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UNIVERSIDADE ESTADUAL DO OESTE DO PARANÁ

Centro de Engenharias e Ciências Exatas - Câmpus Toledo


Prof. Dra. Ana Paula Sone, Dr Antonio, Dra Liliane, Dr Fernando e Dr Ronan.
Fundamentos da Química Experimental

LEI DE HESS

Alunos: Emily Clara Aguiar Welter – Emily.welter@unioeste.br


Guilherme de Albuquerque – Guilherme.albuquerque2@unioeste.br
UNIVERSIDADE ESTADUAL DO OESTE DO PARANÁ
Centro de Engenharias e Ciências Exatas - Câmpus Toledo
Prof. Dra. Ana Paula Sone, Dr Antonio, Dra Liliane, Dr Fernando e Dr Ronan.
Fundamentos da Química Experimental

Toledo, 21 de julho de 2022


1. OBJETIVO

Realizar dissoluções e neutralizações de ácidos e bases em soluções aquosas, para através da


medição e determinação da variação de temperatura e de valores conhecidos, como massa, volume, e
capacidade calorífica, calcular a quantidade de calor liberado em cada um dos procedimentos, aplicando
a Lei de Hess para efetuar os cálculos.

2. RESULTADOS E DISCUSSÃO

Para melhor organizar e efetuar todo o procedimento necessário, o dividimos em três etapas, A, B e
C, sendo cada uma delas uma reação diferente, e liberando uma quantidade de calor diferente. Ao
final, duas das reações se somarão, para que, de acordo com a Lei de Hess, obtenhamos a quantidade
de liberação de calor da terceira.

A) Dissolução de NaOH em água

Após adicionarmos 100 mL de água destilada em um béquer de 250 mL, colocamos o béquer sobre
uma apostila, para que não houvesse interferência da temperatura da bancada sobre a água e
aferimos sua temperatura inicial (T i), que resultou no valor de 24,5º C. Em seguida, 2,0036 g de
NaOH 0,4 mol L-1 foram pesados, adicionados no béquer com água e solubilizados, sendo possível
dessa maneira, escrevermos a reação de dissolução do NaOH em água:
NaOH (s) + H2O ⇌ NaOH (aq)
Efetuamos a aferição da temperatura final da solução (Tf) que desta vez resultou em 28,5º C.
A partir dos dados obtidos, foi possível calcularmos a variação de temperatura (ΔT) ao adicionarmos
os 2,00 g de NaOH sólido na água:
ΔT = Tf - Ti
ΔT = 28,5º C – 24,5º C
ΔT = 4 ºC
Desta forma, sabemos que a variação de temperatura (ΔT) foi de 4º C.

Utilizando a fórmula do calor liberado: Q = m . c . ΔT onde:


m = massa;
c = capacidade calorífica;
ΔT = variação de temperatura;
Foi possível calcularmos a quantidade de calor liberado na reação.
Dessa forma, organizamos os dados obtidos:
m = como não possuímos o valor da massa da dissolução de NaOH em água, podemos calculá-la
m
através da fórmula de densidade, sendo assim, p = , manipulando a fórmula, m = d . p. Logo,
v
podemos substituir a massa na fórmula, pela multiplicação da densidade da solução resultante pelo
volume final da solução: m = (1,00 g mL-1) . (100 mL) = 100 g.
c = cNaOH (0,5 mol L-1) = 0,98 cal/g ºC
ΔT = 4 ºC
cbéquer = cvidro = 0,16 cal/g ºC

Assim, rearranjamos a fórmula para que além do cálculo do calor liberado na reação,
conseguíssemos calcular também, a influência do vidro do béquer no processo.

Sendo assim, temos:


Q1 = [(-p . v . c . ΔT) + (cvidro . ΔT)]
Q1 = [(-1,00 . 100 . 0,98 . 4) + (0,16 . 4)]
Q1 = -391,36 cal

Portanto, o calor liberado pela dissolução dos 2,00 g de NaOH é igual a -391,36, caracterizando uma
reação exotérmica, ou seja, uma reação que libera energia.

Através dos dados obtidos, também foi possível calcularmos o valor do calor de dissolução por mol
de NaOH:
m
O número de mols envolvidos no processo, pode ser determinado através da relação n = , onde:
MM
m = massa de NaOH adicionada – 2,00 g;
MM = massa molar do NaOH – aproximadamente 40;
2,00
Dessa forma: n =
40
Número de mols envolvidos na reação: 0,05 mols.

