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IFRJ – Campus São Gonçalo

Físico-Química

Termoquímica
Conceitos Gerais
Termoquímica é o estudo das quantidades de calor liberadas ou
absorvidas durante as reações químicas.

Sistema: parte isolada do universo físico cujas


propriedades estão sendo estudas.

Fronteira: são os limites que definem o espaço


físico do sistema, separando-o do universo.

Vizinhança: é a porção do universo que rodeia


as fronteiras do sistema e que pode, na maioria
dos casos, interagir com o sistema.
Conceitos Gerais
Tipos de Sistema:
Aberto: Troca matéria e energia com as vizinhanças.
Fechado: Troca apenas energia com as vizinhanças.
Isolado: Não troca nem energia nem matéria com as vizinhanças.
Calorimetria
Calorimetria:
É o estudo e a medição das quantidades de calor liberadas ou
absorvidas durante os fenômenos físicos e/ou químicos.

A temperatura é a mesma (100 °C) nos dois casos; no entanto, a


quantidade de calor no segundo béquer é o dobro daquela que
existe no primeiro, já que ali a quantidade de água também é o
dobro.
Calor específico = quantidade de calor necessária para elevar
de 1 °C a temperatura de 1 g da substância.
Calorimetria
Unidades de quantidade de calor:
Caloria é a quantidade de calor necessária para elevar em 1 °C a
temperatura de 1 g de água.

No Brasil se adota oficialmente o Sistema Internacional de Unidades


(SI), no qual a unidade de energia é o joule (J).

Calorímetros:
São aparelhos usados para medir a quantidade de calor que é liberada ou
absorvida numa transformação física ou química.
Exercícios

1) Que quantidade de calor é liberada por uma reação química que é


capaz de elevar de 20 ºC para 28 ºC a temperatura de 2 Kg de
água? (Calor específico da água = 1 cal/g ºC) 16000 cal
Conceitos Gerais
A energia transferida entre dois corpos (ou entre diferentes partes de
um mesmo corpo) que têm temperaturas diferentes é denominada calor.
Ela só flui de um corpo de maior temperatura (mais quente) para outro de
menor temperatura (mais frio).

O trabalho é uma energia em trânsito. É a troca de energia sem influência


de diferenças de temperatura.
Primeira Lei da Termodinâmica
Primeira Lei da Termodinâmica:

Energia Interna
 A energia total após a reação é igual à energia total antes da
reação.
 A energia não pode ser criada nem destruída, apenas
transformada.
 Em um sistema isolado, a quantidade total de energia é constante.
 A variação de energia interna, ∆U, de um sistema é igual à
diferença entre o calor, Q, trocado com o meio ambiente e o
trabalho, W, realizado pelo (ou sobre o) sistema.

∆U = q +W,
Para W = -p∆V
Primeira Lei da Termodinâmica
Transformação Isocórica (volume constante):

 W = -p ∆V,
Se ∆V = 0, W = 0, então: ∆U = qv + W, ∆U = qv
Numa transformação isocórica, a variação da energia interna do
sistema é igual ao calor trocado a volume constante.

Transformação Isobárica (pressão constante):


 W = -p ∆V e ∆U = qp + W
então: ∆U = qp + W, ∆U = qp – p ∆V
qp = ∆U + p ∆V

∆H = qp = ∆U + p ∆V
A variação de entalpia de um sistema é igual ao calor liberado ou
absorvido em pressão constante (exemplo: recipiente aberto).
Variação de Entalpia
A variação de entalpia (ΔH) de um sistema informa a quantidade de
calor trocado por esse sistema, a pressão constante. O sinal do ΔH informa
se o processo é exotérmico (ΔH < 0) ou endotérmico (ΔH > 0). Alguns
químicos chamam ο ΔH de “calor de reação”.

Processo Endotérmico
Variação de Entalpia

Processo Exotérmico
Fatores que influenciam o ∆H de uma reação:

 Quantidades de reagentes e produtos:


A quantidade de calor envolvida em uma reação química é proporcional à
quantidade de reagentes e produtos que participam da reação (ou seja,
depende da massa):
CH4(g) + 2O2(g) → CO2(g) + 2H2O(l) ∆H = -890 kJ
2CH4(g) + 4O2(g) → 2CO2(g) + 4H2O(g) ∆H = -1780 kJ

 Estado físico dos reagentes e produtos da reação:


Fatores que influenciam o ∆H de uma reação:

 Estado alotrópico:
Alotropia é o fenômeno em que um mesmo elemento químico pode
originar substâncias simples diferentes. As substâncias simples
distintas são conhecidas como alótropos.

