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Circuitos com Corrente

Alternada

Nota
Alguns slides, figuras e exercícios pertencem às seguintes referências:
 HALLIDAY, D., RESNICK, R., WALKER, J. Fundamentos da Física. Volumes 1, 2, 3 ou 4 4a.Edição. Ed. Livro Técnico
Científico S.A. 2002;
 TIPLER, P. A.; MOSCA, G. Física. Volume 1 ou 2, 5a Ed, Rio de Janeiro: LTC - Livros Técnicos e Científicos, 2006;
1
Circ. Corr. Altern.

Gerador de Corrente Alternada

Ref.
http://www.sotofilhos.com.br/alternadores.htm
Ref. http://ciencia.hsw.uol.com.br/usinas-
hidreletricas1.htm

2
Circ. Corr. Altern. Gerador Corr. Altern.

Área da
superfície plana
de cada volta

m  NBA cos  Ângulo entre o


campo magnético
e a normal à
superfície plana
Fluxo magnético Campo magnético
Número de voltas uniforme

Obs: relembre “ Indução Magnética”, Cap. 28 do Tipler. 3


Circ. Corr. Altern. Gerador Corr. Altern.

Sabemos que, ao variarmos temporalmente o fluxo magnético, uma fem  é


induzida no circuito (Lei de Faraday).
Assim, para se induzir a fem, coloca-se o enrolamento para girar, com uma
velocidade angular , e fase inicial , de tal forma que  varie no tempo. No
caso da usina hidrelétrica, este giro é feito através da água que gira a turbina.
Considerando que  é constante, teremos

  t  
Assim,

m  NBA cost    4
Circ. Corr. Altern. Gerador Corr. Altern.

m  NBA cost   
A fem no rolamento pode ser encontrada pela Lei de Faraday

dm
  NBA cost   
d
 
dt dt
  NBAsent      picosent   

onde  pico  NBA é o máximo de fem induzida no rolamento.

Fazendo    / 2 , teremos:

   pico cos t
5
Circ. Corr. Altern. Gerador Corr. Altern.

Observe que se trata de uma função senoidal, com valores de fem variando
entre
  pico e   pico

e, por isto, um gerador ca é representado pelo símbolo Ѳ.

   pico cos t

6
Circ. Corr. Altern. Gerador Corr. Altern.

- Motor ca

Gerador ca: do movimento, cria-se corrente alternada.


Motor ca: da corrente alternada, cria-se movimento.

7
Circ. Corr. Altern.

Corrente Alternada em um
Resistor
Circuito ca simples Como o gerador é ideal e só há uma
resistência em série com ele, teremos:

VR  
Queda de tensão
(ddp) no resistor
Gerador ideal:
resistência interna,
Se o gerador é ca, teremos
auto-indutância e
capacitância
desprezíveis. VR  VR, pico cos t
Resistor ideal:
VR, pico   pico
segue a lei de Ohm
Nota: lembre-se que a corrente é alternada,
por isto, o que a figura acima mostra é a
corrente em um instante de tempo.
8
Circ. Corr. Altern. Corr. Altern. Resist.

VR  VR, pico cos t


I  I pico cos t
Aplicando a lei de Ohm,

VR  IR
teremos

IR  VR, pico cos t

VR , pico
I cos t
R
Observe que corrente e
tensão estão em fase.
9
Circ. Corr. Altern. Corr. Altern. Resist.

A potência dissipada pelo resistor será

P  I R  I pico cos t  R
2 2

P  I 2pico R cos 2 t

Observe que a potência varia com o tempo. A potência instantânea é a


potência em um dado tempo t.

A potência média será


Pméd  I 2pico R cos 2 t méd

 I 2pico R cos 2 t 
méd

1 2
Pméd  I pico R
2
10
Circ. Corr. Altern. Corr. Altern. Resist.

- Valor RMS (Root Mean Square)


Amperímetros, voltímetros e multímetros ca foram projetados para medir valores
eficazes da corrente e da ddp (adiante veremos o porque).

