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CENTRO UNIVERSITÁRIO DO SUL DE MINAS

TRABALHOCENTRO
DE CONCLUSÃO DE CURSODO
UNIVERSITÁRIO DE SUL
GRADUAÇÃO EM
DE MINAS – UNIS
ENGENHARIA
MG CIVIL

TAINARA DE OLIVEIRA PEDREIRA

ANÁLISE COMPORTAMENTAL DE CONCRETO DE PÓS REATIVOS


SUBMETIDO Á ALTAS TEMPERATURAS

Varginha
2023
TAINARA DE OLIVEIRA PEDREIRA

CENTRO UNIVERSITÁRIO DO SUL DE MINAS – UNIS MG

ANÁLISE COMPORTAMENTAL DE CONCRETO DE PÓS REATIVOS


SUBMETIDO Á ALTAS TEMPERATURAS

Trabalho de Conclusão de Curso


apresentado ao curso de Engenharia Civil
do Centro Universitário do Sul de Minas
(UNIS/MG) como pré-requisito para
obtenção do grau de bacharel, sob
orientação de Prof. Dr. Ivan Francklin
Junior

Varginha
2023
TAINARA DE OLIVEIRA PEDREIRA

ANÁLISE COMPORTAMENTAL DE CONCRETO DE PÓS REATIVOS


SUBMETIDO Á ALTAS TEMPERATURAS

Trabalho apresentado ao curso de


Engenharia Civil do Centro
Universitário do Sul de Minas como
pré-requisito para obtenção de grau de
bacharel pela Banca Examinadora
composta pelos membros:

Prof. Dr. Ivan Francklin Junior (Orientador):

Professor:

Professor:
AGRADECIMENTOS

Em primeiro lugar, a Deus, pela vida e pela oportunidade de chegar até aqui. Aos
meus pais e meu irmão que sempre estiveram ao meu lado me apoiando e incentivando
durante toda essa jornada. Ao meu namorado por toda compreensão e apoio nos momentos
mais difíceis. A todos meus familiares e amigos que estiveram comigo nesses anos.
Tambéma todos meus professores durante essa caminhada, pela ajuda e pela paciência com
a qual guiaram meu aprendizado, em especial ao Prof. Dr. Ivan Francklin Junior, pela
orientação e auxílio na elaboração do meu trabalho.
RESUMO

Este trabalho apresenta e debate alguns tópicos essenciais da ação do fogo nas estruturas
de concretos, em especial os concretos de pós reativos e quais os eventuais efeitos das elevadas
temperaturas no material propriamente dito. O principal objetivo desse trabalho é determinar
qual o comportamento dos concretos de pós reativos (CPR) expostos a altas temperaturas e
quais as consequencias esse fato pode trazer para estrutura e para as pessoas. Para isso, foram
elaborados corpos de prova que foram elevados a diferentes níveis de temperatura e resfriados
de maneira brusca e lenta. Com a realização dos ensaios, foi observado e comprovado que este
tipo de concreto possui uma grande fragilidade quando se trata de sua exposição a altas
temperaturas. Isso se explica devido ao material ser proveniente da utilização de altos
consumos de aglomerantes, agregados extremamente finos e baixa relação água/aglomerante,
combinada com o uso de aditivos redutores de água de última geração. Essas características
fazem do CPR um material com grande potencial de utilização em obras especiais. Porém, sua
elevada compacidade e baixa permeabilidade também favorecem a ocorrência de
desplacamento de camadas do CPR durante a exposição a elevadas temperaturas. O lascamento
do concreto por ação da temperatura é conhecido como efeito spalling e pode ocorrer de forma
explosiva. Diversas pesquisas têm reportado que esse fenômeno geralmente acontece em
concretos de alto desempenho (CAD), decorrente de sua baixa permeabilidade, e esse mesmo
comportamento tem sido verificado no CPR em determinadas temperaturas.

Palavras chave: : incêndio, CPR, altas temperaturas.


ABSTRACT

This paper presents and discusses some essential topics of the action of fire on concrete
structures, especially the reactive powder concretes and what are the possible effects of high
temperatures on the material itself. The main objective of this work is to determine the behavior
of reactive powder concretes (CPR) exposed to high temperatures and what consequences this
fact can bring to the structure and to people. For this, specimens were elaborated that were
raised to different temperature levels and cooled abruptly and slowly. With the performance of
the tests, it was observed and proven that this type of concrete has a great fragility when it
comes to its exposure to high temperatures. This is due to the fact that the material comes from
the use of high consumption of binders, extremely fine aggregates and low water/binder ratio,
combined with the use of state-of-the-art water-reducing additives. These characteristics make
CPR a material with great potential for use in special works. However, its high compactness
and low permeability also favor the occurrence of detachment of CPR layers during exposure
to high temperatures. The chipping of concrete due to the action of temperature is known as the
spalling effect and can occur explosively. Several researches have reported that this
phenomenon usually occurs in high-performance concretes (CAD), due to their low
permeability, and this same behavior has been verified in CPR at certain temperatures.

Keywords: fire, CPR, high temperatures.


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SUMÁRIO
1 INTRODUÇÃO ............................................................................................................... 9
2 OBJETIVOS ...................................................................................................................11
2.1 Objetivo geral ..........................................................................................................11
2.2 Objetivos específicos ...............................................................................................11
3 JUSTIFICATIVA ...........................................................................................................12
4 REFERENCIAL TEÓRICO ..........................................................................................13
4.1 Conceitos básicos sobre a estrutura do concreto .......................................................13
4.2 Comportamento do concreto em altas temperaturas ..................................................14
4.2.1 Efeitos térmicos ..............................................................................................16
4.2.2 Spalling ...........................................................................................................17
4.3 Alterações na estrutura do concreto em elevadas temperaturas .................................20
4.3.1 Alterações microestruturais causadas pelo aquecimento ..................................22
4.3.2 Efeitos macroestruturais da exposição a elevadas temperaturas .......................23
4.4 Efeitos do calor nas propriedades mecânicas do concreto ........................................27
4.4.1 Efeitos das altas temperaturas nos agregados ...................................................30
4.5 CPR e suas principais aplicações..............................................................................30
4.5.1 Princípios e propriedades dos concretos de pós reativos ..................................32
4.5.2 Aumento da homogeneidade ...........................................................................34
4.5.3 Aumento da compacidade ...............................................................................35
4.5.4 Melhora da micro estrutura pelo tratamento térmico ........................................35
4.5.5 Melhora da ductibilidade pela adição de fibras de aço .....................................35
4.6 Materiais Constituintes do CPR ...............................................................................36
4.6.1 Cimento Portland ............................................................................................36
4.6.2 Agregado miúdo..............................................................................................36
4.6.3 Aditivo Superplastificante ...............................................................................37
4.6.4 Silica Ativa .....................................................................................................37
4.6.5 Pó de quartzo ..................................................................................................38
4.7 Concreto de pós reativo sob altas temperaturas ........................................................39
4.7.1 Spalling em concretos de pós reativos .............................................................39
4.7.2 Efeito da adição de fibras em concretos de pós reativos ...................................40
5 MATERIAIS E MÉTODOS ..........................................................................................42
5.1 Materiais utilizados na produção dos CPR´s.............................................................43
5.1.1 Cimento ..........................................................................................................43
5.1.2 Silica Ativa .....................................................................................................43
5.1.3 Areia ...............................................................................................................43
5.1.4 Pó de quartzo ..................................................................................................43
5.1.5 Aditivo ............................................................................................................43
5.1.6 Água ...............................................................................................................43
5.2 Produção dos CPR´s em laboratório .........................................................................44
8

5.3 Metodologia experimental .......................................................................................55


6 RESULTADOS ...............................................................................................................56
7 CONSIDERAÇÕES FINAIS .........................................................................................58
8 SUGESTÕES PARA TRABALHOS FUTUROS ..........................................................59
9 REFERENCIAS BIBLIOGRAFICAS...........................................................................60
9

1 INTRODUÇÃO

A engenharia civil é considerada fundamental na determinação, fiscalização e


implementação de dispositivos para segurança das edificações a fim de garantir sua plena
funcionalidade em todos os tópicos que envolvem sua correta ocupação, dentre elas a prevenção
contra incêndio. Em todas as edificações, a proteção contra incêndios deve ser encarada como
obrigação de proteger, acima de tudo, as vidas humanas, mas também o patrimônio envolvido.
O objetivo das regulamentações modernas de segurança contra incêndio é evitar que os
incêndios, caso se iniciem, se propaguem para fora da edificação. Esse fenômeno deve ser
combatido desde a elaboração do projeto estrutural e específico de incêndio, passando pelos
materiais utilizados na edificação e chegando até ao comportamento das pessoas que habitam o
local.
No caso do projeto de uma edificação, a concepção e aprovação de sistemas contra
incêndio e pânico ainda é vista como um desafio a ser vencido e não como algo natural. Quanto
aos materiais utilizados na construção civil, percebe-se a utilização de materiais e compósitos
que possuem alta inflamabilidade. Tais materiais exigem atenção especial quanto ao uso destes
na obra, notadamente quanto à qualidade e contribuição para alastramento ou retardo do fogo.
Por estas razões, é fundamental entender como a estrutura resistente de nossas edificações irá
responder ao aquecimento. Os incêndios ocasionam a exposição ao calor dos elementos
estruturais e, consequentemente, provocam o aumento da sua temperatura, causando expansões
térmicas dos seus materiais constituintes, evaporação da sua umidade, aumento da sua
poropressão interna e degradação das suas propriedades mecânicas.
O concreto é o material de construção mais utilizado no mundo devido à abundância de
matérias primas e de um conhecimento já solidificado de sua utilização. Com o avanço das
tecnologias de projeto e necessidade de estruturas que exigem cada vez mais desse material
constantemente surgem pesquisas e novos tipos de concreto visando suprir essas necessidades.
Após o concreto convencional já houve o desenvolvimento do concreto de alta resistência, o
concreto de alto desempenho e, mais recentemente, o concreto de ultra alto desempenho,
concreto de pós reativos ou somente CPR.
Estudos realizados no início da década de 1990 possibilitaram o desenvolvimento do
concreto de ultra alto desempenho (CUAD), que é considerado o elemento que apresenta maior
durabilidade e resistência mecânica na cadeia evolutiva do concreto, superando as excelentes
propriedades do seu antecessor, o concreto de alto desempenho (CAD). O principal
representante dessa classe de materiais é o concreto de pós reativos (CPR), conhecido
10

internacionalmente como Reactive Powder Concrete (RPC).


