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FACULDADE VENDA NOVA DO IMIGRANTE

GUILHERME MORO BIGARAN

CONSTRUÇÃO 4.0 NO BRASIL: DESAFIOS E OPORTUNIDADES


NA APLICAÇÃO DE AUTOMAÇÃO E ROBÓTICA

VENDA NOVA DO IMIGRANTE, ESPÍRITO SANTO


2022
FACULDADE VENDA NOVA DO IMIGRANTE

GUILHERME MORO BIGARAN

CONSTRUÇÃO 4.0 NO BRASIL: DESAFIOS E OPORTUNIDADES


NA APLICAÇÃO DE AUTOMAÇÃO E ROBÓTICA

Trabalho de conclusão de curso


apresentado como requisito
parcial à obtenção do título
especialista em ENGENHARIA
DE CONTROLE E
AUTOMAÇÃO INDUSTRIAL

VENDA NOVA DO IMIGRANTE, ESPÍRITO SANTO


2022
CONSTRUÇÃO 4.0 NO BRASIL: DESAFIOS E OPORTUNIDADES
NA APLICAÇÃO DE AUTOMAÇÃO E ROBÓTICA

Guilherme Moro Bigaran1

Declaro que sou autor(a)¹ deste Trabalho de Conclusão de Curso. Declaro também que o
mesmo foi por mim elaborado e integralmente redigido, não tendo sido copiado ou extraído, seja parcial
ou integralmente, de forma ilícita de nenhuma fonte além daquelas públicas consultadas e corretamente
referenciadas ao longo do trabalho ou daqueles cujos dados resultaram de investigações empíricas por
mim realizadas para fins de produção deste trabalho.
Assim, declaro, demonstrando minha plena consciência dos seus efeitos civis, penais e
administrativos, e assumindo total responsabilidade caso se configure o crime de plágio ou violação
aos direitos autorais. (Consulte a 3ª Cláusula, § 4º, do Contrato de Prestação de Serviços).

RESUMO- No contexto da Quarta Revolução Industrial, o tema da pesquisa é a aplicação de


automação e robótica na construção civil brasileira, a qual envolve transformação digital e virtualização
de sistemas e processos. O objetivo principal é ampliar o entendimento sobre o tema, conhecer o
fenômeno da construção 4.0 e suas implicações na construção civil brasileira. O objetivo específico é
validar a aplicabilidade da Quarta Revolução Industrial na construção civil nacional. Utilizou-se a
metodologia de pesquisa bibliográfica básica e exploratória, com abordagem qualitativa. O
procedimento de pesquisa consistiu na coleta de informações a partir da bibliografia, selecão de
informações análise e identificação de tecnologias e inovações adotadas no Brasil, bem como potencial
do setor. O problema de pesquisa consiste em identificar quais são os desafios e oportunidades, bem
como os efeitos potenciais a médio e longo prazo da Construção 4.0 no Brasil. Após análise e
resultados, conclui-se que a Quarta Revolução Industrial está sendo implantada de forma lenta no setor
de construção civil, sobretudo no Brasil, porém, é inegável o seu avanço, em especial, na automação
de processos.

PALAVRAS-CHAVE: Automação. Construção 4.0. Indústria 4.0. Revolução Industrial. Robótica.

