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Os cátions são íons com carga positiva, ou seja, são átomos que perderam elétrons
da última camada, permitindo a doação de seu elétron, formando uma substância
iônica com um íon que receba seu elétron passando a ter carga negativa (ânion). A
análise de identificação de cátions é chamada de marcha analítica, e tem como
função identificar e/ou pesquisar a presença desses cátions e ânions na
constituição de amostras desconhecidas. A marcha analítica foi inicialmente
descrita por Fresenius para facilitar e organizar a identificação desses cátions que
foram divididos em cinco grupos, numerados em ordem, e cada conjunto de
cátions apresentam uma reação de precipitação comum entre eles, na presença de
um reagente especifico.
O grupo I é constituído pelos cátions Ag+ , Hg22+, Pb2+ que reage com ácido
clorídrico diluído e formam sais de cloreto.
Alumínio
S X S I S I I S I
Al3+
Amônio
S S S S S X S S S
NH4+
Cálcio
S I S I S LS I LS I
Ca2+
Cobre(II)
S X S I S I I S I
Cu2+
Ferro(II)
S I S I S I I S I
Fe2+
Ferro(III)
S X S I S I I LS I
Fe3+
Magnésio
S I S I S I I S I
Mg2+
Potássio
S S S S S S S S S
K+
Prata
I I I X S I I LS I
Ag+
Sódio
S S S S S S S S S
Na+
Zinco
S I S I S I I S I
Zn2+
Legenda:
S solúvel
I insolúvel
LS levemente solúvel
X outro
Marcha analítica de cátions - GRUPO I
Em tubo de ensaio pequeno, adicionar 10 gotas (0,5 mL) da amostra ou de solução padrão. Ao
ocorrer precipitação com a adição de reagente precipitante, aguardar a deposição no fundo do
tubo. Adicionar novamente o reagente ao sobrenadante límpido, até que não haja mais
precipitação ou turvação. O sobrenadante é então separado do precipitado para as análises
posteriores. É desejável que se utilize tubo de centrífuga, mesmo que a centrífuga não seja
utilizada, uma vez que facilita a separação do precipitado.
Obs.: Uma vez que, durante a separação, são adicionados compostos com sódio,
amônio e potássio, é fortemente recomendado investigar o Grupo V primeiro para
evitar contaminações, ou reservar amostra original para realizar os devidos testes
A presença de prata, chumbo (II) ou mercúrio (I) causa precipitação ao adicionar gotas de
HCl diluído a frio à amostra. A adição deve continuar até que nenhum precipitado adicional seja
observado. O precipitado pode conter AgCl, PbCl2 e/ou Hg2Cl2. O precipitado deve então ser
lavado duas ou três vezes com 2 mL de HCl 2 M e uma vez com água fria e a água de lavagem
pode então ser descartada.
Lavar o resíduo com água quente à exaustão para eliminar o chumbo residual, o qual
pode ser conferido pela adição de cromato de potássio à água de lavagem até que não haja
mais precipitação. Adicionar 3-4 mL de hidróxido de amônio diluído a quente, filtrar e reservar
ambas porções para investigação de mercúrio e prata.
A solução que venha a conter prata pode ser tratada com ácido nítrico 1 M, assim o
complexo é desfeito e o cloreto, que era o contra-íon do complexo, precipita a parta como AgCl,
de aspecto caseioso e que escurece à exposição com a luz.
Outra maneira de identificar prata é com a adição de solução de KI, onde é formado o
precipitado de AgI, de coloração amarela.
Identificação de Chumbo
Identificação de Mercúrio
Interferentes - Prata
Referências
1
Adaptado da apostila de Química Analítica Qualitativa Experimental, Universidade Federal do
Rio de Janeiro, 2000/2
2
Arthur I. VOGEL, Vogel's Textbook of macro and semimicro qualitative inorganic analysis, 5th
Edition, Longman
Obs.: Uma vez que, durante a separação, são adicionados compostos com sódio,
amônio e potássio, é fortemente recomendado investigar o Grupo V primeiro para
evitar contaminações, ou reservar amostra original para realizar os devidos testes
Grupo II
(Pb+2, As+3, As+5, Sn+2, Sn+4, Sb+3, Sb+5, Cu+2, Cd+2, Hg+2, Bi+3)
O Grupo II é obtido através da precipitação com H2S em meio de HCl 0,3 M, separando-o
dos demais grupos. Devido às dificuldades inerentes ao uso de gás, principalmente em se
tratando de um gás corrosivo e extremamente tóxico como o sulfídrico, é utilizada a hidrólise
da tioacetamida (TAA) para gerar o reagente in situ.
Os constituintes desse grupo possuem uma importante diferença entre si: alguns de seus
sulfetos são capazes de serem ressolubilizados com excesso de sulfeto. Assim, é conveniente
subdividir o grupo em duas partes: Grupo IIA (insolúveis em (NH4)2Sx) e Grupo IIB (solúveis
em (NH4)2Sx).
Figura 1 - Marcha de análise para o Grupo IIA
O resíduo da reação com polissulfeto de amônia pode conter sulfetos de chumbo (II),
cobre (II), cádmio, mercúrio (II), e/ou bismuto. Ao transferir para cadinho de porcelana,
adicionar 5-10 mL de ácido nítrico diluído e ferver por cerca de 3 minutos, apenas o mercúrio
se mantém insolúvel como sulfeto. Filtrar e lavar o precipitado negro de sulfeto de mercúrio (II)
com água e reservar para identificação.
O sobrenadante pode conter então chumbo, cobre, cádmio e/ou bismuto. A adição de
H2SO4 com etanol e ocorrência de precipitado branco revela a presença de chumbo residual do
grupo I como sulfato de chumbo. Adicionar mais ácido sulfúrico diluído com etanol até o fim de
precipitação, concentrar até quase secura. Adicionar 10 mL de água e filtrar, reservando o
sólido para confirmação de chumbo.
Identificação de Chumbo
Interferentes - Não há
O sólido deve ser tratado com acetato de amônio, formando tetraacetato-chumbato (II),
que então deve ser novamente precipitado com cromato (ou dicromato) de potássio.
Interferentes - Não há
Esquema 6 - Identificação de mercúrio por redução com estanho (II) no Grupo IIA
Identificação de Bismuto
Interferentes - Mercúrio
Redissolver o sólido branco com o mínimo de volume de HCl diluído e então adicionar
tetraidroxoestanato de sódio (II). A precipitação de sólido negro (negro de bismuto) confirma a
presença de bismuto.
Interferentes - Prata, zinco, cádmio, ferro precipitam também, entretanto apenas o cobre
possui tal coloração.
Identificação de Cádmio
Interferentes - Não há
Referências
1
Adaptado da apostila de Química Analítica Qualitativa Experimental, Universidade Federal do
Rio de Janeiro, 2000/2
2
Arthur I. VOGEL, Vogel's Textbook of macro and semimicro qualitative inorganic analysis, 5th
Edition, Longman
3
MARTINS, C. R.; SILVA, L. A.; ANDRADE, J. B.; Sulfetos: por que nem todos são Insolúveis?,
Química Nova, Vol. 33 Nº 10, pag. 2283-2286
4
SHIEK, T. J.; Screening for Inorganic Anions of Toxicological Interest , ToxTalk, Vol. 35, Nº
2, pag. 21-22
Obs.: Uma vez que, durante a separação, são adicionados compostos com sódio,
amônio e potássio, é fortemente recomendado investigar o Grupo V primeiro para
evitar contaminações, ou reservar amostra original para realizar os devidos testes
Grupo II
(Pb+2, As+3, As+5, Sn+2, Sn+4, Sb+3, Sb+5, Cu+2, Cd+2, Hg+2, Bi+3)
O Grupo II é obtido através da precipitação com H2S em meio de HCl 0,3 M, separando-o
dos demais grupos. Devido às dificuldades inerentes ao uso de gás, principalmente em se
tratando de um gás corrosivo e extremamente tóxico como o sulfídrico, é utilizada a hidrólise
da tioacetamida (TAA) para gerar o reagente in situ.
Os constituintes desse grupo possuem uma importante diferença entre si: alguns de seus
sulfetos são capazes de serem ressolubilizados com excesso de sulfeto. Assim, é conveniente
subdividir o grupo em duas partes: Grupo IIA (insolúveis em (NH4)2Sx) e Grupo IIB (solúveis
em (NH4)2Sx).
