Você está na página 1de 17

Reprodução

função através da qual os seres vivos


produzem descendentes

Esta página cita fontes, mas que não cobrem todo o conteúdo.
Saiba mais

Reprodução, em biologia, refere-se à função através da qual os seres vivos produzem


descendentes, dando continuidade à sua espécie.[1]

Formação de novos indivíduos na


margem de uma folha de uma
planta-do-ar, Kalanchoë pinnata. A
pequena planta em primeiro plano
mede cerca de um centímetro de
altura. A definição de "indivíduo"
torna-se difícil perante o processo
reprodutivo assexuado.

Todos os organismos/seres vivos resultam da reprodução a partir de organismos vivos


preexistentes, ao contrário do postulado pela teoria da geração espontânea. Os métodos
conhecidos de reprodução podem agrupar-se, genericamente, em dois tipos: reprodução
assexuada e reprodução sexuada. No primeiro caso, um indivíduo reproduz-se sem que
exista a necessidade de qualquer partilha de material genético entre organismos. A divisão
de uma célula em duas é um exemplo comum, ainda que o processo não se limite a
organismos unicelulares. A maior parte das plantas tem a capacidade de se reproduzir
assexuadamente, tal como alguns animais (ainda que isso seja menos comum). Já a
reprodução sexuada implica a partilha de material genético, geralmente providenciado por
organismos da mesma espécie classificados geralmente de "macho" e "fêmea". Em várias
espécies, fêmeas possuem estratégias para controlar a inseminação do óvulo. Algumas
endurecem o caminho do esperma, enquanto outras espécies desenvolveram um sistema
reprodutivo para ajudar o esperma para alcançar o seu objetivo, como no caso dos seres
humanos.

Reprodução assexuada
Reprodução assexual (ou assexuada) é um processo biológico através do qual um
organismo produz uma cópia geneticamente igual a si próprio, sem que haja recombinação
de material genético. Um exemplo simples consiste na clonagem, como no ato de inserir
plantas em estacas, caso em que a reprodução é processada artificialmente, ainda que
possa ocorrer naturalmente. De fato, muitas espécies de plantas têm esta capacidade, sem
necessidade de intervenção humana, gerando estolhos que criam raízes, tornando-se,
posteriormente, independentes da planta-mãe. Noutros casos, uma parte do talo ou do soma
pode separar-se da planta-mãe e fixar-se noutro lugar, dando origem a uma nova planta. A
este tipo de reprodução assexuada dá-se o nome de multiplicação vegetativa, como
acontece, naturalmente, com o morangueiro. Note-se que, contudo, a maior parte destas
plantas também se pode reproduzir sexuadamente, através de esporos ou de sementes.

Muitos animais, ainda que se possam reproduzir também sexuadamente, como a hidra (da
ordem Hydroidea), procedem à gemulação, formando gomos na sua superfície externa, que
podem se desenvolver originando novos indivíduos. Não se deve confundir esta
característica com a capacidade, presente em alguns animais, como os lagartos e os
caranguejos, de regenerar partes do seu corpo, como um membro ou parte da cauda que se
perderam por acidente. Nestes casos, não se trata de reprodução, já que não há a formação
de novos organismos.

Muitas espécies de animais, incluindo invertebrados (nomeadamente pulgas-d'água, afídeos,


algumas abelhas e vespas parasitas) e vertebrados (como alguns répteis, peixes e, muito
raramente, aves e tubarões)[2][3][4] capazes de reprodução sexual também têm a capacidade
de se reproduzir assexuadamente, nomeadamente através da partenogénese (do Grego
παρθένος parthenos, "virgem", + γένεσις genesis, "criação") que consiste na formação e
desenvolvimento de um embrião sem necessidade de fertilização dos óvulos por parte do
macho. Algumas espermatófitas, em que a norma é a reprodução sexuada, podem
igualmente produzir sementes sem que haja fertilização dos óvulos, através de um processo
conhecido por apomixia.

Nos organismos unicelulares, como as bactérias e as leveduras, a norma é a reprodução


assexuada, através da fissão binária das células. Mas mesmo as bactérias têm necessidade
de realizar a conjugação genética, que pode ser considerada uma forma de reprodução
sexual ou para-sexual, a fim de renovar o seu material genético.

Outras formas de reprodução assexuada incluem a esporogénese, no caso da formação de


mitosporos (esporos resultantes da mitose) e a fragmentação clonal.

