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ESCOLA SUPERIOR DE CIÊNCIAS NÁUTICAS

DEPARTAMENTO DE ENGENHARIA DE MÁQUINAS

ENGENHARIA DE MÁQUINAS MARÍTIMAS

Cadeira: Termodinâmica II

TEMA: Resumo da Termodinâmica I (Principais temas)

Turma: 2MQ 2019

Docente: Carlos Alejandro

Discente: Ailton Stélio Daniel Machango

Maputo, Janeiro de 2021


Índice
Resumo ................................................................................................................................. 3
Introdução ............................................................................................................................. 4
Algumas variáveis importantes da termodinâmica ................................................................. 5
Termodinâmica ..................................................................................................................... 6
Processos termodinâmicos..................................................................................................... 7
Transformação isocórica ....................................................................................................... 8
Transformação isobárica ..................................................................................................... 10
Transformação isotérmica ................................................................................................... 11
Primeira Lei da Termodinâmica .......................................................................................... 13
O Trabalho .......................................................................................................................... 18
A energia interna ................................................................................................................. 19
2ª Lei da Termodinâmica .................................................................................................... 20
Surgimento da entropia ....................................................................................................... 22
Máquinas Térmicas ............................................................................................................. 24
Transformação cíclica ......................................................................................................... 26
Ciclo de Carnot ................................................................................................................... 28
Entalpia ............................................................................................................................... 32
Conclusão ........................................................................................................................... 37
Bibliografia ......................................................................................................................... 38
Exercício 103 ...................................................................................................................... 39
Exercício 105 ...................................................................................................................... 41
Exercício 109 ...................................................................................................................... 42
Exercício 112 ...................................................................................................................... 44
Exercício 117 ...................................................................................................................... 46

Pag.2
Resumo
O relatório tem como tema central o estudo dos principais temas da Termodinâmica I.

Nele será abordado o seu conceito, as suas leis, os seus processos básicos e consecutivos
temas como o calor, ciclo de Carnot, entropia e entalpia e máquinas térmicas.

Pag.3
Introdução
A termodinâmica não é tão fácil de definir quanto a mecânica ou a óptica ou o
eletromagnetismo.

Poderíamos dizer que a termodinâmica estuda como um sistema troca energia com sua
vizinhança, através da transferência de trabalho e/ou de calor. A termodinâmica estuda como
um sistema, um corpo ou uma máquina, transformam calor em energia mecânica e vice-versa.
(Gregio, 2016)

Pag.4
Algumas variáveis importantes da termodinâmica
Não podemos falar de Termodinâmica sem falar de variáveis como o calor, a temperatura, a
pressão, a energia e volume. O tato constitui uma das maneiras mais simples de fazer uma
distinção entre corpos quentes e frios. Mas essa maneira de avaliação é bastante imprecisa, e
além do mais poderá causar dificuldades se as temperaturas dos corpos estiverem muito
próximas.

A temperatura segundo (Silva.T, 2014) é uma medida da agitação das partículas que
compões um certo material. Se considerarmos as moléculas um gás, quanto maior a sua
temperatura mais energia cinética terão essas moléculas.

A pressão está relacionada á transferência média de momento linear do gás para as paredes
do recipiente.

Segundo (Gregio, 2016) energia é uma palavra amplamente usada cotidianamente,


independentemente da classe social, do nível de educação ou de seu status na sociedade; é o
que se fornece ou que se perde para que um sistema sofra uma transformação.

Calor não é uma forma de energia, calor corresponde à energia que está sendo recebida ou
cedida, devido a uma diferença de temperatura e que ocorre, espontaneamente, da região de
maior temperatura para a região de menor temperatura.

Por que Estudar Termodinâmica?

Na engenharia, a Termodinâmica é utilizada para a análise de diversos processos que


ocorrem em equipamentos industriais de grande importância, tais como centrais
termoelétricas, refrigeradores por compressão de vapor, motores a reação (motores a jato e
foguetes), equipamentos de decomposição de ar, e muitos outros.

Desta forma, o domínio da termodinâmica é essencial para que o engenheiro possa projetar
estes equipamentos e sistemas com o objetivo de construí-los dentro do menor custo razoável
e obter destes, em operação, a maior eficiência energética possível. (Porto.F, 2007)

Pag.5
Termodinâmica
Definição

Como já havíamos dito no inicio a termodinâmica não é tão fácil de definir quanto a
mecânica ou a óptica ou o eletromagnetismo.

Para o professor (Nussenzveig 1981), em seu livro “Física Básica”, a termodinâmica lida com
fenômenos associados aos conceitos de temperatura e calor.

Definição Clássica:

“Termodinâmica é a ciência que lida com Calor e Trabalho e suas inter-relações”

Poderíamos dizer que a termodinâmica estuda como um sistema troca energia com sua
vizinhança, através da transferência de trabalho e/ou de calor. A termodinâmica estuda como
um sistema, um corpo ou uma máquina, transformam calor em energia mecânica e vice-versa.

Segundo (YOUNG, 2004. p. 176) a Termodinâmica, no sentido geral da palavra, é a ciência


da energia e de suas propriedades. Ela se relaciona com o estudo do calor, da temperatura e
do trabalho mecânico.

A Termodinâmica tem algumas qualidades que a distinguem de outros ramos da física: ela
trata de processos e sistemas perceptíveis pelos nossos sentidos; ela não necessita de técnicas
matemáticas sofisticadas; ela estuda sistemas macroscópicos e não é afetada por variações de
conceitos microscópicos.

A linguagem da Termodinâmica é constituída por um vocabulário bastante reduzido, parte do


qual devemos conhecer preliminarmente, ao mesmo tempo que vamos nos inteirando de seus
“costumes”, isto é, do modo pelo qual a Termodinâmica encara os fenômenos que estuda.
Assim, a Termodinâmica faz distinção entre o objeto de seu estudo e de tudo o mais que o
cerca e que com ele tenha relações. O objeto de sua atenção é denominado sistema e tudo que
o cerca, mantendo porém com ele relações que possam interferir em seu comportamento, é
denominado de meio.

