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RECIFE
2014
FILIPE ROCHA GUEDES
RECIFE
2014
Catalogação na fonte
Inclui Referências.
Agradecemos, inicialmente, a nossa família: nossos pais e irmãos, que não mediram
esforços para que chegássemos até esta etapa de nossas vidas.
Figura 2.1 – Vigas e pilares de concreto armado numa construção simples ...................15
Figura 2.2 – Elementos estruturais bidimensionais: placas, chapas e cascas ..................16
Figura 2.3 – Bloco de fundação (elemento tridimensional) ............................................17
Figura 2.4 – Esforços solicitantes. Corpo recortado virtualmente (a). Distribuição de
forças ao longo da superfície recortada (b) .....................................................................18
Figura 2.5 – Esforço de cisalhamento e esforço normal..................................................19
Figura 2.6 – Esforços de flexão e torção .........................................................................19
Figura 2.7 – Viga de concreto armado apoiada em dois pilares de concreto ..................20
Figura 2.8 – Modelo estrutural para a viga real da figura 2.7 .........................................21
Figura 2.9 – Sapata isolada ..............................................................................................22
Figura 2.10 – Radier liso .................................................................................................24
Figura 2.11 – Radier com pedestais ou congumelos .......................................................24
Figura 2.12 – Radier nervurado .......................................................................................24
Figura 2.13 – Radier em caixão .......................................................................................25
Figura 2.14 – Detalhe de cordoalha de sete fios ..............................................................29
Figura 3.1 – Divisão esquemática do solo em regiões ....................................................32
Figura 3.2 – Diferentes casos de interação solo-estrutura ...............................................34
Figura 3.3 – Representação do radier pelo método de grelha sobre base elástica ...........35
Figura 3.4 – Representação da Hipótese de Winkler ......................................................36
Figura 3.5 – Analogia entre coeficiente de mola e coeficiente de reação vertical ..........37
Figura 3.6 – Fatores 0 e 1 para o cálculo do recalque imediato em camada argilosa
finita .................................................................................................................................43
Figura 4.1 – Placa submetida à carregamento normal externo pz(x,y) ...........................46
Figura 4.2 – Elemento de placa detalhado .......................................................................48
Figura 4.3 – Malha para solução de aproximação de derivadas por diferenças finitas ...54
Figura 4.4 – Elemento estrutural atual (placa) e sistema de grelhas substituinte
(representação da placa através de grelha) ......................................................................57
Figura 5.1 – Grelha sobre base elástica ...........................................................................59
Figura 5.2 – Carregamento concentrado numa grelha .....................................................60
Figura 5.3 – Modelo estrutural do edifício ......................................................................61
Figura 5.4 – Modelo estrutural para processamento .......................................................62
Figura 5.5 – Cargas de vento nulas..................................................................................62
Figura 5.6 – Discretização da malha ...............................................................................63
Figura 5.7 – Alteração do multiplicador de deslocamentos verticais para simular
deformação lenta..............................................................................................................64
Figura 5.8 – Coeficiente de mola.....................................................................................65
Figura 5.9 – Extração de dados do modelo estrutural .....................................................66
Figura 5.10 – Geração do modelo de grelha ....................................................................66
Figura 5.11 – Discretização de um elemento de geometria regular utilizando malha com
elementos cujos intervalos entre os nós adjacentes sejam constantes .............................68
Figura 5.12 – Discretização de um elemento de geometria irregular utilizando malha
com elementos cujos intervalos entre os nós adjacentes sejam constantes .....................69
Figura 5.13 – Discretização de um elemento de geometria circular através de uma malha
de elementos com geometrias diferenciadas ...................................................................69
Figura 5.14 – Discretização de um elemento de geometria irregular através de uma
malha de elementos com diferentes geometrias ..............................................................70
Figura 5.15 – Modelo de inicialização do SAP2000 ‘grid only’ .....................................72
Figura 5.16 – Linhas da grade no SAP2000 ....................................................................73
Figura 5.17 – Grade correspondente à um retângulo de 12 por 8 no SAP2000 ..............74
Figura 5.18 – Definição de materiais no SAP2000 .........................................................75
Figura 5.19 – Definição das propriedades do novo material ...........................................75
Figura 5.20 – Janela de definição de novos materiais .....................................................76
Figura 5.21 – Definição da ‘Area Section’ ......................................................................76
Figura 5.22 – Definição da espessura do radier de 20 cm ...............................................77
Figura 5.23 – Janela de definição de ‘Area Sections’no SAP2000 .................................78
Figura 5.24 – Desenho manual de elemento de área retangular no SAP2000.................78
Figura 5.25 – Divisão do elemento em vários elementos de área menores .....................79
Figura 5.26 – Divisão do elemento em vários elementos de área menores de 40x40 .....80
Figura 5.27 – Elemento de placa (radier) dividido em vários elementos menores de
40x40cm no SAP2000 .....................................................................................................80
Figura 5.28 – Selecionando todos os elementos de uma única vez a partir do comando
‘Select All’ no SAP2000 .................................................................................................81
Figura 5.29 – Inserção dos apoios elásticos de translação a partir de ‘Area Springs’.....82
Figura 5.30 – Criação do padrão de cargas ‘SOBRECARGA’ como carga viva ...........83
Figura 5.31 – Inserção das forças nos nós .......................................................................83
Figura 5.32 – Resultado da modelagem com as cargas inseridas ....................................84
Figura 5.33 – Modelo de análise utilizando apenas o plano XY .....................................84
Figura 5.34 – Processamento da estrutura no SAP2000..................................................85
Figura 5.35 – Mostrar resultados de elementos de área ‘Shells’ no SAP2000 ................85
Figura 5.36 – Mostrar resultados relativos a momentos na direção local 2 e cargas de
sobrecarga apenas ............................................................................................................86
Figura 5.37 – Resultados para momentos fletores de valores característicos .................86
Figura 5.38 – Áreas de influência que contribuem para o valor da rigidez da mola em
unidade de força por metro. .............................................................................................87
Figura 6.1 – ‘Planta de forma’ da estrutura que será modelada para o estudo 01 ...........90
Figura 6.2 – Isovalores para os momentos fletores na direção X obtidos do SAP2000 ..91
Figura 6.3 – Isovalores para os momentos fletores na direção Y obtidos do SAP2000 ..92
Figura 6.4 – Configuração deformada da placa modelada no SAP2000 .........................92
Figura 6.5 – Isovalores para os momentos fletores na direção X obtidos do TQS .........93
Figura 6.6 – Isovalores para os momentos fletores na direção Y obtidos do TQS .........93
Figura 6.7 – Configuração deformada da placa modelada no TQS.................................94
Figura 6.8 – Analogia com êmbolo (placa) exercendo pressão num fluido ....................98
Figura 6.9 – Esquema de apoios elásticos à translação numa placa ................................98
Figura 6.10 – Comparativo entre os valores das rijezas das molas no SAP2000. ...........99
Figura 6.11 – Planta de forma utilizada para o estudo de caso 02. ..............................101
Figura 6.12 – Isovalores para os momentos fletores na direção X (caso 2) ..................102
Figura 6.13 – Isovalores para os momentos fletores na direção Y (caso 2) ..................102
Figura 6.14 – Armadura horizontal positiva..................................................................103
Figura 6.15 – Armadura horizontal negativa .................................................................103
Figura 6.16 – Armadura vertical positiva ......................................................................104
Figura 6.17 – Armadura vertical negativa .....................................................................104
LISTA DE TABELAS
O presente trabalho visa realizar um estudo de lajes de concreto do tipo radier - solução
comum para fundações de estruturas de pequeno porte – através de diferentes estratégias
de modelagem, levando-se em conta sempre a interação solo-estrutura. São apresentadas
como principais focos as análises estruturais utilizando modelo de grelha e método dos
elementos finitos, objetivando um estudo comparativo entre os resultados encontrados.
