Você está na página 1de 14

O PROTOCOLO DE QUIOTO E A NOVA PROPOSTA PARA QUIOTO 2*

KIOTO'S PROTOCOL AND THE NEW PROPOSAL TO KIOTO II

Maurem da Silva Rocha


Daniela Braga Paiano

RESUMO
Pode-se afirmar que o desenvolvimento econômico trouxe inúmeros avanços em todos
os setores da economia e da nossa vida cotidiana. Entretanto, esta evolução acarretou
resultados negativos para todo o ambiente. A comunidade mundial, alarmada com as
proporções destas mudanças no que tange ao aquecimento da Terra, passou a discutir o
tema através de Conferências. A resposta a esse desafio foi a implementação de um
acordo sobre metas de redução da emissão de gases de efeito estufa na atmosfera,
chamado Protocolo de Quioto. Referido instrumento, com base estabelecida no
princípio do Poluidor-Pagador, teve seu período de prova estabelecido entre 2008 e
2012. Atualmente, em pleno período de prova, começam as discussões a respeito da
efetividade deste acordo e quais as medidas a serem tomadas para torná-lo mais efetivo,
no momento da celebração de um segundo acordo, que vem sendo chamado de “Quioto
2”. Tais discussões, ainda recentes, apontam para a implementação de uma política de
cooperação global, visando um instrumento que além do equilíbrio ambiental, traga o
restabelecimento do meio ambiente.

PALAVRAS-CHAVES: PROTOCOLO DE QUIOTO, AQUECIMENTO GLOBAL,


DESENVOLVIMENTO SUSTENTÁVEL, CRÉDITO DE CARBONO

ABSTRACT
It can be asserted that the economic development brought about several achievements in
all the different branches of economy and in our daily life. However, this evolution has
caused negative outcomes to the whole environment. Alarmed with the proportion of
these changes, the international community began to discuss the subject in worldwide
conferences. The answer to this challenge was the implementation of an international
agreement to set goals of reduction of greenhouse gas emissions in atmosphere, called
Kyoto Protocol. This instrument was based in the polluter-payer principle, and it had its
commitment period established between 2008 and 2012. Currently, during the
commitment period, the discussions to make this agreement more effective have started,
as well as on the appropriate measures to be included in a likely second agreement,
which has been called Kyoto 2. Although recent, such discussions point out to the
implementation of a global cooperation policy, seeking an instrument that goes beyond
the environmental balance and allows the restoration of the environment.

KEYWORDS: KIOTO´S PROTOCOL, GLOBAL WARMING, SUSTAINABLE


DEVELOPMENT, CARBON CREDIT
*
Trabalho publicado nos Anais do XVIII Congresso Nacional do CONPEDI, realizado em São Paulo –
SP nos dias 04, 05, 06 e 07 de novembro de 2009.

2857
INTRODUÇÃO

Pode-se afirmar que o desenvolvimento econômico trouxe inúmeros avanços no campo


tecnológico, no setor empregatício, bem como no industrial e beneficiou este setor no
que se refere às comodidades trazidas pela industrialização. Veio, enfim, a auxiliar o
cotidiano do homem em seu lar, seu emprego e em seus rendimentos. A par disto,
gerou, concomitantemente, consequências negativas, dentre as quais podemos citar o
desemprego, conflitos entre nações, além de grande perda ao meio ambiente.
Essa melhora na qualidade de vida de determinados lugares e comunidades,
desencadeada pela globalização, trouxe consigo o desequilíbrio ecológico. Em resposta
a tais fatos sociais, iniciou-se o despertar para a defesa deste meio que vinha sendo
ameaçado.
Mas, tendo em vista a proteção ambiental ser de interesse difuso e coletivo, ela não
pode ser limitada aos contornos da soberania. Sustenta-se que o dano ambiental causado
hoje em um lugar específico trará danos mundiais e não apenas naquele lugar de
origem, podendo, inclusive perpetuar-se.
Desta forma, é necessário que haja uma cooperação mútua entre os diversos entes
soberanos para que se possa, de forma eficaz, buscar soluções visando evitar os danos
ambientais em todas as suas esferas. “Trata-se, na verdade, de optar por um
desenvolvimento econômico qualitativo, único, capaz de propiciar uma real elevação da
qualidade de vida e do bem-estar social.”[1] Neste sentido, entende Kiss:

Nenhum país, nenhum continente no mundo é capaz de resolver sozinho o problema da


camada de ozônio, da alteração do clima global ou do empobrecimento dos nossos
recursos genéticos. É doravante indispensável a cooperação da Terra inteira. Ora, a
Terra compreende também e sobretudo as populações que vivem nos países não
industrializados, as quais são pobres e querem desenvolver-se. Assim, o problema do
desenvolvimento nas suas relações com o ambiente pôs-se em toda a sua amplitude e de
modo definitivo.[2]

À medida que a conscientização mundial em preservar o meio ambiente veio


aumentando, passou-se também a buscar sua inserção no plano constitucional. Pois era
necessário que as nações reconhecessem, dentro dos limites de sua soberania, e
colocassem-se dispostas a essa meta: desenvolvimento econômico com o devido
respeito ao meio ambiente, no lugar daquele desenvolvimento que nada vê, nem
respeita.
Um dos grandes problemas trazidos pelo desenvolvimento foi o aquecimento da
temperatura na Terra, provocado pelo aumento da emissão dos gases dióxido de
carbono e metano, que causa o chamado efeito estufa e gera instabilidade climática e
diversos desastres naturais.
Como forma de solução para este problema, várias discussões foram lançadas. Uma das
alternativas vislumbradas foi o compromisso do Protocolo de Quioto, firmado em 1997,
na cidade de Quioto no Japão, o qual entrou em vigor em 16 de fevereiro de 2005.
Esse Protocolo busca reduzir as taxas de emissão dos gases causadores do efeito estufa
na Terra e tem como objetivo fazer valer as medidas previstas na Convenção Quadro
das Nações Unidas sobre Mudança do Clima (UNFCCC), todavia, agora, com a meta de
redução já determinada em 5,2 % da emissão dos gases causadores do efeito estufa.
Para se estabelecer metas de redução, deve levar-se em conta o grau de
desenvolvimento dos países integrantes, uma vez que, os países em desenvolvimento
estão em situação de desvantagem frente aos países desenvolvidos, devendo recair sobre

