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Telecomunicações - Rádio

Manutenção de Sistemas
de Alta Tensão

CPTM 1
Manutenção de Sistemas de Alta Tensão

Via Permanente

2 CPTM
Manutenção de Sistemas de Alta Tensão

Manutenção de Sistemas de Alta Tensão

© CPTM\SENAI-SP, 2018

1ª Edição

Elaboração Robinson Tomageski Morales

Revisão Ana Célia Calvo Mardegan


Equipe CFP “Eng.º James C. Stewart” -1.41

CPTM Companhia Paulista de Trens Metropolitanos


Centro de Formação Profissional – “Engº James C. Stewart” - 1.41
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4 CPTM
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Sumário
1 UM POUCO DE HISTÓRIA ..................................................................................................................... 7
1.1 Energia elétrica ....................................................................................................................................... 7

2 CONVERSÃO DE ENERGIA ................................................................................................................. 11


2.1 Gerador Elétrico Elementar ................................................................................................................. 12
2.1.1 Princípio de funcionamento .................................................................................................................... 12
2.1.2 Descrição do funcionamento .................................................................................................................. 13
2.1.3 Classificação dos geradores quanto ao tipo de corrente produzida ...................................................... 14

3 ENSAIOS ELETROMECÂNICOS.......................................................................................................... 17

4 ALTERNADORES.................................................................................................................................. 19
4.1 Classificação quanto à potência ......................................................................................................... 19
4.1.1 Alternador de Pequena Potência ........................................................................................................... 19
4.1.2 Alternador de Grande Potência .............................................................................................................. 20
4.1.3 Alternadores Trifásicos ........................................................................................................................... 20
4.2 A famosa raíz de três ........................................................................................................................... 22
4.2.1 Tensão de Fase e Tensão de Linha:...................................................................................................... 22

5 TRANSFORMADOR TRIFÁSICO ......................................................................................................... 27


5.1 Definição ............................................................................................................................................... 27
5.2 Partes Principais .................................................................................................................................. 27
5.3 Funcionamento básico ........................................................................................................................ 27
5.4 Principais perdas de um Trafo ............................................................................................................ 28
5.4.1 Histerese ................................................................................................................................................ 29
5.4.2 Correntes parasitas ou de Foucault ....................................................................................................... 30

6 SISTEMA DE POTÊNCIA ...................................................................................................................... 31


6.1 Geração de Energia Elétrica ................................................................................................................ 31
6.2 Subestações ......................................................................................................................................... 31
6.3 Linha de Transmissão (LT).................................................................................................................. 32
6.3.1 Linha de Subtransmissão (LST) ............................................................................................................. 33
6.4 Aterramento .......................................................................................................................................... 40
6.4.1 Procedimentos para a execução do aterramento temporário ................................................................ 43
6.4.2 Procedimentos para o aterramento da linha: ......................................................................................... 44
6.5 Perdas no sistema de transmissão .................................................................................................... 46
6.5.1 INDICADORES DE PERDAS ................................................................................................................. 48

7 SISTEMA ELÉTRICO-FERROVIÁRIO .................................................................................................. 51


7.1 Subestação ........................................................................................................................................... 51
7.1.1 Classificação das subestações .............................................................................................................. 52
7.1.2 Cabine de Seccionamento e Paralelismo .............................................................................................. 64
7.1.3 Manobras em subestações .................................................................................................................... 65
7.1.4 Características dos equipamentos das subestações ............................................................................. 68
7.2 Seccionador .......................................................................................................................................... 83
7.3 Disjuntor ................................................................................................................................................ 85
7.3.1 Tipos de disjuntores quanto aos meios de extinção do arco voltaico .................................................... 86

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7.4 Retificador ............................................................................................................................................. 93


7.5 Filtro de Harmônicas ............................................................................................................................ 96
7.6 Para-raios .............................................................................................................................................. 99
7.7 Contador de descargas atmosféricas .............................................................................................. 101
7.8 Relê ...................................................................................................................................................... 102
7.9 Sistemas auxiliares ............................................................................................................................ 106
7.9.1 SACA .................................................................................................................................................... 106
7.9.2 SACC .................................................................................................................................................... 106

8 MANUTENÇÃO DE SUBESTAÇÕES E CABINES PRIMÁRIAS ....................................................... 109


8.1 Equipamentos e instrumentos necessários para a manutenção .................................................. 111
8.2 Manutenção das linhas de distribuição de energia ........................................................................ 112

9 CIRCUITO DE REDE AÉREA DE TRAÇÃO (REDE AÉREA) ............................................................ 113


9.1 Descrição e aplicação ........................................................................................................................ 114
9.1.1 Sustentação Mecânica ......................................................................................................................... 114
9.1.2 Isolador ................................................................................................................................................. 114
9.1.3 Catenária .............................................................................................................................................. 116
9.2 Sistema de distribuição ..................................................................................................................... 119
9.2.1 Seccionamento ..................................................................................................................................... 119
9.3 Manutenção da rede aérea ................................................................................................................ 120
9.3.1 Poligonação ou zigue-zague ................................................................................................................ 120
9.3.3 Fio de Contato ...................................................................................................................................... 122
9.3.4 Cabo mensageiro ................................................................................................................................. 123
9.4 Peças e acessórios de Rede Aérea .................................................................................................. 127
9.4.1 Garras Paralelas e Garras Simples ...................................................................................................... 128
9.4.2 Suspensórios ........................................................................................................................................ 128
9.4.3 Estabilizadores de Linha ...................................................................................................................... 128
9.4.4 Isoladores ............................................................................................................................................. 128
9.4.5 Ferragens de suporte ........................................................................................................................... 129
9.4.6 Postes de Concreto .............................................................................................................................. 129
9.4.7 Chaves de faca..................................................................................................................................... 129
9.4.8 Cabos alimentadores ........................................................................................................................... 130

10 TRABALHO EM ALTA TENSÃO ........................................................................................................ 131


10.1 Programas de interrupções ............................................................................................................... 131
10.2 Operação programada ....................................................................................................................... 131
10.3 Operação de emergência ................................................................................................................... 132

REFERÊNCIAS .............................................................................................................................................. 133

ANEXO A ....................................................................................................................................................... 135

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1 Um pouco de história

1.1 Energia elétrica

É um tipo especial de energia, por meio da qual podemos produzir os mais variados tipos
de trabalho: mecânico, calórico, sonoro, luminoso, radiação e outros. Ela é a mais versátil e nobre
de todas as formas de energia; sendo então muito importante seu enfoque integrado no contexto do
Desenvolvimento Sustentável, na busca da utilização harmônica e adequada dos recursos naturais,
visualizando a maior eficiência da cadeia entre si, desde a geração (produção) até a utilização (usos
finais), passando pela Transmissão, Subtransmissão, Distribuição e a sua interação equilibrada
(sustentável) com o meio ambiente.
Muito da tecnologia, hoje em uso, deve-se a grandes pioneiros eempreendedores da
eletricidade. Seus nomes e feitos são aquiregistrados como tributo de reconhecimento pela grande
constribuição.

James Watt - 1736 – 1819 (Escocês)

• Mecânico, concebeu o princípio da máquina a vapor, que possibilitou a


• revolução industrial.
• A unidade de potência útil foi dada em sua homenagem (watt).

Alessandro Volta - 1745 - 1827 (Italiano)

• Em 1800 anunciou a invenção da bateria.


• A unidade de força eletromotriz foi criada em sua homenagem (volt).

André Marie Ampère - 1775 - 1836 (Francês)

• Iniciou pesquisa em 1820 sobre campos elétricos e magnéticos a partir do


anunciado de Oersted (Oe – intensidade de campo magnético).
• Descobriu que as correntes agiam sobre outras correntes.
• Elaborou completa teoria experimental e matemática lançando as bases do
eletromagnetismo.
• A unidade de corrente elétrica foi escolhida em sua homenagem (ampère).

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Georg Simon Ohm - 1789-1854 (Alemão)


• Em 1827 enunciou a lei de Ohm.
• Seu trabalho só foi reconhecido pelo mundo científico em 1927.
• As unidades de resistência, reatância e impedância elétrica foram
escolhidas em sua homenagem (ohm).

Michael Faraday - 1791-1867 (Inglês)


• Físico e químico, em 1831 descobriu a indução eletromagnética.
• Constatou que o movimento de um imã através de uma bobina de fio de
cobre causava fluxo de corrente no condutor.
• Estabeleceu o princípio do motor elétrico.
• Considerado um dos maiores experimentalistas de todos os tempos.
• A unidade de capacitância é em sua homenagem (F).

Joseph Henry - 1797-1878 (Americano)


• Descobriu a indutância de uma bobina.
• Em sua homenagem seu nome foi dado à unidade de indutância (henry).

Gustav Robert Kirchhoff - 1824–1887 (Alemão)

• Em 1847 anunciou as leis de Kirchhoff para correntes e tensões.

Thomas Alva Edison 1847-1931 (Americano)


• Em 1879 inventou a lâmpada elétrica.
• Patenteou 1100 invenções: cinema, gerador elétrico, máquina de
escrever, etc.
• Criou a Edison General Electric Company.
• Foi sócio da ‘General Electric Company’.
• Instalou em 1882 a primeira usina de geração de energia elétrica do
mundo com fins comerciais, na área de Wall Street, Distrito Financeiro
da cidade de New York. A Central gerava em corrente contínua, com
seis unidades geradoras com potência total de 700 kW, para alimentar
7200 lâmpadas em 110 V. O primeiro projeto de êxito de central elétrica
havia sido instalado no mesmo ano em Londres, com capacidade
degeração para 1000 lâmpadas.

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William Stanley - 1858-1968 (Americano)

• Em 1885/6 desenvolveu comercialmente o transformador.

Nikola Tesla - 1856-1943 (Croata-Americano)


• Em 1888 inventou os motores de indução e síncrono.
• Inventor do sistema polifásico.
• Responsável pela definição de 60 Hz como freqüência padrão nos EUA.
• A unidade para densidade de fluxo magnético é em sua homenagem (T).

George Westinghouse - 1846-1914 (Americano)


• Inventor do disjuntor a ar.
• Comprou a patente do recém inventado transformador dos ingleses
Lucien Gaulard e John D. Gibbs.
• Comprou a patente do motor elétrico de Tesla.
• Em 1886 organizou a Westinghouse Electric Company.
• Venceu a batalha das correntes contra Edison.

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2 Conversão de energia

A energia elétrica ou eletricidade é urna fonte intermediária entre a fonte primária e a sua
aplicação final. Para que tal processo ocorra é necessário realizar uma série de transformações e
conversões de energia.

Fonte Primária Sistema de


Energia Elétrica
de Energia Conversão

Esquema básico da energia e suas fases

Para que uma fonte de energia primária seja transformada em outra forma de energia é
necessário que ocorra uma conversão, essa conversão da forma de energia é realizada por meio
de dispositivos ou mecanismos desenvolvidos engenhosamente pelo homem. Há alguns anos o
homem vem aprimorando e desenvolvendo essas técnicas de conversão de energia.
A conversão eletromagnética de energia, como a entendemos hoje, relaciona as forças
elétricas e magnéticas do átomo com a força mecânica aplicada à matéria em movimento. Como
resultado dessa relação, a energia mecânica pode ser convertida em energia elétrica, e vice-versa,
por meio de máquinas elétricas, ou seja, a energia mecânica é transformada em energia elétrica por
meio de um gerador e a energia elétrica poderá ser convertida em mecânica por meio de um motor
elétrico.
Todos os sistemas de conversão de energia,
denominados de Sistema de Geração de Eletricidade ou
Centrais Geradoras de Energia Elétrica (hidrelêtrica,
termelétrica, eólica etc), utilizam o gerador como equipamento
de conversão.

Gerador

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2.1 Gerador Elétrico Elementar

Para entender como a energia mecânica é transformada em energia elétrica por meio de
uma máquina conversora de energia é necessário estudar e entender o funcionamento de uma
máquina elétrica clássica denominada de Gerador Elementar.

2.1.1 Princípio de funcionamento

O princípio da indução eletromagnética utiliza o movimento entre o ímã e um condutor ou


entre o condutor e um ímã.
Todas as vezes que um condutor elétrico está sujeito a uma variação de campo magnético,
produz-se nesse condutor, uma corrente elétrica.
É sempre o condutor que produz eletricidade ao cortar as linhas de campo do ímã,
entretanto, para a produção contínua da eletricidade, é necessário manter um movimento contínuo
e uniforme do condutor, em relação ao ímã.

Variação do condutor em um campo

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Um meio mais prático é o de imprimir ao condutor um movimento circular dentro do campo


magnético do ímã.

Variação Circular dentro de um campo magnético

2.1.2 Descrição do funcionamento

Tendo-se uma bobina girando num campo magnético, as variações de fluxo do polo Norte
e do polo Sul sucedem-se na rotação.
Isso faz com que seja gerada na bobina uma força eletromotriz (F.E.M.) alternada senoidal.

Esquema simples de um gerador

O sentido da corrente no condutor varia ao variar a polaridade magnética indutora. Pode-


se construir dessa forma um alternador elementar.

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2.1.3 Classificação dos geradores quanto ao tipo de corrente produzida

GERADOR CA = ALTERNADOR

GERADOR CC = DÍNAMO

2.1.3.1 CARACTERÍSTICAS ELÉTRICAS

Ambos possuem as mesmas características de funcionamento, a diferença para


que seja possível o alternador gerar em corrente alternada e o dínamo gerar em corrente
contínua, está na disposição mecânica do conjunto comutador (coletores / escovas).
No alternador, existe um anel coletor em contato permanente para cada escova. Já no
dínamo, existe apenas um anel coletor bipartido, onde o contato com as escovas é feito em
alternâncias, conforme o movimento do eixo do gerador.

Indutor - É a classificação elétrica das bobinas que produzem o campo magnético necessário à
criação do fenômeno da indução magnética.

Induzido - É a classificação elétrica das bobinas que sofrem a ação do campo magnético do indutor
e que produzem a energia elétrica.

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2.1.3.2 CARACTERÍSTICAS CONSTRUTIVAS

Rotor - É a parte móvel (enrolamentos ou bobinas) do alternador.

Estator - É a parte estática (enrolamentos ou bobinas) do alternador.

Excitatriz - É a fonte de alimentação, em CC, aplicada no indutor, para a produção do campo


magnético. Essa corrente pode proceder de um conjunto de baterias, de um retificador etc.

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3 Ensaios Eletromecânicos

1. Resistência Ôhmica dos Enrolamentos

A resistência ôhmica dos enrolamentos se refere ao valor da resistência do condutor elétrico


(fio de cobre esmaltado). Nesse teste é possível verificar se o fio tem continuidade e comparar a
resistência ôhmica dos enrolamentos, permitindo identificar possíveis desequilíbrios realizados pelo
gerador na produção de energia elétrica.
Antes de executar esse procedimento, verificar se todas as pontas dos fios estão abertas,
ou seja, desconectadas. Para isso, utilizamos o ohmímetro.

2. Teste de resistência de isolação

Com esse ensaio, conseguimos avaliar a isolação entre os enrolamentos e entre os


enrolamentos e a carcaça, identificando possíveis fugas de correntes. O aparelho utilizado é o
megômetro.

3. Verificação das escovas e anéis coletores

Esse procedimento consiste, primeiramente, em verificar visualmente as condições físicas


desses componentes, identificando assim, se as escovas e os anéis coletores estão desgastados.

4. Verificação dos componentes mecânicos

Aqui é feita uma inspeção visual da carcaça do gerador se não há trincas ou se não há
nada que impeça a movimentação do rotor. Nesse momento é verificado as condições dos
rolamentos.

5. Medição da tensão de saída

Sendo um gerador trifásico, a medição das três fases deve ser feita e verificado se estão
balanceadas.

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4 Alternadores

São geradores que produzem corrente alternada. Essas máquinas são empregadas na
maioria das centrais de geração de energia elétrica.

4.1 Classificação quanto à potência

• Pequena Potência – tensão máxima produzida até 600V.


• Grande Potência – tensão produzida acima de 600V.

4.1.1 Alternador de Pequena Potência

Quando classificado “alternador de pequena potência”, a excitatriz é ligada ao estator e a


produção de energia elétrica é feita pelo rotor. Nesse caso, o estator é o indutor e o rotor é o induzido.
Nesse tipo de alternador, os polos magnéticos estão colocados na parte fixa da máquina
(estator), e para que esses polos sejam criados, os mesmos são alimentados por uma fonte de
corrente contínua, a qual é chamada de excitatriz.

Alternador de pequena potência

A força eletromotriz é retirada pelo processo de comutação de contatos deslizantes


(coletor/escovas).
A produção de energia elétrica, nesse tipo de alternador, está limitada a 600V, visto que os
comutadores(coletores escovas) seriam danificados pelos faiscamentos produzidos.

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4.1.2 Alternador de Grande Potência

Quando classificado “alternador de grande potência”, a excitatriz é ligada ao rotor e a


produção de energia elétrica é feita pelo estator. Nesse caso, o rotor é o indutor e o estator é o
induzido. Nesse tipo de alternador, os polos magnéticos estão colocados na parte móvel da máquina
(rotor), e para que esses polos sejam criados, os mesmos são alimentados por uma fonte de corrente
contínua, a qual é chamada de excitatriz.

Alternador de grande potência

Observação: a tensão de uma excitatriz é de aproximadamente 5% do valor da tensão gerada.

4.1.3 Alternadores Trifásicos

O alternador trifásico, como seu nome sugere, possui três enrolamentos monofásicos
dispostos de forma que as tensões induzidas fiquem defasadas de 120°. Um diagrama esquemático
de um estator trifásico, mostrando todas as bobinas, fica muito complicado, tornando-se difícil ver o
que realmente
acontece. O diagrama esquemático simplificado mostrado na Fig. (a) mostra todas as
bobinas de uma fase concentradas numa só. Nas Figuras (b) e (c), temos a representação de um
alternador trifásico com os enrolamentos do estator ligados em estrela e em triângulo,
respectivamente. Não se representa o rotor para maior simplicidade.

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(A) (B) (C)

(a) Enrolamento 3φ da armadura


(b) Ligação em estrela ou Υ.
(c) Ligação em triângulo ou Δ.

As formas de ondas das tensões geradas em cada fase e defasadas de 120° elétricos no
tempo, estão representadas na figura abaixo.

CPTM 21
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4.2 A famosa raiz de três

Uma das grandes dúvidas dos estudantes de Elétrica é o conceito de Tensão de Fase e de
Tensão de Linha e como deve ser aplicada nos cálculos de sistemas trifásicos.
Este artigo tem por finalidade esclarecer um pouco este tema que causa tanta dúvida e é
de fundamental importância para todos os profissionais e estudantes que trabalham com a parte de
energia e sistemas de potência.

