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MAPEAMENTO DE SOLUÇÕES

TECNOLÓGICAS EMERGENTES
DE IMPACTO PARA A ECONOMIA
DE BAIXO CARBONO
Enfoque: Setor Energético

Realização: Colaboração:
índice

1. APRESENTAÇÃO ............................................................ 4

2. AGRADECIMENTOS .................................................... 6

3. O CENÁRIO DA ECONOMIA DE BAIXO CARBONO ............ 8

4. O POTENCIAL DA CIÊNCIA NO BRASIL ........................... 11

5. MAPEAMENTO DE TECNOLOGIAS ................................... 14

Desafios prioritários no cenário da economia de


baixo carbono...................................................................... 15

Definição dos Desafios Tecnológicos.................................... 17

Desafio 1 - Armazenamento de energia em grande


escala e/ou para modais intermitentes ............................. 19
Desafio 2 - Biocombustíveis avançados para
substituição de combustíveis não renováveis................... 20

6. CARACTERIZAÇÃO DOS RESULTADOS ENCONTRADOS ..... 21

7. TECNOLOGIAS DE DESTAQUE - DESAFIO 1 ...................... 27

8. TECNOLOGIAS DE DESTAQUE - DESAFIO 2 .................... 53

9. CONSIDERAÇÕES FINAIS E RECOMENDAÇÕES ................. 67


apresentação

4
Como a pesquisa brasileira pode gerar novas soluções capazes de gerar impacto
positivo em um cenário de mudanças climáticas? Qual a produção científica
nacional relacionada ao tema economia de baixo carbono? Motivados por essas
questões, no DeepTech Clima mapeamos tecnologias e pesquisas na academia
brasileira com potencial de solução para desafios da economia de baixo carbono.
O nosso objetivo com este estudo foi identificar tecnologias promissoras e enten-
der os gargalos para o seu desenvolvimento. A partir desta análise, será possível
construir uma agenda de ações para levar estas tecnologias para o mercado e
gerar impacto positivo na sociedade.

Pela grande amplitude do tema economia de baixo carbono, foram selecionados


dois desafios tecnológicos considerados alavancas para o desenvolvimento de
soluções que impactem positivamente o cenário de mudanças climáticas e auxi-
liem a criar um futuro de baixo carbono no Brasil.

Ao total, foram mapeadas 94 tecnologias ou projetos de pesquisa. As análises reali-


zadas apontam caminhos para melhorar o acesso às soluções desenvolvidas
dentro das instituições de ciência pesquisa, como:

a necessidade de investimento e parcerias público-privadas;


a necessidade de orientação da pesquisa visando a sua inserção de
forma mais fluida ao processo de inovação, gerando soluções viáveis
de serem implementadas no mercado e indústria;
a necessidade de advogar por políticas de incentivo ao fortalecimento da
indústria nacional de base tecnológica.

O texto foi estruturado para apresentar de forma superficial o cenário da Economia


de Baixo Carbono (EBC) no Brasil e ressaltar como a ciência pode ser chave para
seu desenvolvimento. A partir deste entendimento, apresentamos o processo de
priorização dos setores da EBC bem como o processo de definição dos desafios
tecnológicos que nortearam o mapeamento das tecnologias. A partir deste ponto,
apresentamos os resultados alcançados assim como as 11 tecnologias que mais se
destacaram no mapeamento. Por fim, apontamos diretrizes e conclusões para
fazer florescer o real impacto da ciência e tecnologia com foco nos desafios da eco-
nomia de baixo carbono selecionados.

aproveite a leitura!
agradecimentos

6
Gostaríamos de agradecer ao Instituto Clima e Sociedade por viabilizar a realiza-
ção deste projeto e agradecer ao World-Transforming Technologies, Climate Ven-
tures, Pipe Social e O Mundo Que Queremos pela parceria ao longo de seu desen-
volvimento. Agradecemos também a todos os pesquisadores e profissionais que
apoiaram na divulgação e submeteram as tecnologias para este mapeamento.
Ainda, agradecer aos pesquisadores que participaram das inúmeras entrevistas
realizadas para que pudéssemos nos aprofundar sobre o cenário das tecnologias
abordadas neste estudo. Por fim, também agradecemos ao apoio dos profissionais
que nos cederam seu tempo e conhecimento para a determinação e validação
dos desafios que nortearam todo este trabalho:

André Wongtschowski, World-Transforming Technologies - WTT

Anibal Rodrigues Ribeiro Silva, Eletrobras


envelhecimento da altíssimo custo dos
população mundial sistemas de saúde

Claudio Homero, Cemig

David Costa, ENGIE Brasil

Prof. Emilio Lebre La Rovere, COPPE UFRJ

Lucas Sarmento, Polen

Moara Silva Morasche, Eletrobras

Prof. Roberto Schaeffer, COPPE UFRJ

7
o cenário da
economia de
baixo carbono
8
O Efeito Estufa é um fenômeno que ocorre naturalmente no nosso planeta. Em
suma, trata-se da capacidade que a Terra tem de reter o calor que chega a partir
da radiação solar, e ele acontece devido a nossa atmosfera. Outro fenômeno que
acomete a Terra é o aquecimento global - de forma cíclica, a Terra tem períodos de
aquecimento e resfriamento a cada 40 a 100 mil anos - e as grandes eras glaciais
marcam os vales desses ciclos. A última era glacial terminou há 12 mil anos - desde
então, a Terra passa por um fenômeno de aquecimento gradativo.

Esse processo de aquecimento, contudo, vem sendo acelerado devido à ação


humana que altera a composição da atmosfera - o desmatamento, a queima de
combustíveis fósseis e uma série de atividades industriais e agrícolas elevaram o
volume de CO2 na atmosfera em 35% do volume original, e o CO2, bem como
outros gases (GEE - Gases responsáveis pelo Efeito Estufa), aumentam o índice de
radiação e calor que é retido na Terra. Estudos mostram que, caso não haja altera-
envelhecimento da altíssimo custo dos
população mundial sistemas de saúde
ção nos níveis de emissão dos GEE, é esperado um aumento de até 4ºC até o ano
de 2100, elevação muito superior ao que ocorreria naturalmente, gerando drásticas
consequências como o derretimento das calotas polares, elevação do nível do mar,
alteração de correntes marítimas e atmosféricas, ampliação da desertificação.

Neste cenário, a comunidade global vem se reunindo para discutir alternativas


para frear este aquecimento. Ressaltamos o Acordo de Paris como um marco
importante nesta discussão:

O Acordo de Paris, firmado em 2015 por 195 países, representa um marco para
requalificar o desenvolvimento socioeconômico no planeta de forma a adotar
um novo modelo a economia de baixo carbono. O Acordo estabelece a meta
de 2ºC para o limite do aumento da temperatura média global até o fim do
século, indicando esforços para manter esse aumento a 1,5ºC com relação ao
nível médio pré-industrial. Se a trajetória de emissões de Gases de Efeito
Estufa (GEE) seguir como business as usual, as emissões poderão atingir cerca
de 75 bilhões de toneladas de CO2 em 2050, o que representa um aumento
da temperatura global acima de 4°C até o ano 2100. Para conseguir limitar a
temperatura ao patamar de 1,5°C, as emissões anuais devem permanecer
abaixo de 39 bilhões de tCO2e por ano até 2030, ou seja, 26 bilhões a menos
do que no cenário de linha de base e as emissões líquidas deverão chegar a

9
zero até 2050. As políticas climáticas já existentes e comprometidas no
âmbito do Acordo de Paris devem gerar uma redução de cerca de 40 bilhões
em 2050. 1

Atender às metas de emissão estabelecidas no Acordo, contudo, não é uma tarefa


simples. São necessárias mudanças em várias cadeias produtivas, conscientização
de inúmeros stakeholders e disrupções tecnológicas para que todos os setores da
economia contribuam com a redução das emissões de GEE. É nesse contexto que
a ciência tem um papel essencial - precisamos de conhecimento aplicado à reali-
dade técnica para que alternativas economicamente viáveis sejam exploradas.

1
Retirado de Estratégia de Desenvolvimento de Baixo Carbono de Longo Prazo, Conselho Empresarial Brasileiro para 10
o Desenvolvimento Sustentável (CEBDS) © 2017.
o potencial da
ciência no Brasil

11
O Brasil possui uma robusta infraestrutura instalada relacionada a pesquisa e ciên-
cia. O país ocupa a 13ª posição no ranking mundial de produção científica, resulta-
do de um intenso investimento na expansão dos cursos de pós graduação nas Uni-
versidades públicas e Instituições de Ciência e Tecnologia (ICTs). Ainda que seja
grande a relevância da produção científica, vários desafios relacionados à continui-
dade de investimentos, conexão com setores produtivos e falta de clareza de estra-
tégias nacionais tornam esse segmento ainda pouco reconhecido pela sociedade
em geral.

A pesquisa brasileira vive um momento delicado e extremamente importante.


Depois de aproximadamente duas décadas de investimentos e incentivos, chega-
mos a um ponto de inflexão, em que consideramos os resultados alcançados até
agora e a contribuição da ciência brasileira para a sociedade em termos de desen-
volvimento econômico e social.

A tendência de redução do investimento público pode abrir portas para maior


interação com instituições privadas. Junto desse movimento, amadurece a abor-
dagem das instituições de ciência em relação à demonstração de resultados e o
alinhamento de expectativas, buscando pautar ações em que todos os atores
envolvidos saem ganhando. No Mapa de Negócios de Impacto 2019 da Pipe Social,
foi observado que negócios que usam tecnologia tendem a ter mais oportunida-
des de investimento. O desafio para spin-offs acadêmicas é que o capital de risco
por vezes se mostra inadequado e prejudica o desenvolvimento de empreendi-
mentos sustentáveis, devido às expectativas de curto prazo e ao entendimento
incompleto dos desafios da economia de baixo carbono.

As pesquisas para o desenho desse mapeamento mostram alguns caminhos pos-


síveis:

A descontinuidade do investimento público em


ciência e pesquisa no Brasil prejudica os resultados
em inovação. O acesso a recursos privados e a conti-
nuidade do investimento atrelado a objetivos estra-
tégicos podem contribuir para reversão do quadro.
Acesso a
recurso

12
A maior aproximação com o mercado pode aumen-
tar as fontes de recursos e potencializar os resulta-
dos da inovação.

Conexão
Academia-Empresa

Novos movimentos dentro do capitalismo apontam a insustentabilidade nos


padrões de consumo de um mundo com sete bilhões de pessoas. Stuart Hart,
autor de O Capitalismo na Encruzilhada, aponta que não se trata apenas de bara-
tear os mesmos produtos e serviços - reforçando desigualdades e problemas am-
bientais -, mas sim de criar soluções focadas em necessidades específicas dos mer-
cados emergentes, como fazem os negócios de impacto - empreendimentos que
geram crescimento econômico junto com ou por meio do desenvolvimento socio-
ambiental. Foi nesse contexto que esse mapeamento de tecnologias foi idealiza-
do, na busca por acelerar o desenvolvimento de soluções tecnológicas que possibi-
litem à humanidade enfrentar o desafio das mudanças climáticas de forma asser-
tiva e definitiva.

13
mapeamento
de tecnologias
14
Desafios prioritários no cenário
da economia de baixo carbono
O mapeamento Deep Tech Clima tem como objetivo identificar as principais solu-
ções tecnológicas emergentes no Brasil para criar um Mapa Tecnológico de Solu-
ções para Economia de Baixo Carbono (EBC) possibilitando recomendações de
desenvolvimento para que essas tecnologias possam gerar impacto positivo na
sociedade.

Para direcionar o processo de busca de soluções tecnológicas, é necessária a deli-


mitação de desafios técnicos ou de mercado, elemento norteador da prospecção
de tecnologias em um segmento abrangente como é o caso da ECB. O primeiro
passo para a definição de desafios específicos foi a escolha de um setor econômico
entre a segmentação usualmente utilizada para tratar da EBC, e o setor escolhido
foi o de energia, considerado pela interseção de três critérios importantes a respei-
to das mudanças climáticas.

Como primeiro critério para esta segmentação, partimos para uma análise da
emissão de Gases de Efeito Estufa (GEE), apresentado na Figura 1, na qual vemos a
tendência de que o setor Energia seja o maior gerador de emissões a partir de
2
2025, comparado aos demais setores. Também podemos trazer para essa leitura o
ponto que o setor de maior emissão hoje (AFOLU - Agricultura, Florestas e Uso do
Solo) já é agenda prioritária para economia de baixo carbono, porém o seu gargalo
é principalmente político e econômico.

Fonte: Estratégia de Desenvolvimento de Baixo Carbono de Longo Prazo, Conselho Empresarial Brasileiro para o Desenvolvimento
Sustentável (CEBDS) © 2017

Figura 1 - Emissões de Gases de Efeito Estufa por setor.

2
Retirado de Estratégia de Desenvolvimento de Baixo Carbono de Longo Prazo, Conselho Empresarial Brasileiro para 15
o Desenvolvimento Sustentável (CEBDS) © 2017.
O segundo critério utilizado foi uma análise sobre o impacto da tecnologia no setor.
Nesse sentido, é possível destacar que os setores de energia, indústria e transporte
possuem áreas de maior possibilidade de que rupturas tecnológicas, com potencial
de impactar positivamente cenários de emissão de carbono no Brasil. 3

Podemos entender o conceito de ruptura como toda ação ou efeito que rompa ou
quebre relações sociais, econômicas e outras questões relacionadas ao status quo e
a maneira como as coisas são vistas ou feitas até então. A ruptura tecnológica é
aquela onde esse fenômeno é criado pelo desenvolvimento de uma nova tecnolo-
gia. Essa tecnologia deve ser capaz de impactar profundamente o sistema atual e
provocar mudanças diretas e indiretas, gerando um novo cenário que não seria
esperado na ausência dessa ruptura. Podemos dizer que essas tecnologias, quando
amadurecidas, rompem com o futuro projetado e criam um novo cenário, com
novas possibilidades.

Por último, foi realizada uma análise dos pontos da pretendida Contribuição Nacio-
nalmente Determinada (iNDC) brasileira para a Convenção de Clima da ONU. Neste
documento, podemos identificar como estratégia do Governo Nacional pontos de
ação voltados principalmente para os setores de Energia e AFOLU. O setor Energia
aparece com dois dos principais pontos da iNDC: ponto (i) sobre aumentar partici-
pação de bioenergia sustentável na matriz energética brasileira e ponto (iii) sobre
aumento da participação de energias renováveis na matriz energética brasileira. A
iNDC reflete um compromisso brasileiro em promover uma redução até 2025 de
emissões de gases efeito estufa em 37% abaixo dos níveis de 2005. 4

Com a análise destes três critérios - (i) perfil nacional de emissão de GEE, onde
vemos a tendência de que o setor Energia seja o maior gerador de emissões, no
cenário 2030/2050; (ii) potencial do setor energético em passar por rupturas tecno-
lógicas; e (iii) alinhamento com as NDC’s brasileiras - justificamos a escolha do setor
Energia como sendo o prioritário para nortear este mapeamento. A Figura 2 ilustra
esta priorização.

3 Fonte: PBMC, 2017: Tecnologias disruptivas de baixo carbono para setores-chave no Brasil: Relatório Especial do Painel
Brasileiro de Mudanças Climáticas. PBMC, COPPE – UFRJ. Rio de Janeiro, Brasil.
4 Fonte: República Federativa do Brasil, 2015. Pretendida Contribuição Nacionalmente Determinada para Consecução
16
do Objetivo da Convenção-Quadro das Nações Unidas Sobre Mudança do Clima. Brasília, Brasil.
Perfil de
Emissões de
GEE do Brasil

Potencial Alinhamento
de rupturas com a NDC
tecnológicas brasileira

Foco priorizado
para Mapeamento

Figura 2 - Critérios para a priorização do Mapeamento de Tecnologias.

Definição dos desafios


tecnológicos
Com a definição do setor Energia como prioritário, foi iniciado um processo de
determinação de quais temáticas dentro deste setor podem ser considerados
desafios tecnológicos. Para isto, reunimos um grupo de especialistas no setor Ener-
gia para elencar clusters temáticos que melhor representem estes desafios. Para
elencar estes clusters, realizamos um workshop no qual estes especialistas convida-
dos passaram por um processo de facilitação, por meio de sessões de brainstor-
ming, agrupamento das ideias e análise, visando o entendimento de impacto na
economia de baixo carbono bem como a possibilidade de que tecnologia seja ele-
mento-chave para superação desse desafio.
17
Após essa análise pudemos identificar os seguintes clusters de maior potencial:

Armazenamento de energia para modais intermitentes


Tecnologias de Hidrogênio como fonte de energia
Potencial da biomassa
Biocombustíveis avançados

Tais pontos contemplam a visão de especialistas que entendem que o desafio


para o setor Energia podem ser agrupados em dois conceitos: (i) eletrificação de
fontes energéticas e, para fontes impossíveis de se eletrificar (principalmente
transporte aéreo e naval), (ii) biocombustíveis avançados que possibilitem que
esses modais não dependam de combustíveis fósseis. Ou seja, eletrificar o que é
possível e buscar soluções mais sustentáveis para o que não for possível.

Em seguida, iniciamos a validação técnica do desafio com apoio de quatro espe-


cialistas – dois acadêmicos e dois da indústria – e foi identificada uma necessidade
de agrupá-los. As tecnologias de hidrogênio foram consideradas como um ele-
mento dentro do desafio amplo armazenamento de energia. Já o desafio de
potencial da biomassa como fonte de geração de energia também foi considera-
do como dentro do desafio amplo de biocombustíveis avançados.

Entendemos que os dois desafios contemplam ambas estratégias para cenários


possíveis de eletrificação e cenários onde é impossível se eletrificar, representando
bem os pontos discutidos de maior importância. A seguir apresentamos a defini-
ção final dos desafios, utilizando o modelo de Chamada que foi utilizado para
prospectar as tecnologias.

18
DESAFIO 1 - ARMAZENAMENTO DE
ENERGIA EM GRANDE ESCALA E/OU
PARA MODAIS INTERMITENTES

Descrição:

Pesquisas e Tecnologias capazes de contribuir na resolução do desafio para Arma-


zenamento de Energia em grande escala, contribuindo para melhores condições
no uso de energias renováveis de modais intermitentes.

Contexto:

O armazenamento de energia em grande escala é um desafio sobretudo para


modais de geração intermitente de energia, como eólica e solar. Dentre as dificul-
dades encontradas para a solução deste desafio estão desde a geração de proces-
sos ou compostos estáveis que permitam armazenamento da energia como
também processos eficientes de armazenamento destes compostos e conversão
em energia quando necessária para uso.

Segundo o Centro de Pesquisas de Energia Elétrica (Cepel), os sistemas de arma-


zenamento de energia serão essenciais à promoção do desenvolvimento das
fontes renováveis intermitentes (eólica e solar, principalmente). As tecnologias de
energia renovável são elementos básicos da transição energética para uma econo-
mia de baixo carbono, porém é fundamental o desenvolvimento de sistemas de
integração para maximizar seus impactos positivos, aumentando a flexibilidade
do sistema.

Dentre os desafios a serem vencidos para o sucesso dos modais intermitentes


como eólica e solar estão garantias da confiabilidade, manutenção da estabilida-
de às diversas variações na rede, mecanismos de medicação avançada e comuni-
cação.

19
DESAFIO 2 - BIOCOMBUSTÍVEIS
AVANÇADOS PARA SUBSTIUIÇÃO
DE COMBUSTÍVEIS NÃO
RENOVÁVEIS

Descrição:

Pesquisas e Tecnologias voltadas para biocombustíveis avançados para Economia


de Baixo Carbono, substituindo fontes não renováveis desde a geração ao consu-
mo de energia.

Contexto:

O potencial do uso de biocombustíveis avançados reflete uma possibilidade de


desenvolvimento no segmento de novos combustíveis, substituindo recursos não
renováveis, por exemplo combustíveis fósseis para os setores industriais e trans-
porte. Ao tornarmos a produção de biocombustíveis avançados mais eficiente e
viabilizarmos novas rotas, é possível acelerar uma transição energética com recuo
nas fontes não renováveis e prejudiciais ao meio ambiente, diminuindo também
a emissão de gases efeito estufa.

A produção destes combustíveis, sejam sólidos, líquidos ou gasosos, pode ser feita
a partir de biomassa como fonte de energia. O que também resulta na captura de
carbono, considerando o processo de originação dessa biomassa, contribuindo
para redução de emissão pelo saldo neutro ou negativo de emissão em cálculo
considerando o uso. Ou seja, é importante considerar processos e tecnologias que
apresentem alta eficiência de forma que haja mais captura de gases efeito estufa
do que sua liberação no uso de biomassa no processo de transformação de ener-
gia.

20
caracterização
dos resultados
encontrados
21
Caracterização dos resultados
encontrados
Foram mapeadas ao todo 94 tecnologias ou projetos de pesquisa, sendo 46 tecno-
logias com potencial de solução para o Desafio 1 (Armazenamento de energia em
grande escala e/ou para modais intermitentes) e 48 tecnologias para o Desafio 2
(Biocombustíveis avançados para substituição de combustíveis não renováveis). A
seguir são expostas análises sobre estas tecnologias.

Distribuição Geográfica Número de registros

1 24

Figura 3 - Distribuição geográfica das tecnologias mapeadas.

Ao analisarmos a distribuição geográfica das tecnologias pesquisadas, apresenta-


da na Figura 3, destaca-se a concentração de pesquisas na região Sudeste. De 94
tecnologias mapeadas, 40 se encontram na região. Em particular, destaca-se a
concentração no estado de São Paulo, com 24 tecnologias encontradas. Em sequ-
ência, temos a região Nordeste, com 27 tecnologias.

22
Quando analisamos a distribuição de tecnologias por desafio, apresentada na
Figura 4, pode ser observado que a região Nordeste apresenta a maior concentra-
ção de tecnologias para o Desafio 2 (Biocombustíveis avançados para substituição
de combustíveis não renováveis), totalizando 19 tecnologias mapeadas. A região
de destaque para tecnologias do Desafio 1 (Armazenamento de energia em
grande escala e/ou para modais intermitentes) foi a região sudeste, apresentando
23 tecnologias.

Armazenamento

Biocombustíveis

Número de registros

10

15

20

24

Figura 4 - Distribuição Geográfica das Tecnologias por Desafio.

Distribuição por Instituições de Ciência e Tecnologia

A Figura 5 indica as instituições de pesquisa que sediaram o desenvolvimento das


tecnologias mapeadas. Para o Desafio 1, o destaque vai para a Universidade Fede-
ral de Minas Gerais e para a Universidade Federal de São Carlos, ambas com 5 tec-
nologias. Destaque também para a Universidade Federal do Maranhão, Universi-
dade Federal de Santa Maria, Universidade Federal da Integração Latino-America-
na e Universidade Estadual de Campinas, todas com 4 tecnologias mapeadas. Já
para o Desafio 2 as tecnologias se mostraram mais dispersas geograficamente.
Podemos citar, para este desafio, o destaque para Universidade Federal de Alago-
as e Universidade Federal da Bahia. Aqui é importante ressaltar que o mapeamen-
to não foi exaustivo e que estes resultados aqui apresentados não refletem de ma-
23
neira alguma a quantidade de tecnologias disponíveis nestas instituições ou de
qualquer outra que não tenha sido aqui destacado. Neste estudo, apresentamos
apenas as tecnologias que tenham sinergia com os desafios já citados e que
tenham sido identificadas pelo processo de mapeamento receptivo e ativo.
Número de registros

Armazenamento Biocombustíveis
1
1
2
1
3
1
1
1
1
1
1
1
2
1

1
1
1
4
2
2 4
2

1
1
3
4 2
1
1
2
2
1
2 2
1
2
4
3
1 1
3 2
1
3
1
1
1
2 3
1

Figura 5 - Tecnologias Mapeadas e Desafios por Instituições de Ciência e Tecnologia.


