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ALEXANDRE FERREIRA DE ALMEIDA

TECNOLOGIA FOTOVOLTAICA

Guarulhos
2017
ALEXANDRE FERREIRA DE ALMEIDA

TENCNOLOGIA FOTOVOLTAICA

Trabalho de Conclusão de Curso apresentado


à Faculdade Anhanguera de Guarulhos, como
requisito parcial para a obtenção do título de
graduado em Engenharia Elétrica

Orientador: Fabiana Silva

Guarulhos

2017
ALEXANDRE FERREIRA DE ALMEIDA

TECNOLOGIA FOTOVOLTAICA

Trabalho de Conclusão de Curso apresentado


à Faculdade Anhanguera de Guarulhos, como
requisito parcial para a obtenção do título de
graduado em Engenharia Elétrica.

BANCA EXAMINADORA

Prof. Especialista André Albuquerque

Prof. Especialista Eduardo Bonamini

Prof. Especialista Eduardo dos Santos D’Elia

Guarulhos, 25 de Novembro de 2017


Dedico este trabalho em especial aos
meus pais e minha irmã que me
incentivam todos os momentos com muita
perseverança e garra para concluir o meu
curso.
AGRADECIMENTOS

Em primeiro lugar eu quero agradecer a Deus pelas promessas que ele tem
feito em minha vida e hoje está sendo tudo cumprido. Agradeço ao meu pai e minha
mãe pela dedicação que tiveram ao me educar estando ao meu lado em todos os
momentos.
Agradeço a minha irmã Andressa pela amizade e companheirismo de extrema
importância na minha formação pessoal.
Agradeço aos professores e ao coordenador do curso de engenharia elétrica
da Faculdade Anhanguera que se dispusera em me ajudar em todos os momentos,
para que eu fizesse um bom trabalho.
ALMEIDA, Alexandre Ferreira De. Tecnologia Fotovoltaica. 2017. Número total de
folhas 30. Trabalho de Conclusão de Curso Engenharia Elétrica – Faculdades
Anhanguera, Guarulhos, 2017.

RESUMO

A demanda de energia elétrica mundial vem crescendo com o passar dos


anos. Em conjunto com este fato, existe o anseio de ampliar o acesso a geração de
energia de forma sustentável e renovável. Dentre a geração sustentável e renovável,
a energia solar surge como o pilar de todas as fontes de energia no mundo. Dentre
essas fontes, a eletricidade gerada através da energia fotovoltaica aparece como
alternativa promissora, pois, além dela ser considerada uma energia limpa, deriva de
uma fonte inesgotável de energia, a solar. O objetivo desta pesquisa foi ressaltar as
características desta energia e evidenciar o quanto ela vem crescendo em todo o
mundo. Esta pesquisa foi realizada nos moldes de uma revisão de literatura, e nela
estão contidos estudos de diversos autores de livros, artigos científicos e catálogos
da área sobre energia fotovoltaica, acarretando numa pesquisa concisa e didática
sobre o tema. O resultado desta pesquisa, foi uma revisão de literatura abrangendo
a evolução desta fonte de energia em nível nacional e mundial, considerando sua
história, processo e panoramas futuros.

Palavras-chave: energia solar; fotovoltaica; fontes renováveis; eletricidade.


Almeida, Alexandre Ferreira De. Photovoltaic Technology. 2017. Total number of
sheets 30. Course Completion Work Electrical Engineering - Faculdades
Anhanguera, Guarulhos, 2017.

ABSTRACT

The world's electricity demand has been growing over the years. Together with
this fact, there is the desire to expand access to a generation of energy in a
sustainable and renewable way. Among a sustainable and renewable generation,
solar energy as the pillar of all energy sources in the world. Among these sources,
electricity generated through photovoltaic energy appears as a promising alternative,
because in addition to it, a clean energy, an inexhaustible solar energy energy, a
solar energy. The objective of this research was to highlight as characteristics of this
energy and to show how much it has been growing all over the world. This research
was carried out along the lines of a literature review, which contains studies of
several authors of books, scientific articles and catalogs of the area on photovoltaic
energy, leading to a concise and didactic research on the subject. The result of this
research was a literature review covering a development of this energy source at
national and world level, considering its history, process and future scenarios.

Keywords: Solar energy; photovoltaic; renewable sources; electricity.


