Você está na página 1de 88

UNIVERSIDADE FEDERAL DE SANTA CATARINA

CENTRO TECNOLÓGICO
DEPARTAMENTO DE ENGENHARIA CIVIL
ENGENHARIA CIVIL

Daiane Vieira

ANÁLISE DA EFICIÊNCIA ENERGÉTICA DE UMA EDIFICAÇÃO DE


HOSPEDAGEM DE ACORDO COM O MÉTODO DE ETIQUETAGEM PBE
EDIFICA

Florianópolis
2022
Daiane Vieira

ANÁLISE DA EFICIÊNCIA ENERGÉTICA DE UMA EDIFICAÇÃO DE


HOSPEDAGEM DE ACORDO COM O MÉTODO DE ETIQUETAGEM PBE
EDIFICA

Trabalho de Conclusão de Curso de Graduação


em Engenharia Civil do Centro Tecnológico da
Universidade Federal de Santa Catarina como
requisito parcial para a obtenção do título de
Bacharel em Engenharia Civil.
Orientadora: Prof.ª Ana Paula Melo, Dr.ª.

Florianópolis
2022
Daiane Vieira

ANÁLISE DA EFICIÊNCIA ENERGÉTICA DE UMA EDIFICAÇÃO DE


HOSPEDAGEM DE ACORDO COM O MÉTODO DE ETIQUETAGEM PBE
EDIFICA

Este Trabalho de Conclusão de Curso foi julgado adequado para obtenção do Título de
Bacharel em Engenharia Civil e aprovado em sua forma final pelo Departamento de
Engenharia Civil da Universidade Federal de Santa Catarina.

Florianópolis, 07 de dezembro de 2022.

___________________________
Prof.ª Liane Ramos da Silva, Dr.ª.
Coordenadora do Curso

Banca examinadora:

Prof.ª Ana Paula Melo, Dr.ª.


Orientadora
Universidade Federal de Santa Catarina

____________________________

Prof. Roberto Lamberts, PhD.


Universidade Federal de Santa Catarina

________________________
Renata De Vecchi, Dr.ª.
Universidade Federal de Santa Catarina
Este trabalho é dedicado à minha família.
AGRADECIMENTOS

Primeiramente, gostaria de agradecer a Deus, por me dar forças para


prosseguir nos momentos mais difíceis e me fazer sentir que não estou só, mesmo
nas horas mais solitárias.
Ao meu avô, minha motivação para percorrer essa jornada.
À minha querida mãe, por fazer o possível e o impossível para que eu possa
buscar os meus sonhos. Por sua amizade e apoio incondicionais.
Ao meu pai, pelo carinho e incentivo.
A minhas irmãs, por me encorajarem a crescer e a não desistir, mesmo
quando isso parecia inevitável.
Aos meus sobrinhos, por me proporcionarem os momentos de alegria e as
demonstrações de afeto mais genuínos.
À minha orientadora, Ana Paulo Melo, por se dispor a me acompanhar no
desenvolvimento deste trabalho e acreditar na sua realização, bem como pela
paciência e auxílio durante todo esse período.
Aos amigos que fiz ao longo da graduação, pela amizade e momentos
enriquecedores.
Por fim, agradeço a todos que, de alguma forma, contribuíram para o meu
crescimento pessoal e profissional.
RESUMO

Com a crescente preocupação ambiental, a adoção de uma postura em prol do meio


ambiente tem se tornado um diferencial que influencia na escolha de bens e serviços
por parte dos consumidores. Considerando que os estabelecimentos de
hospedagem dependem de sua imagem para se manterem competitivos no
mercado, o emprego de ações que despertam para esta problemática vem
ganhando cada vez mais relevância. Pensando nisso, este trabalho analisa a
implantação de medidas de eficiência energética em uma edificação de hospedagem
de pequeno porte situada nas cidades de Curitiba e Recife, utilizando o método
simplificado da Instrução Normativa Inmetro para a Classificação de Eficiência
Energética de Edificações Comerciais, de Serviços e Públicas (INI-C), presente na
Portaria nº 42. Caracterizado o edifício comercial de referência, foram calculadas as
cargas térmicas de refrigeração em ambas as cidades e realizada a avaliação da
eficiência energética de sua envoltória. Em seguida, foram aplicadas medidas de
eficiência energética no caso base, com o intuito de reduzir as cargas obtidas
inicialmente. Então, analisaram-se onze medidas relacionadas aos vidros, paredes e
cobertura, variando os materiais empregados e, consequentemente, as propriedades
de absortância, fator solar, transmitância e capacidade térmica destes elementos. A
partir disso, foram elaborados pacotes que combinaram as medidas mais efetivas
para cada uma das cidades. Quanto à classificação, as medidas atingiram classe C
de eficiência energética, já os pacotes elevaram a classe D da edificação de
referência para classe B e, no caso de Recife, chegaram a atingir classe A. Por fim,
na análise de viabilidade econômica, todos os pacotes se mostraram viáveis em
Recife, enquanto em Curitiba, apenas um pacote teve a sua viabilidade atestada.
Assim, verificou-se a importância do estudo da implantação de medidas de eficiência
energética nas edificações e como o seu local de inserção influencia na adoção
destas, possibilitando a escolha das que melhor se adequam ao clima da região.

Palavras-chave: Eficiência Energética em Edificações. INI-C. Edificações de


Hospedagem.
ABSTRACT

With the growing environmental concern, the adoption of a posture in favor of the
environment has become a differential that influences the choice of goods and
services by consumers. Considering that lodging establishments depend on their
image to remain competitive in the market, the use of actions that addresses to this
problem is gaining increasing relevance. Thinking about it, this paper analyzes the
implementation of energy efficiency measures in a small lodging building located in
the cities of Curitiba and Recife, using the simplified method of the Inmetro
Normative Instruction for the Energy Efficiency Class of Commercial, Service and
Public Buildings (INI-C), present in Ordinance nº 42. After characterizing the
reference commercial building, the cooling thermal load in both cities were calculated
and the energy efficiency of its envelope was evaluated. Then, energy efficiency
measures were applied in the base case, in order to reduce the loads obtained
initially. Then, eleven measures related to glass, walls and roofing were analyzed,
varying the materials used and, consequently, the properties of absorptance, solar
factor, transmittance and thermal capacity of these elements. From this, packages
were elaborated that combined the most effective measures for each of the cities.
Regarding the classification, the measures reached energy efficiency class C, while
the packages raised the class D of the reference building to class B and, in the case
of Recife, reached class A. Finally, in the economic feasibility analysis, all packages
proved to be viable in Recife, while in Curitiba, only one package had its feasibility
attested. Thus, it was verified the importance of the study of the implementation of
energy efficiency measures in the buildings and how their place of insertion
influences they are adoption, enabling the choice of those that best fit the climate of
the region.

Keywords: Building Energy Efficiency. INI-C. Lodging Buildings.


LISTA DE FIGURAS

Figura 1 – Participação setorial no consumo de eletricidade. ....................... 17


Figura 2 – Distribuição do consumo de energia elétrica no setor hoteleiro. . 24
Figura 3 – Estimativas dos gastos do setor de alojamento com serviços de
utilidade pública em 2002. ......................................................................................... 24
Figura 4 – Perspectivas das fachadas da edificação de hospedagem foco
deste trabalho............................................................................................................ 39
Figura 5 – Plantas baixas dos pavimentos térreo (esquerda) e tipo/cobertura
(direita) da edificação de hospedagem foco deste trabalho. ..................................... 39
Figura 6 – Zonas térmicas da edificação de referência. ............................... 41
Figura 7 – Comparativo entre as cargas térmicas de refrigeração totais das
MEEs referentes aos vidros – Curitiba. ..................................................................... 52
Figura 8 – Comparativo entre as cargas térmicas de refrigeração totais das
MEEs referentes aos vidros – Recife. ....................................................................... 53
Figura 9 – Comparativo entre as cargas térmicas de refrigeração totais das
MEEs referentes aos materiais das paredes – Curitiba. ........................................... 55
Figura 10 – Comparativo entre as cargas térmicas de refrigeração totais das
MEEs referentes aos materiais das paredes – Recife............................................... 57
Figura 11 – Comparativo entre as cargas térmicas de refrigeração totais das
MEEs referentes aos materiais da cobertura – Curitiba. ........................................... 58
Figura 12 – Comparativo entre as cargas térmicas de refrigeração totais das
MEEs referentes aos materiais da cobertura – Recife. ............................................. 60
Figura 13 – Comparativo entre as cargas térmicas de refrigeração totais dos
pacotes de medidas – Curitiba. ................................................................................. 61
Figura 14 – Comparativo entre as cargas térmicas de refrigeração totais dos
pacotes de medidas – Recife. ................................................................................... 63
Figura 15 – Comparativo entre as cargas térmicas de refrigeração totais das
MEEs e pacotes de MEEs para Curitiba (PR). .......................................................... 65
Figura 16 – Comparativo entre as cargas térmicas de refrigeração totais das
MEEs e pacotes de MEEs para Recife (PE). ............................................................ 65
Figura 17 – Relação entre custo e redução percentual de carga térmica de
refrigeração dos pacotes de MEEs – Curitiba. .......................................................... 75
Figura 18 – Relação entre custo e redução percentual de carga térmica de
refrigeração dos pacotes de MEEs – Recife. ............................................................ 76
LISTA DE TABELAS

Tabela 1 – Limites dos parâmetros de avaliação da envoltória da edificação


atendidos pelo método simplificado. ......................................................................... 30
Tabela 2 – Limites dos intervalos das classificações de eficiência energética
da envoltória. ............................................................................................................. 31
Tabela 3 – Valores de referência para a edificação de hospedagem
conforme o Anexo A da INI-C.................................................................................... 40
Tabela 4 – Componentes construtivos e propriedades dos materiais
empregados no caso de referência e nas medidas de eficiência energética. ........... 45
Tabela 5 – Resultados de carga térmica anual de refrigeração de referência
por zona térmica – Curitiba. ...................................................................................... 50
Tabela 6 – Limites dos intervalos das classificações de eficiência energética
da envoltória para Curitiba. ....................................................................................... 50
Tabela 7 – Resultados de carga térmica anual de refrigeração de referência
por zona térmica – Recife.......................................................................................... 51
Tabela 8 – Limites dos intervalos das classificações de eficiência energética
da envoltória para Recife........................................................................................... 51
Tabela 9 – Classificação das MEEs relacionadas ao vidro na envoltória da
edificação – Curitiba. ................................................................................................. 53
Tabela 10 – Classificação das MEEs relacionadas ao vidro na envoltória da
edificação – Recife. ................................................................................................... 54
Tabela 11 – Classificação das MEEs às paredes da envoltória da edificação
– Curitiba. .................................................................................................................. 56
Tabela 12 – Classificação das MEEs associadas às paredes da envoltória da
edificação – Recife. ................................................................................................... 57
Tabela 13 – Classificação das MEEs associadas à cobertura da envoltória
da edificação – Curitiba. ............................................................................................ 59
Tabela 14 – Classificação das MEEs associadas à cobertura da envoltória
da edificação – Recife. .............................................................................................. 60
Tabela 15 – Composição dos pacotes de medidas de eficiência energética –
Curitiba. ..................................................................................................................... 61
Tabela 16 – Classificação da eficiência energética dos pacotes de medidas –
Curitiba. ..................................................................................................................... 62
Tabela 17 – Composição dos pacotes de medidas de eficiência energética –
Recife. ....................................................................................................................... 63
Tabela 18 – Classificação da eficiência energética dos pacotes de medidas –
Recife. ....................................................................................................................... 64
Tabela 19 – Síntese da classificação energética das avaliações para Curitiba
(PR) e Recife (PE)..................................................................................................... 66
Tabela 20 – Resultados de carga térmica de refrigeração anual da medida
extra por zona térmica – Curitiba. ............................................................................. 67
Tabela 21 – Classificação da eficiência energética da medida extra –
Curitiba. ..................................................................................................................... 67
Tabela 22 – Resultados de carga térmica de refrigeração anual da medida
extra combinada a MEE 1 por zona térmica – Curitiba. ............................................ 68
Tabela 23 - Classificação da eficiência energética da medida extra
combinada a MEE 1 – Curitiba. ................................................................................. 68
Tabela 24 – Custos de aplicação dos pacotes de medidas de eficiência
energética – Curitiba. ................................................................................................ 70
Tabela 25 – Consumo e tarifa de energia elétrica para a edificação de
referência e pacotes de medidas – Curitiba. ............................................................. 70
Tabela 26 – Reduções dos pacotes de medidas de eficiência energética em
relação ao caso de referência – Curitiba. .................................................................. 70
Tabela 27 – Resultados dos indicadores financeiros para os pacotes 1 e 2 de
eficiência energética – Curitiba. ................................................................................ 71
Tabela 28 – Resultados dos indicadores financeiros para os pacotes 3 e 4 de
eficiência energética – Curitiba. ................................................................................ 72
Tabela 29 – Custos de aplicação dos pacotes de medidas de eficiência
energética – Recife. .................................................................................................. 73
Tabela 30 – Consumo e tarifa de energia elétrica para a edificação de
referência e pacotes de medidas – Recife. ............................................................... 73
Tabela 31 – Reduções dos pacotes de medidas de eficiência energética em
relação ao caso de referência – Recife. .................................................................... 73
Tabela 32 – Resultados dos indicadores financeiros para os pacotes de
eficiência energética – Recife.................................................................................... 74
Tabela 33 – Síntese da viabilidade econômica da implantação dos pacotes
de MEEs para Curitiba (PR) e Recife (PE). ............................................................... 76
LISTA DE ABREVIATURAS E SIGLAS

ANEEL Agência Nacional de Energia Elétrica


APT Área de Permanência Transitória
BEN Balanço Energético Nacional
CADASTUR Cadastro de Prestadores de Serviços Turísticos
CB3E Centro Brasileiro de Eficiência Energética em Edificações
CEE Consumo de Energia Elétrica
CEP Consumo de Energia Primária
CGT Carga Térmica
COFINS Contribuição para o Financiamento da Seguridade Social
CONPET Programa Nacional da Racionalização do Uso de Derivados do
Petróleo e do Gás Natural
EE Eficiência Energética
ELETROBRAS Centrais Elétricas Brasileiras S.A.
EMBRATUR Empresa Brasileira de Turismo
ENCE Etiqueta Nacional de Conservação de Energia
EPE Empresa de Pesquisa Energética
FF Fator de Forma
FS Fator Solar
FUNGETUR Fundo Geral de Turismo
GC Grupo Climático
ICMS Imposto sobre Circulação de Mercadorias e Serviços
INI-C Instrução Normativa Inmetro para a Classificação de Eficiência
Energética de Edificações Comerciais, de Serviços e Públicas
INI-R Instrução Normativa Inmetro para a Classificação de Eficiência
Energética de Edificações Residenciais
INMETRO Instituto Nacional de Metrologia, Qualidade e Tecnologia
LabEEE Laboratório de Eficiência Energética em Edificações
LED Light Emitting Diode
MEE Medidas de Eficiência Energética
MME Ministério de Minas e Energia
MTur Ministério do Turismo
PBE Programa Brasileiro de Etiquetagem
PIS Programa de Integração Social
PNE Plano Nacional de Energia
PROCEL Programa Nacional de Conservação de Energia Elétrica
RTQ-C Regulamento Técnico da Qualidade, para o Nível de Eficiência
Energética de Edifícios Comerciais, de Serviços e Públicos
RTQ-R Regulamento Técnico da Qualidade, para o Nível de Eficiência
Energética de Edificações Residenciais
SINAPI Sistema Nacional de Pesquisa de Custos e Índices da Construção
Civil
TIR Taxa Interna de Retorno
TMA Taxa Mínima de Atratividade
VPL Valor Presente Líquido
ZT Zona Térmica
SUMÁRIO

INTRODUÇÃO ............................................................................................ 17
JUSTIFICATIVA .......................................................................................... 17
OBJETIVOS ................................................................................................ 19
1.2.1 Objetivo Geral............................................................................................ 19
1.2.2 Objetivos específicos ............................................................................... 20
REVISÃO BIBLIOGRÁFICA ...................................................................... 21
CARACTERIZAÇÃO DO SETOR HOTELEIRO .......................................... 21
2.1.1 Breve histórico .......................................................................................... 21
2.1.2 O sistema de classificação ...................................................................... 22
2.1.3 Consumo energético e gastos do setor .................................................. 23
EFICIÊNCIA ENERGÉTICA ........................................................................ 25
2.2.1 Instrução Normativa Inmetro para a Classificação de Eficiência
Energética de Edificações Comerciais, de Serviço e Públicas (INI-C) ............... 28
MEDIDAS DE EFICIÊNCIA ENERGÉTICA ................................................ 32
ANÁLISE FINANCEIRA .............................................................................. 34
CONSIDERAÇÕES FINAIS ........................................................................ 37
MÉTODO .................................................................................................... 38
EDIFICAÇÃO DE REFERÊNCIA ................................................................ 38
MEDIDAS DE EFICIÊNCIA ENERGÉTICA ................................................ 43
ANÁLISE DA VIABILIDADE FINANCEIRA ................................................. 46
RESULTADOS E DISCUSSÕES................................................................ 49
AVALIAÇÃO DA EFICIÊNCIA ENERGÉTICA ............................................ 49
4.1.1 Edificação de referência ........................................................................... 49
4.1.1.1 Curitiba .......................................................................................................... 49
4.1.1.2 Recife ............................................................................................................ 50
4.1.2 Medidas de eficiência energética ............................................................ 51
4.1.2.1 Medidas de eficiência energética referentes ao vidro ................................... 52
4.1.2.1.1 Curitiba ......................................................................................... 52
4.1.2.1.2 Recife ........................................................................................... 53
4.1.2.2 Medidas de eficiência energética referentes às paredes............................... 54
4.1.2.2.1 Curitiba ......................................................................................... 54
4.1.2.2.2 Recife ........................................................................................... 56
4.1.2.3 Medidas de eficiência energética referentes à cobertura .............................. 58
4.1.2.3.1 Curitiba ......................................................................................... 58
4.1.2.3.2 Recife ........................................................................................... 59
4.1.3 Pacotes de medidas de eficiência energética ........................................ 60
4.1.3.1 Curitiba .......................................................................................................... 61
4.1.3.2 Recife ............................................................................................................ 62
4.1.4 Síntese dos resultados ............................................................................. 64
MEDIDA EXTRA ......................................................................................... 66
ANÁLISE DE VIABILIDADE ECONÔMICA ................................................. 68
4.3.1 Curitiba ...................................................................................................... 68
4.3.2 Recife ......................................................................................................... 72
4.3.3 Síntese dos resultados ............................................................................. 75
CONCLUSÃO ............................................................................................. 77
LIMITAÇÕES DO TRABALHO .................................................................... 79
SUGESTÕES PARA TRABALHOS FUTUROS .......................................... 80
REFERÊNCIAS .......................................................................................... 81
17

INTRODUÇÃO

JUSTIFICATIVA

De acordo com o Anuário Estatístico de Energia Elétrica de 2022, o Brasil


ocupa a sétima posição entre os dez maiores países consumidores de energia
elétrica, passando de 538 TWh, em 2018, para 552 TWh, em 2019, o que representa
um crescimento percentual de 2,5%. Imediatamente acima do Brasil, está o Canadá,
que apresentou um consumo de 553 TWh no ano de 2019, 1 TWh a mais que o
Brasil, sendo que o país canadense reduziu o seu consumo em 0,4% quando
comparado ao ano de 2018 (555 TWh). Além do Canadá, o Brasil fica atrás do
Japão (904 TWh), Rússia (943 TWh), Índia (1.229 TWh), Estados Unidos (3.989
TWh) e China (6.875 TWh), nesta ordem (EPE, 2022a).
Segundo o Balanço Energético Nacional (BEN) de 2022, que tem como base
o ano de 2021, houve um aumento de 5,7% no consumo final nacional, alcançando
um total de 570,8 TWh (EPE, 2022b).
Como o terceiro que mais consome eletricidade no país, o setor comercial,
com 15,7%, fica atrás apenas dos setores industrial (37,4%) e residencial (26,4%),
sendo que os três, em conjunto, representam 79,5% do consumo total, como pode
ser visualizado na Figura 1 (EPE, 2022b).

Figura 1 – Participação setorial no consumo de eletricidade.


