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LEI DE HESS
2. RESULTADOS E DISCUSSÃO
Para melhor organizar e efetuar todo o procedimento necessário, o dividimos em três etapas, A, B e
C, sendo cada uma delas uma reação diferente, e liberando uma quantidade de calor diferente. Ao
final, duas das reações se somarão, para que, de acordo com a Lei de Hess, obtenhamos a quantidade
de liberação de calor da terceira.
Após adicionarmos 100 mL de água destilada em um béquer de 250 mL, colocamos o béquer sobre
uma apostila, para que não houvesse interferência da temperatura da bancada sobre a água e
aferimos sua temperatura inicial (T i), que resultou no valor de 24,5º C. Em seguida, 2,0036 g de
NaOH 0,4 mol L-1 foram pesados, adicionados no béquer com água e solubilizados, sendo possível
dessa maneira, escrevermos a reação de dissolução do NaOH em água:
NaOH (s) + H2O ⇌ NaOH (aq)
Efetuamos a aferição da temperatura final da solução (Tf) que desta vez resultou em 28,5º C.
A partir dos dados obtidos, foi possível calcularmos a variação de temperatura (ΔT) ao adicionarmos
os 2,00 g de NaOH sólido na água:
ΔT = Tf - Ti
ΔT = 28,5º C – 24,5º C
ΔT = 4 ºC
Desta forma, sabemos que a variação de temperatura (ΔT) foi de 4º C.
Assim, rearranjamos a fórmula para que além do cálculo do calor liberado na reação,
conseguíssemos calcular também, a influência do vidro do béquer no processo.
Portanto, o calor liberado pela dissolução dos 2,00 g de NaOH é igual a -391,36, caracterizando uma
reação exotérmica, ou seja, uma reação que libera energia.
Através dos dados obtidos, também foi possível calcularmos o valor do calor de dissolução por mol
de NaOH:
m
O número de mols envolvidos no processo, pode ser determinado através da relação n = , onde:
MM
m = massa de NaOH adicionada – 2,00 g;
MM = massa molar do NaOH – aproximadamente 40;
2,00
Dessa forma: n =
40
Número de mols envolvidos na reação: 0,05 mols.
Portanto, o valor do calor de dissolução por mol de NaOH é igual a -7.827,2 cal.
É muito comum relacionarmos a liberação de calor (Q) com a variação de entalpia (ΔH), entretanto
estes dois conceitos são coisas distintas. A definição de calor (Q) significa que Q é um número
positivo quanto o sistema absorve calor das vizinhanças. Quando o fluxo de calor está na direção
oposta, isto é, quando o. sistema perde calor para as vizinhanças, Q é um número negativo. O
processo pelo qual um sistema absorve calor é chamado de endotérmico, e aquele no qual o sistema
perde calor chamado exotérmico. No procedimento A, por exemplo, pudemos observar que se trata
de uma reação exotérmica, já que Q é um número negativo, indicando assim a liberação de energia.
Já o calor absorvido sob condições especiais de pressão é chamado variação de entalpia, ΔH, do
sistema. Entretanto, a primeira lei da termodinâmica mostra que a quantidade de calor que é
absorvida ou
liberada pelo sistema durante uma variação depende de como a variação ocorre. Sob esta restrição,
se o sistema é impedido de se expandir (ou de se contrair), isto é, se é mantido em volume constante,
não pode fazer trabalho nem pode ser feito trabalho sobre ele durante qualquer transformação. Isso
significa que, quando mantidos em uma pressão constante, entalpia e calor serão equivalentes, ou
seja, Q = ΔH [1] [2].
Com isso, foi possível determinarmos desta forma, a entalpia de dissolução do NaOH em água,
considerando que todo o procedimento ocorreu sob a mesma pressão. Sendo assim, a variação de
entalpia de dissolução do NaOH em água (ΔH) = -391,36 cal.
No procedimento B, nomeado como “entalpia de neutralização de NaOH por HCl foram utilizados
50 mL de cada uma das duas soluções aquosas (NaOH e HCl) 1,0 mol L -1 em béqueres separados. A
temperatura de cada uma delas foi aferida, e como esperado, as duas soluções obtiveram
temperaturas muito semelhantes, de aproximadamente 24,5 ºC. Em seguida, a solução aquosa de
HCl foi transferida para o béquer que continha NaOH, e, depois de agitar a solução por cerca de 2
minutos, a temperatura foi novamente aferida. A temperatura final (T f) da solução foi de 30 ºC.
De imediato pudemos determinar que a reação foi exotérmica, pois pode-se verificar que o béquer
onde se tinha a solução preparada esquentou concisamente, ou seja, houve liberação de calor [3].
Porém, podemos expressar isso com os devidos cálculos de liberação de calor e variação de entalpia.
Com os dados numéricos fornecidos pela apostila “Fundamentos da Química Experimental II” e as
temperaturas que obtivemos ao longo do procedimento, pudemos calcular o calor liberado pela
reação de neutralização de NaOH (base) em HCl (ácido), pela fórmula de calor liberado: Q 2 = [(-p . v
. c . ΔT) + (cvidro . ΔT)], onde:
p = densidade da solução resultante – 1,00 g mL-1
V = volume da solução – 100 mL
Cp = CNaCl (0,5 mol L-1) = calor específico do produto formado – 0,95 cal/g ºC
ΔT = variação de temperatura – 6 ºC
Cvidro = calor específico do vidro = 0,16 cal/g ºC
Após calcularmos o calor liberado da reação, pudemos determinar que a entalpia de neutralização da
reação é de -569,04, pois como a pressão é constante, o valor do calor liberado é equivalente ao valor
da entalpia. Sendo assim, Q2 = ΔH = -569,04 cal.