SUMÁRIO

1 INTRODUÇÃO ......................................................................................................... 9

2 TECNOLOGIA FOTOVOLTAICA .......................................................................... 11

2.1 HISTÓRIA ........................................................................................................... 11

2.2 PANORAMAS DE GERAÇÃO E ECONÔMICOS ............................................... 12

2.2.1 Microgeração e minigeração distribuída ........................................................... 13

2.2.2 Cenário mundial ............................................................................................... 13

2.2.3 Cenário Nacional .............................................................................................. 14

3 CONFIGURAÇÃO DE UM SISTEMA FOTOVOLTAICO ....................................... 16

3.1 SISTEMAS AUTÔNOMOS .................................................................................. 16

3.1.1 Sistema autônomo híbrido................................................................................ 17

3.1.2 Sistemas isolados ............................................................................................ 18

3.2 SISTEMAS CONECTADOS À REDE ELÉTRICA ............................................... 19

4 O FUTURO DA ENERGIA FOTOVOLTAICA ........................................................ 22

4.1 PERSPECTIVAS NO BRASIL ............................................................................. 25

5 CONSIDERAÇÕES FINAIS ................................................................................... 27

REFERÊNCIAS ......................................................................................................... 29
9

1 INTRODUÇÃO

Os constantes problemas ambientais causados pela utilização de


energias não renováveis e combustíveis fósseis, aliados ao aumento da
demanda por energia elétrica, geraram uma preocupação quanto aos métodos
de geração de energia convencionais e a capacidade de suprir a demanda
nacional e mundial. Em paralelo a este problema, surge o grande interesse por
soluções alternativas de geração de eletricidade, em principal as fontes
sustentáveis como a eólica, biomassa, nuclear e a energia solar.
A energia solar é uma opção viável na busca por uma alternativa auxiliar
de suprir a demanda energética não gerar poluentes na atmosfera terrestre,
pois consiste numa fonte energia renovável e limpa, com pouca emissão de
poluentes e sua obtenção pode ser dar por forma direta ou indireta.
O uso da tecnologia de geração de energia elétrica através do modelo
solar oferece inúmeros benefícios ambientais, especificamente em termos de
sua capacidade de renovação e a redução das emissões de gases de efeito
estufa. Dentre as fontes de energia renováveis, a mesma é a que pode ser
utilizada até em pequenas residências, facilitando o acesso a eletricidade em
locais remotos.
Com o aumento da população mundial, os avanços tecnológicos em
torno de fontes de energia renováveis para auxiliar e até suprir em projetando a
longo prazo os métodos convencionais de energia elétrica, seria possível a
geração de eletricidade através do modelo solar, suprir a demanda energética
de regiões ou países inteiros?
O objetivo principal desta revisão de literatura foi ressaltar as
características deste tipo de fonte de energia, evidenciar o quanto ela vem
crescendo em todo o mundo tendo como base os seguintes aspectos
secundários:
• Compreender as configurações de um sistema fotovoltaico;
• Observar os panoramas futuros;
• Comparar as vantagens e desvantagens com relação a matriz
hidroelétrica.
10

Esta pesquisa foi realizada nos moldes de uma revisão de literatura,


onde o conteúdo da mesma foi obtido através de livros específicos da área,
artigos científicos e catálogos do setor, sem delimitar a temporalidade dos
mesmos. Os arquivos foram selecionados em acervos de bibliotecas com
temas do setor e em sites específicos da área, buscando resultar numa
pesquisa objetiva e de fácil entendimento ao leitor.
11

2 TECNOLOGIA FOTOVOLTAICA

2.1 HISTÓRIA

Cresesb (1999) relata que o modelo de energia solar remete aos


primórdios, onde a luz solar era fonte de energia para fazer fogo e aquecer as
casas e água de antigas populações. Já em épocas mais recentes,
precisamente no século XIX, o físico francês Alexandre Edmond Becquerel
evidenciou pela primeira vez o efeito solar fotovoltaico, quando realizava certas
experiências com eletrodo. O mesmo o criador da energia solar no ano de
1839.
Continua Cresesb (1999) dissertando que nos primórdios da história da
energia solar, quando a mesma foi descoberta se manteve por longas décadas
sendo vista como uma tecnologia futurista, cujo uso era restrito exclusivamente
aos cientistas e suas pesquisas. Pelo fato de inicialmente ter um elevado custo
para utilização, acredita- se que a energia proveniente dos raios solares não
chegaria a ser utilizada de maneira geral.
Contrariando a ideia anterior de exclusividade da energia solar devido a
seu custo, aconteceram diversos avanços fotovoltaicos que não só acarretaram
a Albert Einstein ganhar o primeiro Prêmio Nobel de sua carreia, no ano de
1923 como também foram a causa pela solidificação da energia solar como
uma maneira real e viável de produzir energia limpa, sendo um marco
importante na história da energia solar segundo (CRESESB, 1999).
Para Villalva e Gazoli (2012), um dos acontecimentos que foi um divisor
de águas na história da energia solar, foi quando Calvin Fuller, um químico
americano, desenvolveu o processo de dopagem do silício. Fuller partilhou da
descoberta com o físico Gerald Pearson, que aprimorou o experimento.
Pearson descobriu que a amostra exibia um comportamento fotovoltaico e
partilhou a descoberta com Daryl Chapin. A figura 1 exibe o primeiro painel de
células fotovoltaicas no mundo.
12