Agropecuário
5,9% Setor Energético
6,8%
Público 7,5%
Industrial
37,4%
Comercial 15,7%

Residencial
26,4%

Transportes 0,4%

Fonte: Adaptado de EPE (2022b).

No ano de 2021, o setor comercial consumiu 86.807 GWh, sofrendo um


aumento de 5,2% quando comparado ao ano anterior (82.524 GWh). A região
18

Nordeste é responsável pelo consumo de 14.428 GWh e a região Sul por 15.404
GWh, ou seja, 16,62% e 17,75%, respectivamente. No Nordeste, o estado de
Pernambuco consumiu 2.883 GWh do total. Por outro lado, no Sul, o estado do
Paraná consumiu 6.130 GWh de toda a energia consumida na região (EPE, 2022a).
Integrantes do setor comercial, as edificações de hospedagem consomem
energia elétrica de forma significativa, correspondendo a 3% do total consumido de
87.35 TWh pelas tipologias de edificações comerciais em 2014 (GERALDI et al.,
2022). Isto se deve, dentre outros fatores, por este ser um segmento que fornece
diferentes tipos de serviços, como lavanderia, academia e alimentação. Quanto mais
serviços são proporcionados e quanto mais hóspedes atendidos, maior é o consumo
e mais elevados são os gastos com energia elétrica. Esse aumento geralmente é
refletido nos valores finais repassados aos clientes, tornando a estadia mais cara
aos mesmos.
Em virtude disso, a redução no consumo de energia elétrica não é somente
benéfica do ponto de vista ambiental e energético, mas também ameniza o impacto
que maiores custos com eletricidade têm sobre os produtos e serviços oferecidos
aos hóspedes, o que torna o estabelecimento mais atrativo, uma vez que se tem um
melhor custo-benefício.
No entanto, a conservação de energia não é uma tarefa fácil para um setor
que tem na satisfação dos clientes o seu objetivo principal. Isso reforça ainda mais a
necessidade de um estudo para a implementação de medidas que promovam a
redução do consumo e ao mesmo tempo não afetem a qualidade final do produto
que é entregue ao público-alvo.
Com base no exposto, programas, leis e planos em relação ao setor
energético têm sido desenvolvidos, com a finalidade de promover a eficiência
energética e a redução do consumo das edificações. No Brasil, destacam-se o
Regulamento Técnico da Qualidade para o Nível de Eficiência Energética de
Edifícios Comerciais, de Serviços e Públicos (RTQ-C) e o Regulamento Técnico da
Qualidade para o Nível de Eficiência Energética de Edificações Residenciais (RTQ-
R), que apresentam os requisitos necessários para a obtenção da Etiqueta Nacional
de Conservação de Energia (ENCE). Tais regulamentos receberam versões
atualizadas em decorrência de suas limitações, sendo elas a Instrução Normativa
Inmetro para a Classificação de Eficiência Energética de Edificações Comerciais, de
Serviços e Públicas (INI-C) e a Instrução Normativa Inmetro para a Classificação de
19

Eficiência Energética de Edificações Residenciais (INI-R), desenvolvidas pelo Procel


Edifica e o Centro Brasileiro de Eficiência Energética em Edificações (CB3E).
Para elevar a classe de eficiência da edificação, podem ser adotadas
medidas de eficiência energética (MEEs). Apesar de favoráveis quando pensadas no
âmbito energético e ambiental, o uso destas pode ser inviabilizado quando
analisadas de forma econômica, uma vez que sua implantação costuma demandar
um investimento inicial elevado, se comparado às técnicas construtivas
convencionais, podendo não se pagar no período estabelecido. Levando isso em
consideração, juntamente com a avaliação da eficiência energética, é necessária a
realização de um estudo de viabilidade econômica, que não só é utilizado para
demonstrar o quão um investimento dessa origem pode ser inviável, mas também,
se for o caso, comprovar a sua viabilidade e evidenciar os benefícios que podem ser
obtidos com tais medidas. Para tanto, são utilizadas ferramentas financeiras como a
Taxa Interna de Retorno (TIR), o Valor Presente Líquido (VPL) e o Payback, que
estabelece o tempo para a recuperação do capital investido.
Perante o contexto aqui apresentado, o presente trabalho tem por objetivo
analisar o impacto de medidas de eficiência energética nas cargas térmicas de
refrigeração de uma edificação da tipologia de hospedagem, em duas regiões
climáticas distintas, Curitiba (PR) e Recife (PE), bem como o estudo da viabilidade
financeira através das três ferramentas anteriormente citadas.
Cabe ressaltar que os estabelecimentos hoteleiros situados na cidade de
Curitiba, também podem apresentar aquecimento ambiental. No entanto, devido à
aplicação do método simplificado, neste trabalho foi considerada apenas a carga de
refrigeração.

OBJETIVOS

1.2.1 Objetivo Geral

Este trabalho tem como objetivo geral analisar a eficiência energética de


uma edificação comercial de hospedagem situada em duas zonas climáticas
distintas, por intermédio do método simplificado da Instrução Normativa Inmetro para
a Classificação de Eficiência Energética de Edificações Comerciais, de Serviços e
Públicas (INI-C).
20

1.2.2 Objetivos específicos

Atrelados ao objetivo geral, estão os seguintes objetivos específicos:

a) Analisar o impacto da adoção de medidas de eficiência energética,


através do método simplificado da INI-C, na envoltória de uma edificação
de hospedagem;
b) Analisar a viabilidade econômica das medidas de eficiência energética
através do Payback Corrigido, Valor Presente Líquido e da Taxa Interna
de Retorno.
21

REVISÃO BIBLIOGRÁFICA

CARACTERIZAÇÃO DO SETOR HOTELEIRO

2.1.1 Breve histórico

Segundo o Ministério do Turismo (MTur), hotel é um estabelecimento que


fornece, perante o pagamento de uma quantia, os serviços de recepção e
alojamento temporário, estando incluso ou não a alimentação, sendo estes ofertados
em unidades individuais e de uso exclusivo do hóspede (BRASIL, 2011).
Para autores como Duarte (1996) e Castelli (2012), o marco inicial da
hotelaria no mundo, se deu com os Jogos Olímpicos da Grécia Antiga, tendo como
finalidade o fornecimento de repouso para os viajantes que se deslocavam por
grandes distâncias com o intuito de assistir aos jogos (AMAZONAS, 2014).
De acordo com CNC (2005), os primeiros focos de hospedagem no Brasil
surgiram no período colonial, na forma de casarões, fazendas, conventos e ranchos
rústicos improvisados à beira das estradas, muito semelhantes às antigas
estalagens europeias, e tinham o intuito de abrigar os viajantes que por ali
passavam. A abertura dos portos, com a chegada da família real portuguesa no Rio
de Janeiro, em 1808, desencadeou o desenvolvimento destes alojamentos e da
atividade hoteleira de maneira geral, trazendo consigo uma grande demanda. O
aumento em número de tais hospedagens, teve seu incentivo atrelado à evolução
dos meios de transporte no século XIX, que tornou viável o investimento hoteleiro
em locais remotos, em conjunto com o desenvolvimento tecnológico.
O ano de 1907 foi marcado por dois importantes avanços legais, sendo
estes o direito a férias remuneradas e a isenção de impostos no Rio de Janeiro,
concedida, por sete anos, aos primeiros cincos hotéis que se instalassem na cidade,
levando ao surgimento do primeiro grande hotel, em 1908, o Hotel Avenida (CNC,
2005).
Inicialmente ligados aos jogos de azar e dependentes do fluxo de hóspedes
que buscavam usufruir de seus cassinos, muitos hotéis brasileiros tiveram que
fechar as portas após a proibição da prática ou exploração dos jogos de azar em
todo território nacional, através do Decreto-Lei nº 9.215, de 30 de abril de 1946
(BRASIL, 1946), o que provocou um declínio do segmento (AMAZONAS, 2014).
22

Com a proibição dos jogos, a hotelaria teve uma nova ascensão somente a
partir da década de 1960, por meio da concepção de políticas públicas voltadas para
a gestão da atividade turística no Brasil. Nesse contexto, ocorreu a criação da
Empresa Brasileira de Turismo (Embratur), no ano de 1966 (EMBRATUR, 2021) e,
em 1971, do Fundo Geral de Turismo (Fungetur), promovendo políticas de incentivo
que favoreciam os empresários do setor (AMAZONAS, 2014).
A solidificação da hotelaria como uma atividade comercial no Brasil, se deu
quando as redes internacionais do ramo entraram no mercado nacional, nas
décadas de 60 e 70, trazendo diversificação e melhoria dos serviços (RIBEIRO,
2011).

2.1.2 O sistema de classificação

Conforme a expansão da hotelaria, notou-se a importância da criação de


uma forma de possibilitar aos turistas ter qualidade e comodidade em sua estadia
(AGUIAR; BRITO; PERINOTTO, 2020). A classificação dos meios de hospedagem
oferece maior confiabilidade aos clientes a respeito dos produtos e serviços
hoteleiros adquiridos, viabilizando também que estes escolham sua estadia
antecipadamente, visto que podem tomar uma decisão com base em uma
padronização. Sendo assim, de acordo com as características das instalações, o
nível de conforto oferecido, a qualidade dos serviços e os preços cobrados, pode-se
classificar os meios de hospedagem (RIBEIRO, 2011).
No Brasil, o sistema de classificação tem evoluído de forma considerável
desde a década de 70, sendo obrigatório a partir de 1977. À Embratur, foi designada
a responsabilidade de realizar essa classificação, desde 1991, com a Lei nº 8.181
(BRASIL, 1991a).
Em 2002, a partir da Deliberação Normativa nº 429, os meios de
hospedagem passaram a ser classificados em categorias, simbolizadas por estrelas,
de acordo com as condições de conforto, comodidade, serviços e atendimento
(RIBEIRO, 2011). Esse primeiro modelo utilizava apenas uma matriz única para
todos os meios de hospedagem, sendo considerado ultrapassado, uma vez que não
contemplava a diversidade hoteleira brasileira, e revogado em 2010. Assim, em
2011, foi sancionado, pela Portaria nº 100 (BRASIL, 2011), o Sistema Brasileiro de
23

Classificação de Meios de Hospedagem (SBClass), como forma de promover e


assegurar a competitividade no mercado (AGUIAR; BRITO; PERINOTTO, 2020).
O novo sistema, desenvolvido pelo Ministério do Turismo (MTur) em parceria
com o Instituto Nacional de Metrologia e Qualidade Industrial (Inmetro), também
adota a simbologia de estrelas, variando de uma a cinco, como forma de identificar
as categorias de classificação dos tipos de hospedagem, sendo elas: Hotel, Resort,
Hotel-Fazenda, Cama e Café, Hotel Histórico, Pousada e Flat/Apart Hotel. Ressalta-
se que a participação desse sistema é de adesão e adoção voluntárias
(MINISTÉRIO DO TURISMO, 2011).
Constituídas por requisitos de infraestrutura, prestação de serviços e
práticas de sustentabilidade, as matrizes da nova classificação estabelecem critérios
de origem mandatória (cumprimento obrigatório) e eletivos (de livre escolha pelo
meio de hospedagem), devendo o empreendimento atender 100% dos requisitos
mandatórios e 30% dos eletivos (BOLSAN, 2015).
A participação em uma das categorias tem como pré-requisito o
cadastramento no Cadastro de Prestadores de Serviços Turísticos (Cadastur). A
classificação possui validade de 36 meses, após a concessão (MINISTÉRIO DO
TURISMO, 2011).

2.1.3 Consumo energético e gastos do setor

Segundo Lamarão (2002), a energia necessária para o suprimento das


demandas de uma edificação de hospedagem no que diz respeito a sistemas como
iluminação, climatização e aquecimento de água, é dependente do comportamento
dos usuários – sobretudo do seu nível de exigência e padrão de uso –, das
características da construção – no tocante a sua envoltória, tipologia, arquitetura e
localização –, bem como da eficiência energética de seus equipamentos.
Dados apresentados na Pesquisa de Posse de Equipamentos e Hábitos de
Uso – Classe Comercial – AT (ELETROBRAS, 2008), que tem como base o ano de
2005, indicam que os principais responsáveis pelo consumo de energia elétrica no
setor hoteleiro brasileiro são os sistemas de climatização e iluminação, que juntos
somam 59% do consumo total desse setor, como observado na Figura 2. Os
equipamentos também representam uma parcela considerável, com 14%.
24

Figura 2 – Distribuição do consumo de energia elétrica no setor hoteleiro.


Elevadores
3% Equipamentos
14%

Climatização
41% Iluminação
18%

Outros
19%
Bombeamento
1%
Aquecimento
Refrigeração 2%
2%
Fonte: ELETROBRAS (2008).

Quanto à distribuição dos custos, o estudo Meios de Hospedagem –


Estrutura de Consumo e Impactos na Economia, traz as estimativas dos valores
gastos pelo setor de hospedagem no ano de 2002. Foram considerados os
seguintes serviços de utilidade pública: água e esgoto, gás, telefone, correio,
conexão de internet e outros serviços de comunicação. Conforme apresentado na
Figura 3, 44% dos custos com esses tipos de serviços são referentes ao consumo
de energia elétrica (BRASIL, 2006).

Figura 3 – Estimativas dos gastos do setor de alojamento com serviços de utilidade pública em 2002.
Internet Outros Custos de
2% Comunicação
5%
Correio
2%
Água e Esgoto
Telefone 16%
18%

Gás
Energia Elétrica
13%
44%

Fonte: BRASIL (2006).

É válido ressaltar que os gastos do setor hoteleiro são influenciados também


por duas características intrínsecas, a sazonalidade – variações na taxa de
ocupação – e a diversidade de serviços ofertados – alimentação, lavanderia,
academia, entre outros –, o que gera situações específicas de consumo de energia.
25

Com o crescimento da hotelaria e da preocupação da sociedade perante a


degradação do meio ambiente, o segmento tem despertado para a problemática
ambiental e vem se preocupando com a adoção de uma postura ambientalmente
responsável. Essa conduta, além de ser uma forma de preservação ambiental, tem
proporcionado aos hotéis uma redução dos custos e o estabelecimento de uma boa
imagem frente aos hóspedes, o que configura um diferencial competitivo (SANTOS,
2005).
A combinação entre a importância da redução dos custos, o aumento da
competitividade e da sensibilidade com as questões ambientais, favorecem a
otimização dos recursos energéticos e a introdução de energias renováveis. Sendo
seu consumo representativo de grande parte do desembolso de um hotel, a
conservação de energia é fundamental (LAMARÃO, 2002).
Ao mesmo tempo que é importante, a conservação energética também é
desafiadora para o setor, uma vez que este tem como objetivo principal a satisfação
dos seus clientes. Para isso, é necessária a oferta de um conjunto de condições de
conforto, infraestrutura e serviços. Assim, é imprescindível que as medidas
implementadas para a redução do consumo de energia não comprometam o
conforto dos usuários, devendo ser muito bem analisadas (LAMARÃO, 2002).

EFICIÊNCIA ENERGÉTICA

De acordo com Lamberts, Dutra e Pereira (2014), a eficiência energética


pode ser conceituada como uma propriedade intrínseca da edificação que
representa a sua capacidade em oferecer as mesmas condições ambientais de
conforto aos usuários com baixo consumo de energia. Sendo assim, um edifício é
mais eficiente energeticamente do que outro, quando é capaz de atender as
exigências do usuário e ainda assim consumir menos energia.
Segundo Godoi e Júnior (2009), o conceito de eficiência energética abrange
o conjunto de ações de racionalização de energia, que induzem a diminuição do
consumo deste recurso, sem que a quantidade ou a qualidade dos bens e serviços
produzidos, ou o conforto propiciado pelos sistemas energéticos utilizados sejam
perdidos.
Para Gomes (2017), a eficiência energética está atrelada à proteção
ambiental, produtividade e ao desenvolvimento sustentável. As ações dessa
26

natureza auxiliam no aumento da oferta energética, redução da emissão de gases


responsáveis pelo efeito estufa, propiciando também benefícios aos usuários e para
a sociedade como um todo.
Fundamental na redução do consumo energético e, consequentemente, nos
custos a longo prazo, a eficiência energética também representa menores
investimentos na produção de energia e menores impactos ambientais. Tendo em
vista as perdas, desperdícios e má utilização que ocorrem durante toda a cadeia de
transformação, transporte e estocagem para que a energia em seu estado natural
seja convertida, de modo a atender as necessidades dos usuários, é imprescindível
o desenvolvimento de iniciativas voltadas para o incentivo da eficiência energética
(MME, 2022).
No Brasil, a preocupação com a eficiência energética se acentuou com os
choques do petróleo de 1973-74 e 1979-81. A criação do Programa Conserve, no
ano de 1981, foi a primeira iniciativa do poder público em termos de conservação de
energia. Esse programa tinha por objetivo estimular o desenvolvimento de produtos
eficientes para a conservação de energia e a substituição de fontes importadas por
nacionais (ALTOÉ et al., 2017).
Em 1984, com o suprimento de energia em estado crítico, o governo federal
criou o Programa Brasileiro de Etiquetagem (PBE), coordenado pelo Instituto
Nacional de Metrologia, Qualidade e Tecnologia (Inmetro). O programa possui o
intuito de informar aos consumidores sobre o desempenho dos produtos, referente a
atributos como a eficiência energética e demais critérios possivelmente influentes na
escolha de qual adquirir, de modo a estimular uma compra mais consciente
(INMETRO, 2021b). No ano seguinte, como forma de promover a utilização eficiente
de energia elétrica e combater o seu desperdício, houve a criação do Programa
Nacional de Conservação de Energia Elétrica (Procel), gerenciado pela Eletrobras
(MME, 2022).
Com a finalidade de incentivar o uso racional de fontes de energia não
renováveis, no ano 1991, foi instituído o Programa Nacional de Racionalização do
Uso dos Derivados do Petróleo e do Gás Natural (Conpet), administrado pela
Petrobras (BRASIL, 1991).
Devido à falta de investimentos e um longo período de estiagem, em 2001, o
país sofreu com uma grave crise de abastecimento elétrico, sendo necessária a
implementação de um plano de racionamento. Diante do cenário desfavorável no
27

setor, foi promulgada a Lei nº 10.295, principal marco regulatório nacional, que visa
determinar os níveis máximos de consumo específico de energia, ou mínimos de
eficiência energética, para máquinas e aparelhos consumidores de energia
fabricados ou comercializados no país, bem como promover a eficiência energética
nas edificações construídas (BRASIL, 2001). Conhecida como Lei de Eficiência
Energética, funciona como um estímulo para o desenvolvimento tecnológico,
juntamente com a preservação ambiental e inserção de produtos mais eficientes no
mercado nacional (PROCEL INFO, 2014).
A partir do já criado Procel, em 2003, foi instituído pela Eletrobras/Procel o
Programa Nacional de Eficiência Energética em Edificações (Procel Edifica). Este
programa amplia e organiza as ações do Procel, objetivando o incentivo da
conservação e uso eficiente dos recursos naturais nas edificações, de modo a
reduzir seus custos com operação, uso e manutenção (PREOCEL INFO, 2006a).
Por intermédio da Lei nº 10.847, em 2004, foi criada a Empresa de Pesquisa
Energética (EPE), cuja finalidade é realizar estudos e pesquisas que visam subsidiar
o planejamento, desenvolvimento e a política nacional do setor energético, tais como
energia elétrica e eficiência energética (BRASIL, 2004).
Em complemento à criação de programas e leis, houve o desenvolvimento
de planos nacionais referentes ao setor energético.
Em 2007, foi lançado o Plano Nacional de Energia 2030 (PNE 2030). Um
estudo pioneiro no Brasil, que tem como objetivo o planejamento a longo prazo no
setor energético, fornecendo insumos para a formulação de políticas energéticas
conforme uma perspectiva integrada dos recursos disponíveis (BRASIL, 2007).
Por outro lado, num contexto de transição energética e de retomada pós-
pandemia, se viu a necessidade de uma atualização do PNE 2030 e, em 2020, foi
aprovado, pelo Ministério de Minas e Energia (MME), o Plano Nacional de Energia
2050 (PNE 2050). Também elaborado pela EPE em parceria com o MME, o PNE
2050 oferece suporte ao desenho da estratégia do planejador em relação à
expansão energética de longo prazo, composto por três etapas: desenho,
implementação e monitoramento (BRASIL, 2020a).
Retornando ao âmbito do PBE, houve avanços relevantes e foram
desenvolvidos dois importantes documentos, os Requisitos Técnicos da Qualidade
para o Nível de Eficiência Energética de Edifícios Comerciais, de Serviços e
Públicos (RTQ-C), em 2009, e o Regulamento Técnico da Qualidade para o Nível de
28

Eficiência Energética de Edificações Residenciais (RTQ-R), em 2010. Ambos


apresentam os requisitos para a classificação das edificações que abrangem, de
forma a possibilitar a obtenção da Etiqueta Nacional de Conservação de Energia
(ENCE), que possui cinco níveis, sendo o A mais eficiente e o E menos eficiente.
Porém, esse método de avaliação apresenta limitações, como o não fornecimento
de uma ideia de grandeza relacionada ao consumo real da edificação, não
permitindo a quantificação da economia gerada por medidas de eficiência
energética. Em vista disso, desde 2014, o Procel Edifica, juntamente com o Centro
Brasileiro de Eficiência Energética em Edificações (CB3E), tem desenvolvido ações
para melhorar o método existente (PBE EDIFICA, 2020).
Em 2021, foi aprovada a nova proposta de método para a avaliação do
desempenho energético de edificações, a Instrução Normativa Inmetro para a
Classificação de Eficiência Energética de Edificações Comerciais, de Serviços e
Públicas (INI-C). Esta, é baseada no consumo de energia primária, permitindo que a
energia elétrica e a energia térmica sejam contabilizadas, auxiliando efetivamente o
consumidor na hora de escolher o seu imóvel (PBE EDIFICA, 2020).
Ainda, em 6 de setembro de 2022, foi publicada a Portaria Consolidada nº
309, a qual aprova as Instruções Normativas e os Requisitos de Avaliação da
Conformidade para a Eficiência Energética das Edificações Comerciais, de Serviços
e Públicas e Residenciais (BRASIL, 2022).
Vale salientar que, esta última portaria foi publicada durante o
desenvolvimento do presente trabalho, por este motivo, foi realizada a análise
utilizando a anterior, Portaria nº 42, de 24 de fevereiro de 2021. Deste modo, os
procedimentos aqui descritos são referentes a esta portaria.