“Toda vez que você dirige um carro, liga um ar condicionado ou usa um eletrodoméstico,
você está usufruindo dos benefícios práticos da termodinâmica, o estudo das relações
envolvendo calor, trabalho mecânico e outros aspectos da energia ou conversão entre tipos de
energia.”

Pag.6
Processos termodinâmicos
Um processo termodinâmico é um evento caracterizado pela variação de uma ou várias
funções de estado de determinado sistema. Quando um sistema se encontra em equilíbrio
termodinâmico e sofre uma pequena variação (infinitesimal) em algumas de suas funções de
estado, se deixado isolado, ele encontrará naturalmente uma outra situação de equilíbrio,
como novos valores de suas funções de estado. Chama-se a essa mudança infinitesimal de
processo quase estático.

Um processo reversível é necessariamente uma seqüência de processos quase estáticos. Para


que um processo seja reversível é necessário que conheçamos todas as micro-transformações
que aconteceram entre o estado inicial e o estado final. As mudanças que sofrem algumas
grandezas quando que acontece numa transformação termodinâmica estão relacionadas
através da equação que define a Primeira Lei da Termodinâmica:

ΔE = Q −W

Onde:

ΔE = energia interna do gás

Q = calor absorvido pelo gás

W = trabalho executado pelo gás

Considerando os processos quase estáticos, vamos analisar:

Processo adiabático

Q = 0; sem troca de calor com o ambiente.

Como não existe troca de calor entre o sistema (gás) e o ambiente, as transformações estão
associadas a troca de trabalho entre o sistema e o meio. As funções de estado p, V e T podem
variar, mas sem que isso signifique uma troca de energia em forma de calor. O sistema
poderá trocar com o ambiente, energia em forma de trabalho. Por exemplo; o ambiente
executará trabalho sobre o sistema diminuindo o volume deste sistema, e consequentemente
aumentando a sua pressão e a sua temperatura. Acontecerá a variação da energia interna do
sistema.

Pag.7
Transformação isocórica
Uma transformação gasosa na qual a pressão p e a temperatura T variam e o volume V é
mantido constante é chamada transformação isocórica (do grego: isos, igual; koros, volume)
ou transformação isométrica.

Considere certa massa de um gás ideal que ocupa inicialmente um volume y, e apresenta
pressão p1 e temperatura T1. Se ele for aquecido até uma temperatura T2 e seu volume for
mantido constante sua pressão se eleva para um valor p2, (figura 1). Verifica-se
experimentalmente que as pressões e as temperaturas absolutas nesse processo relacionam-se
pela fórmula:

“A volume constante, a pressão e a temperatura absoluta de um gas ideal são diretamente


proporcionais.”

Por diretamente proporcional devemos entender que quando a pressão aumenta, a


temperatura absoluta aumenta na mesma proporção, quando a pressão diminui a temperatura
absoluta diminui também na mesma proporção.

Essa relação foi descoberta por dois físicos franceses, Charles e Gay-Lussac, e é comumente
conhecida como lei de Charles para transformação isocórica.

De acordo com essa lei, a temperatura de um gás ideal a volume constante diminui à medida
que se reduz sua pressão. Portanto, a temperatura mais baixa que tem significado físico
corresponde à pressão nula do gás resfriado isocoricamente. Essa temperatura é -273,15 oC
(que se costuma aproximar para -273 oC) ou 0 K (zero kelvin).

o
A temperatura -273,15 C (0 K) é denominada zero absoluto.
(Nicolau, Toledo & Ramalho, 2009).

Pag.8
Graficamente, se representarmos a pressão p em ordenadas e a temperatura absoluta T em
abscissas, obtemos uma reta que passa pela origem. Trata-se de uma função linear, isto é, a
pressão é diretamente proporcional à temperatura absoluta (figura 2a). A figura 2b indica a
mesma transformação isocórica quando se representa em abscissas a temperatura expressa em
graus Celsius (oC).

Fig.1

Na transformação isocórica, o volume V é uma função constante em relação à pressão p


(figura 3a) e em relação à temperatura I(figura 3b)

Fig.2 Transformação isocórica: V é função constante em relação à pressão.


(Nicolau, Toledo & Ramalho, 2009).

Pag.9
Transformação isobárica
Uma transformação gasosa na qual o volume V e a temperatura variam e a pressão p é
mantida constante é chamada transformação isobárica (do grego: isos, igual; boros, pressão).
Submetendo certa massa de gás ideal ao processo experimental da Figura 4, no qual a pressão
p se mantém constante, verifica-se que, quando a temperatura absoluta aumenta de T1 para
T2, o volume aumenta de V1 para V2. Esses valores relacionam-se pela fórmula:

“Sob pressão constante, o volume e a temperatura absoluta de um gás são diretamente


proporcionais”.

Essa relação constitui a lei de Charles para a transformação isobárica

Figura 3 . Transformação isobárica

Se representarmos volume V em ordenadas e a temperatura T em abscissas, o gráfico da


fórmula anterior (o volume é diretamente proporcional à temperatura absoluta) será uma reta
que passará pela origem (função linear), como na figura 5a. A figura5b indica a mesma
transformação isobárica, quando se coloca em abscissas a temperatura em graus Celsius.
(Nicolau, Toledo & Ramalho, 2009).

Pag.10
Na transformação isobárica, a pressão p é uma função constante em relação ao volume
V(figura 6a) em relação à temperatura T(figura 4b).

Figura 5 .Transformação isobárica: p é função constante em relação ao volume e a


temperatura.

Transformação isotérmica
Uma transformação gasosa na qual a pressão p e o volume V variam e a temperatura T é
mantida constante é chamada transformação isotérmica (do grego: lsos, igual; termo,
temperatura). Se mantivemos certa massa de gás ideal em temperatura constante l,
verificamos experimentalmente que, se o volume for reduzido de um valor inicial V1 para um
valor final V2, a pressão aumenta do valor inicial p1 para o valor final p2, (figura 7), de
acordo com a fórmula.

