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Universidade Federal de Uberlândia

Faculdade de Engenharia Civil

TRABALHO DE CONCLUSÃO DE CURSO

CONTRIBUIÇÃO AO PROJETO DE BLOCOS DE COROAMENTO SOBRE


ESTACAS MEDIANTE ESTUDO COMPARATIVO E CONSIDERAÇÃO DE
EXCENTRICIDADES ACIDENTAIS

Discentes: Rafaeli Ganzerla dos Santos 11711ECV015

Docente: Arquimedes Diógenes Ciloni

Uberlândia, abril de 2022.


Universidade Federal de Uberlândia
Faculdade de Engenharia Civil

RAFAELI GANZERLA DOS SANTOS

CONTRIBUIÇÃO AO PROJETO DE BLOCOS DE COROAMENTO SOBRE


ESTACAS MEDIANTE ESTUDO COMPARATIVO E CONSIDERAÇÃO DE
EXCENTRICIDADES ACIDENTAIS

Trabalho de Conclusão de Curso apresentado à


Faculdade de Engenharia Civil da Universidade
Federal de Uberlândia, como parte dos
requisitos para a conclusão da Graduação em
Engenharia Civil sob orientação do professor
Arquimedes Diógenes Ciloni.

Uberlândia, abril de 2022.


RAFAELI GANZERLA DOS SANTOS

CONTRIBUIÇÃO AO PROJETO DE BLOCOS DE COROAMENTO SOBRE


ESTACAS MEDIANTE ESTUDO COMPARATIVO E CONSIDERAÇÃO DE
EXCENTRICIDADES ACIDENTAIS

Trabalho de Conclusão de Curso apresentado à


Faculdade de Engenharia Civil da Universidade
Federal de Uberlândia, como parte dos
requisitos para a conclusão da Graduação em
Engenharia Civil sob orientação do professor
Arquimedes Diógenes Ciloni.

Aprovado em: ____/____/_____

Conceito: __________________

BANCA EXAMINADORA

Professor Doutor Arquimedes Diógenes Ciloni – Orientador


Universidade Federal de Uberlândia

Professor Doutor Felipe Piana Vendramell Ferreira


Universidade Federal de Uberlândia

Professor Doutor Jean Rodrigo Garcia


Universidade Federal de Uberlândia
Agradecimentos

Em primeiro lugar, agradeço a Deus por ter me capacitado e me concedido a


oportunidade de cursar esta faculdade. Agradeço a minha família pela dedicação, apoio e
amor, e por ter sido meu porto seguro nos momentos de aflição, em especial a minha mãe
e melhor amiga Camila Maria Ganzerla.
Agradeço aos meus amigos e colegas de faculdade, em especial Bárbara de Jesus
Barbosa, Débora de Jesus Barbosa, João Felipe dos Santos, Júlio César Pereira Amorim
e Carlos Henrique Barbosa, que me ajudaram, me fizeram companhia, estudaram,
sofreram e riram comigo.
Agradeço ao Programa de Educação Tutorial – PET Civil UFU, onde pude
vivenciar diversas experiências que aprimoraram minhas habilidades profissionais e
pessoais, e a todos os seus membros, em especial Lucas Kummer Perinazzo Rezende,
Daniel dos Reis Soidan, Vitória Moura Willeman, Natália Moura Wileman, Vinicius
Gonçalves Melo e à tutora Leila Aparecida de Castro Motta.
Agradeço a todos os professores e técnicos da Faculdade de Engenharia Civil –
FECIV UFU, que me inspiraram, apoiaram, ajudaram, instruíram e contribuíram
grandemente para minha formação, em especial ao meu orientador Arquimedes Diógenes
Ciloni, seus companheiros Maria Cristina Vidigal de Lima, Rodrigo Gustavo Delalibera,
Gerson Moacyr Sisniegas Alva e Antonio Carlos dos Santos, e também aos professores
Giovana Bizão Geogetti e Jean Rodrigo Garcia, que me tornaram uma aluna apaixonada
pelas áreas de Estruturas e Geotecnia.
RESUMO

Os blocos de coroamento são elementos estruturais de extrema importância, visto


que eles distribuem as cargas solicitantes da edificação para as fundações. O
dimensionamento de blocos dobre estacas pode ser feito com base nos modelos de biela-
tirante e modelos de flexão. O Método de Blévot e Frémy (1967) é um dos mais utilizados
no país, porém apresenta algumas limitações, pois é recomendado apenas para blocos
rígidos sobre estacas equidistante e submetidos a esforços axiais centrados. O Método da
Flexão apresentado por Bell (1985) é um método alternativo bastante vantajoso, tendo
em vista sua simplicidade, sua eficiência e sua aplicabilidade em blocos rígidos e
flexíveis, submetidos a cargas excêntricas. Na construção civil, é comum a ocorrência de
excentricidades executivas de estacas, as quais podem gerar esforços adicionais sobre a
estrutura. No dimensionamento de bloco de coroamento, deve-se considerar os esforços
devidos às excentricidades de locação e execução dos elementos estruturais.

Palavras-chave: blocos de coroamento, fundações profundas, dimensionamento,


excentricidade.
ABSTRACT

Pile caps are extremely important structural elements, since they distribute the
building loads to the foundations. The design of pile caps may be based on strut-and-tie
models and bending models. The method of Blévot and Frémy (1967) is one of the most
used in the Brazil, but it has certain limitations as it is recommended only for rigid pile
caps on equidistant piles and submitted to centered axial loads. The Bending Method
presented by Bell (1985) is a very advantageous alternative method, in view of its
simplicity, efficiency and applicability in rigid and flexible blocks, submitted to eccentric
loads. In civil construction, it is common the occurrence of eccentricities, which can
generate additional stresses on the structure. In the design of pile caps, it must be
considered the efforts due to the eccentricities of location and execution of the structural
elements.

Keywords: pile caps, deep foundations, design, eccentricity.


SUMÁRIO

1 INTRODUÇÃO ........................................................................................................... 9

1.1 OBJETIVO ........................................................................................................... 10

1.2 JUSTIFICATIVA ................................................................................................. 10

1.3 METODOLOGIA................................................................................................. 11

2 REVISÃO BIBLIOGRÁFICA ................................................................................. 11

3 DIMENSIONAMENTO DE BLOCOS SOBRE ESTACAS ................................. 13

3.1 DIMENSIONAMENTO PELO MÉTODO DE BIELA-TIRANTE .................... 15

3.1.1 Blocos sobre duas estacas ............................................................................ 15

3.1.2 Blocos sobre três estacas ............................................................................. 16

3.1.3 Blocos sobre sete estacas ............................................................................. 17

3.2 MÉTODO DA FLEXÃO...................................................................................... 18

4 ESTUDOS DE CASO ................................................................................................ 19

4.1 BLOCO SOBRE DUAS ESTACAS .................................................................... 19

4.2 BLOCO SOBRE TRÊS ESTACAS ..................................................................... 22

4.3 BLOCO SOBRE SETE ESTACAS ..................................................................... 25

4.4 BLOCO SOBRE ESTACAS EXCÊNTRICAS ................................................... 33

5 ANÁLISE COMPARATIVA ................................................................................... 40

6 CONSIDERAÇÕES FINAIS .................................................................................... 41

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ....................................................................... 42


LISTA DE FIGURAS

Figura 1 - Modelo de biela-tirante .................................................................................. 12


Figura 2 - Fotos dos ensaios de Blévot e Frémy............................................................. 12
Figura 3 - Bielas de compressão de bloco sobre duas estacas ........................................ 15
Figura 4 - Biela de compressão para o bloco sobre três estacas ..................................... 16
Figura 5 - Valor limite para adotar armadura complementar ......................................... 18
Figura 6 - Bloco sobre duas estacas................................................................................ 20
Figura 7 - Armação do bloco do estudo de caso 1 ......................................................... 22
Figura 8 - Bloco sobre três estacas ................................................................................. 23
Figura 9 - Armação do bloco do estudo de caso 2 ......................................................... 25
Figura 10 - Bloco sobre sete estacas ............................................................................... 26
Figura 11 - Bloco sobre sete estacas com armação nas diagonais e com cintas paralelas
aos lados ......................................................................................................................... 27
Figura 12 - Diagrama de esforços para os eixos X e Y .................................................. 28
Figura 13 - Bloco sobre sete estacas armado em malha ................................................. 29
Figura 14 - Excentricidades impostas ao pilar para equilibrar os momentos fletores .... 30
Figura 15 - Bloco sob pilar excêntrico sobre sete estacas, com armação nas diagonais e
com cintas ....................................................................................................................... 31
Figura 16 - Diagrama de esforços para os eixos X e Y, com excentricidade imposta ao
pilar ................................................................................................................................. 31
Figura 17 - Bloco sob pilar excêntrico sobre sete estacas armado em malha ................ 33
Figura 18 - Bloco sobre duas estacas para estudo de caso 4 .......................................... 33
Figura 19 - Detalhes da armação do bloco sem excentricidade de estacas, em planta ... 35
Figura 20 - Detalhes da armação do bloco sem excentricidade de estacas, em corte .... 36
Figura 21 - Excentricidades executivas de estacas ......................................................... 36
Figura 22 - Novas dimensões do bloco considerando as estacas excêntricas ................ 37
Figura 23 - Armação do bloco sobre estacas excêntricas, em corte. .............................. 39
Figura 24 - Armação do bloco sobre estacas excêntricas, em planta ............................. 40
9

