Você está na página 1de 20

Gestão da Qualidade: A Nova Perspectiva a partir da Inserção da Indústria

4.0

Quality Management: The New Perspective from the Insertion of Industry


4.0

Caique Rodrigues da Silva de Oliveira, Universidade Federal Fluminense –


Campus Petrópolis, rodriguescaique@id.uff.br
Leonado Medina Soares, Universidade Federal Fluminense – Campus
Petrópolis, leonardomedina@id.uff.br
Marcelle Caldas Vicente, Universidade Federal Fluminense – Campus
Petrópolis, marcellecaldas@id.uff.br
Mariana de Azevedo Mello, Universidade Federal Fluminense – Campus
Petrópolis, mariana_a.m@outlook.com
Ercilia de Stefano, Universidade Federal Fluminense,
ercilia.stefano@gmail.com

Resumo: A qualidade se tornou um fator de suma importância para que um empreendimento


obtenha ganho no mercado atual, que está altamente competitivo e globalizado. Nessa mesma
conjuntura, a quarta revolução industrial, que vem sendo estudada enquanto ocorre, está
mudando os padrões de produção e se mostrando aliada para se obter eficiência e vantagem
competitiva. Diante da indústria 4.0, é notório que ocorreram mudanças no sistema de gestão da
qualidade, por intermédio da entrada de novas tecnologias. Dessa forma, o artigo em questão
tem o objetivo de mostrar uma nova ótica da gestão da qualidade a partir da influência das
ferramentas da Indústria 4.0. Este estudo apresenta contribuições que a 4ª revolução industrial
pode gerar na gestão da qualidade.

Palavras-chave: Gestão da Qualidade; Industria 4.0; Mudanças na Gestão da Qualidade;


Tecnologias da Indústria 4.0.

Abstract: Quality has become an extremely important factor for an enterprise to obtain gains in
the current market, which is highly competitive and globalized. At this same juncture, the fourth
industrial revolution, which has been studied while it is taking place, is changing production
patterns and proving to be an ally to obtain efficiency and competitive advantage. In front of
industry 4.0, it is clear that there were changes in the quality management system, through the
entry of new technologies. Thus, the article in question aims to show a new perspective of quality
management based on the influence of Industry 4.0 tools. This study presents contributions that
the 4th industrial revolution can generate in quality management.
Keywords: Quality Management; Industry 4.0; Changes in Quality Management; Industry 4.0
Technologies.
1 INTRODUÇÃO

Em um mercado globalizado e altamente competitivo, obter vantagem nunca foi


tão necessário para a sobrevivência de uma empresa como atualmente. Em seu
livro, Porter (1985) retrata que a qualidade é um fator primordial para que uma
organização obtenha vantagem competitiva no mercado, garantindo a eficiência
das atividades da cadeia de valor. Nesse sentido, a gestão da qualidade é um
fator imprescindível, uma vez que fiscaliza os produtos e serviços, desde o setor
de compras de matéria prima até ser entregue ao consumidor final. Portanto, o
controle de qualidade visa garantir a satisfação do cliente, o que aumenta ainda
mais o nível de competitividade da empresa.

Além disso, para Silva (2016), a imposição pela qualidade de produtos e serviços
teve início na era de inspeção com o cuidado dos clientes ao examinar os
produtos que estavam consumindo e, logo em seguida, sucede pela fase do
controle estatístico, que tinha o propósito voltado para as etapas internas do
processo que produzia produtos ou serviços.

Entretanto, “foi apenas na era da garantia da qualidade que houve a


preocupação de avaliar a qualidade não apenas como um processo,
mas sim como um conjunto de aspectos organizacionais. E, também,
com a era da qualidade total, que apresenta uma cadeia de valor,
modelo que auxilia a examinar atividades específicas, que estabelece
vantagem competitividade alcançada através do bom posicionamento
da empresa em gerar valor para seus consumidores.” (PORTER,
1985).
Portanto, a gestão da qualidade tem sido considerada uma função para obtenção
de competitividade no mercado. Segundo Paladini (2008), a exigência pela
qualidade de produtos e serviços tem origem na expansão da competitividade,
induzindo novos cenários de produção. Dessa forma, as organizações definem
produzir com qualidade como decisão estratégica para seu crescimento e
subsistência no mercado. Neste contexto, surge a quarta revolução industrial,
gerando transformações digitais e introduzindo a conexão entre homem e
máquina.

Além disso, é importante ressaltar que a ascensão da tecnologia tem gerado


mudanças nos modelos de produção. Nesse sentido, quatro marcos históricos
foram estabelecidos como Revoluções Industriais. A Primeira Revolução
Industrial, que ocorreu em 1780, foi estimulada pela geração dos teares
mecânicos dirigidos por motores a vapor e se estender a centralização do
processo de produção nas fábricas. Após aproximadamente cem anos depois, a
Segunda Revolução Industrial foi marcada pela inserção das linhas de produção
e a construção do Ford T. Já a Terceira Revolução Industrial, que aconteceu em
1960, foi definida pela apresentação do primeiro controlador lógico programável.

