Você está na página 1de 18

1

Termoquímica
Termoquímica – O que é

Termoquímica é o estudo do calor libertado ou absorvido, como resultado das


reações químicas.
É um ramo da termodinâmica e é utilizado por um grande número de cientistas e
engenheiros.
Por exemplo, bioquímicos com formação em termoquímica usam os
conhecimentos para entender bioenergética, enquanto engenheiros químicos
aplicam a termoquímica para projetar plantas de fabricação.

Reações químicas envolvem a conversão de um conjunto de substâncias


coletivamente referidos como “reagentes” a um conjunto de substâncias referidos
coletivamente como “produtos”.

Termoquímica – Definição

Termoquímica
2

Termoquímica é um ramo da química que lida com a inter-relação do calor com a


reação química ou mudança física de Estado
As ideias termoquímicas básicas incluem a noção de um sistema e seus arredores
e de sistemas fechados, abertos e isolados; os conceitos de energia cinética, energia
potencial e energia interna; e a distinção entre dois tipos de bolsas de energia, calor
(q) eo trabalho (w).

Trabalho envolve uma transferência de energia resultante do movimento de um


objeto, e calor envolve uma transferência de energia resultante de uma diferença
de temperatura entre um sistema e seus arredores.

Termoquímica – Calor

Fascinado pela árvore morta que podia ocasionar uma manifestação tão
maravilhosa como uma fogueira, com suas chamas ondulantes, fornecendo-lhe
calor para se aquecer no inverno, cozinhar alimentos…o homem primitivo se
perguntava como isto era possível!

Os maiores benefícios vieram quando o homem foi capaz de produzir e conservar


o fogo. Dominá-lo deve ter sido uma tarefa perigosa e difícil, usualmente
relacionada com seres ou forças sobre-humanas.

Prometeu Acorrentado

Há muitos mitos sobre o fogo, mas o mais fascinante é o de Prometeu: segundo a


mitologia grega, ele teria roubado o fogo dos deuses e dado aos homens,
ensinando-os a usá-lo – por isso foi punido por Zeus. Foi amarrado a uma rocha e
uma águia lhe devorava o fígado. A cada ataque, este se regenerava. Foi libertado
por Hércules após trinta anos (ou séculos?).
Assim, o calor tem preocupado o homem desde que o mesmo percebeu a
necessidade da sobrevivência.
3

Sempre teve lugar de destaque nas idéias dos alquimistas, baseadas no ponto de
vista dos gregos – desde séculos A.C. até o século dezesseis – relativo aos quatro
elementos componentes da matéria: terra, ar, fogo e água.
A partir do século XVIII, com as idéias orientadas pelo conhecimento – vindo da
observação associada à experimentação – surgiu a Termodinâmica, que passou a
ser um campo definido da ciência.

Termofísica – Termoquímica
É a ciência que estuda as relações quantitativas, materiais, entre o calor e as outras
formas de energia.

Matéria e energia são noções que explicam praticamente tudo que ocorre na
natureza. A noção de matéria é simples de ser compreendida, quando se manuseia
objetos sólidos, se bebe água (líquido) ou se respira ar (gasoso). Energia já é um
conceito mais amplo, que envolve fenômenos naturais ou atividades como aquecer
ou resfriar, puxar ou empurrar um objeto.

A energia pode ser armazenada em um dado sistema, na forma de energia


potencial, como por exemplo, uma pedra acima da superfície da terra ou uma mola
sob compressão ou por causa de propriedades químicas, devido ao arranjo dos
átomos e elétrons dentro de uma molécula. Mas há também a energia cinética,
numa bola sendo atirada ou em uma molécula em movimento…

Essas formas de energia podem ser liberadas, sob condições apropriadas, para
realizar um trabalho: empurrar o êmbolo no cilindro de um motor ou enviar uma
corrente elétrica através do motor elétrico ou lançar uma nave espacial na órbita
terrestre… A energia pode ser convertida em calor, elevando assim a temperatura
do próprio sistema ou do ambiente.
Energia, trabalho e calor são todos expressos nas mesmas unidades: calorias,
joules ou ergs.