1 E-mail: gmbigaran@gmail.com
1 INTRODUÇÃO

Considerando-se o contexto da Quarta Revolução Industrial, o tema da


pesquisa é a aplicação de automação e robótica na construção civil brasileira.
Tal fenômeno, característico da revolução atual, é conceituado como a Indústria
4.0 e seu desdobramento no campo da construção civil é chamado de Construção 4.0.
O problema de pesquisa consiste em identificar quais são desafios e
oportunidades, bem como os efeitos potenciais a médio e longo prazo da Construção
4.0 no Brasil.
Como possíveis respostas da análise, as oportunidades no Brasil podem elevar
o país a uma potência da construção civil, aplicando e aderindo às várias tecnologias
e inovações que se desenvolvem continuamente no mundo. Por outro lado, resta
saber se as dificuldades existentes no país podem impedir ou atrasar tal progresso.
O presente artigo tem como objetivo principal ampliar o entendimento sobre o
tema, ao analisar o cenário atual, entender o fenômeno da construção 4.0 e suas
implicações na construção civil brasileira. O objetivo específico é validar a
aplicabilidade da Quarta Revolução Industrial na construção civil, através de análise
de elementos de tecnologias em aplicação nacional, correlacionados aos conceitos
da indústria 4.0.
A relevância deste trabalho reside em possibilitar, a todas as partes envolvidas
na construção civil, mais conhecimento e melhor entendimento dos potenciais
impactos da indústria 4.0 no setor. Segundo a CBCI (2016), considerando-se o
advento de inovação em ferramentas e máquinas, reduzindo assim os custos de
produção e com ganhos na produtividade, há real possibilidade das condições de
trabalho serem aprimoradas com as inovações e a implantação da indústria 4.0. A
contribuição desse estudo se explica no fato de todas as pessoas interessadas no
setor de construção civil e indústria 4.0 poderem ser impactadas, de maneira positiva,
com melhorias em sua segurança e saúde, além da melhor qualidade de produtos e
serviços gerados pelo setor. Ressalta-se, ainda, que o estudo pode ser de grande
valor para estudiosos no assunto, haja vista a necessidade de solução de problemas
potenciais, pois a pesquisa gera conhecimentos novos e de significativa utilidade para
aplicação direcionada e prática.
Utilizou-se a metodologia de pesquisa bibliogŕafica; partindo-se da síntese e
estruturação conceitual, com resumo, análise e discução de informações já publicadas
anteriormente; haja vista que o trabalho é classificado como pesquisa básica e
exploratória, com abordagem qualitativa, coleta documental de dados, análise e
interpretação do conteúdo e dos resultados da pesquisa. O procedimento de pesquisa
consistiu, em primeiro momento, na coleta de informações a partir da bibliografia, com
base em dados de artigos científicos, selecionando-se aquelas informações mais
relevantes e atualizadas, apresentando ainda maior grau de relação com o tema
proposto. Após esse procedimento, os artigos foram analisados, de acordo com os
objetivos previamente definidos, e assim foi realizada a identificação de tecnologias e
inovações adotadas na indústria da construção civil no Brasil, bem como avaliado o
potencial de crescimento do setor com a implantação progressiva da Indústria 4.0.
O desenvolvimento do trabalho está dividido em cinco capítulos. O primeiro
capítulo trata da explicação do conceito Indústria 4.0 e qual a importância da
automação no fenômeno. O segundo capítulo aborda a robótica, relacionando-a com
o com o contexto da Quarta Revolução Industrial. O terceiro capítulo introduz o termo
“Construção 4.0” e descreve a ocorrência do fenômeno a nível mundial. O quarto
capítulo traz exemplos de aplicação das tecnologias da Indústria 4.0 no ramo da
construção civil, ou seja, a ocorrência da Construção 4.0 em variadas atividades. O
quinto capítulo insere o Brasil no contexto da Construção 4.0 e traz informações sobre
sua implantação nas empresas nacionais.

