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UNIVERSIDADE FEDERAL DE PERNAMBUCO

CENTRO DE TECNOLOGIA E GEOCIÊNCIAS


DEPARTAMENTO DE ENGENHARIA CIVIL E AMBIENTAL
CURSO DE GRADUAÇÃO EM ENGENHARIA CIVIL

MARCUS FERNANDO DIAS CORRÊA DE ARAÚJO

ANÁLISE COMPARATIVA DE DESEMPENHO ENTRE PAINÉIS DE CONCRETO


LEVE LIGHTWALL E SISTEMAS CONVENCIONAIS DE ALVENARIA DE
VEDAÇÃO

Recife
2020
MARCUS FERNANDO DIAS CORRÊA DE ARAÚJO

ANÁLISE COMPARATIVA DE DESEMPENHO ENTRE PAINÉIS DE CONCRETO


LEVE LIGHTWALL E SISTEMAS CONVENCIONAIS DE ALVENARIA DE
VEDAÇÃO

Trabalho de Conclusão de Curso apresentado


ao Curso de Graduação em Engenharia Civil
da Universidade Federal de Pernambuco,
como requisito parcial para a obtenção do
Grau de Engenheiro Civil

Orientador: Prof. Dr. Tibério Wanderley Correia de Oliveira Andrade.

Recife
2020
Catalogação na fonte
Bibliotecária Margareth Malta, CRB-4 / 1198

A663a Araújo, Marcus Fernando Dias Corrêa de.


Análise comparativa de desempenho entre painéis de concreto leve lightwall e
sistemas convencionais de alvenaria de vedação / Marcus Fernando Dias Corrêa de
Araújo. - 2020.
97 folhas, il., gráfs., tabs.

Orientador: Prof. Dr. Tibério Wanderley Correia de Oliveira Andrade.

TCC (Graduação) – Universidade Federal de Pernambuco. CTG.


Departamento de Engenharia Civil e Ambiental, 2020.
Inclui Referências.

1. Engenharia Civil. 2. Lightwall. 3. NBR 15575. 4. Sistemas


construtivos. I. Andrade, Tibério Wanderley Correia de Oliveira
(Orientador). II. Título.

UFPE

624 CDD (22. ed.) BCTG/2020-107


MARCUS FERNANDO DIAS CORRÊA DE ARAÚJO

ANÁLISE COMPARATIVA DE DESEMPENHO ENTRE PAINÉIS DE CONCRETO


LEVE LIGHTWALL E SISTEMAS CONVENCIONAIS DE ALVENARIA DE
VEDAÇÃO

Trabalho de Conclusão de Curso apresentado


ao Curso de Graduação em Engenharia Civil
da Universidade Federal de Pernambuco,
como requisito parcial para a obtenção do
Grau de Engenheiro Civil.

Aprovado em: 13/02/2020.

BANCA EXAMINADORA

_________________________________________________
Prof. Dr. Tibério Wanderley Correia de Oliveira Andrade (Orientador)
Universidade Federal de Pernambuco

_________________________________________________
Prof. Dr. Rubens Alves Dantas (Examinador Interno)
Universidade Federal de Pernambuco

_________________________________________________
Eng. Otávio Joaquim da Silva (Examinador Externo)
Tecomat Engenharia
Dedico esse trabalho a toda minha família, que sempre esteve ao meu lado nas
decisões da vida pessoal e profissional, em especial aos meus pais, pois eles sempre foram
presentes e me deram a sabedoria necessária para chegar até aqui. Aos meus companheiros de
trabalho que de uma forma ou de outra foram fundamentais para o desenvolvimento dos
painéis Lightwall.
AGRADECIMENTOS

Agradeço primeiramente Àquele que permitiu que tudo isso acontecesse. Obrigado, meu
Deus, pois até aqui o Senhor me ajudou, sempre sendo minha fortaleza, o meu refúgio e o
meu sustento no decorrer dessa caminhada. À minha Mãe Maria também o meu
agradecimento, Ela sempre me manteve firme e me ensinou que devemos ser fiéis à vontade
de Deus em nossas vidas, mesmo sem saber aonde o Senhor pode nos levar.
À minha família, o meu muito obrigado. Sempre comemoraram comigo todas as minhas
conquistas e vibramos juntos com cada uma delas. Meus pais, meus irmãos, meus avós, tios,
primos e namorada, obrigado por tudo, por todo apoio e por sempre estarem comigo nessa
caminhada. Essa conquista é também por cada um de vocês. Em especial, agradeço ao meu
Avô Fernando (In Memoriam), que foi o responsável por essa família de construtores que ele
mesmo gerou e que me despertou o dom de ser um engenheiro civil.
Todos que fazem parte da família MF, como não agradecer por todos os conhecimentos
técnicos e humanos adquiridos ao longo desses anos. Minha gratidão a todos que fazem parte
da MF Engenharia e MF Artefatos.
Ao Colégio Damas, a minha base educacional, o meu muito obrigado. Agradeço não
somente pelos conhecimentos adquiridos ao longo dos anos que estudei lá, mas por toda a
minha formação humana e cristã.
RESUMO

As sociedades modernas passam atualmente por intensas transformações que abrangem


a organização social, os modelos econômicos, o desenvolvimento tecnológico, o
aproveitamento racional de recursos e o respeito à natureza. Em consenso com órgãos
governamentais, associações de profissionais, universidades, instituições técnicas e setor
produtivo, a Câmara Brasileira da Indústria da Construção - CBIC solicitou à Associação
Brasileira de Normas Técnicas a revisão de tão importante conjunto normativo, no que foi
prontamente atendida. Após quase dois anos de trabalhos de revisão, com participação jamais
vista em Comissões de Estudos de normas técnicas no Brasil, chegando a se verificar reuniões
com a presença de mais de 120 ativos participantes, a norma ABNT NBR 15575 “Edificações
Habitacionais – Desempenho” entra oficialmente em vigor a partir de julho de 2013, sendo
consenso que o referido conjunto normativo. Objetiva-se, dessa forma, colocar à disposição
de consumidores, produtores e construtores de habitações um estudo comparativo entre
sistemas construtivos, visando esclarecer as principais dúvidas a respeito do desempenho de
diversos SVVIE´s que possuem características e composições diferentes.

Palavras-chave: Lightwall. NBR 15575. Sistemas construtivos.


ABSTRACT

Modern societies are currently undergoing intense transformations that include social
organization, economic models, technological development, rational use of resources and
respect for nature. In consensus with government agencies, professional associations,
universities, technical institutions and the productive sector, a Brazilian Chamber of the
Construction Industry - CBIC asked the Brazilian Association of Technical Standards for such
an important review of the normative set, no was promptly answered. After almost two years
of revision work, with participation never seen before in Technical Study Commissions in
Brazil, even verifying interviews with more than 120 active participants, an ABNT NBR
15575 standard “Housing Buildings - Performance” officially comes into force as of July
2013, considering the set of regulations referred to. Thus, the objective is to make available to
consumers, producers and home builders in a comparative study between construction
systems, to clarify as main questions about the respect for the performance of several
SVVIE's that have different characteristics and compositions.

Keywords: Lightwall. NBR 15575. Construction systems.


SUMÁRIO

1 INTRODUÇÃO ....................................................................................................... 11
1.1 JUSTIFICATIVA E MOTIVAÇÃO ......................................................................... 12
1.2 OBJETIVOS GERAIS E ESPECÍFICOS ................................................................. 12
2 REFERENCIAL TEÓRICO .................................................................................. 14
2.1 SISTEMAS DE VEDAÇÕES VERTICAIS INTERNAS E EXTERNAS
(SVVIE) ..................................................................................................................... 14
2.1.1 Classificação ............................................................................................................. 14
2.1.2 Funções ..................................................................................................................... 15
2.2 VEDAÇÃO VERTICAL EM DRYWALL ............................................................. 15
2.2.1 História do Drywall ................................................................................................. 16
2.2.2 Processo de fabricação de Drywall......................................................................... 17
2.3 VEDAÇÃO EM ALVENARIA DE BLOCO CERÂMICO ................................... 18
2.3.1 História da alvenaria de bloco cerâmico ............................................................... 18
2.3.2 Processo de fabricação do bloco cerâmico ............................................................ 19
2.4 ALVENARIA DE BLOCO DE CONCRETO ........................................................ 20
2.4.1 História do bloco de concreto ................................................................................. 21
2.4.2 Processo de fabricação do bloco de concreto ........................................................ 23
2.5 PAREDE DE GESSO .............................................................................................. 23
2.5.1 História do bloco de gesso ....................................................................................... 23
2.5.2 Gipsita como matéria prima ................................................................................... 24
2.5.3 Processo de fabricação do bloco de gesso .............................................................. 25
2.6 PAINÉIS LIGHTWALL ......................................................................................... 27
2.6.1 História do Lightwall............................................................................................... 27
2.7 PAREDES DE CONCRETO................................................................................... 28
3 MATERIAIS E MÉTODOS ................................................................................... 29
3.1 SOLICITAÇÕES DE CARGAS SUSPENSAS ...................................................... 29
3.2 IMPACTO DE CORPO-MOLE .............................................................................. 30
3.3 IMPACTO DE CORPO DURO .............................................................................. 32
3.4 DESEMPENHO TÉRMICO ................................................................................... 33
3.5 DESEMPENHO ACÚSTICO ................................................................................. 35
4 RESULTADOS ESPERADOS ............................................................................... 37
4.1 ENSAIO DE CARGA SUSPENSA ........................................................................ 37
4.1.1 Bloco cerâmico ......................................................................................................... 37
4.1.2 Bloco de concreto. .................................................................................................... 42
4.1.3 Bloco de gesso ........................................................................................................... 45
4.1.4 Drywall ..................................................................................................................... 48
4.1.5 Lightwall ................................................................................................................... 49
4.1.6 Parede de concreto................................................................................................... 52
4.2 ENSAIO DE CORPO DURO.................................................................................. 55
4.2.1 Bloco cerâmico ......................................................................................................... 55
4.2.2 Bloco de concreto ..................................................................................................... 57
4.2.3 Bloco de gesso ........................................................................................................... 60
4.2.4 Drywall ..................................................................................................................... 62
4.2.5 Lightwall ................................................................................................................... 63
4.2.6 Parede de concreto................................................................................................... 64
4.3 ENSAIO DE CORPO MOLE.................................................................................. 67
4.3.1 Bloco cerâmico ......................................................................................................... 67
4.3.2 Bloco de concreto ..................................................................................................... 70
4.3.3 Bloco de gesso ........................................................................................................... 73
4.3.4 Drywall ..................................................................................................................... 76
4.3.5 Lightwall ................................................................................................................... 78
4.3.6 Parede de concreto................................................................................................... 80
4.4 ENSAIO DE ISOLAMENTO ACÚSTICO ............................................................ 84
4.4.1 Bloco cerâmico ......................................................................................................... 84
4.4.2 Bloco de concreto ..................................................................................................... 85
4.4.3 Bloco de gesso ........................................................................................................... 85
4.4.4 Drywall ..................................................................................................................... 87
4.4.5 Lightwall ................................................................................................................... 89
4.4.6 Parede de concreto................................................................................................... 90
4.5 DESEMPENHO TÉRMICO ................................................................................... 90
4.5.1 Bloco cerâmico ......................................................................................................... 90
4.5.2 Bloco de concreto ..................................................................................................... 91
4.5.3 Bloco de gesso ........................................................................................................... 91
4.5.4 Drywall ..................................................................................................................... 92
4.5.5 Lightwall ................................................................................................................... 93
4.5.6 Parede de concreto................................................................................................... 93
5 CONCLUSÕES ........................................................................................................ 95
5.1 CARGA SUSPENSA .............................................................................................. 95
5.2 CORPO DURO........................................................................................................ 95
5.3 CORPO MOLE........................................................................................................ 95
5.4 ISOLAMENTO ACÚSTICO .................................................................................. 96
5.5 DESEMPENHO TÉRMICO ................................................................................... 96
REFERÊNCIAS....................................................................................................... 97
11

