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Modelação técnico económica da integração de painéis

fotovoltaicos no Corinthia Lisboa Hotel

Ana Raquel Ferreira Galguinho de Almeida Gomes

Dissertação para obtenção do Grau de Mestre em

Engenharia Mecânica

Orientadores: Dr. Rui Pedro da Costa Neto


Prof. António Luís Nobre Moreira

Júri
Presidente: Prof. Edgar Caetano Fernandes
Orientador: Dr. Rui Pedro da Costa Neto
Vogal: Prof. Carlos Augusto Santos Silva

Novembro 2018
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Agradecimentos

Em primeiro lugar, quero agradeçer ao Professor Doutor António Luís Nobre Moreira e à Galp pela
oportunidade concedida, em poder realizar um trabalho tão interessante e desafiante, e confiança
depositada.
Agradeço ao meu orientador, o Professor Doutor Rui Pedro da Costa Neto por todo o apoio,
simpatia e disponibilidade demonstrada ao longo da dissertação.
Ao Engenheiro Pedro Ferreira e restante equipa do hotel Corinthia pela disponibilidade e contributo
demonstrado ao longo dos 6 meses de estágio.
À minha familia, especialmente aos meus pais Carlos e Ana, irmãos Margarida e Nuno e à Dinhas
e Nana por todo o apoio e compreensão nas diferentes fases da minha vida.
Ao Instituto Superior Técnico pelos valores incutidos ao longo destes anos, que certamente irão
permanecer comigo.
Por último, agradeço e dedico este trabalho ao Gonçalo que é a minha pessoa especial.

Raquel Gomes

iii
iv
“Strength does not come from physical capacity. It comes from an indomitable will.”

Mahatma Gandhi

v
Resumo

O elevado crescimento da população mundial tem acarretado um considerável aumento das


necessidades energéticas mundiais. A extensa utilização dos combustíveis fósseis, terá sido a resposta
rápida e simples de líderes mundiais face à procura existente, mesmo que para tal, elevadas
quantidades de poluentes, como dióxido de carbono, tenham sido emitidas para a atmosfera, habitats
terrestres e aquáticos tenham sido destruídos assim como a diminuição da própria qualidade de vida
do ser humano. O rápido aumento do preço do petróleo e as preocupações pelo tema do aquecimento
global fizeram com que a temática das energias renováveis fosse cada vez mais interiorizada e aceite
em diferentes partes do Mundo. A presente dissertação surge como uma das muitas respostas a esta
necessidade de procura por alternativas energéticas.
Este trabalho faz parte do programa nacional de estágios GALP21 em parceria com o Instituto
Superior Técnico e visa apresentar o estudo técnico-económico realizado na integração de painéis
fotovoltaicos (FV) na fachada Sul do Corinthia Lisboa Hotel, de modo a suprir parte das necessidades
energéticas do mesmo.
Em primeiro lugar, procedeu-se à compreensão clara do problema através da análise do consumo
energético do Corinthia e revisão bibliográfica de conceitos importantes nesta matéria. Seguidamente,
analisou-se a estrutura da fachada e a sua área útil para a possível colocação dos módulos e realizou-
se o estudo relativo ao enquadramento legal do projeto. A dissertação enquadra-se no DL 153/2014
referente a unidades de produção em autoconsumo. Várias soluções foram assim desenvolvidas e
criteriosamente estudadas, tendo sido selecionados os componentes mais apropriados, analisadas as
perdas do sistema FV, feito o levantamento de custos e o estudo económico do projeto.
O resultado do estudo foi positivo tanto do ponto de vista técnico, pois verificou-se ser possível
implementar o sistema fotovoltaico na fachada do edifício, como do ponto de vista económico, pois
concluiu-se a viabilidade do projeto, com valor atual líquido positivo. No futuro espero que o presente
estudo, possa servir de referência e apoio à implementação do projeto no Corinthia e a outros estudos
relacionados com a implementação deste tipo de projetos, que envolvam a implementação de fachadas
fotovoltaicas em Portugal.

Palavras-Chave: Aquecimento global, Energias Renováveis, Integração de painéis solares em


fachada, Unidade de produção para autoconsumo, Valor atual líquido.

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vii
Abstract

In the last decades, world’s human population has increased which caused worldwide higher
demands on the energetic sector. In order to face this issue, governments around the world started to
exploit fossil fuels, even knowing that this causes the release of large amounts of pollutants to the
atmosphere like carbon dioxide, endangering terrestrial and aquatic habitats and the human life itself.
The rapid growth of oil’s price and the global warming concerns made renewable energies an
accepted and recognisable form of energy around the world. The present thesis comes up has one of
the many answers already available towards finding clean types of energy. This case study is one of the
national’s internships programs provided by GALP21 and Instituto Superior Técnico and it aims to
present the study about building integrated solar photovoltaic systems on the Corinthia’s Lisbon hotel
South façade.
Firstly, a careful analysis of the Corinthia’s electric consumption was performed and important
concepts regarding the photovoltaic theme were reviewed. Then, in order to get the available useful
area to integrate the panels, the façade’s geometry was studied and the legal national laws about self-
-consumption were verified. After that, the PV system’s dimensioning took place, followed by the
system’s components selection, system’s losses calculation and the project’s economical evaluation.
The project’s output was positive. Concerning the technical results, it has been verified the façade’s
availability to implement the photovoltaic system and regarding the economical results, positive net
present value (NPV) indicates the project’s profitability.
As final considerations, I hope this thesis can become a reference and support the actual system
implementation on Corinthia hotel as well as to other projects related with the implementation of solar
panels on building’s façade.

Keywords: Global warming, Renewable energies, Building integrated solar photovoltaic


systems, Corinthia Lisbon hotel, Self-consumption, Net present value.

viii
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Conteúdo
Agradecimentos .................................................................................................................... iii
Resumo ................................................................................................................................. vi
Abstract ............................................................................................................................... viii
Lista de Figuras .................................................................................................................... xv
Lista de Tabelas .................................................................................................................xviii
Lista de Abreviaturas e Símbolos ........................................................................................ xxi

Introdução............................................................................................................................ 1
1.1 Contextualização ....................................................................................................... 1
1.2 Motivação .................................................................................................................. 2
1.3 Objetivos .................................................................................................................... 2
1.4 Estrutura da dissertação ............................................................................................ 2

Mercado Energia Solar Fotovoltaica .................................................................................. 4


2.1 Evolução histórica ...................................................................................................... 4
2.2 Vantagens da tecnologia fotovoltaica ......................................................................... 5
2.3 Energia fotovoltaica no Mundo ................................................................................... 6
2.4 Energia fotovoltaica em Portugal................................................................................ 7
2.5 Custo dos sistemas fotovoltaicos ............................................................................... 9
2.5.1 Evolução do custo do módulo fotovoltaico........................................................... 9
2.5.2 Evolução dos custos totais de instalação ...........................................................10
2.5.3 Evolução dos custos de operação e manutenção ..............................................11
2.5.4 Custo de energia produzida, LCOE ....................................................................12
2.6 Enquadramento legal em Portugal ............................................................................14
2.7 Enquadramento Corinthia Lisboa Hotel .....................................................................17

Integração de módulos fotovoltaicos em fachadas de edifícios.....................................18


3.1 Análise mercado BIPV ..............................................................................................18
3.1.1 Dimensão do mercado global e tendência..........................................................19
3.1.2 Mercado Europeu...............................................................................................19
3.1.2.1 Custo BIPV na Europa ............................................................................20

Revisão de conceitos .........................................................................................................21

x
4.1 Radiação Solar ..........................................................................................................21
4.2 Ângulo de incidência solar .........................................................................................22
4.3 Visão geral sistema fotovoltaico .................................................................................25
4.4 Efeito fotovoltaico e funcionamento da célula solar ....................................................27
4.4.1 Tipos de células .................................................................................................28
4.4.2 Características elétricas das células solares ......................................................29
4.5 Condições de Teste Standard ....................................................................................30
4.6 Sistema fotovoltaico ...................................................................................................30
4.6.1 Módulo Fotovoltaico ...........................................................................................31
4.6.1.2 Curva característica do módulo fotovoltaico .............................................32
4.6.1.3 Influência da temperatura e irradiação solar no desempenho do módulo
fotovoltaico .............................................................................................33

Métodos realizados no estudo técnico e económico da integração de painéis


fotovoltaicos na fachada do Corinthia ..............................................................................35
5.1 Metodologia realizada ...............................................................................................35
5.1.1 Seleção do módulo fotovoltaico ..........................................................................35
5.2 Determinação da área útil da fachada Sul.................................................................36
5.3 Determinação das perdas do sistema .......................................................................38
5.3.1 Estudo sombreamento do edifício ......................................................................38
5.4 Dimensionamento do Inversor ..................................................................................39
5.4.1 Determinação das tensões de entrada ...............................................................39
5.4.2 Determinação do número de módulos em paralelo ............................................42
5.4.3 Validação dos resultados com o inversor ...........................................................42
5.5 Dimensionamento da cablagem ................................................................................43
5.5.1 Cablagem de corrente elétrica contínua, DC ......................................................43
5.5.2 Cablagem de corrente elétrica alternada, AC .....................................................45
5.6 Configuração da rede de cablagem ..........................................................................46
5.7 Produção da energia do sistema fotovoltaico ............................................................47
5.8 Análise económica do projeto ...................................................................................47
5.8.1 Taxa de depreciação ..........................................................................................48
5.8.2 Taxa de inflação .................................................................................................48
5.8.3 Taxa de atualização ...........................................................................................48
5.8.4 Evolução do custo da energia ............................................................................49
5.8.5 Custo de Operação, Manutenção e Seguro .......................................................49
5.8.6 Taxa de imposto.................................................................................................49
5.8.7 Cálculo das receitas obtidas...............................................................................49
5.9 Indicadores de avaliação do investimento .................................................................50

xi
5.9.1 Valor atual líquido, VAL ......................................................................................50
5.9.2 Taxa interna de retorno, TIR ..............................................................................51
5.9.3 Período de retorno do investimento, Payback ....................................................51
5.9.4 Custo da energia produzida, LCOE ....................................................................52
5.10 Conversão da energia elétrica e fator de emissão de 𝐶𝑂2 .................................52

Resultados e Discussão ....................................................................................................53


6.1 Seleção do módulo fotovoltaico, inversor e cablagem ...............................................53
6.1.1 Módulo fotovoltaico ............................................................................................53
6.1.2 Inversor ..............................................................................................................54
6.1.3 Cablagem DC e AC ............................................................................................55
6.1.3.1 Cablagem entre módulos e strings, DC...................................................55
6.1.3.2 Cablagem AC .........................................................................................55
6.2 Resultados do dimensionamento do sistema ............................................................56
6.3 Caso de estudo .........................................................................................................57
6.3.1 Localização geográfica e radiação incidente ......................................................57
6.3.2 Perdas do sistema .............................................................................................57
6.3.2.1 Eficiência Módulos ....................................................................................57
6.3.2.2 Eficiência Inversores.................................................................................57
6.3.2.3 Efeito da temperatura e irradiação na produção de energia......................57
6.3.2.4 Cablagem AC e DC ..................................................................................58
6.3.2.5 Efeito do sombreamento ...........................................................................59
6.3.3 Resultados da produção energia elétrica no 1º ano funcionamento ...................60
6.3.4 Potência produzida pela instalação FV em horas de ponta ................................60
6.3.5 Análise económica do investimento ...................................................................61
6.3.5.1 Simulação 1 ............................................................................................62
6.3.5.2 Simulação 2 ............................................................................................63
6.3.5.3 Simulação 3 ............................................................................................64
6.3.5.4 Simulação 4 ............................................................................................65
6.3.6 Poupanças geradas com o sistema fotovoltaico .................................................67
6.4 Benchmarking ...........................................................................................................68

Conclusões e Trabalho Futuro ..........................................................................................69


7.1 Conclusões ...............................................................................................................69
7.2 Trabalho Futuro ........................................................................................................70

Anexo A ..............................................................................................................................74

xii
Irradiação média diária-Corinthia Lisboa Hotel .....................................................................74

Anexo B ..............................................................................................................................75
Dimensionamento do sistema fotovoltaico............................................................................75
B.1 Cálculos efetuados pelo Excel ...................................................................................75
B.2 Software dimensionamento ABB ...............................................................................78

Anexo C ..............................................................................................................................83
Configuração da rede de cablagem do sistema FV ..............................................................83

Anexo D ..............................................................................................................................84
Custo da eletricidade para consumidores não domésticos ...................................................84

Anexo E ...............................................................................................................................85
Fichas técnicas ....................................................................................................................85
E.1 Módulo fotovoltaico....................................................................................................85
E.2 Inversores..................................................................................................................86

Anexo F ...............................................................................................................................88
Perdas por efeito de Joule ....................................................................................................88
F.1 Perdas nos cabos de corrente-contínua, DC .............................................................88
F.2 Perdas nos cabos de corrente alternada, AC.............................................................88

Anexo G ..............................................................................................................................89
Custo de instalação do sistema FV ......................................................................................89
G.1 Mercado Europeu G.2 Mercado Chinês ..........................................................89

Anexo H ..............................................................................................................................90
Avaliação económica do projeto ...........................................................................................90

Anexo I ................................................................................................................................92
Poupança elétrica e de emissões de carbono durante o tempo de vida do projeto...............92

xiii
xiv
Lista de Figuras

2.1 Potência cumulativa mundial instalada entre 2006-2016 [8]. ........................................ 6


2.2 Potência instalada anual entre 2006-2016 [8]. .............................................................. 7
2.3 Produção de energia fotovoltaica nacional [10]. ........................................................... 8
2.4 Evolução das fontes renováveis nacionais no consumo final bruto de energia [10]. ..... 9
2.5 Evolução do preço médio dos módulos por tecnologia e evolução média anual do
preço dos módulos por mercado [8]. ...........................................................................10
2.6 Comparação dos custos instalados de sistemas fotovoltaicos de grande-escala com o
mercado Chinês entre 2015 e 2016 [8]........................................................................11
2.7 Evolução mundial do custo total instalado para sistemas fotovoltaicos comerciais até
500 kW de potência [8]. ...............................................................................................12
2.8 Custo global da energia produzida por fontes renováveis de grande-escala entre 2010
e 2017 [8]. ...................................................................................................................13
2.9 Evolução mundial do custo de energia produzida em sistemas fotovoltaicos comerciais
entre o primeiro e último trimestre [8]. .........................................................................14
2.10 Evolução do consumo energético anual com a implementação de novas medidas e
consumo elétrico actual (ano 2017)..............................................................................18

3.1 Evolução da potência instalada mundial na integração de tecnologia fotovoltaica em


edifícios, em GW [16] ..................................................................................................19
3.2 Actual e expectável mercado BIPV em diferentes regiões do mundo, em M€ [16].......19
3.3 Investimento no mercado BIPV europeu entre 2015-2020, em M€ [16]. ......................20
3.4 Preço de venda final de materiais de fachada convencionais e de integração de
módulos FV na fachada [16]........................................................................................20

4.1 Percurso da luz solar durante a sua passagem pela atmosfera terrestre [15]. .............22
4.2 Irradiação global sobre uma superfície horizontal [17]. ................................................23
4.3 Ângulos solares formados tendo em conta a posição do sol [29]. ................................23
4.4 Ângulos de inclinação β e orientação dos painéis solares tendo em conta a posição do
sol [15]. .......................................................................................................................24
4.5 Trajectória solar em diferentes estações do ano [15]. ..................................................24
4.6 Radiação solar anual em Lisboa para diferentes orientações do painel solar [15]. ......25

xv
4.7 Tipos de sistemas fotovoltaicos. ..................................................................................26
4.8 Difusão de electrões e lacunas e criação da barreira de potencial [18]. .......................27
4.9 Tipos de tecnologias das células fotovoltaicas. ...........................................................28
4.10 Estrutura da célula solar híbrida, HIT [19]. ...................................................................29
4.11 Curva I-U característica de uma célula solar de silício cristalino [19]. ..........................30
4.12 Conecção do sistema fotovoltaico à rede pública [18]. ................................................31
4.13 Curva I-U para três células solares ligadas em série [19]. ...........................................32
4.14 Curva I-U para três células solares ligadas em paralelo [19]. ......................................32
4.15 Curvas I-U para diferentes valores de irradiância a temperatura constante [19]. .........33
4.16 Curvas I-U para diferentes temperaturas ambiente [19]...............................................34

5.1 Metodogia seguida durante a dissertação. ..................................................................36


5.2 CAD da vista em corte da fachada Sul do hotel Corinthia............................................37
5.3 CAD da fachada Sul do hotel Corinthia em SolidWorks (dimensões do quadrado
20x20m). .....................................................................................................................38
5.4 Sombreamento do hotel Corinthia obtido no Energy3D. ..............................................39
5.5 Metodologia seguida na determinação das perdas de potência dos cabos de corrente
contínua. .....................................................................................................................45

6.1 Secções da fachada para cada inversor. ......................................................................56


6.2 Efeito do sombreamento no CAD do edifício e da sua envolvente no mês de Janeiro às
9h00. ...........................................................................................................................59

C Rede cablagem do sistema fotovoltaico na fachada Sul do Corinthia. ..........................83

xvi
xvii
Lista de Tabelas

1 Estruturação da dissertação. ........................................................................................ 3

2.1 Capacidade instalada em Portugal para diferentes fontes renováveis [10]. .................. 8
2.2 Processo de licenciamento das UPAC tendo em conta a sua potência instalada [13]. 15
2.3 Taxas de registo da UPAC sem e com imjeção na rede [13]. ......................................16

6.1 Dados técnicos do módulo fotovoltaico. Adaptado do anexo E.1. ................................53


6.2 Informação técnica do inversor de 60 kW. Adaptado do anexo x. ................................54
6.3 Informação técnica do inversor de 100 kW. Adaptado do anexo x. ..............................55
6.4 Resultados do dimensionamento da fachada Sul do edifício. Adaptada do anexo x. ...56
6.5 Irradiação média mensal em Lisboa para uma superfície vertical. Adaptada de [33]. ..57
6.6 Resultados da folha de Excel desenvolvida para determinar a queda de tensão dos
comprimentos L1, L2 e L3. Adaptada do anexo x. .......................................................58
6.7 Valores médios mensais de sombreamento estimado através do software Energy3D.59
6.8 Produção de energia do sistema fotovoltaico após um ano de funcionamento. ...........60
6.9 Valores mensais da potência em horas de ponta do hotel Corinthia e respectiva
produção FV e custos evitados para o 1º ano de funcionamento do sistema ..............62
6.10 Custo médio do módulo Hanwha Q.PEAK DUO G5-325W [34, 35, 36]. ....................61
6.11 Valor do investimento inicial. Adaptado do anexo x. ....................................................62
6.12 Resultados da avaliação económica do sistema para a simulação 1. Adpatado do
anexo x. ......................................................................................................................63
6.13 Valor do investimento inicial. Adpatado do anexo x. ....................................................63
6.14 Resultados da avaliação económica do sistema para a simulação 2. Adpatado do
anexo x. ......................................................................................................................64
6.15 Valor do investimento inicial. Adpatado do anexo x .....................................................65
6.16 Resultados da avaliação económica do sistema para a simulação 3. Adpatado do
anexo x. ......................................................................................................................65
6.17 Valor do investimento inicial. Adpatado do anexo x .....................................................66
6.18 Resultados da avaliação económica do sistema para a simulação 4. Adpatado do
anexo x .......................................................................................................................66

xviii
6.19 Resultados obtidos ao fim de 25 anos de funcionamento do sistema fotovoltaico.
Adpatado do anexo x. .................................................................................................68

A.1 Irradiação média diária sob uma superfície horizontal [33]. .........................................74
A.2 Irradiação média diária sob uma superfície vertical [33]. .............................................74

B.1.1 Folha de cálculo desenvolvida para o dimensionamento do sistema FV da secção S1.


....................................................................................................................................75
B.1.2 Folha de cálculo desenvolvida para o dimensionamento do sistema FV da secção S2.
....................................................................................................................................75
B.1.3 Folha de cálculo desenvolvida para o dimensionamento do sistema FV da secção S3.
....................................................................................................................................76
B.1.4 Folha de cálculo desenvolvida para o dimensionamento do sistema FV da secção S4.
....................................................................................................................................76
B.1.5 Folha de cálculo desenvolvida para o dimensionamento do sistema FV da secção S5.
....................................................................................................................................77

F.1 Valor médio da queda de tensão nos cabos de corrente contínua nas secções S1, S2,
S3, S4 e S5. ................................................................................................................88
F.2 Queda de tensão nos cabos de corrente alternada nas secções S1, S2, S3, S4 e S5. 88

G.1 Inventário dos componentes fotovoltaicos e respectivo custo. ......................................89


G.2 Inventário dos componentes fotovoltaicos e respectivo custo. ......................................89

H Actividade financeira do projecto relativo ao custo dos módulos fotovoltaicos no mercado


Chinês [36]. ...................................................................................................................90
H Actividade financeira do projecto relativo ao custo dos módulos fotovoltaicos no
mercado Chinês [36] (continuação). ..............................................................................91

I Valores energéticos e de emissões de carbono poupados através do sistema FV [37]. 92

xix
xx
Lista de Abreviaturas e Símbolos

Abreviaturas

AC Corrente Alternada

APESF Associação Portuguesa de Empresas do Sector Fotovoltaico

BIPV Sistemas Fotovoltaicos Integrados em Edifícios (Building Integrated Photovoltaics)

CAD Desenho Assistido por Computador (Computer Assisted Drawing)

DC Corrente Contínua (Direct Current)

DL Decreto de Lei

EPBD Diretiva para a Performance Energética de Edifícios (Energy Performance of Buildings


Directive)

FER Fontes de Energia Renovável

FV Fotovoltaico

HIT Heterojunction with Intrinsic Thin-layer

I Corrente

IRC Imposto sobre o Rendimento de pessoas colectivas

LCOE Custo Nivelado de Eletricidade (Levelized Cost of Electricity)

MPP Ponto de Potência Máxima (Maximum Power Point)

NOC Condições de Operação Normal (Normal Operating Conditions)

O&M Operação e Manutenção

OMIE Operador de Mercado Ibérico de Energia

PRI Período de Retorno de Investimento (Payback Time)

PVGIS Photovoltaic Geographical Information System

QGBT Quadro Geral de Baixa Tensão

RESP Rede Elétrica de Serviço Público

SERUP Sistema Eletrónico de Registo de Unidades de Produção

STC Condições de Teste Standard (Standard Test Conditions)

TIR Taxa interna de Retorno

U Tensão

xxi
UPAC Unidade de Produção em Autoconsumo

UPP Unidade de Pequena Produção

VAL Valor Atual Líquido

Símbolos

Ainstalada Área correspondente à área ocupada pelos painéis fotovoltaicos

CCheia Consumo médio anual de energia elétrica produzida em cheia

CPonta Consumo médio anual de energia elétrica produzida em ponta

CUPAC,m Valor a pagar no mês “m” por cada kW de potência instalada

CECheia Custo da energia em cheia

CEPonta Custo da energia em ponta

CFactualizado Fluxo monetário atualizado

CFi Cash-flow atualizado do ano “i”

dmês Número de dias relativos ao mês em que se está a calcular a quantidade de energia
produzida

E0 Constante Solar

ECheia,m Energia elétrica consumida em cheia no mês “m”

Efornecida,m Valor de energia fornecida no mês “m”

EP Energia produzida pelo sistema durante o seu tempo de vida útil

EPonta,m Energia elétrica consumida em ponta no mês “m”

Eproduzida,FV Energia que o sistema fotovoltaico produz mensalmente

Imax DC,SC INV Corrente máxima de curto-circuito de entrada do(s) inversor(es)

Icabo Corrente que atravessa o cabo DC

IMax admissível Valor limite da corrente do cabo para uma determinada secção transversal

Imax,DC(INV) Valor máximo da corrente de entrada do inversor

IMPP,PV Corrente nominal do módulo

IMPPT,DC Corrente de entrada máxima do inversor para cada controlador MPP

In,AC Corrente nominal à saída do inversor

Io Investimento inicial

IR Corrente máxima reversível

xxii
ISC,PV Corrente de curto-circuito do sistema fotovoltaico

ISC,PV Corrente de curto-circuito do sistema fotovoltaico

ISC(Módulo) Corrente de curto-circuito do módulo

Kt Fator de ponderação das compensações mensais fixas

LAC Comprimento do cabo AC

LDC Comprimento do cabo da fileira DC

OMIEm Valor obtido pela média aritmética simples dos preços de fecho do OMIE, relativos ao
mês “m”