2 DESENVOLVIMENTO

2.1 Indústria 4.0 e automação

Antes da introdução da Indústria 4.0, historicamente, as Revoluções Industriais


são três: a Primeira Revolução Industrial, caracterizada pelo uso de carvão como
combustível e produção com máquinas a vapor; a Segunda Revolução Industrial,
marcada pelo uso de energia elétrica e pela linha de produção em série e a Terceira
Revolução Industrial, a qual se caracterizou por implementar a automação de
máquinas, computadores e a internet, como conhecemos. A Quarta revolução
Industrial, a qual ocorre nos tempos atuais, envolve a digitalização e virtualização,
entre outros. (SILVA, 2018)
Na vanguarda da revolução industrial atualmente em curso, na Alemanha se
tornou a nação pioreira, através de produção e implementação da tecnologia de
informação nas indústrias do país. (GONDIM, 2022)
Anunciado como a Quarta revolução Industrial, em 2011, na Feira de Hannover,
Alemanha, o conceito da Indústria 4.0 foi introduzido. (MADSEN, 2019), com a
finalidade de conectar consumidores, produtos, fornecedores e transportadores
através da transformação digital, automação e inteligência artificial, fundamentos
aplicados nos processos produtivos (OESTERREICH & TEUTEBERG, 2016;
MADSEN, 2019; PESSÔA & BECKER, 2020). Assim, o conceito foi difundido
aplamente, em sistemas gerais de trabalho como "Work 4.0"; também em setores
específicos, como por exemplo o "Controlling 4.0" em modelos de governança; o
"Education 4.0" em sistemas de educação; assim como o "Marketing 4.0". (MAZALI,
2018; MADSEN, 2019).
Em geral, quando falamos de Indústria 4.0, estamos nos referindo a sistemas
capazes de autodiagnóstico, autoconfiguração e autootimização por meio de sistemas
ciberfísicos, os quais permitem que as pessoas se dediquem a atividades mais nobres
e complexas, em vez de atividades repetitivas. Assim, a Indústria 4.0 permite a
conexão em tempo real de produtos, processos e infraestrutura, de modo que o
fornecimento produção, manutenção, entrega e atendimento ao cliente estejam
conectados em uma única cadeia via Internet. (REVISTA LÓGICA, 2015).
A infraestrutura tecnológica; constituida por Big Data, Analytics, robôs
automatizados, simulações, manufatura avançada, realidade aumentada e a internet
das coisas; torna possível implementar a indústria 4.0, de forma sustentável, nos
diversos processos de produção. (SANTOS, 2020)
A Internet das Coisas, ou IOT (Internet of Things) é a tecnologia que possibilita
a conexão entre objetos físicos através da internet, coordenando-se a execução de
cada ação dentro desse sistema, de acordo com a ABDI – Agência Brasileira de
Desenvolvimento Industrial. (SANTOS, 2020)
Essa nova forma de "networking" entre os objetos físicos permite a
flexibilização e modularização das cadeias, inclusive as mais complexas, pois os
objetos fisicos poderão se comunicar livremente através da Internet das Coisas.
(KAGERMANN, 2016).
Inteligência Artificial, segundo definição da ABDI, é o segmento da computação
que simula a capacidade de raciocínio humano, através de softwares e robôs que
tomam deciões, resolvem problemas e possibilitam, assim, automatização de diversos
processos. (SANTOS, 2020)
As arquiteturas inteligentes são configurações a partir de operações físicas ou
ambientes virtuais, para fabricar produtos e prestar serviços, bem como entregar
demais resultados produtivos, ou seja, através de tecnologias inteligentes com
interoperabilidade, a Indústria 4.0 é um modelo de produção virtualmente integrada e
habilitada. (SILVA JUNIOR; DOS SANTOS, R. C.; DOS SANTOS, I. L., 2020)
Segundo a Academia Nacional de Ciência e Engenharia Alemã – ACATECH, a
otimização nas linhas de produção é o principal benefício proporcionado pelos
Sistemas Cyber Físicos, permitindo consideráveis ganhos de produtividade e, por
consequência, as indústrias tornam-se globalmente mais competitivas e robustas.
(KAGERMANN, 2016).
Os Sistemas Cyber Físicos, segundo a ABDI, são o resultado da fusão entre os
mundos físico e digital, de modo que ocorre digitalização de todos os processos físicos
e todo o objeto físico relacionado ao processo, seja máquina ou linha de produção.
(SANTOS, 2020).
Muitas pessoas são impactadas, com melhor qualidade de vida, sendo
beneficiadas com a utilização de novas tecnologias, o que proporciona uma revolução
significativa na sociedade, proporcionando incontáveis possibilidades. Por outro lado,
os governos e empresas também devem levar em consideração os pontos negativos
identificados neste estudo, em relação às inovações caracterizadas pelo estudo.
(SANTOS, 2020).

2.2 Robótica

Para controle manual ou automático, a robótica é um conjunto de tecnologias


que envolve computação e robôs, através de circuitos elétricos e integrados
responsáveis por controlar sistemas mecânicos motorizados, compostos por partes
mecânicas. (McKerrow and John, 1986). (DE OLIVEIRA; GONÇALVES, 2014)
Assim, com o intuito de realizar atividades de maneira pré-programada ou, mais
recentemente, autônoma, o robô é um conjunto de dispositivos elétricos, eletrônicos,
eletromecânicos, mecânicos, biomecânicos e hidráulicos. Nesse contexto, robota
significa “atividade forçada”, conceito introduzido pelo tcheco Karel Capek no ano de
1920 e, a partir de então, os sistemas robóticos, capazes de controlar sistemas
elétricos, mecânicos e eletromecânicos, acompanharam contiuamente o
desenvolvimento da eletrônica. (GABRIEL; DO AMARAL; DE CAMPOS, 2018)
Oportunamente, para um sistema fisicamente construído, é possível analisar a
maneira de qualquer sistema de tecnologia executar determinada tarefa ou
desempenhar função em qualquer interface ou tecnologia, através da robótica, a qual
abrange um campo amplo e diversificado e, em suma, é a indústria relacionada à
engenharia, construção e operação de robôs, relacionada a várias outras indústrias
comerciais e direcionadas ao consumo. (SANTOS, 2020)
Para um processo de construção, um robô industrial pode ser implementado,
desde que seja realizado um estudo de custo prévio e detalhado, considerando-se
todas as vantagens e desvantagens inerentes à sua implantação, no que tange
aspectos de aquisição, manutenção e assim por diante, até sua efetiva utilização. (DE
OLIVEIRA; GONÇALVES, 2014)
Ressalta-se que, devido às características peculiares, deve-se avaliar também
o ambiente onde está inserida a construção. Dentre as características, pode-se citar:
estruturação e organização insuficiente, diversidade, complexidade, coexistência de
tarefas, e assim por diante, de tal forma que a robótica deve ser adaptada aos
problemas inerentes a determinado ambiente. (DE OLIVEIRA; GONÇALVES, 2014)