A corrente rms é defina como

I rms  I 
2
méd

I 
2
méd 
 I pico cos t
2 2
 méd
1 2
 I pico
2

I rms  I 2
méd 
1
I pico  0,707 I pico
2

A potência média dissipada no resistor será então

Pméd  I rms
2
R
11
Circ. Corr. Altern. Corr. Altern. Resist.

Nota: Para qualquer grandeza G, o valor rms será definido da forma

Grms  G  2
méd

De tal forma que, se esta grandeza varia senoidalmente, teremos

1
Grms  G pico
2

Para o circuito ca simples, a potência média liberada pelo gerador será


Pméd  I méd   pico cos t I pico cos t  méd 
Pméd   pico I pico cos t méd
1
2
  pico I pico
2
12
Circ. Corr. Altern. Corr. Altern. Resist.

1 1
Como I rms  I pico e  rms   pico
2 2

teremos
Pméd   rms I rms

Observe que podemos fazer

VR, pico I pico VR, pico 1 VR,rms


I pico     I rms 
R 2 2 R R
Ou seja, as equações rms possuem a mesma forma que as mesmas
equações para circuitos de corrente contínua. Assim, é possível
calcular a potência de entrada (liberada pelo gerador) e o calor gerado
(pelo resistor) usando as mesmas equações para corrente contínua,
desde de que se use os valores rms.
13
Circ. Corr. Altern.

Circuito com Corrente Alternada


Circuito cc

Capacitor completamente carregado Atua como circuito aberto

Indutor possui pequena resistência Atua como curto-circuito

Circuito ca, em altas frequências

Capacitor dificilmente carrega Atua como curto-circuito


completamente
Indutor gera uma contra-fem
Atua como circuito aberto
elevada
14
Circ. Corr. Altern. Circ. Corr. Altern.

- Indutores em Circuitos com Corrente Alternada

Indutor em série com um gerador ca Desprezando a resistência do


enrolamento, teremos
dI
VL  L
dt
Queda de tensão
no indutor

Como há apenas um indutor em série


A variação da corrente no com o gerador, teremos
indutor cria uma contra-fem,
cujo módulo é
VL     pico cos t  VL, pico cos t
dI
L Assim,
dt dI
L  VL, pico cos t
indutância
dt
15
Circ. Corr. Altern. Circ. Corr. Altern.

VL , pico
dI  cos tdt
L
Podemos encontrar o valor de I, integrando a equação acima.

VL , pico VL , pico
I
L  cos tdt  L
sent  C

A constante C é a componente cc da corrente, que será considerada zero.


Assim,

VL , pico
I sent  I picosent
L

16
Circ. Corr. Altern. Circ. Corr. Altern.

dI
VL  L  VL, pico cos t - Defasagem de 90°;
dt - VL é avançada em relação a I em 90°;
- Pode-se usar o fato de VL  dI dt
I  I picosent para explicar a defasagem.

Para melhor visualização da defasagem, podemos também reescrever a


equação para corrente da forma
 
I  I pico cos t  
 2
17
Circ. Corr. Altern. Circ. Corr. Altern.
VL , pico
Da equação I sent  I picosent
L
Temos que VL , pico
I pico 
L
Que pode ser escrita da forma Como
1 1
VL , pico I rms  I pico e VL ,rms  VL ,rms
I pico  2 2
XL
VL ,rms
onde
I rms 
X L  L XL
Observe que, diferente da
é conhecida como reatância resistência, a reatância indutiva
indutiva. Como a resistência esta é proporcional à frequência da
grandeza também possui unidades corrente: por isto, em altas
de ohms. frequências, o indutor funciona
como um circuito aberto. 18
Circ. Corr. Altern. Circ. Corr. Altern.

