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Relatório de Química Geral:

Calor de neutralização

Alunos: Lívia Vitória de Souza Oliveira - 2023.2.05862.11


Antônia Vitória Cavalcante Rodrigues 2023.205898.11
Professora: Daphne Cukierman
1. Introdução

Na termoquímica, o calor de neutralização é um parâmetro fundamental que quantifica a


quantidade de calor liberada ou absorvida durante a reação de um ácido com uma base,
resultando na formação de água e um sal. Para entendermos como isso funciona, antes
precisamos entender os seguintes conceitos:

Reações endotérmicas e exotérmicas:


A compreensão das reações químicas endotérmicas e exotérmicas é essencial para
desvendar os fenômenos termodinâmicos associados aos processos químicos. Essas reações,
que absorvem e liberam energia térmica, respectivamente, desempenham um papel
fundamental na termoquímica, ramo da físico-química dedicado ao estudo das trocas de
energia durante transformações químicas. (Chang, R. (2007)

Reações Químicas Endotérmicas:


As reações endotérmicas, caracterizadas pela absorção de calor do ambiente, constituem um
fenômeno no qual a energia é consumida para que a reação ocorra (Atkins, P., & de Paula, J.
(2006)). Um exemplo clássico é a decomposição eletrolítica da água, em que uma corrente
elétrica é aplicada para quebrar a molécula de água em oxigênio e hidrogênio. A Lei da
Conservação de Energia é intrínseca a essas reações, estabelecendo que a energia total do
sistema e do ambiente permanece constante (Chang, R. (2007)).

Reações Químicas Exotérmicas:


Contrastando com as reações endotérmicas, as reações exotérmicas liberam calor para o
ambiente, resultando em um aumento de temperatura. A combustão de combustíveis, como a
reação entre hidrogênio e oxigênio para formar água, exemplifica esse tipo de reação. Além
da Lei da Conservação de Energia, as reações exotérmicas estão sujeitas à Lei de Hess, que
afirma que a variação de entalpia é constante, independentemente do número de etapas ou
caminho pelo qual a reação ocorre.

Lei da Conservação de Energia:


Uma das leis citadas, a Lei da Conservação de Energia, formulada por Hermann von
Helmholtz e Julius Robert von Mayer, estabelece que a energia total em um sistema isolado
permanece constante ao longo do tempo (Serway, R. A., & Jewett, J. W. (2013)). Em termos
de reações químicas, isso significa que a energia total do sistema mais seu entorno é
preservada, independentemente da natureza da transformação. Em outras palavras, a energia
não pode ser criada nem destruída, apenas transformada.
Uma das formas de classificar as reações químicas como endotérmicas ou exotérmicas, é pela
entalpia. A entalpia, representada pela letra "H", é uma função termodinâmica que descreve a
quantidade total de energia em um sistema, levando em consideração sua pressão e volume.
Em reações químicas, a variação de entalpia (ΔH) é especialmente crucial. Se ΔH for
negativo, a reação é exotérmica, liberando calor para o ambiente. Se ΔH for positivo, a reação
é endotérmica, absorvendo calor do ambiente. A entalpia é uma medida fundamental na
termoquímica, auxiliando na compreensão das trocas de energia em processos químicos
(Chang, R. (2007)).

Lei de Hess:
A Lei de Hess, proposta por Germain Henri Hess, postula que a variação de entalpia em uma
reação química é a mesma, independentemente do número de etapas ou caminho pela qual a
reação ocorre (Brown, T. L. (2017)). Isso significa que podemos somar as variações de
entalpia de reações individuais para obter a variação de entalpia total de uma reação global.
Essa lei é particularmente útil quando as medições diretas da entalpia de uma reação são
difíceis de obter, mas as entalpias de reações relacionadas são conhecidas.

Para entender a prática feita, precisamos entender dois conceitos:


Calorimetria;
Capacidade calorífica.

Onde:
Calorimetria;
A calorimetria é o ramo da física que se dedica à medição quantitativa das trocas de calor em
processos físicos ou químicos. Em um contexto químico, ela fornece informações cruciais
sobre as reações, revelando as quantidades de calor envolvidas nos processos. (Atkins
(2006)). Neste ramo, vemos mais uma vez a lei da conservação de energia, que já foi vista
anteriormente. Na calorimetria estabelece que a energia total do sistema e do ambiente
permanece constante durante uma troca de calor (Chang. (2007)). Isso implica que a
quantidade de calor ganha ou perdida por um sistema é igual à quantidade de calor ganha ou
perdida pelo ambiente.