2.3 Construção 4.0

A seguir, abordam-se os fenômenos de tecnologia que integram o contexto da


Quarta Revolução Industrial, através da Indústria 4.0 (Madsen, 2019; Santos et al.
2019). A automação e a digitalização de processos que ocorrem na construção civil,
conferem características da Indústria 4.0 a qual, dentro desse contexto, é chamada
de Construção 4.0. (CRAVEIRO et al., 2019)
Caracterizada por integração de sistemas, a fim de melhorar segurança e
produtividade, a Construção 4.0 é uma transformação digital paradigmática com
ganhos de produtividade e efiência, abertura de novos mercados e criação de novos
produtos, com importância decisiva na modernização da indústria de construção.
(SANTOS, 2020)
O fenômeno da construção 4.0 tem a premissa de redução dos prazos de
entrega, redução de acidentes de trabalho e qualificação da mão-de-obra. Apesar de
tantos benefícios, por outro lado, a Construçaõ 4.0 envolve problemas como a estrutra
insuficiente das empresas do ramo, elevado custo de implantação e, muitas vezes,
dependência do escasso incentivo do Estado. (SILVA, 2018). A Construção 4.0 é o
principal elemento no início do sétimo período da Administração da Produção.
(SANTOS et. al., 2019)
Ademais, antes de se implantar novas tecnologias, deve-se considerar a
necessidade de uma análise completa em relação ao custo/benefício, não se atendo
apenas às finanças, mas também a ergonomia, disponibilidade, adequabilidade,
funcionalidade e o aspecto social envolvido, entre outros. Em termos gerais, espera-
se um impacto na mentalidade dos trabalhadores da construção civil, ao implementar
as mudanças necessárias. Assim, para obter os ganhos de produtividade que se
desejam, será necessário abandonar práticas artesanais já consagradas para poder
adotar novas técnicas padronizadas e gerenciáveis. (SILVA, KOVALESKI & PAGANI,
2019).
Em um contexto histórico, uma das primeiras indústrias a utilizar a Tecnologia
da Informação e Comunicação (TICs) foi justamente a indústria da construção civil. A
computação gráfica possibilitou projetos que já utilizavam desenhos assistidos por
computadores, na década de 1980. Também foi nessa década que se utilizaram os
primeiros softwares domésticos destinados à análise estrutural. Depois, na década de
1990, a informática da construção se tornou disciplinarmente independente da
pesquisa científica no âmbito da indústria de construção. (KLINC; TURK, 2019)
De fato, a automação é possível e necessária na construção civil, embora
existam os problemas já expostos e o setor de construção possua peculiaridades as
quais, em geral, signifiquem a existência de certo grau de resistência à aplicação de
robotização. (DE OLIVEIRA; GONÇALVES, 2014)
Apesar dos projetos de construção se tornarem cada vez mais complexos e
caros; o que pressiona os gestores para arriscar em custos, prazos e eficiência;
empresas inovadoras cada vez mais eliminam problemas que perduraram por
décadas, como por exemplo a dificuldade de compartilhar informações de projetos. A
indústria de Engenharia e Construção (E&C) entra em uma nova era, pois essas várias
novas empresas (startups) desenvolvem ferramentas e aplicativos que mudam a
maneira de projetar, planejar e executar projetos, através do desenvolvimento de
softwares e hardwares avançados, com recursos de análise e orientados à
construção. (BLANCO, 2017)
2.4 Exemplos de aplicação na Construção 4.0