A fundação em radier pode ser uma solução técnica ou economicamente mais viável em
alguns casos, e no Brasil não há apoio de norma técnica pertinente exclusiva para o
dimensionamento e análise deste tipo de estrutura. Em estudos de caso, exemplos reais
são analisados utilizando os dois modelos de análise, visando obter sempre resultados
comparativos tanto nos métodos em si quanto na influência do solo em relação à
estrutura e por fim realizando um orçamento simplificado em função da variação de
parâmetros de cálculo da estrutura.
The present paper aims to conduct a study of concrete slabs radier type – a common
solution for foundation of small structures – through different modeling strategies, using
the soil-structure interaction. It is presented as major focus the structural analysis using
grid model and finite element method, aiming at a comparative study of the results
found. The radier foundation can be a solution more feasible technically or
economically in some cases, and in Brazil there isn’t any support of a pertinent
technical manual for the design and analysis of such structure. In case studies, real
examples are analyzed using both analytical models, aiming to obtain comparative
results related not only to the methods themselves but also to the influence of the soil on
the structure and finally performing a simplified budget due to the variation of analysis
parameters of the structure.
1. INTRODUÇÃO .......................................................................................................... 10
1.1 Apresentação ......................................................................................................... 10
1.2 Justificativa ........................................................................................................... 11
1.3 Metodologia .......................................................................................................... 12
1.3.1 Tipo de pesquisa ............................................................................................. 12
1.3.2 Procedimentos ................................................................................................ 12
1.4 Objetivos ............................................................................................................... 13
1.4.1 Objetivos gerais .............................................................................................. 13
1.4.2 Objetivos específicos...................................................................................... 13
2. REVISÃO DA LITERATURA .................................................................................. 14
2.1 Breve revisão estrutural ........................................................................................ 14
2.1.1 Elementos estruturais lineares ........................................................................ 14
2.1.2 Elementos estruturais bidimensionais ............................................................ 15
2.1.3 Elementos estruturais tridimensionais............................................................ 16
2.1.4 Cargas e esforços nas estruturas ..................................................................... 17
2.1.5 Análise estrutural............................................................................................ 20
2.2 Fundações ............................................................................................................. 21
2.3 Radiers .................................................................................................................. 23
2.3.1 Definição e classificação ................................................................................ 23
2.3.2 Materiais ......................................................................................................... 27
2.3.3 Disposições construtivas ................................................................................ 30
3. PARÂMETROS GEOTÉCNICOS ............................................................................ 31
3.1 Interação solo-estrutura......................................................................................... 31
3.1.1 Fatores de influência no mecanismo da interação solo-estrutura ................... 33
3.2 Hipótese de Winkler e constantes elásticas do solo .............................................. 35
3.2.1 Determinação do coeficiente de reação vertical a partir do uso de tabelas .... 38
3.2.2 Determinação do coeficiente de reação vertical a partir de ensaios de placa 40
3.2.3 Determinação do coeficiente de reação vertical a partir do cálculo do recalque
vertical estimado ..................................................................................................... 41
4. ANÁLISE E MODELOS PARA CÁLCULO DE PLACAS ..................................... 44
4.1 Elementos estruturais de placas ............................................................................ 44
4.1.1 Teorias de placa e soluções analíticas para placas delgadas .......................... 45
4.1.2 Métodos numéricos para solução de problemas de placas delgadas .............. 50
4.2 Estabilidade, capacidade de porte e modelagem da estrutura ............................... 50
4.3 Métodos de cálculo para fundações Radiers ......................................................... 51
4.3.1 Método Estático.............................................................................................. 51
4.3.2 Método do American Concrete Institute (ACI).............................................. 52
4.3.3 Método das Diferenças Finitas ....................................................................... 52
4.3.4 Método da placa sobre solo de Winkler ......................................................... 55
4.3.5 Método dos Elementos Finitos ....................................................................... 55
4.3.6 Método da Analogia de Grelha ...................................................................... 56
5. PROCEDIMENTOS DE ANÁLISE ESTRUTURAL UTILIZANDO MÉTODO DA
ANALOGIA DE GRELHA E MÉTODO DOS ELEMENTOS FINITOS .................... 58
5.1 Procedimento de análise estrutural automatizada utilizando método da analogia de
grelha .......................................................................................................................... 58
5.1.1 Fundamentação do método............................................................................. 58
5.1.2 Software utilizado .......................................................................................... 60
5.1.3 Etapas da modelagem ..................................................................................... 61
5.2 Procedimento de análise estrutural automatizada utilizando Método dos
Elementos Finitos ....................................................................................................... 67
5.2.1 Fundamentação do método............................................................................. 67
5.2.2 Software utilizado – SAP2000 ....................................................................... 71
5.2.3 Etapas da modelagem ..................................................................................... 71
5.2.4 Considerações sobre apoios elásticos à translação ......................................... 87
6. ESTUDOS DE CASO ................................................................................................ 89
6.1 Estudo de caso 01 ................................................................................................. 89
6.1.1 Comparativo entre os dois métodos de cálculo, resultados e conclusões ...... 91
6.1.2 Variação do coeficiente de reação vertical do solo e análise dos resultados . 95
6.1.3 Estudo da variação da rigidez elástica nos apoios ao longo da placa ............ 96
6.2 Estudo de caso 02 ............................................................................................... 100
6.2.1 Resultados iniciais ........................................................................................ 101
6.2.2 Variação do coeficiente de reação vertical do solo e análise dos resultados 105
6.2.3 Variação da espessura do radier: um estudo simplificado de viabilidade
econômica.............................................................................................................. 106
6.3 Conclusões finais relativas aos estudos de caso ................................................. 107
7. CONSIDERAÇÕES FINAIS ................................................................................... 108
8. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ..................................................................... 110
10
1. INTRODUÇÃO
1.1 Apresentação
1.2 Justificativa
estrutural criteriosa através de estudos de casos reais para verificação deste tipo de
estrutura.