A potência liberada pelo gerador para o indutor será

P  VL I  VL, pico cos t I picosent   VL, picoI pico cos tsent
Usando a relação trigonométrica

2 cos tsent  sen2t


teremos
1
P  VL, picoI picosen2t
2
A potência média será

1 
  VL, picoI picosen2t   VL, picoI picosen2t méd
1
Pméd
2  méd 2
Ou seja, se desconsiderarmos a
Pméd  0 resistência no indutor, ele não dissipará
energia. 19
Circ. Corr. Altern. Circ. Corr. Altern.

- Capacitores em Circuitos com Corrente Alternada

Capacitor em série com um gerador ca

Como há apenas um capacitor em série


com o gerador, teremos

VC     pico cos t  VC , pico cos t

A queda de tensão (ddp) Assim,


através do capacitor é Q
módulo da carga  VC , pico cos t
em cada placa do C
capacitor
ou
Q Q  VC , picoC cos t
VC 
C
capacitância 20
Circ. Corr. Altern. Circ. Corr. Altern.

Como a corrente é a derivada temporal da carga, teremos

dQ
I  VC , picoCsent   I picosent
dt
Usando a relação trigonométrica

 
sen   cos  
 2
Teremos

 
I  I pico cos t  
 2

21
Circ. Corr. Altern. Circ. Corr. Altern.

VC  VC , pico cos t - Defasagem de 90°;


- VC é atrasada em relação a I em 90°;

  - Pode-se usar o fato de


I  dQ / dt  CdVC / dt
I  I pico cos t  
 2 para explicar a defasagem.

22
Circ. Corr. Altern. Circ. Corr. Altern.
Como

I pico  CVC , pico

Teremos onde 1
XC 
I pico 
VC , pico VC , pico

C
 1  XC é conhecida como reatância
  capacitiva. Como a resistência e a
 C  reatância indutiva esta grandeza
também possui unidades de ohms.
e A reatância capacitiva é
VC ,rms inversamente proporcional à
I rms  frequência da corrente: por isto, em
XC altas frequências, o capacitor
funciona como um curto-circuito.

23
Circ. Corr. Altern. Circ. Corr. Altern.

A potência liberada pelo gerador para o capacitor será

P  VC I  VC , pico cos t  I picosent   VC , picoI pico cos tsent

Usando a relação trigonométrica

2 cos tsent  sen2t


teremos
1
P   VC , picoI picosen2t
2
A potência média será

 1 
   VC , picoI picosen2t    VC , picoI picosen2t méd
1
Pméd
 2 méd 2
Ou seja, se desconsiderarmos a
Pméd  0 resistência no capacitor, ele não dissipará
energia. 24
Circ. Corr. Altern.

O Transformador

Ref.:
http://www.cepa.if.usp.br/energia/ener
gia1999/Grupo2B/Hidraulica/transmiss
ao.htm
25
Circ. Corr. Altern. Transformador

No exemplo abaixo, há dois fios (enrolamento primário à esquerda e


secundário à direita) enrolados em torno de um núcleo de ferro comum. O
enrolamento primário é o responsável por transportar a potência de entrada.

O transformador aumenta ou diminui a tensão, dependendo da relação entre


o número de espiras no enrolamento primário, N1, e o número de espiras no
enrolamento secundário, N2. O transformador ideal modifica a tensão em um
circuito sem perda de potência (na realidade, as perdas giram em torno de 5
a 10%).

A função do núcleo de ferro é guiar o fluxo magnético produzido pelo


enrolamento primário para o enrolamento secundário.

26
Circ. Corr. Altern. Transformador

Se não há perda de potência, então o produto da ddp e da corrente através


de um enrolamento deve ser igual a este produto no outro enrolamento.

Desconsiderando as resistências, podemos ver o circuito primário como um


circuito simples, constituído de um gerador ca e um indutor. Sabemos que,
em um circuito como este, que a ddp é avançada em relação à corrente em
90° e que a potência média é nula.