2.2.1 Instrução Normativa Inmetro para a Classificação de Eficiência


Energética de Edificações Comerciais, de Serviço e Públicas (INI-C)

Em suma, a INI-C consiste na classificação da eficiência energética de


edificações comerciais de A a E, por meio de um comparativo entre uma edificação
real com a mesma edificação em uma condição de referência, equivalente à
classificação D. Esta se dá, conforme exposto anteriormente, com base no consumo
de energia primária, e pode ser utilizada na análise das seguintes tipologias de
edificações comerciais:
29

• Edificações de escritório;
• Edificações educacionais: ensino médio, fundamental e superior;
• Edificações de hospedagem: pequenas, médias e grandes;
• Estabelecimentos Assistenciais de Saúde (EAS), exceto hospitais;
• Edificações de varejo: lojas, lojas de departamento e shopping center;
• Edificações de varejo: mercados;
• Edificações de alimentação: restaurantes e praças de alimentação.

A nova proposta conta com dois métodos de avaliação, sendo eles o método
simplificado e a simulação computacional.
A simulação computacional é recomendada para edificações que não são
compreendidas pelos limites de aplicação do método simplificado e para as que
possuem formas complexas e soluções de desempenho inovadoras. O consumo
final, em energia elétrica e térmica, por uso de cada sistema individual é obtido
através de simulações, cujos resultados são utilizados no cálculo do consumo de
energia primária (CEP) das duas condições, real e de referência, e na realização da
posterior classificação da edificação quanto a sua eficiência energética.
Enquanto isso, o método simplificado abrange boa parte das soluções
arquitetônicas mais difundidas e envolve a inserção de dados referentes aos
materiais utilizados na construção, à potência dos equipamentos e iluminação, bem
como à geometria da edificação (SILVA, 2019). O metamodelo estima a carga
térmica para a refrigeração do edifício por meio do uso de redes neurais artificiais
para as diferentes realidades climáticas brasileiras.
A rede neural é um método estatístico de inteligência artificial para a
predição de casos que não apresentam linearidade, como as edificações, e seu uso
está condicionado ao atendimento de parâmetros limites, conforme a Tabela 1. Caso
a edificação não se enquadre dentro de tais intervalos, a avaliação deve ser feita de
acordo com a simulação computacional, de modo a se obter resultados confiáveis.
30

Tabela 1 – Limites dos parâmetros de avaliação da envoltória da edificação atendidos pelo método
simplificado.
Limites
Parâmetros Valor mínimo Valor máximo
Absortância solar da cobertura (αcob) 0,2 0,8
Absortância solar da parede (αpar) 0,2 0,8
Ângulo de obstrução vizinha (AOV) 0º 80º
Ângulo horizontal de sombreamento (AHS) 0º 80º
Ângulo vertical de sombreamento (AVS) 0º 90º
Capacidade térmica da cobertura (CTcob) 0,22 kJ/(m².K) 450 kJ/(m².K)
Capacidade térmica da parede externa (CTpar) 0,22 kJ/(m².K) 450 kJ/(m².K)
Densidade de potência de equipamentos (DPE) 4 W/m² 40 W/m²
Densidade de potência de iluminação (DPI) 4 W/m² 40 W/m²
Fator solar do vidro (FS) 0,21 0,87
Pé-direito (PD) 2,6 m 6,6 m
Percentual de área de abertura da fachada (PAF) 0% 0,80%
Transmitância térmica da cobertura (Ucob) 0,51 W/(m².K) 5,07 W/(m².K)
Transmitância térmica da parede externa (Upar) 0,50 W/(m².K) 4,40 W/(m².K)
Transmitância térmica do vidro (Uvid) 1,9 W/m² 5,7 W/m²
Fonte: INMETRO (2021a).

Para fins de obtenção da Etiqueta Nacional de Conservação de Energia


(ENCE) são analisados quatro sistemas: envoltória, iluminação, condicionamento de
ar e aquecimento de água. A ENCE pode ser obtida para todos os sistemas em
conjunto (ENCE geral), ou para diferentes combinações entre os sistemas ou
apenas para a envoltória da edificação (ENCE parcial). A classificação parcial da
eficiência energética é possível para os seguintes sistemas: envoltória completa;
envoltória completa e sistema de condicionamento de ar; envoltória completa e
sistema de iluminação; envoltória completa e sistema de aquecimento de água; e
envoltória completa e outros dois sistemas citados.
A condição de referência deve ser adotada de acordo com a tipologia da
edificação e suas respectivas características, descritas no Anexo A da INI-C. Para a
tipologia de hospedagem, foco do presente trabalho, os valores referenciais podem
ser obtidos na Tabela A.3 da INI-C. Os percentuais de economia de uma classe para
outra variam de acordo com a tipologia, fator de forma e clima no qual está inserida
a edificação, sendo neste último, empregada a classificação climática proposta por
Roriz (2014), na qual o território brasileiro é dividido em 24 grupos climáticos (GC),
onde o Grupo 1 representa a zona climática mais fria e o Grupo 24 a zona climática
mais quente.
Com relação à aplicação do método simplificado, o primeiro passo é a
determinação das escalas e classe de eficiência da envoltória, composta pelos
31

planos que separam o ambiente interno e externo da edificação, como as paredes e


cobertura. Assim como na classificação geral da edificação, a envoltória também é
avaliada sob as condições real e de referência, porém nesta, ao invés do consumo
em energia primária (CEP), devem ser consideradas a carga térmica total anual de
refrigeração da edificação (CgTTref ). Calculada a CgTTref da envoltória, é necessário
determinar o coeficiente de redução de carga térmica de refrigeração total anual da
classificação D para a A (CRCgTT𝐷−𝐴 ), a partir do fator de forma (FF) e do grupo
climático (GC). O cálculo do FF consiste na divisão entre a área da envoltória e o
volume total construído da edificação. A área da envoltória é constituída pela soma
das áreas das paredes externas e da cobertura e o volume total se refere à soma
das multiplicações entre a área de cada pavimento e seu pé-direito. O grupo
climático, a qual pertence o edifício, pode ser encontrado no Anexo G da INI-C.
Sabendo o GC e o valor do FF, pode-se definir o CRCgTT𝐷−𝐴 por meio das tabelas do
item 8.2.1 da INI-C, mais precisamente, da Tabela 8.13, para edificações de
hospedagem.
Da multiplicação entre a CgTTref e a CRCgTT𝐷−𝐴 , tem-se o intervalo i, dentro
do qual o edifício será classificado, que deve ser subdividido em três partes, cada
uma referente a um intervalo de classificação na escala de eficiência, variando de A
até D. Ainda, caso a edificação real apresente carga térmica total anual de
refrigeração superior à condição de referência, a esta é atribuída classe E. A partir
disso, obtém-se os limites dos intervalos das classificações de eficiência energética
da envoltória, os quais preenchem a Tabela 2, que funciona como comparativo entre
os valores da carga da edificação real (CgTTreal ) e os limites baseados na carga do
caso de referência, possibilitando a identificação da classe de eficiência energética
da envoltória.

Tabela 2 – Limites dos intervalos das classificações de eficiência energética da envoltória.


Classe de eficiência A B C D E
Limite Superior - > CgTTref − 3𝑖 > CgTTref − 2𝑖 > CgTTref − 𝑖 > CgTTref
Limite Inferior ≤ CgTTref − 3𝑖 ≤ CgTTref − 2𝑖 ≤ CgTTref − 𝑖 ≤ CgTTref -
Fonte: INMETRO (2021a).

A carga térmica total anual de refrigeração da envoltória do caso de


referência também é utilizada para a determinação do consumo de energia elétrica,
32

cuja conversão é feita por meio da divisão dessa carga pela eficiência energética do
sistema de condicionamento de ar.
Pode-se analisar, ainda, o sistema de condicionamento de ar, o qual tem sua
classificação baseada no percentual de redução do consumo para refrigeração
(RedCR ) e o sistema de iluminação, cuja escala deve ser elaborada com base na
potência de iluminação limite, assim como a avaliação do sistema de aquecimento
de água, com classificação fundamentada no percentual de redução de consumo de
energia primária preciso para o atendimento da demanda de água quente da
edificação.
Da análise de todos os sistemas parciais em conjunto, tem-se, como
mencionado anteriormente, a classificação da eficiência energética geral da
edificação (ENCE geral). A determinação desta é embasada no consumo de energia
primária, obtido pela soma do consumo estimado de energia elétrica, para o caso de
referência, acrescido do consumo de energia térmica, quando existente, para a
edificação real, multiplicados pelos seus respectivos fatores de conversão,
viabilizando, assim, o comparativo entre ambos os edifícios.

MEDIDAS DE EFICIÊNCIA ENERGÉTICA

As condições de conforto interno da edificação são influenciadas


expressivamente pelos materiais de construção empregados. Melhorias podem ser
alcançadas mediante o conhecimento das propriedades desses materiais
(LAMBERTS; DUTRA; PEREIRA, 2014).
Segundo Nakamura, Maciel e Carlo (2013), o emprego de medidas que
visam a conservação de energia é fundamental, visto que permite a redução do
consumo energético necessário e o desenvolvimento de um estilo de vida com
menos gastos, fazendo o uso de novas tecnologias e soluções alternativas.
Embora o consumo de energia elétrica nas edificações seja muito
significativo, correspondendo a aproximadamente 50% do total consumido no país, o
setor tem um expressivo potencial de economia desse recurso. Construções novas
podem obter uma redução de até 50%, enquanto as existentes podem alcançar uma
economia de até 30% (PROCEL INFO, 2006b).
Atualmente, existem vários trabalhos que analisam os efeitos da adoção de
medidas de eficiência energética no consumo das edificações.
33

Lima (2007) efetuou um estudo no qual objetivava identificar as decisões


arquitetônicas de maior impacto na redução do consumo energético em hotéis. Com
base em auditorias em 43 meios de hospedagem na cidade de Natal (RN), o autor
reuniu dados a respeito do funcionamento, equipamentos, sistema de iluminação e
condicionamento de ar, bem como características construtivas destes
estabelecimentos. Tais informações foram utilizadas para a modelagem de um caso
representativo, posteriormente simulado computacionalmente no programa
VisualDOE, para a verificação da influência das diferentes alternativas de projeto
implantadas no consumo de energia. Com isto, constatou-se que as decisões
projetuais impactam até 73% no consumo de energia. Estratégias de sombreamento
da fachada podem representar uma redução maior que 25% no consumo. A adoção
da orientação dos apartamentos na orientação norte/sul em detrimento a leste/oeste,
também pode proporcionar um aumento significativo no sombreamento, obtendo
reduções na demanda de energia elétrica de até 14%. Sistemas de condicionamento
de ar com temperatura de conforto ajustada apropriadamente e mais eficientes
podem atingir uma redução de até 37% no consumo energético nessa tipologia de
edificação.
Em seu estudo, Nepomuceno (2016) analisou a implementação de medidas
para o aumento da eficiência energética num hotel inserido numa zona urbana
edificada. Entre as medidas, o autor adotou a substituição das luminárias de
tecnologia fluorescente e halogênicas por LED e a aplicação de películas de
sombreamento nos vãos envidraçados. A alteração da iluminação resultaria numa
redução de cerca de 46 MWh e a medida de aplicação de película de polímero
híbrido com características refletoras em locais com problemas de
sobreaquecimento promoveria uma redução anual estimada de 8,5 MWh em
sistemas de climatização.
Reis (2016) estudou o impacto de medidas de aumento da eficiência
energética dos sistemas de energia num hotel na Região Autónoma dos Açores.
Dentre as sugestões do autor estavam a substituição da iluminação por LEDs,
instalação de válvulas reguladoras da passagem de água nas torneiras das duchas
e a aplicação de isolamento térmico na tubulação. O consumo energético atual do
hotel, sem a adoção de medidas eficientes, é de 1.048.071 kWh/ano. Na simulação,
a instalação de iluminação composta por LEDs, resultaria em um consumo
energético de 973.957 kWh/ano, atingindo uma redução de 7% na fatura energética.
34

Já a redução de 40% na passagem de água, proporcionaria uma diminuição no


consumo deste recurso para banhos e de energia para o aquecimento da água que
seria utilizada. Inicialmente, tais consumos eram de 2.660658 l/ano de água e
108.307 kWh/ano para seu aquecimento. Com as válvulas, os consumos reduziriam
para 1.773.772 l/ano e 72.205 kWh/ano, para água e aquecimento, respectivamente.
Por último, a aplicação de isolamento nas tubulações, diminuiria as perdas de calor
de 1.663,95 W para 908,78 W. A redução de potência dissipada de 755,17 W
promoveria uma economia de 6.615,29 kWh/ano, que deixariam de ser consumidos.

ANÁLISE FINANCEIRA

Além da redução do consumo energético e dos impactos ambientais, a


decisão de adotar medidas de eficiência energética, por parte do usuário, é
fortemente norteada pelo retorno financeiro proporcionado pelas mesmas. Os
principais indicadores econômicos para analisar um investimento financeiramente
são: payback e payback corrigido, Valor Presente Líquido (VPL), Taxa Mínima de
Atratividade (TMA) e Taxa Interna de Retorno (TIR).
O payback é o tempo necessária para a recuperação de um investimento
(MOTTA et al., 2009). Este pode ser utilizado na forma simples ou corrigida, sendo
que na forma simples não se consideram as taxas de juros, inflação do período ou o
custo de oportunidade. Em contrapartida, na forma corrigida, são considerados os
valores do fluxo de caixa do período para o valor presente (ELI, 2017). O Valor
Presente Líquido é resultante da soma de todos os valores do fluxo de caixa,
trazidos para a data presente. Isto é, são descontados os valores futuros para a data
presente e estes são somados ao valor que o fluxo de caixa apresenta na data inicial
(HOCHHEIM, 2015). De acordo com Motta et al. (2009), a Taxa Mínima de
Atratividade é a menor taxa de retorno que convencerá o investidor a realizar o
projeto, ou seja, o mínimo que ele está disposto a ganhar. Por outro lado, a Taxa
Interna de Retorno é o retorno do investimento expresso em forma de uma taxa de
juros, igualando os recebimentos futuros aos investimentos feitos no projeto – VPL =
0 – (HOCHHEIM, 2015).
Os conceitos descritos foram utilizados no desenvolvimento de diferentes
estudos, cuja finalidade era analisar a viabilidade de seus trabalhos sob os aspectos
econômicos e financeiros.
35

Mariana (2008) construiu um modelo computacional de uma edificação


utilizada como hotel na cidade de São Paulo e de sua edificação de referência, com
o auxílio do programa Energy Plus. Considerando um custo anual com energia
elétrica de R$ 482.748,56, foram analisadas quatro propostas de redução do
consumo: dois resfriadores de líquido mais eficientes, uso de películas nas regiões
envidraçadas e uma combinação de ambas. A substituição do resfriador líquido por
outro tipo parafusado, demandaria um investimento final de R$ 600.000,00 para a
instalação e resultaria em um custo energético anual de R$ 411.414,98, ou seja,
uma redução de 14,8%, promovendo uma economia de R$ 64.264,49 por ano, com
um retorno do investimento no equipamento de 9,3 anos. Por outro lado, a aplicação
de películas, a fim de reduzir a entrada de calor, custaria aproximadamente R$
80.000,00 e reduziria o desembolso anual com energia em 2,1%, resultando em um
valor de R$ 472.669,87. Assim, o hotel economizaria R$ 9.079,90 por ano, sendo
necessários 8,7 anos para o retorno do investimento. Por fim, a combinação de
ambas as propostas, demandaria um investimento de R$ 680.000,00, inclusos
aquisição e instalação. Para esta medida, a edificação teria um custo energético de
R$ 403.266,39 por ano, obtendo uma redução de 16,5%, com economia de R$
71.605,56 e um período de retorno de 9,5 anos.
Souza (2019) aplicou o método de avaliação econômica do programa de
eficiência energética da Agência Nacional de Energia Elétrica (ANEEL) em um hotel
de 4 pavimentos na região central de Foz do Iguaçu (PR). O autor observou as
vantagens obtidas por meio da substituição do sistema de iluminação existente,
composto por lâmpadas fluorescentes, por um sistema de alto rendimento em LED.
No período de um ano, a empresa apresentou um consumo médio mensal de
34.874,27 kWh, sendo a iluminação responsável por 7,4% do total, ou seja, 2.592,65
kWh/mês. Para a adoção do novo sistema LED seria necessário um investimento de
R$ 28.148,79, considerando os custos diretos com materiais e equipamentos, mão
de obra e transporte. O consumo de energia economizada seria de 17,67 MWh/ano,
o que representa uma redução de 53,37% no consumo em relação ao sistema de
iluminação. Com um tempo necessário para pagar o investimento de 43 meses e
uma vida útil média dos equipamentos em torno de 25 anos, a substituição da
iluminação foi considerada viável.
Krause e Pimenta (2021) realizaram um estudo sobre a instalação de
sistemas fotovoltaicos como fonte de energia em pousadas e hotéis na cidade de
36

Ilhéus (BA). Foram analisadas três pousadas, identificadas como PB, PP e LM, que
apresentaram um consumo médio mensal de 6.600 kWh, 2.500 kWh e 3.800 kWh,
respectivamente. As pousadas PB, PP e LM apresentaram, nessa ordem, um custo
mensal de R$ 5.676,00, R$ 2.150,00 e R$ 3.268,00. A instalação dos painéis
proporcionaria aos empreendimentos economias, no primeiro ano, de R$ 64.706,40
(PB), R$ 24.510,00 (PP) e R$ 37.255,20 (LM). Para as três pousadas, foi prevista
uma redução na conta de energia de 95%, com um payback de aproximadamente 5
anos. Os autores deram o investimento como válido, uma vez que a vida útil desse
sistema é de aproximadamente 20 anos, sendo pago num período bastante inferior à
sua duração.
Melo (2005) avaliou, por meio de simulação computacional, estratégias para
a redução do consumo de energia elétrica em um hotel situado na cidade de
Florianópolis (SC). Foram propostos o retrofit no sistema de iluminação e de
condicionamento de ar, bem como o uso de um gerador a diesel no horário de ponta
e a mudança da tarifa para hora-sazonal verde. A substituição da iluminação
resultou numa redução do consumo anual de 10,55% (24.960 kWh). Em
contrapartida, o retrofit do sistema de condicionamento por condicionamento central
de água gelada, reduziu em 31% o consumo final quando comparado ao modelo
base, composto por condicionadores de ar de janela e do tipo split. Já o gerador,
reduziria 53,58% o valor do consumo de energia elétrica. A proposta de retrofit para
o sistema de iluminação possibilitaria uma economia anual no custo final de 10,65%
(R$ 9.409,75), com um retorno financeiro do investimento inicial de R$ 8.157,60
dentro de um ano. O retrofit no sistema de condicionamento de ar, por outro lado,
economizaria, ao ano, no custo final 18,61% (R$ 16.437,12), sendo que este
demandaria um investimento inicial de R$ 225.000,00. Em contrapartida, o gerador
proporcionaria uma economia de R$ 47.324,33 no valor anual da conta de energia
elétrica do hotel. Porém, com uma TMA de 12% ao ano, a autora concluiu que
apenas o retrofit no sistema de iluminação seria viável para o caso analisado, no
qual obteve-se, para um período de estudo de 10 anos, uma TIR anual de 115% e
um payback de 1 ano para a recuperação do capital investido.
37