1 kcal = 1000cal = 103cal


1 Joule (J) = 107ergs
1 cal = 4,18 . 107 ergs
1 cal = 4,18 Joues (J)
1 joule = 0,24 cal
1 kJ = 103 Joules (J)

A Termodinâmica se divide em duas grandes áreas de estudo: A Termofísica e a


Termodinâmica. Para facilitar o nosso estudo da Termoquímica, usaremos algumas
idéias da Termofísica.

Calorimetria: é a medida das quantidades de calor absorvidas ou liberadas durante


uma transformação.
Você sabe qual é a diferença entre quantidade de calor e temperatura?
4

Calor é o nome dado à energia térmica quando ela é transferida de um corpo a


outro, motivada por uma diferença de temperatura entre os corpos. É energia
térmica em trânsito.

Temperatura é a grandeza física que permite medir quanto um corpo está quente
ou frio. Está relacionada à energia cinética das partículas de um corpo, à energia de
movimento das partículas. A temperatura você lê no termômetro, a quantidade de
calor é medida num calorímetro.

Veja um exemplo: dois béquers a 100ºC, um com 1 litro e outro com 2 litros de água.
A temperatura nos dois é a mesma, mas a quantidade de calor no segundo é o
dobro.

Os calorímetros são aparelhos usados para medir o calor de uma transformação:

A quantidade de calor liberada ou absorvida quando se faz uma transformação


física ou química dentro do calorímetro pode ser medida por:

Q = m.c. ∆T

Ou

Q = (m + K). ∆T
onde:

Q = quantidade de calor da transformação


m = massa da substância (em gramas)
c = calor específico da substância (cal/g. ºC)
∆T = variação da temperatura.
k = capacidade calorífica do calorímetro (cal/ºC)
Termoquímica é a área da Termodinâmica que estuda a liberação ou absorção de
calor em reações químicas ou em transformações de substâncias como
dissolução, mudanças de estado físico,…

As transformações termoquímicas podem ser:

Transformações endotérmicas: absorvem energia


Transformações exotérmicas: liberam energia.
5

Energia interna (E) e entalpia (H)

Na Termoquímica, analisamos a energia interna E (armazenada no sistema), que


inclui fatores complicados, tais como as atrações entre as moléculas e os
movimentos dos elétrons, átomos e moléculas.

As modificações químicas durante uma reação, com a decomposição dos reagentes


e a formação de novas substâncias (os produtos), são acompanhadas por
reagrupamentos que levam a uma variação na energia interna.

Por exemplo, numa reação que E i representa a energia interna no estado inicial e
E f , a energia interna no estado final:
Numa reação exotérmica (como por exemplo a queima da gasolina):

Ef < Ei e: ∆E < 0

Numa reação endotérmica (como por exemplo a do bicarbonato de sódio com


ácido clorídrico):
Ef > Ei e: ∆E > 0

A perda ou ganho total de energia das moléculas (∆E) será sempre numericamente
igual à quantidade total de calor liberado ou absorvido na reação, a volume
constante (Q v):

|Qv|=|∆E|

Numa reação exotérmica o meio ambiente “ganha” calor (aumento=variação


positiva) à custa do sistema em reação que “perde” energia (diminuição=variação
negativa). Numa reação endotérmica o meio ambiente “perde” calor
(diminuição=variação negativa) cedendo-o ao sistema em reação que “ganha”
energia (aumento=variação positiva).

Então, devemos escrever:


Qv = – ∆E
6

numa reação exotérmica: Qv> 0 e ∆E < 0


numa reação endotérmica: Qv < 0 e ∆E > 0
No calorímetro, a transformação se processa num recipiente fechado, de volume
constante – então, a quantidade de calor medida é Qv.