 Temperatura:

 Pressão:
A pressão praticamente não influi nos calores de reações que envolvem
sólidos e líquidos. Mesmo em reações que envolvem gases, a influência da
pressão é muito pequena, tornando-se perceptível somente em pressões
elevadíssimas (da ordem de 1.000 atm). Sendo assim, não devemos nos
preocupar com a influência da pressão em nossos cálculos.
Equação Termoquímica
Equação termoquímica é a equação química à qual acrescentamos
a entalpia da reação e na qual mencionamos todos os fatores que
possam influir no valor dessa entalpia.
CASOS PARTICULARES DAS ENTALPIAS (OU
CALORES) DAS REAÇÕES
 Estado padrão dos elementos e dos compostos químicos

Somente estarão no “nível zero” as substâncias simples, em sua forma mais


comum e estável.
• o enxofre rômbico é mais estável (menos reativo) que o monoclínico;
• o fósforo vermelho é mais estável que o branco;
• o oxigênio (O2) é mais estável que o ozônio (O3).
• o carbono na forma de grafite é mais estável que na forma de diamante.
CASOS PARTICULARES DAS ENTALPIAS
(OU CALORES) DAS REAÇÕES
 Entalpia (ou calor) padrão de formação de uma substância (ΔHºf)

Considerando uma reação de formação de uma substância em uma reação


em que ela é produzida exclusivamente a partir de reagentes que sejam
substâncias simples:

o álcool etílico é formado a partir do carbono grafite, do gás hidrogênio e


do gás oxigênio. Os reagentes são todos substâncias simples. Assim
sendo, a equação acima representa a reação de formação do álcool
etílico.
CASOS PARTICULARES DAS ENTALPIAS
(OU CALORES) DAS REAÇÕES
 Entalpia (ou calor) padrão de formação de uma substância (ΔHºf)

Não são calores de formação:


CASOS PARTICULARES DAS ENTALPIAS
(OU CALORES) DAS REAÇÕES
 Entalpia (ou calor) padrão de formação de uma substância (ΔHºf)

Entalpias padrão de formação de algumas substâncias comuns:


CASOS PARTICULARES DAS ENTALPIAS
(OU CALORES) DAS REAÇÕES
 Entalpia (ou calor) padrão de formação de uma substância (ΔHºf)

Para calcular a variação da entalpia de uma reação:

Exemplo:
Exercícios

2) Dadas as entalpias de formação do CO(g) e do CO2(g), calcule a


entalpia da reação:

CO2(g) + C(s) → 2CO(g)

À temperatura de 25 ºC e pressão normal. Dados:


∆Hf(CO) = -26 kcal/mol; ∆Hf(CO2) = -94 kcal/mol;
∆Hr = +42 kcal
CASOS PARTICULARES DAS ENTALPIAS
(OU CALORES) DAS REAÇÕES
 Entalpia (ou calor) de combustão de uma substância (ΔHºcombustão)
CASOS PARTICULARES DAS ENTALPIAS
(OU CALORES) DAS REAÇÕES
 Entalpia (ou calor) de combustão de uma substância (ΔHºcombustão)

Valores das entalpias de combustão de algumas substâncias orgânicas comuns:


Exercícios

3) A queima de 4,0 kg de metano liberou 53200 kcal. Qual o calor de


combustão de um mol de metano? 212,8 kcal/mol
CASOS PARTICULARES DAS ENTALPIAS
(OU CALORES) DAS REAÇÕES
 Entalpia (ou calor) de neutralização

A reação de neutralização — ácido + base → sal + água — é sempre


exotérmica; consequentemente, ΔH é sempre negativo. Por exemplo:

Quando o ácido e a base são ambos fortes (como acontece nos dois
primeiros exemplos), a entalpia de neutralização é constante e vale
aproximadamente -57,9 kJ/mol.
Exercícios

4) Sabendo-se que

HCl(aq) + NaOH(aq) → NaCl(aq) + H2O(l) ∆H = -13,8 kcal

Pergunta-se
a) A reação é exotérmica ou endotérmica? Exotérmica
b) Qual é a quantidade de calor envolvida na neutralização de 126 g
de HCl(aq), segundo a equação acima? -47,6 kcal
CASOS PARTICULARES DAS ENTALPIAS
(OU CALORES) DAS REAÇÕES
 Energia de Ligação

A quebra de ligações é sempre um processo endotérmico; portanto ΔH é sempre positivo.