Figura 1 - Marcha de análise para o Grupo IIB
Ferver o sobrenadante para expulsar H2S residual e dividir em duas partes para
investigação de estanho e antimônio.
Identificação de Arsênio
Interferentes - Cromo
Apesar de o precipitado amarelo de sulfeto de arsênio (V) ser suficiente para concluir
presença de arsênio, ensaios adicionais podem ser realizados. Dissolver o precipitado em 3-4
mL de hidróxido de amônio diluído a quente e adicionar 3-4 mL de peróxido de hidrogênio 3%.
Aquecer por alguns minutos e adicionar solução de nitrato de amônio, onde a formação de
precipitado branco confirma a presença de arsênio. Se for adicionado nitrato de prata, o
precipitado terá coloração marrom.
Identificação de Estanho
Interferentes - Não há
Identificação de Antimônio
Interferentes - Não há
Referências
1
Adaptado da apostila de Química Analítica Qualitativa Experimental, Universidade Federal do
Rio de Janeiro, 2000/2
2
Arthur I. VOGEL, Vogel's Textbook of macro and semimicro qualitative inorganic analysis, 5th
Edition, Longman
3
MARTINS, C. R.; SILVA, L. A.; ANDRADE, J. B.; Sulfetos: por que nem todos são Insolúveis? ,
Química Nova, Vol. 33 Nº 10, pag. 2283-2286
4
SHIEK, T. J.; Screening for Inorganic Anions of Toxicological Interest , ToxTalk, Vol. 35, Nº
2, pag. 21-22
Obs.: Uma vez que, durante a separação, são adicionados compostos com sódio,
amônio e potássio, é fortemente recomendado investigar o Grupo V primeiro para
evitar contaminações, ou reservar amostra original para realizar os devidos testes
Grupo III
(Fe+3, Al+3, Cr+3, Co+2, Ni+2, Mn+2, Zn+2)
O Grupo III é separado em IIIA (precipitam como hidróxidos - ferro, alumínio e cromo) e
IIIB (precipitam como sulfetos em meio básico - cobalto, níquel, manganês e zinco).
Se o precipitado for branco, é provável que o ferro (III) esteja ausente, uma vez que o
hidróxido de ferro (III) possui coloração vermelho-tijolo. O hidróxido de ferro (II), que é verde,
se oxida prontamente em pH alcalino.
O sobrenadante pode conter alumínio e/ou cromo, mas filtrado incolor indica ausência de
cromo. Redissolver em HCl e, em banho-maria, adicionar hidróxido com amônio diluído e
cloreto de amônio.
Identificação de Alumínio
Interferentes - Não há
Identificação de Cromo
Interferentes - Não há
Identificação de Ferro
Interferentes - Não há
Referências
1
Adaptado da apostila de Química Analítica Qualitativa Experimental, Universidade Federal do
Rio de Janeiro, 2000/2
2
Arthur I. VOGEL, Vogel's Textbook of macro and semimicro qualitative inorganic analysis, 5th
Edition, Longman
3
MARTINS, C. R.; SILVA, L. A.; ANDRADE, J. B.; Sulfetos: por que nem todos são Insolúveis? ,
Química Nova, Vol. 33 Nº 10, pag. 2283-2286
4
SHIEK, T. J.; Screening for Inorganic Anions of Toxicological Interest , ToxTalk, Vol. 35, Nº
2, pag. 21-22
Grupo III
(Fe+3, Al+3, Cr+3, Co+2, Ni+2, Mn+2, Zn+2)
O Grupo III é separado em IIIA (precipitam como hidróxidos - ferro, alumínio e cromo) e
IIIB (precipitam como sulfetos em meio básico - cobalto, níquel, manganês e zinco).
Filtrar e dissolver o precipitado em ácido nítrico concentrado até quase secura, seguido de
adição cuidadosa de água. Reservar a solução para as investigações futuras de níquel e cobalto.
Identificação de Manganês
Interferentes - Não há
Identificação de Níquel
Interferentes - Não há
Caso a solução esteja totalmente verde, há forte indício da presença de níquel. A adição de
hidróxido de amônio diluído (até meio alcalino) e solução alcoólica de dimetilglioxima (DMG)
precipita uma laca carmim, confirmando a presença de níquel.