4.2.1 Tensão de Fase e Tensão de Linha:

Em resumo temos o seguinte conceito,

• Tensão de Fase: Tensão medida entre uma ponta de uma bobina e o neutro (conexão
comum entre uma das pontas de cada bobina) do gerador ou do trafo.
• Tensão de Linha: Tensão medida entre as pontas de duas bobinas do gerador ou do trafo,
com exceção do terminal de neutro (N).

Aplicando este conceito para as ligações Estrela(Y) e Triângulo(∆), teremos as seguintes


configurações.

22 CPTM
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Como vimos no artigo anterior, num gerador, as fases estão defasadas em 120o, conforme
o desenho abaixo do plano cartesiano com os vetores de tensão de cada fase.

Adotando-se os valores para as tensões:

VR (tensão de fase R)= 0V


VS (tensão de fase S)= 127V
VT (tensão de fase T)= 127V
VST (tensão de linha ST)
β (ângulo entre VS e VT)

Teremos assim, pela lei dos cossenos:

“O quadrado da tensão VST, é igual a soma dos quadrados das tensões VS e VT,
menos duas vezes o produto das tensões Vs e VT, multiplicado pelo cosseno do
ângulo formado por VS e VT”.

Ou seja:

VST² = VS²+VT²-(2*VS*VT*COSβ)
Substituindo-se os valores na expressão acima, a tensão de linha VST será:

VST2 = 127² + 1272 – (2 * 127 * 127 * cos120)


VST2 = 127² + 1272 – (2 * 127 * 127 * (-1/2)
VST2 = 1272 + 1272 – (-1 * 127 * 127)
VST2 = 1272 + 1272 + (127 * 127)
VST2 = 1272 + 1272 + 1272
VST = √3 * 1272
VST = √3 * √1272

VST = 127*√3
Como VST é a tensão de linha e127V é a tensão de fase, concluímos que:
“A tensão de linha, num sistema trifásico, será sempre a tensão de fase multiplicada pela raíz
de três”.

Vlinha = Vfase*√3

CPTM 23
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Ou a tensão de fase:

𝑉𝑙𝑖𝑛ℎ𝑎
𝑉𝑓𝑎𝑠𝑒 =
√3

São conceitos fisicamente diferentes, definidos como:

Fator de potência: é indicado usualmente pela expressão e representa o ângulo de


defasagem da tensão em relação à corrente, além de representar a relação entre a potência real P
(ativa, efetivamente transformada em trabalho) e a potência aparente S. A potência aparente é a
soma vetorial da potência ativa e da potência reativa Q, potência esta que não realiza trabalho e é
transferida e armazenada nos elementos passivos (capacitores e indutores) do circuito.

𝑃 1000. 𝑃(𝑘𝑊)
𝑐𝑜𝑠𝜑 =
𝑆 √3. 𝑈. 𝐼

Rendimento: também conhecido pelo símbolo η, representa a relação entre a potência real ou útil
Pu (efetivamente transferida para a ponta do eixo) e a potência total absorvida da rede Pa, ambas
são potências ativas. Matematicamente é:

𝑃𝑢(𝑊) 1000. 𝑃(𝑘𝑊)


η% = =
𝑃𝑎(𝑊) √3. 𝑈. 𝐼. 𝑐𝑜𝑠𝜑

736. 𝑃(𝑐𝑣)
η% = . 100%
√3. 𝑈. 𝐼. 𝑐𝑜𝑠𝜑

24 CPTM
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Exercícios

1) Nas figuras abaixo, temos duas linhas de distribuição de energia elétrica alimentadas por
transformadores, sendo um com ligação estrela e o outro com ligação triângulo. Em cada uma
das linhas foram colocados alguns voltímetros, observe também que só um dos voltímetros, em
cada linha de distribuição, está registrando o valor da tensão. Sendo assim, calcule os demais
valores que serão registrados pelos demais voltímetros.

V1= _________V V2= _________V V3= _________V

V4= _________V V5= _________V V6= _________V

V1= _________V V2= _________V V3= _________V

V4= _________V V5= _________V V6= _________V

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26 CPTM
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5 Transformador trifásico

5.1 Definição

De forma geral, transformador ou Trafo, é uma máquina elétrica estática, capaz de modificar
os níveis de tensão e corrente, por meio do efeito da indução magnética.

5.2 Partes Principais

Basicamente são três partes:


• enrolamento primário
• enrolamento secundário
• núcleo de ferro magnético

Circuito básico de um transformador

5.3 Funcionamento básico

Os enrolamentos primário e secundário, são enrolados em formas próprias e dispostos em


um núcleo de ferromagnético.
O enrolamento primário ao ser alimentado com energia elétrica em corrente alternada,
produz um campo magnético, que é conduzido pelo núcleo de ferromagnético até o enrolamento
secundário. A variação da corrente alternada produz um campo magnético, também variável. Esse
campo variável ao ser conduzido pelo núcleo, até o enrolamento secundário, por meio do efeito da
indução magnética, desloca os elétrons do fio que compõe esse enrolamento(secundário), gerando
a tensão elétrica. Essa tensão gerada será proporcional em função da relação de espiras entre os
enrolamentos primário e secundário.

CPTM 27
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Transformador Trifásico Transformador Trifásico fora do tanque

O transformador pode ser:

Elevador de tensão: quando o nível de tensão do secundário for maior que o nível de tensão do
primário. Neste caso, o número de espiras do enrolamento secundário é maior que o enrolamento
do primário.

Abaixador de tensão: quando o nível de tensão do secundário for menor que o nível de tensão do
primário. Neste caso, o número de espiras do enrolamento secundário é menor que o enrolamento
do primário.

OBS: Quando os dois enrolamentos possuírem o mesmo número de espiras, o transformador terá
no secundário a mesma tensão do primário. Este tipo de Trafo é denominado isolador de tensão.

5.4 Principais perdas de um Trafo

As maiores perdas de um Trafo estão no núcleo e nos enrolamentos


No núcleo são duas:
• Histerese
• Corrente parasitas ou correntes de Foucault

28 CPTM
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5.4.1 Histerese

Quando o ferro do núcleo não está magnetizado, seus domínios magnéticos (ímãs
moleculares) estão dispostos de maneira desordenada e aleatória. Porém, ao aplicar uma força
magnetizante, os domínios se alinham com o campo aplicado. Se invertemos o sentido do campo,
os domínios também inverterão sua orientação.
Num transformador, o campo magnético muda de sentido muitas vezes por segundo, de
acordo com o sinal alternado aplicado. E o mesmo ocorre com os domínios do material do núcleo.
Ao inverter sua orientação, os domínios precisam superar o atrito e a inércia. Ao fazer isso, dissipam
uma certa quantidade de potência na forma de calor, que é chamada de perda por histerese.
Em determinados materiais, a perda por histerese é muito grande. O ferro doce é um
exemplo. Já no aço, esse tipo de perda é menor. Por isso, alguns transformadores de grande
potência utilizam um tipo de liga especial de ferro-silício, que apresenta uma perda por histerese
reduzida. Esse tipo de problema também aumenta junto com a frequência do sinal. Um
transformador que apresenta baixa perda nas frequências menores, pode ter uma grande perda por
histerese ao ser usado com sinais de frequências mais altas.
A histerese produz-se devido ao gasto de energia para inverter os dipolos durante uma
mudança de campo magnético. Cada molécula de uma substância é um pequeno ímã.
Num material desmagnetizado esses ímãs estão desorganizados anulando os efeitos
magnéticos.

A- BARRA DESMAGNETIZADA

Num material magnetizado esses ímãs estão organizados de modo que seus campos
magnéticos estão alinhados e numa mesma direção

B – BARRA MAGNETIZADA

CPTM 29
Manutenção de Sistemas de Alta Tensão

5.4.2 Correntes parasitas ou de Foucault

As correntes de Foucault são correntes fechadas, induzidas na massa de um metal em um


campo magnético e, quando uma lâmina condutora entra em um campo, há uma variação de fluxo
que provoca uma força eletromotriz. Essa força eletromotriz é induzida na lâmina que, por sua vez,
permite o movimento dos elétrons livres do metal em circuitos fechados de correntes.
A corrente de Foucault pode produzir resultados como a dissipação de energia por efeito
Joule, causando um grande aumento de temperatura. O aumento da temperatura permite, por
exemplo, que tais correntes sejam utilizadas como aquecedores em um forno de indução.
No entanto, em alguns casos (como nos circuitos eletrônicos), a dissipação por efeito Joule
é um resultado bastante indesejável, porque pode danificar os seus componentes. Para diminuir ou
evitar a dissipação por efeito Joule, utiliza-se frequentemente os materiais laminados ou construídos
por pequenas placas isoladas entre si.
Também conhecido como efeito capilaridade ou skin effect, o efeito peculiar em
condutores é uma manifestação particular de corrente de Foucault. Neste caso particular, a corrente
elétrica tende a fluir na periferia de um condutor retilíneo e longo.

30 CPTM
Manutenção de Sistemas de Alta Tensão

6 Sistema de Potência

6.1 Geração de Energia Elétrica

Na geração de energia elétrica é produzida uma tensão alternada, a qual é expressa por
uma onda senoidal, com frequência fixa e amplitude que varia, conforme a modalidade do
atendimento, em alta, média e baixa tensão e conforme a necessidade de consumo. Isso significa
que a energia elétrica passará por processos de adequações de tensão e de corrente.

6.2 Subestações

É uma instalação elétrica de alta potência. Contém equipamentos para a transmissão e


distribuição de energia elétrica, além de equipamentos de proteção e controle.
Funciona como ponto de controle e transferência em um sistema de transmissão de energia
elétrica, direcionando e controlando o fluxo energético, transformando os níveis de tensão e
funcionando como pontos de entrega para consumidores industriais.
Durante o percurso entre as usinas e as cidades, a eletricidade passa por diversas
subestações, em que aparelhos chamados transformadores aumentam ou diminuem a sua tensão.
Ao elevar a tensão elétrica no início da transmissão, os transformadores evitam a perda excessiva
de energia ao longo do percurso. Ao rebaixarem a tensão elétrica perto dos centros urbanos,
permitem a distribuição da energia por toda a cidade.
Apesar de mais baixa, a tensão utilizada nas redes de distribuição ainda não está adequada
para o consumo residencial imediato. Por isso, se faz necessária a instalação de transformadores
menores, instalados nos postes das ruas, para reduzir ainda mais a tensão que vai para as
residências, estabelecimentos comerciais e outros locais de consumo.
É importante lembrar que o fornecimento de energia elétrica no Brasil é feito por meio de
um grande e complexo sistema de subestações e linhas de transmissão, interligadas às várias
usinas de diversas empresas. Assim, uma cidade não recebe energia gerada por uma única usina,
mas por diversas usinas - hidrelétricas, termelétricas ou nucleares - que constituem o chamado
Sistema Interligado Nacional (SIN).

CPTM 31
Manutenção de Sistemas de Alta Tensão

As subestações podem ter características que as classificam como:


• Elevadoras: elevam o nível de tensão.
• Abaixadoras: rebaixam o nível de tensão.
• Retificadoras: transformam a corrente alternada (CA) em corrente contínua (CC).
• Conversoras: convertem a corrente contínua (CC) em corrente alternada (CA).

Os equipamentos que uma subestação possui serão abordados logo mais adiante.

Subestação de energia

6.3 Linha de Transmissão (LT)

A linha de transmissão liga as grandes usinas de geração às áreas de grande consumo.


Em geral, apenas poucos consumidores com um alto consumo de energia elétrica são conectados
a essas redes em que predomina a estrutura de linhas aéreas.
A segurança é um aspecto fundamental para as redes de transmissão.
Qualquer falta nesse nível pode levar a descontinuidade de suprimento para um grande
número de consumidores. A energia elétrica é permanentemente monitorada e gerenciada por um
centro de controle. O nível de tensão depende do país, mas, normalmente, o nível de tensão
estabelecido está entre 220 kV e 765 kV.
Basicamente, uma linha de transmissão é constituída por torres, postes, isoladores e cabos
condutores de eletricidade. A transmissão da energia elétrica pode ser feita em CA ou CC e em
vários níveis de tensão. Todo o arranjo (tipo de torre, nível de tensão, comprimento da linha, bitola
dos cabos condutores, configuração dos cabos) depende de estudos econômicos que indicarão a
melhor opção.

32 CPTM
Manutenção de Sistemas de Alta Tensão

Linhas de transmissão

6.3.1 Linha de Subtransmissão (LST)

A linha de subtransmissão recebe energia da rede de transmissão com objetivo de


transportar energia elétrica a pequenas cidades ou importantes consumidores industriais. O nível de
tensão está entre 35 kV e 160kV. É o caso da CPTM que recebe energia em 88kV ou 138kV.
Em geral, o arranjo das redes de subtransmissão é em anel para aumentar a segurança do
sistema. A estrutura dessas redes é, em geral, em linhas aéreas; por vezes cabos subterrâneos
próximos a centros urbanos fazem parte da rede. A permissão para novas linhas aéreas está cada
vez mais demorada devido ao grande número de estudos de impacto ambiental e oposição social.
Como resultado, é cada vez mais difícil e caro para as redes de subtransmissão alcançarem áreas
de alta densidade populacional. Os sistemas de proteção são do mesmo tipo daqueles usados para
as redes de transmissão e o controle é regional.
Da mesma forma que a LT, a linha de subtransmissão (LST) é constituída por torres, postes,
isoladores e cabos condutores de eletricidade. Embora a distância a ser percorrida seja bem menor
que a da LT, tem, também, por finalidade, levar essa tensão a um centro de distribuição primário,
mais próximo de consumidores.

CPTM 33
Manutenção de Sistemas de Alta Tensão

Linha de subtransmissão

Linha de Distribuição Primária (LDP) – Normalmente, a tensão padrão nesse ponto é


13,8kV. A tensão ainda percorrerá longos trechos urbanos. Contudo, as indústrias trabalham com
vários níveis de tensão, 220V, 380V e 440V. Sendo assim, a concessionária fornecerá os 13,8kV e
a própria indústria fará as adequações de tensões necessárias. Além disso, é necessário ter alguns
equipamentos que proporcionem: a segurança do sistema elétrico, a redistribuição das tensões e a
medição do consumo. Esse local físico que contém esses equipamentos é chamado de Cabine
Primária.

Entrada de energia

34 CPTM
Manutenção de Sistemas de Alta Tensão

Cabine Primária de Média Tensão (MT)

Linha de Distribuição Secundária (LDS) - inferior a 1kV, representa o nível final na


estrutura de um sistema de potência. Um grande número de consumidores do setor residencial é
atendido pelas redes em BT (baixa tensão). Tem por finalidade transportar a energia elétrica trazida
pela LDP para alimentar diretamente os consumidores finais residencial e industrial.

Classificação dos níveis de tensão

Menor ou igual a 1kV – Baixa Tensão (BT)


Acima de 1kV até 35kV - Média Tensão (MT)
Acima de 35kV até 230kV – Alta Tensão (AT)
Acima de 230kV até 765kV – Extra Alta Tensão (EAT)
Acima de 765kV – Ultra Alta Tensão (UAT)

CPTM 35
Manutenção de Sistemas de Alta Tensão

Padrão de instalação de distribuição primária/secundária

36 CPTM
Manutenção de Sistemas de Alta Tensão

A CPTM possui instalações atendidas por linhas de distribuição primária e distribuição


secundária, ao longo do trecho da via férrea para a alimentação, principalmente, do sistema de
sinalização, conforme figura anterior. Para isso são necessários alguns procedimentos para a
abertura e o fechamento dos seccionadores com proteção à fusível (Chave Matheus).
Qualquer manobra a ser executada em sistemas de potência deverá seguir os
procedimentos de operações e segurança adotados pela empresa para evitar acidentes de trabalho.

Regras gerais para manobras e trabalhos em sistemas de energia:


• nunca ir sozinho ao local, para executar algum trabalho ou operação de manobra;
• nunca executar algum trabalho ou operação de manobra sem ter consciência do que irá
fazer;
• tendo dúvidas, procure o chefe responsável pelos serviços para saná-las. É melhor não
executar os serviços, do que fazê-lo com dúvidas: seja responsável.
• seja observador com relação à segurança. Olhe sempre pela segurança e pela
segurança do seu companheiro, assim como o seu companheiro deve olhar pela
segurança dele e pela sua.

Nenhum seccionador deve ser aberto com carga, salvo alguns seccionadores fabricados para
essa finalidade.

Para a operação de abertura e fechamento dos seccionadores com fusíveis, somente poderá
ser executada se a demanda for conhecida e se não ultrapassar o limite de 75kVA (5A em
13,8kV e 2A em 34,5kV).

Procedimento geral para manobras de abertura e de fechamento de seccionadores com


fusíveis (Matheus).

Manobra de abertura do seccionador com fusível, conforme a sequência abaixo:

1- ter a ordem de serviço (OS);


2- ter autorização de acesso ao trecho;
3- ter autorização para a manobra de abertura do seccionador;
4- estar devidamente paramentado com os EPIs;
5- abrir e retirar os porta-fusíveis dos seccionadores.

CPTM 37
Manutenção de Sistemas de Alta Tensão

Manobra de fechamento do seccionador com fusível, conforme a sequência abaixo:

1- ter autorização para a manobra de fechamento do seccionador;


2- estar devidamente paramentado com os EPIs.;
3- recolocar os porta-fusíveis e fechar os seccionadores.

Seccionador com Fusível (Matheus)

Elo Fusível
Parte “sensora” integrante de um fusível, por onde circula a corrente elétrica, quando
instalado em um circuito elétrico. Tem a finalidade de se romper, quando o limite de corrente exceder
o valor ao qual foi dimensionado, abrindo dessa forma o circuito elétrico e impedindo que os
equipamentos danifiquem.

Elo Fusível

38 CPTM
Manutenção de Sistemas de Alta Tensão

Tipos de Elos Fusíveis


Os elos fusíveis são designados como tipos H, K e T, conforme indicado a seguir:

a) tipo H – elos fusíveis de alto surto, de ação lenta para correntes transitórias elevadas (a corrente
transitória de magnetização de transformador, por exemplo). Não admitem trabalhar com
correntes acima dos valores nominais. Geralmente, são usados para protegerem
transformadores de pequenas potências (até 75 kVA);
b) tipo K – elos fusíveis rápidos com relação de rapidez variando entre 6 (para elo fusível de corrente
nominal 6 A) e 8,1 (para elo fusível de corrente nominal 200 A);
c) tipo T – elos fusíveis lentos com relação de rapidez variando entre 10 (para elo fusível de corrente
nominal 6 A) e 13 (para elo fusível de corrente nominal 200 A).

