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UNIVERSIDADE FEDERAL DO PIAUÍ

CENTRO DE TECNOLOGIA
CURSO DE BACHARELADO EM ENGENHARIA MECÂNICA

MATHEUS DA SILVA BARBOZA

INDÚSTRIA 4.0 E SUAS APLICAÇÕES NA USINAGEM

Teresina
2022
MATHEUS DA SILVA BARBOZA

INDÚSTRIA 4.0 E SUAS APLICAÇÕES NA USINAGEM

Monografia apresentada ao Curso de


Bacharelado em Engenharia Mecânica, da
Universidade Federal do Piauí, como parte dos
requisitos exigidos para obtenção do título de
Bacharel em Engenharia Mecânica.

Orientador: Prof. Dr. Marcos Guilherme


Carvalho Bráulio Barbosa
Coorientador: Prof. Dr.

Teresina
2022
FICHA CATALOGRÁFICA ELABORADA PELA
BIBLIOTECA DA UFPI

Para solicitar a ficha catalográfica, acesse o link: https://www.ufpi.br/ficha-catalografica


UNIVERSIDADE FEDERAL DO PIAUÍ
CENTRO DE TECNOLOGIA
CURSO DE BACHARELADO EM ENGENHARIA MECÂNICA

TRABALHO DE CONCLUSÃO DE CURSO

INDÚSTRIA 4.0 E SUAS APLICAÇÕES NA USINAGEM

Monografia apresentada ao Curso de


Bacharelado em Engenharia Mecânica, da
Universidade Federal do Piauí, como parte dos
requisitos exigidos para obtenção do título de
Bacharel em Engenharia Mecânica.

Autor: Matheus da Silva Barboza


Orientador: Marcos Guilherme Carvalho
Bráulio Barbosa

Coorientador:

A Banca Examinadora composta pelos membros abaixo aprovou esta Monografia:

________________________________________________
Prof(a). Dr(a). Nome do Orientador(a), Presidente
Departamento/Instituição

________________________________________________
Prof(a). Dr(a). Nome do Membro da Banca
Departamento/Instituição

________________________________________________
Prof(a). Dr(a). Nome do Membro da Banca
Departamento/Instituição

A Ata de Defesa com as respectivas assinaturas dos membros encontra-se na Secretaria do


Curso de Bacharelado em Engenharia Mecânica da Universidade Federal do Piauí.

Teresina, 14 de fevereiro de 2022.


AGRADECIMENTOS

À minha avó, Maria de Jesus Pereira da Silva Barboza pelo apoio durante todos os
momentos difíceis de minha vida. Ao meu pai, João Soares Barboza Neto, pela presença e
apoio em todos os momentos de dificuldade. Ao professor Dr. Eng.° Marcos Guilherme
Carvalho Bráulio Barbosa, pelo conhecimento, dedicação, orientação. Ao colega Patrick
Abreu pela oportunidade de realizar este trabalho com o seu devido auxílio e pelo
conhecimento transmitido.
RESUMO
A Indústria 4.0 ou Quarta Revolução Industrial engloba uma série de tecnologias para
automação e troca de dados visando a melhoria da eficiência e produtividade dos processos e
dentre as tecnologias presentes na Indústria 4.0 é possível citar: Big Data, Internet das Coisas,
Cibersegurança, Computação em nuvem, Simulação Virtual, Robótica e manufatura aditiva.
Nesse sentido o presente trabalho se baseou em estabelecer uma correlação de tais conceitos a
usinagem dos metais, abrangendo seus processos como fresamento e torneamento e quanto a
otimização dos processos de fabricação de ferramentas de corte.

Palavras-Chave: Indústria 4.0, Usinagem, Correlacionar, Quarta revolução Industrial.


ABSTRACT
Industry 4.0 or Fourth Industrial Revolution encompasses a series of technologies for
automation and data exchange aimed at improving the efficiency and productivity of
processes and among the technologies present in Industry 4.0 it is possible to mention: Big
Data, Internet of Things, Cybersecurity, Cloud, Virtual Simulation, Robotics and Additive
Manufacturing. In this sense, the present work was based on establishing a correlation of such
concepts to the machining of metals, covering its processes such as milling and turning and
regarding the optimization of the processes of manufacturing cutting tools.

Keywords: Industry 4.0, Machining, Correlate, Fourth Industrial Revolution.


LISTA DE FIGURAS

Figura 1 — Tear mecânico 14


Figura 2: Estrutura de tomada de decisão do DPP enriquecido

Figura 3: Arquitetura do sistema de monitoramento online das condições da fresa de topo.