Figura 1 – Primeiro painel de células fotovoltaicas

Fonte: Villalva e Gazoli (2012)

As primeiras células de energia fotovoltaica produzidas possuíam alguns


problemas técnicos que foram sanados por interações químicas, quando Fuller
dopou o silício com o arsênio e depois com boro, obtendo assim células com
eficiência recorde. A primeira célula solar teve sua apresentação oficial numa
reunião anual da academia nacional de ciências, em Washington.
De acordo com Villalva e Gazoli (2012), o sol é a fonte primária de
energia do planeta. Essa fonte além de ser aproveitada para fins de
aquecimento, pode ser utilizada para geração de eletricidade, isto se valendo
do efeito fotovoltaico. Esse processo ocorre em suas células fotovoltaicas, que
podem ser produzidas por diferentes elementos, como por exemplo, células de
silício cristalino e de filme fino.
Villalva e Gazoli (2012) afirmam que os custos com equipamentos para
sua produção, ainda que resulte em uma mínima degradação ao meio
ambiente, são elevados em comparação com eletricidade gerada a partir das
hidrelétricas, sendo considerado um fator negativo para este tipo de tecnologia.
O tópico a seguir faz um retrato sobre o panorama de produção e custos deste
tipo de fonte renovável.

2.2 PANORAMAS DE GERAÇÃO E ECONÔMICOS


13

2.2.1 Microgeração e minigeração distribuída

Para ANEEL (2012) a produção de energia eólica pode ser dividida em


grupos de microgeração e a minigeração distribuídas na qual se criou o
sistema de compensação de energia para os consumidores atendidos por
concessionárias de distribuição.
Segundo ANEEL (2012), refere-se à uma usina de microgeração de
eletricidade, a uma central geradora de energia elétrica fotovoltaica com
capacidade instalada de 100 KW, conectada à rede de elétrica de baixa tensão
por meio das instalações das unidades consumidoras.
Continua ANEEL (2012) relatando que a minigeração, por sua vez, é
determinada por sistemas com potências que variam entre 100KW e 1MW. O
objetivo principal deste tipo de usina, é suprir ao próprio consumo do produtor
de eletricidade, de forma que ao longo de um intervalo máximo de 36 meses o
consumo médio de energia se iguale a geração média, anulando os créditos
referentes ao excedente de energia gerada.
Um aspecto importante do sistema de compensação de créditos é que a
energia elétrica gerada que não tenha sido compensada na fatura da própria
unidade geradora, a mesma poderá ser utilizada para compensar o consumo
de outras unidades de propriedade do mesmo interessado, bastando apenas
que essas unidades sejam previamente cadastradas para esta finalidade e
atendidas pela mesma distribuidora.

2.2.2 Cenário mundial

Para IEA (2013), a energia solar no modelo fotovoltaico possui atributos


que não permitem comparação com nenhum outro tipo de fonte de energia.
Sua produção é realizada de forma rápida e segura e também pelo fato de sua
tecnologia ter sido desenvolvida com base em infraestrutura já existente,
passando por constantes inovações, automaticamente os justificam.
Os painéis solares, apesar de todo seu potencial energético e
tecnológico, contribuem pouco para a produção elétrica mundial devido ao alto
14

custo do kilo Watt hora. Porém, as constantes inovações tecnológicas na


indústria, possibilitam a redução significativa do custo por unidade de energia.
Ou seja, podem ser reduzidos os custos com novos produtos e processos de
produção, ou pela comercialização e instalação, reitera (IEA, 2013).
Os anos entre 1980 e 1990 foram reconhecidos pelo crescimento de
investimentos em programas de crédito financeiro de energia solar devido à
crescente procura por métodos não agressivos ao meio ambiente diz (IEA,
2013). Nesse período foi construída a primeira central de energia solar de
grande porte na Califórnia, no ano de 1982 antecedendo ao lançamento dos
programas “telhados solares”, ocorridos na Alemanha em 1990 e em seguida
no Japão 1993, complementa (IEA, 2013).
Cresesb (2006) diz que a partir destes fatos, o pensamento em torno da
criação de um mercado fotovoltaico surgiu, com a ideia de que o mesmo não
poderia apenas ter como base o desenvolvimento de uma tecnologia, e sim
investir na produção de equipamentos solares em escala industrial, para assim
reduzir os custos com equipamentos desta fonte de energia. Assim, os custos
seriam inversamente proporcionais a quantidade de equipamentos fabricados.
Para Cresesb (2006), a potência mundial instalada passou de 110MW
em 1993 para 7841 MW em 2007, distribuída em sua maior parte por quatro
países: Espanha, Alemanha, Japão e Estados Unidos, resultado do processo
de redução dos ônus de produção, que foram derrubados de maneira
igualmente expressiva. Os custos de 2006 são da magnitude de oito vezes
menores em comparação ao que eram em 1975, passaram de US$ 30/W para
US$ 3,75/W em 2006.