Pag.11
Por “inversamente proporcionais” entenda que, quando a pressão aumenta, o volume
decresce na mesma proporção e vice-versa, Essa relação é chamada lei de Boyle*, em
homenagem ao físico que a descobriu, Se representarmos a pressão p em ordenadas e o
volume V em abscissas, o gráfico que expressa a lei de Boyle (a pressão é inversamente
proporcional ao volume) é uma curva denominada isoterma, correspondente a um ramo de
hipérbole equilátera (figura 8). Observe que, se a transformação isotérmica 5e realizar numa
temperatura T’> T, o valor do produto pV será mais elevado, e portanto a hipérbole
representativa ficará mais afastada dos eixos. (Nicolau, Toledo & Ramalho, 2009).

Figura 6 , Transformação isotérmica

Figura.7 Gráfico representando a


transformação isotérmica.

Pag.12
Primeira Lei da Termodinâmica
O enunciado da primeira lei é:

“Quando um sistema sofre uma transformação, a soma algébrica das diversas variações de
energia, do fluxo de calor, do trabalho efetuado, etc., é independente do mecanismo dessa
transformação. Ela só depende do estado inicial e final do sistema.”

Essa fórmula traduz analiticamente a primeira lei da Termodinâmica ou


também: “A variação da energia interna de um sistema é dada pela diferença entre o calor
trocado com o meio exterior e o trabalho realizado no processo termodinâmico.”
(Ramalho, Toledo, Nicolau, 2009)

A primeira lei da Termodinâmica é uma reafirmação do princípio da conservação da energia


e, embora tenha sido estabelecida tomando-se como ponto de partida a transformação de um
gás, é válida para qualquer processo natural que envolva trocas energéticas

Em palavras, a primeira lei nos diz que a energia interna do sistema tende a aumentar se
acrescemos energia na forma de calor e a diminuir, se removemos energia na forma de
trabalho realizado pelo sistema. Note que estamos desconsiderando a energia cinética e
potencial do sistema. Não estamos considerando variações na altura ou movimentos de
translação ou rotação do sistema como um todo. Outro aspecto importante da primeira lei é a
natureza do trabalho.

Estamos considerando W como sendo o trabalho realizado pelo sistema e, portanto, é


positivo.

No caso do trabalho realizado sobre o sistema Ws, é o negativo de W, assim a energia interna
aumenta com Ws. Logo, se enunciamos a primeira lei em termos do trabalho realizado sobre
o sistema, então escrevemos:

que em palavras quer dizer: a


energia interna do sistema aumenta se fornecemos calor ao sistema ou realizamos trabalho
sobre ele. (Azevedo, E 2000)

Pag.13
Por outra explicação:

Fig.8

Segundo (Nussenzveig.H ,2002) quando um sistema termodinâmico vai de um estado inicial i


para um estado final f , ele pode fazer este “caminho” através de vários “percursos”. Na
figura ao lado estão ilustrados dois “percursos” ; diretamente ao longo da curva - (1) ou ao
passando pelo estado a – (2) . em cada percurso o trabalho executado pelo sistema tem um
resultado diferente.

Por outro lado, a troca do o sistema com a sua vizinhança também é diferente em cada um
dos dois percursos.

Define-se uma grandeza, chamada energia interna E, caracterizada pelos diversos tipos de
energia possíveis de existir em uma substância quando ela está em determinado estado. Se
tivéssemos um gás diatômico, a energia interna desse gás em determinado estado teria uma
parte associada ao seu movimento (energia cinética de translação), outra parte associada a
rotação de um átomo em torno do outro (energia cinética de rotação), outra parte associada à
oscilação de um átomo em relação ao outro (energia potencial elástica), e outros tipos de
energia, de acordo com o modelo usado para descrever a molécula e o gás a que ela pertence.
No caso, mais simples, de um gás ideal monoatômico, a energia interna depende apenas do
movimento dos átomos.

A diferença de energia interna entre os estados inicial e final ∆EInt = EF - EI é uma grandeza
de grande importância na termodinâmica, porque independente do percurso usado para ir de
um estado para o outro, teremos sempre que: ∆EInt = QIF – WIF = QIAF – WIAF. Logo:

∆EInt = Q – W

Pag.14
Uma das variáveis que define a primeira lei da termodinâmica é o calor.
Calor

É uma forma de energia em trânsito, que se transfere entre dois corpos, devido à diferença de
temperatura entre eles. A quantidade de calor (Q) é a mesma desta energia transferida e se
traduz, como uma variação na sua temperatura ou como uma mudança no seu estado físico.

Como o calor é energia, o número que exprime certa quantidade de calor terá unidades de
energia. Assim:

No sistema CGS _ _ _ _ _ _ _ _ ERG

No sistema MKS (SI) _ _ _ _ _ _ _ _ JOULE (J )

No sistema MKgFS _ _ _ _ _ _ _ _ KGM

Entretanto, na prática, é de grande uso popular usamos a Caloria (cal) e a Quilocaloria (Kcal).

Uma caloria é a quantidade de calor necessária para aquecer um grama de água pura, sob
pressão normal (1atm), de 14,5°C a 15,5°C. 1 cal = 4,18 J & 1 Kcal = 1.000 cal

O conceito de calor no cotidiano

Quando a energia térmica está no corpo, ela é denominada energia interna, mas quando está
em trânsito, passando de um corpo para outro, é denominada calor. No entanto, frases como
“estou com calor” ou “este corpo tem calor”, denotando altas temperaturas, contrapõem-se ao
formalismo da Física, pois, para essa ciência, o conceito de calor tem significado muito
específico: calor é energia térmica em trânsito. Se uma quantidade de energia é transferida de
um corpo para outro, aquele que perde energia diminui sua temperatura e, por isso, as
partículas que o compõem passam a vibrar menos. O corpo que recebe a energia tem sua
temperatura aumentada, consequentemente suas partículas vibram mais.
(Nussenzveig, H, 2002)

A fonte de calor mais importante para nós é o sol.

