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Descrição Compreensão das diferentes leis da termodinâmica e suas formas de transferência de energia, a quantificação da
energia total envolvida e a determinação do sentido espontâneo para uma transformação.
Propósito Fornecer os conhecimentos de aspectos teóricos e ferramentais que possibilitem reconhecer os princípios da
termodinâmica, suas funções e aplicações, para a quantificação da energia envolvida e identificação da
espontaneidade de um processo de transformação física ou química é extremamente importante para a
compreensão de mecanismos e processos que são a base da Química e de várias outras disciplinas.
Objetivos
Módulo 1 Módulo 2
Módulo 3 Módulo 4
Reconhecer as premissas da segunda lei da termodinâmica e a sua Identificar a espontaneidade das reações químicas por meio da análise
importância. da energia livre de Gibbs.
Introdução
Vamos reconhecer a termodinâmica como uma ciência se ocupa em identificar os fluxos de energia
que ocorrem nas transformações da matéria e que permite o cálculo do calor trocado em um
processo químico ou físico.
Veremos como reconhecer e manusear algumas funções importantes, como a entalpia, a entropia e
a energia livre de Gibbs, que permitem tanto quantificar o calor ou o trabalho envolvido em
determinado processo quanto prever em que direção uma transformação avançará.
Resposta
Podemos definir energia como o potencial inato para executar trabalho ou realizar uma ação. Qualquer coisa que esteja
trabalhando, movendo outro objeto ou aquecendo-o, por exemplo, está gastando (transferindo) energia.
Vamos discutir, agora, os conceitos de trabalho e de calor, que são as formas como a energia se
desloca.
Trabalho
O conceito de trabalho é definido como a forma de transferência de energia relacionada com uma ação
ordenada do sistema. O trabalho, representado pela letra “w”, normalmente está relacionado com o
deslocamento de massa. Há trabalho quando um corpo é deslocado contra uma força que se opõe ao
deslocamento. No trabalho, utiliza-se a energia de maneira consistente para se atingir um objetivo,
como, por exemplo, a expansão de um gás que empurra um pistão em um motor a combustão.
Veja a seguir uma ilustração do ciclo de um motor a gasolina convencional de quatro tempos:
Energia na forma de trabalho em um pistão de um motor à combustão.
Etapa 1
A válvula de entrada se abre e a mistura ar-combustível é admitida conforme o pistão se move para baixo.
Etapa 2
Etapa 3
Etapa 4
Calor
Calor é a forma de transferência de energia
relacionada com diferenças de temperatura entre
os sistemas envolvidos ou entre o sistema e as
vizinhanças. O calor normalmente é representado
pela letra ‵‵q′′ . Na transferência energética na
forma de calor, não há um ordenamento do
sistema e normalmente não se busca um objetivo
específico. O calor flui da região mais aquecida
(maior temperatura) para a região mais fria
Energia na forma de calor emanado com a queima de um gás. (menor temperatura).
A energia e suas formas de transferência são quantificadas por unidades próprias. Uma unidade de
medida de energia amplamente difundida é a caloria ( cal ).
Resposta
1cal = energia suficiente para elevar em 1°C a temperatura de 1g de água.
Assim, ao se fornecer a quantidade exata de 1 caloria para um grama de água, essa quantidade de
energia elevará a temperatura dessa massa em um grau Celsius.
Embora a caloria seja uma unidade bastante conhecida, a unidade mais recomendada para os cálculos
envolvendo energia é o Joule ( J ), uma unidade do Sistema Internacional ( SI ). Em termos de
comparação, 1 Joule representa aproximadamente o consumo de energia para sustentar um batimento
cardíaco.
Você pode observar que os rótulos das embalagens dos alimentos contêm as informações nutricionais
e energéticas, utilizando tanto a unidade caloria, ou quilocaloria ( kcal ), como Joule, ou quilojoule ( kJ
).
1kcal = 1000cal
1kJ = 1000J
Sistema expand_more
Qualquer porção identificável de matéria e/ou energia que pode ser isolada por limites bem
definidos que possibilite o seu estudo (célula biológica, reator químico, um núcleo de um reator
nuclear, uma pilha eletroquímica, um vulcão, um oceano ou uma floresta, entre outros).
Agora que sabemos identificar o sistema em análise, vamos ver quais são as possibilidades de
sistemas existentes. Os sistemas podem ser classificados como abertos, fechados ou isolados, de
acordo com os fluxos de energia e de matéria permitidos para as vizinhanças:
Sistema em que só há troca de energia (calor e trabalho) com o meio. A massa permanece
constante. Isto é, não ocorre troca de matéria.
As fronteiras que separam o sistema da vizinhança podem ser classificadas como diatérmica ou
adiabática, de acordo com a permeabilidade ao fluxo de calor:
Impermeável à passagem de calor, mesmo que haja diferença de temperatura entre o sistema e
as vizinhanças.
Trocas térmicas
Em determinado processo ou em uma transformação, o calor pode ser absorvido pelo sistema ou, de
forma contrária, pode ser liberado do sistema para as vizinhanças. Esses processos são classificados
como exotérmico ou como endotérmico. Veja a seguir as características de cada um deles:
Processo exotérmico Processo endotérmico
O sistema cede calor para as vizinhanças O sistema absorve calor a partir das
como, por exemplo, na reação de combustão vizinhanças como, por exemplo, no processo
de um gás. Nesse caso, haverá um aumento de fusão da água. O sistema, ao absorver
da temperatura da vizinhança. calor, provoca um resfriamento da vizinhança.
