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Capacidade térmica

grandeza física

Capacidade térmica ou capacidade calorífica (usualmente denotada pela letra )éa


grandeza física que determina a relação entre a quantidade de calor fornecida a um corpo e
a variação de temperatura observada neste. [1]

A capacidade térmica caracteriza o corpo, e não a substância que o constitui. A capacidade


térmica é uma propriedade extensiva, ou seja, proporcional à quantidade de material
presente no corpo. Com isso, dois corpos compostos pela mesma substância porém com
massas diferentes possuem diferentes capacidades caloríficas.

Grandezas derivadas que especificam a capacidade térmica como uma propriedade


intensiva existem, sendo então uma característica da substância. Essas são: o calor
específico, que é a capacidade térmica por unidade de massa da substância, e o calor
específico molar, resultante da relação entre a capacidade térmica e o número de mols
presentes. Ocasionalmente, pode ser usado o calor específico volumétrico (por unidade de
volume).

A temperatura reflete a energia cinética média das partículas na matéria, enquanto calor é a
energia térmica em trânsito das regiões de maior para aquelas com menor temperatura. A
energia térmica transmitida como calor é armazenada como energia cinética translacional
em átomos e rotacional em moléculas. Adicionalmente, parte da energia térmica pode ser
convertida em energia potencial associada aos modos de vibração, de maior energia, nas
ligações interatômicas. Translação, rotação e as energias cinética e potencial associadas à
vibração representam os graus de liberdade do movimento que contribuem classicamente à
capacidade térmica. Em temperaturas suficientemente altas, cada grau de liberdade
contribui igualmente com o calor específico (de acordo com o teorema da equipartição, a
contribuição de cada um no calor específico molar é 1/2 R), de tal forma que o calor
específico dos metais e muitos sólidos a temperatura ambiente aproxima-se a 25 joules por
kelvin para cada mol de átomos, dado pela lei de Dulong-Petit. Devido a fenômenos da
mecânica quântica, alguns graus de liberdade podem não ser atingidos ou estar disponíveis
parcialmente, de forma que o calor específico é uma fração do máximo.

Quantidades extensivas e
intensivas
A capacidade térmica (símbolo C) é dada pelo quociente entre a energia fornecida sob a
forma de calor e o aumento resultante na temperatura do corpo. Matematicamente,

A unidade usada no SI é J/K (Joule por Kelvin). Por motivos históricos, é comum o uso da
unidade caloria por graus Celsius (cal/ºC).

Para muitas finalidades teóricas e experimentais, é mais conveniente relatar-se a capacidade


térmica como uma propriedade intensiva, isto é, intrínseca da substância. Isso é mais
comumente feito expressando-se a capacidade térmica por massa unitária. Essa grandeza é
o calor específico, denotado pela letra minúscula c. As unidade SI é o joule por quilograma e
kelvin, símbolo J/(kg.K),[2] sendo também comum a unidade usual cal/g.ºC (uma caloria foi
originalmente definida como o calor necessário para aquecer 1 g de água de 14,5 ºC a 15,5
ºC).

Em muitas circunstâncias a unidade mais conveniente para especificar a quantidade de uma


substancia é o mol, definido como sendo a quantidade de unidade de matéria que contem
um número de unidades elementares igual ao número de átomos de carbono em 12 gramas,
dado por aproximadamente 6,02 x 1023 (número de Avogadro). Assim, por exemplo um mol
de hélio significa um número de aproximadamente 6,02 x 1023 átomos de hélio. A relação
entre massa e número de mols para uma dada substância é chamada massa molar.
Nesses casos, quando a quantidade de substância é expressa em mols, utiliza-se o
chamado calor específico molar (unidade no SI: J/(mol.K)). Este é expresso como sendo a
capacidade térmica por mol, e não mais por massa unitária.

Termodinâmica
A capacidade térmica da maioria dos sistemas não é constante. Ao invés disso, ela depende
em algum grau das variáveis de estado (da própria temperatura, assim como da pressão e
volume) do sistema termodinâmico, além do processo pelo qual o aquecimento ocorre. Com
isso, é possível realizar diferentes medições da capacidade térmica, sendo mais comumente
feitas a pressão constante e a volume constante.