Passados aproximadamente 50 anos, no ano de 2011, a expressão “Indústria


4.0” (I 4.0) foi utilizada pela primeira vez na Feira de Hanover na Alemanha, para
definir o que seria a Quarta Revolução Industrial (DRATH; HORCH, 2014).
Decerto, se trata de um fenômeno que está norteando as transformações nos
processos de produção das organizações e que vem sendo analisada durante
seu acontecimento, diferente das três revoluções antecedentes.

Além disso, “a quarta revolução está alicerçada em tecnologias como


a Internet das coisas e objetos inteligentes, construindo sistemas com
maior capacidade de autogestão, possibilitando uma maior
customização dos produtos sem perder as vantagens da produção em
massa.” (LASI et al., 2014).
A Industria 4.0 está ligada aos sistemas ciber-físicos, que são
equipamentos dotados de uma representação virtual, conectados por
intermédio da Internet das Coisas, que são capazes de trocar
informações acessando dados em tempo real para dispararem ações
autônomas (KAGERMANN; WAHLSTER; HELBIG, 2013; LASI et al.,
2014).
De acordo com Firjan (2016), a indústria 4.0 pode adicionar valor a toda cadeia
organizacional por meio de mudanças, que afetarão diversos níveis dos
processos produtivos e demais sistemas relacionados a produção. Destaca-se a
interação entre homem e máquina, mesmo que em posições geográficas
distantes, gera equipes eficientes e fornece produtos e serviços excelentes
(SILVA; SANTOS FILHO; MIYAGI, 2015). O grande diferencial da I.4.0 para suas
antecessoras é que está sendo estudada simultaneamente enquanto ocorre.

Ademais, assim como a gestão da qualidade, a quarta revolução industrial, por


meio da aplicação de suas ferramentas nos processos industriais, tem se
mostrado um importante instrumento para garantir a melhoria contínua e
obtenção de vantagem competitiva.

Para Silva et al. (2021), perante ao contexto configurado pela indústria 4.0, pode-
se visualizar as mudanças ocorridas no sistema de gestão da qualidade, por
meio da inserção de novas tecnologias. Os autores consideram que a introdução
das novas tecnologias contribui para um sistema de gestão da qualidade mais
eficaz e eficiente, adicionando valor aos produtos e serviços, de maneira a
aumentar o desempenho operacional nos processos de qualidade, que resultam
em defeito zero e no designo dos recursos de modo correto.

Dessa forma, é de interesse estudar os efeitos que podem ser gerados na gestão
da qualidade, por meio da aplicação das novas tecnologias oriundas da indústria
4.0. Ou seja, notar uma nova perspectiva para a gestão da qualidade através da
indústria 4.0

Esse estudo foi estruturado por esta seção introdutória (i); a seção de revisão de
literatura (ii), que retrata sobre gestão da qualidade, sobre a indústria 4.0, e sobre
a gestão da inovação. Na seção seguinte estão os procedimentos metodológicos
(iii); a seção contendo os resultados (iv), a seção das discussões (v) e, por fim,
a última seção em que se conclui o estudo (vi).

2 REVISÃO DE LITERATURA

2.1. GESTÃO DA INOVAÇÃO TECNOLÓGICA

De acordo com Carvalho, Reis e Cavalcante (2011), a inovação tem uma


correlação com a competitividade. Podemos observar isso através da análise de
uma empresa, quanto mais inovadora ela for, maior será a sua competitividade
e melhor será sua posição no mercado em que atua.

Segundo Tidd e Bessant (2015), a inovação é a habilidade de definir relações,


de identificar oportunidades e de tirar proveito delas. E com isso, as ideias se
transformam em produtos, serviços ou processos que visam à abertura de um
novo mercado ou que buscam atender mercados já estabelecidos e maduros.

Em todo o mundo ocorre um debate em relação ao desenvolvimento econômico


relacionados à busca sistemática da inovação. As organizações que almejam se
tornar mais competitivas e os países que buscam uma inserção internacional
devem desenvolver economias cada vez mais inovadoras.
A tecnologia engloba um conjunto amplo de ferramentas modernas e mais
rápidas na execução de processos, tornando-os cada vez mais eficientes e
ágeis. Desse modo, sua implementação fornece maiores informações,
otimizando e modernizando atividades e operações.

No âmbito tecnológico, os concorrentes não são apenas as empresas da mesma


cidade ou algo do tipo, e sim de diversos lugares do mundo, pois para a
tecnologia não há fronteiras. O incentivo a inovação deve ser sempre priorizado
pelas organizações e pelos países, mas principalmente quando se observa um
aumento na concorrência.