Os termos “rápido” e “lento” são utilizados apenas para indicar a rapidez relativa entre os
elos fusíveis K e T.
Os elos fusíveis de distribuição dos tipos H, K e T devem ser previstos para serem
instalados em bases e porta-fusíveis conforme as respectivas padronizações e nas condições
normais de serviço de acordo com a NBR 7282.

INSTALAÇÃO
TENSÃO NOMINAL
CONSUMIDORA

POTÊNCIA TOTAL DE
TRANSFORMADORES 13,8 kV 23,0 kV
(KVA) CHAVES ELOS CHAVES ELOS
(A) (H, K, EF) (A) (H, K, EF)
ATÉ 15 50 1H 50 ---------------
ATÉ 30 50 2H 50 2H
ATÉ 45 50 3H 50 2H
ATÉ 50 50 3H 50 2H
ATÉ 75 50 5H 50 3H
ATÉ 100 100 6K 100 5H
ATÉ 112,5 100 6K 100 5H
ATÉ 150 100 8K 100 6K
ATÉ 225 100 10 K 100 6K
ATÉ 250 100 12 K 100 8K
ATÉ 300 100 15 K 100 10 K
ATÉ 400 100 20 K 100 12 K
ATÉ 500 100 25 k 100 15 k
ATÉ 600 100 30 k 100 20 k
ATÉ 750 200 30 EF 200 20 EF
ATÉ 1000 200 40 EF 200 25 EF
ATÉ 1500 200 65 EF 200 40 EF
ATÉ 2000 200 80 EF 200 50 EF
ATÉ 2500 200 100 EF 200 65 EF

CPTM 39
Manutenção de Sistemas de Alta Tensão

6.4 Aterramento

Visando a um maior grau de segurança para os trabalhadores, é necessário que sejam


colocados em prática vários procedimentos e meios de segurança no ambiente de trabalho. Um dos
principais é o aterramento temporário do circuito ou do sistema.
O aterramento é a ligação do equipamento e/ou das linhas condutoras de energia com a
terra, por meio de cabos condutores. Dessa forma, se a linha for energizada acidentalmente, durante
um processo de manutenção, será permitida a fuga de corrente para a terra, preservando a
integridade humana.

O aterramento deve ser feito antes e depois do ponto de intervenção do circuito, ou seja,
os trabalhadores deverão estar entre os pontos de aterramentos e, se houver derivações do circuito,
essas também deverão ser aterradas.

A energização indevida pode ser causada por:


• erros de manobra;
• contato acidental com outros circuitos energizados, situados ao longo do circuito;
• tensões induzidas por linhas adjacentes ou que cruzam a rede;
• queda de condutores elétricos de outros circuitos em cima da linha desenergizada;
• vandalismo;
• descargas atmosféricas.

Para cada classe ou tipo de tensão, existe um tipo de aterramento temporário.

O kit básico de aterramento temporário contém:


• vara ou bastão de manobra em material isolante, com cabeçotes de manobra;
• grampos condutores – para conexão do conjunto de aterramento com os condutores e
a terra;
• cabos de aterramento de cobre, extra flexível e isolado;
• trado ou haste de aterramento – para ligação do conjunto de aterramento com o solo.
Deve ser dimensionado para propiciar baixa resistência de terra e boa área de contato
com o solo. Hastes de 1,2m a 1,5m;
• bolsa para transporte.

Nas subestações, por ocasião da manutenção dos componentes, os componentes do


aterramento temporário são conectados à malha de aterramento fixa já existente. Todo o aparato
de aterramento temporário deve ser removido ao final dos serviços e antes da liberação para
energização do circuito.

40 CPTM
Manutenção de Sistemas de Alta Tensão

Kit básico de aterramento temporário

Aterramento de linha trifásica

CPTM 41
Manutenção de Sistemas de Alta Tensão

Distâncias dos aterramentos temporários em relação à área de execução da manutenção.

Aterramento da linha sem derivação

Aterramento da linha com derivações

42 CPTM
Manutenção de Sistemas de Alta Tensão

6.4.1 Procedimentos para a execução do aterramento temporário

Como já foi descrito anteriormente, antes de executar o aterramento na linha, tendo já sido
executada a manobra de desligamento da energia elétrica, é necessário, também, o uso do aparelho
de detecção de tensão, a fim de prevenir acidente por causa da energização indevida.

Aparelho detector de tensão

CPTM 43
Manutenção de Sistemas de Alta Tensão

Esses aparelhos detectam com total segurança a presença de tensão por aproximação em
instalações elétricas de corrente alternada com condutores sem blindagens, tais como linhas de
distribuição, subestações, cubículos etc.
Sua utilização é indispensável nos serviços de manutenção em instalações elétricas, para
permitir ao eletricista, certificar-se de que o local de trabalho está desenergizado, antes de instalar
o conjunto de aterramento temporário, garantindo, assim, a execução dos serviços com total
segurança.

6.4.2 Procedimentos para o aterramento da linha:

1- providenciar o desligamento do circuito;


2- estar devidamente paramentado com os EPIs;
3- verificar se não há tensão nas linhas(fases), utilizando o aparelho detector de tensão
acoplado ao bastão isolante;
4- conectar o grampo terra no ponto de aterramento;
5- conectar os grampos fase nas respectivas fases da linha, utilizando o bastão isolante e
observando se, com a aproximação, há a formação de arco voltaico. Em caso afirmativo,
paralisar a operação e checar a linha.

Procedimentos para a retirada do aterramento da linha:

1- estar devidamente paramentado com os EPIs;


2- retirar os grampos fase das respectivas fases, utilizando o bastão isolante;
3- desconectar o grampo terra do ponto de aterramento;
4- providenciar o restabelecimento da energia.

Antes de iniciar essa operação, verificar se todo material utilizado na manutenção foi
recolhido (instrumentos de medida, ferramentas, panos, cordas etc.). Verificar se todos os
envolvidos foram evacuados da área de manutenção e alertados sobre o início da manobra de
retirada dos aterramentos para iniciar o restabelecimento da energia.

44 CPTM
Manutenção de Sistemas de Alta Tensão

Visão geral do sistema de Potência

CPTM 45
Manutenção de Sistemas de Alta Tensão

Tensões Nominais Padronizadas no Brasil


Os níveis de tensões praticados no Brasil são: 765 kV, 525 kV, 500 kV,
440 kV, 345 kV, 300 kV, 230 kV, 160 kV, 138 kV, 132 kV, 115 kV, 88 kV,
69 kV, 34,5 kV, 23 kV, 13,8 kV, 440 V, 380 V, 230V, 220 V, 127V, 110 V.

6.5 Perdas no sistema de transmissão

As principais perdas no sistema de transmissão de energia elétrica são:

• perdas na isolação – os detritos em suspensão na atmosfera e as intempéries contribuem para


que os isoladores que suportam o condutor elétrico fiquem impregnados por uma camada que se
torna condutiva, fazendo com que surja uma corrente de fuga pelo isolador, passando para a
estrutura de sustentação em direção a terra;

Isoladores impregnados de sujeira

Isoladores limpos

46 CPTM
Manutenção de Sistemas de Alta Tensão

• perdas ôhmicas – são as perdas decorrentes da resistência do condutor elétrico. Essa


resistência é diretamente proporcional ao comprimento do condutor.
• efeito corona – são as perdas decorrentes da ionização do ar em torno do fio condutor. O campo
magnético, gerado pela circulação de corrente no fio condutor, faz com que alguns elétrons do ar
que estão em volta desse fio se desloquem, gerando uma corrente de fuga. Como o ar não é um
bom condutor elétrico, esse deslocamento de elétrons é “forçado”, o resultado é a emissão de luz
e um zumbido característico “z z z z z”.

O efeito corona normalmente


aparece nas superfícies dos condutores das
linhas de transmissão de energia elétrica em
consequência dos níveis de tensão de
operação e das condições climáticas onde
estão construídas.
Esse efeito ocorre devido às
partículas de ar, de poeira e à alta umidade
(vapor d’água) encontrada em torno dos
condutores que, quando submetidos a um
campo elétrico muito elevado e intenso,
Efeito corona
tornam-se ionizados e, como consequência,
emitem luz.
É bom ressaltarmos que os efeitos corona provocam perdas de eletricidade que podem
variar de alguns quilowatts até algumas centenas de quilowatts por quilômetros, principalmente
quando as linhas de transmissão ficam sob condições adversas de chuva ou garoa.
Além dessas perdas, o sistema de transmissão possui ao longo do trecho subestações,
onde existem equipamentos que produzem perdas que também são consideradas para efeito de
cálculo.
Vale salientar que as perdas em um sistema de energia são calculadas conforme
parâmetros e metodologias adotadas pela ANEEL (Agência Nacional de Energia Elétrica) conforme
abaixo:

1- estabelecer a metodologia e os procedimentos para obtenção dos dados necessários para


apuração das perdas dos sistemas de distribuição de energia elétrica;
2- definir indicadores para avaliação das perdas nos segmentos de distribuição de energia elétrica;
3- estabelecer a metodologia e os procedimentos para apuração das perdas dos sistemas de
distribuição de energia elétrica.

CPTM 47
Manutenção de Sistemas de Alta Tensão

Premissas para o cálculo das perdas:

1- é adotado o valor de referência de 0,92 para o fator de potência utilizado nos cálculos das perdas
nos segmentos:
2- as cargas são consideradas distribuídas de forma equilibrada nas fases das redes do Sistema de
Distribuição em Média Tensão (SDMT).
3- são consideradas perdas adicionais de 15% sobre o montante de perdas técnicas calculadas
para as redes dos Sistemas de Distribuição em Baixa Tensão;
4- as perdas nos transformadores são baseadas nos valores normatizados pela Associação
Brasileira de Normas Técnicas – ABNT;
5- para determinação da resistência ôhmica, a temperatura de operação dos condutores elétricos é
considerada constante e igual a 55 ° C;
6- são consideradas perdas adicionais de 5% sobre o montante de perdas técnicas totais, excluindo-
se as perdas apuradas por medição, devido às perdas técnicas produzidas por efeito corona em
conexões, sistemas supervisórios, relês fotoelétricos, capacitores, transformadores de corrente e
de potencial, e por fugas de correntes em isoladores e para-raios;
7- A distribuidora deve apresentar avaliação das perdas por segmento, detalhando a metodologia
utilizada no estudo.

6.5.1 INDICADORES DE PERDAS

A ANEEL apurará os valores de perdas técnicas em megawatt-hora (MWh) estratificando


os valores para cada segmento, conforme os indicadores a seguir definidos:
Energia Fornecida - EF: energia ativa efetivamente entregue e medida, ou estimada, nos casos
previstos pela legislação, às unidades consumidoras, outras distribuidoras e consumidores livres,
mais o consumo próprio, em megawatt-hora (MWh);

Energia Injetada - EI: energia ativa efetivamente recebida e medida de um agente, em megawatt-
hora (MWh);

Energia Passante - EP (i): total de energia ativa que transita no segmento (i), em megawatt-hora
(MWh);

Perdas Técnicas do Segmento - PTS (i): perdas técnicas para cada segmento, em megawatt-hora
(MWh);

Perdas Técnicas - PT: corresponde à soma das perdas técnicas de todos os segmentos, em
megawatt-hora (MWh);

48 CPTM
Manutenção de Sistemas de Alta Tensão

Perdas na Distribuição - PD: corresponde à diferença entre a Energia Injetada – EI e a Energia


Fornecida – EF, em megawatt-hora (MWh);

Perdas Não Técnicas - PNT: corresponde à diferença entre as Perdas na Distribuição – PD e as


Perdas Técnicas – PT, em megawatt-hora (MWh);

Além dos montantes em energia elétrica, deverão ser apuradas as relações percentuais, conforme
os seguintes indicadores:
Índice de Perdas Técnicas nos Segmentos – IPTS (i): percentual de perdas técnicas em relação
à energia que transita em cada segmento.
Percentagem de Perdas Técnicas – PPT: percentual de perdas técnicas em relação à energia
injetada.
Percentagem de Perdas na Distribuição – PPD: perdas totais representadas percentualmente em
relação à energia injetada.
Percentagem de Perdas Não Técnicas – PPNT: percentual de perdas não técnicas em relação à
energia injetada.

CPTM 49
Manutenção de Sistemas de Alta Tensão

50 CPTM
Manutenção de Sistemas de Alta Tensão

7 Sistema Elétrico-Ferroviário

Podemos descrever o sistema elétrico ferroviário, basicamente, como um conjunto de


instalações e equipamentos eletrônicos e eletromecânicos que têm como função o fornecimento de
energia elétrica em corrente contínua CC para alimentação dos trens e também o fornecimento de
energia elétrica em corrente alternada para o sistema de sinalização. Existem duas configurações
do sistema elétrico ferroviário:

Trecho das linhas 7 Rubi / 10 Turquesa; linhas 11 Coral / 12 Safira; e linha 8 composta por:

• Subestações Abaixadoras e Retificadoras


• Cabines de Seccionamento e Paralelismo
• Rede Aérea de Tração

Trecho da linha 9 Esmeralda, composto por:

• Subestações Abaixadoras e Retificadoras


• Rede Aérea de Tração

Apresentamos, abaixo, cada parte do sistema elétrico para que se forme uma ideia do que
é o sistema de eletrificação ferroviário.

7.1 Subestação

A subestação é um local físico que contém a instalação elétrica de alta potência e os


equipamentos necessários para a adequação dos níveis de tensão e também os equipamentos de
proteção e controle para a alimentação da Rede-Aérea de tração e, consequentemente, a
alimentação dos trens e unidades elétricas. Esses equipamentos são: transformadores, disjuntores,
seccionadores, medidores etc.

CPTM 51
Manutenção de Sistemas de Alta Tensão

7.1.1 Classificação das subestações

• SE elevadora: aumenta o nível de tensão com o objetivo de melhorar o rendimento na


transmissão, diminuindo as perdas na linha de transmissão.
• SE rebaixadora: reduz o nível de tensão, adequando os valores para a fase de distribuição
e cargas individuais.
• SE retificadora: converte a tensão CA em CC por meio de diodos retificadores.
• SE conversora: converte a tensão CC em CA, por meio de componentes semicondutores:
tiristores.

7.1.1.1 SUBESTAÇÃO REBAIXADORA RETIFICADORA (SE)

No sistema elétrico ferroviário da CPTM, as subestações são do tipo rebaixadora e


retificadora. Recebem a energia elétrica de uma concessionária em níveis padrões de 88kV ou
138kV e, por meio de transformadores, é feito o primeiro rebaixamento de tensão para 34,5 kV. Essa
tensão seguirá três caminhos:

• um alimentará outras subestações que não têm possibilidade de serem alimentadas


pela concessionária (denominadas subestações secundárias ou subalimentadas).
• o outro alimentará o sistema de sinalização, mas ainda é necessário que se faça o
rebaixamento de tensão para:
a) 4,4 kV – se forem subestações das linhas 11 e 12
b) 6,6 kV - se forem subestações das linhas 8 e 9
c) 13,2 kV – se forem subestações das linhas 7 e 10

• O último caminho alimentará o sistema de rede aérea de tração. Para isso, deverá ser
feito outro rebaixamento de tensão para 3000V e ainda ser retificado para corrente
contínua, feito por grupos retificadores.

Dentro de uma subestação, rebaixadora/retificadora são encontrados os seguintes


equipamentos:

• transformadores de potência; • relês;


• seccionadores; • painéis de controle e de comando;
• disjuntores; • No break e conjunto de baterias;
• retificadores; • fusíveis;
• TC – transformador de corrente; • para-raios;
• TP – transformador de potencial; • aparelhos de medição e de proteção.

52 CPTM
7.1.1.2 CABINE DE SECCIONAMENTO E PARALELISMO

Local físico com disjuntores extrarrápidos, interligados na rede aérea de tração. Essas
cabines estão instaladas entre as subestações ao longo do trecho, com três finalidades:
1- proteger o sistema de alimentação contra sobrecargas na rede aérea de tração.
2- criar seccionamentos na rede aérea de tração, com objetivo de diminuir o trecho a ser desligado, quando
for necessária a intervenção da manutenção.
3- equalizar as cargas nas redes aéreas de tração, devido ao paralelismo formado pelos disjuntores.

