Você está na página 1de 16

Tiristores - Prof Rômulo 1

Nome: CPF: RG:

CAPITULO 1 - TIRISTORES

São todos os dispositivos de 4 camadas tais como o diodo unilateral de 4 camadas, o


SCR, o TRIAC, DIAC,PUT e outros. Neste capítulo, apesar de não ser considerado da mesma
família estudaremos o UJT que é usado principalmente para disparar um tiristor.

1. – TRANSISTOR UNIJUNÇÃO (UJT)

É um dispositivo semicondutor com três terminais e uma junção, Fig1.1.


Tiristores - Prof Rômulo 2
Nome: CPF: RG:

Na Fig1.b enquanto VE < 0,7 + VRb1 o UJT estará cortado, pois o diodo está reversamente
polarizado.
Rb1.VBB Rb1
VRb1 = = η.VBB onde η= é outro parâmetro do UJT
Rb1 + Rb 2 Rb1 + Rb 2
chamado de razão intrínseca de disparo. Tipicamente o valor de η (eta) está compreendido
entre 0,5 e 0,8.

Quando VE = 0,7 + η. VBB = VP = tensão no ponto de pico, o diodo fica polarizado


diretamente e o UJT dispara. O termo disparo é usado por analogia ao disparo de uma arma,
significando uma mudança brusca de condição. A explicação física para o disparo é dada pela
realimentação positiva interna. Após Ter disparado o UJT só voltará a cortar novamente
quando a tensão de emissor cair abaixo de um valor crítico chamado tensão de vale, VV. Abaixo
da tensão de vale a junção volta a ficar polarizada reversamente novamente. A Fig1. mostra a
curva característica de um UJT, indicando os principais pontos.

VE

VP

VV

IE
IV

Fig1: Curva característica de entrada

Uma das principais aplicações do UJT é como oscilador de relaxação. Na Fig1.4 quando
a alimentação é ligada a primeira vez, o capacitor se encontra descarregado, logo
VC = VE = 0, portanto o UJT estará cortado ( IE = 0). Nessas condições o capacitor começa a se
carregar através de R, tendendo a tensão nele para +VCC com constante de tempo τ = R.C.
Quando VC = VP = o UJT dispara, fazendo o capacitor se descarregar através do UJT e da
resistência RB1. Quando VC cair abaixo de VV o UJT corta e C volta a se carregar , e ciclo se
repete.
Tiristores - Prof Rômulo 3
Nome: CPF: RG:

+Vcc

R RB2

RB1

Fig1.4: Oscilador de relaxação – Circuito e formas de onda


Tiristores - Prof Rômulo 4
Nome: CPF: RG:

1
O período das oscilações é calculado por : T = R.C. ln
1−η

1.1. - GERADOR DENTE DE SERRA

Da teoria de circuito sabemos que se um capacitor se carrega através de uma corrente


constante I, a tensão em C varia linearmente com o tempo de acordo com a expressão

I
VC =
.t.
C
Quanto maior o valor da corrente (fixado C), mais rapidamente se carregará o capacitor. Por
outro lado se aumentarmos o valor de C levará mais tempo para carregar C. A inclinação da
reta na Fig1.5b depende da relação entre a corrente que carrega o capacitor e o valor do
mesmo.

VC
I
C Vc

(a) (b) t

I
VC = .t
C

Fig1.5: Carga de capacitor por corrente constante

O circuito é basicamente o mesmo da Fig1.4a, a diferença é que a corrente que carrega


o capacitor nesse caso é constante, sendo igual à corrente de coletor (IC).
Tiristores - Prof Rômulo 5
Nome: CPF: RG:

+Vcc
+Vcc

R1 R
I

R2
C
C
RB1 RB1

Fig1.6: Gerador dente de serra

No circuito da Fig1.6.a, o transistor, R1,R2 e R simulam uma fonte de corrente constante,


desta forma a carga de C é linear. Quando VC atingir Vp, o UJT dispara e C se descarrega
bruscamente. A Fig1.7 é a forma de onda correspondente

VC
T

VP

VV

Fig1.7: Dente de serra


Tiristores - Prof Rômulo 6
Nome: CPF: RG:

(VP − VV ).C (U1 − 0,7) R .V


O periodo das oscilações é dado por : T= onde I = e U1 = 1 CC
I R R1 + R2

EXERCICIOS PROPOSTOS

1. Para o circuito pede-se : a) Desenhar os gráficos de VC(t) e VRB1(t) b) frequência de


oscilação

+12V

15K

0,47uF
33

η = 0,67 VV = 3V

2. Com relação ao circuito pede-se : Valor da razão intrinseca de disparo b) Valor de R c)


Frequencia de oscilação
Tiristores - Prof Rômulo 7
Nome: CPF: RG:

3. Dado o circuito e a forma de onda no capacitor, pede-se:


a) Razão intrinseca de disparo b) Valor de R que faz o circuito oscilar em 15KHz.

VC
+12V
9,1v

3v
0,1uF
33
+15V

4. Para o circuito calcular o periodo, 3K 1K


a frequência de oscilação e desenhar
o gráfico de VC(t).

12K
10nF

47
Tiristores - Prof Rômulo 8
Nome: CPF: RG:

2 – DIODO DE QUATRO CAMADAS UNILATERAL

Ë um diodo construido com quatro camadas PN alternadas

A(Anodo) IA
A(Anodo)

N UBK IH U
IA
IA P UH UBO

K(Catodo) K(Catodo)

Fig1.8: Diodo de quatro camadas unilateral

Com polarização reversa o diodo se comporta como um diodo comum, apresentando


altíssima resistência. Se a tensão reversa exceder a tensão de breakdown (UBK) o diodo será
destruido. Com polarização direta o diodo apresenta alta resistência enquanto a tensão for
menor do que um valor chamado de tensão de breakover (UBO). Acima destre valor o
dispositivo dispara passando a conduzir, somente voltando a cortar quando a tensão ( corrente )
e de anodo cair abaixo de um valor chamado de tensão de manutenção , UH (corrente de
manutenção, IH ). Qualquer mecanismo que provoque um aumento das correntes internas pode
levar ao disparo ( aumento de temperatura, luz, injeção de corrente).
Tiristores - Prof Rômulo 9
Nome: CPF: RG:

3 – RETIFICADOR CONTROLADO DE SILICIO (SCR)

3.1 - INTRODUÇÃO
Um SCR é basicamente um diodo de 4 camadas unilateral no qual foi colocado um
terceiro eletrodo chamado de gate ( G ) usado para controlar o disparo do diodo.

A(Anodo)
IA
P

N A
P G(Gate) UBK IH
G
N UH
K UA

K(Catodo)

Fig1.9: Retificador controlado de Si.

O SCR tem tres regiões de operação, consideradas a seguir, com IG = 0 :

Bloqueio reverso : O anodo é negativo em relação ao catodo, nessas condições o SCr se


comporta exatamente como um diodo comum. Se a tensão reversa aumentar além da da
tensão de breakdown(UBK) ), o SCR será destruido pelo efeito avalanche.

IA=0

+ E
IG=0

Fig1.10: SCR Bloqueio reverso

Bloqueio Direto: O anodo é positivo em relação ao catodo, mas a tensão não é


suficiente para disparar o SCR. Para disparar o SCR com o gate aberto (IG = 0 ) é necessário
que a tensão de anodo atinja um valor chamado de tensão de breakover( UBO ). Se UA for
menor do que UBO o SCR continuará cortado.
Tiristores - Prof Rômulo 10
Nome: CPF: RG:

IA=0
+
E<UBO
IG=0

Fig1.11: SCR - Bloqueio direto

Condução ( Disparo): Quando a tensão de anodo atingir o valor UBO , o SCR dispara, isto é, a
corrente de anodo passa bruscamente de zero para um valor determinado pela resistência em
série com o SCR. A tensão no SCR cai para um valor baixo ( 0,5V a 2V ).