24
Priorização das tecnologias
Para identificar as tecnologias mais promissoras referente aos dois desafios, foi
realizado um processo de priorização. Para este processo, elencamos as 30 tecno-
logias mais alinhadas às temáticas dos desafios. A partir deste funil, entrevistamos
os responsáveis por estas 30 tecnologias para aprofundamento da análise e identi-
ficação dos seus pontos positivos e negativos.

Com a descrição mais detalhada destas 30 tecnologias, foi realizado um novo


filtro, com critérios direcionados para identificar tecnologias com maior potencial
de gerar impacto para a mitigação de GEE. A Tabela 1 apresenta os critérios utiliza-
dos para este segundo filtro.

CRITÉRIOS DE SUCESSO:

Impacto na É incremental ou disruptiva? Ataca apenas uma parte do desafio ou é


Resolução do solução ampla?
Problema

Resolução do desafio depende apenas da tecnologia ou de outros


Barreiras de fatores? Quais barreiras fazem parte da rota de implementação da
Implementação tecnologia para além da questão técnica? Possíveis barreiras
financeiras, custo e complexidade de implementação, estruturais,
culturais, políticas, comportamentais, etc.

Maturidade da A tecnologia está apenas na bancada? Já passou por testes de prova


Tecnologia de conceito técnica? Já foi feito algum piloto? Utilizar nível de TRL

Interesse do responsável pela tecnologia ou projeto de pesquisa ter


Interesse do
interesse em desenvolver sua tecnologia para o mercado e
Responsável
disponibilidade para interação com o projeto.

Tabela 1 - Critérios de Sucesso para a Seleção das Tecnologias.

A partir destes critérios, foram selecionadas as 11 tecnologias mais promissoras do


mapeamento, sendo 7 tecnologias referentes ao Desafio 1 e 4 tecnologias referen-
tes ao Desafio 2. Para encerrar o tópico Mapeamento de Tecnologias, a Figura 6
apresenta de forma resumida todo o processo utilizado neste estudo, desde o
entendimento da Economia de Baixo Carbono até a seleção das 11 tecnologias. Na
próxima sessão apresentaremos estas 11 tecnologias selecionadas.

25
Mapeamento e Priorização: Recomendações
para
Desenvolvimento
2º Filtro
11 Tecnologias
1º Filtro
30 Tecnologias Abril 2020

Mapeamento
92 Tecnologias
Definição
Priorização de Desafios
do Setor
Cenário Energia
EBC

Outubro 2019

Figura 6 - Processo de Mapeamento e Priorização.

26
tecnologias de
destaque - desafio 1
Armazenamento de energia em grande
escala e/ou para modais intermitentes

27
1 Aplicabilidade de novas
tecnologias de armazenamento
de energia em suporte à sinergia
entre as fontes solar, eólica e
hidrelétrica.

Introdução:

Esta tecnologia está sendo projetada para mitigar a deficiência gerada pela inter-
mitência na produção de energia elétrica e está em desenvolvimento com dois
projetos de diferentes aplicações na chamada 21 da Aneel. O projeto mais adianta-
do está sendo desenvolvido em parceria com a Cesp (realizando estudos e valida-
ções na Usina de Porto Primavera) focado no uso de energia fotovoltaica e energia
eólica. Já o segundo projeto está sendo desenvolvido junto a Eletrobras Furnas
(com validações na Usina de Furnas Itumbiara) focado no uso de energia fotovol-
taica e hidrelétrica.

O desenvolvimento desses projetos conta com duas tecnologias em tempos dife-


rentes, baterias e células a combustível ou de hidrogênio, com o objetivo de apro-
veitar as potencialidades de cada uma e assim aumentar a eficiência geral do
armazenamento. Cada tecnologia de armazenamento tem uma faixa de aplica-
ção e um tempo de resposta e capacidade de armazenamento, podendo gerar
respostas rápidas e baixa capacidade (baterias), ou com tempo de resposta longo
e capacidades elevadas (células a combustível ou de hidrogênio).

A principal inovação desses projetos está no desenvolvimento de equações que


atinjam a estabilidade de energia rapidamente para saber o quanto armazenar e
o quanto injetar na rede para manter a estabilidade e qualidade de energia neces-
sária. Dessa forma está sendo desenvolvido um sistema de gestão que utiliza mo-
delos matemáticos para que todos esses sistemas de geração e armazenamento
de energia trabalhem harmonicamente e com maior eficiência.

28
Equipe responsável:

Nome dos Responsáveis:

Ennio Peres da Silva (coordenador): Núcleo Interdisciplinar de Planejamento


Energético/Unicamp;
Elói Fonseca: Universidade Estadual Paulista - UNESP;
Thiago Dias Alencar Ferreira: Cia. Energética de São Paulo - CESP
Jacinto Maia Pimentel: Furnas Centrais Elétricas
Demostenes Barbosa da Silva: Base Energia Sustentável

*Neste projeto estão envolvidos vários parceiros dentre eles a Unesp, USP, Federa-
ção das Indústrias de Goiás, ATS e contam com contribuição internacional de um
grupo de pesquisa da Brandenburgische Technische Universität Cottbus – Senf-
tenberg, Alemanha.

O que é a tecnologia:

A tecnologia é um sistema de gestão com o objetivo de desenvolver a aplicação


das tecnologias de armazenamento gestionando os processos de geração, arma-
zenamento e distribuição de energia. Pode ser implantado em qualquer fonte de
geração e armazenamento de energia elétrica.

O sistema funciona realizando leituras de comportamentos da rede. Por exemplo,


é possível ter um mapeamento preditivo de consumo, e o sistema consegue
trabalhar em um controle preventivo de oscilações, sobras ou faltas e usar a ener-
gia com mais eficiência e qualidade.

Estágio da Maturidade:

Prova de Conceito ou Protótipo: tecnologia oriunda da pesquisa com aplicação


clara e com elementos de viabilidade em desenvolvimento. Obs: A tecnologia já
está em fase de teste nas usinas de Porto Primavera e Furnas de Itumbiara.

29
Principais resultados alcançados:

O monitoramento dos dados está em andamento. Por questões de sigilo não


temos mais informações referentes aos resultados deste projeto.

Próximos passos para o desenvolvimento da tecnologia:


Continuar os testes ao longo do ano para gerar base de dados e validar a eficácia
do sistema. Além disto, o sistema foi desenvolvido para as características dos par-
ceiros (Usina Porto Primavera e Furnas-Itumbiara). Para avançar no desenvolvi-
mento tecnológico, serão adicionados outros modelos de geração e armazena-
mento de energia para poder atender outras concessionárias de energia.

Principais Desafios:
O maior desafio está em conseguir investimento para o desenvolvimento das pes-
quisas (público e/ou privado). O mercado nacional também precisa amadurecer
na produção de componentes para tecnologias de armazenamento para que o
país se torne mais competitivo neste setor.

Contato:
Ennio Peres da Silva
ih2ennio@ifi.unicamp.br

30
2 Desenvolvimento de Eletrodos
de alto desempenho para
baterias de fluxo redox para
armazenamentos de
eletricidade

Introdução:

A tecnologia de Eletrodos de alto desempenho é desenvolvida inteiramente no


Brasil, desde sua matéria prima à inovação aplicada no beneficiamento do eletro-
do. Os pesquisadores envolvidos nos desenvolvimentos tiveram a oportunidade
de validar a tecnologia em uma parceria com a Universidade de Harvard, utilizan-
do aplicações diretas em células de bateria e em testes comparativos com os me-
lhores eletrodos disponíveis no mercado utilizados até então. Após testes e valida-
ções sistemáticos os pesquisadores validaram que o novo eletrodo apresenta um
resultado superior em eficiência, estabilidade e durabilidade.

Além da inovação, a tecnologia de eletrodos de alto desempenho apresenta


potencial de mercado, pois estes podem ser aplicados em qualquer Bateria de
Fluxo Redox Orgânica ou de Vanádio, já existentes e utilizadas no mundo todo.
Ainda, de acordo com os dados apresentados pelos pesquisadores, o custo de pro-
dução estimado do novo eletrodo indica que ele pode ser mais econômico finan-
ceiramente.

As Baterias de Fluxo Redox podem ser aplicadas em diversos contextos, como


estações para recarregar automóveis elétricos, para armazenar energia em esta-
ção de planta fotovoltaica e/ou eólica, para armazenamento de energia na indús-
tria e até mesmo em residências.

31
Equipe Responsável:

Universidade de São Paulo - USP / Instituto de Química de São Carlos - IQSC /


Departamento de Físico-Química/ Laboratório de Bioeletroquímica e Interfaces

Nome dos Responsáveis:

Frank Nelson Crespilho


Graziela Cristina Sedenho

O que é a tecnologia:
A tecnologia em questão se trata de um Eletrodo composto de fibras de carbono
(tecido) que após passar por um processo de beneficiamento apresenta resulta-
dos de eficiência e durabilidade superiores aos encontrados no mercado (papéis
de carbono). O funcionamento da Bateria de Fluxo é proporcional à quantidade
de eletrólito bombeada. Este eletrodo permite que a bateria utilize um fluxo
maior de eletrólitos quando comparado aos eletrodos tradicionais, gerando uma
maior densidade de potência. Ainda, o novo eletrodo apresenta uma durabilidade
maior, superando os 10 mil ciclos de carga e descarga exigidos para a durabilidade
de uma bateria.

Estágio de maturidade:
Prova de Conceito ou Protótipo: tecnologia oriunda da pesquisa com aplicação
clara e com elementos de viabilidade em desenvolvimento. A tecnologia está
pronta para ser testada e validada em maior escala.

Principais resultados alcançados:


O eletrodo de alto desempenho apresentou uma eficiência 30% maior que os ele-
trodos tradicionais, tendo eficiência também em eletrólitos não utilizados com o
processo tradicional.

Seu custo de produção foi estimado apresentando um alto potencial de econo-


mia (um décimo dos eletrodos comerciais atuais).

32
O novo eletrodo apresentou maior durabilidade em relação aos concorrentes,
porém ainda não foi identificado o limite de ciclos que ele suporta.

Próximos passos para o desenvolvimento da tecnologia


Os próximos passos para levar a tecnóloga para o mercado serão: validação do
limite da resistência do eletrodo de fibra de carbono; conexão com indústrias inte-
ressadas para transferência do modelo de beneficiamento (segredo industrial); e
validação da produção em grande escala.

Principais desafios
Conexão com parceiros e indústrias interessados em levar a tecnologia para o mer-
cado.

Contato

Frank Nelson Crespilho


frankcrespilho@gmail.com

33
3 Desenvolvimento de novos
hidretos metálicos para
armazenamento de hidrogênio
no estado sólido

Introdução:

O grupo de pesquisa do laboratório de hidrogênio em metais (LH2M) do Departa-


mento de Engenharia de Materiais (DEMa) da Universidade Federal de São Carlos
(UFSCar) possui mais de 15 anos de experiência na pesquisa e desenvolvimento de
hidretos metálicos para armazenagem de hidrogênio.

A armazenagem de hidrogênio é uma tecnologia estratégica para dispositivos de


armazenagem de energia provenientes de fontes renováveis, como solar, eólica e
hídrica. A energia produzida por estas fontes pode ser utilizada para produzir
hidrogênio através da quebra de moléculas de água (eletrólise da água), por dife-
rentes técnicas. Contudo, um dos maiores desafios para a utilização do hidrogênio
como uma forma de armazenar e transportar energia encontra-se na sua própria
armazenagem.

Em sua forma gasosa, o hidrogênio apresenta uma densidade mássica de energia


de 120 MJ/kg, muito superior à de combustíveis fósseis como, por exemplo, a gaso-
lina que possui 45 MJ/kg. Contudo, a densidade de energia por unidade de volume
do hidrogênio gasoso (1.9 MJ/litro se armazenado à 200 atm de pressão) é muito
inferior à da gasolina (31 MJ/litro). Desta forma, são necessários, aproximadamente,
16 litros de hidrogênio pressurizado para armazenar a mesma quantidade de
energia do que um litro de gasolina. Isto limitada a utilização do hidrogênio no
estado gasoso como armazenador de energia devido questões de logística (trans-
porte e armazenamento) e segurança.