Os trens da CPTM são elétricos e para alimentá-los, ao longo de seus 278km de linhas
férreas, existem subestações distribuídas estrategicamente, para que os trens possam circular
eficientemente, sem que haja queda de tensão ou sobrecargas no sistema elétrico. Essa extensão
de linha está dividida em trechos conforme segue abaixo:

Linha 7 – Rubi / Linha 10 – Turquesa (Jundiaí à Estação Luz – Luz a Rio Grande da Serra)

Essas linhas possuem oito Subestações e sete Cabines Seccionadoras. Das oito
Subestações, quatro são primárias, ou seja, recebem energia diretamente da concessionária
(Elektro ou Eletropaulo) e as quatro restantes são subalimentadas em 34,5kV, fornecidos pelas
subestações primárias por meio das linhas de subtransmissão existentes ao longo da via. Não
esquecendo de que nesse trecho existem as cabines de seccionamento e paralelismo entre as
subestações.
A potência total retificada que alimenta os trens nesse trecho é de 71 MVA, distribuídos
conforme tabela abaixo:

Subestação Tensão de entrada Tensões de saída Finalidade


CS Rio Grande da Serra
Alimentação constante
04 linhas de da SE Mauá e
02 linhas de 13,2 kVca alternativa para SE Pari
SE Mauá 34,5 kVca caso falte Eletropaulo
8 MW provenientes da SE 06 linhas de Tração elétrica dos
São Caetano 34,5 kVcc trens
Serviços auxiliares
220 Vca
internos
CS Santo André
04 linhas de
Sinalização
34,5 kVca
04 linhas de Tração elétrica dos
São Caetano 02 linhas de 88 kV ca
3 kVcc trens
12 MW da Eletropaulo
Serviços auxiliares
220 Vca internos
Manutenção de Sistemas de Alta Tensão

Subestação Tensão de entrada Tensões de saída Finalidade


CS Ipiranga
Alimentação constante
para SE Eng. São Paulo e
04 linhas de
alternativa para as
34,5 kVca
02 linhas de Subestações de Tietê e
SE Pari
88 kVca da São Caetano
12MW
Eletropaulo 08 linhas de Tração elétrica dos
3 kVcc trens
Serviços auxiliares
220 Vca
internos
CS Nothman
Alimentação constante
04 linhas de para SE de Caieiras e
34,5 kVca alternativa para as SEs
Morato e Pari
02 linhas de
Tietê 04 linhas de
88 kVca da Sinalização
12MVA 13,2 kVca
Eletropaulo
08 linhas de Tração Elétrica dos
3 kVcc trens
Serviços auxiliares
220 Vca
internos
CS Vila Clarice

04 linhas de
Sinalização
13,2 kVca

04 linhas de
34,5 kVca 04 linhas de Tração Elétrica dos
Jaraguá
provenientes 3 kVca trens
8MVA
02 de Tietê e
02 de Caieiras
Serviços auxiliares
220Vca
internos

04 linhas de
Sinalização
13,2 kVca

02 linhas de
Caieiras
88 kVca da 04 linhas de Tração Elétrica dos
6MVA
Eletropaulo 3 kVca trens

Serviços auxiliares
220Vca
internos

54 CPTM
Manutenção de Sistemas de Alta Tensão

Subestação Tensão de entrada Tensões de saída Finalidade


CS Baltazar Fidelis
Alimentação constante
04 linhas de para SE de Campo
34,5 kVca Limpo e alternativa para
Francisco 02 linhas de
as SEs Tietê e Caieiras
Morato 138 kVca
04 linhas de
9MVA Elektro Sinalização
13,2 kVca
04 linhas de Tração Elétrica dos
3 kVcc trens
CS Botujuru

04 linhas de
Sinalização
02 linhas de 13,2 kVca
Campo Limpo 34,5 kVca
4MVA provenientes da SE 04 linhas de Tração Elétrica dos
de Fco.Morato 3 kVcc trens
Serviços auxiliares
220 Vca
internos

Subestação primária de Caieiras

Cabine seccionadora Vila Clarice

CPTM 55
Manutenção de Sistemas de Alta Tensão

Linha 11 – Coral / Linha 12 – Safira (Luz à Estação Estudantes - Brás à Estação Calmon Viana)

Essas linhas possuem oito Subestações Primárias e nove Cabines Seccionadoras, sendo
cinco da Linha 11 e quatro da Linha 12.Todas recebem energia diretamente da concessionária
Eletropaulo. A potência total retificada que alimenta os trens nesse trecho é de 68 MVA, distribuídos
conforme tabela abaixo:

Subestação Tensão de entrada Tensões de saída Finalidade


CS Rio Grande da Serra
04 linhas de
4,4 kVca Sinalização
02 linhas de
Eng. São (futuro 13,2 kVca)
34,5 kVca
Paulo 08 linhas de Tração elétrica dos
provenientes da
12 MVA 3 kVcc trens
SE PARI
Serviços auxiliares
220 Vca
internos
04 linhas de
Sinalização
Eng. 4,4 kVca
Sebastião 02 linhas de 08 linhas de Tração elétrica dos
Gualberto 88 kVca 3 kVcc trens
9 MVA Eletropaulo Serviços auxiliares
220 Vca
internos
CS Goulart
04 linhas de
4,4 kVca Sinalização
Ermelino (futuro 13,2 kVca)
02 linhas de
Matarazzo 04 linhas de Tração elétrica dos
88 kVca
9 MVA 3 kVcc trens
Eletropaulo
Serviços auxiliares
220 Vca
internos
CS Manoel Feio
04 linhas de
4,4 kVca Sinalização
Eng. Manoel (futuro 13,2 kVca)
02 linhas de
Feio 04 linhas de Tração elétrica dos
88 kVca
8 MVA 3 kVcc trens
Bandeirantes
Serviços auxiliares
220 Vca
internos
06 linhas de
Sinalização
4,4 kVca
06 linhas de Tração elétrica dos
Calmon Viana 02 linhas de 3 kVcc trens
8 MVA 88 kVca
Serviços auxiliares
Bandeirantes
220 Vca internos

CS Vila Matilde

56 CPTM
Manutenção de Sistemas de Alta Tensão

Subestação Tensão de entrada Tensões de saída Finalidade


CS Patriarca
04 linhas de
4,4 kVca Sinalização
(futuro 13,2 kVca)
Patriarca 02 linhas de
06 linhas de Tração elétrica dos
8 MVA 88 kVca
3 kVcc trens
Eletropaulo
Serviços auxiliares
220 Vca
internos
CS Arthur Alvin
04 linhas de
4,4 kVca Sinalização
(futuro 13,2 kVca)
Itaquera 02 linhas de
04 linhas de Tração elétrica dos
9 MVA 88 kVca
3 kVcc trens
Eletropaulo
Serviços auxiliares
220 Vca
internos
CS Guaianazes

Futura SE Guaianazes

CS Jundiapéba
04 linhas de
4,4 kVca Sinalização
(futuro 13,2 kVca)
Brás Cubas 02 linhas de
04 linhas de Tração elétrica dos
6 MVA 88 kVca
3 kVcc trens
Bandeirante
Serviços auxiliares
220 Vca
internos
CS Estudantes

Subestação Eng.º São Paulo Cabine seccionadora Estudantes

CPTM 57
Manutenção de Sistemas de Alta Tensão

Linha 8 – Diamante / Linha 9 - Esmeralda (Júlio Prestes à Amador Bueno – Osasco à Grajaú)
Essas linhas possuem nove Subestações Primárias e quatro Cabines Seccionadoras. Das
nove Subestações, seis são da Linha 8, e três da Linha 9, e recebem energia diretamente da
concessionária Eletropaulo em 88kV. As cabines seccionadoras são todas da Linha 8. A potência
total retificada que alimenta os trens nesse subsistema é de 59 MVA, distribuídos conforme tabela
seguinte:
Subestação Tensão de entrada Tensões de saída Finalidade
CS Júlio Prestes
02 linhas de
Sinalização
6,6 kVca
Barra Funda 02 linhas de 04 linhas de Tração elétrica dos
4 MW 88 kVca 3 kVcc trens
Eletropaulo Serviços auxiliares
220 Vca
internos
CS Lapa
02 linhas de
Sinalização
6,6 kVca
Imperatriz Leopoldina 02 linhas de 04 linhas de Tração elétrica dos
8 MVA 88 kVca 3 kVcc trens
Eletropaulo Serviços auxiliares
220 Vca
internos
CS Presidente Altino
02 linhas de
Sinalização
6,6 kVca
Osasco 02 linhas de 04 linhas de Tração elétrica dos
8 MVA 88 kVca 3 kVcc trens
Eletropaulo Serviços auxiliares
220 Vca
internos
CS Quitaúna
02 linhas de
Sinalização
6,6 kVca
Santa Terezinha 02 linhas de 04 linhas de Tração elétrica dos
8 MVA 88 kVca 3 kVcc trens
Eletropaulo Serviços auxiliares
220 Vca
internos
02 linhas de
Sinalização
6,6 kVca
Jandira 02 linhas de 04 linhas de Tração elétrica dos
8 MVA 88 kVca 3 kVcc trens
Eletropaulo Serviços auxiliares
220 Vca
Linha 8 →

internos
02 linhas de
Sinalização
6,6 kVca
Santa Rita 02 linhas de 04 linhas de Tração elétrica dos
8 MVA 88 kVca 3 kVcc trens
Eletropaulo Serviços auxiliares
220 Vca
internos

58 CPTM
Manutenção de Sistemas de Alta Tensão

Subestação Tensão de entrada Tensões de saída Finalidade


02 linhas de
Linha 9→
Sinalização
6,6 kVca
Cidade Dutra 02 linhas de 04 linhas de Tração elétrica dos
8 MVA 88 kVca 3 kVcc trens
Eletropaulo Serviços auxiliares
220 Vca
internos
02 linhas de
Sinalização
6,6 kVca
Morumbi 02 linhas de 04 linhas de Tração elétrica dos
8 MVA 88 kVca 3 kVcc trens
Eletropaulo Serviços auxiliares
220 Vca
internos
02 linhas de
Sinalização
6,6 kVca
Jaguaré 02 linhas de 04 linhas de Tração elétrica dos
8 MVA 88 kVca 3 kVcc trens
Eletropaulo Serviços auxiliares
220 Vca
internos

Subestação Vila Lobos

Cabine seccionadora de Quitaúna

CPTM 59
Manutenção de Sistemas de Alta Tensão

7.1.1.3 VISÃO GERAL DO SISTEMA ELÉTRICO FERROVIÁRIO


(Subestação, Cabine de Seccionamento e Paralelismo e Rede Aérea de Tação)

60 CPTM
Manutenção de Sistemas de Alta Tensão

CPTM 61
Manutenção de Sistemas de Alta Tensão

Subestação e Cabines

62 CPTM
Manutenção de Sistemas de Alta Tensão

Exercícios

Quais as tensões padrões de entrada nas subestações da CPTM?

_______________________________________________________________________________
_______________________________________________________________________________
_______________________________________________________________________________

Quais as tensões padrões de energia que as subestações fornecem para os sistemas de:

a) Sinalização Linhas 08 e 09 ___________________________________________________

b) Sinalização Linhas 07 e 10 ___________________________________________________

c) Sinalização Linhas 11 e 12 ___________________________________________________

d) Rede Aérea _______________________________________________________________

As três finalidades das cabines seccionadoras instaladas nas linhas da CPTM, são
_______________________________________________________________________________
_______________________________________________________________________________
_______________________________________________________________________________
_______________________________________________________________________________
_______________________________________________________________________________

O que significa uma subestação alimentada e uma subalimentada?

_______________________________________________________________________________
_______________________________________________________________________________
_______________________________________________________________________________
_______________________________________________________________________________
_______________________________________________________________________________
_______________________________________________________________________________
_______________________________________________________________________________
_______________________________________________________________________________

CPTM 63
Manutenção de Sistemas de Alta Tensão

7.1.2 Cabine de Seccionamento e Paralelismo

Observando o diagrama do Sistema Elétrico Ferroviário a seguir, entre as Subestações


estão instaladas as Cabines de Seccionamento e Paralelismo das linhas da Rede Aérea de Tração,
que têm como finalidade:
• proteger o sistema contra sobrecargas ocasionadas por anomalias dos motores de
tração dos trens;
• equalizar as cargas nas redes aéreas;
• criar pontos de seccionamento entre as subestações, facilitando, assim, a manutenção
da rede aérea, diminuindo os trechos desligados o que reduz as interferências na
circulação dos trens.

Diagrama do Sistema Elétrico Ferroviário

64 CPTM
Manutenção de Sistemas de Alta Tensão

Essas cabines possuem equipamentos específicos, ou seja, disjuntores e seccionadores.


O diagrama acima apresenta as subestações (A e B), a cabine de seccionamento e
paralelismo (C), as Redes Aéreas de Tração e a maneira como estão interligadas, formando o
sistema elétrico ferroviário.
Podemos verificar que existem secções, ou seja, pontos isolados na Rede Aérea,
chamados GAPs. Esses GAPs (A1, B1 e C1) da Rede Aérea RA1, estão instalados com o objetivo
de permitir que a Rede Aérea seja dividida em trechos. Cada trecho será alimentado por dois ramais
de alimentação de energia (3kVcc) fornecidos por duas subestações ligadas em paralelo.
Essa ligação, no diagrama, está representada pela ligação em paralelo dos ramais de
energia a2 de 3kVcc da SE (A) e o ramal b1 da SE (B), entre os GAPs A1 e B1 da Rede Aérea 1.
Em função da capacidade de carga, ou seja, do potencial de fornecimento de energia
elétrica, foi dimensionada a distância entre as subestações. Essa distância é de aproximadamente
15 km.
Sendo assim, surge um problema. Quando um trem está entre os GAPs A1 e B1 e estando
mais próximo da SE A, e, obviamente, mais distante da SE B, e se o trem apresentar algum problema
que cause uma sobrecarga na alimentação de energia (queda de rede aérea, fuga de corrente,
sobrecarga nos motores de tração dos trens etc.), o sistema de proteção da SE A atuará, desligando
o ramal de energia a2, mas o sistema de proteção do ramal b1 da SE B, que deveria “perceber” essa
situação e desligar esse ramal, pode não atuar, em função da distância, mantendo o trem
alimentado, o que poderá agravar o ocorrido.
Para solucionar esse problema, foi pensado em instalar, entre as SE A e B, um sistema de
proteção idêntico ao das SE já instalado nos ramais que alimentam a Rede Aérea, sistema esse
formado por disjuntores específicos para CC e seccionadores. Esse sistema de proteção é chamado
de Cabine de Seccionamento e Paralelismo ©.
Com isso, essa cabine, além de proteger o sistema de alimentação da rede aérea dos trens,
permite a equalização das cargas nas redes aéreas. Ao mesmo tempo, facilita para a manutenção
o desligamento de trechos menores e, obviamente, interfere menos na circulação dos trens.

7.1.3 Manobras em subestações

As operações de manobras nas subestações são necessárias, a fim de desligar circuitos


de alta tensão para a manutenção do sistema elétrico ferroviário.
Para se desligar um circuito elétrico, são necessárias algumas operações de abertura e/ou
fechamento de disjuntores e de seccionadores numa dada sequência para que sejam evitados
danos aos equipamentos e acidentes aos operadores.

CPTM 65
Manutenção de Sistemas de Alta Tensão

Sequência de manobra de desligamento:


• estar devidamente paramentado com os EPIs;
• desligar todos os disjuntores, partindo da saída de energia, em direção à entrada;
• desligar todos os seccionadores, partindo da saída de energia, em direção à entrada;
• aterrar;
• sinalizar.

Sequência de manobra de religamento:


• estar devidamente paramentado com os EPIs;
• retirar a sinalização;
• retirar os aterramentos;
• religar todos os seccionadores, partindo da entrada de energia, em direção à saída;
• religar todos os disjuntores, partindo da entrada de energia, em direção à saída.

66 CPTM
Manutenção de Sistemas de Alta Tensão

Exercícios
Analisar as situações-problema, para realizar as manobras necessárias na subestação representada
no circuito da página 62.

O supervisor do setor de RA trabalhará com a sua equipe de manutenção no trecho A da Rede-


Aérea 1. Sendo assim, você, como operador de subestação, deverá executar as manobras
necessárias para atender essa solicitação, tanto para o desligamento quanto para o religamento
do circuito, após a realização dos serviços. OBS.: Ficará por sua conta, a indicação do
aterramento.

O pessoal de manutenção da subestação deverá executar a manutenção preventiva no Trafo 3


e sua respectiva unidade retificadora. Você está sendo solicitado para executar as manobras
necessárias e o aterramento do circuito. Após o término dos serviços, executar as manobras para
a energização do circuito.

A concessionária de energia necessita substituir os isoladores da linha 1, em suas torres de


sustentação. Sendo assim, execute as manobras necessárias para a troca da linha 1 pela linha
2, devendo permanecer na linha 2.

Em cumprimento à programação de manutenção da subestação, será executada a manutenção


preventiva no Trafo T-1. Você foi requisitado para executar as manobras necessárias e o
aterramento, sendo que o Trafo T-2 deverá alimentar as duas subestações durante os trabalhos
de manutenção. Após o encerramento da manutenção, religar o Trafo T-2.

CPTM 67
Manutenção de Sistemas de Alta Tensão

7.1.4 Características dos equipamentos das subestações

7.1.4.1 TRANSFORMADOR DE FORÇA OU DE POTÊNCIA

De acordo com a ABNT o transformador é definido da seguinte maneira:

"Dispositivo sem partes necessariamente em movimento, o qual, por meio de indução


eletromagnética, transfere energia elétrica de um ou mais circuitos (primário) para outros
circuitos (secundário, terciário), mantida a mesma frequência, mas geralmente com tensões
e intensidades de correntes diferentes".

Pode ser trifásico ou monofásico, dependendo das necessidades específicas de cada


instalação. No sistema elétrico há diferentes tipos de transformadores, que possuem características
específicas quanto à classe de tensão e à potência.
Vistos externamente, os transformadores são formados por buchas de alta e baixa tensão,
radiadores ou trocadores de calor, tanque principal, tanque de expansão, painéis de controle e
outros dispositivos.

Normalmente, nas subestações, são encontrados os seguintes tipos de transformadores:

• Transformador de força é todo transformador cuja potência é superior a 500 kVA e é


destinado, mais especialmente, a ser ligado a redes de transmissão de energia elétrica;

• Transformador de distribuição é todo transformador cuja potência é menor ou igual a


500 kVA, e é destinado, mais especialmente, a ser ligado a redes de distribuição
compatíveis com a tensão utilizada nas residências e nas indústrias;

Os transformadores acima podem ser classificados, de acordo com a tensão, em dois grupos:

• Transformador rebaixador é todo transformador cuja tensão de saída (secundária) é


menor que a tensão de entrada (primária).

• Transformador elevador é todo transformador cuja tensão de saída (secundária) é maior


que a tensão de entrada (primária).

68 CPTM
Manutenção de Sistemas de Alta Tensão

Aspectos construtivos e a forma física de um transformador.

Transformador de Força

Transformador Núcleo Seco Transformador de Distribuição

Exemplos:

Transformador 300 kVA, 22000/220 - 127 V

Trafos de distribuição, rebaixador

Transformador 6000 kVA, 13,2/69 kV

Trafos de força, elevador

CPTM 69
Manutenção de Sistemas de Alta Tensão

Principais partes de um transformador

Os transformadores instalados nas subestações têm um papel importante na alimentação


dos trens e no fornecimento de energia para o sistema de sinalização. São transformadores de
grande potencial e de alto custo. Sendo assim, possuem características especiais e sistemas de
proteção que os diferem dos transformadores de menor capacidade.

Parte Ativa
É composta pelos enrolamentos primários e
secundários e do núcleo ferromagnético. Este
normalmente é confeccionado por chapas de ferro silício,
laminadas a frio, de reduzidas perdas.
O sistema de fixação entre enrolamento e núcleo
e destes ao tanque é sólido e seguro. Desse modo, são
garantidos os espaçamentos e posições do projeto. As
chapas magnéticas são prensadas por perfis de madeira
(transformadores até 300 kVA) ou de ferro, dando a
necessária rigidez ao conjunto e reduzindo ao mínimo os
Enrolamentos ou bobinas
ruídos.

70 CPTM
Manutenção de Sistemas de Alta Tensão

Todos os materiais empregados: papéis, papelões, isolantes, condutores, vernizes etc. são
testados rigorosamente quanto a suas características individuais quando em contato com o meio
líquido. Os condutores são isolados com papel.

Tanque

O tanque do transformador acondiciona


a parte ativa e o óleo isolante, bem como
todos os elementos que estão fixados ao
transformador como radiadores de
arrefecimento, tanque de expansão, buchas
etc.

Tanque

Meio Líquido

O meio líquido, formado pelo óleo isolante


mineral, possui duas finalidades:
• isolar a parte ativa em relação ao
tanque e às conexões internas;
• auxiliar na refrigeração do
transformador.

Óleo isolante

Conservador ou Tanque de expansão

O conservador é um tanque, reservatório


de óleo, que possibilita a compensação da
pressão interna e evita o contato direto do ar
que entra e sai do transformador durante o
processo de “respiração”, devido à expansão
e à retração do óleo, provocada pela
alteração da temperatura.