1 INTRODUÇÃO

A indústria da construção civil tem vivido momentos difíceis na atualidade. Dentre os


problemas que causaram essa decadência do setor está a falta de implementação de novas
tecnologias e inovações nos diversos processos construtivos existentes. Nesse cenário os
recursos humanos e materiais não são aproveitados de forma eficiente, gerando maiores
gastos para o empreendimento. Dessa forma, podemos considerar que o setor construtivo é
considerado retrógrado, porém com vasta capacidade de crescimento em novas tecnologias
que otimizem os recursos e o tempo de obra.
Segundo Melo (2009), o momento é de oportunidade para a expansão de vários
setores. Hoje, não existe uma infraestrutura adequada no país. Além do mais, as novas
edificações estão sendo construídas seguindo padrões de qualidade e desempenho e, com isso,
o setor da construção civil está se adaptando. Assim, o desenvolvimento de novas tecnologias
é necessário para a adaptação dos sistemas construtivos aos novos padrões exigidos.
Além disso, entrou em vigor no ano de 2013 a NBR 15575. A Norma de Desempenho
traz para o desenvolvimento dos empreendimentos residenciais preocupações com a
expectativa de vida útil, o desempenho, a eficiência, a sustentabilidade e a manutenção dessas
edificações, em resumo insere o fator qualidade ao edifício entregue aos usuários.
Considerando esse cenário da construção civil, as vedações, sistema com ampla
aplicação no setor, são produtos consolidados nas obras devido a sua versatilidade, custo e
facilidade no manuseio. Porém, a forma de preparação desse importante insumo para a
indústria de obras tem provocado sérios problemas para o produto final, comprometendo a
qualidade da edificação, além de prejudicar a velocidade com que as atividades são
desempenhadas.
A falta de controle tecnológico na produção, o desperdício de materiais e o longo
tempo de execução tem mostrado cada vez mais que os sistemas de vedação convencionais
tornaram-se inviáveis no quesito ambiental, produtivo e econômico. A solução em questão
apresenta-se como um sistema pré-fabricado de concreto leve a base de EPS e placas
cimentícias nas faces externas permitindo uma construção rápida, segura e com alto
desempenho, conforme as exigências da NBR 15.575.
Além disso, segundo Neto et. al. 1999, um novo material, para ser aceito pelo mercado
da Construção Civil, necessita ser: resistente, durável, trabalhável, apresentar peso específico,
12

condutibilidade térmica, absorção e reflexão acústica, favoráveis e adequados e isso tudo, com
custo moderado. Ou, é claro que seu desempenho seja superior aos materiais disponíveis e
normalizados e que isto justifique seu preço elevado.
Dentro desse contexto, esse trabalho apresenta um estudo de análise comparativa
econômica e de desempenho entre os painéis Lightwall e sistemas de vedação
convencionalmente utilizados no Brasil, dentro dos parâmetros da NBR 15.575.
Então, faz-se necessária uma análise comparativa entre o sistema Lightwall e os
métodos convencionais como alvenaria de tijolo cerâmico, bloco de concreto, parede de gesso
e light steel frame com vedação em drywall e placa cimentícia. Dentre os ensaios realizados
nos sistemas de vedação vertical interna e externa (SVVIE) estão o de capacidade de suporte
para cargas suspensas, impacto de corpo-mole, impacto de corpo duro, segurança contra
incêndio, estanqueidade, desempenho térmico, desempenho acústico.

1.1 Justificativa e motivação


Visando incentivar a inovação e o uso de novas tecnologias na indústria da construção
civil, este trabalho busca analisar o desempenho e a viabilidade econômica dos SVVIE´s em
questão, uma vez que neste estudo não serão abordados os matérias isoladamente, mas o
sistema de vedação completo que atende ao menos o nível mínimo de aceitação da NBR
15.575, pretendendo-se obter no final um resultado favorável a tecnologia dos painéis
Lightwall, por se tratar de um sistema completamente industrializado, de alto desempenho,
com velocidade na execução e ecologicamente correto.

1.2 Objetivos gerais e específicos


O presente trabalho tem como objetivo analisar de forma técnica e econômica o uso de
SVVIE’s e fazer uma análise comparativa entre eles, visando o atendimento às exigências da
NBR 15.575 e determinar que a industrialização na construção civil promova maior
qualidade, desempenho, velocidade, organização e economia para as obras.
Como objetivos específicos, pode-se listar:
 Investigar e descrever as etapas de produção dos materiais que compõem cada
SVVIE;
 Identificar as demandas existentes em obra para promover soluções
industrializadas de vedação;
13

 Fazer uma análise comparativa entre o desempenho de cada SVVIE nos


parâmetros da NBR 15.575;
 Elaborar a composição de custo de cada SVVIE atendendo aos parâmetros da
NBR 15.575 e atestar a viabilidade do sistema;
 Verificar a aceitação dos SVVIE’s nas obras em que os mesmos estão sendo
utilizados;
 Descrever os processos executivos de cada SVVIE e identificar os pontos
positivos e negativos;
 Divulgar resultados de eficiência econômica e técnica identificados no trabalho;
 Reunir as informações obtidas a partir dos ensaios realizados e comparar os
resultados;
14

2 REFERENCIAL TEÓRICO

O referencial teórico servirá de base para todo o desenvolvimento do trabalho em


questão.

2.1 Sistemas de vedações verticais internas e externas (SVVIE)

Mesmo sem função estrutural, as vedações podem atuar como contraventamento de


estruturas reticuladas, ou sofrer as ações decorrentes das deformações das estruturas,
requerendo assim uma análise conjunta do desempenho dos elementos que interagem. Podem
também interagir com demais componentes, elementos e sistemas da edificação, como
caixilhos, esquadrias, estruturas, coberturas, pisos e instalações. As vedações verticais
exercem ainda outras funções, como estanqueidade à água, isolação térmica e acústica,
capacidade de fixação de peças suspensas, capacidade de suporte a esforços de uso,
compartimentação em casos de incêndio. (ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS
TÉCNICAS, 2013).

2.1.1 Classificação

O sistema construtivo de vedações verticais pode ser classificado em dois grupos: As


vedações verticais internas e as vedações verticais externas.
A vedação vertical é classificada externa quando uma de suas faces está voltada para o
meio externo do edifício, protegendo a parte interna contra a ação de intempéries e agentes
indesejáveis. A vedação vertical interna é aquela que compartimenta.
Segundo SABBATINI (1988), a primeira das classificações da vedação vertical interna
pode ser dividida em dois grupos: resistente e auto-portante. A resistente é a vedação que
possui função estrutural, já a auto-portante é a vedação não estrutural que é responsável
apenas pela compartimentação dos ambientes.
Quanto à estruturação, SABBATINI (2003) propõe a classificação das vedações
verticais em dois grupos: auto-suporte e estruturada. As vedações classificadas como auto-
suporte são as que se auto-sustentam, sem a necessidade de estruturação complementar. Já as
vedações estruturadas são as que necessitam de estruturação complementar para se manterem
estáveis. (SABBATINI, 2003).
15

SABBATINI (2003) sugere, ainda, que as vedações podem ser também classificadas
pela forma de execução, podendo ser por conformação ou por acoplamento a seco. A
primeira, por conformação, remete as vedações que são executadas com a utilização de
insumos compostos com água. Já a classificação 7 por acoplamento a seco engloba as
vedações que possuem fixações com materiais que não utilizam água, como por exemplo,
pregos, rebites e parafusos. (SABBATINI, 2003).
Outra possível classificação é quanto à densidade superficial. A NBR 11685/1990
sugere que as vedações sejam classificadas em dois grupos: leves e pesadas. As leves são as
vedações que possuem densidade superficial inferior a 60kg/m2, e as pesadas são as que
possuem a densidade superficial superior a 60kg/m2.

2.1.2 Funções

As vedações verticais devem ser projetadas de tal forma a compartimentar os ambientes


de um edifício de maneira que esses atendam as características necessárias para o
desenvolvimento das atividades para as quais foram planejados. (FRANCO 1998)
Segundo SABBATINI (2003), as vedações devem atender de forma prioritária a função
de compartimentação de ambientes e de forma secundária as seguintes funções: auxiliar no
conforto térmico e acústico, servir de suporte e proteção às instalações do edifício, servir de
proteção de equipamentos de utilização do edifício e, em alguns casos, suprir a função
estrutural do edifício.

2.2 Vedação vertical em Drywall

O termo “Drywall”, que em português significa “parede seca”, define bem o principal
diferencial do método. Opostamente à tradicional vedação de alvenaria, o drywall é um
sistema de vedação vertical utilizado em ambientes internos que não 8 faz uso de água ou
compostos com água no processo executivo. É uma forma de montagem na qual chapas de
gesso acartonado são fixadas em perfis leves de aço galvanizado. (PLACO, 2014)
Um aspecto importante da vedação de Drywall é que as instalações hidráulicas e
elétricas devem ser executadas simultaneamente à instalação das placas de gesso. Dessa
forma, a equipe de instalação deve estar em sincronia com a equipe de montagem de Drywall
para que o processo funcione de forma otimizada e se evite atrasos e retrabalhos.
Há três principais tipos de chapas utilizadas no mercado atualmente: ST - Standard
(Chapas brancas utilizadas em ambientes secos), RU - Resistente à umidade (Chapas verdes
16

utilizadas em ambientes internos que são considerados úmidos) e RF - Resistente ao fogo


(Chapas rosas que atendem requisitos específicos de propagação de incêndio). (GYPSUM,
2012)
As placas de gesso acartonado são compostas basicamente de gesso e aditivos
revestidos por papel cartão.
Figura 1 - Instalação de Drywall

Fonte: http://www.sulmodulos.com.br/ (2012).

2.2.1 História do Drywall

Segundo HARDIE (1995), as primeiras placas de gesso acartonado foram criadas por
Augustine Sackett em 1898. Elas ficaram conhecidas como Sackett Board. Elaboradas com 4
camadas de gesso dentro de quatro folhas de papel, as placas eram moldadas uma por vez e
tinham o objetivo de servir como base para acabamentos.
Naquela época, o revestimento com placas de gesso garantia maior durabilidade e
resistência a fogo nas, comumente utilizadas, estruturas de madeira. (SILVA, 2007)
Segundo a empresa GYPSUM (1999), em 1917 foram criadas as placas Gypsum Board
que eram encapadas com papel cartão surgindo, assim, as placas de gesso acartonado.
Naquela época, durante a 1a Guerra Mundial, as placas começaram a ser uma opção para um
novo sistema de vedação interno nos Estados Unidos devido à sua resistência a fogo e rapidez
de montagem. Entretanto, apenas nos anos 40 o método começou a ser utilizado em larga
escala.
Segundo HARDIE (1995), o uso do sistema na Europa foi intensificado durante a 2a
Guerra Mundial, quando houve uma mobilização para reconstrução de diversos centros
urbanos.
17

A necessidade de construir de forma rápida aumentou a demanda do uso de paredes de


gesso na 2a guerra, uma vez que o tratamento e pintura da madeira era um processo
demorado. (GELLNER, 2003).
Atualmente, nos Estados Unidos cerca de 90% das vedações verticais internas são
executadas com placas de gesso acartonado. (LOSSO, 2004)
No Brasil, a primeira fábrica de gesso acartonado surgiu em 1972 em Petrolina,
Pernambuco. Durante a década de 70, foram construídos, em São Paulo, diversos conjuntos
habitacionais utilizando este método. No entanto, as paredes de 10 gesso acartonado
começaram a ganhar mercado apenas em meados dos anos 90. (FARIA, 2008)
A Gypsum Nordeste, a primeira fábrica brasileira, conseguiu fazer parte de uma política
do governo de tornar a casa própria mais acessível com argumento de economia nos custos e
maior velocidade de execução. Porém, em 1986, a fábrica parou suas atividades por seis
meses quando o programa do governo de construção de conjuntos habitacionais (COHA’s), o
principal cliente na época, foi interrompido. (SILVA, 2007)
Ainda nos anos 80, segundo HOLANDA (2003), o sistema era aplicado quase
exclusivamente em edificações comerciais e cerca de 80% do gesso acartonado produzido no
Brasil era utilizado em forro de gesso e apenas 20% em paredes.
Apenas nos anos 90, as vedações verticais de gesso acartonado ganharam impulso no
mercado brasileiro, quando a Construtora Método Engenharia iniciou a importação de chapas
e materiais vindos da América do Norte para montagem do sistema. Em 1994, foi criada a
empresa Drywall e o método de vedação com chapas de gesso acartonado começou a ser visto
no Brasil como inovação e potencial racionalização de custos. (HOLANDA, 2003)

2.2.2 Processo de fabricação de Drywall

O processo de fabricação de placas de gesso acartonado, em geral, consiste em encapar


o gesso com papel cartão e passar o gesso envelopado por aquecimento e resfriamento.
(FIGUEIREDO et al; 2008).
A fabricação das placas tem origem com a extração da gipsita da mina, que é
diretamente encaminhada para fábrica onde passa pelo processo de peneiramento. A gipsita,
então, passa pela secagem em forno para obtenção do gesso que é, em seguida, moído e
pesado. (FIGUEIREDO et al; 2008).
Após a pesagem, são adicionados aditivos que variam conforme o tipo de placa a ser
produzida. São utilizados como aditivos amidos, fibra de vidro e vermiculita. O composto,
18

então, é direcionado para o misturador, no qual é adicionada a água, formando uma pasta.
(FIGUEIREDO et al; 2008)
Figura 2 - Fabricação de placas de Drywall

Fonte: https://www.blog.artesana.com.br/ (2009)

Esta pasta, então, é colocada sobre uma folha de papel e vibrada para liberação das
bolhas de ar. Outra folha é colocada por cima formando um sanduíche. Aguarda-se o
endurecimento das placas, que são cortadas e levadas ainda úmidas para o forno.
(FIGUEIREDO et al; 2008).
As placas passam, finalmente, por um circuito de ar frio para evitar a perda das
propriedades e são empacotadas e estocadas. (FIGUEIREDO ET AL; 2008).