Há dois tipos de calorimetria:


Calorimetria a Volume Constante: Ocorre em um recipiente de volume constante, geralmente
à pressão atmosférica. Essa abordagem é particularmente útil para gases.
Calorimetria a Pressão Constante: Mantém a pressão constante durante a troca de calor. É
relevante para sistemas em condições abertas, como reações em solução líquida.
Isso nos leva à capacidade calorífica, um cálculo envolvido na calorimetria.

A capacidade calorífica é uma propriedade que quantifica a quantidade de calor necessária


para elevar a temperatura de uma substância, a capacidade calorífica específica (C) de uma
substância é calculada multiplicando a massa da substância pela sua capacidade calorífica
específica (Cs).
A fórmula utilizada para calcular a energia fornecida à substância na forma de calor é
U = m • C • ΔT,
onde m é a massa da substância
ΔT é a variação de temperatura ocorrido durante o processo.
Além disso, a capacidade calorífica molar (Cm) de uma substância pode ser calculada
multiplicando o número de mols da substância pela sua capacidade calorífica molar (Cm). A
fórmula correspondente para calcular a energia fornecida à substância na forma de calor é
U = n • Cm • ΔT, onde n é o número de mols da substância e ΔT é o aumento de temperatura.

É importante ressaltar que a capacidade calorífica pode variar com a temperatura, mas em
casos onde a variação de temperatura é pequena, essa variação pode ser ignorada. Além
disso, a capacidade calorífica em volume constante (CV) é definida como a variação da
energia interna (ΔU) em relação ao aumento de temperatura (ΔT), enquanto a capacidade
calorífica em pressão constante (CP) é definida como a variação da entalpia (ΔH) em relação
ao aumento de temperatura (ΔT). (Brown, T. L., LeMay, H. E., Bursten, B. E., & Murphy, C.
J. (2017)).

Por fim, um calorímetro é um dispositivo usado para medir a quantidade de calor trocada
entre um sistema e seu ambiente. Ele geralmente consiste em um recipiente isolado
termicamente, onde a reação ou processo que libera ou absorve calor ocorre. Ao monitorar as
mudanças de temperatura no calorímetro, é possível calcular a quantidade de calor envolvida
na reação. Existem diferentes tipos de calorímetros, incluindo calorímetros de bomba para
reações em solução e calorímetros de calor constante para medições a volume constante.
(Atkins & de Paula, 2014). Uma coisa importante de se dar nota, é a diferença entre calor
específico e capacidade térmica, termos normalmente abordados na termoquímica, onde:
O calor específico de uma substância é a quantidade de calor necessária para elevar a
temperatura de uma unidade de massa dessa substância em uma unidade de temperatura.
Unidade: J/(g·°C) no sistema internacional (SI). (Silberberg, 2014).
A capacidade térmica de um objeto é a quantidade total de calor que pode absorver ou liberar,
independentemente da massa ou da quantidade de substância.
Unidade: J/°C no sistema internacional (SI). (Tro, 2017).

2. Objetivo
Determinar o calor de neutralização de um ácido forte por uma base forte utilizando um
calorímetro simples. Além disso, busca-se desenvolver habilidades práticas, como o
manuseio de instrumentos de medição, a realização de experimentos controlados e a
interpretação de dados experimentais. O relatório tem como propósito proporcionar uma
compreensão mais profunda das trocas de energia que ocorrem durante reações químicas ou
mudanças de estado físico. Além disso, visa validar experimentalmente leis termodinâmicas,
como a Lei da Conservação de Energia e a Lei de Hess, por meio da medição direta das
trocas de calor.

3. Metodologia
Uma proveta foi preparada com 100 mL de solução de HCl 0,5 mol L-1, em seguida, este
conteúdo foi transferido para o calorímetro, que se tratava de um copo de isopor com um furo
na tampa, com tamanho o suficiente para o termômetro, que foi inserido logo que o copo foi
tampado. Assim que o calorímetro foi fechado, o mesmo foi agitado de forma circular com
cautela utilizando as mãos. Quando a solução pareceu ter estabilizado sua temperatura
ambiente, ela foi anotada.
Outra proveta com 100 mL de solução de NaOH 0,5 mol L-1 também já havia sido preparada,
após os últimos procedimentos, o conteúdo desta então foi derramado ao calorímetro, depois
da tampa ter sido retirada com o termômetro acoplado. Depois de fechado, o calorímetro foi
agitado em movimento circular novamente, e quando a temperatura estabilizou em 37,4°C, a
mesma foi anotada para conclusões futuras.

