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A Gestão da Qualidade na Indústria 4.

The Quality Management on the Industry 4.0

Celso Green Júnior: Anhanguera Educacional. E-mail: celsogreen@outlook.com


Ayron Vinícius Pinheiro de Assunção: Centro Universitário Anhanguera de Campo
Grande. E-mail: ayron.assuncao@anhanguera.com

Resumo

A indústria é por definição a área da economia que representa a produção de bens de consumo.
Este artigo tem como principal finalidade criar uma relação entre a indústria 4.0 e a gestão da
qualidade. Também definida como a 4ª revolução industrial e nascida na Alemanha, a indústria
4.0 (I.4.0) não se resume apenas a automação industrial nos processos, mas sim a uma junção
entre conceitos (físicos, biológicos e digitais) e tecnologias. A I.4.0 está apoiada em dois pilares
principais, a automatização nos negócios, nas indústrias e na vida privada, e a conectividade que
elimina distâncias, reduz o tempo e consolida uma comunicação cada vez mais rápida e ampla.
Alinhado a tudo isso a gestão da qualidade busca uma conexão entre conceitos de inteligência
artificial (I.A), robótica, biotecnologia, nanotecnologia, impressora 3D com as ferramentas e
técnicas de qualidade. Dessa forma extrair indicadores de qualidade de toda cadeia de valores.
Essa fusão gera a indústria inteligente e os denominados produtos inteligentes. É através dos
indicadores de qualidade que a análise de resultados deve acontecer. Devido a esse nível de
integração e otimização das organizações, cada vez mais, elas devem se preocupar em atualizar
e capacitar seu time. As pessoas precisarão de habilidades e competências para absorver e
trabalhar com estes sistemas tecnológicos, para executar os processos.
Palavras-chave: Gestão da Qualidade; Industria 4.0; Ferramentas da Qualidade;
Indústria Inteligente

Abstract
Industry is by definition the area of the economy that represents the consumer goods production.
The main purpose of this article is to create a connection between Industry 4.0 and Quality
Management. Also known as The Forth Industrial Revolution, created in Germany, the Industry
4.0 is not only about industrial automation of processes, but rather to a join between concepts
(physical, biological and digital) and technologies. The I.4.0 is based on two main pillars:
business, industry and private life automation and connectivity to bypass distance and time for a
ever faster and wider communication. Aligned to all this, Quality Management seeks a bond
between concepts of Artificial Intelligence (A.I.), robotics, biotechnology, nanotechnology, 3D
printing with the use of quality tools and techniques. Thus, it is possible to extract quality
indicators from the entire value chain. This combination generates the intelligent industry and
the so-called intelligent products. It is through quality indicators that the analysis of results
should happen. Due to this level of integration and optimization of organizations, more and
more, they should be concerned about updating and empowering their team. People will need
new skills and competences to absorb, work and execute the processes of these technological
systems.
Keywords: Quality management, Industry 4.0; Quality tools; Smart Factory.
1 INTRODUÇÃO

A indústria como um todo vem sofrendo mudanças e adequações ao longo do


tempo. Tudo começou na primeira revolução industrial (1760 a 1860), com a criação da
máquina a vapor e as fábricas têxteis na Inglaterra. Logo depois aconteceu a segunda
revolução. Ela trouxe o emprego do aço, a utilização da eletricidade e dos combustíveis
fosseis, a invenção do motor a combustão, da locomotiva a vapor e o desenvolvimento
de produtos químicos como as principais inovações desse período. Então, em sequência
começou a era digital e o computador, a internet e o celular são os principais
acontecimentos deste momento, a terceira revolução industrial.

