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5.

Circuitos de Corrente Alternada (AC)


5.1. Corrente AC
5.2. Resistências num Circuito AC
5.3. Condensadores num Circuito AC
5.4. Bobina num Circuito AC
5.5. Potência elétrica num circuito AC

A corrente alternada tem uma grande vantagem sobre a contínua: a voltagem pode ser transformada (aumenta
ou diminuída) mais facilmente.
A transformação da voltagem permite que a electricidade produzida nas centrais seja convertida em alta
tensão e transmitida através de cabos. Para transmitir uma certa quantidade de energia, com alta voltagem
minimiza-se a corrente, reduzindo as perdas por efeito Joule durante o transporte. Nos locais de consumo, a
tensão é de novo transformada para reduzir a voltagem.
• Descrevemos os princípios básicos dos circuitos AC simples.
• Análise de circuitos em série simples com resistências (R), condensadores (C), e bobinas isoladamente ou
em combinação, alimentados por uma fonte de voltagem sinusoidal.
• Vamos usar o facto de R, C e L terem respostas lineares: a corrente alternada instantânea (AC) em cada um
deles é proporcional à voltagem alternada instantânea no componente.
• Quando a voltagem (V) alternada aplicada for sinusoidal, a corrente em cada componente também será
sinusoidal, mas não necessariamente em fase com a voltagem aplicada.
202
5.1. Corrente AC

•Circuito de corrente alternada (AC): uma combinação de componentes (R,L,C) e


um gerador que proporciona AC.
•Pela rotação duma espira num campo magnético com velocidade angular (w)
constante, induz-se uma voltagem alternada (fem) sinusoidal na espira. Assim, a
corrente sinusoidal é a corrente AC mais comum.
v[V]
400

200 T
Vm
0 t[s]
0 0,01 0,02 0,03 0,04 0,05 0,06
-200

-400

•Esta voltagem instantânea é dada por:   Vm sen wt


Vm: voltagem de pico do gerador de AC ou amplitude da voltagem.

2
•A frequência angular é: w  2 f 
T
f: frequência da fonte, T: período (f  Hz (ciclos por segundo); w  rad/s)
Em Portugal, na rede eléctrica f = 50 Hz 203
5.1.: A fig. mostra uma força eletromotriz e sinusoidal.

e [V]

t[s]

a) Qual o período T e a frequência f?


b) Qual o valor de Vm
c) Qual a equação do sinal e =f(t)

204
5.2. Resistências num Circuito AC

• A soma algébrica instantânea da elevação do potencial,


vR e do abaixamento do potencial, na malha do circuito
deve ser nula (Lei das malhas de Kirchhoff) 
~
 = Vm.sen(w.t) i=0  -R = 0   = R = Vm.sen w t 1

R: queda instantânea de voltagem na


resistência (R).

 Vm
A corrente instantânea, iR   sen wt  I m sen wt 2
R R
Vm
Im   corrente
R

1 + 2  R = Im R sen w t

205
iR e R variam, ambos de uma forma sinusoidal (com sen wt) e atingem os valores
máximos (picos) num mesmo instante  as duas grandezas estão em fase.

• ! O valor médio da corrente


Im iR
sobre um ciclo é nulo: a corrente
Vm
vR mantém-se num sentido (+)
t durante o mesmo intervalo de
tempo que se mantém no sentido
oposto (-)  O sentido da
corrente não tem efeito sobre o
Gráfico da voltagem e da comportamento do R no
corrente em função do tempo
circuito.
Voltagem Corrente
Valor instantâneo  i
Valor máximo (pico) Vm Im
Valor médio quadrático (ou eficaz) Vrms(Vef) Irms(Ief)

206
Importante num circuito AC é o valor médio da corrente ou corrente média
quadrática (rms).
A corrente média quadrática (ou eficaz) é a raiz quadrada da média dos
quadrados da corrente.
O quadrado da corrente varia com sen2 wt, e pode-se mostrar que o valor médio
de i2 é I2m/2
i2
Im
I rms   0.707 I m
2

I m2 I2rms
I 2
rms  I2 m
2
t

Exemplo: Uma corrente AC com Imax = 2 A libertará o mesmo calor numa


R do que uma corrente DC de 0.707 x 2 = 1.414 A

207
Vm
A voltagem média quadrática (ou eficaz): Vrms   0.707 Vm
2
! Quando se fala em medir a voltagem alternada de 220V duma tomada
eléctrica, fala-se na realidade duma Vrms de 220V  Vm = 311,1 V

! Usaremos valores rms ao discutir as correntes e voltagens alternadas.