Podemos julgar esta reação como sendo uma reação de neutralização, já que participam dela uma
base e um ácido, obtendo dessa forma, como resultante, um sal e água. Como o NaOH é uma base
forte e o HCl é um ácido forte, pudemos definir também que houve a neutralização total de NaCl por
HCl [4]. Sendo assim, podemos escrever a reação da seguinte forma:
NaOH + HCl ⇌ NaCl + H2O
Após adicionarmos 100 mL de HCl 1 mol L -1 em um béquer de 250 mL, aferimos a temperatura
inicial (Ti) da solução (tomando os devidos cuidados relacionados a transferência de calor), que
resultou em 24 ºC. Decorrente da falta de reagentes (HCl 0,500 mol L -1), o procedimento não foi
efetuado da maneira ideal, como recomendado na apostila “Fundamentos da Química Experimental
II”. Algum possível erro pode ser proveniente dessa diferença. Em seguida, 2,005 g de NaOH foram
pesados e transferidos para o béquer contendo a solução de HCl. A solução foi agitada manualmente,
até que houvesse a completa dissolução do NaOH e a temperatura final (T f) foi aferida em 28,5 ºC.
Dessa forma, pudemos estabelecer os dados necessários para calcularmos a quantidade de calor
liberado na reação:
V = 100 mL
cNaCl (0,5 mol L-1) = 0,95 cal/g ºC
ΔT = 4 ºC
cvidro = 0,16 cal/g ºC
Utilizando dos mesmos recursos e fórmulas utilizadas para resolução dos procedimentos A e B, foi
possível calcularmos o calor liberado pela dissolução e neutralização do NaOH em HCl, além da
entalpia deste processo, que devido à pressão constante da reação, será equivalente a Q 3. Sendo
assim, temos:
Q3 = [(-p . v . c . ΔT) + (cvidro . ΔT)]
Q3 = [(-1,00 . 100 . 0,95 . 4) + (0,16 . 4)]
Q3 = -379,36
Dessa forma, pudemos escrever a reação de dissolução e neutralização do NaOH sólido em solução
aquosa de HCl:
NaOH (s) + HCl (aq) ⇌ NaCl (aq)
A Lei de Hess define que: “a variação de entalpia para qualquer processo depende somente da
natureza dos reagentes e produtos e independe do número de etapas do processo ou da maneira
como é realizada a reação”. Sendo assim, a Lei de Hess simplifica muito o trabalho de tabelar as
variações de entalpia das reações, eliminando a necessidade de uma imensa lista de todas as
possíveis reações e seus correspondentes valores de ΔH. Em vez disso, os valores de somente um
tipo de reação (reação de formação) são tabelados, e estes podem ser utilizados para calcular os
valores de ΔH das
outras reações. [2]
A Lei de Hess pode ser aplicada da seguinte maneira, neste caso:
NaOH (s) + H2O ⇌ NaOH (aq)
NaOH (aq) + HCl (aq) ⇌ NaCl (aq) + H2O
NaOH (s) + HCl (aq) ⇌ NaCl (aq)
Ou seja: a soma das reações dos procedimentos A e B, devem resultar a reação do procedimento C,
bem como, suas variações de entalpia.
Efetuando os cálculos obtemos:
ΔH3 = ΔH2 + ΔH1
ΔH3 = -569,04 + (-391,36)
ΔH3 = -960,40 cal
Foi possível observarmos uma diferença bem notória entre os dois resultados obtidos para ΔH 3. Ao
realizarmos os cálculos, aplicando os valores na fórmula de calor liberado, obtivemos o valor de -
379,36 cal, já aplicando a Lei de Hess, que demonstraria que o ΔH 1 (dissolução) + ΔH2
(neutralização) = ΔH3 (dissolução e neutralização), obtivemos o valor de -960,40 cal.
Dessa forma, não foi possível demonstrarmos experimentalmente a aplicabilidade e funcionabilidade
da Lei de Hess, bem como comprová-la. Acreditamos que este erro expressivo, tenha se dado pelo
compartilhamento de calor com o ambiente, no momento em que aferimos a temperatura final da
solução correspondente ao experimento C. As medidas de temperatura não foram feitas sob as
condições ideais, que seria com o auxílio de um calorímetro que isolasse termicamente a solução e
impedisse a dispersão do calor no ambiente. Caso a variação de temperatura (ΔT) fosse maior,
obteríamos valores bem semelhantes. Por exemplo:
Se considerássemos uma variação de temperatura (ΔT) = 10 ºC, aplicando todos os valores na
fórmula de calor liberado, obteríamos:
Q3 = [(-p . v . c . ΔT) + (cvidro . ΔT)]
Q3 = [(-1,00 . 100 . 0,95 . 10) + (0,16 . 10)]
Q3 = -948,40 cal
Ou seja: se a solução de dissolução e neutralização de NaOH em HCl tivesse ocorrido nas condições
ideais, dentro de um calorímetro, não tivesse perdido calor para o ambiente e nossa variação de
temperatura fosse de aproximadamente 10, a Lei de Hess seria comprovada com uma grande
eficácia.
3. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
1. BROWN LEMAY&BURSTEN, Química a Ciência Central- 9ed. Pearson Prentice Hall ed.2005
2. RUSSEL, John Blair, 1929. Química geral / John B. Russell - 2 ed. - Volume 1 e 2.
3. ATKINS. Peter. Princípios de Química: Questionamento a Vida Moderna e o Meio Ambiente. 5
edição. Bookman, 2012.
4. SKOOG, D. A. et al. Fundamentos de Química Analítica. São Paulo: Cengage Learning, 8 ed., 2008.