PAC Valor das perdas de energia no cabo de corrente alternada para um sistema trifásico

PINV,DC Potência do inversor em corrente contínua, DC

PMPP Ponto de potência máxima

PPV Potência instalada do sistema fotovoltaico

PUPAC Potência instalada da UPAC

R UPAC,m Valor remunerativo que o produtor da instalação recebe no mês “m”

SAC Área da secção transversal do cabo AC

SDC Área da secção transversal do cabo DC

TA Taxa de atualização

Tilq Taxa de iliquidez

Tinf Taxa de inflação praticada

Tris Taxa de risco do projeto

UINV(MPP min) Tensão de mínima do inversor no ponto de potência máxima

UMax,INV Tensão máxima admissível do inversor

UMod.70°C (MPP) Tensão do módulo no ponto de potência máxima a 70°C

UMPP,INV Intervalo de tensão de entrada do inversor do(s) controlador(es) MPPT

UMPP Tensão no ponto de potência máxima

Un Tensão nominal da rede

UOC Tensão de circuito aberto

UOC(CTS) Tensão de circuito aberto do módulo em CTS

UOC(Mod. a Tmin) Tensão de circuito aberto do módulo à temperatura mínima de funcionamento

UOC(FV a Tmin °C) Tensão de circuito aberto da fileira para a temperatura mínima de operação

VCIEG,t Valor que permite recuperar os CIEG da UPAC no ano “t”

VMPP Tensão nominal

xxiii
VOC Tensão de circuito aberto

VSYS Tensão máxima do sistema

ηinv Eficiência ponderada do inversor EURO

ηmódulo Eficiência do módulo sob condições STC

ηrel Eficiência anual relativa à perda de potência nominal do módulo

ηsistema Rendimento do sistema

∆U Variação da tensão do módulo em função da temperatura

CO2 Dióxido de Carbono

G Irradiação solar sobre uma superfície a 90° de inclinação

η Eficiência

κ Condutividade elétrica do material condutor

Símbolos Gregos

𝛼𝑠 Azimute solar

𝛾𝑠 Ângulo de elevação solar

𝛼 Azimute do painel solar

β Inclinação do painel solar

xxiv
xxv
Capítulo 1

Introdução

1.1 Contextualização

Limitados recursos energéticos aliados ao elevado preço da energia e crescente preocupação


ambiental com temáticas como o aquecimento global e alterações climáticas fizeram com que a
eficiência energética fosse um tema mundial. Desde então, vários esforços têm sido feitos com vista a
melhorar o uso das fontes de energia. A sua utilização racional e a redução do seu consumo
proveniente da queima de combustíveis fósseis têm sido duas das diretrizes seguidas por líderes
mundiais [1].
Assim, tornou-se imperativo o apoio ao desenvolvimento de fontes renováveis capazes de produzir
energia livre de emissões, sem contribuir para a deterioração ambiental, como a energia solar, eólica,
hídrica, marés, ondas, geotérmica e biomassa.
Até ao ano 2020, a União Europeia traçou o seu plano estratégico visando o crescimento
sustentável dos seus estados membros e estabeleceu metas das quais destacam-se as seguintes:
 Reduzir em 20% as emissões de gases de efeito de estufa, com base nos níveis do ano de
1990;
 Melhoria da eficiência energética em 20%;
 Atingir em 20% a participação das fontes de energia renovável no consumo energético.
De modo a dar resposta aos objetivos traçados, várias medidas foram tomadas, nomeadamente,
o aumento do investimento de tecnologias de baixo carbono, energias renováveis, eficiência energética
e em infraestruturas de rede elétrica [2, 3].
Como resultado, em 2015 a participação das energias renováveis como consumo final de energia
foi de 16,4%, valor próximo da meta traçada para 2020, o que demonstra como a União Europeia está
bem encaminhada quanto ao desenvolvimento das energias renováveis face aos seus objetivos.
Porém, esforços devem continuar a ser realizados nomeadamente através do aumento de
participações e reforço de cooperações entre estados membros [4, 5].
A presente dissertação procura ir de encontro com as diretrizes da União Europeia.

1
1.2 Motivação

O aumento populacional, a crescente procura e utilização de recursos energéticos tem vindo a


enfatizar a necessidade das sociedades adotarem práticas mais sustentáveis e economias mais
conscientes em termos ambientais, de modo a melhorar as condições de vida do ser humano e meio-
ambiente. Assim, surgem novas tecnologias ecologicamente eficientes e economicamente viáveis,
como a energia solar fotovoltaica.
Esta energia aproveita a abundante e inesgotável energia proveniente do Sol, proporcionando o
desenvolvimento de uma economia eco sustentável. Através da sua utilização, tal como de outras
fontes renováveis, são atenuadas práticas que pouco respeitam o ambiente, associadas à extração,
produção de energia não renovável e eliminação de resíduos.

1.3 Objetivos

Este estudo foi realizado através de um estágio no Corinthia Lisboa Hotel e permitiu avaliar técnica
e economicamente a implementação do sistema fotovoltaico na fachada do edifício. Para tal,
estabeleceu-se como principais objetivos os seguintes procedimentos:

 Compreender a dinâmica e a proposta de valor do Corinthia;


 Analisar o seu consumo energético;
 Compreender os diversos conceitos associados à energia solar;
 Compreender as características de cada tecnologia fotovoltaica e dos seus componentes;
 Analisar a geometria da fachada Sul do edifício e obter a área disponível para instalação de
painéis;
 Determinar a potência instalada do sistema e analisar o seu enquadramento legal nacional;
 Proceder ao dimensionamento do sistema;
 Avaliar o recurso solar do local com recurso ao software PVGIS;
 Estimar a produção anual de energia;
 Proceder ao levantamento de custos e cálculo do investimento inicial;
 Realizar o estudo económico do projeto, com determinação do VAL, TIR, PRI e LCOE;
 Determinar a poupança energética e de emissões de 𝐶𝑂2 do sistema.

1.4 Estrutura da dissertação


A presente dissertação encontra-se estruturada em 7 capítulos. A sua descrição encontra-se
apresentada na seguinte tabela 1.

2
Tabela 1: Estruturação da dissertação.

Capítulo Descrição

Breve enquadramento acerca da energia solar fotovoltaica,


1
enunciando as motivações e objetivos do trabalho.

Análise do mercado fotovoltaico no Mundo e em Portugal.


2
É também apresentado o seu enquadramento legal.

Revisão bibliográfica relativa à integração de painéis


3
fotovoltaicos em fachadas de edifícios.

Revisão de conceitos relativos à radiação solar e


4
tecnologia fotovoltaica.

Metodologia utilizada para o estudo técnico e económico


5
da presente dissertação.

Apresentação dos resultados e discussão dos casos de


6
estudo.

Conclusões a retirar do presente estudo e considerações


7
finais relativas a trabalhos futuros.

3
Capítulo 2

Mercado Energia Solar Fotovoltaica

2.1 Evolução histórica

A história evolutiva do Homem relata que, ao longo da sua evolução, diferentes fontes de energia
foram aproveitadas a partir do meio ambiente. Fontes que continham energia armazenada como, a
madeira, potência animal, agricultura e por fim os combustíveis fósseis, fizeram com que o estilo de
vida do ser humano sofresse alterações e adaptações. Como resultado, a qualidade de vida do homem
melhorou significativamente e a população Mundial aumentou sem precedentes. Os recursos
energéticos foram cada vez mais necessários e consequentemente preocupações ambientais
ganharam dimensão. Além do mais, a possibilidade de escassez derivada da elevada exploração dos
combustíveis fósseis e o custo inconstante da energia, fizeram mais tarde emergir questões na
comunidade científica e cidadãos que já entendiam que alternativas energéticas deviam ser
rapidamente desenvolvidas [6].
A utilização da energia Solar tem sido uma prática comum desde há milhares de anos atrás.
Os primeiros registos históricos existentes da utilização desta forma de energia surgem no século VII
a.C. quando o homem criou o fogo, ao utilizar a luz proveniente do Sol em contacto com vidro.
A era fotovoltaica iniciou-se com o físico francês Alexandre Edmond Becquerel que, no ano 1839,
descobriu o efeito foto galvânico enquanto fazia uma experiência com dois elétrodos num eletrólito.
Desde então, foram realizados vários estudos e experiências destacando-se as seguintes [7]:
 Em 1866, Augustin Mouchot desenvolveu o primeiro coletor solar, onde raios solares serviam
para aquecer água contida numa caldeira que posteriormente produzia vapor utilizado em
motores;
 Em 1873, o engenheiro eletrotécnico inglês, Willoughby Smith descobriu a fotocondutividade
do elemento químico de Selénio;
 Em 1883, Charles Fritts produziu a primeira célula solar feita de Selénio;
 Em 1954, iniciou-se a era moderna desta tecnologia quando investigadores dos laboratórios
Bell Norte-Americano, descobriram que o díodo de junção p-n produzia tensão na presença de
luz e foram assim produzidas as primeiras células solares de Silício, com 6% de eficiência;
 Em 1958, a NASA lançou para o espaço o Vanguard 1, o primeiro satélite a subsistir da energia
gerada por células solares;
 Em 1963, a empresa Sharp realizou a primeira produção em massa de módulos de silício;

4
 No ano 1973, ocorreu a crise do petróleo e foi um dos anos chave para o desenvolvimento
fotovoltaico, com várias nações a começarem a ponderar em recursos renováveis, incluindo a
energia solar fotovoltaica;
 Em 1982, construiu-se nos Estados-Unidos da América a primeira central fotovoltaica com 1
MW de potência instalada;
 Nos anos seguintes o desenvolvimento tecnológico não parou. A célula solar de silício atingiu
20% de eficiência em laboratório (1985), comercializou-se pela primeira vez módulos de
película fina (1986) e as células solares de pelicula fina obtiveram 19% de eficiência em
laboratórios Norte Americanos (1998).
Hoje em dia, esta tecnologia encontra-se estabelecida mundialmente embora continuem a ser
realizados estudos com vista a melhorar e desenvolver a eficiência das células e novas tecnologias.

2.2 Vantagens da tecnologia fotovoltaica

A energia produzida pelas células solares tem demonstrado a sua capacidade de competir com
outras fontes de energia renovável, salientando-se as suas vantagens:

 Nas horas de pico (durante o dia), os sistemas fotovoltaicos ligados à rede, reduzem ou
eliminam a necessidade de utilizar eletricidade vinda da rede elétrica pública;
 Redução da necessidade de construção de novas infraestruturas de produção e distribuição de
energia, como centrais hidroelétricas, centrais de carvão, etc;
 Contrariamente à energia eólica e ondas, a produção de energia fotovoltaica é relativamente
fácil de prever;
 Os custos de operação e manutenção são relativamente baixos;
 O custo de aquisição de módulos solares está constantemente a diminuir, tornando o seu
investimento apelativo;
 Requer uma determinada área disponível, mas é menos dependente da localização geográfica,
quando em comparação com outras fontes de energia renovável;
 Não produz ruído e reduz a emissão de gases de efeito de estufa para a atmosfera (excluindo
as emissões derivadas da produção de células solares);
 Em zonas de difícil acesso à rede elétrica pública, é possível produzir e armazenar energia
elétrica;
 No geral, contribui para a melhoria da economia mundial, ao ser o maior empregador da
indústria das energias renováveis. Atualmente existem 3.4 milhões de empregos nesta área
[12].

5
2.3 Energia fotovoltaica no Mundo

A rápida descida do custo das fontes renováveis, derivada dos progressos tecnológicos das
indústrias, levou à expansão dos seus mercados. Relativamente à tecnologia fotovoltaica, o aumento
da eficiência dos módulos é um dos exemplos de evolução desta indústria.
Como resultado, o balanço mundial deste tipo de energia renovável é muito positivo. Com o
aparecimento de economias de escala e maior competitividade nos processos de fabrico e cadeias de
distribuição, o mercado cresceu de tal modo que, entre 2006 e o fim de 2016, a potência instalada
cumulativa mundial passou de 6.1 GW para 291 GW, como se observa pela figura 2.1, que representa
o crescimento cumulativo fotovoltaico de 48 vezes.

Figura 2.1: Potência cumulativa mundial instalada entre 2006-2016 [8].

A aposta do continente Asiático e Europeu tem contribuído fortemente para este crescimento. Em
conjunto, China e Japão instalaram entre 2014 e 2016 cerca de 88 GW de potência e são atualmente
dos países com maior potência instalada nesta tecnologia. Contudo, o mesmo não ocorre noutras
regiões que até 2012 apostavam fortemente na indústria fotovoltaica. Na figura 2.2 é ilustrado o
desenvolvimento da potência instalada fotovoltaica. Verifica-se, desde o ano de 2011 que a capacidade
instalada na Europa tem vindo a diminuir. Tal redução pode ser justificada pelo fim dos subsídios em
diversos países. As restantes regiões têm apresentado um comportamento constante relativamente à
instalação fotovoltaica, com a América do Norte a sobressair timidamente com aproximadamente 10
GW de potência instalada em 2016.
Em suma, apesar da menor aposta por parte do continente Europeu em adquirir novas instalações
fotovoltaicas, o recente crescimento do mercado Asiático tem fortemente compensado esse decréscimo
tornando os valores globais muito positivos [8].

6
Figura 2.2: Potência instalada anual entre 2006-2016 [8].

2.4 Energia fotovoltaica em Portugal

Em Portugal, no passado ano 2017, a energia elétrica consumida pela rede pública atingiu 49.6
TWh tendo sido o consumo elétrico mais elevado desde 2011. A produção renovável forneceu cerca
de 40% do consumo energético, com 0.968 TWh a serem abastecidos pelos sistemas fotovoltaicos.
A aposta neste tipo de tecnologia renovável tem aumentado, pois, em 2010 a potência instalada
rondava os 134 MW e ao fim de 7 anos quadruplicou, ao atingir 584 MW.
Atualmente, os valores cedidos pela Direção Geral de Energia e Geologia mostram que no
passado mês de Maio de 2018 estavam instalados cerca de 590 MW de capacidade fotovoltaica.
Na Tabela 2.1 pode-se observar a evolução que as energias renováveis têm tido no país. A energia
Hídrica e Eólica são as que detêm maior potência instalada em Portugal, com valores a rondar 7100
MW e 5300 MW em Maio de 2018, respetivamente. Contudo, pode afirmar-se que em termos relativos,
a tecnologia fotovoltaica é de todas as renováveis em Portugal a que mais progrediu na última década
em termos relativos, uma vez que começou com valores residuais até atingir os 590 MW instalados
[9,10].
Relativamente à sua distribuição pelo País, a região do Alentejo, Algarve e ilha da Madeira são
as que apresentam mais horas equivalentes de produção, isto é, apresentam valores de radiação
superiores aos das outras regiões e assim a possibilidade de os módulos fotovoltaicos produzirem mais
energia. Através da Figura 2.3, observa-se que o Alentejo é a região que mais contribui para a produção
fotovoltaica nacional, com cerca de 37% de contribuição em 2017, seguido da região de Lisboa e zona
Centro.
Porém, esta tecnologia tem capacidade para continuar a evoluir em Portugal, pois, tendo como
exemplo as elevadas horas equivalentes de produção no Algarve e ilha da Madeira, a sua produção
energética é baixa face aos valores produzidos pelas outras regiões.

7
Tabela 2.1: Capacidade instalada em Portugal para diferentes fontes renováveis [10].

Este facto, deve-se sobretudo ao reduzido aproveitamento destas regiões, dado que tanto o
Algarve como a ilha da Madeira apresentam em 2017, valores relativos à potência instalada de 59 MW
e 21 MW, respetivamente, em comparação com 187 MW instalados no Alentejo [10].

Figura 2.3: Produção de energia fotovoltaica nacional [10].

Por último, a meta traçada pela União Europeia para Portugal em 2020 situa-se em 31% para as
energias renováveis como consumo final bruto de energia. Segundo os dados divulgados pela Direção
Geral de Energia e Geologia, Portugal está no bom caminho quanto ao consumo de energia proveniente
das fontes de energia renovável (FER) ao atingir em 2016 um consumo final bruto de 28.5%. A Figura
2.4 ilustra a evolução que as energias renováveis têm tido no país, demonstrando como nos últimos
anos o investimento nesta área tem sido uma importante aposta [10].

8
Figura 2.4: Evolução das fontes renováveis nacionais no consumo final bruto de energia
[10].

2.5 Custo dos sistemas fotovoltaicos

Antigamente, as fontes de energia renovável mostravam ser inatingíveis aos olhos da maioria dos
líderes mundiais. O fácil acesso e o custo atrativo dos combustíveis fósseis causavam falta de interesse
em alternativas energéticas e, como resultado, existiam poucos investimentos e programas de incentivo
para fontes de energia limpa, o que acarretava atrasos nos desenvolvimento tecnológico e
consequentemente baixa competitividade.
A industrialização do mercado renovável permitiu, cada vez mais, o aparecimento de países a
investirem e a adotarem estas tecnologias. No que diz respeito à energia solar fotovoltaica, os avanços
tecnológicos e economias de escala provocaram a descida do seu custo potenciando a sua expansão.

2.5.1 Evolução do custo do módulo fotovoltaico

Atualmente, o mercado fotovoltaico contém diferentes tecnologias de módulos, que vão de


encontro com as preferências individuais de cada utilizador. Existem painéis de silício cristalino, de
película-fina e células fotovoltaicas de 3ª geração, sendo o silício cristalino a célula mais difundida e
estabelecida devido à elevada eficiência que apresenta.
Através da Figura 2.5, observa-se que independentemente da sua tecnologia, o custo dos módulos
tem diminuído de ano para ano, com os módulos de silício cristalino a apresentarem, devido à utilização
dispendiosa destes cristais, os custos mais elevados face às tecnologias de pelicula-fina.
Relativamente à influência dos mercados, a China e a Índia são os produtores mundiais a
oferecerem custos mais baixos. Em 2016, o preço de módulos no mercado Chinês rondava, em média,
os 0.38 €/W enquanto na Europa o valor aproximava-se dos 0.42 €/W, perfazendo uma diferença de
preço de aproximadamente 10% entre os dois mercados. Em contraste, zonas como o Japão, América
do Norte e América do Sul apresentam módulos com um custo mais elevado.
O valor médio no ano 2017 relativo a módulos produzidos na China rondou os 0.35 €/W, no entanto
nesse mesmo ano, foram atingidos valores históricos próximos de 0.26 €/W.
No futuro, perspetiva-se a continuação da queda do preço dos módulos nos mercados globais,
não só pelo efeito das economias de escala, mas, principalmente, pela melhoria dos processos
produtivos e desenvolvimento de células capazes de aumentar a eficiência dos módulos [8].

9
Figura 2.5: Evolução do preço médio dos módulos por tecnologia e evolução média anual do preço dos
módulos por mercado [8].

2.5.2 Evolução dos custos totais de instalação

Os custos totais de instalação dos sistemas fotovoltaicos englobam diversos elementos,


nomeadamente painéis solares, inversores, baterias, cablagem, estrutura de suporte dos módulos
assim como serviços de engenharia e instalação.
Fatores como a maturidade do mercado FV, custo dos processos produtivos, incentivos e
localização geográfica são alguns dos fatores que determinam o custo total da instalação FV.
Para sistemas de grande dimensão, como parques solares com potências instaladas superiores a
1 MW, o valor dos projetos apresenta grandes disparidades entre diferentes países.
A Figura 2.6 ilustra essa disparidade entre países, comparando em termos percentuais, a diferença
de custo dos sistemas fotovoltaicos em relação aos valores referência de 964 €/kW e 1014 €/kW
(convertidos do dólar americano para euro) praticados na China no ano 2015 e 2016 respetivamente.
Primeiramente, observa-se a redução do custo instalado ocorrido em todos os mercados. A Alemanha
e Índia foram os países a obter os resultados mais invulgares ao atingirem custos inferiores aos da
referência de 6% e 9% respetivamente.
A explicação para este decréscimo assenta essencialmente na aposta da redução de custos de
alguns dos elementos constituintes dos sistemas fotovoltaicos acima mencionados.
No futuro prevê-se que as diferenças de custo entre mercados continuem a reduzir de modo a
atingir-se mercados cada vez mais homogéneos [8, 11].

No que diz respeito aos sistemas fotovoltaicos comerciais com potência instalada até 500 kW, a
tendência da evolução do custo total instalado entre 2009 e 2017 assemelhou-se aos sistemas de
grande escala, experienciando em média 65,5 % de redução de custo nos mercados globais mais
influentes.

10
Figura 2.6: Comparação dos custos instalados de sistemas fotovoltaicos de grande-escala com o mercado Chinês
entre 2015 e 2016 [8].

Tal como acontece em sistemas de grande escala a China e Alemanha continuam a ser os
mercados a apresentarem os custos mais atractivos. No segundo trimestre de 2017 os custos nestes
mercados rondavam cerca de 950 €/kW e 993 €/kW respectivamente com o custo mais alto a pertencer
aos Estados-Unidos da América, mais concretamente ao estado da Califórnia com valores a rondar os
3150 €/kW. A figura 2.7 ilustra a redução de custo dos sistemas FV comerciais.
Relativamente aos sistemas residenciais, a expansão do mercado fotovoltaico aumentou o
espectro de escolha dos utillizadores e com isso os seus custos totais instalados também reduziram
sgnificativamente. Os Estados-Unidos-América são novamente o mercado mais dispendioso com
custos totais de 3950 €/kW em 2017, cerca de duas vezes mais que na Alemanha [8].

2.5.3 Evolução dos custos de operação e manutenção

Até ocorrer a descida do preço dos módulos fotovoltaicos, o custo de operação e manutenção dos
sistemas FV não era considerado como um valor preponderante para a avaliação económica do
projecto. Hoje em dia tal já não se verifica, uma vez que este custo passou a ter uma relevância superior
devido à acentuada descida do custo dos módulos e instalação. Utilizando a Alemanha e Inglaterra
como referência, hoje em dia, a gama de custos de O&M situa-se entre 20-25% do custo total da energia
produzida, LCOE [8].

11
Figura 2.7: Evolução mundial do custo total instalado para sistemas fotovoltaicos comerciais até 500 kW de
potência [8].

2.5.4 Custo de energia produzida, LCOE

Após a análise de evolução dos custos dos módulos, custos totais de instalação e custos de O&M,
neste subcapítulo é analisada a evolução do custo da energia produzida, LCOE, que não é mais do
que a medida económica que avalia o custo total de um sistema energético durante o seu tempo de
vida considerando a razão entre o seu investimento inicial (custo instalado) os custos anuais fixos e
variáveis e a energia total produzida pelo sistema.
Como foi anteriormente mencionado, o custo da potência instalada dos projetos fotovoltaicos tem
decrescido significativamente essencialmente devido à redução no custo dos equipamentos acessórios
e módulos. Deste modo, entre o ano de 2010 e 2017 o custo global da energia produzida LCOE, por
sistemas fotovoltaicos de grande escala diminuiu 73% ao atingir valores nunca antes registados de
0.088 €/kWh.
Na Figura 2.8 verifica-se o acentuado declive da reta amarela que ilustra exatamente este
decréscimo que a indústria tem vindo a sentir no custo da eletricidade produzida. De todos os sistemas
renováveis de grande escala, os sistemas fotovoltaicos eram no ano 2010 o sistema mais dispendioso,
de modo que, em termos de redução de custos, eram a tecnologia que apresentava maior margem de
progressão. Ao fim de 7 anos, verifica-se não só a expectável redução como a aproximação a
renováveis como a biomassa e energia geotérmica.
A par com o aumento da capacidade instalada, para 2020 é esperado que o custo médio global
da energia produzida continue a diminuir podendo atingir valores próximos de 0.057 €/kWh,
demonstrando que a aposta na energia solar fotovoltaica é hoje em dia uma alternativa credível e
economicamente comparável a outras fontes de energia renováveis e não renováveis [8].

Relativamente aos sistemas fotovoltaicos comerciais com potência instalada até 500 kW, a
evolução do custo elétrico produzido foi semelhante à redução sentida pelos sistemas de grande
escala. Na sua maioria, os mercados com maior influência nesta indústria reduziram em média cerca
de 61% do seu custo elétrico produzido como se encontra representado pela Figura 2.9.