Neste cenário, o nome Indústria 4.0 foi desenvolvido na feira de Hannover


(Alemanha) no ano de 2011 e muito discutido no “Fórum Econômico Mundial” (2015).
Esta nova realidade trata-se de uma onda com forte presença digital e conectividade
entre as pessoas (P2P), entre máquinas (M2M) e entre máquinas e pessoas (M2P). O
foco principal está na troca e gerenciamento de informação (comunicação de dados).
(OIAN et al., 2017)

Segundo Oian et al. (2017), a história da gestão da qualidade mostra um


desenvolvimento contínuo desde o início da produção em larga escala, há mais de um
século. Nesta época a qualidade era focada apenas no produto final. Hoje ela é
responsável por diferentes partes, igualmente complexas, como: processos, produtos,
parceiros, fornecedores, clientes e colaboradores, além de suas relações internas. Tudo
isso interligado, fazendo parte de um sistema dinâmico.

Logo, a gestão de qualidade alinha-se a indústria 4.0 na tentativa de gerar um


melhor resultado na produção industrial. Assim, o objetivo principal deste artigo é
abordar o novo conceito de Indústria 4.0 (I.4.0) e suas interações e interfaces com a
Gestão da Qualidade e suas ferramentas.

2 MATERIAL E MÉTODOS

Neste tópico serão apresentados os conceitos e metodologias abordas na


elaboração deste artigo. Os itens a seguir visam realizar uma relação entre os conceitos,
ferramentas e técnicas da gestão da qualidade com a indústria 4.0.
2.1 Evolução Histórica

A primeira revolução industrial começou na Inglaterra (1760 a 1860), sendo


basicamente a substituição dos métodos artesanais por máquinas. O marco foi o
surgimento das máquinas a vapor. Logo depois, nas décadas seguintes, a história é
marcada pela segunda revolução industrial, que tomou conta da Europa e trouxe as
linhas de produção em massa com baixo custo e grandes avanços nas indústrias elétrica,
química e do aço. Em seguida veio a revolução digital, terceira revolução industrial. Ela
trouxe o uso dos computadores, semicondutores, robótica e automação das linhas de
produção, com a digitalização das informações, as comunicações, os telefones móveis e
a internet. (MENEZES, 2015)

Caminhando mais um pouco na história, em 2011 na Alemanha, na feira industrial


de Hannover falava-se em “Indústria 4.0”, também conhecida como a quarta revolução
industrial. A Error: Reference source not found ilustra de forma prática essa evolução. É
uma visão de conceito de fábrica inteligente (smart factory), flexível e ágil com
equipamentos inteligentes, produtos inteligentes em cadeias de abastecimento
inteligentes. O próximo tópico apresenta essa visão de conceito.

Figura 1: Evolução Industrial.

Fonte: MENEZES, 2015.


2.2 Indústria 4.0 (I.4.0)

As três revoluções anteriores trouxeram a produção em larga escala como


consequência. Publicamente conhecida a partir de 2011, a I.4.0 foi desenvolvida como
parte da estratégia governamental da Alemanha. O objetivo do governo era manter o
desenvolvimento contínua da competitividade industrial. (OIAN et al., 2017)

A sua origem, em geral, deve-se a demanda de clientes buscando produtos mais


personalizados. Hoje em dia, mais do que procurar produtos, o cliente procura
experiências, uma identificação com aquilo. Tudo é considerado na hora da compra,
desde a embalagem, a marca, o serviço de atendimento, serviços de pós-venda, o que os
outros dizem sobre o produto, o que o produto diz sobre si mesmo, como são partilhadas
as experiências por outros consumidores, o que se diz nas redes sociais, que informação
está disponível para que se possa fazer uma escolha conscienciosa baseada em fatos e
não apenas intuições.

O impacto da Indústria 4.0 vai para além da simples digitalização. É uma forma
muito mais complexa de inovação baseada na combinação de múltiplas tecnologias. Ela
força as empresas a repensar a forma como gerem os seus negócios e processos, como
se posicionam na cadeia de valor, com pensam no desenvolvimento de novos produtos e
os introduzem no mercado. Dessa forma, ajustando as ações de marketing e de
distribuição. (DELLOITE, 2014)

De acordo com Klaus (2016), algumas mudanças são esperadas com esse novo
modelo. A primeira delas como visto anteriormente é a alteração nas expectativas do
cliente. A segunda, também antes apresentada, é a necessidade de produtos mais
inteligentes e mais produtivos. Outra alteração está na forma de colaboração e parcerias,
com atenção especial a integração horizontal e vertical em toda a cadeia de valor. Por
último vem a transformação do modelo operacional e conversão em modelo digital.

