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MINISTÉRIO DA EDUCAÇÃO

UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO SUL


PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM ENGENHARIA MECÂNICA

DESENVOLVIMENTO DE COLETOR SOLAR HÍBRIDO TÉRMICO FOTOVOLTAICO


E ANÁLISE EXPERIMENTAL E ANALÍTICA DE SEU COMPORTAMENTO

por

Crissiane Alves Ancines

Tese de Doutorado

Porto Alegre, junho 2023.


DESENVOLVIMENTO DE COLETOR SOLAR HÍBRIDO TÉRMICO FOTOVOLTAICO
E ANÁLISE EXPERIMENTAL E ANALÍTICA DE SEU COMPORTAMENTO

por

Crissiane Alves Ancines


Mestre em Engenharia

Tese de doutorado submetida ao Programa de Pós-Graduação em Engenharia Mecânica, da


Escola de Engenharia da Universidade Federal do Rio Grande do Sul, como parte dos requisitos
necessários para a obtenção do Título de

Doutora em Engenharia

Área de Concentração: Energia

Orientador: Prof. Dr. Arno Krenzinger

Co-orientadora: Prof.a Dra. Letícia Jenisch Rodrigues

Comissão de Avaliação:

Prof. Dra. Rejane de Césaro Oliveski ............................... (pesquisadora independente)

Prof. Dr. Mario Henrique Macagnan ............................................................. UNISINOS

Prof. Dr. Andrés Armando Mendiburu Zevallos ............................... PROMEC-UFRGS

Prof. Dr. Felipe Roman Centeno


Coordenador do PROMEC

Porto Alegre, junho de 2023.


AGRADECIMENTOS

Ao meu orientador, Prof. Dr. Arno Krenzinger pela orientação deste trabalho, disposição e
conhecimento passado.
A minha co-orientadora, Prof.a Dra. Letícia Jenisch Rodrigues, que eu tenho muita admiração,
pela orientação e pela pela amizade adquirida ao longo desses anos.
Aos meus pais que se esforçaram a vida toda para me proporcionar uma boa educação. Pelo
carinho, amor e sempre pensando na minha melhor formação como pessoa.
Ao meu amado Anderson, que está comigo desde o início dessa jornada, sempre me
incentivando e me apoiando. Agradecer ao meu maior presente nesse trajeto, minha filha amada
Olivia.
Aos colegas e ex-colegas do LABSOL, pelo companheirismo, pelo apoio, pelos momentos
divertidos e pelo conhecimento passado.
A Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (CAPES) pelo suporte
financeiro concedido para a elaboração desta Tese.
A Universidade Federal do Rio Grande do Sul, ao seu Programa de Pós-graduação (PROMEC).
Aos demais professores da Universidade Federal do Rio Grande do Sul.

ii
RESUMO

A utilização de tecnologias que convertem a energia solar radiante em energia térmica e elétrica
vem aumentando cada vez mais. Nos últimos anos, visando um maior aproveitamento da área
disponível, desenvolveu-se um dispositivo denominado coletor híbrido térmico fotovoltaico,
também chamado de coletor PV/T (Photovoltaic Thermal). Esse coletor converte energia solar
radiante em calor e eletricidade, simultaneamente. Durante a década de 1970, alguns estudos e
análises foram fundamentais para as pesquisas desse novo dispositivo. Dada a importância do
mesmo, muitos continuam sendo realizados até hoje. O maior desafio desse tipo de tecnologia
reside no fato que a conversão térmica pode afetar a conversão elétrica, e vice-versa,
prejudicando sua eficiência. Como o custo dos módulos fotovoltaicos era muito alto até bem
pouco tempo atrás, os módulos híbridos vinham sendo fabricados de forma a não diminuir a
conversão fotovoltaica e apenas acionar um aquecimento de água em temperaturas muito
próximas ao ambiente. Com a redução do custo dos módulos fotovoltaicos torna-se viável
inverter esta lógica e priorizar a produção térmica para garantir utilidade também para lugares
de clima frio. Desta forma, este trabalho propõe o desenvolvimento e a construção de um coletor
híbrido térmico fotovoltaico que possa suprir o seu uso em regiões que necessitam de maiores
temperaturas de fluido sem uma perda muito significativa na parte fotovoltaica. Para tanto,
foram construídos dois coletores híbridos, um sem cobertura e outro com uma cobertura de
policarbonato alveolar. O objetivo da substituição da cobertura de vidro por policarbonato é
reduzir custo de fabricação e o peso do equipamento. Além disso, esta cobertura diminui as
perdas por convecção de maneira mais eficaz do que a cobertura de vidro. Além dos resultados
experimentais, um modelo analítico é criado e comparado com os resultados obtidos
experimentalmente. O modelo analítico proporciona uma forma de avaliar o uso dos mesmos
coletores híbrido térmico fotovoltaico em condições diferentes. Como resultado é possível
concluir que os coletores propostos podem ser uma boa alternativa para aplicações urbanas onde
o espaço de telhado é limitado, e que o procedimento desenvolvido permite uma avaliação
adequada da conversão da energia solar destes equipamentos mesmo em longo prazo.

Palavras-chave: Energia Solar; Coletor Híbrido Térmico Fotovoltaico; Eficiência Térmica,


Eficiência Elétrica.
iii
ABSTRACT

The use of technologies that convert radiant solar energy into thermal and electrical energy has
been increasing considerably. In recent years, in order to make better use of the available area,
a device called photovoltaic thermal hybrid collector, also called PV/T (Photovoltaic Thermal)
collector, has been developed. This collector converts solar radiant energy into heat and
electricity, simultaneously. During the 1970s, several studies and analysis were fundamental to
the research about this new device. Given the importance, the production of this equipment is
being manufactured out today. The biggest challenge of this type of technology lies in the fact
that the thermal conversion can affect the electrical conversion, and vice versa, impairing the
efficiency. As the cost of photovoltaic modules is very high in these days, hybrid modules have
been manufactured in such a way as to not decrease the photovoltaic conversion and only drive
water heating at temperatures very close to ambient. With the reduction in the cost of
photovoltaic modules it has become feasible to reverse this logic and prioritize thermal
production to ensure usefulness also for places with cold climates. In this way, this work
proposes the development and construction of a photovoltaic thermal hybrid collector that can
supply its use in regions that need higher fluid temperatures without a very significant loss in
the photovoltaic part. To this end, two hybrid collectors were built, one without a cover and the
other with a honeycomb polycarbonate cover. The objective of the substitution of the glass
cover for the polycarbonate is to reduce the manufacturing cost and the weight of the equipment.
In addition, this cover decreases convection losses more effectively than the glass cover. In
addition to the experimental results, an analytical model is created and compared with the
experimentally obtained results. The analytical model provides a way to evaluate the use of the
same PV thermal hybrid collectors under different conditions. As a result, it is possible to
conclude that the proposed collectors could be a good alternative for urban applications where
roof space is limited, and that the developed procedure allows an adequate evaluation of the
solar energy conversion of these devices even in the long term.

Keywords: Solar Energy; Photovoltaic Thermal Hybrid Collector; Thermal Efficiency,


Electrical Efficiency.

iv
ÍNDICE

1 INTRODUÇÃO 1

1.1 Justificativa .......................................................................................................................... 5


1.2 Objetivo Geral ..................................................................................................................... 6
1.3 Objetivos Específicos .......................................................................................................... 7

2 TRANSFERENCIA DE CALOR E TECNOLOGIAS DE CONVERSÃO SOLAR ..... 8

2.1 Transferência de Calor ...................................................................................................... 10


2.2 Conceito de resistência térmica ......................................................................................... 12
2.3 Propriedades ópticas de coberturas transparentes ............................................................. 14
2.4 Produto transmitância – absortância.................................................................................. 15
2.5 Tecnologia solar térmica e fotovoltaica ............................................................................ 16
2.5.1 Eficiência térmica de coletores solares de placa plana ................................................... 16
2.5.2 Determinação da constante de tempo dos coletores térmicos e da eficiência térmica em
regime permanente para ensaio externo ................................................................................... 20
Parâmetros ................................................................................................................................ 22
2.5.3 Efeito da temperatura de operação em módulos fotovoltaicos e eficiência fotovoltaica 22

3 TECNOLOGIA DE COLETORES HÍBRIDOS TÉRMICOS FOTOVOLTAICOS . 27

3.1 Primeiros coletores híbridos térmicos fotovoltaicos ......................................................... 27


3.2 Parâmetros climáticos........................................................................................................ 33
3.3 Parâmetros de projeto ........................................................................................................ 34
3.4 Parâmetros operacionais .................................................................................................... 40
3.5 Policarbonato Alveolar ...................................................................................................... 45

4 METODOLOGIA .............................................................................................................. 50

4.1 Projeto do coletor híbrido térmico fotovoltaico ................................................................ 50


4.2 Modelagem analítica ......................................................................................................... 52
4.2.1 Circuito térmico equivalente do coletor híbrido sem cobertura de policarbonato .......... 52
4.3 Equacionamento coletor PV/T sem cobertura e com camada de ar entre o módulo FV e a
placa de cobre: .......................................................................................................................... 53
4.4 Equacionamento do coletor PV/T com cobertura de policarbonato alveolar e com camada
v
de ar entre o módulo FV e a placa de cobre: ............................................................................ 56
4.4.1 Balanço de energia na camada do policarbonato ............................................................ 56
4.4.2 Balanço de energia na camada do vidro .......................................................................... 57
4.4.3 Balanço de energia na camada do módulo fotovoltaico.................................................. 57
4.4.4 Balanço de energia na camada da placa de cobre ........................................................... 58
4.5 Distribuição de temperatura entre os tubos na direção do fluxo e fator de eficiência do
coletor ....................................................................................................................................... 58
4.6 Equacionamento do coletor PV/T preenchido com adesivo de silicone entre o módulo FV
e a placa de cobre...................................................................................................................... 62
4.7 Estimativa da temperatura das células fotovoltaicas a partir de dados meteorológicos. ... 63
4.8 Incertezas das medições .................................................................................................... 65

5 MONTAGEM BANCADA EXPERIMENTAL .............................................................. 66

5.1 Montagem dos coletores híbridos térmicos fotovoltaicos ................................................. 66


5.2 Instalação dos coletores na bancada experimental ............................................................ 68
5.2.1 Ensaios térmicos ............................................................................................................. 68
5.2.2 Ensaios Fotovoltaicos ..................................................................................................... 71

6 RESULTADOS .................................................................................................................. 73

6.1 Curvas características dos módulos fotovoltaicos ............................................................. 73


6.2 Ensaios fotovoltaicos ......................................................................................................... 74
6.2.1 Incerteza experimental no cálculo de eficiência elétrica................................................. 75
6.3 Constante de tempo e eficiência térmica ........................................................................... 76
6.4 Incerteza experimental no cálculo de eficiência térmica ................................................... 82
6.5 Resultados Analíticos ........................................................................................................ 83
6.6 Validação da modelagem analítica .................................................................................... 83
6.7 Estimativa de produção energética .................................................................................... 85

7 CONCLUSÕES .................................................................................................................. 91

7.1 Propostas Futuras .............................................................................................................. 92

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ................................................................................. 93

vi
LISTA DE FIGURAS

Figura 1.1- Recursos energéticos no mundo [Adaptado de Ellabban et al., 2014]. ................... 1
Figura 1.2 - Aumento médio percentual no crescimento da oferta mundial de energias
renováveis [Adaptado de IEA, 2019]. ........................................................................................ 2
Figura 1.3 - Oferta Interna de Energia Elétrica por Fonte [EPE, 2022]. .................................... 3
Figura 1.4– Desenvolvimento do mercado global de coletores PV/T de 2017 a 2021 [AEE IN
TEC, 2022] ................................................................................................................................. 5
Figura 2.1 - Espectro normalizado do Sol em função da máxima magnitude do poder emissivo
espectral. [Adaptado de Nova Escola, 2020]. ............................................................................. 8
Figura 2.2 – Fenômenos de reflexão, absorção e transmissão para a energia incidente,
independentes do comprimento de onda, da direção e do ângulo [Adaptado de Incropera et al,
2008]. ........................................................................................................................................ 10
Figura 2.3 - Circuito térmico para um coletor com apenas uma cobertura [Adaptado de
Kalogirou, 2009]....................................................................................................................... 13
Figura 2.4 - Ângulo incidente e de refração da transmissão do feixe de radiação em dois meios
distintos [Adaptado de Kalogirou, 2009]. ................................................................................ 14
Figura 2.5 - Absorção da radiação por um coletor com cobertura de vidro. [Adaptado de Duffie
e Beckman, 2013] ..................................................................................................................... 16
Figura 2.6 - Esquema ilustrando a estrutura de um coletor solar do tipo placa plana [ABRAVA,
2008]. ........................................................................................................................................ 18
Figura 2.7 - Estrutura de um módulo fotovoltaico comum [Adaptado de http://bluesol.com.br].
.................................................................................................................................................. 23
Figura 2.8 - Modelo de curva I-V, de curva de potência P-V e do fator de forma [Adaptado
Pinho et al, 2014]. ..................................................................................................................... 24
Figura 2.9 - Curva característica de uma célula fotovoltaica com diferentes temperaturas
[Adaptado de Pinho e Galdino, 2014]. ..................................................................................... 24
Figura 2.10 - Esquema simples dos mecanismos de transferência de calor associados ao módulo
FV e o ambiente [Adaptado de Skoplaki e Palyvos, 2009]. ..................................................... 25
Figura 3.1– Vista explodida de um coletor solar PV/T [Penaka et al., 2020]. ......................... 28
Figura 3.2 – (a) seção transversal da configuração e (b) o balanço de energia local no absorvedor
do coletor PV/ com configuração chapa tubo [Adaptado de Florschuetz, 1979]. .................... 29
vii
Figura 3.3 - Coletor PV/T de líquido [Adaptado de Hendrie e Raghurman, 1980]. ................ 32
Figura 3.4 - Fatores e parâmetros associados que afetam o desempenho do coletor PV/T
[Adaptado de Elbreki et al., 2016]............................................................................................ 33
Figura 3.5 - Variação da temperatura da água para diferentes velocidade do ar em m/s.
[Adaptado de Tiwari e Sodha, 2006]. ....................................................................................... 34
Figura 3.6 - Dados de eficiência térmica e curvas de eficiência média para as três configurações
de coletores: absorvedor térmico (T), absorvedor sem (PV/T) e com cobertura de vidro (PV/Tv).
[Adaptado de Sandnes e Rekstad, 2002]. ................................................................................. 35
Figura 3.7 - Tipos de coletores PV/T de água analisados: (a) chapa e tubo, (b) canal PV/T, (c)
escoamento livre, (d) dois absorvedores (tipo isolado) [Adaptado de Zondag, 2003]. ............ 35
Figura 3.8 - Configuração tubo paralelo [Adaptado de Aste et al., 2014]................................ 37
Figura 3.9 – Configurações dos coletores térmicos simulados [Adaptado de Matrawy e Farkas,
1997]. ........................................................................................................................................ 38
Figura 3.10 – Vista em corte transversal do módulo PV/T Tipo A e Tipo B. [Adaptado de Dubey
e Tay, 2013]. ............................................................................................................................. 39
Figura 3.11 - Estrutura biônica com quatro ramificações [Pieper e Klein, 2011]. ................... 40
Figura 3.12 - Eficiências térmicas e elétricas típicas dos coletores de PV/T atuais [Adaptado de
Mellor et al, 2018]. ................................................................................................................... 41
Figura 3.13 - Efeito da vazão mássica na eficiência térmica com diferentes valores para o fator
de empacotamento e variações de radiação solar. [Adaptado de Ji et al, 2006]. ...................... 42
Figura 3.14 - Efeito do fator de empacotamento (a) na temperatura da água do tanque e (b) na
eficiência elétrica e da temperatura da placa do coletor PV/T.[Adaptado de Ji et al, 2007]. ... 43
Figura 3.15 - Efeito da transmissividade do vidro (a) na temperatura da água do tanque e (b) na
eficiência elétrica e da temperatura da placa do coletor PV/T. [Adaptado de Ji et al, 2007]. .. 44
Figura 3.16 - Variação da taxa de aquecimento auxiliar média anual em relação ao fator de
empacotamento para (a) coletor PV/T sem cobertura e para (b) coletor PV/T com uma
cobertura. [Adaptado de Daghigh et al., 2011]......................................................................... 45
Figura 3.17 - Variação da saída de energia elétrica versus o fator de empacotamento (a) coletor
PV/T sem cobertura e para (b) coletor PV/T com uma cobertura. [Adaptado de Daghigh et al.,
2011]. ........................................................................................................................................ 45
Figura 3.18 - Visão transversal do coletor de placa plana estudado com TIM e canal de
ventilação [Adaptado de Kessentini et al., 2014]. .................................................................... 48
viii
Figura 3.19 - Curva de eficiência térmica do coletor térmico placa plana padrão (1); curva
experimental do protótipo estudado (2); coletor térmico placa plana de vidro duplo (3); tubos
evacuados (4). [Adaptado de Kessentini et al., 2014] .............................................................. 48
Figura 3.20 - Possíveis refletâncias ao interior de uma seção do policarbonato [Toro et al.,
2015]. ........................................................................................................................................ 49
Figura 4.1 – Evolução do tamanho dos módulos fotovoltaicos e a densidade de potência.
[Adaptado de Solar Energy UK, 2021]. ................................................................................... 50
Figura 4.2 - Configuração do trocador de calor chapa-tubo introduzido na parte posterior do
módulo FV e suas medidas. ...................................................................................................... 51
Figura 4.3 - Camadas que compõem o coletor híbrido térmico fotovoltaico sem cobertura (a) e
o com cobertura de policarbonato (b). ...................................................................................... 52
Figura 4.4 - Esquema do coletor PV/T sem cobertura indicando os mecanismos de transferência
de calor, as isotermas, e as taxas. ............................................................................................. 53
Figura 4.5 - Circuito térmico para o coletor PV/T sem cobertura. ........................................... 53
Figura 4.6 - Esquema do coletor PV/T com cobertura de policarbonato indicando os
mecanismos de transferência de calor, as isotermas, e as taxas. .............................................. 56
Figura 4.7 - Circuito térmico para o coletor PV/T com cobertura de policarbonato alveolar. . 56
Figura 4.8 –Dimensões da configuração chapa e tubo [Adaptado de Duffie Beckman, 2013].
.................................................................................................................................................. 58
Figura 4.9 – Balanço de energia na aleta [Adaptado de Duffie e Beckman, 2013]. ................ 59
Figura 4.10 – Distribuição da temperatura da placa absorvedora do coletor PV/T construído na
direção do eixo x. ...................................................................................................................... 60
Figura 4.11 – Balanço de energia no fluido. [Adaptado de Duffie e Beckman, 2013]. ........... 61
Figura 5.1 - Posição dos sensores fixados na parte posterior do módulo fotovoltaico. ........... 66
Figura 5.2 - Fixação da chapa de cobre nas aletas. .................................................................. 67
Figura 5.3 - Cobertura de policarbonato alveolar fixado acima do módulo fotovoltaico. ....... 67
Figura 5.4 – Sensores PT100 fixados na parte inferior do coletor térmico fotovoltaico. ......... 68
Figura 5.5 – Dimensões dos dois módulos fotovoltaicos usados. ............................................ 68
Figura 5.6 - Bancada experimental montada: (a) vista frontal e (b) vista traseira. .................. 69
Figura 5.7 - Imagem dos equipamentos utilizados na tubulação do fluxo de água
[Ancines,2016]. ........................................................................................................................ 70
Figura 5.8 - Ilustração do sistema montado e seus componentes. ............................................ 71
ix
Figura 5.9 - Microinversor (a) e o “Shunt” (b) utilizados. ....................................................... 72
Figura 6.1 - Curva I-V dos coletores PV/T sem cobertura (SC) e com cobertura (CC)........... 73
Figura 6.2 - Curva P-V dos coletores PV/T sem cobertura (SC) e com cobertura (CC). ......... 73
Figura 6.3 - Potência elétrica dos coletores PV/T sem cobertura (SC) e com cobertura (CC) e
irradiância (GT) medidas em cada ponto em função do tempo. ............................................... 75
Figura 6.4 - Evolução da corrente e da tensão do coletor PV/T sem cobertura ao longo do dia
09/03/2020. ............................................................................................................................... 75
Figura 6.5 - Temperaturas da água nas seções de entrada e saída do coletor PV/T sem cobertura
durante o ensaio para determinar a constante de tempo. .......................................................... 76
Figura 6.6 - Temperaturas da água nas seções de entrada e saída do coletor PV/T com cobertura
durante o ensaio para determinar a constante de tempo. .......................................................... 77
Figura 6.7 – (a) Curvas de eficiência térmica e (b) curvas de eficiência total dos coletores PV/T
sem e com cobertura. ................................................................................................................ 78
Figura 6.8 – Temperaturas de entrada e saída dos coletores PV/T sem cobertura (SC) e com
cobertura (CC) e irradiação (Gt) medidas em cada ponto em função do tempo. ...................... 79
Figura 6.9 – (a) Curvas de eficiência térmica e (b) curvas de eficiência total dos coletores PV/T
sem e com cobertura após a fixação da placa de cobre no módulo fotovoltaico. ..................... 80
Figura 6.10 – Comparação das curvas de eficiência térmica dos coletores PV/T com camada de
ar e adesivo, ambos sem cobertura de policarbonato alveolar. ................................................ 81
Figura 6.11 – Comparação das curvas de eficiência térmica dos coletores PV/Ts com camada
de ar e adesivo, ambos com cobertura de policarbonato alveolar. ........................................... 81
Figura 6.12 – Temperaturas de entrada e saída dos coletores PV/T sem cobertura (SC) e com
cobertura (CC) e irradiação (Gt) medidas em cada ponto em função do tempo. ...................... 81
Figura 6.13 – Curvas de eficiência térmica do coletor PV/T sem cobertura obtidas experimental
e analiticamente. ....................................................................................................................... 84
Figura 6.14 – Curvas de eficiência térmica do coletor PV/T com cobertura obtidas experimental
e analiticamente. ....................................................................................................................... 84
Figura 6.15 – Comparação entre os pontos de eficiência térmica obtidos experimental e
analiticamente para: (a) o coletor PV/T sem cobertura e (b) o coletor PV/T com cobertura. .. 85
Figura 6.16 – Correlações lineares das diferenças das temperaturas dos módulos FV sobre a
temperatura ambiente. .............................................................................................................. 86
Figura 6.17 – Correlações lineares da temperatura do módulo FV medidas e estimadas. ....... 87
x
Figura 6.18 – Energia produzida por hora do coletor PV/T, com e sem cobertura, e do módulo
fotovoltaico para o 25° dia do mês de janeiro de 2015. ........................................................... 88
Figura 6.19 – Energia elétrica produzida por hora do coletor PV/T, com e sem cobertura, e do
módulo fotovoltaico para o 5° dia do mês de julho de 2015. ................................................... 88
Figura 6.20 – Valores da energia elétrica produzida por mês dos coletores PV/T, com e sem
cobertura, e do módulo fotovoltaico para o ano de 2016, orientação norte e inclinação de 45°.
.................................................................................................................................................. 90
Figura 6.21 – Valores da energia térmica produzida por mês dos coletores PV/T para o ano de
2016, orientação norte e inclinação de 45°. .............................................................................. 90

xi
LISTA DE TABELAS

Tabela 2.1 - Relações das propriedades ópticas de uma superfície transparente. .................... 17
Tabela 2.2 - Desvios permitidos, segundo a norma, para os parâmetros medidos durante o
período de medidas. .................................................................................................................. 22
Tabela 3.1 - Propriedades desejadas para materiais de vidro poliméricos. .............................. 46
Tabela 3.2 - Transmitância do policarbonato alveolar de 6 e 10 mm de espessura para um ângulo
de incidência de 39° e orientação das aletas horizontal e vertical [Toro et al.,2015]. ............. 49
Tabela 5.1 - Valores nominais das especificações elétricas dos módulos utilizados. .............. 66
Tabela 5.2 - Valores das especificações dos microinversores utilizados [Serrana Solar]. ....... 72
Tabela 5.3 - Variáveis medidas durante o período de testes. ................................................... 72
Tabela 6.1 – Valores medidos das características elétricas dos módulos utilizados após teste no
simulador. ................................................................................................................................. 74
Tabela 6.2 – Valores de incertezas de cada grandeza medida. ................................................. 76
Tabela 6.3 - Pontos de eficiência térmica medidos dos coletores PV/T. ................................. 78
Tabela 6.4 - Pontos de eficiência térmica medidos dos coletores PV/T. ................................. 79
Tabela 6.5 – Valores de incertezas de cada grandeza medida. ................................................. 82
Tabela 6.6 – Parâmetros utilizados para os cálculos analíticos. ............................................... 83
Tabela 6.7 – Parâmetros obtidos a partir da metodologia proposta.......................................... 83
Tabela 6.8 – Diretrizes propostas por Laerd Statistics, 2020. .................................................. 85
Tabela 6.9 – Energia total produzida ao longo do ano de 2016. .............................................. 89

xii
LISTA DE SIGLAS E ABREVIATURAS

EPE Empresa de Pesquisas Energéticas


IEA International Energy Agency
LABSOL Laboratório de Energia Solar da UFRGS
MPP Ponto de Máxima Potência
NOCT Nominal Operating Cell Temperature
OPEC Organization of Petroleum Exporting Countries
PV/T Photovoltaic Thermal Hybrid Solar Collector
UFRGS Universidade Federal do Rio Grande do Sul

xiii
LISTA DE SÍMBOLOS

A Área, m²
Cb Condutância entre o módulo FV e a placa de cobre, W/°C
Cp Calor específico do fluido, J/kg°C
D Diâmetro, m
dT/dx Gradiente de temperatura, °C/s
E Poder emissivo do corpo negro, W/m²
e Espessura do material, m
Er Poder emissivo de uma superfície real, W/m²
F' Fator de eficiência
FF Fato de forma
FR Fator de remoção de calor
𝐹̃𝑅 Fator de remoção de calor de um coletor PV/T
G Irradiância solar plano do coletor, W/m²
h Coeficiente de transferência de calor, W/m²°C
I Corrente, A
ISC Corrente de curto circuito, A
K Coeficiente de extinção
k Condutividade térmica do material, W/m°C
kt Coeficiente térmico para o módulo fotovoltaico, °C/Wm-2
L Comprimento, m
𝑚̇ Taxa mássica do fluido, kg/s
n Número de cada reflexão
n1 Índice de refração do meio 1
n2 Índice de refração do meio 2
nr Razão do índice de refração
Nu Número de Nusselt
P Potência, W
Pr Número de Prandtl
q Fluxo de calor, W/m²
Q Taxa de transferência de calor, W
𝑄̃ Produção de calor útil de um coletor PV/T, W
R Resistência térmica, °C/W
r Média da reflexão não polarizada perpendicular e paralela
r┴ Reflexão de radiação não polarizada perpendicular

xiv
r║ Reflexão de radiação não polarizada paralela
Ra Número de Rayleigh
Rar Resistência do ar entre a camada do módulo FV e da placa de cobre, m²°C/W
Resistência térmica da camada do policarbonato e do ar que integra a parte superior do
Rar+pol
coletor PV/Tcc, m²°C/W
Rsil Resistência do adesivo entre a camada do módulo FV e da placa de cobre, m²°C/W
S Irradiância solar absorvida pelo coletor, W/m²
𝑆̃ Irradiância solar absorvida pelo coletor PV/T, W/m²
T Temperatura, °C ou K
T∞ Temperatura do fluido suficientemente longe da superfície, °C ou K
UL Coeficiente global de transferência de calor do coletor, W/m²°C
̃𝐿
𝑈 Coeficiente global de transferência de calor do coletor PV/T, W/m²°C
Ur Incerteza propagada da grandeza
u Incerteza das grandezas determinadas diretamente.
vw Velocidade do vento, m/s
V Tensão, V
Vv Vazão volumétrica, L/min
W Distância entre os tubos, m
WA Incerteza de ajuste da curva de calibração
WD Incerteza do instrumento de medida
WG Incerteza na medida da grandeza
WS Incerteza do instrumento de aquisição de dados