CONSIDERAÇÕES FINAIS

Tendo em vista o aumento do consumo energético e a crescente


preocupação com a problemática ambiental no decorrer dos anos, a eficiência
energética ganha cada vez mais destaque no ramo da construção civil, que vem
buscando meios para aprimorar os materiais e melhorar o desempenho das
edificações, proporcionando não só mais conforto térmico aos usuários, mas
também reduções no consumo de energia elétrica.
Neste capítulo foi possível observar que a adoção de medidas de eficiência
energética em edificações de hospedagem contribui com economias energéticas e
financeiras significativas. Dentre as medidas que mais se destacaram, está a adoção
de lâmpadas de tecnologia LED, que contribui para a redução do consumo do
sistema de iluminação e diminui as cargas térmicas internas para a avaliação da
envoltória.
Notou-se, ainda, que analisar as economias obtidas com a aplicação de
medidas de eficiência energética em diferentes sistemas e componentes, como
iluminação, climatização e materiais da envoltória, é de suma importância para
demonstrar as vantagens de tal emprego, no entanto, o estudo da viabilidade
econômica se configura como fator decisivo para a adoção ou não das mesmas. Em
muitos casos, o ganho de desempenho energético não é suficientemente atrativo
quando efetuada a análise financeira, não apresentando um retorno econômico
adequado no período considerado. Por isso, o uso de ferramentas financeiras, como
a TIR, o VPL e o payback, são estratégias essenciais para garantir que a utilização
de medidas de eficiência proporcionará os resultados pretendidos em toda a sua
estância, caracterizando-se como investimentos viáveis e seguros.
38

MÉTODO

Para a realização da análise do presente trabalho, inicialmente, foi definida a


edificação a ser utilizada como objeto de estudo, bem como seus parâmetros
construtivos. A partir destas informações, foi realizada a avaliação da eficiência
energética da envoltória da edificação escolhida, conforme o método simplificado da
Instrução Normativa do Inmetro para a Classificação de Eficiência Energética de
Edificações Comerciais, de Serviços e Públicas (INI-C).
Após calculada a carga térmica de refrigeração da envoltória, foram
aplicadas medidas de eficiência energética (MEEs) na edificação de referência, com
a finalidade de reduzir a carga térmica inicial obtida.
Com base nos resultados das MEEs, estabeleceram-se pacotes de
eficiência energética, através da combinação daquelas que se mostraram mais
favoráveis à redução das cargas térmicas de refrigeração do edifício.
A cada medida adotada e, posteriormente, a cada pacote com as
combinações de algumas medidas, foi realizada uma nova classificação da
envoltória pelo método simplificado da INI-C.
Por fim, obtidos os pacotes de MEEs mais eficientes energeticamente,
calculou-se a viabilidade econômica com base em três importantes ferramentas
financeiras: o valor presente líquido (VPL), a taxa interna de retorno (TIR) e o
payback corrigido.
A metodologia foi aplicada para a mesma edificação em duas cidades
diferentes, Recife (PE) e Curitiba (PR), a fim de avaliar o comportamento de medidas
de eficiência energéticas em regiões com condições climáticas distintas.

EDIFICAÇÃO DE REFERÊNCIA

Definiu-se, como modelo de referência, uma edificação de hospedagem de


pequeno porte com 3 pavimentos, sendo um pavimento térreo, um tipo e a
cobertura. O pavimento térreo é constituído por lavanderia, cozinha, restaurante,
recepção e a escadaria. Por outro lado, o pavimento tipo e a cobertura possuem a
mesma configuração, apresentando, cada um, corredor, escadaria e 17 suítes com
banheiro. Cada andar conta, ainda, com 369,91 m², com a proporção geométrica de
9,10 m por 40,65 m e pé-direito de 3,00 m.
39

A edificação utilizada como objeto de estudo pode ser visualizada na Figura


4 e na Figura 5, que ilustram, respectivamente, as perspectivas das fachadas e as
plantas baixas da construção.

Figura 4 – Perspectivas das fachadas da edificação de hospedagem foco deste trabalho.

Fonte: Adaptado de LabEEE (2022).

Figura 5 – Plantas baixas dos pavimentos térreo (esquerda) e tipo/cobertura (direita) da edificação de
hospedagem foco deste trabalho.

Fonte: LabEEE (2022).


40

Com o intuito de analisar o impacto das medidas de eficiência energética na


envoltória da edificação em questão, usou-se como base os parâmetros de
referência contidos no Anexo A da INI-C, cujos valores estão dispostos na Tabela 3.
Salienta-se que, o edifício de referência aqui adotado, bem como as demais
tipologias descritas no anexo A da INI-C, tem classe D de eficiência energética.

Tabela 3 – Valores de referência para a edificação de hospedagem conforme o Anexo A da INI-C.


Edificações de hospedagem
Uso típico
Condição de referência
Geometria
Pé-direito (piso ao teto) (m) 3
Aberturas
PAF - Percentual de l de área de abertura da fachada (%) 45 (0,45)
Componentes construtivos
Parede
Upar - Transmitância da parede externa (W/m²K) 2,39
αpar - Absortância da parede (adimensional) 0,5
CTpar - Capacidade térmica da parede (kJ/m²K) 150
Cobertura
Ucob - Transmitância da cobertura (W/m²K) 2,06
αCOB - Absortância da cobertura (adimensional) 0,8
CTcob - Capacidade térmica da cobertura (kJ/m²K) 233
Vidro
FS – Fator solar do vidro (adimensional) 0,82
Uvid - Transmitância do vidro (W/m²K) 5,7
AHS - Ângulo horizontal de sombreamento (°) 0
AVS - Ângulo vertical de sombreamento (º) 0
AOV - Ângulo de obstrução vizinha (°) 0
Iluminação e ganhos
DPI - Densidade de potência de iluminação (W/m²) 15,7
Densidade de ocupação (m²/pessoa) 16,1
DPE - Densidade de potência de equipamentos (W/m²) 20
Horas de ocupação (horas) 24
Isolamento do piso Sem isolamento
Fonte: Adaptado de INMETRO (2021a).

Definida a tipologia da edificação, deve-se realizar a divisão de suas zonas


térmicas, considerando as áreas perimetrais e os espaços internos. Destaca-se que,
alguns ambientes foram desconsiderados nesta divisão, sendo eles, a lavanderia,
corredores, banheiros e escadarias, uma vez que estes são áreas de permanência
transitória (APTs), ou seja, não entram na avaliação de eficiência energética da
envoltória. Sendo assim, como consta na INI-C, as zonas térmicas perimetrais
devem ser limitadas em espaços de 4,50 m de profundidade, com tolerância de até
41

1,00 m com relação à face interna da parede externa. Quando a largura ou o


comprimento do espaço a ser analisado for inferior a 9,00 m, têm-se apenas zonas
perimetrais. Baseado no exposto, e sabendo que o edifício em estudo possui largura
de 9,10 m, conclui-se que este apresenta apenas zonas perimetrais, conforme
mostra a Figura 6. Cabe ressaltar que, para este estudo, foram consideradas como
áreas condicionadas os quartos, cozinha, recepção e restaurante, totalizando 745,53
m² de área condicionada.

Figura 6 – Zonas térmicas da edificação de referência.

Fonte: Autora (2022).

Observando a divisão das zonas térmicas executada, considera-se três


análises distintas, uma para cada pavimento, visto que há mudanças em relação a
situação dos mesmos. O térreo possui configuração diferente dos demais e se
encontra em contato com o solo. Em contrapartida, apesar de possuírem a mesma
configuração, a cobertura está exposta ao ambiente externo, enquanto o tipo não.
Havendo, portanto, a necessidade de avaliar as zonas térmicas de cada pavimento
de forma independente.
42

Determinados os parâmetros de entrada e as zonas térmicas, fez-se a


inserção destes no metamodelo da INI-C, disponível no site
http://pbeedifica.com.br/redes/comercial/index_with_angular.html# para a tipologia
de hospedagem de pequeno porte, com a finalidade de calcular a carga térmica de
refrigeração da edificação de referência.
Aplicando este procedimento para a edificação nas cidades de Curitiba (PR)
e Recife (PE), obteve-se os limites dos intervalos das classificações de eficiência da
envoltória para ambas as localidades, que apresentam classe D, como mencionado
anteriormente.
Para a construção da classificação da envoltória, além da carga térmica de
refrigeração total da edificação em sua condição de referência (CgTTref ), é
necessário definir o coeficiente de redução de carga térmica de refrigeração total
anual da classificação D para a A (CRCgTTD−A). Para isso, tem-se que determinar o
grupo climático no qual a edificação está inserida, bem como o seu fator de forma,
sendo este último calculado conforme a Equação 1.

𝐴𝑒𝑛𝑣
𝐹𝐹 = Eq. (1)
𝑉𝑡𝑜𝑡

Onde,
FF é o fator de forma da edificação (m²/m³);
Aenv é a área da envoltória (m²);
Vtot é o volume total construído da edificação (m³).

Deste procedimento, para o caso analisado, tem-se um FF de 0,38. Sabendo


que Curitiba pertence ao grupo climático 2 e Recife ao 17, pode-se definir o
coeficiente de redução de ambas as cidades, equivalente a 0,48 e 0,20,
respectivamente.
Com base na carga e no seu coeficiente de redução, a escala concernente à
classificação da eficiência energética da envoltória foi construída de acordo com a
Equação 2.

𝐶𝑔𝑇𝑇𝑟𝑒𝑓 ∗ 𝐶𝑅𝐶𝑔𝑇𝑇𝐷−𝐴
𝑖= Eq. (2)
3
43

Onde,
i é o coeficiente que representa os intervalos entre as classes;
CgTTref é a carga térmica de refrigeração total da edificação em sua
condição de referência (kWh/ano);
CRCgTTD−A é o coeficiente de redução de carga térmica de refrigeração total
anual da classificação D para a A.

MEDIDAS DE EFICIÊNCIA ENERGÉTICA

Visando reduzir o resultado de carga térmica de refrigeração da edificação,


de forma a torná-la mais eficiente energeticamente, foram analisadas onze medidas,
aplicadas em duas zonas climáticas distintas. Estas, referem-se, três aos vidros,
quatro relativas às paredes externas e quatro para a cobertura. As soluções
adotadas pelas MEEs foram baseadas no Anexo V da Portaria INMETRO nº 50/2013
e no site http://www.mme.gov.br/projeteee/componentes-construtivos/ do ProjetEEE.
Tais medidas foram escolhidas de forma a se ter uma variação, sobretudo, dos
parâmetros de transmitância e absortância térmica, possibilitando, assim, a
verificação dos impactos da modificação das propriedades dos materiais
empregados na envoltória da edificação.
Em relação aos vidros, foi considerada, para a MEE 1, a implantação do
modelo Cebrace Cool Lite 114 PN, laminado com incolor de 8 mm de espessura,
com fator solar reduzido de 0,27 e a mesma transmitância térmica de 5,7 W/m²K,
quando comparado ao caso de referência, ou seja, possui uma baixa reflexão e
permite uma elevada passagem de luz para o ambiente interno. Para a MEE 2, foi
aplicado o vidro Cebrace Cool Lite SKN 154, monolítico de 6 mm de espessura, com
fator solar de 0,29 e transmitância térmica de 3,14 W/m²K, que, assim como a MEE
1, reduz o fator solar do caso de referência, mas também reduz a transmitância,
proporcionando uma baixa reflexão luminosa e menor entrada de calor. Por outro
lado, a MEE 3, compreendeu a utilização do modelo de vidro Guardian Neutral 14
Green, monolítico de 6 mm de espessura, com fator solar de 0,22 e transmitância
térmica de 4,25 W/m²K, na qual também se tem a redução do fator solar e da
transmitância, proporcionando baixas transmissão de calor e reflexão luminosa.
Referente às paredes, a MEE 4, considerou a aplicação de concreto maciço
de 10 cm, com alta transmitância (4,40 W/m²K) e capacidade térmica (240 kJ/m²K).
44

Na MEE 5, fez-se uso do bloco de concreto de 9x19x39 cm, ao invés do bloco


cerâmico, e a mesma espessura de 2,5 cm de argamassa externa, com uma
transmitância maior, de 3,01 W/m²K, e uma capacidade térmica menor, de 131
kJ/m²K, que a edificação base. Para a MEE 6, foi mantida a espessura da
argamassa interna de 2,5 cm, bloco cerâmico de 9x14x24 cm, câmara de ar de 4
cm, outra camada do mesmo bloco e argamassa externa também de 2,5 cm, que
reduz a transmitância para 1,27 W/m²K e aumenta a capacidade do caso de
referência para 195 kJ/m²K. Por último, a MEE 7, consistiu em manter os materiais
empregados na edificação base, modificando apenas a coloração das paredes com
tinta mais clara na cor pérola, de absortância térmica equivalente a 0,22.
Finalmente, na cobertura foi analisada, para a MEE 8, a utilização de laje
pré-moldada de 12 cm, em substituição à maciça de 10 cm, e telha de fibrocimento
de 0,8 cm, sendo mantida a câmara de ar maior que 5 cm. A MEE 9, manteve a
câmara de ar e a laje maciça de 10 cm do caso de referência, trocando apenas a
telha de fibrocimento por telha metálica com poliuretano de 4 cm. Já na verificação
da MEE 10, tem-se apenas a laje maciça de 10 cm. Enquanto todas as medidas
anteriores se concentraram na observação da influência dos materiais construtivos
na eficiência energética e conservaram a absortância da cobertura, a MEE 11, se
ateve a apurar única e exclusivamente a influência dessa última, a reduzindo de 0,80
para 0,22, correspondente a uma pintura com tinta mais clara na cor pérola.
Na Tabela 4, estão dispostas todas as MEEs analisadas com suas
respectivas propriedades, bem como as informações a respeito dos materiais
constituintes da edificação de referência, cujos valores foram utilizados para o
desenvolvimento do presente estudo.
45

Tabela 4 – Componentes construtivos e propriedades dos materiais empregados no caso de referência e nas medidas de eficiência energética.
Componente
Caso de Referência Medidas de Eficiência Energética
Construtivo
MEE 1 MEE 2 MEE 3
Vidro simples incolor 6 mm Vidro CEBRACE Cool Lite 114 Vidro CEBRACE COOL-LITE SKN Vidro GUARDIAN Neutral
Vidro FS = 0,82 PN laminado com incolor 8mm 154 monolítico 6 mm 14 green monolítico 6 mm
Uvid = 5,7 W/m²K FS = 0,27 FS = 0,29 FS = 0,22
Uvid = 5,7 W/m²K Uvid = 3,14 W/m²K Uvid = 4,25 W/m²K
Caso de Referência MEE 4 MEE 5 MEE 6
Argamassa interna 2,5 cm
Bloco cerâmico 9x14x24 cm
Bloco concreto 9x19x39 cm
Concreto maciço 10 cm Câmara de ar 4 cm
Argamassa Externa 2,5 cm
Upar = 4,40 W/m²K Bloco cerâmico 9x14x24 cm
Argamassa interna (2,5 cm) Upar = 3,01 W/m²K
αpar = 0,50 Argamassa externa 2,5 cm
Bloco cerâmico furado (9,0 cm) αpar = 0,50
CTpar = 240 kJ/m²K Upar = 1,27 W/m²K
Paredes Argamassa externa (2,5 cm) CTpar = 131 kJ/m²K
αpar = 0,50
Upar = 2,39 W/m²K CTpar = 195 kJ/m²K
αpar = 0,50
MEE 7
CTpar = 150 kJ/m²K
Caso de referência com pintura clara
Upar = 2,39 W/m²K
αpar = 0,22
CTpar = 150 kJ/m²K
Caso de Referência MEE 8 MEE 9 MEE 10
Laje pré-moldada 12 cm Laje maciça 10 cm
Câmara de ar (> 5,0 cm) Câmara de ar (> 5,0 cm) Laje maciça 10 cm
Telha fibrocimento 0,8 cm Telha metálica com poliuretano 4 cm Ucob = 3,74 W/m²K
Telha de fibrocimento Ucob = 1,26 W/m²K Ucob = 0,55 W/m²K αcob = 0,80
Câmara de ar (> 5,0 cm) αcob = 0,80 αcob = 0,80 CTcob = 220 kJ/m²K
Cobertura Laje maciça de concreto (10 cm) CTcob = 145 kJ/m²K CTcob = 230 kJ/m²K
Ucob = 2,06 W/m²K
αcob = 0,80 MEE 11
CTcob = 233 kJ/m²K Caso de referência com pintura clara
Ucob = 2,06 W/m²K
αcob = 0,22
CTcob = 233 kJ/m²K
Fonte: Autora (2022).
46

ANÁLISE DA VIABILIDADE FINANCEIRA

A aplicação de medidas de eficiência energética capazes de reduzir o


consumo de energia elétrica da edificação demanda um investimento inicial, que
pode ou não ser viável. A análise da viabilidade econômica deste desembolso, é
realizada por meio do Valor Presente Líquido (VPL), Taxa Interna de Retorno (TIR) e
do payback corrigido.
O VPL é uma ferramenta aplicada para identificar o valor presente de
pagamentos futuros, ou seja, apontar os lucros que esse investimento pode fornecer
nos próximos anos. Essa conversão é realizada a partir de uma taxa de desconto,
nesse caso, a Taxa Mínima de Atratividade (TMA), que é o percentual indicativo do
retorno mínimo exigível para a efetuação de um investimento. Para ser tido como
rentável, um investimento deve apresentar VPL maior do que zero para o período de
retorno máximo considerado, sendo calculado por intermédio da Equação 3.

𝑉𝑓
VPL = 𝑉𝑝 + ∑𝑛𝑡=1 (1+𝑇𝑀𝐴)𝑡
Eq. (3)

Onde,
VPL é o valor presente líquido;
Vp é o valor presente;
n é o número de períodos de capitalização;
TMA é a taxa mínima de atratividade;
Vf são os valores futuros.

A definição da TMA considera o valor da taxa básica de juros da economia,


a Selic, que influencia todas as taxas de juros praticadas no país, como as taxas
referentes a empréstimos, financiamentos e aplicações financeiras. A taxa Selic, no
momento do desenvolvimento do presente trabalho, é de 13,75% ao ano. Tendo em
vista a alta da Selic no decorrer do ano de 2022, que passou de 9,25%, em janeiro,
para 13,75%, em outubro, adotou-se a taxa de TMA de 15% ao ano.
Em contrapartida, a Taxa Interna de Retorno (TIR) refere-se a taxa de
desconto que deve ter um fluxo de caixa para que seu valor presente líquido seja
igualado a zero. Portanto, para que seja atestada a viabilidade de um projeto, este
47

deve possuir TIR maior que a TMA, podendo esta última ser calculada pela Equação
4.

𝑉 𝑓
∑𝑛𝑡=0 (1+𝑇𝐼𝑅)𝑡
=0 Eq. (4)

Onde,
TIR é a taxa interna de retorno;
n é o número de períodos de capitalização;
Vf são os valores futuros.