2.2.3 Cenário Nacional

MME (2017) relata que no Brasil a eletricidade gerada a partir da energia


fotovoltaica se aplica em maioria a equipamentos de telecomunicações, a
demanda de energia em zonas rurais, aos serviços públicos e ao
bombeamento de água. Os sistemas conectados ao sistema interligado
nacional (SIN) são poucos, apesar do país possuir um vasto potencial de
15

irradiação solar, que é cerca de duas vezes maior que o potencial alemão, que
é o primeiro em capacidade instalada de energia fotovoltaica. A tabela 1
demonstra o montante da capacidade instalada (apenas de sistemas
fotovoltaicos conectados à rede) e o potencial solar encontrado na Alemanha,
Espanha e Brasil no ano de 2009.

Tabela 1 – Potencial e capacidade instalada de sistemas fotovoltaicos e


potencial solar na Alemanha, Espanha e Brasil em 2009.

Fonte: MME (2017)

O setor de telecomunicações é o pioneiro na aplicação de tecnologia


fotovoltaica do Brasil. Entretanto, os sistemas fotovoltaicos mais utilizados no
país são para eletrificação rural e bombeamento de água que suprem a
demanda elétrica de cargas distante da rede convencional, normalmente em
zonas rurais afirma (FAPESP, 2010).
FAPESP (2010) diz que os sistemas autônomos, dependendo do local a
ser atendido, representam uma solução mais economicamente viável, quando
comparadas aos custos de expansão de rede elétrica convencional.
FAPESP (2010) relata que um método de incentivar o desenvolvimento
de fontes de energia solar no Brasil, é investindo em leilões fotovoltaicos. Os
leilões de geração de energia são de extrema importância para a conservação
do setor elétrico brasileiro. É a partir deles que se realiza a concessão de
novas usinas e celebram contratos de suprimentos para atender a demanda
futura das distribuidoras de energia.
Ao estabelecer o preço dos contratos de suprimento e a quais as fontes
de energia utilizadas na geração, os leilões tem influência ainda sob valor das
tarifas pagas pelos consumidores e a qualidade da matriz elétrica do país com
relação a termos ambientais.
16

3 CONFIGURAÇÃO DE UM SISTEMA FOTOVOLTAICO

Para ABINE (2012), os sistemas solares de modelos fotovoltaicos geram


energia elétrica para suprir uma certa demanda energética, utilizando como
fonte base de energia, a radiação solar. Assim, a energia elétrica gerada varia
durante o dia e ao longo do ano, conforme as condições climáticas da região
onde se encontra instalado a usina ou pela variação da radiação solar.
Por esse motivo segundo ABINE (2012), em determinadas situações,
são necessários sistemas para armazenar essa energia gerada ao longo do
dia. Pensando nesse conceito, existem duas configurações específicas para os
sistemas fotovoltaicos: os autônomos ou os conectados à rede elétrica. Dentre
as diferenças principais entre os dois, se evidenciam a orientação dos painéis
solares e a necessidade ou não de um sistema acumulador de energia.

3.1 SISTEMAS AUTÔNOMOS

Segundo Villalva e Gazoli (2012), os sistemas autônomos representaram


o primeiro modo de operação da tecnologia fotovoltaica. Surgiram como uma
solução para o problema de ausência de eletricidade em locais remotos, onde
não existia fornecimento de energia através dos métodos convencionais por
razões técnicas ou econômicas.
Este tipo de sistema, para Villalva e Gazoli (2012), tem como
característica a necessidade de um sistema acumulador de energia (banco de
baterias) onde a energia gerada pelos painéis solares é armazenada nestes
acumuladores e distribuída aos pontos de consumo. Entretanto, os sistemas
autônomos possuem custo elevado para se obter, sendo uma opção viável a
extensão da rede elétrica convencional para suprir pequenas demandas.
Para Villalva e Gazoli (2012) os sistemas autônomos são constituídos
essencialmente de um conjunto de módulos e baterias associadas a
controladores de carga, funcionando como uma reserva de energia elétrica.
Durante os dias com elevados índices de radiação solar, os módulos,
produzem energia elétrica. Essa quantidade de energia que não é utilizada
17