Caso solução esteja claramente rosa, há forte indício de presença de cobalto. A adição de
tiocianato de amônio (ou de potássio) e acetona gera o complexo tetratiocianocobaltato (II), de
coloração azul. Esse complexo pode ser extraído com álcool amílico, de modo que a fase do
álcool amílico azul confirma presença de cobalto.
Referências
1
Adaptado da apostila de Química Analítica Qualitativa Experimental, Universidade Federal do
Rio de Janeiro, 2000/2
2
Arthur I. VOGEL, Vogel's Textbook of macro and semimicro qualitative inorganic analysis, 5th
Edition, Longman
3
MARTINS, C. R.; SILVA, L. A.; ANDRADE, J. B.; Sulfetos: por que nem todos são Insolúveis? ,
Química Nova, Vol. 33 Nº 10, pag. 2283-2286
4
SHIEK, T. J.; Screening for Inorganic Anions of Toxicological Interest , ToxTalk, Vol. 35, Nº
2, pag. 21-22
Obs.: Uma vez que, durante a separação, são adicionados compostos com sódio,
amônio e potássio, é fortemente recomendado investigar o Grupo V primeiro para
evitar contaminações, ou reservar amostra original para realizar os devidos testes
Grupo IV
(Ba+2, Sr+2, Ca+2)
Identificação de Bário
Interferentes - Não há
Identificação de Estrôncio
Interferentes - Cálcio
Identificação de Cálcio
Interferentes - Não há
Referências
1
Adaptado da apostila de Química Analítica Qualitativa Experimental, Universidade Federal do
Rio de Janeiro, 2000/2
2
Arthur I. VOGEL, Vogel's Textbook of macro and semimicro qualitative inorganic analysis, 5th
Edition, Longman
Obs.: Uma vez que, durante a separação, são adicionados compostos com sódio,
amônio e potássio, é fortemente recomendado investigar o Grupo V primeiro para
evitar contaminações, ou reservar amostra original para realizar os devidos testes
Este grupo é formado pelos cátions que não foram precipitados nas condições de
separação. Uma vez que, durante a separação são adicionados sais de sódio, amônio e
potássio, é recomendado investigar este grupo primeiro para evitar contaminações. Pelo
mesmo motivo, os ensaios específicos devem ser realizados em paralelo.
Figura 1 - Marcha de análise para o Grupo V
Identificação de Amônio
Interferentes - Não há
A adição de hidróxido de sódio, acompanhada por aquecimento, acaba por gerar amônia
livre que se desprende da solução. Receber os vapores com papel tornassol vermelho
umedecido com água destilada. A mudança do tornassol vermelho para azul confirma
presença de amônio na amostra.
Identificação de Potássio
Interferentes - Não há
Identificação de Magnésio
Interferentes - Não há
Identificação de Sódio
Interferentes - lítio e potássio (ensaio com acetato de zinco e uranila); lítio e magnésio (ensaio
com hexaidroxiantimoniato)
Adicionar o reagente acetato de zinco e uranila, junto com etanol. Atritar as paredes do
tubo, onde a formação de pequenos cristais confirma a presença de sódio.
Esquema 4 - Identificação de sódio por precipitação com acetato de zinco e uranila
Referências
1
Adaptado da apostila de Química Analítica Qualitativa Experimental, Universidade Federal do
Rio de Janeiro, 2000/2
2
Arthur I. VOGEL, Vogel's Textbook of macro and semimicro qualitative inorganic analysis, 5th
Edition, Longman
O esquema clássico desenvolvido a partir da década de 1880, no qual os cátions
são divididos em cinco grupos dá o resultado visto neste quadro-resumo para os
precipitados dos quatro primeiros grupos. No caso do grupo V, a identificação é
individual, visto que eles não precipitam (Be, Mg, Li, Na, K, Rb, Cs) com os reagentes
dos grupos anteriores.
Eis um resumo visual dos precipitados obtidos quando se aplica a marcha analítica
dos cátions a uma solução aquosa: cloretos, sulfetos, hidróxidos e carbonatos, com
suas cores e texturas características.