Você está na página 1de 74

UNIVERSIDADE FEDERAL DE SANTA CATARINA

CENTRO TECNOLÓGICO
DEPARTAMENTO DE ENGENHARIA CIVIL
CURSO ENGENHARIA CIVIL

Joana Zimmermann

Caracterização das fontes de vantagem competitiva vinculadas com a Construção


4.0

Florianópolis
2022
Joana Zimmermann

Caracterização das fontes de vantagem competitiva vinculadas com a Construção


4.0

Trabalho Conclusão do Curso de Graduação


submetido à Disciplina de TCC II do curso
superior de Engenharia Civil da
Universidade Federal de Santa Catarina
como requisito para a obtenção do título de
Engenheiro Civil.

Orientador: Prof. Dr. Ricardo Juan José Oviedo Haito

Florianópolis
2022
Joana Zimmermann

Caracterização das fontes de vantagem competitiva vinculadas com a Construção


4.0

Este Trabalho de Conclusão de Curso foi julgado adequado para obtenção do Título de
Engenheira Civil e aprovado em sua forma final pelo Curso de Graduação em
Engenharia Civil da Universidade Federal de Santa Catarina.

Florianópolis, 16 de dezembro de 2022.

Banca Examinadora:

________________________
Prof. Ricardo Juan José Oviedo Haito, Dr.
Orientador
Universidade Federal de Santa Catarina

________________________
Prof. Eduardo Lobo, Dr.
Avaliador
Universidade Federal de Santa Catarina

________________________
Engenheiro Rafael Fernandes de Matos, Msc.
Avaliador
Verum Partners

________________________
Engenheiro Murilo Blanco Mello
Avaliador
Brasil ao Cubo
AGRADECIMENTOS

Aos meus pais, João e Valéria, por todos os ensinamentos sobre o valor da
dedicação ao estudo e pelo constante incentivo e suporte em minha trajetória acadêmica.
Ainda, por apoiarem minhas escolhas e acreditarem no meu potencial. Em especial à
minha mãe, por não poupar esforços em me ajudar em todos os momentos.
Ao meu irmão, Amadeo, pela parceria nas idas e vindas à universidade, pela troca
de experiências e conversas de apoio. E ainda, por deixar tudo mais divertido.
Ao meu namorado e companheiro de vida, João Guilherme, pelo carinho e amor
diário durante o final da vida universitária, pela tranquilidade e apoio frente aos dias
difíceis.
Ao meu amigo e professor orientador, Ricardo, por toda a disponibilidade, atenção
e dedicação em repassar seus ensinamentos. Por me escolher como aluna de iniciação
científica e por todos os conselhos valiosos sobre a vida profissional e pessoal
compartilhados comigo neste um ano e meio de convivência.
Aos meus amigos da UFSC, pela parceira no dia a dia. A minhas amigas de longa
data, Eduarda, Ana Luiza, Amanda, Brunella, Luiza e Leila, pelo incentivo e ajuda
durante todos os anos de universidade. Ao meu eterno amigo, Matheus, pela constante
alegria e companheirismo durante seus dias na terra.
A todos que acrescentaram na minha formação pessoal e acadêmica, e permitiram
que eu atingisse este objetivo.
RESUMO

A digitalização, servitização e industrialização dos processos atrelados à Construção 4.0


possibilitam potenciais benefícios, como aumento da produtividade e eficiência, para o
setor da construção. Além disso, o sucesso das empresas de construção, e assim o alcance
de vantagem competitiva, está relacionado com as suas estratégias de obtenção de maior
valor no mercado. Embora os estudos na literatura descrevam as principais características
da Construção 4.0, pouco se sabe sobre a obtenção de fontes de vantagem competitiva
relacionadas a este tipo de construção. Neste trabalho objetiva-se caracterizar os fatores
vinculados com fontes de vantagem competitiva associadas com a Construção 4.0. Para
tanto, foram extraídos da literatura conceitos vinculados com a Construção 4.0, sendo
analisados e categorizados, com posterior validação mediante exemplos identificados de
serviços digitais na construção. Os resultados caracterizam quatro cenários possíveis para
alcançar fontes de vantagem competitiva em empresas, através das capacidades
vinculadas com a Construção 4.0. Estes cenários estão atrelados aos principais agentes
do mercado, como fornecedores, clientes, concorrentes e o setor (político e/ou
governamental). Neste sentido, os cenários refletem as características externas do
mercado que ativam as capacidades internas da Construção 4.0, relativas à Indústria 4.0
e à construção industrializada, que se constituem fontes de vantagem competitiva.

Palavras-chave: Construção 4.0. Vantagem Competitiva. Industrialização da


Construção.
ABSTRACT

The digitization, servitization and industrialization of processes related to Construction


4.0 enable potential benefits, such as increased productivity and efficiency, for the
construction sector. In addition, the success of construction companies, and thus the
achievement of competitive advantage, is related to their strategies for obtaining greater
value in the market. Although studies in the literature describe the main characteristics of
Construction 4.0, little is known about obtaining sources of competitive advantage related
to this type of construction. This work aims to characterize the factors linked to sources
of competitive advantage associated with Construction 4.0. To this end, concepts related
to Construction 4.0 were extracted from the literature, analyzed and categorized, with
subsequent validation through identified examples of digital services in construction. The
results characterize four possible scenarios to achieve sources of competitive advantage
in companies, through capabilities linked to Construction 4.0. These scenarios are linked
to the main market agents, such as suppliers, customers, competitors and the sector
(political and/or governmental). In this sense, the scenarios reflect the external
characteristics of the market that activate the internal capabilities of Construction 4.0,
related to Industry 4.0 and to industrialized construction, which constitute sources of
competitive advantage.

Keywords: Construction 4.0. Competitive advantage. Industrialization of Construction.


LISTA DE FIGURAS

Figura 1 – Etapas da metodologia de pesquisa ............................................................... 28


Figura 2 – Categorização dos conceitos vinculados com a Construção 4.0 ................... 35
Figura 3 – Caminhos para obtenção de potenciais fontes de vantagem competitiva
vinculadas com a Construção 4.0. .................................................................................. 36
Figura 4 – Fatores que influenciam as relações de construção e fabricação .................. 40
Figura 5 – Fatores externos que ativam as capacidades internas da empresa ................ 41
Figura 6 – Cenários para obtenção de vantagem competitiva vinculada com a Construção
4.0 ................................................................................................................................... 43
LISTA DE QUADROS

Quadro 1- Conceitos principais vinculados com a definição de Construção 4.0 segundo


quatro autores. ................................................................................................................ 18
Quadro 2 - Capacidades principais vinculados com a Indústria e Construção 4.0 segundo
cinco autores. .................................................................................................................. 20
Quadro 3 – Descrição das forças competitivas de Porter (1979) ................................... 23
Quadro 4 - Definição e metodologia para a realização dos principais passos de uma
pesquisa qualitativa ........................................................................................................ 26
Quadro 5 - Planilha de armazenamento de conceitos vinculados com a Construção 4.0
....................................................................................................................................... .30
Quadro 6 – Critérios de categorização dos conceitos vinculados com a Construção 4.0
....................................................................................................................................... .31
Quadro 7 – Características dos cenários para obtenção de vantagem competitiva ........ 45
Quadro 8 – Planilha de armazenamento de conceitos vinculados com a Construção 4.0
........................................................................................................................................ 60
SUMÁRIO

1. INTRODUÇÃO .................................................................................... 12

1.1 OBJETIVOS ....................................................................................... 14


1.1.1 Objetivo Geral ................................................................................ 14
1.1.2 Objetivos Específicos..................................................................... 14

1.2 ESTRUTURA DO TRABALHO ....................................................... 15

2. Revisão Bibliográfica............................................................................ 16

2.1 INDUSTRIALIZAÇÃO DA CONSTRUÇÃO .................................. 16

2.2 INDÚSTRIA 4.0 ................................................................................. 17

2.3 CONSTRUÇÃO 4.0 ........................................................................... 18


2.3.1 Benefícios e desafios da Construção 4.0........................................ 19
2.3.2 Capacidades vinculadas com a Construção 4.0 ............................. 20

2.4 VANTAGEM COMPETITIVA ......................................................... 21


2.4.1 Visão baseada em recursos ............................................................ 21
2.4.2 Posicionamento competitivo .......................................................... 22
2.4.3 Vantagem competitiva ................................................................... 23
2.4.4 Fontes de vantagem competitiva .................................................... 25

3. METODOLOGIA................................................................................. 26

3.1 ESTRUTURAÇÃO DA METODOLOGIA ....................................... 26


3.1.1 Entendimento do tema e da pergunta de pesquisa ......................... 28
3.1.2 Seleção de fontes de informação .................................................... 29
3.1.3 Coleta de dados .............................................................................. 29
3.1.4 Análise dos dados .......................................................................... 30
3.1.5 Interpretação dos dados.................................................................. 31
3.1.6 Validação das categorias ................................................................ 32
3.1.7 Redação dos resultados e conclusões ............................................. 33

4. RESULTADOS E DISCUSSÕES ....................................................... 34


4.1 CATEGORIAS DOS CONCEITOS VINCULADOS COM A
CONSTRUÇÃO 4.0 ................................................................................................... 34

4.2 CAPACIDADES INTERNAS VINCULADAS COM A


CONSTRUÇÃO 4.0 ................................................................................................... 36

4.3 FATORES EXTERNOS E VANTAGEM COMPETITIVA ............. 39


4.3.1 Identificação dos fatores externos .................................................. 39

4.4 CENÁRIOS ATIVADORES DAS CAPACIDADES INTERNAS ... 44

4.5 SÍNTESE DA PROPOSIÇÃO E DISCUSSÃO ................................. 48

5. CONCLUSÃO....................................................................................... 51

6. REFERÊNCIAS ................................................................................... 53

7. ANEXO .................................................................................................. 60
1. INTRODUÇÃO

O setor da construção civil mostra-se como um dos maiores da economia


mundial, com gastos aproximados de 10 trilhões de dólares anualmente (BARBOSA et
al., 2017). Dessa forma, é um dos setores que mais contribui com o PIB (cerca de 13%)
e gerando desenvolvimento econômico (BARBOSA et al., 2017; BOCK, 2015).
Entretanto, a construção civil apresenta, por muito tempo, baixa produtividade e
dificuldades em aumentar elevar seus níveis de desempenho (ARMSTRONG; GILGE,
2017). A produtividade nos demais setores da indústria mostram-se continuamente
aumentando (BOCK, 2015). Conforme estudo de Barbosa et al. (2017), o crescimento da
produtividade, medido nas últimas duas décadas, é de cerca de 3,6% ao ano para as
indústrias de manufatura, enquanto na construção civil esse crescimento é de apenas 1%
ao ano. Isso pode estar associado com o citado por Zhu et al. (2022) sobre a adoção de
inovações tecnológicas ser menor na construção quando comparado com as demais
industrias.
A baixa produtividade na construção está vinculada com forças externas, como
o aumento da complexidade de projetos por exemplo. Além disso, vincula-se com a
dinâmica da indústria e com os fatores operacionais da empresa, como a gestão pobre de
projetos (ARORA et al., 2020). Há, ainda, uma resistência cultural da indústria da
construção frente à mudança em seus processos e adoção de novos métodos tecnológicos
(OSUNSANMI et al., 2020). Assim, as empresas ainda executam métodos manuais e
oferecem seus produtos e serviços de forma tradicional (DE ALMEIDA; SOLAS, 2016).
Dessa forma, os desafios enfrentados pela construção dificultam a realização de
atividades mais produtivas.
Para obter sucesso frente a estas tendências são necessárias adoção de estratégias
ao longo de toda a cadeia de valor das empresas (DE ALMEIDA; SOLAS, 2016). A
evolução de tecnologias digitais na cadeia de valor é inevitável e o futuro da construção
está nas ferramentas digitais que aprimoram os processos construtivos (RAMAGE, 2020).
Ainda, o avanço da transformação de processos nas indústrias através da adição de
funções a um serviço, chamada de servitização, leva a mudança nas estratégias das
empresas (LEE; KAO; YANG, 2014; PIROLA et al., 2020). Assim, as empresas de

12
construção podem usar de estratégias relacionadas com as tendências desta transformação
digital do mercado para beneficiarem-se.
O novo cenário tecnológico industrial, conhecido como Indústria 4.0, permite
aumentar eficiência e produtividade através da implementação de sistemas integrados e
automatizados nos processos industriais (SCHUH et al., 2020; ZABIDIN;
BELAYUTHAM; IBRAHIM, 2020) de forma a auxiliarem na gestão da cadeia de valor
dos produtos (BÜCHI; CUGNO; CASTAGNOLI, 2020).
Nesse sentido, a implementação das características da Indústria 4.0 no canteiros
de obra resulta na chamada Construção 4.0 (MUÑOZ-LA RIVERA et al., 2021). Para a
transformação digital dos serviços na construção são necessárias certas capacidades,
como processamento de dados e análises e funções inteligentes através de componentes
interconectados (KOLAGAR; PARIDA; SJÖDIN, 2022). Nesse sentido, tem-se a
servitização digital, caracterizada pela evolução de serviços manuais (com baixa
digitalização) para serviços altamente integrados (FRANK et al., 2019), através do
acréscimo de funções digitais a um serviço ou processo.
Ainda, a construção 4.0 propõe a integração e automatização das atividades da
construção mediante tecnologias digitais (AYODELE; KAJIMO-SHAKANTU, 2021).
Exemplos incluem o uso de sistemas cíber-fisicos, monitoramento digital da cadeia de
suprimentos e análise de dados com inteligência artificial (SACKS et al., 2020). Portanto,
a Construção 4.0 remete a industrialização dos processos da construção mediante uso de
integração e automação de produtos e serviços inteligentes (servitização digital), que
permitem troca de dados entre meio físico e digital.
Dessa forma, o processo de industrialização associa-se com novos métodos de
construção (KAMALI; HEWAGE, 2016) buscando melhorar a organização da produção
através de técnicas integradas de automatização (GERHARD, 2005) e acrescentar valor
na cadeia de suprimentos dos serviços da construção (JONSSON; RUDBERG, 2014).
Um exemplo inclui o processo de fabricação e pré-montagem de elementos construtivos
fora do canteiro de obras (off-site construction) (KAMALI; HEWAGE, 2016). Assim, a
construção industrializada reflete o maior grau de organização dos processos construtivos
em vista de maior eficiência, controle e automação das atividades (BERTRAM et al.,
2019).
Segundo Jonsson e Rudberg (2014) a avaliação de fatores como qualidade,
tempo de espera, flexibilidade, custo, performance e inovação na construção são
tipicamente utilizados no posicionamento estratégico da empresa. Sendo assim, o

13
posicionamento estratégico está vinculado com as capacidades internas da empresa
(PORTER, 1979), sendo elas atreladas às suas competência de produção (TEECE;
PISANO; SHUEN, 1997). Ainda, as estratégias devem permitir a criação e manutenção
da vantagem competitiva (MINTZBERG, 1994); e estas associam-se às capacidades e
recursos internos da empresa, assim como com os fatores externos do mercado em que
está inserida (HOFFMAN, 2000; TEECE; PISANO; SHUEN, 1997).
Então as fontes de vantagem competitiva – vinculadas com a Construção 4.0 -
são alcançadas quando se considera a análise dos fatores internos associados às
capacidades e tecnologias da Construção 4.0, assim como para o ambiente externo do
setor da construção.
Apesar de existirem estudos sobre as características da Construção 4.0, poucos
analisam como estas permitem às empresas de construção obterem vantagens
competitivas. Segundo Gerhard (2005), o sucesso futuro de uma empresa depende de sua
capacidade de identificar as potenciais áreas de sucesso frente à crescente industrialização
na construção. À vista disso, é relevante caracterizar os fatores envolvidos com as fontes
de vantagem competitiva – e assim fatores potenciais de sucesso - em empresas dentro
do cenário tecnológico da Construção 4.0.
Portanto perguntou-se “Quais as características das fontes de vantagem
competitiva vinculadas com a Construção 4.0 em empresas de construção?”. Então,
buscou-se identificar os fatores relacionados com empresas de construção na obtenção de
vantagem competitiva no contexto da Construção 4.0.

1.1 OBJETIVOS

1.1.1 Objetivo Geral

O objetivo geral deste trabalho é caracterizar os fatores para obtenção de


vantagem competitiva vinculada com a Construção 4.0 em empresas de construção.

1.1.2 Objetivos Específicos

a) Mapear e analisar os conceitos vinculados com a Construção 4.0


conforme a literatura.

b) Identificar os possíveis caminhos para atingir as capacidades da


Construção 4.0;

14
c) Identificar os fatores externos de influência do setor da construção civil;

d) Identificar a relação dos fatores externos com as capacidades internas


vinculadas com a Construção 4.0;

e) Caracterizar cenários possíveis para obtenção de fontes de vantagem


competitiva vinculadas com a Construção 4.0.

1.2 ESTRUTURA DO TRABALHO

Este trabalho é constituído de 5 capítulos.


O capítulo 1 apresenta a introdução do assunto estudado, as justificativas,
objetivos e estrutura do trabalho.
O capítulo 2 descreve a revisão bibliográfica realizada para fundamentar os
principais conceitos discutidos no trabalho.
O capítulo 3 explica a metodologia utilizada na elaboração desta pesquisa.
O capítulo 4 contém aos resultados obtidos com a pesquisa, assim como uma
discussão a partir destes. Compreende esquemas com caminho, cenários e características
necessárias para obtenção de vantagem competitiva vinculadas com a Construção 4.0 em
empresas de construção.
Por fim, o capítulo 5 apresenta as conclusões do trabalho.