Assim, neste trabalho realiza-se uma apresentação sobre o conceito de estruturas de
concreto pós reativos em situação de incêndio, abordando a análise de ensaios e qual seu
comportamento quando submetidos a altas temperaturas.
11

2 OBJETIVOS

2.1 Objetivo geral

Avaliar o comportamento do concreto de pós reativos submetidos a altas temperaturas

2.2 Objetivos específicos


 Observar os elementos e o comportamento em uma análise de corpos de provas em
ensaio laboratorial de concretos pós reativos submetidos a altas temperaturas;
12

3 JUSTIFICATIVA

Em termos de ambientes e agentes agressivos, um incêndio é uma das condições


mais severas a que uma estrutura de concreto pode ser submetida. A exposição do concreto
a elevadas temperaturas causa alterações físicas e químicas em sua estrutura e afeta
diretamente a rigidez e capacidade de carga da estrutura. Levando-se em conta que essas
propriedades são essenciais no dimensionamento dos elementos estruturais de edificações,
no momento em que seus valores diminuem, aumentam os riscos de colapso da estrutura
e, consequentemente, riscos à integridade física dos ocupantes da edificação. Nos últimos
anos, o CPR vem sendo incorporado à construção civil e aplicado em diferentes tipos de
construções, não se restringindo apenas a obras especiais e de infraestrutura, mas também
em locais de aglomeração de pessoas. Aumentando assim a probabilidade do material ser
utilizado em edificações que apresentem riscos de ocorrência de incêndio. O
comportamento dos diferentes tipos de concreto em situação de incêndio são importantes,
não só como fator determinante no dimensionamento das estruturas em que são aplicados,
mas também em perícias em edificações sinistradas, tanto na determinação das condições
estruturais e possível reutilização, quanto na definição das causas em possível colapso.
Como se trata de um material relativamente novo e ainda pouco difundido no Brasil, existe
uma carência de estudos sobre o concreto de pós reativos.
13

4 REFERENCIAL TEÓRICO

4.1 Conceitos básicos sobre a estrutura do concreto

Nos anos 70 e 80, costumava se referenciar os concretos com resistência à


compressão superior às usualmente especificadas (que na época ficavam em torno de de
15-25 Mpa) como “concretos de alta resistência”. Mais recentemente, estes concretos
também passaram a ser denominados “concretos de alto desempenho”, pois se passou a
reconhecer que as vantagens oferecidas por estes materiais iam muito além de uma elevada
resistência à compressão, uma vez que os mesmo são dotados de uma comportamento
adequado quanto à durabilidade, resistência à abrasão e ao impacto, resistência à corrosão
química e mecânica, apresentando baixa retração e fluência, entre outras propriedades
atraentes.
Adotando esta visão moderna, (Aitcin,1999) define o concreto de alta resistência
como um material de engenharia ( ou seja, projetado para um determinado fim), em que
uma ou mais das características específicas são otimizadas através da cuidadosa seleção e
proporcionamento dos seus constituintes. Segundo este autor, a definição é
propositalmente apresentada de forma vaga, com o intuito de deixar claro que não existe
apenas um tipo de concreto de alta resistência, mas uma família de novos tipos de concreto
cujas propriedades podem ser ajustadas de acordo com as necessidades particulares da
situação.
A impermeabilidade do material e a estanqueidade da estrutura são os principais
fatores determinantes da durabilidade visto que a interação com íons ou águas
agressivas é um fator prejudicial ao material. Sob o ponto de vista do aumento da vida
útil, portanto, a impermeabilidade da pasta é uma característica muito apreciada na
maioria dos concretos de alta resistência, pois resulta em um material menos sujeito às
ações ambientais deletérias (NEVILLE,1997).
Desde o início dos anos 90, entretanto, muitos pesquisadores e profissionais
passaram a levantar questões sobre o comportamento do concreto de alta resistência no
decorrer de um incêndio, justamente em função da microestrutura muito compacta, que
dificulta a liberação do vapor e, consequentemente, o alívio de pressão.
Atualmente, diversos trabalhos estão voltados para a avaliação dos efeitos da
exposição de estruturas de concreto a elevadas temperaturas e a realização de perícias em
estruturas sinistradas. Os resultados obtidos indicam que, de fato, existe uma grande
possibilidade de ocorrência de desplacamentos explosivos em concretos de alta resistência
14

aquecidos a elevadas temperaturas. Este fato, ainda pouco ainda pouco estudado e
divulgado, pode restringir o emprego seguro deste material, sem proteção, a determinados
tipos de obras. Para superar esta dificuldade é necessário incrementar os ainda limitados
conhecimentos que se dispõe atualmente sobre o seu comportamento frente ao calor.

4.2 Comportamento do concreto em altas temperaturas

O concreto, em princípio, apresenta um desempenho adequado ao ser submetido


ao calor, uma vez que, durante o processo de aquecimento, não ocorre o
desprendimento degases tóxicos, e o intervalo de tempo que o mesmo resiste ao calor,
mantendo boas características, é relativamente longo. Além disso, o concreto é um
material não combustívele que possui baixa condutividade térmica.A pasta de cimento, ao
ser aquecida , sofre uma reação endotérmica, o que auxilia no controle do aumento da
temperatura em estruturas expostas ao fogo.
No entanto, sob certas condições, os efeitos do aquecimento podem ser mais
variáveis e intensos, inspirando cuidados e levantando dúvidas sobre o desempenho de
alguns tipos de concreto, prevenindo a formação de conceitos genéricos a respeito do
assunto.
As diferenças de comportamento dos concretos sob aquecimento podem ser
atribuídasàs mudanças nas tensões atuantes e nas condições de umidade do material. Além
disso, o desempenho do concreto depende do tempo de exposição a temperatura elevada
e das propriedades dos agregados presentes na mistura (NEVILLE, 1997).
De forma geral, contudo, a temperatura máxima nos incêndios em edificações
oscila entre 500°C e 1200°C, sendo o tempo de aquecimento de 10 a 40 minutos,
dependendo da área de ventilação, geometria do compartimento incendiado e quantidade
de material combustível. Quanto a duração do fogo, a mesma pode variar de alguns
minutos a poucas horas. Consequentemente, as seções mais internas dos elementos de
concreto, provavelmente, não serão submetidas a uma temperatura superior a 500° C
(FAKURY, 2002).
Normalmente, cada parte da estrutura terá diferentes funções durante um incêndio,
de acordo com seu tipo e posição. As paredes não-portantes servirão para conter o
alastramento do incêndio, oferecendo resistência ao fogo, as vigas e os pilares atuarão na
manutenção da capacidade de suporte, e as lajes poderão atuar nas duas funções
(KHOURY, 2003).
15

Ao ser deflagrado um incêndio numa edificação, sua ação se faz sentir nos
elementos constituintes do compartimento em chamas e nas zonas mais ou menos
afastadas deste. Visto que no início de um incêndio a estrutura está sob ação do peso
próprio e de cargas acidentais, um certo estado inicial de tensão e, portanto, um
determinado estado de deformação encontra-se em equilíbrio. Em virtude do aquecimento
diferenciado entre os elementos estruturais, um novo estado de tensão sobrepõe-se a este
estado inicial, variável no tempo com o desenvolver das chamas, pois os elementos
constituintes da edificação estão, de certa forma, interligados rigidamente. Quando alguns
deles são mais aquecidos do que outros, as respectivas dilatações térmicas acabam sendo
restringidas e originam um novo estado de tensão. Ademais, a ação do fogo não se limita
aos elementos diretamente expostos à chama, pois em determinadas situações, elementos
relativamente afastados do compartimento em chamas poderão colapsar primeiro, em
virtude do estado de tensão que as deformações de origem térmica da zona diretamente
aquecida impuserem ao restante da estrutura.
O colapso das edificações em concreto de resistência convencional, durante
incêndios, raramente se deve à perda de resistência sofrida por um elemento estrutural,
estando normalmente associado à incapacidade das demais partes da estrutura de absorver
as deformações térmicas horizontais impostas pelo aquecimento, que podem causar
ruptura por cisalhamento ou por deformação das colunas e das paredes. Já em elementos
estruturais confeccionados com concretos de alta resistência, esta tendência pode ser
alterada, pois as estruturas podem sofrer consideráveis perdas de seção devido ao
desplacamento.A taxa de aquecimento influencia diretamente o desenvolvimento de
tensões térmicas, o aumento da poro-pressão e a possibilidade de ocorrência de
desplacamentos explosivos. A temperatura máxima influencia o nível de deterioração das
propriedades mecânicas do concreto e da armadura. Uma vez que, geralmente, as taxas
de aquecimento são elevadas, o concreto desenvolve gradientes de temperatura na seção
transversal, onde apenas as regiões superficiais, que ficam em contato direto com o fogo
ou com a fonte de calor, estarão submetidas à temperatura máxima. No entanto, a
temperatura da seção transversal, além de depender da temperatura máxima, é influenciada
pela duração do incêndio, das condições de aquecimento, da geometria da peça exposta e
do tipo de concreto (KHOURY, 2003).
A continuidade das vigas influencia positivamente a capacidade portante e a
resistência ao fogo das edificações, pois durante um incêndio ocorre a redistribuição dos
carregamentos, fazendo com que as cargas atuantes nos locais mais afetados pelo fogo
16

passem a ser suportadas pelos locais menos afetados que apresentam reserva de
capacidade portante (ANDERBERG, 2003).

4.2.1 Efeitos térmicos

O principal efeito da ação térmica no concreto armado é a redução das


propriedades mecânicas dos seus materiais, como a resistência característica e o módulo
de elasticidade do aço e do concreto.
A elevada resistência ao fogo é uma das vantagens primordiais dos elementos em
concreto, quando comparados aos demais elementos estruturais. Convém destacar que,
embora o concreto apresente uma redução de sua capacidade estrutural quando expostos
a temperaturas elevadas, o mesmo normalmente resiste à ação do calor, por um tempo
considerável, sem chegar ao colapso.
O concreto armado é considerado um material “homogêneo” à temperatura
ambiente devido a solidariedade entre concreto e aço. Contudo, quando submetido a
temperaturas superiores a 100°C, esta característica é perdida devido às transformações
físicas, químicas e mineralógicas envolvendo a pasta de cimento, os agregados e o aço
(COSTA, 2008, apud CARVALHO,2018, p.12).
As alterações de comportamento são resultantes da evaporação da água presente
na matriz do cimento, sob forma livre ou combinada, durante o processo de aquecimento.
Quando a estrutura de poros é aberta, o vapor liberado pode escapar facilmente, resultando
num alívio de parte das tensões geradas com o calor (KUTZING, 2002). No entanto,
pesquisas realizadas em concretos de alta resistência, exposto a temperaturas elevadas,
têm demonstrado que existem diferenças de comportamento frente ao calor, quando se
lida com concretos de mais alta densidade (KODUR, 1997).
As alterações nas propriedades do concreto em altas temperaturas são induzidas
principalmente pela perda de água da pasta e dos agregados, pelas alterações de fase e
pelas movimentações térmicas devido ao aumento na temperatura. A análise do efeito
desses fenômenos, para um elemento de concreto em particular, pode ajudar a predizer a
evolução das propriedades do concreto durante o incêndio. Um dos aspectos mais
importantes para análise da capacidade de suporte da estrutura e da durabilidade são as as
micro-fissuras e os desplacamentos explosivos, que acontecem quando o ponto crítico do
concreto é alcançado, sendo que as previsões devem ser baseadas em análises mecânicas
em nível microestrutural (SHUTTLEWORTH, 2001).
17

Em relação a concretos dosados com cimento Portland, a Figura 4.2.1 apresenta as


mudanças físico-químicas que ocorrem no material com a elevação da temperatura:
Figura 4.2.1: Transformações físico-químicas do concreto endurecido em altas
temperaturas

Fonte:(COSTA, 2008)

Evidências empíricas mostraram que, durante um incêndio, em um concreto com


certo grau de umidade, exposto a um elevado gradiente de temperatura, pode ocorrer o
desplacamento das camadas superficiais quentes das camadas interiores mais frias. Esse
fenômeno é comumente denominado spalling.