2858
os já desenvolvidos uma maior exigência, tanto para redução quanto para ajuda
financeira e tecnológica aos países em desenvolvimento. Desta forma:

Cada país recebeu uma meta de redução dos níveis de poluição diferente, devendo,
contudo, ser mantida a meta global combinada. Para alcançar os seus objetivos, os
membros do Protocolo poderiam reduzir a emissão de GEE (gases de efeito estufa –
grifo desta autora) em seu território ou negociar com outros países os mecanismos
flexíveis, que são o comércio de certificados de carbono, o mecanismo de
desenvolvimento limpo e a implementação conjunta.[3]

Portanto, foram estabelecidos prazos e metas diferenciados aos países para que se
alcance seus objetivos, sendo usados relatórios anuais para esta verificação.
Algo inovador que veio a surgir com o Protocolo foi a comercialização de créditos de
carbono, possibilitando que os países que não consigam atingir sua meta, possam
comprar daqueles que já conseguiram alcançá-la.
Esses créditos de carbono “são certificados emitidos por agências de proteção ambiental
para projetos de empresas que possam contribuir para a redução de emissões, incluindo
desde reflorestamentos até a substituição de combustíveis fósseis por energias limpas,
como o biodiesel.”[4]
Mesmo assim, apesar da relutância de alguns países, este instrumento tende a se
fortalecer e a crescer. Já foi um grande avanço trazido até agora e as expectativas são de
que aumente o número de integrantes, quer de livre vontade, quer por pressão social,
financeira ou de organizações não governamentais. Atualmente, apontam os créditos de
carbono como sendo a moeda forte da atualidade.
Fala-se ainda, após o término do período de prova do Protocolo em 2012, na celebração
de um outro acordo, que vem sendo chamado de QUIOTO 2, com vigência a partir de
2013, onde estão sendo discutidas novas metas e novos mecanismos de redução da
emissão de poluentes no ambiente, conforme passaremos a discorrer.

1 O IPCC E A REALIDADE ATUAL

Em 1988, o programa da ONU para o Meio Ambiente criou o IPCC (Intergovernmental


Panel for Climate Change/Painel Intergovernamental sobre Mudanças Climáticas), para
analisar o impacto das mudanças climáticas no mundo. Foi neste momento que
governantes e cientistas se reuniram em Toronto, no Canadá, para iniciar a discussão
sobre o tema.
O referido Painel, formado por 2,5 mil cientistas, afirmava que a Terra já aqueceu 0,7ºC
desde a Revolução Industrial. Seguindo esta linha, o IPCC projetou cenários futuros que
preveem o aquecimento do planeta em pelo menos 1,8ºC até o final deste século.
Alarmados com a situação, em 1990, os cientistas afirmavam que seria necessário
reduzir 60% das emissões de CO2 na atmosfera para atingirmos níveis compatíveis de
sobrevivência. A ONU, então, passou a discutir a criação de uma Convenção sobre
Mudança Climática.
Em função disso, no Rio de Janeiro, em 1992 mais de 160 governos assinam a
Convenção-Quadro sobre Mudança Climática. O Brasil foi o primeiro a assiná-la.
Como consequência da entrada em vigor da Convenção-Quadro em 1994, começam a se
realizar as Conferência das Partes (COPs) a partir de 1995, com o objetivo não só de
discutir a questão do aquecimento global, mas de avaliar as ações realizadas durante o

2859
período por cada um dos participantes. Assim, nesta primeira conferência, ocorrida em
Berlim, na Alemanha, é proposto um protocolo de decisões sobre as obrigações listadas
na Convenção.
Em 1997 é adotado o Protocolo de Quioto, no Japão, intitulado como o mais importante
acordo ambiental feito pela ONU. Segundo ele, até 2012, trinta e oito países
industrializados precisam reduzir em 5,2% as emissões de gases de efeito estufa, entre
eles o CO2.