12
Figura 2.8: Custo global da energia produzida por fontes renováveis de grande-escala entre 2010
e 2017 [8].

Também nestes sistemas a forte redução dos preços de elementos fotovoltaicos como os módulos,
inversores e etc. permitiram que os mercados crescessem e aumentassem a sua capacidade instalada.
Os níveis de radiação de cada país são também um fator a ter em conta e que não deve ser
menosprezado, uma vez que contribuem para o aumento ou diminuição do LCOE. Por exemplo, a
Austrália apesar de não ser o país com menores custos instalados e O&M, possui, no segundo trimestre
de 2017, o menor custo em média de eletricidade produzida de 0.086 €/kWh. Ora, tal pode ser
justificado pelo facto de mesmo que o do investimento inicial seja superior relativamente a outros
países, os seus elevados níveis de radiação permitem que se produza mais energia e como tal o custo
elétrico produzido diminua.
Em sistemas residenciais a evolução do custo da energia produzida também tem sido semelhante.
A sua redução de custo entre 2010 e 2017 situa-se em média entre 40-75%, dependendo da localização
geográfica.
A Alemanha tem sido nos últimos 10 anos o país a instalar mais sistemas fotovoltaicos em
residências, independentemente dos seus baixos níveis de radiação solar. O custo da eletricidade
produzida em 2017 rondou 0.11 €/kWh [8].

13
Figura 2.9: Evolução mundial do custo de energia produzida em sistemas fotovoltaicos comerciais entre
o primeiro e último trimestre [8].

2.6 Enquadramento legal em Portugal


O presente Decreto-lei nº153/2014 vigora em Portugal desde 2014 e possui elevada relevância
em termos de enquadramento legal da presente dissertação. Este DL alterou o regime jurídico aplicável
à produção distribuída revogando a regulamentação existente relacionada com a microprodução e
miniprodução. Assim a produção de energia que tinha como único objetivo a venda integral da sua
produção passou a ter dois tipos de regimes a unidade de produção em autoconsumo UPAC e a
unidade de pequena produção UPP.
Começando pelas UPP, estas são destinadas a entregar na sua totalidade a energia produzida na
rede elétrica de serviço público (RESP) e estão limitadas a uma potência de ligação de 250 kW.
Como o próprio nome indica, no caso da UPAC a finalidade é alimentar a própria instalação de
produção a partir de origem renovável ou não renovável, podendo a energia excedente ser vendida à
RESP. Deste modo, o produtor tem a possibilidade de escolher se esta unidade de produção é ou não
ligada à rede elétrica pública. Sempre que a energia produzida não for suficiente para o abastecimento
da instalação a remanescente é fornecida através da RESP.
Como pode ser verificado no capítulo 6 da presente dissertação, as unidades de produção para
autoconsumo representam o regime onde se enquadra o presente estudo. De modo a facilitar a
compreensão sobre o tema é apresentado de forma detalhada a informação relativa a esta unidade de
produção.
Primeiramente deve-se estudar as seguintes condições de dimensionamento:

 Potência de ligação (UPAC) ≤ Potência contratada


 Potência instalada (UPAC) ≤ 2 x Potência de ligação (UPAC)

Onde:

 Potência de ligação é no caso de instalações com inversores a potência nominal de saída


destes equipamentos e que pode ser injectada na RESP;

14
 Potência contratada é o valor máximo de potência que a instalação elétrica pode receber;
 Potência instalada diz respeito à potência de pico dos equipamentos de produção de
electricidade.

Tendo em conta a potência instalada da unidade, a instalação pode ser de quatro tipos. Caso se
trate de uma UPAC do tipo A, unidade que detém menos de 200W de potência, não é necessário o
produtor realizar o seu registo. Para unidades do tipo B com potências entre 200 W-1,5 kW, deve
somente ser comunicado ao SERUP a sua existência, no entanto caso estas pretendam vender energia
à rede pública ou transacionar garantias de origem passam a estar sujeitas às condições das UPAC
tipo C.
As UPAC tipo C têm uma gama de potência instalada de 1,5 kW a 1MW e o seu processo de
licenciamento é algo mais complexo e que exige maior atenção. Este tipo de UPAC, primeiramente
necessita de ser registada eletronicamente no SERUP. Caso o pedido seja aceite, pode-se proceder à
instalação da unidade de produção. Após a conclusão da instalação, é feito o pedido de inspeção.
Caso, todos estes procedimentos estejam em ordem é emitido o certificado de exploração definitivo. É
importante referir a obrigatoriedade da contagem da eletricidade total produzida neste tipo de UPAC.
Instalações com potência instalada superior a 1 MW necessitam de licença de produção e
exploração de acordo com o nº3 do art. º4.º do DL153/2014 [13].
O exposto acima é sumarizado na seguinte tabela 2.2.

Tabela 2.2: Processo de licenciamento das UPAC tendo em conta a sua potência instalada [13].

Tipo Potência da UPAC Procedimento

A < 200 W Não necessita de registo

B 200 W – 1,5 kW Mera comunicação prévia

Registo e inspecção conforme tabela


C 1,5 kW – 1MW
2.3
Licença de produção e exploração
D > 1 MW
(DL115B/2012)

Custos relativos à taxa de inscrição e inspeção das UPAC

Para além do investimento associado à instalação da UPAC, o produtor deve proceder ao


pagamento da taxa de registo. A tabela de preços vigente é apresentada na seguinte tabela 2.3.

15
Tabela 2.3: Taxas de registo da UPAC sem e com injeção na rede [13].

Valor da taxa €
Potência da UPAC Sem injeção na rede Com injeção na rede
< 1,5 kW - 30 €
1,5 kW - 5 kW 70 € 100 €
5 kW – 100 kW 175 € 250 €
100 kW – 250 kW 300 € 500 €
250 kW – 1 MW 500 € 750 €

A taxa de registo inclui a 1ª inspeção, no entanto as reinspecções e inspeções periódicas estão


sujeitas ao pagamento de 30% e 20% do valor da taxa de registo aplicável respetivamente.
De acordo com o artigo 39.º do DL 153/2014, instalações com potência instalada superior a 1,5
kW e inferior a 1 MW estão sujeitas a inspeções periódicas de 10 em 10 anos e 6 anos no restante
caso (superior a 1 MW) [13,14].

Remuneração e compensações atribuídas às unidades de autoconsumo

Uma das remunerações destas unidades de autoconsumo reside no custo evitado ao consumir a
própria energia produzida. No entanto, de acordo com o artigo 24.º do DL 153/2014 a energia excedente
pode ser injetada na rede pública e o produtor pode assim receber também a remuneração de acordo
com a seguinte expressão [14]:

R UPAC,m = Efornecida,m × OMIEm × 0,9 (1)

Onde:

 𝑹𝑼𝑷𝑨𝑪,𝒎, significa o valor remunerativo que o produtor da instalação recebe no mês “m” em €;
 𝑬𝒇𝒐𝒓𝒏𝒆𝒄𝒊𝒅𝒂,𝒎 , indica o valor em kWh de energia fornecida no mês “m”;
 𝑶𝑴𝑰𝑬𝒎 , valor obtido pela média aritmética simples dos preços de fecho do Operador do
Mercado Ibérico de Energia para o mercado diário português relativos ao mês “m” e em €/kWh;
 "𝒎", indica o mês em questão da contagem da eletricidade fornecida na RESP.

As UPAC com potência instalada superior a 1,5 kW e cuja instalação esteja ligada à RESP estão
sujeitas ao pagamento de compensações mensais fixas durante 10 anos após a obtenção do certificado
de exploração. De acordo com o artigo 25.º a compensação é calculada com base na seguinte
expressão:

CUPAC,m = PUPAC × VCIEG,t × K t (2)

Onde:

 𝑪𝑼𝑷𝑨𝑪,𝒎, indica o valor a pagar no mês “m” por cada kW de potência instalada, em €;

16
 𝑷𝑼𝑷𝑨𝑪 , indica a potência instalada da UPAC, em kW;
 𝑽𝑪𝑰𝑬𝑮,𝒕, indica o valor que permite recuperar os CIEG da UPAC no ano “t” em €/kWh;
 𝑲𝒕 , indica o fator de ponderação e pode tomar os valores 0%, 30% e 50%;
 “t” - indica o ano de emissão do certificado de exploração da UPAC.

Após os 10 anos de pagamento a UPAC fica isenta de pagamento de compensação [13,14].

2.7 Enquadramento Corinthia Lisboa Hotel

O hotel Coritnhia encontra-se localizado na Avenida Columbano Bordalo Pinheiro em Lisboa.


Este é um dos maiores hotéis de 5 estrelas em Portugal e é conhecido não só pelo seu serviço de
excelência e requinte, mas também pela implementação de várias medidas de eficiência energética. A
partir do ano 2007, o Corinthia em parceria com a Galp Soluções de Energia desenvolveu um conjunto
de soluções sustentáveis relacionadas com a área de climatização, aquecimento e iluminação. Além
do mais, parte da energia consumida é produzida pelos próprios, através de uma central solar térmica
e de 2 cogeradores. Este projeto permitiu ao Corinthia reduzir 22% do seu consumo energético anual.
No ano passado, 2017, o hotel Corinthia consumiu cerca de 4.3 GWh de energia elétrica proveniente
da RESP.
A seguinte figura 2.10 explicita a redução de consumo obtida através das medidas
implementadas e o consumo elétrico atual.

9.3 GWh
energia
consumida

Medidas de
eficiência
energética
7.3 GWh
energia
consumida

4.3 GWh
consumo
elétrico anual

Figura 2.10: Evolução do consumo energético anual com a implementação de novas medidas e
consumo elétrico actual (ano 2017).

17
Capítulo 3

Integração de módulos fotovoltaicos em


fachadas de edifícios

As preocupações pela temática do aquecimento global e por criar um mundo mais consciente em
termos ambientais têm levado à criação de várias alternativas energéticas. A utilização de painéis
fotovoltaicos em fachadas de edifícios é mais um dos exemplos dos esforços que têm vindo a ser
realizados neste âmbito. Os módulos fotovoltaicos podem ser integrados nas fachadas substituindo o
seu revestimento externo ou podem ser dispostos nas mesmas através da sua fixação.
Em termos comparativos, os painéis fotovoltaicos de fachada, produzem menor energia que os
sistemas solares dispostos horizontalmente, pois não só o ângulo de inclinação de 90° difere do ângulo
de inclinação ideal como podem ocorrer efeitos de sombreamento causados por edifícios e restante
envolvente. Contudo, essa desvantagem não é impedimento para a expansão deste tipo de tecnologia
fotovoltaica, pois, contrariamente a outros tipos de aplicações fotovoltaicas onde o objetivo principal é
centrado na produção de energia elétrica, neste tipo de aplicação há outros fatores que tornam esta
aplicação também muito interessante do ponto de vista económico, nomeadamente [15]:

 Os custos evitados relacionados com a substituição de materiais dispendiosos de construção


de fachada por painéis FV;
 Os custos evitados com a poupança gerada pela proteção térmica que estes painéis conferem
ao edifício;
 Imagem de prestígio e inovação conferida ao edifício é interessante e valorizada pelos
investidores.

3.1 Análise mercado BIPV


Até finais do ano 1970, este tipo de aplicação fotovoltaica era considerado um nicho de mercado.
Desde então, a diminuição do preço dos módulos estimulou o desenvolvimento desta tecnologia que
tem crescido consideravelmente. A seguinte figura 3.1 demonstra a evolução do mercado BIPV e
compara-o com o mercado fotovoltaico global. Verifica-se o seu crescimento nos últimos anos, no
entanto, continua a ser um mercado relativamente pequeno, apenas cerca de 4% do mercado
fotovoltaico pertence à integração de módulos fotovoltaicos em edifícios. Porém a expectativa é de

18
crescimento com previsões realizadas por equipas de investigação a ditarem que no ano 2022 este
mercado terá cerca de 13% do mercado fotovoltaico [16].

Figura 3.1: Evolução da potência instalada mundial na integração de tecnologia


fotovoltaica em edifícios, em GW [16]

3.1.1 Dimensão do mercado global e tendência

As zonas com maior investimento na área BIPV são a Europa e Estados-Unidos da América. Em
conjunto detêm cerca de 70% do investimento mundial. A figura 3.2 mostra o interesse da Europa e
Estados Unidos da América neste tipo de sistemas. Prevê-se que no ano 2021 o investimento aumente
para mais do dobro, em relação ao ano 2018, com valores a rondarem 7000 M€ [16].

Figura 3.2: Actual e expectável mercado BIPV em diferentes regiões do mundo,


em M€ [16].

3.1.2 Mercado Europeu

As medidas regulatórias rigorosas relacionadas com a eficiência energética dos edifícios, os


incentivos criados e campanhas de sensibilização têm feito com que a Europa seja a líder mundial
desta tecnologia, BIPV. No ano 2012 a União Europeia aprovou a legislação referente à eficiência
energética dos edifícios EPBD, através da qual se estabeleceu que até ao ano de 2020 todos os novos
edifícios terão de suprir a maioria das suas necessidades energéticas no local, impulsionando deste

19
modo a energia solar fotovoltaica. Além do mais, existem países como França, Suíça e Áustria que
usufruem de incentivos compensadores e que promovem a tecnologia BIPV, nomeadamente, a descida
do preço da energia, subsídios de investimento e apoio ao crédito.
A Figura 3.3 mostra o investimento realizado neste tipo de tecnologia fotovoltaica. A azul encontra-
se representada a tecnologia de integração em telhados e verifica-se que esta é a que apresenta maior
investimento e aplicação.
As projeções realizadas apontam para que no ano 2020 a capacidade instalada BIPV exceda os
11 GW [16].

Figura 3.3: Investimento no mercado BIPV europeu e previsão entre 2015-


2020, em M€ [16].

3.1.2.1 Custo BIPV na Europa

A figura 3.4 ilustra a comparação de preços entre fachadas convencionais e fachadas revestidas
com painéis fotovoltaicos. Verifica-se que o custo das fachadas convencionais varia entre 30 − 50 €/𝑚2
para fibrocimento e vai até 1100 €/𝑚2 para paredes com revestimento externo de vidro. Relativamente
aos sistemas FV, a sua variação de custo é desde 130 €/𝑚2 para painéis de pelicula fina até 750 €/𝑚2
para sistemas fotovoltaicos de seguimento solar. Destes valores, é possível concluir que os sistemas
BIPV apresentam custos comparáveis com os materiais das fachadas convencionais e, como tal, são
uma alternativa economicamente apelativa [16].

Figura 3.4: Preço de venda final de materiais de fachada convencionais e de integração de módulos FV
na fachada [16].

20
Capítulo 4

Revisão de conceitos

O Sol é uma estrela situada no centro do sistema solar com cerca de 4,5 mil milhões de anos, no
seu interior são produzidas, através de reações de fusão, elevadas quantidades de energia. Essa
intensa energia é absolutamente indispensável para a vida do ser humano, uma vez que é responsável
por aquecer e iluminar o planeta Terra.
A energia solar é a fonte renovável que apresenta maior abundância e acessibilidade em
comparação com as restantes fontes renováveis. Estima-se que cerca de 0.01% da sua energia é
suficiente para satisfazer a procura energética mundial [15].

4.1 Radiação Solar

Ao longo do ano, a distância entre o Sol e a Terra, varia entre 1,47 × 108 km a 1,52 × 108 km.
Assim, a intensidade de radiação solar varia entre 1325 𝑊/𝑚2 e 1412 𝑊/𝑚2 . O seu valor médio é
designado por constante solar de 𝐸𝑂 e toma o seguinte valor: 𝐸𝑂 = 1367 𝑊/𝑚2 .
Contudo, em boas condições climatéricas, por volta do meio dia, o nível de radiação que atinge a
superfície terrestre é de aproximadamente 1000 𝑊/𝑚2 , independentemente da localização geográfica.
Ora, este valor que atinge a superfície terrestre mostra-se inferior ao valor da constante solar 𝐸𝑂 . Esta
diferença, deve-se ao facto de apenas parte da radiação solar emitida atingir a superfície do planeta,
sendo a restante perdida. Em baixo encontra-se explicado e ilustrado com base na figura 4.1 os vários
tipos de radiação que causam as tais perdas de radiação emitida pelo Sol [15].

 Radiação direta – tipo de radiação que atinge a superfície terrestre diretamente sem ser
absorvida ou dispersa;
 Radiação difusa – radiação que alcança a superfície da Terra em todas as direções, após ter
sido desviada por nuvens, poeiras em suspensão e outros obstáculos presentes na atmosfera;
 Radiação refletida – radiação proveniente da sua reflexão no solo e em objetos circundantes
como edifícios.

21
De salientar que a radiação difusa é dominante no Inverno devido à nebulosidade existente,
enquanto que, em dias com relativamente poucas nuvens a radiação direta prevalece. Em Portugal
tem-se cerca de 40% de radiação difusa para 60% de radiação direta.

Figura 4.1: Percurso da luz solar durante a sua passagem pela atmosfera terrestre
[15].

Irradiação global anual

A irradiação global anual deriva do somatório dos valores de radiação solar ao longo do ano e é
expressa em 𝑘𝑊ℎ/𝑚2 . Através da Figura 4.2, pode-se observar a variação deste parâmetro para
diferentes zonas do planeta, sobre uma superfície horizontal. Zonas acima da linha do Equador como
o Norte de África e América Central, apresentam níveis de irradiância muito elevados, superiores a
2100 𝑘𝑊ℎ/𝑚2 por ano. Abaixo da linha do Equador, a tendência é semelhante, com a África do Sul,
Austrália e algumas regiões da América do Sul a apresentarem valores igualmente elevados.
Essencialmente, são as regiões mais a Norte do Hemisfério que recebem menores níveis de irradiação.
Em Portugal, estes valores situam-se entre 1300 𝑘𝑊ℎ/𝑚2 e 1800 𝑘𝑊ℎ/𝑚2 [11].
Para a presente dissertação, os valores de irradiação utilizados foram obtidos através do software
Photovoltaic Geographical Information System,PVGIS, disponibilizado pelo centro de investigação da
Comissão Europeia. Esta plataforma tem sido desenvolvida há mais de 10 anos e obtém informação
através de satélites credenciados e colaborações com organizações como a Deutscher Wetterdienst e
National Renewable Energy Laboratory (U.S) [17].

4.2 Ângulo de incidência solar


De modo a optimizar a quantidade de energia recebida, isto é, potenciar o aproveitamento da
energia solar é de extrema importância saber qual é a direção mais indicada para colocar os painéis
solares fotovoltaicos. Deste modo, é importante compreender as diferentes posições do Sol em relação
ao local onde se pretende realizar a instalação. A sua definição centra-se com base na sua altura solar
e ângulo azimutal.

22
Figura 4.2: Irradiação global sobre uma superfície horizontal [17].

Através da Figura 4.3, observa-se que a altura solar não é mais do que o ângulo formado entre o
plano horizontal e a radiação incidente no plano, enquanto que o ângulo de azimute solar é o ângulo
formado na superfície horizontal terrestre entre o eixo Norte e a projecção da radiação directa nesse
plano. Convenciona-se que o azimute toma valores positivos para Oeste e negativos para Este [15].

Figura 4.3: Ângulos solares formados tendo em conta a posição do sol [29].

A seguinte figura 4.4 ilustra os diferentes ângulos a ter em conta na colocação dos painéis solares
fotovoltaicos, salientando os seguintes:

 𝛼𝑠 - Azimute solar;
 𝛾𝑠 - Ângulo de elevação solar;
 𝛼 – Azimute do painel solar;

 β – Inclinação do painel solar.

23
Figura 4.4: Ângulos de inclinação β e orientação dos painéis solares
tendo em conta a posição do sol [15].

Posição Solar
Ao longo do ano, os movimentos de translação e rotação da Terra acarretam a alteração do ângulo
de elevação solar. Nos meses de Inverno, o ângulo de elevação solar é muito reduzido, pois o Sol
encontra-se mais baixo. Como tal, o percurso realizado pelos feixes de luz na atmosfera é maior
provocando níveis inferiores de irradiação transmitida. Porém, à medida que os meses de Verão se
aproximam, o Sol adquire uma posição aproximadamente perpendicular à Terra e o seu ângulo solar
aumenta, favorecendo assim a passagem da irradiação. Não obstante, é importante considerar que
para além do percuso dos feixes luminosos ser menor, durante esta estação, a menor ocorrência de
nebulosidade favorece o aumento do nível de radiação incidente. O exposto acima encontra-se
ilustrado na Figura 4.5.
Em jeito de conclusão é importante compreender, que o exposto em cima, é relativo a superfícies
horizontais. No caso de superfícies verticais, a situação é diferente relativamente à quantidade de
radiação recebida, pois, embora seja significativamente inferior nos seus valores totais,
comparativamente à radiação sob um plano horizontal, o facto do ângulo solar nos meses de Inverno
ser menor, permite que superfícies verticais como fachadas de edifícios recebam mais radiação nos
meses de Inverno face a uma superfície horizontal. No anexo A encontrasse representado os valores
de irradiação solar em Lisboa para o plano horizontal e vertical [15].

Figura 4.5: Trajectória solar em diferentes estações do ano [15].

24
Inclinação ótima do painel fotovoltaico

Como foi anteriormente explicado, a energia produzida pelos módulos fotovoltaicos está
relacionada com a radiação incidente. Como tal, o posicionamento dos painéis solares deve ser
realizado com a preocupação de analisar qual a direção e ângulo de inclinação que maximizam a
produção de energia. No hemisfério Norte, aconselha-se que os painéis solares estejam voltados para
Sul. Em Portugal, os requisitos ótimos para a maximização da instalação solar são: a direção Sul e um
ângulo de inclinação de 35° [15].
Apesar dos valores ideiais expostos em cima, a figura 4.6 demonstra como valores diferentes da
referência também geram bons resultados. Para uma variação do ângulo azimutal de aproximadamente
−55° a 55° e inclinação do painel entre 10° e 55° a perda de irradiação é de cerca de 10%.
Para situações onde os painéis são colocados com a direção Norte, isto é, com o ângulo azimutal
a ±180°, a inclinação “óptima” do painel fica reduzida a valores entre 0° a 5°. Para inclinações
superiores menores valores de radiação devem ser tidos em conta.
Em fachadas verticais os painéis solares perfazem um ângulo de inclinação de 90°. Se traçar na
figura 4.6 uma reta horizontal que passa no valor de inclinação de 90°, verifica-se como os níveis de
radiação são substancialmente inferiores. Os valores máximos de radiação, nesta situação, rondam os
1200 𝑘𝑊ℎ/𝑚2 e os 1400 𝑘𝑊ℎ/𝑚2 e são obtidos para um desvio da orientação Sul de ±60°.

Figura 4.6: Radiação solar anual em Lisboa para diferentes orientações do


painel solar [15].

4.3 Visão geral sistema fotovoltaico

Os sistemas fotovoltaicos podem ser agrupados em duas categorias dependendo do tipo de


ligação. Existem sistemas autónomos, stand-alone systems e sistemas com ligação à rede, grid-
connected systems.

25
Em sistemas autónomos a energia produzida iguala as necessidades energéticas do local.
Geralmente, este tipo de sistemas requer o uso de baterias para armazenar energia uma vez que, por
vezes, a sua produção não é necessária nesse exacto momento e, portanto, deve ser armazenada para
posterior utilização. Caso o sistema fotovoltaico esteja conectado com outra fonte de potência, como
turbinas, motores de cogeração, o sistema é denominado de híbrido.
Tanto o desenvolvimento tecnológico como a redução dos custos de produção têm permitido, cada
vez mais, a utilização destes sistemas em países desenvolvidos, contudo, continuam a ser sistemas
com grande potencial para países subdesenvolvidos com difícil acesso à rede elétrica. São também
muito utilizados em pequenas aplicações como: calculadoras, sinais de trânsito, telefones de
emergência, etc.
A divergência relativamente aos sistemas ligados na rede centra-se na temporalidade do
fornecimento de energia, pois, sempre que a produção fotovoltaica não seja suficiente para ir de
encontro com as necessidades energéticas dos utilizadores, a procura é alimentada pela energia vinda
da rede elétrica pública. A energia produzida pode tanto ser consumida pela própria instalação como
ser vendida à rede elétrica beneficiando o produtor de uma bonificação que depende de país para país.
A figura 4.7 esquematiza os diferentes tipos de sistemas FV explicados em cima [15].

Sistema
Fotovoltaico

Sistemas autónomos Sistema


conectado à rede

S/armazenamento

Ligação directa à
rede pública
C/armazenamento

Ligação à rede
Sistemas híbridos pública via rede
interna

Figura 4.7: Tipos de sistemas fotovoltaicos.

4.3.1 Ligação do sistema à rede


A presente dissertação está inserida no estudo de um sistema sem armazenamento de energia
conectado à rede interna do edifício. Assim, de modo a simplificar a descrição apenas são abordados
os elementos necessários para o seu correto funcionamento [15].