Pag.15
Quando a temperatura do sistema é diferente da temperatura do ambiente (TA ≠ TS), então a
temperatura do sistema irá variar no tempo (TA pode variar um pouco) até que as duas
temperaturas se igualem e o equilíbrio seja estabelecido. Essa variação da temperatura deve-
se a uma mudança na energia térmica do sistema por causa da troca de energia entre o
sistema e o ambiente. A energia térmica é uma energia interna que consiste nas energias
cinética e potencial associadas a movimentos aleatórios dos átomos, moléculas e outros
corpos microscópicos que existem no interior do objeto. A energia transferida é chamada
calor e é simbolizada pela letra Q. O calor é positivo se a energia é transferida do ambiente
para a energia térmica do sistema (dizemos que o calor é absorvido pelo sistema). O calor é
negativo quando a energia é transferida da energia térmica do sistema para o ambiente
(dizemos que o calor é cedido ou perdido pelo sistema). ( Azevedo, E 2000)

Neste caso, definimos:

Fig.9

Calor Sensível

O calor sensível é o calor que, recebido ou cedido por um corpo, provoca nele uma variação
de temperatura. Durante esse processo o estado físico da substância permanece inalterado.
Segundo Tipler (2015), a quantidade Qs (Quantidade de Calor Sensível) necessária para
ocorrer a variação de temperatura é proporcional à massa da amostra utilizada. A quantidade
de calor sensível é definida por:

Q = m.c. ∆t

Onde, m é massa da amostra em g, c é o calor específico em cal/g°C e ∆T é a variação de


temperatura em graus Celsius (°C).

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Ressalta-se que o calor específico é característico de cada substância, e, a quantidade de calor
recebido ou cedido pela amostra, também é proporcional ao tempo de exposição a fonte de
calor.

Calor Latente

A quantidade de energia por unidade de massa que deve ser transferida na forma de calor
para que uma amostra mude totalmente de fase é chamada calor de transformação ou calor
latente.

Vale lembrar que, durante esse processo, a amostra permanece com a temperatura constante.

A propriedade física que define a quantidade de calor Q necessária para uma mudança de fase
de uma massa m de determinada substância é chamada calor latente, e é definida como:

Q = m*L

L - calor latente da substância depende da natureza da mudança de fase e da substância

(Rocha, 2018)

Mudanças de fase

Após mencionar o calor latente podemos agora falar das mudanças de fase. Em determinadas
condições de pressão e temperatura, uma substância pode passar de uma fase para outra
ocorrendo então uma mudança de fase ou mudança de estado de agregação. Elas podem ser
resumidas com seguinte esquema:

Fig.10

(Nicolau, Toledo & Ramalho, 2009)

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O Trabalho
Em Termodinâmica, em grande parte dos casos o trabalho ocorrerá por expansão ou
compressão de gases, e esse trabalho é facilmente quantificável. Da mecânica pode-se
lembrar que trabalho é o produto da força pelo deslocamento. De maneira geral, o trabalho
realizado por um determinado agente é: W = ∫ Fdz

Consideremos um sistema formado por um gás submetido a uma expansão ou compressão;


consideremos que esse trabalho seja exercido pela aplicação de uma pressão externa uniforme
na fronteira do sistema. O trabalho realizado sobre ele é:

Fig.11

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A energia interna
A energia total de um sistema é composta de duas parcelas: a energia externa e a energia
interna A energia externa do sistema é devida às relações que ele guarda com seu meio
exterior - energia cinética e energia potencial.

A energia interna do sistema relaciona-se com suas condições intrínsecas. Num gás,
corresponde às parcelas: energia térmica, que se associa ao movimento de agitação térmica
das moléculas; energia potencial de configuração, associada às forças internas conservativas;
energias cinéticas atômico-moleculares, ligadas à rotação das moléculas, às vibrações
intermoleculares e aos movimentos intra-atômicos das partículas elementares.

Não se mede diretamente a energia interna U de um sistema. No entanto, é importante


conhecer a variação da energia interna ▲U do sistema durante um processo termodinâmico.
Para os gases ideais monoatômicos, essa variação é determinada somente pela variação da
energia cinética de translação das moléculas que constituem o sistema.

(Nicolau, Toledo & Ramalho, 2009)

Pag.19
2ª Lei da Termodinâmica
Em todas as transformações naturais, as conversões energéticas são tais que a energia total
permanece constante, de acordo com o princípio da conservação da energia. A primeira lei da
Termodinâmica é uma reafirmação desse princípio, mas não se refere à possibilidade de uma
dada transformação se realizar efetivamente. Podemos imaginar muitos eventos que
satisfazem a primeira lei da Termodinâmica e que são impossíveis na prática, ou melhor, a
ocorrência de tais eventos é altamente improvável. Um pêndulo oscilando, por exemplo, para
ao fim de algum tempo, em virtude dos choques com as moléculas do ar e outros atritos. A
energia "organizada" do pêndulo se converte em energia térmica. A primeira lei não invalida
a transformação recíproca, em que as moléculas se organizam empurram o pêndulo, fazendo-
o recuperar a energia inicial. No entanto, a probabilidade da ocorrência de tal evento é ínfima.
Outro exemplo: o calor passa espontaneamente dum corpo de maior temperatura para outro
de menor temperatura (figura 1a). No entanto, a passagem contrária é altamente improvável,
razão pela qual consideramos que não ocorre (figura 1b).

Fig.12. O calor passa espontaneamente do corpo mais quente para o mais frio.

Ainda outro exemplo: uma gota


de tinta colocada num líquido; se espalha uniformemente por ele, de maneira espontânea.
Mas é quase impossível que às moléculas se reagrupem, restaurando a gota inicial.

Pag.20
A lei que descreve tal comportamento é a segunda lei da Termodinâmica. De caráter
estatístico, essa lei exprime o fato de que os sistemas evoluem espontaneamente, segundo um
sentido preferencial, tendendo a um estado de equilíbrio. De acordo com a segunda lei da
Termodinâmica, a energia se "degrada" de uma forma organizada para uma forma
desordenada chamada energia térmica, nas transformações naturais, como vimos no exemplo
do pêndulo.

