeslocável.

Mas na verdade tal hipótese pode ser considerada equivocada, e para se projetar
de acordo ou mais próximo da realidade, deve ser considerada a deformabilidade do
solo nos projetos de estrutura. A superestrutura e a infraestrutura irão trabalhar de forma
conjunta. Daí a necessidade de se estudar a interação solo-estrutura.

Segundo Antoniazzi (2011), a interação solo-estrutura nada mais é do que a


ligação entre a estrutura, a fundação e o solo. O processo tem início juntamente com a
fase inicial da construção e se estende até que haja uma situação de equilíbrio, ou seja,
até que as tensões e deformações tanto no maciço de solo quanto na estrutura se
estabilizem.
32

O termo interação solo-estrutura compreende um vasto campo de estudo que


abrange todos os tipos de estrutura em contato com o solo, como por exemplo, estrutura
de prédio, pontes, silos e muros de arrimos (COLARES, 2006).

No passado de fato seria inviável a consideração detalhada da interação solo-


estrutura no processo de dimensionamento devido à complexidade englobada e aos
cálculos requeridos para tal avaliação. Porém, com o avanço e disseminação de
softwares e modelos computacionais que simplifiquem a quantidade de cálculos
realizados, recomenda-se a adoção de critérios que gerem um modelo mais próximo da
realidade e não apenas se basear em hipóteses simplificadoras que adotam o solo como
rígido e indeslocável.

A consideração da interação solo-estrutura permite ao calculista estimar os


efeitos da redistribuição dos esforços nos elementos estruturais, assim como a forma e a
intensidade dos recalques diferenciais, contribuindo para a obtenção de projetos mais
eficientes e eficazes (IWAMOTO, 2000). Assim, muitos problemas e patologias podem
ser evitados ou ter seus efeitos minimizados.

A figura a seguir mostra um esquema de divisão do solo em duas regiões com


características distintas. A região I é aquela onde o solo é considerado deformável,
enquanto que na região II considera-se o solo como rígido. Segundo Dória (2007), o
limite entre as duas regiões é determinado através de uma análise mais detalhada e a
região I pode ser modelada como uma parte do sistema estrutural inteiro.

Figura 3.1 – Divisão esquemática do solo em regiões. FONTE: DÓRIA, 2007.


33

3.1.1 Fatores de influência no mecanismo da interação solo-estrutura

Dentre os vários fatores que influenciam na interação solo estrutura, serão


abordados aqui a influência de edificações vizinhas, rigidez relativa entre radier e solo e
influência do tempo.

Costa Nunes (1956) divide os movimentos característicos devido aos


carregamentos vizinhos em quatro tipos, considerando edificações semelhantes e de
acordo com a época da construção.

O primeiro tipo refere-se a prédios vizinhos construídos simultaneamente. Nesse


caso, há uma superposição de tensões entre os prédios, induzidas por seus
carregamentos.

O segundo tipo aborda prédios vizinhos construídos em tempos diferentes. O


primeiro prédio construído gera pré-adensamento do solo sob sua base, enquanto o
segundo gera um acréscimo de tensões que, juntamente com as tensões já existente do
primeiro prédio, provoca um aumento nos recalques.

O terceiro tipo considera uma nova edificação construída entre outras duas já
existentes. O prédio construído por último gera um acréscimo de tensões no maciço e,
consequentemente, recalques nos dois prédios mais antigos.

Por fim, o quarto tipo se refere a duas novas edificações construídas vizinhas a
uma outra já existente. A edificação mais antiga provoca o pré-adensamento do solo e
os novos prédios, ao serem construídos, sofrerão tombamento em sentidos contrários.

A rigidez relativa entre o radier e o solo é um fator importante na definição das


pressões de contato. Quanto mais flexível for a fundação, mais as pressões de contato
refletirão o carregamento. Segundo Meyerhof (1953), a rigidez relativa (Rr), em radiers,
pode ser calculada pela expressão seguinte:

onde Ec é o módulo de elasticidade do material da placa, I é o momento de inércia da


seção transversal da placa por unidade de largura, E é o módulo de elasticidade do solo
e B é a largura da placa.
34

Com relação à influência do tempo, baseado em Chamecki (1969), a figura a


seguir mostra quatro casos para demonstrar a interação que ocorre entre o solo e
estruturas com diferentes valores de rigidez.

Figura 3.2 – Diferentes casos de interação solo-estrutura. FONTE: ANTONIAZZI, 2011.

O caso “a” mostra uma estrutura infinitamente rígida, a qual apresenta recalques
uniformes, apoiada em meio elástico. Este tipo é independente do tempo. Como
exemplo pode-se ter edifícios muito altos e com fechamento das paredes resistentes
trabalhando em conjunto com a estrutura.

No caso “b” tem-se uma estrutura perfeitamente elástica, que possui rigidez que
não depende da velocidade de progressão dos recalques, ou seja, não depende do tempo.
Estruturas de aço possuem comportamento semelhante a este caso.

No caso “c” refere-se a uma estrutura visco-plástica, que possui rigidez que
depende da velocidade de progressão dos recalques diferenciais, isto é, ela depende do
tempo. Se os recalques acontecem em pouco tempo, o comportamento da estrutura
tende para o caso “b”. Mas se a progressão dos recalques acontecer de forma lenta, o
comportamento da estrutura tenderá para o caso “d”. Estruturas de concreto armado
apresentam comportamento semelhante a este caso.
35

Já no caso “d”, a estrutura não apresenta rigidez aos recalques diferenciais, ela se
adapta perfeitamente às deformações do solo. Logo, este caso também não depende do
tempo. Pode-se ter como exemplo aproximado as estruturas isostáticas e edifícios
compridos ao longo do eixo horizontal.

3.2 Hipótese de Winkler e constantes elásticas do solo

Dentre os modelos conhecidos para se considerar a interação solo-estrutura nos


projetos estruturais, em virtude da simplicidade, os mais utilizados atualmente nos
escritórios de cálculo são os que separam o sistema estrutural do maciço de solo. Dessa
forma, a deformabilidade do solo pode ser representada por meio de molas elásticas no
contorno da estrutura-solo, considerando as propriedades mecânicas do maciço e a
compatibilização dos recalques (ANTONIAZZI, 2010). Tais molas funcionam para o
modelo como apoios elásticos à translação, cuja constante da mola, ou módulo de
reação vertical, pode ser estimado em função dos parâmetros do solo.

Assim um modo de representar o radier é como uma grelha sobre base elástica,
em que as molas são posicionadas nos nós da grelha, como mostrado na figura a seguir:

Figura 3.3 – Representação do radier pelo método de grelha sobre base elástica. FONTE: PACHECO,
2010.
36

O modelo citado, o qual admite que as cargas aplicadas na superfície do solo


geram deslocamentos somente nos pontos de aplicação das mesmas e,
consequentemente, desconsidera o efeito da descontinuidade do meio, foi proposto em
1867 por Winkler. Assim, esse modelo ficou conhecido como Hipótese de Winkler ou
modelo da fundação elástica simples.

A figura a seguir mostra o solo se deformando segundo esse modelo, ou seja, se


deformando somente no ponto de aplicação da carga, no local da fundação, sem
considerar o efeito de outras cargas que não sejam aquelas da estrutura.

Figura 3.4 – Representação da hipótese de Winkler. FONTE: ANTONIAZZI, 2011.

A Hipótese de Winkler tem base em um sistema de molas com resposta linear,


ou seja, as pressões de contato são proporcionais aos deslocamentos. Estes, por sua vez,
podem ser tanto devido a ações verticais quanto a ações horizontais.

Logo, devem ser determinados valores de coeficiente de reação para cada tipo de
solo e de sistema de fundação. Define-se então o parâmetro kv (coeficiente de reação
vertical) para representar o coeficiente de rigidez que o solo possui para resistir ao
deslocamento mobilizado por uma pressão imposta. Enquanto o coeficiente de mola
está relacionado a uma força, o coeficiente de reação vertical relaciona-se com uma
pressão.
37

Figura 3.5 – Analogia entre coeficiente de mola e coeficiente de reação vertical. FONTE: ANTONIAZZI,
2011.

Apesar da vantagem da simplicidade, esse modelo tem a limitação de não


considerar as fundações vizinhas nas constantes de mola, ou seja, não considera o efeito
de grupo no cálculo dos recalques.

Para o caso de deformação vertical, a Hipótese de Winkler é dada pela seguinte


equação:

Onde,

é a tensão de contato média na base da fundação;

é o deslocamento vertical;

é o módulo de reação vertical, sendo este valor definido em função do tipo de


solo que compõe o maciço de fundação (DÓRIA, 2007).

Com base na Hipótese de Winkler, Scarlat (1993) demonstra uma forma mais
simples de quantificar o efeito da deformabilidade dos solos. Segundo ele, o método
mais preciso seria através de uma análise interativa tridimensional em que o solo e a
estrutura são idealizados como um sistema único, mas pela sua complexidade não é
muito utilizada na prática. Sua forma simplificada seria considerar uma série de molas
discretas sob a base da fundação. As molas são representadas pelo coeficiente de apoio
elástico Ks, o qual é diretamente proporcional ao módulo de reação ki e à área carregada
Af.
38

Segundo Souza (2006), se for assumido que a base da fundação permanece


rígida após a deformação elástica do solo, tem-se aproximadamente uma variação linear
das tensões e assim, o conjunto de molas pode ser substituído por três molas globais no
centro da fundação:

Kv (kN/m) coeficiente de mola para os deslocamentos verticais, w;

Kh (kN/m) coeficiente de mola para os deslocamentos horizontais, (x,y);

K (kN/m) coeficiente de mola para as rotações, ().

Assim, pela Hipótese de Winkler, tem-se:

Logo, para o dimensionamento do radier é necessário conhecer o coeficiente de


mola, o qual depende do tipo de solo. No estudo de caso prático em questão, será
considerado apenas o coeficiente de reação vertical para a modelagem. Existem alguns
métodos para se obter esse valor. A seguir será apresentado como se obter o coeficiente
de reação vertical pelo ensaio de placa, recalque vertical estimado e tabelas com alguns
valores padronizados.

3.2.1 Determinação do coeficiente de reação vertical a partir do uso de tabelas

Terzaghi (1995) sugere valores padronizados para o módulo de reação vertical


para diferentes características de solos (tabela 3.1).

Moraes (1976) também propôs alguns valores para o módulo de reação vertical
na falta de métodos apropriados (tabela 3.2).
39

Certamente a utilização de tabelas não é o método mais apropriado para se obter


o coeficiente de reação vertical de um maciço de solo. Mas, por conter valores
aproximados, eles ajudam a construir modelos para estudo que considerem a
deformação do solo, ou seja, modelos mais próximos da realidade.

Tabela 3.1 – Valores de (kN/m³) segundo Terzaghi. FONTE: ANTONIAZZI, 2011.

Tabela 3.2 – Valores de (kN/m³) segundo Moraes. FONTE: ANTONIAZZI, 2011.


40

Para todos os efeitos, ainda que existam modelos mais complexos para a
consideração da interação solo-estrutura, como os modelos com base na teoria de
Mindlin (1936), será adotado o modelo da fundação elástica simples para a
consideração da interação solo-estrutura nos estudos de caso deste trabalho. A análise
de interação solo-estrutura, portanto, será feita em método computacional com a ajuda
de um programa de análise estrutural que represente o solo através de molas com rigidez
equivalente que serão obtidas através das tabelas de Terzaghi e Moraes.

3.2.2 Determinação do coeficiente de reação vertical a partir de ensaios de placa

O ensaio de placa é um método experimental padronizado pela NBR 6489/1984


que pode ser utilizado para obter o coeficiente de reação vertical.