A capacidade térmica a pressão constante é geralmente um pouco maior do que a volume


constante, sendo a afirmação verdadeira para materiais com coeficientes de dilatação
volumétrico positivos. Materiais com dilatação anômala, como a água entre 0 °C e 4 °C, não
obedecem à regra anterior; nestes casos o calor específico a volume constante é então um
pouco maior do que o calor específico a pressão constante. Em virtude do aumento de
volume associado à dilatação térmica, parte da energia fornecida na forma de calor é usada
para realizar trabalho contra o ambiente a pressão constante e não para aumentar a
temperatura em si; o aumento de temperatura experimentado para um sistema à pressão
constante é pois menor do que aquele que seria experimentado pelo mesmo sistema
imposto o volume constante uma vez mantida a mesma transferência de energia na forma
de calor. No caso da capacidade térmica a volume constante, toda a energia recebida na
forma de calor é utilizada para elevar a temperatura do sistema, o que faz com que - em
virtude de sua definição - seja um pouco menor. A diferença entre os dois é particularmente
importante em gases; em sólidos e líquidos sujeitos a pequenas variações de volume frente
às variações de temperatura, os valores dos dois na maioria das vezes se confundem por
aproximação. Em análise teórica e de precisão, contudo, é importante a diferenciação dos
dois.

De forma análoga com o que ocorre com as capacidades térmicas, o calor específico e o
calor específico molar também dependem do processo ao qual a substância é submetida; de
mesma forma, definem-se as quantidades a pressão constante e a volume constante.
Capacidades térmicas
A primeira lei da termodinâmica estabelece que . O trabalho realizado pelo
gás pode ser escrito em função da pressão do volume, e dividindo a equação por uma
diferencial de temperatura obtém-se a capacidade térmica:

Por essa última relação, nota-se que a capacidade térmica depende do processo pelo qual o
calor é cedido à substância. Para o caso da capacidade térmica a volume constante, a
variação no volume é nula e da relação anterior,

Nesse caso, todo o calor fornecido é transformado em energia interna pelo sistema, já que
nenhum trabalho é realizado. Já a capacidade térmica a pressão constante é dada por

O potencial é uma função de estado, denominada entalpia do sistema. [3]

As capacidades térmicas a pressão constante e a volume constante são relacionadas por: [4]

onde é o coeficiente de expansão volumétrico e é a compressibilidade

isotérmica.
Calor específico molar a volume
constante
O calor específico molar a volume constante é definido como:

Sendo que,

(primeira lei da termodinâmica) com o trabalho temos


,por se tratar de um processo a volume constante.

onde:

é o calor absorvido ou cedido por


uma amostra de mols de um gás;
é a variação de temperatura
resultante;
é a variação de energia interna.
Para um gás monoatômico ideal,

Calor específico molar a pressão


constante
O calor específico molar a pressão constante é definido como:

Sendo que temos as seguintes relações:

(primeira lei da termodinâmica) e . Relacionando o trabalho com


a equação dos gases ideais ficamos com . Substituindo as

respectivas equações mais a equação na equação ficamos com

onde:

é o calor absorvido ou cedido por


uma amostra de mols de um gás;
é a variação de temperatura
resultante;
é a variação de energia interna.

Regra de Dulong-Petit
A regra de Dulong-Petit consiste em obter, aproximadamente, o calor específico das
substâncias por meio da massa molar:

Em que:
é o calor específico, em joules por
quilograma kelvins (j.kg-1.K-1);
é a constante dos gases reais,
equivalente a 8,31 joules por mol
kelvins (j.K-1.mol-1);
é a massa molar, em quilograma
por mol (kg/mol).

Fatores que afetam o calor


específico

Representação de uma molécula vibrando.

Moléculas sofrem muitas vibrações características internas. A energia potencial


armazenada nestes graus de liberdade internos contribui para uma amostra do conteúdo de
energia, mas não a sua temperatura. Graus de liberdade mais internos tendem a aumentar a
capacidade de uma substância de calor específico, contanto que as temperaturas são
suficientemente elevadas para superar os efeitos quânticos.

Graus de liberdade
O comportamento termodinâmico das moléculas dos gases monoatômicos, como hélio, e
dos gases diatômicos, como o nitrogênio, é muito diferente. Em gases monoatômicos, a
energia interna é unicamente para movimentos de translação. Os movimentos são
movimentos de translação em um espaço tridimensional em que as partículas se movem e
trocam energia em colisões elásticas da mesma forma como fariam bolas de borracha
colocadas num recipiente que foi agitado fortemente. (Veja animação aqui (https://upload.wi
kimedia.org/wikipedia/commons/6/6d/Translational_motion.gif) ). Estes movimentos nas
dimensões X, Y, e Z significam que os gases monoatômicos tem apenas três graus de
liberdade de translação. Moléculas com maior atomicidade, no entanto, tem vários graus de
liberdade interna, rotacionais e vibracionais. Elas se comportam como uma população de
átomos que podem se mover dentro de uma molécula de formas diferentes (veja a animação
à direita). A energia interna é armazenada nesses movimentos internos. Por exemplo, o
nitrogênio, que é uma molécula diatômica, tem cinco graus de liberdade: três de translação e
dois de rotação interna. Note que a calor específico molar a volume constante do gás

monoatômico é , sendo R a constante universal do gás ideal, ao passo que para o valor

do nitrogênio (diatômico) vale , o que mostra claramente a relação entre os graus de

liberdade e ao calor específico.

onde é o número de graus de liberdade.