27
Circ. Corr. Altern. Transformador

Considerando o fluxo magnético total, através do enrolamento primário como

1  N1volta
onde Φvolta é o fluxo magnético através de uma única volta do
enrolamento, teremos que a ddp no enrolamento será, pela lei das malhas,

dvolta
V1  N1
dt
Considerando que todo o fluxo magnético seja guiado pelo núcleo, o fluxo
por volta será igual em ambos os rolamentos. Assim, o fluxo magnético total,
através do enrolamento secundário será

2  N 2volta
de forma que
dvolta
V2  N 2
dt
28
Circ. Corr. Altern. Transformador

Assim,
N2
V2  V1
N1

Transformador amplificador (ou de elevação): N 2  N1


Transformador atenuador (ou de redução): N 2  N1
Considere que uma resistência R, seja introduzida entre os terminais do
enrolamento secundário. Esta resistência é conhecida como resistência de
carga.

Ref.: http://macao.communications.museum/por/Exhibition/secondfloor/moreinfo/2_4_2_Transformer.html
29
Circ. Corr. Altern. Transformador

Aparecerá uma corrente I2 no circuito secundário, em fase com V2,


que introduzirá um fluxo adicional, por volta, ϕvolta’, que é proporcional
a N2I2. Este fluxo se opõe ao fluxo original, devido à direção de I2
em relação à corrente de magnetização original no primário, Im.
Como a ddp V1 depende apenas do gerador fem, que não é afetado
pelo circuito secundário, o fluxo total encontrado no núcleo de ferro
deve ser o mesmo encontrado na situação anterior, quando não havia
resistência de carga. Assim aparecerá uma corrente adicional I1, para
manter o fluxo original. O fluxo por volta, produzido por esta corrente
adicional é proporcional a N1I1 e, para manter o fluxo original, tem
que ser igual a -ϕvolta’. Assim, teremos

N1I1   N 2 I 2
30
Circ. Corr. Altern. Transformador

Normalmente, Im,pico << I1,pico, assim,

Potência de entrada do transformador P1  V1,rmsI1,rms

Potência de saída do transformador P2  V2,rmsI 2,rms

Se não há perdas, teremos

V1,rmsI1,rms  V2,rmsI 2,rms

Nota: No Tipler, usa-se também a diferença de fase entre a corrente de


magnetização e a tensão no gerador, para procurar explicar a ausência desta
corrente no cálculo da potência de entrada.
31
Circ. Corr. Altern. Transformador

Exemplo: Transmissão e distribuição de energia elétrica


Considere que cada pessoa, em uma
cidade de 50.000 habitantes, consuma
1,2kW de potência elétrica.

A 120V, a corrente necessária para cada


pessoa seria:
1200W
I pessoa   10 A
120V
A corrente total seria então:

I total  10  50.000  500.000 A!

Considere que, ao invés de transmitir a energia a 120V, ela seja transmitida a


600kV. Neste caso, a corrente total transmitida será:
1200
Itotal   50.000  100 A
600.000 32
Circ. Corr. Altern. Transformador

Transportar correntes baixas é


mais eficiente (menos perdas de
energia e menos gastos com as
linhas de transmissão). Porém a
alta voltagem é perigosa.

Assim, nos arredores da cidade, há


subestações de energia que
reduzem a voltagem para, por
exemplo, 10kV.

E, nos postes próximos às casas,


transformadores são instalados
para reduzirem novamente a
tensão para, por exemplo, 120V,
para então ser distribuída às
residências.

A facilidade em amplificar e reduzir a tensão, com o uso de transformadores, é que


torna o uso de corrente alternada mais comum que o uso de corrente contínua.
33
Circ. Corr. Altern.

Circuitos LC e RLC sem um Gerador


- Circuito LC

Ref.: https://pt.wikipedia.org/wiki/Circuito_LC

Se desconsiderarmos a resistência, um circuito LC opera de tal forma que


a energia elétrica armazenada no campo elétrico entre as placas do
capacitor é convertida em energia magnética armazenada no campo
magnético do indutor, que, por sua vez, volta a ser convertida em energia
elétrica armazenada no campo elétrico entre as placas do capacitor, e
assim por diante.