Em seguida, utilizamos uma regra de três simples:


-391,36 cal  0,05 mols
x cal  1 mol
−391,36 .1
x= = -7.827,2 cal
0,05

Portanto, o valor do calor de dissolução por mol de NaOH é igual a -7.827,2 cal.
É muito comum relacionarmos a liberação de calor (Q) com a variação de entalpia (ΔH), entretanto
estes dois conceitos são coisas distintas. A definição de calor (Q) significa que Q é um número
positivo quanto o sistema absorve calor das vizinhanças. Quando o fluxo de calor está na direção
oposta, isto é, quando o. sistema perde calor para as vizinhanças, Q é um número negativo. O
processo pelo qual um sistema absorve calor é chamado de endotérmico, e aquele no qual o sistema
perde calor chamado exotérmico. No procedimento A, por exemplo, pudemos observar que se trata
de uma reação exotérmica, já que Q é um número negativo, indicando assim a liberação de energia.
Já o calor absorvido sob condições especiais de pressão é chamado variação de entalpia, ΔH, do
sistema. Entretanto, a primeira lei da termodinâmica mostra que a quantidade de calor que é
absorvida ou
liberada pelo sistema durante uma variação depende de como a variação ocorre. Sob esta restrição,
se o sistema é impedido de se expandir (ou de se contrair), isto é, se é mantido em volume constante,
não pode fazer trabalho nem pode ser feito trabalho sobre ele durante qualquer transformação. Isso
significa que, quando mantidos em uma pressão constante, entalpia e calor serão equivalentes, ou
seja, Q = ΔH [1] [2].
Com isso, foi possível determinarmos desta forma, a entalpia de dissolução do NaOH em água,
considerando que todo o procedimento ocorreu sob a mesma pressão. Sendo assim, a variação de
entalpia de dissolução do NaOH em água (ΔH) = -391,36 cal.

B) Entalpia de neutralização de NaOH por HCl

No procedimento B, nomeado como “entalpia de neutralização de NaOH por HCl foram utilizados
50 mL de cada uma das duas soluções aquosas (NaOH e HCl) 1,0 mol L -1 em béqueres separados. A
temperatura de cada uma delas foi aferida, e como esperado, as duas soluções obtiveram
temperaturas muito semelhantes, de aproximadamente 24,5 ºC. Em seguida, a solução aquosa de
HCl foi transferida para o béquer que continha NaOH, e, depois de agitar a solução por cerca de 2
minutos, a temperatura foi novamente aferida. A temperatura final (T f) da solução foi de 30 ºC.
De imediato pudemos determinar que a reação foi exotérmica, pois pode-se verificar que o béquer
onde se tinha a solução preparada esquentou concisamente, ou seja, houve liberação de calor [3].
Porém, podemos expressar isso com os devidos cálculos de liberação de calor e variação de entalpia.
Com os dados numéricos fornecidos pela apostila “Fundamentos da Química Experimental II” e as
temperaturas que obtivemos ao longo do procedimento, pudemos calcular o calor liberado pela
reação de neutralização de NaOH (base) em HCl (ácido), pela fórmula de calor liberado: Q 2 = [(-p . v
. c . ΔT) + (cvidro . ΔT)], onde:
p = densidade da solução resultante – 1,00 g mL-1
V = volume da solução – 100 mL
Cp = CNaCl (0,5 mol L-1) = calor específico do produto formado – 0,95 cal/g ºC
ΔT = variação de temperatura – 6 ºC
Cvidro = calor específico do vidro = 0,16 cal/g ºC

Sendo assim, pudemos aplicar os valores na fórmula:


Q2 = [(-p . v . c . ΔT) + (cvidro . ΔT)]
Q2 = [(-1,00 . 100 . 0,95 . 6) + ( 0,16 . 6)]
Q2 = -569,04

Desta forma obtivemos que o calor liberado da solução é de -569,04 cal.

Após calcularmos o calor liberado da reação, pudemos determinar que a entalpia de neutralização da
reação é de -569,04, pois como a pressão é constante, o valor do calor liberado é equivalente ao valor
da entalpia. Sendo assim, Q2 = ΔH = -569,04 cal.

Podemos julgar esta reação como sendo uma reação de neutralização, já que participam dela uma
base e um ácido, obtendo dessa forma, como resultante, um sal e água. Como o NaOH é uma base
forte e o HCl é um ácido forte, pudemos definir também que houve a neutralização total de NaCl por
HCl [4]. Sendo assim, podemos escrever a reação da seguinte forma:
NaOH + HCl ⇌ NaCl + H2O

C) Entalpia da dissolução e neutralização simultâneas do NaOH por HCl em solução aquosa