4.2.2 Spalling

O termo spalling é internacionalmente conhecido e padronizado nos principais


códigos e pesquisas internacionais. O fenômeno físico conhecido como spalling pode ser
definido como sendo o explosivo, desplacamento de camadas ou pedaços de concreto da
superfície de um elemento estrutural quando exposto a elevadas temperaturas e a
rápidas taxas de aquecimento, ambas caracterizadas por um cenário de incêndio (fib,
2007).
O lascamento é um fenômeno natural nas estruturas de concreto, quando elas são
18

expostas a altas temperaturas. Dentro da matriz de concreto, desenvolvem-se tensões de


origem térmica, que influem na desintegração das regiões superficiais dos elementos
estruturais (PURKISS (1996)).
Uma das primeiras observações de spalling no concreto foi registrada por um
pesquisador de nome Gary, em 1916, durante um estudo sobre os efeitos do fogo em casas
deconcreto. Ao provocar incêndios em alguns protótipos especialmente fabricados
para estefim, o concreto apresentou uma grande variedade de mecanismos de falha, tais
como deterioração nos cantos dos degraus de escadas e nas quinas das vigas, sulcos nas
lajes e explosões repentinas na seção de vigas, pilares e lajes (KHOURY, 2003).
No ano de 2000, Kalifa, Menneau e Quenard concluíram

Tecnicamente, pode-se dizer que o spalling resulta de dois processos


independentes, que ocorrem ao mesmo tempo no interior da massa de
concreto aquecida. O primeiro deles, que pode ser denominado termo-
mecânico, está relacionado ao aparecimento de tensões geradas pelos
gradientes de deformação térmica que ocorrem na estrutura. O segundo tem
natureza 90 termo-hidráulica, e está associado à transferência de massa (ar,
vapor e água) através dos poros, resultando no aparecimento de gradientes
de pressão no interior da massa, com subseqüente acréscimo de pressão nos
poros
A baixa permeabilidade do material faz com que o vapor gerado durante o
aquecimento não encontre porosidade suficiente na massa de concreto para atingir a
superfície, ocasionando a saturação dos poros existentes e elevando as pressões internas,
que pode eventualmente superar a resistência à tração do material. Desta forma, a
presença de água, em quantidade relativamente grande, tanto no estado evaporável quanto
no estado quimicamente combinado, faz com que a umidade desempenhe um papel
importantíssimo e preponderante na probabilidade de ocorrência do fenômeno
(ANDERBERG, 1997).
Não há ainda um controle total confiável sobre a ocorrência de lascamentos, por
serem função de uma série de fatores que levam, frequentemente, a um comportamento
imprevisível. Em alguns casos o lascamento é consequência da natureza mineralógica do
agregado, ou da concentração de tensões térmicas desenvolvidas durante o aquecimento e
que confluem para as camadas próximas aos cantos do elemento. Algumas pesquisas
mostram que a esbeltez dos elementos estruturais e elevadas tensões de compressão na
19

seção transversal de concreto durante o período de incêndio, também aumentam a


probabilidade dos lascamentos ocorrerem.
A ação térmica devida ao incêndio aumenta a temperatura dos elementos
estruturais, causando alterações na micro e na macroestrutura do concreto;
consequentemente, há redução de resistência e rigidez e o aparecimento de esforços
adicionais nas estruturas hiperestáticas devido às deformações térmicas, podendo levar ao
colapso estrutural. Os concretos de alta resistência apresentam maior tendência ao
lascamento instantâneo se comparados aos concretos usuais. A estrutura compacta de
baixa porosidade dificulta o transporte de vapores formados na matriz durante o
aquecimento. A pressão desses vapores aumenta excessivamente nas camadas próximas à
superfície do concreto, podendo ocorrer o estilhaçamento violento da região periférica do
elemento estrutural. O concreto de menor resistência permite o transporte do vapor mais
facilmente, por sua maior porosidade; entretanto, se a concentração de umidade for muito
elevada, este também poderá sofrer descamações profundas (ou “sloughing”) e
prematuras, destacando o cobrimento das armaduras.
O grau de fissuração intensifica-se nas juntas, nas regiões mal adensadas e nos
planos de barras de armadura, havendo uma perda significativa de material nestes locais,
que pode levar ao desaparecimento da camada de cobrimento. Quando o aquecimento
alcança o nível da armadura, a mesma passa a conduzir calor, acelerando o processo de
aquecimento (NEVILLE, 1997).
As alterações físico-químicas no concreto superaquecido promovem a
degeneração progressiva do material das peças estruturais e os carregamentos aplicados
aceleram a desagregação, manifestada por meio de fissuras, esfarinhamentos e
lascamentos, sendo esses últimos amplamente divulgados pela literatura técnica
internacional como “spalling” (BUCHANAN, 2001).

Figura 4.2.2: Spalling explosivo ocorrido em pilar de concreto de alta resistência


20

Fonte: (KODUR, 2005)


Na maioria das vezes, os lascamentos explosivos são relacionados ao
comportamento da pasta de cimento, geralmente devido à ação combinada da pressão nos
poros e das tensões térmicas internas induzidas por gradientes térmicos (BUCHANAN
(2001). Por isso, nos concretos menos permeáveis, como os concretos de alta resistência,
a matriz compactaimpede a liberação dos vapores formados durante o aquecimento. Há
desenvolvimento de pressão interna elevada, o que pode induzir a lascamentos
potencialmente explosivos (TENCHEV & PURKISS 2001).
Didaticamente, o spalling pode ser subdividido em categorias baseadas no local e
na intensidade do fenômeno. Desta forma, o spalling pode acontecer de forma intensa nos
agregados, de forma não-violenta nos cantos e quinas, de forma violenta na superfície do
concreto, de forma explosiva em todo elemento e de forma não-violenta durante o
resfriamento. Nos agregados, na superfície de vigas, pilares e lajes e em todo elemento, o
fenômeno ocorre entre 7 e 30 minutos após o início da exposição ao fogo, e vem
acompanhado de estalos nos agregados e de explosões violentas na superfície e/ou em
todo o elemento. Quando o fenômeno é menos violento, pode ocorrer entre 30 e 90
minutos após o início do incêndio, principalmente nos cantos e quinas, devido à
fragilidade do concreto nestas regiões. Neste caso, o mesmo é marcado pela ocorrência de
fissuras e pelos desprendimentos de pedaços da superfície. Os desplacamentos podem
ainda ocorrer durante o resfriamento, devido à re-hidratação do CaO, que vem
acompanhada de uma expansão de aproximadamente 44%.
4.3 Alterações na estrutura do concreto em elevadas temperaturas

De forma geral, os componentes da pasta de cimento se mostram bastante vulneráveis a


21

temperaturas elevadas. Sob ação de um processo de aquecimento, os mesmos ficam sujeitos a


transformações químicas, ocorre o aparecimento de microfissuras e o surgimento de
movimentações térmicas diferenciais, as quais acabam por reduzir a capacidade portante da
estrutura. (Castellote, 2003).
O comportamento do concreto em altas temperaturas é influenciado não somente pelas
condições prevalentes durante o aquecimento, tais como o regime térmico na superfície, o nível
de carregamento e o isolamento térmico, mas também pelo histórico do material antes do
aquecimento. Isto inclui as condições nas primeiras idades e durante a cura, histórico de cargas
e umidade até o momento de ensaio ou modelagem.
É importante realizar uma distinção entre as diferentes condições de exposição ao calor.
Durante um aquecimento rápido, em situações de baixa permeabilidade, podem existir regiões
que não permitam o fluxo de umidade, gerando condições semelhantes às que existiriam num
concreto com superfície selada. Já se tivermos um elemento com grandes dimensões e com
faces seladas, mas com aquecimento em apenas uma das faces, pode haver uma migração da
umidade para longe desta face, com geração de uma zona seca próxima à superfície aquecida.
Ou seja, é necessário considerar tanto a possibilidade de migração de umidade no interior do
material quanto a possibilidade de troca com o meio.
Visto que o concreto é um material não-homogêneo, que duas amostras jamais terão
exatamente as mesmas características e que as condições de ensaio, embora normalizadas,
jamais serão as mesmas, torna-se vital a realização de inúmeros estudos, quer para detectar
erros, quer para confirmar os resultados obtidos anteriormente, a fim de formular uma base de
dados consistente e representativa do material que está sendo estudado. Situações ondepoucos
ensaios são realizados induzem a erros e corre-se o risco de que existam resultados não
representativos, dificultando o processo de análise (MAJORANA, 2003).
Cabe ainda lembrar que as estruturas de concreto não se comportam da mesma forma
que os componentes isolados em situações de incêndio, uma vez que o sinergismo dos efeitos
pode afetar o material de diferentes maneiras. Além disto, num incêndio real, a geometria e o
tamanho dos elementos adquirem papel crucial. O tamanho relativamente grande dos elementos
de concreto introduz gradientes de temperatura que irão influenciar significativamente o
comportamento e desempenho da estrutura. A falta de homogeneidade do material é outro
aspecto que deve ser avaliado quando se analisam os efeitos da temperatura (PETRUCCI,1972).
Deve ser enfatizado que o aquecimento pode causar reações físico-químicas que são
benéficas ao concreto, tais como uma melhor hidratação ou melhora das propriedades de
isolamento térmico, embora a maioria dos engenheiros e pesquisadores dêem importância,
22

apenas, aos efeitos ruins como perda de resistência e desplacamentos explosivos. Esta é uma
visão simplista e, em muitos casos, errônea. No caso de concretos pré-moldados, o processo de
cura em autoclave impede que retrações e deformação lenta ocorram pelo simples aquecimento
a 180°C. A realidade é que a resposta do concreto ao aquecimento variaconsideravelmente,
dependendo do traço do concreto, da configuração estrutural e das condições termo-
hidromecânicas de exposição (MAJORANA, 2003).
Uma importante constatação, que embasou o delineamento teórico-experimental da
presente tese, é de que as inúmeras alterações nas propriedades mecânicas e no comportamento
do concreto exposto a altas temperaturas são recorrentes e podem ser associadas a alterações na
sua microestrutura. Desta forma, como destaca Aitcin, 2000, a análise dos danos causados numa
edificação em concreto armado, devidos a um incêndio, deve ser efetuada tanto em nível
microestrutural, que corresponde aos danos causados às propriedades dos materiais, quanto em
nível macroestrutural, que corresponde aos causados à estabilidade estrutural da edificação.