15
2. REVISÃO BIBLIOGRÁFICA
2.1 INDUSTRIALIZAÇÃO DA CONSTRUÇÃO

A construção industrializada se dá pela reorganização dos processos industriais


visando desenvolvimento sustentável (LI; YANG, 2017) através de métodos modernos
de construção, como construção off-site (fora do canteiro de obras), pré-fabricação e pré-
montagem. Estes métodos vinculam-se com a industrialização da construção (KAMAR
et al., 2011).
Para Sabbatini (1989) a construção industrializada envolve a implementação de
inovações tecnológicas e métodos inteligentes para melhorar a produtividade e
desempenho das atividades da construção. Segundo Gerhard (2005) a construção pode
ser industrializada a partir da melhor organização e padronização das atividades e
utilização de equipamentos que permitam maior automatização na produção. Dessa
forma, a industrialização da construção permite melhorar o desempenho das atividades,
gerando otimização e maior produtividade (QI et al., 2021).
Nesse sentido, a construção industrializada reflete maior organização das
atividades de produção quando comparada com uma construção convencional. Este grau
de industrialização permite às empresas beneficiarem-se com: maior segurança; maior
velocidade construtiva; maior qualidade do produto; melhoria na produtividade; maior
sustentabilidade; maior coordenação das atividades; melhor controle do meio de
fabricação; maior nível de automação; redução de custos associados com transporte de
trabalhadores e equipamentos e redução de desperdícios da construção (BERTRAM et
al., 2019; KAMALI; HEWAGE, 2016; KAMALI; HEWAGE; MILANI, 2018;
MELENBRINK; WERFEL; MENGES, 2020)
Apesar destes benefícios, a utilização de processos industrializados na
construção enfrenta desafios, como: necessidade de grandes investimentos iniciais; novas
capacidades; necessidade de grandes volumes de produção; pouca flexibilidade;
necessidade de maior comunicação e coordenação entre os stakeholders; dificuldade em
realizar mudanças nos projetos; restrições de transporte (p.ex. das peças e/ou módulos
pré-fabricados) (JONSSON; RUDBERG, 2014; KAMALI; HEWAGE, 2016).
Nesse sentido, o aumento da industrialização e da padronização dos processos
na construção acarreta a redução de variedade de produtos e serviços a serem oferecidos
para o cliente final (JONSSON; RUDBERG, 2014). Ainda conforme este autor, a

16
avaliação entre estes benefícios e desafios da industrialização são tipicamente utilizados
no posicionamento estratégico da empresa de construção.
A industrialização da produção nas indústrias vem desenvolvendo-se por
chamadas revoluções industriais (RI). Nesse sentido, a primeira RI reflete o uso de
máquinas para substituir trabalhos manuais e a segunda RI vincula-se com a produção em
massa. Já a terceira RI representa o uso de tecnologias da informação e digitalização nos
processos industriais (FORCAEL et al., 2020; LAU et al., 2019).
O cenário da terceira RI corresponde a uma construção industrializada, como por
exemplo o uso de equipamentos controlados digitalmente para produção automatizada,
buscando a redução de mão de obra no canteiro (OVIEDO-HAITO; MORATTI;
CARDOSO, 2019).
Nesse sentido, a quarta RI usa de automação integrada para alcançar um
ambiente de produção industrial inteligente (FORCAEL et al., 2020). Por exemplo, uso
de máquinas e equipamentos controlados por inteligência artificial para produção da
construção (OVIEDO-HAITO; MORATTI; CARDOSO, 2019). Dessa forma, o conceito
de Indústria 4.0 refere-se a estas características vinculadas com a 4ª revolução industrial.

2.2 INDÚSTRIA 4.0

A indústria 4.0 configura-se como um novo estágio de maturidade industrial


onde, pelo uso de tecnologias como Internet of Things, Big Data e Inteligência Artificial,
os produtos e processos das empresas estão interconectados e integrados para alcançar
maior valor (FRANK et al., 2019; MARCON et al., 2021). Este cenário tecnológico da
4ª revolução industrial reflete a integração de tecnologias da informação com métodos de
produção nas indústrias, visando adoção de sistemas de automação industrial (BÜCHI;
CUGNO; CASTAGNOLI, 2020; NOWOTARSKI; PASLAWSKI, 2017). Dessa forma
pode-se melhorar a eficiência nos processos industriais e gerar oportunidades de
diferenciação nos produtos e serviços oferecidos.
Entretanto, a Indústria 4.0 não se dá apenas pela implementação de tecnologias
associadas a 4ª revolução industrial, uma vez que precisa de transformações de
flexibilidade na organização e cultura da empresa (SCHUH et al., 2020). Desta maneira,
os sistemas inteligentes e tecnologias associadas com a Indústria 4.0 permitem melhorar
ou criar capacidades nas empresas, gerando melhor desempenho, e assim, maior valor.

17
Dentre os benefícios obtidos com a Indústria 4.0 encontram-se a criação de um
ambiente mais inovador, maior sustentabilidade, economia em termos de custos e tempo,
melhor colaboração e comunicação e o aumento do foco no cliente (SAWHNEY; RILEY;
IRIZARRY, 2020). Ainda, o uso destas tecnologias digitais nos serviços e produtos da
indústria (servitização digital) permitem soluções personalizadas e integradas para os
clientes (KOHTAMÄKI et al., 2020).
Neste contexto, tem-se o conceito de Construção 4.0 descrito a seguir.

2.3 CONSTRUÇÃO 4.0

Para Sawhney et al. (2020) a Construção 4.0 é baseada em tendências


tecnológicas que prometem remodelar a forma como as obras e as suas partes são
projetadas, construídas e operadas. Esta transformação na indústria busca,
essencialmente, automatizar e digitalizar processos da construção (CRAVEIRO et al.,
2019; FORCAEL et al., 2020; SOTO et al., 2019) possibilitando, por exemplo, a criação
de novos ambientes através de modelagem e simulação (ZABIDIN; BELAYUTHAM;
IBRAHIM, 2020).
Visando caracterizar este conceito registrou-se a definição para Construção 4.0
segundo 4 autores, a saber: (CRAVEIRO et al., 2019; FORCAEL et al., 2020; MUÑOZ-
LA RIVERA et al., 2021; SAWHNEY et al., 2020). Assim, a análise das principais
características da Construção 4.0 citadas nestas definições seguem conforme o Quadro 1.

Quadro 1- Conceitos principais vinculados com a definição de Construção 4.0 segundo


quatro autores.

Sawhney et al. Forcael et al. Craveiro et al. Muñoz-La


(2020) (2020) (2019) Rivera et al.
(2021)
Sistemas cyber- x
físicos
Internet of Things x
Digitalização x x x
Industrialização x
Automatização x x x
Mudanças x x
tecnológicas
Inovação x
Novos métodos de x
trabalho
Integração x
Fonte: A autora.

18
Considerando os conceitos incluídos por alguns autores (CRAVEIRO et al.,
2019; FORCAEL et al., 2020; MUÑOZ-LA RIVERA et al., 2021; SAWHNEY; RILEY;
IRIZARRY, 2020), a Construção 4.0 vincula-se com sistemas cíber-físicos, Internet of
Things, digitalização, industrialização, automatização, mudanças tecnológicas, inovação,
novos métodos de trabalho e integração. Assim, a Construção 4.0 representa a
transformação da indústria da construção a partir da industrialização dos processos,
serviços e automatização da produção com um elevado nível de digitalização
(CRAVEIRO et al., 2019; FORCAEL et al., 2020). Em vista disso, a Construção 4.0 tem
a proposta de digitalizar os processos e serviços da construção civil de forma a se
tornarem inteligentes e autônomos.

2.3.1 Benefícios e desafios da Construção 4.0

Dentre os benefícios vinculados com a Construção 4.0 destaca-se a qualidade


melhorada; redução do custo e tempo de construção; redução do desperdício; integração
horizontal, longitudinal e vertical; redução da mão de obra; maior flexibilidade; melhor
compartilhamento e coleta de informações; maior sustentabilidade e segurança (QI et al.,
2021; SAWHNEY; RILEY; IRIZARRY, 2020). Além disso, a implementação de
recursos da Indústria 4.0 na construção permite inovação, maior lucratividade, eficiência
organizacional e vantagem competitiva estratégica (SONY, 2020).
Entretanto, as empresas enfrentam desafios e barreiras para sua implementação.
Destas, destaca-se: elevado custo/investimento inicial e de manutenção da tecnologia;
alto custo com segurança e proteção de dados (cyber segurança); dificuldade na criação
de regulamentos e procedimentos sobre a adoção de tecnologias modernas; dificuldade
em mensurar o lucro e avaliar os investimentos; falta de trabalhadores qualificados e
profissionais experientes; baixo conhecimento técnico nas capacidades digitais;
resistência cultural da construção à mudança; falta de confiabilidade de software ou
hardware e baixo investimento em pesquisa por parte da construtora (OSUNSANMI et
al., 2020; QI et al., 2021; SAWHNEY et al., 2020). Portanto, a construção civil ainda
precisa superar barreiras para beneficiar-se das práticas tecnológicas utilizadas na
Indústria 4.0.

19
2.3.2 Capacidades vinculadas com a Construção 4.0

O uso dos recursos e tecnologias vinculados com a Indústria 4.0 na construção


permite às empresas atingirem determinadas capacidades. Nesse sentido, capacidades
remetem as competências de transformar a empresa em uma organização ágil (SCHUH
et al., 2020). Os recursos da construção, como máquinas ferramentas e materiais, tornam-
se inteligentes quando são acrescentadas habilidades de detecção, processamento e
comunicação por exemplo (NIU et al., 2016).
Em função disso, elencou-se as capacidades vinculadas com a Indústria 4.0,
industrialização da construção e Construção 4.0 conforme 5 autores na literatura
(KAMALI; HEWAGE, 2016; NIU et al., 2016; PERRIER et al., 2020; PORTER;
HEPPELMANN, 2014; QI et al., 2021). Assim, a análise destas capacidades seguem
descritas no Quadro 2.

Quadro 2 - Capacidades principais vinculados com a Indústria e Construção 4.0 segundo


cinco autores.

Construção
Indústria 4.0 Construção 4.0
Industrializada
Porter e Kamali e
Capacidades Qi et al. Niu et al. Perrier et
Heppelmann Hewage
(2021) (2016) al (2020)
(2014) (2016)
Customização x
Monitoramento x x
Controle x
Otimização x x
Sensoriamento x
Processamento x x
Autonomia x x x
Predictividade x
Flexibilidade x x
Consciência x x
Comunicatividade x x x
Economia x x
Segurança x x
Produtividade x
Sustentabilidade x x
Qualidade do produto x x
Rapidez da produção x
Fonte: A autora

A primeira linha do quadro refere-se à delimitação do estudo de cada autor


apresentado. A partir deste estudo, considerou-se as capacidades vinculadas com a
20
Construção 4.0 como sendo: customização; monitoramento; controle; otimização;
sensoriamento; processamento; autonomia; predictividade; flexibilidade; consciência;
comunicatividade; economia; segurança; produtividade; sustentabilidade; qualidade do
produto; rapidez da produção (KAMALI; HEWAGE, 2016; NIU et al., 2016; PERRIER
et al., 2020; PORTER; HEPPELMANN, 2014; QI et al., 2021).

2.4 VANTAGEM COMPETITIVA

2.4.1 Visão baseada em recursos

A implementação das características vinculadas com a Construção 4.0 está


associada a novos recursos e capacidades nas empresas. Nesse sentido, os recursos das
empresas podem ser descritos como o que estas possuem e controlam (AMIT;
SCHOEMAKER, 1993). Ainda, os recursos são ativos estratégicos geradores de valor
(GALBREATH, 2004) que podem ser convertidos em produtos e serviços a partir de
tecnologias (AMIT; SCHOEMAKER, 1993).
Por outro lado, as capacidades internas -ou competências- das empresas são suas
competências de produção que usam dos seus recursos para atingir um resultado desejado
(AMIT; SCHOEMAKER, 1993; TEECE; PISANO; SHUEN, 1997). Estas capacidades
podem ser aumentadas quando da adoção de tecnologias inteligentes e da conectividade
(PORTER; HEPPELMANN, 2014). Por exemplo, a capacidade de monitoramento pode
ser melhorada mediante uso de tecnologias de coleta e interpretação de dados como
sensores e inteligência artificial (BETIATTO, 2021). Assim, as capacidades atingidas
pelas empresas mostram-se como resultado do uso de seus recursos.
Para que estas capacidades sejam potenciais fontes de vantagem competitiva é
necessária a combinação dos recursos internos da empresa com a análise e adequação
destes com o ambiente externo da indústria (TEECE; PISANO; SHUEN, 1997). Ainda,
segundo Barney (1991), para as empresas atingirem potencial vantagem competitiva seus
recursos devem ser valiosos, raros, difíceis de serem imitados e substituídos. Nesse
sentido, recursos são valiosos quando permitem melhoria de eficiência e eficácia nos
processos, criando valor para os clientes. Ainda, podem ser raros quando não há
concorrentes que o executem, mostrando-se únicos no mercado. E, os recursos são difíceis
de serem imitados e substituídos quando as demais empresas no mercado não possuem
recursos que lhes permitam implementar as mesmas estratégias (BARNEY, 1991).

21
Para Oviedo Haito (2010) os ativos estratégicos – recursos das empresas - podem
ser entendidos como fatores que podem contribuir com a vantagem competitiva
sustentável da empresa, sendo eles: ativos físicos; ativos financeiros, capital humano,
capital organizacional, capital de relacionamentos e ativos de saída / reputação. Ainda,
segundo este autor, estes ativos estratégicos refletem características internas e externas
da empresa, como os recursos e competências, as atividades, os processos e a estratégia
utilizada para o alcance do desempenho e o bom relacionamento da empresa no mercado.
Assim, a vantagem competitiva nas empresas está vinculada com a boa relação entre os
agentes do negócio frente aos seus processos, recursos e estratégias internos utilizados.
Também, segundo Collis e Montgomery (2008), a demanda, escassez e habilidade
de adaptação ao mercado regem as características necessárias aos recursos para obtenção
de vantagem competitiva. Ou seja, os recursos internos da empresa são avaliados frente
as necessidades do cliente, as estratégias desenvolvidas pelos concorrentes e pela
habilidade das empresas do setor em utilizarem estes recursos. Dessa forma podem
permitir alcançar as fontes de vantagem competitiva.

2.4.2 Posicionamento competitivo

Adicionalmente, a competição estratégica está vinculada ao posicionamento


diferenciado da empresa em relação aos seus concorrentes, visando obter lucro
(MAGRETTA, 2012). Para tal, deve-se saber do funcionamento do ambiente externo.
Porter (1979) define as forças competitivas que impulsionam a concorrência e
obtenção de vantagem nas indústrias. Estas forças configuram-se pelos compradores,
fornecedores, substitutos, novos entrantes e a rivalidade entre eles. O Quadro 3 apresenta
a definição para estas forças competitivas.

22
Quadro 3 – Descrição das forças competitivas de Porter (1979)

Forças competitivas Descrição


Compradores poderosos forçam a queda de preços ou exigem mais
Compradores/Clientes valor no produto. Assim capturam uma quantidade maior de valor
para si mesmos
Fornecedores Os fornecedores poderosos vão cobrar preços maiores ou exigir
condições mais favoráveis, reduzindo a lucratividade do setor
Substitutos Os substitutos - que atendem à mesma necessidade básica de um
setor, de uma forma diferente - colocam um limite aos lucros no setor
Novos entrantes As barreias de entrada protegem um setor de novos competidores que
adicionariam mais capacidades
Quando a rivalidade for mais intensa, as empresas vão perder seu
Rivalidade valor na competição por diminuírem o preço (passando o valor para
o cliente) ou por custos maiores resultantes da concorrência.
Complementadores Trata-se de bens e serviços usados em conjunto com os produtos de
("sexta força") um setor
Fonte: A autora a partir de Magretta (2012) e Porter (1979).

A composição destas forças determina a concorrência no setor e a lucratividade


dos agentes envolvidos, além de modularem-se conforme as alterações tecnológicas nas
indústrias (PORTER; HEPPELMANN, 2014). Assim, dada a relação dos agentes
envolvidos na competição da indústria, a empresa deve ser capaz de diferenciar-se (e
assim obter maior valor) e/ou executar seus serviços a um custo menor. O posicionamento
estratégico, frente a estas alternativas de fatores externos, é importante para que a empresa
possa competir pela criação de valor único, ou seja, valor superior para um determinado
público-alvo (MAGRETTA, 2012).

2.4.3 Vantagem competitiva

A vantagem competitiva está vinculada com as capacidades da empresa em seus


processos de produção que permitem diversificação no mercado (MINTZBERG, 1994)
para obterem benefícios superiores que seus concorrentes. Esta é obtida a partir da adoção
de estratégias únicas para criação de valor nas empresas. Única no sentindo de ainda não
ter sido adotada por nenhum concorrente e de que seja incapaz a duplicação de seus
benefícios (HOFFMAN, 2000).
Para Mintzberg (1994) estratégia pode ser descrita como um plano, perspectiva,
padrão ou posicionamento. Esta vincula-se com a escolha de um sistema que leve a
resultados competitivos para a empresa (JONSSON; RUDBERG, 2014).