Espera-se, desta forma, que o conteúdo deste trabalho gere contribuições para a
área da Engenharia Estrutural, e, possivelmente, para algumas formas de literaturas
técnicas futuras que digam a respeito do dimensionamento de lajes de fundação
(radiers).
1.3 Metodologia
Para este trabalho, será realizada uma pesquisa do tipo exploratória a nível de
objetivos, uma vez que os estudos de caso e resultados estimulam a compreensão do
fenômeno em estudo e a construção de hipóteses. A nível de procedimentos, esta será
uma pesquisa experimental com estudos de caso, onde, segundo Gil (1991), consiste em
determinar um objeto de estudo, selecionar as variáveis que seriam capazes de
influenciá-lo e definir as formas de controle e de observação dos efeitos que as variáveis
produzem no objeto.
1.3.2 Procedimentos
1.4 Objetivos
2. REVISÃO DA LITERATURA
Figura. 2.1 – Vigas e pilares de concreto armado numa construção simples. FONTE: FRAGA, 2013.
Figura 2.2 – Elementos estruturais bidimensionais: placas, chapas e cascas. Fonte: ANDRADE, 2011.
São elementos que possuem três dimensões com a mesma ordem de grandeza,
isto é, não possuem nenhuma dimensão predominante. Exemplo clássico de elementos
tridimensionais ou espaciais na engenharia civil são os blocos de fundações.
17
Figura 2.3 – Bloco de fundação (elemento tridimensional). FONTE: Construtora Lix da Cunha, 2007.
forma transitória (o efeito do vento nas construções, carga de partida das máquinas, etc.)
(CAMPOS, 2010).
Os esforços ativos são conhecidos a priori, uma vez que no projeto são
estabelecidas as dimensões da peça para cálculo do peso próprio, por exemplo.
Os esforços reativos, produzidos pelos vínculos, são denominados de reações de
apoio, sendo determinados pelas equações da estática que regem o equilíbrio das forças
sobre um corpo em repouso (CAMPOS, 2010).
Figura 2.4 – Esforços solicitantes. Corpo recortado virtualmente (a). Distribuição de forças ao longo da
superfície recortada (b). Fonte: LIMA, 2010.
O esforço cortante é um esforço que tende a “cisalhar” o objeto, ou seja, faz com
que a peça tenha a tendência de fazer as suas seções transversais deslizarem umas sobre
as outras. Corresponde às componentes de resultantes de forças contidas no plano da
seção transversal.
Figura 2.5 – Esforço de cisalhamento e esforço normal (da esquerda para a direita). FONTE:
CAROPRESI, 2010.
Figura 2.6 – Esforços de flexão e torção (da esquerda para a direita). FONTE: PALACIOS, 2011.
20
2.2 Fundações
Do latim fundare, que significa apoiar, firmar, fixar, segundo Caputo (1987),
fundação é a parte de uma estrutura que transmite a carga da obra ao terreno subjacente,
o qual pode ser composto por rochas, solos (pedregulhos, areias, argilas, etc.) ou aterros.
O estudo de toda fundação compreende preliminarmente o cálculo das cargas atuantes
na fundação e o estudo do terreno.
Dentro do primeiro grupo, podemos destacar alguns tipos: As estacas, que são
peças alongadas, cilíndricas ou prismáticas cravadas no solo para transmitir as cargas da
estrutura a uma camada profunda e resistente; Os tubulões, que possuem forma
cilíndrica, com base alargada ou não, com função semelhante a das estacas; Os caixões,
22
que são de seção retangular e normalmente possuem volumes muito maiores que os
tubulões.
2.3 Radiers
Fundações do tipo radier são geralmente utilizadas quando o solo tem baixa
capacidade de suporte de carga, quando se quer uniformizar os recalques (o uso do
radier gera uma redução tanto nos recalques totais quanto nos diferenciais, sendo estes
últimos os que geram maiores danos às obras) ou quando as áreas das sapatas se
aproximam umas das outras.
Quanto à classificação dos radiers, estes podem ser diferenciados com relação à
geometria, rigidez à flexão e tecnologia empregada na execução.
Radier liso: é apenas uma laje com espessura constante e sem nenhuma viga
enrijecedora. Forma de execução muito simples é sua principal vantagem;
24
Figura 2.10 – Radier liso. FONTE: Construção civil, blog do engenheiro civil, 2012.
Figura 2.11 – Radier com pedestais ou cogumelos. FONTE: Construção civil, blog do engenheiro
civil, 2012.
Figura 2.12 – Radier nervurado. FONTE: Construção civil, blog do engenheiro civil, 2012.
25
Radier em caixão: tem a vantagem de possuir uma grande rigidez e poder ser
executado com vários pisos.
Figura 2.13 – Radier em caixão. FONTE: Construção civil, blog do engenheiro civil, 2012.
Radier rígido é aquele que, por ter uma rigidez à flexão elevada, os
deslocamentos relativos da placa são desprezíveis e assim pode ser tratado como um
corpo rígido. O contrário ocorre para o radier elástico, que possui menor rigidez.