4.3.1 Alterações microestruturais causadas pelo aquecimento

Sob o ponto de vista microestrutural, devem ser analisadas as alterações que ocorrem
nas fases cimentícias , efeito dos agregados e armaduras, adições fibrosas, aplicação ou não de
carga durante os ensaios, pois durante o processo de aquecimento, as partículas hidratadas
sofrem transformações químicas que originam novos compostos. Entre as técnicas mais
utilizadas para monitorar estas transformações estão a análise termodiferencial (DTA), a análise
termogravimétrica (TGA) e a difração de nêutrons.
Os componentes da pasta de cimento, em temperaturas elevadas, ficam sujeitos a
transformações físicas e químicas.A pasta de cimento Portland hidratada é formada basicamente
de silicato de cálcio hidratado, hidróxido de cálcio e sulfoaluminato de cálcio hidratado. Em
estado natural, possui em sua composição grande quantidade de água livre e água capilar, além
de água adsorvida. Quando exposta ao fogo, a temperatura do concreto não se elevará até que
toda a água evaporável tenha sido removida, sendo necessário um considerável calor de
vaporização para a conversão de água em vapor (MONTEIRO, 1994).
As águas livre e capilar presentes na pasta de cimento começam a evaporar após a
temperatura de 100°C, retardando o aquecimento do concreto. A evaporação total da água
capilar ocorre entre 200°C e 300°C, mas neste patamar ainda não são significativas asalterações
na estrutura do cimento hidratado, bem como seu reflexo na resistência do concreto.
O gel do C-S-H sofre um processo de desidratação durante o aquecimento, que inicia
23

em 100°C, se intensifica aos 300°C e termina próximo aos 400°C. Neste período ocorre uma
redução progressiva da água de gel, com formação de silicatos anidros. Isto resulta em um
considerável decréscimo na resistência e causa o aparecimento de fissuras superficiais .As
partículas anidras da pasta não são afetadas pela variação de temperatura. No entanto, a maneira
como elas estão ligadas ao restante da pasta pode ser alterada, visto que a zona de transição
entre os agregados e a pasta consiste em uma região mais fraca, que desidrata com maior
facilidade e, consequentemente, é mais suscetível à fissuração (CÁNOVAS, 1998).
A quantidade de portlandita decresce até 100°C, devido à desidratação e à carbonatação,
que se acelera em atmosferas ricas em CO2 como é o caso de muitos incêndios. Na temperatura
de 530°C, a portlandita rapidamente se decompõe e é transformada em óxido de cálcio (CaO).
Durante o processo de resfriamento, este óxido pode se re-hidratar, formando novamente a
portlandita, o que causa expansões que acabam por contribuir para o aparecimento de fissuras
no concreto. A portlandita assim formada apresenta um arranjo cristalino menos estável e sofre
processo de decomposição a temperaturas mais baixas que a original (ALONSO, 2003).
Os agregados ocupam de 60 a 80% do volume do concreto e, portanto, a variação de
suas propriedades durante o aquecimento pode influenciar significativamente as características
do material. Em primeiro lugar, cabe lembrar que os diferentes agregados adicionados à mistura
não apresentam o mesmo coeficiente de dilatação térmica, levando ao aparecimento de
expansões internas com diferentes intensidades. Muitas vezes estas expansões são aumentadas
por transformações estruturais ocorridas na estrutura interna de certos agregados, como é o caso
dos silicosos contendo quartzo (granito, arenito e gnaisse), que sofrem expansão súbita e,
conseqüentemente, causam o fissuramento da matriz cimentícia, em temperaturas próximas à
573ºC. Este fato é decorrente da transformação cristalina do quartzo da forma α para β. As
rochas carbonáticas são estáveis até 700°C, quando o CaCO3 começa a se transformar em CaO
e liberar CO2. Durante o resfriamento, o CaO pode se reidratar, apresentando uma expansão de
40%. Os agregados calcários e os levessão os menos afetados pelo calor. Este desempenho
favorável ocorre devido aos baixos coeficientes de dilatação térmica, às reações endotérmicas
que se produzem ao elevar-se a temperatura e à criação de uma película superficial de CO2 que
atua como isolante térmico (CÁNOVAS, 1998).

4.3.2 Efeitos macroestruturais da exposição a elevadas temperaturas

O fenômeno tem origem no acréscimo de pressão nos poros do concreto devido à


evaporação de água, agravado pelas tensões geradas pelos gradientes de deformações térmicas.
24

Nos concretos de densidade normal, a quantidade de poros existente permite a migração do


vapor para a superfície com relativa facilidade e, da mesma forma, a migração da umidade para
as camadas mais internas. A baixa permeabilidade do concreto de alta densidade faz com que
o vapor gerado durante o aquecimento não encontre porosidade suficiente na matriz para atingir
a superfície, ocasionando a saturação dos poros existentes e elevando as pressões internas .
Desta forma, a sanidade de edificações em concreto de alta densidade durante incêndios
passa a constituir um problema potencial que necessita ser solucionado, dado o risco de
rompimento repentino que estes materiais estão sujeitos nesta situação. Nessesconcretos torna-
se fundamental buscar mecanismos que possam vir a reduzir a tendência a desplacamentos e
garantir a confiabilidade da estrutura. Uma das alternativas consideradas para minimizar ou
eliminar a tendência ao desplacamento explosivo consiste no uso de aditivos incorporadores de
ar. No entanto, deve-se ter consciência que a incorporação de ar ao concreto é vantajosa para
minimizar a tendência ao desplacamento mas ocasiona a redução da capacidade portante pela
elevação do volume de vazios (ANDERBERG, 1997).
Na temperatura de 160° C, as fibras de polipropileno começam a derreter, com grande
redução do volume inicial ocupado. À medida que a temperatura vai aumentando, os filamentos
vão se degradando. Em torno de 360° C eles entram em ignição. O produto remanescente da
combustão ocupa aproximadamente 5% do volume inicial.
Sun, Luo e Chan (2001) conduziram uma ampla pesquisa para avaliar a degradação
sofrida pelo concreto de alta resistência em altas temperaturas. Os ensaios conduzidos por eles
foram de compressão, flexão, cisalhamento, módulo de elasticidade e porosimetria. Os
resultados indicaram que tanto o concreto de resistência convencional quanto o concreto de
altaresistência, quando aquecidos a taxas de 5 a 7°C/min, em situação de completa saturação
em água, não sofrem desplacamentos explosivos. Este fato chamou a atenção dos
pesquisadores, visto que programas experimentais semelhantes reportaram a ocorrência do
fenômeno. Devido à não ocorrência deste fenômeno em corpos-de-prova resfriados por choque
térmico, descartou-se a possibilidade do desplacamento ser governado por este processo.
Concluiu-se, então, que a adição de fibras de aço na matriz cimentícia contribuiu para melhorar
a resistência residual do concreto após o aquecimento, bem como a adição de fibras de
polipropileno contribuiu para reduzir a probabilidade de desplacamentos explosivos. No
entanto, tanto o concreto de resistência convencional quanto o concreto de alta resistência,
mesmo com a adição de fibras, apresentaram tendências similares quanto ao decréscimo na
resistência à compressão dos corpos-de-prova com o aquecimento. Esta redução ficou mais
acentuada para temperaturas acima de 600°C. Cabe salientar que os resultados do programa
25

experimental descrito acima despertam uma questão, que até o momento, parece ter sido
negligenciada pelos relatos dos demais programas experimentais encontrados na literatura: a
adição de fibras de polipropileno ao concreto serve apenas para evitar os desplacamentos em
elevadas temperaturas? Ou também contribui para que a resistência residual destes concretos
seja afetada em menor escala pela exposição ao calor? À primeira vista, ambas as assertivas
parecem verdadeiras. Porém, na prática, parece que a resistência residual é similar em concretos
com ou sem fibra.
Lima (2003), investigou a resistência à compressão residual de concretos de resistência
convencional e de alta resistência com a presença ou não de fibras de polipropileno e/ou aço,
após a exposição a elevadas temperaturas. Os resultados da pesquisa indicaram que, conforme
o esperado, o concreto de resistência convencional apresentou um comportamento adequado
diante de elevadas temperaturas. No entanto, à medida que a compacidade do material foi
aumentando, a vulnerabilidade ao aquecimento foi crescendo proporcionalmente. Esta
tendência enfatiza a importância de realizar pesquisas voltadas a este tema, com o objetivo de
determinar como predizer e controlar os danos causados pelo aquecimento, uma vez que as
perdas de resistência nesta situação são bastante significativas. Podemos observar na Tabela
4.3.2 a resistência à compressão residual para concretos de alta resistência:

Figura 4.3.2: - Resistência à compressão residual para concretos de alta resistência


26

Fonte:(LIMA, 2003)

A análise dos dados coletados demonstrou ainda que, para o concreto de resistência
convencional, onde o volume de vazios atinge valores consideráveis, o acréscimo de
permeabilidade conferido pelo derretimento das fibras de polipropileno com o calor não
contribuiu para a redução da poro-pressão. A presença das fibras serviu apenas para
reduzir a resistência residual com o aquecimento, embora ocorresse um aumento de
resistência dos corpos-de-prova à temperatura ambiente. No caso do concreto de alta
resistência, a adição das fibras de polipropileno à matriz cimentícia minimizou os danos
causados pelo aquecimento, tanto nos corpos-de-prova sujeitos a 400°C quanto nos
sujeitos a 800°C, indicando que o derretimento das mesmas aumentou a porosidade do
material e minimizou os danos causados pela poro-pressão. Em resumo, com base nos
resultados coletados nesta pesquisa, o uso de fibras de polipropileno pode ser uma solução
potencial para o controle da deterioração sofrida pelos concretos de microestrutura
compacta no caso de aquecimento. Por outro lado, fibras de aço com características
semelhantes às usadas nesta pesquisa parecem não conferir efeitos benéficos ao concreto
em altas temperaturas. A adição de uma combinação de fibras de aço e polipropileno
parece não ser efetiva em temperaturas de 800°C, apresentando propriedades similares
27

a concretos somente com fibras de polipropileno em temperatura ambiente e a 400°C.

4.4 Efeitos do calor nas propriedades mecânicas do concreto

A exposição a altas temperaturas provoca diversas alterações na estrutura do concreto,


com repercussões na sua resistência e módulo de elasticidade.
O programa experimental conduzido por Balendran, Nadeem e Maqsood (2001)
contemplou a avaliação da resistência ao cisalhamento e a flexão. As classes de concreto
ensaiadas incluíram amostras de 50, 90, 110 e 130 MPa. As amostras foram submetidas a
temperaturas de 100°C, 200°C, 400°C e 600°C, em fornos cuja taxa de aquecimento é de
5°C/min. Os corpos-de-prova foram mantidos no interior destes fornos durante uma
horaapós ter atingido o patamar de temperatura especificado. Posteriormente, os mesmos foram
retirados para resfriamento ao ar livre ou resfriamento brusco através de imersão em água, com
subsequente ensaio à compressão. Os resultados indicaram que temperaturas elevadas reduzem
drasticamente as resistências dos concretos de alta resistência; em particular, o método de
resfriamento brusco causou maiores perdas na resistência à flexão e ao cisalhamento para todas
as temperaturas ensaiadas. Ainda, concluíram que as perdas de resistência, geralmente,
foram mais pronunciadas para classes de concreto mais elevadas. Nas temperaturas mais baixas,
a resistência à tração sofreu maiores perdas em relação à resistência ao cisalhamento. No
entanto, as perdas de resistência foram semelhantes nas temperaturas mais altas.
Komonen e Penttala (2001) analisaram as propriedades residuais de pastas de cimento
Portland expostas ao calor; foram avaliadas as resistências à compressão e flexão, bem como a
porosidade, através do ensaio de porosimetria de mercúrio. Os corpos-de-prova foram expostos
a vários patamares de temperatura, até um máximo de 1000°C. As taxas de aquecimento e
resfriamento dos corpos-de-prova foram de 4oC/min, sendo 60 min o intervalo de tempo em que
a temperatura foi mantida constante. Os dados coletados demonstraram que a porosidade da
pasta aumenta mais de 100% quando a temperatura é elevada até 1000°C e que este aumento
resulta numa progressiva redução de resistência. Acima de 600°C, aresistência à compressão
residual girou em torno de 50% da original, sendo que esta tendência de perda não foi linear, e
sim exponencial, com o acréscimo de temperatura. De acordo com os resultados coletados,
exposições a faixas de temperatura compreendidas entre 50°C e 120°C podem ser tão perigosas
quanto a faixas compreendidas entre 400°C e 600°C, visto que nestes intervalos as perdas na
capacidade resistente se equivalem.
Sun, Luo e Chan (2001) conduziram uma ampla pesquisa para avaliar a degradação
28