pelos usuários é armazenada nas baterias, para que durante a noite e nos dias
nublados, a energia acumulada no sistema seja fornecida pelas baterias ao
usuário.
Neste caso, a tensão proporcionada é de grandeza contínua e os
instrumentos usados tem que seguir esta característica. Se há a precisão de
utilização de tensão alternada, agrega-se ao sistema um inversor, que converte
a tensão continua em alternada de acordo com (Villalva e Gazoli, 2012). A
figura 2 ilustra como funciona um sistema autônomo fotovoltaico.

Figura 2 – Sistema autônomo fotovoltaico

Fonte: Villalva e Gazoli (2012)

A figura 2 ilustrou como funciona um sistema fotovoltaico residencial, de


forma que o mesmo não necessita de intervenções da energia da
concessionária, sendo sua eletricidade sendo gerada pelos módulos voltaicos e
processado e convertido posteriormente.

3.1.1 Sistema autônomo híbrido

Um sistema autônomo híbrido segundo Cresesb (2006), se origina


quando para geração energia de elétrica duas fontes de energia atuam,
podendo ser um aerogerador (no caso de um sistema híbrido solar eólico), um
moto gerador a combustível liquido (diesel), ou qualquer outro sistema que
realize geração de eletricidade. Um sistema híbrido pode ou não possuir
sistema de armazenamento de energia. Em muitos casos quando possui,
18

geralmente o sistema de armazenamento tem autonomia menor ou igual há um


dia. A figura 3 exibe um sistema autônomo híbrido, eólico fotovoltaico.

Figura 3 – Sistema autônomo híbrido: eólico fotovoltaico

Fonte: Cresesb (2006)

3.1.2 Sistemas isolados

Cresesb (2006) relata que os sistemas isolados, pertencem a categoria


dos sistemas autônomos fotovoltaicos, são aqueles no qual sua configuração é
puramente fotovoltaica. Sua instalação é recomendada em locais que tenham
condições climáticas favoráveis.
Possuem várias configurações possíveis, entre elas se destacam:
• Carga CC sem armazenamento: A energia elétrica é usada
instantaneamente no momento de sua geração por máquinas ou
equipamentos que necessitam de corrente contínua para operação;
• Carga CC com armazenamento: A energia elétrica é usada
independentemente de ter ou não geração fotovoltaica simultânea. A
energia elétrica pode ter seu armazenamento em baterias, e é
comum a necessidade de utilização de controladores de carga para
evitar sobrecargas na bateria ou descarga profunda;
19

• Carga CA sem armazenamento: A energia elétrica é


instantaneamente no momento de sua geração, porém é preciso a
utilização de um inversor entre o sistema fotovoltaico e o
equipamento elétrico.
• Carga CA com armazenamento: A energia elétrica é toda
armazenada em um banco de baterias. É preciso a utilização de um
inversor para a converter a corrente CC em CA e de um seguidor do
ponto de máxima potência.

3.2 SISTEMAS CONECTADOS À REDE ELÉTRICA

Para Cresesb (2006), os sistemas conectados à rede elétrica são


aqueles e que toda a energia elétrica gerada em forma de potência pelo
sistema fotovoltaico e distribuído para a rede elétrica. O mesmo funciona de
forma simples: sempre que o sistema gerar energia em excesso em relação ao
seu próprio consumo, este excesso é injetado diretamente introduzido na rede
elétrica pública. Quando o sistema gera menos energia do que necessária para
atender a demanda da residência, então ocorre o efeito inverso, a energia
necessária é extraída da rede. A figura 4 demonstra o funcionamento de um
sistema fotovoltaico ligado à rede elétrica.

Figura 4 – Sistema fotovoltaico ligado à rede elétrica

Fonte: Cresesb (2006)


20

Para FAPESP (2010), nestes sistemas é indispensável o uso de um


inversor, que deve ser escolhido de forma a atender as normas padrões de
qualidade e segurança, e o mesmo não se utiliza de baterias, pois está em
contato direto com a rede elétrica, não havendo assim necessidade de
armazenar eletricidade.
Nos sistemas conectados à rede elétrica, existem três tipos de conexão
com relação à forma de medição de energia:

• Medição única do balanço de energia: Passível da concessionária


local de energia remunerar a energia entregue pelo produtor
fotovoltaico ao mesmo preço que este adquire da rede elétrica.
Apenas um medidor realiza o registro de entrada ou saída de
energia, apresentando no fim do período de medição, o valor da
diferença entre energia consumida e a entregue à rede;
• Medição dupla: Os medidores trabalham em sentidos opostos,
registrando de forma independente a compra e a venda de energia à
rede. A cada instante se tem apenas um dos medidores em trabalho,
dependendo da diferença imediata entre a demanda e a potência
gerada. Possibilita que os diferentes valores possam ser atribuídos a
entrada e a saída de energia;
• Medições simultâneas: A conexão do sistema fotovoltaico à rede é
realizada de forma independente do painel de serviço local, de forma
a evitar quaisquer tipos de interferência do circuito de consumo local
(rede) como a produção e ou tarifação da energia gerada. A caixa de
junção deve assegurar que toda eletricidade gerada possa fluir,
garantindo que caso a rede não esteja habilitada a receber esta
energia ela será computada e comprada pela concessionária.
As formas de medição destes sistemas devem obedecer a resolução
normativa de número 482, estabelecidas de acordo com a Agência Nacional de
Energia Elétrica (ANEEL, 2012), utilizando como base os Procedimentos de
Distribuição de Energia Elétrica no Sistema Elétrico Nacional – PRODIST, as
21

normas técnicas brasileiras e, de forma complementar, as normas


internacionais.
Após a compreensão de como funciona um sistema de geração de
energia através do sistema fotovoltaico, o capítulo 4 discorre sobre os
panoramas futuros deste tipo de tecnologia.
22

4 O FUTURO DA ENERGIA FOTOVOLTAICA

Segundo dados da ANEEL (2008), nos tempos mais recentes, muitos


países adotaram como exigência a participação da energia solar com a
finalidade de aquecimento de água, encabeçando estes países, vêm Israel
seguido da Espanha. No ano de 2006 foi exigido um percentual mínimo
reservado a produção de energia solar em novas edificações. Em 2007, a
iniciativa teve como seguidores países como Índia, China, Coréia do Sul e
Alemanha, onde os percentuais exigidos podem variar de 30% a 70%,
dependendo do clima, níveis de consumo e disponibilidade de outras fontes de
energia.
Em boa parte dos países, a intensidade energética teve redução, ou
seja, a razão da energia consumida para os bens e serviços fornecidos caiu.
Entretanto não reduziu em nível suficiente para compensar o crescimento
econômico de uma forma geral e reduzir o consumo segundo (FAPESP, 2010).
Para Exonmobil (2010) estima-se que no ano de 2030, cerca de 40% da
eletricidade mundial será proveniente de fontes renováveis e das usinas
nucleares, tendo crescentes níveis em relação ao consumo energético através
de fontes renováveis, como a solar fotovoltaica.
Segundo Exonmobil (2010), a Alemanha lidera o uso da energia solar. O
país dispõe das maiores centrais produtoras desse tipo de energia. Os alemães
geram em torno de 1,5 GW a partir de fontes solares. Esse modelo é viável
pelo fato da Alemanha ter uma política de financiamento definida.
Todos os consumidores de energia no país contribuem financeiramente
com o progresso tecnológico e o aumento da utilização de energia solar. O
programa é conhecido como Electricity Feed Act (Lei de Alimentação de
Eletricidade) e teve sua criação no de 1991. O objetivo do governo alemão é
utilizar fontes de energia renovável para atender metade da demanda
energética do país até o ano de 2050 segundo (EXONMOBIL, 2010).
Para MME (2017), os recursos para arcar com essas mudanças no
sistema energético são recolhidos por meio de um pequeno acréscimo na tarifa
convencional de energia elétrica de todos os consumidores. Este montante é
23

depositado em um fundo e utilizados como reembolso para os investimentos


realizados por produtores independentes de energia solar fotovoltaica que
interligam suas usinas ao sistema energético nacional. O reembolso é feito de
forma progressiva e os produtores independentes conseguem recuperar seus
investimentos num período entre 10 a 12 anos. O programa também visa o
aporte em outras fontes, como a energia eólica, com o objetivo de reduzir a
dependência de fontes poluentes de energia.
No ano de 2014, para Valor Econômico (2014) o panorama é que sejam
instalados no mundo mais de 40 GW de potência, divididos entre instalações
em telhados e usinas solares. A eletricidade gerada pela energia solar
fotovoltaica tende a saltar do ínfimo 0,4% para 2,6% em 2035 com relação a
matriz energética mundial. No Brasil, até o ano de 2020 projeta-se uma
capacidade instalada de 400 MW.
O cenário internacional da energia solar fotovoltaica apresentou
alterações significativas nos últimos anos. Segundo IEA (2013), até pouco anos
atrás a tecnologia era diretamente associada a desafios tecnológicos, nos
quais incluíam limitações de performance do BOS (Balance of System),
dúvidas sobre a adequação dos materiais de fornecimento, falta de escala na
indústria e outrora problemas de ordem econômica associados aos altos custos
do negócio.
Entretanto, este cenário foi alterado de forma veloz, acarretando um
efeito positivo sobre as perspectivas de competitividade da energia fotovoltaica.
Dentre os fatores que auxiliaram para essas alterações estão:
• A rápida redução de custos;
• Alterações estruturais na indústria de energia;
• Maior preocupação com relação à segurança energética (dada a
predominância desta fonte);
• Preocupações com relação as mudanças climáticas.
No cenário internacional, explica o IEA (2013) mesmo que a capacidade
instalada ainda possa ser considerada pequena com relação ao total da matriz
elétrica, é perceptível o forte crescimento da fonte, em especial na Europa e na
China. A capacidade instalada mundial fotovoltaica atingiu valores beirando a
24