Os sistemas fotovoltaicos ligados à rede são constituídos pelos seguintes elementos:

 Conjunto de módulos interligados em paralelo e/ou em série fixos a uma estrutura de suporte;

26
 Caixa de junção geral – agrupa as ligações individuais do sistema. É opcional, pois, hoje em
dia já existem modelos de inversores com caixas de junção incorporadas;
 Cablagem de corrente contínua DC – responsável por passar a corrente elétrica produzida
pelos módulos para o inversor;
 Inversor – dispositivo que transforma a corrente contínua em corrente alternada;
 Cablagem AC – responsável por conduzir a corrente elétrica alternada até ao quadro geral de
baixa tensão, QGBT;
 Fusíveis e Interruptores – equipamentos de proteção opcionais, uma vez que alguns
inversores contêm estes elementos;
 Equipamento de medição.

4.4 Efeito fotovoltaico e funcionamento da célula solar

As células solares são compostas por materiais semicondutores como o silício, arsenieto de gálio,
telureto de cádmio ou disselenieto de cobre e índio, que através do efeito fotovoltaico convertem
diretamente a energia solar em energia elétrica.
O silício é o segundo elemento mais abundante na crosta terrestre, e encontra-se presente em
argila, feldspato, granito, quartzo e areia.
Atualmente, as células solares de silício cristalino são as mais utilizadas com cerca de 95% de
ocupação no mercado.
A Figura 4.8 ilustra o efeito fotoelétrico que ocorre nas células solares:

Figura 4.8: Difusão de electrões e lacunas e criação da barreira de


potencial [18].

As camadas dos semicondutores n e p quando juntas criam a região de junção p-n. Nesta junção
os eletrões excedentes do semicondutor n difundem para a camada do semicondutor p e cria-se a
chamada barreira de potencial que possui cargas positivas na região do semicondutor n e cargas
negativas na região do semicondutor p. Deste modo, é criado um campo elétrico contrário ao
movimento dos portadores de carga que impede que os processos de difusão continuem
indefinidamente.

27
Caso o semicondutor p-n seja exposto à luz solar, os fotões são absorvidos pelos eletrões. Este
aumento da energia provoca a quebra das ligações entre os eletrões fazendo com que as cargas
negativas e positivas (lacunas) regressem à região n e p respetivamente, criando uma diferença de
potencial, chamada de efeito fotovoltaico. A corrente é produzida quando o circuito é fechado e,
portanto, as cargas têm a possibilidade de se moverem pelo mesmo.
É importante de ressalvar que este processo, como tantos outros, está sujeito a alguns fatores de
perdas nomeadamente excesso ou insuficiente energia do fotão, reflexão e sombreamento nos
contactos frontais da célula. Assim apenas uma pequena fração de energia solar irradiada é utilizada
pela célula solar. Células de silício cristalino utilizam apenas 13% da energia solar irradiada [15, 18].

4.4.1 Tipos de células

De acordo com a tecnologia utilizada na sua fase de produção as células fotovoltaicas podem ser
de vários tipos. A sua representação encontra-se na figura 4.9.
As células cristalinas podem ser mono ou policristalinas e fazem parte da primeira geração
tecnológica da indústria fotovoltaica. A sua fiabilidade, durabilidade e longevidade têm feito com que
estas permaneçam até aos dias de hoje e sejam as células com maior utilização. A diferença entre
estas, reside não só nos valores de eficiência como na sua conceção. As células monocristalinas advêm
de um único cristal de silício o que se traduz num grau de pureza e eficiência superior. Contudo, a
capacidade de absorção da luz solar é reduzida, o que faz com que seja necessário utilizar várias
camadas de silício na sua estrutura implicando elevado consumo e desperdício de material. Estes
fatores, naturalmente aumentam os custos de produção da célula monocristalina.

Células cristalinas
• Monocristalinas-rendimento 15% a 18%
• Policristalinas-rendimento 13% a 15%

Células película fina


• Sílicio amorfo-rendimento 5% a 8%
• Disselenieto de Cobre e Índio, CIS-rendimento 7.5% a
9.5%
• Telurieto de Cádmio CdTe-rendimento 6% a 9%
Células Híbridas-rendimento de 17.3%

Figura 4.9: Tipos de tecnologias das células fotovoltaicas.

Em relação às células policristalinas, estas são produzidas de uma forma mais rápida e económica,
através da fundição de lingotes acarretando menores custos de produção. Estes custos acabam por
ser contrabalançados pela desvantagem que as células policristalinas apresentam em termos de menor
eficiência.
Relativamente às células de película fina, um dos seus objetivos centra-se na redução de custo
face aos elevados preços das outras tecnologias. Para tal, são utilizados materiais semicondutores que
apresentam uma capacidade de absorção da luz solar superior às células mono e policristalinas. Deste

28
modo, é suficiente aplicar camadas finas de material semicondutor. Assim, consome-se menor
quantidade de material e energia, fazendo com que o seu custo de produção diminua. Contudo, apesar
do baixo custo e de outras vantagens relacionadas com, maior versatilidade, maior resistência a
elevadas temperaturas e menor sensibilidade ao sombreamento, a sua eficiência é menor em
comparação com a tecnologia de células cristalinas [7,15].
Por fim, as células híbridas resultam da combinação da célula monocristalina com silício amorfo,
não sendo mais do que a junção das duas tecnologias anteriores com o objetivo de obter vantagens de
ambas. A Figura 4.10 esquematiza a estrutura da célula solar híbrida.

Figura 4.10: Estrutura da célula solar híbrida, HIT [19].

Esta tecnologia tem sido desenvolvida sobretudo pela empresa Sanyo que detém a patente destas
células denominadas por HIT. A ideia centra-se em colmatar as perdas de energia existentes com a
estrutura convencional, ao criar a junção entre os dois semicondutores diferentes, denominada por
heterojunção. Face às outras tecnologias, a estrutura permite menores perdas de cargas elétricas, isto
é maior conversão da luz solar em eletricidade, e maior produção de energia a elevadas temperaturas.
Apesar dos bons resultados alcançados, esta tecnologia aparenta ser um nicho do mercado
fotovoltaico, uma vez que os consideráveis desenvolvimentos pertencem essencialmente ao grupo
Panasonic e como tal o seu custo é elevado [15].

4.4.2 Características elétricas das células solares

Para compreender o modo de funcionamento das células solares é importante conhecer os seus
parâmetros elétricos apresentados em baixo:

 Ponto de potência máxima, PMPP;


 Corrente no ponto de potência máxima, IMPP;
 Tensão no ponto de potência máxima, UMPP;
 Corrente de curto-circuito, ISC;
 Tensão de circuito aberto, UOC;

A Figura 4.11 apresenta a curva corrente-tensão característica de uma célula solar.

29
O ponto de potência máxima, MPP, presente na figura 4.11 é o ponto ótimo da curva característica
onde a célula funciona em máxima potência. Para atingir este ponto, a célula tem de produzir valores
de corrente e tensão específicos, IMPP e UMPP.
A corrente de curto-circuito Isc, representa a corrente máxima da célula e a tensão de circuito-
aberto Uoc a sua tensão máxima [15].

Figura 4.11: Curva I-U característica de uma célula solar de


silício cristalino [19].

4.5 Condições de Teste Standard

A existência de diferentes tipos de células leva a que seja necessário haver condições uniformes
de teste para que diferentes tecnologias possam ser comparadas e corretamente avaliadas. Foram
assim criadas as condições de Teste Standard em conformidade com a norma IEC 60904 / DIN EN
60904 e que passam a ser apresentadas nos pontos seguintes:

 Níveis de radiação de 1000 W/m^2;


 Temperatura da célula a 25 °C com ± 2°C de tolerância;
 Espectro de luz com massa de ar AM=1.5.

Estas condições são facilmente atingidas em laboratório, no entanto, o mesmo não ocorre na
realidade, pois, apesar destas condições dependerem da localização geográfica, raramente as células
e os módulos funcionam em condições standard, uma vez que os níveis de radiação têm tendência a
serem inferiores a 1000 W/m^2 assim como a temperatura sentida na célula costuma ser superior a
25°C [15].

4.6 Sistema fotovoltaico

Os aparelhos constituintes dos sistemas fotovoltaicos variam consoante o tipo de sistema que se
tem, isto se é um sistema autónomo ou ligado à rede elétrica. Na sua generalidade, são constituídos

30
por módulos fotovoltaicos, caixa de junção geral, díodos de bloqueio, fusíveis, inversores, interruptores
DC e AC, cabos DC e AC, e acumuladores. Nos capítulos seguintes alguns destes esquipamentos
serão abordados com mais detalhe. A figura 4.12 representa de uma forma simplificada a ligação de
um sistema fotovoltaico à rede elétrica pública.

1. Módulos fotovoltaicos;
2. Caixa de junção geral;
3. Cabos de corrente contínua;
4. Interruptor DC;
5. Inversor;
6. Cabos de corrente
alternada;
7. Equipamento de medição.

Figura 4.12: Conecção do sistema fotovoltaico à rede pública [18].

4.6.1 Módulo Fotovoltaico

Individualmente as células solares produzem níveis reduzidos de potência. Assim, de modo a


aumentar a sua potência útil, é necessário interligar as células solares. A estrutura resultante é
denominada por módulo fotovoltaico e é o componente fundamental do sistema fotovoltaico. Em função
do tipo de célula solar instalada, os módulos podem ser classificados da seguinte forma [15]:

 Módulos monocristalinos;
 Módulos policristalinos;
 Módulos de película fina.

Quanto à sua dimensão, esta depende da aplicação do módulo e podem ser agrupados nas
seguintes três categorias [15]:

 Módulos standard - são constituídos entre 36 a 72 células consoante a potência requerida;


 Módulos especiais - estão inseridos em aplicações de pequena escala como veículos solares,
barcos;
 Módulos específicos - são módulos feitos por medida. A sua estrutura e dimensão depende
do tipo de aplicação. Para o caso de fachadas complexas de edifícios e integração em janelas
este tipo de módulos é uma opção.

Relativamente às suas características elétricas, estas são definidas pelos fabricantes nas
condições de referência STC e NOC e são aqui apresentadas [15]:

 Potência nominal, PMPP em [W];


 Corrente nominal, IMPP em [A];

31
 Tensão nominal, VMPP em [V];
 Corrente de curto-circuito, Isc em [A];
 Tensão de circuito aberto, Voc em [V];
 Corrente máxima reversível, IR em [A]
 Tensão máxima do sistema, Vsys em [V];
 Eficiência, η em [%].

Os parâmetros elétricos acima descritos são definidos nas duas referências, pelo simples facto,
da norma STC mostrar-se ser pouco provável de ocorrer. Pois, como foi mencionado na secção 4.5
raramente os módulos fotovoltaicos funcionam em condições nominais de funcionamento. Por este
motivo, é utilizada a norma de condições normais de operação, NOC, que confere condições
meteorológicas mais vulgares e, portanto, valores elétricos mais próximos da realidade [15].

4.6.1.2 Curva característica do módulo fotovoltaico

A interligação das células no módulo pode ser feita através de ligações em série ou paralelo de
modo a aumentar a tensão ou corrente respetivamente do painel fotovoltaico. Na figura 4.13 verifica-
se que a interligação das células em série, causa o aumento da tensão do módulo, permanecendo
constante a corrente. Na figura 4.14, está representada a conecção de células em paralelo e denota-
se o comportamento contrário à ligação em série, isto é, a tensão permanece constante e a corrente
produzida aumenta.

Figura 4.13: Curva I-U para três células solares ligadas em


série [19].

Figura 4.14: Curva I-U para três células solares ligadas em


paralelo [19].

32
4.6.1.3 Influência da temperatura e irradiação solar no desempenho do módulo
fotovoltaico

O desempenho dos módulos fotovoltaicos e da sua curva característica I-U depende


essencialmente de dois fatores, da intensidade da radiação incidente e da temperatura das células.
A figura 4.15 ilustra a resposta do módulo à variação da radiação solar. Através da figura, verifica-
se que a corrente produzida é diretamente proporcional à intensidade de radiação. Assim, se a radiação
aumentar para o dobro a corrente também irá aumentar e vice-versa. Quanto à alteração da tensão U
e do ponto MPP, a variação destas duas grandezas é pequena relativamente à intensidade de radiação
[15].

Figura 4.15: Curvas I-U para diferentes valores de irradiância a temperatura


constante [19].

Efeito da temperatura

O efeito da temperatura nas células afeta principalmente a tensão do módulo. A relação inversa
destas duas grandezas, leva a que à medida que a temperatura do módulo aumenta a tensão U
produzida é menor e vice-versa. O efeito da temperatura na produção de corrente é insignificativo. Tal
pode ser observado através da seguinte figura 4.16.
É importante mencionar que a temperatura não só influencia a tensão da célula como também
produz efeitos na produção de potência útil. Assim, quanto menor for a temperatura sentida, maior será
a sua potência produzida e vice-versa. A título de exemplo, no Verão as temperaturas são mais
elevadas e consequentemente o módulo sofre uma redução de potência útil que pode chegar a cerca
de 35% em condições nominais de funcionamento STC [15].

33
Figura 4.16: Curvas I-U para diferentes temperaturas ambiente
[19].

34
Capítulo 5

Métodos realizados no estudo técnico e


económico da integração de painéis
fotovoltaicos na fachada do Corinthia

O presente capítulo visa apresentar as diferentes fases do estudo técnico e económico da


integração dos módulos fotovoltaicos na fachada Sul do hotel Corinthia. Para tal, será apresentado um
esquema da metodologia do presente estudo, as importantes ferramentas de cálculo e design utilizadas
na fase técnica do sistema e por fim toda a informação relativa ao estudo económico do projeto.

5.1 Metodologia realizada

O estudo técnico incide essencialmente sobre três fases: estudo geométrico da fachada, seleção
dos módulos e dimensionamento do sistema. Os cálculos necessários relativos ao dimensionamento
do sistema foram feitos através de uma folha Excel desenvolvida para o presente estudo e através do
software fornecido pela empresa ABB e encontram-se no anexo B.
Relativamente ao estudo da viabilidade económica do projeto este é feito com base no custo
evitado com a produção de energia elétrica e pretende determinar o VAL, payback, TIR e LCOE do
projeto. Também é determinada a poupança em termos energéticos e de emissões. A seguinte figura
5.1 apresenta a esquematização da metodologia seguida durante as diferentes fases da presente
dissertação.

5.1.1 Seleção do módulo fotovoltaico

Os parâmetros elétricos dos módulos podem ser consultados na secção 3.6.1 da presente
dissertação. As características elétricas são obtidas através da ficha técnica do fabricante e são muito
importantes na fase inicial do projeto uma vez que é dada a possibilidade, a quem está a realizar o
estudo técnico de selecionar o módulo que mais se adequa às necessidades do utilizador.

35
Visita ao local da instalação de modo a conhecer a sua dinâmica e objectivos

Análise do consumo energético da empresa

Estudo da geometria da fachada de modo a determinar a área útil para colocação dos painéis FV

Determinação da localização geográfica da fachada e da irradiação solar incidente

Estudo do sombreamento do edifício

Selecção do módulo fotovoltaico considerando as necessidades do hotel

Dimensionamento do inversor

Realização do traçado da rede de cablagem e identificação do local mais apropriado para colocação
dos inversores

Cálculo das perdas do sistema e produção anual de energia FV

Levantamento de custos dos componentes do sistema FV e cálculo do investimento inicial

Cálculo das receitas obtidas através da poupança de energia e VAL, TIR, payback e LCOE

Determinação das poupanças energéticas e de emissões de 𝐶𝑂2

Figura 5.1: Metodogia seguida durante a dissertação.

5.2 Determinação da área útil da fachada Sul


A análise da fachada do hotel Corinthia demonstrou ser dos pontos mais sensíveis da presente
dissertação. Pois, não se trata de uma superfície comum onde existe uma ampla área livre disponível
para instalação de painéis FV.
O objetivo da instalação deste sistema centra-se na produção de energia, mas também na imagem
estética e apelativa. Para tal foi necessário efetuar medições de toda a fachada Sul, através das plantas
fornecidas pelo Coritnhia, de modo a verificar a possibilidade de revestir toda a sua superfície livre com
painéis solares. A figura 5.2 representa a fachada Sul do edifício em corte. As medições foram obtidas
através do software AutoCAD e seguidamente descritas:

36
 Medição da altura e largura da fachada esquerda e direita;
 Medição do comprimento e largura das janelas;
 Medição do comprimento entre janelas;
 Medição das restantes zonas livres.

Figura 5.2: CAD da vista em corte da fachada Sul do hotel Corinthia.

Após obter todas as medidas acima apresentadas houve a necessidade de verificar se as


dimensões dos painéis solares selecionados iam de encontro com o espaço disponível da fachada,
caso contrário teria de ser selecionado um módulo com menores dimensões.

Utilização da ferramenta de CAD para posicionamento dos painéis solares

A título de simplificar o estudo das diferentes configurações que os módulos solares podiam tomar
na fachada, recorreu-se ao software SolidWorks. Após selecionar o módulo que melhor se ajustava à
geometria e necessidades energéticas do edifício, recriou-se em CAD, com as medidas exatas a
fachada do Corinthia e procedeu-se ao estudo da disposição dos módulos na fachada.
Assim, foi possível organizar os painéis de modo a ocuparem a maior quantidade de área disponível.
A figura 5.3 representa o CAD realizado da fachada. As zonas a verde representam as janelas e
os retângulos a cinza os módulos fotovoltaicos. A zona inferior da figura a verde encontra-se sem
painéis devido à existência nesse local do spa do hotel.
Esta ferramenta mostrou-se bastante útil pois não só permitiu verificar com exatidão quais as
zonas disponíveis para colocação dos painéis como, maximizar a sua ocupação na fachada. Para além
dos aspetos geométricos da fachada, do ponto de vista elétrico o CAD desenvolvido permitiu com rigor,
executar as ligações em paralelo e em série dos módulos e determinar parte do comprimento da
cablagem como será explicado mais à frente.

37
Figura 5.3: CAD da fachada Sul do hotel Corinthia em SolidWorks (dimensões
do quadrado 20x20m).

5.3 Determinação das perdas do sistema

A eficiência do sistema foi determinada, considerando os seguintes fatores de perdas:

 Eficiência dos módulos ao longo do seu tempo de vida útil;


 Eficiência do inversor;
 Efeito da temperatura e irradiação na produção de energia;
 Sombreamento do edifício;
 Perdas na cablagem DC e AC.

Os valores de eficiência dos módulos e inversor foram obtidos através dos dados fornecidos pelo
fabricante. Quanto ao efeito da temperatura e irradiação recorreu-se ao software PVGIS para sistemas
fotovoltaicos verticais.
Por fim as perdas por efeito de sombreamento e perdas na cablagem do sistema requisitaram um
estudo mais exaustivo que será seguidamente apresentado.

5.3.1 Estudo sombreamento do edifício

O estudo de sombreamento foi realizado com o software Energy3D através da criação CAD do
edifício e da sua envolvente. Introduziu-se no software a exata localização geográfica do Corinthia e foi
possível observar o efeito que os edifícios circundantes provocavam na sua fachada Sul em termos de
sombra, assim como analisar em função da trajetória diária solar o sombreamento provocado pela
própria geometria do edifício.

38
A seguinte figura 5.4 ilustra a fachada Sul realizada e o seu efeito de sombreamento através da
ferramenta Energy3D.
Deste modo, estimou-se a percentagem da fachada encoberta através do cálculo da razão entre
a área sombreada e a sua área total. A estimativa foi realizada para o início de cada mês do ano e de
hora-a-hora.

Figura 5.4: Sombreamento do hotel Corinthia obtido no Energy3D.

Para melhor compreensão é importante mencionar que na estimativa realizada não se teve em
conta a área do troço central do edifício, pois, embora também se encontre sombreado não apresenta
relevância para o estudo uma vez que não são aplicados painéis solares nessa zona.

5.4 Dimensionamento do Inversor


Como regra geral para o dimensionamento do inversor é utilizada a razão entre a potência do
sistema fotovoltaico e a potência do inversor igual a 1. No entanto, podem existir desvios entre as duas
potências. Para o correto funcionamento do sistema, os desvios devem ser tomados com base nos
seguintes intervalos [15, 19].

0,7 × PPV < PINV,DC < 1,2 × PPV (3)

PPV PPV
< PINV,AC < (4)
1.25 0,83

5.4.1 Determinação das tensões de entrada

Durante esta fase de dimensionamento do inversor é muito importante ter em atenção que as
tensões do sistema fotovoltaico não devem ultrapassar a tensão de operação e tensão máxima
admissível estabelecidas pelo fabricante do inversor. Para proceder a essa verificação, deve-se

39
primeiro determinar o número de módulos fotovoltaicos que se podem ligar em série e paralelo, tendo
em consideração, tal como no caso da célula solar, que a ligação em série aumenta a tensão do sistema
e a ligação em paralelo aumenta a corrente. As expressões seguintes permitem calcular o número de
módulos que é possível ligar em série e paralelo num sistema fotovoltaico [15].

Número máximo de módulos ligados em série

UMax,INV
nmax = (5)
UOC(Mod. a Tmin)

Onde:

 𝑼𝑴𝒂𝒙,𝑰𝑵𝑽 - Tensão máxima admissível do inversor, fornecida pelo fabricante em [V];


 𝑼𝑶𝑪(𝑴𝒐𝒅. 𝒂 𝑻𝒎𝒊𝒏) – Tensão de circuito aberto do módulo à temperatura mínima de
funcionamento, em [V].

A tensão de circuito aberto 𝑈𝑂𝐶 foi calculada considerando uma temperatura mínima de −10°𝐶.
No entanto, este valor nem sempre é explicitado pelos fabricantes de módulos. Como tal, pode-se
determinar através das seguintes expressões:

35°C × ∆U
UOC(Módulo a−10°C) = (1 − ) × UOC(CTS) (6)
100

UOC(Módulo a−10°C) = −35°C × ∆U (7)

Em função da temperatura, a equação 6 é normalmente utilizada para variação da tensão ∆𝑈 em


percentagem e a equação 7 empregada para variação da tensão ∆𝑈 em mV.

Onde:

 ∆𝑼 – Variação da tensão do módulo em função da temperatura em °𝐶, em [V];


 𝑼𝑶𝑪(𝑪𝑻𝑺) – Tensão de circuito aberto do módulo em condições nominais de funcionamento.
Valor fornecido pelo fabricante, em [V].

Na presente dissertação, os valores da variação da tensão não se encontravam na ficha técnica e


por esse motivo assumiu-se a simplificação retirada de [11], onde a tensão MPP de módulos
monocristalinos e policristalinos à temperatura de −10°𝐶 aumenta aproximadamente 14% em relação
às condições de funcionamento nominais. A simplificação realizada é dada pela seguinte expressão.

UOC(Módulo a−10°C) = 1,14 × UOC(CTS) (8)

40
.Número mínimo de módulos ligados em série
É importante ter em consideração o valor máximo e mínimo de temperatura a que os módulos
estão sujeitos, pois, como explicitado na secção 4.6.1.3 a variação de temperatura afeta
significativamente a tensão do módulo. Assim, para o seu correto dimensionamento deve-se não só
considerar a temperatura mínima a que os módulos estão sujeitos, mas também considerar a sua
temperatura máxima que se atinge no Verão.
A seguinte expressão permite calcular o número mínimo de módulos que se pode instalar numa
fileira, considerando uma temperatura máxima de 70°𝐶.

UINV(MPP min)
nmin = (9)
UMod. 70°C (MPP)

Onde:

 𝑼𝑰𝑵𝑽(𝑴𝑷𝑷 𝒎𝒊𝒏) – Valor fornecido pelo fabricante que representa a tensão de operação mínima
do inversor, em [V];
 𝑼𝑴𝒐𝒅. 𝟕𝟎°𝑪 (𝑴𝑷𝑷) – Tensão do módulo no ponto de potência máxima a 70°𝐶, em [V].

Geralmente na ficha técnica dos painéis solares consta apenas a tensão do módulo no ponto de
potência máximo MPP em condições nominais CTS e em condições normais de funcionamento NOC,
não constando o valor para 70°𝐶. Assim, deve-se calcular esta tensão através das seguintes
expressões:
45°C×∆U
UMPP(Módulo a 70°C) = (1 + 100
)× UMPP(CTS) (10)

UMPP(Módulo a 70°C) = UMPP(CTS) + 45°C × ∆U (11)

O raciocínio é semelhante ao caso do cálculo da tensão para o número máximo de painéis em


série, com a equação 10 a ser empregue nos casos em que se sabe a variação ∆𝑈 em percentagem e
a equação 11 nos casos em que se sabe a variação ∆𝑈 em mV.
Novamente, na presente dissertação, os valores da variação da tensão não se encontravam na
ficha técnica e por esse motivo assumiu-se a simplificação retirada de [11], onde a tensão MPP de
módulos monocristalinos e policristalinos à temperatura de 70°𝐶 decresce aproximadamente 18% em
relação às condições de funcionamento nominais. A simplificação realizada é dada pela seguinte
expressão:
UMPP(Módulo a 70°C) = 0,82 × UOC(CTS) (12)

41
5.4.2 Determinação do número de módulos em paralelo

Para completar a fase de dimensionamento do inversor deve-se, não só ter em atenção as tensões
que o sistema fotovoltaico produz, como analisar a corrente produzida de modo a assegurar que esta
não ultrapassa a corrente máxima admissível do inversor. Ora, do funcionamento da célula solar sabe-
se que ligações em paralelo entre células provoca, sem variação da tensão, o aumento da corrente.
Assim, o número de módulos em paralelo ou o número de fileiras de um sistema fotovoltaico pode ser
calculado através da seguinte expressão [15]:

I𝑚𝑎𝑥,𝐷𝐶(INV)
nparalelo ≤ (13)
IMPP,PV

Onde:

 𝑰𝐦𝐚𝐱,𝐃𝐂(𝑰𝑵𝑽) – Valor máximo da corrente de entrada do inversor em [A];


 𝑰𝑴𝑷𝑷,𝑷𝑽 – Corrente nominal do módulo em [A].

A expressão anterior é aplicada em casos com um único controlador MPPT. No entanto, é


importante mencionar que existem hoje em dia no mercado inversores com mais do que um controlador
do ponto de potência máximo, MPPT. Estes controladores permitem que o sistema fotovoltaico tenha
um comportamento modular, isto é, as fileiras do sistema subdividem-se pelo número de controladores
que o inversor possui. É um tipo de sistema bastante útil, pois, esta subdivisão impede que todo o
sistema seja afetado pelo mau desempenho de um ou mais painéis solares principalmente em casos
de sombreamento e avaria. O número de módulos em paralelo pode então, nestes casos ser
determinado da seguinte forma [15]:

IMPPT,DC
nparalelo ≤ (14)
IMPP,PV

Onde:

 𝑰𝑴𝑷𝑷𝑻,𝑫𝑪 – Corrente de entrada máxima do inversor para cada controlador MPP, em [A];
 𝑰𝑴𝑷𝑷,𝑷𝑽 – Corrente nominal do módulo, em [A].

5.4.3 Validação dos resultados com o inversor

Após determinar o número de módulos em série e paralelo do sistema, é muito importante para o
correto funcionamento do sistema, verificar se o número de painéis em série e paralelo respeita os
valores limite do inversor.
Assim, deve ser feita a seguinte verificação:

 𝑈𝑀𝑃𝑃 (𝑀ó𝑑𝑢𝑙𝑜 𝑎 70°𝐶) > 𝑈𝑀𝑃𝑃,min 𝐼𝑁𝑉 ;

42
 𝑈𝑀𝑃𝑃 (𝑀ó𝑑𝑢𝑙𝑜 𝑎−10°𝐶) < 𝑈𝑀𝑃𝑃,max 𝐼𝑁𝑉 ;

 𝑈𝑂𝐶(𝑀ó𝑑𝑢𝑙𝑜 𝑎−10°𝐶) < 𝑈max, 𝐼𝑁𝑉 ;

 𝐼𝑀𝑃𝑃,𝑃𝑉 < 𝐼max 𝐷𝐶,𝐼𝑁𝑉 ;

 𝐼𝑆𝐶(𝑀ó𝑑𝑢𝑙𝑜) < 𝐼max 𝐷𝐶,𝑆𝐶 𝐼𝑁𝑉 .

Onde:

 𝑼𝑴𝑷𝑷,𝑰𝑵𝑽 – Intervalo de tensão de entrada do inversor do(s) controlador(es) MPPT fornecido


pelo fabricante, em [V];
 𝑰𝐦𝐚𝐱 𝑫𝑪,𝑰𝑵𝑽 – Corrente máxima de entrada do(s) controlador(es) em MPP, em [A];

 𝑰𝑺𝑪(𝑴ó𝒅𝒖𝒍𝒐) – Corrente de curto-circuito do módulo, em [A];

 𝑰𝐦𝐚𝐱 𝑫𝑪,𝑺𝑪 𝑰𝑵𝑽 – Corrente máxima de curto-circuito de entrada do(s) controlador(es), em [A].

As restantes variáveis foram anteriormente definidas.

5.5 Dimensionamento da cablagem

Esta fase do dimensionamento fotovoltaico requer algum cuidado uma vez que a energia
produzida pelo sistema fotovoltaico está dependente das perdas por efeito de joule que os cabos
sofrem. Assim, é importante o seu correto dimensionamento para que se possa minimizar e estimar a
quantidade de energia libertada.

5.5.1 Cablagem de corrente elétrica contínua, DC

Para o correto funcionamento destes cabos é necessário respeitar os seguintes critérios [15]:

 Cumprimento do limite de tensão nominal do cabo, dado pelo fabricante;


 Cumprimento do limite de corrente máxima admissível do cabo, dado pelo fabricante;
 Minimizar as perdas por efeito de Joule.

Tensão nominal do cabo

A tensão nominal de cabos standard situa-se entre 300 a 1000V e deve ser comparada com a
tensão máxima produzida pelo sistema fotovoltaico. A verificação é dada pela seguinte expressão [15]:

Unominal Cabo DC > UOC(FV a Tmin °C) (15)

Onde:

 𝑼𝑶𝑪(𝑭𝑽 𝒂 𝑻𝒎𝒊𝒏 °𝑪) – Tensão de circuito aberto da fileira para a temperatura mínima de operação,
em [V].

43
Corrente máxima admissível

A corrente máxima que atravessa o cabo de corrente contínua define a secção transversal do
cabo. A análise assenta essencialmente em determinar a corrente máxima admissível do cabo e
posteriormente calcular as perdas do mesmo. De acordo com a norma Alemã IEC 60364-7-712, o valor
da intensidade de corrente máxima para a qual o cabo é dimensionado é dado pela seguinte expressão
[15]:

Imax,cabo = 1,25 × ISC,PV (16)

Onde:

 𝑰𝑺𝑪,𝑷𝑽 – Corrente de curto-circuito do sistema fotovoltaico, em [A].

Após calcular a intensidade de corrente que atravessa o cabo DC deve-se selecionar a sua secção
transversal tendo em consideração que a corrente máxima calculada não pode ultrapassar os valores
de intensidade de corrente tabelados pelo fabricante.

Imax,cabo ≤ IMax admissível (17)

 𝑰𝑴𝒂𝒙 𝒂𝒅𝒎𝒊𝒔𝒔í𝒗𝒆𝒍 – Valor limite da corrente do cabo para uma determinada secção transversal,
dado pelo fabricante, em [A].

Determinação das perdas na linha

Para a secção transversal do cabo, deve-se ter em conta que quanto maior for a sua secção menor
serão as suas perdas por efeito de Joule. O cálculo da sua secção é obtido através da seguinte
expressão [15]:

2 × LDC × Icabo
SDC = (18)
Perdas × UMPP × κ

Onde:

 𝑺𝑫𝑪 – Área da secção transversal do cabo, em [𝑚𝑚2 ];


 𝑳𝑫𝑪 – Comprimento do cabo da fileira, em [m];
 𝑰𝒄𝒂𝒃𝒐 – Corrente que atravessa o cabo de corrente contínua, em [A];
 𝑷𝒆𝒓𝒅𝒂𝒔 – Valor que representa as perdas na linha por efeito de Joule, em [%];
 𝑼𝑴𝑷𝑷 – Tensão nominal da fileira, em [V];
 𝜿 – Condutividade elétrica do material condutor (Cobre: κ𝐶𝑢 = 56 𝑚⁄𝛺𝑚𝑚2 e Alumínio: 𝜅𝐴𝑙 =
34 𝑚⁄𝛺𝑚𝑚2 .

44
A norma Alemã VDE 0100 Parte 712 (1998) sugere que a perdas de energia dos cabos DC não
devem ser superiores a 1% para as condições de referência CTS [15].
Relativamente à presente dissertação, a limitação de espaço para colocação do inversor acarretou
um estudo mais exaustivo relativamente ao comprimento dos cabos DC. Foi necessário determinar o
comprimento exato dos cabos que atravessavam a fachada até ao inversor e posteriormente calcular
as suas perdas de potência para esse comprimento específico e secção. Caso a queda de tensão fosse
superior a 1%, a secção transversal do cabo teria de aumentar. De seguida, na figura 5.5 apesenta-se
a esquematização da metodologia realizada nesta fase do projeto.

5.5.2 Cablagem de corrente elétrica alternada, AC

O sistema fotovoltaico desenvolvido possui valores superiores a 5 kWp de potência instalada,


sendo a sua alimentação trifásica [15].
A cablagem AC possui um único troço desde o inversor até ao QGBT do edifício. A sua função
consta em transportar a corrente alternada até ao sistema de distribuição de corrente do Corinthia sem
haver ligação posterior ao posto de transformação, pois não é pretensão do hotel vender energia
excedente à rede pública.

Cálculo da corrente máxima que atravessa o cabo DC e verificação com os dados do fabricante

Determinação do comprimento dos cabos de corrente contínua de acordo com a localização do inversor

Selecção da área da secção transversal do cabo

Cálculo das perdas de potência

Caso sejam superiores à


norma de 1%
Figura 5.5: Metodologia seguida na determinação das perdas de potência dos cabos de corrente contínua.

Cálculo da secção transversal do cabo para uma instalação trifásica

O cálculo da área da secção transversal do cabo para uma instalação trifásica é obtido pela
seguinte expressão. O fator de potência assumiu-se ser unitário [15].

√3 × LAC × In,AC × cosφ


SAC = (19)
3% × Un × κ

Onde:

 𝑺𝑨𝑪 – Área da secção transversal do cabo, em [𝑚𝑚2 ];

45
 𝑳𝑨𝑪 – Comprimento do cabo desde o inversor até ao QGBT, em [m];
 𝑰𝒏,𝑨𝑪 – Corrente nominal à saída do inversor, em [A];
 𝑼𝒏 – Tensão nominal da rede, em [V];
 𝜿 - Condutividade elétrica do material condutor (Cobre: κ𝐶𝑢 = 56 𝑚⁄𝛺𝑚𝑚2 e Alumínio: 𝜅𝐴𝑙 =
34 𝑚⁄𝛺𝑚𝑚2 .

O trajeto do cabo de corrente alternada foi planeado através das plantas dos pisos 2 e -2 onde se
encontra o spa e o quadro geral de baixa tensão, respetivamente.

Perdas na linha

Relativamente às perdas na cablagem de corrente alternada, assumiu-se o valor máximo


admissível de 3% de perdas de energia. Para uma instalação trifásica, estas podem ser estimadas
através da seguinte expressão [15]:

2
√3 × LAC × In,AC × cosφ
PAC = (20)
SAC × κ

Onde:

 𝑷𝑨𝑪 – Valor das perdas de energia no cabo AC para um sistema trifásico, em [W];
 𝑳𝑨𝑪 - Comprimento do cabo desde o inversor até ao QGBT, em [m];
 𝑰𝟐𝒏,𝑨𝑪 – Quadrado da corrente nominal à saída do inversor, em [A];
 𝑆𝐴𝐶 – Área da secção transversal em [𝑚𝑚2 ];
 𝜿 - Condutividade elétrica do material condutor (Cobre: κ𝐶𝑢 = 56 𝑚⁄𝛺𝑚𝑚2 e Alumínio: 𝜅𝐴𝑙 =
34 𝑚⁄𝛺𝑚𝑚2 .

5.6 Configuração da rede de cablagem

Quanto à ligação entre os módulos solares e inversores foi decidido junto do Eng. Pedro Ferreira,
subdiretor do Corinthia, realizar todas as ligações pelo exterior da fachada do edifício. As ligações entre
módulos foram realizadas na vertical e percorrem a fachada de alto a baixo, possibilitando não só a
simplificação do processo de ligação impedindo a passagem de cablagem pelos quartos e corredores,
como a colocação dos inversores no exterior, mais concretamente na zona do terraço do Corinthia.
Deste modo, apenas os cabos de corrente alternada entram no interior do edifício, mais
concretamente na zona do spa do hotel e percorre parte deste até uma das suas coretes. Na corete a
cablagem AC é conduzida até ao piso -2 onde se encontra o quadro geral de baixa tensão.
No anexo C encontra-se representado a configuração realizada.

46
5.7 Produção da energia do sistema fotovoltaico
Após a realização dos procedimentos acima explicitados, segue-se a determinação da energia
que efetivamente o sistema fotovoltaico produz. A energia real produzida pode ser estimada através da
seguinte expressão:

ηmódulo
Eproduzida,FV = G × dmês × Ainstalada × × ηsistema (21)
100

ηinv ηrel PerdasT,I PerdasS PerdasDC PerdasAC


ηsistema = × × (1 − ) × (1 − ) × (1 − ) × (1 − )
100 100 100 100 100 100
(22)

Onde:

 𝑬𝒑𝒓𝒐𝒅𝒖𝒛𝒊𝒅𝒂,𝑭𝑽 – Energia que o sistema fotovoltaico produz mensalmente, em [kWh/mês];


 𝑮 – Irradiação solar sobre uma superfície a 90° de inclinação, em [𝑘𝑊ℎ/(𝑚2 . 𝑑𝑖𝑎)];
 𝒅𝒎ê𝒔 – Número de dias relativos ao mês em que se está a calcular a quantidade de energia
produzida;
 𝑨𝒊𝒏𝒔𝒕𝒂𝒍𝒂𝒅𝒂 – Área correspondente à área ocupada pelos painéis fotovoltaicos, em [𝑚2 ];
 𝜼𝒎ó𝒅𝒖𝒍𝒐 – Eficiência do módulo sob condições nominais, STC em [%];
 𝜼𝒔𝒊𝒔𝒕𝒆𝒎𝒂 – Rendimento do sistema;
 𝜼𝒊𝒏𝒗 – Eficiência ponderada do inversor EURO, em [%];
 𝜼𝒓𝒆𝒍 – Eficiência anual relativa à perda de potência nominal do módulo, em [%];
 𝑷𝒆𝒓𝒅𝒂𝒔 – Perdas do sistema relativas ao efeito da temperatura e irradiação, sombreamento
e às perdas por efeito de joule da cablagem DC e AC, em [%].

5.8 Análise económica do projeto

O primeiro passo realizado com vista a estudar a viabilidade económica do projeto centrou-se em
realizar o inventário do sistema FV e proceder ao respetivo levantamento de custos. Junto de
fornecedores obteve-se o custo dos painéis solares, inversores, cablagem, equipamentos acessórios e
estrutura e instalação. De seguida, com o objetivo de calcular o VAL, o TIR, o Período de Retorno do
Investimento e o custo de energia produzida LCOE, desenvolveu-se em Excel uma folha de cálculo
para o tempo de vida útil dos painéis de 25 anos. Os seguintes subcapítulos explicam o raciocínio
inerente à análise económica efetuada.

47
5.8.1 Taxa de depreciação

A taxa de depreciação representa o custo de um determinado bem inerente à sua utilização e


desgaste até se tornar obsoleto.
De acordo com a Reforma da Fiscalidade Verde, a taxa máxima de depreciação aplicável
considerada a equipamentos de energia solar foi de 8% com um período de depreciação de12,5 anos
[20].

5.8.2 Taxa de inflação

A taxa de inflação representa o valor percentual do aumento dos preços dos bens e serviços. Para
a relativa análise económica, utilizou-se os valores médios da inflação praticados desde o ano 2010 e
o valor previsto pelo Banco de Portugal para os anos 2018 e 2019. O valor utilizado da taxa de inflação
foi 1,34%, de acordo com [21, 22].

5.8.3 Taxa de atualização

A taxa de atualização permite atualizar os cash-flows futuros, isto é, determinar no presente


momento que valor determinado capital irá receber no futuro. A atualização dos cash-flows permite
obter o VAL do projeto. A taxa de atualização pode ser calculada de acordo com a seguinte expressão
[23]:

TA = [(1 + Tilq ) × (1 + Tinf ) × (1 + Tris )] − 1 (23)

Onde:

 𝑻𝑨 – representa a taxa de atualização, em [%];


 𝑻𝒊𝒍𝒒 – indica a taxa de iliquidez. Pretende compensar o(s) investidor(es) por não poderem
actualmente utilizar o dinheiro que se encontra aplicado no investimento, em [%];
 𝑻𝒊𝒏𝒇 – representa a taxa de inflação praticada, em [%];
 𝑻𝒓𝒊𝒔 – indica a taxa de risco do projeto. Quanto mais arriscado for o investimento maior será a
taxa de risco. Naturalmente investimentos seguros apresentam risco nulo.

Para a presente dissertação, considerou-se 0,5% de taxa de iliquidez pois, o edifício tem por si só
a sua fonte de rendimento completamente estabelecida e como tal a necessidade de empregar o
dinheiro em outro tipo de investimento ou aplicação é menor.
A taxa de inflação praticada foi de 1,34% e encontra-se explicitada na secção 5.8.2.
Por fim, a taxa de risco considerada foi de 0%. Tal pressuposto pode ser justificado pelo facto de
a gestão corrente do Corinthia não depender da remuneração gerada pelo sistema FV, isto é, a sua
saúde financeira tem origem nos serviços que o hotel oferece aos seus clientes, não estando
dependente das remunerações provenientes do sistema FV. Ora este facto aliado aos benefícios que
o hotel irá usufruir com o aspeto apelativo e inovador conferido através da instalação do sistema
fotovoltaico torna este investimento seguro.
Deste modo, a taxa de atualização obtida foi de 1,85%.

48
5.8.4 Evolução do custo da energia

A remuneração do sistema fotovoltaico é única e exclusivamente obtida através da poupança que


a energia produzida causa na fatura de eletricidade do Corinthia. Assim, é importante não só conhecer
a tarifa elétrica do hotel como analisar a evolução anual do preço da eletricidade para sistemas
industriais.
Através dos dados divulgados pelo Eurostat para consumos elétricos entre 2 𝐺𝑊ℎ ≤ 𝐶𝑜𝑛𝑠𝑢𝑚𝑜 ≤
20 𝐺𝑊ℎ, realizou-se a seguinte análise [24]:
 No ano 2014 o preço da energia aumentou 0,16% entre o 1º e 2º semestre;
 No ano 2015 o aumento situou-se em 0,63% entre o 1º e 2º semestre;
 Em 2016 o preço da energia aumentou 0,72% entre o 1º e 2º semestre;
 Em 2017 o preço da energia aumentou 1,18% entre o 1º e 2º semestre.
Deste modo, apurou-se o valor médio da variação desde o ano 2014 até inclusive 2017 de 0,67%
e foi com base neste valor que se considerou o aumento anual do preço da energia.
De salientar que os valores obtidos incluem as taxas aplicadas em Portugal sobre a eletricidade.
No anexo D encontra-se os valores retirados do Eurostat.

5.8.5 Custo de Operação, Manutenção e Seguro

Os custos anuais relativos à operação e manutenção foram assumidos, de acordo com a APESF,
como sendo 1% do valor do investimento, com início no 5º ano do sistema fotovoltaico.
Relativamente ao seguro, este foi considerado logo ao fim do 1º ano e estimou-se o valor de 0,1%
do investimento, de acordo com os valores assumidos pela APESF.
Estes valores pressupostos são razoáveis, no entanto é importante a estimativa de empresas
especializadas após visitarem o local [13].

5.8.6 Taxa de imposto

Os impostos aplicados na análise económica centraram-se na taxa normal de IRC para empresas
residentes que exercem atividades comerciais. O valor em questão foi 21% e foi deduzido sobre o
resultado bruto da demonstração de resultados [25].

5.8.7 Cálculo das receitas obtidas

As remunerações do sistema fotovoltaico foram calculadas de acordo com a seguinte expressão:

Receitas anuaisi = Energia produzidai × CCheia × CECheia + Energia produzidai × CPonta


(24)
× CEPonta

Onde:

 𝑹𝒆𝒄𝒆𝒊𝒕𝒂𝒔 𝒂𝒏𝒖𝒂𝒊𝒔𝒊 – representa as receitas anuais geradas pelo sistema fotovoltaico no ano i;
 𝑬𝒏𝒆𝒓𝒈𝒊𝒂 𝒑𝒓𝒐𝒅𝒖𝒛𝒊𝒅𝒂𝒊 – indica o valor da energia produzida pelo sistema FV no ano i, em [kWh];
 𝑪𝑪𝒉𝒆𝒊𝒂 – indica o consumo médio anual de energia elétrica produzida em cheia, em [%];
 𝑪𝑬𝑪𝒉𝒆𝒊𝒂 –representa o custo da energia em cheia, em [€/kWh].
 𝑪𝑷𝒐𝒏𝒕𝒂 – representa o consumo médio anual de energia elétrica produzida em ponta, em [%];

49
 𝑪𝑬𝑷𝒐𝒏𝒕𝒂 – representa o custo da energia em ponta, em [€/kWh].

Com base nas leituras do contador apresentadas nas faturas elétricas do Corinthia, verifica-se que
apesar de existir consumo elétrico noutros períodos (vazio e super vazio) estes não são tidos em
consideração pela produção de energia do sistema fotovoltaico ser desprezável face à elevada
produção em cheia e ponta. Assim, o cálculo da remuneração gerada do sistema FV apenas tem em
consideração os períodos em cheia e ponta.
Primeiramente, determinou-se a razão do consumo médio mensal de energia para estes períodos
estimado pelas seguintes expressões 25 e 26.
Echeia,m
ConsumoCheia,m = × 100 (25)
(Echeia + Eponta )m

EPonta,m
ConsumoPonta,,m = × 100 (26)
(Echeia + Eponta )m

Onde:
 𝑬𝑪𝒉𝒆𝒊𝒂,𝒎 - energia elétrica consumida em cheia no mês m, em [kWh];
 𝑬𝑷𝒐𝒏𝒕𝒂,𝒎 - energia elétrica consumida em ponta no mês m, em [kWh];

Posteriormente ao cálculo acima descrito, efetuou-se o cálculo da média da razão dos consumos
mensais, expressões 25 e 26, para cada um dos períodos de modo a obter o consumo médio anual de
energia consumida em cada período.

5.9 Indicadores de avaliação do investimento

5.9.1 Valor atual líquido, VAL

O valor atual líquido, mais concretamente o VAL é um indicador muito utilizado em estudos de
viabilidade de um determinado projeto. Para tal, é necessário avaliar os cash-flows futuros gerados
pelo investimento aplicado. Para o cálculo do cash-flow no futuro é preciso a sua atualização de modo
a obter no presente momento o fluxo monetário que irá ser gerado posteriormente. Assim, a sua
atualização é dada pela seguinte expressão [23, 26]:

CFi
CFactualizado = (27)
(1 + TA )i

Onde:

 𝑪𝑭𝒂𝒄𝒕𝒖𝒂𝒍𝒊𝒛𝒂𝒅𝒐 – Fluxo monetário atualizado, em [€];


 𝑪𝑭𝒊 – Fluxo monetário obtido no ano n após o pagamento de impostos, em [€];
 𝑻𝑨 - Taxa de atualização, em [%];
 𝒊 – Ano para o qual se obtém o fluxo de caixa atualizado.

50
O valor atual líquido do projeto é então calculado através da seguinte expressão:
n
CFi
VAL = ∑ (28)
(1 + TA )i
i=0

Onde n é o número de anos do projeto. Caso o VAL for:


 Inferior a zero – indica que o projeto não é viável pois os cash-flows gerados não cobrem o
investimento inicial nem retribuem o retorno exigido pelos investidores;
 Igual a zero – O projeto é viável do ponto de vista económico, pois, os cash-flows cobrem por
completo o investimento inicial e os investidores recebem o retorno exigido, no entanto o lucro
é nulo e como tal existe a possibilidade do projeto se tornar inviável;
 Superior a zero – O projeto é economicamente viável, pois não só os cash-flows cobrem o
investimento inicial como é gerado lucro e os investidores recebem a remuneração exigida.

De salientar que o retorno/remuneração exigida pelos investidores encontra-se representada pela


taxa de atualização e é tanto maior quanto maior for a taxa de atualização.