sofrida pelo concreto de alta resistência em altas temperaturas. Os ensaios conduzidos por eles
foram de compressão, flexão, cisalhamento, módulo de elasticidade e porosimetria. Os
resultados indicaram que tanto o concreto de resistência convencional quanto o concreto de alta
resistência, quando aquecidos a taxas de 5°C/min a 7°C/min, em situação de completa saturação
em água, não sofrem desplacamentos explosivos. Este fato chamou a atenção dos
pesquisadores, visto que programas experimentais semelhantes reportaram a ocorrência do
fenômeno. Devido à não ocorrência deste fenômeno em corpos-de-prova resfriados por
choque térmico, descartou-se a possibilidade do desplacamento ser governado por este
processo. Concluiu-se, então, que a adição de fibras de aço na matriz cimentícia contribuiu para
melhorar a resistência residual do concreto após o aquecimento, bem como a adição de fibras
de polipropileno contribuiu para reduzir a probabilidade de desplacamentos explosivos. No
entanto, tanto o concreto de resistência convencional quanto o concreto de alta resistência,
mesmo com a adição de fibras, apresentaram tendências similares quanto ao decréscimo na
resistência à compressão dos corpos-de-prova com o aquecimento. Esta redução ficou mais
acentuada para temperaturas acima de 600°C.
O concreto é o material de construção mais utilizado no mundo devido à abundância de
matérias primas e de um conhecimento já solidificado de sua utilização. Com o avanço das
tecnologias de projeto e necessidade de estruturas que exigem cada vez mais desse material,
constantemente surgem pesquisas e novos tipos de concreto visando suprir essas necessidades.
Após o concreto convencional (CC) já houve o desenvolvimento do concreto de alta resistência
(CAR), o concreto de alto desempenho (CAD) e, mais recentemente, o concreto de ultra alto
desempenho, concreto de pós reativos (CPR).
O CPR é um tipo de concreto especial que se destaca por suas propriedades mecânicas
e elevada compacidade. Apresenta resistência à compressão normalmente acima de 150 MPa e
módulo de elasticidade próximo de 50 GPa. E, assim como o CAD se mostra uma evolução em
relação ao CC, o CPR é uma evolução em relação ao CAD (TUTIKIAN; ISAIA; HELENE,
2011).
Os elevados valores de resistência mecânica são alcançados com emprego de fator a/ag
muito reduzido, uso de elevados teores de aditivos redutores de água, emprego de adições
minerais e elevado consumo de cimento, que pode chegar a aproximadamente 800 kg/m³ de
concreto. Outro aspecto notável é a utilização exclusiva de materiais na forma de pó em sua
constituição, de onde se origina o nome concreto de pós reativos (RICHARD e CHEYREZY,
1995; AÏTCIN, 2000).
Fruto de estudos mais aprofundados, mas que seguiram a mesma linha do CAD, o CPR
29

se apresenta como um material promissor para a construção civil, pois sua elevada resistência
mecânica possibilita a execução de projetos com estruturas mais arrojadas, mais esbeltas e,
consequentemente, mais leves, além de apresentarem maior durabilidade frente aos mais
variados tipos de solicitações e ambientes agressivos (AÏTCIN, 2000; TUTIKIAN, ISAIA,
HELENE, 2011).
O CPR é um material que se assemelha aos vãos, alturas e resistência do aço, porém
com menor custo e maior durabilidade (ISAIA et al, 2011). Na Figura 4.4.1 compara-se o
concreto armado, concreto protendido e aço com o CPR, para uma mesma carga.

Figura 4.4.1: Comparação de seções do (a) CPR, (b) aço, (c) Concreto Protendido e (d)
Concreto Convencional

Fonte: (WALRAVEN, 1999)

A durabilidade de materiais que tem como base o cimento Portland está intimamente
relacionada com a permeabilidade, uma vez que é esse o mecanismo que permite a entrada de
agentes agressivos como íons cloreto, íons sulfato e dióxido de carbono (SANJUAN &
MARTIN, 1997). No que diz respeito à durabilidade, possivelmente o concreto de pós reativos
tenha bom desempenho uma vez que funciona com o princípio do empacotamento de partículas
muito finas, possui estrutura muito densa e de baixa porosidade, o que resulta em uma
dificuldade para os agentes patológicos (MEHTA & MONTEIRO, 1994).
30

4.4.1 Efeitos das altas temperaturas nos agregados


Os agregados não são normalmente considerados elementos chaves para garantir
a estabilidade térmica do concreto. No entanto, eles ocupam de 60 a 80% do volume do
material, e a variação de suas propriedades durante o aquecimento pode influenciar
significativamente o coeficiente de dilatação térmica, a condutividade térmica e as demais
propriedades do concreto ( ROBERTS, 2003).
Os agregados contêm poros em vários tamanhos. Estes são geralmente grandes,
inertes e descontínuos, e a água presente nos mesmos pode contribuir para o calor latente
e para os desplacamentos explosivos, além de influenciar as propriedades térmicas, como
já foidiscutido. Durante o aquecimento, as partículas de agregado começam a expandir e
gerar tensões diferenciais no interior do concreto, que podem levar ao aparecimento de
microfissuras na pasta e, eventualmente, à desintegração do material (CHANA & PRICE,
2003).
Além disso, os diferentes agregados presentes no concreto não apresentam o
mesmo coeficiente de dilatação térmica, levando ao aparecimento de expansões internas
de diferentes intensidades. Muitas vezes o efeito destas expansões é incrementado por
transformações estruturais ocorridas na estrutura interna de certos agregados.
Ainda, a aderência entre a pasta e o agregado pode ser altamente comprometida
durante o aquecimento. A reatividade do agregado pode ser benéfica ou não para a
aderência, dependendo da natureza das transformações químicas que ocorrem, uma vez
que o elemento formado pode produzir uma aderência mais elevada ou, ao contrário,
transformar a zona de transição em um local repleto de microfissuras e vazios. Desta
forma, a escolha do agregado pode ser considerada como um fator crítico para o bom
desempenho frente a altas temperaturas (CASTELLOTE, 2003).
Alguns agregados se desintegram em 350°C (tais como os agregados extraídos do
Rio Tâmisa), enquanto outros (como as rochas magmáticas e o granito) são termicamente
estáveisaté patamares de temperatura de 600°C ou mais. Concretos que utilizam agregados
termicamente estáveis não apresentam redução considerável de peso durante o
aquecimento esó começam a afetar a capacidade de suporte do concreto em temperaturas
superiores a 550°C (MAJORANA, 2003).
4.5 CPR e suas principais aplicações

Através de pesquisas realizadas na França e no Canadá em meados de 1990


desenvolveram o CPR como material alternativo ao concreto de alto desempenho (CAD),
31

obtendo resistência à compressão de 800MPa, contra 120MPa do CAD e 60MPa do concreto


convencional. O CPR é utilizado principalmente em construções de estruturas espaciais leves,
tabuleiros de pontes, vigas, colunas, passarelas, pré-fabricados de túneis, placas de revestimento
de fachadas além de cilindros para laminação (VANDERLEI, 2004).
Uma das primeiras e mais famosas aplicações do CPR é a Passarela de Sherbrooke, no
Canadá, mostrada na figura 4.10.1.
Figura 4.4.2: - Passarela de Sherbrooke, Canadá.

Fonte: (REVISTA DE CIÊNCIA & TECNOLOGIA, 2006)

A estrutura da ponte é constituída de elementos pré-fabricados de 6,8 m de


comprimento, 4,2 m de largura e 3,5 m de altura. Foram utilizados seis módulos com as
dimensões citadas, os quais foram conectados entre si através de cordoalhas de aço pós-
tracionadas. A ponte possui vão de 56 metros de comprimento e tabuleiro com 5,0 cm de
espessura (VANDERLEI, 2004; AÏTCIN, 2008).
O concreto utilizado no tabuleiro superior e na viga inferior foi dosado para possuir
resistência à compressão em torno de 200 MPa, apresentando resistência à flexão de 40 MPa e
módulo de elasticidade de 50 GPa. As diagonais da treliça são constituídas de tubos de aço
inoxidável com espessura de 3 mm, preenchidos com CPR, submetidos à compressão durante
a moldagem, atingindo a resistência à compressão de 350 MPa. Para atingir esses valores de
resistência mecânica, os módulos foram submetidos a cura térmica em temperatura de 90 °C
(VANDERLEI, 2004; AÏTCIN, 2008).
Outra obra notável é a Passarela da Paz, em Seul, na Coreia do Sul, destaca- se entre as
32

obras utilizando CPR devido a pequena espessura do seu tabuleiro, com apenas 3 cm, e arco de
sustentação com 120 metros de vão. A passarela, apresentada na figura 4.4.2.1, foi inaugurada
no ano de 2002 (TUTIKIAN; ISAIA; HELENE, 2011).

Figura 4.4.2.1: Passarela da Paz construída em 2002 com estrutura em concreto de pós
reativos

Fonte: (GRANDES CONSTRUÇÕES, 2018)


O CPR tem sido aplicado em diversos campos da engenharia, como na indústria de
energia, na linha petrolífera e nuclear, obras de infraestrutura, também em estruturas civis,
marítimas e militares, principalmente na forma de peças pré fabricadas. Devido a suas
propriedades superiores como material de construção, aos poucos, vem substituindo o CAD em
algumas obras específicas, como no caso de pontes de grandes vãos. A tendência é que a
utilização do mesmo cresça ainda mais nos próximos anos (HIREMATH e YARAGAL, 2018;
REBENTROST e WIGHT, 2008).
Como foi verificado, o CPR tem ganhado espaço na aplicações em obras de países
desenvolvidos, principalmente em estruturas que demandam das suas propriedades mecânicas
para vencer maiores vãos, com elementos estruturais com seções transversais de menor
espessura e com formas não muito adequadas para aplicação de concretos como o CAD e o CC.
4.5.1 Princípios e propriedades dos concretos de pós reativos

O concreto de pós reativos foi idealizado como base no princípio de formação com o
mínimo de defeitos como fissuras ou poros capilares, propriedades obtidas com o aumento da
compacidade e resistência dos materiais constituintes. Para isso, seguiram-se os seguintes
33

princípios na pesquisa (CHEYREZY, 1999):

 Aumento da homogeneidade causada pela eliminação do agregado graúdo;


 Aumento da compacidade pela otimização granulométrica e aplicação de pressão antes e
depois da pega;
 Progresso da microestrutura pelo tratamento térmico após o endurecimento;
 Melhora da ductibilidade pela adição de fibras de aço;
 Manter os procedimentos de mistura e moldagem tão próximos quanto possível dos padrões
já existentes, de modo a gastar o menor tempo entre as operações.
Com os três primeiros elementos listados se obtém uma matriz com alta resistência à
compressão, porém com baixa ductibilidade, propriedade conseguida com a adição de fibras de
aço, que confere também resistência à tração ao CPR (VANDERLEI, 2004).
O desempenho do CPR está ligado a sua elevada durabilidade, decorrente de baixa
permeabilidade e elevada densidade da mistura, com coeficiente de permeabilidade tipicamente
menor do que a do concreto convencional por uma ordem de magnitude, podendo chegar a duas
ordens de magnitude com menores fatores a/ag e idades mais avançadas (TAM; TAM; NG,
2012).
Dowd e O’Neil (1996 apud VANDERLEI, 2004) desenvolveram um estudo sobre a
utilização do CPR na fabricação de peças pré-moldadas para saneamento, no qual foi realiza
comparação entre propriedades do CPR e de concreto de alto desempenho. A tabela 4.4.3
apresenta resultados que demonstram a superioridade do CPR em relação ao CAD, entre as
características citadas.