Já o payback corrigido mede o tempo necessário para a recuperação do


capital investido, considerando a TMA do investidor. Assim, é uma ferramenta de
segurança que avalia a viabilidade do investimento, ao mesmo tempo em que traça
um período de retorno estimado e utilizado como referência para o planejamento
financeiro, o que viabiliza a escolha do projeto que demandar o menor espaço de
tempo para a reposição do capital, considerando que quanto maior for o tempo, mais
incertezas se tem quanto ao cenário financeiro real frente ao hipotético, e a
recuperação do dinheiro aplicado. Com base no exposto, para este trabalho, serão
consideradas viáveis as medidas que apresentarem um payback corrigido de no
máximo 10 anos.
Para a estimativa dos custos necessários para a implantação dos materiais
constituintes das medidas de eficiência energética analisadas, foi utilizado o Sistema
Nacional de Pesquisa de Custos e Índices na Construção Civil (SINAPI), em sua
forma desonerada, para o mês de setembro de 2022. Para os materiais e insumos
não contemplados pelo banco de dados do SINAPI, foram realizadas pesquisas de
mercado com a finalidade de determinar seus preços.
No que tange ao custo de energia elétrica, para obter o valor do consumo
em reais da edificação, deve ser considerada a tarifa utilizada em cada cidade em
estudo, no caso deste trabalho, Curitiba e Recife. O consumo é a soma do Programa
de Integração Social (PIS), da Contribuição para o Financiamento da Seguridade
Social (COFINS) e o Imposto sobre Circulação de Mercadorias e Serviços (ICMS) de
cada região. Por intermédio de pesquisas nos sites das concessionárias de energia
do Paraná e Pernambuco, tem-se que as tarifas praticadas nestes estados, para a
48

classe B3 – comercial –, equivalem a 0,72808 R$/kWh (COPEL, 2022) e 0,73580


R$/kWh (PERNAMBUCO, 2022), respectivamente.
Para a conversão da carga térmica de refrigeração anual da envoltória da
edificação (CgT) em consumo de energia elétrica, precisa-se dividir este valor pela
eficiência energética do sistema de condicionamento de ar (SPLV), conforme
mostrado na Equação 5.

𝐶𝑔𝑇
𝐶𝐸𝐸 = Eq. (5)
𝑆𝑃𝐿𝑉

Onde,
CEE é o consumo de energia elétrica;
CgT é a carga térmica de refrigeração;
SPLV é a eficiência energética do sistema de condicionamento de ar.

O valor adotado para a eficiência energética do sistema de condicionamento


de ar será de 5,5 W/W, concernente ao novo índice mínimo de eficiência energética
para o recebimento do Selo A, para máquinas de ar-condicionado do tipo split
(BRASIL, 2020b).
Em posse dos valores das tarifas de energia elétrica e dos consumos, o
consumo total, em R$/ano, é obtido pela Equação 6, que consiste na multiplicação
entre as tarifas (R$/kWh) e os consumos (kWh/m².ano) pela área de cada zona
térmica da edificação (m²).

𝐶𝑜𝑛𝑠𝑢𝑚𝑜 𝑡𝑜𝑡𝑎𝑙 = 𝑇𝑎𝑟𝑖𝑓𝑎 ∗ 𝐶𝐸𝐸 ∗ Á𝑟𝑒𝑎 𝑍𝑇 Eq. (6)

Onde,
CEE é o consumo de energia elétrica;
Área ZT é a área da zona térmica.
49

RESULTADOS E DISCUSSÕES

Neste capítulo, serão apresentados os resultados e discussões a respeito da


aplicação da metodologia anteriormente descrita.

AVALIAÇÃO DA EFICIÊNCIA ENERGÉTICA

Para efetuar a avaliação da eficiência energética, após a definição da


edificação, seus parâmetros e divisão de suas zonas térmicas, foram determinadas,
através do metamodelo da INI-C, os valores das cargas térmicas de refrigeração da
edificação de referência, para Curitiba e Recife, assim como seus limites de
classificação de eficiência energética.
Com a obtenção das cargas e limites, foram analisados os impactos de
medidas e pacotes de medidas de eficiência energética na envoltória do caso de
referência, em ambas as cidades, a fim de melhorar o desempenho da mesma e
aumentar a sua classe de eficiência.

4.1.1 Edificação de referência

Com base nos dados definidos anteriormente, foram determinadas as cargas


de refrigeração e os limites dos intervalos das classificações de eficiência da
envoltória do caso de referência, utilizados como base para a avaliação das medidas
nas localidades analisadas, como segue.

4.1.1.1 Curitiba

Para a cidade de Curitiba (PR), a edificação de referência apresentou uma


carga total de refrigeração de 104.776,09 kWh/ano, que, dividida pela área
condicionada, neste caso, 745,53 m², é equivalente a 140,54 kWh/m².ano, conforme
mostrado na Tabela 5.
50

Tabela 5 – Resultados de carga térmica anual de refrigeração de referência por zona térmica –
Curitiba.
Carga térmica Carga térmica
Orientação
Pavimento Zona Área (m²) de refrigeração de refrigeração
solar
(kWh/m².ano) (kWh/ano)
Z1 19,36 N 63,27 1.224,98
Térreo Z2 129,58 O 55,81 7.232,24
Z3 147,09 L 59,20 8.707,79
Z4 13,88 S 196,45 2.726,75
Z5 105,14 L 225,20 23.677,65
Intermediário
Z6 13,88 N 247,66 3.437,56
Z7 91,86 O 208,09 19.114,94
Z8 13,88 S 157,71 2.189,02
Z9 105,14 L 175,95 18.499,82
Cobertura
Z10 13,88 N 188,58 2.617,53
Z11 91,86 O 167,08 15.347,81
Carga térmica de refrigeração total 140,54 104.776,09
Fonte: Autora (2022).

Determinada a carga térmica de refrigeração, é necessário definir o fator de


forma, nesse caso, equivalente a 0,38, resultante da divisão entre a área da
envoltória (1.265,415 m²) pelo volume total da edificação (3.329,235 m³). Com base
no resultado do fator de forma, e tendo em vista que Curitiba pertence ao grupo
climático 2, é possível determinar o coeficiente de redução da carga térmica anual
de refrigeração da classe A para a classe D através da Tabela 8.13 da INI-C, que é
igual a 0,48. Posteriormente, calcula-se o intervalo de classificação da edificação,
divido em três partes iguais a 16.764,17 kWh/ano. Assim, são obtidos os limites das
classes de eficiência energética da Tabela 6.

Tabela 6 – Limites dos intervalos das classificações de eficiência energética da envoltória para
Curitiba.
Classe de eficiência A B C D E
Limite Superior - 54.483,57 71.247,74 88.011,92 104.776,09
Limite Inferior 54.483,57 71.247,74 88.011,92 104.776,09 -
Fonte: Autora (2022).

4.1.1.2 Recife

Para a cidade de Recife (PE), a edificação de referência apresentou uma


carga térmica total anual de refrigeração de 343.159,92 kWh/ano, que, ao dividir
pela área condicionada de 745,53 m², é igual a 460,29 kWh/m².ano, como ilustrado
na Tabela 7.
51

Tabela 7 – Resultados de carga térmica anual de refrigeração de referência por zona térmica –
Recife.
Carga térmica Carga térmica
Orientação
Pavimento Zona Área (m²) de refrigeração de refrigeração
solar
(kWh/m².ano) (kWh/ano)
Z1 19,36 N 409,37 7.925,39
Térreo Z2 129,58 O 414,34 53.690,02
Z3 147,09 L 408,49 60.084,25
Z4 13,88 S 439,07 6.094,35
Z5 105,14 L 464,72 48.860,22
Intermediário
Z6 13,88 N 467,47 6.488,54
Z7 91,86 O 471,95 43.353,39
Z8 13,88 S 497,18 6.900,85
Z9 105,14 L 516,85 54.341,70
Cobertura
Z10 13,88 N 517,88 7.188,15
Z11 91,86 O 525,07 48.233,05
Carga térmica de refrigeração total 460,29 343.159,92
Fonte: Autora (2022).

Com um fator de forma de 0,38, conforme mencionado anteriormente, e


sabendo que Recife pertence ao grupo climático 17, é possível determinar o
coeficiente de redução da carga térmica anual da classe A para a classe D através
da Tabela 8.13 da INI-C, que é igual a 0,20. Posteriormente, calcula-se o intervalo
de classificação da edificação, divido em três partes iguais a 22.877,33 kWh/ano.
Assim, são obtidos os limites das classes de eficiência energética da Tabela 8.

Tabela 8 – Limites dos intervalos das classificações de eficiência energética da envoltória para
Recife.
Classe de eficiência A B C D E
Limite Superior - 274.527,94 297.405,26 320.282,59 343.159,92
Limite Inferior 274.527,94 297.405,26 320.282,59 343.159,92 -
Fonte: Autora (2022).

4.1.2 Medidas de eficiência energética

Com o intuito de reduzir as cargas de refrigeração obtidas para a envoltória


do caso base, em Curitiba e Recife, foram analisadas as onze medidas adotadas
neste estudo, para os vidros, paredes e cobertura, como segue.
52

4.1.2.1 Medidas de eficiência energética referentes ao vidro

4.1.2.1.1 Curitiba

Em Curitiba, a adoção de vidros com maior transmitância térmica e menor


fator solar se mostrou mais eficiente energeticamente, reduzindo consideravelmente
a carga térmica de refrigeração da envoltória da edificação, como mostrado na
Figura 7.
Figura 7 – Comparativo entre as cargas térmicas de refrigeração totais das MEEs referentes aos
vidros – Curitiba.
200,00 6,00
5,50

Transmitância térmica (W/m²K)


Carga térmica de refrigeração

5,00
150,00 4,50
4,00
(kWh/m².ano)

3,50
100,00 3,00
2,50
2,00
50,00 1,50
1,00
0,50
0,00 0,00
Ed. Referência MEE 1 MEE 2 MEE 3

CgTT (kWh/m².ano) Uvid (W/m²K)

Fonte: Autora (2022).

A colocação de vidro laminado de 8 mm, com a mesma transmitância


térmica do caso de referência, de 5,7 W/m²K, e um fator solar igual a 0,27 (MEE 1),
possibilitou a maior redução de carga térmica, passando de 140,54 kWh/m².ano para
107,15 kWh/m².ano, equivalente a uma redução de 23,75%. A MEE 2, que possui o
menor valor de transmitância térmica, de 3,14 W/m²K, e o maior fator solar, com
0,29, foi a menos satisfatória, apresentando a menor redução entre as três medidas,
com 17,26%. Por outro lado, com um fator solar menor (0,22) e uma transmitância
maior que a MEE 1, equivalente a 4,25 W/m²K, a MEE 3 proporcionou uma redução
muito próxima a primeira medida, marcando 23,18%. Essa proximidade sugere que
a transmitância térmica exerce pouca, ou nenhuma, influência nas cargas da
edificação em questão, uma vez que fatores solares semelhantes e variações
maiores de transmitância geraram resultados similares, como ilustra a Tabela 9.
53

Tabela 9 – Classificação das MEEs relacionadas ao vidro na envoltória da edificação – Curitiba.


Carga térmica
Redução em relação Classificação
Identificação de refrigeração
ao caso de referência Energética
(kWh/m².ano)
Ed. Referência 140,54 - D
MEE 1 107,15 - 23,75% C
MEE 2 116,28 - 17,26% C
MEE 3 107,96 - 23,18% C
Fonte: Autora (2022).

Portanto, observa-se que todas as medidas de eficiência energética voltadas


para os vidros geraram reduções em relação à edificação de referência, sendo
constatado que vidros com menor fator solar impactam significativamente nos
valores de carga térmica de refrigeração da envoltória para o clima mais ameno da
cidade de Curitiba. Porém, apesar de reduções consideráveis, estas medidas
atingiram apenas classe C de eficiência energética, segundo a INI-C.

4.1.2.1.2 Recife

Em Recife, a aplicação de vidros com menor transmitância térmica e menor


fator solar possibilitaram os melhores resultados em relação à redução da carga
térmica de refrigeração da envoltória, conforme a Figura 8.

Figura 8 – Comparativo entre as cargas térmicas de refrigeração totais das MEEs referentes aos
vidros – Recife.
500,00 6,00
5,50
Transmitância térmica (W/m²K)
Carga térmica de refrigeração

5,00
400,00
4,50
4,00
(kWh/m².ano)

300,00 3,50
3,00
200,00 2,50
2,00
1,50
100,00
1,00
0,50
0,00 0,00
Ed. Referência MEE 1 MEE 2 MEE 3

CgTT (kWh/m².ano) Uvid (W/m²K)

Fonte: Autora (2022).

Diferente de Curitiba, a adoção da MEE 1 foi a menos satisfatória, com uma


redução de 11,00%. A MEE 2 e MEE 3, nas quais foram adotados valores menores
54

para a transmitância térmica, permitiram reduções de 12,02% e 12,84%,


respectivamente, como observado na Tabela 10.

Tabela 10 – Classificação das MEEs relacionadas ao vidro na envoltória da edificação – Recife.


Carga térmica
Redução em relação ao Classificação
Identificação de refrigeração
caso de referência Energética
(kWh/m².ano)
Ed. Referência 460,29 - D
MEE 1 409,63 - 11,00% C
MEE 2 404,96 - 12,02% C
MEE 3 401,19 - 12,84% C
Fonte: Autora (2022).

Embora todas as medidas tenham possibilitado reduções na carga térmica


de refrigeração, estas não foram tão consideráveis quanto em Curitiba, alcançando
apenas classe C. Assim como na capital paranaense, para climas mais quentes,
fatores solares menores favorecem o melhor desempenho da envoltória
energeticamente.

4.1.2.2 Medidas de eficiência energética referentes às paredes

4.1.2.2.1 Curitiba

Para as medidas relacionadas às paredes externas, valores maiores de


transmitância térmica e menores de absortância, se mostraram mais vantajosos para
a redução das cargas de refrigeração da edificação em Curitiba, como indicado na
Figura 9.
55

Figura 9 – Comparativo entre as cargas térmicas de refrigeração totais das MEEs referentes aos
materiais das paredes – Curitiba.
200,00 5,00

Transmitância térmica (W/m²K)


Carga térmica de refrigeração
4,50
160,00 4,00
3,50
(kWh/m².ano)

120,00 3,00
2,50
80,00 2,00
1,50
40,00 1,00
0,50
0,00 0,00
Ed. MEE 4 MEE 5 MEE 6 MEE 7
Referência

CgTT (kWh/m².ano) Upar (W/m²K)

Fonte: Autora (2022).

A MEE 4, que adotou concreto maciço de 10 cm, com transmitância de 4,40


W/m²K e capacidade térmica de 240,00 kJ/m²K, e a MEE 7, que considerou uma
absortância de 0,22, foram as que mais reduziram a carga de refrigeração, quando
comparada ao caso de referência, com 12,13% e 6,51%, respectivamente. O
concreto utilizado na MEE 4, é um material que apresenta elevada capacidade
térmica. Materiais que possuem essa característica, demandam muito calor para ter
a sua temperatura elevada, ou seja, absorvem e armazenam calor no interior de sua
estrutura, proporcionando uma diminuição das amplitudes térmicas internas e um
atraso térmico no fluxo de calor, isso faz com que o pico de temperatura interna
apresente uma defasagem e um amortecimento em relação ao externo. Portanto,
componentes de alta inércia térmica funcionam como uma espécie de bateria
térmica, absorvendo calor durante o verão, de modo a manter a edificação
confortável, e, se bem orientados, armazenando o calor no inverno para liberá-lo à
noite, o que auxilia a edificação a permanecer aquecida.
Ainda que menor, a MEE 5, que apresenta transmitância térmica de 3,01
W/m²K e capacidade térmica de 131 kJ/m²K, também se mostrou positiva, reduzindo
a carga de refrigeração da edificação de 140,54 kWh/m².ano para 135,67
kWh/m².ano, ou seja, 3,46%. Em compensação, o uso de um material com
transmitância de 1,27 W/m²K (MEE 6), menor que a de referência, e uma
capacidade de 195 kJ/m²K, aumentou a carga em 8,95%. As cargas internas
elevadas de iluminação, equipamentos e pessoas, fazem com que muito calor fique
56

armazenado no interior da edificação, e é necessário que ele seja dissipado para o


ambiente externo, de forma a manter um ambiente confortável termicamente. Em
virtude disso, valores baixos de transmitância, combinados a alta densidade de
carga interna, acabam por impedir que haja a dissipação do calor interno para o
exterior do edifício, ficando este armazenado em seu interior e, consequentemente,
aumentando o valor da carga térmica de refrigeração, fenômeno observado na MEE
6. Sendo assim, a aplicação de materiais que permitam a maior transferência de
calor entre o ambiente interno e externo, se revelam como boas opções
energeticamente, como disposto na Tabela 11.

Tabela 11 – Classificação das MEEs às paredes da envoltória da edificação – Curitiba.


Carga térmica
Redução em relação Classificação
Identificação de refrigeração
ao caso de referência Energética
(kWh/m².ano)
Ed. Referência 140,54 - D
MEE 4 123,49 - 12,13% D
MEE 5 135,67 - 3,46% D
MEE 6 153,12 + 8,95% E
MEE 7 131,39 - 6,51% D
Fonte: Autora (2022).

Apesar da maioria das medidas propiciarem reduções na carga de


refrigeração, estas são relativamente baixas, não elevando a classe de eficiência da
edificação, que permaneceu em D. Exceto pela MEE 6, que rebaixou a classe para
E, mostrando que, para a tipologia de hotel objeto de estudo, que apresenta carga
interna alta, com uma ocupação de 24h por dia, isolar as paredes externas
termicamente não é interessante.

4.1.2.2.2 Recife

Enquanto isso, em Recife, as medidas voltadas para as paredes externas


resultaram em reduções mínimas, quando não, aumento no resultado das cargas
térmicas de refrigeração, como ilustra a Figura 10.
57

Figura 10 – Comparativo entre as cargas térmicas de refrigeração totais das MEEs referentes aos
materiais das paredes – Recife.
500,00 5,00

Transmitância térmica (W/m²K)


Carga térmica de refrigeração
4,50
400,00 4,00
(kWh/m².ano) 3,50
300,00 3,00
2,50
200,00 2,00
1,50
100,00 1,00
0,50
0,00 0,00
Ed. MEE 4 MEE 5 MEE 6 MEE 7
Referência

CgTT (kWh/m².ano) Upar (W/m²K)

Fonte: Autora (2022).

A redução da absortância térmica da MEE 7, isto é, o uso de cores mais


claras nas paredes, foi a medida que proporcionou a maior redução das cargas de
refrigeração, com 2,15%. Já as MEE 4 e MEE 6, foram menos efetivas, reduzindo
apenas 0,25% e 0,30%. Em contrapartida, ao contrário de Curitiba, a MEE 5,
representou um aumento na carga térmica de 0,14%. Analisando estes percentuais,
conclui-se que, apesar de paredes mais isoladas funcionarem melhor para regiões
de clima mais quente, em virtude do bloqueio de entrada de calor do ambiente
externo para o interno, tal evento não é tão expressivo quando se tem uma elevada
carga interna, como disposto na Tabela 12. Isto se deve ao fato de que, mesmo que
o isolamento impeça a entrada de calor externo, este já existe em grande
quantidade no interior da edificação, ficando o calor armazenado e podendo gerar
desconforto térmico, considerando a sua dificuldade de dissipação.

Tabela 12 – Classificação das MEEs associadas às paredes da envoltória da edificação – Recife.


Carga térmica
Redução em relação Classificação
Identificação de refrigeração
ao caso de referência Energética
(kWh/m².ano)
Ed. Referência 460,29 - D
MEE 4 459,16 - 0,25% D
MEE 5 460,93 + 0,14% E
MEE 6 458,92 - 0,30% D
MEE 7 450,38 - 2,15% D
Fonte: Autora (2022).
58

Assim como em Curitiba, as medidas somente mantiveram a classe de


eficiência da envoltória em D e, no caso da MEE 5, reduziram para E, não sendo tão
atrativas no âmbito energético.

4.1.2.3 Medidas de eficiência energética referentes à cobertura

4.1.2.3.1 Curitiba

Na análise dos resultados obtidos para as medidas de eficiência energética


relacionadas à cobertura, reduzir a absortância, através do uso de uma cor mais
clara, foi a medida mais interessante do ponto de vista da eficiência energética da
envoltória, conforme mostra a Figura 11.

Figura 11 – Comparativo entre as cargas térmicas de refrigeração totais das MEEs referentes aos
materiais da cobertura – Curitiba.
160,00 4,00

Transmitância térmica (W/m²K)


Carga térmica de refrigeração

3,50

120,00 3,00
(kWh/m².ano)

2,50

80,00 2,00

1,50

40,00 1,00

0,50

0,00 0,00
Ed. MEE 8 MEE 9 MEE 10 MEE 11
Referência

CgTT (kWh/m².ano) Ucob (W/m²K)

Fonte: Autora (2022).