LISTA DE TABELAS

Tabela 1 — Características Tecnológicas das Revoluções Industrias 25


SUMÁRIO

1 INTRODUÇÃO
2 REVISÃO DA LITERATURA
2.1 Contexto histórico
2.2 A quarta Revolução Industrial
2.3 Indústria 4.0
2.3.1 Internet das coisas
2.3.2 Big Data
2.3.3 Cibersegurança
2.3.4 Computação em nuvem
2.3.5 Manufatura aditiva
2.3.6 Simulação virtual 20
2.3.7 Robótica
2.4 Usinagem dos metais 21
3 METODOLOGIA
3.1 Objetivo geral
23
3.2 Objetivos específicos
4 RESULTADOS E DISCUSSÕES
4.1 Big Data aplicado a usinagem
4.2 Computação em nuvem aplicado a usinagem
4.3 Cibersegurança aplicado a usinagem
4.4 Internet das coisas aplicado a usinagem
4.5 Manufatura aditiva aplicado a usinagem
4.6 Simulação Virtual aplicado a usinagem
4.7 Robótica aplicada a usinagem
5 CONCLUSÃO
REFERÊNCIAS
1 INTRODUÇÃO
Segundo Totvs (2021) a indústria 4.0 corresponde a um movimento de transformação
que vem revolucionando a forma como as empresas fabricam, melhoram e distribuem seus
produtos. Tecnologias potencializadoras e capacitadoras estão sendo cada vez mais integradas
ao chão de fábrica e ao pensamento estratégico da organização, elevando seu patamar
produtivo. Dentre elas, podemos citar algumas que servem de pilar para o desenvolvimento da
indústria 4.0, como a Internet of Things (IoT), cloud computing, análise de dados, inteligência
artificial e machine learning.
Inúmeros benefícios para as empresas são advindos da implementação da Indústria
4.0, como: maior nível de automação; melhor aplicação da manutenção preditiva;
possibilidade de auto-otimização de melhorias de processo; novo nível de eficiência e
capacidade de resposta aos clientes. Além disso, o uso de dispositivos IoT em fábricas
inteligentes leva a maior produtividade e qualidade aprimorada. Substituir a inspeção manual
por insights visuais alimentados por IA reduz os erros de fabricação e economiza tempo e
dinheiro. (TOTVS, 2021).
A implementação da indústria 4.0 no Brasil enfrenta grandes desafios, como
momentos de incerteza, altos investimentos e burocracia. No entanto, os benefícios dessa
revolução estão cada vez mais claros, o que levou à criação da Agenda Brasileira para a
Indústria 4.0, um programa que procura auxiliar as mudanças tecnológicas em empresas
brasileiras. (SANTEC, 2020).
2 REVISÃO DA LITERATURA

Neste tópico serão abordados conceitos da literatura de modo a fornecer a base teórica
necessária para desenvolver o estudo deste trabalho; permitindo a compreensão dos objetivos
e a interpretação dos resultados obtidos, serão abordados alguns conceitos da indústria 4.0.

2.1 Contexto Histórico


De modo a fornecer produtos manufaturados artesanalmente de forma satisfatória, as
famílias começaram a se reunir para produzir bens e serviços de modo a atingir altos ganhos e
atender a demanda. Nesse sentido o inventor inglês James Hargreaves criou em 1767 a
primeira máquina de fiar a ser utilizada na Inglaterra. (SACOMANO et al, 2018, p.18).
Figura 1 - Tear mecânico.

Fonte: Sacomano et al (2018)


A primeira Revolução Industrial durou 201 anos, até que houve o início da segunda
Revolução Industrial com a criação da linha de produção em massa por Henry Ford, o que
reduziu custos e difundiu produtos entre a classe operária. (ALMEIDA, 2019, S/N).
Com a terceira Revolução Industrial houve a implantação de computadores no chão de
fábrica, sensores e dispositivos capazes de gerenciar uma grande quantidade de variáveis de
produção e controles eletrônicos; o que permitiu que a tomada de decisões a respeito do
controle de dispositivos fosse realizada de maneira autônoma. Como resultado houve um
aumento na produção, na qualidade dos produtos e aumento na segurança da produção.
(ALMEIDA, 2019, S/N).
Segundo Stevan Jr. (2018) no momento atual duas propostas se sobressaem: a
indústria 4.0, criada na Alemanha em 2013, que tem como objetivo elevar o parque industrial
a um patamar diferenciado. A segunda proposta consiste no IIC (Industrial Internet
Consortium Architecture Task Group), criada nos Estados Unidos por meio de um consórcio
formado por 180 organizações, apresentando a primeira proposta de arquitetura de referência.
Muitos autores denominam a indústria 4.0 como a quarta Revolução Industrial.
A tabela 1 apresenta de forma mais detalhada todas as etapas da Revolução Industrial
com suas respectivas características e período histórico correspondente.
Tabela 1: Características Tecnológicas das Revoluções Industrias
Revoluções
Período Características
Industriais
Teve início na Máquina a Vapor. Substituição da produção
segunda metade do artesanal pela produção fabril. Sistema de
Primeira
século XVIII e produção taylorista-fordista
Revolução
avançou até meados
Industrial
do século XIX.

Teve início no Energia Elétrica, automação e produção em


Segunda século XIX e massa, sistema de produção taylorista-
Revolução avançou a primeira fordista.
Industrial metade do século
XX.

Teve início na Surgimento da informática e avanço das


Terceira segunda metade do Comunicações, surge a sociedade do
Revolução século XX e avançou conhecimento e sistema de produção flexível
Industrial até o final deste
século.

Teve início na Sensores menores; mais poderosos e baratos,


primeira década do inteligência artificial, fusão das tecnologias e
Quarta
século XXI. a interação entre domínios físicos, digitais e
Revolução
. biológicos. Sistemas e máquinas inteligentes
Industrial
conectados possibilitando um sistema de
produção de personalização em massa.

Fonte: Aires et al (2017).