34
Circ. Corr. Altern. Circ. LC RLC sem Gerador

Considere que enquanto a chave está aberta, o capacitor está completamente


carregado, com uma carga inicial Q0. Em t=0, a chave é fechada e a carga
passa a fluir através do indutor.

Aplicando a lei das malhas de Kirchhoff, teremos,

dQ
dI Q d 2Q Q I
L   0  L 2   0 dt
dt C dt C

35
Circ. Corr. Altern. Circ. LC RLC sem Gerador

d 2Q 1 Oscilador

2
 Q harmônico
dt LC simples!

  0 e AQ
Q  A cos(t   ) 
pico
 Q  Q pico cos t
onde 1

LC
A corrente será

I  Qpico cos t 
d
dt
I  Qpicosent  I picosent
36
Circ. Corr. Altern. Circ. LC RLC sem Gerador

Q  Qpico cos t -Carga e corrente oscilam com a mesma


frequência   1 LC .
I   I picosent - A corrente está avançada em relação à
carga em 90°.

37
Circ. Corr. Altern. Circ. LC RLC sem Gerador

É possível fazer uma analogia direta com um sistema massa-mola:

2
Lm
d Q 1
Circuito LC L 2  Q0 1
dt C k
C
d x 2 Qx
Sistema massa mola m 2  kx  0
dt I v

Desta analogia vemos que a indutância pode ser vista como a


inércia de um circuito ca. Quanto maior a indutância, maior
oposição à variação na corrente.

38
Circ. Corr. Altern. Circ. LC RLC sem Gerador

Existem dois tipos de energia no circuito LC:

1 1 Q2
Energia elétrica: U e  QV C
2 2 C
2
Q
1 pico
Ue  cos t
2

2 C

1 2 1
Energia magnética: U m  LI  L 2Qpico
2
sen2t
2 2
2
Q
1 pico
Um  sen2t
2 C

39
Circ. Corr. Altern. Circ. LC RLC sem Gerador

Se a resistência for desconsiderada, a soma da energia eletrostática e


magnética será a energia total do sistema e esta permanecerá constante ao
longo do tempo.

Energia total: Ut  Ue Um


2 2
Q
1 pico Q
1 pico
Ut  cos 2 t  sen2t
2 C 2 C
2
1Q
Ut 
pico

2 C

Observe que esta energia é a energia inicialmente armazenada no capacitor.

40
Circ. Corr. Altern. Circ. LC RLC sem Gerador

- Circuito RLC

Se considerarmos a resistência, teremos um circuito RLC, que opera de


tal forma que a energia elétrica armazenada no campo elétrico entre as
placas do capacitor é convertida em energia magnética armazenada no
campo magnético do indutor e em energia térmica. A energia magnética
é, por sua vez, convertida em energia elétrica e em energia térmica, em
um processo do tipo “oscilador harmônico amortecido”.

41
Circ. Corr. Altern. Circ. LC RLC sem Gerador

Aplicando a lei das malhas de Kirchhoff, teremos,

dI Q
L  IR   0
dt C
dQ
I
dt

d 2Q dQ Q
L 2 R  0
dt dt C
42
Circ. Corr. Altern. Circ. LC RLC sem Gerador

É possível fazer uma analogia direta com um sistema massa-mola amortecido:

2
Lm
d Q dQ Q
Circuito RLC L 2 R  0 Rb
dt dt C
1
k
C
d 2x dx
Sistema massa mola m 2  b  kx  0 Qx
dt dt
I v
Desta analogia vemos que a resistência, em um circuito RLC, é a
responsável pela dissipação da energia (criação de energia térmica).
Se a resistência for pequena, as oscilações são subamortecidas, com
frequência angular muito próxima da frequência natural,