Uma solução para este problema é a armazenagem de hidrogênio dentro da


estrutura de materiais denominados de hidretos metálicos (MHx), que são forma-
dos quando um material metálico reage com o hidrogênio. Estes hidretos podem
ser usados em tanques de carros movidos a hidrogênio, subestações elétricas,
34
armazenadores de energia térmica, baterias, entre outros.

Equipe Responsável:

Universidade Federal de São Carlos (UFSCar)/ do Departamento de Engenharia de


Materiais (DEMa)

Nome dos Pesquisadores Responsáveis:

Prof. Dr. Guilherme Zepon


Prof. Dr. Walter José Botta Filho
Prof. Dr. Daniel Rodrigo Leiva
Prof. Dr. Tomaz Toshimi Ishikawa
Prof. Dr. Alberto Moreira Jorge Junior

O que é a tecnologia

Para entender a tecnologia citamos um exemplo desta classe de material, o hidre-


to de magnésio (MgH2), que já possui aplicações industriais, possui uma capacida-
de de armazenamento, no estado sólido de 101 g de H2 por litro. Para fins de com-
paração, ao se utilizar o armazenamento de hidrogênio no estado gasoso, pressu-
rizado a 200 atm, consegue-se armazenar apenas 16,5 g de H2 por litro.

Contudo, este material ainda possui propriedades químicas que impedem sua
aplicação em larga escala em várias aplicações. Dentre tais propriedades, pode-se
citar a elevada temperatura necessária para a remoção do hidrogênio de sua
estrutura, sua baixa resistência à exposição ao ambiente (oxigênio e umidade), e a
redução da capacidade de armazenagem quando submetido a ciclos de armaze-
nagem e remoção de hidrogênio.

O Grupo de pesquisa do LH2M da UFSCar tem pesquisado e desenvolvido ao


longo dos anos novos hidretos metálicos (a base de Mg, Ti, Nb e ligas de alta entro-
pia) que permitem que estas propriedades sejam alteradas. Por exemplo, pode-se
conseguir diminuir a temperatura necessária para a remoção do hidrogênio,
tornando o processo viável economicamente. Para cada possível aplicação, uma
35
ou outra propriedade pode ser alterada otimizando o processo químico, e tornan-
do os processos industriais mais eficientes. Tais otimizações de propriedades
podem ser conseguidas tanto pela mudança da composição química do material,
como através da mudança de sua rota de processamento.

Estágio de maturidade:
Pesquisa aplicada: pesquisa já é madura na bancada e demostra potencial aplica-
ção para solução de problemas específicos.

Principais resultados alcançados:


No laboratório LH2M do DEMa/UFSCar já foram desenvolvidos diferentes hidretos
metálicos com uma variedade de propriedades otimizadas, tais como, menores
temperaturas para remoção do hidrogênio, rápidas cinéticas de absorção e des-
sorção de hidrogênio, elevada resistência à exposição ao ambiente.

Próximos passos para o desenvolvimento da tecnologia:


O próximo passo para o desenvolvimento desta tecnologia será conectar o grupo
de pesquisa à indústria. Desta forma serão apresentadas pelo setor industrial as
demandas de propriedades, características e aplicações específicas, que permiti-
rão aos pesquisadores selecionar ou desenvolver novos hidretos com propriedades
otimizadas para apresentar um maior desempenho neste contexto demandado.

Principais desafios:
O grande desafio para que os novos hidretos metálicos sejam levados para o mer-
cado é a dificuldade de convencer o setor industrial investir em uma tecnologia
cuja demanda, apesar de próxima, não é imediata.

Contatos:
Prof. Dr. Guilherme Zepon
zepon@ufscar.br

36
4 Sistema de armazenamento
de energia em bateria de
alto desempenho (BESS)

Introdução:

A tecnologia de bateria de lítio-íon foi desenvolvida com apoio do programa


Fundo de Desenvolvimento Técnico-Científico (Funtec/BNDES), por meio de uma
parceria com a empresa PHB, que desenvolve soluções para a Geração Distribuída,
e atuou no projeto como parceira de desenvolvimento e comercialização da bate-
ria. A tecnologia foi desenvolvida para operar em conjunto com sistemas fotovol-
taicos para mitigar o problema de intermitência em Geração Distribuída de
pequeno e médio porte.

O processo de desenvolvimento tecnológico envolveu o estudo, seleção, testes


laboratoriais e aquisição de células de lítio-íon, o desenvolvimento do sistema ele-
trônico de controle e gestão da bateria (BMS), incluindo o desenvolvimento de
algoritmos de estimativas de estado de carga (SoC), estado de saúde (SoH) e
balanceamento de energia entre as células, bem como o desenvolvimento de em-
pacotamento mecânico e térmico, sendo considerado um processo completo
para o desenvolvimento nacional de uma bateria de lítio-íon para aplicação
comercial.

Equipe responsável:

Fundação CPQD – Gerência de Soluções Sistemas de Energia

Nome dos Pesquisadores responsáveis:

Maria de Fátima N. C. Rosolem


Raul Fernando Beck
Vitor Torquato Arioli
Aristides José Furian Ferreira

37
O que é a tecnologia:

A tecnologia estimula a produção nacional de componentes para a expansão e


evolução do mercado de baterias e foi baseada no desenvolvimento de hardware
e software, além dos algoritmos para criar um sistema eletrônico de controle e
gestão da bateria. Por meio dos algoritmos desenvolvidos pelos pesquisadores é
possível monitorar o estado de carga de bateria (SoC), o estado de saúde da bate-
ria (SoH) e, por fim, realizar o balanceamento de energia entre as células.

Os circuitos eletrônicos, o software de controle e os algoritmos foram desenvolvi-


dos e testados a partir de ensaios laboratoriais, realizando a modelagem da célula
de lítio-íon selecionada para o projeto, permitindo também realizar os ajustes e
melhorias nos algoritmos, de modo que possa alcançar maior eficiência em suas
análises.

O desenvolvimento do protótipo da bateria foi executado por meio de parcerias


nacionais e da importação de componentes não disponíveis no mercado nacional,
como no caso da célula de lítio-íon, importadas da China, e trabalhando com par-
ceiros no desenvolvimento nacional.

Estágio da Maturidade:

Prova de Conceito ou Protótipo: tecnologia oriunda da pesquisa com aplicação


clara e com elementos de viabilidade em desenvolvimento.

Principais resultados alcançados:

A bateria de lítio-íon desenvolvida possui uma capacidade de 10 kWh/48 V (4 mó-


dulos de 2,5 kWh conectados em paralelo). O foco do seu desenvolvimento foi para
aplicação em conjunto com sistemas fotovoltaicos em geração distribuída de
pequeno ou médio porte (isolados ou conectados à rede de energia elétrica
comercial), para ser utilizada nos horários de pico de consumo ou quando não há
disponibilidade de Sol e o custo da energia elétrica comercial é mais elevado.

38
Próximos passos para o desenvolvimento da tecnologia:

O desenvolvimento da tecnologia produzida no CPQD será constante, buscando a


melhoria contínua. A tecnologia tem um parceiro industrial já preparado para vali-
dação e em seguida levá-la ao mercado.

Principais desafios:

Maior desafio é a incapacidade nacional de produção de componentes, principal-


mente células de lítio-íon. Políticas de desenvolvimento da indústria nacional no
setor são necessárias para tornar o Brasil competitivo na produção de tecnologias
de armazenamento.

Outro desafio é o baixo número de profissionais capacitados nessa área (BMS),


bateria etc., sendo poucos os grupos de pesquisa trabalhando nesta área no Brasil.

Contatos:
Maria de Fátima N. C. Rosolem
mfatima@cpqd.com.br

39
5 Sistemas inovadores de
armazenamento de energia
mecânicos
Introdução:

A tecnologia que está sendo desenvolvida é um sistema de armazenamento de


energia mecânico que utiliza somente ar e água como fluido para o ciclo de gera-
ção e armazenamento de energia. O sistema possui capacidade de geração simi-
lar à de um reservatório de usina hidrelétrica (modelo Bulk Storage) e possui como
diferenciais uma longa vida útil (estimativa de 30 anos), uma baixa demanda por
manutenção e cadeia de fornecedores já desenvolvida no Brasil.

O interesse no desenvolvimento da tecnologia surgiu inspirado no modelo CAES


(armazenamento de energia em ar comprimido). Este modelo utiliza fontes reno-
váveis e fontes intermitentes para pressurizar o ar atmosférico e armazená-lo
dentro de cavernas naturais ou artificiais. Este ar comprimido armazenado é libe-
rado e expandido em uma turbina gerando energia.

A grande questão da tecnologia CAES é que ela não consegue gerar energia de
forma constante, e é aí que surge o contexto desta tecnologia em análise. Para
resolver esse problema, os pesquisadores desenvolveram um protótipo chamado
PH-CAES (Pumped-Hydro Compressed Air Energy Storage), que pode operar com
potência e eficiência constante. O modelo se provou tecnicamente viável, entre-
tanto deve ser submetido a mais validações para definir sua viabilidade econômi-
ca.

Equipe responsável:

Universidade Federal de Minas Gerais/ Departamento de


Engenharia Mecânica - Labterm

Matheus Pereira Porto

40
O que é a tecnologia:

A Tecnologia é caracterizada por dois tanques de armazenamento, o primeiro


com ar comprimido e o segundo com água. O ar comprimido pressuriza a água no
segundo tanque, fornecendo energia hidráulica a uma turbina Pelton, e gerando
energia elétrica por meio de um gerador, conectado à turbina.

O protótipo foi construído com um orçamento pequeno, embora com potencial


para prova de conceito. O sistema pode ser adequado para pequenas e médias
escalas e o tempo de resposta do PH-CAES mostra-se rápido, quando comparado
a outros sistemas de armazenamento de energia e ao CAES convencional.

Estágio da Maturidade:

Prova de Conceito ou Protótipo: tecnologia oriunda da pesquisa com aplicação


clara e com elementos de viabilidade em desenvolvimento.

Principais resultados alcançados

A eficiência de conversão de energia foi de até 45%, o que é próximo de outras


turbinas CAES convencionais relatadas na literatura, considerando a mesma
escala, entretanto com o diferencial de operar com potência e eficiência constan-
te.

Próximos passos para o desenvolvimento da tecnologia

Na próxima etapa deste projeto, vai ser necessário projetar o sistema de carrega-
mento, procurando maximizar a eficiência de ida e volta do PH-CAES.
Neste protótipo a validação foi feita em escala reduzida apenas para demonstrar
o sistema experimentalmente, mas essa tecnologia pode ser mais bem explorada
em escalas maiores. A eficiência geral de um PH-CAES em larga escala pode ser
comparada a um sistema de armazenamento de energia hidrelétrica bombeada
(PHES), com eficiências globais de até 70%.

41
Principais desafios

Captação de investimento e regulamentação governamental a sistemas de arma-


zenamento. Segundo o pesquisador, a carência de regulamentação no Brasil (para
aspectos como variabilidade de energia e entrega mínima) inviabiliza investimen-
tos para o desenvolvimento de tecnologias para este segmento

Contatos:
Matheus Pereira Porto
matheuspporto@gmail.com

42
6 Ônibus Híbrido Elétrico-
Hidrogênio da Coppe/UFRJ

Introdução:

Há 36 anos que o Laboratório de Hidrogênio da Coppe, Universidade Federal do


Rio de Janeiro, LabH2-Coppe/UFRJ, desenvolve pesquisas tecnológicas de base
científica com foco no uso do hidrogênio de uma forma geral e, especificamente,
no que se refere à sua utilização energética. Por isso, decidiu-se buscar um desen-
volvimento que possibilitasse uma demonstração de grande relevância tecnológi-
ca, com impactos ambientais e sociais favoráveis marcantes e com perspectiva de
aplicação prática real, objetivando industrialização para inserção em mercado.
Optou-se pelo desenvolvimento de ônibus híbrido elétrico-hidrogênio, para uso
em ambiente urbano, a fim de deslocar a utilização do diesel e contribuir com a
diminuição da poluição local, das emissões de gases de efeito estufa, do ruído am-
biental, mitigando também o impacto na saúde da população.