Esse ensaio é feito por meio de provas de carga sobre placa, em que é realizado
um ensaio de compressão diretamente na superfície ou em determinada profundidade do
terreno utilizando uma placa metálica e rígida de área superior a 0,5 m². São aplicadas
cargas verticais no centro da placa de maneira incremental e para cada etapa de
incremento de carga medem-se as deformações. O resultado do ensaio é apresentado na
forma de um gráfico com uma curva pressão-recalque.

A interpretação desse gráfico nos dá o coeficiente de reação vertical. Este pode


ser obtido, segundo Cintra et al. (2003) ajustando-se uma reta à parte inicial do gráfico,
em que se tem a relação:

onde kv é o coeficiente de reação vertical, q é a tensão aplicada à placa e w é o recalque.

Porém, antes de ser utilizado, segundo Velloso & Lopes (2004), o coeficiente de
reação vertical obtido a partir do ensaio de placa necessita ser corrigido em função da
dimensão e da forma da fundação real, de acordo com as equações apresentadas a
seguir.

Para solos arenosos:


41

Para solos argilosos:

Onde:

BFundação é a largura do radier;

BPlaca é a largura da placa;

AFundação é a área da fundação;

APlaca é a área da placa.

Segundo Décourt e Quaresma Filho (1996), o ensaio de placa é o método mais


adequado para se obter os parâmetros de carga-recalque das fundações, porém tem
pouca aplicabilidade já que possui elevado custo e longo tempo para sua execução.

3.2.3 Determinação do coeficiente de reação vertical a partir do cálculo do


recalque vertical estimado

Apenas será considerado aqui a parcela do recalque absoluto referente ao


recalque imediato, pois este é o responsável pela maior parte do total.

De acordo com a teoria da elasticidade, podemos obter o recalque vertical


estimado para solos argilosos a partir da seguinte equação:

( )

Onde:

i é o recalque vertical estimado;

 é a tensão média na superfície de contato entre a base do radier e a camada de


argila;

B é a menor dimensão do radier;

v é o coeficiente de Poisson;
42

E é o módulo de elasticidade do solo;

Ip é o fator de forma.

Assim, temos que o módulo de reação vertical do solo é dado por:

Esse resultado é obtido considerando uma camada de solo argilosa semi-infinita.


Quando há uma camada de argila finita acima de outra considerada rígida, a equação do
recalque vertical estimado precisa ser adaptada, segundo Janbu et al. (1956), apud
Simons & Menzies (1981), da seguinte forma:

Onde 0 e 1 são fatores obtidos pelas curvas que relacionam L/B em função de
h/B e H/B, sendo L o comprimento e B a largura do radier, h a profundidade do radier
com relação à superfície do terreno e H a espessura da camada compressível a partir da
base do radier.
43

Figura 3.6 – Fatores 0 e 1 para o cálculo do recalque imediato em camada argilosa finita. FONTE:
ANTONIAZZI, 2011.

Já para solos arenosos pode-se utilizar esta última equação majorada pelo valor
de 1,21 para corrigir os fatores 0 e 1, os quais foram desenvolvidos para argila
saturada com coeficiente de poisson v = 0,5. Além disso, como as areias não apresentam
módulo de elasticidade constante com a profundidade, deve-se subdividir o solo arenoso
em camadas com um valor E médio para cada.
44

4. ANÁLISE E MODELOS PARA CÁLCULO DE PLACAS

4.1 Elementos estruturais de placas

Placas são elementos estruturais planos, diferentemente de barras, que são


considerados elementos lineares a nível de análise estrutural, conforme conceituado
anteriormente. Na prática, as placas são elementos que possuem uma dimensão, no caso
a espessura, muito menor do que as outras duas, isto é, correspondem às lajes em geral.

As ações estáticas e dinâmicas aplicadas nestas placas são, predominantemente,


carregamentos perpendiculares à superfície da placa, gerando assim esforços internos de
momento fletor, momento torsor e esforço cortante, assim como em barras.

Exemplos clássicos de estruturas de placas na indústria da engenharia civil são


lajes de concreto armado para pisos em edificações; lajes de fundo e tampa em
reservatórios de água; patamares de escadas; lajes de fundação e outros. O último
exemplo trata-se do estudo do trabalho: lajes de fundação de concreto armado do tipo
radier. Esses elementos estruturais podem ser tratados como elementos de placa, que
estarão apoiados no terreno e receberão a carga da estrutura na qual serve como apoio.

Atualmente existem várias técnicas de análise de elementos de placa, onde


algumas serão brevemente descritas neste projeto. O objetivo principal da análise
estrutural é assegurar que estrutura em estudo resista aos esforços em serviço sem
apresentar problemas econômicos ou funcionais.

Szilard (2004) classifica as placas em função da razão da sua espessura relativa


ao maior comprimento (h/L), e, consequentemente, do seu comportamento estrutural
quando submetido a esforços.

As placas rígidas (ou placas delgadas) são placas finas com relação h/L
variando em torno de 1/50 à 1/10, possuindo assim uma determinada rigidez à flexão e
determinados esforços resistentes de momento fletor, momento torsor e esforço cortante
(semelhante à vigas) quando submetidas à carregamento externo. Na prática da
engenharia, o simples termo ‘placa’ refere-se a estas placas delgadas (placas rígidas) a
menos que seja especificado outro tipo da placa. Exemplos são as lajes de piso ou de
fundação.
45

Quando a relação h/L é inferior a 1/50 o elemento é caracterizado como


membrana, que são placas extremamente finas praticamente sem rigidez à flexão, sendo
assim sua resistência a momentos internos considerada nula. Exemplos de estruturas do
tipo membranas são cobertas extremamente delgadas.

Para relações h/L entre 1/10 e 1/5, tem-se placas moderadamente espessas, que
apresentam comportamento um pouco diferenciado em relação às placas delgadas, pois
agora devem ser levados em conta os efeitos das tensões normais na direção transversal
à superfície. Quando a relação da espessura e maior comprimento ultrapassa 1/5 a placa
deve ser considerada como placa espessa, e sua distribuição de tensões deve ser
analisada como um meio contínuo tridimensional.

4.1.1 Teorias de placa e soluções analíticas para placas delgadas

A maioria das estruturas de placa é analisada aplicando a equação governante da


teoria elástica de placas. Com o avanço da tecnologia e do uso de computadores,
atualmente são utilizados vários métodos numéricos ao invés de soluções analíticas
como o método dos elementos finitos e método das diferenças finitas para solução das
equações de placa.

Conforme citado anteriormente durante os conceitos de análise estrutural, para


modelagem da estrutura, diante da complexidade de uma estrutural real, devem ser
considerados apenas os parâmetros mais importantes para aquele elemento. No caso de
placas tem-se a geometria da placa e suas condições de suporte; os materiais; o tipo de
carga e a sua configuração de aplicação. A consideração de uma placa como um
elemento tridimensional resultaria em uma análise elástica mais rigorosa, porém tal
consideração resultaria em dificuldades matemáticas impraticáveis.

As primeiras teorias para análise estrutural de placas foram desenvolvidas por


Gustav R. Kirchhoff (1824 – 1887), baseado em trabalhos anteriores de L. Euler (1707
– 1783), Jacques Bernoulli (1759 – 1789), Sophie Germain (1776 – 1831), L. Navier
(1785 – 1836) entre outros grandes nomes da matemática e física que podem ser ditos
como responsáveis pelo desenvolvimento das teorias de placas que são utilizadas
(naturalmente com devidos ajustes) até hoje. Com o surgimento dos computadores de
alto desempenho também foi possível utilizar os métodos numéricos na análise
46

estrutural de placas, como o método dos elementos finitos, que proporcionam resultados
tão eficientes quanto as soluções analíticas, dependendo da área de aplicação.

Para realização de uma análise exata de uma placa delgada submetida à


carregamento externo perpendicular à sua superfície seria necessário uma solução de
uma equação diferencial formulada para uma análise tridimensional. Naturalmente,
seria uma solução matemática bastante complexa e inviável matemática e
economicamente para a maioria dos problemas encontrados. Como já citado,
aproximações podem ser realizadas de modo que ainda assegurem a integridade dos
resultados, mantendo-os satisfatórios dentro da margem de segurança adequada.

Figura 4.1 – Placa submetida à carregamento normal externo p z(x,y). A linha tracejada representa o plano
médio da placa. FONTE: SZILARD, 2004.

Sendo assim, as teorias clássicas de placa de Kirchhoff para placas delgadas


oferecem soluções analíticas com precisão satisfatória, sem que haja necessidade de se
realizar uma análise tridimensional. Ainda assim, as seguintes hipóteses
simplificadoras são necessárias para o desenvolvimento da teoria:

1. O material é homogêneo, isotrópico e elástico. Sendo assim, obedece à Lei de Hooke;

2. A placa é plana e lisa, e sua espessura h é constante e pequena comparada às outras


dimensões. Isso é, considera-se que sua espessura é pelo menos 10 vezes menor do que
sua menor dimensão;
47

3. A meia altura de sua espessura, a placa possui uma superfície denominada de plano
médio, que nem é comprimida nem tracionada. Sendo assim seções normais à superfície
média permanecem planas após a deformação (análoga à hipótese de Navier-Bernoulli
para vigas);

4. As deformações transversais são pequenas comparadas à sua espessura. Geralmente


estabelece-se um limite de um décimo da espessura como limite para deformações
transversais;

5. As tensões normais na direção transversal à superfície da placa podem ser


desprezadas.

Todas essas considerações e hipóteses são necessárias para simplificar o


problema, mas ainda tornando-o íntegro. Sendo assim o problema inicialmente de
ordem tridimensional pode ser reduzido para um problema de ordem bidimensional, de
acordo com as teorias clássicas de Kirchhoff. Todo o desenvolvimento da teoria resulta
numa equação diferencial geral de quarta ordem.

Para o caso de placas retangulares, o desenvolvimento da equação geral das


placas pode ser feita com uso do sistema de coordenadas cartesiano, como sendo o mais
conveniente. Para o caso de placas circulares, por exemplo, nota-se que fica mais
prático utilizar o sistema de coordenadas polares. A figura a seguir representa um
elemento de placa detalhado, bem como os eixos cartesianos e o sentido dos esforços a
se considerar.
48

Figura 4.2 – Elemento de placa detalhado. FONTE: SZILARD, 2004.

Assim para o desenvolvimento da equação geral das placas delgadas deve-se


seguir o princípio do equilíbrio das forças e momentos internos e externos do elemento
em estudo através de um sistema de coordenadas escolhido (no caso, o sistema de
coordenadas cartesiano). Utilizando-se da aplicação das equações de equilíbrio
pertinentes e da relação entre tensão e deformação através da lei de Hooke é possível,
após uma série de operações matemáticas, determinar a equação diferencial geral de
quarta ordem das placas delgadas, que relaciona à deflexão com o carregamento
externo:

Onde w(x,y) corresponde à deflexão, com sentido positivo para baixo e pz(x,y) é
o carregamento externo ambos representados conforme a figura 4.2. O parâmetro D
representa o módulo de rigidez à flexão da placa, que é análogo ao módulo de rigidez à
flexão de uma barra W, conforme expresso a seguir:
49

Nota-se que a rigidez à flexão de placas é nada mais do que a rigidez à flexão de
barras W corrigida pelo fator onde é o coeficiente de Poisson, que é o
coeficiente que relaciona as deformações longitudinais e transversais. Para o concreto
armado geralmente adota-se um valor entre 0,2 e 0,3 para . Naturalmente esta
expressão é válida apenas para placas retangulares, onde o momento de inércia de sua

seção transversal pode ser considerado como , e a base b da seção transversal é

de um metro, já que os esforços nas placas, por convenção, são considerados por
unidade de comprimento (no caso, por metro). Para um coeficiente de Poisson de 0,3
temos que

O problema para análise de uma placa é solucionado quando encontrado uma


expressão para a deflexão w(x,y) que satisfaça a equação diferencial geral de equilíbrio
e também as condições de contorno, já que as equações são estaticamente
indeterminadas.