1
0 
LC
Nota: Rever “Oscilações Amortecidas”, no Cap. 14 do Tipler. 43
Circ. Corr. Altern. Circ. LC RLC sem Gerador
1 2 1 Q2
Sabemos que U m  LI e U e 
2 2 C
1 2
d  LI 
De forma que dU m
  2   LI
dI
dt dt dt
 1 Q2 
e d 
dU e
  2 C  
Q dQ Q
 I
dt dt C dt C
d 2Q dQ Q
Voltando à equação do RLC: L 2 R  0
dt dt C

dI Q
Podemos reescrevê-la: L  RI   0
dt C
dI Q
Multiplicando por I, teremos LI  RI  I  0
2

dt C
44
Circ. Corr. Altern. Circ. LC RLC sem Gerador

dI Q
LI  RI  I  0
2

dt C
Observe que o 1º termo da equação acima é a variação da energia magnética:
se este termo for positivo, significa que a energia magnética está aumentando,
ou seja, parte da energia elétrica está sendo transformada em energia
magnética (e vice-versa).

O 2º termo é a taxa na qual a energia potencial está sendo dissipada no


resistor. Este termo é sempre positivo!

O 3º termo é a variação da energia elétrica: se este termo for positivo, significa


que a energia elétrica está aumentando, ou seja, parte da energia magnética
está sendo transformada em energia elétrica (e vice-versa).

Vimos na seção anterior, que ao longo do tempo, a energia eletromagnética


aumenta enquanto a energia magnética diminui, e vice-versa. Porém, em
circuitos RLC, a soma dessas duas energias não é constante, pois a energia é
continuamente dissipada no resistor.

45
Circ. Corr. Altern. Circ. LC RLC sem Gerador

R  RC
Oscilações subamortecidas

R  RC
Oscilações sobreamortecidas
(ou superamortecidas)

Nota: Rever “Oscilações Amortecidas”, no Cap. 14 do Tipler. 46


Circ. Corr. Altern. Fasores
Fasores
Um vetor de fase ou fasor, é uma representação gráfica, bidimensional,
de uma função senoidal.

Seu comprimento representa a amplitude da grandeza, enquanto que o


ângulo que o vetor faz com alguma direção fixa escolhida como referência
representada a fase da grandeza.

Se a grandeza representada varia no tempo, sua variação se expressa


pela rotação do fasor.

VR  VRpico

VR  VRpico cos 

VR  VRpico cos t   


Nota: lembre-se que a escolha da constante de fase é feita de acordo com as necessidades e características de cada
problema. Aqui, a escolha da fase t-, com sinal negativo será apropriada para o estudo que será feito a seguir.
47
Circ. Corr. Altern. Fasores

Esta representação é extremamente útil no estudo de circuitos com vários


componentes conectados a um gerador.

Isto porque neste caso é necessário combinar várias ondas harmônicas,


com diferentes fases, tornando o cálculo algébrico muito complicado.

Com a utilização da representação fasorial, é possível somar ondas


harmônicas, de mesma frequência, por uma construção geométrica
relativamente simples.

Nota: nesta disciplina,


iremos estudar apenas a
representação gráfica dos
fasores, usando expressões
matemáticas simples. A
formulação matemática
completa, que envolve
conceitos de números
complexos, é vista em
disciplinas especializadas.

Ref.: http://laplace.us.es/wiki/index.php/Fasor.
48
Circ. Corr. Altern. Fasores

No caso do exemplo da figura, a


queda de potencial no resistor é
representada pelo vetor VRR, o qual
é chamado de fasor, cujo módulo
é

VR  VRpico  I pico R
e faz um ângulo t com o
eixo x.

O fasor gira com uma frequência , no sentido anti-horário.

A queda de potencial no resistor, VR =IR é a componente x do vetor V


VRR. .Ou
seja,
VR  I pico R cos t   
Observe que a corrente I pode ser expressa como a componente x do fasor I .
Como já vimos, a queda de potencial do resistor e a corrente estão em fase, por
isso, I tem a mesma direção e sentido de VR . 49
Circ. Corr. Altern. Fasores
Combinação em série RLC

Na figura ao lado, VR, VL e VC


estão representados como
fasores, cada um girando no
sentido anti-horário com
frequência angular .