1 INTRODUÇÃO

O sistema estrutural de uma edificação é definido como o conjunto de elementos


estruturais responsável por resistir aos esforços solicitantes e transmiti-los ao solo. Em
geral, a estrutura de uma edificação pode ser dividida em superestrutura – lajes, vigas e
pilares – e infraestrutura – fundações. (CAMPOS, 2015)
Fundações são os elementos estruturais responsáveis por transmitir as cargas da
edificação para o terreno, o qual deve ter capacidades geotécnicas apropriadas para
receber tais esforços sem sofrer ruptura ou deformações excessivas. As fundações podem
ser classificadas como fundações rasas – sapatas, vigas baldrames, blocos e radiers – e
fundações profundas – estacas e tubulões. A escolha entre fundação rasa ou profunda
depende da profundidade do solo resistente e do nível de esforços. (BARROS, 2011)
Fundações rasas são caracterizadas por transmitirem os esforços para o solo
através de cargas distribuídas sob sua base, e são comumente utilizadas em construções
de pequeno porte. Já as fundações profundas são mais comuns em obras de grande porte,
visto que as cargas são mais elevadas, as quais são transmitidas ao terreno, neste tipo de
fundação, por meio da resistência de ponta, da resistência lateral, ou por meio de uma
combinação de ambas. (CAMPOS, 2015; SILVA; GONÇALVEZ, 2018)
Quando as camadas superficiais do solo não apresentam resistência suficiente para
suportar as cargas da edificação, faz-se necessário a utilização de fundações profundas
para alcançar camadas resistentes. No caso da adoção de fundações em estaca ou tubulão,
é preciso utilizar elementos estruturais intermediários, denominados blocos de
coroamento, os quais são elementos espaciais responsáveis por solidarizar o grupo de
estacas, distribuindo adequadamente as cargas da estrutura, além de ajudar a absorver
possíveis momentos fletores. (DELALIBERA, 2006)
A escolha do tipo adequado de fundação para um empreendimento deve basear-
se em aspectos técnicos e econômicos, os quais englobam o nível de cargas ao qual a
edificação estará submetida, as características geotécnicas do local e entorno da obra, e
os tipos de fundação disponíveis no mercado regional. (DELALIBERA; GIONGO, 2013)
Ao optar pela utilização de fundações em estacas, o engenheiro projetista deve
estar ciente da possibilidade de acontecerem excentricidades executivas, cuja ocorrência
é bastante comum, devido às limitações e falhas nos equipamentos ou no processo de
locação das estacas. As excentricidades de estacas podem gerar esforços adicionais, os
quais devem ser considerados no dimensionamento da estrutura.
10

Até um determinado limite, as ações devidas à excentricidade de estacas podem


ser absorvidas pela estrutura. Porém, no caso de excentricidades muito grandes, os
esforços devem ser verificados e, possivelmente, feito o reforço dos elementos estruturais.
Campos (2015) afirma que as excentricidades por falha de locação das estacas
geram momentos de torção que podem ser parcialmente absorvidos pela armadura de pele
do bloco. Cabe ao engenheiro estrutural fazer as verificações e dimensionar os possíveis
reforços, conforme cada situação apresentada na execução da estrutura.
De acordo com o item 8.5.6 da NBR 6122:2019, o limite aceitável de
excentricidade de execução é igual a 10% da menor dimensão da estaca. Caso a
excentricidade seja superior, deve ser feita a verificação das implicações das
excentricidades na estabilidade da estrutura.

1.1 OBJETIVO

O objetivo deste trabalho é estudar o dimensionamento de blocos sobre estacas a


luz dos modelos de bielas-tirante e da flexão, comparando os métodos apresentados por
Blévot e Frémy (1967) e por Bell (1985), além de considerar as implicações do efeito de
cargas excêntricas sobre o comportamento estrutural do bloco de coroamento e a
estabilidade da estrutura como um todo.
Como resultado, espera-se contribuir com o conhecimento de estruturas de
fundações, através de estudos de casos resolvidos por ambos os métodos apresentados.

1.2 JUSTIFICATIVA

Embora o engenheiro estrutural dimensione a estrutura e fundações para que seus


elementos sejam executados de acordo com as coordenadas e dimensões especificadas
em projeto, sabe-se que as excentricidades de execução são inevitáveis, tendo em vista as
características executivas dos tipos de estruturas e as limitações e falhas de equipamentos.
Tais excentricidades executivas geram esforços adicionais, os quais devem ser
considerados no dimensionamento da estrutura. Os engenheiros estrutural e geotécnico
devem então fazer as verificações de resistência tanto da estrutura e como da capacidade
do solo, além de dimensionar possíveis reforços.
11

Além disso, este trabalho justifica-se pela relevância do estudo do comportamento


estrutural dos blocos de coroamento, visto que estes possuem grande importância para o
bom funcionamento e adequada distribuição de forças da estrutura para a fundação.

1.3 METODOLOGIA

A metodologia a ser utilizada no trabalho envolve a revisão da literatura e das


normas vigentes, o estudo do dimensionamento de blocos de coroamento e, por fim,
apresentação de alguns estudos de casos, comparando as soluções pelo Método de Blévot
e Frémy (1967) e pelo Método de Bell (1985).

2 REVISÃO BIBLIOGRÁFICA

O dimensionamento de elementos estruturais de fundações é feito com base nas


recomendações da Norma ABNT NBR 6118:2014, de modo a atender aos Estados-
Limite Último e de Serviço. De acordo com esta Norma, os blocos sobre estacas são
estruturas tridimensionais responsáveis por transmitir as cargas da fundação para as
estacas ou tubulões, podendo ser considerados rígidos ou flexíveis. Segundo Alva (2007),
um bloco é considerado rígido se sua altura se for maior do que um terço da diferença
entre a dimensão do bloco e a respectiva dimensão do pilar.
De acordo com a NBR 6118:2014, o dimensionamento de blocos sobre estacas
pode ser feito por meio de modelos biela-tirante ou modelos tridimensionais lineares ou
não lineares.
O modelo biela-tirante é comumente aplicado em blocos rígidos e considera que
a transmissão dos esforços do pilar para as estacas ocorra através de bielas de compressão,
conforme representado na Figura 1. Já os blocos flexíveis exigem uma análise mais
complexa sobre a distribuição dos esforços e a necessidade de verificação da punção,
sendo usualmente adotado o método de flexão. (ABNT, 2014)
Segundo Bastos (2020), um dos modelos mais utilizados para o dimensionamento
de blocos de coroamento no Brasil é o Método das Bielas de Blévot (1967). Este método
foi desenvolvido por Blévot e Frémy (1967) através de ensaios realizados em blocos sobre
duas, três e quatro estacas, verificando a aplicabilidade da teoria das bielas para o
comportamento estrutural dos blocos de coroamento. (Figura 2)
12

Figura 1 - Modelo de biela-tirante

Fonte: Thomáz, 2022.

Blévot e Frémy (1967) observaram que a ruptura dos blocos ocorreu por
esmagamento do concreto junto ao pilar ou junto à estaca após a formação de várias
fissuras. Além disso, os autores constataram uma diminuição da força última dos blocos
projetados com armadura em malha, devido à ausência de armadura de suspensão.

Figura 2 - Fotos dos ensaios de Blévot e Frémy

Fonte: Blévot e Frémy, 1967.

Os ensaios realizados por Blévot e Frémy (1967) são a base para a maioria dos
métodos de biela-tirante para dimensionamento de blocos sobre estacas. Os autores
recomendam que a inclinação das bielas deve estar entre 40º e 55º e as tensões limites nas
bielas comprimidas devem ser:
0,60 ∙ 𝑓𝑐𝑑 → Blocos sobre 2 estacas
𝜎𝑑,𝑏𝑖𝑒𝑙𝑎 ≤ {0,75 ∙ 𝑓𝑐𝑑 → Blocos sobre 3 estacas
0,90 ∙ 𝑓𝑐𝑑 → Blocos sobre 4 estacas
13

Os métodos baseados no modelo de biela-tirante, como o Método de Blévot, são


recomendados no dimensionamento de blocos rígidos, submetidos a carregamentos
centrados e com todas as estacas igualmente espaçadas do centro de gravidade do pilar.
Neste método, admite-se a treliça como modelo resistente no interior do bloco, de modo
que suas barras são as bielas. O objetivo principal é definir a forma, inclinações e tensões
atuantes das bielas comprimidas. (THOMAZ, 2022)
Para blocos sobre um conjunto de estacas que não estejam igualmente espaçadas
do centro de gravidade do bloco, ou que estejam submetidas a carregamentos excêntricos,
pode-se utilizar o Método da Flexão, que considera o comportamento dos blocos sobre
estacas como uma viga contínua simplesmente apoiada, de modo que eles são
dimensionados para as condições de momento e cisalhamento, adaptando a teoria elástica
para a determinação dos esforços solicitantes. (SOUZA; BITTENCOURT, 2004)

3 DIMENSIONAMENTO DE BLOCOS SOBRE ESTACAS

Existem algumas definições de dimensionamento que são fundamentais e se


aplicam a todos os blocos, independentemente do número de estacas sobre as quais eles
se encontram.
No dimensionamento de blocos de coroamento, as tensões atuantes nas bielas de
compressão devem ser menores do que a tensão limite, para evitar o esmagamento do
concreto.
Para o cálculo das cargas nas estacas, Guerrin (2003) considera que a carga do
pilar pode estar centrada ou não sobre o centro de gravidade das estacas. Para pilares
submetidos a força normal centrada sobre o centro de gravidade do conjunto de estacas,
admite-se que a carga seja igualmente distribuída para todas as estacas, tendo em vista a
consideração inicial de que as estacas sejam equidistantes do centro de gravidade do pilar.
Para pilares submetidos a força normal excêntrica apoiados em blocos sobre um
conjunto de estacas, ou ainda o caso de excentricidades executivas de estacas, as quais
geram momentos fletores, semelhante ao caso de pilares submetidos a força normal e
momentos fletores, de modo que a tensão no centro de cada estaca é dada por:
𝑁 𝑀𝑥 ∙ 𝑦𝑖 𝑀𝑦 ∙ 𝑥𝑖
𝜎= ± ±
𝑛𝑒 ∙ 𝐴𝑒 𝐼𝑥 𝐼𝑦
14