O sistema é mais quente que as vizinhanças. O sistema é mais frio que as vizinhanças.
Comentário
Essas transferências ocorrem na forma de calor, de trabalho ou ainda nas duas formas em um mesmo processo.
Vamos ver um exemplo de cálculo da variação de energia da realização de trabalho por um sistema
(motor).
Exemplo
Questão 1
Um motor elétrico realiza sobre a vizinhança 15kJ de trabalho mecânico e perde 2kJ de calor por
segundo para o ambiente. Qual é a variação de energia interna do motor a cada segundo?
Resolução expand_more
−1 −1 −1
ΔU = q + w = −2kJ . s − 15kJ . s = −17kJ . s
Nesse caso, considerando que houve a realização de trabalho pelo sistema (motor), o valor do
trabalho será negativo, ou seja, w = −15kJ . A perda de calor para o ambiente significa um
processo exotérmico, assim, q = −2kJ .
Exemplo
Um sistema termodinâmico sofre compressão em suas moléculas de gás. O trabalho de compressão
sobre o sistema é de 300J . Ao mesmo tempo, há uma liberação de calor para a vizinhança equivalente
a 200J . Indique:
Questão 1
Resolução expand_more
q = −200J ; w = +300J
O calor liberado do sistema para a vizinhança tem sinal negativo e o trabalho realizado pela
vizinhança sobre o sistema tem sinal positivo.
Questão 2
Resolução expand_more
ΔU = +100J
Questão 1
Um sistema representa uma parte do universo que se encontra sob observação. Os fenômenos de
transformação de matéria e seus fluxos de energia são estudados a partir de um sistema, que se
encontra separado das vizinhanças por suas fronteiras. A respeito dos fluxos de matéria e energia
nos diferentes sistemas termodinâmicos, assinale a alternativa correta:
Questão 2
Calor e trabalho são conceitos fundamentais para entendermos como a energia flui a partir de uma
transformação em um sistema termodinâmico. A primeira lei, também denominada de princípio da
conservação da energia, mostra, por meio de uma equação matemática bem simples, como a energia
interna de um sistema pode variar. A respeito dos conceitos de calor, trabalho, energia e primeira lei,
assinale a alternativa correta:
Um sistema isolado pode aumentar ou diminuir a sua energia interna por meio de
A
fluxos de calor e de trabalho.
De acordo com a primeira lei, não é possível criar ou destruir a energia. A energia pode
B
variar em um sistema não isolado, por meio do calor e/ou do trabalho.
A Entalpia
Já vimos que nos processos de transformação ocorridos nos sistemas, há fluxos de energia
envolvidos, seja na forma de calor, na forma de trabalho, ou de ambas as formas. Uma quantidade
significativa dessa energia é trocada como calor nos processos endotérmicos e exotérmicos.
Transformação física
Nesse tipo de transformação da matéria, o estado físico de uma substância se altera, sem que haja a
quebra de ligações químicas e a consequente alteração nas fórmulas químicas. Por exemplo, quando o
gelo (que quimicamente tem a fórmula H2O no estado físico sólido) derrete, teremos como resultado
do processo a água líquida, com a mesma fórmula química, ou seja, H2O.
Se continuarmos aquecendo a água líquida, ela passará para o estado vapor, mas continuará com a
mesma fórmula química. Essa última transformação física é denominada evaporação ou vaporização.
Transformação química
As transformações químicas são mais profundas e complexas. Nesse tipo de transformação, ocorre a
quebra das ligações químicas dos reagentes envolvidos. Novas ligações são formadas, com os
elementos químicos anteriormente contidos nos reagentes, gerando produtos quimicamente
diferentes. Logo, é importante saber que:
massa molar de 100g.mol -1, gera os produtos óxido de cálcio (CaO, massa molar 56g.mol-1) e gás
Embora haja uma reorganização das fórmulas químicas, é importante salientar que não há variação de
massa em uma transformação química, isto é, a massa total dos reagentes é igual à massa total dos
produtos gerados.
Reação química: novos produtos são gerados, mas a massa é conservada.
Cálculo da variação da entalpia de uma reação por meio das entalpias de formação de
produtos e reagentes
Uma das formas mais usuais desse cálculo é com a utilização das entalpias padrão de formação (
ΔH
0
f
) das substâncias envolvidas na transformação.
Em que:
Agora veja uma imagem ilustrativa do balanço de entalpia para reações químicas:
Baseado no que você já leu até agora, tente responder às seguintes perguntas:
Qual o significado de estado padrão?
Resposta
O estado padrão refere-se à forma mais estável de uma substância sob pressão de 1bar em uma temperatura qualquer. A maioria
das tabelas termodinâmicas fornecem os dados de estado padrão na temperatura de 25°C .
Resposta
A entalpia padrão de formação refere-se à energia envolvida para formar um mol de uma substância no estado padrão, a partir de
substâncias simples e/ou átomos.