2.2 A quarta Revolução Industrial


Durante a quarta Revolução Industrial, também conhecida como Indústria 4.0, as
tecnologias emergentes e as inovações generalizadas são propagadas de forma mais veloz em
relação as etapas anteriores. A quarta Revolução Industrial é única em razão da crescente
harmonização e integração de muitas descobertas e disciplinas diferentes, de modo que as
inovações resultantes da interdependência entre tecnologias distintas está se tornando cada
vez mais próxima da realidade. Como exemplo podemos citar as tecnologias de fabricação
digital interagindo com o mundo biológico, onde alguns designers e arquitetos estão
combinando o design computacional, a fabricação aditiva, a engenharia de materiais e a
biologia sintética de modo a elaborar sistemas que envolvem a interação entre
microrganismos, o corpo humano, produtos consumíveis e nossas residências. (SCHWAB,
2016).
Segundo Aires et al (2017) estamos vivendo a quarta Revolução Industrial desde
meados do século XXI, caracterizando-se pela integração e controle da produção a partir de
sensores e equipamentos conectados em rede e da união do mundo real com o virtual,
elaborando os sistemas ciber físicos e viabilizando o emprego da inteligência artificial.
A internet corresponde a tecnologia que está unindo todas as demais relacionadas a
este movimento de digitalização da produção, com a comunicação de diversos dispositivos. O
uso da internet nesta dimensão deu início a internet das coisas, já a interligação entre diversos
dispositivos irá avançar para diversas áreas e será permitido que dados sejam coletados de
diversas fontes, de modo que associadas a tecnologia Big Data, computação em nuvem e
novas tecnologias de tratamento de dados, iniciem novos modelos de negócios modificando a
forma como as empresas se relacionam com clientes e fornecedores. (AIRES et al, 2017).
As áreas com maior avanço da digitalização serão a mobilidade urbana, energia,
indústria, agricultura, saúde e bens de consumo; de modo que a internet das coisas, big data,
computação em nuvem, inteligência artificial e a manufatura híbrida serão as tecnologias que
irão permitir esta Revolução Industrial. (AIRES, 2017).
Segundo Aires (2017) iremos ver novas possibilidades de conexão de dispositivos
móveis aliadas a capacidade de armazenamento de informações e compartilhamento que por
sua vez serão multiplicadas por novas tecnologias como robótica, inteligência artificial,
nanotecnologia, biotecnologia, internet das coisas, computação quântica e impressão 3-D.
Com o desenvolvimento das tecnologias de fabricação saímos da produção artesanal para a
produção em massa, com a possibilidade de comunicação instantânea dos diversos elos da
cadeia produtiva, o que corrobora que a indústria 4.0 é muito mais que apenas a digitalização
do chão de fábrica. (AIRES, 2017).
A troca de informações poderá acontecer entre as empresas e seus fornecedores
otimizando os processos de compra, estoque e logística; reforçando a relação com os
stakeholders, que correspondem as partes interessadas que devem estar de acordo com as
práticas de governança corporativas executadas pela empresa. (AIRES, 2017).
2.3 Indústria 4.0
A Indústria 4.0 tornou-se um dos conceitos de negócios industriais mais comentados
nos últimos anos, sendo apresentada em alto nível por consultores que estão apresentando a
partir de uma perspectiva de negócios para clientes executivos, que significa que a
complexidade técnica subjacente é irrelevante. Foco dos consultores em modelos de negócios
e eficiência operacional, o que é muito atraente, onde ganhos financeiros e novos modelos de
negócios são facilmente compreensíveis para seus clientes. Infelizmente, essas apresentações
muitas vezes impressionam e revigoram os executivos, que enxergam os benefícios do
negócio, mas não revelam ao cliente as informações técnicas. (GILCHRIST, 2016).
2.3.1 Internet das coisas (IOT)
Antigamente a única forma de se acessar a internet era utilizando um navegador de
web, de modo que este permitia que o computador enviasse solicitações para um servidor de
web que respondia enviando de volta um conjunto de informações a ser exibido. O navegador
exibia essas informações na tela de um computador enquanto o usuário digitava mensagens
em seu teclado. Porém com o surgimento da Internet das Coisas essa situação mudou, agora
todos os tipos de sensores e eletrodomésticos podem ser conectados a internet. (MONK,
2018).
Segundo Morais (2019) a internet das coisas apresenta as seguintes aplicações:
 Em negócios e serviços, ao se tornar mais acessível ao consumidor e criando novos
modelos de negócios.
 Para o usuário final, ao ser incorporada no cotidiano das pessoas.
 Industrial, não percebida pelo consumidor.
Segundo Morais (2019) a internet das coisas apresenta os seguintes impactos na
indústria:
 Produtos: incorporação de hardware mecânico, eletromecânico, elétrico, eletrônico e
soluções de software em um único sistema. Cada um desses sistemas tem uma regra
crítica no sistema global a partir de informações reunidas por sensores para transmitir
e estocar dados.
 Sensores: menores e mais acessíveis, consistem em dispositivos eletromecânicos
reunindo diferentes tipos de informações; como pressão, força, umidade, temperatura,
dentre outras.
 Conectividade: os dados captados pelos sensores são transmitidos do produto por
intermédio de bluetooth, wi-fi ou de celulares para um sistema mais amplo onde as
informações podem ser melhor analisadas.
 Nuvem (cloud): consiste no melhor lugar para reunir e analisar dados onde eles podem
ser estocados, processados e analisados de maneira segura.
 Informações externas: consiste na habilidade de usar fontes externas como entradas
remotas; tais como clima, preços, mapas, tráfego, CRM e para melhorar o desempenho
do produto.
 Visualização de dados: consiste em usuários finais controlando seus produtos
remotamente em tempo real de modo a ver tendências, comparando produtos e
rastreando informações.
De modo a proporcionar a capacidade necessária para todo o tráfego de informações,
está presente a quinta geração de redes, o 5G, que serve de base para uma série de redes, entre
elas a internet das coisas, com uma velocidade muito superior ao 4G. Uma mesma antena 5G
será capaz de suportar tráfego de vídeos, conexão de carros autônomos e robôs industriais
com baixa latência (delay). Seguindo essa perspectiva novos negócios surgirão, com base em
novas tecnologias de modo a oferecer serviços diferenciados. (MORAIS, 2019).