23
Dentro do contexto da Indústria 4.0 a construção, a estratégia para criação de
vantagem competitiva relaciona-se com a transformação organizacional gerada pela
digitalização destes serviços (servitização digital) (KOHTAMÄKI et al., 2022). Assim,
novas estratégias vinculadas com a servitização digital e sistemas de produtos e serviços
(PORTER; HEPPELMANN, 2014) devem ser consideradas pelas empresas na busca por
vantagem competitiva dentro do cenário da Construção 4.0.
No entanto, alcançar a vantagem competitiva apenas de uma perspectiva interna
não é suficiente (HOFFMAN, 2000), visto que a competitividade pode mudar quando há
adoção pelo mercado de novas tecnologias, novos competidores, mudança de preços e
novos produtos (MINTZBERG, 1994).
Barney (1991) descreve a obtenção da vantagem competitiva em empresas
segundo análises internas e externas. Os fatores externos englobam aspectos do mercado,
como políticas governamentais, sociais e culturais, economia e desenvolvimento dos
negócios (BURTONSHAW-GUNN, 2008; MARCON et al., 2021). Ainda, para estes
autores, os fatores internos refletem o nível operacional da empresa, associados aos
recursos e estratégias utilizadas em suas atividades.
O foco externo na concorrência permite que uma empresa reconheça ou crie seus
recursos exclusivos (HOFFMAN, 2000) através de suas forças e fraquezas perante as
oportunidades e ameaças do mercado (JIANG et al., 2018). Dessa forma, a partir das
capacidades internas e dos fatores externos, a empresa desenvolve uma estratégia que a
permita criar maior valor - e assim obter vantagem competitiva - dentro do mercado em
que está inserida.
A criação de vantagem competitiva nas empresas pode ser analisada por uma
visão baseada em seus recursos (o que a empresa tem), ou pelo seu posicionamento (o
que a empresa faz). Assim, baseada em seus recursos, as empresas obtém vantagem
competitiva através de estratégias que exploram suas forças internas em vista das
oportunidades externas do mercado, amenizando assim ameaças e evitando surgimento
de fraquezas internas (BARNEY, 1991).
Ainda, a vantagem é sustentada quando a empresa define um posicionamento
estratégico distinto, onde, a estratégia utilizada fornece valor, ou benefícios, aos clientes
enquanto a concorrência não consegue replicá-la (HOFFMAN, 2000; PORTER;
HEPPELMANN, 2014). Ou seja, a criação de valor envolvida na estratégia competitiva
da empresa será sustentável quando, frente aos fatores e agentes externos do mercado,
fornecer benefícios superiores aos seus concorrentes por um período prolongado.

24
2.4.4 Fontes de vantagem competitiva

A eficiência operacional refere-se à capacidade da empresa em executar suas


atividades a partir de um custo menor (MAGRETTA, 2012) sendo a base para criação de
vantagem competitiva (PORTER; HEPPELMANN, 2014). A eficiência pode ser
entendida como a capacidade de rendimento de um sistema em produzir resultados
desejados sem desperdícios (CARDOSO, 1996).
Para a empresa garantir uma operação eficiente requer-se a adoção de melhores
práticas em toda a cadeia de valor (PORTER; HEPPELMANN, 2014) de forma a
permitirem obter mais valor com menos recursos utilizados (MAGRETTA, 2012). No
contexto tecnológico atual, estas práticas podem estar relacionadas com uso de
tecnologias, equipamentos de produção mais recentes, métodos tecnológicos de vendas,
soluções de TI e abordagens de gerenciamento da cadeia de suprimentos (PORTER;
HEPPELMANN, 2014).
Mediante a eficiência operacional a empresa está buscando ser o melhor,
reduzindo custos com processos mais eficientes. Entretanto, se mostra difícil sustentar
uma vantagem baseada apenas em custo, uma vez que estas práticas podem ser facilmente
copiadas pela concorrência (MAGRETTA, 2012). Complementarmente, a diferenciação
se baseia em fazer diferente e cobrar um preço relativo maior (PORTER;
HEPPELMANN, 2014) (MAGRETTA, 2012). Assim, a diferenciação possibilita o
atendimento de necessidades diferentes dos clientes e assim a competição está baseada
em ser único. Então, as vantagens competitivas são obtidas quando há eficiência
operacional e/ou diferenciação em seus serviços.

25
3. METODOLOGIA

3.1 ESTRUTURAÇÃO DA METODOLOGIA

A metodologia diz respeito das técnicas e métodos que permitirão o alcance dos
objetivos deste trabalho. Dessa forma, baseou-se nos principais passos de uma pesquisa
qualitativa (BRYMAN, 2012; CRESWELL, 2009), conforme apresenta-se no Quadro 4.

Quadro 4 - Definição e metodologia para a realização dos principais passos de uma pesquisa
qualitativa

Principais etapas de uma


Definição Exemplo
pesquisa qualitativa

A partir do tema geral "Construção 4.0"


perguntou-se "Quais as características
Pergunta de Entendimento geral do tema e
1 das fontes de vantagem competitiva
pesquisa definição de uma pergunta de pesquisa
vinculadas com a Construção 4.0 em
empresas de construção?"

Levantamento, análise e escolha das


referências bibliográficas (artigos Seleção de artigos científicos por meio
científicos, dissertações, teses, sites, de palavras-chave relacionadas com o
Seleção de fontes
2 pesquisadores, revistas, simpósios, tema de pesquisa: Construction 4.0,
relevantes
profissionais da área e outros) que Industry 4.0, Digitalization e
permitirão responder aos Automation
questionamentos da pesquisa

Identificação e extração de conceitos


Coleta e Extração e armazenamento dos dados
vinculados com a Construção 4.0 nos
3 organização dos e informações obtidos, com base na
artigos analisados, armazenando-os em
dados questão inicial da pesquisa
formato de planilha eletrônica (Excel)

Análise e Comparação dos conceitos


Classificação dos dados de acordo
4 comparação dos categorizando-os conforme semelhança
com suas descrições e temas/assuntos
dados entre suas definições

Ordenação e hierarquização das


Interpretação dos Entendimento das categorias formadas
5 categorias propostas, visando "contar
dados com os dados após análise
uma história" a partir destas

Validação das categorias mediante


comparação com exemplos de serviços
Criação das hipóteses e validação que da construção civil que incorporam
Validação das
6 objetivam responder à pergunta de tecnologias da Construção 4.0, e
categorias
pesquisa comparação com fatores externos da
indústria, ambos identificados na
literatura

26
Principais etapas de uma
Definição Exemplo
pesquisa qualitativa

Identificação de
Com o avanço no entendimento do Identificação de novos conceitos
novos dados para
tema e da validação das categorias necessários para responder à pergunta
6a. responder à
verifica-se a necessidade de novos de pesquisa e validar as categorias
pergunta de
dados para compor os resultados propostas
pesquisa

Para seleção das fontes adicionais


Coletar novos dados e informações
Coleta de dados utilizou-se o método de amostragem em
6b. que permitam responder à pergunta de
adicionais cadeia definido por Patton (1990).
pesquisa
Assim, analisaram-se no total 70 artigos

Identificação dos pontos mais relevantes


Redação das da pesquisa e criação de planilhas de
Escrita da conclusão e do processo
7 descobertas e referências e esquemas com descrição
realizado
conclusões dos resultados para a escrita do
documento

Fonte: a autora, a partir de Bryman (2012) e Creswell (2009).

A Figura 1 esquematiza a aplicação destes passos metodológicos na pesquisa


científica realizada.

27
Figura 1 – Etapas da metodologia de pesquisa

Fonte: a autora, a partir de Bryman (2012) e Creswell (2009).

3.1.1 Entendimento do tema e da pergunta de pesquisa

O entendimento do tema de pesquisa foi baseado na leitura de artigos científicos


e documentos de mercado relacionados com a Construção 4.0 e criação de estratégias em
empresas. Estes materiais foram sugeridos pelo professor orientador, onde a principal
fonte de estudo foi Porter e Heppelmann (2014). Pelo estudo e aprofundamento no tema,
analisou-se a viabilidade de possíveis temas/pergunta de pesquisa, ou seja, verificou-se
que tipo de dados precisaria ser coletados para que permitissem responder à pergunta
escolhida.

28
Após discussões com o professor orientador sobre os temas propostos, viu-se a
necessidade de entender a relação entre as características da Construção 4.0 e as possíveis
fontes de vantagem competitiva associadas a elas. Dessa forma, delimitou-se a pergunta
de pesquisa “Quais as características das fontes de vantagem competitiva vinculadas com
a Construção 4.0 em empresas de construção?”.
A partir desta pergunta surgiram outras perguntas intermediárias que guiaram o
desenvolvimento desta pesquisa, a saber: O que precisa ser feito para ter vantagem
competitiva? Quais as características da Construção 4.0? Quais os agentes envolvidos na
construção? Com base nestes questionamentos foram definidas as fontes de informação
a serem consultadas, conforme descritas a seguir.

3.1.2 Seleção de fontes de informação

Inicialmente buscaram-se características e conceitos associados com a


Construção 4.0 em artigos científicos. Usaram-se, para tanto, conjuntos de palavras-chave
associadas às definições de Construção 4.0 levantadas no Quadro 1 (na seção de revisão
bibliográfica), por exemplo: Construction 4.0, Industry 4.0, Digitalization e Automation.
As pesquisas foram realizadas em inglês, visto que há maior quantidade de estudos sobre
este tema publicados em nível internacional.
A partir de estas palavras-chave, analisaram-se os artigos procurados na
plataforma Google Scholar através de uma leitura rápida, priorizando figuras e tabelas, e
buscando informações relevantes para o tema de pesquisa. Com isso, selecionaram-se,
preliminarmente, 15 artigos científicos.

3.1.3 Coleta de dados

Com a leitura dos artigos selecionados extraíram-se conceitos relacionados com


a Construção 4.0 juntamente com suas descrições e referências. Quando se encontraram
muitos conceitos repetidos em diferentes artigos, apenas uma definição era extraída. No
caso de conceitos citados, porém sem suas descrições, buscou-se pela definição nos
demais artigos selecionados, e quando necessário pesquisou-se no Google Scholar pelo
conceito, selecionando novos artigos como fonte de informação.
Os dados coletados foram armazenados em uma planilha eletrônica estruturada
de forma a organizar estes conceitos e facilitar o processo posterior de análise. O quadro

29
5 a seguir apresenta parte da planilha de armazenamento, disponível para consulta no
anexo deste trabalho.

Quadro 5 - Planilha de armazenamento de conceitos vinculados com a Construção 4.0

Fonte: a autora.

As primeiras 6 colunas relacionam, respectivamente, os conceitos, coluna


auxiliar de controle, autor, título do artigo, número da página, e a definição extraída. A
coluna auxiliar de controle dos dados registra, com “sim” e “não” a utilização do conceito
na composição do resultado. Isso pois, durante o processo de análise, notaram-se
conceitos com descrições insuficientes para serem caracterizados. A sétima coluna
vincula os comentários e interpretações feitos pela autora sobre as definições dos
conceitos

3.1.4 Análise dos dados

O desenvolvimento da análise dos dados coletados guiou-se em três etapas


(passos 4, 5 e 6 da Figura 1). No passo 4, agruparam-se os conceitos em categorias
conforme à semelhança entre as suas definições. Por exemplo, o conceito de sistemas
cíber-fisicos, descritos como sistemas de produção inteligentes que conectam meios
físicos e digitais (NEGRI; FUMAGALLI; MACCHI, 2017), e ainda o conceito de
Sistemas de Produtos e Serviços, entendido como uma estratégia de otimização baseada
em serviços inteligentes que promovem novas funcionalidades (PIROLA et al., 2020;
PORTER; HEPPELMANN, 2014), vinculam-se à sistemas que integram dados e
permitem a utilização das estratégias baseadas em sistemas de produtos e serviços. Tal
similitude foi utilizada como critério de categorização. Nesse sentido, conceitos como

30
"sistemas cíber-fisicos" e "sistemas de produtos digitais" agruparam-se como "sistemas
que integram dados”.
Classificou-se o conjunto de conceitos extraídos em cinco categorias principais,
sendo elas: Construção industrializada, Recursos inteligentes, Estratégias baseadas em
sistemas de produtos e serviços, Capacidades relativas à Construção 4.0 e Fontes de
vantagem competitiva. Os critérios de categorização utilizados constam no Quadro 6.

Quadro 6 – Critérios de categorização dos conceitos vinculados com a Construção 4.0

Exemplos de
Categoria principal Critério de categorização conceitos
atribuídos
Agrupa métodos de construção relativos a formas de organização
Construção mais eficientes (entre elas) e dependentes de materiais e
Construção offsite
industrializada componentes com potencial de inovação, produzidos fora do
canteiro ou de forma inovadora nele.
Agrupa tecnologias que, mediante processos organizacionais,
Recursos inteligentes habilitam características inteligentes e capacitação profissional, Internet of Things
buscando automatização nas operações.
Agrupa estratégias vinculadas ao uso ou desenvolvimento de Sistemas cíber-
Estratégias baseadas
produtos e serviços como partes de sistemas que integram dados, físicos
em sistemas de
utilizados por empresas para adquirir maior autonomia e (Cyber physical
produtos e serviços
integração em seus processos systems)
Agrupa capacidades vinculadas com a Indústria 4.0 e capacidades
da construção industrializada. A segunda relaciona-se a
Capacidades relativas habilidades e benefícios obtidos a partir de melhorias nas
Autonomia
à Construção 4.0 operações físicas da construção. A primeira vincula-se com a
maior independência na tomada de decisões com relação a
operadores humanos.
Agrupa os conceitos de eficiência operacional e diferenciação,
Fontes de vantagem
relativos à potencial contribuição dos recursos e capacidades de Diferenciação
competitiva
uma empresa para habilitar benefícios no mercado.

Fonte: ZIMMERMANN; OVIEDO-HAITO (2022).

3.1.5 Interpretação dos dados

No passo 5, ordenou-se as categorias dos fatores vinculados com a Construção


4.0, e assim viu-se a existência de uma relação hierárquica entre estas. Para tanto,
comparou-se e organizou-se as categorias, a partir de suas relações de causa-efeito. Nesse
sentido, viu-se que as capacidades se configuram como resultados do uso de recursos e
adoção de estratégias em empresas de construção. Assim, as categorias foram ordenadas
(1 a 4).
Dessa maneira, entendeu-se a hierarquia dos fatores associados a estas
categorias, levando as fontes de vantagem competitiva. emergindo assim a categoria 5.

31
Nesse sentido, a vantagem competitiva é vista como uma consequência do uso das
capacidades vinculadas à Construção nas empresas.

3.1.6 Validação das categorias

No passo 6, testaram-se esta composição de categorias e a sua hierarquização.


As categorizações foram validadas mediante comparação com exemplos de serviços da
construção civil que incorporam tecnologias da Indústria 4.0 identificados na literatura.
Desta forma, verificou-se o enquadramento das características destes serviços
com as características dos conceitos vinculados com a Construção 4.0 levantados nesta
pesquisa. Para tanto, um exemplo utilizado foi o serviço de manutenção preventiva e
inteligente de equipamentos, que consiste em “monitorar, rastrear (com GPS e IOT) os
equipamentos das obras - por meio da captação de dados através de sensores ou por
informações transmitidas pelos próprios equipamentos - e alertar em tempo real os
agentes presentes acerca de indicadores preditivos - como saúde do equipamento, status
de combustível e outras variáveis. Em sua maioria, os serviços apresentam um sistema
com algoritmos de análises de dados e inteligência artificial que automaticamente
identificam o início de falha dos equipamentos e máquinas, cotam as peças e ordenam a
compra de peças, sem a necessidade de intervenção humana” (BRITO; CARDOSO;
OVIEDO-HAITO, 2021).
Este exemplo permite observar a hierarquia das características necessárias, onde
a incorporação de recursos inteligentes e sistemas cíber-fisicos (p.ex., sensores e GPS em
processos conectados entre mundo físico e digital) confere a capacidade de
monitoramento e autonomia para executar tal serviço de forma mais eficiente
(característica identificada como fonte de vantagem competitiva). Dessa forma validou-
se a ordenação das categorias propostas.
Além disso, verificou-se em referências bibliográficas, as principais influências
de fatores externos da construção na obtenção de vantagem competitiva em empresas.
Pan et al (2020) analisa futuras alternativas e cenários para adoção de robôs na construção.
Neste estudo são identificados fatores chave de influência atuantes neste contexto, como:
custo de material e mão de obra; investimento inicial; demanda por empreendimentos
sustentáveis; escala da pré-fabricação; suporte do governo; cultura de inovação na
indústria; estrutura da organização dos trabalhadores (treinamento, educação); uso de
tecnologias de informação e comunicação. Assim, fatores como "suporte do governo",

32
"cultura de inovação na indústria" e "investimento" mostram-se como fatores externos à
empresa, mas que influenciam no seu desenvolvimento superior frente ao mercado.
Buscou-se validar os caminhos posteriores às capacidades vinculadas com a
Construção 4.0 que a empresa deve seguir na obtenção de vantagem competitiva. Durante
as etapas de análise, ordenação e validação, detectou-se a necessidade de complementar
conceitos e subcategorias. Desta maneira, a) identificaram-se novos conceitos necessários
para responder à pergunta de pesquisa e, para tanto, b) analisaram-se outras fontes
bibliográficas e coletaram-se novos conceitos.
Para a seleção destas fontes adicionais utilizou-se o método de amostragem em
cadeia, definido por (PATTON, 1990) como a identificação de novos casos de interesse
a partir de casos ricos em informações. Ou seja, novas fontes de estudos foram
identificadas a partir das referências citadas nos artigos lidos sobre o assunto de interesse.
Como decorrência, ao fim deste processo consultaram-se 70 artigos científicos

3.1.7 Redação dos resultados e conclusões

Como resultado da comparação dos conceitos, seguida pela posterior


categorização, ordenação, hierarquização e validação, identificaram-se características da
Construção 4.0 e fatores externos associados a ela para obtenção de fontes de vantagem
competitiva. Estes fatores foram esquematizados, possibilitando análises e discussão
sobre os resultados e redação das conclusões.
A estrutura de descrição dos resultados baseia-se inicialmente na apresentação
da evidência, ou seja, o gráfico, tabela ou figura que esclareça os resultados. A seguir
descreve-se de forma qualitativa as análises e dados obtidos, ou seja, os caminhos e
cenários que levam as fontes de vantagem competitiva vinculadas com a Construção 4.0.
Em sequência apresenta-se um exemplo, conforme a literatura, para a situação descrita.
Por fim, é feita a interpretação e discussão dos resultados com base nas evidências
apresentadas anteriormente.