As substâncias simples são aquelas formadas por apenas um tipo de átomo. São exemplos de
substâncias simples: O2(g), N2(g), H2(g) , Cl2(g) Todas essas substâncias possuem apenas um tipo de
átomo em sua fórmula química. Por definição, a entalpia padrão de formação de substâncias simples e
de átomos em sua forma mais estável é igual a zero.
Exemplo
C(s) + 2H2(g) → CH4(g) - Reação de formação do metano
Nome da Representação ΔH
0
f −1
⋅ mol
substância química kJ
Argônio Ar(g) 0
Carbono
C(s,diamante) +1,895
(diamante)
Gás carbônico
(dióxido de CO2(g) -393,51
carbono)
Monóxido de
CO(g) -110,53
carbono
Nome da Representação ΔH
0
f −1
⋅ mol
substância química kJ
Sódio Na(s) 0
Ferro Fe(s) 0
f −1
⋅ mol
substância química kJ
carbono
Você já sabe qual é o conceito de variação da entalpia padrão da reação? Veja a seguir:
Saiba mais
A variação da entalpia padrão da reação é um balanço entre a entalpia total no estado final e a entalpia total no estado inicial do
processo de transformação.
Vamos ver como calcular a variação de entalpia padrão de uma reação com os exemplos a seguir.
Exemplo
Questão 1
Calcule a entalpia padrão para a reação: 2C2H6(g) + 7O2(g) → 4CO2(g) + 6H2O(l)
Resolução expand_more
ΔH
0
R
= ΣΔH f0 (produtos) - ΣΔH f0 (reagentes)
ΔH
0
R
= [4 × (-393,51)+6×(-285,83)]-[2×(-84,68)+7×0]
ΔH
0
R
= -3289,02-(-169,36)
ΔH
0
R
= -3119,66kJ.mol-1 (processo exotérmico)
Questão 2
Calcule a variação de entalpia padrão para a transformação física relacionada com a vaporização de 1
mol de água. Nesse caso, a transformação é a seguinte: H2O(l) → H2O(g)
Resolução expand_more
ΔH
0
R
= ΣΔH f0 (produtos) - ΣΔH f0 (reagentes)
ΔH
0
R
= -241,82-(-285,83)= +44,01kJ.mol-1 (processo endotérmico)
Agora é com você! Resolva o próximo exercício com base nos exemplos que você já viu até agora.
Teoria na prática
Questão 1
Gás carbônico
(dióxido de CO2(g) -393,51
carbono)
A +4440kJ.mol-1
B -4440kJ.mol-1
C +4855,4kJ.mol-1
D -4855,4kJ.mol-1
E
+4845,4kJ.mol-1
Isso mesmo! Sabemos que a entalpia da reação é calculada pela seguinte fórmula:
0 0 0
ΔH = ΣΔH ( produtos ) − ΣΔH ( reagentes ), logo :
R f f
0
ΔH = [6 × (−393, 51) + 8 × (−285, 83)] − [2 × (−103, 85) + 10 × 0]
R
0 −1
ΔH = −4440 kJ. mol
R
Por essa lei, se tivermos as variações de entalpia das múltiplas etapas de uma transformação, que
combinadas levam a uma equação global, o somatório dessas variações de entalpia representa a
entalpia global da reação.
Ficou confuso? Vamos ver a definição da Lei de Hess e um exemplo para facilitar:
0 0 0 0
ΔH = ΔH + ΔH + ⋯ + ΔH
r( global ) r(1) r(2) r(n)
Agora vamos ver um exemplo da aplicação desse processo:
Exemplo
Calcule ΔH 0R da reação (“alvo”) C3H6(g) + 4,5 O2(g) → 3 CO2(g)+3 H2O(l) , a partir das reações:
As reações devem ser adequadamente combinadas, configurando etapas da reação global ou reação
alvo. As reações dadas como etapas podem ser invertidas, multiplicadas, divididas. Qualquer alteração
em uma reação refletirá na mesma alteração no valor de sua variação de entalpia.
Assim, por exemplo, se uma reação for multiplicada por um fator 2, a variação de entalpia será
multiplicada pelo mesmo fator. Se uma reação for invertida em seu sentido, a variação de entalpia será
invertida em seu sinal, isto é, uma reação exotérmica invertida (ΔH negativa) torna-se uma reação
endotérmica (ΔH positiva).
Para o exemplo que acabamos de ver, a combinação das três equações dadas requer a inversão da
equação (III) para que o somatório das equações resulte na equação alvo. Ao fazer o somatório das
equações, termos iguais em lados opostos são subtraídos. Se os termos estiverem do mesmo lado,
eles serão somados. Ao final, as entalpias devem ser somadas para chegarmos ao valor da variação de
entalpia da reação global.
biotech Na etapa I, temos 1 mol de H2(g) reagente e na etapa III também temos a mesma quantidade de H2(g). No
somatório, o H2(g) “desaparece” tendo em vista a diminuição de suas quantidades em lados opostos.
biotech Na etapa II, temos 5 moles de O2(g) reagente, enquanto na etapa III, temos ½ mol de O2. Ao realizar o
somatório, haverá uma subtração de ½ O2 de 5 moles de O2 reagentes, resultando na equação global, 4,5
O2(g).
biotech A mesma coisa ocorre para H2O(l), em que temos 4 moles de H2O(l) com produto na etapa II, e 1 mol da
mesma molécula como reagente na etapa III. Na reação global, temos como resultado da subtração a
presença de 3 moles de H2O(l) como produto.
biotech Note também que, com a inversão da reação da etapa III, o sinal de ΔH 0R é invertido e passa de
−286kJ /mol para +286kJ /mol .