Tanque de expansão ou conservador

CPTM 71
Manutenção de Sistemas de Alta Tensão

Secador de Ar com Silicagel

Todo transformador embebido em óleo, equipado com conservador, possui uma válvula de
respiro em sua parte superior. Por meio dessa válvula, é realizada a compensação da variação
interna das pressões devido à expansão e à retração do óleo mineral. O ar penetrante vem
diretamente do meio externo, acompanhado de certa quantidade de umidade, a qual influirá,
desfavoravelmente, sobre o comportamento dielétrico do óleo.
Por isso, é necessária a redução da umidade a um nível mínimo, o qual é obtido por meio
do secador de ar com Silicagel. O Silicagel é composto por cristais com alta capacidade de absorção
de umidade. Na passagem do ar, na “respiração” do transformador, os cristais absorvem a umidade
e o ar que entra em contato com o óleo isolante no tanque de expansão não provocará a redução
da rigidez dielétrica do óleo. Devido à intensidade da umidade ou ao longo tempo de uso, os cristais
se saturam passando, então, do azul escuro ao azul claro desbotado. Nessa situação, o Silicagel
deverá ser substituído.

Secador de ar ou filtro de silicagel

Aspecto da silicagel

72 CPTM
Manutenção de Sistemas de Alta Tensão

Válvula de alívio ou Tubo de descarga


Tem como finalidade proteger o transformador contra pressões excessivas que possam
ocorrer no seu interior, devido à formação de um arco elétrico ou de queima de isolante. O tipo mais
simples e mais utilizado consiste de um tubo curvado, montado na tampa superior do transformador
que, ao sofrer a pressão interna, rompe uma membrana provocando a despressurização do tanque.
Atualmente, nos transformadores de alta tensão, esses tubos estão sendo substituídos por válvulas
de segurança (válvula de alivio).

Válvula de alívio Tubo de descarga

CPTM 73
Manutenção de Sistemas de Alta Tensão

Relê Buchholz
Relê Buchholz, também chamado de relê de gás ou relê de pressão súbita, é um dispositivo
de segurança montado em transformadores que possuem arrefecimento a óleo e equipados com
um reservatório superior, chamado de "conservador". Esse relê está montado entre o tanque e o
conservador e tem duas formas de atuação:
• quando há a formação de gases provenientes do aquecimento do óleo, devido a uma
sobrecarga que foi provocada por uma falha dielétrica, esses gases permanecem em
suspensão. Durante o processo de “respiração” do transformador, o óleo circula do
tanque para o conservador e vice-versa, passando sempre pelo relê, onde há uma
câmara na qual as bolhas de gás são acumuladas e, por meio de um interruptor tipo
boia, existente no relê, dispara um alarme no painel de controle da subestação.
• quando ocorre um arco elétrico de grande intensidade, devido a uma falha dielétrica na
parte interna do transformador, o óleo é superaquecido e há uma formação de gás
súbita. Dessa forma, o óleo flui rapidamente para o conservador, passando pelo relê
Buchholz. Esse deslocamento, equivalente a 1m/s de coluna de óleo, fará com que
desloque dentro do relê um mecanismo tipo boia, que acionará um interruptor e que, por
sua vez, atuará no circuito de desligamento do disjuntor que alimenta o transformador.

Tal relê, entretanto, é instalado apenas em transformadores de força, devido ao seu elevado
preço. É equipado com válvulas de retirada de amostra de gases, permitindo a análise e
identificando se os gases produzidos são inflamáveis. Sendo constatada a inflamabilidade, o
transformador deverá ser desligado imediatamente e providenciada a sua manutenção.

Relê Buchholz

74 CPTM
Manutenção de Sistemas de Alta Tensão

Relê Buchholz em corte

Termômetro com Contatos Térmicos


Os equipamentos elétricos podem apresentar defeitos provocados pela elevação anormal
da temperatura.
Como elemento de registro de temperaturas, o termômetro tem sido usado com a função
de proteger o transformador contra danos à parte ativa, efetuando o seu desligamento antes que o
defeito se agrave.
Os termômetros são, em tais casos, associados a sistemas que atuam sobre contatos
elétricos móveis, por meio dos quais é feito o comando de alarme ou de desligamento, semelhante
ao caso do circuito externo do relê Buchholz. Para pequenos valores de sobre-elevação térmica, é
dado um comando de alarme(s) (visual e/ou sonoro). Para valores mais elevados provenientes da
ampliação do defeito, o comando é o de desligamento.

Termômetro do transformador

CPTM 75
Manutenção de Sistemas de Alta Tensão

Aparelho de Imagem Térmica


O aparelho de imagem térmica é instalado nos transformadores para reproduzir a
temperatura do ponto mais quente do transformador, que são os enrolamentos, uma vez que a
medida direta da temperatura é impossível. Para se obter essa temperatura, o aparelho é colocado
nos enrolamentos.
Esse aparelho é formado por um transformador de corrente e alimentado por uma corrente
proporcional à carga do transformador. Dessa forma, a temperatura obtida será a soma da
temperatura dos enrolamentos e a do óleo (registrada pelo termômetro), produzindo um valor mais
preciso em tempo real.

Funcionamento
A resistência de aquecimento (B) e o bulbo sensor (A2) fazem parte do sistema de imagem
térmica. Essa resistência é alimentada por uma corrente (I2) ajustada (D) e, proporcionalmente,
determinada pela corrente principal do transformador em plena carga (I1). O objetivo é ter um
incremento de temperatura (∆t) para o bulbo sensor da imagem térmica (A2) porque a temperatura
do enrolamento é sempre superior à temperatura do óleo do transformador e deve ser medida.

Aparelho de Imagem Térmica

76 CPTM
Manutenção de Sistemas de Alta Tensão

Radiadores
As perdas dos enrolamentos e do núcleo aquecem o óleo do transformador, produzindo um
movimento ascendente. Nos radiadores, o óleo é refrigerado, tomando o movimento descendente.
Estabelece-se, então, no óleo, uma circulação por convecção.
A superfície útil dos radiadores é dimensionada, possibilitando o resfriamento do óleo.
Quando o dimensionamento dos radiadores não for suficiente, devido às condições climáticas, é
necessário que se proceda a ventilação forçada, com o uso de ventiladores manuais.

Radiadores

CPTM 77
Manutenção de Sistemas de Alta Tensão

7.1.4.2 TRANSFORMADORES PARA INSTRUMENTOS

Nas subestações, certas operações como medição de corrente, medição de tensão,


medição de consumo de energia elétrica e alimentação dos circuitos de proteção, não são feitas
diretamente nos barramentos da alta tensão. Para reduzir os valores da intensidade de corrente e
de tensão a valores convenientes, são utilizados os seguintes transformadores de medidas:

• Transformador de potencial (TP)


São transformadores que rebaixam o nível da alta tensão a níveis proporcionais,
possibilitando a medição da tensão elétrica pelos voltímetros e a aplicação dessa tensão rebaixada
nos circuitos de proteção de sobretensão e de subtensão. O nível de tensão rebaixado padrão é de
55V ou 110/115V.

TP – Transformador de Potencial

78 CPTM
Manutenção de Sistemas de Alta Tensão

Figura 1 Placa de identificação de um TP

Nível de Isolação (NI) – Define o nível Potência térmica - Define a maior potência
máximo de tensão de sobrecarga em um aparente que o TP pode fornecer em regime
segundo, sem afetar a isolação do permanente de tensão e frequência nominais,
transformador. sem que a temperatura afete o seu
desempenho.
Frequência (HZ) - Define a frequência padrão
utilizada. Primário – Define a tensão primária que será
ligada ao TP.
Classe de Isolamento - Define a tensão
máxima suportada pelo TP. Exatidão – Define a porcentagem para mais
ou para menos aplicada à tensão de 200V, ou
Grupo – (1) - Projetado para ser instalado seja, 1,2% de 200 = 2,4V para mais e para
entre fases. menos.

Grupo – (2) - Projetado para ser instalado H1 e H2 – Conexões do transformador à linha


entre fase e terra. de alta tensão.

X e Y – Conexões do transformador ao
aparelho de medição (voltímetro).

CPTM 79
Manutenção de Sistemas de Alta Tensão

Ligação do TP na linha de alta Tensão

80 CPTM
Manutenção de Sistemas de Alta Tensão

Transformador de corrente (TC)

São transformadores que rebaixam o nível da alta corrente a níveis proporcionais,


possibilitando a medição da corrente elétrica pelos amperímetros e a aplicação dessa corrente
rebaixada nos circuitos de proteção de sobrecorrente. A corrente rebaixada padrão é de 5A.

Todo transformador de corrente está ligado em série na linha de alta tensão.

Ligação do TC na linha de alta Tensão

Os transformadores de corrente são compostos por um núcleo de ferro laminado, uma


bobina primária de poucas espiras de fio muito grosso e uma bobina secundária com muitas espiras
de fio mais fino.
A relação entre o número de espiras do primário e do secundário é proporcional à relação
entre a corrente do secundário e do primário.
O número de espiras e a secção transversal do condutor são escolhidos de maneira a
permitir grandes intensidades de corrente no primário e pequenas no secundário.
É importante que o transformador de corrente ofereça isolamento adequado entre o
primário e o secundário para que altas tensões não atinjam os aparelhos de medição e de proteção.
Exemplo: Transformador de 50/5A, 300/5A etc.

CPTM 81
Manutenção de Sistemas de Alta Tensão

Poderá ter relação dupla, geralmente uma em dobro da outra, assim representadas: 50-
100/5A ou 25 x 50/5A. Isso significa que o transformador de corrente possui uma relação de: 50/5=10
e outra de 100/5 =20.
A ligação de uma ou de outra relação é feita no primário do TC podendo ser em série ou
em paralelo.
Os transformadores de corrente podem ter ainda dois enrolamentos secundários: um
destinado à medição e o outro à proteção.

Placa de identificação de um TC

TC – Transformador de corrente

CUIDADO
Não se deve substituir o voltímetro, no caso do TP, e nem o amperímetro, no caso do TC,
quando o circuito estiver energizado.

82 CPTM
Manutenção de Sistemas de Alta Tensão

7.2 Seccionador

Equipamento de manobra destinado a interromper a continuidade de um condutor, quando


nenhuma corrente o percorre. É utilizado para isolar um circuito ou um aparelho da fonte de energia
que o alimenta.

ATENÇÃO!
O seccionador não deve ser aberto com carga, exceto o fabricado para essa finalidade.

O seccionador é caracterizado por:


1) tensão nominal do circuito (tensão entre fases); 4) mecanismo do comando (manual, elétrico ou ar
2) corrente máxima (intensidade de corrente de comprimido);
carga); 5) tipo de abertura (horizontal ou vertical);
3) número de polos (unipolar, bipolar ou tripolar); 6) local de instalação (interna ou externa).

Seccionador rotativo - É constituído por uma faca, com dois contatos fixos nas
extremidades, que gira a 90° sobre um suporte isolante (isolador). Pode ser acionado
individualmente ou em conjunto de três polos por um dispositivo mecânico, comandado
manualmente ou a distância (eletricamente).

Seccionador com dispositivos de aterramento - É um seccionador comum provido de


um dispositivo mecânico que aterra a linha na mesma operação em que as facas são
abertas.

Seccionador tripolar a comando único - As três facas são munidas de um braço de


acionamento (isolante), e são ligadas a um mesmo eixo cuja rotação provoca o fechamento
ou a abertura simultânea das facas.

Seccionador Tripolar a Comando Único

CPTM 83
Manutenção de Sistemas de Alta Tensão

Seccionador interruptor tripolar de média tensão


É um equipamento destinado a abrir e fechar um circuito em carga. É projetado para ser
instalado em ambiente abrigado, em cubículos de média tensão.
O dispositivo de interrupção do arco voltaico consiste em: câmaras, engates de contato,
lâminas de arco com pontas em Tungstênio, molas etc.

A extinção do arco, quando da abertura ou fechamento, dá-se por dois efeitos simultâneos:
• efeito labirinto abafador;
• atmosfera neutralizante.

O arco voltaico que ocorre durante a abertura dos contatos do disjuntor percorre um labirinto
e, por um efeito termoquímico, produz um gás neutralizante que é soprado sobre o arco voltaico,
extinguindo-o. Esse efeito termoquímico é provocado pelo calor gerado pelo percurso do arco entre
as paredes da câmara de extinção, visto que elas são confeccionadas de material termoplástico
especial responsável pelo efeito.
O sistema de abertura e fechamento dos contatos elétricos principais é provido de molas e
trabalha com energia armazenada, o que torna o ato de operação do interruptor rápido e sem
dependência do grau de força empregada pelo operador como no caso de comandos
manuais.
O interruptor tripolar pode ser constituído com ou sem base para fusível, com mecanismo
de abertura automática por meio da queima de fusíveis.

Interruptor de média tensão para uso interno, tripolar, manobra com carga, sem base para fusíveis.
Utiliza isoladores de resina epóxi, disponíveis somente para acionamento a estribo. Poder de corte
90 A.

84 CPTM
Manutenção de Sistemas de Alta Tensão

7.3 Disjuntor

É um equipamento de manobra construído para operar em condições normais e anormais


e capaz de suportar os esforços dinâmicos e térmicos do arco voltaico.
O disjuntor de alta tensão é o principal elemento de segurança e o mais eficiente e
complexo aparelho de manobra em uso nas redes elétricas. Possui uma capacidade de fechamento
e de ruptura que deve atender a todos os requisitos preestabelecidos de manobra sob todas as
condições normais e anormais de operação.
No estado ligado ou fechado, o disjuntor deve suportar a corrente nominal da linha sem que
o aquecimento ultrapasse os limites permissíveis. No estado aberto ou desligado, a distância de
isolamento entre contatos deve suportar a tensão de operação, bem como as sobretensões, devido
a surtos de manobras ou de descargas atmosféricas.
Além das manobras com correntes de cargas, ele deve interromper com segurança altas
correntes de curto circuito indutivas, e não deve interromper prematuramente pequenas correntes
indutivas a fim de não provocar a interrupção da energia elétrica.
Além disso, existem as correntes capacitivas, manobra sob oposição de fase, como
exemplos de situações difíceis em que o disjuntor deve atuar.
Os disjuntores devem interromper a corrente sob todas essas condições, com um tempo
de duração do arco voltaico de 5 a 20 ms. Convém lembrar que os disjuntores, frequentemente
instalados ao tempo, permanecem meses e meses no estado estacionário ligado, conduzindo a
corrente nominal sob condições climáticas das mais variadas, proporcionando, às vezes, variações
de temperatura em dezenas de graus, agentes atmosféricos agressivos a vários de seus
componentes e outras condições adversas. Após todo este tempo de inatividade operacional
mecânica, deve estar pronto para interromper uma corrente de curto-circuito, sem o menor desvio
das especificações, pois qualquer falha de manobra resultaria em incalculáveis danos materiais e,
eventualmente, pessoais.
Os disjuntores podem operar em CC ou CA. Os construídos para operarem em CC
possuem um tempo de abertura dos contatos ultrarrápidos não permitindo que a corrente de curto-
circuito atinja valores muito altos. Os construídos para operarem em CA são providos de meios (óleo,
ar comprimido, vácuo, gás SF6 etc.) para a extinção dos arcos voltaicos.
Características que devem ser observadas em um disjuntor:

1) tensão nominal entre fases,


2) corrente de curto circuito;
3) corrente nominal;
4) tipo de dielétrico (óleo, gás SF6, vácuo etc.);
5) tipo de mecanismo de comando (elétrico, ar comprimido etc.);
6) tipo de instalação (interna ou externa);
7) dimensões, peso etc.

CPTM 85
Manutenção de Sistemas de Alta Tensão

7.3.1 Tipos de disjuntores quanto aos meios de extinção do arco voltaico

7.3.1.1 DISJUNTOR A ÓLEO

É o disjuntor em que os contatos principais operam imersos em óleo isolante. Esse óleo
serve tanto para extinção de arco como para isolar as partes energizadas dos contatos com o tanque
ou com a carcaça do disjuntor.
A rigidez dielétrica do óleo é a responsável pela extinção do arco voltaico. Porém, a cada
abertura dos contatos ocorre a decomposição do óleo, provocada pela temperatura do arco voltaico,
que resulta nos seguintes elementos: hidrogênio (66%); acetileno (17%); metano (9%); outros gases
(8%). A proporção de cada elemento depende de cada tipo de óleo usado.

Conforme características da extinção do arco em óleo, os disjuntores são agrupados em:

• pequeno volume de óleo;


• grande volume de óleo.

7.3.1.2 DISJUNTOR DE PEQUENO VOLUME DE ÓLEO - PVO

Esse tipo de disjuntor representa uma evolução por projetar uma câmara de extinção com
fluxo forçado de óleo sobre o arco voltaico. Aumenta a eficiência do processo de interrupção da
corrente e diminui, consideravelmente, o volume de óleo no disjuntor. O desenho esquemático
abaixo mostra um corte da câmara de extinção do arco.

Vista em corte de um polo do disjuntor PVO tipo 3AC

86 CPTM
Manutenção de Sistemas de Alta Tensão

Disjuntor pequeno volume de óleo

7.3.1.3 DISJUNTOR DE GRANDE VOLUME DE ÓLEO - GVO

É o tipo mais antigo de disjuntor a óleo. No passado, consistia apenas de um recipiente


metálico com os contatos simplesmente imersos no óleo sem nenhuma câmara de extinção.
Hoje, os disjuntores GVO possuem câmaras de extinção onde se força o fluxo de óleo sobre
o arco.
Nas potências mais baixas, as três fases, normalmente, estão imersas em um único
recipiente e, nas mais elevadas, cada fase tem o seu recipiente.
Observe, a seguir, um disjuntor em corte, mostrando o seu mecanismo interno. Note a
existência do transformador de corrente montado na própria bucha, o que é uma construção
bastante comum para esse tipo de disjuntor.
O disjuntor GVO é usado em média e alta tensão até 230 kV. Tecnicamente está
ultrapassado em relação a outros tipos.

CPTM 87
Manutenção de Sistemas de Alta Tensão

Disjuntor grande volume de óleo (três fases no mesmo recipiente)

Disjuntor grande volume de óleo (uma fase por recipiente)

Características comuns aos disjuntores de pequeno e grande volume de óleo:


1) construção robusta;
2) eficiência na extinção do arco em alta corrente;
3) degeneração do óleo a cada abertura dos contatos;
4) uso de grande quantidade de óleo;
5) peso e ocupação de grande espaço;
6) necessidade de infraestrutura reforçada.

88 CPTM
Manutenção de Sistemas de Alta Tensão

Disjuntor a gás SF6


Esse tipo de disjuntor é utilizado em circuitos de alta-tensão, extra-alta e ultra-alta tensão.