2. CONFERÊNCIA DAS PARTES E O PROTOCOLO DE QUIOTO

Pode-se dizer que a partir da Convenção-Quadro nas Nações Unidas sobre Mudança de
Clima ocorrida em 1992 estabeleceu-se um processo permanente de revisão, discussão e
troca de informações a respeito da implementação de projetos que buscassem a redução
da emissão de gases de efeito estufa na atmosfera, além de políticas de incentivo
adotadas pelos países com o objetivo de atingir os níveis buscados pelo Protocolo.
A primeira revisão da adequação dos compromissos dos países desenvolvidos ocorreu
na sessão da Conferência das Partes[5] (COP 1), em 1995, em Berlim. As partes
concluíram que o compromisso dos países desenvolvidos de voltar suas emissões para
os níveis de 1990, até o ano de 2000, era inadequado para atingir os objetivos traçados
pela convenção que consiste em impedir “uma interferência antrópica perigosa no
sistema climático”.
Após amplamente debatidas em oito sessões, durante dois anos e meio de negociações
internas, foram encaminhadas à COP3 para negociação final as proposições para um
protocolo. Por isso, em dezembro de 1997, em Quioto, no Japão, a Conferência
culminou no consenso de adotar tal Protocolo, segundo o qual os países industrializados
reduziriam suas emissões combinadas e gases de efeito estufa em pelo menos 5% em
relação aos níveis de 1990 no período compreendido entre 2008 e 2012.
As COPs seguiram realizando-se anualmente, delineadas pelos objetivos traçados na
Convenção-Quadro, buscando não só a discussão dos problemas climáticos mundiais,
mas inclusive a troca de experiências pela aplicação das políticas ambientais entre os
países envolvidos.
A COP 15 que ocorrerá em Copenhague, ainda este ano, terá como objetivo traçar um
acordo global para definir o que será feito para reduzir as emissões de gases de efeito
estufa após 2012.
O Protocolo foi aberto para assinaturas entre 16 de março de 1998 e 15 de março de
1999. Para entrar em vigor era necessário que fosse assinado por cinquenta e cinco
países. Entre esses, deviam somar cinquenta e cinco por cento (55%) das emissões de
dióxido de carbono em 1990, dentre as Partes do Anexo I do Protocolo.
A União Europeia já demonstrou seu apoio ao protocolo. Porém, os EUA se negam a
assiná-los. O país, entretanto, é o maior emissor dos gases venenosos. Eles desistiram
do tratado em 2001, alegando que o pacto era caro demais e excluía de maneira injusta
os países em desenvolvimento.
Contrariando tais preceitos, em 2002, o Parlamento Canadense aderiu ao documento,
dando maior força à entrada em vigor do instrumento. Mais adiante, em 2004,
finalmente houve a possibilidade da implementação do Protocolo através da adesão da
Rússia, segundo maior poluidor, responsável por 17% da emissão de gases poluentes.
Até então, apesar da adesão de cento e vinte e sete países, a soma de emissões era de
apenas 44%. Com a Rússia, esse índice chega a 61%. Por isso, o Protocolo de Quioto

2860
entrou em vigor em 16 de fevereiro de 2005, após a observância dos requisitos fixados
no artigo 25 do referido documento.
Mais recentemente, em fevereiro de 2009, a Turquia assinou o documento, após
aprovação em seu Parlamento. A Turquia havia se recusado anteriormente a assinar o
acordo, afirmando que primeiro precisava completar seu desenvolvimento industrial.
Porém, pressionado pela União Europeia (UE), o país finalmente concordou em assinar
o protocolo.
O preceito básico de Quioto é o da “responsabilidade comum, porém diferenciada” – o
que significa que todos os países têm responsabilidade no combate ao aquecimento
global, porém aqueles que mais contribuíram historicamente para o acúmulo de gases na
atmosfera (ou seja, os países industrializados) têm obrigação maior de reduzir suas
emissões.
Esse documento orienta as Partes do Anexo I[6] - países industrializados – a atingirem
as metas de redução de emissão de gases através da promoção do aumento da eficiência
energética, da proteção dos sumidouros e reservatórios, da agricultura sustentável, de
formas renováveis de energia, do uso de tecnologias de sequestro de carbono e do
implemento de políticas fiscais que impactem na redução da emissão de gases de efeito
estufa.
No caso dos países em desenvolvimento (incluindo o Brasil), estes não possuem
obrigações de redução das emissões, todavia, devem implementar sistemas de
desenvolvimento sustentável. São chamados de “Partes Não-Anexo I”.
Cabe a estes países relatar a aplicação das políticas ambientais, buscando discutir, trocar
experiências e combater a mudança do clima, bem como se adaptar aos seus efeitos.
Através do Protocolo, as partes do anexo I, ou seja, países desenvolvidos
comprometem-se com metas individuais e com vinculação legal de limitação ou
redução de suas emissões de gases de efeito estufa, que representam um corte total de,
pelo menos, 5% em relação aos níveis de 1990, no período de 2008-2012, primeiro
período do compromisso.
Eles foram criados para auxiliar as Partes do Anexo I a reduzir os custos de
cumprimento das suas metas de redução de emissões, realizando ou adquirindo reduções
de forma mais acessível em outros países.
As reduções das emissões dos gases devem acontecer em várias atividades econômicas,
especialmente nas de energia e transportes. Os países devem cooperar entre si por meio
de ações básicas. Dentre elas, podemos citar, de forma exemplificativa a reforma dos
setores de energia e transporte, promoção do uso de fontes energéticas renováveis,
eliminação de mecanismos financeiros e de mercado inadequados aos fins da
Convenção de Quioto, redução das emissões de metano no gerenciamento de resíduos e
dos sistemas energéticos e proteção de florestas e outros sumidouros de carbono.
O Protocolo também estabelece três mecanismos inovadores de flexibilização, criados
para auxiliar as Partes do Anexo I a reduzir os custos de cumprimento das suas metas de
redução de emissões, realizando ou adquirindo reduções de forma mais acessível em
outros países. São eles a implementação conjunta, o comércio de emissões e o
mecanismo de desenvolvimento limpo.
Primeiramente, definindo a Implementação Conjunta, dizemos que ela somente é
permitida entre os países do Anexo I. Neste caso, um país A implementa projetos que
levem à redução de emissões em um país B, na qual os custos com a redução sejam
mais baixos. A redução de cada tonelada de carbono equivalente gera uma URE, ou
seja, uma Unidade de Redução de Emissão.
Ainda falando de mecanismos que envolvem apenas países que compõem o anexo I,
temos o Comércio de Emissões. Este mecanismo permite que dois países sujeitos a