⁄
√
2- a variação nas cargas e espaçamento das colunas deve ser menor ou igual
a 20%.
26
2.3.2 Materiais
Figura 2.14 – Detalhe de cordoalha de sete fios. FONTE: Revista Téchne, 2012.
Tabela 2.2 – Características das cordoalhas engraxadas de sete fios. FONTE: DÓRIA, 2007.
30
3. PARÂMETROS GEOTÉCNICOS
Mas na verdade tal hipótese pode ser considerada equivocada, e para se projetar
de acordo ou mais próximo da realidade, deve ser considerada a deformabilidade do
solo nos projetos de estrutura. A superestrutura e a infraestrutura irão trabalhar de forma
conjunta. Daí a necessidade de se estudar a interação solo-estrutura.
O terceiro tipo considera uma nova edificação construída entre outras duas já
existentes. O prédio construído por último gera um acréscimo de tensões no maciço e,
consequentemente, recalques nos dois prédios mais antigos.
Por fim, o quarto tipo se refere a duas novas edificações construídas vizinhas a
uma outra já existente. A edificação mais antiga provoca o pré-adensamento do solo e
os novos prédios, ao serem construídos, sofrerão tombamento em sentidos contrários.
O caso “a” mostra uma estrutura infinitamente rígida, a qual apresenta recalques
uniformes, apoiada em meio elástico. Este tipo é independente do tempo. Como
exemplo pode-se ter edifícios muito altos e com fechamento das paredes resistentes
trabalhando em conjunto com a estrutura.
No caso “b” tem-se uma estrutura perfeitamente elástica, que possui rigidez que
não depende da velocidade de progressão dos recalques, ou seja, não depende do tempo.
Estruturas de aço possuem comportamento semelhante a este caso.
No caso “c” refere-se a uma estrutura visco-plástica, que possui rigidez que
depende da velocidade de progressão dos recalques diferenciais, isto é, ela depende do
tempo. Se os recalques acontecem em pouco tempo, o comportamento da estrutura
tende para o caso “b”. Mas se a progressão dos recalques acontecer de forma lenta, o
comportamento da estrutura tenderá para o caso “d”. Estruturas de concreto armado
apresentam comportamento semelhante a este caso.
35
Já no caso “d”, a estrutura não apresenta rigidez aos recalques diferenciais, ela se
adapta perfeitamente às deformações do solo. Logo, este caso também não depende do
tempo. Pode-se ter como exemplo aproximado as estruturas isostáticas e edifícios
compridos ao longo do eixo horizontal.
Assim um modo de representar o radier é como uma grelha sobre base elástica,
em que as molas são posicionadas nos nós da grelha, como mostrado na figura a seguir:
Figura 3.3 – Representação do radier pelo método de grelha sobre base elástica. FONTE: PACHECO,
2010.
36
Logo, devem ser determinados valores de coeficiente de reação para cada tipo de
solo e de sistema de fundação. Define-se então o parâmetro kv (coeficiente de reação
vertical) para representar o coeficiente de rigidez que o solo possui para resistir ao
deslocamento mobilizado por uma pressão imposta. Enquanto o coeficiente de mola
está relacionado a uma força, o coeficiente de reação vertical relaciona-se com uma
pressão.
37
Figura 3.5 – Analogia entre coeficiente de mola e coeficiente de reação vertical. FONTE: ANTONIAZZI,
2011.
Onde,
é o deslocamento vertical;
Com base na Hipótese de Winkler, Scarlat (1993) demonstra uma forma mais
simples de quantificar o efeito da deformabilidade dos solos. Segundo ele, o método
mais preciso seria através de uma análise interativa tridimensional em que o solo e a
estrutura são idealizados como um sistema único, mas pela sua complexidade não é
muito utilizada na prática. Sua forma simplificada seria considerar uma série de molas
discretas sob a base da fundação. As molas são representadas pelo coeficiente de apoio
elástico Ks, o qual é diretamente proporcional ao módulo de reação ki e à área carregada
Af.
38
Moraes (1976) também propôs alguns valores para o módulo de reação vertical
na falta de métodos apropriados (tabela 3.2).
39
Para todos os efeitos, ainda que existam modelos mais complexos para a
consideração da interação solo-estrutura, como os modelos com base na teoria de
Mindlin (1936), será adotado o modelo da fundação elástica simples para a
consideração da interação solo-estrutura nos estudos de caso deste trabalho. A análise
de interação solo-estrutura, portanto, será feita em método computacional com a ajuda
de um programa de análise estrutural que represente o solo através de molas com rigidez
equivalente que serão obtidas através das tabelas de Terzaghi e Moraes.
Esse ensaio é feito por meio de provas de carga sobre placa, em que é realizado
um ensaio de compressão diretamente na superfície ou em determinada profundidade do
terreno utilizando uma placa metálica e rígida de área superior a 0,5 m². São aplicadas
cargas verticais no centro da placa de maneira incremental e para cada etapa de
incremento de carga medem-se as deformações. O resultado do ensaio é apresentado na
forma de um gráfico com uma curva pressão-recalque.
Porém, antes de ser utilizado, segundo Velloso & Lopes (2004), o coeficiente de
reação vertical obtido a partir do ensaio de placa necessita ser corrigido em função da
dimensão e da forma da fundação real, de acordo com as equações apresentadas a
seguir.
Onde:
( )
Onde:
v é o coeficiente de Poisson;
42
Ip é o fator de forma.
Onde 0 e 1 são fatores obtidos pelas curvas que relacionam L/B em função de
h/B e H/B, sendo L o comprimento e B a largura do radier, h a profundidade do radier
com relação à superfície do terreno e H a espessura da camada compressível a partir da
base do radier.
43
Figura 3.6 – Fatores 0 e 1 para o cálculo do recalque imediato em camada argilosa finita. FONTE:
ANTONIAZZI, 2011.
Já para solos arenosos pode-se utilizar esta última equação majorada pelo valor
de 1,21 para corrigir os fatores 0 e 1, os quais foram desenvolvidos para argila
saturada com coeficiente de poisson v = 0,5. Além disso, como as areias não apresentam
módulo de elasticidade constante com a profundidade, deve-se subdividir o solo arenoso
em camadas com um valor E médio para cada.