Na prática, é mais comum a reação se processar “a céu aberto” ou seja, em frasco


aberto – deste modo, a quantidade de calor da transformação é medida a pressão
constante: Qp .
Entretanto, se a reação é realizada nestas condições, há perda de energia para o
ambiente. Esta é retirada da energia interna da reação, na forma de trabalho
termoquímico ( ).

Como se pode notar, as relações (2) e (5) são equivalentes e traduzem o PRIMEIRO
PRINCÍPIO DA TERMODINÂMICA ou PRINCÍPIO DA CONSERVAÇÃO DA ENERGIA, que
estabelece:
A soma de todas as energias de um sistema isolado é constante.

Em outras palavras, a energia pode ser transformada de uma forma em outra, mas
não pode ser criada, nem destruída.

Entalpia (H)
É o total de energia liberada ou absorvida em uma transformação de um dado
sistema, a pressão constante.

As transformações termoquímicas podem ser:


Transformação exotérmica: libera calor para o meio ambiente.

Diagrama de entalpia
7

Diagrama de entalpia

Fatores que influenciam no valor da entalpia:

A variedade alotrópica mais reativa sempre estará num patamar de energia mais
alto, no diagrama de entalpia:
Temperatura: as determinações de ∆H devem ser feitas a temperatura constante,
pois ela influi no seu valor. Geralmente as transformações são feitas em condições-
padrão, a 25ºC.
Quantidades de reagentes e produtos: o valor do ∆H é determinado pelas
quantidades dos reagentes.
8

O Estudo do Calor Trocado nas Reações Químicas

Termoquímica

Antes de iniciar o assunto Termoquímica é importante definir alguns termos que


serão usados com freqüência:

1. Sistema: Denomina-se sistema uma parte do universo físico cujas


propriedades estão sob investigação.
2. Fronteira: Limites que definem o espaço do sistema, separando-o do
resto do universo.
3. Vizinhança ou meio ambiente: É a porção do universo próxima às
fronteiras do sistema, que pode, na maioria dos casos, interagir com o
sistema.
4. Quando uma reação química ocorre em um determinado sistema,
isso acarreta uma troca de calor entre o sistema em reação e o meio
ambiente.

A termoquímica estuda justamente essas trocas de calor, assim como o seu


aproveitamento na realização de trabalho.
Se o calor trocado entre o sistema e o meio ambiente é medido a pressão
constante, ele é denominado Entalpia ou conteúdo calorífico e simbolizado por H.
Sendo que Entalpia (H) é o calor trocado a pressão constante.

Em relação às trocas de calor, as reações químicas se classificam em dois


tipos: reações exotérmicas e reações endotérmicas, conforme liberem ou
absorvam o calor respectivamente.

REAÇÕES EXOTÉRMICAS
O prefixo exo significa “para fora”. Reações exotérmicas são aquelas que liberam
energia na forma de calor.
9

O esquema geral de uma reação exotérmica pode ser escrito da maneira a seguir,
onde A, B, C e D representam substâncias genéricas:

A+B C + D + calor

Hr entalpia de reagentes

Hp entalpia de produtos

A partir da Lei da Conservação da Energia, podemos afirmar que: “A energia total


dos reagentes é igual à energia total dos produtos”. Em outras palavras, toda a
energia que entrou no primeiro membro da equação química deve sair
integralmente no segundo membro da equação.
De onde tiramos a seguinte conclusão: se uma reação é exotérmica, então a
entalpia dos reagentes (Hr ) é maior que a entalpia dos produtos (Hp ), pois uma
parte da energia que estava contida nos reagentes foi liberada para o meio
ambiente na forma de calor e apenas uma outra parte dessa energia ficou contida
nos produtos.
Então reação exotérmica: Hr > Hp
Não é possível determinar diretamente a entalpia de cada substância participante
de uma reação, mas podemos determinar experimentalmente a variação da
entalpia ∆H, que ocorre quando uma reação química é realizada.

Variação da Entalpia: ∆H = H final (produtos) H inicial (reagentes) ou ∆H = Hr Hp


Como na reação exotérmica Hr > Hp , então neste tipo de reação o valor de ∆H será
sempre negativo.