2.3.2 Big Data


Big data é definido como coleções de conjuntos de dados cujo volume, velocidade ou
variedade é tão grande que é difícil armazenar, gerenciar, processar e analisar os dados
usando bancos de dados tradicionais e ferramentas de processamento de dados. Nos últimos
anos, tem havido um crescimento exponencial em ambas os dados estruturados e não
estruturados gerados por tecnologia da informação, industrial, saúde, Internet das Coisas e
outros sistemas. (BAHGA, 2019).
De acordo com uma estimativa da IBM; 2,5 quintilhões de bytes de dados são criados
todos os dias. Um relatório recente da DOMO estima a quantidade de dados gerados a cada
minuto em plataformas online: usuários do Facebook compartilham quase 4,16 milhões de
conteúdos; usuários do Instagram curtem quase 1,73 milhão de fotos; usuários do YouTube
carregam 300 horas de novo conteúdo de vídeo; Uber leva 694 passageiros de carona; os
assinantes da Netflix transmitem quase 77.000 horas de vídeo. (BAHGA, 2019).
Segundo Bahga (2019) as características subjacentes do big data incluem:
 Volume: Big data é uma forma de dados cujo volume é tão grande que não caberia em
uma única máquina, desse modo ferramentas e estruturas especializadas são
necessárias para armazenar o processo e analisar esses dados. Por exemplo, aplicativos
de mídia social processam bilhões de mensagens todos os dias, enquanto sistemas de
energia podem gerar terabytes de dados de sensores todos os dias. Os volumes de
dados gerados pelas modernas TI, industrial, saúde, Internet das Coisas e outros
sistemas estão crescendo exponencialmente impulsionado pela redução dos custos de
armazenamento de dados e arquiteturas de processamento e a necessidade de extrair
informações valiosas dos dados para melhorar os processos de negócios, eficiência e
serviço aos consumidores.
 Velocidade: refere-se à rapidez com que os dados são gerados. Dados gerados por
determinadas fontes podem chegar a velocidades muito altas, por exemplo, dados de
mídia social ou dados de sensores. Velocidade é outra característica importante de big
data e a principal razão para o exponencial crescimento de dados. A alta velocidade de
dados resulta no volume de dados acumulados para se tornarem muito grande, em um
curto espaço de tempo. Alguns aplicativos podem ter prazos rígidos para análise de
dados (como negociação ou detecção de fraude online) e os dados precisam ser
analisados em tempo real. Ferramentas especializadas são necessárias para ingerir
esses dados de alta velocidade na infraestrutura de big data e analisar os dados em
tempo real.
 Variedade: refere-se às formas dos dados. Big data vem em diferentes formas, como
estruturado, não estruturados ou semiestruturados, incluindo dados de texto, imagem,
áudio, vídeo e dados de sensores. Os sistemas de dados precisam ser flexíveis o
suficiente para lidar com essa variedade de dados.
 Veracidade: refere-se à precisão dos dados. Para extrair valor dos dados, os mesmos
precisam ser limpo para remover o ruído. Os aplicativos orientados a dados podem
colher os benefícios do big data apenas quando os dados são significativos e precisos.
Portanto, a limpeza dos dados é importante para que dados incorretos e defeituosos
possam ser filtrados.
 Valor: refere-se à utilidade dos dados para a finalidade pretendida. O objetivo final de
qualquer sistema de análise de big data é extrair valor dos dados. O valor dos dados
também é relacionado com a veracidade ou precisão dos dados. Para algumas
aplicações o valor também depende quão rápido somos capazes de processar os dados.
2.3.3 Cibersegurança
A indústria 4.0 necessita de segurança em comunicação de seus equipamentos
industriais, laboratórios de pesquisa e de seus escritórios comerciais desenvolvendo
estratégias e campanhas de lançamentos de novos produtos invioláveis. A cibersegurança visa
proteger de ataques maliciosos o hardware, o software, as redes, a infraestrutura tecnológica,
os serviços e os dados. Essa proteção é alcançada pelo uso de diversas tecnologias que
necessitam ser atualizadas constantemente, pois as violações de dados crescem a cada ano.
(MARIOTTONI, 2021).
Dentre as principais medidas de se preservar a integridade dos dados temos o controle
de acesso, a assinatura digital, isolamento de conexão e o monitoramento periódico das redes.
Parte da segurança da informação depende dos acessos que você concebe às pessoas, de modo
que é relevante definir identificações digitais e restrições de acessos dos colaboradores aos
setores e as áreas de infraestrutura, de modo que se deve manter sistemas de detecção de
invasores presenciais e digitais sempre atualizados. (SENIOR, 2020).