A reprodução dos vírus também pode ser considerada como assexuada, já que estes tomam
o controle do material genético de células hospedeiras para produzirem novos vírus.

Reprodução sexuada
A reprodução sexual (ou sexuada) implica a combinação de material genético (normalmente
o DNA) de dois seres distintos (os progenitores) através da conjugação de duas células
haplóides (os gâmetas) por cariogamia.

Esta definição engloba a "reprodução sexual" das bactérias, de muitos protistas e dos
fungos, sem que haja a necessidade de definição de sexos. Também se chama este tipo de
reprodução sexual indiferenciada.

Chlamydomonas reinhardtii
A maior parte dos organismos produzem dois tipos diferentes de gâmetas. Nestas espécies,
ditas anisogâmicas, os dois sexos são designados como macho (que produz esperma ou
microsporos) e fêmea (que produz óvulos ou megásporos). Nas espécies isogâmicas, os
gâmetas são semelhantes ou idênticos na sua forma, podendo apresentar outras
propriedades que os distingam, permitindo dar-lhes nomes diferentes. Por exemplo, na alga
verde Chlamydomonas reinhardtii, existem os gâmetas arbitrariamente designados como
"positivos" (+) e "negativos" (-). Alguns tipos de organismos, como os ciliados, têm mais de
dois tipos de gâmetas.

A maior parte dos animais (incluindo o ser humano) e das plantas reproduz-se
sexuadamente. Estes organismos, ditos diplóides, apresentam dois alelos (variedade de
genes) para cada traço genético. Os seus descendentes herdarão um alelo, para cada traço
que irão exibir, de cada um dos seus progenitores. Existindo duas cópias de cada gene, só
um expressar-se-á, permitindo que alelos com mutações possam ser "mascarados",
constituindo uma vantagem que se acredita que poderá ter levado a uma maior capacidade
adaptativa dos seres diplóides. Tal hipótese, contudo, tem sido criticada.[5]

Chama-se alogamia ao tipo de reprodução sexuada em que os dois gâmetas provêm de


seres distintos. A autogamia, pelo contrário, ocorre em organismos hermafroditas que
procedem à autofecundação, ou seja, à união dos gâmetas produzidos no mesmo
organismo.

Em última análise, a reprodução sexual radica na divisão celular, especialmente através dos
mecanismos da mitose e meiose. No primeiro caso, o número de células resultantes é o
dobro do das células originais. O número de cromossomas nas células resultantes será o
mesmo que na célula de origem. Na meiose, porém, o número de células resultantes da
divisão será o quádruplo do número de células original, formando-se células com metade do
número de cromossomas da célula inicial.

Reprodução sexual indiferenciada


Nas bactérias e, em geral, em muitos seres unicelulares de sexo indiferenciado, duas células
aparentemente iguais conjugam-se e combinam o seu material genético, continuando as
duas células a viver independentemente.
Em muitas espécies de fungos, geralmente haploides, as hifas de dois "indivíduos"
conjugam-se para formar uma estrutura onde, em células especiais, se dá a conjugação dos
núcleos e, posteriormente, a meiose, para produzir esporos novamente haploides que vão
dar origem a novos "indivíduos". Noutros casos, são libertadas células sexuais iguais e
móveis, os isogâmetas, que se conjugam.

Reprodução sexual nos animais


Nos animais, a reprodução envolve geralmente a união de dois seres de sexos diferentes, o
macho e a fêmea. As células sexuais produzidas pelo macho e pela fêmea são designadas
por gâmetas, e são produzidas em órgãos sexuais chamados gónadas. Os gâmetas
masculinos, ou espermatozoides, fecundam o gâmeta feminino, ou óvulo, da fêmea, dando
origem ao ovo, que se desenvolverá num embrião e, posteriormente, no novo filho.

Sirfídeos em cópula durante o voo.

Em muitos casos, como nos mamíferos, aves e répteis, a fecundação é interna. Neste caso, o
óvulo encontra-se dentro do corpo da fêmea. O macho tem que introduzir aí os
espermatozoides, durante a cópula. Em muitos animais, o macho possui para esse fim um
órgão copulador que, nos mamíferos, se chama pênis.

Na maioria dos animais aquáticos, no entanto, a fertilização é externa: a fêmea liberta os


óvulos na água (desova), onde o macho também liberta os espermatozoides.