4. Resultados e discussão
A equação de neutralização entre o ácido clorídrico (HCl) e o hidróxido de sódio
(NaOH) é representada da seguinte forma:

HCl(aq) + NaOH(aq) → NaCl(aq) + 𝐻2𝑂(l)

Para calcular a variação de entalpia (ΔH) da reação de neutralização, podemos utilizar


a equação fornecida:

ΔH = -(ρ x V x 𝐶𝐻 𝑂 x ΔT + 𝐶𝑐𝑎𝑙𝑜𝑟í𝑚𝑒𝑡𝑟𝑜 x ΔT)


2

Convertendo o volume da solução:


Na química, é comum trabalhar com diversas unidades de volume, como mL
(mililitros), L (litros), cm³ (centímetros cúbicos) e m³ (metros cúbicos). No entanto,
cada uma dessas unidades pode ser mais conveniente ou adequada dependendo do
contexto em que estamos trabalhando.
No caso da reação de neutralização entre HCl e NaOH, o volume das soluções é dado
em mL (mililitros), mas para realizar os cálculos necessários para determinar o
número de mols e a variação de entalpia da reação, é mais conveniente trabalhar com
a unidade de volume em L (litros).
Por isso, é necessário converter o volume de mL para L. No caso da solução em
questão, o volume total é de 200 mL, o que equivale a 0,2 L ou 200 cm³. Essa
conversão permite que possamos utilizar as fórmulas e equações necessárias para
calcular as grandezas relacionadas à reação de neutralização.
Portanto, podemos concluir:
0,2L de solução total, ou 0,1 L de HCL e 0,1 L de NaOH

Conversão da densidade ( ρ ):
A densidade é uma grandeza física que representa a massa de uma substância por
unidade de volume. No caso da solução de HCl e NaOH, a densidade é de 1,0 g/cm³,
ou seja, a cada 1 cm³ (ou 1 mL) de solução, temos 1,0 g de massa.
Para converter a densidade de 1,0 g/cm³ para gramas por litro (g/L), podemos
multiplicar por 1000, já que 1 L equivale a 1000 cm³.
Portanto:

1,0 g/cm³ * 1000 = 1000 g/L

Assim, a densidade de 1,0 g/cm³ equivale a 1000 g/L.

logo, podemos considerar os seguintes valores:

- ρ (densidade da solução) = 1,0 g/cm³ →1000 g/L


- V (volume total da solução) = 200 mL = 0,2 L
- 𝐶𝐻 𝑂 (calor específico da água) = 1,0 cal/g°C
2

- ΔT (variação de temperatura) = T2 - T1 = 37,4°C - 34,4°C = 3,0°C


- 𝐶𝑐𝑎𝑙𝑜𝑟í𝑚𝑒𝑡𝑟𝑜 (capacidade térmica do calorímetro) = 21,43 cal/°C

Substituindo os valores na equação:

ΔH = -(ρ x V x 𝐶𝐻 𝑂 x ΔT + 𝐶𝑐𝑎𝑙𝑜𝑟í𝑚𝑒𝑡𝑟𝑜 x ΔT)


2

ΔH = -(1000 g/L x 0,2 L x 1,0 cal/g°C x 3,0°C + 21,43 cal/°C x 3,0°C)

ΔH = -(600 cal + 64,29 cal)

ΔH = -664,29 cal

Portanto, a variação de entalpia (ΔH) da reação de neutralização é de -664,29 cal.

A magnitude do valor negativo indica que a reação é bastante exotérmica, ou seja,


libera uma quantidade significativa de calor. Isso pode ser explicado pela natureza da
reação de neutralização entre o ácido clorídrico (HCl) e o hidróxido de sódio (NaOH),
que é altamente exotérmica.

A diminuição da temperatura durante a reação também sugere que houve liberação de


calor para o ambiente. Essa variação de temperatura negativa é consistente com a
natureza exotérmica da reação.

Convertendo ΔHNeut em cal/mol:


Para obter o valor de ΔHNeut em cal/mol, é necessário dividir o valor calculado
anteriormente pelo número de mols de íons hidrônio (H+) contidos em 100 mL da solução do
ácido que são neutralizados pela base.

Conversão de volume para litros:


100 mL = 0,1 L
Cálculo do número de mols de H+:
mol H+ = concentração x volume
mol H+ = 0,5 mol/L x 0,1 L
mol H+ = 0,05 mol

Agora, podemos calcular o valor de ΔHNeut em cal/mol dividindo o valor calculado


anteriormente pelo número de mols de H+:

(−664,29 𝑐𝑎𝑙)
ΔHNeut =
(0,05 𝑚𝑜𝑙)
ΔHNeut = -13.285,8 cal/mol

Portanto, o valor aproximado de ΔHNeut é de -13.285,8 cal/mol. Esse valor representa a


variação de entalpia por mol de íons de hidrônio neutralizados pela base em 100 mL da
solução do ácido.