Assinaturas digitais também são uma maneira eficaz de manter a segurança dos seus
dados, de modo que apresentam um tipo avançado e seguro de criptografia que segue os
padrões de cibersegurança, por meio delas se pode atingir um alto nível de confiabilidade,
fazendo com que a sua empresa tenha autoridade e autenticidade nos documentos. (SENIOR
2020).

Algo que também ajuda muito a manter a proteção dos dados é adotar uma Intranet.
Ao invés de conectar dispositivos e máquinas direto a internet, é possível criar uma Intranet
que vai possibilitar muito mais segurança, além de permitir a comunicação entre filiais e
matriz, já que proporciona que pessoas com acesso concebido acessem os dados de outros
lugares. (SENIOR, 2020).

2.3.4 Computação em nuvem

A computação em nuvem é um termo que descreve um ambiente de computação


formado por uma rede de servidores, virtuais ou físico, em outras palavras um conjunto de
recursos, como capacidade de processamento, armazenamento, conectividade, plataformas,
aplicação e serviços disponibilizados na internet. (ALBERTIN, 2021).

As principais características básicas dessa tecnologia permitem atingir dois requisitos:


alta escalabilidade e alta usabilidade. A nuvem permite aumentar a disponibilidade e precisão
dos dados e com essas características, o armazenamento em nuvem simplifica um
maior compartilhamento de dados em diferentes localidades e em sistemas que vão além do
servidor da empresa, fornecendo uma grande redução de custos e uma maior flexibilidade de
reação a mudanças esperadas e inesperadas, alcançando tempos de reação de alguns
milissegundos. (ALBERTIN, 2021).

Segundo Albertin (2021) os tipos de serviços já disponíveis em computação em


nuvem são os seguintes:  

 aplicativos (Software as  a Service – SaaS): modelo de nuvem de uso (serviço) de
software baseado em nuvem, em outras palavras o fornecedor do programa é
responsável pela disponibilização da estrutura em nuvem permitindo o acesso ao
cliente via internet (gratuito e/ou pago). Como exemplos temos: Microsoft 365,
Netflix e Spotify; 
 plataformas (Platform as a  Service – PaaS): modelo de nuvem em quem se contrata
um ambiente completo de desenvolvimento. Nesse modelo, é possível modificar, criar
e otimizar as aplicações específicas. Existem vários tipos de PaaS incluindo privado,
público e híbrido. Alguns exemplos de plataformas são: SAP Cloud Platform, RedHat
e IBM Cloud; 
 infraestruturas (Infrastructure as a Service - IaaS): modelo de nuvem que disponibiliz
a recursos computacionais, como armazenamento, processamento, memória,
servidores, que podem ser acessados via internet. Alguns exemplos de infraestruturas
são: Amazon, Microsoft Azure e Google Cloud. 

Com a utilização da computação em nuvem, os usuários não precisam adquirir


plataformas e infraestruturas computacionais, nem mesmo instalar e gerenciar softwares em
seus dispositivos moveis. Os serviços em nuvem podem ser contratados sob demanda,
disponibilizados na web (nuvem) por alguma empresa fornecedora de serviço. Desse modo
podemos perceber como a computação em nuvem e a Indústria 4.0 andam juntas.
(ALBERTIN, 2021).
2.3.5 Manufatura Aditiva

A inovação da Manufatura aditiva ou impressão 3D abrirá espaço para criação de uma
grande variedade de peças por meio da impressão 3D que permitirá desenvolver a matéria
prima sem a necessidade de utilização de moldes físicos de modo a garantir maior
flexibilidade no desenvolvimento do processo. (LUZ, 2021).

2.3.6 Simulação Virtual

Na prática, possibilita virtualizar fielmente o funcionamento das plantas e


procedimentos industriais, abrangendo funcionários, máquinas e funções operacionais. Na
Indústria 4.0, a Simulação Digital possibilita às fábricas a oportunidade de se tornarem mais
inteligentes e eficientes no que se refere aos seus meios de produção. (SENAI, 2019).

Uma de suas aplicações mais categóricas é chamada de "gêmeos digitais", que


estabelece, em um campo totalmente virtual, uma representação idêntica de toda a cadeia
produtiva de um produto, por exemplo. (SENAI, 2019).

Obtenção de maior controle sobre os processos, otimização do resultado geral da


produção, aumento na qualidade dos trabalhos, identificação e minimização de erros; são
esses os objetivos principais da Simulação Digital. A premissa desse conceito está na previsão
de como os processos de produção serão introduzidos na indústria, antecipando melhorias e
evitando os problemas e contratempos que poderiam surgir em relação aos resultados da
fábrica. (SENAI, 2019).

A virtualização dos procedimentos industriais também tem como propósito ajudar os


gestores a tomarem decisões mais rápidas e acertadas. Isso porque a tecnologia é associada ao
uso de dados reais e coletados em tempo real. (SENAI, 2019)..

2.3.7 Robótica

No passado um robô era definido como uma máquina, que consistia em um dispositivo
mecânico especial, exempo disso eram as estátuas controladas por humanos utilizadas por
egipcios e durante os séculos XVII e XVIII foram construídas criaturas realísticas baseadas
em mecanismos de relógios que podiam fazer atividades como assinar documentos e tocar
piano. Entretanto atualmente se entende como robôs mecanismos capazes de pensar,
raciocinar e resolver problemas de modo a desenvolver cada vez mais semelhança a seres
humanos. (MATARIC, 2007).