IA=(E-UA)/R
+
E>UBO
IG=0

Fig1.12:SCR – Condução

Após disparar, o SCR passa da condição de alta resistência para baixa resistência. A
tensão de anodo cai para um valor baixo ( 0,5V a 1,5V ). O SCR só volta a cortar quando a
tensão( corrente) cair abaixo de um valor chamado de tensão ( corrente) de manutenção, UH (
IH ) cujo valor depende do tipo de SCR( Por exemplo o TIC106 tem IH ≅ 0,5mA enquanto o
TIC116 tem IH ≅ 15mA.

Se for injetado uma corrente de gate, será possivel disparar o SCR com tensões de
anodo bem menores do que UBO. Quanto maior a corrente de gate, menor a tensão de anodo
que disparará o SCR.
Após o disparo o gate perde o controle o sobre o SCR, isto é, após o disparo o gate
pode ser aberto ou curto circuitado ao catodo que o SCR continua conduzindo. O SCR só volta
ao corte quando a corrente de anodo cair abaixo da corrente de manutenção.
A tensão máxima que pode ser aplicada entre anodo e catodo no sentido direto com IG
= 0 como vimos é chamada de UBO, mas muitas vezes é designada de VDRM esta informação
muitas vezes vem codificada no corpo do SCR, por exempo :
Tiristores - Prof Rômulo 11
Nome: CPF: RG:

TIC 106 Y - 30V MCR 106-1 - 30V


TIC 106 F - 50V MCR 106-2 - 60V
TIC 106 A - 100V MCR 106-3 - 100V
TIC 106 B - 200V MCR 106 –4 – 200V
TIC 106 C - 300V MCR 106 – 5 - 300V
TIC 106 D – 400V MCR 106 – 6 - 400V

Outra informação importante é a máxima tensão reversa que pode ser aplicada sem que
ocorra breakdown, é designada por VRRM, tipicamente é da mesma ordem de VDRM. Os valores
de corrente também devem ser conhecidos , IT, é a máxima corrente que o SCR pode manipular
e pode ser especificada em termos de valor continuo ou eficaz(RMS) e depende da
temperatura e do ângulo de condução (θF). Por exempo, o TIC 106 pode conduzir uma corrente
continua de até 5A.
A corrente de gate necessária para disparar o SCR é designada IGT e pode ser da ordem
de µA no caso do TIC 106.

3.2 - CIRCUITOS COM SCR EM CC.

Em CC deve ser previsto circuito de reset após o SCR disoparar.

1) ALARME1
As chaves CH1,CH2 e CH3 pode ser relés Reed switch que ao serem acionadas abrem
disparando o SCR que liga o relé, que aciona um alarme.
Para desativar o alarme a chave de reset deve ser acionada.

+12V

2K2 Relé

Reset

CH1

CH2

CH3
Tiristores - Prof Rômulo 12
Nome: CPF: RG:

2) ALARME2
+12V

33K
Relé
100K

Reset

LDR

Funcionamento: Enquanto o LDR estiver iluminado, como as sua resistência é baixa, a tensão
no LDR será baixa e o SCR estará cortado. Se o feixe de luz for cortado , aumenta a resistência
do LDR e em conseqüência a tensão de gate disparando O SCR e acionando o alarme

3) BIESTAVEL

+Vcc

CH1 CH2
RL1 RL2
C
R1 R1
SCR1 SCR2

R2 R2
Tiristores - Prof Rômulo 13
Nome: CPF: RG:

Funcionamento: Inicialmente com as duas chaves abertas, os dois SCR's estão cortados. Se
CH1 for pressionada, dispara SCR1 conectando RL1 e C se carrega por RL2 e SCR1 de forma
que o seu terminal esquerdo fica negativo e o terminal direito positivo. Se a chave CH2 for
pressionada, dispara o SCR2 e fazendo a tensão em C ser aplicada no SCR1 carrega com
polaridade contraria, e
reversamente cortando-o. desligando a carga RL1 e ligando RL2.Agora C se portanto se CH1
for pressionada a carga RL1 será ligada e a carga RL2 desligada.