Sendo que a reação exotérmica: ∆H > 0. Observe que não existe energia negativa;
ou um sistema contém energia. O sinal negativo de ∆H quer dizer apenas que a
energia foi liberada.
REAÇÕES ENDOTÉRMICAS
O prefixo endo significa “para dentro”. Reações endotérmicas são aquelas que
absorvem energia na forma de calor. O esquema geral de uma reação endotérmica
pode ser escrito da maneira a seguir, onde A, B, C e D representam substâncias
genéricas.

A + B + calor C+D
Hr Hp entalpia dos reagentes entalpia dos produtos

Uma vez que a energia total se conserva do primeiro para o segundo membro de
qualquer reação química, podemos afirmar que: se uma reação é endotérmica, a
entalpia dos produtos Hp é maior que a entalpia dos reagentes Hr , pois uma
determinada quantidade de energia foi absorvida pelos reagentes na forma de
calor, durante a reação, ficando contida nos produtos.
Sendo que reação endotérmica: Hp > Hr. E sendo ∆H = Hp Hr , então na reação
endotérmica o valor de ∆H será sempre positivo.
Sendo que reação endotérmica: ∆H > 0.
10

PRINCÍPIO DE THOMPSEN E BERTHELOT

Há um princípio fundamental da Termoquímica, determinado em 1867 pelos


cientistas que lhe deram seus nomes, que afirma: “Dentre um conjunto de reações
químicas possíveis, ocorrerá primeiro, espontaneamente, aquela que for mais
exotérmica.” A reação exotérmica é aquela que libera maior quantidade de energia
na forma de calor. Isto significa que os produtos formados nesse tipo de reação são
menos energéticos, portanto, mais estáveis. Espontaneamente, as substâncias só
irão reagir em busca de maior estabilidade e, desse modo, em busca de liberar a
maior quantidade possível de energia.
Sendo que podemos dizer: mais estabilidade = menos energia = menor ∆H = reação
mais espontânea

Tal que podemos utilizar o exemplo: Adicionando-se os gases F2, Cl2 e Br2 a um
recipiente contendo gás hidrogênio, pode-se prever qual a reação que ocorrerá
primeiro, através do valor de ∆H de cada uma.

a) 1/2 H2(g) + 1/2 F2(g) 1 HF(g) ∆H = – 64,2 kcal


b) 1/2 H2(g) + 1/2 Cl2(g) 1 HCl (g) ∆H = – 22,1 kcal
c) 1/2 H2(g) + 1/2 Br2(g) 1 HBr(g) ∆H = – 8,7 kcal

Como a reação a é a que libera maior quantidade de energia, espontaneamente é


a reação que ocorre em primeiro lugar.

FATORES QUE INFLUENCIAM O VALOR DA VARIAÇÃO DE ENTALPIA


O valor da variação de entalpia, ∆H, de uma reação química está sujeito a variações
conforme mudem as condições em que a reação foi realizada.

Sendo que os fatores que influenciam ∆H são:


TEMPERATURA
O valor de ∆H varia sensivelmente com a temperatura em que se deu a reação. Se
uma reação ocorre a uma temperatura X, obtém-se ∆Hx. Se essa mesma reação
ocorrer a uma temperatura Y > X, por exemplo, obtém-se um ∆HY diferente de ∆Hx.
Isso ocorre porque a quantidade de calor necessária para elevar a temperatura dos
reagentes de X até Y é diferente da quantidade de calor necessária para elevar a
temperatura dos produtos de X até Y.

PRESSÃO
O valor de ∆H em uma reação envolvendo substâncias sólidas e líquidas
praticamente não varia com a mudança de pressão. No caso de reações que
envolvem substâncias gasosas, o valor de ∆H começa a variar de modo significativo
para pressões de ordem de 1000 atm. Com as reações normalmente são feitas sob
pressão atmosférica normal (1 atm.), não é necessário levar em conta a variação no
valor de ∆H com a pressão.
11

QUANTIDADE DE REAGENTES E PRODUTOS


A quantidade de calor envolvida em uma reação química é proporcional à
quantidade de reagentes e produtos que participam da reação.