Como a equação diferencial governante das placas (vista na página anterior) é da


quarta ordem são necessárias duas condições de contorno, ou em relação às forças
internas ou em relação aos deslocamentos para sua solução. Estas condições de
contorno ficam em função dos tipos de apoios da determinada placa em estudo. As
várias soluções desta equação diferencial para os vários tipos de condições de contorno
podem ser encontradas em algumas literaturas como Szilard (2004), e suas
demonstrações não fazem parte do escopo deste texto.

Outros métodos alternativos também podem ser utilizados, como método de


conservação de energia, baseado no princípio dos trabalhos virtuais, que pode obter
soluções analíticas aproximadas para vários problemas.

Quando a espessura h da placa se aproximar ou ultrapassar de um décimo do


menor vão da placa, a mesma é considerada moderadamente espessa ou totalmente
espessa. A partir deste ponto são necessárias teorias refinadas que levem em
consideração uma análise tridimensional da placa. As equações vistas anteriormente e as
hipóteses simplificadoras de Kirchhoff não são válidas. Algumas teorias para análise de
placas espessas devem ser consideradas como a de M. Levy (1877), E. Reissner (1944)
e D. Mindlin (1951).
50

4.1.2 Métodos numéricos para solução de problemas de placas delgadas

Atualmente, a prática mostra que toda a vasta teoria de elementos de placa e os


métodos analíticos são inviáveis e antieconômicos e não devem ser aplicados nas
soluções de engenharia do dia-a-dia. Consequentemente, o uso de métodos numéricos se
mostra mais viável e também preciso, já que o desenvolvimento tecnológico permite o
uso de softwares e algoritmos que realizam estes processos numéricos.

Os métodos numéricos mais comumente utilizados para a solução de problemas


de placas do tipo radiers são o método dos elementos finitos (MEF) e método da
analogia de grelha (MAG) e serão objetos de estudo deste trabalho, sendo cada um deles
detalhado mais adiante.

4.2 Estabilidade, capacidade de porte e modelagem da estrutura

O radier é um elemento estrutural de fundação, e, sendo assim, deve ser


dimensionado para combater os esforços internos solicitantes e garantir capacidade de
suporte, estabilidade, recalque excessivo e recalques diferenciais. Como um elemento
de fundação (onde será descarregado toda a carga da estrutura), deve ser rigorosamente
avaliado nos Estados Limites Último e de Serviço, pois qualquer mal desempenho da
fundação poderá significar em um mal funcionamento e possível colapso da
superestrutura. É necessário que sejam avaliados criteriosamente os modelos de cálculo
bem como as disposições construtivas para que o radier trabalhe de forma correta.

A laje tipo radier é tratada como uma placa sob base elástica (solo), e, segundo
Doria (2007), busca-se, essencialmente, a solução da equação diferencial de equilíbrio
desta placa sob base elástica. Segundo Montoya (1987), no projeto de um radier deve-se
procurar que a resultante das ações transmitidas pela estrutura passe o mais perto
possível do centro de gravidade do radier com a finalidade de conseguir uma
distribuição de tensões no solo o mais uniforme possível e evitar recalques diferenciais.

Uma modelagem correta para cálculo da estrutura de fundação de laje do tipo


radier é substituir a placa por uma malha sobre apoios elásticos, onde cada nó da malha
é apoiado em uma mola cuja constante elástica é obtida multiplicando o coeficiente de
reação do terreno (que pode ser obtido em função do tipo do solo, conforme discutido
em capítulos anteriores) pela área do pilar que corresponde a cada nó. Aplicam-se as
51

cargas dos pilares nos nós correspondentes e, em seguida, resolve-se o modelo


estrutural utilizando métodos numéricos como Elementos Finitos e Diferenças Finitas,
com a finalidade de se obter os esforços internos solicitantes (momentos fletores e os
esforços cortantes), que serão utilizados no dimensionamento. Também são obtidos os
deslocamentos em pontos distintos do radier, os quais são empregados na verificação do
recalque (Doria, 2007).

4.3 Métodos de cálculo para fundações Radiers

A seguir serão discutidos com brevidade os fundamentos teóricos e princípios


básicos dos modelos mais comumente utilizados para o cálculo de fundação tipo radier,
sejam de origem analítica ou numérica. Estes são: Método Estático, Método do ACI
(American Concrete Institute), Método das Diferenças Finitas (MDF), Método dos
Elementos Finitos (MEF), Método da placa sobre solo de Winkler e Método de vigas ou
grelha sobre base elástica.

4.3.1 Método Estático

Há basicamente dois diferentes tipos de cálculo.

Um deles é o cálculo com variação linear de pressões. Neste caso, as pressões de


contato, consideradas variando linearmente sob o radier, e são determinadas a partir da
resultante do carregamento. Este método é utilizado para radiers com grande rigidez
relativa, como é o caso de radiers nervurados e em caixão.

O outro tipo é o cálculo pela área de influência dos pilares. Neste, as pressões
são uniformes nas áreas de influência dos pilares. Aplicado para radiers mais flexíveis,
com rigidez relativa média.

Segundo Dória (2007), é um método indicado apenas para o cálculo dos esforços
internos na fundação para o seu dimensionamento, pois só considera o equilíbrio da
reação do terreno e das cargas atuantes, não sendo possível ser feita uma avaliação da
distribuição dos recalques.
52

4.3.2 Método do American Concrete Institute (ACI)

Segundo Dória (2007), é um método que se baseia na hipótese de Winkler e é


aplicado em radiers lisos e flexíveis.

A partir do princípio da superposição, os esforços solicitantes e deslocamentos


em qualquer ponto do radier podem ser obtidos, considerando apenas as cargas na zona
de influência do ponto. Como o efeito da carga em um ponto é transmitido pelo radier
na direção radial, o uso de coordenadas polares se impõe.

Santos (1987) recomenda o seguinte roteiro:

1 – Determinação da espessura do radier levando em conta o efeito de punção;

2 – Determinação do módulo de reação vertical do terreno;

3 – Cálculo da rigidez à flexão da placa;

4 – Cálculo do raio da rigidez efetiva;

5 – Cálculo dos momentos radial e tangencial máximos atuantes no radier em


cada ponto utilizado para o dimensionamento;

6 – Conversão dos esforços para coordenadas retangulares;

7 – Cálculo do esforço cortante radial;

8 – Quando o contorno do radier estiver na zona de influência das cargas


aplicadas, os esforços deverão ser computados ao longo do contorno como se a
descontinuidade não existisse. Momentos e cortantes de módulos iguais e sinais
contrários aos calculados deverão ser aplicados no contorno para reestabelecer as
condições de momento e cortante nulos ao longo dos bordos livres.

4.3.3 Método das Diferenças Finitas

O método das diferenças finitas (MDF) é um dos mais antigos métodos


numéricos utilizados, mas ainda possuindo viabilidade. Trata-se da discretização
matemática do contínuo da placa. Segundo Sousa (2006), a solução de uma equação
diferencial em um domínio implica no conhecimento dos valores da(s) variável(eis)
53

estudada(as) em todo o meio continuo. Para isso, Sousa (2006) diz que o Método das
Diferenças Finitas consiste em resolver a equação diferencial em pontos discretos. Desta
maneira, a superfície da placa é discretizada em uma malha regular (com pontos
igualmente espaçados), onde as derivadas parciais da equação geral diferencial das
placas são substituídas (aproximadas) por equações algébricas em função dos valores da
variável em cada nó, relacionando os deslocamentos de um ponto da malha com seus
pontos vizinhos, através destas equações.

Em suma, Sousa (2006) diz que, o uso da técnica de Diferenças Finitas procura
escrever os operadores diferenciais em sua forma discreta, ou seja, em função de valores
pontuais da solução. O conhecimento da solução, mesmo que de forma aproximada, em
alguns pontos dá uma boa ideia da solução contínua, à medida que essa nuvem de
pontos é adensada o valor da resposta numérica se aproxima do valor real.

Sendo assim, no método das diferenças finitas, os operadores das derivadas


parciais são substituídos por operadores de diferenças finitas .

Um dos métodos para obtenção dos operadores de diferenças finitas para as


quatro primeiras derivadas é utilizando a aproximação das derivadas por expansão em
série de Taylor e truncamento ao nível da ordem do erro desejada. A série de Taylor é
dada por:

Assim para uma função contínua f(x,y) que tem valores conhecidos num
conjunto discreto de pontos (i, j, k, l, etc.) tem-se que a determinação das derivadas da
função f(x,y) nestes pontos pode ser feita por operadores de diferenças finitas, que são
mostrados na próxima tabela. A demonstração da aproximação das derivadas pode ser
obtida em literaturas como Szilard (2004) e Soares (2010).
54

Figura 4.3 – Malha para solução de aproximação de derivadas por diferenças finitas. FONTE: DINIS,
2004.

Tabela 4.1 – Expressões obtidas para as derivadas parciais necessárias à análise de placas retangulares
por diferenças finitas (operadores de diferenças finitas até a quarta derivada). A notação está de acordo
com a figura 4.3. FONTE: DINIS, 2004.
55

4.3.4 Método da placa sobre solo de Winkler

Este método é baseado nas teorias de placas demonstradas em no item 4.1.1, só


que agora tratando-se especificamente de placas em base elástica. Tal base elástica, ou
fundação, é assumida como sendo um meio isotrópico, homogêneo e linear elástico,
sendo assim chamado de fundação ou solo do tipo Winkler.

Sendo a placa submetida a um carregamento e a reação do solo de


Winkler, , descrita pela relação , onde k é a constante de reação
do solo, tem-se que a equação diferencial da placa sobre solo de Winkler será:

As soluções para a equação diferencial de quarta ordem podem se dar através de


substituições de séries trigonométricas a partir dos métodos de Navier ou de Levy e
podem ser encontradas em outras literaturas como Szilard (2003).

4.3.5 Método dos Elementos Finitos

O método dos elementos finitos (MEF) é um dos métodos mais utilizados e mais
viáveis para a solução de problemas de placas e na análise de meios contínuos em geral
(lajes, paredes, cascas e sólidos).

Trata-se de uma técnica para a aproximação de funções, que pode ser necessário
por diversas razões, como, por exemplo, a possibilidade de determinar a solução
aproximada para uma equação diferencial. No caso em estudo, está se tratando
especificamente da equação diferencial que rege os deslocamentos de placas delgadas.

A ideia básica do MEF é de substituir um domínio complexo por um somatório


de subdomínios correspondentes a um “elemento finito” de geometria simples
(triângulos, quadriláteros, tetraedros, etc). Isto é, tem-se um elemento complexo de
determinado volume e geometria, como por exemplo, uma placa de fundação, e a partir
deste elemento faz-se uma subdivisão (discretização) em ‘n’ elementos finitos de menor
volume e de geometria simplificada. A partir destes elementos finitos empregam-se
funções aproximadas para representar o campo de deslocamentos e esforços em cada
elemento. A continuidade do meio é garantida impondo-se condições de
56

compatibilidade de deslocamentos e rotações nos nós dos elementos adjacentes. Pode-


se, desta maneira, analisar placas ou meios contínuos com geometria mais complexa.

4.3.6 Método da Analogia de Grelha

Conforme Hambly (1976), um painel de laje é estruturalmente contínuo nas duas


dimensões do plano da laje de tal modo que as cargas aplicadas são equilibradas por
uma distribuição bi-dimensional de esforços cortantes, momentos fletores e momentos
de torção. Como a solução rigorosa das equações diferenciais raramente é possível, um
procedimento aproximado pode ser usado, a Analogia de Grelha, na qual o painel de
lajes é representado para fins de análise por uma grelha bi-dimensional de vigas. Os
avanços significativos feitos nos programas de Analogia de Grelha nos últimos anos
tornam esse procedimento mais versátil, mais rápido, e mais simples de compreender do
que os demais.