Conforme OIAN et al. (2017), as organizações que estiverem dispostas a fazer


parte da I.4.0 devem atentar-se a conectividade e flexibilidade de toda a cadeia de
valores. Outro ponto chave é a digitalização da informação. A I.4.0 engloba muito mais
que apenas criação de valor, mas também a organização como um todo. Esta
abrangência dá-se através da tecnologia da informação, utilizada na ligação entre as
áreas da indústria, como por exemplo, a área produtiva, a de logística e a de marketing.
Anteriormente, na indústria “antiga”, independente do ramo ou tamanho da
empresa, o foco estava em desenvolver o melhor produto possível. Nessa nova visão
claramente isso mudou. Hoje o foco é a satisfação total do cliente, onde a conectividade
em tempo real alinhada aos sistemas ciberfísicos e a smart factory são as ferramentas
dessa nova fase. (OIAN et al., 2017)

2.3 Ferramentas e Técnicas da Industria 4.0 (F&T.4.0)

Neste tópico são abordadas as principais Ferramentas e Técnicas (F&T) da I.4.0


utilizadas como base na construção da relação com a Gestão da Qualidade.

2.3.1 Integração Horizontal

Este conceito que interliga todas as plantas de uma fábrica, não importando
distâncias ou fronteiras. A integração horizontal permite, através dos sistemas
ciberfísicos (CPS), que as etapas do processo compartilhem informação e recursos,
mesmos que cada planta esteja em um lugar do planeta. (OIAN et al., 2017)

2.3.2 Integração Vertical

Já a integração vertical acontece dentro da cadeia de valor. Ela faz uma conexão
de todo processo produtivo, interligando o local, as máquinas, os operadores e todos os
sistemas envolvidos no processo. Essa ligação acontece em todos os processos, desde a
aquisição de insumos até a entrega do produto acabado. (BLOEM, 2014).

2.3.3 Internet de Dados (IoD)

É basicamente o processo de armazenamento e gerenciamento de uma extensa


quantidade de dados. Além disso, a IoD manipula e organiza para que essas
informações em forma de dados possam ser melhor aproveitadas dentro do sistema.
(ANDERL, 2014)

2.3.4 Internet das Coisas (IoT)

Segundo Anderl (2014), em uma unidade produtiva, é preciso digitalizar os


movimentos dos produtos para planejamento e controle da qualidade. A IoT é a
responsável por essa atividade, utilizando sistemas de identificação como QR code,
Bluetooth, código de barras, entre outros.

2.3.5 Internet de Serviços (IoS)

Está é uma camada da I.4.0 que trabalha com os serviços da cadeia produtiva. IoS
interliga softwares a serviços, formando uma rede comunicativa entre consumidores
finais e prestadores de serviços. Tudo isso hoje acontece de forma virtual e online.
(CARDOSO, 2009)

2.3.6 Big Data

Devido ao grande fluxo e armazenamento de informações e dados é necessário ter


onde armazenar isso tudo. Segundo Venturelli (2016), este é o Big Data, basicamente
um grande banco de dados. Porém, nesse sistema, as informações são dinâmicas e a
análise dos resultados acontece constantemente e em tempo real.

2.3.7 Fábrica Inteligente (Smart Factory)

Sharma (2016) afirma que o conceito de fábrica inteligente é tido como a união
das etapas físicas e virtuais dos processos. Graças ao uso de aplicações de IA
(Inteligência Artificial) e ao crescente aumento dos sistemas ciberfísicos, é possível
combinar os processos comerciais com as máquinas físicas, realizando uma
automatização muito mais eficiente. O objetivo sempre foi automatizar ao máximo
qualquer processo em busca de reduzir os custos e esforços do trabalho.

2.3.8 Manufatura Aditiva

A manufatura aditiva é a fabricação de peças personalizadas por impressora 3D.