Tabela 4.5.1 Comparação entre propriedades do concreto de pós reativos (CPR) e concreto de
alto desempenho (CAD)
Caracteristica CAD CPR
Resistência à compressão 60MPa - 100MPa 180MPa - 200MPa
Resistência à flexão 6MPa - 10MPa 30MPa - 50MPa
Energia de fratura 140 J/m² 1.000 J/m² - 40.000 J/m²
Absorção de água 0,35kg/m² 0,05kg/m²
Permeabilidade do ar 120 x 10−18 m² 2,5 x 10−18 m²
Taxa de corrosão 0,25μm/ano < 0,01μm/ano
Fonte: Adaptado de Down e O’neil (1996 apud VANDERLEI, 2004)
34

Como pode ser visto na tabela 1, em termos de propriedades mecânicas, o CPR apresenta
resistência à compressão, pelo menos, duas vezes maior do que a resistência do CAD, além de
resistência à flexão cinco vezes maior. Enquanto que, em termos de durabilidade, apresenta
absorção de água sete vezes menor, além de taxa de corrosão e permeabilidade ao ar
correspondentes a, respectivamente, 4 e 2,1% dos valores encontrados para o CAD.
Segundo VANDERLEI (2004), tais propriedades fazem do CPR um material apropriado
para a utilização em obras de saneamento, na fabricação de condutos e tubos para transporte de
líquidos como água e esgoto. Os elevados valores de resistência mecânica possibilitam a
produção de tubos e bueiros com paredes de menor espessura e peças mais leves podem ser
produzidas, o que diminui custo com transporte. Outras vantagens identificadas são a agilidade
na produção dos tubos pela eliminação de etapas no processo, redução no tempo de instalação
e de danos durante a manipulação e colocação das peças.

4.5.2 Aumento da homogeneidade

Para diminuir os problemas trazidos por um material heterogêneo como o concreto


convencional, como por exemplo a diferença entre os módulos de elasticidade da pasta e do
agregado graúdo, diferença dos coeficientes de expansão térmica, entre outros, os agregados
graúdos foram eliminados do CPR, com tamanho médio das partículas em torno de 0,2mm
(ISAIA et al, 2011).
As propriedades mecânicas são melhoradas, com relação entre módulo de elasticidade
da pasta e dos agregados entre 1,0 e 1,4. Além disso, a zona de transição agregado/pasta é
suprimida e a relação agregado/matriz é reduzida (VANDERLEI, 2004).
Além disso se obtém as vantagens de um agregado com dimensões menores como
aumento da superfície do esqueleto granular. Com isso as tensões aplicadas sobre a estrutura
são mais bem distribuídas, evitando-se uma falha da microestrutura, o que aumenta a resistência
ultima do material (ISAIA et al, 2011).
Na Figura 4.4.4 observa-se a diferença de homogeneidade entre o CAD e o CPR.

Figura 4.4.4: Comparação da homogeneidade entre (a) CAR e (b) CPR


35

Fonte: (RESPLENDINO, 2011)

4.5.3 Aumento da compacidade

O aumento da compacidade é obtido com uma mistura granular otimizada com uma
pequena distância granular dentro de cada classe, sendo elas a areia, o pó de quartzo, o cimento
e a sílica ativa. Além disso, é importante se realizar um estudo de compatibilidade do
superplastificante bem como promover condições de mistura e vibração otimizadas
(VANDERLEI, 2004).
O aumento da compacidade também é influenciado pela aplicação de pressão no
concreto fresco. Esse procedimento diminui o ar incorporado, compensa a retração química e
remove o excesso de água, podendo chegar a uma diminuição entre 20 a 25% de água, se for
aplicada uma pressão de 50MPa durante 30 minutos (RICHARD & CHEYREZY, 1995).

4.5.4 Melhora da micro estrutura pelo tratamento térmico

Segundo Richard & Cheyrezy (1995), quando os concretos de pós reativos são
submetidos a um tratamento térmico existe a formação de hidratos cristalinos que melhora as
propriedades mecânicas do material. Esse tratamento se inicia após o fim da pega do cimento e
pode ser feito em ambiente com vapor d’água ou com ar quente.

4.5.5 Melhora da ductibilidade pela adição de fibras de aço

O comportamento do concreto de pós reativos sem nenhuma adição de fibras é elástico


linear e não excede 30kJm-2 de energia de fratura (VANDERLEI, 2004). Para a melhoria da
36

ductibilidade são utilizadas fibras metálicas de módulo de elasticidade elevado.


A dosagem das fibras é feita de modo experimental e são utilizadas em percentuais que variam
entre 1,5% e 3% (RICHARD & CHEYREZY, 1995).

4.6 Materiais Constituintes do CPR

4.6.1 Cimento Portland

A seleção do cimento Portland é feita em virtude de duas características: sua composição


e quantidade de finos e a compatilibidade com o aditivo superplastificante. Em relação a
composição é preferível a escolha de um cimento o mais puro possível e com menor quantidade
de finos, já que cimentos com alta finura Blaine não são considerados satisfat6rios, em virtude
da demanda de água necessária para sua hidratação (COPOLLA et al, 1997).
Um cimento Portland com alto módulo de sílica é o mais indicado em virtude de suas
características reológicas,entretanto esse tipo de cimento apresenta taxa lenta de pega,o que
pode comprometer seu uso em alguns casos (BIZ, 2001).
Para Bonneau et al (1996) o cimento mais indicado para a produção de CPR é o cimento
Portland comum (CP-I), mas o cimento Portland de Alta Resistência Inicial (CP V-ARI)
também é utilizado por alguns autores. Com relação ao superplastificante, é necessário
determinar o ponto de saturação, ou seja, o ponto em que o aditivo deixa de agir como tal para
agir somente como água na mistura. A colocação máxima de aditivo reduz a relação a/c e, por
conseqüência, melhora as propriedades mecânicas do CPR.

4.6.2 Agregado miúdo

O agregado miúdo é o agregado com maior diâmetro no CPR, e isso se justifica pela
obtenção de uma menor permeabilidade no concreto bem como pela melhor homogeneização
dos materiais (BIZ, 2001). A granulometria é de suma importância para o CPR, ela deve ser
muito bem definida para se evitar vazios na mistura (RICHARD & CHEYREZY, 1995).
O agregado miúdo selecionado deve ter um diâmetro máximo médio de 250µm, não
podendo ultrapassar os limites superior de 600µm e inferior de 150µm. Esse agregado pode ser
obtida tanto pelo peneiramento de pedra britada ou pela extração de agregado miúdo natural
sendo que a primeira possui grãos altamente angulares e a segunda possui grãos mais
arredondados.
37

De acordo com AITCIN (2000) o agregado miúdo deve conter resultados de módulo de
finura entre 2,7 e 3,0, características inerentes a um agregado miúdo mais grosso. Essa
característica é apreciável uma vez que o CAD e o CPR já apresentam grande quantidade de
partículas finas, então uma areia mais grossa significa uma redução na quantidade de água, o
que gera um acréscimo na resistência.

4.6.3 Aditivo Superplastificante

O aditivo superplasficante é de fundamental importância para o concreto de pós reativos


para manter a relação água/cimento (a/c) o mais baixa possível. A determinação da dosagem do
superplastificante é experimental e influenciada pelo tipo de cimento, devendo ser feitos ensaios
de compatibilidade como o cone de Minislump e o cone de Marsh (GOMES, 2002).
A finalidade do uso de superplastificantes no CPR se deve à combinação dos três fatores
a seguir (CHEYREZY, 1999):
 Aumento da trabalhabilidade do concreto sem a mudança da composição;
 Diminuição da relação a/c e, conseqüentemente, aumento da resistência e durabilidade;
 Reduzir a quantidade do cimento para minimizar os efeitos de retração e tensões internas

4.6.4 Silica Ativa

A sílica ativa é a adição mineral mais utilizada e indicada para a produção de CPR. Isso
se deve à sua forma bem arredondada e ao seu tamanho, que chega a ser até 100 vezes menor
que o cimento (ISAIA, et al, 2011). A comparação entre o tamanho do grão de cimento e os
grãos de sílica ativa pode ser observada na Figura 4.6.4.

Figura 4.6.4: Grãos de sílica ativa ao redor de um grão de cimento


38

Fonte: (RICHARD & CHEYREZY, 1995).

O seu uso em concretos se deve principalmente à (LARRARD, 1989):


 Enchimento dos vazios entre as partículas de cimento;
 Aumento das propriedades reológicas;
 Produção de hidratos secundários.
Outro efeito do tamanho reduzido de suas partículas é a redução da exsudação interna e
superficial, importante no aspecto micro estrutural e na zona de transição entre pasta e agregado
e pasta e armadura (GOLDMAN & BENTUR, 1989).
A taxa de utilização de sílica ativa/cimento é de aproximadamente 0,25, número que
corresponde ao melhor empacotamento e próximo da quantidade necessária para consumir a cal
que se forma da hidratação do cimento. No CPR a hidratação do cimento Portland é incompleta
e a quantidade de sílica excedente atua como microfiller (VANDERLEI, 2004).

4.6.5 Pó de quartzo

O pó de quartzo é adicionado ao concreto de pós-reativos para contribuir com o


fechamento do pacote granulométrico. Para isso, o tamanho das partículas 26 deve estar entre
5µm e 25µm. O pó de quartzo fecha os vazios entre os grãos de areia e intensifica as reações
pozolânicas durante o tratamento térmico (BIZ, 2001).
39

4.7 Concreto de pós reativo sob altas temperaturas

4.7.1 Spalling em concretos de pós reativos


No estudo sobre o spalling em CPR, as análises normalmente são feitas em misturas
com diferentes constituições, variados teores e tipos de adições minerais, diferentes relações
água/aglomerante e, por consequência, diferentes faixas de resistência. A partir das diferentes
configurações, são verificados, principalmente, os intervalos de temperatura e de tempo em que
o fenômeno ocorre, assim como sua intensidade.
Ju et al. (2016) realizaram um estudo numérico e experimental sobre o spalling no CPR,
onde foi constatado que a liberação de energia acumulada e a concentração de tensões causam
a fragmentação explosiva no CPR, e se apresenta por meio de fratura intensa e frágil. Foram
moldados corpos de prova cúbicos de dimensões 100 x 100 x 100 mm, nos quais foram
introduzidos termopares, para monitoramento da temperatura no centro do corpo de prova e em
pontos a 3,0 mm da face do CP. A figura 4.4.4.1 apresenta a evolução dos desplacamentos no
CP, comparando o efeito de cada etapa com seu volume original, por meio de filmagem em
tempo real.
Figura 4.7.1: Efeito do spalling em corpo de prova de concretos de pós reativo, com
temperaturas no interior do forno de 347 °C (a); 372 °C (b); 382 °C (c); 383 °C (d)

Fonte: Adaptado de Ju et al. (2016)


40

Inicialmente há o desplacamento dos cantos e arestas, conforme visualiza-se na figura


4.4.4.1 (a), que apresentam temperatura maior do que o restante do CP. Essas partes são
facilmente desplacadas devido ao esforços de tração decorrentes da poropressão e gradiente
térmico. Ao se aproximar da temperatura de 370 °C o spalling começa a ocorrer de forma mais
violenta, emitindo som mais alto. As regiões fraturadas vão se estendendo em direção ao centro
do CP, o que faz com o mesmo apresente forma semelhante à uma esfera, como pode ser visto
na figura 4.4.4.1 (c) (JU et al., 2016).
Com o aumento da temperatura no centro do CP e evolução da tensão de tração para
valores superiores à resistência do material, ocorre uma ruptura instantânea, de forma explosiva,
conforme visualiza-se na figura 4.4.4.1 (d). O processo é seguido por novos desplacamentos
explosivos das frações já fraturadas, que se prolongam até a temperatura de 445 °C, após a qual
é verificada uma formação de grande quantidade de detritos de pequeno tamanho (JU et al.,
2016).