Características:
• peso reduzido, cerca de 60% menor que o disjuntor a óleo equivalente;
• diminuição dos esforços na fundação , o que, combinado com a mínima energia
transferida, torna sua construção mais econômica;
• operação silenciosa;
• manutenção simplificada; ( a câmara de extinção pode ser removida convenientemente
ao nível do solo para inspeção e manutenção)
• gás SF6 com desprezível decomposição, assegurando longa vida para a isolação e o
meio interruptor, sendo inerte e com excelentes propriedades interruptoras;
• apenas 2 - 3 atmosferas (15 - 30 psi) de pressão, o poder dielétrico do SF6 excede o ar
ou o óleo;
• excelentes propriedades desse gás permitem o uso de um tanque com uma mínima
distância entre as partes eletrizadas e o ponto de aterramento;
• capacidade de extinguir o arco mesmo em baixa velocidade de abertura dos contatos.

Disjuntor a gás SF6 Câmara de interrupção a Gás SF6 em corte

CPTM 89
Manutenção de Sistemas de Alta Tensão

Disjuntor a vácuo
É utilizado em circuitos de média tensão. Suas vantagens vão além de ser um sistema
tecnicamente superior, pois no vácuo não há a formação de arco voltaico, o que possibilita um menor
espaço de abertura entre os contatos. O deslocamento (curso) desse contato é bem modesto, da
ordem de 8mm a 12 mm, para tensões de até 17,5 kV; de 13mm a 18mm, para tensão de 24 kV e
de 16mm a 18mm para tensão de 36kV.

Características:
• dielétrico permanente: no vácuo não há decomposição de gases e as câmaras fechadas
hermeticamente eliminam os efeitos do meio ambiente;
• resistência de contato constante: no vácuo não ocorre oxidação dos contatos, garantindo
uma resistência de contatos muito baixa durante todo seu funcionamento;
• elevada corrente total interrompida: devido ao reduzido desgaste de contatos, é possível
interromper, por exemplo, até trinta mil vezes a corrente nominal ou, em média, cem
vezes a corrente de interrupção de curto circuito.

Corte de uma Câmara de


Disjuntor a vácuo disjuntor a vácuo

1. Haste de isolamento 1. Pino de Conexão do contato fixo


2. Terminal inferior 2. Disco de conexão
3. Shunt 3. Isolador de cerâmica
4. Interruptor a vácuo 4. Contato fixo
5. Terminal superior 5. Câmara
6. Contator Tulipa 6. Contato Móvel
7. Isolador de Cerâmica
8. Fole
9. Haste móvel condutora
10. Conexão mecânica para
acionamento
11. Pino de Conexão do contato móvel

90 CPTM
Manutenção de Sistemas de Alta Tensão

Atualmente estão sendo disponibilizados no mercado disjuntores para alta tensão de até
no máximo 145kV. Apesar das vantagens, o desenvolvimento de disjuntores a vácuo para alta
tensão permanece na dependência de avanços tecnológicos que permitam compatibilizar, em
termos econômicos, o aumento das tensões e correntes nominais das câmaras a vácuo e a redução
de seus volume e peso.

Disjuntor Extrarrápido
É um tipo de disjuntor específico para aplicação em corrente contínua (CC), de alta
velocidade de abertura de seus contatos, em comparação com os disjuntores de corrente alternada
(CA).
Os efeitos do arco voltaico produzidos em CC são muito mais severos em comparação com
o arco voltaico produzido em CA. Quanto mais rápido for a abertura dos contatos do disjuntor,
menores serão os prejuízos produzidos aos seus contatos.

Características:
• uso exclusivo em CC;
• atuação de abertura super-rápida:
• meio extintor é o ar interno da câmara de extinção ou abafador de arco com sopro
magnético;
• construção robusta;
• baixa manutenção mecânica.

Diagrama esquemático das partes principais do disjuntor extrarrápido

CPTM 91
Manutenção de Sistemas de Alta Tensão

A regulagem da corrente de atuação ou de abertura do disjuntor é feita com a atuação no


tensionamento das molas do contato principal (ajuste grosso) e nos parafusos de regulagem do
núcleo da bobina de retenção (ajuste fino).
• Maior tensionamento das molas, menor corrente de abertura do disjuntor.
• Menor tensionamento das molas, maior corrente de abertura do disjuntor.
• Apertando os parafusos do núcleo, maior corrente de abertura do disjuntor.
• Soltando os parafusos do núcleo, menor corrente de abertura do disjuntor.

Esses disjuntores estão instalados nas saídas dos conjuntos retificadores que alimentam o
barramento de 3kVcc da subestação e nas saídas de energia das subestações que alimentam a
rede aérea de tração para alimentação dos TUEs.
São os dispositivos de proteção de energia da rede aérea de tração. Qualquer surto
ocorrido ao longo da via, provocado por defeitos nos motores de tração dos trens, curto circuitos por
queda da rede aérea, vandalismo na rede aérea, promoverá a abertura dos disjuntores dos circuitos
afetados e, consequentemente, o corte da energia elétrica.
Por isso, é importante a manutenção periódica desses equipamentos e a sua regulagem de
acordo com o nível de corrente próprio para aquele trecho ou circuito a ser protegido.

Disjuntor extrarrápido

92 CPTM
Manutenção de Sistemas de Alta Tensão

7.4 Retificador

O sistema de alimentação dos trens da CPTM é feito em corrente contínua de 3kV. Para se
conseguir esse tipo de alimentação, as subestações adequam o nível de tensão e o retifica.
Existem várias formas de adequar e retificar a tensão. A ideia é de se fazer isso de tal forma
que possamos ter o melhor aproveitamento com relação ao custo/benefício e eficiência (produzir
menores efeitos indesejáveis para o sistema). Retificador de número de pulsos de ordem mais alta
pode ser formado a partir do uso de pontes retificadoras de seis pulsos, como bloco construtivo.
Para se conseguir um retificador de doze pulsos, são utilizados dois blocos retificadores de seis
pulsos com uma defasagem de 30º elétricos entre eles. Isso fará com que um bloco preencha os
vales entre os picos do outro bloco.
O uso do número de pulsos mais altos está relacionado à redução das correntes
harmônicas que o retificador injeta na rede de energia CA, pois quanto maior a frequência, menor
será a amplitude do sinal harmônico gerado. Por exemplo, um retificador de doze pulsos tem
distorção harmônica total de corrente (THD = Total Harmonic Distortion) de aproximadamente 13%,
enquanto um retificador de seis pulsos tem THD de corrente de 35%.
Outro benefício é uma menor ondulação na tensão de saída CC, fazendo com que a
retificação seja menos oscilante, ou seja, menor ripple. Isso contribui para que a etapa de filtragem
(banco capacitivo) seja bem menor, ou, em alguns casos, sem necessidade, reduzindo o custo do
equipamento.
Retificador hexafásico pode ser obtido pela associação em série ou paralelo de dois
retificadores trifásicos. São alimentados por duas alimentações trifásicas CA defasadas entre si. Há
três situações em que são feitas tais associações de retificadores:
• uma associação série, normalmente empregada em situações em que se deseja uma tensão
de saída elevada, que não poderia ser obtida com um retificador único;
• uma associação em paralelo, feita quando a carga exige uma corrente que não poderia ser
fornecida por um único retificador;
• em ambos os casos, em que se deseja reduzir o conteúdo harmônico da corrente drenada
da rede, conforme o gráfico a seguir.

CPTM 93
Manutenção de Sistemas de Alta Tensão

Retificador hexafásico é utilizado no controle de potência de grande porte, normalmente


acima de 250kVA.
Um caso típico de aplicação da associação em série de retificadores é na transmissão de
energia em corrente contínua, em alta tensão (HVDC), como é o caso da linha que conecta Itaipu
ao sistema sudeste (de 6000MW). Já a associação paralela é bastante comum no acionamento de
grandes máquinas usadas em tração elétrica (trens, metrô).
No circuito série, a tensão CC total, apresenta uma ondulação em 720Hz (daí o nome 12
pulsos) e uma variação pico a pico de apenas 3% do valor CC.

Retificador em série de 12 pulsos e ondulação de 720Hz

94 CPTM
Manutenção de Sistemas de Alta Tensão

O circuito abaixo reflete uma configuração de retificadores utilizada em algumas


subestações da CPTM.

Conjunto de retificadores ligados em série/paralelo

Em ambos os casos, a tensão média no barramento CC será calculada pela expressão:

𝑉𝑝𝑖𝑐𝑜 3𝑥𝑉𝑝𝑖𝑐𝑜
𝑉𝑒𝑓 = = 𝑉𝑝𝑖𝑐𝑜 = 𝑉𝑒𝑓 𝑥 √2 𝑒 𝑉𝑚𝑒𝑑 =
√2 𝜋

3𝑥√2 𝑥 𝑉𝑒𝑓
𝑉𝑚𝑒𝑑 =
𝜋

CPTM 95
Manutenção de Sistemas de Alta Tensão

Conjunto retificador a diodo

7.5 Filtro de Harmônicas

Como o próprio nome diz, são equipamentos que filtram as harmônicas geradas pelos
equipamentos de retificação da subestação e pelos motores dos trens.
Harmônicas são frequências múltiplas da frequência fundamental (a frequência original).
Por exemplo, se a frequência fundamental for 60 Hz (frequência da rede no Brasil), a 2ª harmônica
é 120 Hz, a 3ª é 180 Hz e assim por diante.

96 CPTM
Manutenção de Sistemas de Alta Tensão

Se a frequência fundamental for 50 Hz (frequência da rede em Portugal), a 2ª harmônica é


100 Hz, a 3ª é 150 Hz e assim por diante.
A figura seguinte mostra gráficos da frequência fundamental, assim como das 3ª e 5ª
harmônicas.

Se uma tensão alternada senoidal de frequência igual a 60 Hz for aplicada a uma carga
linear, não haverá produção de harmônicas; mas, se for aplicada a uma carga não linear, surgirão
harmônicas. Sendo assim, um sinal senoidal pode ser formado pela soma de harmônicas da
frequência fundamental.
Em condições normais (sem harmônicas) a frequência das correntes que atravessam um
sistema elétrico é a fundamental. Se houver harmônicas, também estas, além da fundamental,
atravessam a rede. Sabe-se que, com exceção dos resistores, todos os componentes elétricos e
eletrônicos são influenciados pela frequência. Por exemplo, a reatância de uma bobina depende da

frequência e não só da bobina (X L = 2 f L). A introdução de frequências não esperadas dará


origem a distorções. Utilizam-se, hoje em dia, muitos circuitos eletrônicos geradores de harmônicas,
ao contrário do que acontecia antes de certos desenvolvimentos da eletrônica. Os circuitos digitais
utilizam essencialmente sinais retangulares. Por isso, é necessário evitar que estas harmônicas
sejam introduzidas na rede, o que afetaria o funcionamento de outros circuitos. Por exemplo, a
corrente de alimentação fornecida por uma fonte chaveada (ou comutada) a um computador é
constituída por componentes harmônicos ímpares de valor elevado (em relação à frequência
fundamental) e quase nenhuma harmônica par. A amplitude da 3ª harmônica é cerca de 90 % da
fundamental e a da 5ª harmônica é cerca de 70 % da fundamental. Nota-se que a amplitude das
harmônicas diminui com a frequência.
Para avaliar a importância dos componentes harmônicos de um sinal, usa-se o parâmetro
THD (“Total Harmonic Distortion” ou “Distorção Harmônica Total”). É a percentagem entre o valor
eficaz do componente harmônico total e o valor eficaz do componente fundamental. No caso de um
sinal sem harmônicas, o valor de THD é zero, mas em um computador, pode ser mais de 100 %.
Todos os equipamentos em seu funcionamento são produtores de harmônicas. É o caso das
lâmpadas fluorescentes e todos os circuitos que modificam as tensões senoidais, como conversores
usando tiristores.

CPTM 97
Manutenção de Sistemas de Alta Tensão

As harmônicas podem produzir aquecimento dos condutores. Nos motores provocam ainda
vibrações excessivas. Nos transformadores, produzem alterações nos valores das tensões e ruídos
derivados de vibrações, além de aquecimentos por efeito Joule e por correntes de Foucault. Em
equipamentos de áudio podem produzir distorções sonoras e em equipamentos de vídeo, distorções
de imagem. Os aparelhos de proteção (fusíveis e disjuntores) podem atuar erroneamente. Os
aparelhos de medida podem fornecer medidas incorretas.
Nas redes trifásicas encontram-se principalmente as harmônicas ímpares e, com maior
valor, a terceira harmônica.
Na figura seguinte, podemos ver a influência da 3ª harmônica adicionada à fundamental.

Na figura seguinte podemos ver a influência da 5ª harmônica adicionada à fundamental.

Na figura seguinte mostram-se gráficos onde se vê a influência das 3ª e 5ª harmônicas


adicionadas à fundamental.

98 CPTM
Manutenção de Sistemas de Alta Tensão

Filtro de Harmônicas

7.6 Para-raios

É destinado a proteger os equipamentos de um circuito contra surto de tensão transitória


provocado por descargas elétricas atmosféricas, e/ou eventos e anomalias.
Até algum tempo, os para-raios aplicados nas subestações, eram do tipo de carbeto de
silício (SiC). Atualmente, com o desenvolvimento tecnológico de novos materiais, estão sendo
produzidos para-raios de óxido de zinco (ZnO).
Possuem fabricação em corpo de porcelana ou em corpo de material polimérico.

Para-raios de entrada de alta tensão

CPTM 99
Manutenção de Sistemas de Alta Tensão

Detalhes construtivos do para-raios de porcelana

Esses para-raios são fabricados de tal modo que os elementos de óxido de zinco (ZnO)
fiquem centralizados internamente no invólucro de porcelana, com a finalidade de minimizar os
efeitos de distribuição não uniforme de campo elétrico e de ionização interna. São incorporados
mecanismos de alívio de sobrepressão para evitar a fragmentação ou a explosão violenta dos para-
raios, em caso de uma eventual falha seguida da passagem da corrente de surto. Geralmente, os
para-raios com invólucros de porcelana, classe estação, apresentam distâncias de escoamento de
20 mm / kV.

Detalhes construtivos do para-raios com invólucro polimérico

São para-raios com características construtivas internas, parecidas com os de porcelana.


O material polimérico, por ser mais leve e flexível, facilita o manuseio e em caso de correntes
elétricas provenientes de surtos, não estilhaçam. São fabricados dois tipos de para-raios
poliméricos: com e sem espaçamentos internos de ar.

100 CPTM
Manutenção de Sistemas de Alta Tensão

Diferenças entre os modelos

Para-raios sem espaço interno:


• não requerem dispositivos de alívio de pressão;
• são mais confiáveis em relação à penetração de umidade;
• são mais leves.

Para-raios com espaço interno:


• possuem maior suportabilidade a esforços mecânicos.

7.7 Contador de descargas atmosféricas

O sistema de proteção contra surtos deve trabalhar 24 horas por dia pois, a qualquer
momento, pode ocorrer um raio ou uma sobretensão.
Esse dispositivo registra as descargas atmosféricas ou sobretensões que ocorrerem,
permitindo se tomar ações especiais para a segurança das pessoas e das instalações.
Registra as ocorrências entre 1KA (8/20µS) e 100KA (10/350µS) auxiliando as
manutenções preventivas. É possível verificar em qualquer momento se um raio atingiu o seu
sistema de proteção pelo visor. O contador possui proteção IP65 podendo ser instalado tanto em
ambientes internos como externos.
Sua instalação é feita na saída de Terra do para-raios.

Aparelho contador de descargas atmosféricas

CPTM 101
Manutenção de Sistemas de Alta Tensão

7.8 Relê

Tem por finalidade controlar as cargas em um circuito elétrico e dar proteção ao sistema
elétrico. É um dispositivo sensível e de precisão, devendo-se manuseá-lo com cuidado, pois é
fundamental para o perfeito funcionamento dos equipamentos que ele protege. Não somente limita
ao mínimo as paradas da SE mas, em caso de anomalias, também indica o local do ocorrido,
desligando a corrente elétrica e dando alarme do defeito.

Painel de relês na subestação

102 CPTM
Manutenção de Sistemas de Alta Tensão

Código Padrão dos relês usados na SE

Tabela ANSI – American National Standards Institute

Nr Denominação
1 Elemento Principal
2 Relê de partida ou fechamento temporizado
3 Relê de verificação ou interbloqueio
4 Contator principal
5 Dispositivo de interrupção
6 Disjuntor de partida
7 Relê de taxa de variação
8 Dispositivo de desligamento da energia de controle
9 Dispositivo de reversão
10 Chave comutadora de sequência das unidades
11 Dispositivo multifunção
12 Dispositivo de sobrevelocidade
13 Dispositivo de rotação síncrona
14 Dispositivo de subvelocidade
15 Dispositivo de ajuste ou comparação de velocidade e/ou frequência
16 Dispositivo de comunicação de dados
17 Chave de derivação ou descarga
18 Dispositivo de aceleração ou desaceleração
19 Contator de transição partida-marcha
20 Válvula operada eletricamente
21 Relê de distância
22 Disjuntor equalizador
23 Dispositivo de controle de temperatura
24 Relê de sobreexcitação ou Volts por Hertz
25 Relê de verificação de Sincronismo ou Sincronização
26 Dispositivo térmico do equipamento
27 Relê de subtensão
28 Detector de chama
29 Contator de isolamento
30 Relê anunciador
31 Dispositivo de excitação
32 Relê direcional de potência
33 Chave de posicionamento
34 Dispositivo master de sequência
35 Dispositivo para operação das escovas ou curto-circuitar anéis coletores
36 Dispositivo de polaridade ou polarização
37 Relê de subcorrente ou subpotência
38 Dispositivo de proteção de mancal
39 Monitor de condições mecânicas
40 Relê de perda de excitação ou relê de perda de campo
41 Disjuntor ou chave de campo
42 Disjuntor / chave de operação normal
43 Dispositivo de transferência ou seleção manual
44 Relê de sequência de partida
45 Monitor de condições atmosféricas
46 Relê de reversão ou desbalanceamento de corrente
47 Relê de reversão ou desbalanceamento de tensão
48 Relê de sequência incompleta / partida longa
49 Relê térmico
50 Relê de sobrecorrente instantâneo
51 Relê de sobrecorrente temporizado
52 Disjuntor de corrente alternada
53 Relê para excitatriz ou gerador CC
54 Dispositivo de acoplamento
55 Relê de fator de potência
56 Relê de aplicação de campo
57 Dispositivo de aterramento ou curto-circuito

CPTM 103
Manutenção de Sistemas de Alta Tensão

Nr Denominação
58 Relê de falha de retificação
59 Relê de sobretensão
60 Relê de balanço de corrente ou tensão
61 Sensor de densidade
62 Relê temporizador
63 Relê de pressão de gás (Buchholz)
64 Relê detetor de terra
65 Regulador
66 Relê de supervisão do número de partidas
67 Relê direcional de sobrecorrente
68 Relê de bloqueio por oscilação de potência
69 Dispositivo de controle permissivo
70 Reostato
71 Dispositivo de detecção de nível
72 Disjuntor de corrente contínua
73 Contator de resistência de carga
74 Relê de alarme
75 Mecanismo de mudança de posição
76 Relê de sobrecorrente CC
77 Dispositivo de telemedição
78 Relê de medição de ângulo de fase / proteção contra falta de sincronismo
79 Relê de religamento
80 Chave de fluxo
81 Relê de frequência (sub ou sobre)
82 Relê de religamento de carga de CC
83 Relê de seleção / transferência automática
84 Mecanismo de operação
85 Relê receptor de sinal de telecomunicação (teleproteção)
86 Relê auxiliar de bloqueio
87 Relê de proteção diferencial
88 Motor auxiliar ou motor gerador
89 Chave seccionadora
90 Dispositivo de regulação (regulador de tensão)
91 Relê direcional de tensão
92 Relê direcional de tensão e potência
93 Contator de variação de campo
94 Relê de desligamento
95 Usado para aplicações específicas
96 Relê auxiliar de bloqueio de barra
97 a 99 Usado para aplicações específicas
150 Indicador de falta à terra

50 - Relê de sobrecorrente instantâneo

Opera instantaneamente em corrente acima de um valor predeterminado.