potência 139 GW, dos quais 38 GW foram instalados nesse ano. Esta rápida
expansão também é convertida em redução de custos, gerando estímulos para
o crescimento da capacidade instalada.
Em se tratando de perspectivas mundiais, a IEA (2013) previsiona que a
capacidade instalada de energia fotovoltaica passe de 27 GW em 2010, para
cerca de 280 GW em no ano de 2020, representando um crescimento médio
anual de expressivos 26% ao ano neste período. A figura 5 ilustra o cenário de
expansão traçado pela IEA.

Figura 5 – Perspectiva da capacidade instalada e custo do sistema FV

Fonte: IEA (2013)

Este crescimento do mercado de energia fotovoltaica contribui para


prolongar o cenário de redução dos custos da fonte verificado nos últimos
anos. Para dar dimensões ao impacto que este aumento da escala de
produção pode trazer para a indústria, diversos autores conseguem afirmar
que, a partir de dados históricos, uma taxa de aprendizagem que objetiva
mensurar com que velocidade os custos caiam dado o aumento de capacidade
acumulada.
Segundo IEA (2013), essa taxa para a energia fotovoltaica possui uma
variação entre 15% e 22%, sendo que na criação de seus estudos a agência
adotou uma redução de 18%. Isto significa que a cada vez que a produção
acumulada dobra, os custos caem em 18%. Em outro estudo, IEA (2013)
25

consegue estimar que entre 2010 e 2020 haverá uma queda de mais de 40%
do custo de instalação dos sistemas fotovoltaicos conforme ilustra a figura 6.

Figura 6 – Perspectiva de custos de energia fotovoltaica

Fonte: IEA (2013)

Em um cenário conservador, para IEA (2013) a energia solar poderia


corresponder por cerca de 11% da oferta internacional de energia elétrica no
ano de 2050, com potência em torno de 5.000 TWh. A área coberta pelas
instalações seria de 8 mil km², sendo potência 300 W/m² e fator de capacidade
de 25%, equivalente a um quadrado com dimensões de 90 km de lado.

4.1 PERSPECTIVAS NO BRASIL

O MME (2017) relata que a geração de energia solar fotovoltaica no


Brasil atingiu o patamar de 1.000 megawatts (MW) de capacidade instalada até
o fim de 2017, de acordo com projeção realizada pela Associação Brasileira de
Energia Solar Fotovoltaica (Absolar). O número representa uma evolução de
325% em comparação à capacidade normal, que é de 235 MW, suficiente para
suprir a demanda de cerca de 60 mil residências, com até cinco pessoas
integrando-as.
A estimativa feita pelo setor insere o país entre os 30 principais
geradores dessa fonte de energia no planeta, com a previsão de estar entre os
cinco primeiros em potência instalada anual até o ano de 2030. Estão sendo
contratados, por meio dos leilões de energia do governo, cerca de 3.300 MW,
que serão concedidos até 2018, de acordo com (MME, 2017).
26

Os aportes até o final de 2017 deverão girar em torno R$ 4,5 bilhões. O


crescimento da capacidade instalada auxilia também a geração de empregos
em toda o setor produtiva. Pelas contas do setor, para cada MW de energia
solar fotovoltaica instalados, em contrapartida são gerados de 25 a 30 postos
de trabalho, relata (AGÊNCIA BRASIL, 2017).
O MME (2017) afirma que para o ano de 2024, a perspectiva do Plano
Decenal de Expansão de Energia (PDE 2024), é que a capacidade instalada de
geração solar no Brasil alcance os 8.300 MW. A proporção da geração solar
estará a 1% do total. Os estudos do PDE 2025, em elaboração, indicam a
ampliação dessas previsões.
O número de instalações solares distribuídas aponta crescimento no
Brasil. Em oito meses, essas instalações cresceram 300% no País, tendo em
torno de 4000 unidades, com uma potência média de 7,4 KW. Os estudos do
Plano Nacional de Energia (PNE 2050), em elaboração pela Empresa de
Pesquisa Energética (EPE), estimam que 18% dos domicílios de 2050 contarão
com eletricidade por geração fotovoltaica (13% do consumo residencial), de
acordo com (MME, 2017).
27