Exemplo
A água líquida tem uma capacidade calorífica média de 1cal.grama-1°C-1. Isso representa que se fornecermos 1cal de calor para 1
grama de água, a sua temperatura se elevará em 1 grau Celsius.
A relação entre calor, capacidade calorífica e variação de temperatura bastante útil é a seguinte:
q = mcΔT
Sendo:
Tratando-se de variação de entalpia, devemos lembrar que o calor trocado está na condição de pressão
constante sobre o sistema. Assim, utilizando as unidades do sistema internacional, a variação de
entalpia média pode ser calculada como:
ΔH = nc p,m ΔT
Sendo:
Agora que você aprendeu a reconhecer os conceitos fundamentais da termodinâmica, chegou a hora
de exercitar um pouco mais.
Teoria na prática
Questão 1
Calcule a variação de entalpia envolvida no aquecimento de 3 moles de gás oxigênio, O2(g) entre as
temperaturas de 298K (25°C) e 323K (50°C) , considerando que c(p,m) de O2(g) = 29,37J.mol-1K-1.
A +2202, 75J
B −2202, 75J
C +26256, 78J
D −26256, 78J
E +28459, 53J
Questão 2
Calcule a temperatura final de um sistema de 20 moles de água, em que a entalpia aumentou 20.148J
A 403K
B 330K
C 33K
D 333K
E 130K
ΔH
T f inal − T inicial =
nc p,m
ΔH
T f inal = + T inicial
nc p,m
20148
T f inal = + 273
20×33,58
T f inal = 303K
Falta pouco para atingir seus objetivos.
Vamos praticar alguns conceitos?
Questão 1
A variação de entalpia de uma reação representa um balanço energético entre os valores de entalpia
no estado final da transformação e seus valores no estado inicial. Indique a alternativa correta da
variação de entalpia padrão para a reação de neutralização de um ácido forte por uma base forte,
dada por:
Dados:
−1
Substância
0
ΔH (298, 15 K)/kJ ⋅ mol
f
H2O(l) -285,83
HCl(aq) -167,16
NaOH(aq) -470,11
NaCl(aq) -407,28
A
-693,11kJ.mol-1
B +693,11kJ.mol-1
C -55,84kJ.mol-1
D +55,84kJ.mol-1
E -637,27kJ.mol-1
0 −1 −1 −1 −1
ΔH = [−407, 28 kJ ⋅ mol − 285, 83 kJ ⋅ mol ] − [−167, 16 kJ ⋅ mol − 470, 11kJ ⋅ mol
r
Questão 2
A Lei de Hess permite o cálculo da variação de entalpia de uma reação química a partir dos valores
da variação de entalpia reacional de suas etapas intermediárias. Indique a alternativa correta para a
variação da entalpia reacional de 2N2(g) + 5O2(g) → 2N2O5(g) , considerando as etapas reacionais a
seguir:
A +11,3kJ.mol-1
B -11,3kJ.mol-1
C - 22,6kJ.mol-1
D +22,6kJ.mol-1
E -110,2kJ.mol-1
Uma das formas de determinar a espontaneidade para uma transformação é pela segunda lei da
termodinâmica e pela análise de uma grandeza ou função termodinâmica denominada entropia (S).
A segunda lei da termodinâmica procura identificar o sentido das mudanças espontâneas, isto é, das
transformações que ocorrem naturalmente. As transformações podem ser espontâneas e não
espontâneas, veja a seguir a definição de cada uma:
Entropia ( S )
A entropia pode ser interpretada como um parâmetro indicativo da desordem da matéria e da energia.
Qualitativamente, a entropia pode ser considerada como uma extensão da desordem.
Quantitativamente, veremos que é possível medir a entropia e aplicar essa medida às reações
químicas. Assim, quando matéria e energia se tornam desordenadas em uma transformação
espontânea, há um aumento da entropia. Veja a imagem a seguir que ilustra esse fenômeno:
Aumento da entropia, logo ocorre o aumento da desordem.
A característica mais importante dessa lei é que ela se aplica às mudanças em todas as suas formas:
tanto para reações químicas quanto para transformações físicas. Assim, a segunda lei da
termodinâmica busca identificar o sentido da mudança espontânea e permite afirmar que certo estado,
em sua configuração final, pode ser alcançado a partir de outro estado (em sua configuração inicial)
por meio de uma transformação espontânea. Veja a seguir os enunciados da segunda lei da
termodinâmica:
Em que:
Vejamos alguns processos espontâneos com os quais nos deparamos em nosso dia a dia e que
concordam com nossas observações de fenômenos naturais, implicando em um aumento de entropia
total:
Essa tendência é responsável, por exemplo, pelo comportamento espontâneo que um gás possui de se
expandir e ocupar inteiramente o recipiente em que está contido. O processo inverso, isto é, o gás se
comprimir espontaneamente sem a utilização de trabalho, é extremamente improvável. Para isso, seria
necessário que todas as partículas se deslocassem para uma pequena região do recipiente.