Por exemplo:
CASOS PARTICULARES DAS ENTALPIAS
(OU CALORES) DAS REAÇÕES
 Energia de Ligação
Valores das energias de algumas ligações mais comuns:
CASOS PARTICULARES DAS ENTALPIAS
(OU CALORES) DAS REAÇÕES
 Energia de Ligação
É a variação de entalpia na ruptura de 1 mol de ligações covalentes
(estado gasoso), produzindo átomos no estado gasoso.
A quebra de ligações é um processo endotérmico (∆ > 0), enquanto a
formação de ligações é um processo exotérmico (∆ < 0)

Exemplo:

Foram gastos 838,8 kJ para quebrar as moléculas iniciais, mas foram


liberados 1.012,7 kJ na formação das moléculas finais. Sobrarão:
ΔH = 838,8 - 1.012,7= - 173,9 kJ,
liberados, em forma de calor, no final da reação.
Consequentemente, ΔH = -173,9 kJ.
Exercícios

5) Calcule a variação de entalpia na reação

2HBr(g) + Cl2(g) → 2HCl(g) + Br2(g),

Conhecendo as seguintes energias de ligação, todas nas mesmas


condições de pressão e temperatura: -19,6 kcal

Ligação Energia de Ligação (kcal/mol)


H – Br 87,4
Cl-Cl 57,9
H-Cl 103,1
Br-Br 46,1
Lei de Hess
Lei de Hess: se uma reação é executada em uma série de etapas, o ∆H
para a reação será igual à soma das variações de entalpia para as
etapas individuais.
Lei de Hess
Conseqüências da lei de Hess

1) As equações termoquímicas podem ser somadas como se fossem


equações matemáticas:

2) Invertendo uma equação termoquímica, devemos trocar o sinal de


ΔH:
Lei de Hess
Conseqüências da lei de Hess

1) Multiplicando (ou dividindo) uma equação termoquímica por um


número diferente de zero, o valor de ΔH será também multiplicado (ou
dividido) por esse número:
Exercícios

6) Dadas as equações termoquímicas:

S(s) + O2(g) → SO2(g) ΔH1 = -296,8 kJ


SO2(g) + 1/2O2(g) → SO3(g) ΔH2 = -97,8 kJ

Pede-se para calcular o calor da reação indicada pela equação abaixo:


S(s) + 3/2O2(g) → SO3(g) ΔH = ?
-394,6 kJ
Exercícios de Reforço
7) Grafite e diamante são formas alotrópicas do carbono, cujas equações de
combustão são apresentadas a seguir:
C(gr) + O2(g) → CO2(g) ∆H = - 393,5 kJmol-1
C(d) + O2(g) → CO2(g) ∆H = - 395,4 kJmol-1
a) Coloque os dados em um gráfico e calcule a variação de entalpia necessária
para converter 1,0 mol de grafite em diamante. ∆H = 1,9 kJ/mol
b) Qual a variação de entalpia na queima de 120 g de grafite? ∆H = -3935 kJ

8) C grafite(s) + O2(g) → CO2(g) ∆H = - 94,0 kcal


C diamante(s) + O2(g) → CO2(g) ∆H = - 94,5 kcal
Relativamente às equações anteriores, fazem-se as seguintes afirmações:
I. C (grafite) é a forma alotrópica menos energética.
II. As duas reações são endotérmicas.
III. Se ocorrer a transformação de C (diamante) em C (grafite) haverá
liberação de energia.
IV. C (diamante) é a forma alotrópica mais estável.
São corretas:
a) I e II, somente. b) I e III, somente. c) I, II e III, somente. d) II e IV,
somente. e) I, III e IV, somente. b
Exercícios de Reforço
9) Considere as seguintes entalpias de formação em kJ/mol:
Aℓ2O3(s) = - 1670 e MgO(s) = - 604
Com essas informações, qual o valor da variação da entalpia da reação
representada por
3 MgO(s) + 2 Aℓ(s) → 3 Mg (s) + Aℓ2O3(s)
∆Hr = +142 kJ