2861
metas de redução das emissões (países do Anexo I) façam um acordo pelo qual o país
A, que tenha diminuído suas emissões para níveis abaixo da sua meta, possa vender o
excesso das suas reduções para o país B, que não tenha alcançado tal condição. Aqui a
redução de cada tonelada de carbono equivalente gera uma UQA, ou seja, uma Unidade
de Quantidade Atribuída ou AAU (Assigned Amount Unit), que é o certificado de
negociação deste mecanismo.
Por fim, e aqui o mecanismo que especialmente nos interessa, temos o Mecanismo de
Desenvolvimento Limpo. Ele visa auxiliar os países não pertencentes ao Anexo I a
atingir o desenvolvimento sustentável pela promoção, por parte dos governos e das
empresas de países industrializados, de investimentos ambientalmente saudáveis nesses
países. Assim, os países do Anexo I poderão desenvolver projetos que contribuam para
o desenvolvimento sustentável de países em desenvolvimento de modo a ajudar na
redução de suas emissões e, ao mesmo tempo, buscando atingir a sua meta estabelecida
no Protocolo. Este é o único instrumento que prevê a participação dos países em
desenvolvimento. Essas iniciativas gerariam créditos para os países do Anexo I, e, ao
mesmo tempo, ajudariam os países em desenvolvimento, pois estes se beneficiariam de
recursos financeiros e tecnológicos adicionais para financiamento de atividades
sustentáveis e da redução de emissões globais.
Esse mecanismo foi implementado a partir do Princípio do Poluidor-Pagador, onde se
prevê a cobrança de uma taxa daquele que polui e a destinação dos recursos
provenientes dessa taxa para alguma iniciativa de correção daquela poluição. É o que
chamamos de “direito de poluir”.
Este princípio, dentre os vários princípios que norteiam o direito ambiental, destaca-se,
não só pela sua importância, mas principalmente por trazer uma imagem de
complementariedade em relação aos demais, visto que é a partir desse entendimento que
se estabelece a responsabilidade civil do agente causador da poluição ou degradação do
ambiente.
Nesse sentido, a lei de política nacional de meio ambiente – Lei 6938/81 – já previu em
seu artigo 4º, inciso VII[7] – o dever de indenizar os danos causados ao meio ambiente,
consolidando o princípio aqui referenciado.
Igualmente a nossa Constituição Federal de 1988, em seu artigo 225, parágrafo 3º [8]
tratou de recepcionar o princípio, estendendo a responsabilidade do campo civil para o
administrativo e penal.
Mais recentemente a Declaração do Rio sobre Meio Ambiente e Desenvolvimento, em
seu Princípio 16[9] fez previsão expressa de tal preceito. Segunda a Declaração, o
poluidor deve arcar com o custo social decorrente da poluição por ele gerada, devendo,
ainda, o Estado promover esse ressarcimento tendo sempre em vista os interesses
públicos, sem, contudo, distorcer os seus objetivos.
Com isso, busca evitar o que chamamos de pagamento pela autorização de poluir. Isto
porque, o objetivo é exatamente o contrário. O princípio visa coibir a poluição tendo em
vista o alto custo para tanto. Portanto, determina ao poluidor que internalize o custo
social da poluição por ele gerada. Estabelece-se uma conexão, agregando-se o custo
ambiental ao preço do produto. Benjamin, com o qual concordamos, assim entende,
afirmando que se busca fazer com que os agentes que originaram as externalidades
assumam os custos impostos a outros agentes, produtores e/ou consumidores,[10] nesse
caso, entendendo-se por externalidades os efeitos externos da sua atividade poluidora.
Dessa forma, esses custos devem ser internalizados, passando a constituir parte da
cadeia produtiva do produto, repercutindo no seu custo final, que vai de encontro ao
entendimento aqui defendido. Pretende-se, ao contrário, evitar a privatização do lucro e
a socialização das perdas. Nesse mesmo sentido, Canotilho afirma que referido

2862
princípio estabelece que os danos ambientais devam ser suportados pelos poluidores e
não pelos contribuintes. [11]
Ainda nesta seara, Tessler[12] esclarece que outro fator a ser considerado é que o
produtor tem a pretensão de repassar o custo da internalização para o produto, porém é
necessário seja observada a viabilização de sua produção e comercialização, a fim de
que o mesmo não perca a competitividade no mercado, acabando por impedir a
atividade. Porém, tal posicionamento não condiz com o aqui defendido, pois, se a
atividade praticada é de tal forma poluidora, que seu produto não consiga arcar com tal
responsabilidade ambiental, cabe a suspensão dessa atividade seguida de estudos que o
tornem viável, evitando, com isso, que a sociedade seja duplamente penalizada – pelo
preço a ser pago e a degradação gerada.
O princípio do poluidor-pagador, assim, pode ser entendido como um mecanismo de
alocação da responsabilidade pelos custos ambientais associados à atividade econômica.
Em essência, portanto, este princípio fornece o fundamento dos instrumentos de política
ambiental de que os Estados lançam mão para promover a internalização dos custos
ambientais vinculados à produção e comercialização de bens e serviços. [13]
É também denominado princípio da responsabilidade, em função de seu caráter, já que
visa coibir a produção de danos ao meio através da responsabilização econômica pela
lesão que venha a causar ou que já tenha causado. É considerada a parcela de
responsabilidade de cada indivíduo na tarefa de manutenção da biodiversidade,
conservação de recursos e saúde humana principalmente. O seu conceito pode ser
traduzido pela conexão que deve ser feita com a integração do custo ambiental ao preço
dos produtos. [14]
Enfrentando o cerne da questão, Canotilho afirma ser uma ideia fundamentalmente
equivocada pensar que o poluidor-pagador tem uma natureza exclusivamente curativa e
não preventiva, ou seja, uma vocação para intervir a posteriori e não a priori. O autor
português atribui ao princípio do poluidor-pagador a precaução, a prevenção e a
redistribuição dos custos da poluição. Ou seja, é através desse princípio que, com maior
eficácia ecológica, com maior economia e equidade social, consegue-se realizar o
objetivo da proteção ao ambiente. [15]
Deve-se, assim, observar que, independentemente de sua natureza, as regras de
responsabilidade civil pela reparação de danos ambientais não são hábeis a promover
uma completa internalização dos custos de reparação do meio ambiente degradado. De
fato, a aplicação dessas regras em diversos casos sugere que o poluidor se torna
responsável tão-somente por uma parcela dos custos associados à reparação do dano
ambiental. Esse princípio, por isso, funciona como uma ferramenta que permite aos
Estados conduzirem os atores econômicos a arcar com todos os custos dos impactos
negativos da produção de bens e serviços mesmo antes que estes venham a ocorrer. [16]
Seguindo essa mesma linha de entendimento Benjamin, assim apresenta o princípio do
poluidor-pagador:
O princípio do poluidor-pagador não é um princípio de compensação dos danos
causados pela poluição. Seu alcance é mais amplo, incluídos todos os custos da proteção
ambiental, e ‘quaisquer que eles sejam’, abarcando, a nosso ver, os custos da prevenção,
de reparação e de repressão do dano ambiental, assim como aqueles outros relacionados
com a própria utilização dos recursos ambientais, particularmente os naturais, que ‘têm
sido historicamente encarados como dádivas da natureza, de uso gratuito ou custo
marginal zero.[17]
Nesse sentido, entendemos que se deve pensar nesse princípio com a concepção da
cidadania ecológica. Essa cidadania busca reparar a degradação produzida, que
aproveita à sociedade como um todo. Visa antes evitar a produção de danos e não