33
4. RESULTADOS E DISCUSSÕES

4.1 CATEGORIAS DOS CONCEITOS VINCULADOS COM A CONSTRUÇÃO


4.0

Os resultados emergiram a partir da hierarquização de 62 conceitos vinculados


com a Construção 4.0, obtidos a partir da literatura. Estes conceitos foram organizados
em cinco categorias principais: 1) Construção industrializada, 2) Recursos inteligentes,
3) Estratégias baseadas em sistemas de produtos e serviços, 4) Capacidades relativas à
Construção 4.0, e 5) Fontes de vantagem competitiva.
A Figura 2 indica estas categorias, suas subdivisões e conceitos atrelados.

34
Figura 2 – Categorização dos conceitos vinculados com a Construção 4.0

Fonte: a autora.

35
Identificou-se uma hierarquia entre as categorias a partir da relação e
comparação de seus componentes. Ou seja, as categorias 1 a 4 relacionam as
características que permitem a empresa produzir eficiências operacionais ou diferenciar-
se em relação aos seus concorrentes, levando os potenciais fontes de vantagem
competitiva (categoria 5).
Nesse sentido, viu-se ainda que os conceitos das categorias 1 a 4 estão
relacionadas com a) uma organização mais eficiente da construção, e b) uso de estratégias
que permitam maior autonomia e integração nos processos da construção. Estes conceitos
levam então aos potenciais benefícios atrelados com a Construção 4.0, e, portanto,
potenciais vantagens competitivas. Dessa forma, ordenaram-se estes conceitos e
categorias em dois caminhos, A e B, conforme se apresenta na Figura 3.

4.2 CAPACIDADES INTERNAS VINCULADAS COM A CONSTRUÇÃO 4.0

A Figura 3 apresenta dois caminhos diferentes para alcançar os benefícios


vinculados com a Construção 4.0.

Figura 3 – Caminhos para obtenção de potenciais fontes de vantagem competitiva


vinculadas com a Construção 4.0.

Fonte: a autora.

36
O caminho B reflete a industrialização da construção, ou seja, maior organização
dos processos construtivos. Dessa forma, a partir do uso de métodos modernos de
construção, como pré-fabricação e modularização, de materiais do futuro e de processos
de gestão da produção, podem ser adquiridas capacidades como produtividade e
sustentabilidade, que se vinculam como potenciais fontes de vantagem competitiva.
Então, estas capacidades atreladas à construção industrializada permitem a
empresa atingir maior eficiência em suas operações e diferenciar-se em seus serviços.
Ainda, as capacidades vinculadas com a construção industrializada podem ser
potencializadas quando da implementação dos recursos e estratégias vinculados com a
Indústria 4.0.
Nesse sentido, tem-se o caminho A, caracterizado pela adoção de práticas e
tecnologias da Indústria 4.0 na construção. Assim, uma empresa de construção
convencional adquire capacidades características da Indústria 4.0 quando utiliza de
recursos inteligentes e estratégias baseadas em sistemas de produtos em serviços. Os
recursos inteligentes, como tecnologias e conectividade por exemplo, somadas ao uso de
sistemas cíber-fisicos, que permitem a integração dos dados entre meio físico e digital,
possibilitam determinadas capacidades da Indústria 4.0, como customização e autonomia.
Estas capacidades caracterizam potenciais fontes de vantagem competitiva, uma vez que
permitem a eficiência operacional e diferenciação nos serviços e produtos oferecidos pela
empresa.
Um exemplo inclui os serviços vinculados com o monitoramento de dados em
campo mediante o uso de sensores e Internet of Things. Estes consistem em "monitorar
o ciclo de vida de construções por meio de sensores que capturam informações, as levam
a uma central de monitoramento e alerta" (BRITO; CARDOSO; OVIEDO-HAITO,
2021). Assim, a partir do uso de tecnologias e sistemas conectados, alcança-se a
capacidade de monitoramento, e esta pode configurar para empresa algum tipo de
vantagem.
A partir deste exemplo, nota-se que a aplicação das práticas da Indústria 4.0 na
construção relaciona-se com o uso conjunto de recursos inteligentes e estratégias, e não
somente à implementação de algum dos seus componentes. Ainda, segundo Oviedo-
Haito; Moratti; Cardoso (2019) estes serviços vinculados com a Indústria 4.0 tem
potencial de substituir serviços tradicionais da construção, como monitoramento e
acompanhamento de obra.

37
Em função das características das revoluções industriais, a construção
industrializada reflete as primeiras revoluções industriais (1ª, 2ª e 3ª), uma vez que está
associado a padronização e racionalização das operações (OVIEDO-HAITO; MORATTI;
CARDOSO, 2019). Ainda, estes estágios anteriores da indústria não se associam com
características como conexão de sistemas e integração automática dos dados entre
produtos e serviços, sendo estas exclusivas do caminho A.
Em vista disso, o caminho B é insuficiente para permitir que uma construção
convencional atinja as capacidades associadas com a Construção 4.0. Com base na
proposta do caminho A, para caracterizar uma Construção 4.0 faz-se necessário atingir
capacidades internas a partir da soma de estratégias baseadas em sistemas de produtos e
serviços, conforme o proposto por Sawhney, Riley e Irizarry (2020).
Logo, a união das vantagens dos caminhos A e B resultam em propriedades de
uma construção autônoma (BRITO; CARDOSO; OVIEDO-HAITO, 2022), característica
da Construção 4.0. Um exemplo refere-se aos serviços de construção por meio de robôs.
Segundo Brito; Cardoso; Oviedo-Haito (2021) estes consistem em "realizar os serviços
de construção e reboco de paredes por meio de robôs que automatizam as tarefas antes
realizadas por trabalhadores no canteiro de obras". Dentre os benefícios obtidos
destaca-se a maior produtividade do serviço e segurança do trabalhador. Para tal autora,
estes serviços alcançam maior autonomia e permitem construção autônoma.
Assim, a Construção 4.0 e suas capacidades são obtidas pela adoção dos recursos
da Indústria 4.0 e dos métodos industrializados da construção. Em outras palavras, o
conjunto de métodos associados com a Indústria 4.0, quando utilizados em uma
construção industrializada, permitem a esta atingir as características da 4ª revolução
industrial na construção – e estas mostram-se potenciais fontes de vantagem competitiva.
Nesse sentido, a Indústria 4.0 está associada com a adoção de tecnologias para
executar processos de produção inteligentes e assim criar maior valor nas atividades
(FRANK et al., 2019; SAWHNEY et al., 2020). Adicionalmente, a Construção 4.0 é
caracterizada pelo uso de tecnologias que permitam digitalizar e automatizar os serviços
ofertados na construção civil (CRAVEIRO et al., 2019). Ainda, a industrialização da
construção corresponde ao maior nível de organização dos serviços e processos da
construção com auxílio de métodos e técnicas mais eficientes, tecnológicas e produtivas
(QI et al., 2021; SABBATINI, 1989). Este cenário de industrialização, em outros setores
industriais, remete à terceira revolução industrial (OVIEDO-HAITO; MORATTI;
CARDOSO, 2019). Isto reforça e diferença de produtividade e uso de tecnologias entre a

38
indústria da construção civil para com os outros setores da economia (BARBOSA et al.,
2017).

4.3 FATORES EXTERNOS E VANTAGEM COMPETITIVA

Como visto, a Construção 4.0 promete benefícios aos processos construtivos nas
empresas, como a redução de tempo e custo, maior segurança e qualidade, maior
centralidade no cliente e melhoria na comunicação e integração de informações
(SAWHNEY et al., 2020). Entretanto, sabe-se que apenas as capacidades da Construção
4.0, como uso de digitalização e automatização no canteiro de obras (CRAVEIRO et al.,
2019; MUÑOZ-LA RIVERA et al., 2021), são insuficientes para que uma empresa de
construção convencional possa alcançar a Construção 4.0 e assim obter potencial
vantagem competitiva. Conforme Porter e Heppelmann (2014) a oferta de novas
capacidades vinculadas com a Indústria 4.0 não indica que o valor recebido dos clientes
será maior que o custo envolvido na empresa.
Complementarmente, para Hoffman (2000), apenas a visão interna dos recursos
da empresa não é suficiente para a obtenção da vantagem competitiva. Se faz necessário
também o foco externo no mercado que direciona as características necessárias a estes
recursos. Neste contexto, tecnologias como inteligência artificial podem se constituir em
potenciais fontes de vantagem competitiva, ao substituir capacidades humanas
(KRAKOWSKI; LUGER; RAISCH, 2022). Ainda, para este autor, apenas o uso de
tecnologias, especificamente a inteligência artificial, não garante vantagem competitiva
sustentável, uma vez que essa estratégia pode ser imitada pela concorrência.
Com isso, evidencia-se a importância da análise externa do mercado da
construção para garantir vantagem competitiva ao implementar as capacidades da
Construção 4.0 em empresas de construção.

4.3.1 Identificação dos fatores externos

Como decorrência do anterior, na literatura verificaram-se os fatores externos da


indústria vinculados com a obtenção de vantagem competitiva em empresas.
No cenário industrial, para Burtonshaw-Gunn (2008), os fatores de influência no
desenvolvimento de negócios na indústria se dividem em: fatores de mercado, como
necessidade dos clientes; fatores econômicos, como escala e natureza da indústria; fatores
governamentais, como padrões, regulamentos e barreiras; e fatores competitivos, como

39
avaliação dos concorrentes presentes no mercado. Para Porter (1979) associam-se com a
dinâmica entre os clientes, fornecedores, novos entrantes, substitutos e competidores
(concorrentes) da indústria. Exemplos destes fatores incluem mudanças nas preferências
dos clientes; tendências da população e do mercado; novas legislações; investimento
governamental; mudanças econômicas; novos competidores; novos produtos; mudanças
de fornecedores e da disponibilidade destes (MINTZBERG, 1994).
No cenário da indústria da construção, Jiang et al. (2018) citam fatores externos
associados com o contexto social, político e econômico do setor, oportunidades de
mercado e mecanismos de competição. Neste sentido, Pan e Arif (2011) discutiram os
fatores apresentados na Figura 4.

Figura 4 – Fatores que influenciam as relações de construção e fabricação

Fonte: A partir de (PAN; ARIF, 2011). Tradução: Jennifer Bustafa Liu.

Nesse sentido, diversos aspectos precisam ser considerados pelas empresas de


construção para garantir um bom relacionamento no mercado. Dentre eles, tem-se os
modelos de negócios utilizados, as demandas do mercado da construção e dos demais
setores da indústria, assim como as atividades desenvolvidas na cadeia de valor e os
serviços ofertados pela empresa (PAN; ARIF, 2011). A análise destes fatores externos

40
auxilia no entendimento do que está acontecendo no setor, permitindo então a empresa
disputar por uma posição estratégica entre seus concorrentes.
Dessa forma, os fatores de influência na indústria podem ser entendidos como de
caráter: social; políticos/governamentais; cultural; econômico; oportunidades de
mercado; clientes; fornecedores; competidores e novos entrantes (BURTONSHAW-
GUNN, 2008; JIANG et al., 2018; MINTZBERG, 1994; PAN; ARIF, 2011; PORTER,
1979). A partir destas evidências, resumiu-se neste trabalho em 4 fatores de influência
principais guiados pelos agentes, a saber: fornecedores (abrangendo também os novos
entrantes); competidores; clientes; e o setor (envolvendo fatores econômicos, políticos,
governamentais, sociais, culturais e demandas de mercado).
Estes fatores externos ativam e direcionam as características necessárias dos
recursos e capacidades internas da empresa, para que estas configurem potenciais
vantagens competitivas (HOFFMAN, 2000). A Figura 5 mostra a relação dos fatores
externos sobre as capacidades internas da empresa.

Figura 5 – Fatores externos que ativam as capacidades internas da empresa

Fonte: a autora.

41
Dessa forma, as capacidades internas da empresa podem se ativar:

• Quando estas capacidades se configuram como apoio e incentivo do setor


políticos/governamentais do meio industrial da construção;

• Quando há disponibilidade de fornecedores ou novos entrantes no


mercado que possibilitem a empresa executar estas capacidades internas;

• Quando estas capacidades permitem a empresa melhor atender às


necessidades dos clientes;

• Quando estas capacidades permitem a empresa adquirir desempenho


superior frente aos seus concorrentes de forma a dificultar a imitação do
seu serviço.

A relação destes fatores externos sobre as capacidades indica algumas


características que devem ser consideradas para potencializar as fontes de vantagem
competitiva. Ou seja, as capacidades vinculadas com a Construção 4.0 (por exemplo
monitoramento e controle) utilizadas pela empresa, se ativam frente a algumas
alternativas do contexto externo, como quando há interesse e necessidade do cliente em
relação a esta capacidade.
Dessa forma, a partir das análises internas e externas, uma empresa de
construção convencional faz seu posicionamento estratégico a atinge, potencialmente,
fontes de vantagem competitiva associadas com a Construção 4.0, conforme esquema da
Figura 6.

42
Figura 6 – Cenários para obtenção de vantagem competitiva vinculada com a Construção
4.0

Fonte: a autora.

As capacidades vinculadas com a Construção 4.0, obtidas conforme


esquematizado na Figura 3, são ativadas – e, portanto, configuram-se como potenciais
fontes de vantagem competitiva - quando analisadas frente aos fatores externos do setor
da construção. Nesse sentido, pode-se seguir por diferentes cenários (4) a saber: 1) apoio,
e investimento do setor para desenvolvimento das capacidades digitais; 2) disponibilidade
de fornecedores; 3) atendimento das necessidades dos clientes e 4) empresa adquire
desempenho superior aos seus concorrentes dificultando sua imitação ou substituição.
Com isso a empresa pode traçar estratégias de posicionamento no mercado de maneira a
obter vantagem competitiva.
Por exemplo, conforme exposto na Figura 3, uma empresa de construção
convencional pode atingir capacidades de uma construção autônoma quando utiliza de
métodos como Additive Manufacturing, novos materiais e conexão entre sistemas. Um
serviço que caracteriza este exemplo é a "Construção de empreendimentos ou mobiliários
urbanos com maior liberdade de forma por meio do uso de máquinas que realizam
impressão 3D em concreto, polímeros ou outros materiais, sendo necessário para isso a
construção de modelos digitais da construção" (BRITO; CARDOSO; OVIEDO-HAITO,
2021). Nesse sentido, esta capacidade de autonomia é ativada quando 1) há apoio do setor
da construção para com adoção de autonomia, e/ou 2) há disponibilidade de fornecedores
que executem processos autônomos, e/ou 3) os clientes estão dispostos a pagar maior

43
valor por capacidades autônomas e/ou 4) permite superar a concorrência do mercado
dificultando a imitação do seu serviço.
Então, as fontes de vantagem competitiva associadas com a Construção 4.0 não
são garantidas apenas da utilização de suas capacidades internas que permitem melhorias
na produção. Uma vez que o sucesso competitivo reflete a capacidade de criar valor
(MAGRETTA, 2012), essa garantia é alcançada quando a empresa utiliza
estrategicamente das capacidades internas ativadas pelos fatores externos do mercado da
construção, visando obtenção de maior valor, ou de maiores benefícios (HOFFMAN,
2000).