Expansão (espontânea) e compressão (não espontânea).
Veja a próxima imagem e repare que, nesses diagramas, as esferas claras representam o sistema e as
esferas escuras, a vizinhança. As setas representam o movimento térmico dos átomos. Pense no
sistema como um bloco de metal aquecido. Nesse caso, o movimento térmico agitado do sistema se
propaga para a vizinhança (quadro da direita, movimento espontâneo). No entanto, pensar em um
bloco quente que, em um sistema aberto, contém a agitação dos seus átomos apenas em seu interior e
não leva a uma perturbação na vizinhança não é natural, não é verdade? Ou seja, o quadro da esquerda
não acontece de maneira espontânea.
A variação de entropia tem um valor numérico que pode ser determinado matematicamente.
Entretanto, se considerarmos que as vizinhanças trocam energia com o sistema, a sua variação de
entropia será dada por:
Onde:
O termo “reversível” tem aparecido com frequência neste módulo. Mas você entendeu o significado
desse termo? Veja a seguir:
Qual o significado do termo reversível?
Resposta
A transferência reversível de calor é aquela que se restringe a dois corpos com a mesma temperatura e que ocorre de modo suave
e cuidadoso (ATKINS; DE PAULA, 2018).
A entropia total envolvida na transformação deve levar em conta a sua variação no sistema e na
vizinhança:
A segunda lei da termodinâmica prevê a impossibilidade de conversão total de energia de uma fonte de
calor para trabalho.
Processo impossível de acordo com a segunda lei.
O fluxo de energia na forma de trabalho, a partir de uma fonte de calor, ocorre de acordo com o
demonstrado na figura a seguir. Uma fonte quente fornece energia capaz de sustentar o trabalho.
Entretanto, não é possível a conversão total de calor para trabalho. O calor não utilizado como trabalho
flui para um sorvedouro (fonte fria).
Nesse processo, a redução de energia da fonte quente leva a uma diminuição da entropia dessa fonte.
A energia que entra na fonte fria leva a um aumento de entropia dessa fonte. A energia aproveitada
como trabalho é a diferença entre a quantidade de energia da fonte quente e a quantidade de energia
da fonte fria. Veja a seguir uma ilustração desse processo:
Processo previsto de acordo com a segunda lei da termodinâmica.
Como há modificação no grau de ordem molecular, quando uma substância sofre uma transição de
fase, deve-se esperar que essa transição seja acompanhada por uma variação de entropia.
Sendo:
Estados mais desordenados da matéria possuem maior entropia, enquanto os estados mais ordenados
apresentam entropia menor. Veja na imagem a seguir que o vapor tem mais entropia que o líquido,
enquanto o sólido apresenta menos entropia que os demais estados da matéria.
Exemplos
Fusão e vaporização
−1
Variação de entalpia de fusão = ΔH f usão = 6, 008 kJ. mol .
Solidificação e condensação
Note que, em geral, o valor de ΔH trans é dado em quilojoule, porém, para uso na fórmula, essa unidade deve ser convertida para
joule, ou seja, multiplicada por 1000.
Exemplo
Questão 1
ΔH trans
ΔS trans = n
T trans
−1
30800 J. mol
ΔS vaporização = 50 mol ×
353, 2 K
−1 −1
ΔS vaporização = +4360, 13 J. mol K
A variação de entropia está associada com a variação de volume do gás. Na expansão, há um maior
espalhamento da matéria, ou seja, das moléculas de gás. Esse fato acarreta um aumento da entropia,
dada por:
Vf
ΔS = nR ln ( )
Vi
Sendo:
Exemplo
Questão 1
Qual a variação de entropia para a expansão isotérmica de 20 moles de hidrogênio de um volume inicial
de 400 litros para um volume final de 2000 litros?
Resolução expand_more
Vf 2000L
−1 −1
ΔS = nR ln ( ) = 20 moles. 8, 314 J ⋅ mol ⋅ K ln ( )
Vi 400L
−1
ΔS = +267, 6J ⋅ K
Um aumento de temperatura leva a um aumento de agitação dos átomos que formam a matéria. Esse
aumento de agitação representa uma elevação do grau de desordem da substância, ocorrendo um
aumento da entropia. Inversamente, o resfriamento leva a uma redução da entropia.
Tf
ΔS = nC p,m ln ( )
Ti
Sendo:
A conversão entre graus Celsius e graus Kelvin é dada por: Temperatura Kelvin = Temperatura Celsius
+273, 15 .
Questão 1
Resolução expand_more
Tf
ΔS = nC p,m ln ( )
Ti
573, 15 K
−1 −1
ΔS = 5 moles × 20, 67 J. mol ⋅ K × ln ( )
313, 15 K
−1 −1
ΔS = +62, 47 J. mol ⋅ K
Variação de entropia padrão de uma transformação, ΔS r0
Representa a variação de entropia que ocorre quando uma reação química se processa. Consiste na
diferença entre as entropias molares dos produtos puros (estado final do sistema) e as entropias
molares dos reagentes (estado inicial do sistema). As substâncias envolvidas na transformação são
consideradas em seus respectivos estados padrões, na temperatura reacional considerada. Os dados
para o estado padrão das substâncias normalmente estão tabelados na temperatura de 25°C , ou
273, 15K.