44
As placas rígidas (ou placas delgadas) são placas finas com relação h/L
variando em torno de 1/50 à 1/10, possuindo assim uma determinada rigidez à flexão e
determinados esforços resistentes de momento fletor, momento torsor e esforço cortante
(semelhante à vigas) quando submetidas à carregamento externo. Na prática da
engenharia, o simples termo ‘placa’ refere-se a estas placas delgadas (placas rígidas) a
menos que seja especificado outro tipo da placa. Exemplos são as lajes de piso ou de
fundação.
45
Para relações h/L entre 1/10 e 1/5, tem-se placas moderadamente espessas, que
apresentam comportamento um pouco diferenciado em relação às placas delgadas, pois
agora devem ser levados em conta os efeitos das tensões normais na direção transversal
à superfície. Quando a relação da espessura e maior comprimento ultrapassa 1/5 a placa
deve ser considerada como placa espessa, e sua distribuição de tensões deve ser
analisada como um meio contínuo tridimensional.
estrutural de placas, como o método dos elementos finitos, que proporcionam resultados
tão eficientes quanto as soluções analíticas, dependendo da área de aplicação.
Figura 4.1 – Placa submetida à carregamento normal externo p z(x,y). A linha tracejada representa o plano
médio da placa. FONTE: SZILARD, 2004.
3. A meia altura de sua espessura, a placa possui uma superfície denominada de plano
médio, que nem é comprimida nem tracionada. Sendo assim seções normais à superfície
média permanecem planas após a deformação (análoga à hipótese de Navier-Bernoulli
para vigas);
Onde w(x,y) corresponde à deflexão, com sentido positivo para baixo e pz(x,y) é
o carregamento externo ambos representados conforme a figura 4.2. O parâmetro D
representa o módulo de rigidez à flexão da placa, que é análogo ao módulo de rigidez à
flexão de uma barra W, conforme expresso a seguir:
49
Nota-se que a rigidez à flexão de placas é nada mais do que a rigidez à flexão de
barras W corrigida pelo fator onde é o coeficiente de Poisson, que é o
coeficiente que relaciona as deformações longitudinais e transversais. Para o concreto
armado geralmente adota-se um valor entre 0,2 e 0,3 para . Naturalmente esta
expressão é válida apenas para placas retangulares, onde o momento de inércia de sua
de um metro, já que os esforços nas placas, por convenção, são considerados por
unidade de comprimento (no caso, por metro). Para um coeficiente de Poisson de 0,3
temos que
A laje tipo radier é tratada como uma placa sob base elástica (solo), e, segundo
Doria (2007), busca-se, essencialmente, a solução da equação diferencial de equilíbrio
desta placa sob base elástica. Segundo Montoya (1987), no projeto de um radier deve-se
procurar que a resultante das ações transmitidas pela estrutura passe o mais perto
possível do centro de gravidade do radier com a finalidade de conseguir uma
distribuição de tensões no solo o mais uniforme possível e evitar recalques diferenciais.
O outro tipo é o cálculo pela área de influência dos pilares. Neste, as pressões
são uniformes nas áreas de influência dos pilares. Aplicado para radiers mais flexíveis,
com rigidez relativa média.
Segundo Dória (2007), é um método indicado apenas para o cálculo dos esforços
internos na fundação para o seu dimensionamento, pois só considera o equilíbrio da
reação do terreno e das cargas atuantes, não sendo possível ser feita uma avaliação da
distribuição dos recalques.
52
estudada(as) em todo o meio continuo. Para isso, Sousa (2006) diz que o Método das
Diferenças Finitas consiste em resolver a equação diferencial em pontos discretos. Desta
maneira, a superfície da placa é discretizada em uma malha regular (com pontos
igualmente espaçados), onde as derivadas parciais da equação geral diferencial das
placas são substituídas (aproximadas) por equações algébricas em função dos valores da
variável em cada nó, relacionando os deslocamentos de um ponto da malha com seus
pontos vizinhos, através destas equações.
Em suma, Sousa (2006) diz que, o uso da técnica de Diferenças Finitas procura
escrever os operadores diferenciais em sua forma discreta, ou seja, em função de valores
pontuais da solução. O conhecimento da solução, mesmo que de forma aproximada, em
alguns pontos dá uma boa ideia da solução contínua, à medida que essa nuvem de
pontos é adensada o valor da resposta numérica se aproxima do valor real.
Assim para uma função contínua f(x,y) que tem valores conhecidos num
conjunto discreto de pontos (i, j, k, l, etc.) tem-se que a determinação das derivadas da
função f(x,y) nestes pontos pode ser feita por operadores de diferenças finitas, que são
mostrados na próxima tabela. A demonstração da aproximação das derivadas pode ser
obtida em literaturas como Szilard (2004) e Soares (2010).
54
Figura 4.3 – Malha para solução de aproximação de derivadas por diferenças finitas. FONTE: DINIS,
2004.
Tabela 4.1 – Expressões obtidas para as derivadas parciais necessárias à análise de placas retangulares
por diferenças finitas (operadores de diferenças finitas até a quarta derivada). A notação está de acordo
com a figura 4.3. FONTE: DINIS, 2004.
55
O método dos elementos finitos (MEF) é um dos métodos mais utilizados e mais
viáveis para a solução de problemas de placas e na análise de meios contínuos em geral
(lajes, paredes, cascas e sólidos).
Trata-se de uma técnica para a aproximação de funções, que pode ser necessário
por diversas razões, como, por exemplo, a possibilidade de determinar a solução
aproximada para uma equação diferencial. No caso em estudo, está se tratando
especificamente da equação diferencial que rege os deslocamentos de placas delgadas.
Figura 4.4 – Elemento estrutural atual (placa) e sistema de grelhas substituinte (representação da placa
através de grelha). FONTE: SZILARD, 2004.
58
Neste método, segundo Dória (2007), deve-se substituir a placa (no caso, o
radier) por uma grelha equivalente composta de elementos do tipo barra, onde cada
barra representa uma faixa determinada da laje conforme a abertura escolhida para a
malha. Cada faixa da grelha irá representar uma faixa da placa, apresentando a
espessura da laje e a largura, a qual é dependente da malha da grelha. Portanto, as barras
devem apresentar propriedades que representem geométrica e fisicamente a placa em
estudo.