Caracteres Gregos
α Absortância
θ1 Ângulo de incidência, °
θ2 Ângulo de refração, °
βref Coeficiente de variação da eficiência fotovoltaica com a temperatura, 1/°C
βv Coeficiente de expansão volumétrica, 1/°C
γ Coeficiente de radiação solar
σ Constante de Stefan-Bolztmann, 5,67 x 10-8 W/m²K4
ρd Corresponde a refletância
αt Difusidade térmica, m²/s
η Eficiência
τα Produto de transmitância-absorvitividade
ρ Refletância
τ Transmitância
τa Transmitância que indica as perdas por absorção de cobertura transparente

xv
τc Transmitância da cobertura
τr Transmitância que indica as perdas por reflexão de cobertura transparente
ν Viscosidade cinemática, m²/s
ΔT Diferença de temperatura entre as planas, °C ou K

Subíndices

a ambiente MP máxima potência


b parte posterior do coletor PV/T OC circuito aberto
c coletor p placa absorvedora
CC com cobertura pol policarbonato alveolar
cel célula PV/T coletor híbrido térmico fotovoltaico
céu céu rad radiação
cond condução ref Referência
conv convecção s saída
e entrada SC sem cobertura
ele elétrico sup superfície
ext externo t total
fundos fundos coletor PV/T th térmico
FV módulo fotovoltaico topo topo do coletor PV/T
int interno u útil
iso isolante v vidro
lat lateral viz Vizinhança
m média w vento

xvi
1

1 INTRODUÇÃO

A utilização de fontes renováveis de energia vem sendo de grande importância para o


desenvolvimento das atividades humanas com menos impacto do que a utilização de fontes de
energia fóssil. Energias renováveis são aquelas cujas fontes são inesgotáveis ou que podem ser
repostas a curto ou médio prazo, espontaneamente, ou por intervenção humana. Estas fontes
são derivadas diretamente do Sol (como térmicas, fotoquímicas e fotoelétricas), indiretamente
do Sol (como vento, energia hidrelétrica e energia fotossintética armazenada em biomassa) ou
de outros movimentos e mecanismos naturais do ambiente (como energia geotérmica e maré).
A energia renovável não inclui recursos energéticos derivados de combustíveis fósseis, resíduos
de fontes fósseis ou resíduos de fontes inorgânicas. Tecnologias de conversão de energias
renováveis transformam essas fontes naturais de energia em formas utilizáveis de energia -
eletricidade, calor e/ou combustíveis. A maioria dos recursos energéticos são convencionais e
não-renováveis e estão ligados a consequências ambientais adversas, como aquecimento global,
emissão de efeito estufa e mudanças climáticas sendo que as fontes renováveis tem potencial
para suprir todas as demandas, como mostra a Figura 1.1 [Ellaban et al., 2014].

Figura 1.1- Recursos energéticos no mundo [Adaptado de Ellabban et al., 2014].

Apesar das limitações em relação a situações climáticas de algumas regiões, a energia


solar é uma fonte de energia renovável que pode ser considerada inesgotável à escala humana.
O uso dessa fonte para produzir energia elétrica e aquecimento de fluidos propicia diversos
benefícios ambientais e econômicos.
2

Os biocombustíveis sólidos/carvão vegetal são, de longe, a maior fonte de energia


renovável em países em desenvolvimento. A segunda maior fonte é a hídrica. Os
biocombustíveis líquidos, eólicos, geotérmicos, solares, biogás, resíduos urbanos renováveis e
marés compõem o restante das reservas de energia renovável. Apesar do maior uso de
biocombustíveis e hídrica, as outras fontes de energias renováveis apresentaram um
crescimento médio anual de 3,2%, no período de 2000 a 2018, maior do que entre 1990 a 2000,
que foi de 1,7%. Taxas de crescimento mais altas foram observadas nas fontes modernas, como
energia solar fotovoltaica, eólica, biocombustíveis líquidos, biogás e energia solar térmica,
como mostra a Figura 1.2. Em 2018, a Europa teve um aumento do uso de energias renováveis
de 15,2%, 9,1% nas Américas e 5,5% na Ásia/Oceania [IEA, 2019].

50%

40.1%
40%

30%

19.9%
20%
16.7%

10% 8.7% 8.0%

3.2%
1.6% 1.3%
0.1% 0.4%
0%
TPES Renováveis Solar FV Eólica Biocomb. Biogás Solar Térmica Biocomb. Geotérmica Hidro
Líquido sólidos/carvão

Figura 1.2 - Aumento médio percentual no crescimento da oferta mundial de energias


renováveis [Adaptado de IEA, 2019].

As tecnologias utilizando a energia solar são um recurso renovável extremamente


promissor, considerando suas crescentes eficiências de produção e a capacidade de serem
utilizadas em diversos locais. As qualidades intrínsecas da energia solar tornam sua utilização
benéfica, especialmente para os países em desenvolvimento, pelas seguintes razões:
1) A maioria dos países em desenvolvimento está localizada em regiões com altos índices
de irradiação solar em média anual;
2) A maioria dos recursos disponíveis de combustíveis fósseis e energia só pode ser usada
com a exploração do ecossistema, podendo causar impactos ambientais, além de causar
3

problemas de saúde pública;


3) O desejo pela independência global dos combustíveis fósseis acelera a necessidade de
tecnologia solar, aumenta o aprimoramento da pesquisa necessária e, portanto, reduz os custos
relacionados;
4) Os sistemas solares são relativamente acessíveis e aplicáveis, tanto a residências quanto
a vilarejos, já que as famílias dos países industrializados estão usando mais energia solar do que
nunca. Dentro dessas tecnologias, os projetos solares passivos são excelentes quando se
considera energia renovável para edifícios. Além disso, esses projetos podem ser acoplados a
painéis solares para alcançar o máximo conforto e sustentabilidade.
O Brasil está situado quase que totalmente na região limitada pelos trópicos de Câncer
e de Capricórnio, favorecendo elevados índices de incidência da radiação solar em quase todo
o território nacional, inclusive durante o inverno. Essas vantagens conferem ao país condições
vantajosas para o aproveitamento energético do recurso solar [Tolmasquim, 2016]. Conforme
a Empresa de Pesquisa Energética [EPE, 2022], o país dispõe de uma matriz elétrica de origem
predominantemente renovável, com destaque para a fonte hídrica que responde por 53,4% da
oferta interna. As fontes renováveis representam 78,1% da oferta interna de eletricidade no
Brasil, que é a resultante da soma dos montantes referentes à produção nacional mais as
importações, que são essencialmente de origem renovável. A Figura 1.3 apresenta a estrutura
da oferta interna de eletricidade no Brasil em 2021. Do lado do consumo final, houve um
aumento de 5,7%, atingindo um total de 570,8 TWh, com destaque para os setores industrial e
residencial, que participaram com 37% e 26% respectivamente.

Figura 1.3 - Oferta Interna de Energia Elétrica por Fonte [EPE, 2022].
4

Existem diversos tipos de tecnologias baseadas na energia solar, como coletores de placa
plana, coletores de tubo a vácuo, módulos fotovoltaicos, entre outros. Estudos para o melhor
desenvolvimento dessas tecnologias seguem progredindo para obter uma maior eficiência. Uma
das restrições técnicas para a utilização de projetos de aproveitamento de energia solar é a baixa
eficiência dos sistemas de conversão de energia elétrica, necessitando do uso de grandes áreas
para a captação em quantidade suficiente para que o empreendimento se torne economicamente
viável [De Vries, 1998].
O coletor híbrido térmico-fotovoltaico (PV/T), por se tratar de uma tecnologia que
converte a energia solar, tanto para produzir energia térmica como elétrica, simultaneamente,
foi pensado a partir dessas restrições. Esse tipo de tecnologia teve suas primeiras pesquisas em
meados da década de 70. Esses coletores híbridos fornecem uma quantidade maior de energia
por metro quadrado comparado a um sistema de aquecimento térmico e um sistema
fotovoltaico, separadamente. Seu sistema é basicamente formado pela adição de uma placa
absorvedora a um módulo fotovoltaico convencional. Sua instalação é particularmente útil em
situações em que a área de telhado é reduzida e, do ponto de vista estético, o coletor híbrido
proporciona uma solução mais harmoniosa, em contraste com a combinação de um coletor
térmico e um módulo fotovoltaico. Outro fator importante e vantajoso no uso desses coletores
PV/T é que, obtendo uma redução da sua temperatura, consequentemente, haverá o aumento da
eficiência de conversão elétrica, preservando a integridade física das suas células fotovoltaicas
[Koech et al., 2012]. Contudo, a eficiência térmica dos coletores PV/T ainda é inferior quando
comparada à eficiência de um coletor térmico convencional. Essa inferioridade pode estar
relacionada com alguns desses fatores [Sandnes e Rekstad, 2002]:
- a baixa absortância das células fotovoltaicas, se comparada à absortância da superfície
absorvedora de um coletor de placa plana convencional;
- ao aumento da resistência à transferência de calor introduzido na interface das células
fotovoltaicas e,
- na redução da energia solar disponível para o sistema térmico pela fração de energia
incidente convertida em eletricidade pelas células.
Sendo assim, por ser um sistema que ainda demanda melhorias para tornar-se mais
vantajoso do que os sistemas individuais, é importante aprofundar seu estudo relacionando as
direções de incidência dos raios solares, as condições geométricas da instalação e as condições
climáticas locais.
O interesse global nos sistemas PV/T tem crescido constantemente nos últimos anos,
levando muitos fornecedores especializados de tecnologia PV/T a entrar no mercado europeu.
5

Com base nos dados dos 38 fabricantes de PV/T, o mercado de coletores PV/T teve um
crescimento constante de 9% em média entre 2017 e 2020. Em 2021, o mercado global cresceu
cerca de 13%. Esta tendência positiva também foi observada no mercado europeu com uma
taxa de crescimento ainda maior de 21%, o que corresponde a um aumento da nova capacidade
instalada anual de 79,8 MWth e 27,6 MWpico, como mostra a Figura 1.4.

Figura 1.4– Desenvolvimento do mercado global de coletores PV/T de 2017 a 2021 [AEE
INTEC, 2022]

1.1 Justificativa

Ancines, 2016, foi realizada uma comparação entre um coletor PV/T comercial com um
módulo fotovoltaico e com um coletor solar de placa plana, ambos convencionais. Este autor
verificou que o coletor PV/T teve uma eficiência térmica três vezes menor que o de placa plana.
Isto evidenciou que o PV/T estudado tinha perdas térmicas significativas. Outro possível
motivo para que o desempenho térmico fosse menor, foi a presença de uma camada de ar entre
o trocador de calor usado para circulação de água e a superfície posterior do módulo
fotovoltaico. Além desses possíveis fatores, a configuração desse trocador era tipo serpentina e
feito de polímero (não especificado pelo fabricante). A condutividade térmica dos polímeros é
bem baixa, quando comparada à condutividade dos materiais metálicos, e de alguns materiais
cerâmicos. Em relação à eficiência elétrica observou-se um aumento de, aproximadamente, 5%.
Os coletores solares térmicos têm uma longa história e estão em produção comercial
desde o século XIX, enquanto o início da produção comercial da célula fotovoltaica data da
6

década de 1950. Durante a década de 1960, as células solares ainda eram muito caras e a
pesquisa e o desenvolvimento se concentravam na indústria espacial. No entanto, após o
embargo da Organização dos Países Exportadores de Petróleo (OPEP) em 1973/1974, que
resultou em um aumento maciço no preço do petróleo, a pesquisa em energia renovável foi
fortemente estimulada por muitos governos. Isso estimulou a pesquisa sobre a aplicação de
técnicas que antes eram consideradas pouco econômicas [Zondag, 2008].
À medida que crescem as pesquisas sobre a tecnologia dos módulos fotovoltaicos, os
preços de mercado vão reduzindo, tendo reduzido em torno de 5 vezes, nos últimos 7 ou 8 anos.
O panorama internacional da geração fotovoltaica também sofreu uma mudança nesse tempo,
com aumentos consideráveis na capacidade de produção e o deslocamento dos centros de
fabricação de módulos fotovoltaicos dos países europeus e dos Estados Unidos para a Ásia,
principalmente na China [Da Silva, 2015]. Os custos de fabricação e instalação de sistemas com
coletores PV/T não são muito documentados. Porém, com a baixa dos preços dos módulos
fotovoltaicos convencionais, pode se esperar que os custos desses coletores híbridos também
diminuam, tornando-se mais atrativos.
Em um passado recente, era correto priorizar a produção de eletricidade em um coletor
PV/T. Era muito natural escolher coletores sem cobertura, garantindo sempre, em primeiro
lugar, a produção de eletricidade. O aquecimento de água era, então, apenas um subproduto do
coletor híbrido. Esta escolha limitava a utilização dos coletores híbridos a regiões em que a
temperatura ambiente é sempre amena. Lugares onde a temperatura é baixa no inverno
resultavam em poucas vantagens na utilização deste tipo de coletores [Ancines, 2016]. Com a
queda dos preços dos módulos fotovoltaicos referida anteriormente, esta priorização na
produção de eletricidade perde sentido. A relação entre eficiência de conversão térmica e
eficiência de conversão fotovoltaica pode ser melhor distribuída, de forma a estender o uso de
tais coletores para lugares onde a temperatura ambiente é baixa no inverno.

1.2 Objetivo Geral

Com base na nova relação de custos dos equipamentos de conversão, o objetivo geral
desta Tese é desenvolver e analisar um protótipo de coletor híbrido PV/T, priorizando a
conversão térmica sobre a conversão fotovoltaica, de forma a estender o uso desses coletores
para regiões de clima mais frio.
A análise referida inclui a comparação dos comportamentos térmico e elétrico de
coletores com e sem cobertura de policarbonato alveolar, de forma experimental e o
desenvolvimento de um procedimento analítico que permita avaliar a conversão térmica e
7

elétrica em função das condições ambientais.

1.3 Objetivos Específicos

1. Desenvolver dois protótipos de coletores híbridos térmico-fotovoltaicos.


2. Ensaiar os protótipos com condições controladas para obter suas características
térmicas e elétricas.
3. Desenvolver um modelo teórico que explique a operação dos coletores híbridos
térmico-fotovoltaicos em regime permanente.
4. Propor um procedimento para avaliar a produção elétrica e de aquecimento de água ao
longo do tempo, a partir de séries de dados meteorológicos em base horária.
8

2 TRANSFERENCIA DE CALOR E TECNOLOGIAS DE CONVERSÃO


SOLAR

O Sol é uma fonte de radiação que pode ser aproximada por um corpo negro cuja
temperatura da superfície é da ordem de 5800 K. Sua energia deve-se à fusão de átomos de
hidrogênio em hélio (ciclo próton-próton), a qual libera uma grande quantidade de energia.
Assim, o Sol pode ser entendido como um reator de fusão nuclear. Nas regiões mais quentes,
próximas ao núcleo, observa-se a fusão de átomos de hélio em átomos de carbono (ciclo do
carbono). O espectro da radiação solar encontra-se, predominantemente, entre 0,2 μm (UV
próximo) e 3,0 μm (IV próximo). Esse intervalo está inserido na radiação térmica e inclui, além
do UV e do IV, a região do visível. O comprimento de onda associado à maior magnitude do
poder emissivo espectral do Sol é de 0,5 μm, correspondendo ao verde (no visível). A
distribuição espectral pode ser vista na Figura 2.1. É constituída pela luz visível (46%) e
ultravioleta (6%), sendo esta última responsável pela deterioração de materiais orgânicos.

Figura 2.1 - Espectro normalizado do Sol em função da máxima magnitude do poder


emissivo espectral. [Adaptado de Nova Escola, 2020].

A irradiação solar na superfície terrestre pode ser utilizada em uma ampla gama de
aplicações de engenharia, como geração de calor e de eletricidade. A radiação térmica é uma
forma de emissão e transmissão de energia que depende inteiramente da temperatura e
características da superfície emissora. A emissão das superfícies reais é caracterizada pela
emissividade (ε) do material que é a propriedade que define a razão entre a radiação emitida
9

pela superfície e a radiação emitida por um corpo negro à mesma temperatura. A radiação
emitida pelo corpo negro tem sua origem na energia térmica da matéria delimitada pela sua
superfície e a taxa na qual a energia é liberada por unidade de área (W/m²) conhecido como
poder emissivo total, E. Há um limite superior para o poder emissivo, determinado pela Lei de
Stefan-Boltzmann [Incropera et al., 2008].

4
𝐸 = 𝜎𝑇𝑎𝑏𝑠 (2.1)

no qual Tab é a temperatura absoluta da superfície e σ é a constante de Stefan-Boltzmann, com


valor de 5,67 x 10-8 W/(m²K4). O fluxo térmico que é emitido por uma superfície real é menor
do que o emitido por um corpo negro na mesma temperatura e é dado por

4
𝐸𝑟 = 𝜀𝜎𝑇𝑠𝑢𝑝 (2.2)

Quando um feixe de radiação térmica incide sobre um meio semitransparente, parcelas


dessa radiação podem ser refletidas e transmitidas. A Figura 2.2 ilustra o comportamento da
radiação que incide em um meio semitransparente. A reflexão é o processo pelo qual a radiação
que incide sobre o meio é redirecionada para fora da superfície, sem efeito no mesmo. A
absorção ocorre quando a radiação interage com o meio, isso acarreta no aumento da energia
térmica interna do meio. A transmissão se refere à radiação atravessando o meio. Essas
propriedades radiantes, associadas a esses fenômenos, são definidos como refletância (ρ), a
absortância (α) e a transmitância (τ), respectivamente. As três podem ser relacionadas de acordo
com a aplicação do balanço de energia na superfície. Como toda radiação tem que ser refletida,
absorvida ou transmitida tem-se a relação [Kalogirou, 2009; Incropera et al, 2008].

𝛼+𝜌+𝜏 =1 (2.3)

Essas propriedades de radiação não são apensas funções da própria superfície, mas
também são funções da direção e do comprimento de onda da radiação incidente. Por esse
motivo, a Equação 2.3 é válida apenas para as propriedades médias ao longo de todo espectro
de comprimento de onda da fonte da radiação incidente. Para expressar a dependência dessas
propriedades com respeito do comprimento de onda tem-se

𝛼𝜆 + 𝜌𝜆 + 𝜏𝜆 = 1 (2.4)
10

na qual 𝛼𝜆 é a absortância espectral, 𝜌𝜆 é a refletância espectral e 𝜏𝜆 é a transmitância espectral.


Os corpos sólidos são opacos. Em corpos opacos não há transmitância, ou seja, τ = 0. Se
um corpo absorve toda a radiação que incide sobre ele, de tal modo que τ = 0, ρ = 0 e α = 1,
independente do caráter espectral ou da direção, este corpo é chamado de corpo negro.
A absortância é definida como a fração de energia incidente na superfície de um corpo
absorvida por ele. Essa fração é dada pela relação da energia absorvida pelo corpo pela energia
incidente no mesmo corpo. Seu valor para um corpo negro é de 1 para todos os comprimentos
de onda. A refletância é a razão da relação da energia refletida pelo corpo sobre a energia
incidente no corpo. Para um corpo negro ela equivale a zero para todos os comprimentos de
onda. De acordo com a maneira que a superfície reflete a energia que a incide, ela pode ser
classificada como difusa ou especular. Apesar de nenhuma superfície ser perfeitamente difusa
ou especular, para uma simplificação pode-se aproximar a condição difusa para superfícies
rugosas e, superfícies polidas para condição especular. A transmitância para materiais
semitransparentes é definida pela razão da energia que transpõe o corpo sobre a energia que
incide sobre ele [Krenzinger et al., 2010].

Figura 2.2 – Fenômenos de reflexão, absorção e transmissão para a energia incidente,


independentes do comprimento de onda, da direção e do ângulo [Adaptado de Incropera et
al, 2008].

2.1 Transferência de Calor

Coletores de energia solar são projetados, principalmente, com base na análise de


transferência de calor. O calor pode ser transferido de três modos: condução, convecção e
radiação. Todos esses modos citados requerem uma diferença de temperatura, com seu fluxo
11

da maior para menor temperatura. Para a condução térmica, a taxa de transferência de calor é
obtida pela Lei de Fourier (lei física fenomenológica) [Çengel e Ghajar, 2012].

𝑑𝑇
𝑄𝑐𝑜𝑛𝑑 = −𝑘𝐴𝑠𝑢𝑝 (2.5)
𝑑𝑥

na qual Qcond é a taxa de condução de calor, k é a condutividade térmica do material, medida da


capacidade do material de conduzir calor, As é a área da superfície do material transversal (ou
𝑑𝑇
normal) à direção da taxa de transferência de calor e é o gradiente de temperatura, isto é,
𝑑𝑥

representa a taxa de variação da temperatura, com a espessura do material.


A convecção é o mecanismo de transferência de calor entre uma superfície sólida e um
fluido adjacente em movimento. Esse mecanismo envolve efeitos combinados de condução e
de advecção. Existem dois tipos de transferência de calor por convecção, a natural e a forçada,
dependendo do tipo de força motriz (empuxo e força inercial, respectivamente). Usualmente, a
convecção natural é calculada por correlações entre parâmetros adimensionais, como o número
de Nusselt (Nu), número de Rayleigh (Ra), o número de Prandtl (Pr) e o número de Grashof
(GrL). Esses parâmetros são, respectivamente,

ℎ𝑐𝑜𝑛𝑣 𝐿𝑝 (2.6)
𝑁𝑢 = ⁄
𝑘

𝑔𝛽𝑣 ∆𝑇𝐿3𝑝 (2.7)


𝑅𝑎 = ⁄𝜈𝛼
𝑡

𝑃𝑟 = 𝜈⁄𝛼𝑡 (2.8)

𝑔𝛽𝑣 (𝑇𝑠𝑢𝑝 − 𝑇∞ )𝐿3𝑝⁄ (2.9)


𝐺𝑟𝐿 = 𝜈2

na qual hconv é o coeficiente de transferência de calor por convecção, Lp é o espaçamento entre


placas, g é a aceleração da gravidade, βv é o coeficiente de expansão volumétrica, ΔT é a
diferença de temperatura entre as placas planas paralelas, ν é a viscosidade cinemática, αt é a
difusividade térmica, Tsup é temperatura da superfície, e T∞ é a temperatura suficientemente
longe da superfície.
Independente da natureza específica do processo de transferência de calor por convecção
é expressa a Lei do Resfriamento de Newton, lei física que possibilita a obtenção dos valores
de taxas e fluxos de calor por convecção,
12

𝑄𝑐𝑜𝑛𝑣 = ℎ𝑐𝑜𝑛𝑣 𝐴𝑠𝑢𝑝 (𝑇𝑠𝑢𝑝 − 𝑇∞ ) (2.10)

na qual Qconv é a taxa de convecção de calor.


A radiação térmica é a energia emitida pela matéria que se encontra a uma temperatura
diferente de zero absoluto. A energia radiante é transportada por ondas eletromagnéticas, não
necessitando de um meio material ou fluido para sua propagação. Em muitas aplicações é
conveniente expressar a troca líquida de calor por radiação de maneira análoga à Lei de Newton
do Resfriamento, isto é, associada a uma diferença linear de temperatura [Incropera et al.,
2008].

𝑄𝑟𝑎𝑑 = ℎ𝑟𝑎𝑑 𝐴𝑠𝑢𝑝 (𝑇𝑠𝑢𝑝 − 𝑇𝑣𝑖𝑧 ) (2.11)

na qual Qrad é a taxa líquida de transferência de calor por radiação, Tviz é a temperatura da
vizinhança, e ℎ𝑟𝑎𝑑 é o coeficiente de transferência de calor, definido como

2 2
ℎ𝑟𝑎𝑑 ≡ 𝜀𝜎(𝑇𝑐é𝑢 + 𝑇𝑣𝑖𝑧 )(𝑇𝑠𝑢𝑝 + 𝑇𝑣𝑖𝑧 ) (2.12)

na qual ε é a emissividade do material e σ é a constante de Stefan-Bolztmann. Desta forma, a


não linearidade da Lei de Steffan-Boltzman é transferida para este coeficiente, e a taxa é
expressa em termos de uma diferença linear, possibilitando a utilização da analogia do circuito
térmico equivalente.

