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0: REVISÃO DE LITERATURA
RESUMO:
Este estudo tem como objetivo geral observar que relações são percebidas no âmbito
da indústria 4.0, quando observados os princípios e fundamentos da gestão da
qualidade. Foram delimitados enquanto objetivos específicos: abordar a evolução da
Indústria 4.0 (I4.0), verificar os benefícios obtidos com a certificação ISO 9001;
destacar como a gestão da qualidade está inserida na indústria 4.0, em seus
processos produtivos. Dentre as percepções identificadas nos processos, destaca-se
a redução dos custos de produção e do desperdício. A revisão da leitura utilizada teve
como metodologia a integrativa, que adotou como estratégia de busca, a verificação
de artigos indexados nas bases de dados eletrônicas Scielo, Capes e Google
acadêmico. Conclui-se que a filosofia de gerenciamento de qualidade da Indústria
4.0 trata-se de estar preparando as organizações para o futuro, ao equipá-las com
ferramentas avançadas, conectadas e específicas que podem ajudá-las na melhoria
dos processos conduzidos, imbuídos de gestão da qualidade, com mais eficiência e
maior visibilidade, a fim de atingir suas metas.
1 INTRODUÇÃO
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Diante do exposto, o presente artigo centra-se em discutir, enquanto problema,
a importância da gestão da qualidade para manutenção preditiva na era da Indústria
4.0. Com o objetivo de, a partir deste estudo, trazer a discussão que relações podem
ser suscitadas no âmbito da gestão de qualidade, na indústria 4.0. Delimitaram-se
como objetivos específicos: abordar a evolução da Indústria 4.0 (I4.0), verificar os
benefícios obtidos com a certificação ISO 9001; destacar os efeitos que a indústria 4.0
produz nos processos produtivos.
Baseado na literatura atual sobre a gestão da qualidade na Indústria 4.0,
hipostenizamos que a certificação ISO 9001 desempenha um papel significativo no
aprimoramento da gestão da qualidade. Esperamos que as organizações certificadas
pela ISO 9001 tenham processos mais eficientes e controlados, promovendo a
padronização e documentação adequada dos fluxos de trabalho.
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Além disso, espera-se obter evidências de que a adoção de tecnologias da
Indústria 4.0, como a Internet das Coisas e a análise de big data, resulta em uma
manutenção preditiva mais precisa e eficiente. Comprovando essa hipótese, será
recomendado que as empresas invistam em tecnologias avançadas para otimizar
seus processos de manutenção, visando redução de custos, aumento da
disponibilidade dos equipamentos e maior eficiência operacional.
2 FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA
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industrial mais recente e atual (Indústria 4.0), conforme demonstrado na figura 01
abaixo:
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inovadores, melhoria dinâmica do produto e, em última instância, novos modelos de
negócios. A integração de todos esses fatores se traduz em uma fábrica inteligente,
objeto central desta nova era industrial (Cunha, 2020).
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admitindo ou assumindo a interligação entre definições e a possibilidade de
perceberem-nas em uma mesma situação, traz a possibilidade de uma interpretação
de que um conceito pudesse anular o entendimento do outro. Segundo (Lima et al.,
2016), essa sistemática limita os conceitos e deixa de aprofundar vários aspectos da
qualidade.
A percepção de Paladini (2018) considera que o conceito de qualidade envolve
uma “multiplicidade de itens” e “sofre alterações conceituais ao longo do tempo, trata-
se de um processo evolutivo”. Nesta perspectiva, é imprescindível identificar quais são
os itens que o cliente considera mais importante para avaliar a qualidade de um
produto ou serviço, em um determinado período de tempo. Além disso, deve-se
considerar que as preferências dos consumidores estão em constante mudança,
sendo necessário acompanhá-las com o intuito de promover as melhorias necessárias
no processo para ser capaz de atendê-las (Paladini, 2018).
Ainda segundo Paladini (2018, p. 14), há um equívoco ao conceituar a
qualidade como uma única característica e a definição mais adequada para o termo
seria a adequação ao uso. Dessa forma, esse conceito englobaria os aspectos
multiplicidade e evolução, sendo o mais completo e atenderia a orientação para o
cliente, que nada mais é quem faz uso do produto ou serviço. Neste sentido, pode-se
destacar uma equivalência com os autores supracitados no que se refere à
conceituação da qualidade, sendo que estes concordam com o principal
direcionamento é o direcionamento para o cliente (Schwab, 2016).
Acerca do seu conceito, Coelho (2016) afirma que a qualidade é um fator
importante para que as organizações conquistem a liderança no mercado em que
atua, constituindo um elo entre os clientes e a empresa. Este elo é fortalecido quando
a empresa demonstra sua capacidade de fornecer produtos de qualidade e conforme
as exigências dos clientes, através da melhoria contínua (Lima et al., 2016).
Numa perspectiva mais ampla, (Rodrigues et al., 2020) discutem o conceito de
qualidade, sob o aspecto da fidelização, quando o produto ou serviço alcança a
qualidade esperada pelo cliente, o mesmo fica satisfeito, torna-se fiel à empresa e a
indica para outros clientes. Na ocorrência de circunstância contrária, as
consequências negativas são muito mais devastadoras, acarretando a perda de
clientes e a boca a boca negativo
Historicamente, Lorenz et al., (2016) afirma que a evolução da qualidade pode
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ser dividida em quatro fases, a saber: Inspeção, Controle Estatístico da Qualidade,
Garantia da Qualidade e Gestão da Qualidade. As abordagens sobre o tema
supracitado obedecem a uma ordem cronológica, à medida que vão surgindo as
principais descobertas sobre o tema e novos estudiosos sobre o assunto.
A primeira fase da qualidade, denominada Inspeção, ainda segundo Ribeiro
et al., (2016) se baseava na inspeção de todos os produtos após o processo, de forma
a garantir que os mesmos não chegassem aos clientes com algum tipo de defeito.
Essa prática foi duramente criticada por ser considerada ineficiente, já que gerava
retrabalhos e perdas, aumentando os custos da produção (Gomes et al., 2018).
Apesar de estar presente nos primórdios das abordagens sobre qualidade,
esse método ainda persiste nos dias atuais, pois verificou-se, com o tempo, que tal
técnica, ao ser agregada às que surgiriam depois, torna a ação da indústria mais
segura, sobretudo quanto a garantia da qualidade dos seus produtos.
Nesta primeira fase, foi verificada a presença de instabilidade nos processos
produtivos, desconfiança quanto aos resultados, mas que existisse a preocupação em
solucionar as causas dos problemas, que porventura geraram os defeitos no produto
acabado (Coelho, 2016).
A partir de 1924, as empresas começaram a admitir que havia uma
instabilidade no processo, a qual podia ser identificada desde as matérias-primas até
as pessoas envolvidas, e que essas variações causavam problemas no produto.
Surgem, assim, os primeiros indícios do Controle Estatístico do Processo (Schwab,
2016).
O controle estatístico foi importante, à medida que incluiu novos métodos para
verificar qualidade dos produtos, identificando as oscilações no sistema produtivo das
empresas. A partir daí, tornou-se possível localizar as falhas, facilitando a resolução
dos problemas com base nas ferramentas da qualidade. Esse mecanismo,
isoladamente, no entanto, não foi suficientemente assegurado como garantia da
qualidade dos produtos, já que, numa organização, existem variáveis que não podem
ser mensuradas estatisticamente (Lima et al., 2016).
A terceira abordagem se refere à Garantia da Qualidade, baseada na
prevenção, cujo princípio é a antecipação dos erros e busca da solução das suas
causas. Assume-se, assim, uma postura proativa, ao invés de reativa. Na visão de
Paladini (2018, p. 144), “A terceira era, a da garantia da qualidade, trouxe um sentido
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mais amplo sobre a qualidade, deixando de lado a preocupação somente com o
produto ou serviço final, buscando a qualidade nas fases do processo produtivo”.
Neste sentido, as organizações passaram a dedicar-se ao contexto organizacional
desde a concepção do produto, com a escolha dos fornecedores até o pós-venda,
dando assistência aos clientes (Mazzaferro et al., 2018).
Nesta etapa, as empresas buscam gerenciar a qualidade de forma
estratégica, tendo a proatividade como princípio para obter vantagem competitiva
frente à concorrência. Ademais, vale ressaltar que a disseminação da utilização das
ferramentas da qualidade e a implementação de programas de melhoria contínua,
quando visam atingir os objetivos estratégicos da organização, têm como base a
satisfação total dos clientes.
Dessa forma, fica claro que, nesta fase, não basta apenas se preocupar com
os processos internos de produção para atingir os objetivos. A organização deve,
também, possuir uma visão sistêmica e global dos aspectos que abarcam o produto e
geram valor para a empresa (Gazziero & Cecconello, 2019).
O uso atual da gestão da qualidade desempenha um papel fundamental nas
organizações, independentemente do setor ou indústria. As empresas reconhecem
cada vez mais a importância de garantir a excelência em seus processos, produtos e
serviços para atender às demandas dos clientes e manter uma vantagem competitiva
no mercado.