59
Neste caso, segundo Dória (2007), a vinculação das barras permite a interação
de forças ortogonais ao plano da grelha e de dois momentos em torno dos eixos
pertencentes a esse plano por nó da barra. Cada nó apresenta três graus de liberdade,
sendo uma translação ortogonal e duas rotações no plano do radier.
explicado o que fazer para obter esse momento) tendem a convergir para um mesmo
valor, obtendo-se assim um resultado razoável para malhas de 30 cm por 30 cm ou de
20 cm por 20 cm. Para espaçamentos maiores que 30 cm, os resultados já divergem
muito, tornando-os não viáveis para utilização e posterior comparação com o modelo de
elementos finitos.
Figura 5.7 – Alteração do multiplicador de deslocamentos verticais para simular deformação lenta.
É importante notar que o coeficiente de mola, a rigor, seria diferente nos nós das
bordas de cada barra da grelha, pois a área de influência desses nós é menor do que a
dos nós centrais (os nós referentes às “arestas” do radier possuem metade da área de
influência dos nós centrais, enquanto que os nós referentes aos “vértices” (cantos)
possuem apenas um quarto do valor), o que resultaria numa rigidez menor para os nós
extremos. Porém, foi constatado que esta diferença pode ser desprezível dado o porte do
radier e o carregamento nele atuando, o que dá uma boa aproximação dos resultados
encontrados. Um estudo a respeito desta consideração é realizado no capítulo seis.
Uma diferença entre o método das diferenças finitas (MDF) e o MEF refere-se à
topologia de discretização do domínio. O MDF geralmente utiliza malhas com
elementos cujos intervalos entre os nós adjacentes sejam constantes nas duas direções,
conforme figura abaixo (5.11). Tal consideração dificulta a discretização de geometrias
irregulares, como o da figura 5.12, e, assim a utilização do MDF fica inviável para
domínios de geometria irregular ou complexa, conforme salientado.
Figura 5.11 – Discretização de um elemento de geometria regular utilizando malha com elementos cujos
intervalos entre os nós adjacentes sejam constantes.
69
Figura 5.12 – Discretização de um elemento de geometria irregular utilizando malha com elementos cujos
intervalos entre os nós adjacentes sejam constantes.
O MEF, por sua vez, não requer a utilização de malhas regulares, com intervalos
entre nós adjacentes constantes, permitindo a discretização em elementos com
dimensões diferenciadas. Isto permite e viabiliza a resolução de problemas de placas de
geometria irregular, além de oferecer uma melhor aproximação em regiões onde há
maior concentração de tensões.
Figura 5.13 – Discretização de um elemento de geometria circular através de uma malha de elementos
com geometrias diferenciadas. FONTE: SZILARD, 2003.
70
Figura 5.14 – Discretização de um elemento através de uma malha de elementos com geometrias
diferenciadas.
Szilard (2003) afirma que podemos nos utilizar do MEF de três maneiras: a
primeira seria uma solução manual com auxílio de calculadora científica, o que iria
demandar um grande trabalho e iria se limitar a soluções simples; a outra utilização é
através da geração de algoritmos e rotinas utilizando uma linguagem de programação; e
71
geometria e cargas arbitrários. O mesmo roteiro será utilizado para o processamento dos
estudos de caso, e portanto nestes só serão apresentados os resultados.
grade em cada direção (x e y), o que resultará num retângulo. O espaçamento das grades
(‘grid spacing’) serão as próprias dimensões deste retângulo, que, no caso,
corresponderá à placa que iremos inserir. Como sempre, neste roteiro será trabalhado
apenas com valores arbitrários. Utilizou-se 12 e 8 nas direções x e y, respectivamente,
resultando numa grade correspondente à um retângulo de dimensões 12 por 8.
Figura 5.17 – Grade correspondente à um retângulo de 12 por 8, que serão as dimensões da placa.
Figura 5.18 – Definição de materiais. Deve-se selecionar a opção “Add New Material...” para definir um
novo tipo de material.
Figura 5.20 – Após inserido o novo material, este estará mostrado na janela de definição de novos
materiais.
Ao ser selecionada a opção para definir nova seção tipo ‘Shell’, a janela abaixo
irá aparecer. Deve ser escolhida a opção de placa delgada (“Plate – Thin”), com o
material criado anteriormente (denominado de Concreto 25 MPa). Para este exemplo
será adotado um radier de 20 cm de espessura, que deve ser inserida nas janelas de
“Thickness”, conforme figura abaixo.
Figura 5.23 – Ao ser inserida a nova seção, esta será mostrada na janela de definição de ‘Area Sections’.
Com todas as definições realizadas, resta inserir a seção criada com o material
correspondente na interface do SAP. Para isso, ao clicar na opção “Draw Rectangular
Area Element” é permitido criar manualmente uma elemento de área retangular cujas
seções e materiais foram os especificados anteriormente. Para realizar o desenho manual
basta selecionar os pontos externos do retângulo criado no ‘grid’ e certificar-se de que a
seção utilizada será a definida anteriormente.
Figura 5.24 – Desenho manual de elemento de área retangular, no caso o próprio radier.
utilizando o CAD/TQS. Para isso deve ser realizado um teste de convergência da malha,
verificando se as diferenças dos valores dos resultados passam a ser insignificantes
quando a malha é alterada (no caso, diminuída). Para este caso foi verificado que uma
malha de dimensões 40x40 seria suficiente.
Figura 5.26 – Divisão do elemento em vários elementos de área menores, após ser selecionada a opção
‘divide areas’. Neste caso foram utilizados elementos de 40x40 cm.
Figura 5.27 – Elemento de placa (radier) dividido em vários elementos menores de 40x40cm.
81
Um detalhe muito importante que deve ser ressalvado é a questão destes tipos de
apoios que foram inseridos. Os chamados ‘Area Springs’ do SAP2000 inserem apoios
elásticos à translação em cada nó da malha de elementos finitos considerando
automaticamente a área de influência de cada elemento. Caso se opte por inserir apoios
elásticos em cada nó (e não por área), pode-se utilizar a opção ‘Joint Springs’, na área
‘Assign, na opção ‘Joints’. Mas deve ser tomado o cuidado para multiplicar o valor do
coeficiente pela área de influência de cada elemento.