A automação e a robótica atualmente já são aplicadas em edificacações, túneis,


pontes e estradas, bem como na topografia e nas inspeções de patologias de
edificações. Apesar desses avanços, a construção civil é um setor caracterizado por
ser mais resistente às mudanças, no que se refere à aplicação dessas novas
tecnologias, quando comparado às indústrias alimentícia, de telecomunicações,
química, petroquímica, farmacêutica e, principamente, a indústria automobilística, na
qual a indústria 4.0 já foi implantada de maneira mais ampla. (GABRIEL; DO AMARAL;
DE CAMPOS, 2018)
Máquina rebocadora – Utilizada no processo de construção, a máquina
utilizada para rebocar paredes é um exemplo de automação aplicada na construção
civil. Assim, é possível obter conforto do ambiente com boas propriedades acústicas
e térmicas, quando se utiliza a máquina, cuja função é aplicar argamassa de cimento
e areia em paredes constituidas de tijolos cerâmicos ou blocos de concreto, com o
objetivo de constituir uma superfície plana e impermeabilizante, propícia na recepção
de tintas, papéis de parede, texturas e outros tipos de acabamento. (CYRINO et al.,
2012).
Automação na demolição – As mesmas tecnologias utlizadas na construção
de edificações podem ser adaptadas para demolição. Adicionalmente, existe outra
motivação para utilizar sistemas de controle remotos ou autômatos, relacionada à
redução e prevenção de acidentes de trabalho. Por serem capazes de carregar
ferramentas de elevado poder destrutivo, a exemplo de pás, tesouras, marteletes e
britadeiras, entre outros, sistemas automatizados de demolição são considerados
vantajosos de tal ponto de vista, apesar de apresentar dificuldades para ser inserido
em ambientes como coberturas de edifícios mais altos, pois tais ambientes não são
projetados para suportar as elevadas cargas dos grandes equipamentos envolvidos
na modalidade. (GABRIEL; DO AMARAL; DE CAMPOS, 2018)