4.7.2 Efeito da adição de fibras em concretos de pós reativos

As pesquisas que analisam a utilização de fibras como método de proteção passiva do


CPR, em situação de incêndio, tem o intuito de minimizar a ocorrência do spalling e de manter
as propriedades mecânicas e a integridade da microestrutua do material. Essa análise é feita
variando os tipos e teores de fibras, normalmente metálicas ou de polipropileno, ou ainda em
misturas híbridas de ambos os tipos.
Em condições de temperatura ambiente, a adição de fibras de polipropileno diminui a
resistência à compressão e o módulo de elasticidade do CPR, mas aumenta sua resistência à
tração, quando comparada a mesma mistura sem fibras. Quando o material é exposto a
temperaturas elevadas, essa alternativa diminui as chances de ocorrência de spalling, além de
contribuir na manutenção de resistências residuais mais próximas de sua resistência inicial.
Abid et al, (2017) constataram, por meio de resultados de diversas pesquisas envolvendo a
utilização de fibras no CPR, que o teor de 0,9% de fibras de polipropileno, em volume, é
considerado o limite máximo de adição para se obter um ótimo comportamento termomecânico
do material, sendo que acima desse valor, a resistência residual tende a diminuir.
Ainda de acordo com Abid et al. (2017), no caso da adição de fibras de aço, há uma
melhora nas propriedades mecânicas do CPR tanto em temperatura ambiente quanto em
elevadas temperaturas, mas, quanto maior a resistência do concreto, maior deve ser o teor de
fibra adicionado à mistura. No entanto, deve ser levado em consideração que a utilização de
41

fibras diminui consideravelmente o abatimento do CPR (JANG, SO e SO, 2016; LIANG et al.,
2018), sendo preferível utilizar um teor que atenue os efeitos da exposição às elevadas
temperatura, e não interfira na trabalhabilidade do material ainda no estado fresco.
Estudos realizados por Sanchayan e Foster (2016), e Liang et al. (2018) verificaram a
ocorrência de spalling no CPR, mesmo com a utilização de fibras metálicas, em temperaturas
próximas a 400 °C. Canbaz (2014) verificou degradação excessiva do concreto com fibra de
aço em temperaturas superiores a 700 °C, impossibilitando os ensaios de verificação de
resistência mecânica nos CPs. Como solução, ambas as pesquisas desenvolveram CPR com
misturas híbridas, por meio da adição de fibras poliméricas, que apresentaram melhores
resultados. A figura 4.6.2 ilustra a atuação das fibras de aço e de polipropileno, assim como as
alterações na microestrutura do CPR decorrentes do aquecimento.

Figura 4.7.2: Efeito do aquecimento em matriz de concreto com fibras

Fonte: (ADAPTADO DE CAMBAZ, 2014)


De acordo com Canbaz (2014), a fibra de polipropileno utilizada derreteu em
temperaturas entre 150 e 200 °C e, em decorrência disso, o vapor da água que evapora dos poros
maiores, por volta de 100 °C, encontra caminhos para ser liberado. Em decorrência da parcela
de poropressão não aliviada e das variações volumétricas da mistura heterogênea, ocorre a
fissuração da matriz do concreto, porém quando a ponta da fissura alcança os canais deixados
42

pela fibra derretida, o crescimento e ramificação das fissuras é interrompido. Somado a isso, há
o controle de fissuração decorrente da atuação das fibras de aço, que conferem resistência à
tração ao concreto, porém isso só ocorre até temperaturas por volta de 600 a 800 °C, quando as
fibras perdem parte considerável de sua resistência.
O estudo mostra que a adição de fibras de polipropileno diminui a resistência à
compressão e o módulo de elasticidade do concreto em temperatura ambiente, porém, em
temperaturas a partir de 400 °C, a resistência residual do material é superior as misturas que
apresentam apenas a adição de fibras metálicas.
Segundo Liang et al. (2018), a adição de fibras de polipropileno diminuiu a
probabilidade de ocorrência e intensidade do spalling no CPR, porém não eliminou totalmente
as chances do fenômeno ocorrer, pois foram identificados lascamentos nos cantos e em algumas
faces dos CPs cúbicos. Em seu estudo foi verificado que a utilização da FPP impede a
fragmentação total dos corpos de prova, diferentemente das misturas com ausência da fibra,
além de também apresentar picos de resistência à compressão após aquecimento até a
temperatura de 400 °C.

5 MATERIAIS E MÉTODOS
43

5.1 Materiais utilizados na produção dos CPR´s

A seguir estão descritas, de forma mais detalhada, as características físicas e químicas


dos materiais utilizados nas misturas de CPR, obtidas por meio de ensaios e especificações dos
fabricantes.
5.1.1 Cimento
O cimento utilizado na presente pesquisa foi o cimento CP V-ARI RS da fabricante
otorantim Cimentos. Tal cimento adequa-se ao tipo de concreto estudado pelo fato de
apresentar elevada resistência inicial, em função de sua aplicação em elementos pré-moldados
(TUTIKIAN; ISAIA; HELENE, 2011).

5.1.2 Silica Ativa


A sílica ativa utilizada nas misturas é uma sílica densificada. Foi utilizada de modo a
evitar a presença de pontos de aglomeração de sílica que não apresentam reação pozolânica e
se tornam pontos frágeis na matriz do CPR.

5.1.3 Areia
O agregado de maior dimensão máxima utilizado na mistura de CPR foi a areia
Industrial.

5.1.4 Pó de quartzo
O pó de quartzo utilizado na presente pesquisa representa o agregado com menores
dimensões utilizado nas misturas de CPR.

5.1.5 Aditivo
O aditivo utilizado em todas as misturas foi o MasterGlenium 54, que são
aditivos hiperplastificantes redutores de água, especialmente formulados para aplicações em
que seja necessário reduções de água elevadas, manutenção de slump, resistências
iniciais superiores e alta durabilidade.
5.1.6 Água
Com o objetivo de diminuir a perda de trabalhabilidade do CPR durante a mistura,
devido ao calor de hidratação liberado pelo elevado teor de cimento do traço e atrito da haste
misturadora, optou-se por utilizar água em temperatura ambiente.
44

5.2 Produção dos CPR´s em laboratório

Para realização dos estudos experimentais, foram produzidos dois traços de concreto
pós reativos, e para uma avaliação do seu comportamento diante a altas temperaturas, esses
corpos de provas foram submetidos a um forno mufla, com variadas temperaturas, apresentando
diferentes reações.
Foram utilizados como referência os traços obtidos por Francklin Junior (2022) que
realizou estudos com CPR’s utilizando pó de quartzito da região de São Thomé das Letras -
MG. As proporções dos materiais são apresentados na tabela 5.
Tabela 5: Proporções dos materiais utilizados
Malha das peneiras em mesh Percentagem retida na peneira
# 30 18,18%
# 60 16,88%
# 80 15,58%
# 100 14,28%
# 200 12,98%
# 325 11,68%
# 400 10,38%
Fonte: (FRANCKLIN, 2022)
Na tabela 5.1 foram apresentados, em quilogramas, os quartzos utilizados na presente pesquisa:
Tabela 5.1: Quantidade de quartzos usados na pesquisa em massa
Malha das peneiras em mesh Quantidade de quartzos
# 30 1.818,00 kg
# 60 1.688,00 kg
# 80 1.558,00 kg
# 100 1.428,00 kg
# 200 1.298,00 kg
# 325 1.168,00 kg
# 400 1.038,00 kg
Fonte: (FRANCKLIN, 2022)

Nas figuras abaixo, estão apresentadas as pesagens desse material:


45

Figura 5.1.:quartzo #30 Figura 5.2: quartzo #60

Fonte: (AUTOR, 2023) Fonte: (AUTOR, 2023)

Figura 5.3: quartzo de #80 Figura 5.4: quartzo de #100

Fonte:(AUTOR, 2023) Fonte: ( AUTOR, 2023)

Figura 5.5: quartzo de #200 Figura 5.6: quartzo de #325


46

Fonte: (AUTOR, 2023) Fonte: (AUTOR, 2023)


Figura 5.7: quartzo de #400

Fonte: (AUTOR, 2023)


Após a pesagem de todas as frações de pó de quartzo, todas essas frações foram
misturadas em um saco preto:
Figura 5.8: Saco com quartzos misturados

Fonte: (AUTOR, 2023)


47

Após a mistura de todas as frações de quartzitos, foram pesados, assim como os outros materiais
constituintes do CPR, de acordo com a Tabela 5.1.2:
Tabela 5.2: Materiais Constituintes da pesquisa
Materiais Quantidade
Pó de quartzo (misturado) 1.540,00 Kg
Cimento CPV ARI 1.000,00 Kg
Água 0,220 Kg
Sílica Ativa 0,250 Kg
Aditivo 0,90 Kg
Fonte: (AUTOR, 2023)

As figuras 5.9 a 5.14, mostram o processo de pesagem dos materiais da Tabela 5.2:
Figura 5.9: Quartzos misturados Figura 5.10: Cimento CPV ARI

Fonte: (AUTOR, 2023) Fonte: (AUTOR, 2023)


48

Figura 5.11: Água Figura 5.12: Silica ativa

Fonte: (AUTOR, 2023) Fonte: (AUTOR, 2023)

Figura 5.13: Aditivo utilizado Figura 5.14: Aditivo

Fonte: (AUTOR, 2023) Fonte: (AUTOR, 2023)


Após a pesagem de todos os materiais eles foram adicionados a uma argamassadeira
industrial no laboratório do Centro Universitário do Sul de Minas, na cidade de Varginha - MG.
Primeiramente foi adicionado todo o cimento, todo o quartzo e toda a silica ativa. Logo após,
aos poucos, foram adicionados a água e o aditivo, aguardando até chegar ao ponto do concreto.
Na figura 5.15, está representado o equipamento utilizado para a produção do concreto.

Figura 5.15: Argamassadeira Industrial utilizada na produção do concreto


49

Fonte: (AUTOR, 2023)


Após a produção eles foram moldados e prensados e por lá permaneceram por 48 horas.
As figuras 5.16 e 5.17, mostram o cilindro da moldagem do corpo de prova e o equipamento
utilizado para prensar.
Figura 5.16: Corpo de prova moldado Figura 5.17: Corpos de prova prensados

Fonte: (AUTOR, 2023) Fonte: (AUTOR, 2023)

No dia seguinte, os corpos de provas foram desmoldados e adicionados a uma estufa a


100°C, em uma bandeja de agua cobrindo todo sua dimensão. Os corpos de prova por lá
permaneceram por 3 dias, sob monitoramento para que a água não evaporasse e abaixasse o
nível. Depois disso, os corpos de prova foram retirados da estufa e deixados no mesmo
laboratório a temperatura ambiente para um resfriamento natural.
Foram produzidos, também no laboratório de materiais do Centro Universitário do Sul
de Minas, mais cinco corpos de provas de concreto pós reativos. Nessa remessa de produção
50

foi utilizado o mesmo pó de quartzo que foi misturado na produção anterior, com as quantidades
indicadas na Tabela 5.3:

Tabela 5.3: Materiais Constituintes da pesquisa


Materiais Quantidade
Pó de quartzo (misturado) 1.155,00 Kg
Cimento CPV ARI 0,750 Kg
Silica Ativa 0,18750 Kg
Água 0,225 Kg
Aditivo 0,75 Kg
Fonte: (AUTOR, 2023)

As 5.18 a 5.22, mostram o processo de pesagem dos materiais da Tabela 5.3:

Figura 5.18: Pó de quartzo Figura 5.19: Cimento CPV ARI

Fonte: (AUTOR,2023) Fonte: (AUTOR,2023)

Figura 5.20: Sílica Ativa Figura 5.21:Água


51

Fonte: (AUTOR, 2023) Fonte: (AUTOR, 2023)

