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Físico-Química 2020 – Profª Kátia Gabriel

Aula Prática Nº02: DETERMINAÇÃO DO CALOR DE NEUTRALIZAÇÃO

1. INTRODUÇÃO
Calor pode ser definido, provisoriamente, como uma quantidade que se
transfere de um corpo a outro como uma consequência exclusiva de uma
diferença de temperatura entre ambos. A experiência mostra que a
quantidade de calor recebida por um sistema, sob pressão constante, é
proporcional ao acréscimo de temperatura produzido, ou seja,

𝒒 = 𝑪 (𝑻𝟐 − 𝑻𝟏 ) (𝟏)
Onde, T1 e T2 são as temperaturas final e inicial do sistema, respectivamente,
e C é uma constante de proporcionalidade, denominada “capacidade calorífica
média”, a qual depende da natureza, do tamanho do sistema e do estado em
que este se encontra.
Se dividirmos a capacidade calorífica pela massa do sistema, teremos a
capacidade calorífica específica, ou simplesmente o calor específico do
sistema, c.
Assim,
𝑪
𝒄 = (2)
𝒎
De acordo com a primeira lei da termodinâmica, quando dois sistemas
interagem e trocam energia, um deles ganha e o outro perde a mesma
quantidade de energia. Desta forma, se os sistemas estiverem em
temperaturas diferentes, a quantidade de energia trocada pode ser
representada da seguinte forma:

𝒒 𝟏 = − 𝒒𝟐 (𝟑)

Onde, q1 é a quantidade de energia ganha e q2 a quantidade de energia


perdida. Se substituirmos q1 e q2, teremos:

C1(T1 - Tf) = C2(Tf - T2) (4)

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Onde C1 e C2 são as capacidades caloríficas dos sistemas 1 e 2 e T1 e T2 são as


temperaturas iniciais dos sistemas 1 e 2, respectivamente. Tf sendo a
temperatura final de equilíbrio. A quantidade de calor trocada entre um
sistema e o meio externo é medida por meio de um calorímetro, que é um
reservatório de calor de capacidade calorífica conhecida, cujas variações de
temperatura fornecem as quantidades de calor recebidas de um sistema ou
transferidas para este.
Calor de neutralização é o calor liberado quando um mol de um ácido reage
com um mol de uma base, ambos em soluções diluídas, dando água.
Ex.: H+(aq) + Cl-(aq) + Na+(aq) + OH-(aq) → Na+ (aq) + Cl- (aq) + H2O

Observa-se que reações entre soluções diluídas de ácidos fortes e bases fortes
são sempre acompanhadas do mesmo efeito térmico e este, por sua vez, é
totalmente devido à formação da água. Porém, se um ácido fraco for
neutralizado por uma base forte, ou vice-versa, o efeito térmico será
completamente diferente. É que neste caso ocorrem vários processos
simultaneamente; uns são exotérmicos, a neutralização, e outros,
endotérmicos, como a ionização do ácido ou da base. O calor medido é a soma
de todos os processos: neutralização, ionização, solvatação, diluição, etc.

2. OBJECTIVO
Determinar o calor de uma reacção de neutralização.

2.1 OBJECTIVOS ESPECÍFICOS


Determinar a capacidade calorífica do sistema calorimétrico;
Comparar o valor de ∆H médio obtido laboratorialmente com o resultado da
literatura em relação ao calor de neutralização de um ácido forte com uma
base forte.