A carga vertical atuante em cada estaca, considerando os efeitos da força normal


e dos momentos fletores é dada por:
𝑁 𝑀𝑥 ∙ 𝑦𝑖 𝑀𝑦 ∙ 𝑥𝑖
𝑁𝑖 = ± ±
𝑛𝑒 ∑ 𝑦𝑖2 ∑ 𝑥𝑖2

Além disso, é comum considerar o peso do bloco de coroamento como sendo uma
parcela da força normal do pilar. Bastos (2020) indica cerca de 2% da carga do pilar.
A ruptura de blocos de coroamento geralmente se dá por esmagamento do
concreto devido às tensões principais elevadas, sendo necessária uma gaiola de armação
tridimensional. (BELL, 1985). As armaduras de blocos de coroamento se dividem em:
• Armadura principal: também chamada de armadura de flexão, resiste à
componente horizontal de tração resultante da biela de compressão;
• Armadura de distribuição: disposta em malha complementar à armadura
principal, possui o objetivo de controlar a fissuração e deve resistir à 20%
dos esforços totais;
• Armadura de suspensão: responsável por equilibrar as parcelas de cargas
das armaduras principal e de distribuição, quando o espaçamento entre
estacas for maior do que 3 vezes seu diâmetro;
• Armaduras laterais e superior: são recomendadas em blocos de grandes
volumes e obrigatórias para blocos de duas ou mais estacas em linha.

A armadura de suspensão possui a função de mitigar o surgimento de fissuras nas


regiões entre as estacas, e é calculada pela equação:
2 ∙ 𝑁𝑑
𝐴𝑠,𝑠𝑢𝑠𝑝 =
3 ∙ 𝑛𝑒 ∙ 𝑓𝑦𝑑

Além disso, para blocos sujeitos aos esforços de torção devido a excentricidades,
tanto de cargas de pilares excêntricos, como a ocorrência de excentricidades executivas
de estacas, a NBR 6118:2014 recomenda a adoção de armaduras em todo o perímetro do
bloco, destinadas a absorver os esforços de tração derivados da torção. (CAMPOS, 2015)
Para este trabalho, serão apresentadas as formulações de dimensionamento de
blocos sobre duas, três e sobre sete estacas, em concordância com o número de estacas
considerados nos estudos de casos.
15

3.1 DIMENSIONAMENTO PELO MÉTODO DE BIELA-TIRANTE

3.1.1 Blocos sobre duas estacas

Para blocos sobre duas estacas, a treliça é um triângulo simples, de modo que as
bielas comprimidas são as diagonais e a biela tracionada é a horizontal. (Figura 3)

Figura 3 - Bielas de compressão de bloco sobre duas estacas

Fonte: Bastos, 2020.

As tensões normais de compressão na biela, relativa à estaca e ao pilar são:


𝑅𝑐𝑑 𝑁𝑑 𝑁𝑑
𝜎𝑐𝑑 = 𝜎𝑐𝑑,𝑏,𝑒𝑠𝑡 = 𝜎𝑐𝑑,𝑏,𝑝𝑖𝑙 =
𝐴𝑏 2 ∙ 𝐴𝑒 ∙ sin2 𝛼 𝐴𝑃 ∙ sin2 𝛼

A tensão de compressão limite, para blocos sobre duas estacas, é dada por:
𝜎𝑐𝑑,𝑏,𝑙𝑖𝑚 = 1,4 ∙ 𝐾𝑅 ∙ 𝑓𝑐𝑑
Sendo 𝐾𝑅 o coeficiente que leva em consideração o efeito Rüsch, que consiste na
perda de resistência do concreto ao longo do tempo devida à carga permanente. Para este
trabalho, será considerado 𝐾𝑅 = 0,95.
A armadura principal que resistirá aos esforços da biela tracionada é dada por:
1,15 ∙ 𝑁𝑑
𝐴𝑠 = ∙ (2𝑒 − 𝑎𝑝 )
8 ∙ 𝑑 ∙ 𝑓𝑦𝑑

A área de aço das armaduras superior e de pele e dos estribos verticais são
calculados pelas seguintes equações:
𝐴𝑠𝑝 𝐴𝑠𝑤
𝐴𝑠,𝑠𝑢𝑝 = 0,2 ∙ 𝐴𝑠 ( ) =( ) = 0,075 ∙ 𝐵
𝑠 mín,face 𝑠 mín,face
16

3.1.2 Blocos sobre três estacas

Quando se trata de um conjunto de três estacas, é comum optar por blocos


triangulares, com o centro do pilar coincidindo com o centro geométrico do bloco, de
modo que cada estaca esteja igualmente espaçada do centro do pilar.
Considera-se, então, o esquema de forças nas medianas do triângulo, dada pela
distância entre a estaca e o centro do pilar. (Figura 4)

Figura 4 - Biela de compressão para o bloco sobre três estacas

Fonte: Bastos, 2020.

No polígono de forças, as forças de tração e de compressão são dadas por:


𝑁 (√3 ∙ 𝑒 − 0,9 ∙ 𝑎𝑝 ) 𝑁 𝑑
𝑅𝑠 = ∙ 𝑅𝑐 = tan 𝛼 =
9 𝑑 3 ∙ sin 𝛼 √3 ∙ 𝑒
3 − 0,3 ∙ 𝑎𝑝

Caso o pilar seja retangular, adota-se um pilar de seção quadrada equivalente:

𝑎𝑝,𝑒𝑞 = √𝑎𝑝 ∙ 𝑏𝑝

As tensões normais de compressão na biela, relativa à estaca e ao pilar são:


𝑅𝑐𝑑 𝑁𝑑 𝑁𝑑
𝜎𝑐𝑑 = 𝜎𝑐𝑑,𝑏,𝑒𝑠𝑡 = 𝜎𝑐𝑑,𝑏,𝑝𝑖𝑙 =
𝐴𝑏 3 ∙ 𝐴𝑒 ∙ sin2 𝛼 𝐴𝑃 ∙ sin2 𝛼

A tensão de compressão limite, para bloco sobre três estacas, é dada por:
𝜎𝑐𝑑,𝑏,𝑙𝑖𝑚 = 1,75 ∙ 𝐾𝑅 ∙ 𝑓𝑐𝑑
17

A armadura principal pode ser feita de três maneiras:


• Armadura paralela aos lados do bloco:
√3 ∙ 𝑁𝑑
𝐴𝑠,𝑙𝑎𝑑𝑜 = ∙ (√3 ∙ 𝑒 − 0,9 ∙ 𝑎𝑝 )
27 ∙ 𝑑 ∙ 𝑓𝑦𝑑
• Armadura na direção das medianas com cintas nos lados do bloco:
𝑁𝑑 ∙ (1 − 𝑘) 2 4
𝐴𝑠,𝑚𝑒𝑑 = ∙ (√3 ∙ 𝑒 − 0,9 ∙ 𝑎𝑝 ) ≤𝑘≤
9 ∙ 𝑑 ∙ 𝑓𝑦𝑑 3 5

𝑘 ∙ √3 ∙ 𝑁𝑑
𝐴𝑠,𝑐𝑖𝑛𝑡𝑎 = ∙ (√3 ∙ 𝑒 − 0,9 ∙ 𝑎𝑝 )
27 ∙ 𝑑 ∙ 𝑓𝑦𝑑
• Armadura em malha
1 √3 ∙ 𝑁𝑑
𝐴𝑠,𝑚𝑎𝑙ℎ𝑎 = ∙ 𝐴𝑠,𝑙𝑎𝑑𝑜 ≥ 𝐴𝑠,𝑠𝑢𝑠𝑝/𝑓𝑎𝑐𝑒 ∴ 𝐴𝑠,𝑚𝑎𝑙ℎ𝑎 = ∙ (√3 ∙ 𝑒 − 0,9 ∙ 𝑎𝑝 )
5 135 ∙ 𝑑 ∙ 𝑓𝑦𝑑

A armadura de suspensão é dada por:


2 ∙ 𝑁𝑑 2 ∙ 𝑁𝑑
𝐴𝑠,𝑠𝑢𝑠𝑝 = → 𝐴𝑠,𝑠𝑢𝑠𝑝/𝑓𝑎𝑐𝑒 =
9 ∙ 𝑓𝑦𝑑 27 ∙ 𝑓𝑦𝑑

A área de aço da armadura de pele é calculada pela seguinte equação


𝐴𝑠𝑝,𝑓𝑎𝑐𝑒 = 0,125 ∙ 𝐴𝑠,𝑡𝑜𝑡𝑎𝑙

3.1.3 Blocos sobre sete estacas

Para o caso de sete estacas, estruturalmente é conveniente utilizar blocos


hexagonais, de modo que as estacas sejam posicionas junto aos vértices do hexágono, e a
sétima estaca esteja posicionada no centro do bloco, permitindo que o centro de gravidade
das estacas coincida com o centro de gravidade do bloco e as estacas estejam igualmente
espaçadas umas das outras.
Bastos (2020) afirma que a tensão na biela comprimida não precisa ser verificada
desde que sua inclinação esteja entre 45° e 55°.
As armaduras, dispostas nas diagonais e com cintas paralelas aos lados, podem
ser calculadas pelas seguintes equações:
(1 − 𝑘) ∙ 𝑁𝑑 𝑎𝑝 𝑘 ∙ 𝑁𝑑 𝑎𝑝 2 3
𝐴𝑠,diag = ∙ (𝑒 − ) 𝐴𝑠,cinta = ∙ (𝑒 − ) ≤𝑘≤
7 ∙ 𝑑 ∙ 𝑓𝑦𝑑 4 7 ∙ 𝑑 ∙ 𝑓𝑦𝑑 4 5 5
18