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visando identificar e resolver problemas, otimizar os processos e impulsionar a
eficiência operacional. (OAKLAND, 1994)
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envolvidos no SQG, bem como dos recursos disponíveis que servirão de apoio para
manter a certificação (Lima et al., 2016).
Em suma, de acordo com a ISO 9001:2015, o principal benefício é a
capacidade de atender o cliente e satisfazê-lo através da melhoria contínua,
demonstrando a conformidade com os requisitos do cliente, da empresa e legal. Nota-
se que, em alguns casos, empresas possuem a certificação apenas para colocá-la
num quadro para ser exibida a quem lhe exija tal documento (Sacomeno et al., 2018).
Porém, como pode-se verificar, este não é o objetivo em adquirir o certificado de
qualidade ISO 9001 e o cliente espera que tal certificação se concretize em eficiência
nos processos, qualidade nos produtos e serviços e experiências inovadoras que
façam com que lembre da empresa com satisfação (Oian, 2018).
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supracitadas. Foram excluídos: teses e/ou dissertações, estudos pilotos, os que
possuem duplicatas ou que tivessem uma abordagem diferente do tema proposto.
Os dados são analisados em tempo real por meio de análise de big data e
algoritmos avançados, permitindo identificar variações e desvios que possam afetar a
qualidade do produto. Com esse monitoramento contínuo, é possível realizar ajustes
imediatos e implementar ações corretivas, garantindo a conformidade com os padrões
de qualidade estabelecidos. (SACOMANO et al., 2018)
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Ela também envolve uma maior integração e colaboração com fornecedores ao
longo da cadeia de suprimentos. Através de plataformas digitais e sistemas
compartilhados, as empresas podem trocar informações e dados em tempo real com
seus fornecedores, incluindo especificações de qualidade, requisitos técnicos e
feedback sobre o desempenho dos materiais e componentes fornecidos. Essa
colaboração permite um controle mais efetivo da qualidade dos insumos e materiais
utilizados na produção, reduzindo os riscos de falhas e garantindo a entrega de
produtos de qualidade aos clientes. Além disso, a integração da cadeia de
suprimentos facilita a rastreabilidade dos materiais, permitindo identificar a origem e o
histórico de cada componente, o que é essencial para garantir a qualidade e a
conformidade com as regulamentações. (SACOMANO et al., 2018)
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Segundo as informações contidas na tabela acima, os requisitos básicos para
alcançar um ecossistema de gerenciamento de qualidade vivo incluem uma estratégia
de gerenciamento de manutenção preditiva por meio de grandes bancos de dados e
análise de dados, simulações em tempo real e implantação de plataforma.
A convergência e integração de tecnologias inovadoras levaram ao
desenvolvimento da IoT, tecnologia digital, big data, computação em nuvem,
impressão 3D, sensores inteligentes, ICT e robôs, que estão gradualmente
estabelecendo um mundo que pode ser realizado no futuro (Neifer, 2019).
No entanto, é importante observar que, embora a Qualidade 4.0 possa ser
impulsionada pela tecnologia, a verdadeira transformação acontece na cultura de
liderança e nos processos de qualidade. A qualidade 4.0 é uma melhoria nos métodos
de qualidade anteriores, em vez de construir um a partir do zero (De Souza et al.,
2020).
A qualidade 4.0 é uma abordagem inovadora que se integra à Indústria 4.0,
trazendo consigo avanços significativos no campo da gestão da qualidade.
Incorporando tecnologias avançadas como a Internet das Coisas (IoT), análise de
dados em tempo real e aprendizado de máquina, a qualidade 4.0 permite uma
transformação completa dos processos de produção e da gestão da qualidade.
(SACOMANO, 2018)
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relações complexas. Com base nesses insights, as organizações podem otimizar seus
processos, identificar oportunidades de melhoria e tomar decisões embasadas em
dados para aprimorar a qualidade dos produtos.
5 CONSIDERAÇÕES FINAIS
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A gestão da qualidade, em conjunto com a incorporação do modelo da Indústria
4.0, impulsiona a qualidade da tecnologia utilizada nas empresas e nos processos.
Isso garante a rastreabilidade, o controle e a sustentabilidade da qualidade em todos
os processos, possibilitando uma melhor gestão dos recursos e uma produção mais
eficiente e livre de defeitos.
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uma reputação sólida no mercado e para o estabelecimento de relações duradouras
com os clientes.
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