2.2 Conceito de resistência térmica

Existe uma analogia entre a Lei de Fourier (condução do calor) e a Lei de Ohm (condução
de cargas elétricas). Considerando a Equação 2.5, pode-se dizer que a resistência térmica na
condução (Rcond) em uma parede plana é dada por [Incropera et al., 2008]

∆𝑇 𝐿𝑝
𝑅𝑐𝑜𝑛𝑑 ≡ = (2.13)
𝑄𝑐𝑜𝑛𝑑 𝑘𝐴𝑠𝑢𝑝

ou seja, a razão entre uma diferença de potencial, ΔT, e a taxa de transferência correspondente
a essa diferença, 𝑞̇ 𝑐𝑜𝑛𝑑 , define uma resistência. A mesma analogia pode ser feita para a
transferência de calor por convecção e radiação, representando a resistência térmica para a
convecção (Rconv) e a resistência térmica para a radiação (Rrad), respectivamente,
13

𝑇𝑠𝑢𝑝 − 𝑇∞ 1
𝑅𝑐𝑜𝑛𝑣 ≡ = (2.14)
𝑄𝑐𝑜𝑛𝑣 ℎ𝑐𝑜𝑛𝑣 𝐴𝑠𝑢𝑝

𝑇𝑠𝑢𝑝 − 𝑇𝑣𝑖𝑧 1
𝑅𝑟𝑎𝑑 ≡ = (2.15)
𝑄𝑟𝑎𝑑 ℎ𝑟𝑎𝑑 𝐴𝑠𝑢𝑝

A Figura 2.3 mostra o exemplo de um circuito térmico que representa as transferências


de calor que ocorre em um coletor térmico de placa plana convencional, o qual será mais
detalhado na Seção 4.1 desse trabalho.

Figura 2.3 - Circuito térmico para um coletor com apenas uma cobertura [Adaptado de
Kalogirou, 2009].

no qual hcv,v-a é o coeficiente de transferência de calor entre a cobertura de vidro e o ambiente


devido ao vento, hcv,p-v é o coeficiente de transferência de calor por convecção entre a placa
absorvedora e a cobertura de vidro, hrd,v-a é o coeficiente de transferência de calor por radiação
entre a cobertura de vidro e o ambiente devido ao vento, hrd,p-v é o coeficiente de transferência
de calor por radiação entre a placa absorvedora e a cobertura de vidro, hcv,t-a é o coeficiente de
perda de calor por convecção da parte inferior para o ambiente, hrd,t-a é o coeficiente de perda
de calor por radiação da parte inferior para o ambiente, Rv-a, Rp-v, Rp-t, Rt-a são as resistências
térmicas entre a camada de vidro e ambiente, entre a placa absorvedora e o vidro, entre a placa
absorvedora e a parte inferior do coletor e entre a parte inferior e o ambiente, respectivamente.
14

2.3 Propriedades ópticas de coberturas transparentes

A luz é uma onda transversal, e seu campo eletromagnético está oscilando


perpendicularmente a sua direção. A luz emitida por uma lâmpada incandescente ou oriunda do
Sol, está oscilando em todas as direções possíveis perpendiculares à direção da propagação do
feixe luminoso. Este tipo de luz é denominado luz não polarizada. É possível considerar só dois
componentes de vibração da radiação da luz solar, um que oscila no plano perpendicular à
superfície transparente e o outro vibrando no plano paralelo à mesma superfície [Duffie e
Beckman, 2013].
O feixe de radiação que incide sobre a superfície de uma placa transparente em um ângulo
de incidência θ1, parte dessa radiação é refletida e o restante refratado em um ângulo de refração
θ2. Esses dois ângulos não são iguais quando dos meios de propagação da radiação são
diferentes. A Equação 2.16 representa a relação do ângulo de incidência e do ângulo de refração
são associados pela Lei de Snell, Figura 2.4 [Kalogirou, 2009].

Figura 2.4 - Ângulo incidente e de refração da transmissão do feixe de radiação em dois


meios distintos [Adaptado de Kalogirou, 2009].

𝑛2 sen 𝜃1
𝑛𝑟 = = (2.16)
𝑛1 sen 𝜃2

na qual n1 e n2 são os índices de refração e nr é a razão do índice de refração para os dois meios
que formam a interface. Seus valores típicos para ar, vidro e água são de 1,0, 1,526 e 1,33,
respectivamente, considerando a banda do espectro solar.
Para superfícies lisas, Fresnel derivou expressões para a reflexão da radiação não
polarizada passando do meio 1, com um índice de refração n1, para o meio 2, com o índice de
refração n2, tanto para as componentes perpendiculares quanto para as paralelas. Essas
propriedades são avaliadas por meio do cálculo da média dessas duas componentes, isto é,
15

𝑠𝑒𝑛2 (𝜃2 − 𝜃1 )
𝑟⊥ = (2.17)
𝑠𝑒𝑛2 (𝜃2 + 𝜃1 )

𝑡𝑎𝑛2 (𝜃2 − 𝜃1 )
𝑟∥ = (2.18)
𝑡𝑎𝑛2 (𝜃2 + 𝜃1 )

1
𝑟 = (𝑟⊥ + 𝑟∥ ) (2.19)
2

nas quais 𝑟⊥ , 𝑟∥ e r são, respectivamente, a componente perpendicular, paralela e a média das


duas primeiras para reflexão não polarizada. Observa-se que as Equações 2.17 e 2.18 não são
válidas para incidência normal (ambos os ângulos iguais a 0) e a Equação 2.19 pode ser
combinada à Equação 2.16, dando origem a

𝑛1 − 𝑛2 2
𝑟(0) = ( ) (2.20)
𝑛1 + 𝑛2

A transmitância que indica apenas as perdas por reflexão de uma cobertura transparente
(τr) pode ser calculada a partir da transmitância média entre as duas componentes,

1 1 − 𝑟∥ 1 − 𝑟⊥
𝜏𝑟 = ( + ) (2.21)
2 1 + 𝑟∥ 1 + 𝑟⊥

Já a transmitância que considera apenas a perda por absorção (τa) é calculada por

𝐾𝑒𝑡
𝜏𝑎 = 𝑒
(−
𝑐𝑜𝑠𝜃2
) (2.22)

na qual K é o coeficiente de extinção, et é a espessura do material transparente, onde a razão


𝑒𝑡
⁄𝑐𝑜𝑠𝜃 é o caminho ótico que a luz percorre ao atravessar o material.
2

Com isso, a transmitância total do material transparente pode ser calculada pelo produto
das duas transmitâncias citadas, ou seja, por 𝜏 = 𝜏𝑟 𝜏𝑎 .

2.4 Produto transmitância – absortância

O produto de transmitância-absortância (τα) deve ser entendido como uma propriedade


radiante de uma combinação cobertura e absorvedor. Para um coletor solar, a fração da radiação
16

incidente, que é realmente absorvida, depende da quantidade de radiação que foi transmitida e
absorvida pela cobertura. Em um caso na qual há múltiplas reflexões entre o absorvedor com
absortância α e uma cobertura com transmitância τ, o produto (τα) pode ser calculado através
de

∞ 𝜏𝛼
(𝜏𝛼) = 𝜏𝛼 ∑ [(1 − 𝛼)𝜌𝑑 ]𝑛 = (2.23)
𝑛=0 1 − (1 − 𝛼)𝜌𝑑

na qual n é o número de cada reflexão, variando de 0 a ∞, e ρd corresponde a refletância (pelo


vidro) da radiação refletida de forma difusa pelo absorvedor. A absortância α da placa
absorvedora para a radiação refletida deve ser a absorção para radiação difusa. Essa situação é
ilustrada na Figura 2.5 [Duffie e Beckman, 2013].

Figura 2.5 - Absorção da radiação por um coletor com cobertura de vidro. [Adaptado de
Duffie e Beckman, 2013]

Quando a energia que atravessa o vidro da cobertura de um coletor híbrido, o produto


(τα) é absorvido pela placa absorvedora e o produto (1-α)τ é refletido de volta para a cobertura.
A radiação refletida é considerada como difusa e não polarizada, que do mesmo modo é
refletida de novo, para a placa com o valor de (1-α)τρd. O subscrito “d” faz referência à
refletância do sistema de cobertura, da radiação incidente difusa, proveniente da parte inferior.
A múltipla reflexão da radiação difusa continua, de modo que a última fração de energia
incidente é absorvida pela placa. A Tabela 2.1 mostra um resumo das expressões matemáticas
usadas no cálculo das propriedades ópticas do vidro.

2.5 Tecnologia solar térmica e fotovoltaica

2.5.1 Eficiência térmica de coletores solares de placa plana


17

O coletor de energia solar térmica é um dispositivo que captura a radiação solar incidente
e transfere o calor para um fluido de trabalho, como água ou uma mistura. A energia
transportada pelo fluido de trabalho é então transferida para um tanque de armazenamento de
energia usando um trocador de calor. O desempenho dos sistemas de energia térmica solar é
medido em termos da fração solar, que é definida como a fração da carga total de calor que é
suprida pelos coletores solares. A fração solar depende de muitos fatores, como tipo e tamanho
do coletor, carga de aquecimento, tamanho do tanque de armazenamento e radiação solar
disponível [Karki et al., 2019].

Tabela 2.1 - Relações das propriedades ópticas de uma superfície transparente.

Superfície Propriedade Definição


Transmitância 𝜏 ≅ 𝜏𝑎 𝜏𝑟
Absortância 𝛼𝑣𝑖𝑑𝑟𝑜 ≅ 1 − 𝜏𝑎

Vidro Refletância 𝜌𝑑 ≅ 𝜏𝑎 − 𝜏
Transmitância- 𝜏𝛼
absortância (𝜏𝛼) =
1 − (1 − 𝛼)𝜌𝑑
efetiva

Os coletores de placa plana podem ser projetados para aplicações que requerem
fornecimento de energia a temperaturas moderadas, até cerca de 100 °C acima da temperatura
ambiente. Eles usam a radiação solar direta e difusa, não necessitando de rastreamento do sol e
requerem pouca manutenção. Sua estrutura é apresentada, esquematicamente, na Figura 2.6. As
principais aplicações dessas unidades são para aquecimento de água, aquecimento de
edificações, ar condicionado e aquecimento de processos industriais. A importância dos
coletores de placa plana nos processos térmicos é tal que seu desempenho térmico é tratado
com detalhes consideráveis. Isso é feito para desenvolver um entendimento de como o
componente funciona. Em muitos casos práticos de cálculos de projeto, as equações para o
desempenho do coletor são reduzidas a formas relativamente simples [Duffie e Beckman,
2013].
Os primeiros modelos para definir matematicamente o coletor solar de placa plana
garantindo simplicidade e precisão na aplicação foram originalmente desenvolvidos e
apresentados por Hottel e Woertz (1942), Whillier (1983), e Hotter e Whillier (1958), e
posteriormente ampliado em certos aspectos por Bliss (1959) [Florschuetz, 1978]. Este último
modelo citado levou em consideração o efeito estufa que ocorre dentro da cobertura. A
18

simplicidade da equação linear que descreve sua operação é utilizada até hoje. Este modelo
pressupõe que os processos de transferência de calor no coletor solar sejam constantes, sem
levar em consideração os fenômenos transientes. O desempenho do coletor solar pode ser
avaliado de duas maneiras diferentes: em um tempo específico, dependendo do clima e dos
valores das variáveis operacionais naquele momento determinado ou; a longo prazo ou por um
período de tempo, por exemplo, um ano com diferentes condições operacionais. O desempenho
instantâneo de um coletor solar sob condições específicas de climatologia e operação é
determinado a partir da energia absorvida e perdida nos testes realizados nos coletores solares,
onde o desempenho é medido em um intervalo de tempo apropriado [Diez et al., 2019].

Figura 2.6 - Esquema ilustrando a estrutura de um coletor solar do tipo placa plana
[ABRAVA, 2008].

Como citado anteriormente, as perdas de calor de qualquer sistema solar de aquecimento


de água ocorrem através dos três modos de transferência de calor: radiação, convecção e
condução. As perdas de calor por condução ocorrem nos lados e na parte inferior do coletor de
placa plana. As perdas de calor por convecção ocorrem da placa absorvedora para a cobertura
de vidro, e depois no arrefecimento do vidro pelo vento. As perdas por radiação ocorrem entre
a placa absorvedora e o vidro da cobertura, e depois do vidro para o céu. A Figura 2.7 mostra
os três modos de transferência de calor em um coletor de placa plana típico, de forma mais
detalhada. As perdas de calor pela cobertura transparente para o ar ambiente são devidas às
trocas radiativas e convectivas. Essas perdas são afetadas pela velocidade do vento, pelo tipo
da superfície da cobertura, pelas condições ambientes e pela radiação de ondas longas oriundas
do céu [Agbo e Okoroigwe, 2007].
A partir dessas perdas, em condições de regime permanente, o desempenho de um coletor
solar é descrito por um balanço de energia, representando a energia solar incidente convertida
em ganho de energia útil, perdas térmicas e perdas ópticas. A radiação solar absorvida por um
19

coletor, por unidade de área do absorvedor, é igual à diferença entre a radiação solar incidente
e as perdas ópticas. A energia térmica perdida do coletor para o ambiente por condução,
convecção e radiação infravermelha pode ser representada como o produto do coeficiente global
de transferência de calor e a diferença entre a temperatura média da placa absorvedora e a
temperatura ambiente. Em condições de regime permanente, a energia útil , Equação 2.24, é
dada pela diferença entre a radiação solar absorvida e a perda térmica,

𝑄𝑢 = 𝐴𝐶 [𝑆 − 𝑈𝐿 (𝑇𝑝𝑚 − 𝑇𝑎 )] (2.24)

na qual Qu é a taxa de variação da energia útil, AC é a área do coletor, S é irradiância solar


absorvida pelo coletor, UL é o coeficiente global de transferência de calor do coletor, Tpm é a
temperatura média do absorvedor, e Ta é a temperatura ambiente.
A radiação solar absorvida pelo coletor (S) é definida como o produto da irradiância solar
total incidente no plano do coletor e o produto da transmitância-absortância efetiva,

𝑆 = 𝐺𝑡 (𝜏𝛼)𝑒 (2.25)

na qual Gt é a irradiância solar total no plano do coletor, τ é a transmitância da cobertura, α é a


absortância do absorvedor. Uma vez que as propriedades de radiação da superfície raramente
são conhecidas dentro de 1%, o produto de transmitância-absorvância efetivo, que leva em
consideração eventual aumento de temperatura devido à absorção da radiação solar pelo vidro,
pode ser aproximado para coletores com vidro comum por (𝜏𝛼)𝑒 ≅ 1,01𝜏𝛼 [Duffie e Beckman,
2013].
Como a temperatura média da placa absorvedora é difícil de medir ou calcular, depende
dos aspectos construtivos do coletor, da radiação solar incidente e das condições de entrada, um
fator é definido. Denominado como fator de remoção de calor (FR), matematicamente, como a
razão entre a energia útil real extraída pelo coletor e a energia útil que poderia ser retirada, se
toda superfície absorvedora estivesse à temperatura de entrada do fluido. O fator de remoção
de calor é dado por

𝑚̇𝐶𝑝 (𝑇𝑠 − 𝑇𝑒 )
𝐹𝑅 = (2.26)
𝐴𝐶 [𝐺𝑡 (𝜏𝛼)𝑒 − 𝑈𝐿 (𝑇𝑒 − 𝑇𝑎 )]

na qual 𝑚̇ é a vazão mássica do fluido, Cp é o calor específico do fluido de trabalho, Ts é a


20

temperatura do fluido na seção de saída do coletor, e Te é a temperatura na seção de entrada.


O fator de remoção de calor é a quantidade equivalente à eficácia de um trocador de calor
convencional, que é definido como a razão entre a transferência de calor efetiva e a transferência
de calor máxima possível. O fator de remoção de calor multiplicado pelo ganho de energia na
condição descrita é igual ao ganho útil de energia. Desta forma, para a radiação solar com
incidência normal ao plano do coletor, a energia absorvida por este é

𝑄𝑢 = 𝐴𝐶 𝐹𝑅 [𝑆 − 𝑈𝐿 (𝑇𝑒 − 𝑇𝑎 )] (2.27)

Definindo a eficiência térmica do coletor como a razão entre o ganho útil em um período
específico e a energia solar incidente nesse mesmo período, pode-se chegar à

𝑄𝑢 𝑚̇𝐶𝑃 ∆𝑇
𝜂𝑡ℎ = = (2.28)
𝐺𝑡 𝐴𝐶 𝐺𝑡 𝐴𝐶

na qual ηth é a eficiência térmica do coletor solar em função da temperatura de entrada do


coletor.
Em função do fator de remoção de calor, a eficiência térmica também pode ser escrita
como

(𝑇𝑒 − 𝑇𝑎 )
𝜂𝑡ℎ = 𝐹𝑅 (𝜏𝛼𝑎 )𝑒 − 𝐹𝑅 𝑈𝐿 (2.29)
𝐺𝑡

Se UL fosse constante e independente da temperatura, a representação gráfica do


(𝑇𝑒 − 𝑇𝑎 )
desempenho em relação ao termo ⁄𝐺 resultaria em uma linha reta com intersecção
𝑇

com o eixo das ordenadas no valor 𝐹𝑅 (𝜏𝛼𝑎 )𝑒 e uma inclinação de 𝐹𝑅 𝑈𝐿 .

2.5.2 Determinação da constante de tempo dos coletores térmicos e da eficiência térmica


em regime permanente para ensaio externo

A constante de tempo é o intervalo de tempo necessário para que a diferença de


temperatura entre saída e entrada do fluido seja reduzida a 0,368 do seu valor inicial, ou seja,

𝑇𝑓,𝑠,𝑡 − 𝑇𝑓,𝑒
= 0,368 (2.30)
𝑇𝑓,𝑠,𝑖𝑛𝑖𝑐𝑖𝑎𝑙 − 𝑇𝑓,𝑒
21

no qual Tf,s,t é a temperatura de saída do coletor em um determinado tempo t, Tf,s,inicial é a


temperatura de saída inicial no coletor, Tf,e é a temperatura de entrada do coletor.
As seguintes condições de manutenção do ensaio, descrito na norma ASHRAE 93-2003
[ASHRAE, 2003], são que: a flutuação máxima da temperatura na seção de entrada dos
coletores tem que ser de 0,1 °C; a flutuação máxima da taxa mássica de 2 %; a variação máxima
do fluxo de radiação solar total sobre o plano do coletor de 50 W/m², todas elas do seu valor
médio. Para determinar a constante de tempo (t) dos coletores, a norma sugere os seguintes
passos:
1) Cobre-se o coletor com uma cobertura refletora, assim bloqueando a radiação solar em
seu plano;
2) Ajustar a taxa mássica para 0,02 kg/s por metro quadrado da área de abertura;
3) Ajustar a temperatura na seção de entrada dos coletores, com a tolerância de 1°C da
temperatura ambiente;
4) A irradiância solar total não deve ser menor que 790 W/m²;
5) Quando a diferença de temperatura da água entre as seções de entrada e saída dos
coletores for menor que 0,1 °C é definido o instante t0, no qual se retira a cobertura
refletora e então é iniciado o ensaio;
6) Logo após, aguardar o sistema entrar em regime permanente, que é alcançado quando a
temperatura na seção de saída dos coletores varia menos que 0,05 °C por minuto.
Já para a determinação da eficiência térmica dos coletores, a norma brasileira NBR
15747-2 [ABNT, 2009] propõe a utilização da área de abertura para determinação da eficiência
de um coletor. No período de ensaio, são recomendadas as seguintes condições:
 A irradiância solar global no plano de abertura deve ser maior que 700 W/m²;
 Para coletores planos de cobertura simples, o ângulo de incidência da radiação solar
direta na abertura do coletor deve ser menor que 20°;
 A irradiância solar difusa deve ser inferior a 30%, podendo ser desprezada sua
influência;
 O valor médio da velocidade do ar ambiente paralelo à abertura do coletor deve ser de
(3 ± 1) m/s, assim as perdas por convecção externa se mantêm constante;
 Nos resultados obtidos não devem ser incluídas medidas com diferenças de temperatura
do fluido menores que 1°C devido a problemas associados de precisão instrumental;
 A taxa mássica deve ser ajustada para 0,02 kg/s por metro quadrado da área de abertura,
caso não especificado outra vazão pelo fabricante.
22

O período de ensaio em regime permanente deve incluir um período de pré-


acondicionamento de pelo menos quatro vezes a constante de tempo do coletor, caso essa seja
conhecida, ou então, não menos que 15 minutos quando não conhecida, quando a temperatura
de entrada do fluido é determinada. Para o coletor estar operando sob as condições de regime
permanente durante um período de medida é considerado que nenhum dos parâmetros
experimentais deve diferir dos valores médios sobre o período de medida mais que os limites
estabelecidos na Tabela 2.2 [Ancines, 2016].

Tabela 2.2 - Desvios permitidos, segundo a norma, para os parâmetros medidos durante o
período de medidas.

Parâmetros Desvio permitido do valor médio


Irradiância solar global de ensaio ± 50 W/m²
Temperatura do ar ambiente ± 1,5 °C
Vazão mássica do fluido ±1%
Temperatura do fluido de entrada do coletor ± 0,1 °C

2.5.3 Efeito da temperatura de operação em módulos fotovoltaicos e eficiência


fotovoltaica

Uma célula solar ou célula fotovoltaica (FV) é um dispositivo que converte energia solar
em eletricidade, pelo efeito fotovoltaico, a partir de um material semicondutor, usualmente silício.
O módulo fotovoltaico é um conjunto interconectado encapsulado de células fotovoltaicas
[Kamthania et al, 2011]. Esse sistema pode ser visualizado na Figura 2.8.
Os parâmetros elétricos que caracterizam a célula ou o módulo fotovoltaico são
determinados pela sua curva I-V, conforme Figura 2.9. A curva característica I-V é medida em
condições padrão de ensaio, com a irradiância igual a 1.000 W/m², espectro solar AM1,5 e
temperatura da célula FV igual a 25°C, segundo a norma internacional IEC 60904-3, 2008.
Nessa curva é determinada a tensão de circuito aberto, a corrente de curto-circuito, o fator de
forma e a eficiência elétrica. O primeiro parâmetro indica a máxima tensão teórica que a célula
fotovoltaica pode produzir, sendo a tensão medida entre os terminais da célula sem circulação
de corrente elétrica, ou seja, na condição de circuito aberto. O segundo determina a máxima
corrente teórica obtida e é medida na célula fotovoltaica quando a tensão elétrica em seus
terminais é igual à zero, ou seja, na condição de curto-circuito.
O fator de forma (FF) é a razão entre a máxima potência da célula e o produto da
23

corrente de curto-circuito pela tensão de circuito aberto, [Luque e Hegeduz, 2003].

𝑉𝑀𝑃 𝐼𝑀𝑃
𝐹𝐹 = (2.31)
𝑉𝑂𝐶 𝐼𝑆𝐶

na qual VMP e IMP são a tensão, e a corrente, na máxima potência, respectivamente.

Figura 2.7 - Estrutura de um módulo fotovoltaico comum [Adaptado de


http://bluesol.com.br].

A incidência de radiação solar e a variação da temperatura ambiente afetam a temperatura


de operação das células fotovoltaicas que compõem os módulos fotovoltaicos. Na Figura 2.10
apresenta-se um exemplo de curva I-V com diferentes temperaturas da célula FV. A queda de
tensão é notável com o aumento da temperatura. Ao mesmo tempo, a corrente sofre um aumento
muito pequeno, não compensando a perda causada pelo decréscimo da tensão [Pinho e Galdino,
2014].
Para um nível de intensidade de radiação constante, a potência máxima produzida por um
módulo fotovoltaico é observada no ponto de potência máxima (MPP). A eficiência elétrica
(𝜂𝑒𝑙𝑒 ) de um módulo fotovoltaico para o MPP é calculada por

𝐼𝑀𝑃 𝑉𝑀𝑃
𝜂𝑒𝑙𝑒 = (2.32)
𝐺 𝑇 𝐴𝐶

Os módulos fotovoltaicos aproveitam apenas uma parte limitada da radiação solar


recebida. A maior parte da radiação solar absorvida pelo módulo é consumida como calor
residual e, portanto, ocorre um aumento considerável na temperatura do módulo fotovoltaico.
A eficiência elétrica de um módulo fotovoltaico diminui com o aumento da temperatura da
24

célula. É usual considerar que a eficiência elétrica dependa linearmente com a temperatura de
célula [Evans e Florschuetz, 1978; Notton et al., 2005], dada por

𝜂𝑒𝑙𝑒 = 𝜂 𝑇𝑟𝑒𝑓 [1 − 𝛽𝑟𝑒𝑓 (𝑇𝑐𝑒𝑙 − 25)] (2.33)

Os valores de 𝜂 𝑇𝑟𝑒𝑓 e do 𝛽𝑟𝑒𝑓 costumam ser dados fornecidos pelo fabricante.

Figura 2.8 - Modelo de curva I-V, de curva de potência P-V e do fator de forma [Adaptado
Pinho et al, 2014].

Figura 2.9 - Curva característica de uma célula fotovoltaica com diferentes temperaturas
[Adaptado de Pinho e Galdino, 2014].

Existem várias correlações propostas na literatura que representam equações do


25

desempenho elétrico do módulo fotovoltaico. Essas equações podem ser aplicadas a módulos
fotovoltaicos ou arranjos fotovoltaicos montados em estruturas independentes, coletores
térmicos fotovoltaicos e arranjos fotovoltaicos integrados à construção, respectivamente. O
desempenho elétrico é influenciado principalmente pelo material das células fotovoltaicas
usadas. Numerosas correlações para a temperatura da célula, que se encontra na literatura,
envolvem variáveis ambientais básicas e parâmetros numéricos que são dependentes de
materiais ou do sistema [Dubey et al., 2013].
O estudo do efeito da temperatura operacional da célula ou módulo fotovoltaico, para o
desempenho elétrico de instalações fotovoltaicas à base de silício, é de grande importância.
Algumas tabelas são fornecidas por alguns autores com correlações explícitas e implícitas
encontradas na literatura que vinculam essa temperatura a variáveis climáticas padrão e
propriedades dependentes do material ou do sistema. Essas correlações possibilitam facilitar o
processo de modelagem ou projeto nessa área muito promissora de energia renovável. A
maioria das correlações geralmente inclui um estado de referência e os valores correspondentes
das variáveis pertinentes. A Figura 2.11 mostra, de forma esquemática, os mecanismos de
transferência de calor associados ao módulo FV e o ambiente, entre um módulo fotovoltaico
instalado e o ambiente, que envolvem tais variáveis e parâmetros. Um número igualmente de
correlações também pode ser recuperado, o que expressa o efeito adverso de um aumento da
temperatura operacional na eficiência elétrica do módulo fotovoltaico (ou, equivalente, na
potência) [Skoplaki e Palyvos, 2009].