5 CONSIDERAÇÕES FINAIS

O desenvolvimento do conteúdo deste trabalho de revisão de literatura


permitiu observar o panorama mundial e nacional a respeito da tecnologia
fotovoltaica na geração de eletricidade, desde de sua história até as
perspectivas futuras deste tipo de fonte.
Esta monografia possibilita responder positivamente o questionamento
mencionado em seu início, em conjunto com os objetivos mensurados na
introdução deste trabalho, evidenciando ao longo de seus capítulos que é
possível tanto no Brasil quanto em outros países do mundo, o modelo solar
fotovoltaico de geração de eletricidade suprir toda ou boa parte da demanda
por energia elétrica.
A tecnologia fotovoltaica está em constante desenvolvimento desde a
sua criação, possibilitando a redução nos custos de sua produção, sendo
acessível nos âmbitos residenciais e até em compensações de crédito de
energia com a concessionária de eletricidade da região e tendo uma vantagem
com relação ao método hidrelétrico que é a não utilização de grandes áreas
para a geração de eletricidade conforme constatado no decorrer do segundo
capítulo, resultando em um bom investimento a médio e longo prazo.
Conforme o desenvolvimento da tecnologia solar fotovoltaica, suas
topologias também se diversificaram, indo de um sistema simples residencial,
até um sistema de geração independente, contribuindo com a demanda por
eletricidade da região, podendo assim suprir a longo prazo a necessidade por
eletricidade de regiões isoladas do sistema convencional de energia, tais fatos
foram evidenciados no terceiro capítulo, introduzindo um gancho para o quarto
capítulo, no qual se evidencia os panoramas futuros deste tipo de fonte
renovável.
A longo prazo e numa escala mundial, o modelo fotovoltaico de geração
de eletricidade se torna viável para sua aplicação em grandes centrais ou
pequenos produtores de energia elétrica, devido ao custo de implantação desta
tecnologia ser cada vez mais barato e mais eficiente, tendo uma participação
28

efetiva e crescente na geração de eletricidade no mundo, tendo a vantagem de


ser uma fonte de energia limpa, conforme relatado em todo o quarto capítulo.
29

REFERÊNCIAS

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<http://www.abnt.org.br/normalizacao/abnt-catalogo>. Acesso em:
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AGÊNCIA BRASIL. Energia solar fotovoltaica pode crescer mais de 300%


até o fim do ano. Disponível em:
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ANEEL, Agência Nacional de Energia Elétrica. Banco de Informações de


Geração – BIG. Disponível em:
<http://www2.aneel.gov.br/aplicacoes/capacidadebrasil/capacidadebrasil.cfm >.
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ANEEL, Agência Nacional de Energia Elétrica. Resolução Normativa nº. 482,


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para Inserção da Energia Solar Fotovoltaica na Matriz Elétrica Brasileira
2012. Disponível em: <http://www.abinee.org.br/energiasolar/noticias>. Acesso
em: 05.out.2017

CRESESB. ENERGIA SOLAR – Princípios e Aplicações. Rio de Janeiro,


2006.

CRESESB. Manual de Engenharia para Sistemas fotovoltaicos. Rio de


Janeiro,1999.

EXONMOBIL. Panoramas Energéticos: Perspectivas para 2030. Sede


Corporativa 5959 Las Colinas Blvd.Irving, Texas 75039-2298. EUA. 2010.
30

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futuro com energia sustentável: iluminando o caminho. São Paulo.
FAPESP, 2010.

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<http://www.IEAWEO2013_Executive_Summary_English.PDF>. Acesso em:
07.out.2017.

MME, Ministério de Minas e Energia. Todas as publicações. Disponível em:


<http://www.mme.gov.br/mme/menu/todas_publicacoes.html>. Acesso em:
10.out.2015.

VALOR ECONÔMICO. Conversão de luz em eletricidade. Disponível em:


<http://www.valor.com.br/noticias/conversaodeluzemeletricidade>. Acesso em:
10.out.2017.

VILLALVA, M. G; Gazoli, J. R. Energia solar fotovoltaica: conceitos e


aplicações. 1°edição Editora Érica. São Paulo, 2012.

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