4.4 CENÁRIOS ATIVADORES DAS CAPACIDADES INTERNAS

Estas características e fatores externos podem ser descritas como cenários, que
refletem na combinação de possíveis alternativas frente a um contexto, objetivando
facilitar o entendimento dos resultados (PAN et al., 2020). Dessa forma, podem ser
exploradas alternativas para obtenção de vantagem competitiva a partir da relação destes
fatores externos com as capacidades internas.
Para tal, baseou-se em cenários exploratórios e estratégicos, definidos por
Börjeson et al. (2006) como cenários que visam explorar situações possíveis de acontecer
a partir de uma variedade de alternativas. Para este autor, este tipo de cenário é útil para
o desenvolvimento estratégico de uma entidade - no caso deste estudo uma empresa de
construção -. Isso vai ao encontro com a proposta deste trabalho de elencar as alternativas
que guiem para vantagem competitiva nas empresas - e assim as suas estratégias adotadas.
Ainda, a abordagem de cenários exploratório tem foco apenas em aspectos
incontroláveis pelos agentes envolvidos (BÖRJESON et al., 2006). Conforme descrito na
Figura 5, os fatores externos referem-se a dinâmica da indústria, e, portanto, estão fora
do controle dos agentes da construção (p.ex. fornecedores, projetistas, cliente, governo).
Assim, esta abordagem adequa-se as alternativas de obtenção de vantagem competitiva
vinculadas com as capacidades de empresas de construção - sendo estas associadas a
Construção 4.0. Isso representa o motivo de escolha de cenários exploratório para
representar os fatores externos de influência nas empresas de construção na busca por
vantagem competitiva.
Perera et al. (2022) propõe uma estrutura de conceitos para avaliar a maturidade
digital (e assim as novas maneiras de usar tecnologias para aumentar a competitividade)

44
da construção através de 4 estágios. Neles, há variação do nível de digitalização dos
serviços das empresas. Para este autor, o estágio de “básica digitalização" remete ao uso
de software CAD para desenvolvimento do projeto e uso de planilhas eletrônicas para
planejamento e armazenamento de dados. No extremo oposto, no cenário de
"digitalização transformadora" tem-se ecossistemas totalmente digitalizados e
integrados entre os líderes e agentes do setor. Assim, a visualização das características de
cada cenário permite melhor entendimento do resultado e das possibilidades a serem
seguidas.
Dessa forma, os cenários propostos neste trabalho variam conforme a vantagem
competitiva a ser obtida, de forma como para Perera et al. (2022) os cenários variam em
função dos níveis de digitalização encontrados.
Então, organizaram-se as características dos fatores externos em 4 cenários para
ativação das capacidades vinculadas com a Construção 4.0. O Quadro 7 descreve estes
cenários.

Quadro 7 – Características dos cenários para obtenção de vantagem competitiva

Características dos cenários

Há apoio e incentivo do setor industrial da construção (p. ex. políticas


Cenário 1 governamentais, sociais e culturais) para o desenvolvimento de capacidades da
Construção 4.0

Há fornecedores de tecnologias e serviços digitais no mercado que permitem a


Cenário 2
empresa atingir as capacidades da Construção 4.0

O uso das capacidades da Construção 4.0 permite a empresa atender as


Cenário 3
necessidades do Cliente

A empresa supera a concorrência (fazer de forma melhor ou diferente dos


Cenário 4 meus concorrentes) com uso de capacidades da Construção 4.0 e criação de
um ecossistema digital que seja difícil de imitar.

Fonte: a autora.

O cenário 1 associa-se ao desenvolvimento de capacidades da Construção 4.0


incentivadas pelo meio em que a empresa está inserida, como apoio governamental,
político e social. Por exemplo, o apoio ao setor para desenvolvimento de soluções
integradas (LAVIKKA et al., 2018), ativam capacidades de integração. Este incentivo
permitem e auxiliam a empresa na adoção de novas capacidades, além de estimular a
45
entrada de novos fornecedores, e possibilitar novos investimentos para os clientes. Assim,
a partir de estratégias que avaliem este contexto frente as capacidades da Construção 4.0,
a empresa pode se beneficiar destas fontes de vantagem competitiva.
Para a transformação digital dos serviços na construção (Construção 4.0) são
necessárias certas capacidades, como processamento de dados, análises e funções
inteligentes através de componentes interconectados (KOLAGAR; PARIDA; SJÖDIN,
2022) conforme exposto também na Figura 3. Dessa forma, o cenário 2 está associado à
disponibilidade de fornecedores de serviços que permitem à empresa usar as capacidades
vinculadas com a Construção 4.0.
Conforme a análise de Brito; Cardoso; Oviedo-Haito (2021) existem empresas
que ofertam serviços utilizando destas capacidades da Construção 4.0. Por exemplo, o
serviço de "avaliar e precificar residências para compradores e investidores imobiliários
por meio da análise de dados estruturados e não estruturados de forma automática com
uso de Big Data". Assim, através da tecnologia de Big Data e dos sistemas de integração
de dados, se consegue uma capacidade de processamento de dados e autonomia, que
permite "melhorias no processo de decisão, tornando-o mais preciso, inteligente, ágil e
eficiente" (BRITO; CARDOSO; OVIEDO-HAITO, 2021).
Ainda, outro exemplo é o uso de câmeras e inteligência artificial para gerenciar
a segurança e saúde do trabalhador nos canteiros de obra (BETIATTO; OVIEDO-
HAITO, 2022). Neste caso, através destas tecnologias e estratégias de integração de
dados, a empresa alcança a capacidade de monitoramento e aumento de segurança. Assim,
pela disponibilidade de fornecedores que viabilizem a execução destas capacidades e
garantam maior eficiência operacional, configura-se potencial fonte de vantagem
competitiva.
O cenário 3 reflete no uso de capacidades que são demandadas pelos clientes da
construção. Um exemplo inclui a customização dos produtos solicitada pelos clientes na
construção (LENKA; PARIDA; WINCENT, 2017) buscando atender seus requisitos.
Dessa forma, a capacidade de customização permite diferenciação nos serviços e produtos
ofertados, agregando valor ao cliente e potencializando-se como fontes de vantagem
competitiva. Então, havendo disponibilidade de fornecedores e atendimento das
necessidades do cliente, há maior vantagem obtida.
No caso da não oferta destas capacidades por fornecedores no mercado, a
situação caracteriza-se como uma oportunidade para novos entrantes posicionarem-se
como fornecedores de forma a atrair os clientes e obter vantagem.

46
Na busca por vantagem competitiva, e assim superar seus concorrentes, a
empresa deve ser capaz de coordenar e integrar as atividades internas de valor e manter a
sua visibilidade externa (KOLAGAR; PARIDA; SJÖDIN, 2022). Assim, o cenário 4
caracteriza o desempenho superior da empresa frente a seus concorrentes no mercado,
utilizando de recursos e estratégias integradas e únicas que criam valor. Ou seja, utiliza
de capacidades da Construção 4.0 e estratégias que integrem os demais agentes do
mercado, formando um ecossistema, e assim dificultando a imitação e ou substituição
pela concorrência.
Segundo Perera et al. (2022) um exemplo refere-se ao "uso de sistemas cíber-
físicos para operação e gerenciamento de edifícios, o uso de ativos digitais avançados
que representam dinamicamente ambientes físicos (gêmeos digitais) e o uso extensivo de
robôs para construções no local". Nesse sentido, a adoção dessas tecnologias altera a
cadeia de valor do processo e permite a capacidade de uma construção (semi)autônoma
(BRITO; CARDOSO; OVIEDO-HAITO, 2021).
Estas soluções integradas e digitais permitem a criação de um ecossistema digital
(STONIG; SCHMID; MÜLLER-STEWENS, 2022). Ecossistemas referem-se à uma
estrutura de interação e colaboração de parceiros (KOLAGAR; PARIDA; SJÖDIN, 2022)
fundamental para as empresas estabelecerem uma proposta de valor integrada e
assumirem novas posições competitivas no mercado (STONIG; SCHMID; MÜLLER-
STEWENS, 2022). Ainda, para o avanço de sistemas mais autônomos requer-se uma
capacidade aprimorada para gerenciar o ecossistema digital e suas tecnologias entre os
agentes (KOHTAMÄKI et al., 2021). Dessa forma, por exemplo, a partir de um
ecossistema integrado e digital, pode-se avaliar a concorrência e obter maior alinhamento
com os líderes dos setores da indústria (PERERA et al., 2022).
Portanto, estes 4 cenários indicam as características dos fatores externos que
ativam as capacidades internas da empresa para obtenção de maior valor.
Nesse sentido, pode haver incentivo do setor industrial da construção para
adoção das capacidades digitais (cenário 1). Além disso, pode haver disponibilidade de
fornecedores no mercado que permitam a empresa implementar capacidades da
Construção 4.0 (cenário 2), garantindo maior eficiência operacional (e reduzindo custos)
e/ou diferenciação em seus serviços. Estas capacidades podem configurar-se como uma
das necessidades do cliente, fazendo com que este pague maior valor e/ou dê preferência
pelo serviço. Assim, os serviços podem ser customizados para atender a estes requisitos.

47
Ainda, maior vantagem é garantida quando do uso de serviços e produtos integrados em
um ecossistema digital para atingir desempenho superior frente a concorrência.
Segundo Betiatto (2021) existem startups brasileiras que executam serviços de
monitoramento de forma digital. Um exemplo refere-se a soluções para segurança no
trabalho, com a "coleta e análise de dados através de inteligência artificial, utilizadas no
monitoramento das operações na construção". Assim, o uso da digitalização pela
empresa tem potencial de garantir uma vantagem competitiva, visto que além do interesse
dos clientes por processos digitalizados, há disponibilidade de startups no mercado que
ofertem tais serviços.
Dessa forma, caso haja disponibilidade de fornecedores de produtos inovadores
e novos serviços integrados, pode-se atingir um ecossistema digital e inteligente que
permite maior valor ao cliente (KOHTAMÄKI et al., 2021).

4.5 SÍNTESE DA PROPOSIÇÃO E DISCUSSÃO

Neste trabalho identificaram-se fatores internos, vinculados com as capacidades


das empresas de incorporarem os benefícios da servitização digital aplicada à construção,
bem como cenários aonde tais capacidades vinculadas com a Construção 4.0 se ativam
para obtenção de potencial vantagem competitiva.
Os fatores internos agrupam-se em dois caminhos. Um caminho se dá pela
utilização de recursos e estratégias inteligentes vinculados com a indústria 4.0 na
construção. Paralelamente, o segundo caminho reflete o uso de métodos modernos de
uma construção industrializada. A partir da soma das capacidades obtidas nestes
caminhos se configura a Construção 4.0.
Assim, dadas as capacidades da Construção 4.0 relativas a estes caminhos,
elencaram-se 4 cenários, compostos por fatores externos que os habilitariam, visando a
obtenção de vantagem no mercado.
Dentro do contexto da Construção 4.0, a vantagem competitiva estaria associada
ao posicionamento estratégico da empresa de construção para obtenção de maior valor
mediante o desenvolvimento de capacidades internas vinculadas com este novo cenário
tecnológico. Esta afirmação vai ao encontro com o defendido por Tabim, Ayala e Frank
(2021), onde a busca por vantagem competitiva se baseia no empenho das organizações
em adotarem alternativas inovadoras de melhoria na produção que propiciem
desempenho superior no contexto da Indústria 4.0 na construção.

48
Os cenários discutidos neste trabalho caracterizam a influência dos fatores
externos sobre as capacidades internas da empresa, que comandam à competição e
vantagem vinculada com a Construção 4.0. Estes permitem maior entendimento da
relação entre fatores internos e externos das empresas, e das possíveis alternativas de
obtenção de vantagem oriundas desta relação.
Segundo Betiatto (2021) poucas empresas brasileiras (33 de 222 empresas
estudadas) ofertam serviços vinculados aos conceitos da Indústria 4.0 na construção,
sendo esta ofertada limitada ao serviço de levantamento de dados e monitoramento. Este
tipo de ofertas de serviços reflete na criação de menor valor vinculadas com a Indústria
4.0, pois distanciam-se da capacidade de autonomia pretendida (PORTER;
HEPPELMANN, 2014).
Ainda, dentre os serviços digitais estudados por Brito, Cardoso e Oviedo-Haito,
(2022) no cenário mundial, o mais ofertado vincula-se com a coleta de dados (64 dos 262
sub serviços analisados). Dessa forma, o cenário 2, o qual considera a disponibilidade de
fornecedores, mostra-se competitivamente pouco vantajoso devido a pequena oferta
dessas capacidades vinculadas com a Construção 4.0 identificadas por tais autores.
Além disso, a oferta destes tipos de serviços indica também as capacidades da
concorrência no setor da construção. Com isso, há espaço para utilização de outras
capacidades vinculadas com a Indústria 4.0 na construção, que permitam serviços com
maior grau de integração e autonomia. Por exemplo, uso de blockchain para pagamento
de contratos, permitindo um ecossistema corporativo totalmente digital e integrado
(PERERA et al., 2022). Ainda, a criação de ecossistemas - e suas soluções integradas -
potencializa a criação de valor superior para o cliente e assim levam a posições mais
competitivas no mercado (STONIG; SCHMID; MÜLLER-STEWENS, 2022). Isso
reflete o cenário 4, onde busca-se ter desempenho superior, e difícil de ser imitado, aos
concorrentes.
Ainda, tendências e demandas dos clientes da construção que ainda não são
executadas pela concorrência, mostram-se oportunidades vantajosas para empresa. Dessa
forma, necessidade como "uso de tecnologias digitais para análise de dados ao longo da
cadeia de valor dos serviços" (DE ALMEIDA; SOLAS, 2016), podem ser realizadas pela
empresa caso haja a disponibilidade de fornecedores com soluções digitais para análise
de dados por exemplo. Este exemplo caracteriza o cenário 3, onde busca-se atender as
necessidades dos clientes da construção para análise de dados de forma digital.

49
A busca por novas tecnologias e capacidades digitais que permitem manter a
vantagem competitiva é um processo dinâmico que caracteriza a maturidade digital da
empresa (PERERA et al., 2022). Para este autor, a empresa atinge elevado nível de
digitalização quando existe um ecossistema colaborativo totalmente integrado e
digitalizado entre agentes da indústria. Um exemplo remete a parceria integrada para
compartilhamento de recursos digitais entre as organizações de desenvolvimento de
projetos (OLANIPEKUN; SUTRISNA, 2021). Assim, este ecossistema digital permite
criar um alinhamento entre os líderes das empresas, seus fornecedores e seus concorrentes
e, além disso, avaliar os impactos sociais e empresariais das atividades realizadas
(PERERA et al., 2022).
Dessa forma, o uso de sistemas integrados e colaborativos, que permitem a
comunicação entre os agentes externos da construção, corresponderia a integração dos 4
cenários discutidos. De acordo com (PORTER; HEPPELMANN, 2014), o conjunto de
sistemas de produtos conectados com demais informações externas relacionadas
configuram-se como Sistemas de sistemas (Systems of systems). Ou seja, a troca facilitada
de informações sobre a disponibilidade de fornecedores, as necessidades dos clientes e as
capacidades executadas pela concorrência leva a um sistema de colaboração entre estes.
Portanto, a criação de um ecossistema integrado de colaboração entre agentes da
construção potencializa o ganho de vantagem competitiva, visto que permite, de forma
facilitada, a análise interna da empresa e sua definição de posicionamento estratégico.
Deste modo, diante da dinâmica do mercado da construção civil, dada pelas
tendências, demandas e investimentos dos agentes, a empresa se posicionaria
estrategicamente (buscando aumentar a obtenção de valor) a partir de seus recursos e
capacidades internas. Ainda, estas vantagens podem ser potencializadas quando do uso
de ecossistemas digitais que permitem a integração de informações entre os agentes da
construção.
Assim, os resultados deste trabalho indicam como as empresas podem atingir
fontes de vantagem competitivas vinculadas com a Construção 4.0. Ou seja, quando usam
das capacidades vinculadas com a Construção 4.0 em conjunto com análise aos fatores
externos orientados pelos principais agentes do mercado (fornecedores, clientes,
concorrentes e governo/setor).