A analogia de grelha é um método bastante usado para análise de lajes,


principalmente devido a sua facilidade de compreensão e utilização, e tem apresentado
resultados satisfatórios para uma grande quantidade de pavimentos
(STRAMANDINOLI, 2003).

O método consiste em substituir o radier por uma grelha equivalente composta


de elementos do tipo barra, onde cada barra representa uma faixa determinada da laje
conforme a abertura escolhida para a malha. Uma grelha trata-se de um elemento
estrutural plano consistente de barras rígidas interconectadas entre nós, formando uma
espécie de malha bidimensional, conforme mostrado nas figuras a seguir.
57

Figura 4.4 – Elemento estrutural atual (placa) e sistema de grelhas substituinte (representação da placa
através de grelha). FONTE: SZILARD, 2004.
58

5. PROCEDIMENTOS DE ANÁLISE ESTRUTURAL UTILIZANDO


MÉTODO DA ANALOGIA DE GRELHA E MÉTODO DOS
ELEMENTOS FINITOS

A seguir serão apresentados os procedimentos para análise estrutural utilizando


ferramenta computacional e empregando o método de cálculo da Analogia de Grelha e
em seguida o Método dos Elementos Finitos.

Para a modelagem da estrutura em radier empregando o método da analogia de


grelha será utilizado o software CAD/TQS v.17, e para a aplicação do método dos
elementos finitos será utilizado o software SAP2000 v.14.

5.1 Procedimento de análise estrutural automatizada utilizando método da


analogia de grelha

5.1.1 Fundamentação do método

Segundo Barboza (1992), a técnica de analogia de grelha foi usada


pioneiramente por Lightfoot e Sawko em 1959. Com a constatação que os
procedimentos de análise para pórticos planos e grelhas pelo método dos deslocamentos
eram parecidos e as equações básicas de compatibilidade de deformações eram muito
similares nos dois casos, estes procuraram adaptar um programa para cálculo de pórtico
plano e utilizaram-no para cálculo de grelha.

Neste método, segundo Dória (2007), deve-se substituir a placa (no caso, o
radier) por uma grelha equivalente composta de elementos do tipo barra, onde cada
barra representa uma faixa determinada da laje conforme a abertura escolhida para a
malha. Cada faixa da grelha irá representar uma faixa da placa, apresentando a
espessura da laje e a largura, a qual é dependente da malha da grelha. Portanto, as barras
devem apresentar propriedades que representem geométrica e fisicamente a placa em
estudo.
59

Figura 5.1 – Grelha sobre base elástica. Fonte: DORIA, 2007.

Segundo Hambly (1976), a rigidez a torção em toda a região do radier é


assumida pela superposição de análises concentrando-se em uma barra de grelha
equivalente. A rigidez longitudinal do radier é concentrada nas barras longitudinais e a
rigidez transversal é concentrada nas barras transversais. Idealmente a rigidez da barra
será semelhante quando, dado um protótipo do radier e a grelha equivalente submetidos
a cargas idênticas, as duas estruturas apresentarem deslocamentos idênticos e esforços
internos equivalentes. Ou seja, os momentos fletores, forças de cisalhamento e
momentos torsores nas barras da grelha terão resultantes de tensão iguais na seção
transversal correspondente do radier à barra representada.

Neste caso, segundo Dória (2007), a vinculação das barras permite a interação
de forças ortogonais ao plano da grelha e de dois momentos em torno dos eixos
pertencentes a esse plano por nó da barra. Cada nó apresenta três graus de liberdade,
sendo uma translação ortogonal e duas rotações no plano do radier.

Para cada geometria de placa é necessária a definição de uma malha de grelha.


Hambly (1976) afirma que quanto mais discretizada for a malha, melhores serão os
resultados obtidos. Outro critério que deve ser levado em conta na discretização da
malha da grelha, segundo Hambly (1986), é a adoção de malha cuja largura das barras
seja não maior que 4 vezes a espessura do radier nas regiões onde há grande
concentração de esforços, e não menor que 2 vezes a espessura do radier nas demais
regiões. Também deve sempre se optar por espaçamentos uniformes das barras da
grelha nas duas direções, para que haja uma uniformidade na distribuição dos
carregamentos.
60

Segundo Almeida (2002), as cargas aplicadas no radier são distribuídas entre os


nós de grelha equivalente, de acordo com a área de influência de cada uma. Podem ser
consideradas uniformemente distribuídas ao longo dos elementos, ou dentro de um certo
grau de aproximação, concentradas nos nós, quando há grande refinamento da
discretização. Neste caso, pode-se utilizar o processo de áreas de influência, onde cada
carga a uma distância menor ou igual a metade do comprimento da barra, em ambas as
direções, é levada diretamente ao nó, e as cagas concentradas são aplicadas diretamente
aos nós. Este processo é utilizado também no método dos elementos finitos, onde o
carregamento externo é representado sempre por cargas concentradas aplicadas
diretamente aos nós.

Figura 5.2 – Carregamento concentrado numa grelha. FONTE: DORIA, 2007.

5.1.2 Software utilizado

Para modelagem deste método foi utilizado o software CAD/TQS v17.

O CAD/TQS é um software tipo CAD (computer aided design, ou desenho


auxiliado por computador) desenvolvido no Brasil para o projeto de estruturas de
concreto armado, concreto protendido, alvenaria estrutural e estruturas pré-moldadas e
pré-fabricadas, sendo uma ferramenta utilizada para a concepção, cálculo estrutural,
análise, dimensionamento, detalhamento e desenho de estruturas. Foi lançado em 1986
e é bastante utilizado em todo o território nacional, e atualmente se encontra na versão
v18 como sua versão mais recente.
61

5.1.3 Etapas da modelagem

A seguir serão sintetizadas as etapas de modelagem da estrutura utilizando a


ferramenta computacional CAD/TQS v.17. Todas as etapas importantes da modelagem
como critérios, modelo de cálculo e processamento serão mencionadas e ilustradas.

Inicialmente, cria-se um novo projeto. Na aba “Modelo”, dentro de “Modelo


estrutural do edifício”, e deve-se escolher o modelo II, referente a esforços verticais por
vigas contínuas ou grelhas, sem vento.

Figura 5.3 – Modelo estrutural do edifício.

Na aba “Pavimentos”, deve-se criar apenas o pavimento fundação e escolher o


modelo estrutural “Grelha de lajes planas”.
62

Figura 5.4 – Modelo estrutural para processamento.

Na aba “Cargas”, devem ser apagados todos os casos de vento.

Figura 5.5 – Cargas de vento nulas.


63

Depois de clicar em “Ok” para criar o projeto e antes de abrir o modelo


estrutural, é importante definir o espaçamento da grelha. Para isso, seleciona-se o
sistema “Grelha-TQS” seguindo o comando “Editar – Critérios – Lajes Planas – OK”
para abrir os critérios para geração do modelo de laje plana. Dentro da aba “Malha”,
pode-se selecionar “Discretização da malha” e escolher os espaçamentos entre barras
horizontais e entre barras verticais. É importante destacar que os espaçamentos
escolhidos nesse ponto irão influenciar no coeficiente de mola adotado para a base
elástica mais adiante.

Figura 5.6 – Discretização da malha.

Durante a realização deste trabalho, a discretização da grelha foi realizada várias


vezes utilizando diferentes valores a fim de se comparar os resultados encontrados.
Assim, sugere-se atribuir valores para o espaçamento não maiores que 30 cm neste caso.
Dentro desse intervalo, os resultados dos momentos por metro (mais na frente será
64

explicado o que fazer para obter esse momento) tendem a convergir para um mesmo
valor, obtendo-se assim um resultado razoável para malhas de 30 cm por 30 cm ou de
20 cm por 20 cm. Para espaçamentos maiores que 30 cm, os resultados já divergem
muito, tornando-os não viáveis para utilização e posterior comparação com o modelo de
elementos finitos.

Ainda no sistema “Grelha-TQS”, ao seguir o caminho “Editar – Critérios –


Critérios Gerais – OK” será aberta a janela de edição dos critérios gerais. Dentro da aba
“Deformação lenta” deve-se alterar o “Multiplicador de deslocamentos verticais para
simular deformação lenta” para o valor 1. Essa alteração é necessária para ser
computado apenas a parcela da deformação referente à deformação imediata, pois esta é
a interessada para comparação com os resultados encontrados no SAP2000.

Figura 5.7 – Alteração do multiplicador de deslocamentos verticais para simular deformação lenta.

Em seguida, deve-se abrir o modelo estrutural no pavimento fundação e lançar o


radier (para um projeto mais simples, como é o caso deste trabalho, apenas as
ferramentas de lajes são suficientes), com suas dimensões e carregamentos. Antes de
inserir a laje que terá a base elástica, dentro dos dados da laje, na aba “Grelha”, deve-se
escolher a opção “Laje sobre base elástica” e também um valor para o coeficiente de
mola, coerente com o espaçamento adotado para a grelha (lembrando que o coeficiente
65

de mola depende do coeficiente de reação vertical e da área de influência de um nó da


grelha, sendo K = kv.Af).

Figura 5.8 – Coeficiente de mola.

É importante notar que o coeficiente de mola, a rigor, seria diferente nos nós das
bordas de cada barra da grelha, pois a área de influência desses nós é menor do que a
dos nós centrais (os nós referentes às “arestas” do radier possuem metade da área de
influência dos nós centrais, enquanto que os nós referentes aos “vértices” (cantos)
possuem apenas um quarto do valor), o que resultaria numa rigidez menor para os nós
extremos. Porém, foi constatado que esta diferença pode ser desprezível dado o porte do
radier e o carregamento nele atuando, o que dá uma boa aproximação dos resultados
encontrados. Um estudo a respeito desta consideração é realizado no capítulo seis.

Após finalizado todo o lançamento, deve-se salvar o modelo estrutural e sair do


mesmo, voltando para o gerenciador. Agora deve-se ativar o sistema “CAD/Formas” e
fazer a extração de dados do modelo estrutural pelos comandos “Processar – Extração
gráfica de formas”.
66

Figura 5.9 – Extração de dados do modelo estrutural.

Depois da extração gráfica, procede-se ativando o sistema “Grelha-TQS” e


fazendo a geração do modelo através dos comandos “Processar – Geração do modelo”.

Figura 5.10 – Geração do modelo de grelha.

Por fim, após a geração do modelo, ainda dentro do sistema “Grelha-TQS”,


deve-se fazer a verificação dos resultados do processamento realizando os comandos
“Visualizar – Visualizador de Grelhas – Estado Limite Último (ELU)”, observar os
deslocamentos e esforços (momento My) e, caso estejam de acordo com o esperado,
seguir para o “Editor de esforços e armaduras” de lajes para homogeneizar e calcular as
armaduras. Caso os resultados estejam incoerentes, deve-se refazer o processo alterando
a discretização da grelha. O visualizador de Estado Limite Último corresponde à
esforços característicos neste software.

Na interpretação do momento fletor na grelha, é necessário fazer uma alteração


no valor encontrado no gráfico no ELU. Este valor deve ser dividido pelo espaçamento
entre as barras da grelha, o qual foi atribuído anteriormente para cada direção, para se
obter o resultado do momento por metro. Desse modo, a comparação com o resultado
67

encontrado no SAP2000 pode ser feita. Um modo de encontrar já o maior momento


fletor por metro para cada faixa é dentro do sistema “CAD/Lajes” na “Edição Rápida de
Armadura” e utilizar o comando de “Explodir” a faixa sugerida. Deve-se lembrar de
primeiramente fazer a reinicialização das faixas de distribuição através do comando
“Processar – Grelha/Elementos Finitos – Reinicialização das faixas de distribuição –
OK”.