Figura 2.10 - Esquema simples dos mecanismos de transferência de calor associados ao


módulo FV e o ambiente [Adaptado de Skoplaki e Palyvos, 2009].

A equação mais simples para o cálculo da temperatura de operação de uma célula ou


módulo fotovoltaico em determinadas condições ambientais, em função da temperatura
26

ambiente e da radiação solar incidente é dada por [Ross, 1976].

𝑇𝑐𝑒𝑙 = 𝑇𝑎 + 𝑘𝑡 𝐺𝑡 (2.34)

na qual kt é o coeficiente térmico para o módulo fotovoltaico, que representa o aumento de


temperatura causado pela incidência da radiação solar. Esse coeficiente pode ser calculado por

𝑁𝑂𝐶𝑇 − 20
𝑘𝑡 = (2.35)
800

na qual NOCT é a temperatura nominal de operação da célula (Nominal Operating Cell


Temperature) e é obtida quando o módulo é exposto, em circuito aberto, a uma irradiância de
800 W/m², temperatura ambiente de 20°C e uma velocidade do vento incidindo sobre ele a 1
m/s.
A NOCT tem, normalmente, valores que variam de 40 a 50°C e está relacionada às
propriedades ópticas e térmicas dos materiais que compõem os módulos [Pinho e Galdino,
2014]. Quanto menor o valor do NOCT, considerando os coeficientes de temperatura iguais,
melhor o desempenho do módulo fotovoltaico, considerando a diminuição de eficiência com o
aumento de temperatura já citada.
27

3 TECNOLOGIA DE COLETORES HÍBRIDOS TÉRMICOS


FOTOVOLTAICOS

3.1 Primeiros coletores híbridos térmicos fotovoltaicos

As principais vantagens das tecnologias solares térmicas em comparação com os módulos


fotovoltaicos é a simplicidade dessa tecnologia, pois a conversão da energia solar em calor se
dá diretamente na absorção da mesma na superfície absorvedora. Como a absortividade das
superfícies usadas nos absorvedores se aproxima da unidade, isto também explica por que a
eficiência das tecnologias solares térmicas é significativamente maior que a dos módulos
fotovoltaicos. Outra característica importante da conversão térmica da energia solar é a
capacidade de armazenamento de calor para recuperação posterior. A maioria dos sistemas
solares térmicos comerciais usa a água como fluido de trabalho e pode armazenar água aquecida
no tanque da casa. No entanto, surgiram novas tecnologias denominadas coletores híbridos
térmicos fotovoltaicos (PV/T, Photovoltaic Thermal Hybrid Solar Collector). Essas tecnologias
combinam os módulos fotovoltaicos e coletores solares térmicos. Ao usar ambos os sistemas
de conversão fotovoltaica e térmica, os coletores PV/T produzem eletricidade através da
radiação solar enquanto aproveitam o calor para o fluido de trabalho. O resfriamento do módulo
fotovoltaico aumenta a sua produção elétrica, e isso faz dos coletores híbridos térmicos
fotovoltaicos uma combinação realmente promissora da produção de energia elétrica e térmica.
Suas eficiências evoluem dependendo da tecnologia usada, dos materiais do módulo
fotovoltaico e do coletor térmico, da temperatura de trabalho do sistema, do fluido de trabalho
usado e das condições de trabalho como sua inclinação.
O PV/T é composto por uma placa absorvedora, uma cobertura de vidro (ou não) e um
isolamento, como demonstrado na Figura 3.1. A produção de calor obtida nesses coletores pode
ser utilizada tanto para aplicações de aquecimento quanto de refrigeração. A aplicação é
dependente da estação do ano e praticamente pode ser adequada para aplicações domésticas. O
sistema do coletor PV/T pode ser mais barato e prático do que instalar um sistema térmico e
fotovoltaico, separadamente, sendo facilmente adaptado ou integrado a edifícios sem grandes
modificações e a substituição do material de cobertura por esses coletores pode reduzir o
período de retorno do investimento [Hasan e Sumathy, 2010].
Diversos trabalhos [Hendrie, 1982; Zondag, 2008; Chow, 2010; Touafek et al, 2014]
citam Martin Wolf, 1976, o precursor do primeiro estudo sobre o coletor PV/T. Ele analisou o
desempenho de um sistema fotovoltaico e um sistema de aquecimento solar combinados para
28

uma residência familiar simples durante um ano inteiro, usando dados horários do Serviço
Nacional de Meteorologia dos Estados Unidos (NWS), para radiação solar e temperatura
ambiental em Boston, 1963.

Figura 3.1– Vista explodida de um coletor solar PV/T [Penaka et al., 2020].

O coletor analisado por Wolf foi um coletor térmico de placa plana com líquido como
fluido de trabalho. O coletor continha, no lugar da superfície absorvedora usual, um módulo
solar de silício. A análise foi realizada com o uso de programas detalhados existentes para o
cálculo horário da carga térmica da residência, do desempenho do sistema de aquecimento solar
e do desempenho do sistema solar fotovoltaico. As propriedades ópticas do módulo fotovoltaico
foram usadas no lugar da placa absorvedora para avaliação de desempenho do coletor térmico,
e a entrada de energia disponível no absorvedor foi reduzida na ordem de 10% para contabilizar
a energia elétrica retirada, como uma aproximação de primeira ordem. As temperaturas do
absorvedor foram obtidas de hora em hora e usadas no cálculo do desempenho do módulo
fotovoltaico. Vários parâmetros de configuração do sistema foram variados para uma análise
de sensibilidade. Os resultados da análise indicaram que a operação do sistema combinado de
aquecimento solar e fotovoltaico é tecnicamente viável e, também tem baixo custo, comparado
com um coletor de placa plana e um módulo fotovoltaico, separadamente. Embora cada parte
do sistema tivesse um nível de desempenho de 10 a 20% abaixo do obtido em um sistema único,
o valor da produção combinada de energia foi significativamente maior. Além disso, o
compartilhamento da área de cobertura e da estrutura do suporte tornou-se um atrativo
econômico considerável para o sistema combinado. Wolf observou que, determinadas
condições de funcionamento devem ser consideradas, principalmente, o limite superior de
29

temperatura a ser mantido para uma conversão fotovoltaica eficiente. Assim, para ser mais
vantajoso o uso de coletores PV/Ts, os preços dos módulos solares teriam que ser ligeiramente
inferiores para produzir energia a custos competitivos em equipamentos de energia no local.
A partir desse primeiro estudo, Florschuetz, 1979, adaptou o modelo de Hottel-Whillier,
citado em Duffie e Beckman, 1974, para análise de coletores híbridos térmicos fotovoltaicos de
maneira a permitir que, com uma simples modificação dos parâmetros convencionais do
modelo original, todas as relações e informações de suporte existentes disponíveis na literatura
ainda se aplicariam. Esse modelo teórico pode ser o mais amplamente utilizado hoje. Modelos
subsequentes melhoraram a formulação original ou ofereceram adaptações para tipos
específicos de coletores PV/T [Pierrick et al, 2015].
A configuração do coletor híbrido térmico fotovoltaico foi representada em seção
transversal normal à direção do fluxo, indicado na Figura 3.2, onde as células fotovoltaicas
foram coladas na superfície da placa absorvedora. Essa junção célula/placa foi indicada como
o absorvedor.

(a) (b)

Figura 3.2 – (a) seção transversal da configuração e (b) o balanço de energia local no
absorvedor do coletor PV/ com configuração chapa tubo [Adaptado de Florschuetz, 1979].

O balanço de energia, em estado estacionário, desprezando os gradientes de temperatura


ao longo da espessura do absorvedor foi dado como

𝑑²𝑇 1
= [𝑈 (𝑇 − 𝑇𝑎 ) − 𝑆 + 𝑞𝑒𝑙𝑒 ] (3.1)
𝑑𝑥² 𝑘𝛿 𝐿

na qual qele é a quantidade de energia elétrica que sai das células fotovoltaicas por unidade de
área e pode ser calculado por
30

𝑆
𝑞𝑒𝑙𝑒 = 𝜂𝑒𝑙𝑒 (3.2)
𝛼𝑃𝑉/𝑇

na qual ηele é a eficiência do arranjo das células fotovoltaicas, ou seja, a razão entre a energia
elétrica e a energia solar incidente.
Utilizando a Equação 3.2 e 2.33 para substituir a variável qele, na Equação3.1, tem-se

𝑑²𝑇 1
= ̃ (𝑇 − 𝑇𝑎 ) − 𝑆̃]
[𝑈 (3.4)
𝑑𝑥² 𝑘𝛿 𝐿

Ao contrário de um coletor térmico de placa plana, onde não há perdas por convecção
quando a temperatura média do absorvedor atinge a temperatura ambiente, as células
fotovoltaicas ainda têm uma eficiência limitada pela quantidade de radiação que pode converter
em eletricidade. Por esse motivo, não apenas o coeficiente de perda térmica, UL, é modificado,
mas também a energia absorvida, S.

𝑆
̃𝐿 = 𝑈𝐿 −
𝑈 𝜂𝑟𝑒𝑓 𝛽𝑟𝑒𝑓 = 𝑈𝐿 − 𝜏𝐺𝑡 𝜂𝑟𝑒𝑓 𝛽𝑟𝑒𝑓 (3.5)
𝛼𝑃𝑉/𝑇

A eficiência elétrica instantânea das células fotovoltaicas pode ser calculada,


considerando o efeito da temperatura de desempenho pela Equação 2.32. Nos coletores híbridos
a irradiância atinge as células fotovoltaicas antes do absorvedor térmico, por isso, a eficiência
fotovoltaica pode ser deduzida da radiação solar absorvida (S) e em função da eficiência elétrica
instantânea das células fotovoltaicas e da absortividade térmica do coletor PV/T, 𝛼𝑃𝑉/𝑇 ,

𝜂𝑎
𝑆̃ = 𝑆 [1 − ] (3.6)
𝛼𝑃𝑉/𝑇

na qual 𝜂𝑎 é simplesmente a eficiência da célula avaliada em função da temperatura ambiente.


A produção adicional de eletricidade e a influência das células fotovoltaicas montadas na
superfície do absorvedor são levadas em consideração e, baseando-se pela Equação 2.22, chega-
se à

𝑄̃𝑢 = 𝐴𝐶 𝐹̃𝑅 [𝑆̃ − 𝑈


̃𝐿 (𝑇𝑒 − 𝑇𝑎 )] (3.7)

na qual 𝑄̃𝑢 é a taxa de calor útil de um coletor PV/T, W, sendo que ̃𝐹𝑅 , também é um termo
31

modificado para o fator de remoção de calor e pode ser calculado como

𝑚̇𝐶𝑝 𝑈 ̃′ 𝐿
̃𝐿 𝐹
𝐹̃𝑅 = [1 − exp(− )] (3.8)
̃𝐿
𝑈 𝑚̇𝐶𝑝

Assim que determinada a saída térmica útil para o coletor híbrido térmico fotovoltaico,
pode-se calcular a energia elétrica de saída das células, podendo ser expresso inicialmente em
termos de um balanço geral de energia

𝑄𝑒𝑙𝑒 = 𝑆𝐴𝑐 − 𝑄̃𝑢 − 𝑄𝐿 (3.9)

Florchuetz também mostrou que o FR difere de 𝐹̃𝑅 em menos de 1% para coletores


térmicos com um coeficiente global de transferência de calor maior que 15 W/m2K. Essa
diferença significa que os valores FR calculados para os coletores de serpentina e de tubo-aleta
se aplicam aos coletores PV/T. O autor descreveu a produção de eletricidade do módulo (Qele)
como uma combinação da eficiência das células, as propriedades térmicas do coletor, a
temperatura de entrada do fluido e a temperatura ambiente,

𝐴𝐶 𝑆𝜂𝑒𝑙𝑒 𝜂𝑟𝑒𝑓 𝛽𝑟𝑒𝑓 𝑆̃


𝑄𝑒𝑙𝑒 = {1 − [𝐹̃𝑅 (𝑇𝑒 − 𝑇𝑎 ) + (1 − 𝐹̃𝑅 )]} (3.10)
𝛼𝑃𝑉/𝑇 𝜂𝑒𝑙𝑒 ̃𝐿
𝑈

O resultado da produção elétrica pode ser um pouco simplificado se a temperatura de


referência, para estabelecer a eficiência da célula, for especificada como a temperatura
ambiente.
Hendrie e Raghuraman, 1980, desenvolveram um coletor híbrido com líquido como
fluido de trabalho. Esse coletor PV/T de líquido era constituído por uma única cobertura de
vidro, para evitar perdas de calor para o ambiente, com isolamento térmico na lateral e na parte
inferior para evitar perdas. Abaixo da tampa de vidro, as células fotovoltaicas formavam a
superfície absorvedora primária, com uma placa de alumínio preta colocada diretamente abaixo
das células para absorver a radiação passando entre elas. Os tubos de cobre foram colados na
parte inferior da placa de alumínio, transportando o fluido de trabalho, conforme a Figura 3.3.
A partir dos resultados numéricos e experimentais encontrados nesse trabalho, verificou-se que
o encapsulamento da parte posterior das células fotovoltaicas com a placa absorvedora tinha
que ser melhorado, utilizando um material com uma maior condutividade térmica e eliminando
ao máximo as camadas de ar entre eles. Podendo, então, aumentar a área efetiva de transferência
32

de calor para o fluido e, consequentemente, aumentando seu rendimento térmico. Outro fator
importante, concluído nesse trabalho, é que, ao comparar um coletor PV/T de líquido e outro
de ar como fluido foi verificado que tanto a eficiência térmica como a elétrica foi maior para o
primeiro caso.

Figura 3.3 - Coletor PV/T de líquido [Adaptado de Hendrie e Raghurman, 1980].

A partir desses primeiros estudos, o tópico sobre coletores de PV/T usando líquido foi
rapidamente abordado por outros grupos. Ao longo desses anos, uma grande quantidade de
pesquisa de PV/T foi realizada, originada de vários desenvolvimentos independentes que
resultaram na ideia de integrar células fotovoltaicas e conversão térmica. A aplicação doméstica
foi considerada como o principal mercado. Inicialmente, o foco estava nos coletores
envidraçados, tanto do tipo ar quanto do líquido, mas logo a ideia de um coletor PV/T não
envidraçado combinado com uma bomba de calor também recebeu atenção. No início dos anos
90, grandes instalações fotovoltaicas começaram a receber atenção e a questão de arrefecê-las
para reduzir a temperatura de operação das células levou rapidamente à ideia de que esse calor
também poderia ser usado, por exemplo, para aquecimento de ambientes. Pesquisas foram
realizadas em coletores PV/T de líquidos para aplicação autônoma em países em
desenvolvimento, com atenção específica para a relação entre rendimento térmico e rendimento
elétrico [Zondag, 2008].
Muitos estudos verificaram ou quantificaram o efeito de parâmetros climáticos, de
configuração e operacionais no desempenho de diferentes tipos de coletores PV/T. Neles, são
discutidos aspectos de desenvolvimento e pesquisa na tecnologia, principalmente com água e
ar como fluido de trabalho, projetos e comportamento dos coletores, estudos experimentais e
instalações integradas. Outros autores ainda tentam classificar e avaliar os módulos das mais
diversas formas, como questões econômicas, ciclo de vida, resíduos gerados, integração com
edificações, práticas de laboratório, efeito estufa, aquecimento global, eficiência exergética,
33

entre outros [Bilhalva e Rodrigues, 2018]. A partir de um estudo de caso, Elbreki et al., 2016,
fez uma classificação dos módulos PV/T convencionais conforme o uso, ou não, de cobertura
de vidro, quanto ao fluido de trabalho e os fatores que afetam o seu comportamento. Essa
classificação pode ser melhor visualizada na Figura 3.4.

Figura 3.4 - Fatores e parâmetros associados que afetam o desempenho do coletor PV/T
[Adaptado de Elbreki et al., 2016].

3.2 Parâmetros climáticos

A irradiância solar que incide no coletor híbrido térmico fotovoltaico tem influência tanto
no rendimento térmico quanto no fotovoltaico. Porém, quando se trata do componente térmico
do coletor PV/T, o aumento da irradiância equivale a uma maior produção de energia térmica,
ao contrário da produção de eletricidade na parte fotovoltaica.
Alguns trabalhos apresentam o efeito da umidade relativa em módulos fotovoltaicos. Em
Mekhilef et al., 2012, os autores investigaram o efeito da umidade no desempenho das células
fotovoltaicas junto com a poeira acumulada e a velocidade do ar. Eles indicaram que, quando
as células fotovoltaicas são expostas à umidade por um período de teste de 24 a 120 horas, pode
haver alguma deterioração no desempenho das células fotovoltaicas. Os autores também
afirmaram que o efeito da poeira, umidade e velocidade do ar afetam, de forma simultânea, o
desempenho das células fotovoltaicas e cada uma não deve ser estudada separadamente na
estimativa do desempenho da célula, ignorando os efeitos da outra.
34

Em coletores PV/T, o efeito da velocidade do ar atua, de forma distinta, a componente


térmica e a componente fotovoltaica. Quanto maior a velocidade, mais considerável é a perda
de calor para o ambiente, que esfria a placa fotovoltaica e, consequentemente, aumenta a
eficiência elétrica e diminui a eficiência térmica. Essa questão torna os estudos desses coletores
mais complexo. Na simulação feita por Tiwari e Sodha, 2006, a Figura 3.5 mostra o efeito a
variação da temperatura da água para diferentes velocidades do vento.

Figura 3.5 - Variação da temperatura da água para diferentes velocidade do ar em m/s.


[Adaptado de Tiwari e Sodha, 2006].

3.3 Parâmetros de projeto

Em Sandnes e Rekstad, 2002, um coletor combinado de energia solar térmica e


fotovoltaica foi construído colando células de silício monocristalino em um absorvedor de calor
preto de plástico. O adesivo para colagem era suficientemente elástico para absorver a diferença
na expansão térmica entre as células e o absorvedor. Esse coletor combinado comparado com
um coletor térmico de placa plana mostrou uma eficiência térmica menor. Essa diferença foi
atribuída à redução da energia do sistema térmico, pela fração da energia incidente convertida
em eletricidade pelas células fotovoltaicas, à menor absorção óptica nas células fotovoltaicas,
em comparação com a placa absorvedora preta, e ao aumento da resistência à transferência de
calor introduzida à interface célula e absorvedor. Por outro lado, o sistema PV/T reduziu a perda
de calor do coletor, pois as células solares atuaram como absorvedores seletivos. Essa perda foi
ainda mais reduzida pela adição de uma cobertura de vidro adicional que, ao mesmo tempo,
aumentou as perdas reflexivas, como mostra na Fig. 3.6.
35

Figura 3.6 - Dados de eficiência térmica e curvas de eficiência média para as três
configurações de coletores: absorvedor térmico (T), absorvedor sem (PV/T) e com cobertura
de vidro (PV/Tv). [Adaptado de Sandnes e Rekstad, 2002].

Zondag et al., 2003, avaliaram nove projetos diferentes de coletores híbridos térmicos
fotovoltaicos que foram classificados em quatro grupos, segundo Figura 3.7. Esses projetos
foram divididos conforme o tipo de configuração da parte do trocador de calor e absorvedor e
de acordo com a quantidade de cobertura. Avaliando analiticamente, os autores mostraram que,
apesar da configuração de canal ter um maior rendimento total, a diferença é pequena em
relação à configuração chapa e tubo. Como o projeto da Figura 3.7 (a) é de longe o mais fácil
de fabricar, o projeto de chapa e tubo de cobertura única acaba sendo o mais promissor dos
conceitos examinados para a produção de água quente sanitária.

Figura 3.7 - Tipos de coletores PV/T de água analisados: (a) chapa e tubo, (b) canal PV/T,
(c) escoamento livre, (d) dois absorvedores (tipo isolado) [Adaptado de Zondag, 2003].
36

O uso de coberturas em coletores PV/T não afeta apenas o desempenho térmico, mas
também fortemente o desempenho elétrico. É interessante o uso de vidro de baixo teor de ferro
com revestimento antirreflexo (ARC) de dupla face, com uma transmitância superior a 0,94.
Para saber se o coletor deve ser envidraçado ou não, é ideal encontrar um equilíbrio entre o
aumento do rendimento térmico e a redução no rendimento elétrico, com os problemas
relacionados à possível degradação das células. Coletores com cobertura de vidro têm menores
perdas térmicas, especialmente em temperaturas de fluido mais elevadas. Para aplicações de
temperatura média a alta, isso resulta em um rendimento térmico anual muito maior. Esse tipo
de coletor também acarreta altas temperaturas de estagnação que podem ser críticas para certos
tipos de encapsulante fotovoltaico (risco de amarelamento e delaminação) e o envidraçamento
torna o módulo mais sensível a pontos quentes. Além disso, as perdas por reflexão nos vidros
reduzem ainda mais o desempenho elétrico. Para coletores PV/T sem cobertura, utilizados para
atender a demanda com temperaturas baixas, a recomendação é integrar ao sistema uma bomba
de calor [Hasan e Sumathy, 2010].
Para coletores PV/T envidraçados, o reflexo da cobertura superior afeta o desempenho
elétrico e térmico. Normalmente, para coletores convencionais de vidros e coletores PV/T, o
vidro com baixo teor de ferro é usado na cobertura superior, com uma transmitância de 91 a
92%. As vantagens dos materiais sintéticos consistem em custos e pesos inferiores ao vidro,
enquanto as desvantagens são representadas pela degradação das propriedades ópticas e
mecânicas ao longo do tempo, causadas principalmente pela exposição à radiação ultravioleta
e a temperaturas de até 130°C, que podem ser alcançadas em coletores de PV/T cobertos
[Affolter et al., 2006].
A técnica mais básica para fabricar um coletor de PV/T é colar células fotovoltaicas ou
todo um laminado fotovoltaico comercial no absorvedor de um coletor térmico comercial. O
fato de que essas células não serão suficientemente protegidas do ambiente (principalmente da
umidade) torna esta técnica problemática para aplicação comercial. Além disso, podem ocorrer
problemas devido ao isolamento elétrico insuficiente. Estes problemas não ocorrem se um
laminado fotovoltaico comercial estiver unido a um absorvedor térmico, isto é, colado. No
entanto, esse método também apresenta algumas desvantagens: a resistência térmica entre o
laminado fotovoltaico e o absorvedor pode se tornar muito grande, especialmente quando os
bolsões de ar na camada de cola forem significativos. Além disso, a parte posterior do Tedlar
branco, que geralmente é usado para os módulos c-Si, apresenta perdas por reflexão
relativamente grandes [Zondag, 2008]. Isto foi reduzido nos módulos atuais, em que o
preenchimento das áreas de célula em um módulo adquiriu proporções nas quais pouco se vê
37

do branco da camada posterior. Segundo Aste et al, 2014, a folga de ar entre o laminado
fotovoltaico e o material de cobertura deve ser fina o suficiente para se ter um benefício
relacionado as propriedades isolantes do ar. Zondag, 2008, e Dupeyrat et al., 2009, dizem que
a melhor técnica de conexão entre o a parte fotovoltaica e um absorvedor é a laminação de todo
o pacote (vidro, células, absorvedor e isolamento) em uma única etapa. No entanto, essa prática
torna o projeto inviável economicamente e de difícil fabricação.
A configuração de trocadores de calor é frequentemente associada a desvantagens, como
uma grande queda de pressão ou uma distribuição do fluxo de calor não uniforme. Em alguns
estudos, a disposição tubo paralelo, conforme Figura 3.8, garante gradientes de temperatura
entre entrada e saída e boa distribuição de temperatura em toda a superfície do absorvedor, com
benefícios elétricos e térmicos na eficiência do coletor de PV/T. A distribuição do fluxo de
calor depende da relação entre a perda de energia nos tubos elevadores e as perdas de energia
dos tubos de distribuição. Uma relação desenvolvida por Weitbrecht et al., 2002, usou os
diferentes parâmetros geométricos desses tubos para prever a distribuição característica do
fluxo de calor. Essa relação foi feita através da utilização de modelos analíticos baseados nas
relações medidas pelos autores em uma análise de sensibilidade para explicar as possíveis
distribuições do fluxo de calor em coletores solares. Essa relação pode ser vista como na
Equação 3.5.

Figura 3.8 - Configuração tubo paralelo [Adaptado de Aste et al., 2014].

4 ∑
2𝐷𝑀 𝑖 𝐿𝑣,𝑅
𝐹𝐷 = 4∑ (3.5)
𝑛𝐷𝑅 𝑗 𝐿𝑣,𝑀

na qual DM é o diâmetro do tubo de distribuição, Lv,R é o comprimento virtual do “tubo de


38

subida”, n é o número de tubos elevadores, DR é o diâmetro do tubo elevador, Lv,M é o


comprimento virtual do tubo de distribuição. Embora todos os canais tenham geralmente a
mesma área de seção transversal, uma proporção entre a área dos coletores de cabeçote (tubos
de distribuição) e a área dos canais paralelos (tubos elevadores) igual a 0,2 é sugerida, a fim de
melhorar a eficiência do coletor PV/T [Fan e Furbo, 2008].
Em Matrawy e Farkas, 1997, foi realizado um estudo comparativo de três configurações
de trocador de calor, com duas placas paralelas, com tubos paralelos e tubo serpentina,
indicados na Figura 3.9 (a), (b) e (c), respectivamente. Os resultados finais avaliados indicaram
que a eficiência do primeiro coletor (placas paralelas) foi cerca de 6% maior que o de serpentina
e, de 10% maior comparado com o de tubos paralelos. Esses valores se referem à distribuição
uniforme de temperatura sobre a superfície da placa absorvida, bem como à distribuição
uniforme do fluido de trabalho entre as duas placas.

(a) (b)

(c)

Figura 3.9 – Configurações dos coletores térmicos simulados [Adaptado de Matrawy e


Farkas, 1997].