É possível armar o bloco em malha, para a qual Campos (2015) apresenta a


seguinte equação:
𝑁𝑠𝑑 𝑎𝑝 𝑁𝑠𝑑 𝑅𝑠𝑑 𝑁𝑑,𝑒𝑠𝑡 𝑎𝑝
𝑅𝑠𝑑 = ∙ (𝑒 − ) 𝑁𝑑,𝑒𝑠𝑡 = 𝐴𝑠 = → 𝐴𝑠,malha = ∙ (𝑒 − )
7∙𝑑 4 7 𝑓𝑦𝑑 𝑑 ∙ 𝑓𝑦𝑑 4

3.2 MÉTODO DA FLEXÃO

No Método da Flexão, admite-se que o comportamento estrutural dos blocos sobre


estacas seja semelhante ao de uma viga apoiada sobre estacas, de modo que o
dimensionamento é feito com base em verificações de momento fletor e força cortante de
uma viga de concreto armado.
O dimensionamento de blocos de coroamento apresentado por Bell (1985)
também é baseado no método da flexão, porém segue as recomendações da Norma inglesa
BS CP110, que posteriormente se tornou a BS8110 (1986).
Primeiramente Bell (1985) determina a viga equivalente, sobre a qual fará as
verificações, de modo que para blocos sobre um conjunto maior de estacas, podem ser
consideradas duas vigas, nas direções dos eixos principais do bloco de coroamento. Para
cada viga, obtém-se os esforços de momento fletor e cisalhamento máximos. (Figura 5)

Figura 5 - Valor limite para adotar armadura complementar

Fonte: Bell, 1985.


19

Para utilização do método de Bell, foram feitas algumas adaptações. Bell (1985)
utiliza, por exemplo, a resistência última do concreto é 𝑓𝑐𝑢 = 25𝑀𝑃𝑎, diferente das
considerações da Norma Brasileira NBR6120, na qual, a título de comparação, a
resistência característica à compressão do concreto é 𝑓𝑐𝑘 = 25 𝑀𝑃𝑎.
Verifica-se a necessidade de armadura complementar através da equação:
𝑀𝑑
≤ 0,15 → não é necessária armadura complementar!
𝑏 ∙ 𝑑2 ∙ 𝑓𝑐𝑘

Bell (1985) considera diferentes coeficiente de segurança para o aço: 𝛾𝑠 = 0,87


quando o aço está submetido a tração e 𝛾𝑠 = 0,72 quando ele está submetido à
compressão. O coeficiente de minoração da resistência do aço recomendado pela NBR
1
6118:2014 é equivalente ao que Bell utiliza para a tração: 𝛾𝑠 = 1,15 → 1,15 = 0,87, e o

coeficiente de minoração da resistência do concreto é semelhante ao coeficiente utilizado


1
por Bell na compressão 𝛾𝑠 = 1,40 → 1,40 ≈ 0,72.

A área de aço da armadura principal é calculada pela seguinte equação:


𝑀𝑑
𝐴𝑠 = 𝑧 = 𝑧1 ∙ 𝑑
𝑓𝑦𝑑 ∙ 𝑧
Sendo 𝑧1 o braço de alavanca, obtido na tabela apresentada no Anexo A.
Como visto, o dimensionamento segundo Bell (1985) é bastante simples, porém
neste trabalho ainda não serão abordadas as considerações do autor quanto ao
cisalhamento.

4 ESTUDOS DE CASO

4.1 BLOCO SOBRE DUAS ESTACAS

Este estudo de caso de estacas sobre duas estacas foi adaptado do exemplo típico
20 de Bell (1985), que se trata de um bloco de 150 x 60 cm, com 60 cm de altura e
submetido a uma força normal de cálculo de 895 kN.
A altura do bloco do exemplo original de Bell (1985) era de 70 cm, porém a
inclinação da biela ficaria fora do intervalo entre 45° e 55°, portanto foi adotada altura de
60 cm para viabilizar a aplicação do método de Blévot (1967) e garantir a comparação do
resultado dos métodos. Considerou-se concreto C25 e aço CA-50, mais comuns no Brasil.
20

Figura 6 - Bloco sobre duas estacas

Fonte: adaptado de Bell, 1985.

Primeiramente, o peso próprio do bloco é dado por:


𝑃 = 𝑉 ∙ 𝛾𝑐 ∙ 𝛾𝑓 = (1,5 ∙ 0,6 ∙ 0,6) ∙ 25 ∙ 1,4 = 18,9 𝑘𝑁
𝑁𝑑 = 895 + 18,9 ≅ 914 𝑘𝑁

Adotando cobrimento de 7,5 cm e barra de aço de ∅ 20 mm a altura útil é:


∅ 2,0
𝑑 = ℎ − (𝑐𝑛𝑜𝑚 + ) = 60 − (7,5 + ) = 51,5 cm
2 2

Calcula-se, então, o ângulo da biela de compressão, que deve estar entre 45° e 55°.
𝑑 51,5
tan 𝛼 = 𝑒 𝑎 = = 1,37 → 𝛼 = 53,9° < 55° ∴ ok!
𝑝 90 30

2 4 2 − 4

A tensão limite do bloco sobre duas estacas é igual a:


25
𝜎𝑐𝑑,𝑏,𝑙𝑖𝑚 = 1,4 ∙ 𝐾𝑅 ∙ 𝑓𝑐𝑑 = 1,4 ∙ 0,95 ∙ = 23,75 𝑀𝑃𝑎
1,4

A tensão atuante junto às estacas é dada por:


𝑁𝑑 914
𝜎𝑐𝑑,𝑏,𝑒𝑠𝑡 = = = 0,989 𝑘𝑁/𝑐𝑚² = 9,89 𝑀𝑃𝑎
2 ∙ 𝐴𝑒 ∙ sin2 𝛼 𝜋 ∙ 302 2
2 ∙ ( 4 ) ∙ sin 53,9°

𝜎𝑐𝑑,𝑏,𝑒𝑠𝑡 = 9,89 𝑀𝑃𝑎 < 28,5 𝑀𝑃𝑎 = 𝜎𝑐𝑑,𝑏,𝑙𝑖𝑚 ∴ 𝑜𝑘!


21

A tensão atuante junto ao pilar é de:


𝑁𝑑 914
𝜎𝑐𝑑,𝑏,𝑝𝑖𝑙 = = = 1,55 𝑘𝑁/𝑐𝑚² = 15,5 𝑀𝑃𝑎
𝐴𝑃 ∙ sin 𝛼 (30 ∙ 30) ∙ sin2 53,9°
2

𝜎𝑐𝑑,𝑏,𝑝𝑖𝑙 = 15,5 𝑀𝑃𝑎 ≤ 28,5 𝑀𝑃𝑎 = 𝜎𝑐𝑑,𝑏,𝑙𝑖𝑚 ∴ 𝑜𝑘!

Tendo feito as verificações de tensões limites, pode-se calcular as armaduras


principal e superior do bloco:
1,15 ∙ 𝑁𝑑 1,15 ∙ 914
𝐴𝑠 = ∙ (2𝑒 − 𝑎𝑝 ) = ∙ (2 ∙ 90 − 30) = 8,80 cm²
8 ∙ 𝑑 ∙ 𝑓𝑦𝑑 50
8 ∙ 51,3 ∙
1,15
𝐴𝑠 = 8,80 cm2 → 𝐴𝑠,𝑎𝑑𝑜𝑡 = 9,42 cm2 (3 ∅ 20,0 mm)
𝐴𝑠,𝑠𝑢𝑝 = 0,2 ∙ 𝐴𝑠 = 0,2 ∙ 8,80 = 1,76 cm² → 𝐴𝑠,𝑎𝑑𝑜𝑡 = 2,36 cm2 (3 ∅ 10,0 mm)

A armadura de pele e estribos verticais na face do bloco serão de:


𝐴𝑠𝑝 𝐴𝑠𝑤
( ) =( ) = 0,075 ∙ 𝐵 = 0,075 ∙ 60 = 4,5 cm2 /m
𝑠 mín,face 𝑠 mín,face
𝐴𝑠𝑤
( ) = 4,62 cm2 /m (∅ 10,0 mm c/ 17 cm)
𝑠 adot,face

Pelo método da flexão, obtém-se o momento fletor máximo:


𝑁𝑑 ∙ 𝑒 914 ∙ 90
𝑀𝑑 = = = 20565 𝑘𝑁. 𝑐𝑚
4 4

Para verificar se é necessária armadura complementar:


𝑀𝑑 20565
= = 0,052 < 0,15 → 𝑧1 = 0,93
𝑏 ∙ 𝑑 ∙ 𝑓𝑐𝑘 60 ∙ 51,52 ∙ 2,5
2

𝑧 = 𝑧1 ∙ 𝑑 = 0,93 ∙ 51,5 = 47,9 cm

A área de aço necessária é dada por:


𝑀𝑑 20565
𝐴𝑠 = = = 9,88 𝑐𝑚2
𝑓𝑦𝑑 ∙ 𝑧 50
∙ 47,9
1,15
𝐴𝑠 = 9,88 cm2 → 𝐴𝑠,𝑎𝑑𝑜𝑡 = 9,42 cm2 (3 ∅ 20,0 mm)
𝐴𝑠,𝑠𝑢𝑝 = 0,2 ∙ 𝐴𝑠 = 0,2 ∙ 9,88 = 1,98 cm² → 𝐴𝑠,𝑎𝑑𝑜𝑡 = 2,36 cm2 (3 ∅ 10,0 mm)
22

Figura 7 - Armação do bloco do estudo de caso 1

Fonte: Autor.