2.5 Construção 4.0 no Brasil

No caso do Brasil, a construção civil está em nível moderno e, ainda, no


caminho da industrialização. Devido à baixa qualificação dos trabalhadores da
construção civil, o setor ainda será dependente de uma gestão moderna e com
eficiência, apesar de algumas tecnologias já serem atualmente empregadas, como o
BIM (Building Information Modeling) ou Modelagem de Informação de Construção, de
grande importância para virtualização de projetos. (SOUZA & SANTOS, 2020). Este
passo é bem importante, já que o sétimo período da administração parte da premissa
de utilizar processos de construção civil previamente virtualizados, nos quais os
princípios de projeto (design principles) são fundamentais para tomar decisões.
(SILVA JUNIOR; DOS SANTOS R.C.; DOS SANTOS, I. L., 2020)
O desenvolvimento da sociedade e da economia são resultados importantes da
atuação da construção civil, mesmo que a produção no setor tenha sido por muitos
anos de forma predominantemente manual, sendo essa ainda a modalidade mais
difundida no Brasil. (GONDIM, 2022)
Nota-se que o operador da construção civil adquire seu conhecimento prático,
muitas vezes de maneira subjetiva, de modo que esse é o conhecimento que
prevalece no meio dos profissionais do ramo. Mesmo assim, é notável a utilização do
concreto usinado, máquinas e automação de processos, entre outros, os quais
favorecem a modernização da tecnologia, embora práticas artesanais ainda
prevaleçam no setor. (SILVA JUNIOR; DOS SANTOS R.C.; DOS SANTOS, I. L., 2020)
No âmbito da construção, em relação às tecnologias empregadas, existem três
principais tipos de processos: tradicional, convencional e industrializado. Enquanto o
processo tradicional é pautado no modelo artesanal, por outro lado, o processo
convencional é caracterizado pela divisão do trabalho e é parcialmente mecanizado.
Diferentemente de ambos, o processo industrializado é marcado por mecanização
total.
Nesse contexto, em operações mais pesadas, o ser humano é substituido pelas
máquinas e, dessa maneira, há no Brasil uma combinação da mecanização de
construção com as técnicas artesanais e convencionais. (DACOL, 1996).
A Indústria da Construção Civil (ICC), de acordo com a FIRJAN (Federação das
Indústrias do Estado do Rio de Janeiro), é um dos setores mais importantes para a
economia brasileira, pois o crescimento do setor está diretamente relacionado com a
capacidade de produção do Brasil. (SILVA, 2018)
Os maiores desafios no Brasil são aqueles em relação a segurança de dados
e a gestão de riscos, enquanto que os maiores investimentos são realizados para
superar dificuldades na utilização de software para gestão de projetos e do
relacionamento com clientes. (GONDIM, 2022)
Mesmo com a premissa de maior qualidade e redução de custos, a Câmara
Brasileira da Indústria de Construção Civil (CBIC) informa que o desenvolvimento da
construção 4.0 tem seu potencial limitado devido à insegurança de gestores e
profissionais do ramo, o que ocasiona investimento muitas vezes insuficiente nas
inovações do novo modelo de negócio. (SANTOS, 2020)
Ainda segundo a CBIC, atualmente há elevação de custo da mão-de-obra, pois
o mercado imobiliário apresentou crescimento desordenado e, dessa maneira,
aumentou também a busca de tecnologias com a finalidade de reduzir o número de
operários em obra. (SILVA, 2018)
Uma pesquisa realizada pela Confederação Nacional da Indústria (CNI), com
todas as indústrias do Brasil, revela que 48% das indústrias brasileiras utilizam ao
menos uma tecnologia consrução 4.0, considerando-se que, para empresas de
grande porte, esse percentual é de 63%, contudo, apenas 25% das empresas de
pequeno porte utilizam alguma tecnologia da construção 4.0. Por esse motivo, a CNI
conclui que o conceito “Indústria 4.0” ainda é desconhecido para muitos profissionais
do ramo e, ademais, a evolução apresentada é atualmente insuficiente para que o
conceito seja amplamente utilizado no país. (SANTOS, 2020)
Para não aumentar a disparidade entre o Brasil e os países mais desenvolvidos
ou, possivelmente, para que essa diferença diminua, a construção civil no país precisa
responder de maneira adequada à revolução e aos impactos de médio e longo prazo,
com as mudanças necessárias e, assim, assegurar a competitividade do setor.
(TADEU, 2016)
Não obstante, a Associação Brasileira de Normas Técnicas (ABENT) publicou
a Norma de Desempenho – NBR 15.575, a qual entrou em vigor no ano de 2013,
difundindo conceitos de gestão da qualidade. A norma em questão definiu um nível
de desempenho mínimo para os elementos principais da obra, ao longo da vida útil, o
que incentiva e até induz a inovação tecnológica em alguns sistemas de construção,
ao proporcionar a implantação de novos modelos de organização e inovação em
várias empresas do setor, o que atualmente constitui um núcleo dinâmico e moderno,
com desempenho semelhante a empresas europeias e americanas. (SILVA, 2018)
Assim, apesar se existirem pontos fracos e ameaças, deve-se ressaltar o
potencial no Brasil. É fato que o país apresenta grande dificuldade na aquisição e
incorporação de tecnologias da indústria 4.0 em meios produtivos, devido ao atraso
estrutural que contrasta as diferenças entre o Brasil e países mais desevolvidos, em
termos de infraestrutura, finanças, instituições e tecnologia. (GONDIM, 2022)
Contudo, com a volatilidade de mercado empresarial, também é verdade que
economias mais atrasadas têm mais oportunidades de crescimento, vantagem aliada
ao razoável equilíbrio da economia nacional, amenizando as externalidades negativas
que decorrem da incorporação das novas tecnologias, processo caraterizado por
elevado ritmo de disrupção, mudança e inovação. (GONDIM, 2022)

3 CONCLUSÃO

A Quarta Revolução Industrial está sendo implantada de forma lenta no setor


de construção civil, porém, é inegável o seu avanço, em especial, na automação de
processos. Apesar de ser um dos setores mais antigos da indústria, a construção civil
está em constante evolução, com o surgimento de novos materiais, técnicas, sistemas
construtivos e processos, seja na área de tecnologia, seja no que se refere à gestão
de processos.
Dessa maneira, A inovação tecnológica permite que as atividades sejam
realizadas com mais eficiência, reduzindo custos, prazos e, consequentemente,
aumentando a produtividade. Assim, a tendência é que as empresas do setor sejam
cada vez mais tecnológicas, com o objetivo de se manterem competitivas em um
mercado cada vez mais globalizado.
A pesquisa realizada pela CNI revela que a adoção de novas tecnologias na
construção civil brasileira é maior em empresas de grande porte, o que demonstra o
caminho a ser seguido pelas empresas do ramo. A pesquisa também revela que,
embora ainda existam muitas dúvidas sobre a efetividade de algumas tecnologias, a
tendência é de crescimento na adoção dessas tecnologias nos próximos anos.
A construção 4.0 é um fenômeno mundial que será cada vez mais intenso e
ainda salienta-se que, no Brasil, temos tudo para alcançar o sucesso nesse novo
modelo de negócio, desde que haja uma mudança de mentalidade e ação orientada
e conjunta por parte dos gestores e profissionais do ramo.
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