5.9.2 Taxa interna de retorno, TIR

A taxa interna de retorno (TIR) corresponde à taxa de atualização do projeto para a qual obtém-
se o VAL nulo, ou seja, a taxa necessária para igualar o valor do investimento aos fluxos de caixa
futuros. Este indicador pode ser calculado através da seguinte expressão [23, 26]:

n
CFi
∑ =0 (29)
(1 + TIR)i
i=0

Caso a TIR do projeto seja superior à taxa de atualização considerada, o projeto é


economicamente viável uma vez que o retorno exigido pelos investidores é alcançado. Caso a TIR seja
inferior à taxa de atualização, o retorno não é alcançado e, portanto, o projeto não é atrativo.

5.9.3 Período de retorno do investimento, Payback

O período de retorno do investimento indica o tempo a partir do qual o investimento inicial é


recuperado. Este indicador económico expressa-se através da seguinte igualdade [23, 26]:

∑Tt=1 CFt = Io → 𝑃𝑅𝐼 = 𝑇 (30)

Onde:

 𝑪𝑭𝒕 – cash-flow atualizado do ano t, em [€];


 𝑰𝒐 – Investimento inicial, em [€].

51
5.9.4 Custo da energia produzida, LCOE

O LCOE é a principal medida económica de avaliação de custos de um sistema energético. Este


indicador tem em consideração o investimento inicial do projeto e todos os custos inerentes à operação
e manutenção do sistema e seguros durante o seu tempo de vida útil do sistema.
O cálculo é obtido através da razão entre os custos acima mencionados e a energia total produzida
pelo sistema. É um indicador importante pois permite comparar custos de produção de energia com
outros sistemas de produção de energia. Pode ser determinado através da seguinte expressão [23, 27]:

IO + ∑Tt=1 Custos (31)


LCOE =
∑Tt=1 EP

Onde:
 𝐼𝑂 – investimento inicial, em [€];
 𝐶𝑢𝑠𝑡𝑜𝑠 – despesas do sistema durante o seu tempo de vida útil, em [€];
 𝐸𝑃 – energia produzida pelo sistema durante o seu tempo de vida útil, em [MWh].

5.10 Conversão da energia elétrica e fator de emissão de 𝑪𝑶𝟐

O valores obtidos na presente dissertação relativos à conversão de kWh de energia elétrica para
tep e ao fator de emissão associado ao consumo de eletricidade foram retirados do Despacho nº
17313/2008 da Direcção-Geral de Energia e Geologia. Os fatores de conversão são respetivamente os
seguintes [28]:

1 kWh = 215 × 10−6 tep


(32)
1 kWh = 0,47 kg CO2

52
Capítulo 6

Resultados e Discussão

6.1 Seleção do módulo fotovoltaico, inversor e cablagem

6.1.1 Módulo fotovoltaico

A disposição a 90° dos painéis solares implica que estes captem menor radiação. Assim, a gama
de escolha reduziu-se e incidiu em módulos de tecnologia inovadora, com bons níveis de conversão da
energia solar em energia elétrica. Neste sentido, surgiram os painéis Hanwha Q.CELLS, fabricados por
uma das marcas mais populares e de prestígio da indústria fotovoltaica na Europa, com inúmeros
prémios de inovação na área. O modelo escolhido foi o Q.PEAK DUO-G5 325 e as suas características
são apresentadas na seguinte tabela 6.1.
Este módulo monocristalino, para além de cumprir com os requisitos acima mencionados, tem a
particularidade do seu custo no mercado ser relativamente menor, face a outros módulos com
características semelhantes. A folha técnica do módulo fotovoltaico pode ser consultada no anexo E.1.

Tabela 6.1: Dados técnicos do módulo fotovoltaico. Adaptado do anexo E.1.

Modelo QPEAK DUO-G5-325


Comprimento 1,685 m
Largura 1 m
Espessura 0,032 m
Área 1,685 m^2
P,MPP 325 Wp
Isc (Ta=25°C) 10,14 A
Voc (Ta=25°C) 40,4 V
I,MPP 9,66 A
V,MPP 33,65 V
Eficiência 19,3 %
NOCT 45 °C
α(Isc) 0,04 %/K
β(Voc) -0,28 %/K
𝛾(PMPP ) -0,37 %/K
Tensão máxima 1000 V
Temperatura operação −40 𝑎 85 °C
Peso 18,7 Kg

53
6.1.2 Inversor

A seleção dos inversores recaiu sobre equipamentos modulares de elevada qualidade,


completamente estabelecidos no mercado. Foram tidos em consideração inversores das marcas Kaco,
Fronius, SMA, Kostal, Siemens e ABB. De todas as marcas de inversores analisadas, a ABB foi a que
melhor se ajustou ao sistema fotovoltaico traçado, pois apresentou valores de potência mais adequados
ao sistema FV. Os modelos de inversores utilizados foram os seguintes:

 ABB TRIO-60.0-TL-OUTD;
 ABB PVS-100-TL.

Estes inversores permitiram simplificar todo o sistema fotovoltaico, uma vez que com os valores
de potência nominal de 60 𝑘𝑊 e 100 𝑘𝑊 o sistema fotovoltaico de toda a fachada, reduziu-se à
utilização de 5 inversores. As suas principais características são apresentadas nas tabelas 6.2 e 6.3.
Por fim, optou-se por utilizar inversores com 16 e 24 entradas DC pelo simples motivo de se
conseguir tornar um sistema de considerável dimensão (𝑃𝑜𝑡ê𝑛𝑐𝑖𝑎 𝑖𝑛𝑠𝑡𝑎𝑙𝑎𝑑𝑎 > 400 𝑘𝑊) num sistema
“semi-modular”. Deste modo, o efeito de sombreamento no edifício é minorado relativamente à
produção de energia, pois, as fileiras de painéis fotovoltaicos são subdivididas por vários controladores
do inversor (MPPT). Como tal, o baixo output, causado pelo sombreamento, de um ou mais módulos
não compromete a produção de todo o sistema, mas sim de apenas as fileiras, strings, que estão
ligadas a esse controlador. À primeira vista, esta parece não ser a solução mais económica, pois a
ligação de todo o sistema a um único inversor central diminuiria o seu custo. No entanto, menor
quantidade de energia seria produzida, pois, para além da questão do sombreamento, haveria também
um aumento da corrente produzida pelo sistema e, consequentemente, maiores perdas por efeito de
joule seriam sentidas na cablagem [15].

Tabela 6.2: Informação técnica do inversor de 60 kW. Adaptado do anexo E.2.

Inversor ABB-60.0-TL-OUTD
Comprimento 1,491 m
Altura 0,725 m
Largura 0,315 m
Pnominal DC 61,8 kW
Pnominal AC 60 kW
Nº MPPT 1 -
Tensão MPPT 570 a 800 V
Tensão máxima DC 1000 V
Corrente máxima DC 108 A
Nº entradas DC 16 -
Corrente máxima de curto-circuito 160 A
Temperatura de Operação -25 a 60 °C
Peso 95 Kg
Eficiência 98 %

54
Tabela 6.3: Informação técnica do inversor de 100 kW. Adaptado do anexo E.2.

Inversor ABB PVS-100-TL


Comprimento 1,086 m
Altura 0,869 m
Largura 0,419 m
Pnominal DC 102 kW
Pnominal AC 100 kW
Nº MPPT 6 -
Tensão MPPT 480 a 850 V
Tensão máxima DC 1000 V
Corrente máxima DC por MPPT 36 A
Corrente máxima de curto-circuito
50 A
por MPPT
Nºentradas DC por MPPT 4 -
Temperatura de Operação -25 a 60 °C
Peso 70 Kg
Eficiência 98,2 %

6.1.3 Cablagem DC e AC

6.1.3.1 Cablagem entre módulos e strings, DC

Os módulos fotovoltaicos contêm cabos de 4 𝑚𝑚2 de seccção e 1,1 𝑚 de comprimento. Devido às


características geométricas do edifício, para cada string, foram utilizados cabos adicionais de
interligação entre módulos e cabos de ligação desde os terminais da fileira ao inversor. Os cabos
utilizados foram cabos solares CFI016 de 4 𝑚𝑚2 e CFI017 6 𝑚𝑚2 da empresa CCBS Energia [30, 31].

6.1.3.2 Cablagem AC

Os cabos que realizam a interligação do terminal AC do inversor até ao quadro geral de baixa
tensão, são da emprese Cabelte e são do tipo XV 3x25+2G16 e 3x50+2G25. Estes são cabos rígidos
de baixa tensão (até 1000V) e foram selecionados de acordo com o subcapítulo 5.5.2. As suas
principais características são as seguintes [32]:

 Aplicação - instalações exteriores ou interiores em edifícios;


 Cabos retardadores de chama;
 Material condutor – Cobre;
 Material do isolamento – polietileno e PVC;
 Temperatura máxima de operação – 90°𝐶;
 Secção de cada condutor – 25 𝑚𝑚2 e 50𝑚𝑚2 ;
 Corrente máxima admissível – 127 𝐴 e 158 𝐴 respectivamente.

De realçar que as duas secções transversais dos cabos respeitam o limite de 3% de queda de
tensão, mencionado no subcapítulo 5.5.2 e apresentam valores de corrente máxima admissível
superiores à corrente de saída do sistema de 77 𝐴, para o cabo de 25 𝑚𝑚2 e 145 𝐴, para o de 50𝑚𝑚2 .

55
6.2 Resultados do dimensionamento do sistema

Tal como foi mencionado no subcapítulo 6.1.2, pretendeu-se minorar o efeito do sombreamento
na fachada e, como tal, desenvolveu-se um sistema “semi-modular” constituído por 5 inversores. Assim,
a fachada do edifício foi dividida em 5 troços e a sua estruturação é apresentada na tabela 6.4.
Esta repartição deve-se ao facto de haverem, ao longo do dia, diferentes zonas da fachada mais
sombreadas que outras, o que implica uma redução substancial do output do sistema fotovoltaico, pois
a energia produzida pelo painel sombreado domina relativamente a outros painéis com níveis de
produção superiores.
A área útil da fachada Sul do edifício permitiu a instalação de 1455 painéis solares perfazendo
cerca de 473 𝑘𝑊𝑝 de potência instalada, com a instalação dos módulos a ser distribuída em 5 secções.
A referida distribuição encontra-se ilustrada na figura 6.1.

Tabela 6.4: Resultados do dimensionamento da fachada Sul do edifício. Adaptada do anexo B.

Secção Inversor MPPT Nº Painéis Área Potência


Fachada instalados Instalada instalada
[𝒎𝟐 ] [𝒌𝑾𝒑 ]
1 ABB-60.0-TL- 1 20𝑆 × 10𝑃 = 200 - 65,00
OUTD
2 ABB PV-100-TL 6 21𝑆 × 14 = 294 - 95,55
3 ABB PV-100-TL 6 19𝑆 × 17𝑃 = 323 - 104,975
4 ABB PV-100-TL 6 21𝑆 × 15𝑃 = 315 - 102,375
5 ABB PV-100-TL 6 19𝑆 × 17𝑃 = 323 - 104,975
Total - - 𝟏𝟒𝟓𝟓 𝐏𝐚𝐢𝐧é𝐢𝐬 2451,675 𝟒𝟕𝟐, 𝟖𝟕𝟓

O dimensionamento do sistema foi calculado com base na secção 5.4 e os seus resultados podem
ser consultados no anexo B.

S S S
S S

Figura 6.1: Secções da fachada para cada inversor.


56
6.3 Caso de estudo

6.3.1 Localização geográfica e radiação incidente

O hotel Corinthia Lisboa encontra-se a 38°44′ 19′′𝑁 de latitude e −9°9′ 59′′𝑊 de longitude. O ângulo
azimutal que a fachada Sul faz com a direção Sul é de aproximadamente −5° Este. Com estes valores,
foi possível obter a localização exacta do edifício e assim determinar a sua irradiação incidente. Estes
dados foram obtidos através do software PVGIS e correspondem aos valores de irradiação média
diária, para cada mês do ano. Na tabela 6.5 apresentam-se os referidos dados para uma superfície
com inclinação de 90° [33].

Tabela 6.5: Irradiação média mensal em Lisboa para uma superfície vertical. Adaptada de [33].
Mês G (kWh/m^2)
Janeiro 3,94
Fevereiro 4,57
Março 4,54
Abril 3,55
Maio 2,80
Junho 2,34
Julho 2,56
Agosto 3,45
Setembro 4,45
Outubro 4,68
Novembro 4,32
Dezembro 3,87

6.3.2 Perdas do sistema

Como exposto na secção 5.3 da presente dissertação, a eficiência dos módulos e inversor é
retirada do catálogo dos fabricantes, que se encontra no anexo E.

6.3.2.1 Eficiência Módulos

No primeiro ano, a eficiência dos painéis solares relativa à potência nominal dos mesmos é de
98%, degradando-se 0,54% anualmente até atingir o mínimo de 85%, ao fim de 25 anos.

6.3.2.2 Eficiência Inversores

Como exposto na secção 6.1.2, a eficiência dos inversores é de 98% e 98,2%.

6.3.2.3 Efeito da temperatura e irradiação na produção de energia

O efeito do aumento e decréscimo da temperatura e irradiação nos painéis solares foi estimado
através do software PVGIS, tendo em consideração a temperatura ambiente local. O valor obtido foi de
11,7% de perdas [33].

57
6.3.2.4 Cablagem AC e DC

De acordo com o dimensionamento efetuado e apresentado na secção 6.2, foi necessário utilizar
cabos com diferentes comprimentos e secções. O cálculo das perdas em cada cabo foi calculado
através do método apresentado nas secções 5.5.1 e 5.5.2. De modo a simplificar a análise, fez-se a
média aritmética das perdas nos cabos das várias secções da fachada, utilizando-se posteriormente
esse valor para calcular a produção de energia.
Os valores determinados para a secção 1 e 2 (fachada esquerda) e secções 3,4 e 5 (fachada
direita) respeitam o limite imposto pela norma alemã de 1% para as perdas de cablagem DC e são,
respetivamente, 0,31% e 0,37%. A título de exemplo, a tabela 6.6 apresenta o valor das perdas
calculadas para a secção 1 da fachada.
Os comprimentos L1, L2 e L3 apresentados na tabela indicam o seguinte:

- L1: representa o comprimento do cabo entre os módulos;

- L2 e L3: indicam o comprimento do cabo que liga os terminais (+) e (-) do módulo ao inversor.
Têm comprimentos diferentes, porque as ligações em série foram realizadas no topo superior do edifício
até ao nível do chão. No anexo C encontra-se a configuração da cablagem.

Relativamente às perdas na cablagem AC, a metodologia seguida é semelhante à realizada para


os cabos DC. As perdas foram calculadas para os 5 cabos AC e posteriormente fez-se uma média
aritmética dos valores. Novamente, as perdas obtidas respeitam o limite imposto da norma alemã de
3% com valores para a secção 1 e 2 (fachada esquerda) de 2,93% e de 2,44%. para as secções 3,4 e
5 (fachada direita). As tabelas com os resultados encontram-se no anexo F.

Tabela 6.6: Resultados da folha de Excel desenvolvida para determinar a queda de tensão
dos comprimentos L1, L2 e L3.
1 L1 [m] L2 [m] L3 [m] QT3 % QT2% QT1% P.P Total [W]
Cabo 1 53,2 25 77 0,43 0,14 0,45 86,9
Cabo 2 53,2 28 77 0,43 0,16 0,45 88,4
Cabo3 53,2 24 77 0,43 0,13 0,45 86,4
Cabo 4 53,2 25 77 0,43 0,14 0,45 86,9
Cabo 5 53,2 25 77 0,43 0,14 0,45 86,9
Cabo 6 53,2 23 78 0,44 0,13 0,45 86,4
Cabo 7 53,2 25 78 0,44 0,14 0,45 87,4
Cabo 8 53,2 23 78 0,44 0,13 0,45 86,4
Cabo 9 44,2 15 15 0,08 0,08 0,37 53,2
Cabo 10 78,215 15 68,5 0,38 0,08 0,66 96,0
Valor médio Perdas 0,39 0,13 0,46 845,1

58
6.3.2.5 Efeito do sombreamento

A estimativa realizada para as secções 1 e 2 (fachada esquerda) para as secções 3,4 e 5 (fachada
direita) indica o valor médio mensal do sombreamento na fachada. Na tabela 6.7, encontram-se
apresentados os valores estimados e empregues na determinação da quantidade de energia produzida,
pelo sistema fotovoltaico.

Tabela 6.7: Valores médios mensais de sombreamento estimado através do software Energy3D.

Rácio sombreamento (%)


Mês S1 e S2 S3,4 e 5
Janeiro 23,2 7,6
Fevereiro 20,7 6,7
Março 29,6 7,1
Abril 29,7 13,1
Maio 32,7 21,2
Junho 39,2 33,4
Julho 47,7 44,9
Agosto 37,4 34,9
Setembro 32,2 17,5
Outubro 25,8 12,3
Novembro 20,1 8,1
Dezembro 23,5 7,3

A perpendicularidade do Sol durante os meses de Verão demonstrou aumentar o efeito de


sombreamento na fachada, sobretudo nas secções S1 e S2. Estas secções estão geometricamente
recuadas em relação às restantes (S3, S4 e S5), sofrendo um efeito de sombreamento adicional por
parte destas. A figura 6.2 ilustra o CAD do edifício, desenvolvido através do software Energy3D, onde
se realizou o estudo do efeito de sombreamento e onde se pode observar o recuo que as mencionadas
secções têm em relação às secções S3, S4 e S5.

Efeito do sombreamento por parte dos edifícios vizinhos

Figura 6.2: Efeito do sombreamento no CAD do edifício e da sua envolvente no mês de


Janeiro às 9h00.

59
Novamente com base no CAD realizado do edifício no software Energy3D, verificou-se que,
durante a manhã, o sombreamento na fachada era essencialmente devido ao recuo anteriormente
apresentado, sem que haja influência por parte dos edifícios vizinhos.
As torres de Lisboa, mostraram ser os únicos edifícios a causar sombreamento na fachada do
hotel, mais concretamente durante a parte da tarde, quando o Sol se desloca para Oeste.

6.3.3 Resultados da produção energia elétrica no 1º ano funcionamento

Após a realização do dimensionamento, determinação da eficiência do sistema e obtenção dos


valores de radiação incidente, estimou-se a produção anual do sistema fotovoltaico, de acordo com a
secção 5.7. A título de exemplo, são apresentados, na tabela 6.8, os resultados relativos à produção
de energia durante o 1º ano de funcionamento do sistema FV.
No ano de 2017, o consumo elétrico do hotel Corinthia atingiu valores de 4,3 GWh de energia.
Através da tabela 6.8, constata-se que a fachada do hotel com o sistema fotovoltaico implementado
produz, ao fim de 1 ano de funcionamento, aproximadamente 425 MWh de energia solar elétrica. Assim,
reduz-se em cerca de 10% o gasto energético do edifício, inerente à utilização de eletricidade
proveniente da RESP.

Tabela 6.8: Produção de energia do sistema fotovoltaico após um ano de funcionamento.

SECÇÕES S1 E S2 S3, S4 E S5
Produção Produção
MÊS
[MWh/mês] [MWh/mês]
JANEIRO 12 29
FEVEREIRO 13 31
MARÇO 13 34
ABRIL 10 24
MAIO 8 18
JUNHO 6 12
JULHO 6 11
AGOSTO 9 18
SETEMBRO 12 28
OUTUBRO 14 33
NOVEMBRO 14 31
DEZEMBRO 12 29
TOTAL [MWH/ANO] 128 297

6.3.4 Potência produzida pela instalação FV em horas de ponta

O sistema fotovoltaico além de produzir energia nos períodos de cheia e ponta, também reduz
a potência do hotel em ponta. A seguinte tabela 6.9 apresenta a potência mensal consumida pelo hotel
em horas de ponta seguida da produção sistema fotovoltaico nesse período e dos seus inerentes custos
evitados.

60
Tabela 6.9: Valores mensais da potência em horas de ponta do hotel Corinthia e respectiva
produção FV e custos evitados para o 1º ano de funcionamento do sistema.

Procura
Radiação média em Produção Custo
Mês Corinthia
ponta [W/m^2] FV [kW] evitado €
[kW]
Janeiro 544,8 473,4 204,5 1 361,1 €
Fevereiro 605,4 501,4 223,8 1 345,3 €
Março 583,5 537,4 210,2 1 398,9 €
Abril 467,1 661,6 163,4 1 052,7 €
Maio 305,8 686,1 100,2 666,9 €
Junho 330,2 808,8 83,4 537,4 €
Julho 365,9 772,8 83,5 556,0 €
Agosto 474,5 747,1 121,9 811,1 €
Setembro 579,6 762,9 199,0 1 281,7 €
Outubro 611,7 743,1 218,9 1 456,8 €
Novembro 570,0 526,7 210,7 1 357,2 €
Dezembro 533,5 429,6 200,7 1 336,0 €

Relativamente à poupança obtida, esta foi determinada tendo em consideração o custo da


potência em horas de ponta do Corinthia. Considerou-se o valor 0.214718 €/kW retirado das facturas
elétricas do edifício.

6.3.5 Análise económica do investimento

Os módulos fotovoltaicos são os componentes mais dispendiosos do sistema FV. Assim, de modo
a apresentar várias possíveis soluções, teve-se em conta o custo dos painéis solares na Europa e na
China. A seguinte tabela 6.10, apresenta o preço médio dos módulos nestes dois mercados.

Tabela 6.10: Custo médio do módulo Hanwha Q.PEAK


DUO G5-325W [34, 35, 36].
Mercado Europeu Chinês
Componente Custo €/Wp Custo €/Wp
Módulos Hanwha
Q.Peak Duo G5 325 0,434 0,306
W

A diferença de preço entre estes dois mercados é considerável em termos de custo unitário, já que
os painéis adquiridos na Europa, mais concretamente na Alemanha e Inglaterra, custam cerca de 40 €
mais do que os mesmos vindos da China. Por este motivo, a metodologia seguida na análise económica
do projeto teve em consideração a aquisição de painéis vindos destes dois mercados.
O custo da instalação e da estrutura que suporta o sistema FV na fachada do edifício, é um valor
cuja estimativa apresenta algumas dificuldades, uma vez que é necessário que equipas técnicas e
especializadas visitem o local a fim de verificarem todas as condições do mesmo. No entanto, após o
contacto com a empresa portuguesa CAPA energies que opera na indústria fotovoltaica,

61
nomeadamente, na implementação de painéis solares de fachada, obteve-se por parte de um dos
engenheiros responsáveis, a estimativa de 1000 − 1100 €/(𝑘𝑊 de potência instalada). De salientar que
este valor estimado representa o custo total do sistema.
Assim, gerou-se 4 possíveis cenários para o sistema fotovoltaico, que são apresentados
seguidamente.

6.3.5.1 Simulação 1

A primeira simulação tem como base as seguintes condições iniciais:


 𝐶𝑚ó𝑑𝑢𝑙𝑜𝑠 = 0.434 €/𝑊𝑃 ;
 𝐶𝑖𝑛𝑠𝑡𝑎𝑙𝑎çã𝑜+𝑠𝑢𝑝𝑜𝑟𝑡𝑒 = 68 035 €;
 𝐶𝑢𝑠𝑡𝑜 𝑑𝑒 𝑡𝑟𝑎𝑛𝑠𝑝𝑜𝑟𝑡𝑒 𝑚ó𝑑𝑢𝑙𝑜𝑠/𝑖𝑛𝑣𝑒𝑟𝑠𝑜𝑟𝑒𝑠 = 2,5% 𝑑𝑜 𝑐𝑢𝑠𝑡𝑜 𝑢𝑛𝑖𝑡á𝑟𝑖𝑜 𝑑𝑒 𝑐𝑎𝑑𝑎 𝑚ó𝑑𝑢𝑙𝑜/
𝑖𝑛𝑣𝑒𝑟𝑠𝑜𝑟𝑒𝑠;
 𝐶𝑒𝑛𝑒𝑟𝑔𝑖𝑎 𝑃𝑜𝑛𝑡𝑎 = 0,103€/𝑘𝑊ℎ;
 𝐶𝑒𝑛𝑒𝑟𝑔𝑖𝑎 𝐶ℎ𝑒𝑖𝑎 = 0,094 €/𝑘𝑊ℎ;
 𝐶𝑃𝑜𝑡ê𝑛𝑐𝑖𝑎 ℎ𝑜𝑟𝑎𝑠 𝑑𝑒 𝑝𝑜𝑛𝑡𝑎 = 0,214718 €/𝑘𝑊.

O valor do investimento inicial do projeto é apresentado na tabela 6.11, encontrando-se no anexo


G.1 a sua discretização completa.