Em Curitiba, constatou-se que 50% das medidas implicaram em um


aumento da carga de refrigeração em relação ao caso de referência, fazendo parte
deste percentual a MEE 9, com transmitância de 0,55 W/m²K e capacidade térmica
de 230 kJ/m²K, e a MEE 10, com transmitância de 3,74 W/m²K e capacidade térmica
igual a 220 kJ/m²K, que geraram uma alta de 4,95% e 6,89%, respectivamente. A
baixa transmitância térmica da MEE 9, torna a cobertura mais isolada, dificultando
as trocas de calor entre ambiente interno e externo. Como exposto anteriormente,
isolar a envoltória não é favorável em se tratando de edificações com elevada carga
59

interna, como o caso de estudo, visto que o isolamento impede a dissipação da alta
carga presente no interior da construção para o seu exterior, mantendo elevadas as
cargas térmicas de refrigeração.
A MEE 8, com transmitância de 1,26 W/m²K e capacidade térmica de 145
kJ/m²K, e a MEE 11, de menor absortância, com 0,22, integram os outros 50%,
propiciando reduções de 2,02% e 13,70% na carga térmica de refrigeração,
respectivamente, como o disposto na Tabela 13.

Tabela 13 – Classificação das MEEs associadas à cobertura da envoltória da edificação – Curitiba.


Carga térmica
Redução em relação Classificação
Identificação de refrigeração
ao caso de referência Energética
(kWh/m².ano)
Ed. Referência 140,54 - D
MEE 8 137,70 - 2,02% D
MEE 9 147,49 + 4,95% E
MEE 10 150,23 + 6,89% E
MEE 11 121,28 - 13,70% D
Fonte: Autora (2022).

Assim como nas paredes, as medidas aplicadas à cobertura resultaram em


classe D e E de eficiência energética da envoltória, não se configurando muito
vantajosas.

4.1.2.3.2 Recife

Para a cobertura da edificação, quando situada na cidade de Recife, a


utilização de uma cor com absortância menor de 0,22 (MEE 11) também foi a
medida que mais se destacou, como ilustra a Figura 12.
60

Figura 12 – Comparativo entre as cargas térmicas de refrigeração totais das MEEs referentes aos
materiais da cobertura – Recife.
6.000,00 4,00

Transmitância térmica (W/m²K)


Carga térmica de refrigeração
3,50
5.000,00
(kWh/m².ano) 3,00
4.000,00
2,50

3.000,00 2,00

1,50
2.000,00
1,00
1.000,00
0,50

0,00 0,00
Ed. MEE 8 MEE 9 MEE 10 MEE 11
Referência

CgTT (kWh/m².ano) Ucob (W/m²K)

Fonte: Autora (2022).

As MEEs 8, 9 e 11 atingiram as maiores reduções da carga de refrigeração,


com 2,71%, 1,33 % e 6,73% respectivamente. A MEE 10 foi a única na qual houve
um aumento, sendo este igual a 5,55%, como pode ser constatado na Tabela 14.

Tabela 14 – Classificação das MEEs associadas à cobertura da envoltória da edificação – Recife.


Carga térmica
Redução em relação Classificação
Identificação de refrigeração
ao caso de referência Energética
(kWh/m².ano)
Ed. Referência 460,29 - D
MEE 8 447,79 - 2,71% D
MEE 9 454,17 - 1,33% D
MEE 10 485,82 + 5,55% E
MEE 11 429,32 - 6,73% C
Fonte: Autora (2022).

Nota-se que as medidas associadas à cobertura apresentaram um


desempenho energético melhor, se comparado às paredes, chegando a alcançar
classe C de eficiência com a aplicação de uma cor mais clara.

4.1.3 Pacotes de medidas de eficiência energética

Para a definição dos pacotes de medidas de eficiência energética, fez-se o


uso daquelas que mais contribuíram para a melhora da redução da carga térmica de
refrigeração em relação aos vidros, paredes e cobertura, para as cidades estudadas,
como segue.
61

4.1.3.1 Curitiba

Em Curitiba, a adoção de vidro laminado incolor de 8 mm nas janelas (MEE


1), concreto maciço de 10 cm nas paredes (MEE 4) e cor acrílica fosca pérola com
absortância de 0,22 na cobertura (MEE 11), foram as que apresentaram os melhores
resultados, sendo usadas para a montagem dos pacotes, como consta na Tabela
15.

Tabela 15 – Composição dos pacotes de medidas de eficiência energética – Curitiba.


Pacotes Combinação de MEEs
Pacote 1 MEE 1 + MEE 4
Pacote 2 MEE 1 + MEE 11
Pacote 3 MEE 4 + MEE 11
Pacote 4 MEE 1 + MEE 4 + MEE 11
Fonte: Autora (2022).

Os pacotes que obtiveram os melhores índices foram os que envolviam a


substituição dos vidros das janelas e a cor da cobertura, como observado na Figura
13.

Figura 13 – Comparativo entre as cargas térmicas de refrigeração totais dos pacotes de medidas –
Curitiba.
160,00
Carga térmica de refrigeração

120,00
(kWh/m².ano)

80,00

40,00

0,00
Ed. Pacote 1 Pacote 2 Pacote 3 Pacote 4
Referência

Fonte: Autora (2022).

O Pacote 1, composto por vidro duplo (MEE 1) e paredes de concreto


maciço de 10 cm de espessura (MEE 4), apresentou uma redução de 32,74% em
relação ao caso de referência.
62

O Pacote 2, possui, além da MEE 1, a MEE 11, que consiste na redução da


absortância da cobertura de 0,80 para 0,22, com a utilização de uma cor mais clara,
reduziu a carga térmica de refrigeração para 90,93 kWh/m².ano, correspondente a
35,30%. Comparado ao primeiro pacote, este apresentou uma redução 2,56%
superior, uma vez que as MEEs 1 e 11 apresentaram melhor eficiência
individualmente que a MEE 4.
Enquanto isso, o Pacote 3 é constituído pelas MEEs 4 e 11. Assim como os
demais, foi obtida uma redução de 25,59%, equivalente a 1.298,37 kWh/m².ano,
porém menor que as dos pacotes anteriores.
Por fim, o Pacote 4 reuniu todas as medidas consideradas mais eficientes,
ou seja, as MEEs 1, 4 e 11. Como previsto, este foi o pacote que provocou a maior
redução de carga entre os analisados, com 43,06%, passando de 140,54
kWh/m².ano para 80,02 kWh/m².ano, conforme disposto na Tabela 16.

Tabela 16 – Classificação da eficiência energética dos pacotes de medidas – Curitiba.


Carga térmica
Redução em relação Classificação
Identificação de refrigeração
ao caso de referência Energética
(kWh/m².ano)
Ed. Referência 140,54 - D
Pacote 1 94,53 - 32,74% B
Pacote 2 90,93 - 35,30% B
Pacote 3 106,51 - 24,21% C
Pacote 4 80,02 - 43,06% B
Fonte: Autora (2022).

Com base nestes resultados, é possível verificar que os pacotes obtiveram


classe B e C de eficiência energética para a envoltória. Apesar de contribuírem com
reduções maiores que as observadas nas medidas isoladas, estas não foram
suficientes para atingir classe A de eficiência.

4.1.3.2 Recife

Em Recife, o emprego de vidro monolítico de 6 mm nas janelas (MEE 3) e


cores mais claras nas paredes (MEE 7) e cobertura (MEE 11), se mostraram mais
eficientes do ponto de vista energético, sendo utilizadas para a elaboração dos
pacotes, conforme a Tabela 17.
63

Tabela 17 – Composição dos pacotes de medidas de eficiência energética – Recife.


Pacotes Combinação de MEEs
Pacote 1 MEE 3 + MEE 7
Pacote 2 MEE 3 + MEE 11
Pacote 3 MEE 7 + MEE 11
Pacote 4 MEE 3 + MEE 7 + MEE 11
Fonte: Autora (2022).

Os pacotes que propiciaram os melhores índices de eficiência energética


foram os que envolviam a substituição dos vidros das janelas e a cor da cobertura,
como observado na Figura 14.

Figura 14 – Comparativo entre as cargas térmicas de refrigeração totais dos pacotes de medidas –
Recife.
500,00
Carga térmica de refrigeração

400,00
(kWh/m².ano)

300,00

200,00

100,00

0,00
Ed. Pacote 1 Pacote 2 Pacote 3 Pacote 4
Referência

Fonte: Autora (2022).

O Pacote 1, é formado por vidro monolítico verde de 6 mm de espessura


(MEE 3) e uma diminuição da absortância das paredes de 0,50 para 0,22 (MEE 7), e
promoveu uma redução da carga térmica de refrigeração para 392,66 kWh/m².ano,
isto é, 14,69% menor que a edificação de referência.
Por outro lado, no Pacote 2, além da MEE 3, foi adotada a redução da
absortância da cobertura de 0,80 para 0,22 (MEE 11), na qual obteve-se uma carga
menor de 371,43 kWh/m².ano, equivalente a 19,31%. Quando comparado ao Pacote
1, o Pacote 2 se revelou mais eficiente, com uma carga reduzida em 4,61%, o que é
plausível, considerando que a absortância mais baixa na cobertura tem uma redução
de carga maior que nas paredes.
Constituído pelas MEEs 7 E 11, o Pacote 3, correspondeu a terceira maior
redução, com 8,92%, ou seja, uma carga de 419,22 kWh/m².ano.
64

Por último, o Pacote 4 uniu todas as medidas adotadas nos pacotes


anteriores, sendo o que apresentou a menor carga térmica de refrigeração, com
362,63 kWh/m².ano, correspondente a uma redução de 21,22%, como disposto na
Tabela 18.

Tabela 18 – Classificação da eficiência energética dos pacotes de medidas – Recife.


Carga térmica
Redução em relação Classificação
Identificação de refrigeração
ao caso de referência Energética
(kWh/m².ano)
Ed. Referência 460,29 - D
Pacote 1 392,66 - 14,69% B
Pacote 2 371,43 - 19,31% B
Pacote 3 419,22 - 8,92% C
Pacote 4 362,63 - 21,22% A
Fonte: Autora (2022).

Apesar das reduções terem apresentado percentuais menores que as


observadas em Curitiba, os pacotes adotados em Recife obtiveram melhoras mais
consideráveis nos níveis de eficiência da envoltória, que passou de D para C e B,
chegando a atingir classe A.

4.1.4 Síntese dos resultados

Em Curitiba, do total das 15 medidas analisadas, considerando também os


pacotes, 7 medidas se mostraram mais eficientes energeticamente quando
comparadas ao caso de referência, elevando a classe de eficiência da envoltória
para C e B. Outras 5 medidas mantiveram a classificação da envoltória da edificação
de referência, isto é, classe D. O restante, correspondente a 20% do total, promoveu
um aumento do consumo de energia do caso de referência, resultando em classe E,
conforme ilustrado na Figura 15.
65

Figura 15 – Comparativo entre as cargas térmicas de refrigeração totais das MEEs e pacotes de
MEEs para Curitiba (PR).
180,00

Carga térmica de refrigeração


160,00
140,00 Classe D
(kWh/m².ano)
120,00 Classe C
100,00 Classe B
80,00 Classe A
60,00
40,00
20,00
0,00

Fonte: Autora (2022).

Em Recife, 8 das 15 medidas proporcionaram uma melhora na classe de


eficiência energética da envoltória da edificação de referência, elevando a ENCE
para classe C, B e A. Enquanto isso, 33,33% das medidas resultaram em classe D,
equivalente ao caso de referência. Os outros 13,33% representaram uma piora na
eficiência da envoltória, resultando em classe E, como mostrado na Figura 16.

Figura 16 – Comparativo entre as cargas térmicas de refrigeração totais das MEEs e pacotes de
MEEs para Recife (PE).
550,00
Carga térmica de refrigeração

500,00
Classe D
450,00 Classe C
400,00 Classe B
(kWh/m².ano)

Classe A
350,00
300,00
250,00
200,00
150,00
100,00
50,00
0,00

Fonte: Autora (2022).

Analisando os gráficos em ambas as cidades, é possível notar que a cidade


de Recife apresentou resultados relativamente melhores quanto à adoção de
66

medidas de eficiência energética, quando comparado com a cidade de Curitiba,


obtendo classe A, o que não ocorreu na capital paranaense, como observado na
Tabela 19.

Tabela 19 – Síntese da classificação energética das avaliações para Curitiba (PR) e Recife (PE).
Redução Redução Classificação Classificação
CgTT Curitiba CgTT Recife
Identificação CgTTref CgTTref Energética Energética
(kWh/m².ano) (kWh/m².ano)
Curitiba Recife Curitiba Recife
Ed. Referência 140,54 460,29 - - D D
MEE 1 107,15 409,63 - 23,75% - 11,00% C C
MEE 2 116,28 404,96 - 17,26% - 12,02% C C
MEE 3 107,96 401,19 - 23,18% - 12,84% C C
MEE 4 123,49 459,16 - 12,13% - 0,25% D D
MEE 5 135,67 460,93 - 3,46% + 0,14% D E
MEE 6 153,12 458,92 + 8,95% - 0,30% E D
MEE 7 131,39 450,38 - 6,51% - 2,15% D D
MEE 8 137,70 447,79 - 2,02% - 2,71% D D
MEE 9 147,49 454,17 + 4,95% - 1,33% E D
MEE 10 150,23 485,82 + 6,89% + 5,55% E E
MEE 11 121,28 429,32 - 13,70% - 6,73% D C
Pacote 1 94,53 392,66 - 32,74% - 14,69% B B
Pacote 2 90,93 371,43 - 35,30% - 19,31% B B
Pacote 3 106,51 419,22 - 24,21% - 8,92% C C
Pacote 4 80,02 362,63 - 43,06% - 21,22% B A
Fonte: Autora (2022).

MEDIDA EXTRA

Levando em conta que nenhuma das medidas avaliadas atingiram classe A


de eficiência energética para a cidade de Curitiba, testou-se uma medida extra, a fim
de se chegar nessa classificação. Para tanto, foi reduzida a densidade de potência
de iluminação da edificação de 15,7 W/m² para 4,0 W/m², mínimo permitido para a
utilização do método simplificado da INI-C, para alcançar classe A de eficiência
energética. Essa ação resultou em uma carga térmica de refrigeração total de 96,31
kWh/m².ano, como consta na Tabela 20.
67

Tabela 20 – Resultados de carga térmica de refrigeração anual da medida extra por zona térmica –
Curitiba.
Carga térmica de Carga térmica Redução em
Orientação refrigeração caso de refrigeração relação ao
Pavimento Zona Área (m²)
solar de referência Medida Extra caso de
(kWh/m².ano) (kWh/m².ano) referência
Z1 19,36 N 63,27 38,73 - 38,79%
Térreo Z2 129,58 O 55,81 33,85 - 39,35%
Z3 147,09 L 59,20 36,12 - 38,99%
Z4 13,88 S 196,45 130,58 - 33,53%
Z5 105,14 L 225,20 150,34 - 33,24%
Intermediário
Z6 13,88 N 247,66 166,03 - 32,96%
Z7 91,86 O 208,09 137,96 - 33,70%
Z8 13,88 S 157,71 117,17 - 25,71%
Z9 105,14 L 175,95 131,24 - 25,41%
Cobertura
Z10 13,88 N 188,58 141,14 - 25,16%
Z11 91,86 O 167,08 123,85 - 25,87%
Total 140,54 96,31 - 31,47%
Fonte: Autora (2022).

A carga térmica de refrigeração obtida, representa uma redução de 31,47%


na carga térmica de refrigeração. Apesar de ser uma redução significativa, esta não
foi suficiente para atingir uma classificação energética parcial da envoltória de classe
A, alcançando somente classe C, segundo a Tabela 21.

Tabela 21 – Classificação da eficiência energética da medida extra – Curitiba.


Carga térmica
Redução em relação Classificação
Identificação de refrigeração
ao caso de referência Energética
(kWh/m².ano)
Ed. Referência 140,54 - D
Medida Extra 96,31 - 31,47% C
Fonte: Autora (2022).

Como a medida adicional resultou em uma redução considerável, tem-se


que, associada a outra medida com resultados também satisfatórios, seja possível a
obtenção de classe A. Considerando essa hipótese, montou-se um pacote, no qual a
medida extra foi combinada com a MEE 1, referente ao uso de vidro laminado, que
apresentou o melhor desempenho do ponto de vista energético, dentre todas as
medidas analisadas individualmente.
O pacote extra atingiu uma redução percentual de 50,46% na carga térmica
de refrigeração da edificação, que passou de 140,54 kWh/m².ano para 69,63
kWh/m².ano, sendo suficiente para a obtenção da ENCE parcial da envoltória de
classe A, conforme mostrado na Tabela 22 e Tabela 23.
68

Tabela 22 – Resultados de carga térmica de refrigeração anual da medida extra combinada a MEE 1
por zona térmica – Curitiba.
Carga térmica de Carga térmica Redução em
Orientação refrigeração caso de refrigeração relação ao
Pavimento Zona Área (m²)
solar de referência Pacote Extra caso de
(kWh/m².ano) (kWh/m².ano) referência
Z1 19,36 N 63,27 23,82 - 62,35%
Térreo Z2 129,58 O 55,81 22,29 - 60,06%
Z3 147,09 L 59,20 23,11 - 60,96%
Z4 13,88 S 196,45 94,08 - 52,11%
Z5 105,14 L 225,20 105,27 - 53,25%
Intermediário
Z6 13,88 N 247,66 110,30 - 55,46%
Z7 91,86 O 208,09 99,94 - 51,97%
Z8 13,88 S 157,71 91,17 - 42,19%
Z9 105,14 L 175,95 99,81 - 43,27%
Cobertura
Z10 13,88 N 188,58 103,23 - 45,26%
Z11 91,86 O 167,08 96,68 - 42,14%
Total 140,54 69,63 - 50,46%
Fonte: Autora (2022).

Tabela 23 - Classificação da eficiência energética da medida extra combinada a MEE 1 – Curitiba.


Carga térmica
Redução em relação Classificação
Identificação de refrigeração
ao caso de referência Energética
(kWh/m².ano)
Ed. Referência 140,54 - D
Pacote extra 69,63 - 50,46% A
Fonte: Autora (2022).

ANÁLISE DE VIABILIDADE ECONÔMICA

Para a análise da viabilidade econômica, foram considerados todos os


pacotes de medidas de eficiência energética avaliados, visto que estes contemplam
as MEEs que apresentaram os melhores resultados sob o enfoque energético,
atingindo classes de eficiência superiores à edificação de referência.
Exceto pela tinta, os preços dos materiais foram obtidos por meio do
relatório mais recente do SINAPI, no período de elaboração do presente trabalho,
neste caso, no mês de setembro de 2022, para Paraná e Pernambuco, em sua
versão desonerada. O valor da tinta foi levantado através de pesquisa de mercado,
sendo considerado o mesmo valor para ambas as cidades estudadas.

4.3.1 Curitiba

Para Curitiba, o vidro utilizado na MEE 1, de acordo com o SINAPI, código


00034391, referente a vidro laminado incolor duplo, de espessura de 8 mm, tem um
custo de 813,71 R$/m², incluindo a colocação. Sendo assim, com uma área de
69

abertura das fachadas equivalente a 402,98 m², para um PAF de 45%, a MEE 1
apresenta um custo total de R$ 327.904,79. Por outro lado, o vidro da edificação de
referência, segundo o SINAPI, código 00010491, concernente ao vidro liso incolor,
de espessura 6 mm, tem um custo de 240,83 R$/m², sem colocação, resultando em
um total de R$ 97.048,47. Portanto, reduzindo o valor demandado pelo vidro do caso
de referência daquele utilizado na MEE 1, obtém-se que esta última demanda um
investimento de R$ 230.856,32.
O concreto maciço 10 cm aplicado na MEE 4, conforme o SINAPI, código
00034872, relativo ao concreto autoadensável C25, tem um custo de 469,42 R$/m³,
incluindo o serviço de bombeamento. Visto que a área das paredes externas
corresponde a 492,53 m², concernente à subtração da área de abertura da área total
das fachadas, e a espessura da parede é 0,1 m, é necessário um investimento de
R$ 23.120,11 para a implantação da MEE 4. Por sua vez, para a composição das
paredes do caso de referência, constituída de bloco cerâmico furado de 9,0 cm e
argamassa interna e externa de espessura de 2,5 cm, fez-se o uso dos códigos
00007271 e 00000371 do SINAPI, com um custo de 0,80 R$/un e 0,76 R$/kg, para o
bloco e a argamassa, respectivamente. Considerando estes valores, as dimensões
do bloco, um rendimento de 17 kg/m² a cada 1 cm de espessura de argamassa e a
área das paredes externas, tem-se um custo total de R$ 42.849,68 para a edificação
base. Nota-se que a implantação da MEE 4, resulta em um saldo de R$ 19.729,57,
visto que esta requer um investimento inicial menor que o caso de referência.
A pintura clara empregada na MEE 11 para a cobertura, com base em
pesquisa de mercado, pertencente à tinta acrílica fosca na cor pérola, foi cotada em
0,9 R$/m², considerando uma lata de 18 L com um preço médio de R$ 450,00 e um
rendimento de até 500 m² por demão. Tendo em vista que a área da cobertura é
igual a 369,91 m², tem-se que o emprego da MEE 11 demanda um custo de R$
332,92.
Calculados os custos das MEEs individualmente, obtém-se os custos para a
implantação dos pacotes de medidas de eficiência energética, cujos valores estão
dispostos na Tabela 24.
70

Tabela 24 – Custos de aplicação dos pacotes de medidas de eficiência energética – Curitiba.