Esse setor da indústria vem crescendo apoiado sempre em desenvolver um produto com
a identidade do cliente. É um processo que utiliza a computação gráfica e o deposito em
camadas de material vem se tornando uma excelente ferramenta da indústria. (OIAN,
2017)

2.3.9 Manutenção Preditiva

Apoiada nas smart factories, a manutenção preditiva é a saída para evitar paradas
imprevistas na produção. Ela vigia e monitora todas as operações do processo produtivo
e indica o tempo de vida útil de uma máquina de forma precisa e está sempre
aprendendo com possíveis erros. O objetivo principal é evitar ao máximo a manutenção
corretiva, ou seja, não ser pego de surpresa. Segundo Cyrino (2016) com a instalação da
manutenção preditiva, é perceptível a diminuição tanto da manutenção preventiva
quanto da manutenção corretiva. Assim a máquina ou dispositivo, torna-se operante por
um tempo maior, gerando menos desperdício e gastos.

2.4 Ferramentas da Qualidade

Neste tópico são abordadas as principais Ferramentas da Qualidade utilizadas


como material de fusão entre a I.4.0 e a Gestão de Qualidade. Elas são: fluxograma,
folha de verificação, gráfico de Pareto, diagrama de causa e efeito, gráfico de tendência,
histograma, carta de controle e gráfico de dispersão.

2.4.1 Fluxograma

O fluxograma destina-se à descrição de processos. Por definição, um processo é


uma certa combinação de equipamentos, pessoas, métodos, ferramentas e matéria-
prima, que gera um produto ou serviço com determinadas características. Ele descreve a
sequência do trabalho envolvido no processo, passo a passo, e os pontos em que as
decisões são tomadas. É uma ferramenta de análise e de apresentação de forma visual
(blocos) o método e/ou procedimento envolvido no processo. A maior vantagem desse
método é a identificação clara do passo-a-passo da execução de cada processo. (LINS,
1993)

2.4.2 Folha de Verificação

Segundo Lins (1993), a folha de verificação é basicamente um quadro para


lançamento do número de acontecimentos de um certo evento, podendo ser este bom ou
ruim. A sua aplicação está ligada a observação de fenômenos. Observa-se o número de
ocorrências de um problema ou de um evento e anota-se na folha, de forma simplificada
e direta, a sua frequência.

2.4.3 Gráfico de Pareto

Este gráfico foi desenvolvido pelo economista italiano Vilfredo Pareto. Segundo
Lins (1993), ele observou que haviam poucas causas que implicavam em grandes
problemas e por outro lado, muitas causas que implicavam em pequenos probleminhas.
Na administração e nos processos industriais em geral, comprovou-se que o
comportamento dos problemas é semelhante. Dessa forma, é importante identificar
quais as causas principais e atacá-las efetivamente, de modo a obter o máximo ganho
em termos de solução para o problema em estudo.

É um gráfico de barras, onde cada causa é quantificada em termos da sua


contribuição para o problema e colocada em ordem decrescente de influência ou de
ocorrência. Então as causas significativas são, por sua vez, são alocadas em níveis
crescentes de detalhe, até se chegar às causas primitivas, que possam ser efetivamente
trabalhadas. Esta técnica de se quantificar a importância das causas de um problema, de
ordená-las e de desdobrá-las sucessivamente é denominada estratificação. (LINS, 1993)

2.4.4 Diagrama de Causa e Efeito (Ishikawa)

É conhecido como “escama de peixe” ou diagrama de Ishikawa, por ter sido


desenvolvida pelo engenheiro japonês Kaoru Ishikawa. Segundo Lins (1993), trata-se de
uma ferramenta muito utilizada quando precisa-se identificar as causas de um problema.
O diagrama permite, a partir dos grupos básicos de possíveis causas, desdobrar tais
causas até os níveis de detalhe adequados à solução do problema. Conhecido também
como escama de peixe, devido ao seu formato, esse diagrama separa em grupos básicos
os possíveis problemas (Error: Reference source not found).

Figura 2: Diagrama de Ishikawa.