Entre os anos de 1999 e 2004 foram feitas concepções teóricas para um sistema de
tração elétrico-híbrido, para que o veículo possuísse mais de uma fonte de energia
elétrica para alimentar o motor elétrico de tração, eliminando por completo a
necessidade do uso de combustíveis fósseis, assim como de motores a combustão
interna. Investiu-se muito no desenvolvimento de uma Engenharia de hibridiza-
ção da energia embarcada e, ao invés de integrar tecnologias disponíveis de
empresas estrangeiras, foram concebidas novas abordagens de engenharia, assim
como seus equipamentos, hardware e software, para compor os dispositivos que
promovem, controlam e operacionalizam o deslocamento controlado do veículo,
assim como funções adicionais não associadas à tração, como refrigeração, ilumi-
nação, portas e outras.

Entre 2005 e 2010 foi desenvolvido e demonstrado um primeiro protótipo, que


participou na Competição Challenge Bibendum, ganhando vários prêmios. Com
os objetivos de reduzir tamanho e volume dos dispositivos proprietários concebi-

43
dos, fabricados e operacionalizados, assim como de melhorar eficiência energéti-
ca, foi desenvolvido um segundo protótipo, demonstrado durante a Rio+20 em
2012. Um terceiro protótipo foi demonstrado em funcionamento na Vila dos Atle-
tas durante as Olimpíadas de 2016, realizadas no Rio de Janeiro. Atualmente, são
concebidos os sistemas de um novo protótipo.

Esse desenvolvimento ocorreu em paralelo com outros na América do Norte e na


Ásia e atualmente o nosso é um dos cerca de 500 ônibus a hidrogênio em opera-
ção no mundo, no alvorecer de um mercado muito promissor, que já mostra uma
demanda maior que a capacidade de oferta existente, que ganhou importância
na Europa e passa a ser almejada por países de características as mais variadas,
tais como Índia, Austrália, Costa Rica, China, Japão, Coréia, África do Sul e “Califór-
nia”, que supera o interesse dos Estados Unidos como um todo. Esse mercado nas-
cente é portador de grande perspectiva de crescimento, principalmente devido à
ação agressiva de órgãos como o “Hydrogen Council” e de países e regiões que já
se declaram que se tornarão sustentáveis. O setor de transportes contribui com
cerca de 70% das emissões de gases de efeito estufa na região metropolitana do
Rio de Janeiro. Estudo recente do LabH2-Coppe/UFRJ, em vias de publicação,
mostra que BRTs a hidrogênio no Rio de Janeiro atingirão paridade de custo com
os ônibus convencionais a diesel em 2025.

Equipe responsável:

Universidade Federal do Rio de Janeiro, Programas de Engenharia


de Transportes e de Engenharia Metalúrgica e de Materiais,
Laboratório de Hidrogênio.

Paulo Emílio Valadão de Miranda (Coordenador)*

Edvaldo da Silva Carreira, Departamento de Engenharia Metalúrgica, Escola


Politécnica, UFRJ

* Durante os vários anos de desenvolvimento foram estabelecidas parcerias com a empresa Tracel, spin-off do
LabH2-Coppe/UFRJ, com fornecedores de produtos eletro-eletrônicos convencionais, como WEG, e com fabri-
cantes de carrocerias, como Busscar e Marcopolo. O projeto também contou com a colaboração de vários
outros pesquisadores, os quais são citados nas cartas-patente presentes neste documento.

44
O que é a tecnologia:

Foi concebido um veículo com base numa plataforma de veículo elétrico, possuin-
do um gerador de energia elétrica embarcado através do uso de pilha a combustí-
vel alimentada com hidrogênio armazenado a bordo e oxigênio do ar, funcionan-
do como um extensor de autonomia. Nesta situação, diferindo completamente
das opções tecnológicas existentes, foi possível embarcar uma pilha a combustível
de baixa potência, que funciona em regime permanente e não atende as deman-
das transitórias da movimentação do veículo, o que fica a cargo do sistema de
armazenamento embarcado de energia elétrica, onde se concentra
potência, sendo a principal disponibilidade de energia obtida do hidrogênio. Essa
inovadora separação de disponibilidade de potência num sistema e de energia
em outro resultou em significativo ganho de eficiência energética e contribuiu
para o aumento da vida útil da pilha a combustível. O veículo também foi projeta-
do para conectar-se à rede elétrica a fim de recarregar-se com energia elétrica da
rede quando estacionado, assim como para fornecer energia elétrica para uma
carga externa, sendo ainda capaz de regenerar energia cinética em energia elétri-
ca em processos de desaceleração e frenagem. Essa inovação tecnológica foi
resguardada através das patentes BR102012027618-6 A2; AR099492 A1;
US-20170072804 A1; EP 21084864.

Estágio de maturidade

O fato de três protótipos do ônibus híbridos elétricos-hidrogênio da Coppe/UFRJ


terem sido desenvolvidos e testados até o momento, tendo estes participado de
competições e demonstrações de grande responsabilidade (Rio+20 e Olimpíadas),
se submetido a testes em ambientes reais de utilização de forma continuada
durante tempo prolongado, num caso durante o ano de 2014, e ainda devido à
substituição progressiva dos dispositivos proprietários dos sistemas de tração e
auxiliar por novas versões otimizadas, levaram esta tecnologia ao TRL 7 (Technolo-
gy Readiness Level 7).

45
Principais resultados alcançados:

O desenvolvimento do ônibus a hidrogênio da Coppe/UFRJ seguiu uma longa


sequência de concepção, fabricação, testes, avaliações, reprojeto, refabricação,
novos testes e avaliações. Desse modo, o primeiro protótipo teve um longo ciclo de
testes com carga que objetivava somente agregar peso para depois admitir a pre-
sença de passageiros. O segundo protótipo rodou diariamente com passageiros
durante o ano de 2014 num ciclo pré-estabelecido na Cidade Universitária da Ilha
do Fundão, no Rio de Janeiro, o que permitiu adquirir um volume significativo de
resultados, que direcionaram os desenvolvimentos futuros e confirmaram, com
significado estatístico, uma autonomia de 330 km e uma eficiência energética de
6,7 kg de hidrogênio por 100 km rodados. Ressalta-se que 46,6% da energia origi-
nalmente disponível chega às rodas, o que é dobro do que ocorre com
um ônibus análogo a diesel, e ainda que é significativa a magnitude de regenera-
ção de energia cinética em energia elétrica, contribuindo para a eficiência energé-
tica global.

Próximos passos para o desenvolvimento da tecnologia:

A tecnologia requer agora o estabelecimento de um arranjo produtivo para a


fabricação de uma nova versão do seu protótipo, que permita o teste de uma
pequena frota dos ônibus em ambiente real de utilização para alcançar o TRL 8. O
passo seguinte será a preparação de uma versão pré-comercial para compor uma
frota com quantidade significativa e suficiente de veículos fabricados com proce-
dimentos industrializáveis e testados em maior escala para atingir o TRL 9, cum-
prindo regulamentos e normas do setor para desvelar-se como produto e habili-
tar-se à entrada de mercado.

46
Principais desafios:

Os principais desafios nesta fase referem-se ao arranjo produtivo de fabricação,


para o que é necessária a seleção e a adaptação de dispositivos de nova tecnologia
e convencionais a padrões industrial, operacional, comercial e regulatórios de uso
na sociedade. Esta é uma etapa que requer investimentos importantes, para satis-
fazer requerimentos regulatórios e padronizados, de fabricação, uso, manutenção,
de pós-venda e reciclagem, assim como para a fabricação e testagem em
ambiente real de frotas. Os investimentos requeridos montam a dezenas de
milhões de reais.

Contato:
Paulo Emílio Valadão de Miranda
pmiranda@coppe.ufrj.br

47
7 Pilhas a Combustível de Óxido
Sólido para a Utilização Direta
de Etanol
Introdução:

Pilhas a combustível são os conversores de energia que possuem a maior eficiên-


cia energética de funcionamento conhecida. Elas são constituídas por um conjun-
to formado por um eletrólito posicionado entre um anodo e um catodo de cada
lado, formando uma pilha unitária, que é superposta adequadamente com várias
outras para formar um empilhamento capaz de produzir a potência, a voltagem e
a corrente desejadas. O combustível é alimentado no anodo e o oxigênio do ar no
catodo, cujas reações eletroquímicas produzem eletricidade e calor. As metodolo-
gias termo-mecânicas convencionais realizam combustão e conversões sequen-
ciais para converter a energia química de um combustível em eletricidade, limi-
tando-se em eficiência como indicado pelo Ciclo de Carnot, atingindo eficiência
energética prática que varia, grosseiramente, entre 10% e 40%, resultante do pro-
duto das eficiências fracionárias de etapas intermediárias. As pilhas a combustível
não realizam combustão e promovem conversão eletroquímica do conteúdo
energético de um combustível em uma única etapa, com altíssimas eficiências,
sem ruído e nenhuma, usando hidrogênio, ou muito pouca poluição ambiental,
usando hidrocarbonetos e álcoois como combustível.

Dentre os diversos tipos de pilhas a combustível existentes, as pilhas a combustível


de óxido sólido, PaCOS, são as mais eficientes. Produzem eletricidade e calor,
tendo como rejeito vapor d’água, com eficiências superiores a 55%, podendo atin-
gir 80% com o aproveitamento do calor gerado por suas intensas reações exotér-
micas para cogeração. Tais qualificações excepcionais motivaram o Laboratório de
Hidrogênio da Coppe/UFRJ, LabH2-Coppe/UFRJ, a iniciar há cerca de 20 anos uma
linha de pesquisa que se tornou muito produtiva, com resultados marcantes em
níveis nacional e internacional. O LabH2-Coppe/UFRJ realizou uma sequência de
projetos de pesquisa e desenvolvimento, que incluíram os projetos: CTPetro-
-Finep-Oxisol: 2001-2004; Rede PaCOS: 2004-2008; PaCOS-Oxiteno: 2006; Oxite-
no-Finep: 2006-2010 e BNDES-Funtec-Oxiteno-Energiah: 2011-2020. Além disso,

48
criou uma rede nacional de pesquisa cooperativa na área e estabeleceu parcerias
internacionais com instituições significativas, tais como o Center for Energy Rese-
arch, da Universidade da Califórnia, o Forschungszentrum Jülich e o Fraunhofer-
-Institut für Keramische Technologien und Systeme – IKTS, da Alemanha, a empre-
sa Almus AG, da Suíça, com participação ativa no European Fuel Cell Forum, no
International Symposium on Solid Oxide Fuel Cells e na International Conference
on Advanced Ceramics and Composites. Esta atuação gerou várias publicações,
precedidas por depósitos de patentes (ES2697050T3, EP 2319113 - B1, PI 0803895-3,
CA 2,736,078 C, MX347546B, US 9,281,525 B2, AR 072674-B1, EP 3346536 B1, US
2018/0259586 A1, AR105895 A1, BR 102015021820-6 A2, US 9,431,663 B2, EP 1997174
B1, PI 8702768-2 B1).

Tendo em vista que os desenvolvimentos em PaCOS do LabH2-Coppe/UFRJ priori-


zaram o desenvolvimento de anodos multifuncionais para a utilização direta de
combustíveis carbonosos, abre-se uma grande perspectivas de utilização prática
desses sistemas, o que inclui PaCOS com alimentação direta de etanol, sem pré-
-reforma, para a geração distribuída de eletricidade e calor em edifícios, em resi-
dências, na indústria, no comércio e mesmo em locais remotos, desconectados do
sistema nacional, assim como para uso em veículos automotores, terrestres e
navais, com motorização elétrica, nos quais a pilha a combustível a etanol embar-
cada é capaz de gerar e fornecer eletricidade. Considerando a ubíqua disponibili-
dade de etanol no Brasil, muitas aplicações podem ser projetadas para esta tecno-
logia.