3.3 - SCR EM CORRENTE ALTERNADA

3.3.1 – DISPARO POR CC COM CARGA CA

Como foi visto anteriormente, quando o disparo é em CC com carga CC , é necessário circuito
de reset para cortar o SCR, ao mesmo tempo não é necessário manter corrente no gate.
Quando o disparo é por corrente contínua (CC) mas a carga é CA, para manter o SCR
conduzindo é necessário manter sinal no gate , pois se o sinal de gate for retirado, o SCR
cortará quando a tensão de anodo passar por zero. A Fig1.13a mostra um circuito com disparo
CC e carga CA e a Fig1.13b a forma de onda na carga quando a chave CH é fechada num
instante t1 e aberta em t2.
Tiristores - Prof Rômulo 14
Nome: CPF: RG:

(a)
CH
( t1 ) ( t2 )

(( ba ))

Fig1.13: Disparo por CC com carga CA ( a ) e formas de onda ( b ).

No circuito da Fig1.13 observar que , ao fechar a chave o SCR só disparará se a tensão


de anodo for positiva. A partir desse instante toda a tensão da rede cairá sobre a carga e a
tensão no SCR será de aproximadamente 1V. Se a carga for resistiva podem ocorrer picos de
corrente excessivamente altos os quais podem destruir o SCR e/ou a carga. Para evitar isso é
que existem circuitos que só disparam o SCR quando a tensão da rede for próxima de zero,
chamados de ZVS ( Zero Voltage Switch ).

3.3.2 – DISPARO POR CA COM CARGA CA

No disparo por CA a alimentação de anodo e de gate é obtida da mesma fonte senoidal. O


controle de disparo é feito controlando-se o instante ( ou o angulo de disparo ) em que o SCR
é gatilhado no semi-ciclo positivo. Para melhor compreensão vamos supor que o SCR da
Fig1.14 entra em condução no instante que a tensão de entrada estiver passando por um
angulo de fase θF, chamado de ângulo de disparo. A condução começa nesse ponto e termina
quando a tensão de anodo cair abaixo da tensão de manutenção, UH, que consideraremos
desprezível face à tensão de pico da rede, VM.A Fig1.15 mostra as principais formas de onda
referentes à Fig1.14.
Tiristores - Prof Rômulo 15
Nome: CPF: RG:

VL

VSCR
Circuito de
Disparo

Fig1.14: SCR – Disparo por CA

VRMS

VDC

Fig1.15: SCR – Disparo por CA formas de onda


Tiristores - Prof Rômulo 16
Nome: CPF: RG:

Através do cálculo diferencial e integral pode-se demonstrar que a tensão média ( contínua ) na
carga é calculada por :

VM .(1 + cosθ F )
VDC = = tensão média ( contínua ) na carga
2.π
Obs: A tensão média é a tensão que será medida por um voltímetro CC.

VM
Por exemplo se θF = 0º resulta VDC = e a forma de onda corresponde à forma de
π
onda de um retificador meia onda com diodo comum.

Se θF = 180º resulta VDC = 0, isto é , não existe tensão na carga.

Por cálculo integral também se obtém a expressão que dá a tem eficaz ( VEF ou VRMS) na
carga:

VM 1 sen 2.θ F
VRMS = . .(π − θ F + ) = tensão eficaz na carga
2 π 2
V
Por exemplo se θF = 0º VRMS = M que é igual ao mesmo valor da tensão do retificador de
2
meia onda.
Se θF = 180º VRMS = 0

Obs: A tensão eficaz está relacionada à potência dissipada na carga

EXERCICIO RESOLVIDO

Considere que no circuito da Fig14 0 angulo de disparo é 60º e que RL = 100Ω. Calcular : a)
Tensão e corrente contínua na carga b) Potência dissipada na carga. Dados : ve =
110. 2 .senwt(V)
Solução: a) θF = 60º, cos60º = 0,5 VM =110. 2 (V)

VM .(1 + cosθ F ) 110. 2 .(1 + cos 60)


VDC = = = = 37V logo IDC = 37V/100Ω =0,37A
2.π 2.π

VM 1 sen 2.θ F 110. 2 1 π sen 2.60


b) VRMS = . .(π − θ F + ) = . .(π − + ) =75V
2 π 2 2 π 3 2

2
VRMS 752
PD = = = 56,25W
RL 100

Você também pode gostar