2863
apenas compensar os danos já causados, cabendo aqui observar sua comunicação com o
princípio da precaução e da prevenção.
Desse modo, percebe-se o motivo pelo qual, seguindo esse pensamento, o princípio em
tela divide-se em dois aspectos: o primeiro é aquele com caráter preventivo, que visa
coibir a concretização do dano; o segundo, de caráter reparatório, visando à
reconstituição do bem atingido.
Assim, como resultado, incumbe ao poluidor a obrigação de arcar com o ônus tanto da
prevenção/precaução para que o dano não ocorra, quanto para o ressarcimento caso
venha a ocorrer. É encarado como um ônus inerente à atividade desenvolvida, seja ela
apenas potencialmente ou efetivamente poluidora. Sob o primeiro aspecto, deve o
poluidor arcar com as consequências provenientes das atividades por ele desenvolvidas,
devendo ser acionados mecanismos que sirvam para minimizar ou neutralizar, se
possível, os danos que serão produzidos pela sua conduta. O segundo, é a reparação
após a ocorrência do dano. Nesse plano, já não existem condutas possíveis para evitar a
produção do dano. Sua efetivação ocorreu em momento anterior. A partir daí, existem
duas formas de repará-lo, conforme já anteriormente referido: o retorno ao status quo
ante ou a indenização em pecúnia.
Não está contido, conforme já explanamos acima, em sua definição a permissão aos
poluidores de condutas lesivas mediante o pagamento de determinada soma em
dinheiro. Constitui-se, sim, na imputação do custo da lesão ao ambiente e àqueles aos
quais tenham sido atingidos em virtude dessa conduta. A permissão ou o direito de
poluir, além de serem constitucionalmente vedados, ferem não só este princípio, mas
todos os outros aqui já referidos, já que os caminhos até agora apresentados apontam
para a preservação e a conservação da biodiversidade.
Dessa forma, o princípio do poluidor-pagador vem a induzir os Estados a promover uma
melhor alocação dos custos de prevenção e controle da degradação do ambiente, razão
pela qual sua aplicação é considerada como parte integrante da orientação geral do
direito ambiental, buscando, com isso, evitar episódios de interferências do ambiente.
[18]
Essa imagem vem ao encontro ao que busca o MDL - Mecanismo de Desenvolvimento
Limpo, que nasceu de uma proposta brasileira à Convenção Quadro das Nações Unidas
sobre Mudança do Clima (CQNUMC).
Trata, assim, do comércio de créditos de carbono baseado em projetos de sequestro ou
mitigação. O Mecanismo de Desenvolvimento Limpo é um instrumento de
flexibilização que permite a participação no mercado dos países em desenvolvimento,
ou nações sem compromissos de redução, como o Brasil.
O objetivo, então, seria estimular a produção de energia limpa, como a solar e a gerada
a partir da biomassa, e remover os gases de efeito estufa da atmosfera.
A redução de cada tonelada de carbono equivalente gera uma RCE, ou seja, uma
unidade de Redução Certificada de Emissões.
Neste caso, os países que não conseguissem atingir suas metas teriam liberdade para
investir em projetos MDL de países em desenvolvimento. Através dele, países
desenvolvidos comprariam créditos de carbono, em tonelada de CO2 equivalente, de
países em desenvolvimento responsáveis por tais projetos.
A maior parte dos projetos MDL realizados no Brasil se refere às áreas de energia
renovável, com destaque para pequenas centrais hidrelétricas (PCHs), biomassa de
reservas florestais e de cana-de-açúcar; aterros sanitários e fazendas de suínos, de
acordo com o coordenador da comissão.

2864
Na forma dos dados da Organização das Nações Unidas (ONU), o número de projetos
registrados no Conselho Executivo do MDL totaliza 1.197 em todo o mundo, dos quais
146 estão no Brasil.
A região Sudeste lidera com o maior número de projetos, com destaque para os estados
de São Paulo (21% do total nacional) e Minas Gerais (14%). Em seguida, em termos de
participação nacional, aparecem Mato Grosso e Rio Grande do Sul, com 9% cada.
Importa salientar que é possível a utilização das reduções certificadas de emissões neste
mecanismo que tenham sido obtidas durante o período compreendido entre 2000 e 2008
para auxiliar no cumprimento da redução estabelecida durante o período de prova entre
2008 e 2012.