Figura 5.22: Aditivo

Fonte: (AUTOR,2023)

Após a pesagem de todos os materiais eles foram adicionados a mesma argamasseira


industrial utilizada na produção anterior, mencionado na figura 5.15. Primeiramente foram
adicionados todo o cimento, todo o quartzo e toda a silica ativa, e depois, aos poucos foram
adicionados a água e o aditivo, aguardando até que chegasse ao ponto do concreto.
Após a produção do concreto, eles foram moldados e prensados e por lá ficaram durante
24 horas. Após esse tempo eles foram desmoldados e adicionados a uma estufa a 100°C com
sua dimensão totalmente coberta por água, e por lá permaneceu por 3 dias. Os corpos foram
retirados da estufa e permaneceram no laboratório a temperatura ambiente, resfriando de forma
natural.
Passados alguns dias, foi a vez dos corpos de prova de concreto pós reativos serem
analisados submetidos a altas temperaturas, através de um forno mufla, no laboratório de
química do Centro Universitário do Sul de Minas, em Varginha - MG.
52

Na figura 5.23 está representado a mufla utilizada nesse ensaio:


Figura 5.23: Mufla utilizada no ensaio

Fonte: (AUTOR, 2023)


Primeiramente foi realizado o ensaio nos corpos de prova produzidos no primeiro dia.
Foram adicionados a mufla dois corpos de prova a uma temperatura de 300°C. Era programado
que os corpos de prova permanecessem na mufla por 30 minutos, e fossem retirados para
resfriamento, porém ao atingir a marca dos 20 minutos, um corpo de prova se fragmentou por
completo e o outro fragmentou em partes, sendo assim a mufla foi desligada e resfriada. A
figura 5.24 representa o estado que ficou os corpos.
Figura 5.24: Corpos de prova produzidos submetidos a uma temperatura de 300°C

Fonte: (AUTOR, 2023)


Logo após, a mufla foi aquecida novamente, mas dessa vez atingindo uma temperatura
de 500°C. Foram adicionados mais dois corpos de prova que também foram produzidos dia 05
53

de setembro. O previsto era que os corpos permanecessem na mufla também por 30 minutos.
Porém ao atingir apenas 03 minutos os dois corpos fragmentaram inteiro, sendo necessário o
desligamento e resfriamento da mufla, e retirada dos fragmentos. A figura 5.25 mostra o
estado que ficou os corpos.
Figura 5.25: Corpos de prova produzidos dia 05 de setembro submetidos a uma temperatura de
500°C

Fonte: (AUTOR, 2023)

Dois corpos de prova produzidos também no dia 05 de setembro seriam submetidos a


800°C na mufla para analise, mas devido aos resultados das duas primeiras temperaturas que
foram mais baixas, em que o concreto pós reativo não se comportou de maneira positiva, foi
discutido com o orientador dessa pesquisa que não seria viável o aumento da temperatura.
Logo após os corpos de prova dos concretos produzidos no dia 20 de setembro, foram
submetidos a mufla a temperatura de 300°C. Dessa vez foi possível a permanência dos corpos
por 30 minutos e não houve fragmentação em nenhum dos corpos. A figura 5.26 mostra qual
foi o resultado:

Figura 5.26: Corpos de prova produzidos e submetidos a 300°C


54

Fonte: (AUTOR, 2023)

Por último foram submetidos a uma temperatura de 500°C, os corpos de prova


produzidos no dia 20 de setembro. Os corpos também não resistiram a essa temperatura e se
fragmentaram inteiro após 07 minutos na mufla. A figura 5.27 mostra como ficou o estado
desses corpos de prova.

Figura 5.27: Corpos de prova produzidos dia 20 de setembro submetidos a 500°C

Fonte: (AUTOR, 2023)


55

5.3 Metodologia experimental

A fase preliminar desse procedimento experimental consiste da caracterização dos materiais


constituintes e a realização da dosagem do concreto de pós reativos para definição dos traços
utilizados. A segunda fase abrange as atividades de moldagem e condicionamento dos corpos
de prova de CPR após desmoldagem. Depois foi realizada a caracterização dos corpos de prova,
em temperatura ambiente e após foi realizada a exposição dos corpos de prova às temperaturas
de 300 e 500 °C em uma mufla. Para cada temperatura de exposição foram ensaiados 05 corpos
de prova de cada um dos 02 traços de CPRs.
Para finalizar a etapa experimental, seria realizado o ensaio mecânico de resistência à
compressão axial, porém como visto nesse pesquisa, a maioria dos corpos de prova utilizados
tiveram a ocorrência de spalling durante o processo de aquecimento na mufla.
56

6 RESULTADOS

Após o aquecimento das amostras na mufla, a primeira análise feita foi a verificação da
ocorrência de spalling do concreto. Esse fenômeno se apresentou de diferentes formas e com
diferentes intensidades, de acordo com o aumento da temperatura e do traço utilizado.
Foi observado uma variação menor após aquecimento em temperatura de 300°C, e uma
variação mais expressiva quando aquecidos a 500°C. No entanto, as 800°C não foi viável a
realização do ensaio devido sua completa deterioração a 500°C.
Diante da análise dos detritos do spalling, verificou-se que, quanto maior a temperatura
de exposição, e quanto menor o fator a/c da mistura, maior foi a intensidade de desplacamentos
e fragmentação das amostras do CPR. O que mostra que, quanto maior a compacidade da
mistura e maior o tempo de exposição às elevadas temperaturas, maiores são os danos ao
concreto.
Os componentes da pasta de cimento, em temperaturas elevadas, sofrem transformações
físicas e químicas. A pasta de cimento em estado natural, possui em sua composição grande
quantidade de água livre e água capilar, além de água adsorvida. Quando exposta ao fogo, a
temperatura do concreto não se eleva até que toda a água evaporável tenha sido removida, sendo
necessário um considerável calor de vaporização para a conversão de água em vapor. Porem
como visto nas seções anteriores, o concreto de pós reativos possui uma baixa quantidade de
agua em seus componentes, o que explica o spalling tão imediato.
A ocorrência de spalling do CPR em temperaturas superiores a 300 °C também foi
verificada por alguns autores. Ju et al. (2017) realizaram um estudo sobre a ocorrência desse
fenômeno no CPR com diferentes teores de sílica ativa, no qual foi verificado o início do
desplacamento de fragmentos em temperaturas entre 317 e 386 °C.
Hiremath e Yaragal (2018) e Liang et al. (2018) utilizaram taxas de aquecimento de 5 e
4 °C/min, respectivamente, em amostras aos 28 dias de cura e verificaram ocorrência de
desplacamento explosivo em amostras de CPR, , após a exposição à temperatura de 400 °C.
Os agregados ocupam de 60 a 80% do volume do concreto e, portanto, a variação de
suas propriedades durante o aquecimento pode influenciar significativamente as características
do material. Em primeiro lugar, cabe lembrar que os diferentes agregados adicionados à mistura
não apresentam o mesmo coeficiente de dilatação térmica, levando ao aparecimento de
expansões internas com diferentes intensidades. Muitas vezes estas expansões são aumentadas
por transformações estruturais ocorridas na estrutura interna de certos agregados, como é o caso
dos silicosos contendo quartzo (granito, arenito e gnaisse), que sofrem expansão súbita e,
57

consequentemente, causam o fissuramento da matriz cimentícia, em temperaturas próximas à


573ºC, como na presente pesquisa atingindo 500ºC.
Outro resultado observado no presente estudo, para ambos os casos onde houve spalling,
foi que os fragmentos das amostras do conjunto com menor fator a/c apresentaram dimensões
menores do que os fragmentos dos traços com maior fator a/c.
58

7 CONSIDERAÇÕES FINAIS

O concreto de pós reativos é um material que apresenta certa complexidade para ser
dosado e produzido, demandando uma estrutura de produção diferente da comumente utilizada
para produção do concreto convencional e concreto de alto desempenho.
Para redução de disparidades ocasionadas durante a produção, se faz necessária certa
experiência trabalhando com o material antes da definição e produção dos traços finais. Visto
que é um material sensível às variações de temperatura durante a produção, sensível às
variações nas formas e intensidades de adensamento.
As complexidades mencionadas são compensadas pelas excelentes propriedades e
possibilidades de uso do material, visto que pode ser aplicado em estruturas e peças em que
nenhum outro tipo de concreto poderia, por não apresentarem propriedades mecânicas,
trabalhabilidade e qualidade de acabamento suficientes.
A presente pesquisa mostrou que há grande risco de ocorrer spalling do CPR quando
exposto a elevadas temperaturas.As resistências mais elevadas ainda podem ser atingidas em
função da temperatura em que o CPR for exposto, como em situações que simulem incêndios.
Cabe verificar se tais benefícios se mantém a longo prazo e se as propriedades afetadas
negativamente serão compensadas por esse ganho de resistência à compressão.
O programa experimental elaborado para a presente pesquisa permitiu analisar, o
comportamento de dois traços de CPR formulados. Foram analisadas as variações ocasionadas
pela exposição a elevadas temperaturas, em seu resfriamento. Também foi possível verificar
condições em que existe a possibilidade de ocorrer spalling dessas amostras ensaiadas.
Os resultados apresentaram menores variações após aquecimento em temperaturas de
até 300 °C. Sendo notadas reduções mais expressivas aos 500 °C.
Diante da análise dos detritos do spalling, verificou-se que, quanto maior a temperatura
de exposição, e quanto menor o fator a/c da mistura, maior foi a intensidade de desplacamentos
e fragmentação das amostras do CPR. O que mostra que, quanto maior a compacidade da
mistura e maior o tempo de exposição às elevadas temperaturas, maiores são os danos ao
concreto.
Diante das variações de materiais disponíveis nas diferentes regiões do planeta, da
ausência de métodos consolidados de dosagem e produção, da necessidade de construções e
estruturas com maior vida útil, julga-se que ainda há muito a ser estudado e pesquisado sobre o
concreto de pós reativos, para que suas excelentes propriedades possam ser aproveitadas de
59

maneira completa pelo setor da construção civil.

8 SUGESTÕES PARA TRABALHOS FUTUROS

De modo geral, para uma melhor compreensão e investigação mais aprofundada do


comportamento dos concretos de pós reativos diante de elevadas temperaturas, sugerem se as
seguintes análises em trabalhos futuros:

1. Realizar análise mais aprofundada da faixa de temperatura entre 300 e 400 °C, para
identificar a temperatura mais próxima à ocorrência do início do spalling das amostras
de CPR, e verificar se as variáveis independentes tem influência na temperatura de início
do desplacamento explosivo.

2. Verificar se as propriedades físico-mecânicas residuais do CPR se mantém mesmo em


idades mais avançadas, e não exclusivamente em 24 horas após o aquecimento.
Observando, principalmente, se a resistência à compressão residual das amostras
aquecidas nas temperaturas entre 200 e 600 °C se mantém mais elevadas do que a
resistência na qual o concreto foi dosado.

3. Avaliar as propriedades do CPR, em termos de durabilidade, após ser sinistrado por um


incêndio. Visto que, por mais que o material tenha resistido ao spalling em função da
liberação do vapor de água pelos canais formados pelo derretimento da fibra de
polipropileno, tais canais podem servir como pontos de entrada para agente agressivos,
que podem reduzir a vida útil e o desempenho do CPR ao longo do tempo.

4. Verificar se diferentes métodos de cura, como a cura térmica em diferentes idade e a


cura em água saturada com cal tem influência nas propriedades mecânicas residuais do
CPR após ser exposto a elevadas temperaturas.
60

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