Segundo Gasparotto (2021) a robótica industrial surgiu na década de 50, e a partir


de então o uso de robôs é uma realidade crescente dentro das indústrias, fator que
proporcionou a automação industrial. Sendo assim os robôs passaram a realizar tarefas
complexas, de uma forma mais econômica e com grande precisão e na indústria 4.0 o uso de
robôs tem sido uma característica evidente.

A importância da utilização da robótica dentro da indústria e de outros setores


está relacionada à permanência humana em ambientes insalubres. A automação robótica
pode realizar desde operações de transporte até o uso de robôs com visão integrada e
adaptação em tempo real. Entretanto o objetivo da robótica dentro das indústrias não é a
substituição da mão de obra humana, porém somar eficiência e eficácia ao processo
produtivo. GASPAROTTO (2021).

2.4 Usinagem dos metais


As operações de usinagem são aquelas que ao conferir à peça a forma, as dimensões e
o acabamento produzem cavaco. Cavaco por sua vez é definido como a porção de material
retirado da peça por meio da utilização de uma ferramenta de corte, sendo caracterizado por
apresentar forma geométrica irregular (FERRARESI, 1977).
A usinagem é reconhecida como o processo de fabricação mais popular no mundo,
empregando dezenas de milhões de pessoas (TRENT, 1985).
3 METODOLOGIA
O desenvolvimento do trabalho consiste na elaboração de um plano de automatização
de um torno mecânico, relacionando os conceitos vistos em usinagem com as tecnologias
presentes na Indústria 4.0. Para isso ser possível é necessário a compreensão do princípio de
funcionamento de um torno mecânico e dos processos de automação industrial.
Em paralelo a isso a será elaborado um comparativo entre o torno mecânico e um
torno CNC; representando suas partes, seu princípio de funcionamento e suas
particularidades. Em posse desse comparativo será realizada uma análise dos mesmos para
assim poder discutir sobre quais parâmetros mais influenciam no processo de usinagem.

3.1 Objetivo geral


Este trabalho possui como objetivo o estudo do processo de automação de um torno
mecânico, de modo a relacionar os conceitos vistos sobre Indústria 4.0, como Big Data e
Internet das Coisas, a teoria vista em usinagem, abrangendo o processo de torneamento com a
sua respectiva máquina-ferramenta.

3.2 Objetivos específicos


 Fazer um comparativo entre o funcionamento de um torno mecânico com um torno
CNC;
 Compreender o processo de automação de um torno mecânico;
 Desenvolver métodos de correlacionar os parâmetros de usinagem as tecnologias
presentes na Industria 4.0.
4 RESULTADOS E DISCUSSÕES
O objetivo do presente trabalho é correlacionar os conceitos vistos em usinagem dos
metais com as tecnologias presentes na Indústria 4.0, de modo a realizar uma análise
individual de cada tecnologia a sua aplicação na área de usinagem dos metais.

4.1 Big Data aplicado a usinagem


Os elementos relacionados a usinagem são complexos e abrangem interações químicas
e físicas, a força de corte, a geometria da ferramenta, a temperatura do material, dentre outros.
Muitos parâmetros são necessários para representar esses elementos; a exemplo disso temos
que a ferramenta de corte inclui a geometria da ferramenta, material da ferramenta e
correspondência entre a geometria e o material enquanto as condições de usinagem incluem
parâmetros de corte, tipo de refrigerante, posição da ferramenta e propriedades de fixação.
Fatores de desempenho relacionados a força e calor consistem em controle de cavacos,
desgaste da ferramenta e fratura. (YIN, 2018).
Levando em consideração a complexidade do processo de usinagem, temos que os
dados são de grandes dimensões, nesse sentido o volume de Big Data é necessário para
garantir a precisão do treinamento, sendo a coleta de dados em tempo real necessária para
monitorar os processos de usinagem e a atualização dos dados é importante para corrigir o
estado da máquina-ferramenta. (YIN, 2018).
Otimizar o processo desde o pedido até a peça final usando métodos convencionais é
extremamente difícil, para isso o processo pode ser representado por dados atribuídos, sendo
assim uma abordagem DPP enriquecida baseada em análise de dados para abordar o processo
como um todo se faz necessária; de modo que a máquina-ferramenta, ferramenta de corte e as
condições de usinagem podem ser decididas em conjunto, como mostrado na figura abaixo.
(YIN, 2018).
Figura 2: Estrutura de tomada de decisão do DPP enriquecido.

.
Fonte: Yin (2018).