Equipe responsável:

Universidade Federal do Rio de Janeiro, Programas


de Engenharia de Transportes e de Engenharia Metalúrgica
e de Materiais, Laboratório de Hidrogênio.

Paulo Emílio Valadão de Miranda (Coordenador)*

49
Selma Aparecida Venâncio, LabH2-Coppe/UFRJ
* Durante os vários anos de desenvolvimento foram estabelecidas parcerias com empresas spin-off do LabH2-
Alberto Coralli, LabH2-Coppe/UFRJ
-Coppe/UFRJ, com fornecedores de produtos eletro-eletrônico convencionais, como WEG, e com fabricantes

Bernardo
de carrocerias, comoSarruf,
BusscarLabH2-Coppe/UFRJ
e Marcopolo. O projeto também contou com a colaboração de vários outros
pesquisadores, os quais são citados nas cartas de patente presentes neste documento.

* Durante os vários anos de desenvolvimento foram estabelecidas parcerias com a empresa Energiah, spin-off
O que é a tecnologia:
do LabH2-Coppe/UFRJ e com a Oxiteno, tendo-se recebido financiamentos da Finep e do BNDES. O projeto
também contou com a colaboração de vários outros pesquisadores, os quais são citados nas cartas-patente
Os materiais convencionais usados em pilhas a combustível de óxido sólido têm
presentes neste documento.
excelente desempenho quando utiliza-se hidrogênio como combustível. Assim
sendo, para utilizar combustíveis carbonosos, como álcoois e hidrocarbonetos, é
necessário reforma-los previamente, produzindo um gás rico em hidrogênio que
é usado como combustível ou realizar reforma interna no anodo da PaCOS, sob
O que é a tecnologia:
presença de vapor d’água para oxidar o carbono ali depositado. Isso porque o
depósito
Os de carbono
materiais no anodo
convencionais da PaCOS
usados inibe
em pilhas a progressivamente a sua
combustível de óxido capacida-
sólido têm
de de realizar
excelente as reações
desempenho eletroquímicas
quando de interessecomo
utiliza-se hidrogênio e, eventualmente, leva a
combustível. Assim
PaCOSpara
sendo, a falha, desativando-a.
utilizar combustíveis carbonosos, como álcoois e hidrocarbonetos, é
necessário reforma-los previamente, produzindo um gás rico em hidrogênio que
éUma PaCOS
usado como convencional
combustívelfalha em cerca
ou realizar de 1h se
reforma operada
interna com a utilização
no anodo da PaCOS,direta
sob
de etanol.de
presença A vapor
nova tecnologia desenvolvida
d’água para pelo LabH2-Coppe/UFRJ
oxidar o carbono consistiu
ali depositado. Isso porqueemo
projetar e
depósito defabricar
carbononovos materiais
no anodo cerâmicos
da PaCOS inibeeprogressivamente
desenvolver com aeles
suasuspensões
capacida-
cerâmicas
de paraasa fabricação
de realizar de anodos, integrando-os
reações eletroquímicas de interesse àe,PaCOS, com as habilida-
eventualmente, leva a
des especiais
PaCOS a falha,de possuir propriedades
desativando-a. eletrocatalíticas
Uma PaCOS convencional requeridas
falha em para
cercarealizar
de 1h seas
reações eletroquímicas
operada necessárias
com a utilização direta de àetanol.
produção de eletricidade
A nova e calor e, simulta-
tecnologia desenvolvida pelo
neamente, resistir àconsistiu
LabH2-Coppe/UFRJ coqueificação que deteriora
em projetar e fabricaro novos
dispositivo. Comcerâmicos
materiais isso, foram
e
desenvolvidas
desenvolver comPaCOS com a característica
eles suspensões cerâmicasinédita
para adefabricação
poderem de ser anodos,
operadas por
inte-
longo tempo
grando-os com acom
à PaCOS, utilização direta de especiais
as habilidades etanol, produzindo
de possuir eletricidade
propriedades e calor.
eletro-
catalíticas requeridas para realizar as reações eletroquímicas necessárias à produ-
ção de eletricidade e calor e, simultaneamente, resistir à coqueificação que dete-
riora o dispositivo. Com isso, foram desenvolvidas PaCOS com a característica iné-
Estágio de maturidade
dita de poderem ser operadas por longo tempo com a utilização direta de etanol,
produzindo eletricidade e calor.
Todo o processo de síntese dos novos materiais cerâmicos foi desenvolvido de
forma controlada em estágio laboratorial e para produção em maior escala. Além
disso, foram desenvolvidas suspensões cerâmicas com esses materiais, com as

4050
Estágio de Maturidade:

Todo o processo de síntese dos novos materiais cerâmicos foi desenvolvido de


forma controlada em estágio laboratorial e para produção em maior escala. Além
disso, foram desenvolvidas suspensões cerâmicas com esses materiais, com as
quais se produziram anodos de PaCOS. Toda a caracterização científica dos mate-
riais em si, dos anodos e das pilhas unitárias foi realizada, tendo sido também pro-
duzidas e testadas pilhas unitárias e empilhamentos curtos. Isso caracteriza a tec-
nologia como num estágio entre os níveis de TRL (technology readiness level) 3 e 4.

Principais resultados alcançados:

O trabalho laboratorial intenso realizado por equipe dedicada a esse tema por
vários anos permitiu sedimentar os processos de fabricação e de caracterização
dos materiais e das pilhas a combustível desenvolvidas. Isso foi demonstrado em
publicações e patentes sobre o tema, constatando a reprodutibilidade dos proces-
sos envolvidos, a estabilidade de funcionamento das PaCOS com testes de longa
duração e a capacidade de produzir eletricidade com densidades de potência
superiores a 400 mW.cm-2. Foram realizados testes cromatográficos, de oxida-
ção/redução controlada, de espectroscopia Raman e avaliações microscópicas
que comprovaram a resistência à coqueificação dos anodos multifuncionais,
sendo a PaCOS operada com a utilização direta de combustível carbonoso, como
o etanol. Também foram desenvolvidos anodos análogos para operação com a
utilização direta de metano como combustível.

Principais Desafios:

Tendo sido vencidos os grandes desafios científicos, os principais desafios rema-


nescentes para o desenvolvimento prático dessa tecnologia referem-se a ativida-
des de Engenharia associadas ao projeto, montagem e operacionalização de em-

51
pilhamentos com características de autossuficiência térmica para operação autô-
noma, com vedação adequada do anodo e coleta e transmissão eficiente de cor-
rente. Além disso, será necessário desenvolver um arranjo produtivo local de em-
presas que possibilite a fabricação nacional do produto. Também deverão ser ven-
cidas etapas de operacionalização e teste de produto em ambiente real de utiliza-
ção, seja em aplicações estacionárias ou veiculares.

Contato:
Paulo Emílio Valadão de Miranda
pmiranda@coppe.ufrj.br

52
tecnologias de
destaque - desafio 2
Biocombustíveis avançados para substituição
de combustíveis não renováveis

53
1 Produção de hidrogênio
renovável a partir do
biogás rural.

Introdução:

A tecnologia de produção de Hidrogênio a partir do biogás rural está sendo


desenvolvida na UFPR - Universidade Federal do Paraná junto ao grupo de pesqui-
sa do Laboratório de Materiais e Energias Renováveis (LABMATER). O contexto
regional teve grande relevância no interesse dos pesquisadores pela temática da
produção de hidrogênio por essa rota, tendo em vista que a região possui uma
produção muito grande de biogás, sendo uma das principais produtoras de prote-
ína animal e consequentemente tendo muito dejeto (matéria prima) gerado.
Além de alta disponibilidade de biomassa, existe uma preocupação de não conta-
minar o lago de Itaipu com os resíduos desta atividade, o que alavancou o interes-
se da região de desenvolver essa tecnologia e torná-la mais acessível.

Segundo o pesquisador a utilização do biogás para a geração direta de energia


não é tão eficiente quanto poderia ser, tendo uma eficiência energética de 25%
enquanto o hidrogênio possui até 60% quando empregado em células a combus-
tível. Assim a tecnologia possibilita uma forma de agregar valor a uma produção
abundante em sua região, podendo ser também replicada em muitos outros
locais no Brasil.

A proposta é que a produção ocorra de forma descentralizada, onde o consumidor


pode produzir on site. O reator pode estar em uma central de produção de biogás,
tornando-a também um centro produtor de hidrogênio. Caso exista a necessida-
de de consumo, a indústria pode fazer o uso direto. Caso contrário, pode ser feito
o envase para consumo posterior. A descentralização da produção pode reduzir o
custo da logística do transporte quando comparado ao modelo usual de produ-
ção centralizada. Além disso, a produção de hidrogênio renovável no mundo
ainda é muito discreta (< 5%) e esta proposta contribui para sua expansão.

54
Equipe responsável:

Universidade Federal do Paraná / Grupo


Biomassa e biocombustíveis - catalisadores

Nome dos Pesquisadores responsáveis:

Helton José Alves

O que é a tecnologia:

A tecnologia é baseada no desenvolvimento de um catalisador, o qual tem seus


detalhes tratados com sigilo. Este catalisador é mais estável e evita desativação por
causa da formação de coque (formação de carbono e outros produtos não deseja-
dos).

Estágio da Maturidade:

Prova de Conceito ou Protótipo: tecnologia oriunda da pesquisa com aplicação


clara e com elementos de viabilidade em desenvolvimento.

Principais resultados alcançados:

Com a estrutura atual, conseguiram operar o reator por 24h estável, tendo produ-
ção de coque de carbono praticamente nula durante esse período. No último ano
de testes, aumentaram em 10 vezes a escala de produção e, como resultado, con-
seguem produzir de 36 a 40 L por hora de gás de síntese. Já a produção de hidro-
gênio atinge em média de 18 a 20 L por hora.

55
Próximos passos para o desenvolvimento da tecnologia:

Para se inserir a tecnologia no mercado, destaca-se: criar parceria com uma pro-
dutora de biogás para validação em escala maior; a construção de um reator de
escala maior com um reator paralelo Shift para tratar o monóxido de carbono.

Principais desafios :

Conexão com parceiros e indústrias interessados em levar a tecnologia para o mer-


cado e captação de investimento para as próximas etapas de validação.

Contatos:
Helton José Alves
helquimica@gmail.com

56
2 Produção de combustíveis
gasosos por meio da gaseificação
da biomassa e resíduo sólido
urbano

Introdução:

A tecnologia de gaseificação de biomassa vem sendo desenvolvida pelos pesqui-


sadores do Laboratório de Combustíveis e Energia - POLICOM da Escola Politécni-
ca de Pernambuco. A tecnologia é baseada em um sistema de gaseificação em
leito fluidizado borbulhante acoplado a um grupo motogerador para conversão
de biomassa em eletricidade. A tecnologia foi desenvolvida visando o atendimen-
to de localidades isoladas em tempo integral, ou para atuar como um sistema adi-
cional para fornecer eletricidade quando em momentos de intermitência de
fontes não contínuas (fotovoltaica, por exemplo).

A gaseificação acontece com a combustão da matéria prima na presença de


oxigênio em quantidade inferior à necessária para a queima total, quando ocorre
a degradação da matéria de biomassa, produzindo assim o Gás de Síntese. Este
último pode ser queimado e usado como combustível, entretanto também é um
produto intermediário, pois ele pode ser utilizado como matéria prima para pro-
dução de combustíveis mais avançados, como querosene de aviação ou diesel
verde, por exemplo.