0 0 0
ΔS r = ∑ vS m − ∑ νS m
prod reag
Sendo:
• V = coeficiente estequiométrico.
Exemplo
Questão 1
Qual a variação da entropia reacional para a formação de H 2 O (l) de acordo com a reação:
H 2(g) + 1/2O 2(g) → H 2 O (l) , a 25°C.
Dados:
0
S H 2( g) = 130, 7 J/mol. K
m
0
S O 2( g)
= 205 J/mol. K
m
0
S H 2 O (l) = 69, 9 J/mol. K
m
Resolução expand_more
0 0 0 0
ΔS = S H 2 O (l) − [S H 2(g) + 1/2 S O 2(g) ]
r m m m
0
ΔS = 69, 9 − [130, 7 + 1/2 × 205] = −163, 3 J/mol. K
r
A segunda lei da termodinâmica e suas aplicações
video_library práticas
O especialista Bruno Di Lello vai resolver alguns exercícios referentes à segunda lei da termodinâmica
que envolvam situações cotidianas. Vamos lá!
A terceira lei da termodinâmica estabelece as condições dentro das quais se espera a ausência de
entropia. Para isso, devemos considerar um sistema totalmente ordenado e na temperatura de zero
Kelvin. Nessa temperatura, toda vibração das partículas deixa de existir. O sistema simplesmente não
possui energia se estiver nessa temperatura.
Questão 1
A segunda lei trata de uma função termodinâmica denominada entropia, que é um indicativo do grau
de desordem de energia e matéria em um sistema e em suas vizinhanças. De forma prática, a análise
da variação da entropia total, isto é, da variação de entropia do sistema juntamente com a variação
de entropia da vizinhança, estabelece o sentido de uma transformação espontânea. As
transformações espontâneas ocorrem quando ΔS total ≥ 0 .
Questão 2
Um sistema consiste em um cubo de gelo de 100 gramas colocado em um copo com água a uma
temperatura um pouco acima de zero Celsius (273, 15K ). Para fins de cálculos, podemos admitir
que a temperatura é de 273, 15K . Ao se fundir totalmente, houve a admissão de 33kJ de calor a
partir da vizinhança. Assinale a alternativa que representa a variação de entropia do sistema.
A -33000 J.K-1
B +33000 J.K-1
C +273,15 J.K-1
D -120,81 J.K-1
E +120,81 J.K-1
Q rev +33000 J −1
ΔS = → ΔS = = +120, 81 J. K
T 273,15 K
4 - Análise da energia livre de Gibbs
Ao final deste módulo, você será capaz de identificar a espontaneidade das reações químicas por meio da análise da energia livre de
Gibbs.
Embora bastante útil para prever o sentido de um processo, uma dificuldade da aplicação da segunda
lei da termodinâmica é obter uma análise completa da variação de entropia do sistema e das
vizinhanças para se determinar a variação de entropia total.
Comentário
Essa análise geral é bastante complexa, pois não envolve somente o que ocorre no sistema. Para tornar a análise da
espontaneidade de uma transformação, um caminho mais prático é a análise somente de parâmetros do sistema, sem que a
vizinhança esteja envolvida.
Tendo esse comentário em mente, perceba que as funções termodinâmicas de sistema permitem a
análise somente do que ocorre no sistema em transformação, otimizando a determinação do critério
da espontaneidade. A principal função termodinâmica de sistema é a variação de energia livre de
Gibbs, ΔG .
A energia livre de Gibbs é a função termodinâmica de sistema mais importante, tendo em vista que a
maioria dos processos ocorre sob condição de pressão constante.
Em que:
•T = Temperatura;
•S = Entropia;
•H = Entalpia.
Se o sistema passa por uma transformação finita, de um estado inicial até o estado final, temos dois
tipos de variação. Veja a seguir:
ΔG = ΔH − T ⋅ ΔS
Em virtude de sua importância, vamos nos deter na análise da variação da energia livre de Gibbs para a
avaliação da espontaneidade de um processo.
Atenção!
A transformação direta é espontânea se corresponder a uma diminuição na energia de Gibbs, isto é, ΔG T,p < 0 . Quando o
sistema se encontra em equilíbrio, quando nem o processo direto, nem o inverso têm tendência de ocorrer, temos ΔG T,p = 0 .
Exemplo
A glicose ( C 6 H 12 O 6 ) pode ser oxidada a dióxido de carbono e água, a 25°C, de acordo com a
equação:
o −1 −1 ∘
ΔS = +182, 4J ⋅ mol ⋅ K , a 25 C
r
Questão 1
Resolução expand_more
∘
Como T = 25 C = 298, 15 K, o valor de energia livre de Helmholtz é:
o o ∘ −1 −1 −1
ΔA = ΔU − T ⋅ ΔS = −2808000 J. mol − (298, 15 K ⋅ 182, 4 ⋅ J. mol ⋅ K )
r r r
o −1
ΔA r = −2862383 J. mol
Questão 2
Resolução expand_more
Como T ∘
= 25 C = 298, 15K , o valor de energia livre de Gibbs é:
o o
ΔG = ΔH − T × ΔS
r r
−1 −1 −1
= −2808000 J. mol − (298, 15 K × 182, 4 J. mol ⋅ K )
o −1
ΔG = −2862383 J. mol
r
Nesses exemplos, temos todos os dados tabelados no estado padrão. Assim, os valores das energias
livres de Helmholtz e de Gibbs também estão no estado padrão a 25°C. Observe que os valores da
variação da energia interna ( ΔU or ) e da variação de entalpia ( ΔH or ) são iguais, levando a valores
iguais para ΔA O
r
e para ΔG or .