Em qualquer instante, a queda


de potencial em um elemento é
igual à componente x do fasor
correspondente.

A queda de potencial da
combinação, Vapl, cujo fasor é
Vapl  VR  VL  VC ,

será igual à componente x


desta soma vetorial.
50
Circ. Corr. Altern. Circ. RLC Forçados

Circuitos RLC Forçados


Circuitos em série
Pela lei das malhas, sabemos que a
fem gerada no gerador deve ser
igual à soma das quedas de
potencial nos componentes do
circuito. Ou seja,

dI Q
  L  IR 
dt C
Mas, a soma das quedas de potencial nos componentes do circuito, que é a
queda de potencial aplicada pelo gerador à combinação em série, é, para   0,

Vapl  Vapl pico cos t


Ou seja,
dI Q
L  IR   Vapl pico cos t
dt C 51
Circ. Corr. Altern. Circ. RLC Forçados

Usando, I=dQ/dt teremos

d 2Q dQ Q
L 2 R   Vapl pico cos t
dt dt C
onde
1
0 
LC
é a frequência angular natural do sistema.

É possível fazer uma analogia direta com um sistema massa-mola forçado:


d 2x dx
m 2  b  kx  F0 cos t
dt dt
onde
Nota: Rever “Oscilações
k
0  Forçadas”, no Cap. 14
do Tipler.
m
é a frequência angular natural do sistema. 52
Circ. Corr. Altern. Circ. RLC Forçados
2
d Q dQ Q
L 2 R   Vapl pico cos t
dt dt C
Desconsiderando os efeitos das condições iniciais (como, por exemplo, fase
inicial no gerador e a carga inicial do capacitor), a corrente no circuito, obtida
pela solução da equação acima, será

I  I pico cos t   


Nota: Observe que a constante de
fase , que aparece na equação ao
lado, é obtida naturalmente da
onde solução da equação acima e não é
a constante de fase inicial do
X L  XC gerador, que foi considerada zero.
tg 
R
O pico de corrente é
Vapl pico Vapl pico
I pico  
R   X L  XC  Z
2 2

onde XL - XC é a reatância total e Z é a impedância do circuito.


53
Circ. Corr. Altern. Circ. RLC Forçados

Vapl pico
Combinando as relações, teremos I cos t   
Z
O resultado acima é obtido da resolução da equação do oscilador forçado,
cujos cálculos não são triviais. Mas este resultado também pode ser obtido, de
forma simples, com a utilização da representação fasorial.

A queda de potencial através do resistor está


em fase com a corrente. Ou seja, o fasor que
representa a corrente está na mesma direção
e sentido do fasor que representa VR.

A queda de potencial através de indutor está


avançada de 90° em relação à corrente.

A queda de potencial através de capacitor


está atrasada de 90° em relação à corrente.

A soma dos vetores é um vetor com ângulo 


em relação à corrente e representa a fem
aplicada, Vapl.
54
Circ. Corr. Altern. Circ. RLC Forçados

Vapl  VR  VL  VC
A magnitude deste vetor será

 
2
Vapl pico  VR  VL  VC  V 2
Rpico  VLpico  VC pico

Como VRpico=IpicoR, VLpico=IpicoXL e VCpico=IpicoXC,


teremos

I R    I pico X L  I pico X C   I pico Z


2 2
Vapl pico  pico

Z  R2   X L  X C 
2

Nota: observe que se trata de uma SOMA de vetores. O sinal negativo aparece no
cálculo das magnitudes, devido ao sentido do vetor VC em relação ao vetor VL.