Equipe responsável:

Escola Politécnica de Pernambuco / Laboratório de Combustíveis e Energia - POLI-


COM

Nome dos Pesquisadores responsáveis:

Eduardo César de Miranda Loureiro


Sérgio Peres Ramos da Silva

57
Ana Rita Drummond
Adalberto Freire Jr.
Alexandre Nunes da Silva
Avelino Heitor Cardoso Melo
Clériston Moura Vieira Júnior
Isabella de Andrade Garrett

O que é a tecnologia:

O produto da tecnologia é um Gaseificador de Leito Fluidizado que agrega vanta-


gens em relação a modelos tradicionais por permitir uma troca térmica mais
eficiente, maior controle da temperatura, e possibilitar a produção de um gás de
síntese com maior poder calorífico.

O Leito Fluidizado é constituído de um tubo (o reator), onde em sua parte inferior


existe uma grelha para suportar o material do leito. Em seu interior, o leito é com-
posto por areia aquecida e mantida em movimento borbulhante que, quando em
contato com a biomassa, proporciona uma alta eficiência na troca de calor, possi-
bilitando a degradação da biomassa e formação do gás.

A biomassa utilizada atualmente é o pó de serra, pois já está na granulometria cor-


reta. Porém, qualquer madeira ou biomassa verde pode chegar nessa granulome-
tria contanto que passe por um processo de tratamento (secagem e trituração).

Estágio da Maturidade:

Prova de Conceito ou Protótipo: tecnologia oriunda da pesquisa com aplicação


clara e com elementos de viabilidade em desenvolvimento.

Principais resultados alcançados:

O resultado mais recente foi o trabalho com Gaseificador de Leito Fixo (outra tec-
nologia desenvolvida pelo grupo de pesquisa), onde conseguiram atender a de-

58
manda elétrica de 10 residências. Com a aplicação do Leito Fluidizado o intuito é
produzir gás de síntese com maior potencial calorífico, aumentando o desempe-
nho e capacidade de geração. No estágio atual, o protótipo construído já produziu
gás de síntese com poder calorífico maior que o obtido no gaseificador de leito
fixo.

Próximos passos para o desenvolvimento da tecnologia:

O próximo passo para o desenvolvimento da tecnologia será validar o modelo em


regime permanente, assim será possível afirmar quanto a tecnologia vai produzir
em metros cúbicos de gás, seu poder calorífico, e de quanto será o percentual de
conversão. Para escalar a produção precisam aumentar o diâmetro do reator e
antecipar a velocidade mínima de fluidização nessas condições.

Principais desafios :

Conexão com parceiros e indústrias interessados em levar a tecnologia para o mer-


cado e captação de investimento para as próximas etapas de validação.

Contatos:
Eduardo César de Miranda Loureiro
eduardoloureiro@poli.br
http://www.eduloureiro.com.br/

59
3 Desenvolvimento de biocélulas
e combustível microbiológicas
para coprodução de energia

Introdução:

A Biocélula a combustível microbiológica foi desenvolvida com o intuito de aplicar


os conceitos de cogeração de energia, sustentabilidade e reuso. A tecnologia
segue o mesmo conceito de uma célula combustível convencional, porém nesse
caso ela tem a capacidade de gerar eletricidade a partir de diversas fontes de ma-
téria orgânica, utilizando microorganismos para isso.

A equipe de pesquisadores está desenvolvendo reatores que podem ser aplicados


em diferentes tipos de matrizes, como no oceano (onde estão validando a aplica-
ção junto ao Instituto do Mar na UNIFESP em Santos), em sistemas de produção
de bioetanol da cana de açúcar, e em sistemas de purificação de água de esgoto
doméstico (onde estão realizando testes e validações junto a Embrapa de São
Carlos).

Uma característica da tecnologia que vale se destacar é a possibilidade de aprovei-


tar estruturas de produção já existentes. Por exemplo, a tecnologia pode ser apli-
cada no mesmo reator onde ocorre a produção de etanol de cana de açúcar, ou
junto ao tanque de depuração de esgoto e assim co-gerar eletricidade.

Equipe responsável:

Universidade de São Paulo - USP / Instituto de Química de São Carlos - IQSC /


Departamento de Físico-Química/ Laboratório de Bioeletroquímica e Interfaces

Nome dos Pesquisadores responsáveis:

Frank Nelson Crespilho


Graziela Cristina Sedenho

60
O que é a tecnologia:

A tecnologia é um sistema de co-geração de energia, onde microorganismos ou


enzimas convertem a matéria orgânica em eletricidade, enquanto ocorre a bio-
produção de etanol ou a degradação de esgoto, por exemplo. Assim a podem ser
utilizadas diferentes tipos de matéria orgânica (oceânica, bagaço de cana de
açúcar, esgoto doméstico). Para cada tipo de matéria orgânica, são utilizados dife-
rentes microorganismos e/ou enzimas para que a reação de conversão ocorra.

Para que ocorra a conversão de energia em uma biocélula a combustível micro-


biológica deve-se ter: (i) a combinação de microrganismos (bactérias ou fungos) e
matéria orgânica (combustível); (ii) Eletrodos em contado com os microoganismos
e matéria orgânica; (iii) proliferação dos microrganismos no sistema gerando ele-
tricidade. Assim, nesse sistema ocorrem os processos de degradação do material
orgânico, purificando a água e co-geração de eletricidade.

Estágio da Maturidade:

Pesquisa aplicada: pesquisa já é madura na bancada e demonstra potencial apli-


cação para solução de problemas específicos

Principais resultados alcançados:

Já conseguem desenvolver a biocélulas e aplicá-la para a cogeração de energia


em escala laboratorial.

Próximos passos para o desenvolvimento da tecnologia:

Para que a tecnologia possa ser inserida no mercado ainda são necessários estu-
dos para validar a capacidade de geração de eletricidade em sistemas de larga
escala. Os pesquisadores continuam com as aplicações junto à Embrapa e dese-
jam conectar a pesquisa com empresas do ramo.

61
Principais desafios:

Conexão com parceiros e indústrias interessados em inserir a tecnologia para o


mercado.

Contato:

Frank Nelson Crespilho


frankcrespilho@gmail.com

62
4 Método de produção de
bioetanol, biomassa microbiana
e metabólitos secundários com
matérias primas lácteas e
levedura probiótica
Saccharomyces boulardii.

Introdução:

O desenvolvimento desse método inovador surge de uma demanda de mercado


direcionados pela empresa Sooro - Ingredientes Confiáveis - PR, que já é parceira
da equipe de Trabalho há pelo menos 8 anos. A indústria de concentrados, isola-
dos, e hidrolisados protéicos, possui a geração de um resíduo chamado permeado
de soro de leite desproteinizado. Este resíduo é 100% líquido e possui uma alta
carga orgânica de poluentes, sendo o principal a lactose. O custo para se tratar o
permeado acaba por ser extremante oneroso e de difícil tratamento.

Vislumbrando que o permeado pode ter aplicações muito mais nobres do que o
descarte comumente utilizado (a secagem e posterior venda no comércio), a
Sooro propôs ao grupo de pesquisa o desafio de produzir diferentes produtos utili-
zando o permeado na forma líquida, dispensando o processo de secagem. Foi
nesse contexto que os pesquisadores desenvolveram uma rota de produção de
Bioetanol, Biomassa Microbiana e Metabólitos secundários, utilizando o permea-
do como matéria-prima.

O permeado de soro de leite desproteinizado não é gerado somente na produção


de concentrados proteicos, outros segmentos industriais com alta produção de
permeado são: produção de iogurtes ultrafiltrado com alto teor de proteína; fabri-
cação de queijo Petit Suisse por ultrafiltração de leite coagulado; fabricação de
requeijão; Queijo Frescal Ultrafiltrado; entre outros produtos que comprovam a
alta produção de permeado no Brasil e a demanda por uma solução eficaz de
utilização do permeado que não o tratamento de efluente ou a sua secagem.

63
Equipe responsável:

Universidade Estadual do Oeste do Paraná (UNIOESTE) / Departamento


de Engenharia Química

Nome dos Pesquisadores responsáveis:

Mônica Lady Fiorese


Keiti Lopes Maestre
Edson Antonio da Silva
Fernando Palú
Silvio Cesar Sampaio
Fabiano Bisinella Scheufele

O que é a tecnologia:

A tecnologia é um processo fermentativo com a matéria-prima permeado de soro


de leite desproteinizado. Como agente de transformação utiliza-se a adição da
levedura probiótica Saccharomyces boulardii. Durante a fermentação, ocorre o
crescimento da levedura, e esta levedura produz diferente metabolitos, sendo o
de maior concentração o bioetanol. Após finalizado o processo de fermentação, os
produtos de interesse passam por processos de separação simples e destilação. Os
de separação consistem em separar a biomassa probiótica do líquido fermentado,
e esta biomassa pode ser utilizada como fonte de proteína ou como medicamen-
to parar o tratamento de doenças gastrointestinais. O líquido fermentado pode ser
fracionado por destilação e cada bioproduto retirado em uma temperatura de
destilação diferente. O líquido residual após os processos de separação e destila-
ção é em média 90% menos impactante ao ambiente e de fácil tratamento.

Caso o produto bioetanol não seja o produto de interesse, o líquido fermentado


contendo bioetanol pode ser utilizado para a produção de ácido acético (vinagre
ou conservante para a indústria de alimentos) por meio da adição de uma bacté-
ria ao processo. O ácido acético produzido pode ser recuperado por destilação, e
o líquido residual deste processo é de 95 à 98% menos poluente, facilmente tratá-
vel, e o custo menos oneroso.

64
O ponto de inovação desta tecnologia é o uso da levedura Saccharomyces boular-
dii no processo de transformação do soro de leite desproteizado. Quando compa-
rada com outras leveduras usadas em processos similares, ela é considerada resis-
tente a produção de etanol e por consequência tem a capacidade de produzir
valores de bioetanol acima das leveduras convencionais. Pode ser ressaltado
também como uma vantagem que, pelo fato de o processo ser praticamente
idêntico ao processo de uma usina de bioetanol de cana de açúcar, é possível utili-
zar a mesma estrutura.

Estágio da Maturidade:

Prova de Conceito ou Protótipo: tecnologia oriunda da pesquisa com aplicação


clara e com elementos de viabilidade em desenvolvimento.

Principais resultados alcançados:

Foi observado que uma concentração inicial de lactose de 200 g/L no permeado
de soro de leite fornece o rendimento máximo para o etanol. Sob tais condições, o
etanol máximo obtido pela fermentação do soro foi de 80,95 g/L.

Próximos passos para o desenvolvimento da tecnologia:

Os próximos passos para levar tecnologia ao mercado será aumentar a escala de


produção para avaliar se a eficiência de produção se mantém.

Principais desafios:

Os principais desafios para inserir a tecnologia no mercado serão: advocacy da tec-


nologia com secretarias de agricultura e/ou parceiros privados para apoiar o
desenvolvimento da tecnologia e ter acesso a uma estrutura para a produção em
escala (de preferência a até 150 km de indústrias geradoras de permeado de soro
desproteinizado, para facilitar a logística).

65
Contato:

Mônica Lady Fiorese


mlfiorese@gmail.com

66
considerações
finais e
recomendações
67
Quando iniciamos um projeto DeepTech, como este, partimos da premissa de que
a ciência brasileira apresentará soluções promissoras para resolver os desafios pro-
postos. Isto parte da vocação da Wylinka de trabalhar em prol do desenvolvimento
da inovação de base tecnológica nacional. Neste estudo, partimos do entendimen-
to do cenário da Economia de Baixo Carbono e definimos dois desafios para o setor
de Energia, considerado promissor para a redução de emissões de Gases de Efeito
Estufa: ARMAZENAMENTO DE ENERGIA EM GRANDE ESCALA E/OU PARA MODAIS
INTERMITENTES e BIOCOMBUSTÍVEIS AVANÇADOS PARA SUBSTIUIÇÃO DE COM-
BUSTÍVEIS NÃO RENOVÁVEIS. Por meio destes desafios, mapeamos 94 tecnolo-
gias e selecionamos as 11 com maior potencial de impacto e redução de GEE. Estas
tecnologias foram selecionadas por meio de 4 critérios de sucesso, já explicados
anteriormente. Um critério que vale destaque é o “Interesse do Pesquisador”, ponto
fundamental para que uma tecnologia saia da ICT para o mercado. Este ponto é
reforçado para destacar que todos os pesquisadores das 11 tecnologias seleciona-
das se mostraram engajados nos processos de entrevistas e interações ao longo do
projeto, fator promissor para próximas ações que possam ser desenvolvidas. Com
este cenário promissor, esta última sessão do mapeamento traz uma análise sobre
as tecnologias bem como recomendações para que o processo de desenvolvimen-
to e inserção no mercado seja acelerado.