2.2. INDÚSTRIA 4.0

Ao longo da história da humanidade aconteceram revoluções industriais, que


trouxeram consigo os avanços tecnológicos em diversas áreas. Segundo
Lavagnoli (2018), são muitas as transformações que a nova era industrial está
impactando em nossa sociedade. Os avanços tecnológicos mudam
gradativamente não somente o processo produtivo, mas também o transporte, o
consumo, a comunicação, os relacionamentos em sociedade, dentre outros
pontos.

A primeira revolução industrial ocorreu em meados de 1765, na Inglaterra, essa


revolução foi marcada pela mecanização dos processos, devido à invenção de
maquinários para acelerar tais processos, como as máquinas a vapor. Já a
segunda revolução industrial aconteceu em meados de 1870, junto à descoberta
da eletricidade e do petróleo como novas fontes de energias, que marcou novas
invenções como automóveis, rádios e telefones. A terceira revolução industrial
ocorreu em 1969, tendo como marco a criação de equipamentos eletrônicos,
computadores e de telecomunicações (Landes, 1969).

Atualmente, estamos vivendo a revolução conhecida como Indústria 4.0, que se


baseia na conexão de todas as coisas, conectando todas as etapas de produção.
Essa revolução tem o intuito de tornar as indústrias mais eficientes, minimizando
as falhas humanas, visando à sustentabilidade e a lucratividade das
organizações.
Segundo Hermann (2016), diante dos novos avanços tecnológicos e de cenários
que requerem cada vez mais produtos personalizados, com maior complexidade,
maior qualidade e redução de custos, a procura de um novo modelo de indústria
está sendo discutido em todo o mundo sob o tópico da Indústria 4.0.

Conforme Bitkom (2016), a Indústria 4.0 abrange um conjunto de tecnologias de


ponta conectadas à internet, com o intuito de tornar os sistemas de produção
mais flexíveis e colaborativos. Bahrin (2016), diz que nessa nova abordagem as
máquinas usam a autoconfiguração, a auto otimização e a inteligência artificial
para concluir tarefas complexas, a fim de aumentar a qualidade de bens e
serviços e proporcionar eficiências de custo muito maiores.

A Indústria 4.0 traz consigo diversas ferramentas que podem fomentar a


tecnologia das organizações, e algumas delas são:

• Internet das Coisas - Desenvolvida com o intuito de conectar objetos


físicos e virtuais por meio de uma rede conectada. Para Giusto et al.
(2017), essa tecnologia permite que “coisas” e “objetos” como sensores,
atuadores e telefones celulares interajam entre si e cooperarem com os
componentes “inteligentes” ao seu redor para alcançar um objetivo
comum;

• Realidade Aumentada (RA) - A tecnologia de Realidade Aumentada


surgiu para mudar a forma de interação entre os seres humanos
interagem e as máquinas, e vice-versa. Azuma (1997) define a RA como
uma variação de ambientes virtuais (ou realidade virtual como é
comumente conhecido). Enquanto as tecnologias de Realidade Virtual
fazem uma imersão total do usuário dentro de um ambiente sintético
impedindo o usuário de ver o mundo real ao seu redor enquanto imerso,
a RA já permite ao usuário ver o mundo real, com objetos virtuais
sobrepostos ou compostos com o mundo real;

• Big Data - Tamás & Illés (2016) descrevem o Big Data como a
"determinação de probabilidades com métodos e procedimentos
matemáticos" baseada em grandes quantidades de dados. Logo,
permitirá que as decisões sejam tomadas sem conhecer os efeitos de
causa. No âmbito da Indústria 4.0, segundo Abertin (2017), as grandes
quantidades de dados se referem ao grande número de informações e
dados relacionados à produção, que serão produzidos pelo equipamento
de fabricação inteligente durante o processo de produção.

2.3. GESTÃO DA QUALIDADE

Segundo Mello (2011), a qualidade é entregar aos clientes produtos ou serviços


que satisfaçam suas necessidades ou que superem suas expectativas. Um
relacionamento ético com os clientes, fornecedores, funcionários, sociedade e
meio ambiente deve ser um dos princípios para as organizações. Além disso,
existem duas premissas em comum às definições da qualidade, sendo:

• A qualidade deve visar na diminuição dos custos, pois reduz desperdícios


e tempo de produção;

• A qualidade deve começar antes que a produção ocorra, pois deve-se


pensar primeiramente no desenvolvimento do projeto do produto.