Tabela 6.11: Valor do investimento inicial. Adaptado do anexo G.1.

Custo Total
384 451,2 €
s/IVA
Custo Total + IVA 472 875,00 €

Com base nas condições iniciais apresentadas e na metodologia da secção 5.8, realizou-se a
análise económica do projeto. O resultado sumário é apresentado na tabela 6.12.
Através da tabela 6.12, verifica-se que o investimento inicial leva 11 anos até estar completamente
liquidado. O considerável tempo de payback não deve ser ignorado, no entanto, decorridos os 25 anos
correspondentes ao tempo de vida útil dos painéis solares, verifica-se que o VAL é positivo,
demonstrando a sua viabilidade económica com lucro final de cerca de 396 k€.

Tabela 6.12: Resultados da avaliação económica do sistema para a simulação 1.

0 1 2 10 11 25
Receitas € 54 118 € 54 094 € 53 856 € 53 821 € 53 170 €
Valor investido 472 875,00 €
Operação e
Manutenção 5 122 € 5 191 € 6 254 €
Seguro 479,2 € 485,6 € 540 € 547 € 660 €
EBITDA 53 638,4 € 53 607,9 € 48 194 € 48 083 € 46 256 €

62
0 1 2 10 11 25
Receitas € 54 118 € 54 094 € 53 856 € 53 821 € 53 170 €
Valor investido 472 875,00 €
Operação e
Manutenção 5 122 € 5 191 € 6 254 €
Seguro 479,2
Tabela 6.12: (Continuação) Resultados da€avaliação
485,6 €
económica 540 € para a simulação
do sistema 547 € 1. 660 €
EBITDA 53 638,4 € 53 607,9 € 48 194 € 48 083 € 46 256 €
Depreciação 37 830,0 € 37 830,0 € 37 830 € 37 830 € 0
Resultado Bruto 15 808,4 € 15 777,9 € 10 364 € 10 253 € 46 256 €
IRC 21,0% 3 320 € 3 313 € 9 714 €
Resultado Liquido 12 489 € 12 465 € 10 364 € 10 253 € 36 542 €
Fluxo Caixa - 472 875 € 50 319 € 50 295 € 48 194 € 48 083 € 36 542 €
-
C.F actualizado 472 875 € 49 406 € 48 487 € 40 135 € 39 316 € 23 127 €
C.F acumulado - 472 875 € - 423 469 € - 374 982 € - 27 077 € 12 239 € 396 478 €
VAL 396 478,4 €
TIR 6,5%
PRI 11
LCOE [€/MWh] 60,7

6.3.5.2 Simulação 2

A segunda simulação realizada ocorre devido ao intervalo de custo estimado, pela empresa CAPA
energies. Este intervalo é relativo à instalação e suporte, cujo custo varia entre 68 035 € e 106 480 €.
Os resultados obtidos têm como base as seguintes condições iniciais:

 𝐶𝑚ó𝑑𝑢𝑙𝑜𝑠 = 0.434 €/𝑊𝑃 ;


 𝐶𝑖𝑛𝑠𝑡𝑎𝑙𝑎çã𝑜+𝑠𝑢𝑝𝑜𝑟𝑡𝑒 = 106 480 €;
 𝐶𝑢𝑠𝑡𝑜 𝑑𝑒 𝑡𝑟𝑎𝑛𝑠𝑝𝑜𝑟𝑡𝑒 𝑚ó𝑑𝑢𝑙𝑜𝑠/𝑖𝑛𝑣𝑒𝑟𝑠𝑜𝑟𝑒𝑠 = 2,5% 𝑑𝑜 𝑐𝑢𝑠𝑡𝑜 𝑢𝑛𝑖𝑡á𝑟𝑖𝑜 𝑑𝑒 𝑐𝑎𝑑𝑎 𝑚ó𝑑𝑢𝑙𝑜/
𝑖𝑛𝑣𝑒𝑟𝑠𝑜𝑟𝑒𝑠;
 𝐶𝑒𝑛𝑒𝑟𝑔𝑖𝑎 𝑃𝑜𝑛𝑡𝑎 = 0,103€/𝑘𝑊ℎ;
 𝐶𝑒𝑛𝑒𝑟𝑔𝑖𝑎 𝐶ℎ𝑒𝑖𝑎 = 0,094 €/𝑘𝑊ℎ;
 𝐶𝑃𝑜𝑡ê𝑛𝑐𝑖𝑎 ℎ𝑜𝑟𝑎𝑠 𝑑𝑒 𝑝𝑜𝑛𝑡𝑎 = 0,214718 €/𝑘𝑊.

O valor do investimento inicial obtido é apresentado na tabela 6.13 e pode ser consultado na sua
totalidade no anexo G.1.

Tabela 6.13: Valor do investimento inicial. Adpatado do anexo G.1.

Custo Total
422 896,34 €
s/IVA
Custo Total + IVA 520 162,50 €

O resultado sumário da análise económica realizada encontra-se na tabela 6.14.

63
Tabela 6.14: Resultados da avaliação económica do sistema para a simulação 2.

0 1 2 11 12 25
Receitas € 54 118 € 54 094 € 53 821 € 53 784 € 53 170 €
Valor investido 520 162,50 €
Operação e
Manutenção 5 710 € 5 786 € 6 879 €
Seguro 527 € 534 € 602 € 610 € 726 €
EBITDA 53 591 € 53 559 € 47 509 € 47 388 € 45 565 €
Depreciação 41 613 € 41 613 € 41 613 € 41 613 € 0
Resultado Bruto 11 978 € 11 946 € 5 896 € 5 775 € 45 565 €
IRC 21,0% 9 569 €
Resultado Liquido 11 978 € 11 946 € 5 896 € 5 775 € 35 996 €
Fluxo Caixa - 520 163 € 53 591 € 53 559 € 47 509 € 47 388 € 35 996 €
C.F actualizado - 520 163 € 52 619 € 51 635 € 38 847 € 38 045 € 22 782 €
C.F acumulado - 520 163 € - 467 544 € - 415 909 € - 25 918 € 12 127 € 353 536 €
VAL 353 536,4 €
TIR 5,5%
PRI 12
LCOE [€/MWh] 66,8

Os resultados apresentados na tabela 6.14 correspondem ao cálculo mais conservador do projeto,


uma vez que se considera o valor mais elevado do custo da instalação e suporte.
O investimento inicial demora 12 anos a ser pago, mais um ano relativamente ao tempo de
payback da 1ª simulação. Contudo o VAL não deixa de ser positivo, com cerca de 353 k€ de lucro ao
fim dos 25 anos de tempo de vida útil dos painéis solares.

6.3.5.3 Simulação 3

A terceira simulação tem como única variante das duas simulações realizadas anteriormente a
aquisição dos painéis solares, uma vez que se considera o custo dos módulos no mercado Chinês. Os
resultados obtidos têm como base as seguintes condições iniciais:

 𝐶𝑚ó𝑑𝑢𝑙𝑜𝑠 = 0.306 €/𝑊𝑃 ;


 𝐶𝑖𝑛𝑠𝑡𝑎𝑙𝑎çã𝑜+𝑠𝑢𝑝𝑜𝑟𝑡𝑒 = 68 035 €;
 𝐶𝑢𝑠𝑡𝑜 𝑑𝑒 𝑡𝑟𝑎𝑛𝑠𝑝𝑜𝑟𝑡𝑒 𝑚ó𝑑𝑢𝑙𝑜𝑠 = 5% 𝑑𝑜 𝑐𝑢𝑠𝑡𝑜 𝑢𝑛𝑖𝑡á𝑟𝑖𝑜 𝑑𝑒 𝑐𝑎𝑑𝑎 𝑚ó𝑑𝑢𝑙𝑜;
 𝐶𝑢𝑠𝑡𝑜 𝑑𝑒 𝑡𝑟𝑎𝑛𝑠𝑝𝑜𝑟𝑡𝑒 𝑖𝑛𝑣𝑒𝑟𝑠𝑜𝑟𝑒𝑠 = 2,5% 𝑑𝑜 𝑐𝑢𝑠𝑡𝑜 𝑢𝑛𝑖𝑡á𝑟𝑖𝑜 𝑑𝑒 𝑐𝑎𝑑𝑎 𝑖𝑛𝑣𝑒𝑟𝑠𝑜𝑟;
 𝐶𝑒𝑛𝑒𝑟𝑔𝑖𝑎 𝑃𝑜𝑛𝑡𝑎 = 0,103€/𝑘𝑊ℎ;
 𝐶𝑒𝑛𝑒𝑟𝑔𝑖𝑎 𝐶ℎ𝑒𝑖𝑎 = 0,094 €/𝑘𝑊ℎ;
 𝐶𝑃𝑜𝑡ê𝑛𝑐𝑖𝑎 ℎ𝑜𝑟𝑎𝑠 𝑑𝑒 𝑝𝑜𝑛𝑡𝑎 = 0,214718 €/𝑘𝑊.

64
Os custos pormenorizados dos componentes do sistema fotovoltaico pode ser consultados no
anexo G.2. Na seguinte tabela 6.15, apresenta-se novamente o valor do investimento inicial do projeto.

Tabela 6.15: Valor do investimento inicial. Adpatado do anexo G.2.

Custo Total
326 208,90 €
s/IVA
Custo Total + IVA 401 236,95 €

A análise económica realizada com o valor do investimento exposto na tabela 6.15 é sumarizada
e apresentada em baixo na tabela 6.16.

Tabela 6.16: Resultados da avaliação económica do sistema para a simulação 3.

0 1 2 9 10 25
Receitas € 54 118 € 54 094 € 53 891 € 53 856 € 53 170 €
Valor investido 401 237,0 €
Operação e
Manutenção 4 289 € 4 346 € 5 306 €
Seguro 407 € 412 € 452 € 458 € 560 €
EBITDA 53 711 € 53 681 € 49 150 € 49 052 € 47 304 €
Depreciação 32 099 € 32 099 € 32 099 € 32 099 € 0
Resultado Bruto 21 612 € 21 583 € 17 051 € 16 953 € 47 304 €
IRC 21,0% 4 539 € 4 532 € 3 581 € 3 560 € 9 934 €
Resultado Liquido 17 074 € 17 050 € 13 470 € 13 393 € 37 370 €
Fluxo Caixa - 401 237 € 49 172 € 49 149 € 45 569 € 45 492 € 37 370 €
C.F actualizado - 401 237 € 48 281 € 47 383 € 38 650 € 37 885 € 23 651 €
C.F acumulado - 401 237 € - 352 956 € - 305 573 € - 12 257 € 25 628 € 451 424 €
VAL 451 424,4 €
TIR 8,3%
PRI 10
LCOE [€/MWh] 51,5
Com base nos resultados apresentados na tabela 6.16, verifica-se que esta é a simulação mais
otimista do projeto. O tempo de payback é de 10 anos, com um lucro final superior ao valor do
investimento inicial de 451 424 €. A TIR do projeto também apresenta o valor mais elevado,
comparativamente às simulações anteriores.

6.3.5.4 Simulação 4

A última simulação visa realizar a análise económica do projeto para o custo de instalação e
suporte mais elevado. Os resultados obtidos têm como base as seguintes condições iniciais:

 𝐶𝑚ó𝑑𝑢𝑙𝑜𝑠 = 0.306 €/𝑊𝑃 ;


 𝐶𝑖𝑛𝑠𝑡𝑎𝑙𝑎çã𝑜+𝑠𝑢𝑝𝑜𝑟𝑡𝑒 = 106 480 €;

65
 𝐶𝑢𝑠𝑡𝑜 𝑑𝑒 𝑡𝑟𝑎𝑛𝑠𝑝𝑜𝑟𝑡𝑒 𝑚ó𝑑𝑢𝑙𝑜𝑠 = 5% 𝑑𝑜 𝑐𝑢𝑠𝑡𝑜 𝑢𝑛𝑖𝑡á𝑟𝑖𝑜 𝑑𝑒 𝑐𝑎𝑑𝑎 𝑚ó𝑑𝑢𝑙𝑜;
 𝐶𝑢𝑠𝑡𝑜 𝑑𝑒 𝑡𝑟𝑎𝑛𝑠𝑝𝑜𝑟𝑡𝑒 𝑖𝑛𝑣𝑒𝑟𝑠𝑜𝑟𝑒𝑠 = 2,5% 𝑑𝑜 𝑐𝑢𝑠𝑡𝑜 𝑢𝑛𝑖𝑡á𝑟𝑖𝑜 𝑑𝑒 𝑐𝑎𝑑𝑎 𝑖𝑛𝑣𝑒𝑟𝑠𝑜𝑟;
 𝐶𝑒𝑛𝑒𝑟𝑔𝑖𝑎 𝑃𝑜𝑛𝑡𝑎 = 0,103€/𝑘𝑊ℎ;
 𝐶𝑒𝑛𝑒𝑟𝑔𝑖𝑎 𝐶ℎ𝑒𝑖𝑎 = 0,094 €/𝑘𝑊ℎ;
 𝐶𝑃𝑜𝑡ê𝑛𝑐𝑖𝑎 ℎ𝑜𝑟𝑎𝑠 𝑑𝑒 𝑝𝑜𝑛𝑡𝑎 = 0,214718 €/𝑘𝑊.

Novamente, o custo detalhado do sistema fotovoltaico encontra-se no anexo G.2. A tabela 6.17
apresenta o valor do investimento inicial do projeto.

Tabela 6.17: Valor do investimento inicial. Adpatado do anexo G.2.

Custo Total
361 035,35 €
s/IVA
Custo Total + IVA 444 073,48 €

A análise económica realizada com o valor do investimento exposto na tabela acima apresentada
é sumarizada e apresentada em baixo na tabela 6.18. A versão completa da folha de Excel pode ser
consultada no anexo H.

Tabela 6.18: Resultados da avaliação económica do sistema para a simulação 4. Adpatado do anexo H.

0 1 2 10 11 25
Receitas € 54 118 € 54 094 € 53 856 € 53 821 € 53 170 €
Valor investido 444 073 €
Operação e
Manutenção 4 810 € 4 874 € 5 873 €
Seguro 450 € 456 € 507 € 514 € 619 €
EBITDA 53 668 € 53 637 € 48 539 € 48 432 € 46 677 €
Depreciação 35 526 € 35 526 € 35 526 € 35 526 € - €
Resultado Bruto 18 142 € 18 112 € 13 013 € 12 906 € 46 677 €
IRC 0€ 3 810 € 3 803 € 2 733 € 2 710 € 9 802 €
Resultado Liquido 14 332 € 14 308 € 10 281 € 10 196 € 36 875 €
Fluxo Caixa - 444 073 € 49 858 € 49 834 € 45 806 € 45 722 € 36 875 €
C.F actualizado - 444 073 € 48 954 € 48 043 € 38 147 € 37 386 € 23 338 €
C.F acumulado - 444 073 € - 395 120 € - 347 076 € - 12 876 € 24 510 € 409 506 €
VAL 409 506 €
TIR 7,0%
PRI 11
LCOE [€/MWh] 57,0
Em suma, pode-se concluir que os módulos FV são o componente que mais encarece o projeto,
detendo cerca de 41% do investimento inicial. Seguidamente, o custo de instalação-estrutura e
inversores representam, respetivamente 30% e 20% do valor inicial do investimento. As simulações
realizadas permitiram gerar vários cenários para o projeto.
Após a análise dos resultados acima apresentados, verifica-se que a situação mais conservadora
ocorre quando se considera o valor mais elevado do custo da instalação e suporte (106 500 € aprox.)

66
com o custo de módulos europeus. O tempo de payback obtido foi de 12 anos, com os indicadores
económicos VAL de 353 536 € e TIR superior à taxa de actualização considerada.
As soluções mais optimistas, implicam a aquisição de painéis solares de acordo com o custo do
mercado Chinês. Deste modo, considerando o cenário mais conservador, é possível obter um período
de retorno do investimento de 11 anos, aumentar o VAL para valores próximos de 410 000 € e a TIR
para 7 %.
A variação do custo de instalação e suporte, também tem influencia no tempo que o investimento
inicial leva a ser pago verificando-se que para o mesmo mercado (Europeu ou Chinês) o VAL do
projecto varia.
Por fim, conclui-se que o período de retorno do investimento é elevado, no entanto existe margem
para a sua redução, uma vez que o custo estimado de instalação e estrutura é um valor que pode
eventualmente ser reduzido, com a inspeção de equipas altamente especializadas na instalação deste
tipo de sistemas e consequente orçamento. Além do mais, na avaliação económica do projeto, o valor
considerado para o aumento do preço da energia (secção 5.8.4) é um valor que se revela a longo prazo
conservador, uma vez que, possivelmente haverá anos em que esse aumento será superior ao valor
constante considerado de 0,67%. Assim, este resultado apesar de conservador, não deixa de mostrar
alguma esperança quanto à concretização do projeto, pois, o mencionado em cima aliado a possíveis
incentivos externos poderá permitir a viabilidade do projeto. Não obstante, o aspeto inovador e apelativo
que o sistema FV confere à fachada do edifício deve ser tido em conta, pois, uma maior notoriedade
do edifício poderá traduzir-se num aumento de receitas e, desta forma, contribuir indiretamente para o
pagamento do projeto.

6.3.6 Poupanças geradas com o sistema fotovoltaico

As poupanças energéticas geradas pelo sistema FV, foram estimadas para o tempo de vida útil
dos painéis solares e calculadas com base nos termos do despacho n. º17313/2008. Os resultados
obtidos foram os seguintes:
 O valor médio anual obtido referente à poupança energética gerada com o sistema FV, é de
85 tep e de 187 T𝐶𝑂2 . Estes valores correspondem a cerca de 9 % do consumo elétrico e
emissão de 𝐶𝑂2 do Corinthia relativos ao consumo do ano de 2017.
De acordo com os dados divulgados pela base de dados PORDATA retiram-se as seguintes
conclusões:
 A emissão de dióxido de carbono de origem fóssil per capita no ano 2015 foi de 5,2 T𝐶𝑂2 . O
valor médio anual de 𝐶𝑂2 poupado com o sistema fotovoltaico, permite cobrir as emissões
anuais de cerca de 36 pessoas [37];
 Em 2016, foram produzidas, em Portugal, 154,7 tep em milhares, de energia solar. Ao fim de
25 anos de operação, o valor produzido pelo sistema FV, representa 1,4% da produção
nacional.

A tabela 6.19 apresenta a poupança obtida em 25 anos de funcionamento do projeto.

67
Tabela 6.19: Resultados obtidos ao fim de 25 anos de
funcionamento do sistema fotovoltaico. Adpatado do anexo I.

Poupança Redução das


energética (tep) emissões (TCO2)
2133 4662

6.4 Benchmarking
Finalizado o processo de análise de resultados, é possível fazer uma pequena contextualização
deste projeto na realidade da energia solar fotovoltaica em Portugal e no Mundo, salientando-se as
seguintes considerações:

 Em termos de potência e área instalada, a instalação solar fotovoltaica no Corinthia seria a


maior realizada em fachadas de edifícios em Portugal;
 Mundialmente existem poucos edifícios com painéis fotovoltaicos integrados em toda a
fachada. Assim, caso este projeto seja implementado, o hotel Corinthia tornar-se-ia uma
infraestrutura apelativa com elevados níveis de eficiência, especialmente se considerarmos as
medidas de eficiência energética já implementadas;
 O valor médio do investimento, tendo em conta os valores do mercado europeu, mencionado
nas tabelas 6.11 e 6.13, está de acordo com o intervalo de investimento previsto em [16],
previamente abordado na secção 3.1.2.1;
 Aumento da autossuficiência elétrica do hotel de 1,5% através do sistema de cogeração, para
11% com a instalação fotovoltaica;
 A utilização dos painéis monocristalinos, concede ao edifício níveis de eficiência solar
superiores aos projetos BIPV atualmente instalados [16].

68
Capítulo 7

Conclusões e Trabalho Futuro

7.1 Conclusões

Atualmente, a energia solar fotovoltaica é reconhecida e valorizada mundialmente, daí a evolução


tecnológica dos módulos fotovoltaicos e componentes, as suas reduções de custo e o aumento da
capacidade instalada. Portugal tem sido um dos países a apostar significativamente neste tipo de
tecnologia. No passado mês de Maio de 2018, a capacidade instalada atingia os 590 MW, tornando-se
a energia renovável com maior crescimento a nível nacional [10].
A presente dissertação, aplicou o regime de autoconsumo no Corinthia hotel Lisboa, com o intuito
da energia produzida servir unicamente para alimentar a própria instalação de produção sem venda de
excedente à RESP. A respetiva atividade de produção, é regida pelo Decreto-lei nº153/2014 [14].
A análise técnica e económica foi realizada para dois casos de estudo, que contemplam os preços
praticados na Europa e China para os módulos fotovoltaicos [34, 35, 36]. Da análise técnica, os
resultados principais a salientar foram os seguintes:

 Instalação na fachada do edifício de 1455 módulos fotovoltaicos;


 Potência instalada de 473 𝑘𝑊𝑝 , aprox.;
 Ao fim do 1º ano de funcionamento, a produção fotovoltaica foi de 425 MWh.

Relativamente à análise económica, esta foi realizada através de uma folha de cálculo Excel sem
recurso ao software polysun, uma vez que neste tipo de softwares não são contabilizados os custos
evitados no regime de autoconsumo. Os resultados mais relevantes foram os seguintes:

 Caso de estudo A (Custo de aquisição dos módulos na Europa)

- Simulação 1: custo optimista da estrutura de suporte e instalação VAL = 396 k€ e Payback =


11 anos;
-Simulação 2: valor conservador do custo da estrutura de suporte e instalação  VAL = 353 k€ e
payback = 12 anos.

 Caso de estudo B (Custo de aquisição dos módulos na China)

- Simulação 1: custo optimista da estrutura de suporte e instalação  VAL = 451 k€ e Payback =


10 anos;

69
-Simulação 2: Valor conservador do custo da estrutura de suporte e instalação  VAL = 409 k€ e
payback = 11 anos.

Os resultados obtidos nos dois casos de estudo, permitiram obter diferentes perspetivas do
projeto. Tendo em consideração a necessidade de instalar 1455 painéis FV, os módulos são a
componente do sistema FV que mais encarece o projeto. Assim, numa perspetiva de minimização do
período de retorno do investimento, considerou-se o custo dos módulos FV em diferentes mercados
(Europeu e Asiático).
Os resultados do caso de estudo B são naturalmente os mais satisfatórios, tendo em conta que
apresentam menor tempo de payback e maior retorno económico do investimento, face aos resultados
do caso de estudo A.
Deste modo, do ponto de vista técnico e económico, a integração de painéis solares fotovoltaicos
na fachada Sul do Corinthia hotel revela-se promissora. O tempo de vida dos painéis solares de 25
anos, permite que o custo evitado pelo sistema FV em autoconsumo, seja mais do que suficiente para
pagar o projeto, obtendo-se lucro entre 10 a 11 anos. Além do mais, a instalação deste sistema reforça
e majora o prestígio e inovação tão característico do Corinthia Hotel.

7.2 Trabalho Futuro


A folha de cálculo desenvolvida em Excel permitiu estimar a produção anual de energia do sistema
FV, através do input dos valores médios diários de irradiação do local. De modo a aumentar a precisão
dos resultados, seria interessante utilizar os valores de irradiação horários.
Relativamente ao apuramento de custos, o custo dos módulos juntamente com o custo de
instalação-estrutura representam aproximadamente 71% do valor do investimento inicial. Perante esta
situação, seria importante contactar diretamente com o fornecedor dos módulos Hanwha de modo a
determinar o preço por atacado dos painéis solares, uma vez que, para o presente caso de estudo,
considerou-se o custo singular do módulo. Relativamente ao custo de instalação, a estimativa fornecida
pela empresa CAPA energies deve ser concretamente orçamentada através de uma visita ao local por
técnicos especialistas em integração de painéis solares em edifícios.
Quanto à evolução anual do custo da energia, considerou-se a evolução ocorrida entre o ano
2014 e 2017, segundo os dados divulgados pelo Eurostat. Contudo, o valor de 0,67% obtido, revela-se
ser baixo/conservador, tendo em conta que é aplicado constantemente ao longo dos 25 anos de
atividade financeira do projeto. Assim, perante esta situação, seria importante pressupor um valor mais
elevado, pois, ao longo de 25 anos, presume-se que o preço da energia aumente mais de 0,67% ao
ano.

70
Referências

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insulation solar glass – Latest developments and future prospects. Renewable and Sustainable
Energy Reviews, 60:1286-1301, 2016. ISSN 1364-0321. URL:
https://doi.org/10.1016/j.rser.2016.03.009.