4.2 BLOCO SOBRE TRÊS ESTACAS

Este estudo de caso foi adaptado do exemplo típico 21 de Bell (1985), que se trata
de um bloco triangular sobre três estacas, sob um pilar de 40 x 40 cm, submetido a uma
força normal de cálculo de 2680 kN. A altura do bloco é de 80 cm, concreto C25 e aço
CA-50. Adotando o peso próprio de 2% da carga do pilar, tem-se a força de cálculo:
𝑁𝑑 = 1,02 ∙ 𝑁𝑝 = 1,02 ∙ 2680 = 2733,6 𝑘𝑁

A altura do bloco do exemplo original de Bell (1985) era de 90 cm, porém foi
adotada altura de 80 cm para viabilizar a aplicação do método de Blévot (1967).
23

Figura 8 - Bloco sobre três estacas

Fonte: adaptado de Bell, 1985.

Adotando cobrimento de 7,5 cm e barra de aço de ∅ 20 mm a altura útil é:


∅ 2,0
𝑑 = ℎ − (𝑐𝑛𝑜𝑚 + 2 ∙ ∅ + ) = 80 − (7,5 + 2 ∙ 2,0 + ) = 67,5 cm
2 2

Calcula-se o ângulo da biela de compressão, que deve estar entre 45° e 55°:
𝑑 67,5
tan 𝛼 = = = 1,39 → 𝛼 = 54,2° < 55° ∴ ok!
√3 ∙ 𝑒 √3 ∙ 105
− 0,3 ∙ 𝑎𝑝 − 0,3 ∙ 40
3 3

A tensão de compressão limite, para bloco sobre três estacas, é dada por:
25
𝜎𝑐𝑑,𝑏,𝑙𝑖𝑚 = 1,75 ∙ 𝐾𝑅 ∙ 𝑓𝑐𝑑 = 1,75 ∙ 0,95 ∙ = 29,7 𝑀𝑃𝑎
1,4

A tensão atuante junto às estacas é dada por:


𝑁𝑑 2733,6
𝜎𝑐𝑑,𝑏,𝑒𝑠𝑡 = = = 1,96 𝑘𝑁/𝑐𝑚² = 19,6 𝑀𝑃𝑎
3 ∙ 𝐴𝑒 ∙ sin2 𝛼 𝜋 ∙ 302 2
3 ∙ ( 4 ) ∙ sin 54,2°

𝜎𝑐𝑑,𝑏,𝑒𝑠𝑡 = 19,6 𝑀𝑃𝑎 < 29,7 𝑀𝑃𝑎 = 𝜎𝑐𝑑,𝑏,𝑙𝑖𝑚 ∴ 𝑜𝑘!

A tensão atuante junto ao pilar é de:


𝑁𝑑 2733,6
𝜎𝑐𝑑,𝑏,𝑝𝑖𝑙 = = = 2,59 𝑘𝑁/𝑐𝑚² = 25,9 𝑀𝑃𝑎
𝐴𝑃 ∙ sin2 𝛼 (40 ∙ 40) ∙ sin2 57,5°
𝜎𝑐𝑑,𝑏,𝑝𝑖𝑙 = 25,9 𝑀𝑃𝑎 ≤ 29,7 𝑀𝑃𝑎 = 𝜎𝑐𝑑,𝑏,𝑙𝑖𝑚 ∴ 𝑜𝑘!
24

Tendo feito as verificações de tensões limites, pode-se calcular as armaduras,


adotando a armadura paralela aos lados do bloco:
√3 ∙ 𝑁𝑑 √3 ∙ 2733,6
𝐴𝑠,𝑙𝑎𝑑𝑜 = ∙ (√3 ∙ 𝑒 − 0,9 ∙ 𝑎𝑝 ) = ∙ (√3 ∙ 105 − 0,9 ∙ 40) = 8,72 𝑐𝑚²
27 ∙ 𝑑 ∙ 𝑓𝑦𝑑 50
27 ∙ 67,5 ∙
1,15
𝐴𝑠 = 8,72 cm2 → 𝐴𝑠,𝑎𝑑𝑜𝑡 = 9,42 cm2 (3 ∅ 20,0 mm)
𝐴𝑠,𝑠𝑢𝑝 = 0,2 ∙ 𝐴𝑠 = 0,2 ∙ 8,72 = 1,74 cm² → 𝐴𝑠,𝑎𝑑𝑜𝑡 = 2,36 cm2 (3 ∅ 10,0 mm)

A armadura de suspensão é dada por:


2 ∙ 𝑁𝑑 2 ∙ 2733,6
𝐴𝑠,𝑠𝑢𝑠𝑝/𝑓𝑎𝑐𝑒 = = = 4,66 𝑐𝑚²
27 ∙ 𝑓𝑦𝑑 50
27 ∙
1,15

A área de aço da armadura de pele é calculada pela seguinte equação:


𝐴𝑠𝑝,𝑓𝑎𝑐𝑒 = 0,125 ∙ 𝐴𝑠,𝑡𝑜𝑡𝑎𝑙 = 0,125 ∙ 3 ∙ 8,72 = 3,27 𝑐𝑚²
𝐴𝑠𝑝,𝑓𝑎𝑐𝑒 = 3,27 𝑐𝑚² → 𝐴𝑠,𝑎𝑑𝑜𝑡 = 3,93 cm2 (5 ∅ 10,0 mm)

Pelo método da flexão, obtém-se o momento fletor máximo:


𝑁𝑑 𝑒 2733,6 105
𝑀𝑑 = ∙ = ∙ = 23919 𝑘𝑁. 𝑐𝑚
3 4 3 4

Para verificar se é necessária armadura complementar, adotando 𝑏 = 60 cm:


𝑀𝑑 23919
= = 0,035 < 0,038 → 𝑧1 = 0,95
𝑏 ∙ 𝑑 ∙ 𝑓𝑐𝑘 60 ∙ 67,52 ∙ 2,5
2

𝑧 = 𝑧1 ∙ 𝑑 = 0,95 ∙ 67,5 = 64,1 cm

A área de aço necessária é dada por:


𝑀𝑑 23919
𝐴𝑠 = = = 8,58 𝑐𝑚2
𝑓𝑦𝑑 ∙ 𝑧 50
∙ 64,1
1,15
𝐴𝑠 = 8,58 cm2 → 𝐴𝑠,𝑎𝑑𝑜𝑡 = 9,42 cm2 (3 ∅ 20,0 mm)
𝐴𝑠,𝑠𝑢𝑝 = 0,2 ∙ 𝐴𝑠 = 0,2 ∙ 8,58 = 1,72 cm² → 𝐴𝑠,𝑎𝑑𝑜𝑡 = 2,36 cm2 (3 ∅ 10,0 mm)
25

Figura 9 - Armação do bloco do estudo de caso 2

Fonte: Autor.

4.3 BLOCO SOBRE SETE ESTACAS

Este estudo de caso de bloco de estacas sobre sete estacas foi baseado no Exemplo
Típico 22 de Bell (1985). Considerando um bloco de coroamento mostrado na figura 10,
com 80 cm de altura, que distribui a carga de 2450 𝑘𝑁 e os momentos de
600 𝑘𝑁. 𝑚 e 450 𝑘𝑁. 𝑚, de um pilar de 60 x 60 cm para sete estacas de 30 cm de
diâmetro. O concreto utilizado para o bloco é o C25 e aço CA50.

Bastos (2020) afirma que a tensão na biela comprimida não precisa ser verificada
desde que sua inclinação esteja entre 45° e 55°:
𝑑 80
tan 𝛼 = 𝑎𝑝 = = 1,07 → 𝛼 = 46,85° > 45° ∴ 𝑜𝑘!
60
𝑒− 4 90 − 4
26

Figura 10 - Bloco sobre sete estacas

Fonte: Bell, 1985.

A carga vertical atuante em cada estaca, considerando os efeitos de peso próprio


do bloco (2% de 𝑁𝑘 ), da força normal e dos momentos fletores é dada por:

𝑁𝑑 = 𝛾𝑓 ∙ 𝑁𝑘 = 1,4 ∙ 1,02 ∙ 2450 = 3498,6 ≅ 3500 𝑘𝑁 → 𝑁𝑑,𝑒𝑠𝑡 = 500 𝑘𝑁/estaca


𝑀𝑑,𝑥 = 𝛾𝑓 ∙ 𝑀𝑘 = 1,4 ∙ 450 = 630 𝑘𝑁. 𝑚 = 63000 𝑘𝑁. 𝑐𝑚
𝑀𝑑,𝑦 = 𝛾𝑓 ∙ 𝑀𝑘 = 1,4 ∙ 600 = 840 𝑘𝑁. 𝑚 = 84000 𝑘𝑁. 𝑐𝑚

𝑁 𝑀𝑥 ∙ 𝑦𝑖 𝑀𝑦 ∙ 𝑥𝑖
𝑁𝑖 = + +
𝑛𝑒 ∑ 𝑦𝑖2 ∑ 𝑥𝑖2

∑ 𝑥𝑖2 = 𝑥𝐴2 + 𝑥𝐵2 + 𝑥𝐶2 + 𝑥𝐷2 + 𝑥𝐸2 + 𝑥𝐹2 + 𝑥𝐺2

∑ 𝑥𝑖2 = (−90)2 + (−45)2 + 452 + 902 + 452 + (−45)2 + 02 = 24300 𝑐𝑚²

∑ 𝑦𝑖2 = 𝑦𝐴2 + 𝑦𝐵2 + 𝑦𝐶2 + 𝑦𝐷2 + 𝑦𝐸2 + 𝑦𝐹2 + 𝑦𝐺2

∑ 𝑦𝑖2 = 02 + 782 + 782 + 02 + (−78)2 + (−78)2 + 02 = 24300 𝑐𝑚²


27

3500 63000 ∙ 0 84000 ∙ (−90)