3 UM PROTOCOLO PÓS-QUIOTO

Estudos científicos passaram a levantar suspeitas de que a temperatura média do planeta


estaria aumentando. A partir dessas suspeitas, o Programa das Nações Unidas Para o
Meio Ambiente (PNUMA) e a Organização Metereológica Mundial criaram o IPCC
(Painel Intergovernamental sobre Mudanças Climáticas, sigla em inglês).
Estes cientistas afirmaram que a mudança climática, provocada principalmente pela
poluição de origem humana, iria causar secas, inundações, elevação do nível dos mares,
ondas de calor e epidemias, entre outros resultados.
Foram as conclusões destes estudos do IPCC sobre mudanças climáticas que deram
apoio científico à Framework Convention on Climate Changes (Convenção-Quadro das
Nações Unidas Sobre a Mudança do Clima), a qual foi assinada por cerca de cento e
setenta e cinco países, durante a Conferência do Rio em 1992, conhecida como a ECO
92.
Com o surgimento dessa Convenção, também conhecida como FCCC, seus países
signatários passaram a reunir-se periodicamente para discutir e tentar solucionar o
aumento da temperatura da Terra.
Concluindo que a principal causa das mudanças climáticas pelas quais passa o planeta é
o aumento da concentração de gases que provocam o efeito estufa, a Conferência das
Partes chegou à proposta do Protocolo de Quioto.
É nesse Protocolo que os países em desenvolvimento, e que mantêm, ao menos
relativamente, preservados os seus recursos naturais, podem passar a se inspirar para
desenvolver projetos visando sustentabilidade social e ambiental.
Em essência, o Protocolo veio a formalizar o entendimento de que aquele que,
historicamente, vem causando maiores danos ao ambiente deve assumir financeiramente
uma parcela maior nestas consequências. Dessa forma, quem mais poluiu desde a
Revolução Industrial (os países que hoje são chamados desenvolvidos) deverá recompor
os danos causados ao ambiente, ou compensar essa falta investindo, por exemplo, na
recuperação e manutenção de áreas verdes, cuja maior parte ainda está nos países
pobres, ditos em desenvolvimento.
Considerando a incalculável quantidade de gases de efeito estufa já emitida por esses
países no decorrer das décadas, é simples imaginar que a conta do prejuízo é bastante
alta. Assim, como forma de mitigar esse ressarcimento, o Protocolo de Quioto
disseminou a concepção do Mecanismo de Desenvolvimento Limpo (MDL) e das RCEs
(Redução Certificada de Emissões).
O objetivo do MDL é a busca de alternativas de tecnologias limpas (não-poluidoras)
como, por exemplo, a geração de energia, reduzindo as emissões de CO2 na atmosfera.
Há também os projetos voltados para a área florestal, que devem ajudar a diminuir os

2865
gases de efeito estufa presente na atmosfera pela absorção feita pela vegetação através
da fotossíntese. Tais procedimentos são o que chamamos de "sequestro do carbono". Ou
seja, é uma certificação pela quantidade de poluentes que deixará de ser emitida na
atmosfera.
Os RCEs são emitidos por organizações credenciadas e corresponderão a reduções que
decorram da implementação de um projeto. Sem a existência do referido projeto as
emissões alcançariam níveis bem mais elevados. Assim, como forma de quantificação,
cada crédito equivale a uma tonelada de dióxido de carbono.
Para entender o que significam o MDL e as RCEs é preciso ter clara a divisão existente
entre os países, e que ficou estabelecida no Protocolo de Quioto. Eles estão divididos
em dois grupos: os que precisam reduzir suas emissões de poluentes – países
desenvolvidos – e aqueles que não estão obrigados a tais reduções – países em
desenvolvimento. Exemplificando a questão: o Brasil, assim como outros países em
desenvolvimento que não precisam diminuir suas emissões de gases de efeito estufa,
pode comercializar a redução realizada através dos créditos de carbono obtidos através
das RCEs.
Devido ao fato de nos encontrarmos no período de prova que teve início em 2008, as
transações internacionais ao redor dos créditos de carbono já estão acontecendo e
continuam crescendo. No início de julho de 2006, a Holanda já havia enviado um
representante do seu Ministério do Ambiente e Desenvolvimento Urbano para negociar
créditos de carbono com governo e empresários brasileiros. A Holanda é um dos 39
países que estão obrigados pelo Protocolo de Quioto a reduzir, de 2008 a 2012,
emissões de dióxido de carbono e outras substâncias nocivas a um índice 5% menor do
que o índice global registrado em 1990.
A iniciativa holandesa pode render 250 milhões de Euros, que serão destinados à
redução de 200 milhões de toneladas de carbono. É certo que os países que têm tomado
a dianteira nessas transações financeiras internacionais estão em vantagem sobre os
demais.
Dentre os segmentos do mercado que poderão se beneficiar do comércio destes créditos
estão os projetos de recuperação de aterros sanitários, de gás de auto-fornos, biodigestor
e outros gases; as formas de energias limpas (biomassa, solar, eólica); a troca de
combustíveis; a eficiência energética e eficiência em transporte; as
melhorias/tecnologias industriais, como cimento, petroquímica, fertilizantes; além dos
projetos florestais.
Citando alguns dos objetivos finais estabelecidos pela mitigação dos gases de efeito
estufa temos a redução na emissão de gases de efeito estufa/aumento da remoção de
CO2; investimento em tecnologias mais eficientes, substituição de fontes de energia
fósseis por renováveis, racionalização do uso da energia além do florestamento ou
reflorestamento.
Apesar de todos os esforços neste sentido, de acordo com levantamento realizado pelas
comissões do IPCC, as emissões de gases de efeito estufa dos países mais
industrializados cresceram 2,3% entre 2000 e 2006, em plena vigência do Protocolo de
Quioto, que estabelece que os países cortem em média 5,2% suas emissões em relação
aos índices registrados em 1990.
A maior fatia de crescimento veio do antigo bloco soviético e do Canadá. O estudo das
Nações Unidas mostra que particularmente no ano de 2006 houve uma redução de
0,1%, mas o próprio secretário-geral da ONU informa que essa queda é estatisticamente
insignificante.
Estudos econômicos baseados em cenários futuros têm sido cada vez mais necessários
para uma compreensão de longo prazo. Por isso, já estão ocorrendo reuniões desde 2007