55
Circ. Corr. Altern. Circ. RLC Forçados

Da figura ao lado, vemos que

VL  VC I pico X L  I pico X C
tan   
VR I pico R

X L  XC
tan  
R
Que pode ser graficamente
representado como abaixo:
O vetor da queda de tensão aplicada faz um
ângulo t com o eixo x, enquanto que VR faz
um ângulo t-. Como a corrente está em fase
com a queda de potencial no resistor, teremos

Vapl pico
I  I pico cos t     cos t   
Z
56
Circ. Corr. Altern. Circ. RLC Forçados

Ressonância
Sabemos que
1
X L  L e XC 
C
Quando XL = XC teremos
1
res L 
res C
onde res é o valor de  para o qual as reatâncias são iguais. Ou seja,

1
res   0
LC
Quando as reatâncias são iguais, a impedância terá o menor valor possível,
de tal forma que Ipico terá o maior valor e isso ocorrerá quando a frequência
da queda de potencial aplicada for igual à frequência natural do circuito. Neste
caso, dizemos que o circuito está em ressonância, oscilando na frequência
de ressonância.
57
Circ. Corr. Altern. Circ. RLC Forçados

Sabemos que o capacitor e o indutor não dissipam energia. Sendo assim, a


potência média liberada para o circuito RLC é a potência média fornecida ao
resistor.
P  I R   I pico cos t    R
2 2

de tal forma que


1 2
Pméd  I pico R  I rms
2
R
2
Usando R/Z = cos (ver figura) e Ipico = Vaplpico/Z, teremos

1
Pméd  Vapl pico I pico cos   Vaplrms I rms cos 
2
cos é chamado de fator de potência do circuito RLC. Na ressonância, ou
seja, quando XL = XC,  é zero (ver figura) e o fator de potência é 1.

58
Circ. Corr. Altern. Circ. RLC Forçados
Com as devidas manipulações, podemos reescrever a expressão para a
potência média, em função da frequência, da forma:
V 2
apl pico R 2

Pméd 
 
2
L  
2 2 2
0   2 R2
Os gráficos abaixo representam a potência média, em função da frequência,
para dois valores de resistência, em um circuito RLC série. Observe que a
potência é máxima quando a frequência no gerador , se iguala à frequência
natural do circuito 0.
Vimos, no capítulo 14, o fator Q como
sendo
2  E  0 m
Q  2   

 E   E ciclo b
 
 E ciclo
Como L é análogo a m e R ao b, para o
circuito RLC teremos
 E  0 L
Q  2  
 E  R
 ciclo 59
Circ. Corr. Altern. Circ. RLC Forçados

Se a curva de ressonância é
razoavelmente estreita, também vimos no
capítulo 14 que
0 f0
Q 
 f
onde  (ou f) é a largura de
ressonância.

O valor dessa largura é medido entre os


pontos onde a potência é a metade de
seu valor máximo.

Se a resistência é pequena, o fator Q é alto e a ressonância é elevada, e vice-


versa.

60
Circ. Corr. Altern. Circ. RLC Forçados

Circuito RLC em paralelo

A corrente total I do gerador divide-se


em três correntes, IR, IL, IC. Por sua vez,
o potencial aplicado é o mesmo através
de cada elemento.

Neste caso, são as correntes que


devem ser representadas por fasores,
para que seja possível fazer, de forma
simples, a soma das mesmas.

61
Circ. Corr. Altern. Circ. RLC Forçados

A corrente através do resistor está em


fase com a queda de potencial aplicada.
Ou seja, o fasor que representa a queda
de potencial aplicada está na mesma
direção e sentido do fasor que representa
I R.

A corrente através de indutor está


atrasada de 90° em relação à queda
potencial aplicada.

A corrente através de capacitor está


avançada de 90° em relação à queda
potencial aplicada.

A soma dos vetores é um vetor com


ângulo  em relação à queda potencial
aplicada e representa a corrente total, I.

62
Circ. Corr. Altern. Circ. RLC Forçados

I  I   I L  IC 
2 2
R

2 2
 Vpico   V pico V pico  V pico
I      
 R   XC XL  Z

2
1  1 1 
2
1
     
Z  R   XC X L 

Na ressonância, XL = XC, de forma que os vetores IC e IL se anulam. Neste


caso, a impedância terá seu valor máximo e, consequentemente, a corrente
terá seu valor mínimo IR.
63

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