Ainda conforme essa lei, a energia térmica passa de regiões mais quentes para regiões mais
frias. A transferência preferencial de calor do corpo mais quente para o corpo mais frio levou
Clausius* a anunciar a segunda lei do seguinte modo:

“O calor não passa espontaneamente de um corpo para outro de temperatura mais alta.”

Lorde Kelvin (1824-1907) e Max Planck (1848-1947) enunciaram de outra maneira,


considerando que a conversão integral de calor em trabalho, embora prevista pela primeira
lei, nunca pode ocorrer:

“É impossível construir uma maquina, operando em ciclos, cujo único efeito será retirar calor
de uma fonte e convertê-lo integralmente em trabalho.” (Nicolau, Toledo & Ramalho, 2009).
Assim, a variação da entropia do gás é simplesmente dada por:

onde estamos considerando o valor absoluto do calor. O reservatório tem sua entropia

aumentada pelo recebimento deste calor, o aumento dado por:

Assim, a variação total da entropia é dada por: ∆S = ∆Sgas + ∆Sreserv = 0 ou seja, no


processo reversível a entropia permanece fixa, mas não atinge valores negativos. Com este
resultado, podemos modificar o postulado da entropia para incluir processos reversíveis: Se
um processo ocorre em um sistema fechado, a entropia deste sistema aumenta para
processos irreversíveis ou permanece constante para processos reversíveis. A entropia
nunca diminui. Esta afirmação é a chamada 2a lei da termodinâmica. Matematicamente,
podemos enunciar a 2ª lei da seguinte forma: ∆S ≥ 0

Pag.21
Surgimento da entropia
O conceito de entropia foi introduzido por Rudolf J. E. Clausius em meados do século XIX e
sua interpretação foi inicialmente vinculada ao conceito de reversibilidade de processos
termodinâmicos. Processos reversíveis podem ser definidos como transformações sofridas
por sistemas termodinâmicos tais que, ao final da transformação, tanto o sistema quanto a sua
vizinhança podem ser restaurados aos seus estados originais sem com isso provocar qualquer
alteração no resto do universo. A partir do conceito de processos reversíveis, define-se a
entropia como uma variável de estado dos sistemas de forma que, ao final de um processo
reversível a entropia de todo o universo permanece inalterada. Posteriormente, as bases
estatísticas da termodinâmica permitiram interpretar a entropia de um sistema como função
do número de configurações microscópicas consistentes com as propriedades macroscópicas
do sistema (como p, V e T no caso de um gás). Desta maneira, é comum relacionar entropia
com a quantidade de informação adicional necessária para se especificar o estado exato de
cada um dos elementos constituintes de um determinado sistema termodinâmico a partir do
conhecimento de suas variáveis macroscópicas. Por este motivo, algumas interpretações da
entropia a relacionam com a aleatoriedade apresentada por um sistema termodinâmico, e
portanto com a “desordem” destes sistemas. (Kroetz, 2019)

Definição quantitativa de Entropia

A variação de entropia de um processo reversível, em função do calor trocado, Q, e da


temperatura, T, do sistema, é calculada como:

No entanto, se o processo for isotérmico, isto é, ocorrer à temperatura constante, sua variação
de entropia pode ser calculada por:

Seja Q a quantidade de calor que o sistema troca e a temperatura dele durante uma
transformação isotérmica reversível. Define-se a variação de entropia do sistema, nesse

processo, pela relação:

Pag.22
A variação de entropia ∆S do mesmo modo que a variação de energia interna ∆Ué uma
função de estado, dependendo apenas dos estados inicial e final do sistema, e não das
particulares transformações que levam o sistema de um estiado ao outro. (Nicolau, Toledo &
Ramalho, 2009) Existem duas maneiras de definir a entropia: (1) definimos a entropia em
termos da temperatura do sistema e da energia que o sistema ganha ou perde na forma de
calor; (2) contando as diferentes formas de distribuir os átomos ou moléculas que compõem o
sistema, a segunda forma é usada na formulação estatística de um sistema termodinâmico.
Entropia (S): variável termodinâmica (macroscópica) que mede número de configurações
possíveis em dado estado (probabilidades de configurações em escala microscópica),
propriedade de estado da matéria (não depende do caminho), é uma propriedade extensiva.
Formalmente, entropia é definida em Termodinâmica Estatística como:

S = KblnΩ

Onde:

- Kb: constante de Boltzmann

- Ω: número de configurações microscópicas

(Bastos, Rodrigues, & de Souza, 2011)

Segundo (Martinelli, 2002), como a entropia é uma função de estado, a sua variação entre
dois estados de equilíbrio sempre pode ser determinada, mesmo para processos irreversíveis
nos quais o sistema passa por situações onde o estado termodinâmico do sistema não está
bem definido (o sistema sai do equilíbrio termodinâmico). Para determinar a entropia nesses
casos, basta imaginar um processo reversível equivalente (com os mesmos estados inicial e
final).

S é a entropia total do universo. Onde: o símbolo (=) vale para


processos reversíveis e o símbolo (>) para processos irreversíveis. Embora a entropia possa
diminuir em parte de um sistema fechado, sempre haverá um aumento igual ou maior em
outra parte do sistema, de modo que a entropia do sistema como um todo nunca diminui no
sistema isolado.

Pag.23
Máquinas Térmicas
Agora que definimos o conceito de entropia e mostramos que a entropia de qualquer sistema
na natureza nunca diminui, vamos considerar a aplicação deste conceito em sistemas
chamados de máquinas térmicas.

Quando um sistema (por exemplo, um gás) realiza um ciclo em sentido horário no diagrama
de trabalho, há transformação de calor em trabalho. Todavia, não é possível o sistema retirar
calor de uma única fonte e converte o completamente em trabalho pois isso contraria a
segunda lei.