Massa molar
Uma razão pela qual o calor específico tem valores diferentes para diferentes substâncias é
a diferença de massas molares, que é a massa de um mol de qualquer elemento, que é
diretamente proporcional à massa molecular do elemento, a soma dos valores das massas
atômicas da molécula em questão. A energia térmica é armazenada pela existência de
átomos ou moléculas de vibração. Se uma substância tem uma massa molar mais leve, em
seguida, cada grama de que tem mais átomos ou moléculas disponíveis para armazenar
energia. Esta é a razão pela qual o hidrogênio, a substância com menor massa molar tem um
calor específico muito elevado. A consequência deste fenômeno é a de que, quando se mede
o calor específico em termos molares a diferença entre substâncias torna-se menos
acentuada e o calor específico de hidrogênio para de ser atípico. Da mesma forma, as
substâncias moleculares (também absorvem calor em seus graus de liberdade internos)
pode armazenar grandes quantidades de energia por mol se é moléculas grandes e
complexas, e, portanto, seu calor específico medido em massa é menos perceptível . Uma
vez que a densidade média de um elemento químico está fortemente relacionada com a sua
massa molar, em termos gerais, há uma forte correlação inversa entre a densidade do sólido
eo (calor específico a pressão constante). Lingotes sólidos grandes de baixa densidade
tendem a absorver mais calor do que um lingote pequeno de mesma massa, porém com
densidade mais elevada que o primeiro, porque contém mais átomos. Por conseguinte, em
termos gerais, há uma forte correlação entre o volume de um elemento sólido e a sua
capacidade total de calor. No entanto, existem muitos desvios desta correlação.

As ligações de hidrogênio
Contendo hidrogênio na sua composição, moléculas polares como o etanol, amônia e água,
têm poderosas ligações intermoleculares de hidrogênio quando em sua fase líquida. Estas
ligações proporcionam um outro local em que o calor pode ser armazenado como energia
potencial de vibração, mesmo em baixas temperaturas comparativamente.

Impurezas
No caso de ligas, existem certas condições em que as pequenas impurezas podem alterar
grandemente o calor específico medido. As ligas podem mostrar uma diferença marcada no
seu comportamento, mesmo que a impureza em questão seja um dos elementos que
formam a liga, tais como ligas impuras em semicondutores ferromagnéticos que podem
conduzir a medições muito diferentes.

A tabela abaixo apresenta o calor específico de algumas substâncias à pressão constante


de 1 atm.
Substância Calor Específico (cal/g.°C)
água 1,0
álcool 0,58
alumínio 0,22
ar 0,24
carbono 0,12
chumbo 0,031
cobre 0,094
ferro 0,11
gelo 0,5
hélio 1,25
hidrogênio 3,4
latão 0,092
madeira 0,42
mercúrio 0,033
nitrogênio 0,25
ouro 0,032
oxigênio 0,22
prata 0,056
rochas 0,21
vidro 0,16
zinco 0,093

A tabela abaixo apresenta o calor específico molar de algumas substâncias à temperatura


ambiente.[5]

Calor Específico Molar


Substância
(J/mol.K)
chumbo 26,5
tungstênio 24,8
prata 25,5
cobre 24,5
alumínio 24,4
Ver também

Outros projetos Wikimedia também contêm


material sobre este tema:

Livros e manuais no

Wikilivros

Calor
Calorimetria
Coeficiente de expansão adiabática

Referências

1. Física para cientistas e


engenheiros,Editora Ltc, Edição 6,
2009, Paul Tipler e Gene Mosca,
página 600,ISBN 978-85-216-1710-5
2. «Sistema Internacional de Unidades»
(http://www.demec.ufmg.br/disciplin
as/ema003/SI.htm) . Departamento
de Engenharia Mecânica.
Universidade Federal de Minas
Gerais. Consultado em 12 de
outubro de 2011
3. Atkins, Peter; Paula, Julio de (2010).
Physical Chemistry, 9th edition. [S.l.]:
W.H.Freeman. pp. 55–60. ISBN 1-
4292-1812-6
4. Reif, F. (1965). Fundamentals of
statistical and thermal physics. [S.l.]:
McGraw-Hill. 168 páginas
5. Halliday David e Krane Kenneth S..
Física 2, Quinta edição. Editora LTC.
Gaspar Alberto. Física Série Brasil,
1ª edição. Editora Ática.]

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