51- Relê de sobrecorrente temporizado C em circuito de corrente alternada

Opera com uma característica de tempo definida ou com uma característica de tempo inverso
quando a corrente ultrapassa o valor prefixado, em circuito de corrente alternada.

52 - Disjuntor de corrente alternada

Fecha ou abre circuitos de potência de corrente alternada, em quaisquer condições de


operação.

59 - Relês de sobretensão

Opera para uma tensão acima de um valor prefixado.

104 CPTM
Manutenção de Sistemas de Alta Tensão

64 - Relês de desligamento

Opera o desligamento de um disjuntor, contator ou equipamento elétrico.

67 - Relê de sobrecorrente direcional

Opera para um dado valor de sobrecorrente, fluindo em um sentido prefixado.

68 - Relê de bloqueio

É um dispositivo que, sob condições determinadas, fornece o sinal piloto para bloqueio da
abertura de equipamentos de uma linha de transmissão, no caso de faltas externas na linha ou
em outros equipamentos ou, ainda, trabalha em conjunto com outros dispositivos para bloquear
a abertura ou o religamento de algum equipamento, no caso de ausência de sincronismo ou
oscilação de potência.

71 - Relê de nível de líquido indicador de nível de óleo com contato.

74 - Utilizado para operar um sinal de alarme, sonoro e/ou visual.

83 - Relê de controle seletivo. "Teste linha"

Opera para selecionar automaticamente certas fontes ou condições em um equipamento, ou


ainda para realizar automaticamente uma operação de transferência.

86 - Relê de bloqueio de religamento

Opera eletricamente, com rearme manual ou elétrico, de modo a desligar e bloquear um


equipamento, no caso de ocorrências anormais.

87 - Relê diferencial

Opera em função da diferença proveniente do desequilíbrio existente entre duas ou mais


correntes ou outras grandezas elétricas quaisquer, medidas nos pontos extremos das áreas
protegidas.

89 - Seccionador de carga

Utilizado para interromper ou isolar circuitos de potência em carga. É comandado eletricamente


ou possui acessórios elétricos.

97 - Relê de sinalização de avaria de diodo

Relê de fuga para terra


Esse relê é energizado quando uma corrente elétrica circula pelo cabo de aterramento do
Trafo em uma situação de anormalidade.
Conforme desenho, o cabo de aterramento do equipamento passa por dentro de uma
bobina. Quando, em uma situação anormal, houver circulação de corrente pelo corpo metálico do
Trafo e esta em direção ao terra, o efeito da indução magnética fará com que surja na bobina uma
corrente elétrica que alimentará o relê de fuga de corrente que, por meio dos seus contatos, acionará
o circuito de desligamento do disjuntor do Trafo.

CPTM 105
Manutenção de Sistemas de Alta Tensão

7.9 Sistemas auxiliares

Para que funcionem, as Subestações necessitam de energia em corrente alternada de


baixa tensão (110V/220V) e em corrente contínua (110V) para alimentação dos diversos
equipamentos e sistemas. Essa energia é fornecida por:
• SACA (Serviços Auxiliares de Corrente Alternada);
• SACC (Serviços Auxiliares de Corrente Contínua).

7.9.1 SACA

O SACA destina-se à alimentação em corrente alternada (110V/220V) das seguintes


instalações das subestações:
• serviços relativos à alimentação da aparelhagem auxiliar do equipamento de alta tensão;
• alimentação dos ventiladores dos transformadores e dos retificadores;
• circuitos de aquecimento das caixas de reagrupamento dos transformadores de medição e dos
armários de comando dos seccionadores e disjuntores;
• equipamentos de telecomunicações;
• circuitos de iluminação e tomadas de uso geral e específico (TUG e TUE);
• equipamento de aquecimento, ventilação e ar condicionado;
• equipamentos de carga das baterias;
• alimentação dos quadros elétricos das oficinas.

7.9.2 SACC

O SACC destina-se à alimentação em corrente contínua (110Vcc) das seguintes


instalações das subestações:
• sistema de iluminação de emergência;
• alimentação das bobinas dos disjuntores extrarrápidos;
• comando elétrico de acionamento dos disjuntores e seccionadores.

106 CPTM
Manutenção de Sistemas de Alta Tensão

O SACC é constituído por:


• conjunto bateria;
• retificador carregador;
• quadro dos Serviços Auxiliares de Corrente Contínua (QSACC).

O conjunto retificador/baterias funcionará em situações normais, na presença de corrente


alternada (rede). O retificador alimentará os consumidores e fará a carga de manutenção da bateria;
a bateria servirá de socorro nas situações em que haja corte de energia em corrente alternada.
Na falta de corrente alternada, a bateria fornecerá, no seu período de autonomia, a corrente
necessária para manter em serviço os equipamentos indispensáveis, tais como: iluminação e
alimentação das bobinas, dos disjuntores extrarrápidos e os comandos elétricos dos circuitos de
controle dos disjuntores.
O conjunto de baterias é do tipo estacionária, e poderá ser do tipo chumbo ácida (tensão nominal
2,0V) ou tipo alcalina (níquel-cádmio, tensão nominal 1,2V).

Conjunto de baterias estacionárias SACA / SACC

CPTM 107
Manutenção de Sistemas de Alta Tensão

108 CPTM
Manutenção de Sistemas de Alta Tensão

8 Manutenção de Subestações e
Cabines Primárias

Para o bom funcionamento dos equipamentos das subestações e das cabines primárias e
para que não haja interrupção do fornecimento de energia elétrica para o sistema elétrico-ferroviário,
é necessário que, regularmente, sejam feitas as manutenções preventivas e preditivas segundo o
plano de manutenção adotado.
Este plano deve estar em conformidade com a Resolução Normativa Nº 669 de 14 de julho
de 2015 da Agência Nacional de Energia Elétrica - ANEEL – (ANEXO A Pg.135) que regulamenta
os requisitos mínimos de manutenção e o monitoramento da manutenção de instalações de
transmissão de energia elétrica de rede básica.
Essas manutenções serão fiscalizadas pelo responsável técnico e as mesmas deverão ser
relatadas em forma de Ordem de Serviço (OS). Essa OS deverá estar de acordo com o modelo
adotado pela companhia, para que haja a devida documentação e controle.

Equipamento de Proteção Individual (EPI)


Todo pessoal envolvido na manutenção dos equipamentos deverá estar em conformidade
com os pré-requisitos e com as normas de segurança próprias para o tipo de equipamento e o local
de instalação desses equipamentos.
Sendo assim, deverão utilizar equipamentos de proteção individual (EPI’s) para prevenir
danos físicos que possam ser causados pelos riscos existentes da atividade.

Os EPI’s básicos são os seguintes:


• botas de proteção (eletricista);
• protetor facial;
• óculos de proteção;
• luvas isolantes de borracha/couro;
• capacete.

CPTM 109
Manutenção de Sistemas de Alta Tensão

Além da utilização de EPIs, devem ser tomadas algumas medidas de controle para se minimizar
ainda mais o nível de risco:

• utilizar vestimentas adequadas às atividades;

• não usar adornos pessoais;

• garantir iluminação adequada e uma posição de trabalho segura;

• manter os membros superiores livres para a realização das tarefas;

• não improvisar EPI’S;

• consultar o chefe imediato ou o responsável pela manutenção, caso sejam observadas

circunstâncias que impossibilitem a execução da tarefa;

• ter consciência das atividades da manutenção a serem desenvolvidas;

• verificar, identificar e reconhecer se o circuito elétrico está devidamente desenergizado

e aterrado, antes de iniciar os trabalhos.

• ter consciência de que está agindo estritamente conforme os procedimentos de

segurança normatizados, se for de sua responsabilidade o desligamento e o aterramento

do circuito, para a manutenção do equipamento.

• não executar qualquer operação, caso surjam dúvidas e entrar em contato,

imediatamente, com a chefia responsável;

• não fazer nada além do que está determinado na OS;

• não executar nenhuma operação ou manutenção estando sozinho;

• ser atencioso e observador, estando envolvido nas operações de desligamento e

religamento do circuito e durante a manutenção;

• cuidar da sua segurança e da segurança de seus companheiros.

Lembrete
A eletricidade é invisível, um erro poderá ser fatal para você e/ou para as outras pessoas.

110 CPTM
Manutenção de Sistemas de Alta Tensão

8.1 Equipamentos e instrumentos necessários para a manutenção

Multímetro Aparelho Termovisor

Alicate Amperímetro Ferramentas Diversas

Conjunto de aterramento temporário Megger

CPTM 111
Manutenção de Sistemas de Alta Tensão

Aparelho de teste de rigidez dielétrica do


Terrômetro
óleo isolante

8.2 Manutenção das linhas de distribuição de energia

Além da manutenção dos equipamentos da subestação e da cabine primária, é importante,


também, a manutenção das linhas de entrada de energia dessas cabines .
Procedimentos básicos que compõem a manutenção preventiva das linhas de entrada.

• inspecionar o estado geral de conservação da estrutura de entrada (poste, cruzeta, suportes


metálicos);
• verificar as condições dos para-raios, observando se a conexão do aterramento está conforme os
padrões integridade;
• verificar a integridade da cordoalha do elo fusível, e conferir o valor de acordo com a tabela 01 a
seguir (Norma da Cosern “Fornecimento de Energia Elétrica em Tensão Primária de Distribuição -
13,8 kV”);
• verificar a integridade das chaves seccionadoras (Matheus), corpo de porcelana, contatos e
conexões;
• verificar a integridade dos cabos condutores elétricos, se não há tentos partidos;
• conferir o reaperto das conexões.

112 CPTM
Manutenção de Sistemas de Alta Tensão

9 Circuito de Rede Aérea de


tração (Rede Aérea)

São circuitos aéreos que transportam energia elétrica mantida pelas SE (subestação) e
CSS (Cabine seccionadora). Alimentam as máquinas e as unidades elétricas (TUE'S), em qualquer
ponto do trecho eletrificado em que se encontrem.

Partes principais que compõem o circuito:


• sustentação mecânica;
• isolador;
• catenária.

CPTM 113
Manutenção de Sistemas de Alta Tensão

9.1 Descrição e aplicação

9.1.1 Sustentação Mecânica

A sustentação mecânica é obtida por meio de:

• postes de concreto e estruturas metálicas: de acordo com a necessidade de utilização,


apresentam-se das seguintes formas: pórtico, cantilever (pull-off ou push off), escora,
ancoragem etc.
• conjunto estabilizador: peças metálicas de ferro galvanizado que servem para manter a
catenária na sua posição correta.

9.1.2 Isolador

Dispositivo de sustentação cujo material dificulta a passagem de corrente elétrica. São


vários os isoladores empregados na rede aérea e nos circuitos aéreos em geral. Os de uso mais
comum são:
a) isolador de discos;
b) isolador de pedestal;
c) isolador de secção;
d) espaçador isolado.

a) Isolador de discos

Pode ser fabricado em porcelana, vidro ou polimérico. Apresenta uma campânula de metal e é
utilizado na suspensão dos cabos mensageiros, nos encabeçamentos e nos cabos puxadores
horizontais.

114 CPTM
Manutenção de Sistemas de Alta Tensão

b) Isolador de pedestal

É usado em chaves de seccionamento, passarelas e viadutos.

c) Isolador de secção

É confeccionado em Celeron ou em fibra de vidro com poliéster.


Utilizado nos gaps da rede aérea, normalmente nos travessões, nas entradas dos pátios e abrigos
eletrificados.

CPTM 115
Manutenção de Sistemas de Alta Tensão

d) Espaçador isolado

É fabricado em porcelana, vidro ou polimérico, com haste de ferro galvanizado. Sua aplicação se
faz necessária em gaps para individualização de dois trechos de um mesmo circuito.

Observação – No gap, o espaçador isolado é instalado no cabo mensageiro e o isolador de


secção, exclusivamente no fio de contato.

9.1.3 Catenária

Circuito formado por condutores de alimentação da energia elétrica. São classificados em


diretos e indiretos.

a) Condutores diretos
São o cabo mensageiro, o cabo alimentador e o fio de contato que compõem a parte do
circuito responsável pela distribuição de energia às unidades elétricas.

Cabo Mensageiro

É um condutor elétrico de cobre responsável por receber toda a energia retificada (3kVcc)
pela subestação e a distribuir ao longo da linha ferroviária. Além de transportar a energia elétrica, é
responsável, também, pela sustentação mecânica do fio de contato. Possui uma secção transversal
de 253mm2.

Cabo alimentador
É um condutor elétrico de cobre responsável por transferir a energia elétrica do cabo
mensageiro para o fio de contato ou trolley. A distância entre os pontos de instalação deve ser de
60m, a fim de possibilitar a transferência da energia elétrica de forma eficiente.

116 CPTM
Manutenção de Sistemas de Alta Tensão

Fio de Contato (fio trolley)

Condutor elétrico de cobre com ranhuras laterais que possibilitam sua fixação ao
mensageiro por meio de garras conectadas aos suspensórios permitindo que sua área livre de
contato ocorra sem danificar o pantógrafo.
Nos circuitos principais de rede aérea de tração, o fio de contato possui secção nominal de
107 mm nas linhas “8 Diamante/ 9 Esmeralda” e “11 Coral/ 12 Safira”, e de 180mm2 nas linhas “7
2

Rubi / 10 Turquesa”.
O fio de contato fica a uma altura entre 4,8m e 5,5m do trilho, estando as medidas menores
nas entradas de túneis e cruzamentos com viadutos.
A manutenção dessas medidas é necessária, tendo em vista a circulação de determinadas
composições, cuja altura máxima em referência ao trilho, excede as medidas normais das
composições em circulação diária.

Observação:
1m de fio de contato de secção 180mm² = 1,6kg
1m de cabo mensageiro de secção 240mm² = 3,5kg

b) Condutores indiretos
São as selas, garras paralelas, suspensórios, conjunto estabilizador e cabos puxadores.
Além de transportar energia, é responsável também pela sustentação mecânica do fio de contato,
mantendo-o na sua posição correta de serviço.
O condutor indireto utilizado nos circuitos principais de circulação dos trens metropolitanos
é de cobre com secção transversal 253mm2.

CPTM 117
Manutenção de Sistemas de Alta Tensão

Sela

É um conector responsável pela conexão do suspensório ao fio de contato.

Garras paralelas

São os conectores responsáveis pela conexão dos cabos.

Suspensório

Além de servir para sustentação do fio de contato, serve também para o seu nivelamento.
Possui tamanhos variáveis, em função da sua posição na catenária e do tamanho dos vãos entre os
postes. Sua fixação ao fio de contato é feita por meio de uma garra (castanha) e ele é alçado no
cabo mensageiro, protegido por uma luva (sela).
O suspensório é confeccionado nas oficinas de manutenção da rede aérea, utilizando fio
de cobre nu com secção nominal de 25mm2.

Para melhorar o funcionamento do circuito, o cabo mensageiro e o fio de contato devem


estar ligados eletricamente por cabos alimentadores a cada sessenta (60) metros. Essa ligação é
feita por meio de jumpers.

118 CPTM
Manutenção de Sistemas de Alta Tensão

Conjunto estabilizador e cabos puxadores

Permitem a centralização da catenária em relação aos trilhos da via permanente.

9.2 Sistema de distribuição

A alimentação do circuito de rede aérea de tração é distribuída em tensão corrente contínua


em 3kVcc, ao longo do trecho. É feita por meio de ligação em paralelo pelas subestações ao longo
do trecho.

9.2.1 Seccionamento

É o desligamento do circuito para se fazer a manutenção na rede aérea. Esse


seccionamento pode ser feito por meio dos disjuntores e seccionadores instalados nas subestações
e nas cabines de seccionamento e paralelismo.
Há, também, seccionadores instalados ao longo da rede aérea que facilitam a manutenção,
reduzindo o trecho a ser desligado o que favorece a diminuição das interferências na circulação dos
trens.

CPTM 119
Manutenção de Sistemas de Alta Tensão

Chave seccionadora

Chave faca vertical

9.3 Manutenção da rede aérea

9.3.1 Poligonação ou zigue-zague

É o puxamento da rede aérea nos pontos de sustentação (estruturas) produzindo retrações


à esquerda e à direita com relação ao eixo da linha de rodagem, formando um leve zigue-zague que
é denominado de poligonação. Evita-se, assim, que o contato da canoa do pantógrafo com o trolley
seja num único ponto, gerando um desgaste mais uniforme.

120 CPTM
Manutenção de Sistemas de Alta Tensão

A poligonação deve ser mantida entre os limites prescritos de +25cm e -25cm padrão e +20
e -20cm, nos trechos em linha reta e em curvas de raio superior a 300m. Em curvas de médio e
pequeno raios (300m a 200m) a poligonação poderá atingir os 30cm.
Nas curvas, a poligonação deverá ser rigorosamente observada. Caso contrário, ocorrerá
a saída do fio de contato da canoa do pantógrafo e o consequente rompimento da rede aérea e a
destruição do pantógrafo.

As causas de maior incidência na modificação natural da poligonação são:


• deslocamento das estruturas em terrenos de baixa resistência (afundamento);
• rebaixamento e desnivelamento lento e gradual do lastro (particularmente nas
curvas),ocasionado pela passagem dos trens;
• serviços de manutenção da via permanente: calçamento e alinhamento dos trilhos,
substituição dos trilhos e correção da geometria da via..