5.2 Procedimento de análise estrutural automatizada utilizando Método dos


Elementos Finitos

5.2.1 Fundamentação do método

Antes do aparecimento do MEF, a análise dos problemas de placa e de meios


contínuos em geral era efetuada por resolução direta dos sistemas de equações de
derivadas parciais que regem o fenômeno, tendo em consideração as necessárias
condições de contorno. Devido à sua complexidade, estes procedimentos só eram
aplicáveis a meios contínuos homogéneos e de geometria simples (AZEVEDO, 2003).

Para tentar ultrapassar algumas destas limitações, era frequente a substituição


destas derivadas por derivadas aproximadas, através do MDF, conforme explorado
anteriormente. Estas soluções, todavia, possuíam alguns limitadores e inconvenientes
como a necessidade de simplificação da geometria do problema real e de resolver
grandes sistemas de equações, visto que o desenvolvimento dos computadores ainda
não era suficiente para gerar algoritmos que tivessem condições de realizar e agilizar o
processo.

Junto com desenvolvimento tecnológico a partir da década de 60, ganhou


também cenário o MEF, onde, segundo Azevedo (2003), passou a ser prática corrente a
análise de estruturas de geometria arbitrária, constituídas por múltiplos materiais e
sujeitas a qualquer tipo de carregamento. Este avanço foi tão significativo que os outros
métodos anteriormente referidos praticamente deixaram de ser utilizados.

O então chamado Método dos Elementos Finitos (MEF) consiste em um método


numérico que aproxima a solução dos problemas de placa (e vários outros tipos de
68

problemas como análises na área de mecânica dos fluidos, transferência de calor,


reologia, eletromagnetismo, etc) descritos por equações diferenciais parciais através da
subdivisão da geometria do problema (no caso, da placa) em elementos menores,
chamados elementos finitos, que são elementos de geometria simplificada (como por
exemplo elementos retangulares).

Sendo assim, o contínuo da placa é substituído por um conjunto de elementos


finitos interconectados pelos seus pontos nodais. Deve-se então fazer a associação dos
deslocamentos em todos os pontos nodais destes elementos finitos, garantindo a
continuidade de deslocamentos entre eles.

Basicamente, no MEF, tem-se que a solução das equações diferenciais


governantes do problema pode ser determinada por funções de aproximação que
satisfazem condições descritas por equações integrais no domínio do problema.
Geralmente para estas funções de aproximação utilizam-se funções polinomiais de grau
elevado que satisfaçam as equações integrais em cada elemento finito.

Uma diferença entre o método das diferenças finitas (MDF) e o MEF refere-se à
topologia de discretização do domínio. O MDF geralmente utiliza malhas com
elementos cujos intervalos entre os nós adjacentes sejam constantes nas duas direções,
conforme figura abaixo (5.11). Tal consideração dificulta a discretização de geometrias
irregulares, como o da figura 5.12, e, assim a utilização do MDF fica inviável para
domínios de geometria irregular ou complexa, conforme salientado.

Figura 5.11 – Discretização de um elemento de geometria regular utilizando malha com elementos cujos
intervalos entre os nós adjacentes sejam constantes.
69

Figura 5.12 – Discretização de um elemento de geometria irregular utilizando malha com elementos cujos
intervalos entre os nós adjacentes sejam constantes.

O MEF, por sua vez, não requer a utilização de malhas regulares, com intervalos
entre nós adjacentes constantes, permitindo a discretização em elementos com
dimensões diferenciadas. Isto permite e viabiliza a resolução de problemas de placas de
geometria irregular, além de oferecer uma melhor aproximação em regiões onde há
maior concentração de tensões.

Figura 5.13 – Discretização de um elemento de geometria circular através de uma malha de elementos
com geometrias diferenciadas. FONTE: SZILARD, 2003.
70

Figura 5.14 – Discretização de um elemento através de uma malha de elementos com geometrias
diferenciadas.

Em lugar de utilizar uma função em todo o domínio para aproximar cada


componente do campo de deslocamentos, uma alternativa consiste em dividir o domínio
em subdomínios e utilizar uma função linear separada em cada um dos elementos
(elementos finitos). Tem-se assim que a metodologia do MEF baseia-se nesta
aproximação das equações das funções dos campos de deslocamentos por funções que
podem ser facilmente integradas, como no caso, funções polinomiais. Os deslocamentos
correspondentes a cada um dos pontos nodais da malha de elementos são assim obtidos
por interpolação polinomial.

Em geral, quanto melhor o refinamento da malha, isto é, quando se aumenta o


número de elementos de um determinado tipo ou quando se aumenta o grau de
elementos, o erro da aproximação diminui. Naturalmente, opta-se por refinar a malha de
elementos em áreas onde há maior concentração de tensões, como na figura 5.14, de
forma a obter resultados com melhores aproximações nas áreas críticas.

Toda a formulação matemática que envolve o MEF como interpolação dos


deslocamentos, cálculo das matrizes de rigidez, montagem dos sistemas de equações,
soluções e exemplificações podem ser encontradas em literaturas como Pereira (2005) e
Szilard (2003).

Szilard (2003) afirma que podemos nos utilizar do MEF de três maneiras: a
primeira seria uma solução manual com auxílio de calculadora científica, o que iria
demandar um grande trabalho e iria se limitar a soluções simples; a outra utilização é
através da geração de algoritmos e rotinas utilizando uma linguagem de programação; e
71

a terceira maneira seria através da utilização de um programa computacional comercial


que utilize elementos finitos, como por exemplo, o SAP2000. É natural que seja de
senso comum a utilização de programas computacionais para a solução dos problemas,
já que o processo de cálculo fica totalmente automatizado. Todavia, deve-se ressalvar
que um bom engenheiro deve ter sempre o conhecimento dos fundamentos teóricos do
método de cálculo utilizado para resolução do problema, para que assim possa realizar
uma modelagem correta e analisar e interpretar os resultados corretamente. Esta ressalva
não é válida somente para este caso específico, mas para qualquer tipo de forma de
resolução de problemas quando se tratar da utilização de programas computacionais
automatizados.

5.2.2 Software utilizado – SAP2000

O SAP2000 é um programa de elementos finitos, com interface gráfica 3D que


realiza, de forma totalmente integrada, a modelagem, análise e dimensionamento do
mais vasto conjunto de problemas de engenharia de estruturas.

Conhecido pela flexibilidade quanto ao tipo de estruturas que permite analisar,


pelo poder de cálculo e pela confiabilidade de resultados, o SAP2000 é a ferramenta
diária de trabalho de milhares de engenheiros espalhados por todo o mundo. O seu vasto
leque de aplicabilidade permite a sua utilização no dimensionamento de pontes,
edifícios, estádios, barragens, estruturas industriais, estruturas marítimas e qualquer
outro tipo de infraestrutura que necessite ser analisada e dimensionada.

Atualmente, encontra-se em comercialização a versão 15 do programa, e seu


campo de atuação inclui não somente o território nacional como também em regiões
como Europa e América do Norte. O SAP2000 é disponibilizado somente no idioma
inglês.

5.2.3 Etapas da modelagem

A seguir será exposto um roteiro detalhando cada etapa e procedimento


realizado para modelar a laje em base elástica (no caso, o radier), o que incluem etapas
de definição de geometria e materiais, carregamento, análise e processamento da
estrutura. O passo-a-passo será dado para um exemplo genérico, com valores de
72

geometria e cargas arbitrários. O mesmo roteiro será utilizado para o processamento dos
estudos de caso, e portanto nestes só serão apresentados os resultados.

5.2.3.1 Inicialização do modelo e definições iniciais

Após a inicialização de um novo modelo, o programa solicitará por um padrão


entre os mostrados na figura abaixo. Entre eles estão viga, treliças planas, treliças
espaciais, pórticos planos, pórticos espaciais, lajes, cascas, escadas, etc. No caso será
realizada a modelagem de uma laje em base elástica (radier), e sendo assim pode ser
utilizada a opção ‘flat slab’ e entrar diretamente com as dimensões da laje e da malha.
No entanto se optará por inserir a placa manualmente, e o modelo inicial será o ‘grid
only’, que representará apenas uma grade onde será inserida a estrutura.

Figura 5.15 – Modelo de inicialização do SAP2000. Será utilizado ‘grid only’.

Após selecionado o modelo apenas com a grade, será necessário inserir os


valores das linhas e espaçamento do ‘grid’. Sendo assim deve-se inserir 2 linhas de
73

grade em cada direção (x e y), o que resultará num retângulo. O espaçamento das grades
(‘grid spacing’) serão as próprias dimensões deste retângulo, que, no caso,
corresponderá à placa que iremos inserir. Como sempre, neste roteiro será trabalhado
apenas com valores arbitrários. Utilizou-se 12 e 8 nas direções x e y, respectivamente,
resultando numa grade correspondente à um retângulo de dimensões 12 por 8.

Figura 5.16 – Linhas da grade.

O resultado, conforme salientado, é justamente um retângulo com as dimensões


do espaçamento da grade inserido.
74

Figura 5.17 – Grade correspondente à um retângulo de 12 por 8, que serão as dimensões da placa.

5.2.3.2 Definições da seção e materiais e divisão da malha

O próximo passo consiste na definição das propriedades da seção da placa. No


caso, como já será desenhada a laje com dimensões de 12 por 8 metros, basta apenas
definir qual será a espessura da placa. Porém antes se deve realizar a definição das
propriedades do material utilizado. Para este exemplo será adotado concreto com
resistência característica de 25 MPa.

Para definição de materiais deve se direcionar para a aba ‘Define’ e em seguida


selecionar a opção ‘Materials...’. Uma janela será aberta indicando dois materiais
padrões já inseridos no programa, correspondentes à um concreto de resistência
característica de 4000 Psi e um aço de resistência de escoamento de 50 Kip/in². Nenhum
destes dois será de interesse ao exemplo, portanto deverá ser criado outro material,
selecionando o botão “Add New Material...” (conforme figura 5.18).

Após selecionar a opção de criar um novo material, a janela correspondente à


figura 5.19 será aberta, e nela estarão as opções para inserção de um novo material.
Neste caso será trabalhado com um concreto de 25 MPa, com módulo de elasticidade de
23800 MPa e coeficiente de Poisson de 0,2. Na figura 5.19 são mostrados onde os dados
de entrada do novo material devem ser inseridos.
75

Figura 5.18 – Definição de materiais. Deve-se selecionar a opção “Add New Material...” para definir um
novo tipo de material.

Figura 5.19 – Definição das propriedades do novo material.


76

Figura 5.20 – Após inserido o novo material, este estará mostrado na janela de definição de novos
materiais.

Resta ainda realizar a definição da seção, no caso, da espessura da placa. Para


isso deve-se selecionar a opção “Area Sections”, ao ser selecionado “Section
Proprieties” na aba “Define”. A janela correspondente à próxima figura será aberta,
indicando onde deverá ser adicionada uma nova seção. Para isso deverá ser selecionado
a opção “Add New Section...”, com o tipo de seção a ser adicionada como “Shell”
(casca).

Figura 5.21 – Definição de ‘Area Section’.


77

Ao ser selecionada a opção para definir nova seção tipo ‘Shell’, a janela abaixo
irá aparecer. Deve ser escolhida a opção de placa delgada (“Plate – Thin”), com o
material criado anteriormente (denominado de Concreto 25 MPa). Para este exemplo
será adotado um radier de 20 cm de espessura, que deve ser inserida nas janelas de
“Thickness”, conforme figura abaixo.

Figura 5.22 – Definição da espessura do radier de 20 cm.


