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EVENTOS
Metodologia Neutralize Carbono para
mensuração, relato, neutralização e verificação de
emissões de gases de efeito estufa de eventos
Versão 01
Agosto de 2016
Sumário
1 Introdução.......................................................................................................... 2
2 Glossário ............................................................................................................ 4
3 Aplicabilidade..................................................................................................... 6
4 Objetivo da metodologia ................................................................................... 7
5 Orientação aos legisladores e formuladores de políticas públicas para gestão
de emissões de GEE em eventos .............................................................................. 7
6 Conceitos chave para mensuração e relato de emissões de GEE em eventos.. 8
6.1 Gases de efeito estufa ........................................................................................... 8
6.2 Princípios ............................................................................................................... 8
6.3 Natureza das emissões ........................................................................................ 10
6.4 A questão da dupla contagem no relato de emissões ........................................ 11
7 Fontes de dados, parâmetros e metodologias de elaboração de inventários de
emissões de GEE ..................................................................................................... 12
8 Método de mensuração e relato de emissões de GEE em eventos ................ 13
8.1 Definição dos limites do relato............................................................................ 14
8.2 Identificação de atividades, fontes de emissão de GEE, classificação quanto à
natureza e exclusão de fontes......................................................................................... 15 1
O inventário de emissões com foco em uma atividade corporativa tem os escopos definidos 2
com base na opção de relatar emissões por controle operacional ou participação societária,
conforme descrito nas Especificações do Programa Brasileiro GHG Protocol.
A pegada de carbono aborda as emissões de um produto em termos do seu ciclo de vida,
buscando compreender o balanço de emissões de cada etapa da vida de um produto, desde a
extração dos recursos naturais, passando por questões logísticas, energéticas e de processo,
até o uso e descarte final do produto.
Como se pode depreender, um evento tem características peculiares que fazem com que
nenhuma dessas técnicas disponíveis seja perfeitamente adequada para calcular suas
emissões. Ao se utilizar uma abordagem de inventário de emissões corporativo não é possível
relatar a maior parte das emissões que ocorrem por motivação exclusiva da existência do
evento. Por outro lado, o uso da técnica de pegada de carbono, resultará em uma
complexidade enorme, já que não é trivial definir o que são os insumos e produtos de um
evento.
Essa metodologia é resultado de uma extensa análise de especialistas com vista a oferecer,
abertamente, elementos metodológicos que permitam aos organizadores e promotores de
eventos de qualquer porte relatar as emissões de forma robusta e sistemática, de maneira a
permitir que se desenvolvam estratégias com base em informação sólida e consistente acerca
das emissões de eventos.
A principal novidade dessa metodologia em relação às outras abordagens, e que a faz
pertinente aos eventos, é a classificação de emissões de forma a compreender quais ocorrem
apenas em razão da existência do evento (exclusivas) e quais ocorreriam mesmo que o evento
não fosse realizado (não exclusivas). A classificação entre emissões exclusivas e não exclusivas
do evento é o conceito central que pautou o desenvolvimento dessa metodologia com o
propósito específico de orientar a elaboração de inventários de emissões de eventos. Cabe
ressaltar que essa metodologia se apoia nos princípios e terminologias da norma ABNT NBR
ISO 14.064:2007, do Programa Brasileiro GHG Protocole normas correlatas.
2 Glossário
CER
As Reduções Certificadas de Emissões, CERna sigla em inglês,são emitidas pela UNFCCC e
representam emissões de gases de efeito estufa evitadas pelo uso de tecnologias mais limpas.
Cada CER representa uma tonelada de CO2e que deixa de ser emitida para a atmosfera.
CO2e
Equivalência em dióxido de carbono. Reflete o potencial de aquecimento global de um ou mais 4
gases de efeito estufa em termos de equivalência com o dióxido de carbono, permitindo
comparabilidade de emissões entre gases com distintos potenciais de aquecimento global.
Dupla contagem
A dupla contagem ocorre quando uma fonte de emissão é contabilizada mais de uma vez na
elaboração de um inventário, ou uma emissão que apareça em dois inventários distintos por
uma falha na determinação dos limites de inventário utilizados.
GWP
Potencial de Aquecimento Global, GWP na sigla em inglês. É uma medida, desenvolvida pelo
IPCC, que determina o potencial de aquecimento global de cada GEE.
Inventário de emissões
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Cálculo e relato das emissões de GEE de uma determinada atividade, segregada por fonte, por
gás e agregada em termos de CO2e em um intervalo de tempo determinado.
IPCC
Painel Intergovernamental de Mudanças Climáticas, IPCC na sigla em inglês. Órgão criado pela
Organização das Nações Unidas (ONU) em 1988 para estudar as mudanças climáticas e seus
impactos nas esferas ambiental, social e econômica.
Incerteza
Parâmetro associado ao resultado da determinação de uma quantidade, que caracteriza a
dispersão dos valores que poderiam razoavelmente ser atribuídos a essa determinada
quantidade (incluindo os efeitos de fatores sistemáticos e aleatórios), expresso em
percentagem e que descreve um intervalo de confiança para a dispersão em torno do valor
médio.
Materialidade
Falhas individuais ou um conjunto de falhas, omissões e distorções que podem afetar o relato
de emissões de gases de efeito estufa. Deve ser definida através de um percentual ou
quantidade absoluta aceitável de diferença entre a estimativa de emissões e a realidade.
Organismo de Validação e Verificação (OVV)
Organismo que se submeteu ao processo de validação realizado pela Divisão de Acreditação de
Organismos de Certificação (Dicor) do INMETRO e foi acreditado para realizar as atividades de
validação e verificação de inventários de gases de efeito estufa.
Pegada de carbono
Quantificação das emissões de GEE que transcende uma atividade e tem por foco o ciclo de
vida, ou uma parte do ciclo de vida, de um produto ou serviço. A quantificação pode incluir
desde a extração de matérias primas para a produção, até a utilização e o descarte.
Protocolo de Quioto
Instrumento da UNFCCC, em vigor de 2005 a 2020, que promove o uso de mecanismos
institucionais e de mercado para reduzir emissões de GEE e assegurar o desenvolvimento
limpo.
TIER
Representa o nível de detalhamento metodológico utilizado em um inventário; é dividido em
TIER 1 (básico), TIER 2 (intermediário), TIER 3 (maior detalhamento).
UNFCCC
Convenção Quadro das Nações Unidas sobre Mudança do Clima (UNFCCC na sigla em inglês), é
um tratado internacional com foco na minimização da ação antrópica sobre as alterações
climáticas a partir da redução de emissões de GEE. 6
VER
Reduções Verificadas de Emissões, VER na sigla em inglês,assim como as CERs, representam
uma tonelada de GEE que deixou de ser emitida para a atmosfera, no entanto a certificação
dos projetos, os requisitos e procedimentos são definidos por outros standards que não o da
UNFCCC.
3 Aplicabilidade
A aplicabilidade para outros tipos de evento deve ser avaliada por especialista frente ao
conhecimento das características específicas do evento e a aderência dessa metodologia para
a elaboração do inventário de emissões. Não é recomendado o uso parcial da metodologia.
4 Objetivo da metodologia
Tem sido cada vez maior a ação do poder público em termos de requerer informações sobre
emissões de eventos e até mesmo sobre a neutralização das emissões de eventos, atividades
que historicamente representam grandes impactos. Alguns municípios já obrigam que
emissões resultantes de eventos em espaços públicos municipais sejam inventariadas e
neutralizadas, por exemplo.
O principal aspecto que permeia esse tipo de “obrigação legal” que se cria é em torno dos
requerimentos técnicos. Uma boa técnica para inventariar emissões de nada serve se a
neutralização for falha e vice-versa; assim, é importante que se tenha condição de
Mensuração, Relato e Verificação (MRV) tanto nas soluções de inventário quanto nas de
neutralização.
Quadro de recomendação de entidades e metodologias para assegurar o MRV:
Os gases de efeito estufa considerados por essa metodologia são aqueles regulados pelo
Protocolo de Quioto, a saber:
6.2 Princípios
Os princípios gerais nos quais essa metodologia se apoia e que devem guiar a elaboração de
um inventário de emissões para um evento são:
Relevância – assegura que o inventário seja um reflexo preciso das emissões do evento e que
possa auxiliar na decisão dos seus gestores.
Exatidão: deve-se assegurar que a quantificação das emissões de GEE seja precisa dadas as
premissas utilizadas e mediante o conhecimento das incertezas.
A natureza dos eventos acaba por dificultar o atendimento aos princípios de integralidade e
exatidão no cálculo das emissões, pois é muito difícil obter toda a informação das atividades
emissoras relacionadas ao evento. É tema central dessa metodologia prover orientações para
estimar as emissões com base em amostras de informações; para tanto, as amostras devem, 9
por si só, atender aos princípios dessa metodologia, ou seja, a amostragem deve assegurar:
relevância, integralidade, consistência, comparabilidade, transparência e exatidão.
IMPORTANTE:
O conceito de integralidade para uma amostra visa assegurar que uma vez que esta seja
definida, cada observação ou indivíduo dentro dessa amostra deve conter o todo das
emissões desse indivíduo. Isso permitirá que uma projeção de emissões do evento a partir
da amostra seja integral.
Para uma amostra assegurar o princípio da exatidão, deve-se almejar uma precisão pré-
determinada em termos de significância e margem de erro. Esses devem ser expressos no
relato de emissão do evento de forma a tornar evidente as limitações de exatidão.
6.2.2 Princípios específicos
Descrição Escopo
(Nomenclatura ISO 14.064) (Nomenclatura GHG Protocol)
Emissões Diretas Escopo 1
Emissões Indiretas por uso de energia
Escopo 2
importada
Outras emissões indiretas Escopo 3
Relatar emissões de GEE de eventos através do Programa Brasileiro GHG Protocol ou da norma
ABNT NBR ISO 14.064:2007, com base em emissões diretas e indiretas pode ser ineficaz em
razão dessas metodologias terem sido desenvolvidas com o propósito de apoiar e orientar a
elaboração de inventários de emissões corporativos e, portanto, não abordarem questões
muito específicas referentes às atividades correlatas a um evento e suas emissões.
Assim, o desafio dessa metodologia é permitir que cada evento aproprie-se adequadamente,
nem mais nem menos, das emissões que resultam da sua realização e que possam embasar
uma estratégia de sustentabilidade a partir dessas informações e através do tempo.
Com esse intuito, essa metodologia propõe uma forma de segregar as emissões de acordo com
a exclusividade ou não da emissão no que diz respeito à realização do evento, conforme segue:
Escopo Descrição
Aquelas que só ocorrem em virtude do evento e não ocorreriam
Emissões exclusivas
na ausência do mesmo 11
Aquelas que, ainda que relacionadas ao evento de alguma forma,
Emissões não exclusivas
não seriam evitadas pela não realização do evento
A dupla contagem ocorre quando uma fonte de emissão é contabilizada mais de uma vez na
elaboração de um inventário, ou uma emissão que apareça em dois inventários distintos por
uma falha na determinação dos limites de inventário utilizados.
Essa metodologia foi concebida numa estrutura lógica que impede que haja dupla contagem
das emissões exclusivas de eventos. Dada a natureza das emissões não exclusivas, essas
podem acarretar em dupla contagem.
Essa metodologia pretende tratar de forma pertinente emissões que ocorrem dentro das
especificidades do setor de eventos, dado que as metodologias de relato de emissões
corporativas tem objetivo distinto.
ISO 14.064
A norma ABNT NBR ISO 14.064:2007 visa aprimorar a integridade da quantificação de GEE,
com o intuito de aumentar a credibilidade, a consistência e a transparência da
quantificação, do monitoramento e dos relatos, bem como facilitar o desenvolvimento e a
implementação de projetos de gases de efeito estufa e do gerenciamento de estratégias e 12
planos de GEE de uma organização; a norma também busca facilitar a capacidade de
acompanhar o desempenho e o progresso na redução de emissões ou aumento nas
remoções de GEE e, ainda, facilitar a concessão e negociação de créditos de reduções de
emissão ou de melhorias de remoção de GEE. A ISO 14.064 é dividida em três partes,
sendo: Parte 1 - especificação e orientação a organizações para quantificação e elaboração
de relatórios de emissões e remoções de gases de efeito estufa; Parte 2 - especificação e
orientação a projetos para quantificação, monitoramento e elaboração de relatórios das
reduções de emissões ou da melhoria das remoções de gases de efeito estufa; e Parte 3 -
especificação e orientação para a validação e verificação de declarações relativas a gases
de efeito estufa.
GHG PROTOCOL
A metodologia do Programa Brasileiro GHG Protocol é compatível com a norma ISO 14.064
e com as metodologias de quantificação do IPCC. A partir da definição dos limites do
inventário, é possível identificar as fontes de emissão da organização e escolher a
abordagem de cálculo. A etapa que demanda mais tempo e esforço é a coleta de dados e
seleção dos fatores de emissão que permitirão a aplicação das ferramentas de cálculo
selecionadas.
IPCC
A presente metodologia utiliza-se dos mesmos princípios da ABNT NBR ISO 14.064:2007, do
Programa Brasileiro GHG Protocole do IPCC Guidelines no que tange às técnicas de
identificação, quantificação e relato de emissões. O que diferencia essa metodologia das
demais é que ela traz conceitos aplicados aos inventários de emissões de GEE de eventos
principalmente no que tange à natureza, ou escopo de emissões, e sobre a forma de promover
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a neutralização dessas emissões.
As etapas para gestão das emissões de gases de efeito estufa em eventos são:
Definições comuns de limites organizacionais tem uso limitado quando se trata de um evento,
pois existem diversas organizações atuando em um mesmo evento, não sendo possível definir
controles operacionais ou de participação com clareza e praticidade. Da mesma forma, os
limites geográficos isoladamente fazem pouco sentido, principalmente porque é comum que a
maior parte das emissões relacionadas a um evento ocorra fora dos seus limites geográficos ou
da corporação que o organiza ou controla.
Assim, a definição de limites foi estabelecida a partir da adaptação dos conceitos de limite
organizacional dos inventários corporativos para permitir uma abordagem particular para
eventos, conforme segue:
O nome do evento é por vezes bastante indicativo da sua dimensão e impacto, principalmente
quando se trata de megaeventos. Relatar o nome do evento é etapa mandatória do relato de
emissões, conforme exposto adiante no item 8.7.
Para isso, deve ser escolhido o período do inventário e apontado(s) o(s) local(is) de realização
do(s) evento(s) inventariado(s), considerando a abrangência espacial/geográfica, conforme o
aspecto periódico:
Aspecto periódico Limite temporal e espacial do evento
Uma vez definidos os limites do relato, deve-se estabelecer a natureza das emissões em
acordo com as definições abaixo apresentadas:
Emissões não exclusivas do evento: aquelas que, ainda que estejam ocorrendo em
virtude ou no espaço do evento, não seriam evitadas pela não realização do evento.
Exemplo: Cocção dos alimentos dos participantes (presume-se que iriam se alimentar onde
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quer que estivessem),locomoção de pessoas em distâncias curtas (caso não se deslocassem ao
evento, se deslocariam para outros locais), ônibus de linha que passam pelo local do evento
(passariam da mesma forma, ainda que o evento não estivesse ocorrendo), etc.
Para atender aos requisitos mínimos dessa metodologia, um inventário de emissões de GEE
de eventos deve considerar, minimamente, as emissões exclusivas do evento.
** Algumas atividades apresentam múltiplas fontes de emissão, nestes casos deve-se considerar todas
as fontes de emissão da atividade e relata-las de forma agregada.
O quadro retro apresentado ilustra fontes de emissões e atividades sem determinar agentes.
Essas emissões devem ser consideradas, com base nos limites de inventário
independentemente de serem de organizadores, fornecedores, público, patrocinadores,
imprensa, ou outros agentes que geram emissões em decorrência do evento.
Se houver atividades que gerem emissões que não estão listadas acima, estas deverão ser
classificadas segundo sua natureza, conforme definição do item 8.1.5.
Se não for possível definir com precisão se uma emissão é de natureza exclusiva ou não,
recomenda-se considera-la exclusiva como forma de abordagem conservadora.
Existem casos onde um evento específico pode ter emissões consideradas de forma
antagônica em relação ao quadro acima, vale ressaltar que o quadro apresentado é apenas
ilustrativo eque na alocação das emissões deve prevalecer o conceito de exclusiva versusnão
exclusiva em detrimento da predeterminação apresentada no quadro.
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Para cada fonte de emissão identificada é necessário obter a projeção dos valores
quantitativos. Essas quantidades e unidades de medida variam de acordo com cada fonte e as
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estimativas devem ser feitas com base em projeção realista do evento.
Uma vez identificadas as fontes de emissões, as mesmas devem ser quantificadas em acordo
com os TIERs. Preferencialmente deve se-utilizar fatores de TIER3.
8.4 Modalidades de cálculo/estimativa das emissões de eventos
As opções a seguir podem auxiliar na elaboração dos cálculos, sendo a primeira e a segunda
opções preferíveis à terceira.
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8.4.1 Modalidades únicas (MU)
Exemplo: Emissões do público de um evento que recebe 100 mil pessoas. Não é possível ter a
informação por levantamento direto, assim, pode-se realizar uma pesquisa com o público para
se obter por amostra uma projeção estatisticamente adequada das emissões referentes ao
deslocamento de público.
Essa opção consiste em utilizar o conceito de emissão média per capita e atribuir à fração de
tempo em que cada indivíduo esteve no evento como sendo a emissão aproximada do evento.
Essa técnica não permite assegurar resultados precisos como os que se observam nas
modalidades únicas1 e 2, mas é um instrumento para estimação na ausência de informações
específicas.
Há casos em que um evento é definido como uma fração de outro evento, de organização
múltipla ou de porte muito pequeno. Isso acaba por não permitir obter dados por
levantamento direto ou amostral. Nesses casos recomenda-se a opção 3.
Emissões totais = Número de pessoas x emissão média per capita diária x ponderação do
período de realização do evento
Tal que:
Emissão média per capita diária = total de emissões do Inventário Nacional de Gases de Efeito
Estufa/População do País/365.
IMPORTANTE
Quando utilizada a opção 3 para mensuração das emissões de um evento, não será possível
diferenciar emissões exclusivas e não exclusivas. Essa metodologia recomenda que o
organizador do evento assuma as emissões totais como exclusivas.
Podem existir emissões exclusivas e não exclusivas muito heterogêneas em um evento. Assim,
é possível que haja emissões de fácil identificação e cálculo, como queima de combustível em
geradores, e outras de difícil identificação e cálculo, como o deslocamento e a hospedagem do
público.
Representação da complexidade de obtenção de informações de fontes exclusivas e não
exclusivas de um evento:
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Na elaboração de um inventário de emissões pode haver incertezas, seja pela falta de dados
ou falta de integridade dos dados disponíveis, falta de representatividade dos dados ou erros
de amostragem ou medição. Informar as incertezas do inventário auxilia na melhoria da
precisão dos dados de inventários futuros, além de orientar a escolha da metodologia ou da
modalidade para melhor estimar as emissões. Assim, o relato de emissões do evento deve
apresentar todas as incertezas identificadas, sendo elas de fontes exclusivas e não exclusivas,
bem como justificar os motivos de sua ocorrência.
A mensuração e o relato de emissões de GEE de eventos não é atividade trivial, por isso 22
recomenda-se a criteriosa seleção da equipe responsável por sua execução, assim como a
adoção de uma sistemática para análise dos dados utilizados. São critérios mínimos para
assegurar a qualidade do relato:
Um evento deve mitigar, sempre que possível, a ocorrência de emissões exclusivas, de forma a
reduzir ao máximo as emissões sobre as quais se tem algum controle, seja pela operação do 24
evento, seja pela escolha do local, dos parceiros ou das tecnologias utilizadas para a realização
das atividades.
Dada a natureza das atividades de eventos, não é possível reduzir a zero as suas emissões de
gases de efeito estufa, sendo a neutralização das emissões a opção recomendada por essa
metodologia como forma de gestão de emissões e combate às mudanças climáticas.
Para que um evento seja “Neutro em carbono” em acordo com essa metodologia deve
neutralizar 100% das suas emissões exclusivasde GEE, e essa neutralização seja comprovada
através do uso de reduções certificadas/verificadas de emissões expedidas por entidades
independentes.
Quando não for possível neutralizar 100% das emissões exclusivas do evento, esta
metodologia recomenda que sejam neutralizados minimamente 34% das suas emissões
exclusivas em acordo com estas recomendações. Eventos que neutralizarem entre 34% e 99%
das suas emissões exclusivas são classificados como “Carbon Friendly” (a favor do clima).
Segundo o IPCC, para atender aos objetivos globais de aumento de temperatura não
superior a 2°C, é necessário que se reduza até 2020 34% das emissões de gases de efeito
estufa. Essa metodologia trata como iniciativas de neutralização de emissões aquelas que
estejam aderentes aos princípios do IPCC e do acordo de Cancun da COP 16 que limita a
2°C o aumento de temperatura no século XXI.
Característica Requisito
Tempestivo – A redução de emissão certificada deve estar
disponível no máximo até a data de realização do evento.
Irreversível – A atividade que gerou a redução de
emissões não pode ser revertida por uma eventualidade
que faça com que as emissões evitadas/sequestradas,
retornem à atmosfera.
Irretratável – uma vez feita a neutralização do evento, os 25
certificados não podem, em hipótese alguma, ser
utilizados novamente, por qualquer entidade, para outro
propósito.
Real – A redução de emissões que será utilizada para a
neutralização já ocorreu e este fato pode ser comprovado
por meio de relatórios de verificação e/ou
monitoramento.
Mensurável – Os certificados devem atender aos mais
rigorosos padrões globais de certificação de redução de
emissões.
Transparente – Os projetos que originam os certificados
devem ser públicos, disponíveis e de fácil acesso.
Adicional – Os projetos que geram as reduções de
emissões devem ser adicionais, ou seja, as reduções de
emissões alcançadas não existiriam na ausência do
projeto, seja por não serem obrigadas por lei ou por não
haver disponibilidade do investimento financeiro inicial
necessário.
Aderência metodológica – Os certificados emitidos por
órgãos internacionais, a partir do atendimento a
metodologias internacionalmente reconhecidase
replicáveis, apresentam critérios de certificação mais
rigorosos que buscam assegurar integridade ambiental
diferenciada, sendo esses preferíveis a outros.
Assegurar os princípios de integridade ambiental acima descritos é tarefa complexa. No
entendimento dos especialistas envolvidos na elaboração dessa metodologia, a forma mais
aderente de neutralizar emissões atendendo a esses princípios é fazer uso de Reduções
Certificadas de Emissões (CERs) expedidas por projetos certificados junto à UNFCCC.
Para a neutralização de emissões atender aos requisitos dessa metodologia, ela deve fazer uso
de reduções certificadas de emissões (CERs, na sigla em inglês) ou reduções verificadas de
emissões (VERs, na sigla em inglês) e também:
Apenas poderá uma OVV declarar que o inventário de emissões está assegurado se for
entidade acreditada junto a Coordenação Geral de Acreditação do INMETRO para Inventário
de GEE no momento da contratação.
O organismo de verificação deverá seguir os preceitos das normas ABNT NBR ISO 14.064-
3:2007 e ABNT NBR ISO 14.065:2015 naquilo que essa metodologia for omissa e deverá
assegurarque as informações apresentadas no relato de emissões estão de acordo com um dos
níveis de completude, listados no item 8.7, para expedir opinião válida em acordo com essa
metodologia.
10.1.1 Materialidade
O ato de verificação do inventário das emissões deve assegurar que o relato é preciso em
algum nível em que os desvios identificados não sejam materiais, ou seja, não gerem
distorções de informação significativas no relato.
Para efeito dessa metodologia, define-se como desvio material aquele que for expresso como
10% maior ou menor que o valor verificado pelo OVV para cada natureza de emissões. Assim, é
aceitável que haja considerações e aproximações dentro de um relato de emissões desde que
não excedam o limite material definido pela metodologia. 27
Caso haja desvio superior ou inferior a 10%, o inventário não pode ter uma verificação
conclusa. Define-se tal inventário como “não verificável”.
A verificação de níveis inferiores de materialidade deve ser feita por natureza das emissões.
Assim, as emissões exclusivas relatadas não podem variar mais que 10% das emissões
constatadas pela verificação. O mesmo conceito aplica-se às emissões nãoexclusivas.
IMPORTANTE
OsOVVsdevem avaliar se o relato apresenta dados materiais com base em avaliação de riscos
de erros de omissão, cálculo e transcrição de dados, com base na sistemática utilizada e
expertise da equipe que desenvolveu o inventário de emissões. Os organismosde verificação
deverãoconsultar as Especificações de Verificação do Programa Brasileiro GHG Protocolpara
proceder com análise de riscos.
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Nível de confiança limitado: é o nível de confiança com menor rigor previsto nessa
metodologia.
As declarações de confiança limitada são redigidas de forma negativa.Para expedir uma
declaração de confiança limitada o OVV deve expressar que: não há indícios de que o
relato de emissões de GEE não esteja materialmente correto, que não seja uma
representação justa dos dados e informações de GEE e que não tenha sido preparado de
acordo com a Metodologia Neutralize Carbono para mensuração e relato de emissões de
gases de efeito estufa de eventos.
O OVV para verificar a neutralização de emissões deve expedir declaração que explicitamente:
Característica Descrição
A redução de emissão deve estar disponível
Tempestividade no máximo até 60 dias da data de realização
do evento
A atividade que gerou a redução de emissões
não pode ser revertida por uma
Irreversibilidade
eventualidade que faça com que as emissões
evitadas/sequestradas, retornem à atmosfera
Uma vez feita a neutralização do evento, os
Irretratabilidade certificados não podem, em hipótese alguma,
ser utilizados novamente, por qualquer
entidade, para outro propósito
A redução de emissões que será utilizada
para a neutralização já aconteceu e este fato
Realidade pode ser comprovado por meio de relatórios
de verificação e/ou monitoramento do
projeto
As reduções de emissão devem atender aos
Mensurabilidade mais rigorosos padrões globais de certificação
de redução de emissões
Os projetos que originam as reduções de
Transparência emissão devem ser públicos, disponíveis e de
fácil acesso
Os projetos que geram as reduções de
emissão devem ser adicionais, ou seja, as
reduções de emissões alcançadas não
Adicionalidade existiriam na ausência do projeto, seja por
não serem obrigadas por lei ou por não haver
disponibilidade do investimento financeiro
inicial necessário
11 Versão
Idealizadores:
o Felipe Jané Bottini
o Ricardo Algis Zibas
Autores:
o Felipe Jané Bottini
o Marina Dall’Anese
o Nino Sérgio Bottini
o Ricardo Algis Zibas
Colaboradores:
o Ana Beatriz Campedeli Sueiro
o Carlos Alberto Vanolli
o Cibele Ferreira Campos
o Flávia Silva de Andrade
o Geisa Maria Príncipe Branco
o Henrique Manoel Riani Mendes
o Higor José Vieira do Valle
o Juliana Condis
o Leonel Rodrigues 31
Agradecemos aos demais colaboradores que preferiram não ter seus nomes divulgados, suas
considerações foram avaliadas e incorporadas a este documento.
Neutralize CarbonoLtda.