A igualdade das energias livres de Helmholtz e de Gibbs somente ocorrerá quando a variação de
energia interna e da variação de entalpia forem iguais à mesma temperatura. Para o exemplo, os
valores negativos tanto para ΔA O
r
quanto para ΔG or indicam uma espontaneidade do processo de
combustão da glicose.
Vejamos um exemplo de cálculo da reação indicando se a reação é espontânea ou não. Vamos lá!
Exemplo
Questão 1
Uma reação biológica apresenta uma variação de entalpia padrão de -200kJ.mol-1 e uma variação de
entropia de + 100J.mol-1K-1, em uma temperatura de 37°C. Calcule, para essa reação, qual a variação
da energia livre de Gibbs padrão, indicando se a reação é espontânea ou não.
Resolução expand_more
Utilizando a relação da variação da energia livre de Gibbs padrão com a variação de entalpia e a
variação de entropia, ambas no estado padrão:
o o o
ΔG = ΔH − T ΔS
r r r
o −1 −1 −1
ΔG = −200000 J ⋅ mol − 310, 15 K × 100 J. mol ⋅ K
r
o −1
ΔG r = −231015 J ⋅ mol
O valor mostra uma variação de energia livre de Gibbs negativa, indicando que o processo é
favorável.
Agora, veremos mais outra forma para se calcular a energia livre de Gibbs padrão de uma reação.
Vamos lá!
A combinação das energias livres padrão de formação dos reagentes e produtos envolvidos em um
processo permite calcular a energia livre padrão da reação a partir da seguinte fórmula:
o o o
ΔG r = ∑ vΔG − ∑ vΔG
f f
Produtos Reagentes
A tabela a seguir mostra as energias livres de Gibbs padrão de formação a 298K para algumas
substâncias:
Espécies o
ΔG /kJ . mol
f
−1
Dióxido de carbono,
-394,4
CO2(g)
Monóxido de
-137,2
carbono, CO(g)
Oxigênio, O2(g) 0
Grafite, C(s) 0
Observe que, para substâncias simples e para átomos, temos por definição ΔG of = 0 .
Agora vamos ver um exemplo do cálculo da variação da energia de Gibbs padrão de uma reação.
Exemplo
Questão 1
CO 2(g) +
1
2
O 2(g) → CO 2(g) a 25 C
∘
?
Resolução expand_more
o o o
ΔG = ∑ νΔG − ∑ νΔG
r Produtos f Re agentes f
Assim:
1
o o o o
ΔG r = ΔG (CO 2 , g) − [ΔG (CO, g) + ΔG (O 2 , g)]
f f f
2
1
o
ΔG = −394, 4 − [−137, 2 + (0)]
r
2
o −1
ΔG = −257, 2 kJ. mol
r
aA + bB ⇌ cC + dD
Pode ser descrita por meio das “Concentrações das espécies no equilíbrio”. Veja:
c d
[C] [D]
K = ( )
a b
[A] [B]
Sendo:
Atenção!
Quando os participantes da reação são sólidos ou líquidos puros, o valor de sua concentração no equilíbrio fica reduzido ao
número “um”. Quando os reagentes são gases, o valor de sua concentração é a pressão parcial do gás em bar.
pCO 2 ⋅ 1
Ag CO 3(s) ⇌ Ag O (s) + CO 2(g) K =
2 2
1
2
pNO 2
N 2 O 4(g) ⇌ 2 NO 2(g) K =
pN 2 O 4
Reação de ionização do ácido acético:
− +
[C 2 H 5 COO ] ⋅ [H 3 O ]
− +
C 2 H 5 COOH + H 2 O ⇌ C 2 H 5 COO + H3 O K =
(aq) (aq)
[C 2 H 5 COOH]
Essas constantes assumem valores numéricos adimensionais. Para a ionização do ácido acético,
temos, a 25° C:
− +
[C 2 H 5 COO ] × [H 3 O ]
−5
K = = 1, 8 × 10
[C 2 H 5 COOH]
A energia livre de Gibbs padrão de uma reação está relacionada com a constante de equilíbrio, K, a
partir da relação matemática:
o
ΔG = −RT ln K
r
Sendo:
Relação entre
produtos e
Valor de K Valor para ΔG 0 Espontaneidade
reagentes no
equilíbrio
Prevalência de
Reação direta não é
K<1 reagentes no Positivo (+)
espontânea
equilíbrio
Prevalência de
Reação direta é
K>1 produtos no Negativo (-)
espontânea
equilíbrio
Como exemplo, para a reação de ionização do ácido acético, a 25°C (298,15K) , na qual temos um valor
Observe que essa reação apresenta variação de energia livre de Gibbs positiva, indicando que não é
uma reação espontânea ou favorável no sentido da ionização do ácido. Esse valor de energia livre de
Gibbs está de acordo com o fato de o ácido acético se tratar de um ácido fraco, com pouca ionização
de suas moléculas quando em solução aquosa.