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https://www.pordata.pt/DB/Portugal/Ambiente+de+Consulta/Tabela. (Acedido a 10-7-2018).

[22] Banco de Portugal divulga Boletim Económico de Dezembro de 2016,


https://www.bportugal.pt/comunicado/banco-de-portugal-divulga-boletim-economico-de-
dezembro-de-2016. (Acedido: 10-7-2018).

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72
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https://www.ise.fraunhofer.de/en/publications/studies/cost-of-electricity.html. (Acedido 10-9-
2018).

[28] Ministério da Economia e da Inovação. Despacho n.º 17313/2008. Diário da República, 2.ª série-
N. º122, Junho 2008.

[29] The Sun as an Energy Resource. https://www.volker-


quaschning.de/articles/fundamentals1/index.php. (Acedido a 1-9-2018).

[30] CCBS-Energia, Cabo solar 6mm2 preto a metro, https://www.ccbs-energia.pt/loja/cabos-e-


fichas/cabos/cabo-solar-6mm2-preto-a-metro-info. (Acedido a 25-6-2018).

[31] CCBS-Energia, Cabo solar 4mm2 preto a metro, https://www.ccbs-energia.pt/loja/cabos-e-


fichas/cabos/cabo-solar-4mm2-info. (Acedido a 25-6-2018).

[32] CABELTE. Cables, conductors & Wires. CABELTE, Portugal. Recurso disponível:
http://svrweb.cabelte.pt/Catalogo_Geral_pt. (Acedido a 25-6-2018).

[33] Joint Research Centre (JRC). PVGIS Tool. (Recurso disponível em


http://re.jrc.ec.europa.eu/pvgis/apps4/pvest.php#. (Acedido a 25-4-2018).

[34] Hanwha Q.cells – Q.Peak Duo-G5325 Wp. Recurso disponível em


https://www.secondsol.com/de/anzeige/17363/photovoltaikmodule/monokristalline-
module/hanwha-q-cells/q-peak-duo-g5-325wp. (Acedido a 1-4-2018).

[35] Hanwha Q CELLS Q.PEAK DUO-G5 325Wp Mono Solar Panel. Recurso disponível em
https://zerohomebills.com/product/hanwha-q-cells-q-peak-duo-g5-325-w-mono-solar-panel/.
(Acedido a 1-4-2018).

[36] High quality Hanwha Qcells Latest Mono 325 Wp Efficiency Solar Panel for Renewable Energy.
(Recurso disponível em https://www.alibaba.com/product-detail/High-quality-Hanwha-Qcells-
Latest-Mono_60456115256.html?spm=a2700.7724857.normalList.70.79f71315tdPVDV.
Acedido a 1-4-2018).

[37] Emissões de gases por Habitante.


https://www.pordata.pt/Portugal/Emiss%C3%B5es+de+gases+por+habitante-1256. (Acedido a
30-9-2018).

73
Anexo A
Irradiação média diária-Corinthia Lisboa Hotel
Tabela A.1: Irradiação média diária sob uma superfície horizontal [33].

G
Mês (kWh/m^2)
Janeiro 2,34
Fevereiro 3,42
Março 5,01
Abril 6,03
Maio 7,1
Junho 7,84
Julho 7,97
Agosto 7,2
Setembro 5,68
Outubro 4,01
Novembro 2,69
Dezembro 2,08

Tabela A.2: Irradiação média diária sob uma superfície vertical [33].

G
Mês (kWh/m^2)
Janeiro 3,94
Fevereiro 4,57
Março 4,54
Abril 3,55
Maio 2,80
Junho 2,34
Julho 2,56
Agosto 3,45
Setembro 4,45
Outubro 4,68
Novembro 4,32
Dezembro 3,87

74
Anexo B
Dimensionamento do sistema fotovoltaico

B.1 Cálculos efetuados pelo Excel


Tabela B.1.1: Folha de cálculo desenvolvida para o dimensionamento do sistema FV da secção S1.
Potência Instalada 65 kWp
Temperaturas Operação Inversor Número Módulos Série-Fachada sem ventilação

Tmin -10 degrees Nº inversores 1 U MPP,min, inv 570 V


Potência por
Tref, STC 25 degrees 65 kWp Tmax, módulo (nova) 100 degrees
inversor
Tmax 70 degrees Modelo ABB 60TL U MPP, mod. a 100 21,005 V
Tensões Sistema Power, DC 61,8 kW n,min 27,14
Voc 46,056 V Power, AC 60 kW Resultado 2 27,00
VMPP,max 39,551 V Cinv 1,08 Número Módulos Paralelo
VMPP,min 33,128 V Umax 1000 V n, paralelo(por MPP) 11,18
Limites Inversor U MPP,min 570 V Resultado 11
Power, DC max 78 kWp Imax 108 A n, paralelo conjunto MPP's 11,18
Power, DC min 45,5 kWp Número Módulos Série Resultado 11
Power AC,max 78,31 kWp n,max 21,71
Power AC,min 52 kWp Resultado 21 I per MPP 108 A
n,min 17,21
Resultado 1 17
Resultados
Configuração Sistema
n, série 20
n, paralelo 10 Validação com inversor
VMPP (70 °C) 662,56 V > VMPP, min 570
VMPP (0°C) 791,02 V < VMPP, max 800
Voc (0°C) 921,12 V < Voc 1000
I (2MPP) 96,6 A < I max (3MPP) 108
I (por MPP) 9,66 A < I por MPP 108
Icc (2MPP) 101,4 A < Icc (2MPP) 160
Icc (por MPP) 10,14 A < Icc por MPP 160

Tabela B.1.2: Folha de cálculo desenvolvida para o dimensionamento do sistema FV da secção S2.
Potência Instalada 95,55 kWp
Temperaturas Operação Inversor Número Módulos Série-Fachada sem ventilação

Tmin -10 degrees Nº inversores 1 U MPP,min, inv 480 V


Potência por
Tref, STC 25 degrees 95,55 kWp Tmax, módulo (nova) 100 degrees
inversor
Tmax 70 degrees Modelo ABB 100TL U MPP, mod. a 100 21,005 V
Tensões Sistema Power, DC 102 kW n,min 22,85
Voc 46,056 V Power, AC 100 kW Resultado 2 22,00
VMPP,max 39,551 V Cinv 0,96 Número Módulos Paralelo
VMPP,min 33,128 V Umax 1000 V n, paralelo(por MPP) 3,73
Limites Inversor U MPP,min 480 V Resultado 3
Power, DC max 114,66 kWp Imax 216 A n, paralelo conjunto MPP's 22,36
Power, DC min 66,885 kWp Número Módulos Série Resultado 22
Power AC,max 115,12 kWp n,max 21,71
Power AC,min 76,44 kWp Resultado 21 I per MPP 36 A
n,min 14,49
Resultado 1 14

Resultados
Configuração Sistema
n, série 21
n, paralelo 14 Validação com inversor
VMPP (70 °C) 695,688 V > VMPP, min 480
VMPP (0°C) 830,571 V < VMPP, max 850
Voc (0°C) 967,176 V < Voc 1000
I (2MPP) 135,24 A < I max (3MPP) 216
I (por MPP) 28,98 A < I por MPP 36
Icc (2MPP) 141,96 A < Icc (2MPP) 300
Icc (por MPP) 30,42 A < Icc por MPP 50

75
Tabela B.1.3: Folha de cálculo desenvolvida para o dimensionamento do sistema FV da secção S3.
Potência Instalada 104,975 kWp
Temperaturas Operação Inversor Número Módulos Série-Fachada sem ventilação

Tmin -10 degrees Nº inversores 1 U MPP,min, inv 480 V


Potência por
Tref, STC 25 degrees 104,975 kWp Tmax, módulo (nova) 100 degrees
inversor
Tmax 70 degrees Modelo ABB PVS 100 U MPP, mod. a 100 21,005 V
Tensões Sistema Power, DC 102 kW n,min 22,85
Voc 46,056 V Power, AC 100 kW Resultado 2 22,00
VMPP,max 39,551 V Cinv 1,05 Número Módulos Paralelo
VMPP,min 33,128 V Umax 1000 V n, paralelo(por MPP) 3,73
Limites Inversor U MPP,min 480 V Resultado 3
Power, DC max 125,97 kWp Imax 216 A n, paralelo conjunto MPP's 22,36
Power, DC min 73,4825 kWp Número Módulos Série Resultado 22
Power AC,max 126,48 kWp n,max 21,71
Power AC,min 83,98 kWp Resultado 21 I per MPP 36 A
n,min 14,49
Resultado 1 14

Resultados
Configuração Sistema
n, série 19
n, paralelo 17 Validação com inversor
VMPP (70 °C) 629,432 V > VMPP, min 480
VMPP (0°C) 751,469 V < VMPP, max 850
Voc (0°C) 875,064 V < Voc 1000
I (2MPP) 164,22 A < I max (3MPP) 216
I (por MPP) 28,98 A < I por MPP 36
Icc (2MPP) 172,38 A < Icc (2MPP) 300
Icc (por MPP) 30,42 A < Icc por MPP 50

Tabela B.1.4: Folha de cálculo desenvolvida para o dimensionamento do sistema FV da secção


S4.
Potência Instalada 102,375 kWp
Temperaturas Operação Inversor Número Módulos Série-Fachada sem ventilação

Tmin -10 degrees Nº inversores 1 U MPP,min, inv 480 V


Potência por
Tref, STC 25 degrees 102,375 kWp Tmax, módulo (nova) 100 degrees
inversor
Tmax 70 degrees Modelo ABB PVS 100 U MPP, mod. a 100 21,005 V
Tensões Sistema Power, DC 102 kW n,min 22,85
Voc 46,056 V Power, AC 100 kW Resultado 2 22,00
VMPP,max 39,551 V Cinv 1,02 Número Módulos Paralelo
VMPP,min 33,128 V Umax 1000 V n, paralelo(por MPP) 3,73
Limites Inversor U MPP,min 480 V Resultado 3
Power, DC max 122,85 kWp Imax 216 A n, paralelo conjunto MPP's 22,36
Power, DC min 71,6625 kWp Número Módulos Série Resultado 22
Power AC,max 123,34 kWp n,max 21,71
Power AC,min 81,9 kWp Resultado 21 I per MPP 36 A
n,min 14,49
Resultado 1 14
Resultados
Configuração Sistema
n, série 21
n, paralelo 15 Validação com inversor
VMPP (70 °C) 695,688 V > VMPP, min 480
VMPP (0°C) 830,571 V < VMPP, max 850
Voc (0°C) 967,176 V < Voc 1000
I (2MPP) 144,9 A < I max (3MPP) 216
I (por MPP) 28,98 A < I por MPP 36
Icc (2MPP) 152,1 A < Icc (2MPP) 300
Icc (por MPP) 30,42 A < Icc por MPP 50

76
Tabela B.1.5: Folha de cálculo desenvolvida para o dimensionamento do sistema FV da secção S5.

Potência Instalada 104,975 kWp


Temperaturas Operação Inversor Número Módulos Série-Fachada sem ventilação

Tmin -10 degrees Nº inversores 1 U MPP,min, inv 480 V


Potência por
Tref, STC 25 degrees 104,975 kWp Tmax, módulo (nova) 100 degrees
inversor
Tmax 70 degrees Modelo ABB PVS 100 U MPP, mod. a 100 21,005 V
Tensões Sistema Power, DC 102 kW n,min 22,85
Voc 46,056 V Power, AC 100 kW Resultado 2 22,00
VMPP,max 39,551 V Cinv 1,05 Número Módulos Paralelo
VMPP,min 33,128 V Umax 1000 V n, paralelo(por MPP) 3,73
Limites Inversor U MPP,min 480 V Resultado 3
Power, DC max 125,97 kWp Imax 216 A n, paralelo conjunto MPP's 22,36
Power, DC min 73,4825 kWp Número Módulos Série Resultado 22
Power AC,max 126,48 kWp n,max 21,71
Power AC,min 83,98 kWp Resultado 21 I per MPP 36 A
n,min 14,49
Resultado 1 14

Resultados
Configuração Sistema
n, série 19
n, paralelo 17 Validação com inversor
VMPP (70 °C) 629,432 V > VMPP, min 480
VMPP (0°C) 751,469 V < VMPP, max 850
Voc (0°C) 875,064 V < Voc 1000
I (2MPP) 164,22 A < I max (3MPP) 216
I (por MPP) 28,98 A < I por MPP 36
Icc (2MPP) 172,38 A < Icc (2MPP) 300
Icc (por MPP) 30,42 A < Icc por MPP 50

77
B.2 Software dimensionamento ABB
Secção S1

78
Secção S2

79
Secção S3

80
Secção S4

81
Secção S5

82
Anexo C

Configuração da rede de cablagem do sistema


FV

Figura C: Rede cablagem do sistema fotovoltaico na fachada Sul do Corinthia.

De acordo com a figura C, os módulos do sistema fotovoltaico encontram-se ligados ao longo da


fachada do edifício, de cima para baixo. Optou-se este esquema de ligação (vertical) para reduzir o
comprimento da cablagem DC e consequentemente as perdas por efeito de Joule, pois, os cabos DC
necessitam de chegar ao piso térreo para que sejam ligados aos inversores.

83
Anexo D

Custo da eletricidade para consumidores não


domésticos

84
Anexo E

Fichas técnicas

E.1 Módulo fotovoltaico

85
E.2 Inversores

ABB 60 kW

ABB 100 kW
86
ABB 100 kW

87
Anexo F

Perdas por efeito de Joule

F.1 Perdas nos cabos de corrente-contínua, DC

Tabela F.1: Valor médio da queda de tensão nos cabos de corrente contínua nas secções
S1, S2, S3, S4 e S5.

Valor médio das perdas


S1 S2 S3 S4 S5
L1 0,46 0,44 0,44 0,44 0,43
L2 0,13 0,09 0,30 0,16 0,20
L3 0,39 0,36 0,54 0,41 0,42

F.2 Perdas nos cabos de corrente alternada, AC

Tabela F.2: Queda de tensão nos cabos de corrente alternada nas secções S1, S2, S3, S4 e S5.

Secções L total [m] L aprox. S [mm^2] S aprox. [mm^2] Q.T % Perdas [W]
S1 145,6 146,0 24,1 25,0 2,9 1060,2
S2 134,5 135,0 50,5 50,0 3,0 1738,2
S3 130,1 130,0 48,6 50,0 2,9 1673,9
S4 98,5 100,0 37,4 50,0 2,2 1287,6
S5 98,5 100,0 37,4 50,0 2,2 1287,6

88
Anexo G

Custo de instalação do sistema FV

G.1 Mercado Europeu G.2 Mercado Chinês

Tabela G.1: Inventário dos componentes fotovoltaicos e respectivo custo. Tabela G.2: Inventário dos componentes fotovoltaicos e respectivo custo.
Componente Custo unitário Qt. Custo €/Wp Custo Total Componente Custo unitário Qt. Custo €/Wp Custo Total
Módulos Hanwha Módulos Hanwha
Q.Peak Duo G5 325 140,962 € 1455 0,434 210 227 € Q.Peak Duo G5 325 99,483 1455 0,306 151 984 €
W W
Inversor ABB Trio 60 Inversor ABB Trio 60
10 458,00 € 1 0,17 10 719 € 10 458,00 € 1 0,17 10 719 €
TL OUTD TL OUTD
Inversor ABB PVS Inversor ABB PVS
15 300,00 € 4 0,15 62 730 € 15 300,00 € 4 0,15 62 730 €
100 TL 100 TL
Cabo fotovoltaico DC €/m Cabo fotovoltaico DC €/m
1224 - 697 € 1224 697 €
4mm^2 0,9 4mm^2 0,9
Cabo fotovoltaico DC €/m Cabo fotovoltaico DC €/m
146 - 9 505 € 146 9 505 €
6mm^2 1,2 6mm^2 1,2
Cabo AC XV €/km Cabo AC XV €/km
1 - 2 496 € 1 2 496 €
3x25+2G16 17094 3x25+2G16 17094
Cabo AC XV €/km Cabo AC XV €/km
4 - 14 199 € 4 14 199 €
3x50+2G25 30536 3x50+2G25 30536
€/un €/un
Fichas MC4 2740 - 5 343 € Fichas MC4 2740 5 343 €
1,95 1,95
Estrutura+ Instalação 68 035,30 € 1 0,14 68 035 € 106 480,42 € Estrutura+ Instalação 126 277,62 € 1 0,144 68 035 € 106 480,42 €

Taxa Registo DGEG 500 1 500 € Taxa Registo DGEG 500 1 500 €
Custo Total Custo Total 361 035,35 €
384 451 € 422 896,34 € 326 208,90 €
s/IVA s/IVA
Custo Total + IVA 472 875 € 520 162,50 € Custo Total + IVA 401 236,95 € 444 073,48 €

89
Anexo H

Avaliação económica do projeto


Tabela H: Actividade financeira do projecto relativo ao custo dos módulos fotovoltaicos no mercado Chinês [36].

Resultados Anuais
0 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12 13
Eficiência
98,00% 97,46% 96,92% 96,38% 95,84% 95,30% 94,76% 94,22% 93,68% 93,14% 92,60% 92,06% 91,52%
Módulos
Energia
Produzida 424,9 422,5 420,2 417,8 415,5 413,1 410,8 408,5 406,1 403,8 401,4 399,1 396,8
[MWh]
Energia Ponta
0,103326 0,1040 0,1047 0,1054 0,10614 0,1069 0,1076 0,1083 0,1090 0,1098 0,1105 0,1112 0,1120 0,1127
€/kWh

Energia Cheia
0,093647 0,0943 0,0949 0,0956 0,0962 0,0968 0,0975 0,0981 0,0988 0,0995 0,1001 0,1008 0,1015 0,1022
€/kWh

Poupança € 54 117,6 € 54 093,5 € 54 068,3 € 54 041,9 € 54 014,2 € 53 985,2 € 53 955,0 € 53 923,5 € 53 890,6 € 53 856,5 € 53 820,9 € 53 784,0 € 53 745,7 €
Análise Económica
0 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12 13
Receitas € 54 118 € 54 094 € 54 068 € 54 042 € 54 014 € 53 985 € 53 955 € 53 923 € 53 891 € 53 856 € 53 821 € 53 784 € 53 746 €
Valor investido 444 073 €
Operação e
Manutenção 4 500 € 4 561 € 4 622 € 4 684 € 4 746 € 4 810 € 4 874 € 4 940 € 5 006 €
Seguro 450 € 456 € 462 € 468 € 475 € 481 € 487 € 494 € 501 € 507 € 514 € 521 € 528 €
EBITDA 53 668 € 53 637 € 53 606 € 53 574 € 49 039 € 48 944 € 48 846 € 48 746 € 48 644 € 48 539 € 48 432 € 48 323 € 48 212 €
Depreciação 35 526 € 35 526 € 35 526 € 35 526 € 35 526 € 35 526 € 35 526 € 35 526 € 35 526 € 35 526 € 35 526 € 35 526 € 17 763 €
Resultado Bruto 18 142 € 18 112 € 18 080 € 18 048 € 13 513 € 13 418 € 13 320 € 13 220 € 13 118 € 13 013 € 12 906 € 12 797 € 30 449 €
IRC 0€ 3 810 € 3 803 € 3 797 € 3 790 € 2 838 € 2 818 € 2 797 € 2 776 € 2 755 € 2 733 € 2 710 € 2 687 € 6 394 €
Resultado Liquido 14 332 € 14 308 € 14 283 € 14 258 € 10 676 € 10 600 € 10 523 € 10 444 € 10 363 € 10 281 € 10 196 € 10 110 € 24 055 €
Fluxo Caixa - 444 073 € 49 858 € 49 834 € 49 809 € 49 784 € 46 202 € 46 126 € 46 049 € 45 970 € 45 889 € 45 806 € 45 722 € 45 636 € 41 818 €
C.F actualizado - 444 073 € 48 954 € 48 043 € 47 149 € 46 270 € 42 162 € 41 330 € 40 512 € 39 710 € 38 921 € 38 147 € 37 386 € 36 639 € 32 965 €
C.F acumulado - 444 073 € - 395 120 € - 347 076 € - 299 928 € - 253 658 € - 211 496 € - 170 166 € - 129 654 € - 89 944 € - 51 023 € - 12 876 € 24 510 € 61 149 € 94 113 €

90
Tabela H: Actividade financeira do projecto relativo ao custo dos módulos fotovoltaicos no mercado Chinês [36] (continuação).

Resultados Anuais
14 15 16 17 18 19 20 21 22 23 24 25
Eficiência
90,98% 90,44% 89,90% 89,36% 88,82% 88,28% 87,74% 87,20% 86,66% 86,12% 85,58% 85,04%
Módulos
Energia
Produzida 394,4 392,1 389,7 387,4 385,1 382,7 380,4 378,0 375,7 373,3 371,0 368,7
[MWh]
Energia Ponta
0,1135 0,1143 0,1150 0,1158 0,1166 0,1174 0,1182 0,1190 0,1198 0,1206 0,1214 0,1222
€/kWh

Energia Cheia
0,1029 0,1036 0,1043 0,1050 0,1057 0,1064 0,1071 0,1078 0,1085 0,1093 0,1100 0,1107
€/kWh

Poupança € 53 706,0 € 53 664,9 € 53 622,2 € 53 578,1 € 53 532,5 € 53 485,4 € 53 436,8 € 53 386,5 € 53 334,7 € 53 281,3 € 53 226,3 € 53 169,6 €

Análise Económica
14 15 16 17 18 19 20 21 22 23 24 25
Receitas € 53 706 € 53 665 € 53 622 € 53 578 € 53 533 € 53 485 € 53 437 € 53 386 € 53 335 € 53 281 € 53 226 € 53 170 €
Valor investido
Operação e
Manutenção 5 073 € 5 141 € 5 210 € 5 280 € 5 350 € 5 422 € 5 495 € 5 568 € 5 643 € 5 719 € 5 795 € 5 873 €
Seguro 535 € 542 € 549 € 557 € 564 € 572 € 580 € 587 € 595 € 603 € 611 € 619 €
EBITDA 48 098 € 47 982 € 47 863 € 47 742 € 47 618 € 47 491 € 47 362 € 47 231 € 47 097 € 46 960 € 46 820 € 46 677 €
Depreciação - € - € - € - € - € - € - € - € - € - € - € - €
Resultado Bruto 48 098 € 47 982 € 47 863 € 47 742 € 47 618 € 47 491 € 47 362 € 47 231 € 47 097 € 46 960 € 46 820 € 46 677 €
IRC 10 101 € 10 076 € 10 051 € 10 026 € 10 000 € 9 973 € 9 946 € 9 918 € 9 890 € 9 862 € 9 832 € 9 802 €
Resultado Liquido 37 997 € 37 906 € 37 812 € 37 716 € 37 618 € 37 518 € 37 416 € 37 312 € 37 206 € 37 098 € 36 988 € 36 875 €
Fluxo Caixa 37 997 € 37 906 € 37 812 € 37 716 € 37 618 € 37 518 € 37 416 € 37 312 € 37 206 € 37 098 € 36 988 € 36 875 €
C.F actualizado 29 410 € 28 807 € 28 215 € 27 633 € 27 061 € 26 500 € 25 949 € 25 408 € 24 876 € 24 354 € 23 841 € 23 338 €
C.F acumulado 123 523 € 152 330 € 180 545 € 208 178 € 235 239 € 261 740 € 287 689 € 313 096 € 337 973 € 362 327 € 386 168 € 409 506 €
VAL 409 506 €
TIR 7,0%
PRI 11
LCOE [€/MWh] 57,0

91
Anexo I

Poupança elétrica e de emissões de carbono


durante o tempo de vida do projeto
Tabela I: Valores energéticos e de emissões de carbono
poupados através do sistema FV [37].

Poupanças geradas com o sistema FV


Poupança Redução das
Ano
energética (tep) emissões (TCO2)

1 91,3 199,7
2 90,8 198,6
3 90,3 197,5
4 89,8 196,4
5 89,3 195,3
6 88,8 194,2
7 88,3 193,1
8 87,8 192,0
9 87,3 190,9
10 86,8 189,8
11 86,3 188,7
12 85,8 187,6
13 85,3 186,5
14 84,8 185,4
15 84,3 184,3
16 83,8 183,2
17 83,3 182,1
18 82,8 181,0
19 82,3 179,9
20 81,8 178,8
21 81,3 177,7
22 80,8 176,6
23 80,3 175,5
24 79,8 174,4
25 79,3 173,3
∑ 2132,6 4662

92

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