O DPP adota um esquema de otimização em três etapas: otimizar globalmente a


máquina-ferramenta, ferramenta de corte e condições de usinagem; obter localmente a
ferramenta de corte ideal e condições de usinagem após a seleção de uma máquina-ferramenta
e otimizar localmente as condições de usinagem após selecionar uma ferramenta de corte.
Cada recurso de usinagem é representado por atributos de dados de alta dimensão, o que
permite um padrão entre os recursos a serem minerados pelo algoritmo da máquina. Desse
modo novas máquinas, materiais e ferramentas de corte podem ser otimizados. (YIN, 2018).
4.2 Computação em nuvem aplicado a usinagem
A previsão da vida da ferramenta, rugosidade superficial e força de corte é algo
complexo, embora os modelos preditivos sejam muito necessários para a otimização, deve
haver uma provisão para ajustar os resultados de otimização off-line durante a usinagem, pois
há vários parâmetros relacionados à máquina, ferramenta e ambiente de corte que os modelos
preditivos não podem levar em conta. (MURALIDHAR, 2012).
Levando em consideração a disponibilidade de infraestrutura de computação em
nuvem, é possível desenvolver modelos preditivos confiáveis e realizar a otimização offline
em uma nuvem. Os resultados offline fornecidos pela nuvem podem ser ajustados no lado do
cliente e o feedback pode ser fornecido à nuvem. (MURALIDHAR, 2012).
Na área de otimização de processos e compartilhamento de informações usando
tecnologias web é possível desenvolver um sistema especialista interativo baseado na web
para otimização de fresamento de passe único para a seleção de condições de corte ótimas
usando algoritmos genéticos, de modo a permitir que o usuário acesse bancos de dados
relevantes e calcule os resultados de acordo com a solicitação/entrada do usuário e gere
documentos HTML para enviar de volta as informações correspondentes. (MURALIDHAR,
2012).
A seleção dos parâmetros ótimos para o processo é uma etapa importante na usinagem,
de modo que pesquisadores investigaram problemas de usinagem simples e multipasse
visando reduzir o custo e o tempo de produção, para tal eles usaram técnicas como
programação geométrica, minimização sequencial irrestrita, programação de metais e
programação técnica. É possível desenvolver um modelo de programação não linear para
otimizar as condições de corte para um processo de torneamento. (MURALIDHAR, 2012).
O banco de dados consiste em estruturas de dados organizadas. O sistema de banco de
dados relacional “MySQL” é utilizado para armazenar informações no servidor web. A
rugosidade superficial e a vida útil da ferramenta obtidas durante o processo de otimização
online, sob diferentes condições de corte, são armazenadas. (MURALIDHAR, 2012).
A implementação baseada na web permite que os usuários acessem informações do
banco de dados. Para um processo de usinagem específico, o usuário envia os dados de
entrada (ou seja, profundidade de usinagem e valor máximo de rugosidade da superfície
permissível). O script do pré-processador de hipertexto (PHP) busca as informações do
respectivo banco de dados para exibição na tela do navegador. (MURALIDHAR, 2012).
As informações de usinagem on-line relacionadas a diferentes processos de usinagem
são armazenadas no banco de dados. É um sistema de gerenciamento de banco de dados
relacional que funciona como um servidor fornecendo acesso a vários usuários e a vários
bancos de dados. A estrutura da tabela consiste em diferentes variáveis de campo, seu tipo e
recursos extras, como incremento automático e chave primária usada para indexar os
conjuntos de dados. (MURALIDHAR, 2012).

4.3 Cibersegurança aplicado a usinagem


Na manufatura moderna, a crescente adoção da Indústria 4.0 e suas tecnologias
relacionadas está introduzindo um nível de conectividade sem precedentes para a fabricação
de sistemas físicos cibernéticos. Infelizmente, isso gerou oportunidades para os invasores
cometerem ciberataques que visam infligir alterações físicas prejudiciais em um produto, um
processo e/ou todo um sistema de produção . (MOHAMMED, 2019).
Os ataques orientados visam interromper os processos de fabricação, o que pode ser
realizado por meio de vários ataques C2P, como destruição/ incapacitação de equipamentos,
cancelamento de remessas de matérias primas ou ativação de sistemas de supressão de
incêndio. Os ataques orientados ao produto visam alterar maliciosamente a intenção do
projeto de uma peça com a esperança de que a peça alterada chegue ao cliente.
(MOHAMMED, 2019).

4.4 Internet das coisas aplicado a usinagem


De modo a detectar e monitorar as condições da fresa de topo em tempo real, um
sistema inteligente de Internet das Coisas (IoT) dedicado ao monitoramento online das
condições da fresa de topo pode ser desenvolvido, permitindo assim extrair a sequência de
dados contendo as informações altamente relacionadas às condições da fresa de topo, sendo
proposto um algoritmo de extração de dados simples baseado em correlação senoidal. Ao
explorar em tempo real a sequência de dados extraída por meio do algoritmo de mineração de
dados desenvolvido no servidor de borda de Controle Numérico Computadorizado (CNC), as
condições da fresa final podem ser monitoradas on-line e, consequentemente, a decisão pode
ser tomada em tempo real. (ZHAN et al, 2019).
Atualmente, a manufatura inteligente é um tema relevante e atrai grande atenção tanto
da academia quanto da indústria. As demandas por corte e retificação de alta velocidade, alta
precisão e alta eficiência continuam a crescer devido à crescente necessidade de usinagem
rápida e entrega de peças com uma variedade de formatos complicados. Entretanto, o tempo
de inatividade causado pela falha da ferramenta e possíveis danos consequentes da máquina é
um fator econômico importante, pois o custo do tempo de inatividade é alto. (ZHAN et al,
2019).
De acordo com a mineração de dados online no servidor IoT, a sugestão de ação
adaptativa e/ou corretiva adequada será dada imediatamente. Portanto, o monitoramento on-
line das condições da fresa de topo é um trabalho significativo. No entanto, devido à
complexidade do processo de corte e alta exigência de o hardware, o monitoramento on-line
das condições da fresa de topo também é um grande desafio. (ZHAN et al, 2019).
Figura 3: Arquitetura do sistema de monitoramento online das condições da fresa de topo.

Fonte: Zhan et al (2019).