Se por exemplo, a quantidade de reagentes e produtos for dobrada, a quantidade


de calor irá dobrar igualmente como no exemplo:

1 H2(g) + 1 Cl2(g) 2 HCl (g) ∆H = – 44,2 kcal


2 H2(g) + 2 Cl2(g) 4 HCl (g) ∆H = – 88,4 kcal

FASE DE AGREGAÇÃO
A energia das substâncias aumenta progressivamente à medida que elas passam
da fase sólida para a líquida e a gasosa.

energia da fase sólida < energia da fase líquida < energia da fase gasosa

Seja por exemplo, uma reação química exotérmica:

Quanto menos energética for a fase de agregação dos produtos formados, maior
será a energia liberada na reação.
Quanto mais energética for a fase de agregação dos produtos formados, menor
será a energia liberada na reação, pois a energia ficará contida no produto.
Exemplo:
2 H2(g) + O2(g) 2 H2O( l ) ∆H = – 68,3 kcal
2 H2(g) + O2(g) 2 H2O( g ) ∆H = – 57,8 kcal

VARIEDADE ALOTRÓPICA
Entre a s formas alotrópicas de um mesmo elemento há aquela mais estável e,
portanto, menos energética, e também a menos estável, portanto, mais energética.

Seja, por exemplo, uma reação química exotérmica:


Partindo-se do reagente na forma alotrópica mais estável (menos energética)
obtém-se menor quantidade de energia liberada na reação. Partindo-se do mesmo
reagente na forma alotrópica menos estável (mais energética) obtém-se maior
quantidade de energia liberada na reação.

Exemplo:

C(grafita) + O2(g) CO2(g) ∆H = – 94,00 kcal


C(diamante) + O2(g) CO2(g) ∆H = – 94,45 kcal

PRESENÇA DE SOLVENTE
Quando dissolvemos uma determinada substância em um solvente qualquer,
ocorre liberação ou absorção de energia na forma de calor. Assim, se fizermos uma
reação na ausência de um solvente, o valor de ∆H será diferente daquele obtido
quando fazemos a mesma reação na presença de um solvente.
12

Exemplo:
1H2 (g) + 1 Cl2(g) 2 HCl (g) ∆H = – 44,2 kcal

H2O
1 H2(g) + 1 Cl2(g) 2 HCl (aq) ∆H = – 80,2 kcal

Sendo que a diferença: 80,2 – 44,2 = 36,0 kcal é igual à energia liberada na
dissolução de 2 moléculas de HCl em água ( cada 1 mol de HCl dissolvido em água
libera 18,0 Kcal).

OBSERVAÇÕES GERAIS
Como o valor do ∆H de uma reação varia em função dos fatores vistos no item
anterior, é preciso que na equação termoquímica constem as informações a seguir:

A temperatura e a pressão nas quais se deu a reação.


As substâncias que reagem e que são produzidas, com os respectivos
coeficientes.
A fase de agregação (sólida, líquida ou gasosa) em que se encontra cada
substância participante da reação.
A variedade alotrópica de cada substância que participa da reação ( no caso das
substâncias apresentarem formas alotrópicas).
A quantidade de calor que foi liberada ou absorvida durante a reação.

Tal que saiba-se que em termoquímica normalmente se trabalha em condições-


padrão:

Temperatura de 25° C ou 298 K.


Pressão de 1 atm.

Substância na fase de agregação (sólida, líquida ou gasosa) comum nessas


condições de pressão e temperatura.