2.3 Vedação em alvenaria de bloco cerâmico

Segundo SABBATINI apud LIMA (2012), alvenaria é um conjunto rígido e coeso


formado pela união de blocos cerâmicos com a utilização de argamassa. Normalmente é
revestida por argamassa ou gesso antes de receber o acabamento final.
Pode-se separar as alvenarias de bloco cerâmico em dois grupos: estruturais ou
autoportantes. As primeiras são projetadas para absorver cargas de vigas e lajes e não podem
ser derrubadas sem prejuízo à estrutura do edifício. As autoportantes são as alvenarias que
possuem função de vedação e compartimentação e podem ser demolidas para alteração de
layout sem qualquer alteração estrutural.

2.3.1 História da alvenaria de bloco cerâmico

A indústria cerâmica surgiu no período neolítico (entre 12000 e 4000 a.C.), sendo uma
das mais antigas do mundo. Naquela época, a necessidade de armazenar alimentos levou o
homem a fabricar compostos de barro e posteriormente cerâmicas cozidas.
(KAZMIERCZAK, 2010)
19

A cerâmica vidrada teve surgimento no Egito por volta de 3000 a.C. Nessa época foram
produzidos colares, estatuetas e amuletos com o material. No século XVIII, na Europa
Central, já era fabricada cerâmica branca. Durante muitos anos, objetos cerâmicos foram
considerados requintes de luxo. (KAZMIERCZAK, 2010)
Nas ultimas décadas, o desenvolvimento de novas tecnologias levou a indústria ao
aperfeiçoamento dos materiais cerâmicos e ao desenvolvimento de 17 cerâmicas de alta
tecnologia, que são capazes de suportar temperaturas extremas e possuem alta resistência, e
são utilizadas na indústria aeroespacial, eletrônica e nuclear. (KAZMIERCZAK, 2010)

2.3.2 Processo de fabricação do bloco cerâmico

Segundo KAZMIERCZAK (2010), o processo de fabricação da cerâmica pode ser


divido nas seguintes etapas: preparação da massa, moldagem, secagem, queima e
resfriamento.
A preparação da massa é realizada para atingir a dimensão ideal dos grãos, aumentar a
reatividade e reduzir teores de impurezas na argila. O processo de preparação da massa
consiste na realização de uma ou mais das operações de sazonamento, mistura e laminação.
(KAZMIERCZAK, 2010)
Para a fabricação de tijolos e blocos cerâmicos utiliza-se o processo de extrusão na
realização da moldagem. No processo de extrusão a massa deve estar com umidade entre
20% e 30%. O equipamento para realização do processo é a maromba a vácuo. A maromba
retira o excesso de ar e molda a massa, formando um longo bloco contínuo que,
posteriormente, é cortado para as dimensões previstas. (KAZMIERCZAK, 2010)
O processo de secagem do material cerâmico deve ser lento para evitar o surgimento de
fissuras ou deformações. Os fatores que influenciam na secagem do componente cerâmico
são: temperatura, umidade, direção de incidência do ar, forma do componente, granulometria
e composição mineralógica da argila. (KAZMIERCZAK, 2010)
Segundo KAZMIERCZAK (2010), o processo de aquecimento da argila altera suas
propriedades e é irreversível. No início do aquecimento, até 150ºC, a água livre é evaporada.
Até atingir cerca de 600ºC o material sofre perda da água previamente absorvida. Após essa
temperatura, ocorrem os processos de desidratação química, decomposição de matéria
orgânica e oxidação. De 800ºC a 1100ºC ocorre a vitrificação da argila.
Após a queima, o resfriamento deve ser lento, podendo variar de 8 a 24 horas.
(KAZMIERCZAK, 2010)
20

Figura 3- Execução de alvenaria em bloco cerâmico

Fonte: https://www.ufrgs.br/ (2013)

2.4 Alvenaria de bloco de concreto

Discutir sistemas construtivos modulares como a alvenaria estrutural de blocos de


concreto significa confrontar um vasto assunto, especialmente porque sua concepção básica, o
módulo, é um tema complexo e consideravelmente ligado às primeiras etapas do projeto.
Strati (2003), afirma que modular é a essência das primeiras operações do projeto, originando
as mais complexas elaborações a partir da repetição de um único componente que, pela
associação do módulo à regularidade geométrica, desenvolve-se a ponto de criar conjuntos
harmoniosamente concebidos, dos quais cada componente é perfeitamente relacionado ao
todo. Mas se por um lado a modulação tem um valor perfeitamente lógico e está ligado a um
conceito técnico do projeto, por outro não pode ser esquecido que a modulação também é um
conceito profundamente inerente à técnica construtiva e à estrutura.
A utilização de blocos de concreto na alvenaria teve início logo após o surgimento do
cimento Portland, quando se começou a produzir unidades grandes e maciças de concreto. A
partir de então surgiram diversos esforços para a modernização da fabricação de blocos de
concreto, assim como da sua utilização na alvenaria. Entretanto, os materiais utilizados,
procedimentos de dosagem e o esquema do processo produtivo são ainda basicamente os
mesmos.
Os materiais utilizados na fabricação de blocos de concreto são basicamente: cimento
Portland, agregados graúdo e miúdo, e água. Dependendo de requisitos específicos, a
dosagem do concreto poderá também empregar outros componentes, tais como adições
21

minerais, pigmentos, aditivos etc. Os materiais constituintes do bloco de concreto devem ser
especificados e utilizados de acordo com suas propriedades, para que o produto final esteja
em conformidade com as metas projetadas.

2.4.1 História do bloco de concreto

Os primeiros blocos vazados de concreto surgiram no EUA e na Inglaterra a partir de


meados da década de 1880, quando unidades maciças se tornaram impopulares na construção
civil por conta do seu peso excessivo. Tais blocos não eram fabricados com métodos
industriais, mas sim moldados em fôrmas de madeira. Por volta de 1866, iniciaram os
primeiros esforços para o desenvolvimento de técnicas de moldar blocos vazados. (BESSER,
2004). Antes do início do século XX, várias máquinas para fabricação de blocos foram
desenvolvidas nos Estados Unidos da América. Estas máquinas não eram nada mais que uma
caixa com as faces laterais, copos e paletes removíveis.
A partir de meados da década de 1910, o adensamento manual foi substituído por
processos mecânicos, melhorando a densidade, resistência e uniformidade dos blocos. Talvez
o maior avanço no maquinário para fabricação de blocos tenha nesta época, com a introdução
da primeira máquina “strip-teaser”, que permite a utilização de paletes que não precisam ser
perfilados com as paredes dos moldes. Neste tipo de máquina, o bloco é retirado,
automaticamente, por baixo do molde, exatamente igual às máquinas modernas.
Nesta época foram concebidas as máquinas semiautomáticas com capacidade de
produzir até 2000 blocos por dia com o mesmo número de trabalhadores necessários para
fazer cerca de 200 blocos com as máquinas antigas. Durante esse período, foram
gradualmente unificadas as dimensões dos componentes, conduzindo à coordenação modular
completa de hoje.
Na década de 1940, foi introduzida a vibro prensagem no processo de fabricação,
promovendo melhoria na aparência do bloco, assim como na resistência. Estas máquinas
podiam fazer 5000 blocos por dia. A partir de então, houve melhorias progressivas em
produtividade e qualidade de produto, resultado, inicialmente, da introdução de controles
automáticos para regular altura e densidade do bloco, e depois da automatização dos demais
equipamentos para controlar matérias-primas, pesagem e mistura. Operações como
alimentação da máquina, colocação dos paletes e retirada do bloco recém moldado puderam
ser automatizados nesse tipo de maquinário.
22

Figura 4 - Máquina de bloco do século XIX (i), do início do século XX (ii) e vibroprensa moderna (iii)

Fontes: (i) www.parks.ca.gov/pages/789/images/Block%20mach.jpg; (ii)


www.masonryinstitute.com/guide/part2/prod_b_pg1a.gif); (iii) www.besser.com/equipment/images/vibrapac.jpg

A fabricação industrial de blocos no concreto no Brasil ocorreu com 30 anos de


defasagem em relação aos países europeus (HOFFMANN,1941). Atualmente, as fábricas de
bloco no país diferem muito em termos de sofisticação e condições de organização. Pequenas
centrais onde funcionam uma betoneira e uma vibroprensa operada manualmente , assim
como era feito na década de 1940, convivem com usinas detentoras de equipamentos
automatizados de alta produtividade. Apesar de existirem indústrias de blocos de concreto
instaladas no Brasil com tecnologia para se fabricar componentes de qualidade, grande partes
dos blocos encontrados no mercado são fabricadas de maneira precária por pequenas fábricas.
Consequentemente, os blocos de concreto encontrados no mercado podem ter propriedades
bastante divergentes.
Melhorias de produtividade foram promovidas pelo desenvolvendo de equipamentos
automáticos para remover blocos recém-moldados da máquina, colocá-los em prateleiras ou
diretamente nas câmaras de cura. Isto é possível pela introdução de sistemas de transferência
de prateleira para mover prateleiras para as câmaras de cura, e por outro equipamento que
retira os blocos curados das câmaras e os empilha para entrega.
A produção em série de blocos de concreto contribuiu de forma considerável para a
diminuição dos seus custos e melhoria da qualidade. Em suma, o processo de fabricação dos
blocos envolve a moldagem de concreto de consistência rija em moldes com as dimensões
pré-estabelecidas do bloco, compactados e vibrados por máquinas automáticas, depois levadas
23

para cura e armazenagem até o momento da entrega. Em muitas fábricas de blocos, algumas
das fases do processo de produção são totalmente automatizadas.

2.4.2 Processo de fabricação do bloco de concreto

A fabricação de blocos utiliza dosagem de concreto com consistência seca para que
estes, após o adensamento mediante compactação, possam ser desmoldados rapidamente,
possibilitando a reutilização imediata do molde. A coesão deste concreto no estado fresco é
muito importante devido à sua consistência rija, o que impede que os blocos recém-moldados
sofram variações dimensionais durante as operações de transporte após a fabricação, cura, etc.
O concreto deve ser dosado cuidadosamente e sua consistência controlada para obter as
propriedades físicas desejadas, tais como textura, cor, regularidade dimensional etc.
A Associação Brasileira de Cimento Portland (ABCP) propõe um método experimental
de dosagem de concretos para fabricação de blocos. Neste método, a proporção entre os
agregados utilizados é definida pela determinação da mistura de agregados com maior massa
unitária compactada (MUC), de acordo com a NBR7810: 1983.
A quantidade de água utilizada na mistura é determinada com a moldagem de blocos
com diferentes teores de umidade. Faria (2003) comenta que a quantidade ideal de água para a
moldagem de blocos em vibroprensa é um pouco inferior à quantidade que proporciona maior
compactação do bloco (Figura 2.6). Com o teor ideal de água na mistura é possível observar
pequenos veios de pasta de cimento na lateral do bloco.
A quantidade de cimento utilizada na mistura também é determinada moldando-se
blocos com diferentes traços, até se conseguir alcançar o desempenho mecânico esperado nos
blocos.

2.5 Parede de gesso

A parede de gesso é um sistema bastante antigo e utilizado em larga escala no mundo


inteiro.

2.5.1 História do bloco de gesso

Na antiguidade, o gesso foi encontrado na Turquia (IX milênio a. C.), em Jericó (VI
milênio a. C.) e na pirâmide de Quéops (2.800 anos a. C.), além de outros registros. Essas
24

civilizações utilizavam o alabastro, uma gipsita de formato fibroso (BALTAR; BASTOS;


LUZ, 2005).
De acordo com descobertas arqueológicas realizadas recentemente na Anatólia (atual
Turquia), o gesso era utilizado para a produção de recipientes e rebocos (de gesso e cal), além
disto, eram confeccionadas esculturas e outras obras de artes que funcionavam como suporte
para objetos de decoração (KANNO, 2009). Os egípcios conheciam os métodos para
calcinação do gesso, onde os primeiros registros da utilização do gesso como argamassa para
revestimento de paredes foi na construção das pirâmides, esfinges e tumbas no Egito
(KANNO, 2009; CANUT, 2006).
Com o desenvolvimento industrial no século XX, os equipamentos para a produção de
gesso passaram a apresentar maior tecnologia, deixando de possuir um conceito rudimentar,
em que surgiram novas formas de emprego (ROCHA, 2007). Com o emprego de tecnologias
ligadas à produção do gesso, culminou com a fabricação de material de qualidade e
desempenho para novas aplicações, entre elas destacam-se: pasta e argamassas para
revestimento de paredes e peças pré-moldadas para forros e divisórias, entre estes os blocos e
painéis de gesso acartonado (CINCOTTO; AGOPYAN; FLORINDO, 1988 apud PINHEIRO,
2011).
Na construção civil, o gesso começou a ser empregado a partir de 1885, sua utilização
foi estimulada devido à descoberta de processo para desacelerar o tempo de pega (BALTAR;
BASTOS; LUZ, 2005).