Pacotes Combinação Custo
Pacote 1 MEE 1 + MEE 4 - R$ 308.175,22
Pacote 2 MEE 1 + MEE 11 - R$ 328.237,71
Pacote 3 MEE 4 + MEE 11 + R$ 19.396,65
Pacote 4 MEE 1 + MEE 4 + MEE 11 - R$ 308.508,14
Fonte: Autora (2022).

A partir da divisão do valor da carga térmica de refrigeração pela eficiência


energética do sistema de condicionamento de ar, que, nesse caso, equivale a 5,5
W/W, foi possível determinar o consumo energético e, posteriormente, a tarifa de
energia elétrica, obtida conforme a tarifa de energia praticada em Curitiba, de
0,72808 R$/kWh. Os valores resultantes deste procedimento são apresentados na
Tabela 25.

Tabela 25 – Consumo e tarifa de energia elétrica para a edificação de referência e pacotes de


medidas – Curitiba.
Carga térmica Consumo Tarifa de
Identificação de refrigeração energético energia elétrica
(kWh/m².ano) (kWh/m².ano) (R$/ano)
Ed. Referência 140,54 25,55 13.870,07
Pacote 1 94,53 17,19 9.329,06
Pacote 2 90,93 16,53 8.974,58
Pacote 3 106,51 19,37 10.512,01
Pacote 4 80,02 14,55 7.897,05
Fonte: Autora (2022).

Com os valores da carga térmica de refrigeração, consumo energético e


tarifas, foi possível obter a redução do custo de energia elétrica dos pacotes quanto
à edificação de referência, por intermédio da diferença entre eles, como mostrado na
Tabela 26.

Tabela 26 – Reduções dos pacotes de medidas de eficiência energética em relação ao caso de


referência – Curitiba.
Redução da carga Redução do Redução da tarifa
Pacotes térmica de refrigeração consumo energético de energia elétrica
(kWh/m².ano) (kWh/m².ano) (R$/ano)
Pacote 1 46,01 8,37 4.541,01
Pacote 2 49,61 9,02 4.895,49
Pacote 3 34,03 6,19 3.358,05
Pacote 4 60,52 11,00 5.973,02
Fonte: Autora (2022).

Definidas as economias proporcionadas pela aplicação dos pacotes de


medidas de eficiência energética na energia elétrica da edificação, estruturou-se um
71

fluxo de caixa para cada situação, visando calcular os indicadores financeiros, de


modo a apontar se estes são ou não viáveis sob a perspectiva econômica.
O Pacote 3 foi o único que se mostrou viável economicamente, com um VPL
superior a zero de R$ 36.249,95. Neste pacote foi considerado o emprego de
concreto maciço nas paredes e a troca da cor da cobertura. Como visto
anteriormente, diferente dos demais, este pacote resultou em uma economia de R$
19.396,65, visto que o custo da mudança da coloração da cobertura é inferior ao
saldo obtido com a utilização do concreto nas paredes, não havendo a necessidade
de calcular a TIR e o payback.
Os resultados encontrados para os indicadores financeiros de Curitiba
podem ser verificados na Tabela 27 e Tabela 28.

Tabela 27 – Resultados dos indicadores financeiros para os pacotes 1 e 2 de eficiência energética –


Curitiba.
Pacote 1 - Curitiba Pacote 2 - Curitiba
Período Valor Valor Presente Período Valor Valor Presente
0 -R$ 308.175,22 -R$ 308.175,22 0 -R$ 328.237,71 -R$ 328.237,71
1 R$ 4.541,01 R$ 3.948,70 1 R$ 4.895,49 R$ 4.256,95
2 R$ 4.541,01 R$ 3.433,65 2 R$ 4.895,49 R$ 3.701,69
3 R$ 4.541,01 R$ 2.985,79 3 R$ 4.895,49 R$ 3.218,86
4 R$ 4.541,01 R$ 2.596,33 4 R$ 4.895,49 R$ 2.799,01
5 R$ 4.541,01 R$ 2.257,68 5 R$ 4.895,49 R$ 2.433,92
6 R$ 4.541,01 R$ 1.963,20 6 R$ 4.895,49 R$ 2.116,46
7 R$ 4.541,01 R$ 1.707,13 7 R$ 4.895,49 R$ 1.840,40
8 R$ 4.541,01 R$ 1.484,46 8 R$ 4.895,49 R$ 1.600,34
9 R$ 4.541,01 R$ 1.290,84 9 R$ 4.895,49 R$ 1.391,60
10 R$ 4.541,01 R$ 1.122,47 10 R$ 4.895,49 R$ 1.210,09
VPL -R$ 285.384,96 VPL -R$ 303.668,38
TIR -25,12% TIR -25,00%
Payback Corrigido > 10 anos Payback Corrigido > 10 anos
Fonte: Autora (2022).
72

Tabela 28 – Resultados dos indicadores financeiros para os pacotes 3 e 4 de eficiência energética –


Curitiba.
Pacote 3 - Curitiba Pacote 4 - Curitiba
Período Valor Valor Presente Período Valor Valor Presente
0 R$ 19.396,65 R$ 19.396,65 0 -R$ 308.508,65 -R$ 308.508,65
1 R$ 3.358,05 R$ 2.920,05 1 R$ 5.973,02 R$ 5.193,93
2 R$ 3.358,05 R$ 2.539,17 2 R$ 5.973,02 R$ 4.516,46
3 R$ 3.358,05 R$ 2.207,98 3 R$ 5.973,02 R$ 3.927,36
4 R$ 3.358,05 R$ 1.919,98 4 R$ 5.973,02 R$ 3.415,09
5 R$ 3.358,05 R$ 1.669,55 5 R$ 5.973,02 R$ 2.969,65
6 R$ 3.358,05 R$ 1.451,78 6 R$ 5.973,02 R$ 2.582,30
7 R$ 3.358,05 R$ 1.262,42 7 R$ 5.973,02 R$ 2.245,48
8 R$ 3.358,05 R$ 1.097,75 8 R$ 5.973,02 R$ 1.952,59
9 R$ 3.358,05 R$ 954,57 9 R$ 5.973,02 R$ 1.697,90
10 R$ 3.358,05 R$ 830,06 10 R$ 5.973,02 R$ 1.476,44
VPL R$ 36.249,95 VPL -R$ 278.531,45
TIR - TIR -22,00%
Payback Corrigido - Payback Corrigido > 10 anos
Fonte: Autora (2022).

4.3.2 Recife

Para Recife, o vidro usado na MEE 3, de acordo com o SINAPI, código


00010501, relativo ao vidro temperado verde, de espessura de 6 mm, tem um custo
de 269,91 R$/m², sem colocação. Com uma área de abertura das fachadas de
402,98 m², tem-se que essa medida demanda um investimento inicial de R$
108.766,98 para a sua utilização. Por sua vez, o vidro do caso de referência,
conforme o SINAPI, código 00010491, referente ao vidro liso incolor, de espessura 6
mm, tem um custo de 203,05 R$/m², sem colocação, resultando em um total de R$
81.824,07. Portanto, da subtração entre estes custos, obtém-se um investimento
necessário de R$ 26.942,91 para a MEE 3.
Acerca da tinta para a pintura das paredes, esta não foi cotada, tendo em
vista que a alteração da cor da tinta para uma tonalidade mais clara, não gera um
custo adicional.
Em contrapartida, como mencionado anteriormente, o custo para o uso de
uma cor mais clara na cobertura da MEE 1, é equivalente em ambas as cidades,
sendo igual a R$ 332,92.
Por intermédio dos custos individuais das MEEs, foi possível determinar os
custos para a adoção dos pacotes de medidas de eficiência energética, como
mostrado na Tabela 29.
73

Tabela 29 – Custos de aplicação dos pacotes de medidas de eficiência energética – Recife.


Pacotes Combinação Custo
Pacote 1 MEE 3 + MEE 7 - R$ 26.942,91
Pacote 2 MEE 3 + MEE 11 - R$ 27.275,83
Pacote 3 MEE 7 + MEE 11 - R$ 332,92
Pacote 4 MEE 3 + MEE 7 + MEE 11 - R$ 27.275,83
Fonte: Autora (2022).

Dividindo a carga térmica de refrigeração pela eficiência energética de 5,5


W/W do sistema de condicionamento de ar, obteve-se o consumo energético e,
posteriormente, a tarifa de energia elétrica, segundo a tarifa de energia praticada em
Recife, de 0,73580 R$/kWh, conforme disposto na Tabela 30.

Tabela 30 – Consumo e tarifa de energia elétrica para a edificação de referência e pacotes de


medidas – Recife.
Carga térmica Consumo Tarifa de
Identificação de refrigeração energético energia elétrica
(kWh/m².ano) (kWh/m².ano) (R$/ano)
Ed. Referência 460,29 83,69 45.908,56
Pacote 1 392,66 71,39 39.163,36
Pacote 2 371,43 67,53 37.045,87
Pacote 3 419,22 76,22 41.812,64
Pacote 4 362,63 65,93 36.168,12
Fonte: Autora (2022).

De posse destes valores, tem-se, pela diferença entre eles, a redução do


custo de energia elétrica dos pacotes concernente à edificação de referência, como
visualizado na Tabela 31.

Tabela 31 – Reduções dos pacotes de medidas de eficiência energética em relação ao caso de


referência – Recife.
Redução da carga Redução do Redução da tarifa
Pacotes térmica de refrigeração consumo energético de energia elétrica
(kWh/m².ano) (kWh/m².ano) (R$/ano)
Pacote 1 67,63 12,30 6.745,19
Pacote 2 88,86 16,16 8.862,68
Pacote 3 41,07 7,47 4.095,92
Pacote 4 97,66 17,76 9.740,44
Fonte: Autora (2022).

Assim como em Curitiba, após a definição das economias proporcionadas


pelos pacotes de medidas na energia elétrica da edificação, estruturou-se um fluxo
de caixa para cada caso, a fim de calcular os indicadores financeiros, de maneira a
atestar ou não sua viabilidade econômica.
Todos os pacotes em Recife se configuraram como viáveis
economicamente, apresentando VPLs maiores que zero, TIRs maiores que a TMA e
74

paybacks abaixo do período de 10 anos, estabelecido para o retorno do investimento


neste estudo.
Os resultados encontrados para os indicadores financeiros de Recife podem
ser observados na Tabela 32.

Tabela 32 – Resultados dos indicadores financeiros para os pacotes de eficiência energética –


Recife.
Pacote 1 - Recife Pacote 2 - Recife
Período Valor Valor Presente Período Valor Valor Presente
0 -R$ 26.942,91 -R$ 26.942,91 0 -R$ 27.275,83 -R$ 27.275,83
1 R$ 6.745,19 R$ 5.865,39 1 R$ 8.862,68 R$ 7.706,68
2 R$ 6.745,19 R$ 5.100,34 2 R$ 8.862,68 R$ 6.701,46
3 R$ 6.745,19 R$ 4.435,07 3 R$ 8.862,68 R$ 5.827,36
4 R$ 6.745,19 R$ 3.856,59 4 R$ 8.862,68 R$ 5.067,27
5 R$ 6.745,19 R$ 3.353,55 5 R$ 8.862,68 R$ 4.406,32
6 R$ 6.745,19 R$ 2.916,13 6 R$ 8.862,68 R$ 3.831,58
7 R$ 6.745,19 R$ 2.535,77 7 R$ 8.862,68 R$ 3.331,81
8 R$ 6.745,19 R$ 2.205,02 8 R$ 8.862,68 R$ 2.897,23
9 R$ 6.745,19 R$ 1.917,41 9 R$ 8.862,68 R$ 2.519,33
10 R$ 6.745,19 R$ 1.667,31 10 R$ 8.862,68 R$ 2.190,72
VPL R$ 6.909,66 VPL R$ 17.203,93
TIR 21,45% TIR 30,17%
Payback Corrigido 6,56 Payback Corrigido 4,45

Pacote 3 - Recife Pacote 4 - Recife


Período Valor Valor Presente Período Valor Valor Presente
0 -R$ 332,92 -R$ 332,92 0 -R$ 27.275,83 -R$ 27.275,83
1 R$ 4.095,92 R$ 3.561,67 1 R$ 9.740,44 R$ 8.469,95
2 R$ 4.095,92 R$ 3.097,11 2 R$ 9.740,44 R$ 7.365,17
3 R$ 4.095,92 R$ 2.693,13 3 R$ 9.740,44 R$ 6.404,50
4 R$ 4.095,92 R$ 2.341,86 4 R$ 9.740,44 R$ 5.569,13
5 R$ 4.095,92 R$ 2.036,40 5 R$ 9.740,44 R$ 4.842,72
6 R$ 4.095,92 R$ 1.770,78 6 R$ 9.740,44 R$ 4.211,06
7 R$ 4.095,92 R$ 1.539,81 7 R$ 9.740,44 R$ 3.661,79
8 R$ 4.095,92 R$ 1.338,96 8 R$ 9.740,44 R$ 3.184,17
9 R$ 4.095,92 R$ 1.164,32 9 R$ 9.740,44 R$ 2.768,84
10 R$ 4.095,92 R$ 1.012,45 10 R$ 9.740,44 R$ 2.407,69
VPL R$ 20.223,56 VPL R$ 21.609,19
TIR 1230,31% TIR 33,76%
Payback Corrigido 0,09 Payback Corrigido 3,90
Fonte: Autora (2022).
75

4.3.3 Síntese dos resultados

Na cidade de Curitiba, os pacotes 1 e 4 apresentaram custos de aplicação


muito próximos, no entanto, o Pacote 4 proporcionou uma maior redução do
consumo energético da edificação, chegando a reduzir 43,06% (14,55 kWh/m².ano),
isto é, comparando ambas, seria mais válido adotar o Pacote 4, uma vez que este
requer praticamente o mesmo custo que o Pacote 1, com uma maior redução do
consumo. Diferentemente dos demais, o Pacote 3 propiciou uma economia com sua
implantação, mas também a menor atenuação do consumo. Por fim, o Pacote 2,
promoveu uma diminuição do consumo mais significativa que o Pacote 1, porém
com um investimento maior, como observado na Figura 17.

Figura 17 – Relação entre custo e redução percentual de carga térmica de refrigeração dos pacotes
de MEEs – Curitiba.
400000,00
Custo para a aplicação do pacote de

300000,00

200000,00

100000,00
MEEs (R$)

PCT 3
0,00
0,00% 10,00% 20,00% 30,00% 40,00% 50,00%
-100000,00

-200000,00
PCT 1 PCT 4
-300000,00
PCT 2
-400000,00
Redução do consumo energético em relação ao caso de
referência (%)

Fonte: Autora (2022).

Ainda que tenham possibilitado reduções entre 24,21% e 43,06% no


consumo de energia elétrica da edificação de referência, apenas um pacote
empregado em Curitiba foi viável economicamente, como visto anteriormente.
Para Recife, os pacotes 2 e 4 demandaram o mesmo custo, porém o Pacote
4 promoveu uma redução maior no consumo energético, atingindo 21,22% contra
19,30% do Pacote 2, tendo a sua adoção maior atratividade. O Pacote 3, apesar de
obter a menor redução, com 8,92%, também necessitou de um menor investimento,
somente R$ 332,92. Por outro lado, o Pacote 1 teve um custo semelhante aos
76

pacotes 2 e 4, com uma diminuição menos considerável no consumo energético,


não sendo tão vantajoso quanto os outros dois, conforme ilustrado na Figura 18.

Figura 18 – Relação entre custo e redução percentual de carga térmica de refrigeração dos pacotes
de MEEs – Recife.
0,00 PCT 3
Custo para a aplicação do pacote de

0,00% 5,00% 10,00% 15,00% 20,00% 25,00%


-5.000,00

-10.000,00
MEEs (R$)

-15.000,00

-20.000,00

-25.000,00 PCT 1 PCT 4

-30.000,00 PCT 2
Redução do consumo energético em relação ao caso de
referência (%)

Fonte: Autora (2022).

Com reduções entre 8,92% e 21,22% no consumo de energia elétrica, dos 4


pacotes analisados, todos foram viáveis economicamente, como exposto em tópico
anterior.
Confrontando os resultados obtidos em ambas as cidades, nota-se que,
mesmo com reduções menores, onde a mais alta redução em Recife (21,22%),
ainda é menor que a menos significativa em Curitiba (24,21%), a cidade de Recife
apresentou viabilidade econômica em todos os pacotes, diferente de Curitiba, que
obteve somente um pacote viável. Vale ressaltar que a adoção dos pacotes na
capital pernambucana propiciou as menores reduções, mas também demandou, em
suma, custos mais baixos para sua aplicação, como verificado na Tabela 33.