2866
que buscam discutir as novas metas para um acordo que entrará em vigor em 2013, após
o término de Quioto, que deverá ocorrer em 2012. Esse tratado, que deverá substituir o
Protocolo, está sendo chamado de “Quioto 2”.
Um dos pontos mais importantes e polêmicos nestas discussões diz respeito aos países
em desenvolvimento, que não foram incluídos nas metas estabelecidas por Quioto.
Neste segundo momento, deverão adotar compromissos semelhantes aos dos países
desenvolvidos.
Também entra em discussão um mecanismo para reduzir o desmatamento nas florestas
tropicais, como a Amazônica. A ideia é oferecer incentivos econômicos em troca da
preservação das matas. Além disso, outros três tópicos devem ser contemplados neste
acordo: adaptação à mudança climática, financiamento aos países em desenvolvimento
e transferência de tecnologia dos países desenvolvidos aos países em desenvolvimento.
Além de estabelecer estas metas para um novo acordo, discute-se a eficácia deste
Protocolo, ainda em vigência. Isto porque, ainda temos três anos para sua vigência,
período essencial para o seu cumprimento. Deste período, importa trazermos à
discussão as experiências positivas obtidas neste período, a fim de aperfeiçoarmos os
instrumentos a serem adotados.
Espera-se, ainda, que Quioto 2 traga mais rigidez e abrangência. A inclusão de metas
também para os países em desenvolvimento são indícios de tal política. Ainda, o
incentivo, através de financiamento, para os países em desenvolvimento, bem como a
cooperação entre as nações através de transferência de tecnologia são caminhos a serem
tomados, almejando o restabelecimento do meio, na busca por um equilíbrio ambiental.

CONSIDERAÇÕES FINAIS

O mundo, assustado pelos sinais cada vez mais evidentes e alertado pelos cientistas,
coloca em pauta a discussão a cerca do aquecimento global. Nesta senda, busca, através
da Convenção-Quadro sobre Mudança Climática estabelecer objetivos mais concretos
para o problema. Isto ocorreu através da fixação de conferências anuais, nas quais
debatiam soluções para a questão do aquecimento global e o futuro das atividades
humanas de exploração ao meio ambiente.
Decorrente destas conferências, nasceu o Protocolo de Quioto, cujo objetivo foi
estabelecer políticas ambientais aos países signatários, bem como estabelecer àqueles
que historicamente poluíram mais, metas de redução de emissão de gases na atmosfera.
Para tanto, foram estabelecidos mecanismos de flexibilização, através dos quais seria
permitido tanto aos países desenvolvidos alcançar as metas propostas de redução quanto
aos países em desenvolvimento participarem deste processo, através de investimentos
em políticas e ações ambientais nestes países.
É dessa forma que o referido Protocolo veio a propor novas políticas e ações que
buscassem, primordialmente, a redução de emissões de gases de efeito estufa e, como
resultado, a diminuição dos efeitos do aquecimento global, proporcionando um meio
ambiente saudável e habitável.
Entretanto, o período de prova do referido instrumento que teve seu marco inicial em
2008, esgota-se em 2012. Por isso, já estão ocorrendo reuniões desde 2007 que buscam
discutir as novas metas para um acordo que entrará em vigor em 2013, após o término
de Quioto. Esse tratado, que deverá substituir o Protocolo, está sendo chamado de
“Quioto 2”.

2867
Um dos pontos mais importantes e polêmicos nestas discussões diz respeito aos países
em desenvolvimento, que não foram incluídos nas metas estabelecidas por Quioto.
Neste segundo momento, deverão adotar compromissos semelhantes aos dos países
desenvolvidos.
Também entra em discussão um mecanismo para reduzir o desmatamento nas florestas
tropicais, como a Amazônica. A intenção é oferecer incentivos econômicos em troca da
preservação das matas. Além disso, outros três tópicos devem ser contemplados neste
acordo: adaptação à mudança climática, financiamento aos países em desenvolvimento
e transferência de tecnologia dos países desenvolvidos aos países em desenvolvimento.
Assim, espera-se que Quioto 2 traga mais rigidez e abrangência que o acordo anterior. A
inclusão de novas metas e objetivos são indícios de tal política. O próprio incentivo,
através de financiamento, para os países em desenvolvimento, bem como a cooperação
entre as nações através de transferência de tecnologia são de primordial importância,
implementando uma política de cooperação global, visando, além do equilíbrio
ambiental, o seu restabelecimento.

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

- AL GORE. Uma verdade Inconveniente. São Paulo: Manole, 2006.

- ARAÚJO, Antônio Carlos Porto. Como comercializar créditos de carbono. São Paulo:
Trevisan Editora, 2006.

- BENJAMIM, Antônio Herman. Dano Ambiental, Reparação e Repressão. São Paulo:


Revista dos Tribunais, 1993.

- CALSING, Renata de Assis. O Protocolo de Quioto e o Direito do desenvolvimento


sustentável. Porto Alegre: Sergio Antronio Fabris, 2005.