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3. MATERIAL

1. Um calorímetro
2. Um termômetro de 0 - 50ºC (± 0,1ºC)
3. Pipetas de 25ml e 50ml
4. Um béquer de 500ml,
5. Um funil.

4. REAGENTES

1. HCl 0,50 mol/L


2. NaOH 0,50 mol/L
3. HCl 0,250 mol/L
4. NaOH 0,250 mol/L
5. HCl 1,0 mol/L
6. NaOH 1,0 mol/L

5. PROCEDIMENTO
PARTE I – PADRONIZAÇÃO DAS SOLUÇÕES
1. Prepare 250 mL de HCl 0,5 mol/L e padronize-a com solução padrão de
Borato de sódio.
2. Prepare 250 mL de solução de NaOH 0,5mol/L e padronize-a com HCl
padrão.
PARTE II – DETERMINAÇÃO DO CALOR DE NEUTRALIZAÇÃO DE UM
ÁCIDO FORTE POR UMA BASE FORTE:
1. Coloque 100 ml de uma solução de NaOH 0,5 mol/L no interior do
calorímetro e anote a temperatura (T1) quando esta estiver constante.
2. Pegue 100 ml da solução de HCl 0,50 mol/L à temperatura conhecida e
igual à temperatura da solução de hidróxido de sódio no interior do
calorímetro e coloque a sobre os 100ml da solução de hidróxido de sódio
(neste instante fechar imediatamente o calorímetro). Agite suavemente

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a mistura e anote a temperatura de equilíbrio (T2=Tf). Repetir três


vezes o mesmo procedimento.
3. Repetir o mesmo procedimento para as concentrações de 0,250mol/L e
1,0 mol/L. Repetir três vezes o mesmo procedimento.

PARTE III – DETERMINAÇÃO DA CAPACIDADE CALORÍFICA DO


SISTEMA CALORIMÉTRICO

Encha uma proveta de 25 mL com água destilada e resfrie-a até que a


temperatura da água na proveta atinja uma temperatura menor ou igual 5
ºC. Para isso, coloque a proveta em um Becker contendo água à temperatura
em aproximadamente 2ºC e espere o equilíbrio térmico ser alcançado. Anote
a temperatura (t3) e em seguida transfira rapidamente o conteúdo da proveta
para o interior do calorímetro contendo o sistema reacional. Espere o
equilíbrio térmico ser alcançado e anote a temperatura (t4=tf). Repetir três
vezes o mesmo procedimento.

6. TRATAMENTO DE DADOS

1. Utilizando os valores de temperaturas obtidos na segunda parte e


sabendo-se que a densidade e o calor específico da água entre 5 e 2ºC são,
aproximadamente, 1g/cm3 e 1cal/ºC.g, calcule a capacidade calorífica do
sistema calorimétrico.
2. Trace o gráfico da temperatura em função do tempo em todas as medições
do calor da reacção e discuta os resultados observados;
3. Com os valores das temperaturas inicial e final obtidas no item 1 e a
capacidade calorífica do sistema calorimétrico, calcule o calor de
neutralização envolvido em cada caso, em kcal/mol, a partir da relação ∆H
= - C. ∆T/n, onde n é o número de mols neutralizados.
4. Encontre o ∆H médio e compare seu resultado com o da literatura em
relação ao calor de neutralização de um ácido forte com uma base forte.

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Calcule os erros absoluto e relativo e comente sobre a variação de entalpias


entre os valores: o encontrado e o da literatura.
5. Represente graficamente a ∆H em função da quantidade de substância e
discuta o comportamento observado.
6. Determine a ∆𝐻𝑅 utilizando a equação abaixo com base nos valores de
quantidade de substância utilizada em cada ensaio, compare estes valores
com os valores obtidos na experiência.

∆𝐻𝑅 = ∑ 𝜗 × ∆𝐻𝑓 − ∑ 𝜗 × ∆𝐻𝑓


𝑃𝑟𝑜𝑑𝑢𝑡𝑜𝑠 𝑅𝑒𝑎𝑔𝑒𝑛𝑡𝑒𝑠

REFERÊNCIAS
1. SIMÕES, J.A.M.; CASTANHO, M.A.R.B.; et al, Guia do Laboratório
de Química e Bioquímica, 2ª Edição Revista e Aumentada, Lisboa:
Lidel, 2008
2. RANGEL, N.R.; Práticas de Físico-Química, 3ª Edição Revista e
Ampliada, São Paulo: Editora Edgard Blucher, 2006
3. CONSTATINO, M. G.; SILVA, G.V.J.; DONATE, P.M.; Fundamentos
de Química Experimental, São Paulo: Editora da Universidade de São
Paulo, 2004
4. ZUBRICK, J.W.; Manual de Sobrevivência no Laboratório de Química
Orgânica, Guia de Técnicas para o Aluno, Rio de Janeiro: LTC, 2011

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