De acordo com a NBR ISO 9000 (2015), os fundamentos e princípios da gestão


da qualidade são aplicáveis a qualquer organização que tem como objetivo o
sucesso sustentado pela implementação desse sistema. Os clientes buscam
empresas em que podem confiar na qualidade dos produtos e serviços por elas
prestados. E, por sua vez, as organizações buscam fornecedores em que os
requisitos dos seus insumos sejam atendidos. Todas as partes interessadas
junto à empresa querem uma melhor comunicação e maior compreensão comum
do vocabulário utilizado no sistema de qualidade das organizações para
realizarem uma avaliação de conformidade com base nos requisitos
necessários. Um dos maiores benefícios provenientes da gestão da qualidade é
o aumento nos índices de satisfação de atendimento ao cliente, o que acarreta
uma taxa maior de fidelidade dos mesmos.

A qualidade possui algumas ferramentas que auxiliam o seu controle, sendo


algumas delas:

• Diagrama de Causa-Efeito – O mesmo é conhecido também como


Diagrama de Ishikawa, que de acordo com Mello (2011) tem como
objetivo levantar as possíveis causas para problemas. Essas causas são
divididas em seis categorias, chamadas de 6M (Medição, Máquinas,
Materiais, Métodos, Mão de obra e Meio Ambiente).

• Brainstorming – Segundo Lima (2016), essa ferramenta tem o intuito de


estimular e listar novas ideias ou soluções. O ambiente deve ser livre de
críticas e restrições, para que a criatividade tome conta.

3 METODOLOGIA

Este estudo trata-se de uma revisão narrativa de literatura. Segundo Rother


(2017), “os artigos de revisão narrativa são publicações amplas apropriadas para
descrever e discutir o desenvolvimento ou o ‘estado da arte’ de um determinado
assunto, sob ponto de vista teórico ou conceitual”. Os textos de uma revisão
narrativa são constituídos por uma análise da literatura científica, a partir da
interpretação e crítica do autor. Através da busca e estudo de livros e artigos
referentes a indústria 4.0 e a gestão da qualidade, de forma não sistematizada,
para que possa ser reunido em um trabalho informações gerais sobre a temática
abordada, para proporcionar ao leitor adquirir de forma rápida conhecimento
sobre o tema.

4 ANÁLISES E PESQUISA

O rápido desenvolvimento de tecnologia para aumentar a produtividade não


afetou apenas as práticas de gestão atuais, mas também os campos
multidisciplinares e básicos da indústria. Portanto, a importância da pesquisa é
determinar as correlações entre I.4.0 e os princípios de gestão da qualidade para
provar que há uma forte relação entre eles e, que a gestão da qualidade pode
se beneficiar das novas tecnologias introduzidas em I.4.0.

Para os autores Belém e Gasparotto (2019), com o auxílio dessas novas


tecnologias, tem-se uma constante melhora na qualidade de serviços e produtos,
como também no desempenho de toda a organização. A indústria 4.0 sugere
que é necessário mudanças em todo o meio corporativo, assim como uma nova
perspectiva de qualidade para adaptar-se a ela.

Combinar a expertise das ferramentas tradicionais com a tecnologia tornou-se


extremamente importante para a promoção de novas etapas e construção de
novos conhecimentos. Promover esse tipo de interação e interface torna a
tomada de decisões mais segura, favorece a competitividade e melhora a
lucratividade da organização. Segundo (Dombrowski et al, 2014), a I.4.0 deve
fornecer a colaboração entre sistemas ciberfísicos e trabalhadores para suportar
operações de tarefas complexas e interação efetiva no controle de processos e
máquinas.

Um estudo realizado por Morais (2021), mostra a necessidade da união das


ferramentas de qualidade com as metodologias da Indústria 4.0. Através de um
questionário se chegou à conclusão de que, empresas que utilizam ferramentas
de qualidade, possuem funcionários especializados e geralmente com curso
superior, sentem que essas ferramentas precisam ser atualizadas.

Uma pesquisa realizada pelos autores deste artigo, por intermédio de uma
entrevista com alunos do Engenharia de Produção, que estão estagiando ou já
efetivados no mercado de trabalho, mostra a percepção da necessidade e
interligação da indústria 4.0 na qualidade. A pesquisa foi feita via google forms e
possuía duas perguntas, sendo a segunda opcional. O espaço amostral foi de
102 alunos que responderam as seguintes perguntas: “A Indústria 4.0 pode
contribuir para a Gestão da Qualidade?” “Como?”. A Figura 01 a seguir ilustra a
pesquisa realizada:
Figura 01 - Pesquisa sobre a necessidade da Qualidade 4.0

Fonte: os autores (2021)

Cerca de 25% dos alunos entrevistados responderam à pergunta opcional da


pesquisa que abordava como a I.4.0 pode contribuir para a Gestão de Qualidade.
A maioria desses alunos citou a Internet das coisas como um grande auxiliador
da qualidade.

A indústria 4.0. mostra que é um grande erro pensar que a tecnologia


desenvolveu ao máximo a indústria. Com o tempo, as empresas devem insistir
cada vez mais no uso de ferramentas como computação em nuvem, blockchain,
mobilidade, Internet das Coisas (IoT), big data e inteligência artificial (IA). A
revolução 4.0 tende a mudar completamente todos os negócios conhecidos.
Logo, é esperado uma mudança de ênfase na profissão de qualidade. Além
dessa mudança, outras expectativas foram criadas como:

• Aprimoramento da inteligência humana;


• Aumento da velocidade e a qualidade da tomada de decisão;
• Melhorar a transparência e rastreabilidade;
• Antecipação das mudanças;
• Evolução nos limites organizacionais para revelar oportunidades de
melhoria contínua e novos modelos de negócios;
Para ver todos os benefícios da Indústria 4.0 na gestão da qualidade, os gerentes
precisam ter uma visão estratégica do negócio. Ao investir na modernização dos
processos industriais, ele reduzirá muito os custos de produção. O
desenvolvimento dessa cultura organizacional que valoriza a estratégia pode
aproveitar mais os aspectos positivos da Indústria 4.0. Com a ajuda da Qualidade
4.0, uma produção mais flexível pode ser alcançada.

De acordo com Belém e Gasparotto (2019), os problemas de qualidade e


produção detectados, antes, pelo ser humano, no decorrer de várias horas,
atualmente podem demorar somente alguns segundos, com o uso das
tecnologias da indústria 4.0 pois, conseguem manter a tão requerida qualidade
e preservar a segurança, tanto do produto quanto do colaborador, além de evitar
gastos que são muitas vezes desnecessários. Os autores retratam que esses
sistemas digitais geram uma produção mais eficaz e eficiente, por intermédio de
robôs que realizam análises precisas e com margem de erro reduzida.

É importante enfatizar que a I.4.0 por meio dos sensores IoT e Inteligência
Artificial apresenta uma melhor gestão e, consequentemente, uma qualidade
mais avançada dos produtos produzidos. Dessa forma, para Freitas e Oliveira
(2020), tal revolução é apenas o começo do futuro das empresas.

Além disso, para Silva et. Al (2021), é imprescindível para as empresas uma
gestão de qualidade integrada com a I.4.0, com o intuito de acelerar o
desenvolvimento industrial e, assim, entregar os produtos com qualidade aos
consumidores.

Ainda Silva et. al. (2021) relata que, quanto maior o controle a respeito de
qualquer operação, melhor será a produtividade. Logo, a maior agilidade das
informações, permitem que os gestores identifiquem os impasses nas técnicas
de fabricação, tornando uma gestão mais simplificada e otimizada. Em resumo,
para que as organizações obtenham um diferencial competitivo, é preciso que
elas invistam na tecnologia integrada, proveniente da I.4.0.
5 DISCUSSÕES

Na Indústria 4.0, a qualidade também é importante pois, neste caso, precisão,


produtividade e custos estão aumentando, e sensores, software e flexibilidade
tornaram-se sinônimos de eficiência e eficácia.

Portanto, a gestão da qualidade é um pré-requisito necessário e básico para que


uma empresa alcance o sucesso econômico e sustentável (FOIDL e Felderer,
2016). Embora a gestão da qualidade e suas ferramentas sejam utilizadas no dia
a dia da organização, elas devem estar sempre preparadas para possíveis
ajustes de acordo com as necessidades do mercado em geral. O futuro da
organização precisa se adaptar e desenvolver novas competências, o que será
um requisito para a criação de competências ainda desconhecidas (Magaldi,
Neto, 2018).

Para Silva et. al. (2021), a maneira como são produzidos os produtos de
consumo passou por modificações, com o início da revolução 4.0 que conduz
eficiência operacional para setores industriais diversos.

Firjan (2016) com base em Gavin (1992), estabelece uma comparação entre a
revolução industrial e a era da qualidade, permitindo que cada era seja
correlacionada para determinar as lacunas de qualidade de todas as épocas,
inclusive as relacionadas com a quarta revolução industrial ou a chamada
indústria 4.0.

De acordo com Radziwill (2018), a Qualidade 4.0 é o nome que se dá à busca


da excelência no desempenho durante essa de transformação digital. Percebe-
se que nesse método a era da qualidade 4.0 está inserida na era da gestão
estratégica e, na opinião do autor deste artigo, pesquisas melhores são
necessárias.

Faz-se necessário analisar também que, dada a particularidade da Indústria 4.0,


ainda não está totalmente claro como o conceito de qualidade se aplica a esta
nova realidade, e quais ferramentas e métodos de qualidade são valorizados
neste novo ambiente, apesar de ser notório que a I.4.0 é uma aliada essencial
para a gestão da qualidade. Logo, é preciso repensar os modelos e ferramentas
de gestão hoje utilizados, refletir as limitações impostas pelo novo processo e
buscar o aprimoramento desses elementos extremamente valiosos para a
melhoria dos processos produtivos e de gestão.

“Ainda, atualmente, atuamos de forma reativa no Sistema de Gestão


da Qualidade, identificando o que está não conforme e atuando para
corrigir isso. Mas, com a integração de sistemas de gerenciamento
mais eficazes e com o auxílio de inteligências artificiais na análise de
dados, passaremos a atuar preventivamente, conseguindo, assim,
prever quando e como as falhas irão acontecer e, ao invés de lidar com
as consequências, porque, com o grande nível de automação e de
integração das informações que serão coletadas, o conhecimento
e a capacidade de tomar boas decisões tende a ser, cada vez
mais, o futuro da gestão da qualidade.” (FREITAS E OLIVEIRA,
2020).
Integrar a qualidade ao sistema 4.0 pode expandir uma gama de novas
possibilidades no sistema de produção ao mesmo tempo em que aprimora o
capital humano existente na organização. Os benefícios da implementação da
Indústria 4.0 incluem maior flexibilidade, seguido por aumento de produtividade,
custos mais baixos, prazos de entrega mais curtos e melhor qualidade dos
produtos fornecidos (Gaziero e Ceconello, 2019). Está em curso a construção de
um novo modelo de gestão e dessa realidade emerge uma nova mentalidade,
cujos fundamentos estão mais alinhados com a dinâmica atual e, portanto, mais
estáveis do que os atuais (Magaldi, Neto, 2018). A Figura 02 ilustra a integração
destes conceitos neste processo.

Figura 02 - Qualidade 4.0

Fonte: Morais (2020)


A indústria 4.0 faz parte de um sistema integrado, no qual as ferramentas da
qualidade corroboram no monitoramento da eficiência e eficácia dos pilares que
envolvem a I.4.0, gerando maior interação com o sistema de gestão da
qualidade, permitindo assim a criação nas organizações de uma qualidade
também denominada de 4.0. A inclusão de novas tecnologias como estratégia
para o desenvolvimento organizacional será primordial para garantir a
competitividade e maior produtividade das empresas, independentemente do
mercado em que atuam. Como essas novas tecnologias se relacionam com a
qualidade 4.0 é questão que se encontra ainda em aberto. Contudo, a quarta
revolução sugere que se faz necessário mudança em todo o meio corporativo,
assim como uma nova perspectiva de qualidade para adaptar-se a ela.

6 CONCLUSÃO

É notório que a qualidade se aprimora diante da demanda dos consumidores por


produtos que os satisfaçam e apresentem valor a eles. Logo, o setor de
qualidade busca ferramentas e métodos a fim de investir na melhoria contínua
dos processos produtivos. Dessa forma, agregar e utilizar tecnologias que
tornem a gestão da qualidade mais otimizada, se torna um fator primordial para
se obter vantagem competitiva no mercado atual, que é caracterizado por ser
muito competitivo e globalizado.

O objetivo desse estudo foi verificar as contribuições que a indústria 4.0 pode
gerar na gestão da qualidade, ou seja, uma nova perspectiva que a quarta
revolução industrial possibilita fornecer a gestão da qualidade por meio da
aplicação de suas ferramentas para atingir os objetivos da qualidade.

O levantamento realizado permite elaborar conclusões mais concretas a respeito


do assunto tratado. Além de ter como base livros, artigos e periódicos,
entrevistas com universitários, que cursam Engenharia de Produção na
Universidade Federal Fluminense – Campus Petrópolis, foram fundamentais
pois, foi possível constatar que se enxerga a necessidade da união das
ferramentas de qualidade com as tecnologias da indústria 4.0, e que não se
imagina um futuro para as áreas separadas. Logo, o trabalho em conjunto entre
a qualidade e a indústria 4.0 pode proporcionar uma gama de novas
possibilidades as organizações, pois ao mesmo tempo que influência ao sistema
de produção, também aprimora o capital humano da empresa. Assim, conclui-
se que a indústria 4;0 possui um impacto positivo em larga escala a gestão da
qualidade permite auxiliar a implementar a melhoria contínua e o defeito zero por
meio dos sistemas integrados em tempo real e otimização dos dados, dando
controle e integração eficiente dos processos e informações.

7 REFERÊNCIAS

ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS. ABNT NBR ISO 9000.


Sistemas de Gestão da Qualidade: fundamentos e vocabulário. Rio de
Janeiro.2008. Disponível em:
<https://www.abntcatalogo.com.br/norma.aspx?ID=345040>. Acesso em 18 de
agosto de 2021.

AZUMA, R. T. A Survey of Augmented Reality. Presence: Teleoperators


and Virtual Environments, vol. 6, no. 4, pp. 355-385, 1997.

BAHRIN, M.; OTHMAN, F.; AZLI, N; TALIB, M. Indústria 4.0: Uma revisão
sobre automação industrial e robótica. Journal Teknologi, [sl], v. 78, n.6-13,
p.137-143, 2016.

Belém, J. E. B.; Gasparotto, A. M. S. O NOVO CONCEITO DE QUALIDADE


NA EVOLUÇÃO DA INDÚSTRIA 4.0. SIMTEC - Simpósio de Tecnologia da
Fatec Taquaritinga, v. 6, n. 1, p. 187-197, 22 dez. 2019. Disponível em:
<https://simtec.fatectq.edu.br/index.php/simtec/article/view/437/305>. Acesso
em: 15 de agosto de 2021.

BITKOM; VDMA; ZVI. Estratégia de implementação industrie 4.0: Reporte


de resultados da plataforma industrie 4.0. Frankfurt, Alemanha, 2016.

CARVALHO, H. G.; REIS, D. R.; CAVALCANTE, M. B. Gestão da Inovação.


Curitiba: Editora Aymará, 2011.
DOMBROWSKI, U.; Wagner, T. Mental Strain as Field of Action in the 4th
Industrial Revolution. Variety Management in Manufacturing. Proceedings
of the 47th CIRP Conference on Manufacturing Systems, 2014.

DRATH, R.; HORCH, A. Industrie 4.0: Hit or hype? IEEE industrial electronics
magazine, v. 8, n. 2, p. 56–58, 2014.

FOIDL, H., & Felderer, M. Integrating software quality models into risk-
based testing. Software Quality Journal, 26(2), 809-847, 2018.

FREITAS DOS REIS, M.; OLIVEIRA DE SOUSA E SILVA, A. C. Revisão


Bibliográfica Sobre as Contribuições da Indústria 4.0 para a Gestão da
Qualidade. Journal of Open Research, v. 1, n. 3, p. e26, 25 dez. 2020.
Disponível em: <https://stellata.com.br/journals/jor/article/view/26/18>. Acesso
em: 15 de agosto de 2021.

GARVIN, D. A. What Does ‘Product Quality’Really Mean. MIT Sloan


Management Review, 1984.

GARVIN, D. A. Gerenciando a qualidade: a visão estratégica e


competitiva, Rio de Janeiro: Qualitymark. 1992.

GAZIERO, C., & Ceconello, I. Simulação Computacional do Fluxo de Valor:


uma proposta de Integração da Indústria 4.0 e Lean Production. Scientia
cum Industria, 7(2), 52-67, 2019.

HERMANN, M; PENTEK, T.; OTTO, B. Princípios de projeto para cenários da


indústria 4.0: uma revisão da literatura. In: ANNUAL HAWAII
INTERNATIONAL CONFERENCE ON SYSTEM SCIENCES, 49., 2016, Estados
Unidos. Proceedings ... Washington, DC: IEEE Computer Society, 2016.

HOINASKI, Fábio. Guia completo: ferramentas da indústria 4.0 –ganhos e


cuidados! IBID, 2019. Disponível em: <https://www.ibid.com.br/blog/guia-
ferramentas-da-industria-4-0/&gt>. Acesso em 10 de agosto de 2021.

KAGERMANN, H.; WAHLSTER, W.; HELBIG, J. Securing the future of


German manufacturing industry: Recommendations for implementing the
strategic initiative industrie 4.0. Frankfurt, 2013.
KOLBERG, D. &amp; ZÜHLKE, D. Lean Automation enabled by Industry 4.0
Technologies. 2015.

LANDES, D. The unbound Prometheus - technological change and


industrial development in Western Europe from 1750 to the present.
Cambridge University Press, 1969.

LASI, H.; FETTKE, P.; KEMPER, H.-G.; FELD, T.; HOFFMANN, M. Industry
4.0. Business & Information Systems Engineering, Springer, v. 6, n. 4, p.
239–242, 2014.

LAVAGNOLI. S. Indústria 4.0 - Evolução ou Revolução? Disponível em:

<https://www.opencadd.com.br/9-pilares-da-industria-4-0/>. Acesso em: 12.


Abr. 2019.
LIMA, Alessandro et al. Indústria 4.0: conceitos e fundamentos. 1. ed. São
Paulo: Blucher, 2018.

MAGALDI, S. & Neto, J. S. Gestão do Amanhã: Tudo o que você precisa


saber sobre gestão, inovação e liderança para vencer na 4a Revolução
Industrial. São Paulo: Editora Gente, 2018.