Figura 5.28 – Selecionando todos os elementos de uma única vez a partir do comando ‘Select All’.
82
Figura 5.29 – Inserção dos apoios elásticos de translação a partir de ‘Area Springs’.
Para definição das cargas deve-se selecionar a opção ‘Load Patterns’ na aba
‘Define’, e criar um novo ‘padrão’ de carga para representar as forças que serão
introduzidas na laje. Neste exemplo, chamaremos o padrão de carga simplesmente de
‘SOBRECARGA’. Para inserir basta selecionar o botão ‘Add New Load Pattern’, tendo
83
cuidado em escolher o tipo do padrão como ‘LIVE’, já que se tratará de uma carga
“viva” e não carga “morta”, como peso próprio.
Agora basta selecionar os nós nos quais serão inseridas as cargas, entrando com
o valor da carga por nó na opção ‘Joint Loads’, localizada na aba ‘Assign’.
Figura 5.31 – Inserção das forças nos nós. É importante notar que deve ser escolhido o ‘pattern’
criado para as forças externas, no caso, o pattern ‘SOBRECARGA’.
Figura 5.34 – Processamento da estrutura no SAP2000. O carregamento ‘Modal’ não será processado.
Figura 5.36 – Mostrar resultados relativos a momentos na direção local 2 e cargas de sobrecarga apenas.
Figura 5.38 – Áreas de influência que contribuem para o valor da rigidez da mola em unidade de força
por metro. Nota-se que os apoios elásticos das bordas tem um valor de rigidez menor para a modelagem
uma vez que a área de influência é menor.
88
6. ESTUDOS DE CASO
Neste capítulo serão realizados dois estudos de caso que terão diferentes
objetivos. O primeiro estudo será voltado para uma análise comparativa em várias
etapas, sendo assim este se tratará de um modelo estrutural fictício. O segundo estudo
de caso será realizado com objetivos mais práticos, sendo assim será realizada a
modelagem de uma placa radier com geometria um pouco mais complexa, onde nesta
serão mostrados os resultados de detalhamento das armaduras, esforços e por fim um
estudo simplificado de custos em função da espessura e área de aço total do radier,
visando uma abordagem mais prática. O primeiro estudo de caso será feito
essencialmente com o software SAP2000 v.14. Já no segundo estudo será utilizado o
CAD/TQS v.17.
Neste primeiro estudo de caso será realizada a modelagem de uma laje de radier
como placa sob base elástica, utilizando apoios elásticos à translação com valores de
rigidez estimados a partir do coeficiente de reação vertical do solo. A estrutura será
modelada utilizando o SAP2000 v.14 e em seguida o CAD/TQS v.17. O objetivo é
realizar uma comparação entre os resultados obtidos, uma vez que os dois softwares
mencionados utilizam modelos de cálculo diferentes (elementos finitos e analogia de
grelha, respectivamente).
Sendo assim, a estrutura utilizada será a laje conforme planta de forma abaixo.
Trata-se, naturalmente, de uma estrutura fictícia, uma vez que neste estudo visam-se
apenas realizar análises comparativas. Tem-se que, então, será modelada uma placa
submetida à carregamentos de paredes de 0.53 tf/m ao longo de sua extensão (conforme
mostrado na próxima figura) e cargas concentradas de pilares nos cantos de 30 tf cada.
90
3. Verificar se a variação da rigidez das molas nas bordas desta placa resultará numa
variação de esforços significativos da estrutura.
Figura 6.1 – ‘Planta de forma’ da estrutura que será modelada. A linha mais espessa representa a laje
radier, com dimensões de 15m por 8m. As linhas delgadas representam paredes com carregamento linear
de 0,53 tf/m e os pilares nos cantos cada um com cargas concentradas de 30 tf.
91
Tabela 6.1 – Resumo dos resultados obtidos para a primeira parte do estudo de caso 01.
Pode-se notar que os resultados foram bastante próximos, mesmo para os valores
de esforços altos considerados. Ainda assim, em nível de dimensionamento à flexão e
verificação de flechas, ambos os métodos de cálculo devem fornecer resultados muito
próximos. A bem da verdade, este resultado era de se esperar, pois seria sem sentido
afirmar que utilizando dois métodos de cálculo diferentes para o mesmo problema iriam
ser fornecidos resultados bastante divergentes. É importante também salientar que em
várias situações é necessário realizar um comparativo entre resultados de dois softwares
diferentes, gerando assim maior confiança nos valores encontrados.
Assim, se para este exemplo o coeficiente de reação vertical do solo é de 1000 tf/m³ e a
malha resultou numa discretização de 25x25 cm, resultando numa área de influência de
0.0625 cm² nos nós do centro, 0.03125 cm² nos nós das bordas e 0.015625 cm² nos nós
dos cantos (equivalentes às áreas A2, A3 e A1, respectivamente, da figura 5.37), o valor
da rigidez dos apoios elásticos é, a rigor, variável ao longo da extensão da placa,
conforme já mencionado. Ou seja, o valor das rijezas das molas nas bordas é diferente
das rijezas das molas no centro, porém o software não permite a principio a utilização
destes valores variáveis, mas sim um único valor de entrada, que no caso será o valor da
rigidez das molas do centro, que corresponde à grande maioria. Isto resultará num
momento fletor adicional devido à esta não conformidade, que será avaliado mais
adiante. Um dos motivos para a diferenciação dos resultados dos momentos pode ter
sido justamente devido a esta consideração, e não somente da metodologia de cálculo
em si.
Tabela 6.2 – Resultados para esforços característicos de momentos fletores e deslocamentos a partir da
variação do coeficiente de reação do solo (e consequentemente da rigidez do apoio elástico) utilizando o
SAP2000.
Fica bastante claro a partir da tabela acima que os valores dos esforços não
seguem uma proporcionalidade em relação à variação da rigidez da mola. Há uma
mudança significativa dos momentos apenas quando a variação das rijezas forem muito
bruscas. Por exemplo, alterar o valor de Kv de 2500 tf/m² para 25000 tf/m² (ou seja,
tornando-o dez vezes menor) irá apenas diminuir o valor do momento positivo máximo
em cerca de 50%. Para os deslocamentos, entretanto, esta variação tende a seguir uma
tendência exponencial, onde para valores muito baixos de Kv uma variação passa a ser
bastante significativa. Todavia, valores de coeficientes de reação vertical do solo abaixo
de 500 tf/m³ são praticamente inexistentes ou inviáveis de serem trabalhados, sendo os
valores usuais e práticos sempre acima destes. De toda forma, a variação dos
deslocamentos ainda assim apresentou ser um pouco mais sensível, mas nada que fosse
considerado alarmante dentro dos valores usuais de Kv.