Reprodução sexual nas plantas


As plantas (incluindo as algas) têm igualmente órgãos sexuais que produzem gâmetas, tal
como acontece com os animais: o gâmeta feminino chama-se oosfera (mas também
vulgarmente designado de óvulo) e é igualmente imóvel. O gâmeta masculino chama-se
anterozóide. Nas plantas que produzem flores, as angiospermas, a gónada feminina chama-
se ovário (tal como nos animais); e a masculina, antera. Noutros grupos de plantas, os
nomes variam. Por exemplo, arquegónio nos musgos e megasporófilo nas coníferas.

O anterozóide só se liberta do grão de pólen (ou da estrutura correspondente, por exemplo, o


anterídeo dos musgos) num ambiente úmido, como o estigma das angiospérmicas ou o
ovário aberto das gimnospérmicas.

Estratégias de reprodução
Um dos problemas principais que os organismos vivos tiveram que resolver ao longo do
processo evolutivo para tentarem "perpetuar" a espécie foi o da sobrevivência de um número
suficiente de descendentes. Para além de eventuais situações de falta de alimentos e da
predação, é necessário pensar que os recém-nascidos são geralmente muito mais sensíveis
que os adultos às variações do meio ambiente, como a temperatura, ventos, correntes
oceânicas, entre outros. As formas como os organismos resolveram esses problemas
designam-se de estratégias reprodutivas. Em geral, os animais "concentraram" as suas
atenções na protecção dos óvulos, dos embriões ou das crias. As plantas especializaram-se
nas formas de disseminação dos produtos sexuais.

Estratégias de reprodução dos


animais
Mosca doméstica

Uma vez que são "descendentes" das bactérias e dos protistas, os animais começaram
como ovíparos, ou seja, o zigoto, com maior ou menor protecção, é lançado no mundo, à sua
sorte. Nos animais actuais, a maioria dos invertebrados e dos peixes são ovíparos.

As estratégias para a sobrevivência desses zigotos — e dos embriões que deles resultam —
incluem:

a produção de um grande número de


zigotos;
o desenvolvimento de estados larvares
bem adaptados ao meio ambiente; ou
os cuidados parentais — um ou ambos
os progenitores cuidam dos ovos até
estes eclodirem; ou mesmo até as
crias atingirem um tamanho que lhes
permita sobreviver por si próprias — é
o caso da maioria das aves e
mamíferos e de alguns peixes.
Uma outra forma de proteger os zigotos consiste em deixá-los desenvolverem-se dentro do
corpo do mãe. Esta estratégia foi desenvolvida em duas fases:

numa primeira fase, o ovo de facto


recebe apenas a protecção física da
mãe em relação ao meio ambiente; o
ovo tem as suas próprias reservas
nutritivas e o embrião desenvolve-se
independentemente do metabolismo
materno — ovoviviparidade.
numa segunda fase, o corpo materno
desenvolve um sistema, não só de
protecção, mas também de
alimentação do embrião (incluindo a
passagem de anticorpos contra
eventuais doenças), baseado no seu
próprio metabolismo — viviparidade.
Uma desvantagem destas últimas estratégias é que o número de zigotos não pode ser muito
elevado e a mãe não pode repetir o processo com tanta frequência; por outro lado, os
embriões têm maior probabilidade de sobreviverem, enquanto a mãe prossegue a sua vida.
Chama-se a este tipo de desenvolvimento evolutivo seleção-K, enquanto que a estratégia de
produzir um grande número de zigotos evoluiu segundo um processo de seleção-r.

Estratégias de reprodução das


plantas e em fungos
Os fungos, os musgos, as algas e as plantas verdes têm algumas características comuns no
que respeita à reprodução, o que justifica que todos fossem considerados como plantas por
Lineu e pelos primeiros botânicos.

Ao contrário dos animais, as plantas, em geral, têm uma grande capacidade de reprodução
vegetativa, ou seja, assexual: as partes vegetativas, ou não-reprodutoras, podem facilmente
produzir uma nova planta. Por exemplo, um pedaço de hifa de um fungo transportada na
pata de um cão ou de uma mosca pode produzir outro "indivíduo" da mesma espécie noutro
local. Um pedaço do talo de uma alga arrastada pelas correntes oceânicas pode produzir
uma nova alga noutro local onde as condições sejam adequadas. As plantas verdes
rastejantes muitas vezes lançam estolhos que produzem raízes e se podem tornar
independentes da planta-mãe.

No entanto, todas as plantas — tal como os animais — necessitam da reprodução sexuada


para o processo evolutivo, ou seja, necessitam de "renovar" o seu material genético. Mas nas
plantas, ao contrário dos animais, os órgãos reprodutores encontram-se em indivíduos
diferentes dos órgãos vegetativos. A este processo chama-se alternância de gerações.