𝑁𝐴 = + + = 188,9 𝑘𝑁
7 24300 24300
3500 63000 ∙ 78 84000 ∙ (−45)
𝑁𝐵 = + + = 546,4 𝑘𝑁
7 24300 24300
3500 63000 ∙ 78 84000 ∙ 45
𝑁𝐶 = + + = 857,5 𝑘𝑁
7 24300 24300
3500 63000 ∙ 0 84000 ∙ 90
𝑁𝐷 = + + = 811,1 𝑘𝑁
7 24300 24300
3500 63000 ∙ (−78) 84000 ∙ 45
𝑁𝐸 = + + = 453,6 𝑘𝑁
7 24300 24300
3500 63000 ∙ (−78) 84000 ∙ (−45)
𝑁𝐹 = + + = 142,5𝑘𝑁
7 24300 24300
3500 63000 ∙ 0 84000 ∙ 0
𝑁𝐺 = + + = 500 𝑘𝑁
7 24300 24300

Considerando a carga da estaca mais carregada, tem-se que as armaduras,


dispostas nas diagonais e com cintas paralelas aos lados:
(1 − 𝑘) ∙ 𝑁𝑑 𝑎𝑝 𝑘 ∙ 𝑁𝑑 𝑎𝑝 2 1 3
𝐴𝑠,diag = ∙ (𝑒 − ) 𝐴𝑠,cinta = ∙ (𝑒 − ) ≤𝑘= ≤
7 ∙ 𝑑 ∙ 𝑓𝑦𝑑 4 7 ∙ 𝑑 ∙ 𝑓𝑦𝑑 4 5 2 5
0,5 ∙ 𝑁𝐶 𝑎𝑝 0,5 ∙ 857,5 60
𝐴𝑠,diag = 𝐴𝑠,cinta = ∙ (𝑒 − ) = ∙ (90 − ) = 9,24 cm²
𝑑 ∙ 𝑓𝑦𝑑 4 50 4
80 ∙
1,15
𝐴𝑠,diag = 𝐴𝑠,cinta = 9,24 cm2 → As,adot = 9,42 cm2 (3 ∅ 20 mm)

Figura 11 - Bloco sobre sete estacas com armação nas diagonais e com cintas paralelas aos lados

Fonte: adaptado de Bastos, 2020.


28

Para o caso de armar o bloco em malha, a área de aço necessária é de:


𝑁𝑑,𝑒𝑠𝑡 𝑎𝑝 857,5 60
𝐴𝑠,malha = ∙ (𝑒 − ) = ∙ (90 − ) = 18,49 cm2 /m
𝑑 ∙ 𝑓𝑦𝑑 4 50 4
80 ∙
1,15
𝐴𝑠,𝑚𝑎𝑙ℎ𝑎,𝑎𝑑𝑜𝑡 = 18,88 cm2 /m (∅ 12,5 mm c/ 6,5 cm)

Utilizando o Método da Flexão, considera-se que, na direção do eixo X, o


comportamento do bloco é semelhante ao de uma viga contínua sobre 5 apoios e, na
direção do eixo Y, ao de uma viga contínua sobre 3 apoios, tem-se os diagramas de
momento fletor apresentados na figura 12.

Figura 12 - Diagrama de esforços para os eixos X e Y

Fonte: Autor.

Sabendo que a classe de agressividade ambiental moderada em área urbana deve


ser CAA II, na qual deve-se usar um cobrimento nominal de 30 mm, porém a NBR
6118:2014 recomenda, para estruturas em contato com o solo, cobrimento nominal de
𝑐 ≥ 45 mm. Será adotado cobrimento de 75 mm, ∅𝑥 = ∅𝑦 = 12,5 mm, 𝑏𝑥 = 216 cm,
𝑏𝑦 = 180 cm e altura do bloco de 80 cm. Assim, a altura útil do bloco para cada eixo é:
Momento máximo em X: 𝑀𝑑,𝑥 = 132000 𝑘𝑁. 𝑐𝑚
∅𝑥 1,25
𝑑𝑥 = ℎ − (𝑐𝑛𝑜𝑚 + ∅𝑦 + ) = 80 − (7,5 + 1,25 + ) = 70,625 ≅ 70,6 cm
2 2
29

Momento máximo em Y: 𝑀𝑑,𝑦 = 109500 𝑘𝑁. 𝑐𝑚


∅𝑦 1,25
𝑑𝑦 = ℎ − (𝑐𝑛𝑜𝑚 + ) = 80 − (7,5 + ) = 71,875 ≅ 71,9 cm
2 2

Para verificar se é necessária armadura complementar:


𝑀𝑑,𝑥 132000
= = 0,049 < 0,15 → 𝑧1 = 0,935
𝑏𝑥 ∙ 𝑑𝑥2 ∙ 𝑓𝑐𝑘 216 ∙ 70,62 ∙ 2,5
𝑧𝑥 = 𝑧1 ∙ 𝑑𝑥 = 0,935 ∙ 70,6 = 66,0 cm

𝑀𝑑,𝑦 109500
= = 0,047 < 0,15 → 𝑧1 = 0,935
𝑏𝑦 ∙ 𝑑𝑦2 ∙ 𝑓𝑐𝑘 180 ∙ 71,92 ∙ 2,5
𝑧𝑦 = 𝑧1 ∙ 𝑑𝑦 = 0,935 ∙ 71,9 = 67,2 cm

A área de aço necessária é dada por:


𝑀𝑑,𝑥 132000
𝐴𝑠 = = = 46,0 𝑐𝑚2⁄2,16 𝑚 = 21,3 𝑐𝑚2 /𝑚
𝑓𝑦𝑑 ∙ 𝑧𝑥 50
∙ 66,0
1,15
𝑀𝑑,𝑦 109500
𝐴𝑠 = = = 37,5 𝑐𝑚2⁄1,80 𝑚 = 20,8 𝑐𝑚2 /𝑚
𝑓𝑦𝑑 ∙ 𝑧𝑦 50
∙ 67,2
1,15
𝐴𝑠,𝑎𝑑𝑜𝑡 = 22,3 cm2 /𝑚 (∅ 12,5 mm c/ 5,5 cm)

Figura 13 - Bloco sobre sete estacas armado em malha

Fonte: Autor.
30

Para o caso de blocos sujeitos a momentos fletores, Bell (1985) recomenda que
sejam impostas excentricidades na posição do pilar com relação ao bloco, de modo que
as cargas sejam racionalizadas e distribuídas igualmente para cada estaca. Para tanto, os
momentos fletores são atribuídos às excentricidades mostradas na figura 14.
𝑀𝑥 450
𝑀𝑥 = 𝑁𝑘 ∙ 𝑒𝑥 → 𝑒𝑥 = = = 0,18 m = 18 cm
𝑁𝑘 2450
𝑀𝑦 600
𝑀𝑦 = 𝑁𝑘 ∙ 𝑒𝑦 → 𝑒𝑦 = = = 0,24 m = 24 cm
𝑁𝑘 2450

Figura 14 - Excentricidades impostas ao pilar para equilibrar os momentos fletores

Fonte: Bell, 1985.

Sabendo que os momentos fletores foram anulados pela excentricidade imposta


ao pilar, as estacas passam a ser carregadas unicamente pela força normal do pilar.
Portanto, todas as estacas serão carregadas axialmente com a mesma carga no valor de:
𝑁𝑑,𝑒𝑠𝑡 = 500 𝑘𝑁/estaca

As armaduras, dispostas nas diagonais e com cintas paralelas aos lados, serão:
0,5 ∙ 𝑁𝑑 𝑎𝑝 0,5 ∙ 500 60
𝐴𝑠,diag = 𝐴𝑠,cinta = ∙ (𝑒 − ) = ∙ (90 − ) = 5,39 cm²
𝑑 ∙ 𝑓𝑦𝑑 4 50 4
80 ∙
1,15
𝐴𝑠,diag = 𝐴𝑠,cinta = 6,14 cm2 (5 ∅ 12,5 mm)
31

Figura 15 - Bloco sob pilar excêntrico sobre sete estacas, com armação nas diagonais e com cintas

Fonte: adaptado de Bastos, 2020.

Figura 16 - Diagrama de esforços para os eixos X e Y, com excentricidade imposta ao pilar

Fonte: adaptado de Bell, 1985.


32

Para o caso de armar o bloco em malha, a área de aço necessária é de:


𝑁𝑑,𝑒𝑠𝑡 𝑎𝑝 500 60
𝐴𝑠,malha = ∙ (𝑒 − ) = ∙ (90 − ) = 10,78 cm2
𝑑 ∙ 𝑓𝑦𝑑 4 50 4
80 ∙
1,15
𝐴𝑠,𝑚𝑎𝑙ℎ𝑎,𝑎𝑑𝑜𝑡 = 11,15 cm2 (∅ 12,5 mm c/ 11 cm)

Utilizando o Método da Flexão, tem-se os momentos máximos conforme


mostrado na figura 16.