Figura 6.8 – Fluido exercendo pressão num êmbolo. Não há resultantes internas na ‘’placa’’ pois todos os
pontos onde o carregamento distribuído externo é aplicado são combatidos pela pressão (empuxo) interna
do fluido nos vários pontos.
Figura 6.9 – As molas tipo 1, 2 e 3 tem valores de rigidez diferente, a rigor. As do tipo 1 tem rigidez
obtida multiplicando o coeficiente de reação do solo, Kv, pela área de cada elemento da malha. Já as
molas do tipo 2 e 3 (nas bordas da placa), tem seus valores de rijezas reduzidos, uma vez que a área a ser
considerada será metade ou um quarto da área considerada para a mola do tipo 1, conforme ressalvado na
figura 5.37.
99
Figura 6.10 – Comparativo entre os valores das rijezas das molas no SAP2000. As duas placas estão
submetidas à um carregamento de 5 tf/m². A placa na parte superior é modelada com valor de rigidez
elástica de 250 tf/m em todos os seus nós, enquanto que a placa da parte inferior é modelada com valores
de rigidez elástica de 250 tf/m nos nós do centro, 125 tf/m nos nós da borda, e 62,5 tf/m nos quatro nós do
canto, ou seja, considerou-se a área de influência de cada um, o que resultou em valores de momentos
fletores nulos para carregamentos distribuídos por área.
Tabela 6.3 – Resultados para os maiores valores de momentos fletores característicos quando comparadas
as modelagens utilizando apoios elásticos do tipo ‘Area Springs’ (considerando a área de influência, AS)
e ‘Joint Springs’ (JS, sem considerar a variação do valor da rijeza elástica nas bordas).
Neste segundo estudo de caso será realizada também uma modelagem de uma
laje de radier como placa sob base elástica utilizando apoios elásticos à translação com
valores de rigidez estimados a partir do coeficiente de reação vertical do solo. A
estrutura será modelada utilizando o CAD/TQS v.17.
Neste caso, a estrutura utilizada será uma laje radier com uma geometria um
pouco mais complexa, e não simplesmente retangular como no estudo anterior, pois
agora visa-se realizar uma abordagem mais real. Assim será modelada uma placa de
radier submetida à carregamentos de alvenaria estrutural de uma pequena edificação. O
valor adotado para o carregamento da alvenaria estrutural é de 7 tf/m ao longo de toda a
extensão da alvenaria. Também será levado em conta, naturalmente, o carregamento
devido ao peso próprio da laje e carga acidental. A geometria do radier esta mostrada
segundo a planta de forma a seguir. Também tem-se que para este caso utilizou-se um
coeficiente de reação do solo de 9600 tf/m³, a espessura da placa foi inicialmente
adotada de 20 cm e o concreto com resistência característica de 25 MPa.
2. Assim como no estudo 01, verificar o quanto o valor do coeficiente de reação vertical
do solo, pode influenciar nos resultados dos esforços e deslocamentos característicos;
101
Figura 6.11 – Planta de forma utilizada para o estudo de caso 02. As linhas mais finas representam a
extensão da alvenaria estrutural, enquanto que a linha mais espessa o contorno da laje.
Tabela 6.4 – Variação dos esforços característicos e deslocamentos imediatos em função do Kv.
Para cálculo dos preços unitários e totais foi utilizado como base a tabela de
preços SANEGO (2012) e boletim de preços unitários da construção SidusConMS para
concreto estrutural de 25 MPa e aço tipo CA-50.
7. CONSIDERAÇÕES FINAIS
É de bom senso esperar que na prática dos problemas da engenharia existem não
só uma, mas várias soluções. É necessário, todavia, verificar a viabilidade destas
soluções. Isto é, na prática, existirá uma solução ideal, uma solução que será melhor e
mais viável que as outras e deverá ser a adotada. Cabe ao engenheiro saber não só
determinar a solução do problema, mas sim realizar esta seleção. Um software
automatizado irá apenas propor um resultado, porém não necessariamente o melhor. O
109
Por fim, propõe-se que sejam realizados outros trabalhos também direcionados
sempre a estudos comparativos. Exemplos que poderiam ser trabalhados referem-se ao
comportamento da estrutura de radier quando apoiada em um solo heterogêneo,
verificação de esforços de cortante e torção, utilização barras de protensão, entre outros.
110
8. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
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de Mestrado da UNICAMP/FEC.
AZEVEDO, Álvaro, F.M. Método dos elementos finitos. 1ª Ed, Porto, 2003.
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e ampl., Rio de Janeiro: LTC, 2011.
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COSTA NUNES, A.J. Curso de mecânica dos solos e fundações. Editora Globo,
1956.
DINIS, Lúcia M.J.S. O Método das Diferenças Finitas na Análise de Placas
Rectangulares Finas. Notas de aula, 2004.
DÓRIA, L.E.S. Projeto de estrutura de fundação em concreto do tipo radier, 2007.
Dissertação (Mestrado em Engenharia Civil : Estruturas) – Universidade Federal de
Alagoas. Centro de Tecnologia. Maceió, 2007.
EMERICK, A.A. Projeto e Execução de Lajes Protendidas, 2002. Notas de aula.
GIL, Antônio Carlos. Como elaborar projetos de pesquisa. 3ª Ed. São Paulo: Atlas,
1991.
HAMBLY, Edmund C. Bridge Deck Behaviour. London. Ed. John Wiley & Sons, Inc.
London. (1976).
SOUSA Jr., L. C. Uma Aplicação dos Métodos dos Elementos Finitos e Diferenças
Finitas à Interação Fluido-Estrutura. 2006. 217f. Dissertação (Mestrado em Estrutura
e Construção Civil) – Departamento de Engenharia Civil e Ambiental, Universidade de
Brasília, Brasília, 2006.