∗
c d∗
[C] [D]
o
ΔG − ΔG = RT ln [ ] = RT ln J
a∗ b∗
[A] [B]
ou
o
ΔG = ΔG + RT ln J
c d
[C] [D]
[ ]
a b
[A] [B]
Representa as concentrações das espécies, fora do equilíbrio químico, elevadas aos seus coeficientes
estequiométricos, também conhecida como condição imposta ao sistema ou “ J ”.
Exemplo
Questão 1
A energia livre de Gibbs padrão para a ionização do ácido acético a 25°C, conforme já vimos, tem o
espécies, obtém-se um valor de “J” de 2 × 10-6. Nessa condição imposta, foi adicionado ao sistema um
número maior de moléculas de ácido acético não ionizado. Calcule ΔG, considerando que não houve
alteração na temperatura do sistema.
Resolução expand_more
−1 −1 −1 −6
ΔG = +27081 J. mol + 8, 314 J. mol K × 298, 15 K × ln (2 × 10 )
−1
ΔG = −5447 J. mol
Observe que na nova condição do sistema, imposta e fora do equilíbrio, o valor da variação da energia
livre de Gibbs passou a ser negativo.
Nessa nova condição, o sistema aumentará a ionização do excesso de ácido acético (quantidade
adicionada), como forma de retornar à condição de equilíbrio. Esse fato resulta em uma
espontaneidade de conversão, conforme indica o valor negativo de ΔG.
Questão 1
A espontaneidade ou o sentido de uma transformação espontânea pode ser determinada pela análise
da segunda lei da termodinâmica e da função de estado entropia. Além da segunda lei, a energia livre
de Gibbs permite determinar o sentido da transformação espontânea por meio de uma análise mais
direta dos dados termodinâmicos envolvidos no processo. Assinale a alternativa correta a respeito da
energia livre de Gibbs.
A energia livre de Gibbs é classificada como uma função de sistema. A variação da energia livre de
Gibbs pode ser aplicada somente ao sistema em transformação para verificar a espontaneidade de
um processo. O processo será espontâneo para variações negativas ou com valor igual a zero. Para
variações iguais a zero, embora espontâneas, não se pode determinar o sentido da transformação,
configurando que o equilíbrio foi alcançado.
Questão 2
Uma reação biológica apresenta variação de entalpia padrão de -500J.mol-1 a uma temperatura de
300K (cerca de 27°C). Essa reação implica em uma variação de entropia padrão de +20J.mol-1 K-1.
Assinale a alternativa que corresponde ao valor da variação de energia de Gibbs padrão e ao
indicativo de espontaneidade.
A ΔG
o
r
= +5500J.mol-1; reação não espontânea.
B ΔG
o
r
= -5500J.mol-1; reação espontânea.
C ΔG
o
r
= +5500J.mol-1; reação espontânea.
D ΔG
o
r
= +6500J.mol-1; reação não espontânea.
E ΔG
o
r
= -6500J.mol-1; reação espontânea.
o o o
ΔG r = ΔH r − T ΔS r
ΔG
o
r
= -500J.mol-1 - (300K × 20J. mol-1 K-1) = -6500J.mol-1.
Considerações finais
A termodinâmica nos fornece ferramentas para a análise dos fluxos de energia envolvidos nos
processos de transformação da matéria. Verificamos que a energia, definida como “a capacidade de
produzir trabalho” pode ser transferida como calor, ou como trabalho. O calor é uma forma de transferir
energia associada com a diferença de temperaturas entre dois sistemas ou entre sistemas e
vizinhanças, enquanto o trabalho está associado ao uso da energia de forma ordenada.
A primeira lei da termodinâmica mostra que a energia se conserva e que pode ser transferida como
calor e trabalho, enquanto a segunda lei introduz a função termodinâmica entropia ( S ) associada à
espontaneidade dos processos. Vimos que, quando a entropia total aumenta, temos um processo
espontâneo e, quando há valor zero, temos um processo em equilíbrio.
Embora bastante útil, a segunda lei requer uma análise completa do sistema e da vizinhança para
estabelecer a espontaneidade de uma transformação. Por outro lado, a função termodinâmica de
sistema denominada energia livre de Gibbs ( G ) permite que apenas com a análise de sua variação no
sistema ( ΔG ) possamos indicar se um processo é espontâneo ou se o sistema está em equilíbrio.
Processos que ocorrem espontaneamente, a partir de um estado inicial, apresentam ΔG < 0 . Para
sistemas em equilíbrio, temos ΔG = 0 .
headset Podcast
O especialista Bruno Di Lello fará um resumo com os principais pontos abordados no tema.
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Assista ao documentário A história da Energia (2012) disponível no YouTube com legenda em
português. O vídeo tem uma hora de duração.
Referências
ATKINS, P.; DE PAULA, J. Físico-Química – Fundamentos. 6. ed. Rio de Janeiro: Gen-LTC, 2018.
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