! Os amperímetros e voltímetros de AC são projectados para ler os valores rms

Se forem usados os valores rms, muitas equações terão a mesma forma que as
equações nos circuitos DC

Circuitos com medição de d.d.p e/ou corrente

vR V vR

A
~ ~
 = Vm.sen(w.t)  = Vm.sen(w.t)

V Voltímetro A Amperímetro 208


5.2. Uma fonte de tensão alternada tem uma voltagem de pico Vm = 100 V. Esta
fonte está ligada a uma resistência de 24 , e a corrente no circuito e a voltagem
na resistência são medidas por um amperímetro e por um voltímetro ideais,
ambos de corrente alternada. Qual é a leitura de cada instrumento?

vR

~
 = Vm.sen(w.t)

209
5.3. Condensadores num Circuito AC

vC • Lei das malhas: i=0   - c = 0


C  = c = Vm sen w t
~ • c: queda instantânea de voltagem no condensador.
v = Vm.sen(w.t)
Q
vc   Q  C.Vm .sen wt 1
C

Uma vez que i = dQ/dt  a derivação de 1 dá a corrente instantânea

dQ
iC   w.C.Vm . cos wt
dt

• Vemos que a corrente não está em fase com a voltagem aos terminais do
condensador.
210
Com 
cos wt  sen wt  
2
)

iC  w  C  Vm  sen wt   )2  1 
Vm  sen wt  
2
) 2
C

iC está com uma diferença de fase de 90° em antecipação à C.

Im iC
vC

D t
Vm
Impedância capacitiva  reatância
1
XC 
iC atinge Im (pico) um quarto de ciclo wC
mais cedo que o instante em que a C D : corresponde ao
atinge Vm desfaseamento entre
corrente e d.d.p.
211
5.3. Um condensador está ligada a uma fonte de tensão de 20 Hz que tem uma voltagem
média quadrática de 50 V. Qual é a capacidade necessária para manter a corrente instantânea
no circuito abaixo de 80 mA?

212
Circuito RC
C
R
vo, w

v(t)  V0sen wt )


1
R; X C  
C
Lei de Ohm : v(t)  Z  i(t)
v(t) V0 X
sen wt  D ) com tgD   C
2
i(t)   e Z  R2  X C
Z Z R

Duas impedâncias Z (“resistências”) em série somam-se segundo


a tabela I:

213
tabela I
Componentes do Circuito Impedância, Z Ângulo de Fase, D
R
R 0º
C
XC -90º

L
XL +90º

Negativo, entre –90° e 0°


R C
R 2  X C2
tan D = -Xc/R

R 2  X L2 Positivo, entre 0° e 90°


R L
tan D = XL/R
R L C Negativo se XC > XL
R2  X L  X C )
2

Positivo se XC < XL
214
5.4. Bobina num Circuito AC

vL • Lei das malhas: i=0   - L = 0


L  = L = Vm sen w t
~ • c: queda instantânea de voltagem na bobina.
v = Vm.sen(w.t)

X L  wL

Bobina de ignição

• a corrente não está em fase com a voltagem aos terminais da bobina.


215
Circuito RLC em série
C
R
vo, w L

v(t)  V0sen wt )


1
R; X C   ; X L  L; X   X L  X C )
C
Lei de Ohm : v(t)  Z  i(t)
v(t) V0 X
i(t)   sen wt  D ) com tgD   e Z  R2  X 2
Z Z R

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tabela I
Componentes do Circuito Impedância, Z Ângulo de Fase, 
R
R 0º

C
XC -90º

L
XL +90º

Negativo, entre –90° e 0°


R C
R 2  X C2
tan F = -Xc/R

R 2  X L2 Positivo, entre 0° e 90°


R L
tan F = XL/R
R L C Negativo se XC > XL
R2  X L  X C )
2
Positivo se XC < XL
217
5.4. Num circuito elétrico com fonte VRms = 220 V, f1 = 50 hz, encontram-se 3 impedâncias
em série: uma resistência R = 75 , um condensador C = 4 10-6 F e uma bobine L = 2 H.
a) Qual a corrente no circuito?
b) Qual a corrente ao alterar a frequência para f2 = 56.3 hz
c) Porquê muda a corrente de f1 para f2 ?

218
5.4 Potência elétrica no Circuito AC

• Qualitativamente: as colisões entre os electrões de condução de corrente e os


átomos fixos da resistência (R) provocam um aumento da sua temperatura, que
depende do valor da corrente, mas é independente da direcção da corrente.
• Quantitativamente: taxa de conversão da energia eléctrica em calor numa R é
a sua potência instantânea P = i2R ; i: corrente instantânea na R.
• P  i2  não faz diferença se a corrente for contínua (DC) ou alternada (AC),
ou seja se o sinal (+) ou (-) for associado a i.
! O efeito térmico provocada por uma corrente alternada com Imax não é o
mesmo que o provocado por uma corrente contínua com o mesmo valor, dado
que a corrente alternada somente tem o Imax durante um pequeno instante de
tempo durante um ciclo.
A potência média dissipada num R com uma corrente AC é:

Pmed  I rms
2
R
219
No circuito RLC podemos exprimir a potência instantânea, P, como:

P (t) = i = Io.sen(wt – D).Vo.sen (wt)


1
= Io.Vo.sen(wt).sen(wt – D)