Outro trabalho que analisou o efeito do tipo de configuração dos tubos que compõe a
parte do trocador de calor dos coletores PV/T foi Dubey e Tay, 2013. Neste artigo, foram feitos
testes em dois diferentes coletores fotovoltaicos térmicos sob as condições climáticas tropicais
39

de Cingapura. Dois tipos diferentes (Tipo A e Tipo B) de coletores PV/T disponíveis


comercialmente foram instalados e testados na Universidade Nacional de Cingapura (NUS),
indicado na Figura 3.10. No Tipo A, o módulo fotovoltaico era encapsulado com células solares
de Si monocristalino e integrado a um coletor térmico do tipo chapa e tubo, enquanto no Tipo
B, o módulo fotovoltaico é encapsulado com células solares de Si multicristalino e integrado
com um coletor térmico do tipo placas paralelas. Essa avaliação foi feita com base nas
eficiências térmica e fotovoltaica. Os experimentos foram realizados em diferentes vazões (0,03
kg/s e 0,06 kg/s) em condições climáticas diurnas típicas. O desempenho térmico dos módulos
foi validado usando equações básicas de balanço de energia e parâmetros de projeto. A
temperatura nas diferentes camadas dos coletores PV/T foi medida para estudar o padrão de
fluxo de calor entre os coletores. Verificou-se que a eficiência térmica média e a eficiência
elétrica para o coletor PV/T Tipo A são 40,7% e 11,8%, respectivamente, e para o Tipo B são
39,4% e 11,5%, respectivamente. A eficiência elétrica dos módulos FV também foi comparada
com e sem o coletor térmico, e verificou-se que a eficiência elétrica média dos coletores PV/T
é cerca de 0,4% maior do que o módulo FV convencional.

Figura 3.10 – Vista em corte transversal do módulo PV/T Tipo A e Tipo B. [Adaptado de
Dubey e Tay, 2013].

Pesquisas de dez anos atrás mostram que as estruturas biônicas podem fornecer possíveis
melhorias na distribuição do fluido e no desempenho de coletores híbridos, conforme Figura
3.11. Para otimizar e compará-las com os trocadores de calor convencionais, Pieper e Klein,
2011, desenvolveram um método numérico para determinar o desempenho de um trocador de
calor de estrutura biônica. Os autores simularam o fluxo de calor no trocador de calor aplicando
um modelo de rede e acoplaram esses resultados a um método de volumes finitos para
determinar a distribuição do fluxo de calor no trocador de calor. Apesar dos resultados
sugerirem que este modelo é válido, comparado com trocadores em paralelo, a desvantagem
desse projeto é a dificuldade de fabricação e o custo muito alto.
40

Figura 3.11 - Estrutura biônica com quatro ramificações [Pieper e Klein, 2011].

Outro parâmetro que influencia no desempenho é a dimensão dos tubos que compõem os
coletores PV/T. Ji et al, 2006, mostra a relação entre os diâmetros dos tubos e a potência de
bombeamento necessária para a circulação da água. Observou-se que, à medida que o diâmetro
do tubo aumenta de 0,01 para 0,02 m, a potência de bombeamento necessária diminui
drasticamente. De fato, se o diâmetro do tubo continuar aumentando, a perda térmica na
superfície externa do tubo também aumentará. Com isso, um diâmetro de tubo
superdimensionado não vale a pena em termos de custo inicial e custo operacional. Na faixa de
vazões estudada, o diâmetro de 25 ou 30 mm foi considerado adequado para minimizar o
consumo de energia da bomba e maximizar a saída de energia elétrica.
O tipo de célula fotovoltaica que compõe o coletor PV/T também influencia no seu
desempenho. Para coletores PV/T é relevante, em função do seu rendimento térmico, considerar
o coeficiente de absorção para toda a faixa do espectro solar (300-2500 nm). Em razão da
textura da sua superfície homogênea, as células solares de silício monocristalino (m-Si) têm
perdas de reflexão mais baixas do que as células solares de silício policristalino (pc-Si) e
apresentam uma propriedade de absorção mais alta. Para verificar a discrepância entre pc-Si e
m-Si, Dupeyrat et al, 2011, realizaram medições nos dois tipos de células usando uma esfera
integradora. Os coeficientes de absorção medidos são, respectivamente, 0,85 e 0,90 enquanto a
eficiência elétrica correspondente foi de 0,13 e 0,15, para pc-Si e m-Si. Portanto, pode ser
preferível para os lados térmico e elétrico usar células solares m-Si em vez de células solares
pc-Si. Isso poderia fazer ainda mais sentido com um encapsulamento específico de baixa
reflexão para aumentar o coeficiente de absorção da placa do coletor.

3.4 Parâmetros operacionais

Um dos principais desafios enfrentados pela tecnologia PV/T é que a eficiência elétrica
41

diminui com o aumento da temperatura da célula fotovoltaica, enquanto a eficiência térmica


aumenta com esse aumento de temperatura. Isso é exemplificado na Figura 3.12, que mostra
eficiências térmicas e elétricas típicas dos coletores de PV/T atuais, considerando apenas
coletores sem cobertura. Na parte térmica, o coletor híbrido sofre graves perdas com o aumento
da temperatura devido à perda de calor por convecção, radiativa e, em menor grau, por
condução. Essas perdas também estão presentes em coletores térmicos convencionais. No
entanto, os coletores térmicos com melhor desempenho empregam medidas de minimização de
perda de calor, como cavidades evacuadas e revestimentos de baixa emissividade que estão
ausentes da geração atual de coletores de PV/T e, portanto, apresentam melhor desempenho em
temperaturas mais altas (curva preta da Figura 3.12a). Na Figura 3.12b são mostradas as faixas
de temperatura para diferentes demandas de calor, que podem ser atendidas por coletores
solares térmicos ou coletores PV/T, juntamente com a porcentagem da demanda total de calor
(usando o padrão dos EUA) que eles representam. A porcentagem de demanda para
aquecimento de piscinas, aquecimento de ambientes e água quente sanitária representa a
demanda real. A demanda elétrica fornecida para ar condicionado representa uma demanda
térmica potencial, se esse serviço fosse fornecido por sistemas de refrigeração por absorção de
calor em vez de sistemas de refrigeração elétrica, o uso dos sistemas PV/T poderia ser ampliado.
[Mellor et al., 2018].

Figura 3.12 - Eficiências térmicas e elétricas típicas dos coletores de PV/T atuais [Adaptado
de Mellor et al, 2018].

Geralmente a eficiência dos coletores de água PVT aumenta com a taxa mássica do fluido
42

sob vários níveis de radiação solar. Este resultado se deve ao aumento do fator de resfriamento
das células do módulo fotovoltaico quando a vazão mássica aumenta. Portanto, a vazão mássica
contribui indiretamente para o aumento da temperatura do coletor de água PVT [Fudholi et al,
2014]. Garg e Agarwal, 1995, realizaram simulações para diferentes áreas de células solares,
vazão mássica e massas de água diferentes, resolvendo as equações governantes usando um
método iterativo de diferenças finitas. O sistema era composto por um coletor PV/T, um tanque
de armazenamento, uma bomba e controle diferencial. Verificou-se que a vazão mássica ideal
é de 0,03 kg/s, para uma área de coletor híbrido de 2 m2 (ou seja, 0,015 kg /s m2), para máxima
eficiência do coletor térmico. A eficiência elétrica média e a eficiência diária de PV/T
aumentaram com a massa total de água e, quanto maior vazão mássica, maior a eficiência
elétrica.
Ji et al., 2006, simularam computacionalmente o desempenho de um sistema com
tecnologia térmica fotovoltaica integrada, modificando o modelo Hottel-Whillier. Os efeitos
combinados do fator de empacotamento das células solares e da vazão mássica da água sobre a
eficiência térmica e elétrica foram investigados. A Figura 3.13 mostra as curvas da eficiência
térmica em função da vazão mássica, onde as curvas representam diferentes média diária de
radiação solar e fator de empacotamento. Os resultados da simulação mostraram que o aumento
da vazão mássica do fluido de trabalho é benéfico para o resfriamento do módulo fotovoltaico,
no entanto, a vantagem trazida pelo aumento da vazão diminui após o valor da vazão crítica e,
posteriormente, a eficiência térmica também diminui. A operação do sistema na vazão mássica
ideal não apenas pode melhorar o desempenho térmico do sistema, mas também pode atender
ao requisito de resfriamento do módulo FV, de modo que também seja possível obter um melhor
desempenho elétrico. Na análise do sistema foram utilizadas células de silício policristalino.

Figura 3.13 - Efeito da vazão mássica na eficiência térmica com diferentes valores para o
fator de empacotamento e variações de radiação solar. [Adaptado de Ji et al, 2006].
43

O efeito do fator de empacotamento (ζ), fração da área da placa absorvedora coberta pelas
células solares no desempenho do sistema, foi investigado em Ji et al., 2007, com a variação
diária de três parâmetros operacionais: (i) temperatura média da água no tanque Tw,in , (ii)
temperatura média da placa absorvedora 𝑇̅𝑐 , e (iii) eficiência elétrica instantânea ηele , com uma
faixa de ζ de 0,5 a 0,9. A Figura 3.14(a) indica as curvas da variação diária da temperatura
média da água em função do tempo com diferentes valores de fator de empacotamento. A Figura
3.14(b) mostra a variação da eficiência elétrica e da temperatura da placa absorvedora em
função do tempo. Esses resultados indicaram que a temperatura média da água diminuiu com o
aumento de ζ e, de um modo geral, um maior ζ resulta em mais energia solar convertida em
eletricidade, consequentemente, 𝑇̅𝑐 desce. A eficiência elétrica instantânea também aumenta
devido às condições de temperatura mais favoráveis.

(a) (b)

Figura 3.14 - Efeito do fator de empacotamento (a) na temperatura da água do tanque e (b)
na eficiência elétrica e da temperatura da placa do coletor PV/T.[Adaptado de Ji et al, 2007].

Nesse mesmo trabalho, os autores mostram as variações diárias de três parâmetros


operacionais em diferentes valores da transmissividade do vidro (τg). A Figura 3.15(a) indica a
temperatura da água do tanque em função do tempo para diferentes valores de transmissividade
do vidro e a Figura 3.15(b) mostra o comportamento da eficiência elétrica em função da
transmissividade do vidro e a temperatura da placa absorvedora.
Como esperado, a temperatura média da água do tanque aumenta com o aumento de τg.
A eficiência térmica (ηt) aumenta cerca de 1,9% com incremento de 0,1 de τg e eficiência
elétrica (ηe) também aumenta simultaneamente, pois mais energia solar atravessa o
envidraçamento e fica disponível para conversão de energia. Isso anula o efeito negativo da
44

temperatura de trabalho elevada na eficiência da conversão fotoelétrica. Essa análise


demonstrou que o desempenho de transmissão de luz do envidraçamento é muito importante.
A limpeza periódica dos vidros é essencial. Isso também explica por que os módulos
fotovoltaicos devem ser cobertos com materiais de alta transmitância. No caso do trabalho, a
transmitância dos materiais Tedlar e EVA excede 0,90.

(a) (b)

Figura 3.15 - Efeito da transmissividade do vidro (a) na temperatura da água do tanque e (b)
na eficiência elétrica e da temperatura da placa do coletor PV/T. [Adaptado de Ji et al,
2007].

Em Daghigh et al., 2011, foi simulado o efeito do fator de empacotamento no desempenho


de um PV/T com água quente sob as condições meteorológicas da Malásia. Os resultados
indicaram que, tanto para as condições envidraçadas quanto não envidraçadas, o incremento do
fator de empacotamento resultou na diminuição da fração solar, onde este efeito para os
coletores PV/T sem cobertura foi mais acentuado do que para os envidraçados. Para as células
de silício policristalino e monocristalino, a fração solar máxima foi encontrada nas células
policristalinas, enquanto a mínima foi obtida nas células solares monocristalinas. Essa redução
foi mais expressiva nos coletores PV/T sem cobertura. Pode-se dizer que, a taxa de aquecimento
auxiliar aumenta juntamente com o aumento do fator de empacotamento. No caso da energia
elétrica produzida pelo monocristalino para os coletores vidrados e não vidrados foi maior que
a das células policristalinas em diferentes fatores de empacotamento. A produção de
eletricidade aumentou pelo incremento no fator de embalagem para ambas as configurações.
Todas essas informações podem ser visualizadas nas Figuras 3.16 e 3.17.
45

660

aquecimento auxiliar [kW] 15

aquecimento auxiliar [kW]


620
Taxa anual média de

Taxa anual média de


10
580

540 5

Poli-Si Mono-Si Poli-Si Mono-Si


500 0
0.1 0.2 0.3 0.4 0.5 0.6 0.7 0.8 0.9 1 0.1 0.2 0.3 0.4 0.5 0.6 0.7 0.8 0.9 1
Fator de empacotamento Fator de empacotamento
(a)

Figura 3.16 - Variação da taxa de aquecimento auxiliar média anual em relação ao fator de
empacotamento para (a) coletor PV/T sem cobertura e para (b) coletor PV/T com uma
cobertura. [Adaptado de Daghigh et al., 2011].

700
Mono-Si 600 Poli-Si
Potência elétrica de saída

600
Potência elétrica de saída

Poli-Si Mono-Si
500
500
400
400
[kW]
[kW]

300 300

200 200

100 100

0 0
0 0.1 0.2 0.3 0.4 0.5 0.6 0.7 0.8 0.9 1 0 0.1 0.2 0.3 0.4 0.5 0.6 0.7 0.8 0.9 1
Fator de empacotamento Fator de empacotamento

Figura 3.17 - Variação da saída de energia elétrica versus o fator de empacotamento (a)
coletor PV/T sem cobertura e para (b) coletor PV/T com uma cobertura. [Adaptado de
Daghigh et al., 2011].

3.5 Policarbonato Alveolar

Materiais poliméricos têm sido propostos como substitutos diretos de envidraçamentos


de vidro com baixo teor de ferro em coletores solares. As economias associadas aos materiais
poliméricos incluem não apenas aquelas associadas à redução de peso, mas também à redução
dos custos de instalação devido à diminuição da fragilidade. As propriedades desejáveis para
materiais poliméricos de envidraçamento incluem: (i) alta transmitância hemisférica através do
46

espectro solar (comprimentos de onda de 300 a 2500 nm), (ii) resistência à degradação
associada à exposição UV e altas temperaturas, e (iii) resistência ao impacto (proteção contra
granizo ou danos causados pelo vento). Idealmente, o polímero também proporcionaria o
benefício da transmissão reduzida no infravermelho, de modo que as perdas radiativas através
do envidraçamento sejam minimizadas. A degradação de polímeros geralmente envolve
fragilização e, no caso de materiais transparentes, "amarelamento". Além disso, a degradação é
acelerada a temperaturas elevadas. Em um modelo de um painel solar de placa plana com
vidros, as temperaturas de envidraçamento são estimadas entre 55 e 90 ° C. Considerando que
a vida útil desejada do coletor é de 10 a 20 anos, o desempenho mecânico do material de vidro
é uma preocupação particular.A Tabela 3.1 resume as propriedades ópticas e mecânicas
desejadas para materiais poliméricos de envidraçamento [Köhl et al, 2012].

Tabela 3.1 - Propriedades desejadas para materiais de vidro poliméricos.

Característica Faixa desejada


Transmissividade Hemisférica Comparando com o vidro >90%.
Resistência UV Nenhuma degradação no desempenho mecânico ou óptico.
Temperatura de serviço >100°C.
Resistência ao impacto (danos
Comportamento dúctil ao longo da vida.
causados por granizo e vento)
Resistência a ruptura Comportamento dúctil ao longo da vida.
Vida útil 10 à 20 anos.

No início dos anos 1980, pesquisas significativas foram dedicadas ao uso de materiais
poliméricos. Para a seleção de cobertura de um coletor térmico, o material deve ter alta
transmitância em todo o espectro solar e devem resistir à exposição de longo prazo (10 a 20
anos) a condições de operação, incluindo temperaturas operacionais elevadas (55 - 90°C) e luz
solar ultravioleta (UV). Também deve manter a integridade mecânica (por exemplo, resistência
ao impacto e rigidez à flexão) sob essas duras tensões ambientais [Raman et al, 2000].
Materiais de isolamento transparentes (TIM) representam uma nova classe de isolamento
térmico em que espaços de ar e espaços evacuados são usados para reduzir as perdas de calor
indesejadas. Consiste em uma matriz celular transparente (favo de mel) imersa em uma camada
de ar. As camadas de ar são semelhantes aos materiais de isolamento convencionais no que diz
respeito à colocação de espaços de ar no meio sólido transparente. TIM são transparentes ao
sol, mas fornecem bom isolamento térmico. Eles são uma grande promessa para aplicação no
aumento do ganho solar de sistemas de energia térmica ao ar livre. A transmitância solar e o
47

coeficiente de perda de calor são os dois parâmetros utilizados para sua caracterização. O
princípio físico fundamental usado no TIM é a diferença de comprimento de onda entre a
radiação solar que é recebida pelo absorvedor e a radiação IV que é emitida pelo absorvedor. A
As vantagens das construções poliméricas celulares incluem o baixo peso específico - o
policarbonato celular é 16 vezes mais leve que o vidro. Exige menos custos para estruturas de
suporte; alta resistência ao impacto – sendo um polímero resistente, policarbonato 200 vezes
mais resistente que o vidro; baixa inflamabilidade e, ao contrário de outros plásticos, não
liberam substâncias tóxicas; alta transmissão de radiação até 86 %; ampla faixa de condições
de temperatura em operação: de -40 °С a 120°С; a expansão térmica máxima em ΔТ = 80 ºС é
de 2,5 mm/m; os painéis de policarbonato celular resistem a cargas consideráveis de vento e
neve, são resistentes ao impacto de granizo [Piznak et al., 2013].
Em 1992, Rommel e Wagner, mostraram que as propriedades do TIM, conforme descrito
na seção 2), para um policarbonato alveolar, como exemplo, permitem que o projeto de sistemas
coletores térmicos tenha perdas de calor pela cobertura abaixo de 1 W/m²K, enquanto ainda
possuem uma alta transmitância solar. As medições em um sistema de armazenamento coletor
integrado mostram que sistemas de coletores térmicos simplificados podem ser desenvolvidos
com a ajuda de TIMs. Coletores de placa plana aprimorados com policarbonato mostram que
tais coletores atingem altas eficiências, especialmente para temperaturas do sistema acima de
80 °C. Por outro lado, a melhoria dos coletores leva a altas temperaturas de estagnação que
causam problemas materiais. Os autores afirmaram que, no futuro, temperaturas ainda mais
altas podem ser alcançadas com melhores TIMs e novos designs de coletores.
Kessentini et al., 2014, desenvolveram um coletor de placa plana com materiais isolantes
plásticos transparentes (TIM) e um sistema de proteção contra superaquecimento de baixo custo
destinado ao fornecimento de calor de 80º a 120º C a foi apresentado. Um canal de ventilação
com uma porta acionada termicamente foi inserido abaixo do absorvedor, permitindo proteger
o coletor de condições de estagnação, preservando o bom desempenho durante sua operação,
como mostra na Figura 3.18.
Este coletor destinou-se a ter, não apenas um desempenho comparável com os coletores
solares comerciais disponíveis, mas também baixo custo. Para tal, construiu-se e testou-se
experimentalmente um protótipo e em paralelo implementou-se um modelo numérico. O
modelo numérico proposto é baseado na resolução dos diferentes componentes do coletor solar
por meio de uma plataforma modular orientada a objetos. A Figura 3.19 indica a curva de
eficiência estimada com base na área de absorção do coletor solar estudado (2), onde é
comparada com um coletor térmico de placa plana padrão (1), um coletor de vidro duplo (3), e
48

um coletor de tubo à vácuo (4). A curva de eficiência do coletor do protótipo estudado é menor
que a curva do coletor de tubos de vácuo mas espera-se que seu custo seja significativamente
mais econômico.

Figura 3.18 - Visão transversal do coletor de placa plana estudado com TIM e canal de
ventilação [Adaptado de Kessentini et al., 2014].

0.8
Eficiência térmica [η]

4
0.6

0.4
3
0.2 2
1
0
0 0.02 0.04 0.06 0.08 0.1 0.12
(Te-Ta)/Gt [m²K/W]

Figura 3.19 - Curva de eficiência térmica do coletor térmico placa plana padrão (1); curva
experimental do protótipo estudado (2); coletor térmico placa plana de vidro duplo (3); tubos
evacuados (4). [Adaptado de Kessentini et al., 2014]

Em Toro et al, 2015, foram feitas medições da transmitância do policarbonato alveolar


claro de 6 e 10 mm de espessura para diferentes ângulos de incidência para cada uma das
49

direções das aletas, horizontal e vertical. Foi corroborada a dependência da transmitância do


policarbonato alveolar com respeito à orientação das aletas de reforço internas, tendo o
policarbonato de espessura de 6 mm apresentando melhores resultados na orientação horizontal
das aletas, enquanto o policarbonato de 10 mm de espessura obteve melhor desempenho na
orientação vertical das aletas, como pode ser visualizado na Tabela 3.3. A Figura 3.20 mostra
um esquema das possíveis reflexões no interior de uma seção do policarbonato alveolar.

Tabela 3.2 - Transmitância do policarbonato alveolar de 6 e 10 mm de espessura para


um ângulo de incidência de 39° e orientação das aletas horizontal e vertical [Toro et al.,2015].

Ângulo de Espessura policarbonato


Direção Transmitância
incidência alveolar
39° 10 mm Horizontal 67%
39° 10 mm Vertical 69%
39° 6 mm Horizontal 78%
39° 6 mm Vertical 65%

Figura 3.20 - Possíveis refletâncias ao interior de uma seção do policarbonato [Toro et al.,
2015].
50

4 METODOLOGIA

4.1 Projeto do coletor híbrido térmico fotovoltaico

Como foi descrito no Capítulo 1, a diminuição do custo dos módulos fotovoltaicos pode
possibilitar a utilização de coletores híbridos PV/T com a finalidade de aquecer água em
temperaturas adequadas para uso doméstico. Esse aquecimento pode ser aplicado mesmo nos
locais em que a temperatura ambiente é baixa, como no inverno na Região Sul do Brasil. Ao
aproveitar esta redução no custo dos módulos, é possível permutar a perda parcial de eficiência
elétrica, ao entrepor uma cobertura entre módulo e a radiação que o incide, por um ganho na
eficiência térmica para aquecimento de água no inverno.
A maneira de aproveitar o benefício do custo mais baixo dos módulos fotovoltaicos é
adaptando o coletor de conversão térmica às dimensões relativamente padronizadas dos
módulos fotovoltaicos. A Figura 4.1 mostra que, de 2009 a 2018, as potências dos módulos
aumentaram de 230 Wpico para 315Wpico enquanto suas dimensões continuavam tipicamente
as mesmas, largura de 992 mm e altura de 1650 mm. Caso contrário, a montagem dos coletores
híbridos iria exigir módulos fotovoltaicos fabricados de forma “customizada”, onde um dos
principais motivos pelo baixo custo, o fator escala da fabricação em massa, seria perdido.

Figura 4.1 – Evolução do tamanho dos módulos fotovoltaicos e a densidade de potência.


[Adaptado de Solar Energy UK, 2021].
51

Esta decisão incorpora igualmente encontrar uma solução que permita a montagem dos
coletores híbridos com a mesma facilidade com que hoje são montados os arranjos fotovoltaicos
em telhados. Apesar de que a partir de 2021 tenha aumentado a oferta de módulos de maiores
dimensões e potências, as dimensões “típicas” persistem no mercado.
Para aproveitar o benefício dos custos mais baixo dos módulos fotovoltaicos e que a
montagem dos coletores híbridos tenha a mesma facilidade com que hoje são montados os
arranjos fotovoltaicos em telhados foram feitas adaptações na parte de conversão térmica com
dimensões relativamente padronizadas dos módulos fotovoltaicos foram feitas duas
modificações em relação a uma grade convencional de coletores térmicos: (1) um
distanciamento maior entre os tubos de distribuição da área central do coletor, desviando da
caixa by-pass existente no módulo. e (2) a inserção de uma curvatura de 45° nos terminais dos
tubos de distribuição, desviando da moldura que compões os módulos, conforme Figura 4.2. O
material utilizado na produção desse trocador de calor foi o cobre por ter uma condutividade
térmica alta.

Figura 4.2 - Configuração do trocador de calor chapa-tubo introduzido na parte posterior do


módulo FV e suas medidas.

Para a comparação dos comportamentos térmico e elétrico dos coletores com e sem
cobertura, foi instalada uma cobertura de policarbonato alveolar no segundo coletor PV/T
montado. O resultado da montagem dos dois coletores híbridos térmicos fotovoltaicos, sem e
com cobertura, podem ser visualizados nas Figura 4.3 (a) e (b).
52

(a) (b)

Figura 4.3 - Camadas que compõem o coletor híbrido térmico fotovoltaico sem cobertura
(a) e o com cobertura de policarbonato (b).

4.2 Modelagem analítica

4.2.1 Circuito térmico equivalente do coletor híbrido sem cobertura de policarbonato

A radiação solar que incide sobre um coletor é absorvida em grande parte e transferida ao
fluido de trabalho, isso resulta em energia útil para o aquecimento do fluido. O restante é
perdido para o meio ambiente nas redondezas, conforme estabelece a 2ª Lei da Termodinâmica.
O modelo físico do coletor PV/T de chapa e o tubo sem cobertura estudado no presente trabalho
é mostrado na Figura 4.4.
Para uma abordagem sobre o modelo analítico dos coletores híbridos térmicos
fotovoltaicos foram assumidas algumas hipóteses simplificadoras. Para esclarecer a
nomenclatura utilizada, o módulo fotovoltaico é considerado como o conjunto das células e dos
polímeros encapsulantes e o filme posterior, com exceção do vidro e da moldura de alumínio.
Essas premissas foram estipuladas para facilitar uma análise teórica sobre o comportamento
desses coletores. Essas hipóteses são:
1) As propriedades físicas dos componentes dos coletores PV/T são constantes;
2) Como cada componente do módulo fotovoltaico tem uma espessura muito pequena,
e para simplificar os cálculos, foi considerado como uma única camada com temperatura
uniforme;
3) A vazão da água nos tubos é uniforme;
4) O sistema funciona em regime permanente;
5) A condução de calor é unidimensional em z;
53

6) A energia incidente no sistema que não é cedida ao ambiente externo ou convertida


em eletricidade é absorvida pelo trocador de calor;

Figura 4.4 - Esquema do coletor PV/T sem cobertura indicando os mecanismos de


transferência de calor, as isotermas, e as taxas.