2.5.2 Gipsita como matéria prima

O mineral gipsita é um sulfato de cálcio di-hidratado (CaSO4. 2H2O), sendo encontrada


em diversas regiões do mundo e apresentando um amplo espectro de utilizações. A gipsita
pode ser utilizada na forma natural ou calcinada, nesse processo, o material perde 3/4 da água
de cristalização e converte-se em um sulfato hemidratado de cálcio (CaSO4.1/2 H2O) que,
após ser misturado com água, pode ser moldado antes do endurecimento (BALTAR;
BASTOS; LUZ, 2005).
Originada em bacias sedimentares, através de evaporação da fase líquida, a gipsita trata-
se de um evaporito e compõe depósitos em camadas, lentes e bolsões, introduzidos em
sequências sedimentares, encontradas entre as Eras Paleozóica a Cenozoica. Esse material é
comumente encontrado em granulação fina a média, estratificada ou maciça, com coloração
25

que varia dos tons claros de amarelo até o marrom, sendo nomeadas de rochas gipsíferas
(LYRA SOBRINHO et al., 2001).
Mesmo sendo encontrada mundialmente, a exploração da rocha gipsífera para utilização
comercial só é rentável caso haja a obtenção de um minério com 80% a 95% de pureza
(BALTAR; BASTOS; LUZ, 2005).
A Bacia Sedimentar do Araripe constitui o pólo dos depósitos de gipsita brasileiros, esse
material aparece sob a forma de duas camadas não contíguas, onde a superior é mais
reforçada, principalmente em Pernambuco, onde apenas essa Bacia tem sido explorada. No
Ceará elas são menos potentes, apesar dessa característica, a exploração é realizada em
ambas. Estas camadas compõem o Membro Ipubi da Formação Santana, da Era Cretácea
(LYRA SOBRINHO et al., 2001).
O Departamento Nacional de Produção Mineral (DNPM), através do Sumário Mineral de
2015 identificou o estado de Pernambuco como sendo o principal produtor de gipsita, sendo
responsável, em 2013, por 84,3% do valor total. O “polo gesseiro do Araripe” é destaque,
estando localizado no extremo oeste pernambucano e constituído pelas cidades de Araripina,
Trindade, Ipubi, Bodocó e Ouricuri. Estados brasileiros como: Maranhão (10,4%), Ceará
(2,6%), Tocantins (1,1%), Amazonas (0,8%), Pará (0,5%) e Rio Grande do Norte (0,3%),
também são pequenos produtores do mineral.

2.5.3 Processo de fabricação do bloco de gesso

Para Bauer (2001), o gesso é obtido através da calcinação da gipsita natural, constituída
de sulfato biidratado de cálcio, sendo no geral acompanhada de uma proporção de impurezas,
tais como, alumina, óxido de ferro, carbonatos de cálcio e magnésio. O valor total das
impurezas tem 6% como limite máximo.
A produção do gesso natural acontece basicamente em 4 etapas: extração da gipsita;
preparação para calcinação; calcinação e seleção.
A extração de gipsita é feita em minas a céu aberto, com auxílio de explosivos,
resultando no minério de grandes diâmetros chamados matacões. Em seguida será levado para
bancadas de exploração de acordo com planos de desmontes pré-estabelecidos para a
fragmentação em pedras de até 40 kg. (SILVA, 2008; DUARTE, 2014).
26

Figura 5 - Extração de Gipsita

Fonte: Siqueira Mineração (2016).

Após a extração a gipsita sofrerá alguns processos de beneficiamento para sua


adequação ao tipo de forno em que será calcinada. As etapas que serão seguidas são:
britagem, moagem grossa; estocagem; secagem; moagem fina e ensilagem (SILVA, 2008).
A britagem tem como finalidade reduzir a gipsita extraída em um material mais fino,
facilitando seu transporte para o tratamento seguinte. No processo de preparação para
calcinação são utilizados maquinários como britadores de mandíbula e moinhos de martelo,
além de peneiras vibratórias a seco (LE PLÂTRE, 1982 apud MUNHOZ, 2008).
A etapa mais importante no processo de produção do gesso é a calcinação. Para Munhoz
(2008), a calcinação é o processo térmico no qual a gipsita sofre desidratação.
O processo de desidratação do gesso na indústria ocorre através de fornos. Esses fornos
caracterizam-se por seu estilo, forma e tipo de forno, sendo sua maior diferença quanto ao
processo, o controle de temperatura de calcinação. Na região do Araripe, os fornos mais
utilizados são os tipos panela, marmita vertical, rotativo e o intermitente, que proporcionam
uma calcinação sob pressão atmosférica, ou baixa pressão (MUNHOZ, 2008; APOLINARIO,
2015).
A calcinação ainda pode ser por via seca ou úmida. Por via seca, a gipsita é calcinada
sob pressão atmosférica, produzindo o hemidrato þ. No caso de ocorrer por via úmida, a
calcinação ocorre por pressão de vapor d’água, sendo obtido o hemidrato a (SILVA, 2008).
Quanto ao processo de desidratação o gesso pode ser do tipo a ou þ. O preço do
hemidrato þ é 6 vezes maior que o hemidrato a (ROCHA, 2007).
27

O gesso calcinado é moído, selecionado em frações granulométricas e classificado


conforme o tempo de pega, de acordo com a NBR 13207 (ABNT, 1994).

2.6 Painéis Lightwall

O termo “Lightwall”, do inglês “parede leve”, representa bem uma das principais
características desse produto: a leveza. O sistema construtivo originalmente trata-se de um
SVVIE sem função estrutural, composto por painéis contraplacados por placas cimentícias de
fibrocimento (6mm de espessura) e núcleo em mistura de concreto leve com pérolas de
poliestireno.

Figura 6 - Detalhe encaixe macho e fêmea do Lightwall

Fonte: O Autor (2017).

2.6.1 História do Lightwall

Os painéis de concreto leve Lightwall são bastante utilizados na Ásia e Europa em


países como China, Emirados Árabes Unidos, Arábia Saudita e Portugal. Porém foi em 2015
que a sua história iniciou no Brasil através da MF Artefatos de cimento LTDA.
Inicialmente foi importado um loto de painéis Lightwall para ensaios de desempenho
para analisar se o produto iria se adequar as normas vigentes no Brasil, em especial a NBR
15.575. Ao longo dos experimentos, observou-se que o produto possuía um grande potencial
para o mercado brasileiro. Sendo assim, iniciou-se o estudo para a implantação de uma
unidade fabril no estado de Pernambuco e em 2016 a MF Artefatos implantou a fábrica para
painéis de concreto leve no município do Cabo de Santo Agostinho-PE.
28

Embora os painéis tivessem passado por uma bateria de ensaios no ano de 2015, os
painéis produzidos pela MF Artefatos eram compostos de insumos diferentes dos que foram
importados, tornando-se necessário que os painéis passassem por um processo de ajuste na
produção e também novos ensaios de desempenho do produto.
Sendo assim, após ajustes no setor de produção, os painéis Lightwall foram submetidos
a novas ensaios como corpo mole, corpo duro, carga suspensa, estanqueidade, isolamento
acústico, resistência ao fogo, resistência à compressão e flexão, entre outros, apresentando um
desempenho satisfatório em todos eles.

2.7 Paredes de concreto

O Sistema Parede de Concreto moldada no local foi homologado na ABNT, através da


Norma NBR 16.055:2012 no mês de maio de 2012. Em um esforço e contribuição de vários
agentes envolvidos neste processo, sua normatização foi um avanço importante para a
utilização do referido sistema no segmento das edificações.
A publicação desta norma coincidiu com o início das atividades do programa Minha
Casa Minha Vida, o que certamente ajudou na rápida implantação do sistema.
Neste primeiro momento, observamos sua utilização nas tipologias Térrea (casas
isoladas e geminadas) e prédios baixos (Térreo + 3/4) e sobrados.

Figura 7 - Obra em parede de concreto

Fonte: http://nucleoparededeconcreto.com.br/
29

3 MATERIAIS E MÉTODOS

Este trabalho visa fazer uma comparação entre os SVVIE´s, apresentados anteriormente,
do ponto de vista técnico e econômico. Dessa forma, iremos considerar uma composição de
cada sistema para que seja atendido ao menos o nível mínimo para aceitação, que é o M
(denominado mínimo), ou seja, atende às premissas de projeto, bem como atende aos mesmos
níveis descritos e correspondentes ao critério de 7.2 da ABNT NBR 15575-2.
Quando a composição do sistema atender o nível mínimo M, iremos avaliar a
viabilidade econômica do mesmo. Dessa forma, poderemos fazer uma análise equivalente
entre os SVVIE´s estudados.
Os parâmetros de avaliação de cada sistema seguem a NBR 15575-4 e são eles:
solicitações de cargas provenientes de peças suspensas, impacto de corpo-mole, impacto de
corpo duro, segurança contra incêndio, estanqueidade, desempenho térmico e desempenho
acústico.

3.1 Solicitações de cargas suspensas

Os ensaios de solicitação de cargas provenientes de peças suspensas seguiram os


procedimentos descritos na ABNT NBR 15575-4, sendo verificada a ocorrência de danos à
vedação, medido os deslocamentos e o escorregamento das peças suspensas.
Os SVVIE da edificação habitacional, com ou sem função estrutural, sob ação de cargas
devidas a peças suspensas não devem apresentar fissuras, deslocamentos horizontais
instantâneos (dh) ou deslocamentos horizontais residuas (dhr), lascamentos ou rupturas, nem
permitir o arrancamento dos dispositivos de fixação nem seu esmagamento.
30

Tabela 1 - Cargas de ensaio e critérios para peças suspensas fixadas por mão-francesa padrão

Fonte: ABNT (2013).

3.2 Impacto de corpo-mole

Este requisito se traduz pela resistência dos SVVIE à energia de impacto dos choques
acidentais gerados pela própria utilização da edificação ou choques provocados por tentativas
de intrusões intencionais ou não. Os impactos com maiores energias referem-se ao estado-
limite último.
Sob ação de impactos progressivos de corpo mole, os SVVIE não devem sofrer ruptura
ou instabilidade (impactos de segurança), que caracterize o estado limite último, nem
apresentar fissuras, escamações, delaminações ou qualquer outro tipo de falha (impactos de
utilização) que possa comprometer o estado de utilização, observando-se ainda os limites de
deslocamentos instantâneos e residuais ou até provocar danos a componentes, instalações ou
aos acabamentos acoplados ao SVVIE, de acordo com as energias de impacto indicadas.
31

Tabela 2 - Impactos de corpo mole para vedações verticais externas (fachadas) de edifícios com mais de
um pavimento

Fonte: ABNT (2013).


32

Tabela 3 - Impacto de corpo mole para vedações verticais internas

Fonte: ABNT (2013).

3.3 Impacto de corpo duro

No ensaio de impacto de corpo duro é medida a profundidade das mossas e verificada a


ocorrência de danos.
O ensaio de impacto de corpo duro na parede é realizado utilizando-se duas esferas de
aço: a primeira esfera, com peso de 0,5Kg, é liberada das alturas de 0,5m e 0,75m,
proporcionando energias de impacto de 2,5J e 3,75J, respectivamente; a segunda esfera,
também de aço e com 1,0Kg, é liberada das alturas de 1,0m e 2,0m, atingindo a vedação com
energias de 10J e 20J, respectivamente.
Em todos os ensaios de impacto de corpo duro são realizados dez impactos aleatórios,
ou seja, cada impacto foi aplicado em um ponto diferente. Após realização dos impactos,
inspeciona-se visualmente a vedação, verificando a existência ou não de fissuras, escamações,
destacamento e mossas, sendo medida ao final do ensaio a profundidade das mossas.
33

Tabela 4 - Impactos de corpo duro para vedações verticais externas (fachadas)

Fonte: ABNT (2013).

Tabela 5- Impactos de corpo duro para vedações verticais internas

Fonte: ABNT (2013).