Após adicionarmos 100 mL de HCl 1 mol L -1 em um béquer de 250 mL, aferimos a temperatura
inicial (Ti) da solução (tomando os devidos cuidados relacionados a transferência de calor), que
resultou em 24 ºC. Decorrente da falta de reagentes (HCl 0,500 mol L -1), o procedimento não foi
efetuado da maneira ideal, como recomendado na apostila “Fundamentos da Química Experimental
II”. Algum possível erro pode ser proveniente dessa diferença. Em seguida, 2,005 g de NaOH foram
pesados e transferidos para o béquer contendo a solução de HCl. A solução foi agitada manualmente,
até que houvesse a completa dissolução do NaOH e a temperatura final (T f) foi aferida em 28,5 ºC.
Dessa forma, pudemos estabelecer os dados necessários para calcularmos a quantidade de calor
liberado na reação:
V = 100 mL
cNaCl (0,5 mol L-1) = 0,95 cal/g ºC
ΔT = 4 ºC
cvidro = 0,16 cal/g ºC

Utilizando dos mesmos recursos e fórmulas utilizadas para resolução dos procedimentos A e B, foi
possível calcularmos o calor liberado pela dissolução e neutralização do NaOH em HCl, além da
entalpia deste processo, que devido à pressão constante da reação, será equivalente a Q 3. Sendo
assim, temos:
Q3 = [(-p . v . c . ΔT) + (cvidro . ΔT)]
Q3 = [(-1,00 . 100 . 0,95 . 4) + (0,16 . 4)]
Q3 = -379,36
Dessa forma, pudemos escrever a reação de dissolução e neutralização do NaOH sólido em solução
aquosa de HCl:
NaOH (s) + HCl (aq) ⇌ NaCl (aq)

A Lei de Hess define que: “a variação de entalpia para qualquer processo depende somente da
natureza dos reagentes e produtos e independe do número de etapas do processo ou da maneira
como é realizada a reação”. Sendo assim, a Lei de Hess simplifica muito o trabalho de tabelar as
variações de entalpia das reações, eliminando a necessidade de uma imensa lista de todas as
possíveis reações e seus correspondentes valores de ΔH. Em vez disso, os valores de somente um
tipo de reação (reação de formação) são tabelados, e estes podem ser utilizados para calcular os
valores de ΔH das
outras reações. [2]
A Lei de Hess pode ser aplicada da seguinte maneira, neste caso:
NaOH (s) + H2O ⇌ NaOH (aq)
NaOH (aq) + HCl (aq) ⇌ NaCl (aq) + H2O
NaOH (s) + HCl (aq) ⇌ NaCl (aq)

Ou seja: a soma das reações dos procedimentos A e B, devem resultar a reação do procedimento C,
bem como, suas variações de entalpia.
Efetuando os cálculos obtemos:
ΔH3 = ΔH2 + ΔH1
ΔH3 = -569,04 + (-391,36)
ΔH3 = -960,40 cal

Foi possível observarmos uma diferença bem notória entre os dois resultados obtidos para ΔH 3. Ao
realizarmos os cálculos, aplicando os valores na fórmula de calor liberado, obtivemos o valor de -
379,36 cal, já aplicando a Lei de Hess, que demonstraria que o ΔH 1 (dissolução) + ΔH2
(neutralização) = ΔH3 (dissolução e neutralização), obtivemos o valor de -960,40 cal.
Dessa forma, não foi possível demonstrarmos experimentalmente a aplicabilidade e funcionabilidade
da Lei de Hess, bem como comprová-la. Acreditamos que este erro expressivo, tenha se dado pelo
compartilhamento de calor com o ambiente, no momento em que aferimos a temperatura final da
solução correspondente ao experimento C. As medidas de temperatura não foram feitas sob as
condições ideais, que seria com o auxílio de um calorímetro que isolasse termicamente a solução e
impedisse a dispersão do calor no ambiente. Caso a variação de temperatura (ΔT) fosse maior,
obteríamos valores bem semelhantes. Por exemplo:
Se considerássemos uma variação de temperatura (ΔT) = 10 ºC, aplicando todos os valores na
fórmula de calor liberado, obteríamos:
Q3 = [(-p . v . c . ΔT) + (cvidro . ΔT)]
Q3 = [(-1,00 . 100 . 0,95 . 10) + (0,16 . 10)]
Q3 = -948,40 cal

Ou seja: se a solução de dissolução e neutralização de NaOH em HCl tivesse ocorrido nas condições
ideais, dentro de um calorímetro, não tivesse perdido calor para o ambiente e nossa variação de
temperatura fosse de aproximadamente 10, a Lei de Hess seria comprovada com uma grande
eficácia.

3. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
1. BROWN LEMAY&BURSTEN, Química a Ciência Central- 9ed. Pearson Prentice Hall ed.2005

2. RUSSEL, John Blair, 1929. Química geral / John B. Russell - 2 ed. - Volume 1 e 2.
3. ATKINS. Peter. Princípios de Química: Questionamento a Vida Moderna e o Meio Ambiente. 5
edição. Bookman, 2012.
4. SKOOG, D. A. et al. Fundamentos de Química Analítica. São Paulo: Cengage Learning, 8 ed., 2008.

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