50
5. CONCLUSÃO

Para alcançar benefícios tais como: maior produtividade e segurança dada pela
integração e automatização dos serviços atrelados à quarta revolução industrial aplicada
à construção, buscou-se caracterizar os fatores que permitem a obtenção de vantagem
competitiva vinculada com a Construção 4.0 em empresas de construção.
Para tanto, analisaram-se 62 conceitos vinculados com a Construção 4.0. Estes
foram organizados em 5 categorias, a saber: Construção industrializada, Recursos
inteligentes, Estratégias baseadas em sistemas de produtos e serviços, Capacidades
relativas à Construção 4.0 e Fontes de vantagem competitiva. Estas categorias levaram a
esquematização de dois caminhos (A e B) para alcançar as capacidades internas
vinculadas com a Construção 4.0. O caminho A utiliza de recursos inteligentes e
estratégias baseadas em produtos e serviços associados à Indústria 4.0, por outro lado, o
caminho B utiliza de recursos e métodos da construção industrializada. Verificou-se que
para atingir a Construção 4.0 se faz necessária a soma de ambos os caminhos. Isto pois,
o caminho B, de forma isolada, remete a uma etapa anterior de industrialização pretendida
pela Construção 4.0.
A verificação dos conceitos e caminhos vinculados com a Construção 4.0 sob
uma perspectiva externa do mercado foi validada mediante comparação com fatores de
influência na indústria, como por exemplo, agentes, forças competitivas, demandas e
tendências do setor. Vista a influência destes sobre as capacidades internas da empresa,
elencaram-se quatro cenários que conduzem a fontes de vantagem competitiva associadas
à Construção 4.0.
Esses cenários vinculam as características dos fatores externos do mercado,
como 1) demandas e investimentos do setor, 2) disponibilidade de fornecedores;
3) atendimento das necessidades do cliente e 4) desempenho superior frente a
concorrência mediante estratégias integradas de difícil imitação. Dessa forma, esses
cenários indicam alternativas estratégicas que permitem a ativação das capacidades
internas da Construção 4.0.
Assim, os cenários possibilitam a obtenção de vantagem competitiva nas
empresas de construção, e esta pode ser potencializada quando da combinação destes em
um ecossistema digital integrado. Por exemplo, pelo uso de capacidades digitais e
integradas que a permitem atender melhor às necessidades do cliente, assim como,

51
garantir o desempenho superior frente aos seus concorrentes, configurando uma maior
maturidade digital da empresa.
Portanto, no panorama da Construção 4.0, o ganho de eficiência operacional e
diferenciação nos serviços da construção, estão atrelados com capacidades internas da
empresa (por exemplo, controle, autonomia, monitoramento etc.) e com os fatores
externos orientados pelos principais agentes da indústria da construção (fornecedores,
clientes, concorrentes e governo/setor).
Nesta perspectiva, este trabalho contribui com a identificação de fontes de
vantagem competitiva, como eficiência operacional e diferenciação, nas empresas do
setor da construção a partir de capacidades da Construção 4.0. Além disso, colabora com
o entendimento de onde encontrar estas fontes dentro do cenário tecnológico proposto
pela Construção 4.0 e frente aos agentes atuantes no contexto da indústria da construção.
Dessa forma, empresas que buscam obter vantagem no mercado podem seguir
caminhos, associados com práticas da construção industrializada e do uso de servitização
digital para atingir capacidades da Construção 4.0, como predictividade, controle e
comunicatividade. Frente as estas capacidades, a empresa pode adequar-se a cenários
estratégicos que caracterizam a relação de fornecedores, clientes, concorrentes e apoio
político e governamental do setor, por exemplo, na busca por maior obtenção de valor.
Este trabalho limitou-se a verificação e explicação das características vinculadas
com a Construção 4.0 que regem a busca por potenciais fontes de vantagem competitiva
nas empresas de construção. Em vista disso, como próximos trabalhos sugere-se detalhar
estas características a partir de dados coletados no mercado, buscando explicitar casos
práticos de empresas na obtenção dessas vantagens. Com isso, pode-se também mapear
quais das capacidades estão sendo desenvolvidas e com isso propor outros cenários
estratégicos para as empresas obterem vantagem. Além disso, outra sugestão seria
comparar o cenário tecnológico da 4ª revolução industrial na construção civil com o que
está sendo desenvolvido em outros setores industriais, possibilitando uma discussão
adicional para este trabalho.

52
6. REFERÊNCIAS

ARMSTRONG, Geno; GILGE, Clay. Make it, or break it: Reimagining governance,
people and technology in the construction industry. [S. l.], 2017. Disponível em:
https://advisory.kpmg.us/articles/2017/make-it-or-break-it.html. Acesso em: 11 jun.
2022.

ARORA, Nidhi et al. Construction and building technology: Poised for a


breakthrough? McKinsey & Company. [S. l.], 2020. Disponível em:
https://www.mckinsey.com/industries/advanced-electronics/our-insights/construction-
and-building-technology-poised-for-a-breakthrough. Acesso em: 10 set. 2021.

AYODELE, T. O.; KAJIMO-SHAKANTU, K. The fourth industrial revolution (4thIR)


and the construction industry - the role of data sharing and assemblage. IOP Conference
Series: Earth and Environmental Science, [s. l.], v. 654, n. 1, p. 012013, 2021.

BARBOSA, Filipe et al. Reinventing construction: A route to higher productivity. [S.


l.]: McKinsey Global Institute, 2017. Disponível em:
https://www.mckinsey.com/business-functions/operations/our-insights/reinventing-
construction-through-a-productivity-revolution. Acesso em: 8 jul. 2020.

BARNEY, Jay. Firm Resources and Sustained Competitive Advantage. Journal of


Management, [s. l.], v. 17, n. 1, p. 99–120, 1991.

BERTRAM, N. et al. Modular construction: From projects to products. [S. l.]:


McKinsey & Company: Capital Projects & Infrastructure, 2019. Disponível em:
https://www.mckinsey.com/industries/capital-projects-and-infrastructure/our-
insights/modular-construction-from-projects-to-products. Acesso em: 8 jul. 2020.

BETIATTO, Pâmela. Perfil de inovação dos serviços ofertados por Construtechs


brasileiras. 2021. TCC (graduação) - Universidade Federal de Santa Catarina, Centro
Tecnológico, Engenharia Civil, Florianopolis, Brasil, 2021. Disponível em:
https://repositorio.ufsc.br/handle/123456789/223397. Acesso em: 6 jun. 2021.

BOCK, Thomas. The future of construction automation: Technological disruption and the
upcoming ubiquity of robotics. Automation in Construction, [s. l.], v. 59, p. 113–121,
2015.

BÖRJESON, Lena et al. Scenario types and techniques: Towards a user’s guide. Futures,
[s. l.], v. 38, n. 7, p. 723–739, 2006.

BRITO, Jéssica Tamires Silva; CARDOSO, Francisco Ferreira; OVIEDO-HAITO,


Ricardo Juan José. A servitization profile of the Construction 4.0. Em: CIB WORLD
BUILDING CONGRESS 2022, 2022, Melbourne, Australia. In Proceedings CIB
World Building Congress 2022. Melbourne, Australia: CIB - International Council for
Research and Innovation in Building and Construction, 2022. p. 10. Disponível em:
https://virtual.oxfordabstracts.com/#/event/public/1970/submission/260. Acesso em: 25
maio 2022.

53
BRITO, Jéssica Tamires Silva; CARDOSO, Francisco Ferreira; OVIEDO-HAITO,
Ricardo Juan José. Componentes de serviço vinculados com tecnologias da construção
4.0. Em: , 2021, Maceió, AL, Brazil. SIMPÓSIO BRASILEIRO DE GESTÃO E
ECONOMIA DA CONSTRUÇÃO. Maceió, AL, Brazil: ENTAC, 2021. p. 1–8.
Disponível em: https://eventos.antac.org.br/index.php/sibragec/article/view/445. Acesso
em: 25 out. 2021.

BRYMAN, Alan. Social Research Methods. 4th ed.ed. [S. l.]: Oxford University Press,
2012.

BÜCHI, Giacomo; CUGNO, Monica; CASTAGNOLI, Rebecca. Smart factory


performance and Industry 4.0. Technological Forecasting and Social Change, [s. l.], v.
150, p. 119790, 2020.

BURTONSHAW-GUNN, Simon A. (org.). The Essential Management Toolbox:


Tools, Models and Notes for Managers and Consultants. Hoboken, NJ, USA: John
Wiley & Sons, Inc., 2008. E-book. Disponível em:
http://doi.wiley.com/10.1002/9781119208723. Acesso em: 1 ago. 2020.

CARDOSO, Francisco. Stratégies d’entreprises et nouvelles formes de rationalisation


de la production dans le bâtiment au Brésil et en France. 1996. phdthesis - Ecole
Nationale des Ponts et Chaussées, [s. l.], 1996. Disponível em: https://pastel.archives-
ouvertes.fr/tel-00129492/document. Acesso em: 13 maio 2016.

COLLIS, David; MONTGOMERY, Cynthia A. Competing on Resources. Harvard


Business Review, [s. l.], n. July–August 2008, 2008. Disponível em:
https://hbr.org/2008/07/competing-on-resources. Acesso em: 31 jan. 2019.

CRAVEIRO, Flávio et al. Additive manufacturing as an enabling technology for digital


construction: A perspective on Construction 4.0. Automation in Construction, [s. l.], v.
103, p. 251–267, 2019.

CRESWELL, John W. Research Design: Qualitative, Quantitative, and Mixed


Methods Approaches. Thirded. [S. l.]: SAGE Publications, 2009.

DE ALMEIDA, Pedro Rodrigues; SOLAS, Manuel Zafra. Shaping the future of


construction: A Breakthrough in Mindset and Technology. [S. l.]: World Economic
Forum, 2016. Disponível em: https://www.weforum.org/projects/future-of-construction/.
Acesso em: 2 maio 2019.

FORCAEL, Eric et al. Construction 4.0: A Literature Review. Sustainability, [s. l.], v.
12, n. 22, p. 9755, 2020.

FRANK, Alejandro G. et al. Servitization and Industry 4.0 convergence in the digital
transformation of product firms: A business model innovation perspective.
Technological Forecasting and Social Change, [s. l.], v. 141, p. 341–351, 2019.

GALBREATH, Jeremy Thomas. Determinants of firm success: a resource-based


analysis. 2004. Thesis - Curtin University, [s. l.], 2004. Disponível em:
https://espace.curtin.edu.au/handle/20.500.11937/2311. Acesso em: 17 dez. 2018.

54
GERHARD, Girmscheid. Industrialization in Building Construction: Production
Technology or Management Concept?. Em: INDUSTRIALIZATION IN BUILDING
CONSTRUCTION, 2005, Helsinki (Finland). Proceedings of the 11th Joint CIB
International Symposium: Combining Forces - Advancing Facilities Management
and Construction through Innovation. Helsinki (Finland): CIB - International Council
for Research and Innovation in Building and Construction, 2005. Disponível em:
http://hdl.handle.net/20.500.11850/69693. Acesso em: 4 ago. 2022.

HOFFMAN, Nicole P. An Examination of the “Sustainable Competitive Advantage”


Concept: Past, Present, and Future. Academy of Marketing Science Review, [s. l.], v. 4,
p. 16, 2000.

JIANG, Rui et al. A SWOT analysis for promoting off-site construction under the
backdrop of China’s new urbanisation. Journal of Cleaner Production, [s. l.], v. 173, p.
225–234, 2018.

JONSSON, Henric; RUDBERG, Martin. Classification of production systems for


industrialized building: a production strategy perspective. Construction Management
and Economics, [s. l.], v. 32, n. 1–2, p. 53–69, 2014.

KAMALI, Mohammad; HEWAGE, Kasun. Life cycle performance of modular buildings:


A critical review. Renewable and Sustainable Energy Reviews, [s. l.], v. 62, p. 1171–
1183, 2016.

KAMALI, Mohammad; HEWAGE, Kasun; MILANI, Abbas S. Life cycle sustainability


performance assessment framework for residential modular buildings: Aggregated
sustainability indices. Building and Environment, [s. l.], v. 138, p. 21–41, 2018.

KAMAR, Kamarul Anuar Mohd et al. Industrialized Building System (IBS): Revisiting
Issues of Definition and Classification. International journal of emerging sciences, [s.
l.], v. 1, n. 2, p. 120–132, 2011.

KOHTAMÄKI, Marko et al. Managing digital servitization toward smart solutions:


Framing the connections between technologies, business models, and ecosystems.
Industrial Marketing Management, [s. l.], v. 105, p. 253–267, 2022.

KOHTAMÄKI, Marko et al. The relationship between digitalization and servitization:


The role of servitization in capturing the financial potential of digitalization.
Technological Forecasting and Social Change, [s. l.], v. 151, p. 119804, 2020.

KOHTAMÄKI, Marko et al. Unfolding the digital servitization path from products to
product-service-software systems: Practicing change through intentional narratives.
Journal of Business Research, [s. l.], v. 137, p. 379–392, 2021.

KOLAGAR, Milad; PARIDA, Vinit; SJÖDIN, David. Ecosystem transformation for


digital servitization: A systematic review, integrative framework, and future research
agenda. Journal of Business Research, [s. l.], v. 146, p. 176–200, 2022.

KRAKOWSKI, Sebastian; LUGER, Johannes; RAISCH, Sebastian. Artificial


intelligence and the changing sources of competitive advantage. Strategic Management
Journal, [s. l.], v. n/a, n. n/a, 2022. Disponível em:
https://onlinelibrary.wiley.com/doi/abs/10.1002/smj.3387. Acesso em: 30 nov. 2022.

55
LAU, S. E. N. et al. Review: Identification of roadmap of fourth construction industrial
revolution. IOP Conference Series: Materials Science and Engineering, [s. l.], v. 615,
p. 012029, 2019.

LAVIKKA, Rita et al. Digital disruption of the AEC industry: technology-oriented


scenarios for possible future development paths. Construction Management and
Economics, [s. l.], v. 36, n. 11, p. 635–650, 2018.

LEE, Jay; KAO, Hung-An; YANG, Shanhu. Service Innovation and Smart Analytics for
Industry 4.0 and Big Data Environment. Procedia CIRP, [s. l.], v. 16, Product Services
Systems and Value Creation. Proceedings of the 6th CIRP Conference on Industrial
Product-Service Systems, p. 3–8, 2014.

LENKA, Sambit; PARIDA, Vinit; WINCENT, Joakim. Digitalization Capabilities as


Enablers of Value Co-Creation in Servitizing Firms. Psychology & Marketing, [s. l.], v.
34, n. 1, p. 92–100, 2017.

LI, Junjie; YANG, Hui. A Research on Development of Construction Industrialization


Based on BIM Technology under the Background of Industry 4.0. MATEC Web of
Conferences, [s. l.], v. 100, p. 02046, 2017.

MAGRETTA, Joan. Entendendo Michael Porter. O Guia Essencial da Competição e


Estratégia. 1a ediçãoed. São Paulo: HSM Editora, 2012.

MARCON, Érico et al. Sociotechnical factors and Industry 4.0: an integrative perspective
for the adoption of smart manufacturing technologies. Journal of Manufacturing
Technology Management, [s. l.], v. ahead-of-print, n. ahead-of-print, 2021. Disponível
em: https://doi.org/10.1108/JMTM-01-2021-0017. Acesso em: 10 set. 2021.

MELENBRINK, Nathan; WERFEL, Justin; MENGES, Achim. On-site autonomous


construction robots: Towards unsupervised building. Automation in Construction, [s.
l.], v. 119, p. 103312, 2020.

MINTZBERG, Henry. The Fall and Rise of Strategic Planning. Harvard Business
Review, [s. l.], n. January–February 1994, 1994. Disponível em:
https://hbr.org/1994/01/the-fall-and-rise-of-strategic-planning. Acesso em: 7 jan. 2019.

MUÑOZ-LA RIVERA, F. et al. Methodological-Technological Framework for


Construction 4.0. Archives of Computational Methods in Engineering, [s. l.], v. 28, n.
2, p. 689–711, 2021.

NEGRI, Elisa; FUMAGALLI, Luca; MACCHI, Marco. A Review of the Roles of Digital
Twin in CPS-based Production Systems. Procedia Manufacturing, [s. l.], v. 11, 27th
International Conference on Flexible Automation and Intelligent Manufacturing,
FAIM2017, 27-30 June 2017, Modena, Italy, p. 939–948, 2017.

NIU, Yuhan et al. Smart Construction Objects. Journal of Computing in Civil


Engineering, [s. l.], v. 30, n. 4, p. 04015070, 2016.

NOWOTARSKI, Piotr; PASLAWSKI, Jerzy. Industry 4.0 Concept Introduction into


Construction SMEs. IOP Conference Series: Materials Science and Engineering, [s.
l.], v. 245, p. 052043, 2017.

56
OLANIPEKUN, Ayokunle O.; SUTRISNA, Monty. Facilitating Digital Transformation
in Construction—A Systematic Review of the Current State of the Art. Frontiers in Built
Environment, [s. l.], v. 7, p. 96, 2021.

OSUNSANMI, Temidayo Oluwasola et al. Appraisal of stakeholders’ willingness to


adopt construction 4.0 technologies for construction projects. Built Environment
Project and Asset Management, [s. l.], v. 10, n. 4, p. 547–565, 2020.

OVIEDO HAITO, Ricardo Juan Jose. Caracterização das empresas executoras de


serviços de obras baseada nos seus ativos estratégicos. 2010. text - Universidade de
São Paulo, [s. l.], 2010. Disponível em:
http://www.teses.usp.br/teses/disponiveis/3/3146/tde-11082010-135918/. Acesso em: 19
maio 2016.

OVIEDO-HAITO, Ricardo Juan José; MORATTI, Tathyana; CARDOSO, Francisco


Ferreira. Desafios da gestão da produção na construção 4.0. Em: XI SIBRAGEC & VIII
ELAGEC 2019, 2019. XI SIBRAGEC & VIII ELAGEC 2019. [S. l.: s. n.], 2019.
Disponível em:
https://www.antaceventos.net.br/index.php/sibragec/sibragec2019/paper/view/466.
Acesso em: 26 out. 2019.

PAN, Mi et al. Structuring the context for construction robot development through
integrated scenario approach. Automation in Construction, [s. l.], v. 114, p. 103174,
2020.

PAN, Wei; ARIF, Mohammed. Manufactured construction: Revisiting the construction-


manufacturing relations. Em: , 2011, Bristol, UK. Procs 27th Annual ARCOM
Conference. Bristol, UK: Association of Researchers in Construction Management -
ARCOM, 2011. p. 105–114. Disponível em: http://www.arcom.ac.uk/-
docs/proceedings/ar2011-0105-0114_Pan_Arif.pdf. Acesso em: 13 maio 2016.

PATTON, Michael Quinn. Qualitative evaluation and research methods (2nd ed.).
Thousand Oaks, CA, US: Sage Publications, Inc, 1990.

PERERA, Srinath et al. A strategic framework for digital maturity of design and
construction through a systematic review and application. Journal of Industrial
Information Integration, [s. l.], p. 100413, 2022.

PERRIER, Nathalie et al. Construction 4.0: a survey of research trends. Journal of


Information Technology in Construction (ITcon), [s. l.], v. 25, n. 24, p. 416–437, 2020.

PIROLA, Fabiana et al. Digital technologies in product-service systems: a literature


review and a research agenda. Computers in Industry, [s. l.], v. 123, p. 103301, 2020.