Interessa, em geral: a potência média em um ou mais ciclos 

sen(wt - D) = sen(wt).cos(D) – sen(D).cos(wt)  1

P = Io.Vo.sen2(wt).cos(D) – Io.Vo.sen(wt).cos(wt).sen(D)

Toma-se a média de P sobre o tempo durante um ou mais ciclos (Im, Vm, D


e w constantes).
• Média de sen2(wt).cos(D)  ½ cos(D)

• Média de sen(wt).cos(wt).sen(D) 0
½.sen(2.wt)
220
 A potência média ou Pmed = ½ Io.Vo.cos D
potência activa eficaz:
= Irms.Vrms.cos D

VL-VC VM
factor de potência

D  A queda máxima de voltagem na


VR
resistência é: VR = Vm.cos D = Im.R 

cos D = Im R/Vm
 Vo  I o R Io R
Pméd  I rmsVrms cos D  I rms    I rms
 2  Vo 2

Pméd  I rms
2
R

221
! A potência média proporcionada pelo gerador é dissipada como calor na R.
(como em DC)
! Não há perda de potência num indutor ideal ou num condensador ideal.
• (Ex.: o C é carregado e descarregado duas vezes durante cada ciclo  há
fornecimento de carga ao C durante dois quartos do ciclo, e há o retorno
da carga à fonte de voltagem, durante os outros dois quartos.  A
potência média proporcionada pela fonte é nula, um C num circuito de AC
não dissipa energia.)
• (Analogamente para o indutor)
A potência que se transmite entre a fonte e o circuito que não é dissipada:
Potência reactiva: Preact = Irms.Vrms.sen(D)

222
Pméd = Pact = Irms.Vrms.cos D

Puramente resistivo  D = 0, cos D = 1

 Pmax = Irms.Vrms Potência máxima


(máx. amplitude)

P = v.i
Pmed = Irms.Vrms.cos D

} Potência
média Pméd  I 2
rms R

t
v
i

Preact = Irms.Vrms.sen(D)
223
5.5. Um dimmer típico, como os que são usados para regular a luminosidade
das lâmpadas do palco nos teatros, é composto por um indutor variável L (cuja
indutância pode ser ajustada entre zero e Lmáx) ligado em série com uma
lâmpada B. O circuito é alimentado com uma tensão de 120 V rms, 60 Hz; a
lâmpada é de 120 V, 1000 W.
(a) Qual deve ser o valor de Lmáx para que a potência dissipada na lâmpada
possa variar entre 200 e 1000 W? Suponha que a resistência da lâmpada é
independente da temperatura.
(b) É possível usar um resistor variável (ajustável entre zero e Rmáx) em vez
de um indutor?
(c) Nesse caso, qual deve ser o valor de Rmáx?
(d) Por que não se usa esse método?

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Fundamentos de Física para Tecnologias da Informação- MIEGSI
- Problemas 08.11.2021

5.6. a) Em que frequências um condensador de 22 F tem reactância abaixo de 175 ?


b) Nesta faixa de frequências, qual seria a reactância de um condensador de 44 F?

5.7. A voltagem rms de uma fonte AC é de 200 V e a frequência é de 100 hz. Qual a equação da voltagem v=f(t)?

5.8. (a) Qual a resistência elétrica de uma lâmpada de 75 W, ao ser ligado a uma fonte de tensão AC de 170 V e 60 hz?

1
5.9. A fig. mostra 3 lâmpadas ligadas a uma fonte AC (120 2
V rms). As lamãdas 1 e 2 são de 150 W, a lâmpada 3 de 100 3
W. Qual a corrente rms em cada lãmpada?
vo , w
5.10 Num circuito com elementos R, L, C em série de corrente alternada, quando a corrente
e a tensão estão em fase, então:
a) a impedância do circuito é independente do facto das
corrente e tensão estarem em fase
b) a frequência da corrente é em ressonância
c) a impedância do circuito é mínima
d) esta condição é sempre verificada para qualquer frequência.

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5.11. Qual a corrente máxima Io num condensador de C = 2.20F ligado a fonte de tensão de uma casa nos EUA (Vrms =
120 V, f = 60.0 Hz) ?
(b) Qual a corrente máxima Io num condensador de C = 2.20F ligado a fonte de tensão de uma casa no Europa (Vrms =
220 V, f = 50.0 Hz) ?

5.12 Qual a corrente num circuito RC com R = 50  , C= 3.70 F e uma fonte AC (Vo = 48.0 V and f = 90.0 Hz)?

5.13 Das seguintes afirmações seleccione a(s) verdadeira(s):


a) A constante de tempo num circuito RC é o tempo necessário para a descarga completa do condensador.
b) Um amperímetro de corrente alternada indica o valor máximo da corrente que circula no circuito.
c) A corrente alternada não dissipa potência numa resistência pois a corrente é metade do tempo positiva e
outra metade negativa.
d) A tensão AC aplicada a um circuito está sempre em fase com a corrente que passa na resistência
do circuito.
e) O ângulo de fase entre V e I num circuito AC só pode variar entre -90º e +90º.

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