3.4 Desempenho térmico

O desempenho térmico depende de diversas características do local da obra


(topografia, temperatura e umidade do ar, direção e velocidade do vento, etc.) e das
edificações (materiais constituintes, números de pavimentos, dimensões dos cômodos, pé-
direito, orientação das fachadas, etc.). A sensação de conforto térmico depende muito das
condições de ventilação dos ambientes, com grande influência do posicionamento e
dimensões de aberturas de janelas, o que é considerado pela NBR 15575 – Parte 4 e transcrito
no item 9.3 do presente guia.
Para a realização das simulações computacionais, devem ser utilizados como referência
os dados apresentados nas Tabelas A.1, A.2 e A.3 - Anexo A da NBR 15575-1, que fornecem
informações sobre a localização geográfica de algumas cidades brasileiras e os dados
climáticos correspondentes aos dias típicos de projeto de verão e de inverno.
Para a realização das simulações computacionais, recomenda-se o emprego do
programa Energy Plus.
34

Tabela 6 - Características necessárias para softwares de avaliação do desempenho térmico

Fonte: IPT-SP

De forma geral, os softwares de simulação do comportamento térmico de edificações


devem reunir as características básicas indicadas na tabela 8. Todas as condições climáticas
também devem ser consideradas para os dias típicos de inverno e de verão, incluindo
temperatura e umidade relativa do ar, radiação solar, nebulosidade, direção e velocidade do
vento.
Tabela 7- Critério de avaliação do desempenho térmico para condições de verão

Fonte: Tabela E. 1.- Anexo E da norma NBR 15575 – Parte 1, página 62


35

Tabela 8- Critério de avaliação do desempenho térmico para condições de inverno

Fonte: Tabela E. 2.- Anexo E da norma NBR 15575 – Parte 1, página 63

O programa deve ser alimentado com dados fidedignos das propriedades térmicas dos
materiais e/ou componentes construtivos, obtidos por meio de ensaios (métodos indicados na
Tabela 1 da NBR 15575-1) ou mesmo aqueles registrados na norma NBR 15220-2. Para as
análises, há necessidade de dados relativos à condutividade térmica, calor específico,
densidade de massa aparente, emissividade, absortância à radiação solar, características
fotoenergéticas (vidros) e resistência ou transmitância térmica de elementos.
Devido à complexidade da análise dos dados térmicos de diversos sistemas construtivos,
optou-se por fazer uma análise comparativa apenas entre o parâmetro de transmitância
térmica de cada SVVIE e analisar o desempenho de cada sistema.
Para entender as características dos materiais aqui analisados, precisamos saber o que é
Transmitância Térmica: este é um indicador de desempenho térmico das edificações, sendo
definida como o fluxo de calor que, na unidade de tempo e por unidade de área, passa através
de um componente, para uma diferença unitária entre as temperaturas do ar em contato com
cada uma das faces desse mesmo componente.
Este valor é dado por W/m²K ou W/m² ºC e quanto menor o valor da Transmitância
Térmica, mais isolante é o sistema.

3.5 Desempenho acústico

Para esse estudo, será adotado o método de precisão, realizado em laboratório. Este
método determina a isolação sonora de componentes e elementos construtivos, fornecendo
valores de referência de cálculo para projetos. O método de ensaio é descrito na norma ISO
10140-2.
36

Tabela 9- Parâmetros acústicos de verificação

Fonte: ISO

Como as normas ISO referenciadas não possuem versão em português, foram mantidos
os símbolos nelas consignados com os seguintes significados:
Rw - índice de redução sonora ponderado (weighted sound reduction index).
Na Tabela 12 são apresentados valores de referência, considerando ensaios realizados
em laboratório em componentes, elementos e sistemas construtivos utilizados para fachadas.

Tabela 10- Índice de redução sonora ponderado, Rw, de fachadas.

Fonte: ABNT (2013).


37

4 RESULTADOS ESPERADOS
Através do estudo em questão, pretende-se alcançar um resultado satisfatório em que a
comunidade de engenharia possa entender como poderemos comparar diferentes sistemas por
meio de parâmetros equivalentes, através da NBR 15.575.
Além disso, é objetivo desse trabalho analisar as etapas de produção de cada sistema e
verificar o nível de industrialização e inovação ao qual o mesmo está submetido, pois cada
vez mais com o avanço do BIM (Building Information Model), as obras necessitam de
sistemas que se sejam compatíveis com as tecnologias que estão sendo introduzidas nas
mesmas.

Espera-se com essa análise propagar ainda mais os parâmetros de desempenho dos
sistemas construtivos definidos na NBR 15.575, pois embora seja recente, é um documento
importante para o desenvolvimento das grandes obras no Brasil. Além disso, pretende-se
igualar os sistemas construtivos em parâmetros mínimos da Norma e, por consequências,
desenvolver a análise econômica da composição de cada sistema em questão e atestar a
viabilidade econômica de cada SVVIE.

4.1 Ensaio de carga suspensa

Os SVVIE´s foram submetidos ao ensaio de carga suspensa. Dessa forma pode-se


avaliar o desempenho das alvenarias nesse quesito.

4.1.1 Bloco cerâmico

O empreendimento possui uma torre residencial com 15 pavimentos tipo, sendo 2


apartamentos por andar, compostos por sala estar / jantar, 4 suítes, lavabo, cozinha, área de
serviço, banheiro de serviço, quarto de serviço e varanda.
O ensaio de solicitação de cargas provenientes de peças suspensas foi realizado em 2
vedações verticais internas para o ensaio de mão francesa padrão. A figura ilustra, em planta
baixa, as vedações submetidas aos ensaios de fixação da mão francesa padrão.
38

Figura 8: Planta baixa da edificação avaliada – em destaque as vedações ensaiadas

Fonte: Tecomat

O ensaio de mão francesa foi realizado em 2 vedações com sistema construtivo de


acordo com a Figura 2 e localização:
o VVI 1: Parede interna entre cozinha e sala do apt. 202;
o VVI 2: Parede de geminação entre salas do apts. 202 e 201.
39

Figura 9- Sistema de vedação vertical interna do empreendimento avaliado

Fonte: Tecomat

Os ensaios foram realizados utilizando buchas UX universal, conforme a figura a seguir:


Figura 10: Elementos de fixação utilizados para fixação das peças suspensas.

Fonte: Tecomat
40

O ensaio de solicitações de cargas provenientes de peças suspensas foi realizado


conforme método de ensaio descrito no Anexo A da NBR 15575-4, sendo utilizados dois
dispositivos de fixação, mão francesa padrão.
A tabela apresenta a peça de fixação utilizada, a carga utilizada no ensaio, os requisitos
e critérios preconizados na NBR 15575-4 e a avaliação de desempenho.
Figura 11- Cargas de ensaio e critérios para peças suspensas fixadas por mão-francesa padrão

Fonte: Tecomat

Conforme avaliação descrita, o sistema de fixação da mão-francesa padrão suportou o


carregamento de 0,8KN, atendendo assim aos requisitos da NBR 15575-4 em nível mínimo.
O sistema suportou a carga pelo período de 24 horas sem apresentar escorregamento das
buchas ou ocorrência de fissuras e destacamentos.
A carga de utilização do sistema de fixação por mão francesa padrão é de 1/2 da carga
aplicada no ensaio. Logo, a carga de utilização do sistema é 40 kg.
Conforme resultado apresentado, o sistema de fixação proposto para o Jardins Casa
Forte atende em Nível de Desempenho Mínimo, quando utilizada a mão-francesa padrão
como dispositivo de fixação.
41

Figura 12- Carregamento da mão-francesa padrão

Fonte: Tecomat

Figura 13- Medidores de deslocamento na face oposta à vedação ensaiada

Fonte: Tecomat
42

4.1.2 Bloco de concreto.

O empreendimento é composto por duas edificações, cada uma com 7 pavimentos tipo,
sendo 2 apartamentos por andar. Os apartamentos possuem sala para três ambientes (estar,
estar intimo e jantar), 4 quartos (2 suítes), banheiro social, cozinha, área de serviço, quarto de
serviço e despensa. A Figura 1 ilustra, em planta baixa, a edificação avaliada, em destaque as
paredes submetidas aos ensaios de fixação da mão francesa padrão e do suporte de rede.
As paredes avaliadas são executadas em bloco de concreto com espessura de 9cm e
revestimento em argamassa cimentícia com 1,5cm de espessura.

Figura 14: Planta baixa da edificação avaliada – Em destaque as vedações avaliadas

Fonte: Tecomat

Os ensaios de solicitação de cargas provenientes de peças suspensas foram realizados


em quatro vedações verticais internas, duas para cada sistema de fixação. Os ensaios foram
realizados utilizando bucha S10 e parafusos de 10mm. As vedações ensaiadas são descritas na
tabela.
43

Tabela 11- Descrição das vedações ensaiadas

Fonte: Tecomat

Foram realizados 2 ensaios utilizando a mão francesa padrão, fixada com buchas S10.
Os requisitos e critérios preconizados na NBR 15575-4 (ABNT, 2103) e a avaliação de
desempenho são apresentadas na tabela.
Tabela 12- Resultados e avaliação de fixação de peça suspensa – mão francesa padrão

Fonte: Tecomat

Conforme pode ser observado na Tabela 2, a fixação da mão francesa padrão suportou o
carregamento de 1,0KN, carga especificada na NBR 15575-4 (ABNT, 2013) para
atendimento em nível intermediário de desempenho.
Inicialmente foi aplicado o carregamento de 120Kg, especificado para atendimento ao
nível superior de desempenho, no entanto o sistema de fixação não suportou o carregamento.
Em seguida foi aplicado o carregamento de 100Kg, suportado pelo sistema de fixação da
mão-francesa padrão.
44

Figura 15- Ensaio com mão-francesa padrão - Carregamento sendo aplicado na parede da suíte máster

Fonte: Tecomat

Figura 16- Detalhe dos pontos de fixação da mão-francesa padrão – sem escorregamento

Fonte: Tecomat
45

4.1.3 Bloco de gesso

Foram ensaiados dois protótipos montados no laboratório da TECOMAT conforme


ilustrado na figura. A vedação ensaiada foi executada com blocos de gesso vazado e fixada ao
pórtico metálico na base e no topo, sendo utilizada espuma de poliuretano para a fixação na
região superior e gesso cola na região inferior. Lateralmente a alvenaria não foi fixada ao
pórtico. Os blocos de gesso foram posicionados com os alvéolos na direção vertical.
Figura 17- Detalhes da PAREDE 01 ensaiada no Laboratório TECOMAT

Fonte: Tecomat

Em todos os ensaios foram utilizados os mesmos dispositivos de fixação, bucha nylon


de 10mm com parafuso rosca soberba, conforme mostra a figura abaixo.
46

Figura 18- Elementos de fixação utilizados nas peças suspensas.

Fonte: Tecomat

Para fixação da bucha na vedação executada em blocos de gesso vazado com 70mm de
espessura foram feitos furos com uma broca serra copo de 50mm de diâmetro. A fim de
chumbar a bucha na parede foi utilizado gesso cola, na proporção de 0,67 de gesso para 0,33
de água.
Devido ao fato do bloco ser vazado e seus furos estarem na posição vertical, foi
introduzido no furo do bloco uma folha de papel A4 amassado em formato de bola, fechando
assim o orifício do bloco de gesso e evitando que a cola de gesso caísse dentro do furo. A
figura mostra o procedimento para fixação da bucha no bloco de gesso vazado.
Figura 19- Procedimento para fixação da bucha no bloco vazado de 70mm de espessura

Fonte: Tecomat
47

Foi aplicada uma carga de 1,2kN aplicado em dois pontos, sendo 0,6kN em cada ponto,
carregamento necessário para o atendimento ao nível superior de desempenho. A Tabela 1
apresenta os requisitos e critérios preconizados na NBR 15575-4 (ABNT, 2013) para
avaliação do sistema de fixação que emprega a mão francesa padrão.
A fixação da mão francesa padrão atende aos requisitos da norma para desempenho
superior. O sistema suportou a carga máxima pelo período de 24 horas sem escorregamento das
buchas, ou ocorrência de fissuras e destacamentos.
Figura 20- Mão francesa ao final do carregamento.

Fonte: Tecomat

Tabela 13- Cargas de ensaio e critérios para peças suspensas fixadas por mão francesa padrão

Fonte: Tecomat
48

4.1.4 Drywall

O sistema Drywall foi submetido a ensaios em laboratório da TESIS, nos quais foram
avaliadas configurações com as seguintes diferenças, conforme ilustrado abaixo: 2 chapas de
gesso por lado; largura de montante 70 e 90mm; e adoção de reforços internos entre os perfis
de aço (vide 6.1) para o caso de fixação de objetos específicos.
Figura 21- Configurações de montagem do sistema Drywall

Fonte: TESIS

Há objetos que, por seu formato, seu peso ou a carga que devem suportar, requerem
condições especiais de fixação no SVVI em Drywall. Pode ser o caso, por exemplo, de
armários de cozinha, bancadas de pias, suportes articulados para televisores e armadores de
redes de dormir, entre outros. Assim sendo, para estes casos, o ensaio de cargas suspensas foi
realizado com a adoção de reforços internos localizados no espaço entre os perfis e
parafusados nos perfis de aço antes das chapas de gesso. Essas aplicações, porém, limitam o
usuário, pois esses objetos só poderão ser aplicados nos locais onde houver reforço, sem
possibilidade para uma mudança futura.
Figura 22- Tipologias do dispositivo de fixação e fotos ilustrativas

Fonte: TESIS

As configurações de SVVI avaliadas apresentavam montantes de 48, 70 e 90 e 1 ou 2


chapas de gesso de espessura nominal 12,5mm.
49

Figura 23- Cargas máximas de uso aplicadas em um ponto a 300 mm do SVVI adotando-se mão francesa

Fonte: TESIS - Relatório Técnico de Avaliação de Desempenho –1181/RT020A


* carga máxima de uso corresponde a ½ da carga de ensaio de longa duração.
** reforços conforme item 6.1 (RME – reforço metálico; RMA – reforço de madeira e RCP –
reforço de compensado plastificado).