PORTER, Michael E. How Competitive Forces Shape Strategy. Harvard Business


Review, [s. l.], n. March 1979, 1979. Disponível em: https://hbr.org/1979/03/how-
competitive-forces-shape-strategy. Acesso em: 31 jan. 2019.

PORTER, Michael E.; HEPPELMANN, James E. How Smart, Connected Products Are
Transforming Competition. Harvard Business Review, [s. l.], v. 92, n. 11, p. 64–88,
2014.

57
QI, Bing et al. A systematic review of emerging technologies in industrialized
construction. Journal of Building Engineering, [s. l.], v. 39, p. 102265, 2021.

RAMAGE, Mathew. 9 Construction Industry Trends That Define the Next Normal.
[S. l.], 2020. Disponível em: https://constructible.trimble.com/flipbooks/a-guide-to-
going-constructible-how-to-implement-digital-transformation-in-construction. Acesso
em: 7 dez. 2022.

SABBATINI, Fernando Henrique. Desenvolvimento de métodos, processos e sistemas


construtivos: formulação e aplicação de uma metodologia. 1989. 321 f. Tese
(doutorado) - Universidade de São Paulo, São Paulo, 1989. Disponível em:
http://www.teses.usp.br/teses/disponiveis/3/3146/tde-30082017-091328/. Acesso em: 6
out. 2017.

SACKS, Rafael et al. Construction with digital twin information systems. Data-Centric
Engineering, [s. l.], v. 1, 2020. Disponível em:
https://www.cambridge.org/core/journals/data-centric-engineering/article/construction-
with-digital-twin-information-systems/C88A0AE68BBA09517D7534B9DBE24FEF.
Acesso em: 4 ago. 2022.

SAWHNEY, Anil et al. A proposed framework for Construction 4.0 based on a review
of literature. Em: ASSOCIATED SCHOOLS OF CONSTRUCTION PROCEEDINGS
OF THE 56TH ANNUAL INTERNATIONAL CONFERENCE, 2020. EPiC Series in
Built Environment. [S. l.]: EasyChair, 2020. p. 301–309. Disponível em:
https://easychair.org/publications/paper/VXLK. Acesso em: 28 fev. 2021.

SAWHNEY, Anil; RILEY, Michael; IRIZARRY, Javier. Construction 4.0: An


Innovation Platform for the Built Environment. [S. l.]: Routledge, 2020. E-book.
Disponível em: https://www.taylorfrancis.com/books/e/9780429398100. Acesso em: 8
jul. 2020.

SCHUH, Günther et al. Industrie 4.0 Maturity Index – Managing the Digital
Transformation of Companies. [S. l.]: Acatech - National Academy of Science and
Engineering, 2020. Disponível em: https://en.acatech.de/publication/industrie-4-0-
maturity-index-managing-the-digital-transformation-of-companies/. Acesso em: 11 jun.
2022.

SONY, Michael. Pros and cons of implementing Industry 4.0 for the organizations: a
review and synthesis of evidence. Production & Manufacturing Research, [s. l.], v. 8,
n. 1, p. 244–272, 2020.

SOTO, Borja García de et al. Implications of Construction 4.0 to the workforce and
organizational structures. International Journal of Construction Management, [s. l.],
v. 0, n. 0, p. 1–13, 2019.

STONIG, Joachim; SCHMID, Torsten; MÜLLER-STEWENS, Günter. From product


system to ecosystem: How firms adapt to provide an integrated value proposition.
Strategic Management Journal, [s. l.], v. 43, n. 9, p. 1927–1957, 2022.

TABIM, Verônica Maurer; AYALA, Néstor Fabián; FRANK, Alejandro G.


Implementing Vertical Integration in the Industry 4.0 Journey: Which Factors Influence
the Process of Information Systems Adoption?. Information Systems Frontiers, [s. l.],
58
2021. Disponível em: https://doi.org/10.1007/s10796-021-10220-x. Acesso em: 7 abr.
2022.

TEECE, David J.; PISANO, Gary; SHUEN, Amy. Dynamic capabilities and strategic
management. Strategic Management Journal, [s. l.], v. 18, n. 7, p. 509–533, 1997.

VRONTIS, Demetris et al. Artificial intelligence, robotics, advanced technologies and


human resource management: a systematic review. The International Journal of
Human Resource Management, [s. l.], v. 33, n. 6, p. 1237–1266, 2022.

ZABIDIN, Nadia Safura; BELAYUTHAM, Sheila; IBRAHIM, Che Khairil Izam Che. A
bibliometric and scientometric mapping of Industry 4.0 in construction. Journal of
Information Technology in Construction (ITcon), [s. l.], v. 25, n. 17, p. 287–307, 2020.

ZHU, Hanjing et al. Applications of Smart Technologies in Construction Project


Management. Journal of Construction Engineering and Management, [s. l.], v. 148,
n. 4, p. 04022010, 2022.

ZIMMERMANN, Joana; OVIEDO-HAITO, Ricardo Juan José. Fontes internas de


vantagem competitiva vinculadas com a Construção 4.0 em empresas de construção.
ENCONTRO NACIONAL DE TECNOLOGIA DO AMBIENTE CONSTRUÍDO,
[s. l.], v. 19, p. 1–13, 2022.

59
7. ANEXO

Quadro 8 – Planilha de armazenamento de conceitos vinculados com a Construção 4.0

Conceito Autor Título do artigo Definição


Servitization represents a transformation
process that has been characterizing
Digital technologies
manufacturing companies for decades
in product-service
Pirola et al. and that consists in a change of their
Servitização systems: a literature
(2020) strategy toward new business models
review and a research
based on bundles of products and
agenda
services, the so-called Product-Service
Systems (PSS) (Baines et al., 2007).
Servitization is defined as the strategic
innovation of an organization’s
capabilities and processes to shift from
selling products, to selling an integrated
product and service offering that delivers
value in use, i.e. a Product-Service
Service innovation
System [3]. The concept of a Product
Lee et al. and smart analytics
Servitização Service-System (PSS) is a special case of
(2014) for industry 4.0 and
servitization. Mont defines PSS as a
big data environment
system of products, services, supporting
networks, and infrastructure that is
designed to be competitive, satisfy
customers' needs, and have a lower
environmental impact than traditional
business models.
Servitization and
Industry 4.0
Servitization is mainly focused on adding
convergence in the
value to the customer (demand-pull)
Frank et al. digital transformation
Servitização while Industry 4.0 is frequently related to
(2019) of product firms: A
adding value to manufacturing process
business model
(technology-push).
innovation
perspective
Digital technologies
in product-service Digitalization enables servitization for
Pirola et al.
Digitalização systems: a literature industrial manufacturers (Coreynen et al.,
(2020)
review and a research 2017).
agenda
The use of digital technologies to create
The relationship
and appropriate value from product-
between digitalization
service offerings; thus, digital
and servitization: The
Marko servitization is understood as the
role of
Digitalização Kohtamäki interplay between digitalization and
servitization in
et al. (2020) servitization. Servitization is required to
capturing the financial
appropriate value from digitalization for
potential of
higher financial performance of a
digitalization
manufacturing company.

60
Conceito Autor Título do artigo Definição
Digitization is the conversion of analog
information in any form such as text,
Ng; The Internet-of- images, sound or physical attributes to a
Digitalização Wakenshaw Things: Review and digital format so that the information can
(2017) research directions. be processed, stored, and transmitted
through digital circuits, devices, and
networks.
Digitalization’ and ‘servitization’
strategies spread out withinthe industrial
Digital technologies sector, with distinct origins but
in product-service complementaryadded-values.
Servitização Pirola et al.
systems: a literature Digitalization enables servitization for
digital (2020)
review and a research industrial manufacturers (Coreynen et al.,
agenda 2017), while servitization offers strong
opportunities for value creation and
monetization for digital-based offers.
Industrialização da construção é um
processo evolutivo que, através de ações
Desenvolvimento de
organizacionais e da implementação de
métodos, processos e
Industrializaç inovações tecnológicas, métodos de
Sabbatini sistemas construtivos:
ão da trabalho e técnicas de planejamento e
(1989) formulação e
construção controle, objetiva incrementar a
aplicação de uma
produtividade e o nível de produção e
metodologia
aprimorar o desempenho da atividade
construtiva.
Industrialization in
Previous attempts to industrialize
Building Construction
Industrializaç construction primarily focused on the
Girmscheid Production
ão da objectives of replacing manual labour
(2005) Technology or
construção with machinery and automating
Management
permanently recurring processes.
Concept?
Industrialized construction is an
adaptation of traditional construction by
integrating manufacturing design and
optimization tools to solve complex
challenges in construction projects.
Benefits and barriers of employing
industrialized construction techniques
A systematic review
have been wellexplored. Some repeatedly
Industrializaç of emerging
Qi et al. mentioned benefits for industrialized
ão da technologies in
(2021) construction include reducing
construção industrialized
construction cost, improving
construction
productivity, and minimizing
construction time. This study define
industrialized construction as a set of
construction methods that advances the
process from design through construction
by employing intelligent manufacturing
and automation techniques.
How Smart Smart, connected products have three
Smart Porter;
Connected Products core elements: physical components,
connected Heppelmann
are transforming “smart” components, and connectivity
products (2014)
competition components. Smart components amplify

61
Conceito Autor Título do artigo Definição
the capabilities and value of the physical
components, while connectivity amplifies
the capabilities and value of the smart
components and enables some of them to
exist outside the physical product itself.
The result is a virtuous cycle of value
improvement.
Construction resources (e.g., machinery,
tools, device, materials, components, and
even temporary or permanent structures)
that are made smart by augmenting them
with sensing, processing, and
communication abilities so that they have
autonomy and awareness, and can
interact with the vicinity to enable better
decision making. Based on the literature
Smart
Niu et al. Smart construction review and the uniqueness of
construction
(2021) objects construction contexts, it has been
objetcs
determined that a SCO must have three
core properties, namely, awareness,
communicativeness, and autonomy, as
shown in Fig. 1. As geometric or
nongeometric information, such as
dimensions, materials, and
manufacturers, exists in every
construction object, these properties are
not included in Fig. 1.
Offsite construction is defined as the
A systematic review
process of manufacturing and pre-
of emerging
Offsite Qi et al. assembly of certain amounts of building
technologies in
construction (2021) components, modules and elements, prior
industrialized
to their shipment and installation on
construction
construction site.
Virtual reality is subjected to numerous
definitions: e.g. ‘a computer generated
simulation of the real world’, ‘the illusion
Construction industry
of participation in a synthetic
offsite production: A
environment rather than external
Virtual Goulding et virtual reality
observation of such an environment’, or
Reality al. (2012) interactive training
‘a computer generated simulation of
environment
three-dimensional (3D) environment’, in
prototype
which the user is able to both view and
manipulate the contents of that
environment’
The DT consists of a virtual
representation of a production system
A review of the roles that is able to run on different simulation
Negri et al. of Digital Twin in disciplines that is characterized by the
Digital twin
(2017) CPS-based production synchronization between the virtual and
systems real system, thanks to sensed data and
connected smart devices, mathematical
models and real time data elaboration.

62
Conceito Autor Título do artigo Definição
Digital twin construction (DTC) is a new
mode for managing production in
construction that leverages the data
Construction with streaming from a variety of site
Sackes et al.
Digital twin digital twin monitoring technologies and artificially
(2020)
information systems intelligent functions to provide accurate
status information and to proactively
analyze and optimize ongoing design,
planning, and production.
Big data and analytics refer to the
techniques that are used to mine and
Towards Service 4.0: process large structured and unstructured
Paschou et
Big Data a new framework and dataset, in order to identify patterns,
al. (2018)
research priorities develop predictive models and generate
insights that are valuable in a business
context
The IoS creates a service-oriented
ecosystem and brings end-user of
A Proposed
customer centricity to the system
Framework for
Internet of Sawhney et (Hofmann and Rüsch, 2017). IoS allows
Construction 4.0
services al. (2020) the digital tools that support end-user
Based on a Review of
functions to be available as a service on
Literature
the Internet (Alcácer and Cruz-Machado,
2019).
IoT (Internet of Things) is another
Additive
technological development with the
manufacturing as an
potential to transform the building
enabling technology
Internet of Craveiro et industry. It is related to a system where
for digital
things al. (2019) objects are connected to the internet, via
construction:
wireless/wired network connections and
A perspective on
cloud cyber-infrastructure, through
Construction 4.0
integrated or attached sensors.
The IoT is a paradigm where everyday
objects can be equipped with identifying,
sensing, networking and processing
A Proposed Approach
capabilities that will allow them to
Integrating DLT,
communicate with one another and with
BIM, IoT and Smart
Internet of Li et al. other devices and services over the
Contracts:
things (2019) internet to accomplish some objective.
Demonstration Using
IoT is a system of interrelated smart
a Simulated
devices with the ability to transfer data
Installation Task
over a network without requiring human-
to-human or human-to-computer
interaction (Barnaghi et al., 2012
Usually, construction robots are, to some
extent, task-specific (concrete finishing,
Structuring the
wall painting, bricklaying, facade
context for
cleaning, demolition, etc. [4,13,14]). In
Pan et al. construction robot
Robôs addition, new forms of robots have
(2020) development through
emerged, such as adding and integrating
integrated scenario
aerial approaches [15], exoskeletons for
approach
power augmentation [16], additive
manufacturing technologies [17],

63
Conceito Autor Título do artigo Definição
collaborative robots [18], and humanoid
robot technology [19]

Building information modeling (BIM) is


a concept that has risen rapidly in the
A research on field of construction engineering
development of management. BIM is a technology that
construction describes an engineering project
Li; Yang
BIM industrialization based consisting of intelligent facilities with
(2017)
on BIM technology their own data properties and parameter
under the background rules, in which each object's appearance
of Industry 4.0 and its internal components and features
can be displayed in the form of three-
dimensional figures.
This technology has been used to
simulate the thinking and behaving
Towards Service 4.0:
Artificial Paschou et process of human beings. One of the
a new framework and
intelligence al. (2018) most active niche of AI is machine
research priorities
learning that benefits preventive
decisions.
How Innovation
Champions Frame the
New design tools predict the cost and
Artificial Ernstsen et Future: Three Visions
time of a construction project from an
intelligence al. (2021) for Digital
early stage.
Transformation of
Construction
Additive Manufacturing (AM),
commonly known as 3D printing,
Applications of
fabricates components in a layerwise
additive
Additive fashion directly from a digital file. AM is
Camacho et manufacturing in the
Manufacturin a rapidly growing field that is having an
al. (2018) construction industry–
g impact on multiple industries by
A forward-looking
simplifying the process to go from a 3D
review.
model to a finished
product.
A blockchain is a type of electronic
ledger of digital information (such as
records, events, or transactions) that
The Potentials and required a hash for digital security
Impacts of purpose and is authenticated and
Blockchain maintained by the participants using a
San; Choy;
Blockchain Technology in group of consensus protocol through a
Fung (2019)
Construction decentralised network. Blockchain got its
Industry: A Literature naming for the reason where at scheduled
Review. intervals, each information on transaction
will be recorded as a ‘block’ adding to
the ‘chain’ forming incorruptible ledger
of ‘blockchain

64
Conceito Autor Título do artigo Definição
A sensor is a device or transducer, which
receives information about various
Kim; Framework for an
physical effects such as mechanical,
Sensores Russell intelligent earthwork
optical, electrical, acoustic, and magnetic
(2003) system: Part I.
effects and converts them into electrical
signals.
Beninger; Are defined by unmanned vehicles that
The disruptive
Drones Robson are controlled remotely by humans or
potential of drones
(2020) artificial intelligence.
This technology allows ubiquitous access
to a shared pool of computing resources –
Towards Service 4.0:
Cloud Paschou et such as servers, storages and operating
a new framework and
computing al. (2018) systems – that can be convenient,
research priorities
configured and provisioned on-demand,
with minimal management effort
Laser scanning is gaining increased
recognition in civil engineering
applications. 3D laser scanning is a
Zhang; Automated progress
Laser relatively new surveying technology that
Arditi control using laser
Scanning captures the real scenery and translates it
(2013) scanning technology.
into a 3D virtual world. It utilizes light
detection and ranging to produce accurate
3D representations of objects.
Service 4.0 allows companies to offer
proactive and truly customized services
and to deliver them through multiple
channels and shared open infrastructures.
Rehse; Service 4.0 holds great promise for
Tapping into the
Hoffmann; enabling service providers to respond to
Serviço 4.0 Transformative Power
Kosanke the challenges of increasing cost
of Service 4.0
(2016) pressure, evolving customer behaviors,
and an unstable competitive environment.
It represents a significant change in
performance, affecting how companies
both offer and deliver services.
Service 4.0 is a concept parallel to the
Furthering Service
term Industry 4.0, which focuses on
4.0: Harnessing
Pena-Rios et automation and data exchange in
Serviço 4.0 Intelligent Immersive
al. (2018) manufacturing technologies based on
Environments and
cyberphysical systems, the Internet of
Systems
Things (IoT), and cloud computing.
Smart PSS result from the digitalization
of products and services as the digital
New Perspectives for
connectivity between components allow
Product Kuhlenkötte Generating Smart PSS
their autonomous interaction and further
Service r et al. Solutions – Life
development. Smart PSS are based on
Systems (2017) Cycle, Methodologies
networked smart products and service
and Transformation
systems for providing new
functionalities.