78

Figura 5.23 – Ao ser inserida a nova seção, esta será mostrada na janela de definição de ‘Area Sections’.

Com todas as definições realizadas, resta inserir a seção criada com o material
correspondente na interface do SAP. Para isso, ao clicar na opção “Draw Rectangular
Area Element” é permitido criar manualmente uma elemento de área retangular cujas
seções e materiais foram os especificados anteriormente. Para realizar o desenho manual
basta selecionar os pontos externos do retângulo criado no ‘grid’ e certificar-se de que a
seção utilizada será a definida anteriormente.

Figura 5.24 – Desenho manual de elemento de área retangular, no caso o próprio radier.

Criada a seção, deve-se agora realizar a divisão da malha de elementos finitos.


Para isso, deve-se selecionar o elemento de área único e dividi-lo ao selecionar a opção
‘Divide Area’, em “Edit Areas” na aba ‘Edit”, conforme mostra a próxima figura. Para
esse caso, dado as dimensões do radier, será optado por realizar uma divisão em vários
elementos de 40x40cm.

Um detalhe muito importante nesta etapa é a questão de verificar se a malha é


suficiente para expressar resultados consistentes, assim como na modelagem anterior
79

utilizando o CAD/TQS. Para isso deve ser realizado um teste de convergência da malha,
verificando se as diferenças dos valores dos resultados passam a ser insignificantes
quando a malha é alterada (no caso, diminuída). Para este caso foi verificado que uma
malha de dimensões 40x40 seria suficiente.

Figura 5.25 – Divisão do elemento em vários elementos de área menores.


80

Figura 5.26 – Divisão do elemento em vários elementos de área menores, após ser selecionada a opção
‘divide areas’. Neste caso foram utilizados elementos de 40x40 cm.

Figura 5.27 – Elemento de placa (radier) dividido em vários elementos menores de 40x40cm.
81

5.2.3.3 Definição apoios elásticos e cargas, processamento global e resultados

A última etapa da modelagem consiste na definição dos apoios elásticos (molas),


cargas externas e processamento da estrutura. Inicialmente, deve ser selecionada toda a
malha de elementos finitos através do comando ‘Select All’ na área ‘Select’, conforme
próxima figura.

Após todos os elementos serem selecionados, devem ser inseridos os apoios


elásticos, através da aba ‘Assign’. Na referida aba, selecionar a opção ‘Area’ e em
seguida ‘Area Springs’. A janela referente à figura 5.29 será aberta. Para o exemplo
deste roteiro serão utilizadas molas cuja constante elástica será referida à um solo de
constante de reação vertical de 1000 tf/m³, cujo valor deve ser inserido logo no início
desta janela. É importante também ratificar que deve ser alterada a opção da mola para
‘Compression Only’, indicando que o terreno reagirá somente a compressão. Além
disso, essa opção é utilizada apenas para uma análise não-linear.

Um detalhe muito importante que deve ser ressalvado é a questão destes tipos de
apoios que foram inseridos. Os chamados ‘Area Springs’ do SAP2000 inserem apoios
elásticos à translação em cada nó da malha de elementos finitos considerando
automaticamente a área de influência de cada elemento. Caso se opte por inserir apoios
elásticos em cada nó (e não por área), pode-se utilizar a opção ‘Joint Springs’, na área
‘Assign, na opção ‘Joints’. Mas deve ser tomado o cuidado para multiplicar o valor do
coeficiente pela área de influência de cada elemento.

Figura 5.28 – Selecionando todos os elementos de uma única vez a partir do comando ‘Select All’.
82

Figura 5.29 – Inserção dos apoios elásticos de translação a partir de ‘Area Springs’.

Para finalizar a modelagem da estrutura ainda restam definir as cargas no radier.


Para este exemplo será adotada uma carga de 1,5 tf em cada nó da malha de 40x40 cm.
Isto significa que tem-se um carga de 3,75 tf por metro da placa (bastando dividir a
carga de 1,5 tf por 40 cm que seria a largura da malha, obtendo carga linear numa
direção).

Para definição das cargas deve-se selecionar a opção ‘Load Patterns’ na aba
‘Define’, e criar um novo ‘padrão’ de carga para representar as forças que serão
introduzidas na laje. Neste exemplo, chamaremos o padrão de carga simplesmente de
‘SOBRECARGA’. Para inserir basta selecionar o botão ‘Add New Load Pattern’, tendo
83

cuidado em escolher o tipo do padrão como ‘LIVE’, já que se tratará de uma carga
“viva” e não carga “morta”, como peso próprio.

Figura 5.30 – Criação do padrão de cargas ‘SOBRECARGA’ como carga viva.

Agora basta selecionar os nós nos quais serão inseridas as cargas, entrando com
o valor da carga por nó na opção ‘Joint Loads’, localizada na aba ‘Assign’.

Figura 5.31 – Inserção das forças nos nós. É importante notar que deve ser escolhido o ‘pattern’
criado para as forças externas, no caso, o pattern ‘SOBRECARGA’.

A seguir deve-se atentar para outro detalhe importante. Na análise estrutural


deve-se optar por uma análise no plano XY (plano da placa). Portanto na janela
equivalente à figura 5.32, que pode ser acessada a partir da opção ‘Set Analyze
Options’, na aba ‘Analyze’, deve ser escolhida a opção “XY Plane”.
84

Figura 5.32 – Resultado da modelagem com as cargas inseridas.

Figura 5.33 – Modelo de análise utilizando apenas o plano XY.


85

Finalmente, o processamento do modelo estrutural se dá a partir da opção ‘Run


Analysis’ na aba ‘Analyze’, ou simplesmente pressionando a tecla F5. Para todos os
futuros exemplos neste projeto será optado pelo não processamento da carga dinâmica
tipo ‘Modal’, conforme figura abaixo. Sendo assim, o caso de carregamento equivalente
a ‘Modal’ não será processado, conforme selecionado (‘Do Not Run Case’).

Figura 5.34 – Processamento da estrutura no SAP2000. O carregamento ‘Modal’ não será processado.

Após processada a estrutura, pode-se solicitar para que sejam mostrados os


esforços na placa, a partir da ferramenta de ‘Show Forces/Stresses’, conforme figura
5.34 e 5.35. É importante lembrar que durante toda a análise estrutural e
dimensionamento não se levou em conta os esforços dos momentos torsores.

Figura 5.35 – Mostrar resultados de elementos de área ‘Shells’ no SAP2000.


86

Figura 5.36 – Mostrar resultados relativos a momentos na direção local 2 e cargas de sobrecarga apenas.

Figura 5.37 – Resultados para momentos fletores de valores característicos.


87

5.2.4 Considerações sobre apoios elásticos à translação

Uma consideração muito importante que foi observada no software de elementos


finitos, SAP2000, é a utilização de duas alternativas de inserção dos apoios elásticos à
translação (molas). Uma delas seria como ‘Joint Springs’, que tratam da inserção dos
apoios (molas) em cada nó da malha de elementos finitos. As molas devem ser inseridas
manualmente em cada um dos nós, e seu valor deve ser o valor do coeficiente de reação
vertical do solo (kv) multiplicado pela área de influência de cada elemento, conforme já
mencionado e mostrado na próxima figura. Neste caso, deve-se ter em mente de que nas
bordas da placa a área de influencia é um pouco menor, podendo ser de metade ou de
um quarto da área de influência de um ponto no centro da placa, para o caso de uma
placa com geometria retangular simples, como será abordado no Estudo de Caso 01.
Isso resultará em molas com rigidez um pouco menor (proporcional à área de influência
naquele ponto) nas bordas. Quando se utiliza a atribuição do tipo ‘Area Springs’, basta-
se entrar com o valor da constante de reação do solo por unidade de área diretamente. O
programa irá então automaticamente realizar as devidas considerações de áreas de
influência em cada nó.

Figura 5.38 – Áreas de influência que contribuem para o valor da rigidez da mola em unidade de força
por metro. Nota-se que os apoios elásticos das bordas tem um valor de rigidez menor para a modelagem
uma vez que a área de influência é menor.
88

Conforme mencionado, a rigor, para a modelagem correta da estrutura, devem


ser considerados os valores das rijezas de mola como variáveis ao longo da estrutura,
seguindo o raciocínio mostrado na figura anterior. Esta variação pode ser desprezível a
depender da geometria da placa, da discretização da malha adotada e dos valores dos
carregamentos considerados. O Estudo de caso 01 no próximo capítulo fará um pequeno
comparativo sobre esta variação dos coeficientes ao longo da placa, mencionando se
haverá ou não influência significativa nos resultados dos esforços.
89

6. ESTUDOS DE CASO

Neste capítulo serão realizados dois estudos de caso que terão diferentes
objetivos. O primeiro estudo será voltado para uma análise comparativa em várias
etapas, sendo assim este se tratará de um modelo estrutural fictício. O segundo estudo
de caso será realizado com objetivos mais práticos, sendo assim será realizada a
modelagem de uma placa radier com geometria um pouco mais complexa, onde nesta
serão mostrados os resultados de detalhamento das armaduras, esforços e por fim um
estudo simplificado de custos em função da espessura e área de aço total do radier,
visando uma abordagem mais prática. O primeiro estudo de caso será feito
essencialmente com o software SAP2000 v.14. Já no segundo estudo será utilizado o
CAD/TQS v.17.

6.1 Estudo de caso 01

Neste primeiro estudo de caso será realizada a modelagem de uma laje de radier
como placa sob base elástica, utilizando apoios elásticos à translação com valores de
rigidez estimados a partir do coeficiente de reação vertical do solo. A estrutura será
modelada utilizando o SAP2000 v.14 e em seguida o CAD/TQS v.17. O objetivo é
realizar uma comparação entre os resultados obtidos, uma vez que os dois softwares
mencionados utilizam modelos de cálculo diferentes (elementos finitos e analogia de
grelha, respectivamente).

Após esta verificação, decidiu-se realizar mais duas análises comparativas,


ambas utilizando o SAP2000 nestes casos. A primeira será a verificação da influência
do coeficiente de reação do solo, e consequentemente da rigidez do apoio elástico, nos
esforços atuantes na estrutura. A segunda será relacionada à variação do coeficiente de
mola em cada ponto ao longo da extensão da placa, verificando se há necessidade ou
não de ser considerada esta variação.

Sendo assim, a estrutura utilizada será a laje conforme planta de forma abaixo.
Trata-se, naturalmente, de uma estrutura fictícia, uma vez que neste estudo visam-se
apenas realizar análises comparativas. Tem-se que, então, será modelada uma placa
submetida à carregamentos de paredes de 0.53 tf/m ao longo de sua extensão (conforme
mostrado na próxima figura) e cargas concentradas de pilares nos cantos de 30 tf cada.
90

Também será levado em conta, naturalmente, o carregamento devido ao peso próprio da


laje e sobrecarga acidental. A geometria do radier será definido como: comprimento de
15 metros, largura de 8 metros e espessura de 18 centímetros, conforme figura 6.1.
Também tem-se que para este caso utilizou-se um coeficiente de reação do solo de 1000
tf/m³.

Listando então os objetivos deste estudo de caso chega-se ao seguinte:

1. Modelar a laje radier através de elementos finitos e analogia de grelha e comparar os


resultados;

2. Verificar o quanto um parâmetro, no caso o valor do coeficiente de reação vertical do


solo, pode influenciar nos resultados dos esforços característicos e deslocamentos
imediatos;

3. Verificar se a variação da rigidez das molas nas bordas desta placa resultará numa
variação de esforços significativos da estrutura.