As máquinas térmicas, como por exemplo, a máquina vapor, foram inventadas e funcionavam
antes que seu princípio teórico fosse estabelecido.

Uma máquina térmica é um dispositivo que retira calor do ambiente e realiza trabalho na
forma útil. As máquinas térmicas usam uma “substância de trabalho” que opera em um ciclo,
ou seja, uma série de processos termodinâmicos, chamados tempos, voltando repetidamente a
cada estado de ciclo.

Estudando essas máquinas, Carnot** evidenciou que uma diferença de temperatura ela tão
importante para uma máquina térmica quanto uma diferença de nível d'água para uma
máquina hidráulica. Estabeleceu, então, que:

Para que uma máquina térmica converta calor em trabalho de modo contínuo, deve
operar em ciclo entre duas fontes térmicas, uma quente e outra fria: a máquina retira
calor da fonte quente (Q1), converte-o parcialmente em trabalho e rejeita o restante
(Q2) para a fonte fria. 13

Na figura 3 representa-se esquematicamente uma máquina térmica, sendo: Q1 o calor


retirado da fonte quente (T1), o trabalho útil obtido e Q2 o calor rejeitado à fonte fria (T2). O
rendimento dessa máquina térmica pode ser expresso pela razão entre a energia útil (trabalho)
e a energia total representada pelo calor retirado da fonte quente (Q1):

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Figura 13. Esquema de uma máquina térmica

Nas fórmulas acima, as quantidades de calor foram consideradas em módulo, uma máquina
térmica bem conhecida é a locomotiva a vapor (maria-fumaça). Nessa máquina, a fonte
quente é a caldeira (fornalha), e a fonte fria é o ar atmosférico. O calor retirado da caldeira é
parcialmente transformado no trabalho motor que aciona â máquina, e a diferença é rejeitada
para a atmosfera. Observe que, para que a máquina, funcione, deve existir sempre um sistema
(geralmente gasoso) realizando ciclos continuamente. Esse sistema constitui a substância
"trabalhante" da máquina. No caso da locomotiva a vapor, a substância "trabalhante" é o
vapor d'água. As máquinas térmicas (ou motores térmicos) costumam apresentar rendimentos
baixos, inferiores a 30%. (Nicolau, Toledo & Ramalho, 2009)

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Transformação cíclica
Segundo (Nicolau, Toledo & Ramalho, 2009) ciclo ou transformação cíclica de uma dada
massa gasosa é um conjunto de transformações após as quais o gás volta á mesma pressão, ao
mesmo volume e á mesma temperatura que apresentava inicialmente. Em um ciclo o estado
fina é igual ao estado inicial.

Sejam A e C dois estados de uma massa gasosa (figura 14). Imaginemos que o gás passa de A
para C, realizando uma expansão isobárica, AB seguida de uma diminuição isocórica de
pressão BC. O trabalho realizado 6r é dado pela área destacada no gráfico, sendo positivo
(W > 0) considere que, na volta de C para Á (figura 15), o gás realize uma compressão
isobárica CD seguida de um aumento isocórico de pressão DÁ. o trabalho realizado õ, é dado
pela área destacada no gráfico, sendo negativo (W2 < 0).

Expansão isobárica AB e transformação isocórica BC e compressão isobárica CD e


transformação isocórica DA.

Considerando todo o ciclo, ABCDA, o trabalho total realizado é dado pela soma algébrica
dos trabalhos nas diferentes etapas do ciclo:

Esse trabalho é, no caso, positivo, pois W1 > W2, sendo dado numericamente pela área
destacada na figura ì6. O calor trocado em todo o ciclo é também dado pela soma algébrica
dos calores trocados em cada uma das etapas do ciclo:

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Como o estado inicial é igual ao estado final, é nula a variação de energia interna no ciclo:

Ufinal = Uinicial → ∆U = 0

Aplicando a primeira lei da Termodinâmica, temos:

No exemplo apesentado, o gás forneceu energia para o exterior, pois o trabalho total realizado
é positivo (área do ciclo). No entanto, o gás recebeu calor do exterior em igual quantidade.
Perceba que houve a transformação de calor em trabalho pelo gás ao se completar o ciclo: ele
recebeu calor e forneceu trabalho, Nas máquinas térmicas essa transformação é contínua, uma
vez que os ciclo se repetem continuamente. No estudo da segunda lei da Termodinâmica,
analisaremos o funcionamento de tais máquinas.

Se o ciclo fosse realizado em sentido contrário ao apresentado, isto é, ÁDCBA, ocorreria


conversão de trabalho em calor. Essa conversão ocorre nas máquinas frigoríficas. De modo
geral, se o ciclo fo. percorrido em sentido horário, há conversão de calor em trabalho (figura
'l7). 5e o ciclo fo. percorrido ern sentido anti-horário, há conversão de trabalho em calor
(figura 18).

Ciclo em sentido horário: conversão de calor em trabalho|| Ciclo em sentido anti-horário:


conversão de trabalho em calor.

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Ciclo de Carnot
Segundo (Nicolau, Toledo & Ramalho, 2009) em 1824, Carnot idealizou um ciclo que
proporcionaria rendimento máximo a uma máquina térmica. O ciclo de Carnot consta de duas
transformações adiabáticas alternadas com duas transformações isotérmicas, todas elas
reversíveis, sendo o ciclo também reversível.

Quando o ciclo é percorrido no sentido horário, o trabalho õ realizado é positivo e medido


numericamente pela área do ciclo. Ciclo de Carnot é o ciclo reversível de maior rendimento
que pode operar entre dois reservatórios de temperatura constante.

Segundo (Dittman & Zemansky, 1997) independentemente da substância de trabalho este


ciclo apresenta sempre os mesmos 4 processos básicos:

1) Um processo isotérmico reversível, no qual calor é transferido de ou para ou reservatório


quente.

2) Um processo adiabático reversível, no qual a temperatura do fluido de trabalho passa


daquela do reservatório quente àquela do reservatório frio.

3) Um processo isotérmico reversível, no qual o calor é transferido para ou do reservatório


frio.