65
Conceito Autor Título do artigo Definição
The term smart PSS mainly refers to a
PSS based on “networked smart products
and service systems for providing new
functionalities “(Kuhlenkötter et al.,
2017), thus leveraging on digital
architectures, Internet of Things, cloud
computing and analytics (Chowdhury et
Digital technologies
al., 2018). (Lerch and Gotsch, 2015)
Product in product-service
Pirola et al. provide a more comprehensive definition
Service systems: a literature
(2020) of smart PSS as “an IT-driven value co-
Systems review and a research
creation business strategy consisting of
agenda
various stakeholders as the players,
intelligent systems as the infrastructure,
smart, connected products as the media
and tools, and their generated e-services
as the key values delivered, that
continuously strives to meet individual
customer needs in a sustainable manner”.
Cyber-Physical Systems (CPS) have been
proposed as smart embedded and
A review of the roles
Cyber networked systems within production
Negri et al. of Digital Twin in
physical systems. They operate at virtual and
(2017) CPS-based production
systems physical levels interacting with and
systems
controlling physical devices, sensing and
acting on the real world.
CPS consists of a set of technologies that
connect the virtual and physical worlds to
create a networked production
environment in which intelligent objects
communicate and interact with each other
A Proposed (Kagermann, Wahlster, & Helbig, 2013).
Cyber Framework for As shown in Figure 3, the journey
Sawhney et
physical Construction 4.0 towards Industry 4.0 started with the
al. (2020)
systems Based on a Review of embedded systems and their
Literature technological evolution towards CPS and
further to provide an Internet of Things
(IoT), Data, and Services (MacDougall,
2014). CPS helps create a virtual copy of
the physical production environment that
is called the ‘digital twin.’
How Innovation
Champions Frame the BIM models are used to contain all
Ernstsen et Future: Three Visions relevant data on a construction project to
BIM
al. (2021) for Digital enable seamless transitions between
Transformation of stakeholders.
Construction
This technology is the first step to make
the vision of industry 4.0 reality and
Horizontal
Towards Service 4.0: achieve their goals, for the systems as a
and vertical Paschou et
a new framework and whole are analysed in the productive
system al. (2018)
research priorities flow, in this sense, it proposes structural
integration
changes in organization and management
of physical objects, as well as the

66
Conceito Autor Título do artigo Definição
establishment of connections with
information systems.

Connectivity amplifies the capabilities


and value of the smart components and
enables some of them to exist outside the
physical product itself ...[p.6]
Connectivity serves a dual purpose. First,
How Smart
Porter; it allows information to be exchanged
Connected Products
Conectividade Heppelmann between the product and its operating
are transforming
(2014) environment, its maker, its users, and
competition
other products and systems. Second,
connectivity enables some functions of
the product to exist outside the physical
device, in what is known as the product
cloud
The rise of the internet, with its
inexpensive and ubiquitous connectivity,
unleashed the second wave of IT-driven
How Smart transformation, in the 1980s and 1990s .
Porter;
Connected Products This enabled coordination and integration
Integration Heppelmann
are transforming across individual activities; with outside
(2014)
competition suppliers, channels, and customers; and
across geography. It allowed firms, for
example, to closely integrate globally
distributed supply chains
How Smart
Porter; Is defined as being a package of
Product Connected Products
Heppelmann connected equipment and related services
Systems are transforming
(2014) that optimize overall results
competition
Links an array of product systems
How Smart together as well as related external
Porter;
System of Connected Products information that can be coordinated and
Heppelmann
systems are transforming optimized. Increasingly, the trend is that
(2014)
competition industry boundaries expand, even beyond
Product Systems to Systems of Systems
Ecosystem
transformation for An ecosystem refers to “the alignment
Kolagar;
digital servitization: A structure of the multilateral set of
Digital Parida;
systematic review, partners that need to interact in order for
ecosystem Sjödin
integrative a focal value proposition to materialize”
(2022)
framework, and future (Adner, 2017).
research agenda
The ecosystem concept also plays a
significant role in digital servitization.
Unfolding the digital
The company's integrated solutions are
servitization path
part of a large final product system where
from products to
the solution must have the ability to
Digital Kohtamäki product-service-
interface with other manufacturers'
ecosystem et al. (2021) software systems:
product systems in the ecosystem.
Practicing change
Therefore, the company's ability to
through intentional
manage the ecosystem and develop
narratives
product-service systems that integrate
effectively with other Manufacturers'

67
Conceito Autor Título do artigo Definição
product systems play a central role in the
products.

Prefabrication is a manufacturing process


Industrialised generally taking place at a specialised
Pre Kamar et al
Building System facility, in which various material are
fabrication (2009)
(IBS) joined to form a component part of final
installation
Is a description of the spectrum or part
there of which are manufactured or
assembled remote from building site
prior to installation in their find position.
In this family, Offsite Construction
Industrialised (OSC), Offsite Manufacturing (OSM)
Offsite Kamar et al
Building System and Offsite Production (OSP) are largely
construction (2009)
(IBS) interchangeable terms which refer to that
part of the construction process which is
carried out away from the building site,
such as in a factory or sometimes in
specially created temporary production
facilities close to the construction site
Preassembly literally means to ‘assemble
Industrialised before’ and covers the manufacture and
Kamar et al
Pre assembly Building System assembly (usually off-site) of buildings
(2009)
(IBS) or parts of buildings earlier than they
would traditionally be constructed on-site
Modern Method of Construction (MMC)
is a term adopted in the UK as a
collective description for both offsite
based construction technologies and
innovative onsite technologies. The
Modern Industrialised
Kamar et al former represents prefabrication and
methods of Building System
(2009) manufacturing technology and the latter
construction (IBS)
includes techniques such as thin-joint
block work and tunnel-form construction
(Goodier & Gibb, 2006). In definition,
MMC includes both industrialised and
non-industrialised innovation.
The visionary definition of mass
customization relates to ‘the ability to
provide your customers with anything
they want profitably, any time they want
Mass customization in it, anywhere they want it, any time they
Rudberg;
Mass terms of the customer want it’, whereas the more practical
Wikner
customization order decoupling definition upholds ‘the use of flexible
(2004)
point processes and organizational structures to
produce varied and often individually
customized products and services at the
low cost of a standardized, mass
production system’.

68
Conceito Autor Título do artigo Definição
Mass customization is the ability to do
the same but with the efficiency of a
The nature of choice
Schoenwitz; mass produced product. Given the impact
Mass in mass customized
Naim; Potter of increasing customer choice on
customization house
(2012) operations, not unlike the case of
building
increased variety in car manufacturing
(Sta¨blein et al., 2011)
Mass Customization refers to the
possibility to evolve from already
existing systems to the novel ones that
Mass customization can be personalized, without increasing
with additive their cost and causing the new
manufacturing: new technologies to emerge. Among various
Mass Paoletti perspectives manufacturing techniques, Additive
customization (2017) for multi Manufacturing (AM) is considered a
performative building revolutionary technology that offers a
components in new freedom in Architecture and expands
architecture the range of possibilities for design,
production and performances of novel
architectural forms, construction systems
and materials employed
The concept of metamaterials has been
extended to a class of materials whose
effective properties are generated not
only from the bulk behaviour of the
materials which produce it, but also from
their internal structuring [6].
Auxetic metamaterials
Ren et al. Metamaterials possess superior and
Metamateriais and structures: a
(2018) unusual properties in the aspects of static
review
modulus, density [7], energy absorption
[8–10], acoustic and phononic
performance [11–13], heat transport
performance [14, 15], smart materials
and negative Poisson’s ratio (NPR) [16,
17].
Metamaterial
Are materials artificially engineered to
Naboni; computation and
gain emerging properties and
Metamateriais Mirante fabrication of auxetic
functionalities otherwise unattainable in
(2015) patterns for
natural materials.
architecture
Additive
manufacturing as an
enabling technology
Impressora Craveiro et 3D printer was also used to print walls
for digital
3D al. (2019) made of clay reinforced with straw fibers
construction:
A perspective on
Construction 4.0

69
Conceito Autor Título do artigo Definição
Uma construção mais produtiva e de
maior qualidade começa a ser associada
com a sua digitalização e o
Oviedo-
desenvolvimento de serviços, que
Haito, Desafios da gestão da
Racionalizaçã caracterizam a Construção 4.0. Os
Moratti e produção na
o objetivos vinculados à gestão da
Cardoso construção 4.0
construção são: Organizar a construção,
(2019)
racionalizar a construção, Industrializar a
construção e Digitalizar e “servitizar” a
gestão da construção
Uma construção mais produtiva e de
maior qualidade começa a ser associada
com a sua digitalização e o
Oviedo-
desenvolvimento de serviços, que
Haito, Desafios da gestão da
caracterizam a Construção 4.0. Os
Organização Moratti e produção na
objetivos vinculados à gestão da
Cardoso construção 4.0
construção são: Organizar a construção,
(2019)
racionalizar a construção, Industrializar a
construção e Digitalizar e “servitizar” a
gestão da construção
Sistema de gestão da produção, como
sendo, segundo Cardoso (1996), o “modo
de articulação entre um sistema de
operações físicas de produção
(considerando-se suas dimensões técnico-
sociais) e um sistema de operações de
gestão, de pilotagem, de controle, de
avaliação dos resultados (considerando-
Oviedo-
se suas dimensões técnico-
Sistema de Haito, Desafios da gestão da
organizacionais)”. Ela abrange atividades
gestão da Moratti; produção na
e processos que vão da definição da
produção Cardoso construção 4.0
estratégia de gestão de obra à sua gestão
(2019)
propriamente dita, passado pelas de
planejamento e programação da produção
e pelas de definição da estratégia de
produção e logística. Considera,
igualmente, atividades e processos tanto
a montante da execução da obra, com as
ligadas ao Projeto, quanto as a jusante,
ligadas à Manutenção do bem construído.
Sensors and external data sources enable
How Smart the comprehensive monitoring of: the
Porter;
Monitorament Connected Products product’s condition; the external
Heppelmann
o are transforming environment; the product’s operation and
(2014)
competition usage; Monitoring also enables alerts and
notifications of changes
How Smart Software embedded in the product or in
Porter;
Connected Products the product cloud enables:
Controle Heppelmann
are transforming • Control of product functions
(2014)
competition • Personalization of the user experience

70
Conceito Autor Título do artigo Definição
Monitoring and control capabilities
How Smart enable algorithms that optimize product
Porter;
Connected Products operation and use in order to:
Otimização Heppelmann
are transforming • Enhance product performance
(2014)
competition • Allow predictive diagnostics, service,
and repair
Combining monitoring, control, and
optimization allows:
How Smart • Autonomous product operation
Porter;
Connected Products • Self-coordination of operation with
Autonomia Heppelmann
are transforming other products and systems
(2014)
competition • Autonomous product enhancement and
personalization
• Self-diagnosis and service
How Innovation
Champions Frame the
Materiais do Ernstsen et Future: Three Visions New materials that improve the expected
futuro al. (2021) for Digital life-time of built structures.
Transformation of
Construction
How Innovation
Champions Frame the
Modular construction leverage the
Modularizaçã Ernstsen et Future: Three Visions
benefits of prefabrication and off-site
o al. (2021) for Digital
construction.
Transformation of
Construction
Now it offers smart, connected devices,
How Smart such as a h o me health-monitoring
Porter e
Processament Connected Products system th at includes a data processing
Heppelmann
o are transforming center that allows physicians to remotely
(2014)
competition monitor their patients’ devices a n d clini-
cal status
These are construction resources that are
made smart by augmenting them with
capabilities of sensing, processing,
Processament Niu et al. Smart construction computing, networking, and reacting.
o (de dados) (2021) objects The resulting awareness, autonomy, and
ability to interact with the vicinity (on-
site or off-site) facilitate better decision
making.
New service organizational structure and
How Smart delivery processes are required to take
Porter e
Connected Products advantage of product data that can reveal
Predictividade Heppelmann
are transforming existing and future problems and enable
(2014)
competition companies to make timely, and
sometimes, remote, repairs.
Life cycle Flexibility of building (FB) are a
sustainability compatibility of the product and
Kamali e
performance adaptability to accommodate substantial
Flexibilidade Hewage
assessment changes in the future at a lower cost (e.g.,
(2018)
framework for using fastening systems that allow for
residential modular easy disassembly).

71
Conceito Autor Título do artigo Definição
buildings: Aggregated
sustainability indices
Investigating U.S.
Industry Practitioners’
Perspectives towards Other benefits that emerging
Qi et al. the Adoption of technologies can bring to the
Flexibilidade
(2020) Emerging industrialized construction include
Technologies in sustainability and improved flexibility
Industrialized
Construction
Control through software embedded in
How Smart
Porter e the product or the cloud allows the
Connected Products
Customização Heppelmann customization of product performance to
are transforming
(2014) a degree that previously was not cost
competition
effective or often even possible
Customization inevitably means that
Choice and delivery
housing suppliers spend time at the ‘front
Barlow et al. in housebuilding:
Customização end’ of the customer relationship, and
(2003) lessons from Japan for
this necessitates large sales and design
UK housebuilders
teams (Barlow and Ozaki, 2001).
Communicativeness denotes the ability
of a SCO to output information it has
obtained through its awareness.
Comunicativi Niu et al. Smart construction
Communication between a SCO and
dade (2021) objects
managerial personnel or among SCOs
can be conducted through information
pull or push modes.
Awareness, the most distinct feature of
SCOs compared with traditional
construction objects, denotes SCOs’
ability to sense and log their real-time
Niu et al. Smart construction condition and that of the surrounding
Consciência
(2021) objects environment. This property is based on
the framework for SOs proposed by
Kortuem et al. (2010), which has three
awareness dimensions, namely, activity,
policy, and process.
These are construction resources that are
made smart by augmenting them with
capabilities of sensing, processing,
Sensoriament Niu et al. Smart construction computing, networking, and reacting.
o (2021) objects The resulting awareness, autonomy, and
ability to interact with the vicinity (on-
site or off-site) facilitate better decision
making.
Given all the benefits of modular
construction, “economy of scale of
Life cycle production” is a very significant factor in
Kamali e
performance of construction method selection. It might
Economia Hewage
modular buildings: A be less expensive to use a conventional
(2016)
critical review construction method rather than a
modular design for irregular structures or
non-repetitive modules

72
Conceito Autor Título do artigo Definição
Due to the ever-changing nature of on-
site work, safety in modular construction
is higher since around 85% of the work is
Life cycle done off the construction site. Workplace
Kamali e
performance of accidents, working at height, congestion,
Segurança Hewage
modular buildings: A severe weather, dangerous activities, and
(2016)
critical review neighboring construction operations can
be reduced by transferring the main
construction work to factories with easier
and highly repetitive site operations
In addition, productivity is higher in
Life cycle modular projects due to highly organized
Kamali e
performance of operations and possibility of better
Produtividade Hewage
modular buildings: A supervision, reduced time interval
(2016)
critical review between different trades, as well as
workforce stability in modular industry
Using new methods of construction, i.e.,
Life cycle
Kamali e off-site techniques, can be an effective
Sustentabilida performance of
Hewage alternative to
de modular buildings: A
(2016) conventional techniques in the pursuit of
critical review
higher sustainability
Life cycle Higher quality can be achieved with the
Kamali e
Qualidade do performance of use of modular construction due to the
Hewage
produto modular buildings: A controlled manufacturing facilities in
(2016)
critical review which the components are built.
Investigating U.S.
First, factor analysis divided the nine
Industry Practitioners’
benefit variables into two broad factors.
Perspectives towards
Three variables in the first factor (i.e.,
Rapidez da Qi et al. the Adoption of
project input), namely reduce
produção (2020) Emerging
construction cost, reduce construction
Technologies in
time, and reduce construction labor, are
Industrialized
also the benefits with the highest score.
Construction
Implications of Instead of drafters there would be a need
Trabalhadores Construction 4.0 to for workers with more digital skills. This
Soto et al.,
com novas the workforce and will occur for different functions and
(2019)
capacidades organizational services, including planning and
structures execution.
Understanding the
implications of The use of new technologies requires a
digitisation and certain level of knowledge. Due to the
automation in the low technical competency of the
Trabalhadores Oesterreich;
context of Industry construction workers on site [28], [30],
com novas Teuteberg
4.0: A triangulation there will be an increasing need for staff
capacidades (2016)
approach and training and development [11], [64], [84]
elements of a research as well as the increasing need for
agenda for the integration skills [77], [92].
construction industry
Impacts of the utilization of these
Artificial intelligence,
Gestão de technologies in human resource
Vrontis et robotics, advanced
recursos management (HRM) at an organizational
al., 2022) technologies and
humanos (firms) and individual (employees) level.
human resource
Firms should focus on training and

73
Conceito Autor Título do artigo Definição
management: a ongoing development of employees in
systematic review order for them to meet the criteria and
skills needed for working with AI agents
(Lindsay et al., 2014) It is the managers’
responsibility to assist employees in
being more engaged in such activities
that will offer them the technological
knowledge required in the competitive
international market.
Entendendo Michael
Porter - O guia Refere-se à capacidade da empresa de
Eficácia Magretta
essencial da executar atividades similares melhor do
operacional (2012)
competição e que os concorrente.
estratégia
Entendendo Michael Diferenciação refere-se à capacidade de
Porter - O guia cobrar um preço relativo maior.
Magretta
Diferenciação essencial da Execução de atividades diferentes dos
(2012)
competição e concorrentes (escolher uma configuração
estratégia diferente).

74

Você também pode gostar