Continuando o enfoque no critério de sucesso “Interesse do Pesquisador”, achamos


pertinente e importante destacar alguns perfis de que encontramos ao longo deste
estudo, tendo como fonte as entrevistas realizadas até aqui. O perfil mais comum,
foi o do pesquisador que desenvolveu sua pesquisa por afinidade, sem demanda
específica vindo da sociedade. Este pesquisador considera a transferência desta
sua tecnologia como um fator positivo, porém não tem clareza de como fazê-lo e
não gasta energia para isto. Em geral, as tecnologias deste perfil de pesquisador
têm características técnicas acentuadas, porém com aplicação real pouco clara ou
com grandes barreiras de implementação, sejam técnicas ou econômicas.

Um segundo perfil, mais presente entre as 11 tecnologias selecionadas, são os pes-


quisadores que de alguma forma já interagem com o mercado, por meio de con-
sultorias ou projetos em parceria (iniciativa privada financiando suas pesquisas
e/ou cedendo espaço para validações). As tecnologias deste perfil já possuem apli-
cação mais clara e este pesquisador demonstra muito interesse em inserir sua pes-
quisa no mercado. Embora ele seja mais maduro que o primeiro perfil, também
68
possui dificuldades neste processo e demanda de apoio do Núcleo de Inovação
Tecnológica (NIT) de sua ICT (um gargalo apontado frequentemente pelos pesqui-
sadores).

Um terceiro perfil presente em nosso mapeamento foi o do pesquisador com inte-


resse voltado para a pesquisa básica, caso em que as tecnologias ainda estão em
estágio embrionários e visam prioritariamente a produção de conhecimento.

Considerando estes perfis apontados, vemos que entre os que consi-


deram a transferência de tecnologia em sua atuação, ainda há uma
necessidade de clareza sobre as demandas e processos de transferên-
cia e interação com o mercado, havendo também demanda por supor-
te para que este processo aconteça.

Uma segunda análise possível é focada diretamente nas tecnologias. Para isto, faze-
mos uma comparação por meio do Nível de Prontidão Tecnológica (Technology
Readiness Level – TRL), onde apontamos que a grande maioria das tecnologias
deste mapeamento estão encaixadas entre os TRL 4 e TRL 5, ou seja, tecnologias
entre a fase de protótipo laboratorial e tecnologias com testes em escala piloto.
Neste ponto ressaltamos:

As tecnologias que foram desenvolvidas com algum tipo de interação


com a iniciativa privada se mostraram mais evoluídas e com maior
aderência ao mercado, demonstrando ainda maior potencial de gera-
ção de valor.

Com relação a distribuição geográfica das tecnologias, encontramos uma concen-


tração maior de soluções para o desafio Armazenamento de Energia na região
Sudeste (estados de São Paulo e Minas Gerais), enquanto para o desafio Biocom-
bustíveis Avançados encontramos maior concentração na Região Nordeste. Para
este último desafio, embora a concentração de tecnologias seja na região Nordeste,
as tecnologias mais promissoras foram mapeadas na região Sul e Sudeste, nos

69
estados de São Paulo e Paraná, sendo apenas uma tecnologia pertencente ao
estado de Pernambuco.

Ainda mantendo o foco nas tecnologias mapeadas, podemos destacar os princi-


pais desafios para o desenvolvimento tecnológico e o seu potencial de inserção no
mercado, tendo como base os dados coletados ao longo do estudo e as entrevistas
realizadas com os pesquisadores responsáveis por estas tecnologias:

Principais desafios:

As tecnologias desenvolvidas sem interação com o mercado ou


restritas à visão de apenas um parceiro possuem aplicação
pouco clara ou limitada, demandando interação com outros
parceiros para que seja identificado potencial de aplicação e
definidas novas rotas tecnológicas;

Com o cenário de cortes de recursos públicos para a ciência


brasileira, há um desafio para continuar o desenvolvimento
tecnológico e ampliar testes de escala, reforçando a necessida-
de de maior interação e investimentos da iniciativa privada;

Algumas tecnologias possuem a cadeia de produção pouco


desenvolvida nacionalmente (especialmente para o Desafio 1),
com dificuldade de acesso a componentes para o desenvolvi-
mento bem como dificuldades em acessar parceiros para a apli-
cação em grande escala;

Muito comum à Hard Science, como as tecnologias mapeadas


neste estudo, algumas tecnologias carecem de regulamentação
que permitam a definição de requisitos obrigatórios e direcio-
nem o desenvolvimento tecnológico;

Os pesquisadores possuem uma visão pouco clara sobre o pro-


cesso de interação com o mercado e principalmente o processo
de transferência das suas tecnologias, evidenciando uma opor-
tunidade de fortalecimento da atuação dos Núcleos de Inovação
Tecnológica e outros ambientes e mecanismos de inovação das
ICTs.

70
Recomendações
Tendo em vista este cenário apresentado e os seus principais desafios, traçamos
três principais recomendações de ações que podem permitir o avanço tecnológico
nos temas trabalhados neste estudo e, com isto, gerar impacto positivo por meio
da implementação de soluções.

Explorar o potencial das regiões que possuem maior maturi-


dade tecnológica (Estados de São Paulo e Minas Gerais, para o
Desafio 1, e Estados de São Paulo, Paraná e Pernambuco, para
o Desafio 2) por meio de ações de conexão das tecnologias
com parceiros de desenvolvimento e comercialização. O intui-
to é fornecer recursos financeiros ou econômicos e também
acelerar o processo de testes em escala e/ou prova de concei-
to e, por fim, facilitar o processo de transferência da tecnolo-
Explorar Potencial
de Regiões com gia. Por meio destas ações, ainda será possível a criação de
Maior Maturidade
cases de sucesso que podem ser utilizados para inspirar e des-
pertar as regiões que menos se destacaram neste estudo,
como é o caso da região Centro Oeste.

Criar massa crítica e ganhar maturidade tecnológica nas regi-


ões que se destacaram com tecnologias de menor grau de
maturidade. O ideal, neste ponto, é priorizar os recursos para
estados com maior densidade de tecnologias (apontados
como a Região Sudeste, para o desafio 1, e a Região Nordeste,
para o desafio 2), potencializando o desenvolvimento de regi-
ões que estão mais próximas de gerar impacto positivo. Estas
ações devem ter dois objetivos: (i) sensibilizar os pesquisado-
Criar Massa res sobre os caminhos para o processo de transferência de tec-
Crítica em Locais
com Menor Maturidade
nologias; e (ii) aproximar o poder público e a iniciativa privada
para que tragam desafios e demandas tecnológicas capazes
de direcionar o desenvolvimento de novas tecnologias com
maior potencial de aplicação, resolvendo desafios reais e
tendo maior potencial de geração de valor.
71
O pesquisador precisa de apoio para que o processo de trans-
ferência ocorra de maneira fluida e ágil, considerando desde o
primeiro contato do pesquisador com o futuro parceiro, os
testes de viabilidade e prova de conceito, e questões legais
como propriedade intelectual, royalties etc. Em geral, a reali-
dade para os pesquisadores brasileiros ainda carece deste
acompanhamento e os processos se tornam morosos e confu-
Fortalecer Ambientes sos. Por isso, é recomendada uma agenda de ações para forta-
e Mecanismos de
Inovação nas ICTs lecer e ampliar a capacidade operacional dos ambientes e
mecanismos de inovação nas ICTs, para que consigam aten-
der às demandas dos pesquisadores e parceiros e garantir que
o processo flua com a agilidade necessária.

Para finalizar, apontamos recomendações mais amplas, que podem demandar um


longo prazo de execução, mas que tem potencial de fortalecer o sistema de inova-
ção brasileiro e facilitar o processo de resolução de desafios nacionais, incluindo os
temas relacionados à Economia de Baixo Carbono:

Advocacy junto à órgãos governamentais para desenvolver polí-


ticas de desenvolvimento da indústria nacional e aumentar a
competitividade do Brasil para a produção de tecnologias como
a de armazenamento de energia e produção de biocombustíveis.
Entendemos como necessário o direcionamento de recursos de
fomento para o fortalecimento ou criação de cadeias de produ-
ção relacionadas ao tema dos dois desafios apresentados neste
estudo;

Criação de Fundo Nacional para canalizar recursos de P&D exis-


tentes (P&D incentivados) para o desenvolvimento de tecnolo-
gias em áreas críticas, com grande potencial de impacto socio-
ambiental, viabilizando projetos pilotos destas tecnologias. Foi
consenso entre os entrevistados deste estudo que já temos
ciência de tecnologias com grande potencial de geração de
impacto positivo e é necessário criar condições para que estas
tecnologias sejam testadas e implementadas em maior escala.
67
72
Ações para a formação e capacitação de mão de obra especiali-
zada (na academia e principalmente na indústria), e fortaleci-
mento dos processos e ambientes de inovação que possibilitem
a vazão das tecnologias produzidas nas ICTs e absorção pela
cadeia produtiva nacional;

Criação de um diretório de tecnologias, que permita o acesso às


tecnologias produzidas nacionalmente. Este diretório facilitará o
contato entre pesquisadores responsáveis, para que estes
possam trocar conhecimentos e aprendizados sobre suas tecno-
logias (colaboração), além de facilitar a busca por esta tecnolo-
gia pelo setor privado.

Coordenar ações envolvendo a academia, a iniciativa privada e


governo para que juntos possam desenvolver setores estratégi-
cos no Brasil, trazendo maior fluidez no processo de desenvolvi-
mento tecnológico e transferência de conhecimento para o mer-
cado.

73
sobre a Wylinka

A Wylinka é uma organização sem fins lucrativos criada em 2013 que tem
como missão promover a inovação tecnológica no Brasil e em outros países
da América do Sul. As bases para o cumprimento dessa missão são: suporte
à transferência de tecnologia derivada da ciência e a realização de programas
de desenvolvimento de negócios tecnológicos.

Por meio de programas, capacitações e criação de conteúdo, como este estudo, a


Wylinka desenvolve instituições e ecossistemas para a inovação e o empreendedo-
rismo, a partir da promoção e transformação do conhecimento.

74
sobre o ICS

O Instituto Clima e Sociedade (iCS) é uma organização filantrópica que promove


prosperidade, justiça e desenvolvimento de baixo carbono no Brasil. Funcionamos
como uma ponte entre financiadores internacionais e nacionais e parceiros locais.
Assim, somos parte de uma ampla rede de organizações filantrópicas dedicadas à
construção de soluções para a crise climática.

O iCS traça planos de ação frente aos problemas climáticos a partir de uma lente
social. Por isso, prioriza medidas que, além de reduzir as emissões de gases de
efeito estufa (GEE), também gerem melhorias na qualidade de vida para a socieda-
de, em especial para os mais vulneráveis.

75
sobre o WTT

A WTT é uma fundação latino-americana sem fins lucrativos que tem a missão de
promover a inovação como ferramenta para a superação de desafios sociais e am-
bientais.

Nasceu em 2012 como um spin-off da Fundação Avina a partir de uma análise pro-
funda das barreiras e oportunidades para fortalecer e promover ecossistemas de
inovação de impacto.

76
sobre a Climate Ventures

A Climate Ventures é uma plataforma de ação coletiva para acelerar uma econo-
mia regenerativa e de baixo carbono, começando no Brasil. Uma iniciativa conjun-
ta entre governo, empresas e sociedade civil.

Sua missão é de orquestrar o ecossistema de empreendedorismo climático, contri-


buindo com a descarbonização da economia e regeneração do planeta.

77

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