4) Um processo adiabático reversível, no qual a temperatura do fluido de trabalho passa


daquela do reservatório frio aquela do reservatório quente. A figura mostra um exemplo de
uma máquina térmica que opera num ciclo de Carnot.

Fig.14

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NB: O ciclo de Carnot é reversível, assim todos os processos podem ser invertidos (ver linhas
tracejadas e entre parênteses) transformando a máquina térmica num refrigerador. Deve-se
salientar que o ciclo de Carnot pode ser executado de vários modos diferentes. Várias
substâncias de trabalho podem ser usadas e existem também diversos arranjos possíveis das
máquinas.

Figura.15 Exemplo de um sistema gasoso operando num ciclo de Carnot.

A figura anterior mostra um exemplo de um ciclo de Carnot ocorrendo no interior de um


cilindro e usando um gás como substância de trabalho.

Este ciclo pode ser representado num diagrama p-v como mostra a figura:

Fig.16 Ciclo de Carnot de um gás perfeito no


plano pv.

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O rendimento do ciclo de Carnot é expresso em termos da razão entre o trabalho gerado (W)

e a energia gasta para produzi-lo (E):

Da primeira lei e sendo um ciclo ∆h = 0, porque a substância volta ao seu estado inicial e
supondo que as energias cinéticas e potencial também retornem ao seu valor inicial, temos:

w = ∆Q ⇒ w = QH - QL

Sendo: QL= calor cedido a fonte fria

QH = calor absorvido pela fonte quente

Por outro lado E = QH

Assim:

Observação:

Revertendo-se o processo poderíamos definir o coeficiente de eficácia do refrigerador:

Teoremas:

1) É impossível construir um máquina térmica que opere entre dois reservatórios térmicos e
tenha maior rendimento que uma máquina reversível, operando entre os mesmos
reservatórios. (ηmax = ηCarnot).

2) Todas as máquinas térmicas que operam segundo um ciclo de Carnot, entre 2 reservatórios
de temperatura constante, tem o mesmo rendimento.

3) Todo ciclo irreversível que funcione entre as mesmas fontes de temperatura, tem
rendimento menor que o ciclo de Carnot (ηirrev 〈 ηCarnot). (Dittman & Zemansky, 1997)

Observação: independente de qualquer substância particular, temos que:

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Existem inúmeras relações funcionais que satisfazem esta relação. Lorde Kelvin propôs para
a escala termodinâmica de temperatura a relação:

Assim:

Essa fórmula expressa uma importante conclusão:

O rendimento no ciclo de Carnot é a função exclusiva das temperaturas absolutas das


fontes quente e fria, não dependendo, portanto, da substancia trabalhante utilizada.

Por outro lado, Carnot provou que e5sa fórmula corresponde ao máximo rendimento que
pode ser obtido por uma maquina térmica operando entre duas temperaturas T1 e T2.

Há ciclos teóricos reversíveis que podem ter rendimento igual ao do ciclo de Carnot mas
nunca maior. (Nicolau, Toledo & Ramalho, 2009)

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Entalpia
A entalpia é um tema tratado na termoquímica.

Termoquímica que é a parte da química que estuda as trocas de energia em uma reação
química, mas também é uma das áreas da termodinâmica, que estuda as quantidades de calor
absorvidas ou desprendidas nas reações química.

O calor é uma forma de energia e, segundo a Lei da Conservação da Energia, ela não pode ser
criada e nem destruída, pode apenas ser transformada de uma forma para outra.

• Portanto a energia: • liberada por uma reação química não foi criada, ela já existia antes,
armazenada nos reagentes, sob uma outra forma;

• Absorvida por uma reação química não se perdeu, ela permanece no sistema, armazenada
nos produtos, sob uma outra forma.

• A energia armazenada nas substâncias - reagentes (Hr) ou produtos (Hp) - dá-se o nome de

conteúdo de calor (Q) ou entalpia (H).

Entalpia é uma propriedade extensiva de uma substância, que esta relacionada com o calor de
reação (Qp ), e permite calcular o calor absorvido ou desprendido numa reação química.

A variação de entalpia (ΔH), corresponde ao calor liberado ou absorvido a pressão constante


(QP )

Cada substância armazena um certo conteúdo de calor, que será alterado quando a substância
sofrer uma transformação.

Essas transformações chamadas trocas de calor nas reações químicas se classificam em dois
tipos:

• reações exotérmicas – liberam calor;

• reações endotérmicas - absorvem calor;

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ESTADO PADRÃO

Ocorre quando uma substância é uma substâncias simples e se encontra à 25 °C de


temperatura, pressão de 1 atm ou 760 mmHg, no seu estado físico mais comum e no seu
estado alotrópico mais estável;

Essas condições experimentais são chamadas de condições padrão ou estado padrão, e a


entalpia, determinada nessas condições, é a entalpia padrão que é igual a zero.

A entalpia padrão á representada por H0.

Ho reação = Ho (produtos) - Ho (reagentes)

EXEMPLO: Substâncias com entalpia padrão zero: 02 gasoso, H2 gasoso, I2 sólido, C grafite,
S8 rômbico etc..

Substâncias com entalpia padrão diferentes de zero: 02 liquido, 03 gasoso, H2 liquido, I2


gasoso, C diamante etc.

TIPOS DE CALOR

• Entalpia ou calor de formação: variação de entalpia da reação de formação de 1 mol de


uma substância, partindo de reagentes no estado padrão (H = 0). A entalpia de formação
pode ser positiva ou negativa;

ΔH formação = H produtos

EXEMPLO:

O valor ΔH = -68,3 kcal é a entalpia de formação da água (entalpia padrão).


(Azevedo, E 2000)

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• Entalpia ou calor de neutralização: variação de entalpia da reação de um equivalente-
grama de uma base, estando reagente e produtos em solução aquosa em diluição total ou
infinita, 25 °C e 1 atm.

Em uma neutralização a variação de entalpia é sempre negativa, pois toda neutralização é


exotérmica.

