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RESUMO
Este trabalho faz a quantificação dos gases de efeito estufa – GEE´s conforme as premissas e metodologias
do Painel Intergovernamental sobre Mudança Climática (IPCC) e da Norma Brasileira de Mudanças
Climáticas – ABNT NBR ISO 14064 para elaboração e identificação das fontes e o cálculo das emissões
de GEE´ de uma mineradora de granito, onde as variáveis do plano de mineração permitiram o
desenvolvimento do Inventário das Emissões de Gases de Efeito Estufa.
APRESENTAÇÃO
O Inventário das Emissões de Gases de Efeito Estufa é o procedimento consagrado para identificação das
fontes e o cálculo das emissões de GEE´s em nível mundial, nacional ou individual. É o ponto de partida
na gestão de metas nacionais. Com as metas estabelecidas na Política Nacional para Mudança do Clima se
torna necessário conhecer, monitorar e verificar as emissões por setores de atividade. O Inventário das
Emissões de GEE´s é um instrumento gerencial, que permite quantificar as emissões de efeito estufa. Neste
caso iremos analisar uma empresa do setor de produção mineral de granito para a produção de britas no
município de Eldorado do Sul, RS.
O dióxido de carbono (CO2), o metano (CH4) e o óxido nitroso (N2O) são os principais GEE´s. O
CO2 perdura na atmosfera por até 1.000 anos, o CH4 por cerca de 10 anos, e o N2O por aproximadamente
120 anos. Com base em um cálculo de 20 anos, o CH4 é 80 vezes mais potente do que o CO2 como causa
do aquecimento global, e o N2O é 280 vezes mais potente. A elaboração dos Inventários de GEE´s servem para:
(1) Adequação às exigências dos clientes, seja por suas metas e estratégias de sustentabilidade, da política de
ESG, ou da legislação ambiental; (2) Reportar os dados de emissões do fornecedor, e que esses possam ser
incorporados em seus inventários; e (3) Melhorias na eficiência operacional e energética. Os benefícios que os
Inventários de GEE´s podem trazer são: (1) Abertura de novos clientes e mercados; (2) Oportunidade de melhoria na
competitividade por meio dos indicadores reportados; (3) Oportunidades de redução de custos; (4) Melhoria dos
indicadores de desempenho operacional e energético; e (5) Possibilidade de participação no mercado de créditos de
carbono.
A coleta de informações e a gestão destes indicadores serve para auxiliar na melhoria da tomada de
decisões, de forma a garantir visibilidade, controle e segurança para informações estratégicas da
mineradora. Os gases inventariados neste estudo foram os três principais: (1) Dióxido de carbono – CO2;
(2) Metano – CH4; e (3) Óxido nitroso – N2O), convertidos em CO2 equivalente (CO2e). Cada GEE possui
um Potencial de Aquecimento Global (PAG) associado, que é a medida métrica de quanto cada gás
contribui para o aquecimento global. O PAG foi definido na decisão 2/COP 3, ou conforme revisado
subsequentemente de acordo com o artigo 5, sendo um valor relativo que compara o potencial de
aquecimento de uma determinada quantidade de gás com a mesma quantidade de CO2 que, por
padronização, tem PAG de valor igual a 1, já o CH4 tem PAG igual a 25, e o N2O igual a 298. O inventário
apresentado considerou as emissões de CO2, CH4 e N2O de acordo com as fontes de emissão mapeadas e a
disponibilidade de dados. Adicionalmente, o inventário também computou as emissões de CO 2 de origem
renovável como fonte de energia comprada para a mineradora.
TECNOLOGIA DE LAVRA & BENEFICIAMENTO
Em relação aos dados básicos de engenharia, para o projeto da mina destacamos os seguintes: (1) Material:
granito; (2) Previsão da operação: 240 dias/ano; (3) Turno diário: 8horas/dia; (4) Produção anual: até 1,0
MTPA; (5) Sistema de mineração: desmonte com explosivos e operação de escavadeiras e caminhões; e (6)
Sistema de beneficiamento: britagem em 3 estágios com classificação em peneiras vibratórias.
As EMISSÕES DIRETAS são emissões geradas a partir de fontes pertencentes ou controladas pela
mineradora. No Escopo 1 foram consideradas as GEE´s da própria empresa (emissões físicas), incluídas as
emissões da queima de combustíveis, dos processos de fabricação nas usinas de solos e de asfalto, e de
transporte na propriedade da empresa. As emissões contabilizadas no Escopo 1 foram subdivididas em: (1)
Combustão estacionária; (2) Combustão móvel; (3) Geração própria de energia; (4) Uso de explosivos; (5)
Emissões decorrentes dos processos produtivos; (6) Emissões fugitivas; (7) Emissões provenientes de
resíduos sólidos e efluentes; (8) Emissões do solo exposto pela descobertura, tratamento e correção de solos,
e recuperação das áreas degradadas.
As EMISSÕES INDIRETAS são emissões geradas em fontes pertencentes ou controladas por outra
empresa, mas que interferem nas atividades da empresa responsável pelo Inventário. No Escopo 2 foram
consideradas as emissões indiretas de GEE por uso de energia, considerando energia elétrica e/ou vapor.
De forma resumida temos: (1) Abordagem baseada na localização da mineradora; e (2) Abordagem baseada
na aquisição de energia elétrica, com as emissões de GEE provenientes da geração de energia adquirida de
terceiros, sendo consumida pela empresa, mas compradas no mercado livre.
O Escopo 3 das outras emissões de GEE indiretas, ou seja, todas as demais fontes de emissões de GEE
possivelmente atribuíveis à atividade da empresa. Por exemplo: viagens de funcionários e transporte de
produtos em veículos não pertencentes à empresa, terceirização de atividades núcleo e atividades de
gerenciamento/descarte de resíduos fora do estabelecimento, e etc. Destacamos que esta etapa, não foi
considerado no presente estudo realizado, sendo prevista sua realização numa próxima etapa. Mas deverá
envolver: (1) Transporte e distribuição fora da propriedade; (2) Resíduos sólidos gerados nas operações;
(3) Viagens a negócios de colaboradores; e (4) Viagens de deslocamento dos colaboradores (casa-trabalho).
RESULTADOS DO INVENTÁRIO
A identificação e quantificação dos GEE´s foram realizadas utilizando: (1) As premissas e metodologias de
quantificação do Painel Intergovernamental sobre Mudança Climática (IPCC) da ONU; e (2) A Norma
Brasileira de Mudanças Climáticas – ABNT NBR ISO 14064. A Tabela 01 apresenta os dados de produção
dos materiais por tipo de materiais existentes na mineradora considerando os anos base de 2010, 2015 e
2020.
A Tabela 02 apresenta os valores mínimos e máximos para os fatores de emissão por tipo de escopo do
inventário.
Com os fatores de emissão utilizados e a produção total de ROM temos o seguinte perfil de estimativa de
emissões de GEE´s para os casos do Escopo 1 e 2, no caso da mineradora de granito em Eldorado do Sul,
RS: (1) Emissão mínima de 0,00197 tonCO2e/ton ROM; e Emissão máxima de 0,00203 tonCO2e/ton ROM.
A Tabela 03 e Tabela 04 apresentam os valores obtidos das emissões de GEE’s para os anos base utilizados
neste estudo conforme o escopo do inventário e o total calculado.
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS