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O aquecimento global é um fenômeno de longo prazo causado pela emissões e

acúmulo de gases que intensificam o efeito estufa, oriundos de uma série de ações humanas, e
que tem levado ao aumento da temperatura média dos oceanos e da atmosfera da Terra. Sendo
assim, pode-se dizer que há um desequilíbrio entre a emissão de gases de efeito estufa e a
capacidade que o planeta tem de absorver essas substâncias.
Atualmente, seis gases são apontados como os principais responsáveis pelo
aquecimento global, sendo eles: Metano (CH4), Dióxido de Carbono (CO2), Óxido Nitroso
(N2O), Hidrofluorcarboneto (HFC), Clorofluorcarboneto (CFC) e o Hexafluoreto de enxofre
(SF6). Segundo a WWF: “O CO2 é o gás que tem maior contribuição para o aquecimento
global, pois representa mais de 70% das emissões de GEE e o seu tempo de permanência é de
no mínimo cem anos, resultando em impactos no clima ao longo de séculos. A quantidade de
metano (CH4) emitida para a atmosfera é bem menor, mas seu potencial de aquecimento é
vinte vezes superior ao do CO2. No caso do óxido nitroso e dos clorofluorcarbonos (CFCs),
suas concentrações na atmosfera são menores, mas o seu poder de reter calor é de 310 a 7.100
vezes maior do que do que o CO2”.
A variação na temperatura, positiva ou negativa, é calculada a partir dos dados do
período pré-industrial, fase que antecedeu a utilização de combustíveis fósseis, como carvão e
petróleo, para a geração de energia e o desenvolvimento de maquinários.
A causa principal do aquecimento global é a ação antropogênica, ou seja, a derivada
das atividades humanas. Desde 1760, início da Revolução Industrial, os modos de produção e
de vida das pessoas começaram a depender de combustíveis fósseis, como petróleo e carvão,
como fontes de energia. A queima desses materiais leva à emissão de gases de efeito estufa,
como CO2 e CH4 na atmosfera, as quais aprisionam calor na atmosfera do planeta .
O aumento explosivo da população mundial e o modelo insustentável de produção e
consumo pressionam água, terra, minerais e outros recursos naturais e matérias-primas que
são necessários para a produção de alimentos, para geração de energia que ilumina casas,
movimenta fábricas e transportes, bens de consumo e outras demandas das sociedades.
O desmatamento é uma importante fonte de emissões visto que as florestas teriam a
função de amenizar as temperaturas através do controle da umidade. Quando a vegetação é
derrubada, o carbono é liberado, o que aumenta as emissões de CO2 e contribui com o
aquecimento global – cerca de um quinto das emissões do planeta têm origem no
desmatamento e na degradação de florestas.
Por fim, outra causa é a agropecuária praticada de forma insustentável. Além de
estimular a derrubada de florestas para a abertura de novas áreas agricultáveis, vacas e bois
produzem metano durante a digestão: arrotos e fezes dos animais são fontes do gás, que
aprisiona até 30 vezes mais calor na atmosfera do que o CO2.
O aquecimento global tem como consequência o aumento da temperatura média global
e com isso, cerca de 14% da população do planeta ficará exposta a ondas de calor severas ao
menos uma vez a cada cinco anos. Além disso, o aumento da temperatura pode causar
tempestades, enchentes e secas, que afetarão toda a população, além das espécies de fauna e
flora também.
O principal risco entre os animais é das abelhas, polinizadores essenciais para manter
a produtividade das plantações, incluindo a agricultura para a produção de alimentos para as
pessoas.
Com o aumento de enchentes e secas, populações inteiras serão obrigadas a migrar em
busca de lugares com maior disponibilidade de água e de terras produtivas. Com o aumento
do nível do mar, a erosão de cidades costeiras forçará populações litorâneas a se moverem
para outros lugares. Nações insulares correm risco de desaparecer por completo, caso o
aquecimento global continue no mesmo ritmo. Esses serão os casos de refugiados climáticos.
Haverá também consequências diretas para a saúde humana. Gases de efeito estufa
podem levar à incidência de doenças respiratórias. A poluição do ar é responsável por 7
milhões de mortes por ano, de acordo com sociedades médicas e a Organização Mundial da
Saúde.
De acordo com dados da NASA, o ano de 2020 empatou com 2016 como o mais
quente na história. A temperatura média global em 2020 foi 1,02ºC maior em comparação
com o período entre 1951 e 1980. Além disso, “estima-se que no último século as
temperaturas tenham se elevado em uma média de 0,7ºC e que no próximo século as
elevações térmicas irão oscilar entre 1,6ºC e 4ºC. O IPCC, órgão científico ligado à ONU,
registra que a maior parte dos aumentos de temperatura no último século ocorreu entre os
anos de 1980 a 2005. O órgão também ressalta que os últimos anos da década de 1990
registraram as maiores médias de temperatura da história”.
O Objetivo 13 de desenvolvimento sustentável da ONU envolve tomar medidas
urgentes para combater a mudança climática e seus impactos:

13.1 Reforçar a resiliência e a capacidade de adaptação a riscos relacionados ao


clima e às catástrofes naturais em todos os países

13.2 Integrar medidas da mudança do clima nas políticas, estratégias e


planejamentos nacionais

13.3 Melhorar a educação, aumentar a conscientização e a capacidade humana e


institucional sobre mitigação, adaptação, redução de impacto e alerta precoce da
mudança do clima

13.a Implementar o compromisso assumido pelos países desenvolvidos partes da


Convenção Quadro das Nações Unidas sobre Mudança do Clima [UNFCCC] para a
meta de mobilizar conjuntamente US$ 100 bilhões por ano a partir de 2020, de todas
as fontes, para atender às necessidades dos países em desenvolvimento, no contexto
das ações de mitigação significativas e transparência na implementação; e
operacionalizar plenamente o Fundo Verde para o Clima por meio de sua
capitalização o mais cedo possível

13.b Promover mecanismos para a criação de capacidades para o planejamento


relacionado à mudança do clima e à gestão eficaz, nos países menos desenvolvidos,
inclusive com foco em mulheres, jovens, comunidades locais e marginalizadas

Apesar das inúmeras ações individuais que podemos realizar no dia-a-dia para
desacelerar o aquecimento global, o combate à mudança climática desenfreada precisa contar
com ações intergovernamentais de responsabilização de países em âmbito internacional.
Dessa forma, faz-se importante analisar os Acordos Internacionais Ambientais, que não são
nada mais do que tratados juridicamente vinculantes no direito internacional que buscam
atingir um objetivo ambiental intergovernamental.
Se o acordo for feito entre três ou mais nações, é chamado de acordo ambiental
multilateral. Esses acordos, produzidos principalmente pelas Nações Unidas, abrangem
assuntos como políticas atmosféricas, políticas de água doce, políticas de resíduos e
substâncias perigosas, meio ambiente marinho, políticas de conservação da natureza, poluição
sonora e segurança nuclear.
Entre os mecanismos internacionais relevantes, destaca-se a Convenção-Quadro das
Nações Unidas sobre a Mudança do Clima (CQNUMC), sobre a estabilização da
concentração de gases do efeito estufa, evitando a interferência perigosa com o sistema
climático. Em 1988 a ONU reconheceu o tema como uma preocupação humana comum e
urgente.
São signatários da Convenção quase todos os países no mundo. Contudo, a assinatura
gera medo tanto aos países desenvolvidos (que temem o impacto às suas economias), como
aos em desenvolvimento (dificuldade de ter recursos para aceitar os termos). Dessa forma,
como uma maneira de equilibrar a situação, dentre os princípios que fundamentam a
Convenção, o principal é aquele da responsabilidade comum, porém diferenciada, de acordo
com a condição socioeconômica dos países, considerando o desenvolvimento sustentável das
nações.
As reuniões periódicas dos países membros da CQNUMC são chamadas de
Conferência das Partes (COP). Na COP de 1997 foi firmado o Protocolo de Quioto, o
primeiro tratado internacional para controle da emissão de gases de efeito estufa na atmosfera.
Entre as metas, o protocolo estabelecia a redução de 5,2%, em relação a 1990, na emissão de
poluentes, principalmente por parte dos países industrializados.
Vale notar que os Estados Unidos, um dos países que mais emitem gases poluentes no
mundo, abandonaram o Protocolo em 2001 alegando que cumprir as metas estabelecidas
comprometeria seu desenvolvimento econômico.
O acordo expirou em 2012, mas seu escopo foi prorrogado até 2020, com a "Emenda
de Doha".
O Acordo de Paris, por sua vez, entrou em vigor em novembro de 2016 e rege
medidas de redução de emissão de gases estufa a partir de 2020, a fim de conter o
aquecimento global abaixo de 2 ºC, preferencialmente em 1,5 ºC (até o fim do século), num
contexto de desenvolvimento sustentável.
Ainda que o Acordo tenha estabelecido uma meta global, ele não tem força de lei para
impor metas específicas de cortes nas emissões, dependendo da iniciativa voluntária de cada
país, assim como também não tem caráter punitivo, tratando-se de mero mecanismo
internacional facilitador. Uma das determinações do Acordo é que países desenvolvidos
deveriam fornecer financiamento a países em desenvolvimento.
No quesito legal, a agenda de desenvolvimento sustentável traz que em decorrência do
princípio da indivisibilidade dos direitos humanos, que concebe a ideia de que nenhum direito
humano pode ser integralmente implementado sem que os outros direitos também o sejam, os
17 (dezessete) ODS guardam estreita correlação entre si. A indivisibilidade expressa um todo
abrangente e interdependente, impassível de separação sem perda de significado e de sua
funcionalidade transversal.
O Brasil é signatário da Declaração sobre o Direito ao Desenvolvimento, adotada pela
Organização das Nações Unidas (ONU), que expressamente dispõe:
ARTIGO 1º
§1. O direito ao desenvolvimento é um direito humano inalienável, em virtude do
qual toda pessoa e todos os povos estão habilitados a participar do desenvolvimento
econômico, social, cultural e político, para ele contribuir e dele desfrutar, no qual
todos os direitos humanos e liberdades fundamentais possam ser plenamente
realizados.
§2. O direito humano ao desenvolvimento também implica a plena realização do
direito dos povos à autodeterminação que inclui, sujeito às disposições relevantes de
ambos os Pactos Internacionais sobre Direitos Humanos, o exercício de seu direito
inalienável à soberania plena sobre todas as suas riquezas e recursos naturais.

Coexistem na Constituição brasileira duas acepções de desenvolvimento: uma


subjetiva, que tem na pessoa humana dignificada por sua racionalidade o principal sujeito,
simultaneamente agente e destinatário das políticas públicas voltadas à consecução do
desenvolvimento; outra objetiva, caracterizada por um conjunto de metas, que corresponde a
um direito ou interesse difuso, de cunho metaindividual e inapropriáveis individualmente em
razão da indivisibilidade do seu objeto.
Na sua acepção subjetiva, o direito ao desenvolvimento pode ser caracterizado como
um direito fundamental; e na acepção objetiva, o direito ao desenvolvimento se insere na
terceira dimensão de direitos fundamentais, na categoria de direitos de solidariedade.
Os objetivos fundamentais ostentam caráter obrigatório com vinculação imperativa de
todos os Poderes Públicos, servem para conformar a legislação, a prática judicial e a atuação
dos órgãos estatais, que devem agir no sentido de concretizá-los. Constituem marcos do
ordenamento proibidores de retrocessos, que devem funcionar como parâmetro para a
interpretação e a concretização da Constituição. Servem, ainda, de fundamento para a
reivindicação do direito à realização de políticas públicas para a concretização do programa
constitucional.
O princípio da sustentabilidade, por sua vez, frequentemente relacionado apenas ao
direito ambiental em decorrência da expressão “presentes e futuras gerações” contida no caput
do artigo 225, CRFB/88, constitui, a rigor, um princípio constitucional interdisciplinar.

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