4.1.5 Lightwall

Foi utilizado um pórtico no laboratório do ITEP para a realização de ensaios. Os


sistemas de fixação formados por conjunto bucha-parafuso de marca Fischer modelo DUO 10,
segundo dois procedimentos de aplicação proposto sobre elemento plano formado de painéis
Lightwall, de espessura total de 90mm sendo 6mm de placas cimentícias, para cada lado,
confinando um núcleo em argamassa cilíndricia com EPS com 78mm de espessura.
O elemento base utilizado para os ensaios de carga suspensa foi formado basicamente
por seis painéis assentados com argamassa industrializada da marca Quartzolit, ao longo das
juntas verticais, rejuntada com resina acrílica (base coat) da Yeso com tiras de tela de fibra de
vidro, gramatura de 40kg/m2 com 10cm de largura, aplicados externamente nas duas faces ao
longo da junta vertical. A densidade média dos painéis foi avaliada em 0,53ton/m 3.
50

Posteriormente uma das superfícies foi pintada com textura elastomérica, fabricada pela
YESO, com consumo aproximado de 1,8kg/m2. A outra superfície foi aparelhada com massa
seladora fabricada pela IBRATIN, consumo aproximado de 1,6kg/m2, sendo procedido
lixamento e posteriormente pintado com tinta elastomérica, fabricada pela YESO, com
consumo aproximado de 0,8kg/m2.
Figura 24- Montagem elemento com união de painéis utilizando argamassa cimentícia juntas verticais

Fonte: ITEP

Figura 25- Elemento construído e rejuntado com base coat e tela de fibra de vidro ao longo das juntas
verticais

Fonte: ITEP

O procedimento básico de fixação consistiu em perfurar com broca de vídea de 9,5mm


de diâmetro e a sequência posicionarem a bucha no vazio e após posicionar o suporte apertar
o parafuso sextavado do sistema até o final. A sequência de fotos 7 e 8 mostra às etapas de
fixação do suporte a parede ensaiada.
51

Figura 26- Bucha parafuso de nylon modelo DUOPOWER

Fonte: ITEP

O sistema de fixação com conjunto bucha-parafuso com adesivo, conforme apresentado


no item 3.1.2, consegui atingir o desempenho superior (S), já que superou 600N estável
durante 24 horas sem apresentar deflexão instantânea superior a 5mm(H/500), e não
superando 1mm de deslocamento residual (H/2500).
Tabela 14- Comportamento do dispositivo com utilização de bucha com adesivo

Fonte: ITEP
52

Figura 27- Sistema sob carga de 700N por ponto

Fonte: ITEP

4.1.6 Parede de concreto

Os ensaios foram realizados em campo, nas paredes internas de geminação entre as


unidades 233 e 234, do Condomínio Residencial Valle das Mangueiras que está sendo
executado pelo Empreendimento VOG Valle das Mangueiras SPE, para avaliar o desempenho
do sistema de vedação vertical interna (SVVI) executados com parede de concreto com
espessura de 10 cm, com função estrutural.
Figura 28- Planta baixa da edificação avaliada – em destaque as vedações ensaiadas.

Fonte: Tecomat
53

Figura 29: Sistema de vedação vertical interna do empreendimento avaliado

Fonte: Tecomat

Os ensaios foram realizados utilizando parafuso sextavado com bucha nº 10 da marca


FIXO, conforme figura abaixo.
Figura 30 – Elemento de fixação utilizados nos ensaios das peças suspensas

Fonte: Tecomat

Conforme avaliação descrita na tabela, o sistema de fixação da mão-francesa padrão


suportou o carregamento de 1,2KN, atendendo aos requisitos da NBR 15575-4 em nível
mínimo. O sistema suportou a carga pelo período de 24 horas sem apresentar escorregamento
das buchas ou ocorrência de fissuras e destacamentos.
A carga de utilização do sistema de fixação por mão francesa padrão é de 1/2 da carga
aplicada no ensaio. Logo, a carga de utilização do sistema é 60 kg.
54

Figura 31- Cargas de ensaio e critérios para peças suspensas fixadas por mão-francesa padrão

Fonte: Tecomat

Figura 32 - Carregamento da mão-francesa padrão

Fonte: Tecomat
55

Figura 33- Medidores de deslocamento na face oposta à vedação ensaiada

Fonte: Tecomat

4.2 Ensaio de corpo duro

Os SVVIE´s foram submetidos ao ensaio de corpo duro. Dessa forma pode-se avaliar o
desempenho das alvenarias nesse quesito.

4.2.1 Bloco cerâmico

O empreendimento conta com 1 torre que é composta por 16 pavimentos tipo com 3
apartamentos por andar, e cada unidade conta com área de 79m². As vedações verticais
internas foram concebidas em paredes de bloco cerâmico de espessura 9 cm.
56

Figura 34 - Planta baixa da edificação avaliada – Indicação das vedações verticais ensaiadas

Fonte: Tecomat

Figura 35 - Sistema de vedação vertical interna do empreendimento avaliado

Fonte: Tecomat
57

A tabela apresenta os resultados das vedações avaliadas (SVVI), descrevendo o número


do impacto, o peso do corpo duro, a altura de queda utilizada na realização do ensaio, a
energia de impacto, as profundidades das mossas de cada vedação ensaiada e o critério de
aceitação para o desempenho intermediário/superior exigido pela norma NBR 15575-4
(ABNT, 2013) para vedações com ou sem função estrutural de edifícios e a avaliação de
desempenho.
Figura 36 - Ensaio de impacto de corpo duro com energia de 2,5J nas vedações ensaiadas

Fonte: Tecomat

Conforme mostrado na tabela, em nenhum dos impactos foi observado mossa com
profundidade superior a 2mm, logo, as vedações verticais avaliadas atendem em nível
Intermediário/Superior de desempenho, conforme preconizado na NBR 15575-4.
Quando submetidas aos impactos com energia de 10J, as vedações verticais internas não
apresentaram fissuras, destacamento ou qualquer outra falha, atendendo aos critérios
preconizados para as respectivas energias de impacto.
Conforme resultados apresentados na tabela, as vedações verticais avaliadas, com ou
sem função estrutural, atendem aos requisitos e critérios preconizados na NBR 15575 quanto
aos impactos de corpo duro em nível intermediário/superior de desempenho.

4.2.2 Bloco de concreto

O empreendimento e composto por duas edificações, cada uma com 7 pavimentos tipo,
sendo 2 apartamentos por andar. Os apartamentos possuem sala para três ambientes (estar,
estar intimo e jantar), 4 quartos (2 suítes), banheiro social, cozinha, área de serviço, quarto de
58

serviço e despensa. A Figura 1 ilustra, em planta baixa, a edificação avaliada, em destaque as


paredes ensaiadas.
Figura 37 - Planta baixa da edificação avaliada – Em destaque as vedações ensaiadas

Fonte: Tecomat

As vedações são constituídas por alvenaria de bloco de concreto com espessura de 9 cm,
revestida em ambas as faces com argamassa cimentícia, espessura de 1,5cm. No momento do
ensaio uma das faces da parede de geminação entre salas não estava revestida com pintura,
apenas com o reboco.
Figura 38 - Vedação vertical interna entre salas – face sem revestimento

Fonte: Tecomat
59

A tabela apresenta os resultados dos dois ensaios realizados quando aplicado energia de
2,5J. São descritos o numero do impacto, o peso do corpo duro, as alturas de queda utilizadas,
a energia de impacto, a profundidade da mossa e a avaliação do ensaio realizado.

Figura 39 - Ensaio de impacto de corpo duro com energia de 2,5J nas duas vedações ensaiadas

Fonte: Tecomat

Conforme mostrado na Tabela 2, em nenhum dos impactos foi observado mossa com
profundidade superior a 2 mm, logo, as vedações verticais internas avaliadas atendem ao nível
Intermediário/Superior de desempenho, conforme preconizado na NBR 15575-4.
A tabela apresenta os resultados dos dois ensaios realizados quando aplicado energia de
3,75J. São descritos o numero do impacto, o peso do corpo duro, as alturas de queda
utilizadas, a energia de impacto, a profundidade da mossa e a avaliação do ensaio realizado.
60

Figura 40 - Ensaio de impacto de corpo duro com energia de 3,75J nas duas vedações ensaiadas

Fonte: Tecomat

Conforme mostrado na tabela, em nenhum dos impactos foi observado mossa com.
Profundidade superior a 2 mm, logo, as vedações verticais internas avaliadas atendem ao nível
Intermediário/Superior de desempenho, conforme preconizado na NBR 15575-4.

4.2.3 Bloco de gesso

Foram ensaiados dois protótipos montados no laboratório da TECOMAT. A vedação


ensaiada foi executada com blocos de gesso vazado e fixada ao pórtico metálico na base e no
topo, sendo utilizada espuma de poliuretano para a fixação na região superior e gesso cola na
região inferior. Lateralmente a alvenaria não foi fixada ao pórtico. Os blocos de gesso foram
posicionados com os alvéolos na direção vertical.
Foi traçado um gráfico a partir dos valores dos resultados obtidos nos ensaios. Observa-
se que em nenhum dos impactos realizados a mossa formada apresentou profundidade
superior a 2 mm, para os ensaios com esfera de aço de 0,5 kg levadas a uma altura de 0,5m e
energia respectiva de 2,5 J.
61

Figura 41 - Gráfico das profundidades das mossas nos 10 impactos de corpo duro com energia de 2,5J

Fonte: Tecomat

Quando a energia ensaiada foi de 10 J, impactada pela esfera de 1kg levada a uma altura
de 1,0m, a vedação não apresentou rupturas nem transpasse.
Logo, as vedações verticais internas, quando submetidas a impactos de corpo duro,
atendem ao nível intermediário/superior de desempenho, conforme preconizado na NBR
15575-4 (ABNT, 2013).
Figura 42 - Realização de ensaio de corpo duro

Fonte: Tecomat
62

4.2.4 Drywall

O sistema Drywall foi submetido a ensaios em laboratório da TESIS. Os resultados


obtidos são apresentados na tabela a seguir, considerando o SVVI em Drywall na
configuração (73/48/600/MS/1ST12, 5+1ST12, 5) conforme ilustra a imagem.

Figura 43 - Configuração do Drywall para ensaio de corpo duro

Fonte: TESIS

Tabela 15 - Resultados de resistência ao impacto de corpo duro em SVVI em Drywall

Fonte: TESIS

Os resultados obtidos na menor espessura de SVVI poderão ser estendidos para as


paredes com maior espessura e largura de montante, segundo a TESIS.
63

Figura 44 - Esferas utilizadas no ensaio de corpo duro

Fonte: TESIS

Figura 45 - Fotografia ilustrativa do ensaio de impacto de corpo duro - Movimento pendular da esfera
sobre a face interna do SVVI

Fonte: TESIS

4.2.5 Lightwall

Os painéis Lightwall foram submetidos ao ensaio de corpo duro no mesmo pórtico


mencionado no item 4.1.5.
Neste ensaio, os painéis foram submetidos aos critérios de avaliação para vedações
verticais externas, ou seja, resistir a 10 impactos de corpo duro (esfera de aço) sob energia de
3,75J e 20,0J.
Os resultados obtidos no ensaio encontram-se na tabela a seguir.
64

Tabela 16 - Resultado dos ensaios de corpo duro

Fonte: ITEP

Dessa forma, os painéis Lightwall enquadram-se no nível de desempenho S (Superior)


em paredes internas, pois sob a ação de impactos de corpo duro com energia de 2,5J não
apresentam falhas, apenas morsas inferiores a 2mm e sob a ação de impactos de corpo duro
com energia de 10,0J não ocorreu ruptura e traspassamento.
Figura 46 - Execução do ensaio de impacto de corpo duro:

Fonte: ITEP

4.2.6 Parede de concreto

O empreendimento possui 25 torres residenciais e 1 edifício garagem. Cada bloco


possui 4 apartamentos, composto por sala, 2 quartos (sendo 1 ser suíte), banheiro social,
cozinha, área de serviço e varanda.
O ensaio de impacto de corpo duro foi realizado em 3 paredes com o sistema de
vedação vertical interna e externa:
 Vedação vertical interna em concreto estrutural e revestimento em pasta de
gesso:
65

o VVI 01: Parede de separação entre a sala e o quarto do Torre 11 Apt.


001;
o VVI 02: Parede de separação entre a sala e o quarto do Torre 12 Apt.
003;
 Vedação vertical externa em concreto estrutural e revestimento interno em
pasta de gesso e revestimento externo em textura:
o VVE 01: Parede de separação entre a quarta e área externa da Torre 01
Apt. 003;
Os ensaios foram realizados conforme métodos descritos na NBR 15575-4, sendo
aplicados à vedação vertical golpes 10 com as energias de 2,5J e 10J nas vedações internas e
3,75J e 20 J na externa. Os ensaios foram realizados no dia 16 de Março de 2018.
As tabelas a seguir apresentam os resultados dos ensaios realizados no sistema de
vedação vertical, interna e externa, quando aplicado energia de 2,5J e 3,75J, respectivamente.
São descritos o número do impacto, o peso do corpo duro, a altura de queda utilizada, a
energia de impacto, a profundidade da mossa e a avaliação de desempenho.

Tabela 17 - Ensaio de impacto de corpo duro com energia de 2,5J nas vedações ensaiadas

Fonte: Tecomat
66

Tabela 18 - Ensaio de impacto de corpo duro com energia de 3,75J na vedação externa ensaiada

Fonte: Tecomat

Tabela 19 - Continuação da tabela anterior

Fonte: Tecomat
Conforme mostrado na Tabela 1, em nenhum dos impactos foi observado mossa com
profundidade superior a 2mm, logo, as vedações verticais avaliadas atendem em nível
Intermediário/Superior de desempenho, conforme preconizado na NBR 15575-4.

Figura 47 - Planta baixa da edificação avaliada – Indicação das vedações verticais ensaiadas

Fonte: Tecomat
67

Figura 48 - Ensaio de impacto de corpo duro na vedação vertical divisória entre sala quarto (VVI 2)

Fonte: Tecomat

4.3 Ensaio de corpo mole

Importante ensaio para simular situações reais de impactos contra os sistemas de


vedação vertical.

4.3.1 Bloco cerâmico

O empreendimento conta com 60 casas térreas, sendo 2 adaptadas. As casas possuem 2


quartos, sala estar/jantar, banheiro social e cozinha. A Figura 1 ilustra, em planta baixa, as
vedações verticais (interna e externa) submetidas aos ensaios de impacto de corpo mole.
68

Figura 49 - Planta baixa da edificação avaliada – Indicação das vedações verticais ensaiadas

Fonte: Tecomat

Figura 50 - Sistemas de vedação vertical interna e externa do empreendimento avaliado.

Fonte: Tecomat

As tabelas apresentam os resultados das vedações avaliadas (SVVI/SVVE),


descrevendo o peso do corpo mole, as alturas de queda utilizadas na realização do ensaio, a
energia de impacto, a vedação ensaiada, o critério de aceitação para o desempenho mínimo
exigido pela norma NBR 15575-4 (ABNT, 2013) para vedações verticais de casas térreas,
sem função estrutural e a avaliação de desempenho.
69

Tabela 20 - Ensaio de impacto de corpo mole para vedação vertical interna de casas térreas, sem função
estrutural (VVI).

Fonte: Tecomat

Tabela 21 - Ensaio de impacto de corpo mole para vedação vertical externa (fachadas) de casas térreas,
sem função estrutural (VVE).

Fonte: Tecomat

Conforme resultados apresentados nas Tabelas 1 e 2, as vedações verticais internas e


externas, quando submetidas aos impactos de corpo mole, atendem satisfatoriamente ao
desempenho mínimo, conforme preconizado na NBR 15575-4.
70

Figura 51 - Ensaio de impacto de corpo mole nas vedações verticais internas e externas (VVIE) entre o
quarto 2 e a sala.

Fonte: Tecomat

Figura 52 - Realização do ensaio de impacto de corpo mole.

Fonte: Tecomat

4.3.2 Bloco de concreto

Os ensaios foram realizados no mesmo edifício em que analisamos o sistema quanto às


solicitações de corpo duro.
71

A avaliação de impacto de corpo mole foi realizada em duas vedações verticais


distintas, ambas com a mesma tipologia “vedação vertical interna sem função estrutural”.
Tabela 22 - Ensaio de impacto de corpo mole para vedações verticais internas sem função estrutural

Fonte: Tecomat

Conforme observado na tabela, as duas vedações verticais internas ensaiadas, quando


submetidas a impacto de corpo mole, possuem deslocamentos inferiores aos estabelecidos na
ABNT NBR 15575-4, não sendo observadas fissuras, destacamentos ou quaisquer outras
falhas, atendendo assim em nível Intermediário/Superior de desempenho.
72

Figura 53 - Ensaio de impacto de corpo mole na vedação vertical entre apartamentos (parede de
geminação)

Fonte: Tecomat

Figura 54 - Equipamentos posicionados para medição dos deslocamentos da vedação

Fonte: Tecomat
73

4.3.3 Bloco de gesso


Os ensaios foram realizados nos mesmos pórticos em que analisamos o sistema quanto
às solicitações de corpo duro.
O critério de avaliação de impacto de corpo mole é apresentado na tabela, onde é descrito a
energia de impacto de corpo mole e o critério de desempenho para o nível mínimo exigido pela
norma NBR 15575-4 (ABNT, 2013) para vedações verticais internas sem função estrutural.
Tabela 23 - Critério de avaliação para impacto de corpo mole em vedações verticais internas.

Fonte: Tecomat

Na primeira energia de impacto, 60J, a vedação não suportou e veio à ruína. Não foi
possível verificar os deslocamentos. Logo, o sistema utilizado não atende ao desempenho
mínimo.
O sistema de vedação vertical interna (SVVI) em alvenaria não estrutural de bloco de
gesso, executada com as situações de contorno conforme apresentado na Figura 1, não atende
ao nível de desempenho mínimo de resistência a impactos de corpo mole, portanto, a sua
utilização está em desacordo com a NBR15575.
Dessa forma, foi necessário avaliar o sistema de bloco de gesso inserido em um sistema
alternativo de aplicação para validar a sua eficiência quando submetido a solicitações de
corpo mole. Assim, analisamos outro ensaio realizado pela Tecomat.
74

Tabela 24 - Detalhes da vedação vertical ensaiada em laboratório.

Fonte: Tecomat

Figura 55 - Detalhes da vedação 2 ensaiada no laboratório TECOMAT

Fonte: Tecomat
75

Tabela 25 - Critério e avaliação para impacto de corpo mole em vedações verticais internas (Vedação 2).

Fonte: Tecomat

Dessa forma, podemos considerar que o bloco de gesso atende ao nível S (Superior).
Figura 56 - Fissura localizada em ambas as faces da vedação 2 após impacto de 240J.

Fonte: Tecomat
76

4.3.4 Drywall

O sistema Drywall foi submetido a ensaios em laboratório da TESIS. Os resultados


obtidos são apresentados na tabela a seguir, considerando o SVVI em Drywall na
configuração (73/48/600/MS/1ST12, 5+1ST12, 5) conforme ilustra a imagem.

Figura 57 - Configuração do Drywall para ensaio de corpo duro

Fonte: TESIS

A avaliação da resistência ao impacto de corpo mole sobre a parede se dá através da


aplicação de impactos em movimento pendularem nas energias 60 J e 120 J, através de saco
cilíndrico de couro com diâmetro de 350mm, altura de 900mm, massa total de 40kg, contendo
em seu interior areia seca e serragem.
Os impactos nas energias 60J e 120J são aplicados em regiões predefinidas da parede
em Drywall, conforme figura abaixo. Durante o ensaio, devem-se verificar possíveis
ocorrências na região de impacto (por exemplo, ruptura, fissuras, destacamentos, etc.) e
deslocamento horizontal da parede no lado oposto do impacto.
Tabela 26 - Resultados de impacto de corpo mole em SVVI em Drywall

Fonte: TESIS
77

Figura 58 - Desenho esquemático da parede e dos pontos de aplicação de impacto de corpo mole

Fonte: TESIS

Figura 59 - Fotografias ilustrativas do ensaio, com o saco de areia posicionado em repouso faceando a
parede, sobre o ponto médio entre dois montantes consecutivos (foto à esquerda) e sobre a junta entre as chapas
de gesso (foto à direita).

Fonte: TESIS

Figura 60 - dispositivo para verificação dos deslocamentos horizontais

Fonte: TESIS
78

Figura 61 - Fotografias ilustrativas do ensaio de impacto de corpo mole - saco de areia em movimento
pendular em direção à parede

Fonte: TESIS

4.3.5 Lightwall

Os painéis Lightwall foram submetidos ao ensaio de corpo mole no mesmo pórtico


mencionado no item 4.1.5.
Foram utilizados os Critério para vedações verticais de fachada aplicado na face externa,
quando submetidos a impactos de corpo mole. Os resultados obtidos através do ensaio são
apresentados na tabela a seguir.
Tabela 27 - Ensaio de corpo mole de acordo com o Anexo C da NBR 15575

Fonte: ITEP
79

Figura 62 - sistema esquemático de aplicação de carga e registro das deformações.

Fonte: ITEP

Dessa forma, podemos considerar que os painéis Lightwall se enquadram ao nível S


(superior), pois sob a ação de impactos de corpo mole com energia de 240J não apresentou
falhas e os deslocamentos horizontais instantâneos (dh) não ultrapassaram h/250, nem os
residuais (dhr) ultrapassaram h/1250. Além disso, sob a ação de impactos de corpo mole com
energia de 360J não apresentar falhas e os deslocamentos horizontais instantâneos (dh) não
ultrapassar h/250, nem os residuais (dhr) ultrapassar h/1000. Deve-se considerar ainda que sob
ação de impactos de corpo mole com energia de 480J não apresentou falhas e sob ação de
impactos de corpo mole com energia de 720J não apresentou ruína.
80

Figura 63 - ação de choque com Energia de 360J

Fonte: ITEP

4.3.6 Parede de concreto

As casas possuem 2 quartos, sala estar/jantar, banheiro social, cozinha/área de serviço e


varanda. A Figura 1 ilustra, em planta baixa, as vedações verticais (internas) submetidas aos
ensaios de impacto de corpo mole.
81

Figura 64 - Planta baixa da edificação avaliada – Indicação das vedações verticais ensaiadas

Fonte: Tecomat

O ensaio de impacto de corpo mole foi realizado em 3 vedações com o mesmo sistema
construtivo, conforme figura acima. Todos os ensaios foram realizados no primeiro pavimento
do bloco 9.
 VVI 1: Parede de geminação entre salas dos apt. 103 e 101.

 VVI 2: Vedação vertical interna da sala para cozinha do apt. 103.


 VVI 3: Vedação vertical interna do quarto para corredor do apt. 103.
82

Figura 65 - Sistema de vedação vertical interna do empreendimento avaliado.

Fonte: Tecomat

Nas vedações verticais internas foram aplicados os impactos de corpo mole com
energias de 60J, 120J, 180J, 240J e 360J. Utilizou-se a VVI 3 para análise do ensaio.
Figura 66 - Ensaio de impacto de corpo mole para vedações verticais internas sem função estrutural (VVI
3)

Fonte: Tecomat

Conforme resultados apresentados na tabela acima, as vedações verticais internas, quando


submetidas aos impactos de corpo mole, atendem satisfatoriamente ao desempenho mínimo,
conforme preconizado na NBR 15575-4.
83

Figura 67 - Vedação vertical interna (VVI 3) submetida ao ensaio de corpo mole

Fonte: Tecomat

Figura 68 - Medidores de deslocamento na face posterior à realização do ensaio das vedações ensaiadas

Fonte: Tecomat
84

4.4 Ensaio de isolamento acústico

Os SVVIE´s foram submetidos ao ensaio de isolamento acústico. Dessa forma pode-se


avaliar o desempenho das alvenarias nesse quesito.