Figura 6.1 – ‘Planta de forma’ da estrutura que será modelada. A linha mais espessa representa a laje
radier, com dimensões de 15m por 8m. As linhas delgadas representam paredes com carregamento linear
de 0,53 tf/m e os pilares nos cantos cada um com cargas concentradas de 30 tf.
91

6.1.1 Comparativo entre os dois métodos de cálculo, resultados e conclusões

Pelo método de cálculo da analogia de grelha, utilizado através da ferramenta


computacional CAD/TQS, foi realizada a modelagem cujas etapas foram realizadas da
mesma maneira que as descritas no capítulo anterior. Neste caso, foi necessário realizar
uma discretização da malha de 25x25 para obter resultados consistentes.

Já através do MEF com auxilio do SAP2000, a partir da modelagem cujas etapas


também foram descritas no capítulo anterior (item 5.2.3) e utilizando uma discretização
através de malha de 50x50, pôde-se obter os valores dos esforços característicos de
momentos fletores e deslocamentos para a laje radier.

Figura 6.2 – Isovalores para os momentos fletores na direção X obtidos do SAP2000.


92

Figura 6.3 – Isovalores para os momentos fletores na direção Y obtidos do SAP2000.

Figura 6.4 – Configuração deformada da placa modelada no SAP2000.


93

Figura 6.5 – Isovalores para os momentos fletores na direção X obtidos do TQS.

Figura 6.6 – Isovalores para os momentos fletores na direção Y obtidos do TQS.


94

Figura 6.7 – Configuração deformada da placa modelada no TQS.

Tabela 6.1 – Resumo dos resultados obtidos para a primeira parte do estudo de caso 01.

RESULTADOS PARA O ESTUDO DE CASO 01 – PARTE 1 – COMPARAÇÃO DOS MODELOS


Mx + (tf.m/m) Mx - (tf.m/m) My + (tf.m/m) My - (tf.m/m) z (cm)
TQS - ANALOGIA DE GRELHA 12,352 1,120 7,484 0,900 0,437
SAP2000 - ELEMENTOS FINITOS 10,290 0,910 6,340 0,850 0,41

Pode-se notar que os resultados foram bastante próximos, mesmo para os valores
de esforços altos considerados. Ainda assim, em nível de dimensionamento à flexão e
verificação de flechas, ambos os métodos de cálculo devem fornecer resultados muito
próximos. A bem da verdade, este resultado era de se esperar, pois seria sem sentido
afirmar que utilizando dois métodos de cálculo diferentes para o mesmo problema iriam
ser fornecidos resultados bastante divergentes. É importante também salientar que em
várias situações é necessário realizar um comparativo entre resultados de dois softwares
diferentes, gerando assim maior confiança nos valores encontrados.

Um detalhe bastante importante a respeito da modelagem no CAD/TQS


(analogia de grelha) é o fato de que a entrada do coeficiente de reação vertical do solo é
diretamente como o valor da rigidez da mola em cada ponto (conforme figura 5.8).
95

Assim, se para este exemplo o coeficiente de reação vertical do solo é de 1000 tf/m³ e a
malha resultou numa discretização de 25x25 cm, resultando numa área de influência de
0.0625 cm² nos nós do centro, 0.03125 cm² nos nós das bordas e 0.015625 cm² nos nós
dos cantos (equivalentes às áreas A2, A3 e A1, respectivamente, da figura 5.37), o valor
da rigidez dos apoios elásticos é, a rigor, variável ao longo da extensão da placa,
conforme já mencionado. Ou seja, o valor das rijezas das molas nas bordas é diferente
das rijezas das molas no centro, porém o software não permite a principio a utilização
destes valores variáveis, mas sim um único valor de entrada, que no caso será o valor da
rigidez das molas do centro, que corresponde à grande maioria. Isto resultará num
momento fletor adicional devido à esta não conformidade, que será avaliado mais
adiante. Um dos motivos para a diferenciação dos resultados dos momentos pode ter
sido justamente devido a esta consideração, e não somente da metodologia de cálculo
em si.

6.1.2 Variação do coeficiente de reação vertical do solo e análise dos resultados

A finalidade desta análise é a verificação da necessidade de precisão geotécnica


para o elemento estrutural. Isto é, se de fato a variação do número do coeficiente de
mola (ou seja, representado pelo solo em si) terá ou não grande impacto na análise dos
esforços da laje radier. Para isso, a partir do mesmo modelo foi realizado tal estudo
comparativo no SAP2000, variando o coeficiente de mola como ‘Area Spring’ e
anotando os resultados dos esforços característicos de momentos e deslocamentos. Os
resultados são demonstrados na próxima tabela.
96

Tabela 6.2 – Resultados para esforços característicos de momentos fletores e deslocamentos a partir da
variação do coeficiente de reação do solo (e consequentemente da rigidez do apoio elástico) utilizando o
SAP2000.

RESULTADOS PARA O ESTUDO DE CASO 01 – PARTE 2 – VARIAÇÃO DO Kv


K (tf/m²) Mmax + (tf.m/m) Mmax – (tf.m/m) max (mm)
25000 6,38 -1,03 0,8
15000 6,95 -1,08 1,3
10000 7,41 -1,2 1,8
7500 7,74 -1,24 2,2
5000 8,22 -1,42 3,1
2500 9,07 -1,69 5,4
1000 10,29 -2,09 11,5
100 13,53 -4,36 65,8

Fica bastante claro a partir da tabela acima que os valores dos esforços não
seguem uma proporcionalidade em relação à variação da rigidez da mola. Há uma
mudança significativa dos momentos apenas quando a variação das rijezas forem muito
bruscas. Por exemplo, alterar o valor de Kv de 2500 tf/m² para 25000 tf/m² (ou seja,
tornando-o dez vezes menor) irá apenas diminuir o valor do momento positivo máximo
em cerca de 50%. Para os deslocamentos, entretanto, esta variação tende a seguir uma
tendência exponencial, onde para valores muito baixos de Kv uma variação passa a ser
bastante significativa. Todavia, valores de coeficientes de reação vertical do solo abaixo
de 500 tf/m³ são praticamente inexistentes ou inviáveis de serem trabalhados, sendo os
valores usuais e práticos sempre acima destes. De toda forma, a variação dos
deslocamentos ainda assim apresentou ser um pouco mais sensível, mas nada que fosse
considerado alarmante dentro dos valores usuais de Kv.

6.1.3 Estudo da variação da rigidez elástica nos apoios ao longo da placa

A última parte do estudo de caso 01 visa verificar o quanto a ausência da


consideração da área de influência individual para cada nó da malha da estrutura resulta
em esforços de momentos fletores característicos. Isto é, se a não consideração da
menor rigidez elástica nas bordas devido à menor área de influência da placa nas bordas
97

é significante ou não, conforme mencionado anteriormente. Naturalmente, é de se


esperar que tais esforços gerados irão variar conforme o carregamento, geometria e o
próprio valor da rigidez elástica, porém será considerada apenas a geometria,
carregamento e rigidez da mola do estudo de caso em questão.

Um resultado que se mostrou bem interessante foi a questão de que um


carregamento uniforme na placa (ou ‘Area Load’, no software SAP2000), que na
verdade representa cargas concentradas nos nós da malha considerando a área de
influência de cada uma (o processo utilizado é o das áreas de influência, gerando cargas
concentradas em cada nó), sob uma situação de apoios elásticos com rijezas variáveis
(também considerando a área de influência de cada um) resulta em momentos fletores
nulos em toda a extensão da placa. Seria como se as cargas concentradas em cada nó
fossem diretamente absorvidas pelos apoios. Um raciocínio análogo que pode ser feito é
o de uma placa de um êmbolo num cilindro, que sofre um carregamento distribuído em
toda sua área (peso da placa), porém o empuxo do fluido impede que haja momentos
fletores ao longo de sua extensão, e a placa se desloca até a pressão do fluido (que no
caso seria representado pelas molas) se iguale ao carregamento externo.
98

Figura 6.8 – Fluido exercendo pressão num êmbolo. Não há resultantes internas na ‘’placa’’ pois todos os
pontos onde o carregamento distribuído externo é aplicado são combatidos pela pressão (empuxo) interna
do fluido nos vários pontos.

Figura 6.9 – As molas tipo 1, 2 e 3 tem valores de rigidez diferente, a rigor. As do tipo 1 tem rigidez
obtida multiplicando o coeficiente de reação do solo, Kv, pela área de cada elemento da malha. Já as
molas do tipo 2 e 3 (nas bordas da placa), tem seus valores de rijezas reduzidos, uma vez que a área a ser
considerada será metade ou um quarto da área considerada para a mola do tipo 1, conforme ressalvado na
figura 5.37.
99

Figura 6.10 – Comparativo entre os valores das rijezas das molas no SAP2000. As duas placas estão
submetidas à um carregamento de 5 tf/m². A placa na parte superior é modelada com valor de rigidez
elástica de 250 tf/m em todos os seus nós, enquanto que a placa da parte inferior é modelada com valores
de rigidez elástica de 250 tf/m nos nós do centro, 125 tf/m nos nós da borda, e 62,5 tf/m nos quatro nós do
canto, ou seja, considerou-se a área de influência de cada um, o que resultou em valores de momentos
fletores nulos para carregamentos distribuídos por área.

Tabela 6.3 – Resultados para os maiores valores de momentos fletores característicos quando comparadas
as modelagens utilizando apoios elásticos do tipo ‘Area Springs’ (considerando a área de influência, AS)
e ‘Joint Springs’ (JS, sem considerar a variação do valor da rijeza elástica nas bordas).

Estudo de caso 01 - parte 03 - resultados


Carregamento (tf/m²) Mmax (tf.m/m) K (AS) tf/m² K (JS) tf/m
0,1 0,0095 1000 250
1 0,095 1000 250
5 0,476 1000 250
10 0,95 1000 250
25 2,375 1000 250
100

Observou-se, assim, que de fato, para este caso, a consideração rigorosa do


divisor dos valores das rijezas das molas nas bordas gera um acréscimo de esforços
pouco significante a depender do carregamento, e a consideração rigorosa no software
CAD/TQS pode ser desprezada, uma vez que iria-se ter um trabalho manual inviável
para tal consideração (pois deveria ser inserido o valor do coeficiente de mola
individualmente em cada ponto). No exemplo em estudo tem-se que a carga distribuída
por área ao longo de toda a extensão da placa é de menos de 1 tf/m². Porém é válido
ressalvar que esta consideração pode ser inválida para outros casos de carregamento e
deve ser verificada.

6.2 Estudo de caso 02

Neste segundo estudo de caso será realizada também uma modelagem de uma
laje de radier como placa sob base elástica utilizando apoios elásticos à translação com
valores de rigidez estimados a partir do coeficiente de reação vertical do solo. A
estrutura será modelada utilizando o CAD/TQS v.17.

Neste caso, a estrutura utilizada será uma laje radier com uma geometria um
pouco mais complexa, e não simplesmente retangular como no estudo anterior, pois
agora visa-se realizar uma abordagem mais real. Assim será modelada uma placa de
radier submetida à carregamentos de alvenaria estrutural de uma pequena edificação. O
valor adotado para o carregamento da alvenaria estrutural é de 7 tf/m ao longo de toda a
extensão da alvenaria. Também será levado em conta, naturalmente, o carregamento
devido ao peso próprio da laje e carga acidental. A geometria do radier esta mostrada
segundo a planta de forma a seguir. Também tem-se que para este caso utilizou-se um
coeficiente de reação do solo de 9600 tf/m³, a espessura da placa foi inicialmente
adotada de 20 cm e o concreto com resistência característica de 25 MPa.

Listando então os objetivos deste estudo de caso chega-se ao seguinte:

1. Modelar a laje radier através do CAD/TQS v.17, submetida aos carregamentos


indicados, mostrando os resultados de esforços de momentos característicos e
armaduras totais;

2. Assim como no estudo 01, verificar o quanto o valor do coeficiente de reação vertical
do solo, pode influenciar nos resultados dos esforços e deslocamentos característicos;
101

3. Verificar se o aumento ou diminuição da espessura da laje acarretará em uma


diminuição ou aumento significativo de armaduras totais, de forma que se determine
uma distribuição mais econômica possível.