Exemplo:

A água é líquida a 25° C e 1 atm; portanto, em condições-padrão, trabalha-se com


a água na fase líquida.
Substância na forma alotrópica mais estável.
Nessas condições o valor de ∆H é tabelado para muitas reações.
Como a seguir:

Tabela 1
Entalpia de formação estado padrão em Kcal/mol

H2O(g) – 57, 8

NO(g) 21,6
13

C6H6(l) 19, 8

H2O(l) – 58, 3

NO2(g) 8,1

CH2(g) – 17, 9

SO3(g) – 94, 5

N2O(g) 19, 5

C2H6(g) – 20, 2

SO2(g) – 71, 0

HCl(g) – 22,1

CaO(s) – 151,8
Observação: muitas dessas entalpias de formação são calculadas de forma indireta,
pois nem sempre a transformação direta de formação, ou síntese, entre os
elementos formados é possível na prática. A grande utilidade das entalpias de
formação está, como dissemos ha pouco, no calculo da variação de entalpia, D H,
de transformações químicas. Usaremos as entalpias de formação como conteúdo
de calor de cada substância. Somando esses conteúdos, teremos as entalpias dos
reagentes e as entalpias dos produtos. Fazendo o cálculo, entalpias finais menos
entalpias iniciais, chegaremos à variação de entalpia de transformação.

Tabela 2
Entalpias de combustão de alguns combustíveis importantes no estado padrão.

Elemento Químico Representação kcal/mol cal/g

Hidrogênio H2O -68,3 -33,887

Metano CH4 -212,8 -13,265

Propano C3H8 -530,6 -12,034

Acetileno C2H2 -310,6 -11,930

Butano C4H10 -688,0 -11,837

Gasolina C6 a C10(l) -1.320,0 -11.579

Querosene C11 a C12(l) -1.731,3 -11.100

Óleo Diesel C13 a C17(l) -2.306,6 -10.880

Carvão C(s) -96,7 -8.083

Álcool Etílico C2H5OH(l) -326,7 -7.102

Álcool Metílico CH3OH(l) -173,6 -5.425

Monóxido de Carbono CO(g) -67,6 -2.414


14

Observações:
1. Todos os ∆H de combustão são negativos, pois são transformações exotérmicas.
2. Os combustíveis acima citados estão na ordem decrescente de cal/g, porque é
nessa unidade que se comparam os poderes caloríficos na indústria.
3. Para a gasolina, querosene e óleo diesel, não existem fórmulas, pois esses
matérias não são substancias e sim misturas de substâncias. São misturas de
hidrocarbonetos, compostos moleculares formados unicamente por carbono e
hidrogênio. Quando citamos, na gasolina, C6 a C10 , significa que os hidrocarbonetos
que a formam possuem de 6 a 10 átomos de carbono por molécula.
Alguns combustíveis, tais como gás de rua (formado por CH2 e H2) e gás de botijão
(C3H8 e C4H10), também são misturas.

TIPOS DE VARIAÇÃO DE ENTALPIA

Os diferentes calores de reação


Para simplificar o estudo, dividimos os calores envolvidos nas reações químicas
(∆H) em grupos, a saber: ∆H de combustão, de neutralização, de dissolução e de
formação.
Em todos esses casos, convenciona-se que o valor de ∆H deve ser tomado em
condições padrão, que são as seguintes:

pressão de 1 atmosfera;
temperatura de 25° C ou 298 K;
substâncias na fase de agregação (sólida, líquida ou gasosa) comum nessas
condições de pressão e temperatura;
substâncias na forma alotrópica mais estável.
Indicamos que o ∆H está em condições-padrão pela notação: ∆H0 .
Entalpia-padrão de combustão
Denomina-se entalpia-padrão de combustão a variação de entalpia (∆H0) envolvida
na combustão completa de 1 mol de moléculas de determinada substância, em que
todos os participantes da reação se encontram em condiçõespadrão.