Fonte: https://blog.egestor.com.br/diagrama-de-ishikawa/
Entre as vantagens dessa ferramenta estão: seu uso genérico, podendo ser
adaptada a qualquer problema; identificação do nível de compreensão que a equipe tem
do problema; evita desperdício de esforços com o estudo de aspectos não relacionados
com o problema; e uma modelagem educativa e autoexplicativa.

2.4.5 Gráfico de Tendência

Este é um gráfico simples, em coordenadas cartesianas, que descreve o


comportamento de uma variável ao longo do tempo ou em até mesmo em função de
outra variável de referência. A sua função é a identificação de tendências de
comportamento, facilitando identificar eventos ou problemas em estudo. (MIGUEL,
2006)

2.4.6 Histograma

Miguel (2006) afirma que o histograma é um gráfico de barras verticais que


apresenta valores de uma certa característica agrupados por faixas. É útil para identificar
o comportamento típico da característica em estudo. Usualmente, permite a visualização
de determinados fenômenos, dando uma noção da frequência com que ocorrem.

2.4.7 Carta de Controle

A carta de controle foi desenvolvida na década de 1920, pelo estatístico norte-


americano Walter Shewhart. Sua principal função é acompanhar processos. Para colocar
um processo sob controle, é preciso analisar todos os desvios significativos de
comportamento que estejam ocorrendo. Identificar claramente as suas causas e resolvê-
las sempre que possível. Quando o processo estiver sob controle, esses problemas terão
sido eliminados e ocorrerão apenas algumas variações eventuais, não sistemáticas e nem
aleatórias, em seu comportamento. Só assim, torna-se adequado estabelecer um ciclo em
que esse processo é observado e comparado com um padrão desejado de desempenho. O
estudo do comportamento do processo é desenvolvido com o apoio do Controle
Estatístico de Processos (CEP). (LINS, 1993)

2.5 Gestão da Qualidade

A norma brasileira ABNT NBR ISO 9000, define qualidade como o “grau no
qual um conjunto de características inerentes satisfaz a requisitos”. Apesar de seu
surgimento em meados da década de 1950, a gestão da qualidade e dos processos só foi
realmente absorvida e colocada como forma estratégica nos últimos anos. Isso se deu
principalmente ao fato da grande concorrência no mercado e a necessidade de um
produto ou serviço cada vez melhor.

Pode-se dividir a qualidade em quatro fases ao longo da história. A primeira é a


era da Inspeção de Qualidade, onde os produtos finalizados eram fiscalizados por olhos
treinados. A segunda fase é a do Controle Estatístico, no qual os funcionários anotavam
o número de peças defeituosas, número de falhas das máquinas, entre outras estatísticas.
A terceira etapa foi a da Garantia da Qualidade, onde o foco estava na padronização do
produto. A quarta e última é a Gestão da Qualidade, que abrange todos os conceitos
anteriores, mas a atenção está voltada para o gerenciamento de cada etapa envolvida.
Ela utiliza programas de melhoria contínua e ferramentas da qualidade. A satisfação do
cliente é o foco da Gestão da Qualidade. (SANTOS, 2017)

O conceito de Gestão da Qualidade é um dos mais importantes no mundo dos


negócios atualmente e evolui com o passar do tempo, a medida que as pessoas tornam-
se mais exigentes em suas avaliações. Isso se deve ou fato de que todo bem produzido
ou serviço ofertado deve ser fiscalizado. Dessa forma nasceram as normas
internacionais de qualidade (ISO 9000, por exemplo). A aproximação na relação entre
cliente e fornecedor ficou mais clara com o código de defesa do consumidor. Outra
característica que implicou no aumento da concorrência foi o surgimento de blocos
econômicos (União Europeia, por exemplo), colocando a gestão da qualidade de fato no
mundo das organizações. (OIAN et al., 2017)

Tendo a sua criação nos últimos anos, a I.4.0 se adere ao modelo de gestão
apresentado, com a smart factory funcionando dentro dos princípios da qualidade total.
Assim fica claro identificar que as ferramentas e técnicas da indústria 4.0 agregam valor
a Gestão da Qualidade.