Momento máximo em X: 𝑀𝑑,𝑥 = 90000 𝑘𝑁. 𝑐𝑚


∅𝑥 1,25
𝑑𝑥 = ℎ − (𝑐𝑛𝑜𝑚 + ∅𝑦 + ) = 80 − (7,5 + 1,25 + ) = 70,625 ≅ 70,6 cm
2 2

Momento máximo em Y: 𝑀𝑑,𝑦 = 78000 𝑘𝑁. 𝑐𝑚


∅𝑦 1,25
𝑑𝑦 = ℎ − (𝑐𝑛𝑜𝑚 + ) = 80 − (7,5 + ) = 71,875 ≅ 71,9 cm
2 2

Para verificar se é necessária armadura complementar:


𝑀𝑑,𝑥 90000
= = 0,033 < 0,038 → 𝑧1 = 0,95
𝑏𝑥 ∙ 𝑑𝑥2 ∙ 𝑓𝑐𝑘 216 ∙ 70,62 ∙ 2,5
𝑧𝑥 = 𝑧1 ∙ 𝑑𝑥 = 0,95 ∙ 70,6 = 67,1 cm

𝑀𝑑,𝑦 78000
= = 0,034 < 0,038 → 𝑧1 = 0,95
𝑏𝑦 ∙ 𝑑𝑦 ∙ 𝑓𝑐𝑘 180 ∙ 71,92 ∙ 2,5
2

𝑧𝑦 = 𝑧1 ∙ 𝑑𝑦 = 0,95 ∙ 71, = 68,3 cm

A área de aço necessária é dada por:


𝑀𝑑,𝑥 90000
𝐴𝑠 = = = 30,9 𝑐𝑚2⁄2,16 𝑚 = 14,3 𝑐𝑚2 /𝑚
𝑓𝑦𝑑 ∙ 𝑧𝑥 25
∙ 67,1
1,15
𝑀𝑑,𝑦 78000
𝐴𝑠 = = = 26,3 𝑐𝑚2⁄1,80 𝑚 = 14,6 𝑐𝑚2 /𝑚
𝑓𝑦𝑑 ∙ 𝑧𝑦 50
∙ 68,3
1,15
𝐴𝑠,𝑎𝑑𝑜𝑡 = 15,34 cm2 /𝑚 (∅ 12,5 mm c/ 8 cm)
33

Figura 17 - Bloco sob pilar excêntrico sobre sete estacas armado em malha

Fonte: Autor.

4.4 BLOCO SOBRE ESTACAS EXCÊNTRICAS

Neste estudo de caso hipotético, considerou-se um bloco de coroamento de 70 x


200 cm, com 70 cm de altura útil, que distribui a carga de 80 tf, de um pilar de 40 x 60
cm para duas estacas de 35 cm de diâmetro, travado lateralmente pela viga baldrame de
30 x 60 cm. Tanto o bloco como a viga baldrame serão consideradas de concreto C30.

Figura 18 - Bloco sobre duas estacas para estudo de caso 4

Fonte: Autor.
34

Nas condições ideais de projeto, não há momento fletor transmitido do pilar ao


bloco de fundação (𝑀𝑘 = 0). Supõe-se que o peso próprio do bloco e do solo sobre o
bloco seja 2% da carga do recebida pelo pilar, portanto a carga majorada na estaca é:
𝑁𝑘 𝑀𝑦 800 0
𝑅e,máx = 1,02 ∙ + = 1,02 ∙ + = 408 𝑘𝑁
2 𝑒 2 130

A força normal sobre o bloco é:


𝑁𝑑 = 𝛾𝑓 ∙ 𝑁𝑘 = 1,4 ∙ 2 ∙ 408 = 1142,4 𝑘𝑁

Conhecendo a altura útil do bloco e o comprimento de penetração da estaca no


bloco (𝑑 = 70 cm e 𝑑 ′ = 5 cm, respectivamente), calcula-se o ângulo da biela de
compressão, que deve estar entre 45° e 55°:
𝑑 70
tan 𝛼 = 𝑒 𝑎 = = 1,4 → 𝛼 = 54,46° < 55° ∴ 𝑜𝑘!
𝑝 130 60
− −
2 4 2 4

A tensão limite do bloco sobre duas estacas é igual a:


30
𝜎𝑐𝑑,𝑏,𝑙𝑖𝑚 = 1,4 ∙ 𝐾𝑅 ∙ 𝑓𝑐𝑑 = 1,4 ∙ 0,95 ∙ = 28,5 𝑀𝑃𝑎
1,4

A tensão atuante junto às estacas é dada por:


𝑁𝑑 1142,4
𝜎𝑐𝑑,𝑏,𝑒𝑠𝑡 = = = 0,90 𝑘𝑁/𝑐𝑚² = 8,97 𝑀𝑃𝑎
2 ∙ 𝐴𝑒 ∙ sin2 𝛼 𝜋 ∙ 352 2
2 ∙ ( 4 ) ∙ sin 54,46°

𝜎𝑐𝑑,𝑏,𝑒𝑠𝑡 = 8,97 𝑀𝑃𝑎 < 28,5 𝑀𝑃𝑎 = 𝜎𝑐𝑑,𝑏,𝑙𝑖𝑚 ∴ 𝑜𝑘!

A tensão atuante junto ao pilar é de:


𝑁𝑑 1142,4
𝜎𝑐𝑑,𝑏,𝑝𝑖𝑙 = = = 0,72 𝑘𝑁/𝑐𝑚² = 7,18 𝑀𝑃𝑎
𝐴𝑃 ∙ sin 𝛼 (60 ∙ 40) ∙ sin2 54,46°
2

𝜎𝑐𝑑,𝑏,𝑝𝑖𝑙 = 7,18 𝑀𝑃𝑎 ≤ 28,5 𝑀𝑃𝑎 = 𝜎𝑐𝑑,𝑏,𝑙𝑖𝑚

Tendo feito as verificações de tensões limites, pode-se calcular as armaduras


principal e superior do bloco:
1,15 ∙ 𝑁𝑑 1,15 ∙ 1142,4
𝐴𝑠 = ∙ (2𝑒 − 𝑎𝑝 ) = ∙ (2 ∙ 130 − 60) = 10,8 cm²
8 ∙ 𝑑 ∙ 𝑓𝑦𝑑 50
8 ∙ 70 ∙
1,15
35

𝐴𝑠 = 10,8 cm2 → 𝐴𝑠,𝑎𝑑𝑜𝑡 = 12,57 cm2 (4 ∅ 20,0 mm)


𝐴𝑠,𝑠𝑢𝑝 = 0,2 ∙ 𝐴𝑠 = 0,2 ∙ 10,8 = 2,16 cm² → 𝐴𝑠,𝑎𝑑𝑜𝑡 = 3,14 cm2 (4 ∅ 10,0 mm)

A armadura de pele e estribos verticais na face do bloco serão de:


𝐴𝑠𝑝 𝐴𝑠𝑤
( ) =( ) = 0,075 ∙ 𝐵 = 0,075 ∙ 70 = 5,25 cm2 /m
𝑠 mín,face 𝑠 mín,face
𝐴𝑠𝑤
( ) = 5,24 cm2 /m (∅ 10,0 mm c/ 15 cm)
𝑠 adot,face

Resolvendo pelo Método da Flexão, obtém-se o momento fletor máximo:


𝑁𝑑 ∙ 𝑒 1142,4 ∙ 130
𝑀𝑑 = = = 37128 𝑘𝑁. 𝑐𝑚
4 4

Para verificar se é necessária armadura complementar:


𝑀𝑑 37128
= = 0,036 < 0,38 → 𝑧1 = 0,95
𝑏 ∙ 𝑑2 ∙ 𝑓𝑐𝑘 70 ∙ 702 ∙ 3,0
𝑧 = 𝑧1 ∙ 𝑑 = 0,95 ∙ 70 = 66,5 cm

A área de aço necessária é dada por:


𝑀𝑑 37128
𝐴𝑠 = = = 12,84 𝑐𝑚2
𝑓𝑦𝑑 ∙ 𝑧 50
∙ 66,5
1,15
𝐴𝑠 = 12,84 cm2 → 𝐴𝑠,𝑎𝑑𝑜𝑡 = 12,57 cm2 (4 ∅ 20,0 mm)
𝐴𝑠,𝑠𝑢𝑝 = 0,2 ∙ 𝐴𝑠 = 0,2 ∙ 12,84 = 2,57 cm² → 𝐴𝑠,𝑎𝑑𝑜𝑡 = 3,14 cm2 (4 ∅ 10,0 mm)

Conhecendo as armaduras principais e secundárias, pode-se fazer o detalhamento


das mesmas, conforme apresentado nas figuras 19 e 20.

Figura 19 - Detalhes da armação do bloco sem excentricidade de estacas, em planta

Fonte: Autor.
36

Figura 20 - Detalhes da armação do bloco sem excentricidade de estacas, em corte

Fonte: Autor.

Supondo que as estacas tiveram grandes excentricidades executivas, maiores do


que 10% de seus diâmetros (Figura 21), é feito um redimensionamento nas dimensões e
armaduras do bloco, garantindo o cobrimento das estacas, como mostrado na Figura 22.

Figura 21 - Excentricidades executivas de estacas

Fonte: Autor.
37

Figura 22 - Novas dimensões do bloco considerando as estacas excêntricas

Fonte: Autor.