4.3 Equacionamento coletor PV/T sem cobertura e com camada de ar entre o módulo
FV e a placa de cobre:

A partir das hipóteses simplificadoras, o circuito térmico para o coletor PV/T sem
cobertura pode ser montado segundo a Figura 4.5. A camada de ar entre o módulo fotovoltaico
e a placa de cobre foi inserida nos cálculos pois, na montagem inicial, a placa foi apenas
encaixada atrás do módulo.

Figura 4.5 - Circuito térmico para o coletor PV/T sem cobertura.

Analisando as perdas térmicas pelo topo do coletor, tem-se que


54

𝐺𝑡 (𝜏𝑣 𝛼𝐹𝑉 ) − 𝑞𝑒𝑙𝑒 − 𝑞𝑡𝑜𝑝𝑜 − 𝑞𝐹𝑉 = 0 (4.1)

na qual 𝜏𝑣 é a transmissividade do vidro e 𝛼𝐹𝑉 é a absortividade das células que compõem o


módulo fotovoltaico, 𝑞𝑒𝑙𝑒 é a potência elétrica produzida por metro quadrado pelo módulo FV,
𝑞𝑡𝑜𝑝𝑜 é o fluxo de calor no topo do coletor PV/T, em W/m², 𝑞𝐹𝑉 é o fluxo de calor que chega
na placa de cobre, em W/m², com calor uniforme na direção x e equivale ao S citado
anteriormente.
Para determinar o valor de 𝑞𝐹𝑉 , a temperatura da placa de cobre (Tp) foi considerada
uniforme e conhecida. Nesta etapa, o fluxo de calor foi considerado apenas na direção y.

𝑞𝐹𝑉 = 𝐺𝑡 (𝜏𝑣 𝛼𝐹𝑉 ) − 𝑞𝑒𝑙𝑒 − 𝑞𝑡𝑜𝑝𝑜 (4.2)

Sabendo que os parâmetros de irradiância total (Gt), temperaturas de entrada e saída do


fluido (Te e Ts), vazão mássica (𝑚̇), potência elétrica (Pele), temperatura do módulo (TFV),
temperatura ambiente (Ta) e velocidade do vento (vw) são medidos experimentalmente,
determinou-se o valor de 𝑞𝑡𝑜𝑝𝑜 por uma programação usando a linguagem Python, onde
1- Atribui-se o valor da temperatura do vidro inicial, considerando Tv = TFV -1;
2- Calculou-se o valor do fluxo de calor por condução entre o vidro e o módulo FV
𝑘𝑣
com 𝑞𝑐𝑜𝑛𝑑 = (𝑇𝐹𝑉 − 𝑇𝑣 );
𝑒𝑣

3- Calculou-se o valor do fluxo de calor por convecção no topo dado como 𝑞𝑐𝑜𝑛𝑣 =
ℎ𝑤 (𝑇𝑣 − 𝑇𝑎 ), sendo que ℎ𝑤 = 2,8 + 3𝑣𝑤 [Watmuff et al., 1977];
4- Calculou-se o valor do fluxo de calor por radiação no topo com 𝑞𝑟𝑎𝑑 = 𝜎𝜀𝑣 (𝑇𝑣4 −
4
𝑇𝑐é𝑢 ), sendo que a temperatura do céu é dada por 𝑇𝑐é𝑢 = 0,037536𝑇𝑎1,5 + 0,32𝑇𝑎
[Fuentes, 1987];
5- Calculou-se a diferença “R” como 𝑅 = 𝑞𝑐𝑜𝑛𝑑 − (𝑞𝑐𝑜𝑛𝑣 + 𝑞𝑟𝑎𝑑 );
6- Ajustou-se o valor de Tv: se 𝑅 > 0 e |𝑅| > 2, então 𝑇𝑣 = 𝑇𝑣 + 0,1, mas se 𝑅 <
0 e |𝑅| > 2, então 𝑇𝑣 = 𝑇𝑣 − 0,1;
7- Após o ajuste, tem-se que 𝑞𝑐𝑜𝑛𝑑 = 𝑞𝑡𝑜𝑝𝑜 ou 𝑞𝑐𝑜𝑛𝑣 + 𝑞𝑟𝑎𝑑 = 𝑞𝑡𝑜𝑝𝑜 .
no qual kv, ev e εv são a condutividade térmica, a espessura, e a emissividade do vidro,
respectivamente, hw é o coeficiente de convecção, e vw a velocidade do vento e Ta é a
temperatura ambiente.
Calculando o valor de qtopo com o valor da absortância estimada, foi possível encontrar o
valor de qFV pela Eq. 4.2. Sabendo os valores de qFV e admitindo que o valor da temperatura da
55

placa de cobre (Tp) é a temperatura média aritmética das temperaturas do fluido de entrada e
saída do fluido que passa no coletor, pode-se estimar o valor da resistência do ar entre a camada
do módulo fotovoltaico e a placa de cobre por

𝑇𝐹𝑉 − 𝑇𝑝
𝑞𝐹𝑉 = (4.3)
𝑅𝑎𝑟

O balanço térmico na placa de cobre que compõe o coletor híbrido térmico fotovoltaico
estudado pode ser dado por

𝑞𝑢 = 𝑞𝐹𝑉 − 𝑞𝑓𝑢𝑛𝑑𝑜𝑠 − 𝑞𝑙𝑎𝑡 (4.4)

na qual qu é a quantidade de calor útil por unidade de área, qfundos e qlat são as perdas de calor
pela parte traseira e laterais do coletor PV/T, respectivamente, e são calculados por

𝑘𝑖𝑠𝑜
𝑞𝑓𝑢𝑛𝑑𝑜𝑠 = (𝑇 − 𝑇𝑏 ) (4.5)
𝑒𝑖𝑠𝑜 𝑝

𝐴𝑙𝑎𝑡
𝑞𝑙𝑎𝑡 = ℎ (𝑇 − 𝑇𝑎 ) (4.6)
𝐴𝑡 𝑤 𝑙𝑎𝑡

na qual Tb é a temperatura da parte posterior e Tlat é a temperatura da lateral, Alat e AT são a área
lateral e total do coletor híbrido térmico fotovoltaico, kiso e eiso são a condutividade térmica e a
espessura do isolante, respectivamente.
Para estimar o valor da absortividade das células que compõe o módulo FV (αFV) foram
utilizados dados experimentais quando a potência do módulo não foi medida (parte elétrica
desligada), ou seja, a corrente igual a zero (I=0), então 𝐺𝑇 (𝜏𝑣 𝛼𝐹𝑉 ) − 𝑞𝑡𝑜𝑝𝑜 = 𝑞𝐹𝑉 . Também
foram utilizados dados experimentais onde a temperatura de entrada do fluido é semelhante a
temperatura de saída do fluido (Te ≈ Ts), isto é, qu = 0, então 𝑞𝐹𝑉 = 𝑞𝑓𝑢𝑛𝑑𝑜𝑠 − 𝑞𝑙𝑎𝑡 .
A eficiência total do coletor híbrido, ou seja, eficiência térmica mais a eficiência elétrica
é dada por

(𝑃𝑒𝑙𝑒 + (𝑚̇𝐶𝑝 (𝑇𝑠 − 𝑇𝑒 ))


𝜂𝑡𝑜𝑡𝑎𝑙 = (4.7)
𝐺𝑡 𝐴𝑐

na qual Pele é a potência elétrica produzida pelo módulo fotovoltaico e Ac é a área da parte
56

térmica do coletor PV/T.

4.4 Equacionamento do coletor PV/T com cobertura de policarbonato alveolar e com


camada de ar entre o módulo FV e a placa de cobre:

No caso do coletor híbrido térmico fotovoltaico onde foi inserida como cobertura uma
placa de policarbonato alveolar tem-se, a partir das mesmas hipóteses simplificadoras, o
diagrama apresentado na Figura 4.6 e o circuito térmico para o coletor PV/T com cobertura,
indicado na Figura 4.7.

Figura 4.6 - Esquema do coletor PV/T com cobertura de policarbonato indicando os


mecanismos de transferência de calor, as isotermas, e as taxas.

Figura 4.7 - Circuito térmico para o coletor PV/T com cobertura de policarbonato alveolar.

4.4.1 Balanço de energia na camada do policarbonato


57

Fazendo o balanço energético na camada do policarbonato, tem-se que

𝑞𝑟𝑎𝑑 + 𝑞𝑐𝑜𝑛𝑣 = 𝑞𝑣−𝑝𝑜𝑙 (4.8)

na qual qv-pol é a fluxo de calor que passa entre a camada de vidro e do policarbonato. A Equação
4.8 pode ser escrita como

4 4
(𝑇𝑣 − 𝑇𝑝𝑜𝑙 )
𝜎𝜀𝑝𝑜𝑙 (𝑇𝑝𝑜𝑙 − 𝑇𝑐é𝑢 ) + ℎ𝑤 (𝑇𝑝𝑜𝑙 − 𝑇𝑎 ) = (4.9)
𝑅𝑎𝑟+𝑝𝑜𝑙

na qual Tpol, e εpol são a temperatura do topo e a emissividade, respectivamente, do policarbonato


alveolar, e Rar+pol é a resistência térmica da camada do policarbonato e do ar que integra a parte
superior do coletor PV/T com cobertura.

4.4.2 Balanço de energia na camada do vidro

As equações de balanço energético na camada de vidro são dadas por

𝑞𝑣−𝑝𝑜𝑙 = 𝑞𝐹𝑉−𝑣 (4.10)

podendo ser escrita como

𝑇𝑣 − 𝑇𝑝𝑜𝑙 𝑘𝑣
= (𝑇𝐹𝑉 − 𝑇𝑣 ) (4.11)
𝑅𝑎𝑟+𝑝𝑜𝑙 𝑒𝑣

na qual qFV-v é a taxa de energia que passa por condução entre a camada do módulo fotovoltaico
e a camada de vidro.

4.4.3 Balanço de energia na camada do módulo fotovoltaico

No ponto da temperatura do módulo fotovoltaico, o balanço de energia térmica é dado


por

𝐺𝑡 (𝜏𝑣 𝛼𝐹𝑉 )𝜏𝑝𝑜𝑙 = 𝑞𝐹𝑉−𝑣 + 𝑞𝑒𝑙𝑒 + 𝑞𝐹𝑉−𝑝 (4.12)

na qual qFV-p é a quantidade de calor entre a camada do módulo fotovoltaico e a placa de cobre.
Podendo ser escrita como
58

𝑘𝑣 𝑃𝑒𝑙𝑒 (𝑇𝐹𝑉 − 𝑇𝑝 )
𝐺𝑡 (𝜏𝑣 𝛼𝐹𝑉 )𝜏𝑝𝑜𝑙 = (𝑇𝐹𝑉 − 𝑇𝑣 ) + + (4.13)
𝑒𝑣 𝐴𝑡 𝑅𝑎𝑟

na qual τpol é a transmitância do policarbonato alveolar.

4.4.4 Balanço de energia na camada da placa de cobre

𝑞𝑢 = 𝑞𝐹𝑉−𝑝 − 𝑞𝑓𝑢𝑛𝑑𝑜𝑠 − 𝑞𝑙𝑎𝑡 (4.14)

na qual 𝑞𝐹𝑉−𝑝 é dado por

𝑇𝐹𝑉 − 𝑇𝑝
𝑞𝐹𝑉−𝑝 = (4.15)
𝑅𝑎𝑟

4.5 Distribuição de temperatura entre os tubos na direção do fluxo e fator de


eficiência do coletor

O cálculo da distribuição de temperatura entre os tubos foi realizado aplicando o


desenvolvimento de Duffie e Beckman, 2013, porém, introduzindo as modificações necessárias
para esta distribuição da grade de tubos. A distribuição de temperatura entre dois tubos pode
ser calculada assumindo temporariamente que o gradiente de temperatura na direção do fluxo
é desprezível, e considerando a configuração de tubo e chapa mostrada na Figura 4.8.

Figura 4.8 –Dimensões da configuração chapa e tubo [Adaptado de Duffie Beckman, 2013].

A distância entre os tubos é W, o diâmetro externo do tubo é Dext e a chapa é fina, com
uma espessura ep. Como o material da chapa é de cobre, sendo um bom condutor, o gradiente
de temperatura na direção z pode ser desprezado. Assumindo que a chapa de cobre acima da
solda está com uma temperatura Tp, a região entre a linha central que separa os tubos e a base
do tubo pode ser considerada como um problema clássico da aleta. A aleta, mostrada na Figura
59

4.9(a), é de comprimento (𝑊 − 𝐷𝑒𝑥𝑡 )/2. O elemento encontra-se a uma distância x da ponta


adiabática e comprimento do elemento infinitesimal Δx mostrada na Figura 4.9(b).

(a) (b)

Figura 4.9 – Balanço de energia na aleta [Adaptado de Duffie e Beckman, 2013].

O termo S, utilizado na origem das equações para um coletor solar convencional, se


referia ao fluxo de energia solar efetivamente absorvido pela placa metálica, mas no contexto
desta Tese o S equivale ao 𝑞𝐹𝑉 antes apresentado. O balanço energético é dado por

𝑑𝑇 𝑑𝑇
𝑞𝐹𝑉 ∆𝑥 − 𝑈𝐿 ∆𝑥(𝑇 − 𝑇𝑎 ) + (−𝑘𝑝 𝑒𝑝 )| − (−𝑘𝑝 𝑒𝑝 )| =0 (4.16)
𝑑𝑥 𝑥 𝑑𝑥 𝑥+∆𝑥

Dividindo por Δx e tomando o limite quando Δx se aproxima de zero, então

𝑑2𝑇 𝑈𝐿 𝑞𝐹𝑉
2
= (𝑇 − 𝑇𝑎 − ) (4.17)
𝑑𝑥 𝑘𝑝 𝑒𝑝 𝑈𝐿

𝑑𝑇
Aplicando as condições de contorno na direção x, | e 𝑇|𝑥=(𝑊𝐶 −𝐷𝑒𝑥𝑡)/2 = 𝑇𝑝 , chega-
𝑑𝑥 𝑥=0

se à equação para calcular T(x) em cada ponto de um corte transversal.

𝑇(𝑥) − 𝑇𝑎 − 𝑞𝐹𝑉 /𝑈𝐿 cosh 𝑚𝑥


= (4.18)
𝑇𝑝 − 𝑇𝑎 − 𝑞𝐹𝑉 /𝑈𝐿 cosh 𝑚(𝑊 − 𝐷𝑒𝑥𝑡 )/2

𝑈𝐿
𝑚=√ (4.19)
𝑘𝑝 𝑒𝑝

no qual kp e ep são a condutividade térmica, em W/mK, e a espessura, em m, da placa


60

absorvedora.
Na Figura 4.2 observa-se que o valor de W no centro do coletor é maior, fazendo com que
a distribuição de temperatura da placa absorvedora do coletor PV/T construído se assemelhe ao
que consta na Figura 4.10.

Figura 4.10 – Distribuição da temperatura da placa absorvedora do coletor PV/T construído


na direção do eixo x.

A energia conduzida para a região do tubo por unidade de comprimento na direção do


fluxo pode agora ser encontrada avaliando a equação de Fourier na base da aleta.


𝑑𝑇
𝑞𝑓𝑖𝑛 = −𝑘𝑝 𝑒𝑝 |
𝑑𝑥 𝑥=𝑊−𝐷
2 (4.20)
𝑘𝑝 𝑒𝑝 𝑚(𝑊 − 𝐷𝑒𝑥𝑡 )
= 𝑚[𝑞𝐹𝑉 − 𝑈𝐿 (𝑇𝑝 − 𝑇𝑎 )]tanh
𝑈𝐿 2

𝑘𝑝 𝑒𝑝
Porém, o termo 𝑚 é apenas 1/m. A Equação 4.20 considera a energia recebida em
𝑈𝐿

apenas um lado de um tubo; para ambos os lados, a energia é dada por


tanh(𝑚(𝑊 − 𝐷𝑒𝑥𝑡 )/2)
𝑞𝑓𝑖𝑛 = (𝑊 − 𝐷𝑒𝑥𝑡 )[𝑞𝐹𝑉 − 𝑈𝐿 (𝑇𝑝 − 𝑇𝑎 )] (4.21)
𝑚(𝑊 − 𝐷𝑒𝑥𝑡 )/2

Podendo ser escrita como


𝑞𝑓𝑖𝑛 = (𝑊 − 𝐷𝑒𝑥𝑡 )𝐹[𝑞𝐹𝑉 − 𝑈𝐿 (𝑇𝑝 − 𝑇𝑎 )] (4.22)
na qual

tanh(𝑚(𝑊 − 𝐷𝑒𝑥𝑡 )/2)


𝐹= (4.23)
𝑚(𝑊 − 𝐷𝑒𝑥𝑡 )/2

na qual F é a eficiência da aleta reta e com perfil retangular com extremidade adiabática.
61

Obtendo uma expressão para o ganho útil em termos das dimensões conhecidas,
parâmetros físicos e a temperatura local do fluido, tem-se que

𝑞𝑢′ = 𝑊𝐹 ′ [𝑞𝐹𝑉 − 𝑈𝐿 (𝑇𝑓 − 𝑇𝑎 )] (4.24)

na qual Tf é a temperatura do fluido, e F’ é o fator de eficiência do coletor dado por

1⁄
′ 𝑈𝐿
𝐹 = (4.25)
1 1 1
𝑊[ + + ]
𝑈𝐿 [𝐷𝑒𝑥𝑡 + (𝑊 − 𝐷𝑒𝑥𝑡 )𝐹 𝐶𝑏 𝜋𝐷𝑖 ℎ𝑓𝑖

na qual Cb é a condutância da solda entre o tubo e a placa absorvedora, Di é o diâmetro interno


do tubo, e hfi é o coeficiente de transferência de calor por convecção do fluido.
O ganho útil por unidade de comprimento de fluxo transferido para o fluido, que entra no
coletor com temperatura Tfi e, aumenta a temperatura até a saída, é Tf. Referindo-se à Figura
4.11, pode-se expressar um balanço de energia no fluido que flui através de um único tubo de
comprimento y, como [Duffie e Beckman, 2013]

𝑚̇ 𝑚̇
( ) 𝐶𝑝 𝑇𝑓 |𝑦 − ( ) 𝐶𝑝 𝑇𝑓 |𝑦+∆𝑦 + ∆𝑦𝑞′𝑢 = 0 (4.26)
𝑛 𝑛

Figura 4.11 – Balanço de energia no fluido. [Adaptado de Duffie e Beckman, 2013].


Na direção y os tubos têm o comportamento de um coletor tradicional, com exceção das
pontas da grade, onde não haverá calor agregado porque os tubos separam-se da chapa. Na
seção vinculada à chapa, a temperatura do fluido na posição y se distribui conforme

𝑇𝑓 − 𝑇𝑎 − 𝑞𝐹𝑉 /𝑈𝐿 𝑈𝐿 𝑛𝑊𝐹′𝑦


= 𝑒𝑥𝑝 (− ) (4.27)
𝑇𝑓𝑖 − 𝑇𝑎 − 𝑞𝐹𝑉 /𝑈𝐿 𝑚̇𝐶𝑝
ou
62

𝑇𝑓 − 𝑇𝑎 − 𝑞𝐹𝑉 /𝑈𝐿 𝑈𝐿 𝐴𝑐 𝐹′
= 𝑒𝑥𝑝 (− ) (4.28)
𝑇𝑓𝑖 − 𝑇𝑎 − 𝑞𝐹𝑉 /𝑈𝐿 𝑚̇𝐶𝑝

As Equações 4.27 e 4.28 podem determinar a temperatura do fluido na saída do coletor


substituindo o y pelo comprimento do tubo.

4.6 Equacionamento do coletor PV/T preenchido com adesivo de silicone entre o módulo
FV e a placa de cobre

Quando foi realizada a montagem inicial dos coletores híbridos, a placa de cobre foi
apenas encaixada na parte inferior do módulo fotovoltaico e a camada de ar formada entre o
módulo FV e a mesma tem como consequência uma resistência térmica que dificulta a
transferência de calor recebida da parte superior para o fluido de trabalho, mas por outro lado
permitia desmontar com relativa facilidade. Em um segundo momento este espaço foi
preenchido por uma camada de silicone comercial com a intenção de reduzir aquela resistência
térmica, tendo em vista que a condutividade do adesivo de silicone é muito superior à
condutividade térmica do ar.
Utilizaram-se as mesmas equações do caso do coletor PV/T sem cobertura com camada
de ar. Porém, a resistência do ar entre o módulo FV e a placa de cobre é substituída pela
resistência do adesivo de silicone adicionada nos coletores (Rsil).
Para obter os valores de Rsil e Rar+pol, foram feitas medidas durante o período da noite,
onde a irradiância é igual a zero. Com essas medidas foi encontrada a condutância entre o
módulo e a placa de cobre com o equacionamento descrito a seguir.
O fluxo de calor 𝑞𝐹𝑉−𝑝 fica modificado em valores, pois ao invés da Equação 4.3 usar
Rar, usará Rsil, a resistência com o valor substituto devido ao adesivo de silicone pode ser
expressa por
𝑇𝐹𝑉 − 𝑇𝑝
𝑞𝐹𝑉−𝑝 = (4.32)
𝑅𝑠𝑖𝑙

A potência térmica entregue ao ambiente é dada por

𝑚̇𝐶𝑝 (𝑇𝑠 − 𝑇𝑒 )
𝑞𝑡 = (4.33)
𝐴𝐶

O fluxo de calor pelo fundo é dado por

𝑘𝑖𝑠𝑜
𝑞𝑓𝑢𝑛𝑑𝑜𝑠 = (𝑇 − 𝑇𝑏 ) (4.34)
𝑒𝑖𝑠𝑜 𝑝
63

As perdas pelo topo do vidro que compõe o módulo FV podem ser calculadas por

𝑞𝑡𝑜𝑝𝑜 = 𝑞𝑡 − 𝑞𝑓𝑢𝑛𝑑𝑜𝑠 − 𝑞𝑙𝑎𝑡 (4.35)

Tendo o valor de qtopo, pode-se encontrar o gradiente de temperatura no vidro (Tv), sendo
que

𝑘𝑣
𝑞𝑡𝑜𝑝𝑜 = ∆𝑇 (4.36)
𝑒𝑣

Podendo ser escrito como

𝑞𝑡𝑜𝑝𝑜 𝑒𝑣
∆𝑇 = (4.37)
𝑘𝑣

A temperatura da superfície do vidro pode ser calculada como

𝑇𝑣 = 𝑇𝐹𝑉 − ∆𝑇 (4.38)

Com isso, a condutância entre o módulo FV e a placa de cobre é dada por

𝑞𝑡𝑜𝑝𝑜 𝐴𝑐
𝐶𝑏 = (4.39)
𝑇𝐹𝑉 − 𝑇𝑝

Para o caso do coletor com a cobertura e com a camada de cola, é preciso estimar a
temperatura do policarbonato (Tpol). Para isso, tem-se que

4 4
𝑞𝑡𝑜𝑝𝑜 = ℎ𝑤 𝐴𝑡 (𝑇𝑝𝑜𝑙 − 𝑇𝑎 ) + 𝜎𝜀𝑝𝑜𝑙 𝐴𝑡 (𝑇𝑝𝑜𝑙 − 𝑇𝑐é𝑢 ) (4.40)

Com as Equações 4.25 e 4.30 encontra-se o valor de Tpol e sabendo que 𝑞𝑣−𝑝𝑜𝑙 = 𝑞𝑡𝑜𝑝𝑜 ,
ou seja,

𝑇𝑣 − 𝑇𝑝𝑜𝑙
𝑞𝑡𝑜𝑝𝑜 = (4.41)
𝑅𝑎𝑟+𝑝𝑜𝑙

4.7 Estimativa da temperatura das células fotovoltaicas a partir de dados


meteorológicos.
64

Os equacionamentos apresentados permitem analisar o comportamento térmico dos


coletores PV/T a partir de alguns parâmetros conhecidos, mas seria de grande utilidade transpor
eventual informação de dados de irradiância solar para a temperatura dos módulos
fotovoltaicos, os quais serão a fonte térmica do sistema de aquecimento. A equação 2.33, apesar
de muito simples, tem demonstrado, ao longo de muitos anos, ter uma confiabilidade bastante
alta, tanto que persiste nos modelos de conversão fotovoltaica atuais. Esta equação linear é
válida para módulos fotovoltaicos convencionais, mas coletores PV/T também devem ter uma
correlação entre as temperaturas dos módulos fotovoltaicos que os compõe e a irradiância solar
incidente. O básico da Equação 2.33 é que o aumento da temperatura de um módulo
fotovoltaico sobre a temperatura ambiente é proporcional à irradiância solar, passando por zero
na expectativa de que sem irradiância solar a temperatura do módulo deveria ser igual à
temperatura ambiente. No caso dos PV/T, além da temperatura ambiente, há de se levar em
conta a temperatura do fluido que circula pelo absorvedor que, de certa forma, atua como
arrefecedor do módulo. Aproveitando o fato de que, nas vazões recomendadas para os coletores
solares, o aumento de temperatura em cada passagem do fluido não represente um valor alto, é
possível deduzir que haverá uma dependência dos coeficientes angulares das correlações com
a própria temperatura de entrada.
Em um sistema doméstico de aquecimento solar a temperatura de entrada dos coletores é
a do fluido que provém do fundo do reservatório térmico, podendo ser estabelecida dentro de
um procedimento de cálculo como um dado conhecido, mesmo que varie ao longo do tempo.
A possibilidade de estimar a temperatura dos módulos fotovoltaicos inseridos nos coletores
PV/T a partir de dados como irradiância solar e temperatura ambiente, além da temperatura de
entrada, permite uma avaliação mais completa do comportamento das instalações. Assim se
propõe analisar os dados medidos para obter valores para equações

𝑇𝐹𝑉 = 𝑇𝑎 + (𝐾(𝑇𝑎 , 𝑇𝑒 ))𝐺𝑡 (4.42)

no qual K (Ta,Te) é o coeficiente da variação de temperatura com a irradiância que, por sua vez,
é função de Ta e de Te, sendo que haverá um coeficiente KSC e outro KCC para os casos do coletor
sem cobertura e com cobertura, respectivamente

𝐾𝑆𝐶 (𝑇𝑎 , 𝑇𝑒 ) = 𝑎𝑆𝐶 + 𝑏𝑆𝐶 (𝑇𝑒 − 𝑇𝑎 ) (4.43)

𝐾𝐶𝐶 (𝑇𝑎 , 𝑇𝑒 ) = 𝑎𝐶𝐶 + 𝑏𝐶𝐶 (𝑇𝑒 − 𝑇𝑎 ) (4.44)


65

no qual aSC, aCC, bSC e bCC são constantes a determinar a partir de dados experimentais.