3 RESULTADOS

Neste item que segue, são apresentados os resultados da fusão entre as


ferramentas e técnicas da I.4.0 e toda a Gestão da Qualidade.
3.1 Dados Conectados

Devido a interconexão dos sistemas, as informações do processo produtivo estão


disponíveis desde a aquisição de matéria prima, até a entrega do produto final. Através
dessa integração (horizontal e vertical), do Big Data e da hiperconectividade de tudo, a
produção oferece informações em tempo real.

Estas ferramentas fornecem dados que auxiliam nos protocolos de ajustes dos
processos, máquinas e layouts. Isso possibilita, em tempo real, o acompanhamento dos
indicadores de qualidade dentro de todos os processos, permitindo identificar
rapidamente as falhas, otimizando a produção e a tomada de decisão.

3.2 Virtualização de Processos

A simulação de processos e produtos em ambientes virtuais 3D é uma ferramenta


essencial do processo de criação e desenvolvimento da I.4.0. Com ela é possível simular
atividades realizadas pelos colaboradores identificando sempre o melhor fluxo antes de
uma implantação definitiva nas linhas dos processos produtivos, testando máquinas,
processos, ambientes e produtos. Isso evita possíveis retrabalho, gerando dessa forma
uma economia nos custos e nos tempos de criação.

3.3 Rastreabilidade

Esta é uma característica onde a fábrica desenvolve a capacidade de conhecer todo


o caminho de uma determinada matéria-prima, desde sua origem até o produto final
(Integração Horizontal). É gerado um histórico que fica no banco de dados (Big Data)
onde todas as informações de um determinado produto ou processo é armazenada.

O benefício desse sistema é um grande controle de produção, uma vez que é


possível acompanhar e fiscalizar todas as fases dos processos. Então caso haja um
problema qualitativo em qualquer etapa, este pode ser facilmente identificado e
corrigido (Integração Vertical).

3.4 Indústria Inteligente


A fusão dos itens anteriores, entrega como produto final, o conceito de indústria
inteligente (Smart Factory). Sempre trabalhando em configurações ciberfísicas (CPS),
de forma integrada e dispensando a participação direta do homem na operabilidade,
onde as máquinas interagem e aprendem entre si e tomam decisões dentro do processo
produtivo.

A flexibilidade, customização e eficiência são suas características marcantes neste


contexto, não só nos produtos, mas em tudo, desde os layouts de chão de fábrica, nos
processos e tomadas de decisão e principalmente nos produtos. Outro benefício está na
interoperabilidade da linha de produção e todos os equipamentos, gerando ganhos de
produtividade e a eliminação de tempos improdutivos.

4 CONCLUSÃO

Conforme apresentado, os benefícios da fusão dos conceitos e ferramentas da


gestão da qualidade com a indústria 4.0 são indiscutíveis. Além de gerar uma melhor
integração vertical (maquinas, processos e equipamentos) e horizontal (conectividade de
plantas em diferentes cidades/países), há um ganho de produtividade e eficiência devido
à redução no número de falhas e paradas. Outro benefício inegável está na instalação
das smart factories, onde a produção torna-se ininterrupta devido as ligações entre
máquinas, homem-máquina e homens. Isso envolvendo toda a cadeia de valores
(fornecedores, fabricantes e clientes).

Na questão de projetos, existe ainda a virtualização. Esse conceito permite que os


projetistas possam avaliar, virtualmente em uma simulação, possíveis alterações ou
modificações em produtos, antes dos mesmos entrarem, efetivamente, em produção e
corrigir falhas ou discrepâncias. Assim, pode-se afirmar que essa junção de gestão e a
I.4.0 é uma revolução industrial mais abrangente, envolvendo todas as questões desde as
econômicas até as socioambientais.

Como exemplo nos dias de hoje tempos a indústria automobilística. Nela é


possível ver a montagem de diferentes modelos em uma mesma linha de montagem de
forma sequencial e totalmente integrada com a logística de materiais e a programação
de máquinas e robôs. São processo otimizados, com uma grande redução de perdas,
assegurando sempre como foco a satisfação e bem-estar do cliente.
5 REFERÊNCIAS

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