Neutralizando um ácido forte com uma base forte, tem-se variação de entalpia praticamente
constante ΔH= - 13,8 kcal/eq.

• Energia de ligação: variação de entalpia que acontece na quebra de um mol de ligações,


estando reagentes e produtos no estado gasoso a 25 °C e 1 atm.

A energia de ligação é sempre positiva, pois a reação é sempre endotérmica, isto porque a o
rompimento de ligações é um processo que consome energia.

A energia de ligação pode ser determinada experimentalmente.

LEI DE HESS

“O calor liberado ou absorvido numa reação química independe dos estados intermediários
pelos quais a reação passa.”

Ou seja, a variação de entalpia de uma reação não depende de estados intermediários:


depende apenas dos estados inicial e final da reação. De acordo com essa lei é possível
calcular a variação de entalpia de uma reação através da soma algébrica de equações
químicas. Afirma que se uma equação química puder ser escrita como a soma de 2 ou mais
etapas, a variação de entalpia da equação global é igual à soma das variações de entalpia das
etapas.

Para entender a Lei de Hess:

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EXEMPLO:

Deseja-se saber a variação de entalpia para a seguinte reação: 2C(grafita) + O2 (g) → 2CO(g)

A síntese é difícil de estudar devido a formação de CO(g), porém é fácil medir a combustão
de C(graf) e CO(g):

2C(grafita) + 2O2 (g) → 2CO2 (g), ∆H = -787,0 kJ

2CO(g) + O2 (g) → 2CO2 (g), ∆H = -566,0 kJ

Combinando as equações, ou seja, invertendo a 2ª equação e combinando-a com a 1ª, temos:

2C(grafita) + 2O2 (g) → 2CO2 (g), ∆H = -787,0 kJ

2CO2 (g) → O2 (g) + 2CO (g), ∆H = +566,0 kJ

2C(grafita) + O2 (g) → 2CO(g), ∆H = -221,0 kJ

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OUTRO EXEMPLO

Sabendo que,

S(s) + O2 (g) → SO2 (g), ∆H = -297,0 kJ 2

SO3 (g) → 2SO2 (g) + O2 (g), ∆H = 198,0 kJ

Podemos calcular a variação de entalpia para a reação:

2S(s) + 3O2 (g) → 2SO3 (g)

Multiplicando a 1ª equação por 2 e invertendo a 2ª equação, temos:

2S(s) + 2O2 (g) → 2SO2 (g), ∆H = -297,0 kJ x 2 = -594 kJ

SO2 (g) + O2 (g) → 2SO3 (g), ∆H = -198,0 kJ

2S(s) + 3O2 (g) → 2SO3 (g), ∆H = -792,0 kJ

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Conclusão
O tema principal do relatório foi o estudo da termodinâmica I, aonde vimos o seu conceito,
sua aplicação, sua importância, suas leis, os seus processos e algumas variáveis essenciais.
Termodinâmica é a ciência que trata do calor e do trabalho, e daquelas propriedades das
substâncias relacionadas ao calor e ao trabalho. É bastante importante porque o seu estudo
permitiu a evolução do mundo de varias formas como, por exemplo, nas indústrias, na
medicina, na exploração de alguns recursos naturais, etc.

Falando das leis, a primeira lei é o princípio da conservação da energia, sendo discutida sua
aplicação às transformações gasosas. A segunda lei tem caráter estatístico e estabelece a
forma preferencial de evolução do Universo. Com base nela, explicamos o funcionamento
das maquinas térmicas e as condições em que seu rendimento é máximo.

O conceito de entropia foi introduzido por Rudolf J. E. Clausius em meados do século XIX e
sua interpretação foi inicialmente vinculada ao conceito de reversibilidade de processos
termodinâmicos.

Concluo o relatório afirmando que o estudo da termodinâmica é de extrema importância,


desde sua criação até o momento; descobertas e criações de muito valor para sociedade foram
feitas, é possível perceber também que os princípios da termodinâmica estão constantemente
presentes no dia-dia de todos e é de fato muito interessante saber como tudo isso funciona
como está presente em nossas vidas sem que percebêssemos.

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Bibliografia
Azevedo, E.G., Termodinâmica Aplicada, 2ª ed., Escolar Editora, Lisboa, 2000

Dittman, R. H e Zemansky, M.W; Calor & Termodinâmica, McGraw Hill, Auckland, 1997

Gregio. N. Termodinâmica, Um tutorial para entendimento do conceito de entropia,


Dissertação de Mestrado apresentada ao Programa de Pós Graduação em Ensino de Ciências
Exatas (PPGECE) da Universidade Federal de São Carlos no Curso de Mestrado Profissional
de Ensino de Física (MNPEF), 2016

Martinelli, L. C. Máquinas Térmicas. Universidade Regional do Noroeste do Estado do Rio


Grande do Sul, Panambi. 2002

Nicolau.F, Ramalho.F, Toledo.P &, Os fundamentos da FisicaII, 2ª ed, Moderna, 2009

Nussenzveig.H, Curso de Física Básica, Vol2, 4a ed Edgard Blücher Ltda. São Paulo, 2002

Porto. F, APOSTILA DE FUNDAMENTOS DA TERMODINÂMICA, Depto de Engenharia


Mecânica Universidade de Taubaté – UNITAU, 2007

Rocha, J, ESTUDO DA CALORIMETRIA: Uso dos dispositivos térmicos acessíveis,


Dissertação de Mestrado submetida ao Programa de Pós-Graduação em Física no Curso de
Mestrado Profissional de Ensino de Física (MNPEF), Teresina-PI, 2018

Silva, R. Notas de Aula de Física, Versão preliminar, 2014

Young, H. Física II: Termodinâmica e Ondas, 12ª ed, Addison Wesley editora, 2004

Pag.38
Exercício 103

Pag.39
Pag.40
Exercício 105

Pag.41
Exercício 109

Pag.42
Pag.43
Exercício 112

Pag.44
Pag.45
Exercício 117

Pag.46
Pag.47
Pag.48

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