Tabela 33 – Síntese da viabilidade econômica da implantação dos pacotes de MEEs para Curitiba
(PR) e Recife (PE).
Redução Redução Viabilidade Viabilidade
CEE Curitiba CEE Recife
Identificação do CEE do CEE econômica econômica
(kWh/m².ano) (kWh/m².ano)
Curitiba Recife Curitiba Recife
Ed. Referência 23,55 83,69 - - - -
Pacote 1 17,19 71,39 - 32,74% - 14,69% Inviável Viável
Pacote 2 16,53 67,53 - 35,30% - 19,30% Inviável Viável
Pacote 3 19,37 76,22 - 24,21% - 8,92% Viável Viável
Pacote 4 14,55 65,93 - 43,06% - 21,22% Inviável Viável
Fonte: Autora (2022).
77

CONCLUSÃO

Para o desenvolvimento do presente trabalho, foi utilizado, como objeto de


estudo, um modelo construtivo de hotel de pequeno porte. A partir disso, foi possível
efetuar a avaliação da eficiência energética da envoltória da edificação base, de
acordo com o método simplificado da INI-C, em duas zonas bioclimáticas distintas.
Primeiramente, calculou-se os valores das cargas térmicas de refrigeração
da envoltória do objeto de estudo para a condição de referência presente na INI-C,
para as cidades de Curitiba (PR) e Recife (PE), por intermédio do metamodelo da
INI-C.
Em conseguinte, foram aplicadas medidas de eficiência energética (MEEs)
no caso base, com a finalidade de analisar o impacto destas nas cargas térmicas de
refrigeração da envoltória, em ambas as cidades escolhidas.
Em Curitiba, as medidas relacionadas aos vidros foram as que se mostraram
mais satisfatórias, sendo as únicas que, além de promover a redução da carga
térmica de refrigeração, também melhoraram a classificação da envoltória, atingindo
classe C de eficiência energética. Considerando que todas as medidas avaliadas
adotaram um fator solar menor que o da edificação de referência, verificou-se que
valores reduzidos desta propriedade impactam positivamente na envoltória de
cidades de clima mais ameno, diminuindo consideravelmente a carga de
refrigeração. Por sua vez, a variação da transmitância não influenciou
significativamente na carga.
Em Recife, as medidas referentes aos vidros também foram as que mais se
destacaram, com as maiores reduções da carga térmica de refrigeração,
promovendo a melhoria do desempenho da envoltória, que alcançou classe C de
eficiência. Porém, diferente de Curitiba, não foram somente estas que elevaram a
classificação do caso de referência. Apesar de menores, a aplicação de uma pintura
mais clara na cobertura também proporcionou reduções, chegando a envoltória na
classe C. Com base no exposto, constatou-se que fatores solares menores também
são favoráveis em climas mais quentes. Além do que, valores de absortância mais
baixos, ainda que de menor influência, são suficientes para a ascensão da
classificação.
Com relação às paredes de vedação, para Recife, percebeu-se que a MEE 6
não contribuiu tão expressivamente, proporcionando reduções mínimas na carga
78

térmica de refrigeração. Isto se deu, devido à elevada carga interna da edificação,


fazendo com que haja a necessidade de dissipação deste calor para o ambiente
externo, para que esta se mantenha confortável termicamente. O mesmo se aplicou
à Curitiba, na qual propiciar a transferência de calor entre os ambientes interno e
externo, por meio de paredes menos isoladas, se mostrou atrativa. Sendo assim, foi
possível notar que para edificações com alta densidade de carga interna, como a
analisada, o emprego de materiais que viabilizam a troca de calor entre os
ambientes, proporcionam melhor classe de EE. Portanto, por mais que uma medida
de eficiência energética seja, a princípio, mais indicada para uma zona climática,
isso depende de outros fatores, como as cargas internas de iluminação,
equipamento e pessoas.
Após o estudo das MEEs, foram selecionadas aquelas que apresentaram os
melhores resultados, quanto à eficiência, para compor os pacotes de medidas,
sendo estes montados para Curitiba e Recife, separadamente.
Em Curitiba, a adoção de vidro laminado incolor de 8 mm nas janelas (MEE
1), concreto maciço de 10 cm nas paredes (MEE 4) e cor acrílica fosca pérola com
absortância de 0,22 na cobertura (MEE 11), obtiveram os resultados mais
satisfatórios, sendo agrupadas em diferentes combinações, gerando quatro pacotes
distintos. Exceto pelo Pacote 3, que uniu as MEEs 4 e 11 e atingiu classe C, todos
os pacotes elevaram a classificação da envoltória para B, com reduções de até
43,06%, concernente ao Pacote 4.
Em Recife, o emprego de vidro monolítico de 6 mm nas janelas (MEE 3) e
cores mais claras nas paredes (MEE 7) e cobertura (MEE 11), alcançaram os
melhores resultados, fazendo parte das diferentes combinações elaboradas para os
quatro pacotes. O Pacote 3, composto pelas MEEs 7 e 11, foi o que apresentou o
menor desempenho, com uma redução de apenas 8,92%, atingindo classe C de
eficiência energética, seguido pelo Pacote 1, com 14,69% de redução e classe B. Os
pacotes 2 e 4, foram os mais efetivos, com reduções de 19,30% e 21,22%,
respectivamente, sendo que o Pacote 2 obteve classe B e o Pacote 4 elevou a
classificação da envoltória para classe A.
Por fim, foi realizada a análise da viabilidade econômica de todos os pacotes
elaborados, visto que estes apresentaram classes de eficiência energética
superiores à edificação de referência. Para tal, fez-se o uso do Valor Presente
Líquido (VPL), Taxa Interna de Retorno (TIR) e Payback.
79

Assim como não alcançaram classificação A de eficiência energética, os


pacotes em Curitiba se mostraram inviáveis do ponto de vista financeiro, exceto pelo
Pacote 3, cuja aplicação promoveria uma economia, sendo viável no primeiro ano,
com uma redução anual na tarifa de energia de 24,21% (R$ 3.358,05). Em
contrapartida, na cidade de Recife, todos os pacotes demonstraram-se
economicamente viáveis, apresentando VPLs entre R$ 6.609,66 e R$ 21.609,19,
paybacks de pouco mais de um mês a pouco mais de seis anos e meio, promovendo
economias anuais de até 21,22% (R$ 9.970,44), concernente ao Pacote 4.
A inviabilidade de parte dos pacotes, revela que, mesmo representando
melhorias no desempenho da edificação, medidas de eficiência podem não ser
atrativas financeiramente, o que, muitas vezes, acaba se tornando um empecilho
para a efetuação de investimentos dessa origem.

LIMITAÇÕES DO TRABALHO

Encontrou-se como limitações à realização deste trabalho as seguintes:

a) Resultados aplicáveis a apenas uma tipologia e modelo específico de


edificação, bem como aos climas analisados;
b) Dificuldade em encontrar, especificamente, os materiais adotados no
estudo na base de dados do SINAPI, sendo necessário empregar
semelhantes ou recorrer à pesquisa de mercado;
c) Análise de somente algumas medidas de eficiência energética, havendo
uma imensa gama de opções disponíveis;
d) Estudo delimitado a duas zonas climáticas distintas, havendo a
possibilidade de exploração das demais zonas existentes.
80

SUGESTÕES PARA TRABALHOS FUTUROS

Para trabalhos futuros, tem-se as seguintes sugestões:

a) Analisar o emprego de outras medidas de eficiência energética no caso


objeto de estudo;
b) Realizar a análise da edificação em outras zonas climáticas brasileiras;
c) Utilizar a portaria mais recente do Inmetro para estudar a edificação
abordada no presente trabalho, de modo a realizar um comparativo entre
elas e identificar como e se as atualizações afetam os resultados.
81

REFERÊNCIAS

AGUIAR, Francisca Lúcia Sousa de; BRITO, Adriana Santos; PERINOTTO, André
Riani Costa. Uma análise do antigo Sistema Brasileiro de Classificação de Meios de
Hospedagem a partir do Complexo Turístico do Porto das Dunas, Fortaleza/Brasil.
Revista de Turismo Contemporâneo, Natal, v. 8, n. 2, p. 168-197, jul./dez. 2020.

ALTOÉ, Leandra; COSTA, José Márcio; OLIVEIRA FILHO, Delly; MARTINEZ,


Francisco Javier Rey; FERRAREZ, Adriano Henrique; VIANA, Lucas de Arruda.
Políticas públicas de incentivo à eficiência energética. Estudos Avançados, [S.L.],
v. 31, n. 89, p. 285-297, abr. 2017. FapUNIFESP (SciELO).
http://dx.doi.org/10.1590/s0103-40142017.31890022.

AMAZONAS, Iuri Tavares. Gestão ambiental na hotelaria: tecnologias e práticas


sustentáveis aplicadas nos hotéis de João Pessoa-PB. 2014. 124 f. Dissertação
(Mestrado) – Programa de Pós-Graduação em Desenvolvimento e Meio Ambiente,
UFPB, João Pessoa, 2014.

BOLSAN, Gabriela Ferrazza. Aplicação de produção mais limpa no setor


hoteleiro: estudo de caso em um hotel de Florianópolis. 2015. 94 f. TCC
(Graduação) - Curso de Engenharia Sanitária e Ambiental, Universidade Federal de
Santa Catarina, Florianópolis, 2015.

BRASIL. Decreto de 18 de julho de 1991. Institui o Programa Nacional da


Racionalização do Uso dos Derivados do Petróleo e do Gás Natural – CONPET e dá
outras providências. Brasília: Diário Oficial da União, 1991b.

BRASIL. Decreto-Lei Nº 9.215, de 30 de abril de 1946. Proíbe a prática ou


exploração de jogos de azar em todo o território nacional. Rio de Janeiro: Diário
Oficial da União, 1946.

BRASIL. Lei Nº 10.295, de 17 de outubro de 2001. Dispõe sobre a Política Nacional


de Conservação e Uso Racional de Energia e dá outras providências. Brasília: Diário
Oficial da União, 2001.
82

BRASIL. Lei Nº 10.847, de 15 de março de 2004. Autoriza a criação da Empresa de


Pesquisa Energética – EPE e dá outras providências. Brasília: Diário da União,
2004.

BRASIL. Lei Nº 8.181, de 28 de março de 1991. Dá nova denominação à Empresa


Brasileira de Turismo (Embratur), e dá outras providências. Brasília: Diário Oficial da
União, 1991a.

BRASIL. Meios de hospedagem – Estrutura de consumo e impactos na


economia. 2006. Disponível em: https://www.gov.br/turismo/pt-br/acesso-a-
informacao/acoes-e-programas/observatorio/repositorio/economia-do-turismo/meios-
de-hospedagem-estrutura-de-consumo-e-impacto-na-economia. Acesso em: 04 jun.
2022.

BRASIL. Ministério de Minas e Energia. Plano Nacional de Energia 2030. Brasília:


MME : EPE, 2007.

BRASIL. Ministério de Minas e Energia. Plano Nacional de Energia 2050. Brasília:


MME : EPE, 2020a.

BRASIL. Portaria MTur Nº 100, de 16 de junho de 2011. 2011. Institui o Sistema


Brasileiro de Classificação de Meios de Hospedagem (SBClass), estabelece s
critérios de classificação destes, cria o Conselho Técnico Nacional de Classificação
de Meios de Hospedagem (CTClass) e dá outras providências.

BRASIL. Portaria Nº 234, de 29 de junho de 2020. 2020b. Aperfeiçoamento parcial


dos Requisitos de Avaliação da Conformidade para Condicionadores de Ar,
estabelecendo o Índice de Desempenho de Refrigeração Sazonal (IDRS), a
reclassificação das categorias de eficiência energética e determinando outras
providências para a disponibilização destes produtos no mercado nacional.

BRASIL. Portaria Nº 309, de 6 de setembro de 2022. Aprova as Instruções


Normativas e os Requisitos de Avaliação da Conformidade para a Eficiência
83

Energética das Edificações Comerciais, de Serviços e Públicas e Residenciais –


Consolidado.

CASTELLI, Geraldo. Hospitalidade: a inovação na gestão das organizações


prestadoras de serviços. São Paulo: Ed. Saraiva, 2012. 272 p.

CNC, Confederação Nacional do Comércio. Breve história do turismo e da


hotelaria. Rio de Janeiro: 2005. 37 p.

COPEL, Companhia Paranaense de Energia. Tarifas de Energia Elétrica. 2022.


Disponível em: https://www.copel.com/site/. Acesso em: 15 out. 2022.

DUARTE, Vladir Vieira. Administração de Sistemas Hoteleiros – Conceitos


Básicos. São Paulo: Senac, 1996.

ELETROBRAS, Centrais Elétricas Brasileiras S.A. Relatório da Pesquisa de Posse


de Equipamentos e Hábito de Uso Classe Comercial – AT. Relatório da Classe
Comercial – AT – Hotéis/Motéis. 2008. Disponível em:
http://www.procel.gov.br/main.asp?View=%7B5A08CAF0%2D06D1%2D4FFE%2DB
335%2D95D83F8DFB98%7D&Team=&params=itemID=%7BC7A27A91%2DBC79%
2D46C3%2DBBC8%2D563A02D272A5%7D%3B&UIPartUID=%7B05734935%2D69
50%2D4E3F%2DA182%2D629352E9EB18%7D. Acesso em: 02 jun. 2022.

ELI, Letícia Gabriela. Avaliação de medidas de eficiência energética em uma


edificação multifamiliar por meio do regulamento brasileiro de etiquetagem.
2017. 100 f. TCC (Graduação) – Curso de Engenharia Civil, Universidade Federal
de Santa Catarina, Florianópolis, 2017.

EMBRATUR, Instituto Brasileiro de Turismo. A nossa história. 2021. Disponível em:


https://embratur.com.br/historia/. Acesso em: 02 jul. 2022.

EPE, Empresa de Pesquisa Energética. Anuário Estatístico de Energia Elétrica


2022: Ano Base 2021. 2022a. Disponível em:
84

http://shinyepe.brazilsouth.cloudapp.azure.com:3838/anuario-livro/. Acesso em: 10


jun. 2022.

EPE, Empresa de Pesquisa Energética. Balanço Energético Nacional 2022: Ano


Base 2021. 2022b. Disponível em: https://www.epe.gov.br/sites-pt/publicacoes-
dados-abertos/publicacoes/PublicacoesArquivos/publicacao-675/topico-
638/BEN2022.pdf. Acesso em: 10 jun. 2022.

GERALDI, Matheus Soares et al. Assessment of the energy consumption in non-


residential building sector in Brazil. Energy And Buildings, [S.L.], v. 273, p. 112371,
out. 2022. Elsevier BV. http://dx.doi.org/10.1016/j.enbuild.2022.112371.

GODOI, José Maria Alves; JÚNIOR, Silvio Oliveira. Gestão da eficiência


energética. Key elements for a sustainable world: energy, water and climate change.
2nd International Workshop Advances in Cleaner Production. São Paulo, Brasil,
maio/2009.

GOMES, Anderson Ferreira. Eficiência energética em edificações públicas do


poder federal: oportunidades e desafios no contexto do Programa Brasileiro de
Etiquetagem (PBE-Edifica). 2017. 222 f. Dissertação (Mestrado) - Curso de
Arquitetura e Urbanismo, Universidade de Brasília, Brasília, 2017.

HOCHHEIM, Norberto. Apostila de Planejamento Econômico e Financeiro. 2015.

INMETRO, Instituto Nacional de Metrologia, Qualidade e Tecnologia. Conheça o


programa: conheça o programa brasileiro de etiquetagem - PBE. 2021b.
Disponível em: https://www.gov.br/inmetro/pt-br/assuntos/avaliacao-da-
conformidade/programa-brasileiro-de-etiquetagem/conheca-o-programa. Acesso em:
17 jun. 2022.

INMETRO, Instituto Nacional de Metrologia, Qualidade e Tecnologia. Anexo V da


Portaria Inmetro Nº 50: Anexo geral V – Catálogo de propriedades térmicas de
paredes, coberturas e vidros. 2013. Disponível em:
85

http://www.inmetro.gov.br/consumidor/produtospbe/regulamentos/anexov.pdf.
Acesso em: 8 ago. 2022.

INMETRO, Instituto Nacional de Metrologia, Qualidade e Tecnologia. Instrução


Normativa Inmetro para a Classificação de Eficiência Energética de Edificações
Comerciais, de Serviços e Públicas, INI-C. 2021a.

KRAUSE, Marcelo O’donnell; PIMENTA, Monica Améndola. Um estudo sobre a


instalação de sistemas fotovoltaicos como fonte de energia em pousadas e hotéis na
cidade de Ilhéus, Bahia. Brazilian Journal Of Development, Curitiba, v. 7, n. 5, p.
50093-50111, may. 2021.

LAMARÃO, António Hugo Tavares da Silva. Utilização Racional de Energia em


Unidades Hoteleiras Casos Algarvios. 2002. 282 f. Dissertação (Mestrado) - Curso
de Ciências Econômicas e Empresariais, Universidade Técnica de Lisboa Instituto
Superior de Economia e Gestão, Lisboa, 2002.

LAMBERTS, Roberto; DUTRA, Luciano; PEREIRA, Fernando O.R. Eficiência


energética na arquitetura. [3.ed.]. Rio de Janeiro, 2014. Disponível em:
https://labeee.ufsc.br/sites/default/files/apostilas/eficiencia_energetica_na_arquitetur
a.pdf. Acesso em: 20 jul. 2022.

LIMA, Glênio Leilson Ferreira. Influência de Variáveis Arquitetônicas no


Desempenho Energético de Hotéis no Clima Quente e Úmido da Cidade de
Natal/RN. 2007. 162 f. Dissertação (Mestrado) – Curso de Arquitetura e Urbanismo,
Universidade Federal do Rio Grande do Norte, Natal, 2007.

MARIANA, Flávio Bomfim. Avaliação de Edificações para Eficiência Energética.


2008. TCC (Graduação) – Curso de Engenharia Mecânica, Universidade de São
Paulo, São Paulo, 2008.

MELO, Ana Paula. Avaliação Computacional de Estratégia para a Redução do


Consumo de Energia Elétrica em um Hotel de Florianópolis. 2005. 72 f. TCC
86

(Graduação) – Curso de Engenharia Civil, Universidade Federal de Santa Catarina,


Florianópolis, 2005.

MINISTÉRIO DO TURISMO. Brasil ganha novo sistema de classificação


hoteleira. 2011. Disponível em: https://www.gov.br/turismo/pt-
br/assuntos/noticias/brasil-ganha-novo-sistema-de-classificacao-hoteleira. Acesso
em: 20 jun. 2022.

MME, Ministério de Minas e Energia. Quem é quem da eficiência energética no


Brasil. 2022. Disponível em: https://www.gov.br/mme/pt-
br/assuntos/secretarias/spe/quem-e-quem. Acesso em: 12 jul. 2022.

MOTTA, Regis da Rocha. [et al.] Engenharia Econômica e Finanças. Rio de Janeiro:
Elsevier, 2009.

NAKAMURA, N. K.; MACIEL, L. F.; CARLO. J. C. Impactos de medidas de


conservação de energia propostas no PBE Edifica para o nível de eficiência
energética de envoltórias de um edifício naturalmente condicionado. Ambiente
Construído, Porto Alegre, v. 13, n. 4, p. 105-19, out./dez. 2013.

NEPOMUCENO, Tiago Miguel Veloso. Estudo da implementação de medidas de


eficiência energética num hotel. 2016. 121 f. Dissertação (Mestrado) - Curso de
Engenharia Geográfica, Geofísica e Energia, Universidade de Lisboa, Lisboa, 2016.

PBE EDIFICA, Programa Brasileiro de Etiquetagem. Nova Instrução Normativa


Inmetro. 2020. Disponível em: https://www.pbeedifica.com.br/nova-ini. Acesso em:
20 jun. 2022.

PERNAMBUCO, Neoenergia. Tabela de Tarifas de Energia Elétrica Grupo B.


2022. Disponível em:
https://servicos.neoenergiapernambuco.com.br/pages/index.aspx. Acesso em: 15
out. 2022.
87

PROCEL INFO. Edificações. 2006b. Disponível em:


http://www.procelinfo.com.br/main.asp?TeamID={82BBD82C-FB89-48CA-98A9-
620D5F9DBD04}. Acesso em: 15 jul. 2022.

PROCEL INFO. Lei de Eficiência Energética. 2014. Disponível em:


http://www.procelinfo.com.br/resultadosprocel2014/lei.pdf. Acesso em: 10 jul. 2022.

PROCEL INFO. PROCEL EDIFICA – Eficiência Energética nas Edificações.


2006a. Disponível em:
http://www.procelinfo.com.br/data/Pages/LUMIS623FE2A5ITEMIDC46E0FFDBD124
A0197D2587926254722LUMISADMIN1PTBRIE.htm#:~:text=O%20PROCEL%20pro
move%20o%20uso,%2C%20luz%2C%20ventila%C3%A7%C3%A3o%20etc. Acesso
em: 03 jun. 2022.

PROJETEEE. Componentes construtivos. 2022. Disponível em:


http://www.mme.gov.br/projeteee/componentes-construtivos/.

REIS, Miguel Custódio. Avaliação de medidas de eficiência energética dos


sistemas de um hotel. 2016. 75 f. Dissertação (Mestrado) – Curso de Engenharia
Mecânica, Universidade de Coimbra, Coimbra, 2016.

RIBEIRO, Karla Cristina Campos. Meios de hospedagem. Manaus: Centro de


Educação Tecnológica do Amazonas, 2011. 62 p.

Roriz, M. (2014). Classificação de Climas do Brasil – Versão 3.0. Antac, 1–5.

SANTOS, Cleide Bárbara Neres dos. Gestão ambiental em empreendimentos


hoteleiros: estudo de casos múltiplos. 2005. 184 f. Dissertação (Mestrado) –
Curso de Administração, Centro Universitário Nove de Julho, São Paulo, 2005.

SILVA, Michel Klein Pinheiro da. Análise econômica de medidas de eficiência


energética em um prédio histórico de Florianópolis, de acordo com a nova
etiquetagem comercial Procel Edifica. 2019. 73 f. TCC (Graduação) – Curso de
Engenharia Civil, Universidade Federal de Santa Catarina, Florianópolis, 2019.
88

SINAPI, Sistema Nacional de Pesquisa de Custos e Índices da Construção Civil.


Relatório de Insumos e Composições – set/22 – com desoneração. 2022.
Disponível em: https://www.caixa.gov.br/poder-publico/modernizacao-
gestao/sinapi/referencias-precos-insumos/Paginas/default.aspx.

SOUZA, Hudson Ferracin de. Aplicação do Método de Avaliação Econômica do


Programa de Eficiência Energética da ANEEL em um Hotel de Foz do Iguaçu -
PR. 2019. 42 f. Monografia (Especialização) - Curso de Especialização em Eficiência
Energética Aplicada Aos Processos Produtivos, Universidade Federal de Santa
Maria, Foz do Iguaçu, 2019.

Você também pode gostar