Calculando o erro percentual em cal/mol:


Para calcular o erro associado à medida experimental do calor de neutralização da reação
estudada, utilizando o valor médio de referência de -13700 cal/mol fornecidos na apostila de
introdução ao laboratório de química geral, podemos utilizar a fórmula do erro percentual:

|(𝑉𝑎𝑙𝑜𝑟 𝑒𝑥𝑝𝑒𝑟𝑖𝑚𝑒𝑛𝑡𝑎𝑙 − 𝑉𝑎𝑙𝑜𝑟 𝑑𝑒 𝑟𝑒𝑓𝑒𝑟ê𝑛𝑐𝑖𝑎)|


Erro percentual = |𝑉𝑎𝑙𝑜𝑟 𝑑𝑒 𝑟𝑒𝑓𝑒𝑟ê𝑛𝑐𝑖𝑎|
x 100%

| (−13.285,8 𝑐𝑎𝑙/𝑚𝑜𝑙 − (−13.700 𝑐𝑎𝑙/𝑚𝑜𝑙))


Erro percentual = (−13.700 𝑐𝑎𝑙/𝑚𝑜𝑙) |
x 100%

Erro percentual = 3,03%

Um erro experimental de 3,03% indica que o valor obtido experimentalmente para o


calor de neutralização da reação estudada (ΔHNeut) está relativamente próximo do
valor médio de referência (-13.700 cal/mol), mas apresenta uma diferença de cerca de
3% em relação a esse valor.

- Possíveis erros experimentais:


É importante destacar que, apesar do erro associado à medida experimental, o
valor obtido ainda pode ser considerado válido para muitas aplicações. No entanto, é
necessário levar em conta a margem de erro ao interpretar os resultados e fazer as
devidas correções ou ajustes, caso necessário.
Esse tipo de erro é comum em medidas experimentais, uma vez que diversos fatores
podem influenciar no resultado final, como a precisão dos equipamentos utilizados, a
variação nas condições experimentais, a qualidade dos reagentes utilizados, entre
outros. Um dos fatores de erro que podem ter afetado esse resultado neste caso, é a
troca de calor com o ambiente e com as mãos do aluno que precisou mexer o
calorímetro com as mãos. Essa troca de calor pode alterar a temperatura inicial e final
da solução, afetando o cálculo do calor liberado ou absorvido pela reação.
É importante ressaltar que a variação de entalpia é específica para as condições
experimentais utilizadas, como a concentração das soluções e o volume total da
solução. Portanto, esses resultados podem variar em diferentes experimentos com
diferentes condições.
Essa análise dos resultados é fundamental para compreender o comportamento das
soluções e suas interações térmicas. Além disso, permite obter informações valiosas
sobre as propriedades das substâncias envolvidas na reação e contribui para o avanço
do conhecimento científico no campo da termodinâmica química.

5. Conclusão
Com base nos resultados e discussões apresentados neste relatório, podemos concluir
que o estudo do calor de neutralização é de extrema importância na termoquímica.
Através da compreensão dos conceitos de reações endotérmicas e exotérmicas,
entalpia, Lei de Hess, calorimetria e capacidade calorífica, foi possível entender o
funcionamento de um calorímetro e como ele é utilizado para medir a quantidade de
calor trocada entre um sistema e seu ambiente. Além disso, a aplicação da Lei de Hess
mostrou-se uma ferramenta útil para calcular a variação de entalpia total de uma
reação. Esses conhecimentos são fundamentais para o estudo das reações químicas e
seus efeitos energéticos, permitindo a compreensão de diversas aplicações práticas,
como a produção de energia e a síntese de compostos. Portanto, o estudo do calor de
neutralização é um campo de pesquisa relevante e promissor para a química e para a
ciência em geral.

6. Referências

● Chang R. 2007
● Atkins, P., & de Paula, J. 2006
● Serway, R. A., & Jewett, J. W. 2013 (https://issuu.com/cengagebrasil/docs/9788522116362_livreto)
● Brown, T. L. 2017 (https://zonadaeletrica.com.br/quimica-a-ciencia-central-13a-ed-brown/)
● Silberberg,2014(https://chem.libretexts.org/Courses/Lock_Haven_University_of_Pennsylvania/CHEM120%3A_Principles_of_Che
misty_1/Silberberg#s83739)

● Tro. 2017 (https://chem.libretexts.org/Bookshelves/General_Chemistry/Map%3A_A_Molecular_Approach_(Tro))

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