Figura 6.11 – Planta de forma utilizada para o estudo de caso 02. As linhas mais finas representam a
extensão da alvenaria estrutural, enquanto que a linha mais espessa o contorno da laje.

6.2.1 Resultados iniciais

A estrutura foi modelada no CAD/TQS segundo os casos de carregamento e


apoios indicados anteriormente. Sendo assim, os seguintes resultados para armaduras e
esforços totais foram encontrados:
102

Figura 6.12 – Isovalores para os momentos fletores na direção X (caso 2).

Figura 6.13 – Isovalores para os momentos fletores na direção Y (caso 2).


103

Figura 6.14 – Armadura horizontal positiva.

Figura 6.15 – Armadura horizontal negativa.


104

Figura 6.16 – Armadura vertical positiva.

Figura 6.17 – Armadura vertical negativa.


105

6.2.2 Variação do coeficiente de reação vertical do solo e análise dos resultados

Da mesma maneira que no primeiro estudo de caso, foi verificada a influência


do coeficiente de reação vertical do solo, e consequentemente das rijezas elásticas das
molas nos esforços e deslocamentos característicos da estrutura. Os resultados são
mostrados abaixo.

Tabela 6.4 – Variação dos esforços característicos e deslocamentos imediatos em função do Kv.

Resultados - Estudo de Caso 2 - parte 02


Barras em X Barras em Y Deslocamento
Kv (tf/m³)
My + (tf.m/m) My - (tf.m/m) My + (tf.m/m) My - (tf.m/m) z (cm)
15000 1,456 0,76 0,98 0,532 0,01
10000 1,584 0,9 0,968 0,56 0,019
9000 1,616 0,932 0,964 0,564 0,023
8000 1,652 0,968 0,96 0,572 0,028
7000 1,688 1,004 0,952 0,576 0,034
6000 1,728 1,04 0,94 0,584 0,043
5000 1,772 1,076 0,932 0,588 0,056
4000 1,816 0,996 0,916 0,588 0,076
3000 1,864 1,148 0,904 0,588 0,111
2000 1,908 1,172 0,888 0,576 0,183
1000 1,908 1,204 0,9 0,516 0,409
750 1,876 1,236 0,928 0,476 0,562
500 1,784 1,324 1 0,384 0,873
250 1,496 1,632 1,26 0,104 1,822

Os resultados foram coerentes com o do estudo de caso anterior. Uma variação


não proporcional dos momentos em relação às rijezas foi também estabelecida e os
deslocamentos imediatos seguiram uma tendência não linear. O que se observou
também nesta análise foi que os esforços seguiram uma tendência até um certo ponto
quando foi-se diminuindo o Kv, porém a partir de valores muito baixos para Kv a
tendência foi dispersa. Acredita-se que isto se deve ao fato de que a discretização da
malha pode ter interferido nos resultados para valores muito baixos das rijezas dos
apoios.
106

6.2.3 Variação da espessura do radier: um estudo simplificado de viabilidade


econômica

Semelhante ao item anterior, este item tem como objetivo verificação da


precisão de outro parâmetro nos resultados finais: a altura útil da laje radier. Sabe-se
que os elementos de placa (lajes) tem espessura relativamente pequena quando
comparado com vigas, e, portanto, são bastante sensíveis quando da variação de sua
altura útil. Quer-se, então, verificar até quanto a variação da altura útil (e
consequentemente da espessura da laje) é economicamente viável para o estudo de caso
em questão.

Inicialmente tinha-se utilizado uma espessura de 20 cm para a laje. Ao aumentar


esta espessura, tem-se que a placa apresentará uma maior rigidez à flexão porém o peso
próprio também será aumentado, resultando em maior carregamento permanente, que
poderá ou não compensar o aumento da rigidez da placa.

Para cálculo dos preços unitários e totais foi utilizado como base a tabela de
preços SANEGO (2012) e boletim de preços unitários da construção SidusConMS para
concreto estrutural de 25 MPa e aço tipo CA-50.

Tabela 6.5 – Resultados para diferentes espessuras da laje.

Resultados - Estudo de Caso 2 - parte 03


Volume de Peso Custos de material
Espessura My +
Kv (tf/m³) Concreto total de
(cm) (tf.m/m)
(m³) aço (kg) Total aço Total concreto Total final
9600 26 2,48 56,642 3119 R$ 17.871,87 R$ 19.482,08 R$ 37.353,95
9600 24 2,424 52,285 3084 R$ 17.671,32 R$ 17.983,46 R$ 35.654,78
9600 22 2,36 47,928 2875 R$ 16.473,75 R$ 16.484,84 R$ 32.958,59
9600 20 2,28 43,571 2751 R$ 15.763,23 R$ 14.986,22 R$ 30.749,45
9600 18 2,184 39,214 2725 R$ 15.614,25 R$ 13.487,60 R$ 29.101,85

Observou-se que para espessuras pequenas, houve armadura maior que a


mínima. Para espessuras de 24 cm e maiores, houve apenas armadura mínima, o que
não compensa o uso de radiers mais rígidos. Assim foi admitido que se poderia utilizar
uma menor espessura para resultar num menor custo de concreto, pois o peso de aço foi
diminuído relativamente pouco em relação ao consumo de concreto. Pode optar por uma
espessura maior quando se quer ter um maior controle dos deslocamentos.
107

6.3 Conclusões finais relativas aos estudos de caso

Diante de todos os estudos realizados, as conclusões obtidas foram várias e


algumas hipóteses foram confirmadas, sendo todas estas listadas abaixo:

1. O valor do coeficiente de reação do solo é importante para a modelagem da estrutura,


porém a sua precisão é questionável. Para a modelagem de estruturas de lajes em radier
mais precisamente, pôde-se observar que uma variação pequena no valor da rigidez da
mola (ou seja, no coeficiente de reação vertical) reflete em variações muito baixas para
os esforços de fletores nas placas. Por exemplo, para o caso do estudo 02 observou-se
que ao alterar o coeficiente Kv de 10000 tf/m³ para 9000 tf/m³ praticamente resultou em
uma mudança quase que insignificante de momentos fletores característicos (de 1.58
tf.m/m para 1.62 tf.m/m). Portanto, a precisão excessiva destes valores para esta
modelagem é desnecessária. Deve-se, contanto, atentar para os valores de
deslocamentos, que variam bruscamente quando o valor da rigidez da mola é muito
baixo. Este, contudo, não foi o caso dos estudos em questão.

2. A consideração da variação do valor da rigidez dos apoios elásticos ao longo da


geometria da laje é algo que, a rigor, deve ser considerado. Se o software possuir uma
ferramenta de cálculo automático da rigidez em cada ponto, como o SAP2000 a partir
do comando ‘Area Springs’, é válido e deve ser considerado. Se o software não possuir
tal ferramenta automatizada, a depender do caso de carregamento e geometria, esta
consideração pode ser desprezada, como foi visto no estudo de caso 01, pois resultará
em esforços muito pequenos quando comparado aos gerados pelos carregamentos
externos.

3. Um estudo econômico deve ser sempre acompanhado do projeto estrutural. Neste


caso, observou-se que a espessura da laje radier estava elevada, e poderia ser diminuída
para gerar um menor custo total.
108

7. CONSIDERAÇÕES FINAIS

Com o avanço significativo de softwares nas últimas décadas, o engenheiro


estrutural cada vez mais está sendo dispensado de realizar algoritmos e programações de
cálculo, já que o software automatizado já dispõe de toda a programação necessária. O
motivo disso é devido ao próprio avanço da sociedade que necessita da realização de
projetos com maior agilidade e menor custo. Por este motivo, o engenheiro
programador quase desapareceu, dando lugar ao mero utilizador. Perante a um problema
de análise de estruturas e dispondo de um software automatizado, é perfeitamente
acessível a um projetista a obtenção de resultados credíveis, mesmo quando este não
tem acesso à fonte do código computacional ou quando desconhece as características do
modelo que está a utilizar. Desse modo pode parecer que é dispensável a aprendizagem
e conhecimento de formulações e metodologias de cálculo já que o software realizará
todo o procedimento automaticamente. Porém a prática mostra que este é um raciocínio
completamente equivocado.

Um Engenheiro Estrutural que não conheça as técnicas correspondentes à


formulação do seu problema será tentado pela simples utilização de um software
qualquer de cálculo. Uma vez que não tem acesso aos modelos que estão programados,
nem tem bases para a sua compreensão, e assim procederá à utilização do software de
acordo com o treino que recebeu ou com base em sucessivas improvisações. Assim a
tentação para aceitar os resultados provenientes do programa é grande, quaisquer que
sejam esses resultados. Com isso os potenciais de perigo de uma utilização nestas
condições são vários, como a não percepção de eventuais erros na introdução dos dados,
a ausência de correspondência entre o modelo selecionado e a estrutura que está a ser
analisada, o desprezo de parâmetros importantes, etc. Na ausência de uma base teórica
sólida existe o sério risco da segurança de uma estrutura ser justificada com base em
cálculos completamente inadequados.

É de bom senso esperar que na prática dos problemas da engenharia existem não
só uma, mas várias soluções. É necessário, todavia, verificar a viabilidade destas
soluções. Isto é, na prática, existirá uma solução ideal, uma solução que será melhor e
mais viável que as outras e deverá ser a adotada. Cabe ao engenheiro saber não só
determinar a solução do problema, mas sim realizar esta seleção. Um software
automatizado irá apenas propor um resultado, porém não necessariamente o melhor. O
109

diferencial do engenheiro será a interpretação e a ajuste da solução fornecida pelo


software conforme este o achar mais viável.

Logo pode-se concluir que o engenheiro estrutural da atualidade deve estar


situado diante toda a complexidade do seu problema para que possa saber interpretar,
modelar e analisar a estrutura em questão conforme queira. O projetista terá de
raciocinar e estudar o seu modelo de análise, alterando os parâmetros necessários
sempre com ciência do que está fazendo, não sendo confundido como simplesmente um
mero ‘apertador de teclas’.

Em relação ao estudo de caso realizado, pelo apresentado pode-se concluir que


os objetivos do trabalho foram atingidos. Ao realizar a análise estrutural do radier como
elemento de placa sob base elástica considerando a contribuição do solo na interação
com a estrutura empregando um sistema de apoios elásticos à translação cuja constante
de reação vertical tinha seu valor como função do tipo de solo, pôde-se estabelecer uma
clara conexão entre o ramo da engenharia estrutural e da geotecnia.

A utilização de dois tipos de métodos de cálculo para o mesmo problema


resultou em resultados bastante próximos, o que leva a concluir que a metodologia dos
modelos de fato condiz como que a estrutura irá ser solicitada na prática. Ou seja, caso
os resultados divergissem muito, seria sem sentido afirmar que os modelos de cálculo
estariam corretos, pois se deveria encontrar apenas um único resultado para o mesmo
problema neste caso.

Na análise estrutural os estudos comparativos, o que inclui o realizado neste


trabalho, mostram sempre muito interessantes, pois a partir deles pode-se desenvolver
uma maior percepção pela análise. Isto é, verificar a sensibilidade que os parâmetros de
cálculo de uma estrutura tem em relação ao processamento global da mesma, ou o
quanto estes afetam os resultados.

Por fim, propõe-se que sejam realizados outros trabalhos também direcionados
sempre a estudos comparativos. Exemplos que poderiam ser trabalhados referem-se ao
comportamento da estrutura de radier quando apoiada em um solo heterogêneo,
verificação de esforços de cortante e torção, utilização barras de protensão, entre outros.
110

8. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

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