Exemplo:
1 CH2(g) + 2 O2(g) 1 CO2(g) + 2H2O ∆H0 combustão = – 212,8 kcal

ENTALPIA-PADRÃO DE NEUTRALIZAÇÃO
Denomina-se entalpia-padrão de neutralização a variação de entalpia (∆H0)
envolvida na neutralização de 1 equivalente-grama de um ácido por 1 equivalente-
grama de uma base, ambos em soluções aquosas diluídas. 1 Eg ácido(aq) + 1 Eg
base(aq) à 1 Eg sal (aq) + H2O ∆H0 neutralização Observe que o ∆H0 de neutralização
entre ácidos e bases fortes é constantes. Isso ocorre porque todos os ácidos fortes,
bases fortes e os sais obtidos pela reação desses compostos se encontram
praticamente 100% ionizados ou dissociados em soluções aquosas diluídas.
15

ENTALPIA PADRÃO DE DISSOLUÇÃO


Denomina-se entalpia-padrão de dissolução a variação de entalpia (∆H0) envolvida
na dissolução de 1 mol de determinada substância numa quantidade de água
suficiente para que a solução obtida seja diluída.

O processo de dissolução de uma substância em água se dá em duas fases, cada


uma envolvendo respectivamente um ∆H1 e um ∆H2, sendo que:

∆ H0 dissolução = ∆H1 + ∆H2.

1°.) Quebra das ligações interatômicas em compostos iônicos ou capazes de formar


íons e intermoleculares em compostos covalentes. Esta fase é sempre endotérmica.
H2O CxHy ---> Cy+(aq) + Ax-(aq) ∆H2 > 0

2°.) Hidratação das partículas (íons) do soluto. O envolvimento ordenado das


moléculas de água ao redor das partículas (íons) do soluto é sempre um processo
exotérmico.
Cy+ + Ax- + H2O à Cy+(aq) + Ax-(aq) ∆H2 < 0

Assim, podemos concluir:


∆H0 dissolução > 0 se: ∆H1 > ∆H2
∆H0 dissolução < 0 se: ∆H1 < ∆H2

ENTALPIA-PADRÃO DE FORMAÇÃO
Denomina-se entalpia-padrão de formação a variação de entalpia (∆H0f) envolvida
na reação de formação de 1 mol de moléculas de determinada substância, a partir
de substâncias simples em condições-padrão. Pela própria definição de entalpia-
padrão de formação concluímos que a entalpia-padrão de qualquer substâncias
simples em condições-padrão é igual a zero.

1 H2g à 1 H2(g) ∆H0f = 0,0 kcal

1 O2(g) à 1 O2(g) ∆H0f = 0,0 kcal

1 C(grafita) à 1 C(grafita) ∆H0f = 0,0 kcal


16

Lei de Hess
A Lei de Hess permite calcular a variação da entalpia, que é a quantidade de
energia presente nas substâncias após sofrerem reações químicas. Isso porque
não é possível medir a entalpia em si, mas sim a sua variação.

A Lei de Hess fundamenta o estudo da Termoquímica.

Essa Lei foi experimentalmente desenvolvida por Germain Henry Hess, o qual
estabeleceu:

A variação de entalpia (ΔH) em uma reação química depende apenas dos estados inicial e final
da reação, independente do número de reações.

Como a Lei de Hess pode ser calculada?


A variação da entalpia pode ser calculada subtraindo a entalpia inicial (antes da
reação) da entalpia final (depois da reação):

ΔH = Hf – Hi
Outra forma de calcular é através da soma das entalpias em cada uma das
reações intermediárias. Independente do número e tipo das reações.

ΔH = ΔH1 + ΔH2
Uma vez que esse cálculo considera apenas os valores inicial e final, conclui-se
que a energia intermédia não influencia no resultado da sua variação.

Trata-se de um caso particular do Princípio da Conservação de Energia, a Primeira


Lei da Termodinâmica.

Você também deve saber que a Lei de Hess pode ser calculada como uma
equação matemática. Para isso, é possível realizar as seguintes ações:

 Inverter a reação química, nesse caso o sinal do ΔH também deve ser invertido;
 Multiplicar a equação, o valor do ΔH também deve ser multiplicado;
 Dividir a equação, o valor do ΔH também deve ser dividido.