MELLO, C.H.P. Gestão da Qualidade. São Paulo: Pearson Education do


Brasil, 2011. Disponível em:
<https://plataforma.bvirtual.com.br/Leitor/Publicacao/1797/epub/0>. Acesso em
17 de agosto de 2021.

MORAIS, M. de O.; MORAIS, G. A. The importance of updating quality tools in


methodologies applied in industry 4.0. Research, Society and
Development, [S. l.], v. 10, n. 1, p. e28610111719, 2021. DOI: 10.33448/rsd-
v10i1.11719. Disponível em:
<https://rsdjournal.org/index.php/rsd/article/view/11719>. Acesso em: 15 agosto
de 2021.

PALADINI, E.P. Gestão da qualidade: teoria e prática. São Paulo. Atlas,


2000.

PASQUINI, Tatiana. “Proposta de Ferramenta para Relacionar os


Princípios da Gestão da Qualidade aos Pilares da Industria 4.0: A
Influência da Indústria 4.0 na Área da Qualidade.” Universidade Tecnológica
Federal do Paraná (UTFP). Ponta grossa, 2018. Disponível em:
<http://repositorio.utfpr.edu.br/jspui/bitstream/1/23211/1/ENG_QUALI_2018_17.
pdf>. Acesso em: 20 de agosto de 2021.

PENHAKI, Juliana de Rezende. Soft Skills na Indústria 4.0. 2019. 115 f.


Dissertação (Mestrado em Tecnologia e Sociedade) - Universidade
Tecnológica Federal do Paraná, Curitiba, 2019. Disponível em: <
http://repositorio.utfpr.edu.br/jspui/handle/1/4275>. Acesso em: 15 de agosto de
2021.

PORTER, M.E. Competitive advantage: Creating and Sustaining Superior


Peifonnance. New York: The Free Press.1985.

RADZIWILL, Nicole.A Qualidade 4.0.2018. Disponível em:


<https://revistaadnormas.com.br/2018/10/30/a-qualidade-4-0/>. Acesso em: 15
jun. 2019.

ROTHER, ET. Revisão sistemática x Revisão narrativa. Rev. Acta Paulista


de Enfermagem, São Paulo 2017.

SANTOS, A.T.F et. al. Indústria 4.0: Desafios e Oportunidades. Revista


Produção e Desenvolvimento, 2018. Disponível em: <https://revistas.cefet-
rj.br/index.php/producaoedesenvolvimento/article/view/e316/193&gt>. Acesso
em: 06 de agosto de 2021.

SANTOS, B. P.; ALBERTO, A.; LIMA, T. D. F. M.; CHARRUA-SANTOS, F. M.


B. INDUSTRY 4.0: CHALLENGES AND OPPORTUNITIES. Revista Produção
e Desenvolvimento, v. 4, n. 1, p. 111-124, 31 Mar. 2018. Disponível em: <
https://revistas.cefet-
rj.br/index.php/producaoedesenvolvimento/article/view/316>. Acesso: 15 de
agosto de 2021

SCHWAB, K. A quarta revolução industrial. São Paulo: Edipro, 2016.

SILVA, Daiana; et al. “Análise da Influência da Revolução 4.0 na Gestão da


Qualidade na Perspectiva de Docentes de Pós-Graduação da Área de
Qualidade.” Revista Controladoria e Gestão. 2021. Disponível em:
<https://seer.ufs.br/index.php/rcg/article/view/15653>. Acesso em: 20 de agosto
de 2021.

SILVA, Manoel. Dicionário terminológico da gestão pela qualidade total em


serviços. São Paulo, 2016.

SILVA, R. M. da; SANTOS FILHO, D. J.; MIYAGI, P. E. Modelagem de


Sistema de Controle da Indústria 4.0 Baseada em Holon, Agente, Rede de
Petri e Arquitetura Orientada a Serviços. In: XII Simpósio Brasileiro de
Automação Inteligente. Natal, 2015.

SIMONETO, Eugênio. PEREIRA, Adriano. “Indústria 4.0: Conceitos e


Perspectivas para o Brasil.” Revista da Universidade Vale do Rio Verde.
2018. Disponível em:
<http://periodicos.unincor.br/index.php/revistaunincor/article/view/4938/pdf_808
>. Acesso em: 20 de agosto de 2021.

STOCK, T. &amp; SELIGER, G. Opportunities of Sustainable Manufacturing


in Industry 4.0. 13th Global Conference on Sustainable Manufacturing –
Decoupling Growth from Resource Use. 2016.

TAMÁS, P. &amp; ILLÉS, B.: Process Improvement Trends for Manufacturing


Systems in Industry 4.0. Academic Journal of Manufacturing Engineering,
2016.

TIDD, J.; BESSANT, J. Gestão da Inovação. 5ºed., Porto Alegre: Editora


Bookman, 2015.

Você também pode gostar