A figura acima nos mostra um dispositivo de monitoramento inteligente, rede sem fio
e servidor de borda CNC, de modo que a função do monitoramento do dispositivo é cortar os
materiais metálicos enquanto detecta a condição da ponta da ferramenta e enviando via rádio
sem fio. A função da rede sem fio é transmitir e coletar dados do acelerômetro, incluído coleta
de dados do dispositivo de monitoramento inteligente para bluetooth. (ZHAN et al, 2019).
4.5 Manufatura aditiva aplicado a usinagem
A interação entre manufatura aditiva e processos de microfabricação por remoção
mecânica correspondem a uma alternativa para a fabricação de dispositivos em microescala
com precisão geométrica e controle do acabamento. Além das questões relacionadas ao
acabamento, ocorrem problemas ligados aos processos de remoção mecânica, como é o caso
do microfresamento. A formação de rebarbas é um dos principais tópicos a ser abordado, de
modo que as rebarbas influenciam na qualidade dos componentes e são de difícil remoção.
(ASSIS, 2019).

4.6 Simulação Virtual aplicado a usinagem


A geração de programas NC para máquinas ferramentas multieixos livres de colisões e
invasões da ferramenta na geometria da peça não é um exercício simples de ser resolvido, isso
porque o sistema CAM gera a trajetória da ferramenta sem levar em considerações os
movimentos característicos da máquina-ferramenta a ser utilizada. (SCHÜTZER, 2021).
Depois de feito o pós processamento da trajetória da ferramenta reproduzida pelo
sistema CAM, o programador não tem conhecimento pleno dos movimentos, de modo que é
necessário a verificação do programa NC por meio de testes de usinagem na própria máquina-
ferramenta, entretanto isso acrescenta um grande risco de colisão entre eixos, peça e
ferramenta, além de ocasionar um maior tempo para análise e verificação de possíveis erros.
(SCHÜTZER, 2021).
Nesse contexto a simulação virtual de máquinas-ferramentas se mostra uma
importante ferramenta para verificação de erros em um programa NC, pois ela permite
analisar e corrigir erros do programa NC por meio da simulação virtual dos movimentos dos
eixos, de modo a permitir um menor tempo de ajuste do programa e menor risco de colisão da
máquina-ferramenta. (SCHÜTZER, 2021).
Segundo Schützer ( 2021) A usinagem de peças complexas com máquinas multieixos
envolve as seguintes etapas:
 geração da peça em um sistema CAD: a qualidade do modelo geométrico tem
influência sobre o processo de usinagem, pois peças com superfícies descontínuas e
com má qualidade superficial podem ocasionar problemas na geração da trajetória da
ferramenta e eventual colisão;
 geração da trajetória em um sistema CAM: são estipulados os tipos de tolerância CAM
para cada método de usinagem (desbaste, pré-acabamento e acabamento), tipos de
estratégia de corte, os dados de ferramentas e suportes (holders). É gerado o arquivo
contendo as coordenadas da trajetória da ferramenta (CL - Cutter Location);
 verificação de erros da trajetória da ferramenta pela visualização gráfica entre a peça e
ferramenta;
  pós-processamento – ocorre a tradução das coordenadas da trajetória da ferramenta
em linguagem que a máquina-ferramenta entenda, gerando o programa NC;
  realização de testes com usinagem em “vazio” ou em resina na própria máquina-
ferramenta, o que aumenta o risco de colisão; 
 modificação do programa NC, caso ocorra a detecção de problemas.
A simulação de usinagem com máquina-ferramenta virtual possibilita ao programador
verificar a trajetória da ferramenta e analisar as possíveis falhas dentro da programação, além
de analisar a transição entre métodos de usinagem e otimizar os processos de programação e
usinagem. (SCHÜTZER, 2021).

4.7 Robótica aplicada a usinagem

Antes de serem aplicados à usinagem direta, os braços robóticos foram usados para
trabalhos relacionados à usinagem. Alguns estudos mostraram que os robôs podem ter um
bom desempenho no polimento, retificação e rebarbação. Isso criou uma excelente
oportunidade para os robôs se destacarem nas operações de polimento porque um braço
robótico articulado pode posicionar facilmente a ferramenta de polimento em qualquer
posição necessária. (CHEN, 2012).
Quanto às operações de fresagem, muitos estudos relataram resultados mistos
mostrando que muitas melhorias devem ser feitas antes que a fresagem robótica possa ser
prontamente aplicada às operações de fresagem. É interessante notar que os robôs articulados
apresentam alguns problemas como baixa repetibilidade, mas os robôs foram primeiramente
aplicados com sucesso nas operações de acabamento de usinagem (polimento e retificação)
onde os requisitos de qualidade da superfície das peças são altos. (CHEN, 2012).
5 CONCLUSÃO
O desenvolvimento do presente trabalho estabeleceu os conceitos básicos sobre a
Indústria 4.0 e suas tecnologias, de modo a relacionar cada uma delas com a usinagem dos
metais, apresentando as vantagens e desvantagens da introdução da Indústria 4.0 na usinagem
e com isso foi possível chegar as seguintes conclusões:
 As tecnologias presentes na Industria 4.0 podem influenciar positivamente diversas
áreas de aplicação da usinagem, melhorando os processos de fabricação de peças e
ferramentas de corte;
 A simulação virtual possibilita o programador a visualizar a trajetória da ferramenta e
analisar possíveis falhas que dificilmente seriam percebidas por uma varredura
manual;
 Apesar dos avanços em áreas como robótica e automação ainda é extremamente
importante a presença do técnico ou operador para realizar o processo de usinagem.
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