A variação de energia num processo global não depende das etapas e nem do
número delas, podemos somar as equações termoquímicas que representam as
etapas sempre que os estados iniciais e finais forem os mesmos, pois a variação
total de energia da transformação global será a mesma.

Assim, a lei de Hess nos garante que podemos somar as equações termoquímicas
de todas as etapas e seus respectivos ∆H com a finalidade de determinar variações
de entalpia difícies de serem medidas em laboratório.

Por isso, a lei de Hess é também conhecida como Lei da Soma dos Calores de
Reações.
17

Entropia e energia livre de reação

Entropia (S) é uma grandeza termodinâmica relacionada com o grau de desordem


de um sistema.

Fenômenos naturais ou espontâneos, como uma chapa quente que vai se


esfriando, água escoando por uma torneira, uma folha caindo da árvore – fazem
parte do nosso dia-a-dia.

Entretanto, nunca vemos o contrário acontecer espontaneamente: a água voltar


para a torneira, a folha subindo para a árvore…
Uma observação desses fatos leva a concluir que há uma tendência natural de um
sistema caminhar espontaneamente para uma situação de maior desordem, isto é,
para uma situação onde haja uma distribuição cada vez mais uniforme de matéria
e energia, no sistema inteiro.

Ou seja:
Possibilidades
a) Quando há aumento de desordem energética: duas chapas metálicas iguais, a
temperaturas diferentes. Colocando-as em contato, inicialmente há desordem
energética, com a chapa a 200ºC cedendo calor para a que está a 100ºC. Após algum
tempo, estarão em equilíbrio térmico, numa situação mais organizada , numa
temperatura média, a 150ºC.

b) Quando há aumento de desordem material: mudança de estado físico, expansão


de um gás, mistura de gases, dissolução de um sólido em um líquido.
Ex: mistura de gases: a princípio, há uma grande desordem, quando os gases são
misturados, depois formam um sistema homogêneo.

c) Quando há aumento de desordem química: moléculas maiores são decompostas


em moléculas menores, mais simples.
Ex:
2 KClO3 ( s ) 2 KCl( s ) + 3 O2 ( g )

2 NH2 ( g ) N2 ( g ) + 3 H2 ( g )
18

Com base nestes fatos, os cientistas formularam o 2º Princípio da Termodinâmica:


Uma transformação é espontânea (não necessita de energia externa para ocorrer)
quando há aumento de entropia.

ou:
A entropia do Universo tende a aumentar.

Como não é possível medir o valor absoluto da entropia de uma substância,


admite-se arbitrariamente:
Uma substância na forma de um cristal perfeito e a zero Kelvin tem entropia igual
a zero.

Este é o 3º Princípio da Termodinâmica

Energia livre (G): Numa reação química, há a passagem de um estado inicial de


maior energia potencial a um estado final de menor energia potencial, com
trabalho cedido ao ambiente, utilizado na reorganização do sistema.
A energia que sobrar, será aproveitada pelo ambiente, sendo chamada de Energia
livre da reação (∆G ).

Esta energia livre da reação é também chamada de energia livre de Gibbs e pode
ser representada por:

∆G = ∆H – T. ∆S

Onde:
∆H é a variação de entalpia da reação
T. ∆S é o chamado termo entrópico, energia necessária para colocar as moléculas
finais da reação em ordem.
A variação da energia livre (∆G) é utilizada para determinar a espontaneidade ou
não de um processo químico ou físico, efetuado em sistema fechado, a pressão e
temperatura constantes:

∆G > 0 – processo não é espontâneo.


∆G < 0 – processo espontâneo.
∆G = 0 – o sistema está em equilíbrio.

Além disso, geralmente, para as reações químicas:


valor absoluto de ∆H é grande e pouco afetado pela temperatura
∆S é pequeno e pouco afetado pela temperatura.

Fonte: www.chemistryexplained.com/www.chrisrios2.hpg.ig.com.br/

Você também pode gostar