Mas é na dispersão das várias estruturas que as plantas geram para se reproduzir que
encontramos maiores especializações:

As espermatófitas (plantas que


produzem sementes) desenvolveram
estratégias para a disseminação dos
seus produtos sexuais a dois níveis:
Pólen — os grãos de pólen são as
estruturas que transportam os
gâmetas masculinos e, para que
estes possam fecundar os óvulos,
têm formas de actuação
diversificadas — diferentes tipos
de polinização:
Algumas espécies de plantas
produzem sementes por
autofecundação, ou seja, o
anterozoide de uma flor pode
fecundar com êxito o óvulo
da mesma flor; nestas
plantas, a flor pode abrir
apenas depois da
fecundação;
A norma, entretanto, é a
fecundação cruzada, em que
o pólen duma flor deve
fecundar o óvulo de outra; ou
de preferência, de outra
planta diferente da mesma
espécie, a fim de assegurar a
recombinação genética; para
este fim, os grãos de pólen
são geralmente muito
pequenos e leves, podendo
ser transportados pelo vento
(polinização anemófila), pela
água (nas plantas aquáticas
— polinização hidrófila), ou
por animais (polinização
zoófila), quer
involuntariamente, como
fazem os colibris quando vão
beber o néctar da flor, quer
voluntariamente, como fazem
as abelhas e outros insetos,
que se alimentam de pólen
(polinização entomófila).
Nestes últimos casos, o
néctar ou outras
especializações da flor são
desenvolvimentos evolutivos
destinados ao sucesso da
reprodução sexuada.
Sementes — são as estruturas que
resultam da fecundação e
transportam o embrião que, em
condições ambientais favoráveis,
irão dar origem a plantas iguais.
Para isso, as plantas
desenvolveram durante o
processo evolutivo várias
estratégias, muitas das quais
actuam ao mesmo tempo:
Vida latente — os embriões
das plantas podem ficar
muito tempo sem se
desenvolverem, enquanto as
condições apropriadas de
temperatura e humidade não
surgem;
Pericarpo lenhoso
Dispersão das sementes
Os outros grupos de plantas, incluindo
as samambaias, os fungos, os musgos
e as algas, disseminam-se por
esporos, que são células haplóides
com uma parede celular
extremamente resistente, produzidas
por meiose em órgãos especiais,
chamados esporângios.

Ver também

Gametogénese
Reprodução e gravidez na ficção
especulativa

Referências
1. “Reprodução – a continuidade da
vida” no site ClickBio em
br.geocities.com (http://br.geocities.
com/clickbio/textos/reproducao.ht
ml) Arquivado em (https://web.archi
ve.org/web/20090724042841/http://
br.geocities.com/clickbio/textos/rep
roducao.html) 24 de julho de 2009,
no Wayback Machine. acessado a 2
de julho de 2009
2. Halliday, Tim R.; Kraig Adler (eds.)
(1986). Reptiles & Amphibians. [S.l.]:
Torstar Books. 101 páginas. ISBN 0-
920269-81-8
3. Savage, Thomas F. (12 de Setembro
de 2005). «A Guide to the
Recognition of Parthenogenesis in
Incubated Turkey Eggs» (https://we
b.archive.org/web/2006111520171
3/http://oregonstate.edu/dept/anim
al-sciences/poultry/index.html) .
Oregon State University. Consultado
em 11 de outubro de 2006.
Arquivado do original (http://oregons
tate.edu/Dept/animal-sciences/poult
ry/index.html) em 15 de novembro
de 2006
4. "Female Sharks Can Reproduce
Alone, Researchers Find" (http://ww
w.washingtonpost.com/wp-dyn/cont
ent/article/2007/05/22/AR2007052
201405.html) , Washington Post, 23
de Maio, 2007; Page A02
5. ORR, H. Allen; OTTO, Sarah P., Does
Diploidy Increase the Rate of
Adaptation? (http://www.genetics.or
g/cgi/reprint/136/4/1475.pdf) ,
1993 - acesso a 23 de Janeiro de
2009

Obtida de "https://pt.wikipedia.org/w/index.php?
title=Reprodução&oldid=67191983"

Esta página foi editada pela última vez às


13h50min de 27 de dezembro de 2023. •
Conteúdo disponibilizado nos termos da CC BY-
SA 4.0 , salvo indicação em contrário.

Você também pode gostar