4.8 Incertezas das medições

O cálculo de incerteza associada à medida do instrumento utilizado para os dados experimentais


é obtido através da Equação 4.45, que relaciona a leitura do sistema de aquisição de dados, a
incerteza na medida da grandeza e a incerteza no ajuste das curvas experimentais de calibração.

𝑊𝐷 = √(𝑊𝑆 )2 + (𝑊𝐺 )2 + (𝑊𝐴 )2 (4.45)

na qual WD é a incerteza do instrumento de medida, WS é a incerteza do instrumento de aquisição


de dados, WG é a incerteza na medida da grandeza e WA é a incerteza de ajuste da curva de
calibração.
Algumas grandezas não são obtidas diretamente em uma medição, mas podem ser
determinadas indiretamente a partir de cálculos de uma relação já conhecida, na qual se
relacionam com as grandezas medidas diretamente. Para o cálculo da incerteza dessas
grandezas é usado o método de propagação de incerteza de medição. Esse método é um
procedimento onde se estima a propagação do desvio padrão de uma grandeza Y a partir do
desvio padrão de suas variáveis dependentes x1 até xn. Pela Equação 4.46 pode-se obter essa
incerteza [Holman, 1994].

2 2
𝜕𝑌 𝜕𝑌
𝑈𝑟 = √( 𝑢1 ) + ⋯ + ( 𝑢𝑛 ) (4.46)
𝜕𝑥1 𝜕𝑥𝑛

na qual Ur é a incerteza propagada da grandeza Y e u1 e un são as incertezas das grandezas


determinadas diretamente
66

5 MONTAGEM BANCADA EXPERIMENTAL

5.1 Montagem dos coletores híbridos térmicos fotovoltaicos

Dois módulos fotovoltaicos convencionais iguais, disponíveis no Laboratório de Energia


Solar da Universidade Federal do Rio Grande do Sul (LABSOL- UFRGS), foram utilizados
para a montagem dos novos coletores híbridos térmicos fotovoltaicos. Esses dois módulos FV
são da marca QXPV, modelo SL250TU-30P e são de silício policristalino. Na Tabela 5.1 estão
as especificações da parte fotovoltaica dos módulos, segundo fabricante Ningbo Qixin Solar
Electrical Appliance Co, 2013.

Tabela 5.1 - Valores nominais das especificações elétricas dos módulos utilizados.

QXPV, modelo SL250TU-30P Valor Nominal


Potência Máxima [W] 250
Tensão Circuito Aberto [V] 37
Tensão Potência Máxima [V] 31
Corrente Curto Circuito [A] 8,6
Corrente Potência Máxima [A] 8,1
Coeficiente de variação da potência com a
-0,45
temperatura ref [%/°C-1]
NOCT (°C) 47

Sensores de platina tipo PT 100 foram fixados na parte posterior desses dois módulos
convencionais, um na região de entrada do fluido, outro no meio e o terceiro na região de saída
do fluido, como mostrado na Figura 5.1

Figura 5.1 - Posição dos sensores fixados na parte posterior do módulo fotovoltaico.
67

As chapas de cobre confeccionadas foram soldadas nos tubos de cobre aletados, de acordo
com o projeto mostrado na Seção 4.1, e o resultado da montagem do trocador de calor chapa e
tubo pode ser visualizado na Figura 5.2. O trocador de calor chapa e tubo, nesta etapa
preliminar, foi apenas encaixado na parte posterior dos módulos fotovoltaicos utilizado.

Figura 5.2 - Fixação da chapa de cobre nas aletas.

Para fixar a cobertura de policarbonato alveolar no segundo coletor PV/T montado,


cantoneiras de alumínio foram usadas para prender a mesma sobre o módulo fotovoltaico já
existente, como pode ser visto na Figura 5.3. O isolamento posterior utilizado é de espuma de
polietileno de 2 cm de espessura. Para uma melhor fixação desses componentes, foi instalada
uma chapa de alumínio de 0,7 mm de espessura na parte traseira. Sensores de platina tipo PT
100 foram fixados nas chapas de alumínio a fim de medir a temperatura externa dos coletores
PV/T montados, como mostra a Figura 5.4.

Figura 5.3 - Cobertura de policarbonato alveolar fixado acima do módulo fotovoltaico.


68

Figura 5.4 – Sensores PT100 fixados na parte inferior do coletor térmico fotovoltaico.

Os dois módulos fotovoltaicos utilizados são comerciais, com uma área total de 1,62 m²
e compostos por 60 células com dimensões de 0,156 m x 0,156 m. A espessura do vidro que
compões os módulos fotovoltaicos têm espessura de 0,0032 m, segundo o manual do fabricante
Ningbo Qixin Solar Electrical Appliance Co, 2013. As dimensões desses módulos fotovoltaicos
estão indicadas na Figura 5.5.

Figura 5.5 – Dimensões dos dois módulos fotovoltaicos usados.

5.2 Instalação dos coletores na bancada experimental

5.2.1 Ensaios térmicos

O Laboratório de Energia Solar da Universidade Federal do Rio Grande do Sul


(LABSOL- UFRGS) possui uma bancada para ensaios do desempenho de coletores solares
desenvolvida por Manea, 2012, e Rosa, 2012. Esta bancada possibilita ensaios experimentais
69

simultâneos de mais de um coletor térmico, podendo realizar comparações precisas sobre o


comportamento de diferentes tipos e tecnologias de coletores, sob as mesmas condições
meteorológicas. A mesma, permite um giro de 360°, satisfazendo a norma NBR 15747 [ABNT,
2009] que impõe um ângulo de incidência solar de no máximo 20º, e garantindo que os testes
sejam realizados para vários horários ao longo do dia.
Para garantir uma mesma vazão nos dois coletores híbridos térmicos fotovoltaicos, os
mesmos foram instalados em série e o sistema de aquecimento é ativo com circulação forçada.
Isso também garantiu uma economia de instrumentação, pois foi necessária a instalação de
apenas um medidor de vazão e uma bomba hidráulica. Em circuito fechado, a água sai do
tanque, entra e sai do primeiro coletor PV/T sem cobertura. Após sair do primeiro coletor, a
água passa por um trocador de calor para arrefecer e, na sequência, por um aquecedor elétrico
com um controlador de temperatura [Santos, 2016]. Logo após, o fluido passa pelo segundo
coletor híbrido com cobertura voltando para o tanque.
Para a medição de irradiância global incidente foi usado um piranômetro da marca Delta
Ohm, modelo LP PYRA 02, primeira classe conforme ISO 9060 (Standard & Pyranometer
Measurement Accuracy), instalado no mesmo plano dos coletores solares, com uma incerteza
de 3% FDE (FDE=1000 W/m²) aferida por Toro, 2015. O anemômetro da marca NRG#40C
com sensor de três pás de alcance de 1 m/s a 96 m/s foi utilizado para medir a velocidade do
vento. Esses equipamentos citados foram conectados ao equipamento de aquisição de dados da
marca Agilent, modelo 34970A, ligado a um computador para armazenamento dos dados ao
longo de todos os períodos de testes [Ancines, 2016].
As Figuras 5.6 (a) e (b) mostram a bancada montada para obtenção dos dados térmicos.

(a) (b)

Figura 5.6 - Bancada experimental montada: (a) vista frontal e (b) vista traseira.
70

Sensores de platina tipo Pt100 classe A foram utilizados para medir a temperatura
ambiente e as temperaturas da água nas seções de entrada e saída dos dois coletores PV/T. A
utilização e a calibração desses sensores estão descritos em Manea, 2012. A instalação do
circuito hidráulico foi baseada nas recomendações da norma NBR 15747-2 [ABNT, 2009]
composta por uma tubulação de Polipropileno (PPR) isolada termicamente com espuma
elastomérica para evitar as perdas de calor para o meio externo. A bomba hidráulica, para a
circulação de água, é da marca Texius, modelo TBHX-BR, com potência nominal de 100 W e
vazão máxima de 45 L/min, localizada no ponto mais baixo da tubulação em relação ao
reservatório de água para que a própria pressão provocada pela coluna de água empurre o ar da
tubulação de sucção para dentro da bomba, facilitando o trabalho da mesma em eliminar o ar
através da linha de recalque. O medidor de vazão foi utilizado da marca YOKOGAWA, modelo
AXF010G, com diâmetro interno do medidor de 10 mm, podendo medir vazões no intervalo
máximo entre 0 e 47,123 L/min e no intervalo mínimo entre 0 e 0,472 L/min, dispondo de um
sinal de saída de 4 mA a 20 mA associado a esse intervalo de medida. O medidor de vazão foi
também aferido por Toro, 2015, correspondendo a 0,35% de exatidão do valor da velocidade
medida, definindo a equação da reta que caracteriza o medidor [Ancines, 2016]

𝑉𝑣 (𝐼) = 0,75 𝐼 − 3 (5.1)

na qual 𝑉𝑣 (𝐼) é a vazão volumétrica, L/min, e I é a corrente medida, A.


Com a finalidade de melhorar o desempenho da tubulação construída para o fluxo de
água, foram instalados alguns purgadores de ar, já que a água é aquecida liberando o ar
dissolvido, que dificulta a passagem do fluido no decorrer da tubulação, sendo necessária sua
remoção. Também foi instalado um by-pass com válvula de gaveta para auxiliar no controle da
vazão. Esses equipamentos estão indicados na Figura 5.7.

Figura 5.7 - Imagem dos equipamentos utilizados na tubulação do fluxo de água


[Ancines,2016].
71

O filtro foi instalado com o objetivo de diminuir as impurezas da água que passa em toda
tubulação de água, evitando problemas de obstrução no fluxo de água [Ancines, 2016]. A Figura
5.8 indica o sistema montado e seus componentes para a obtenção dos resultados térmicos.

Figura 5.8 - Ilustração do sistema montado e seus componentes.

5.2.2 Ensaios Fotovoltaicos

Para medir os dados experimentais da parte fotovoltaica, dois microinversores foram


instalados, um para cada módulo. Quando os módulos fotovoltaicos estão em operação, a
polarização correspondente ao ponto de máxima potência está variando continuamente com as
condições meteorológicas. Portanto o uso de microinversores conectados a cada módulo é a
forma de fazer com que ambos estejam operando aproximadamente em seu ponto de potência
máxima. Os microinversores utilizados são da marca Serrana Solar On Grid. As especificações
do microinversor, segundo o fabricante Serrana Solar, estão indicadas na Tabela 5.2. O modelo
de microinversor pode ser visto na Figura 5.9(a).
Para medir a corrente elétrica que circula nos módulos, foram utilizados resistores shunts
com 6 mΩ, Figura 5.9(b). A tensão dos módulos fotovoltaicos foi medida conectando
diretamente cabos entre os terminais dos módulos e o sistema de aquisição de dados.
A Tabela 5.3 relaciona as variáveis que são medidas durante o período de testes,
72

indicando as definidas previamente e as que são dependentes das condições climáticas e de


operação dos coletores utilizados.

Tabela 5.2 - Valores das especificações dos microinversores utilizados [Serrana Solar].

Especificações do Fabricante Valor e unidade


Potência Máxima 600 W
Tensão Máxima 54 VDC
Tensão de Operação MPPT em Potência Nominal 18 a 54 VDC
Corrente Máxima 9,5 A
Corrente Máxima de Curto Circuito para cada MPPT 15 A
Quantidade de MPPT 2 (individuais)
Potência Máxima para cada MPPT 300 W
Eficiência MPPT 99,8%

(a) (b)

Figura 5.9 - Microinversor (a) e o “Shunt” (b) utilizados.

Tabela 5.3 - Variáveis medidas durante o período de testes.

Variáveis medidas Condição Instrumento


Temperaturas de entrada dos coletores definida PT100
Temperaturas de saída dos coletores dependente PT100
Temperatura ambiente dependente PT100
Radiação global dependente Piranômetro
Vazão definida Medidor de vazão
Temperaturas das chapas de alumínio dependente PT100
Temperaturas dos módulos FV dependente PT100
Potências dependente Microinversores
Velocidade do vendo dependente Anemômetro
73

6 RESULTADOS

6.1 Curvas características dos módulos fotovoltaicos

Nesta seção são apresentados os ensaios realizados nos coletores híbridos PV/T
montados. Os resultados para as curvas I-V e P-V foram obtidos no simulador solar existente no
LABSOL, conforme as normas estabelecidas que determinam como medir o desempenho elétrico
do módulo fotovoltaico. Essas curvas são geradas nas condições padrão de teste, com valores
de irradiância e temperatura das células igual a 1.000 W/m² e 25°C, respectivamente, e espectro
da fonte de "luz" semelhante ao espectro correspondente a uma massa de ar de 1,5. Essas curvas
I-V e P-V estão apresentadas nas Figuras 6.1 e 6.2. A partir dessas curvas características, foram
encontrados os valores individuais de suas características apresentados na Tabela 6.1.

10

8
Corrente (A)

2 Curva I-V SC
Curva I-V CC
0
0 10 20 30 40
Tensão (V)

Figura 6.1 - Curva I-V dos coletores PV/T sem cobertura (SC) e com cobertura (CC).

300
Curva P-V SC
250 Curva P-V CC

200
Potência (W)

150

100

50

0
0 10 20 30 40
Tensão (V)

Figura 6.2 - Curva P-V dos coletores PV/T sem cobertura (SC) e com cobertura (CC).
74

Como esperado, a cobertura de policarbonato sobreposta ao módulo fotovoltaico acarreta


em uma queda de corrente, pois diminuiu a quantidade de fótons que chegam às células. Já a
tensão não sofre uma alteração significativa. O que se observa, como já era de se esperar, é que
essa diminuição impacta na máxima potência do módulo. A corrente de curto circuito do
módulo com cobertura (CC) é equivalente a 79,6% da corrente de curto circuito do módulo sem
cobertura (SC), enquanto que a potência do módulo CC é equivalente a 80,6% da potência do
módulo SC.

Tabela 6.1 – Valores medidos das características elétricas dos módulos utilizados após teste
no simulador.

Especificações do Fabricante Módulo SC Módulo CC


Potência Máxima [W] 252,8 203,6
Tensão Circuito Aberto [V] 37,5 37,2
Tensão Potência Máxima [V] 29,8 30,2
Corrente Curto Circuito [A] 9,1 7,2
Corrente Potência Máxima [A] 8,5 6,8

6.2 Ensaios fotovoltaicos

Além das curvas obtidas no simulador, uma medida experimental, ao longo de um dia,
foi realizada na bancada experimental. Essa medição foi feita no dia 09 de março de 2020, com
a temperatura ambiente variando de 31 a 37 °C. Nesse dia, a temperatura máxima do módulo
fotovoltaico (média dos sensores indicados na Figura 5.1) chegou próximo de 60 °C, para o
módulo sem cobertura e 71 °C para o módulo com cobertura de policarbonato, ao longo de todo
o dia de medição. Os dados obtidos experimentalmente foram medidos de 30 em 30 segundos
com um ângulo de inclinação de 45°. A taxa mássica foi ajustada para 0,02 kg/s por metro
quadrado da área de abertura do coletor, de acordo com a norma brasileira NBR 15747-2
[ABNT, 2009]. Os valores de potência elétrica obtidos, em um intervalo de 30 em 30 segundos,
são apresentados na Figura 6.3 na qual a linha vermelha indica a irradiância solar.
Apesar de ser um dia em que não foram registradas passagens de nuvens, como se pode
depreender do gráfico da irradiância solar, a evolução das potências elétricas convertidas, em
ambos os módulos, apresenta uma importante dispersão. Ocorre que os microinversores
utilizados estão continuamente procurando o ponto de máxima potência, realizando incursões
na tensão de polarização dos módulos, sempre na proximidade do ponto de máxima potência.
75

Isto pode ser comprovado na Figura 6.4 onde se percebe a forte oscilação da tensão. Como as
medidas durante os experimentos foram feitas em intervalos de 30 em 30 segundos com valores
instantâneos (e não a média do intervalo) o efeito de dispersão na Figura 6.3 se explica. Este
fato foi contornado nas considerações matemáticas dos resultados desta Tese utilizando os
valores de médias ao longo de 15 minutos para contabilizar as potências elétricas convertidas.

250 1000
Potência elétrica (W)

Irradiância (W/m²)
200 900

150 800

100 Pele SC 700


Pele CC
Gt
50 600
9:00 10:00 11:00 12:00 13:00 14:00 15:00
Hora solar (h)

Figura 6.3 - Potência elétrica dos coletores PV/T sem cobertura (SC) e com cobertura (CC)
e irradiância (GT) medidas em cada ponto em função do tempo.

30 9

28 8
Corrente (I)
Tensão (V)

26 7

24 6

22 Tensão
5
Corrente
20 4
9:00 10:00 11:00 12:00 13:00 14:00 15:00
Hora solar (h)

Figura 6.4 - Evolução da corrente e da tensão do coletor PV/T sem cobertura ao longo do dia
09/03/2020.

6.2.1 Incerteza experimental no cálculo de eficiência elétrica

As grandezas e suas incertezas utilizadas para o cálculo da eficiência elétrica de cada


módulo medido estão indicadas na Tabela 6.2 abaixo.
A partir dos valores da Tabela 6.2, a incerteza de medição da eficiência elétrica para cada
ponto medido foi calculada pelo método citado na Seção 4.9, pela Equação 6.1.
76

2 2 2 2
𝜕𝜂𝑒𝑙𝑒 𝜕𝜂𝑒𝑙𝑒 𝜕𝜂𝑒𝑙𝑒 𝜕𝜂𝑒𝑙𝑒
𝑢𝜂𝑒𝑙𝑒 = ±√( 𝑢 ) +( 𝑢 ) +( 𝑢 ) +( 𝑢 ) (6.1)
𝜕𝐼 𝐼 𝜕𝑉 𝑉 𝜕𝐺𝑡 𝐺𝑡 𝜕𝐴𝑐 𝐴𝑐

na qual uele, uI, uV, uGt e uAc são as incertezas propagadas da eficiência elétrica, da corrente, da
tensão, da irradiância e da área do coletor, respectivamente.

Tabela 6.2 – Valores de incertezas de cada grandeza medida.

Grandeza Valor de incerteza


Corrente ±0,005 A
Tensão ±0,005 V
Irradiância ±3% FDE (FDE = 1000 W/m²)
Área do coletor ±0,01 m²

Todos os valores de eficiência elétrica obtidos para os dois coletores PV/T tiveram valores
de incerteza inferiores a 3%.

6.3 Constante de tempo e eficiência térmica

As curvas da constante de tempo de cada coletor PV/T foram obtidas com base na norma,
segundo descrito na Seção 2.5.2. Os resultados das Figuras 6.5 e 6.6 mostram a variação da
temperatura de saída de cada coletor PV/T do sem cobertura e o com cobertura,
respectivamente, até chegar ao regime permanente, com a temperatura de entrada e vazão
constante e variações no valor da irradiância solar menores que 50 W/m².

28

27
Temperatura (°C)

26

25
Te SC
Ts SC
24

23
0 10 20 30 40 50 60 70
Tempo (min)

Figura 6.5 - Temperaturas da água nas seções de entrada e saída do coletor PV/T sem
cobertura durante o ensaio para determinar a constante de tempo.
77

37

36

Temperatura (°C)
35

34
Te CC
Ts CC
33

32
0 10 20 30 40 50 60 70
Tempo (min)

Figura 6.6 - Temperaturas da água nas seções de entrada e saída do coletor PV/T com
cobertura durante o ensaio para determinar a constante de tempo.

Os valores da constante de tempo foram de 38 minutos e 32 minutos para o coletor PV/T


sem cobertura e o com cobertura, respectivamente. Esses períodos são altos comparado a um
coletor de placa plana comum, já que eles têm uma constate de tempo inferior a 15 minutos.
Além disso, há grande variações das condições meteorológicas durante esse longo período,
principalmente da radiação solar [Manea, 2002]. Com valores de constante de tempo tão
grandes, o cumprimento rigoroso da norma inviabiliza o experimento. Desta forma optou-se
em utilizar um tempo de 15 minutos de pré-condicionamento seguido de pelo menos 10 minutos
de ensaio para cada ponto, que seria o tempo admitido pela norma para constantes de tempo
não conhecidas. Esta opção traz como consequências o fato de que alguns pontos de eficiência
poderiam estar sendo medidos fora do regime permanente.
Após os ensaios para obter os valores da constante de tempo, 8 pontos foram medidos.
Com esses pontos, foi obtida a curva de eficiência térmica dos dois coletores utilizados em
regime permanente. Esses pontos medidos estão indicados na Tabela 6.3 e foram medidos entre
março e julho de 2020 e de março e agosto de 2022. O tempo de estabilização constante na
Tabela 6.3 representa o período durante o qual os coletores PV/T estavam operando sob
condições de regime permanente.
Para cada intervalo medido foi calculada a média dos valores obtidos experimentalmente
de 30 em 30 segundos. A eficiência térmica de cada intervalo medido de cada coletor foi
calculada pela Equação 2.28. Esse cálculo foi feito com a taxa mássica constante e com valor
de 0,028 kg/s. A partir desses pontos foi possível traçar as retas de ajuste representando as
curvas de eficiência térmica do coletor híbrido térmico fotovoltaico sem e com cobertura,
representada na Figura 6.7 (a). Por meio dessas retas pode-se obter o comportamento da
78

eficiência de cada coletor pela Equação 2.31. Os parâmetros encontrados foram de 𝐹𝑅 (𝜏𝛼)𝑒 =
0,336, 𝐹𝑅 𝑈𝐿 = 12,558 para o coletor PV/T sem cobertura e 𝐹𝑅 (𝜏𝛼)𝑒 = 0,310, 𝐹𝑅 𝑈𝐿 = 4,635
para o coletor PV/T com cobertura. As curvas de eficiência total, ou seja, a eficiência térmica
mais a eficiência elétrica dos dois coletores híbridos testados, com e sem cobertura, podem ser
visualizadas na Figura 6.7 (b).

Tabela 6.3 - Pontos de eficiência térmica medidos dos coletores PV/T.

Data [(Te-Ta)/Gt]sc [(Te-Ta)/Gt]cc ηsc ηcc Tempo [min]


20/05/2020 0,0010 0,0011 0,243 0,337 30
24/06/2020 0,0062 0,0061 0,187 0,292 30
03/07/2020 0,0020 0,0020 0,246 0,340 30
17/03/2022 0,0202 0,0202 0,197 0,200 30
20/06/2022 0,0290 0,0290 0,004 0,155 25
01/07/2022 0,0226 0,0225 0,085 0,225 30
24/08/2022 0,0133 0,0133 0,044 0,267 30
25/08/2022 0,0138 0,0144 0,032 0,270 30

0.5 0.5 Pontos de efic. total medidos do coletor PV/Tsc


Pontos de efic. térmica medidos do coletor PV/Tsc Pontos de efic. total medidos do coletor PV/Tcc
Pontos de efic. térmica medidos do coletor PV/Tcc Reta de ajuste do coletor PV/Tsc
Reta de ajuste do coletor PV/Tcc Reta de ajuste do coletor PV/Tcc
Reta de ajuste do coletor PV/Tsc
Eficiência térmica

0.4 0.4
Eficiência total

0.3 0.3

0.2 0.2

0.1 0.1

0 0
0 0.01 0.02 0.03 0.04 0.05 0 0.01 0.02 0.03 0.04 0.05
(Te-Ta)/Gt (Te-Ta)/Gt
(a) (b)

Figura 6.7 – (a) Curvas de eficiência térmica e (b) curvas de eficiência total dos coletores
PV/T sem e com cobertura.

No dia 09 de março de 2020 foi feito um teste durante todo o dia. Para o desempenho
térmico, os resultados encontrados no mesmo dia 09 de março, estão apresentados na Figura
6.8. No começo do dia, a temperatura do fluido na entrada dos dois coletores PV/T estava em
torno de 33,7°C e a temperatura ambiente perto dos 31°C. Porém, ao longo do dia, os valores
da temperatura do fluido na entrada e da temperatura ambiente chegaram a 36,5°C e 37,6°C,
79

respectivamente. A diferença de temperatura da entrada e saída de cada um dos coletores foi de


um valor médio, ao longo do dia, de 3°C para o coletor sem cobertura e 4°C para o coletor com
cobertura. Esses resultados, além das curvas de eficiência, mostraram que houve um baixo
rendimento térmico dos coletores híbridos.

42 1000

Irradiaância (W/m²)
38
Temperatura (°C)

900

34
800
30 Te SC
Ts SC
Te CC 700
26 Ts CC
Gt

22 600
9:00 10:00 11:00 12:00 13:00 14:00 15:00
Hora solar (h)

Figura 6.8 – Temperaturas de entrada e saída dos coletores PV/T sem cobertura (SC) e com
cobertura (CC) e irradiação (Gt) medidas em cada ponto em função do tempo.

Após o preenchimento do espaço entre chapa de cobre e o Tedlar do módulo com adesivo
de silicone, novas medidas foram realizadas usando os mesmos critérios da primeira etapa das
medidas. Esses pontos medidos estão indicados, juntamente com o período durante o qual os
coletores PV/T estavam operando sob condições de regime permanente, na Tabela 6.4 e foram
medidos entre novembro de 2022 a janeiro de 2023.

Tabela 6.4 - Pontos de eficiência térmica medidos dos coletores PV/T.