- CANOTILHO, José Joaquim Gomes. Introdução ao Direito do Ambiente. Lisboa:


Universidade Aberta, 1998.

- CAPRA, Fritjof. Alfabetização Ecológica. São Paulo: Cultrix, 2006.

- KISS, Alexandre. Direito internacional do ambiente. In: TEXTOS. Lisboa: Centro de


Estudos Judiciários, 1996.

- PRADO, Luiz Regis. Direito Penal do Ambiente: meio ambiente, patrimônio cultural,
ordenação do território e biossegurança (com análise da Lei 11.105/2005). São Paulo:
Revista dos Tribunais, 2005.

- SAMPAIO, José Adércio Leite; WOLD, Chris; NARDY, Afrânio José Fonseca.
Princípios de Direito Ambiental. Belo Horizonte: Del Rey, 2003.

- SCHMIDT, Larissa. Os princípios Ambientais e a sua aplicabilidade no Direito


Brasileiro. Disponível em:
http://www.mp.rs.gov.br/hmpage/homepage2.nsf/pages/caoma_IIcong_ teseIV. Acesso
em: 01/09/2009.

2868
- SISTER, Gabriel. Mercado de Carbono e Protocolo de Quioto. Campus Jurídico,
2007.

- TESSLER, Luciane Gonçalves. O princípio do poluidor pagador como parâmetro para


a mensuração da multa coercitiva na prestação da tutela inibitória ambiental. Revista de
Direito Processual Civil. Curitiba: Gênesis, v. 23, 2002.

[1] PRADO, Luiz Regis. Direito Penal do Ambiente: meio ambiente,


patrimônio cultural, ordenação do território e biossegurança (com análise da Lei
11.105/2005). São Paulo: Revista dos Tribunais, 2005, p. 65.
[2] KISS, Alexandre. Direito internacional do ambiente. In: TEXTOS. Lisboa:
Centro de Estudos Judiciários, 1996, p. 82.
[3] CALSING, Renata de Assis. O Protocolo de Quioto e o Direito do
desenvolvimento sustentável. Porto Alegre: Sergio Antônio Fabris, 2005, p. 75.
[4] CALSING, op. cit., p. 118.
[5] Conferência das Partes (COP): é o “órgão supremo” da Convenção, ou seja,
a autoridade mais alta na tomada de decisões. É uma associação de todos os países que
ratificara ou aceitaram as convenções. A COP revisa a implementação da Convenção e
examina os compromissos das Partes à luz do objetivo da Convenção das novas
descobertas científicas e da experiência adquirida na implementação das políticas de
mudança de clima. A COP reúne-se todo ano, a menos que as partes decidam ao
contrário, em uma das cinco regiões reconhecidas pelas Nações Unidas.
[6] Os países listados no Anexo I são os países industrializados que mais
contribuíram no decorrer da história para a mudança do clima. São eles: Alemanha,
Austrália, Áustria, Belarus, Bélgica, Bulgária, Canadá, Comunidade Européia, Croácia,
Dinamarca, Eslováquia, Eslovênia, Espanha, EUA, Estônia, Federação Russa,
Finlândia, França, Grécia, Hungria, Irlanda, Islândia, Itália, Japão, Letônia,
Liechtenstein, Lituânia, Luxemburgo, Mônaco, Noruega, Nova Zelância, Países Baixos,
Polônia, Portugal, Reino Unido da Grã-Betanha e Irlanda do Norte, República Tcheca,
Romênia, Suécia, Turquia, Ucrânia.
[7] “Art. 4º - A Política Nacional do Meio Ambiente visará: VII - à imposição,
ao poluidor e ao predador, da obrigação de recuperar e/ou indenizar os danos causados,
e ao usuário, de contribuição pela utilização de recursos ambientais com fins
econômicos.”
[8] “Art. 255. § 3º. As condutas e atividades consideradas lesivas ao meio
ambiente sujeitarão os infratores, pessoas físicas ou jurídicas, a sanções penais e
administrativas, independentemente da obrigação de reparar os danos causados.”
[9] “Princípio 16. Tendo em vista que o poluidor deve, em princípio, arcar com
o custo decorrente da poluição, as autoridades nacionais devem procurara promover a
internalização dos custos ambientais e o uso de instrumentos econômicos, levando na
devida conta o interesse público, sem distorcer o comércio e os investimentos
internacionais.”
[10] BENJAMIM, Antônio Herman. Dano Ambiental, Reparação e Repressão.
São Paulo: Revista dos Tribunais, 1993. p. 227.
[11] CANOTILHO, José Joaquim Gomes. Introdução ao Direito do Ambiente.
Lisboa: Universidade Aberta, 1998, p. 41.
[12] TESSLER, Luciane Gonçalves. O princípio do poluidor pagador como
parâmetro para a mensuração da multa coercitiva na prestação da tutela inibitória
ambiental. Revista de Direito Processual Civil. Curitiba: Gênesis, v. 23, 2002. p. 81.

2869
[13] SAMPAIO, José Adércio Leite; WOLD, Chris; NARDY, Afrânio José
Fonseca. Princípios de Direito Ambiental. Belo Horizonte: Del Rey, 2003, p. 23.
[14] SCHMIDT, Larissa. Os princípios Ambientais e a sua aplicabilidade no
Direito Brasileiro. Disponível em:
http://www.mp.rs.gov.br/hmpage/homepage2.nsf/pages/caoma_IIcong_teseIV. Acesso
em: 01/09/2009. p. 10.
[15] CANOTILHO,op. cit., p. 51.
[16] SAMPAIO, op. cit., p. 23.
[17] BENJAMIM, op. cit., p. 231.
[18] SAMPAIO, op. cit., p. 25.

2870

Você também pode gostar