4.4.1 Bloco cerâmico

Os testes com bloco cerâmico foram executados no laboratório do IPT-SP, os quais


possuem as dimensões de 140x190x390 mm e furos na vertical. Foi empregada argamassa
integral nas juntas verticais e horizontais. Os furos dos blocos foram previamente preenchidos
com uma mistura de vermiculita expandida e polímero elástico.
Os blocos foram assentados formando espessura de parede de 140 mm O painel recebeu
ainda chapisco e revestimento em argamassa, em cada face, com 30 mm de espessura.
Figura 69 - Seção transversal dos blocos cerâmicos empregados na parede de vedação

Fonte: IPT

Para análise de eficiência térmica do sistema, os blocos foram submetidos a uma câmara
acústica onde se pode determinar o sistema em questão com Rw=49dB, conforme tabela
abaixo.
Figura 70 - Frequência do centro da banca de terço de oitava (Hz) x Índice de redução sonora(dB)

Fonte: IPT
85

4.4.2 Bloco de concreto

Os testes com bloco concreto foram executados no laboratório do IPT-SP, os quais


possuem as dimensões de 140x190x390 mm e furos na vertical. Estes foram preenchidos com
vermiculita para melhorar o desempenho acústico.
O painel de parede edificado para o ensaio possui os blocos de concreto com furos na
vertical e além do preenchimento com vermiculita, foram revestidos com aproximadamente
25mm em cada face.
Para análise de eficiência térmica do sistema, os blocos de concreto foram submetidos a
uma câmara acústica onde se pode determinar o sistema em questão com Rw = 51dB,
conforme tabela abaixo.
Figura 71 - Frequência do centro da banca de terço de oitava (Hz) x Índice de redução sonora (dB)

Fonte: IPT

4.4.3 Bloco de gesso

Os ensaios para bloco de gesso foram executados em no laboratório do ITEP, onde foi
construída um sistema de vedação vertical no pórtico de ensaio utilizando uma composição
86

com duas paredes de blocos vazados, de baixa densidade, nas dimensões 500,0x666, 67x70, 0
mm pesando 15,6kg/bloco e entre as alvenarias deixou-se um vazios de 1,2 cm.
Figura 72 - Finalização da primeira alvenaria de blocos

Fonte: ITEP

Figura 73 - Segunda alvenaria com blocos vazados detalhe

Fonte: ITEP

Na tabela estão apresentados os resultados das medições dos índices de redução sonora
Rw para cada faixa de frequência considerada. O gráfico mostra a evolução dos índices de
redução sonora ponderado para parede avaliada, bem como os coeficientes de adaptação do
espectro, calculada conforme a norma ISO717-1:1996.
87

Tabela 28 - Frequência do centro da banca de terço de oitava (Hz) x Índice de redução sonora (dB)

Fonte: ITEP

4.4.4 Drywall

O sistema Drywall foi submetido a ensaios em laboratório do IPT-SP. O ensaio de


isolação sonora consiste em avaliar o sistema de vedação vertical interna com condições reais
de uso e dimensões mínimas de 4.000mm de largura, 3.000mm de altura e espessura de
utilização.
Figura 74 - Vista da câmara de ensaio do laboratório do IPT

Fonte: TESIS
88

Figura 75 - Foto ilustrativa do sistema avaliado montado no pórtico de ensaio

Fonte: TESIS

A tabela a seguir mostra os valores de Rw obtidos nos ensaios em função das


configurações de SVVI avaliadas.

Figura 76 - Resultados Rw de SVVI em Drywall

Fonte: TESIS
89

4.4.5 Lightwall

Os painéis Lightwall foram submetidos ao ensaio de corpo mole no mesmo pórtico


mencionado no item 4.1.5.
Após a construção da parede no interior do pórtico externo a câmara, este é içado e
posicionado na interface entre câmaras, devidamente isolado com tubulações de borracha e
espuma de poliuretano.
Cada câmara possui portas duplas devidamente isoladas com tubulações de borracha,
com medição de temperatura e umidade.
Há cinco posicionamentos de microfones, tanto na câmara de emissão como na câmara
de recepção, para cada uma das duas posições de fontes de emissão.
Na tabela estão apresentados os resultados das medições dos índices de redução sonora
Rw para cada faixa de frequência considerada. O gráfico mostra a evolução dos índices de
redução sonora ponderado para parede avaliada, bem como os coeficientes de adaptação do
espectro, calculada conforme a norma ISO 717-1:1996.
Tabela 29 - Frequência do centro da banca de terço de oitava (Hz) x Índice de redução sonora (dB)

Fonte: ITEP
90

4.4.6 Parede de concreto

Não foram obtidos dados suficientes para determinar a eficiência acústica de sistemas
de parede de concreto.

4.5 Desempenho térmico

Os SVVIE´s foram submetidos a análise de desempenho térmico. Dessa forma pode-se


avaliar o desempenho das alvenarias nesse quesito.
A partir da análise dos ensaios apresentados anteriormente, pode-se observar que alguns
SVVIE´s possuem diferentes soluções para atender as exigências da Norma. Sendo assim,
para a análise de desempenho térmico, foram consideradas as soluções mais robustas de cada
SVVIE.
Além disso, o foco da análise do desempenho térmico neste trabalho será apenas
voltado para a transmitância térmica.

4.5.1 Bloco cerâmico

Devido ao atendimento das exigências de isolamento acústico, foi utilizado um bloco


cerâmico de dimensões 140x190x390 mm e furos na vertical. Além disso, o painel recebeu
um revestimento de 30mm de argamassa em cada face.
Dessa forma, foi simulado através da calculadora da Projetee o sistema construtivo em
questão, conforme tabela abaixo.
Tabela 30 - Desempenho térmico bloco cerâmico

Fonte: Projetee – Componentes construtivos

Para fins de análise térmica, iremos considerar que a transmitância térmica desse
sistema é de 1,9W/m².K.
91

4.5.2 Bloco de concreto

Devido ao atendimento das exigências de isolamento acústico, foi utilizado um bloco de


concreto de dimensões 140x190x390 mm e furos na vertical. Além disso, o painel recebeu um
revestimento de 25mm de argamassa em cada face.
Dessa forma, foi simulado através da calculadora da Projetee o sistema construtivo em
questão, conforme tabela abaixo.
Tabela 31 - Desempenho térmico bloco de concreto

Fonte: Projetee – Componentes construtivos

Para fins de análise térmica, iremos considerar que a transmitância térmica desse
sistema é de 2,6W/m².K.

4.5.3 Bloco de gesso

Devido ao atendimento das exigências de isolamento acústico, foi utilizado um bloco de


concreto de dimensões 500,0x666,67x70,0 mm .
Dessa forma, foi simulado através da calculadora da Projetee o sistema construtivo em
questão, conforme tabela abaixo.
92

Tabela 32 - Desempenho térmico bloco de gesso

Fonte: Projetee – Componentes construtivos

Para fins de análise térmica, iremos considerar que a transmitância térmica desse
sistema é de 1,9W/m².K.

4.5.4 Drywall

Devido ao atendimento das exigências de isolamento acústico, foi utilizado um sistema


Drywall composto por duas placas de gesso acartonado em cada face e uma camada de ar de
7cm.
Dessa forma, foi simulado através da calculadora da Projetee o sistema construtivo em
questão, conforme tabela abaixo.
Tabela 33 - Desempenho térmico Drywall

Fonte: Projetee – Componentes construtivos

Para fins de análise térmica, iremos considerar que a transmitância térmica desse
sistema é de 2,1W/m².K.
93

4.5.5 Lightwall

Foi mantido um padrão nos ensaios utilizando painel Lightwall, sendo todos eles
realizados com dimensões de 3000x610x90 mm, o que também acontecerá com a análise
térmica.
Devido à especificidade do material, o sistema do Projetee não possui o concreto leve
em sua composição, dessa forma, foram consideradas as características dos matérias que
compõem o painel Lightwall e dessa forma foi possível determinar a transmitância térmica.
Tabela 34 - Desempenho térmico Lightwall

Fonte: Arquivo pessoal

Para fins de análise térmica, iremos considerar que a transmitância térmica desse
sistema é de 1,54W/m².K.

4.5.6 Parede de concreto

Devido ao atendimento das exigências de carga suspensa, foi utilizado um sistema de


parede maciça de concreto com 12cm de espessura.
Dessa forma, foi simulado através da calculadora da Projetee o sistema construtivo em
questão, conforme tabela abaixo.
94

Figura 77 - Desempenho térmico parede de concreto

Fonte: Projetee – Componentes construtivos

Para fins de análise térmica, iremos considerar que a transmitância térmica desse
sistema é de 4,2W/m².K.
95

5 CONCLUSÕES

Através do desenvolvimento do tema abordado, foi possível investigar e descrever as


etapas de produção dos SVVIE´s, identificando os processos produtivos mais industrializados
como os painéis Lightwall, Drywall e as paredes de concreto. Já os outros sistemas podem ser
produzidos tanto de forma industrializada como também podem possuir uma produção
precária e sem controle de qualidade.
Além disso, as obras exigem muito de seus fornecedores que possam atender as
exigências das normas vigentes, em especial a NBR 15575. Pode-se perceber que todos os
SVVIE´s possuem soluções para diversas aplicações. Porém, em alguns casos o custo do
sistema não é levado em conta e ao atender uma exigência normativa, o sistema torna-se
inviável, devendo o consumidor buscar novas soluções com o custo mais acessível.
Foram observadas também as etapas de serviço que alguns sistemas precisam ser
submetidos para que pudesse cumprir as exigências da norma, algo que vai de encontro ao
processo de industrialização e inovação na construção civil.
A seguir será realizada a conclusão específica de cada critério abordado.

5.1 Carga suspensa

O bloco cerâmico apresentou o pior resultado entre os SVVIE´s avaliado, atendendo em


nível mínimo. Já o bloco de concreto atendeu em nível intermediário. Com relação ao bloco
de gesso, mesmo atendendo em nível superior, foram necessárias várias etapas de trabalho
para que o sistema pudesse suportar a carga e atingir o nível máximo da norma. O Drywall
também atingiu o nível máximo, porém a sua capacidade de carga está atrelada diretamente a
dispositivos de reforço que possibilitam o desempenho.
Os painéis Lightwall e as paredes de concreto atingiram o nível máximo da norma.

5.2 Corpo duro

O ensaio de corpo duro não foi um critério que promovesse a distinção entre os
sistemas, pois todos os sistemas puderam alcançar as exigências do ensaio.

5.3 Corpo mole


Assim como o ensaio de corpo duro, o ensaio de corpo mole não promove grande
distinção entre os sistemas. No entanto, é possível observar que alguns SVVIE´s possuem
96

capacidade de serem utilizados em área externas atendendo a norma em nível máximo, como
os painéis Lightwall

5.4 Isolamento acústico

Visando alcançar os níveis mínimos exigidos em norma, esse parâmetro foi


determinante para a distinção entre os sistemas. Bloco cerâmico, bloco de concreto e Drywall
precisaram mudar bruscamente as suas estruturas para que pudessem atender níveis mínimos,
o que impacta em novas etapas de serviços e também a elevação dos custos do sistema.
Além disso, os sistemas praticamente dobraram a sua espessura de atuação,
comprometendo a área interna útil dos empreendimentos em que possivelmente seriam
aplicados.
Com relação ao painel Lightwall, o mesmo alcançou ao nível mínimo de 39 dB apenas
com a pintura de suas faces, sem adicionar nenhum elemento externo que pudesse onerar o
sistema e estender o tempo de aplicação do produto. Dessa forma, o painel Lightwall
apresentou um desempenho acústico bastante satisfatório.
Não foram encontradas fontes confiáveis que pudessem ser conclusivas a respeito da
eficiência acústica das paredes de concreto, porém pode-se considerar que esse sistema possui
baixo isolamento térmico, principalmente por ser composto de apenas um material e não
possuir o sistema massa-mola-massa, fundamental para o isolamento acústico.

5.5 Desempenho térmico

O desempenho térmico foi o principal regulador dos SVVIE´s analisados, pois nesse
critério utilizamos o sistema da forma mais robusta em que ele foi apresentado nos ensaios
anteriores.
Neste critério foi possível verificar uma grande vantagem encontrada entre os SVVIE´s
estudados. Com apenas 1,54W/m².k, os painéis Lightwall possuem a menor transmitância
térmica dentre os sistemas e consequentemente é o mais provável a atingir os melhores níveis
de eficiência energética.
Além disso, chamou a atenção o sistema de parede de concreto que, com transmitância
térmica de 4,2W/m².k, e sendo bastante utilizado para moradia populares no Brasil, é um
sistema que precisa evoluir bastante que quesito térmico para que possa oferecer conforto aos
usuários.
97

REFERÊNCIAS

ASSOCIAÇÃO DE NORMAS TÉCNICAS. NBR 15575-4: Edificações habitacionais-


Desempenho, parte 4: Requisitos para os sistemas de vedações verticais internas e externas-
SVVIE. Rio de Janeiro: ABNT, 2013.

FLEURY, Lucas Eira. Análise das vedações verticais internas de drywall e alvenaria de
blocos cerâmicos com estudo de caso comparativo. 2015.

SABBATINI, Fernando H. Tecnologia das construções de edifícios I. PCC-2435, 2003.

SALVADOR FILHO, José Américo Alves. Blocos de Concreto Para Alvenaria em


Construções Industrializadas. São Carlos, 2007.

ZATT, Gustavo. Fechamento de paredes de vedação: sistema Light Steel Frame utilizando
placas cimentícias. 2010.

MAZZAFERRO, Leonardo; MELO, Ana Paula; LAMBERTS, Roberto. Manual de


simulação computacional de edifícios com o uso do objeto ground domain no programa
Energy Plus. Relatório LabEEE, 2015.

MENDES, Mateus Veras. Desempenho térmico de habitações de interesse social: estudo


no semiárido nordestino. 2019.

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