10) Quando o acetileno, C2H2, sofre combustão a 25 °C, a quantidade de


calor liberada é 310 kcal/mol. Dados os calores de formação:
CO2(g) : ∆Hf = - 94 kcal/mol;
H2O(ℓ) : ∆Hf = - 68 kcal/mol
C2H2(g) + 5/2 O2(g) → 2 CO2(g) + 1 H2O(ℓ)
Pode-se concluir que o valor de formação (∆Hf) do acetileno gasoso é:
∆Hf = +54 kcal/mol
Exercícios de Reforço
11) São dadas as equações termoquímicas a 25 °C e 1 atm:

I. 2C2H2(g) + 5O2(g) → 4CO2(g) + 2H2O(ℓ) ∆H1 = – 2602 kJ


(combustão do acetileno)
II. 2C2H6(g) + 7O2(g) → 4CO2(g) + 6H2O(ℓ) ∆H2 = – 3123 kJ
(combustão do etano)
III. H2(g) + ½ O2(g) → H2O(ℓ) ∆H3 = – 286 kJ
(formação de água)

a) Aplique a lei de Hess para a determinação do ∆H da reação de


hidrogenação do acetileno, de acordo com a equação:
C2H2(g) + 2H2 → C2H6(g)
b) Calcule ∆H da reação de hidrogenação do acetileno: ∆Hr = -311,5 kJ
Exercícios de Reforço
12) Dadas as energias de ligação em kcal . mol–1:
C = C: 143
C – H: 99
C – Br: 66
Br – Br: 46
C – C: 80
A variação de entalpia da reação de adição de bromo ao alceno, representada
pela equação é igual a:

A variação de entalpia da reação de adição de bromo ao alceno, representada


pela equação é igual a: ∆Hr = -23 kcal/mol
Entropia
A entropia, S, de um sistema é uma medida de desordem desse
sistema. O termo desordem em Química significa uma
distribuição mais homogênea da matéria e/ou da energia pelo
sistema.

Como há um aumento de
desordem, ∆S > 0.

A entropia de um sistema aumenta quando o gás se difunde no


vácuo, pois tem-se melhor distribuição de matéria.
Segunda Lei da Termodinâmica

 A segunda lei da termodinâmica explica a razão


dos processos espontâneos terem um sentido.

 Em qualquer processo espontâneo, a entropia do


sistema aumenta.

 A quantidade de entropia de qualquer sistema


isolado tende a incrementar-se com o tempo, até
alcançar um valor máximo.
Terceira Lei da Termodinâmica
 Não é possível medir diretamente a entropia de um sistema, mas é possível
determinar a variação de entropia, ∆S, que ocorre no sistema a pós uma
transformação qualquer.

∆Sreação = ΣSprodutos – ΣSreagentes

 Toda reação química que ocorre com aumento de entropia tende a ser mais
espontânea e consequentemente irreversível.
 Quanto mais exotérmica for a reação (menor valor de ∆H) e, ao mesmo
tempo, quanto maior for a distribuição de matéria e energia no final do
processo (maior valor de ∆S), mais espontânea ela será.
 A entropia de uma substância na forma de um cristal perfeito, em que
as partículas que o constituem estão o mais organizadas possível, na
temperatura de zero kelvin, é igual a zero.
Energia Livre de Gibbs
∆G = ∆H - T∆S

 ∆G permite a correlação entre entalpia e entropia.


 Corresponde à máxima energia útil que é possível retirar do
sistema.
 Prevê a espontaneidade de um processo químico:
∆G < 0: Processo espontâneo
∆G > 0: Processo não-espontâneo
∆G = 0: Reações direta e inversa em equilíbrio
Exercícios
13) A 25 oC, a transformação isotérmica:
N2O(g) → N2(g) +1/2O2(g)
Apresenta ∆H = -19,5 kcal/mol e ∆S = 18 cal/Kmol. A reação é ou não
espontânea? Determine o valor de ∆G:
∆G = -24,9 kcal/mol (Espontânea)

14) Calcule o valor da variação da energia livre, a 25 oC, para a reação


representada a seguir:
2Na2O2(s) + 2H2O(l) → 4NaOH(s) + O2(g)

Substância: ∆Hf a 25 oC So a 25 oC
(kJ/mol) (J/Kmol)
H2O(l) -286,0 69,69
Na2O2(s) -510,9 94,60
NaOH(s) -426,8 64,18
O2(g) 0 205,00
∆G = -153,07 kJ

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