Data [(Te-Ta)/Gt]sc [(Te-Ta)/Gt]cc ηsc ηcc Tempo [min]


17/11/2022 0,0089 0,0052 0,291 0,375 25
18/11/2022 0,0093 0,0087 0,309 0,355 30
25/11/2022 0,0065 0,0065 0,314 0,354 30
08/12/2022 0,0064 0,0063 0,357 0,367 25
05/01/2023 0,0014 0,0028 0,378 0,392 30
06/01/2023 0,0137 0,0132 0,259 0,368 30
11/01/2023 0,0110 0,0121 0,297 0,359 30

Com os pontos indicados na Tabela 6.4, foram traçadas novas retas de ajuste
80

representando as curvas de eficiência térmica dos coletores PV/T sem e com cobertura,
indicadas na Figura 6.9 (a). Por meio dessas retas, os parâmetros encontrados foram de
𝐹𝑅 (𝜏𝛼)𝑒 = 0,3934 , 𝐹𝑅 𝑈𝐿 = 9,5937 para o coletor PV/T sem cobertura e 𝐹𝑅 (𝜏𝛼)𝑒 = 0,3828,
𝐹𝑅 𝑈𝐿 = 2,005 para o coletor PV/T com cobertura. Também, foram traçadas as curvas de
eficiência total após o ajuste, que podem ser visualizadas na Figura 6.9 (b).

0.5
0.6
Eficiência térmica

0.4 0.5

Eficiência Total
0.4
0.3
0.3
0.2
0.2
Pontos de efic. térmica medidos do coletor PV/Tsc Pontos efic. Total medidos do coletor PV/Tsc
0.1 Pontos de efic. térmica medidos do coletor PV/Tcc 0.1 Pontos efic. total medidos do coletor PV/Tcc
Reta de ajuste do coletor PV/Tcc Reta de ajuste pontos experimentais
Reta de ajuste do coletor PV/Tsc Reta de ajuste pontos analíticos
0 0
0 0.01 0.02 0 0.005 0.01 0.015 0.02
(Te-Ta)/Gt (Te-Ta)/Gt
(a) (b)

Figura 6.9 – (a) Curvas de eficiência térmica e (b) curvas de eficiência total dos coletores
PV/T sem e com cobertura após a fixação da placa de cobre no módulo fotovoltaico.

Com os novos dados medidos, foi possível visualizar uma melhoria nos resultados com a
fixação da placa de cobre no módulo fotovoltaico comercial. As Figuras 6.10 e 6.11, mostram
a comparação as curvas de eficiência antes e pós fixação da placa de cobre no módulo
fotovoltaico, ou seja, com camada de ar e com camada de adesivo, respectivamente, entre as
duas camadas citadas. Analisando de forma quantitativa tem-se um aumento de,
aproximadamente, 17% na eficiência máxima do coletor PV/T sem cobertura e 23% na
eficiência máxima do coletor PV/T com cobertura. Como a eficiência óptica não é afetada pela
colagem, pode-se deduzir que as modificações nos parâmetros são devidas ao aumento do fator
FR e diminuição do fator UL.
No dia 25 de novembro de 2022 foram feitas medidas durante todo o dia, podendo ser
visualizados na Figura 6.12. No começo do dia, a temperatura do fluido na entrada dos dois
coletores PV/T estava em torno de 35°C e a temperatura ambiente perto dos 27°C, chegando,
ao longo do dia, nos valores de 38°C e 31°C, respectivamente. A diferença entre a temperatura
da entrada e saída de cada um dos coletores chegou a 4°C e 5°C ao longo do dia, para o coletor
sem e com cobertura, respectivamente.
81

0.5 Curva efic. térmica do coletor PV/Tsc com


camada de ar
Curva efic. térmica do coletor PV/Tsc com

Eficiência térmica
0.4 camada de adesivo

0.3

0.2

0.1

0
0 0.02 0.04
(Te - Ta) /Gt

Figura 6.10 – Comparação das curvas de eficiência térmica dos coletores PV/T com camada
de ar e adesivo, ambos sem cobertura de policarbonato alveolar.

0.5 Curva efic. térmica do coletor PV/Tcc com


camada de ar
Eficiência térmica

0.4 Curva efic. térmica do coletor PV/Tcc com


camadade adesivo

0.3

0.2

0.1

0
0 0.05 0.1 0.15 0.2
(Te - Ta) /Gt

Figura 6.11 – Comparação das curvas de eficiência térmica dos coletores PV/Ts com camada
de ar e adesivo, ambos com cobertura de policarbonato alveolar.

46 1000

44
Irradiaância (W/m²)
Temperatura (°C)

900
42

40 800

38
Te SC
Ts SC 700
36 Te CC
Ts CC
Gt
34 600
9:00 10:00 11:00 12:00 13:00 14:00 15:00
Hora solar (h)

Figura 6.12 – Temperaturas de entrada e saída dos coletores PV/T sem cobertura (SC) e
com cobertura (CC) e irradiação (Gt) medidas em cada ponto em função do tempo.
82

6.4 Incerteza experimental no cálculo de eficiência térmica

Os resultados de incerteza obtidos para a eficiência térmica dos coletores foram


determinados a partir das incertezas experimentais das grandezas, como a taxa mássica, a
diferença de temperatura entre a saída e a entrada de cada coletor PV/T, a irradiância e a área
dos coletores na obtenção de cada curva de eficiência térmica. As seguintes grandezas, com
seus respectivos valores de incertezas, estão indicadas na Tabela 6.5.

Tabela 6.5 – Valores de incertezas de cada grandeza medida.

Grandeza Valor de incerteza


Vazão mássica ±0,00075 m³/s
Irradiância ±3% FDE (FDE = 1000 W/m²)
Área do coletor ±0,01 m²
Diferença de temperatura de entrada e saída ±0,04 °C
Temperatura de entrada ±0,12 °C

O calor específico é uma grandeza dependente de valores medidos pela instrumentação


utilizada. Portanto, o valor da incerteza foi calculado baseado na Equação 4.46. Este método estima
a propagação do desvio padrão de uma grandeza a partir do desvio padrão de suas variáveis
dependentes conforme a Equações 6.2. O valor de incerteza do calor específico (CP) calculado para
cada ponto foram menores que 1%.

2
𝜕𝐶𝑝
𝑢𝐶𝑝 = ±√( 𝑢 ) (6.2)
𝜕𝑇𝑒 𝑇𝑒

na qual uCp e uTe são as incertezas propagadas da temperatura de entrada e do calor específico,
respectivamente.
A incerteza referente a cada ponto medido para a eficiência térmica descrita pelo mesmo
método citado para a eficiência elétrica é descrita pela Equação 6.3. Os valores obtidos da incerteza
a cada ponto utilizado para determinar a curva da eficiência térmica para os dois coletores PV/T
não passaram de 4%.

2 2 2 2 2
𝜕𝜂𝑡ℎ 𝜕𝜂𝑡ℎ 𝜕𝜂𝑡ℎ 𝜕𝜂𝑡ℎ 𝜕𝜂𝑡ℎ
𝑢𝜂𝑡ℎ = ± √( 𝑢𝑚̇ ) + ( 𝑢𝐶𝑝 ) + ( 𝑢Δ𝑇 ) + ( 𝑢𝐺𝑡 ) + ( 𝑢𝐴𝑐 ) (6.3)
𝜕𝑚̇ 𝜕𝐶𝑝 𝜕Δ𝑇 𝜕𝐺𝑡 𝜕𝐴𝑐

na qual uηth, 𝑢𝑚̇ e uΔT são as incertezas propagadas da eficiência térmica, da vazão mássica e da
83

diferença de temperatura, respectivamente.

6.5 Resultados Analíticos

Após os testes experimentais para a definição das curvas de eficiências dos coletores
montados no presente trabalho, os dados de entrada medidos experimentalmente (Te, Ta, Gt, 𝑚̇
e Pele) foram utilizados para validar os equacionamentos obtidos analiticamente. Para isso,
alguns parâmetros utilizados para os cálculos estão indicados na Tabela 6.6.

Tabela 6.6 – Parâmetros utilizados para os cálculos analíticos.

Componente Parâmetro Valor/Unidade Referência


τv 0,95 Dubey e Tiwari (2008); Mishra e
Tiwari (2012); Hoang et al (2014)
kv 1 W/mK Lu e Yao (2007); Ruchel et al
Vidro (2015); Hocine et al (2016)
εv 0,90 Lu e Yao (2007); Hoang et al
(2014); Kant et al (2016)
ev 0,032 m Fabricante
kiso 0,04 W/mK DIN 52612
Isolante
eiso 0,02 m Medido
εpol 0,95 Cekon e Sikula, 2020.
Policarbonato
τpol 0,78 Toro et al, 2015
Alveolar
kpol 0,21 W/mK DIN 52612-1
Ac 1,395 m² Medido
Coletor PV/T
At 1,62 m² Medido

Na Tabela 6.7 estão indicados os parâmetros obtidos a partir dos equacionamentos


apresentados na Seção 4.2.

Tabela 6.7 – Parâmetros obtidos a partir da metodologia proposta.

Parâmetro Valor/Unidade
αFV 0,80
Rar SC 0,117 m²°C/W
Rar CC 0,112 m²°C/W
Rsil SC 0,025 m²°C/W
Rsil CC 0,030 m²°C/W
Rar+pol 0,0176 m²°C/W

6.6 Validação da modelagem analítica


84

Resolvendo as equações estabelecidas para o modelo analítico, foram elaborados gráficos


comparativos para a validação do modelo com os dados dos coletores PV/T com a camada de
adesivo, já que apresentaram melhor desempenho. Os resultados obtidos das curvas de
eficiência térmica calculados analiticamente foram comparados com as curvas medidas
experimentalmente podendo ser visualizado nas Figuras 6.15 e 6.16, para os coletores sem e
com cobertura, respectivamente. A função da eficiência térmica obtida analiticamente foi de
𝑇𝑒 −𝑇𝑎
𝜂𝑡 = 0,3906 − 9,0443( ) para o coletor híbrido sem cobertura e 𝜂𝑡 = 0,3828 −
𝐺𝑡
𝑇𝑒 −𝑇𝑎
2,5157( ) para o coletor híbrido com cobertura de policarbonato alveolar.
𝐺𝑡

0.5

0.4
Eficiência térmica

0.3

ηthsc exper = 0,3934 - 9,594 (Te-Ta)/Gt


0.2
ηthsc analit = 0,3906 - 9,044 (Te-Ta)/Gt

0.1 Pontos de efic. térmica experimentais do coletor PV/Tsc


Pontos de efic. térmica analíticos do coletor PV/Tsc
Reta de ajuste pontos experimentais
Reta de ajuste pontos analíticos
0
0 0.01 0.02
(Te-Ta)/Gt

Figura 6.13 – Curvas de eficiência térmica do coletor PV/T sem cobertura obtidas
experimental e analiticamente.

0.5

0.4
Eficiência térmica

0.3
ηthcc exper = 0,383 - 2,005(Te-Ta)/Gt
0.2 ηthcc analit = 0,3828 - 2,516(Te-Ta)/Gt

0.1 Pontos de efic. térmica experimentais do coletor PV/Tcc


Pontos de efic. térmica analíticos do coletor PV/Tcc
Reta de ajuste pontos experimentais
Reta de ajuste pontos analíticos
0
0 0.01 0.02
(Te-Ta)/Gt

Figura 6.14 – Curvas de eficiência térmica do coletor PV/T com cobertura obtidas
experimental e analiticamente.
85

Para melhor visualização, foi feito uma comparação linear entre os pontos de eficiência
térmica medidos experimentalmente e os pontos obtidos analiticamente, tanto para os coletores
híbridos térmicos fotovoltaicos sem e com cobertura. Essas comparações podem serem vistas
nas Figuras 6.15 (a) do coletor PV/T sem cobertura e (b) do coletor PV/T com cobertura. Para
isso, foi feito uma correlação linear, também chamado de correlação de Pearson (r). Com isso,
encontrou-se um valor de r igual a 0,82 e 0,76 para os coletores PV/T com camada de adesivo,
sem e com cobertura, respectivamente.

0.5 Pontos eficência térmica PV/Tsc 0.5


Pontos eficência térmica PV/Tcc

0.4 0.4
Analítico

Analítico
0.3 0.3

0.2 0.2

0.1 0.1

0 0
0 0.1 0.2 0.3 0.4 0.5 0 0.1 0.2 0.3 0.4 0.5
Experimental Experimental
(a) (b)

Figura 6.15 – Comparação entre os pontos de eficiência térmica obtidos experimental e


analiticamente para: (a) o coletor PV/T sem cobertura e (b) o coletor PV/T com cobertura.

De acordo com a Tabela 6.8, esses valores mostram uma boa concordância com os
resultados obtidos experimentalmente.

Tabela 6.8 – Diretrizes propostas por Laerd Statistics, 2020.

Força da Associação Coeficiente, r


Pequeno 0,1 a 0,3
Médio 0,3 a 0,5
Grande 0,5 a 1,0

6.7 Estimativa de produção energética

Como foi citado na Seção 4.7, a estimativa da temperatura do módulo fotovoltaico


embutido nos coletores PV/T seria muito benvinda para avaliar a produção energética dos
mesmos ao longo do tempo. Através de um grande número de medições foi possível observar
86

um conjunto situações de pontos de temperaturas medidas nos módulos e no ar ambiente,


correlacionando-os com a irradiância solar também medida. Os pontos foram classificados em
grupos em função da diferença entre a temperatura de entrada do fluido e da temperatura
ambiente, somente para os coletores com a fixação da placa de cobre. Em 3 conjuntos de dados
onde a temperatura de entrada da água estava aproximadamente 1°C, 7°C e 10°C
respectivamente foram desenvolvidas 3 correlações lineares das diferenças das temperaturas
dos módulos fotovoltaicos sobre a temperatura ambiente conforme mostra o gráfico da Figura
6.16.
A partir destas correlações foram encontrados parâmetros para propor uma equação para
estimativa das temperaturas dos módulos fotovoltaicos em operação. O mesmo procedimento
foi aplicado ao coletor com a cobertura de policarbonato alveolar. Para o caso do coletor PV/T
sem e com cobertura, respectivamente, encontraram-se as relações

𝑇𝐹𝑉𝑠𝑐 = 𝑇𝑎 + [0,0206 + (0,00101(𝑇𝑒 − 𝑇𝑎 )] 𝐺𝑡 (6.1)

𝑇𝐹𝑉𝑐𝑐 = 𝑇𝑎 + [0,0186 + (0,0011(𝑇𝑒 − 𝑇𝑎 )] 𝐺𝑡 (6.2)

Paro o caso de módulos fotovoltaicos sem acoplamento térmico, através das Equações
2.33 e 2.34, chega-se à relação

𝑇𝐹𝑉 = 𝑇𝑎 + 0,03375 𝐺𝑡 (6.3)

30

25
Aumento TFV - Ta [°C]

20

15

10
Te-Ta = 1°C
Te-Ta = 7°C
5
Te-Ta = 10°C

0
0 200 400 600 800 1000 1200
Irradiância no plano dos módulos [W/m²]

Figura 6.16 – Correlações lineares das diferenças das temperaturas dos módulos FV sobre a
temperatura ambiente.
87

De posse das Equações 6.1, 6.2 e 6.3, os valores foram confrontados com valores
medidos, conforme exibe o gráfico da Figura 6.17, mostrando a temperatura medida versus a
temperatura estimada, sendo a linha preta a reta da igualdade. Os pontos em vermelho são
resultado da equação proposta para o coletor PV/T sem cobertura e os pontos verdes são
resultantes da equação para o PV/T com cobertura. Os pontos azuis mostram qual seria a
estimativa da temperatura dos módulos ao usar a Equação 6.3. Nota-se que na maior parte dos
pontos o erro é menor do que 2°C, no qual 98% para o caso sem cobertura e 87% para o caso
do com cobertura de policarbonato alveolar, mostrando ser uma boa estimativa.

65
Temperatura FV estimada [°C]

60

55

50

45
Estimativa PV/Tsc

Estimativa PV/Tcc
40
Estimativa NOCT

Testimada = Tmedida

35
35 40 45 50 55 60 65
Temperatura FV medida [°C]

Figura 6.17 – Correlações lineares da temperatura do módulo FV medidas e estimadas.

Após essas análises, empregaram-se dados de séries meteorológicas fornecidas


juntamente com o Atlas Solar do Rio Grande do Sul [Back et al, 2018], em um dia de verão, e
um dia de inverno, para estimar a quantidade de energia elétrica que o coletor PV/T com a
camada de adesivo de silicone pode produzir durante um dia. Estimaram-se os valores para
temperaturas de entrada do fluido de 25°C e 35°C para ambos os coletores e, para fins de
comparação, também se apresenta a estimativa da produção elétrica do módulo fotovoltaico
não acoplado ao coletor. Esses resultados podem ser visualizados nas Figura 6.18 e 6.19.
88

250 1000

900

Irradiação Solar Horária (Wh/m²)


Conversão Elétrica Horária (Wh)
200 800

700

150 600

500

100 400

Módulo Fotovoltaico 300


PV/Tsc Te=35°C
50 PV/Tcc Te=35°C 200
PV/Tsc Te=25°C
PV/Tcc Te=25°C 100
Irradiâncila Solar
0 0
6 8 10 12 14 16 18
Tempo (h)

Figura 6.18 – Energia produzida por hora do coletor PV/T, com e sem cobertura, e do módulo
fotovoltaico para o 25° dia do mês de janeiro de 2015.

250 1200

1000
Conversão Elétrica Horária (Wh)

Irradiação Solar Horária (Wh/m²)

200

800
150

600

100
400
Módulo Fotovoltaico
PV/Tsc Te=35°C
50 PV/Tcc Te=35°C
PV/Tsc Te=25°C 200
PV/Tcc Te=25°C
Irradiância Solar
0 0
8 10 12 14 16
Tempo (h)

Figura 6.19 – Energia elétrica produzida por hora do coletor PV/T, com e sem cobertura, e do
módulo fotovoltaico para o 5° dia do mês de julho de 2015.
89

De forma mais ampla, os dados do Atlas também foram aplicados para analisar a
quantidade de energia produzida, tanto elétrica, indicados na Figura 6.20, quanto térmica,
indicados na Figura 6.21, ao longo de um ano. Para isso, utilizaram-se os dados do ano de 2016,
já elaborados para orientação norte e inclinação de 45°. O banco de dados do Atlas Solar dispõe
de dados sequenciais horários com a correção das perdas devido à reflexão nos ângulos de
incidência da radiação solar direta. Para o cálculo de Qu, para cada hora do ano, foi utilizada a
Equação 2.27 com os parâmetros FR(τvαFV) é FRUL extraídos analiticamente. A resultante da
produção de energia total, elétrica e térmica, estimadas ao longo do ano de 2016 estão indicadas
na Tabela 6.6.

Tabela 6.9 – Energia total produzida ao longo do ano de 2016.

Sistema Energia Elétrica (kWh) Energia Térmica (kWh)


Módulo Fotovoltaico 357,43 -
PV/Tsc (Te=25°C) 374,60 790,31
PV/Tcc (Te=25°C) 289,60 814,10
PV/Tsc (Te=35°C) 358,68 457,90
PV/Tcc (Te=35°C) 282,30 716,40

Diante desses resultados encontrados, observou-se que o coletor PV/T sem cobertura teve
um melhor desempenho elétrico comparado aos demais. Com a temperatura de entrada do
fluido à 25°C, o coletor PV/T sem cobertura teve um aumento na energia elétrica produzida em
torno de 5% quando comparado ao módulo fotovoltaico convencional e de 29% se comparado
ao coletor PV/T com a cobertura de policarbonato alveolar. O coletor PV/T com cobertura,
como esperado, teve sua eficiência elétrica reduzida para as duas temperaturas de entrada, em
torno de 20% menor quando comparado ao módulo fotovoltaico, já que há perdas ópticas
devido ao policarbonato alveolar na parte frontal do módulo fotovoltaico. Comparando os dois
coletores PV/T termicamente, sem e com cobertura, o desempenho do primeiro coletor (PV/Tsc)
foi de até 3% menor que o segundo caso (PV/Tcc) estipulando uma temperatura de entrada igual
a 25°C. Para a temperatura de entrada do fluido à 35°C, a diferença de produção térmica foi em
torno de 40% de aumento do coletor com cobertura para o sem cobertura.
A produção de energia elétrica no verão dos coletores PV/T sem cobertura foi maior se
comparado com o módulo fotovoltaico e dos coletores com cobertura, já no inverno a produção
do módulo fotovoltaico convencional foi maior do que os outros coletores híbridos. No entanto,
os coletores PV/T com cobertura foram mais eficientes termicamente no período de inverno,
90

como era esperado, já que os coletores PV/T estão instalados com ângulo de incidência e
orientação garantindo um maior rendimento térmico durante o inverno. Mostrou-se que o
coletor híbrido térmico fotovoltaico sem cobertura não é adequado para temperatura de entrada
do fluido na ordem de 35°C.

40 Módulo Fotovoltaico
PV/Tsc Te=35°C
PV/Tcc Te=35°C
Conversão Elétrica (kWh/mês)

PV/Tsc Te=25°C
30 PV/Tcc Te=25°C

20

10

0
1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12
Mês

Figura 6.20 – Valores da energia elétrica produzida por mês dos coletores PV/T, com e sem
cobertura, e do módulo fotovoltaico para o ano de 2016, orientação norte e inclinação de 45°.

100 PV/Tsc Te=35°C


PV/Tcc Te=35°C
Conversão Térmica (kWh/mês)

PV/Tsc Te=25°C
80 PV/Tcc Te=25°C

60

40

20

0
1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12
Mês

Figura 6.21 – Valores da energia térmica produzida por mês dos coletores PV/T para o ano de
2016, orientação norte e inclinação de 45°.
91

7 CONCLUSÕES

Foram propostos e construídos coletores híbridos térmico fotovoltaicos sem cobertura e


com cobertura de policarbonato alveolar. Para estudo de seu comportamento experimental e
analítico, os coletores foram instalados em uma bancada já existente no LABSOL – UFRGS
que possibilitou o ensaio dessas tecnologias distintas. Foram medidas temperaturas em diversos
pontos, vazão, velocidade de vento, irradiância solar, além de corrente e tensão operacionais
dos módulos fotovoltaicos. Esses ensaios foram realizados a fim de comparar a eficiência
térmica e elétrica nas mesmas condições.
Dentre os vários dias de ensaio foram selecionados períodos em que foi possível
considerar os sistemas térmicos em regime estacionário, para correspondência com a
modelagem analítica. Também foram realizados ensaios noturnos para determinar propriedades
térmicas vinculadas aos materiais usados na montagem dos coletores.
Na construção dos coletores foi utilizada uma placa de cobre para distribuir o calor
absorvido no módulo fotovoltaico e transferi-lo para os tubos também de cobre. As dimensões
foram planejadas para a utilização de módulos fotovoltaicos comerciais facilmente encontrados
no mercado.
Em uma primeira montagem dos dois coletores híbridos, a placa de cobre foi apenas
encaixada na parte posterior do módulo fotovoltaico. Foram realizados ensaios e a modelagem
analítica foi feita montando um circuito térmico equivalente para cada um dos coletores
construídos. Com os equacionamentos obtidos analiticamente, foi possível estimar os valores
de alguns parâmetros desconhecidos e foi possível confirmar que a resistência térmica entre a
placa de cobre e o módulo fotovoltaico estava muito alta, da ordem de 0,115 m²°C/W, tendo
em vista a camada de ar que se estabeleceu neste contato.
Na sequência, os coletores foram remontados preenchendo a camada de ar com adesivo
de silicone, o que causou a redução da resistência térmica no local citado para valores da ordem
de 0,028 m²°C/W. Após essa fixação, houve uma diminuição próxima a 24% das perdas
térmicas entre o coletor PV/T sem cobertura e em torno de 50% no com cobertura de
policarbonato alveolar. Novos ensaios e nova avaliação analítica mostraram que o resultado da
eficiência térmica máxima ficou em torno de 40% tanto do coletor PV/T sem e com cobertura,
sendo que um coletor térmico convencional tem um valor de eficiência máxima em torno de 70
a 90%. Já analisando a máxima eficiência total, ou seja, a eficiência térmica somada à eficiência
elétrica, para os coletores PV/T montados ficou de um pouco além de 50% para ambos.
Com os equacionamentos obtidos analiticamente, foi possível estimar os valores de
92

alguns parâmetros desconhecidos. Os resultados calculados de forma analítica mostraram uma


boa concordância em relação aos obtidos experimentalmente, no qual os valores da correlação
foram próximos de 1.
Além disto, foram propostas equações com coeficientes obtidos empiricamente para
estimar a temperatura do módulo fotovoltaico incorporado aos PV/T em função da temperatura
de entrada do fluido, da temperatura ambiente e da irradiância solar. Com estes resultados
encontraram-se as quantidades de energia que podem ser produzidas durante o período de um
dia ou mesmo ao longo de um ano. A partir deste procedimento, avaliações de produção
energética com os coletores propostos poderão ser aplicadas em outros locais, bastando utilizar
séries horárias de dados meteorológicos, possibilitando também simulações mais completas.
Os resultados dessas análises de produção foram obtidos apenas para Porto Alegre, para
os dados de 2016 e com ângulo de inclinação de 45°, mostrando que o coletor PV/T sem
cobertura teve um maior desempenho elétrico comparado ao módulo fotovoltaico convencional
e ao coletor PV/T com cobertura. Também foi comprovado que, para os coletores PV/T, ao usar
temperaturas mais baixas na entrada do fluido, a produção elétrica será mais significativa. Com
uma temperatura de entrada fixada em 35°C (mais compatível com aquecimento doméstico) o
PV/TCC apresentou 56% mais produção térmica do que o PV/TSC, apesar de ter mais de 20%
em redução na produção elétrica.

7.1 Propostas Futuras

Dada a variedade de tipos de coletores híbridos térmico fotovoltaicos, como sugestão de


trabalhos futuros, indica-se a possibilidade de se avaliar os parâmetros adimensionais, com
vistas a universalizar os resultados. Dentre os parâmetros adimensionais característicos da área
de transferência de calor, sugere-se o NUT, sobre o qual já existe um estudo teórico prévio
disponível na literatura de referência da área.
Realizar simulações de sistemas completos de aquecimento de água, para diferentes
climas e diferentes configurações, utilizando a metodologia proposta para os coletores PV/T
utilizados nesta Tese.
93

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

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