Calcula-se novamente o ângulo da biela de compressão considerando as novas


dimensões do bloco, a fim de verificar se ele continua sendo um bloco rígido e garantir a
aplicabilidade do método das bielas-tirante:
𝑑 70
tan 𝛼 = 𝑒 𝑎 = = 1,13 → 𝛼 = 48,5° < 55° ∴ 𝑜𝑘!
𝑝 154 60
− −
2 4 2 4

Considerando as excentricidades das estacas, são impostos ao bloco momentos


fletores dados por:
𝑁𝑘 800
𝑀𝑥 = ∙ ∆𝑦 = ∙ (13,0 − 5,0) = 3200 𝑘𝑁. 𝑐𝑚 = 3,2 tf. m
2 2
𝑁𝑘 800
𝑀𝑦 = ∙ ∆𝑥 = ∙ (12 − 10) = 800 𝑘𝑁. 𝑐𝑚 = 0,80 tf. m
2 2

A carga vertical atuante em cada estaca, considerando os efeitos do peso próprio


do bloco (2% de 𝑁𝑘 ) força normal e dos momentos fletores é dada por:
𝑁 𝑀𝑥 ∙ 𝑦𝑖 𝑀𝑦 ∙ 𝑥𝑖
𝑁𝑖 = + +
𝑛𝑒 ∑ 𝑦𝑖2 ∑ 𝑥𝑖2

∑ 𝑥𝑖2 = 𝑥𝐴2 + 𝑥𝐵2 = (−75)2 + 772 = 11554 cm²

∑ 𝑦𝑖2 = 𝑦𝐴2 + 𝑦𝐵2 = 132 + (−5)2 = 194 cm²

800 3200 ∙ 13 800 ∙ (−75)


𝑁𝐴 = 1,02 ∙ + + = 617,24 𝑘𝑁
2 194 11554
800 3200 ∙ (−5) 800 ∙ 77
𝑁𝐵 = 1,02 ∙ + + = 330,86 𝑘𝑁
2 194 11554
38

A favor da segurança, adota-se a maior carga entre as duas estacas:


𝑁𝑑 = 𝛾𝑓 ∙ 𝑁𝑘 = 1,4 ∙ 2 ∙ 617,24 = 1728,27 ≅ 1728,3 𝑘𝑁

A tensão atuante junto à estaca mais solicitada é dada por:


𝑁𝑑 1728,3
𝜎𝑐𝑑,𝑏,𝑒𝑠𝑡 = = = 1,60 𝑘𝑁/𝑐𝑚² = 16,0 𝑀𝑃𝑎
2 ∙ 𝐴𝑒 ∙ sin2 𝛼 𝜋 ∙ 352
2 ∙ ( 4 ) ∙ sin2 48,47°

𝜎𝑐𝑑,𝑏,𝑙𝑖𝑚 = 16,0 𝑀𝑃𝑎 < 28,5 𝑀𝑃𝑎 = 𝜎𝑐𝑑,𝑏,𝑙𝑖𝑚 ∴ 𝑜𝑘!

A tensão atuante junto ao pilar é de:


𝑁𝑑 1728,3
𝜎𝑐𝑑,𝑏,𝑝𝑖𝑙 = = = 1,285 𝑘𝑁/𝑐𝑚² = 12,85 𝑀𝑃𝑎
𝐴𝑒 ∙ sin2 𝛼 (60 ∙ 40) ∙ sin2 48,47°
𝜎𝑐𝑑,𝑏,𝑝𝑖𝑙 = 12,85 𝑀𝑃𝑎 < 28,5 𝑀𝑃𝑎 = 𝜎𝑐𝑑,𝑏,𝑙𝑖𝑚 ∴ 𝑜𝑘!

A armadura principal para as novas condições de solicitação do bloco será de:


1,15 ∙ 𝑁𝑑 1,15 ∙ 1728,3
𝐴𝑠 = ∙ (2𝑒 − 𝑎𝑝 ) = ∙ (2 ∙ 154 − 60) = 20,24 cm²
8 ∙ 𝑑 ∙ 𝑓𝑦𝑑 50
8 ∙ 70 ∙
1,15
𝐴𝑠 = 20,24 cm2 → 𝐴𝑠,𝑎𝑑𝑜𝑡 = 19,63 cm2 (4 ∅ 25,0 mm)
𝐴𝑠,𝑠𝑢𝑝 = 0,2 ∙ 𝐴𝑠 = 0,2 ∙ 20,24 = 4,05 cm² → 𝐴𝑠,𝑎𝑑𝑜𝑡 = 4,91 cm2 (4 ∅ 12,5 mm)

A armadura de pele e estribos verticais na face do bloco serão de:


𝐴𝑠𝑝 𝐴𝑠𝑤
( ) =( ) = 0,075 ∙ 𝐵 = 0,075 ∙ 88 = 6,6 cm2 /m
𝑠 mín,face 𝑠 mín,face
𝐴𝑠𝑤
( ) = 6,54 cm2 /m (∅ 10,0 mm c/ 12 cm)
𝑠 adot,face

Resolvendo pelo Método da Flexão, obtém-se o momento fletor máximo:


𝑁𝑑 ∙ 𝑒 1728,3 ∙ 154
𝑀𝑑 = = = 66538 𝑘𝑁. 𝑐𝑚
4 4

Para verificar se é necessária armadura complementar:


𝑀𝑑 66538
= = 0,051 < 0,15 → 𝑧1 = 0,93
𝑏 ∙ 𝑑2 ∙ 𝑓𝑐𝑘 88 ∙ 702 ∙ 3,0
𝑧 = 𝑧1 ∙ 𝑑 = 0,93 ∙ 70 = 65,1 cm
39

A área de aço necessária é dada por:


𝑀𝑑 66538
𝐴𝑠 = = = 23,5 𝑐𝑚2
𝑓𝑦𝑑 ∙ 𝑧 50
∙ 65,1
1,15
𝐴𝑠 = 23,5 cm2 → 𝐴𝑠,𝑎𝑑𝑜𝑡 = 24,54 cm2 (5 ∅ 25,0 mm)
𝐴𝑠,𝑠𝑢𝑝 = 0,2 ∙ 𝐴𝑠 = 0,2 ∙ 23,5 = 4,70 cm² → 𝐴𝑠,𝑎𝑑𝑜𝑡 = 6,14 cm2 (5 ∅ 12,5 mm)

Figura 23 - Armação do bloco sobre estacas excêntricas, em corte.

Fonte: Autor.
40

Figura 24 - Armação do bloco sobre estacas excêntricas, em planta

Fonte: Autor.

5 ANÁLISE COMPARATIVA

Com base nos estudos de caso apresentados, nota-se que o dimensionamento de


blocos sobre estacas pelo método de Bell (1985) é um pouco mais conservador do que o
método de Blévot (1967), exceto para o caso de bloco triangular. Para todos os casos
considerados, as áreas de aço obtidas em ambos os métodos foram bastante parecidas.
A solução sugerida por Bell (1985) para diminuir os efeitos de momentos fletores
nas fundações mostrou-se bastante eficaz no estudo de caso 3, no qual o pilar foi
deslocado de modo que sua excentricidade balanceasse os momentos fletores,
distribuindo mais uniformemente as cargas para as estacas.
Considerando a excentricidade de estacas, no estudo de caso 4, a área de aço
necessária para resistir aos novos esforços praticamente dobrou, evidenciando a
importância de se considerar o efeito de cargas excêntricas e excentricidades executivas
no dimensionamento dos elementos estruturais.

Tabela 1 - Resumo das áreas de aço da armadura principal


Blévot (1967) Bell (1985)
Estudo de Caso 1 Bloco sobre duas estacas 8,80 cm² 9,88 cm²
Estudo de Caso 2 Bloco sobre três estacas 8,72 cm² 8,58 cm²
Bloco sobre sete estacas 18,5 cm2 /m 21,3 cm2 /m
Estudo de Caso 3
Bloco sete estacas com pilar excêntrico 10,8 cm2 /m 14,6 cm2 /m
Bloco sobre estacas sem excentricidade 10,79 cm² 12,84 cm²
Estudo de Caso 4
Bloco sobre estacas excêntricas 20,24 cm² 23,51 cm²

Fonte: Autor.
41

6 CONSIDERAÇÕES FINAIS

Este trabalho teve como objetivo o estudo do dimensionamento de blocos sobre


estacas, tendo em vista a importância destes elementos estruturais no bom funcionamento
e desempenho do sistema estrutural das edificações.
Os métodos de dimensionamento consolidados no Brasil são baseados no Modelo
de Biela-Tirante, porém em outros países também é comum utilizar o Método da Flexão,
o qual é apresentado por Bell (1985).
A ocorrência de excentricidades é bastante comum na construção civil, tanto
excentricidades executivas de estacas como excentricidades de locação dos elementos
estruturais, as quais geram esforços adicionais que devem ser considerados no
dimensionamento dos elementos estruturais de fundação.
Os estudos de caso apresentados neste trabalho evidenciaram que o
dimensionamento de blocos de coroamento pelo método de Bell (1985) é coerente e seus
resultados são da mesma ordem de grandeza do método de Blévot (1967).
Com relação às cargas excêntricas, constatou-se um aumento significativo na área
de aço necessária para resistir às solicitações adicionais. No estudo de caso 4, pôde-se
observar uma solução interessante para balancear os efeitos de momentos fletores sobre
as estacas: deslocando o pilar de modo a equilibrar os momentos, as estacas ficaram com
carregamentos mais distribuídos e solicitações abaixo de sua carga nominal.
Conclui-se, portanto, que a aplicação do método da flexão conforme Bell (1985) é viável
e bastante eficiente para o dimensionamento de blocos sobre estacas, tendo como
vantagens o fato de que pode ser aplicado tanto a blocos rígidos, como blocos flexíveis,
não dependendo de ter cargas centradas ou excêntricas, sobre estacas equidistantes ou
não, desde que sejam feitas as adaptações necessárias para adequá-lo às normas vigentes.
Este trabalho abordou o dimensionamento da armadura principal de blocos
sujeitos a esforços normais e momentos fletores. Como sugestão para trabalhos futuros,
indicamos estudos que englobem o dimensionamento de blocos quanto ao cisalhamento
e a momentos torçores, não somente para o método apresentado por Bell (1985), mas
também de outros autores renomados na área de estrutura de fundações.
42

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

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_______. NBR 6120: Ações para o cálculo de estruturas de edificações. Rio de Janeiro,
2019.

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43

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Análise semiempírica e computacional de fundações. Faculdade Evangélica de
Goianésia. Goianésia, 2018.

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Militar de Engenharia. Disponível em:
<http://aquarius.ime.eb.br/~webde2/prof/ethomaz/bloco_sobre_estacas/bloco_sobre_est
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ANEXO A – Valores de braço de alavanca (BELL, 1985)

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