9.3.2 Gabarito Vertical

É a altura entre o fio de contato e a superfície do boleto do trilho. Seu limite é de 4,80m a
5,50m. Os pontos com menor altura localizam-se em cruzamentos com viadutos, entradas de túneis
e obstáculos semelhantes.
Esses limites devem ser mantidos e as medidas sempre controladas. No caso de redução
de altura do fio de contato (túneis e viadutos) será, no máximo, de 70 cm de descida ou de subida
feita num trecho de 350 metros.

Nessa proporção, para um lance ou vão de 50 metros a redução (ou aumento) da altura
será de 10cm e, para um vão de 60 metros, de 12cm.

CPTM 121
Manutenção de Sistemas de Alta Tensão

9.3.3 Fio de Contato

O fio de contato deverá ter a superfície de contato (parte inferior) sem asperezas, riscos,
sulcos ou deformações.
Essas imperfeições podem ser causadas por acionamento do pantógrafo com carga; por
curtos-circuitos internos no motor de tração ou, ainda, por imperfeições na via que poderão
ocasionar o afastamento do pantógrafo do fio de contato produzindo o arco voltaico.
É muito importante que seja feita uma manutenção constante das lâminas coletoras dos
pantógrafos, que não devem apresentar bordas cortantes, ou covas transversais e devem sempre
conservar o produto lubrificante indispensável à diminuição do atrito entre as lâminas e o fio de
contato.
Os pantógrafos das unidades motrizes exercem contra o fio de contato uma força variável
entre 8 e 11 kg, o que justifica o cuidado a ser tomado com sua manutenção.
O desgaste do fio de contato se apresenta diferente de ponto a ponto do mesmo lance de
rede aérea devido, principalmente, às razões abaixo mencionadas:
• irregularidades na instalação do fio de contato;
• irregularidade dos pantógrafos (ranhuras, asperezas etc.);
• centelhamento provocado pelo afastamento do pantógrafo.

Examinando um lance de rede aérea, pode-se observar que o maior desgaste do fio de
contato se verifica em correspondência dos jumpers CM-FC e nas proximidades das suspensões,
pois nesses pontos a flexibilidade é menor.
Importante observar também que, com temperaturas do cobre acima de 40ºC e abaixo das
suspensões, o fio forma uma curva com o vértice dirigido para o alto, o que resulta num desgaste
maior nos pontos imediatamente posteriores à suspensão.
Com temperaturas do cobre abaixo de 20°C acontece o contrário; o maior atrito e o maior
desgaste se manifestam nos pontos imediatamente anteriores à suspensão.
Apresentamos a seguir um quadro demonstrativo do desgaste do fio de contato em relação
à diminuição de sua espessura vertical.

ESPESSURA DIMINUIÇÃO DA SECÇÃO SECÇÃO RESULTANTE


(mm) (mm2) (mm2)
12,0 0,0 107
11,0 5,0 102
10.0 12.0 95
9,5 15,0 92
9,0 19,0 88
8,5 26,0 81
8,0 32,0 75

122 CPTM
Manutenção de Sistemas de Alta Tensão

Para a verificação do desgaste do fio de contato usa-se um calibrador fixo com duas ou
mais bocas, cujas aberturas correspondem às medidas de espessura do fio de contato.
Tomando como exemplo demonstrativo um calibrador de duas bocas, estas deverão ter as
medidas de 8,5mm e 8,0mm.
Tenta-se introduzir lateralmente ao fio de contato a boca de 8,5mm de abertura. Se o fio
não entrar, ainda está em boas condições. Se o fio entrar na boca de 8,5mm e não entrar na boca
de 8,0mm deve ficar em observação, pois se encontra perto do limite máximo admissível de
desgaste. Se o fio entrar na boca de 8,0mm deverá ser prontamente substituído.
É aconselhável intensificar os cuidados de controle nos trechos de fio de contato não
paralelos ao plano dos trilhos. Nos trechos em curva (desgaste lateral não simétrico), nos trechos
de linha com rampa acentuada (maior transmissão de corrente) nas proximidades dos jumpers e
pontos de alimentação.

9.3.4 Cabo mensageiro

O cabo mensageiro deve ser examinado por toda a sua extensão com a finalidade de se
descobrir eventuais rupturas de um ou mais de seus fios componentes (tentos) e os pontos recozidos
por excessos de carga. Esses pontos são caracterizados pela coloração diferente do material.

RECOZIMENTO

O recozimento é causado pelo mau contato das conexões de alimentação de energia. Esse
mau contato provoca o aquecimento do condutor elétrico pela passagem da corrente elétrica.
Um cabo recozido se apresenta com coloração bem mais avermelhada do que a de um
cabo em perfeitas condições e perde suas propriedades mecânicas, sofrendo sensíveis
alongamentos em consequência do próprio peso da rede e de suas oscilações, podendo chegar à
ruptura. Devido à probabilidade da ruptura da rede aérea, principalmente no inverno, quando o
tensionamento é aumentado, é necessário que se proceda a substituição do cabo recozido.

VERIFICAÇÃO DO TENSIONAMENTO

Ao executar o exame visual rotineiro da linha, constatando-se um aumento anormal da


flecha no centro de um lance, pode ser usado um método fácil e razoavelmente eficiente para
verificar o tensionamento do cabo mensageiro sem a necessidade de desligamento da linha para a
colocação do dinamômetro.
O método se resume, praticamente, em medir a altura do mensageiro na suspensão “a”, na
suspensão “b” e no ponto mais baixo “c” (próximo ao centro do lance, tudo em referência ao plano
dos trilhos).

CPTM 123
Manutenção de Sistemas de Alta Tensão

( a  b)
A flecha é dada pela expressão F  c .
2
Admitimos que as medições efetuadas sejam as seguintes:

a=7,07m
b=7,15m
c=5,70m

A flecha é, então, calculada:

7,07  7,15
F  5,70 F  7,11  5,70  1,41m
2

Uma vez determinada a flecha, será usada a fórmula:

Q  L2
T , onde:
8f
T = tensionamento do cabo carregado a uma determinada temperatura
Q = peso da linha por quilo no lance
f = flecha

O peso do metro de rede é obtido somando-se o peso de todos os cabos, fios, garra e
acessórios; dividindo-se esse peso total pelo comprimento do lance será obtido o peso do quilo por
metro, que no exemplo dado, será de 3,5Kg/m.

3,5  60 2 3,5  3.600 12.600


T    1.117 Kg
8  1,41 11,28 11,28

Se esse valor de 1.117Kg for inferior ao tensionamento indicado na tabela, considerada a


temperatura medida na hora em que foi feita a verificação da flecha, deverá ser programado um
desligamento no trecho a fim de executar o devido retensionamento.

124 CPTM
TENSIONAMENTo DO CABO MENSAGEIRO PRINCIPAL TENSIONAMENTO DO CABO MENSAGEIRO PRINCIPAL
TENSIONAMENTO DO FIO TROLLEY EM FUNÇÃO DA
(SEM CARGA) EM FUNÇÃO DA TEMPERATURA VÃO (COM CARGA) EM FUNÇÃO DA TEMPERATURA VÃO
TEMPERATURA
EOUIVALENTE= 60M. EQUIVALENTE = 60M

GRAUS TENSÃO EM GRAUS TENSÃO EM GRAUS TENSÃO EM GRAUS TENSÃO EM GRAUS TENSÃO EM GRAUS TENSÃO EM
°C QUILOS °C QUILOS °C QUILOS °C QUILOS °C QUILOS °C QUILOS

0 1137 26 896 0 1660 26 1394 0 1830 26 1015


1 1120 27 891 1 1648 27 1385 1 1797 27 985
2 1110 28 885 2 1636 28 1376 2 1765 28 955
3 1100 29 879 3 1624 29 1367 3 1735 29 922
4 1090 30 873 4 1612 30 1358 4 1705 30 890
Manutenção de Sistemas de Alta Tensão

5 1075 31 864 5 1600 31 1349 5 1672 31 860


6 1065 32 858 6 1588 32 1349 6 1640 32 830
7 1056 33 852 7 1576 33 1331 7 1607 33 797
8 1048 34 846 8 1564 34 1322 8 1575 34 765
9 1039 35 840 9 1552 35 1313 9 1545 35 732
10 1031 36 835 10 1540 36 1304 10 1515 36 700
11 1020 37 830 11 1531 37 1295 11 1482 37 670
12 1010 38 826 12 1522 38 1285 12 1450 38 640

CPTM
13 1000 39 622 13 1511 39 1277 13 1420 39 610
14 990 40 818 14 1502 40 1258 14 1390 40 580
15 980 41 812 15 1493 15 1357 41 547
16 973 42 806 16 1484 16 1325 42 515
17 965 43 800 17 1475 17 1292 43 482
18 923 44 795 18 1466 18 1260 44 450
19 953 45 790 19 1457 19 1230 45 417
20 947 46 786 20 1448 20 1200 46 385
21 938 47 782 21 1439 21 1170 47 355
22 929 48 778 22 1430 22 1140 48 325
23 920 49 774 23 1421 23 1107 49 292
24 911 50 770 24 1412 24 1075 50 260
25 932 25 1403 25 1045
Tabela para Tensionamento do Trolley e Mensageiro Principal

OBS: CABO MENSAGEIRO DE 500 (MCM) = 240mm²


FIO TROLLEY DE 180mm²

125
Manutenção de Sistemas de Alta Tensão

DEFEITOS E REPAROS DOS CABOS MENSAGEIROS


Para a boa manutenção do cabo mensageiro é também necessário verificar as seguintes condições:

a) Traços de aquecimento e sinais de queima ou recozimento nas garras paralelas dos


jumpers e dos alimentadores.
Neste caso, as garras paralelas deverão ser retiradas, limpas e colocadas ou
substituídas por novas se estiverem muito usadas ou danificadas. O cabo deverá ser bem
escovado no local do aperto, a fim de retirar todas as impurezas e resíduos iniciais de oxidação.
A deterioração do cabo nesses lugares é geralmente ocasionada por deficiência de contato
entre o cabo e a garra. Particular cuidado deverá ser tomado ao apertar os parafusos das garras,
sempre procurando dar o aperto progressivo em todos os parafusos ao mesmo tempo, evitando
assim que as duas partes componentes da garra fiquem em planos diferentes do eixo do cabo.
O aperto deverá ser firme, mas não excessivo ao ponto de provocar achatamento nos tentos
componentes do cabo. As garras deverão ser exatamente da bitola adequada aos cabos.
Qualquer diferença para menos ou para mais, nas respectivas cavas, prejudicará a perfeita
aderência das partes, introduzindo resistências de contato que ocasionarão superaquecimento
quando da passagem de corrente. Além disso, as garras de bitola inferior, com o seu aperto,
provocam esmagamento de tentos nos cabos. As de bitola maior, não melhoram as suas
condições de contato com o aumento de diâmetro dos cabos pelo uso indevido de bandagem.

b) Traços de ruptura de um ou mais tentos de cabo mensageiro junto ao grampo de tensão.


Esta ocorrência é devida geralmente ao mau uso dos “Camelongs” por ocasião do
lançamento de rede ou durante as operações posteriores de manutenção. Neste caso, se a
falha for muito grande (2 ou 3 tentos do cabo quebrados) deverá ser cortada uma seção do cabo
suficiente para permitir o trabalho normal, e feita uma emenda para completar o comprimento
exigido. Finalmente, deverá ser feita uma verificação do tensionamento para constatar se o
serviço executado modificou os valores de tensionamento indicados na tabela.

c) Desgaste do cabo mensageiro por fricção nos pontos em que os suspensórios tenham
escapado da luva de proteção (selote)
Neste caso, deve-se proceder de acordo com o descrito no item anterior. É aconselhável,
caso seja feita uma emenda, protegê-la com um pedaço do mesmo cabo e duas garras
paralelas. Esse esforço tem a finalidade de diminuir a resistência elétrica da emenda.
Se a lesão do cabo for muito séria (item b), deverá ser feita uma bandagem (proteção
por enrolamento de fio) no ponto avariado e a resistência mecânica do cabo deverá ser
melhorada por meio de um reforço no cabo presilhado, abrangendo as duas extremidades da
bandagem. Em qualquer dos casos não deverá ser omitida a prévia limpeza do cabo pelas
razões já descritas anteriormente.

126 CPTM
Manutenção de Sistemas de Alta Tensão

d) Aperto das luvas de proteção (selotes) de cabo mensageiro.


Se alguma estiver invertida é sinal da ocorrência de um afrouxamento. Antes de proceder
ao reaperto com a ferramenta apropriada (nunca com o alicate comum), verificar se a luva sofreu
recozimento. Neste caso, o metal terá perdido a sua elasticidade e o reaperto será inútil,
devendo a luva ser substituída por outra em boas condições.

e) Sentido de enrolamento do cabo em uma emenda


Ambos os cabos utilizados na operação devem apresentar o mesmo sentido de
enrolamento, pois o cabo deve ser sempre manejado a favor do sentido de enrolamento dos
seus tentos. Caso contrário, um tenderá a desfazer o enrolamento do outro, provocando má
distribuição dos esforços de tração, podendo até ocasionar posteriores rupturas.

f) Atrito entre os cabos nos cruzamentos de linhas, entradas de desvios e travessões


Se existir presilha de cruzamento, deve-se verificar sua conexão para evitar movimentos
entre os cabos e, consequentemente, atritos indesejáveis.

g) Existência de Jumpers para transmissão de corrente e equalização da tensão nas linhas


em paralelo
Caso não existam deve-se providenciar imediatamente a sua colocação, para evitar
passagens de corrente pela presilha de cruzamento ou por contatos intermitentes entre os
cabos.

h) Corte de cabos
Após definir o lugar do corte, dois ou três centímetros à esquerda e à direita deste ponto,
deve ser efetuada uma pequena bandagem de arame de amarração com um mínimo de duas
voltas. Essas bandagens agem como abraçadeiras de aperto circular e evitam que, durante e
após a execução do corte, os tentos do cabo venham a se desenrolar. Esse procedimento deve
também ser adotado para o armazenamento de restos de bobinas de cabo ou pequenos
segmentos a serem utilizados na fabricação de jumpers.

9.4 Peças e acessórios de Rede Aérea

Todos os componentes da rede aérea devem ser examinados durante as operações de


manutenção, reapertados ou substituídos em qualquer caso de suspeita de imperfeição.
No caso de peças galvanizadas, deverá ser observada a presença de vestígios de
ferrugem, particularmente nas partes rosqueadas, onde a película de zinco é normalmente menos
espessa. Peças oxidadas devem ser substituídas.

CPTM 127
Manutenção de Sistemas de Alta Tensão

9.4.1 Garras Paralelas e Garras Simples

As garras paralelas do Tipo CM/CM e CM/FC, pelo menos uma vez por ano, deverão ser
abertas para verificação da ocorrência de lesões causadas por superaquecimento.
Se forem julgadas em boas condições, deverão ser retiradas, escovadas, limpas e
recolocadas em seus lugares. Caso seja necessário substituí-las, utilizar garras já revisadas ou
novas.

9.4.2 Suspensórios

O suspensório que tenha sofrido os efeitos do recozimento apresenta pouca elasticidade.


Assim sendo, se sob os efeitos de um pequeno golpe lateral sofrer uma deformação permanente,
deverá ser substituído. O recozimento do suspensório é provocado pela falta de cabos
alimentadores. Quando o número desses cabos não é suficiente, a corrente requerida pelas
unidades motoras é obrigada a passar do mensageiro para o fio de contato, circulando pelos
suspensórios, com uma intensidade superior à admitida, aquecendo-os até o recozimento.
O cobre recozido perde as suas propriedades elásticas e de resistência mecânica e assim,
o suspensório poderá se romper por tração, ocasionando a queda da rede aérea.

9.4.3 Estabilizadores de Linha

• Verificar se a linha passa no ponto certo da mesa do pantógrafo.


• Verificar :
a) os apertos da garra do estabilizador e das presilhas;
b) a integridade dos isoladores.

Em caso de necessidade de modificar o gabarito da linha, antes de afrouxar qualquer parte


integrante do estabilizador, deve-se aliviar completamente a tensão, utilizando uma catraca
adequada. A inobservância dessa tensão provocará o chicoteamento da linha, podendo avariar
alguns suspensórios e, eventualmente, atingir e ferir gravemente algum dos operadores.
É necessário frisar que, em todos os casos de operações de lançamento de linhas ou de
manutenção, os operadores deverão ocupar o espaço da plataforma do vagão de manutenção,
sempre a favor do ponto de tensionamento.

9.4.4 Isoladores

Os isoladores deverão sofrer um exame visual e de percussão, para que se possa constatar
sua integridade total.

128 CPTM
Manutenção de Sistemas de Alta Tensão

9.4.5 Ferragens de suporte

Como normalmente as ferragens usadas em linhas com postes de concreto (cantileveres


abraçadeiras) são galvanizadas, deverão ser tomadas algumas precauções com relação à oxidação
e ao aperto dos parafusos.

9.4.6 Postes de Concreto

Danos identificáveis nos postes e devidos reparos

• Rachaduras em toda extensão do poste


Lesão provocada geralmente pela forte oxidação da ferragem de armação do poste. Quase
sempre se manifesta após o aparecimento de fissuras por onde a água da chuva e a umidade do ar
são absorvidas por capilaridade atingindo e oxidando a armadura de aço. Para a recuperação dos
postes de concreto deve-se seguir o procedimento abaixo:

• picotar o poste até remover todas as partes do concreto não aderentes ao ferro ou que se
apresentam deterioradas;
• escovar cuidadosamente a ferragem, nunca aplicando tintas, pois estas impedirão a aderência
do concreto;
• aplicar nas partes atingidas o composto COLMA-FIX e em seguida chapiscar as mesmas;
• aplicar o reboco e o acabamento final;
• pintar o poste com tinta à base de cimento.

Caso seja verificada a impossibilidade de manutenção do poste, é necessária sua substituição.

9.4.7 Chaves de faca

Defeitos e sua correção: é necessário verificar


• o funcionamento macio e contínuo do mecanismo de manobra, corrigindo pequenas deficiências
por meio de regulagem e lubrificação;
• o estado das soldas dos terminais (tipo cachimbo) dos cabos. Se constatada a existência de solda
fria, é necessário refazê-la;
• as imperfeições nas lâminas e nos contatos das chaves, provocadas por arcos, deverão ser
lixadas e, não sendo possível sua recuperação, deverá ser feita a substituição;
• a integridade dos isoladores de pedestal da faca e a existência de oxidação de suas partes
metálicas. Se houver fissuras nos isoladores, substituí-los; e, havendo oxidação nas partes
metálicas, dar o tratamento adequado;

CPTM 129
Manutenção de Sistemas de Alta Tensão

9.4.8 Cabos alimentadores

A manutenção dos cabos alimentadores nus deve ser praticada nos mesmos moldes da
manutenção dos cabos mensageiros, ou seja:

• Procurar vestígios de sobrecarga (recozimento);


• Procurar vestígios ou início de ruptura dos tentos;
• Verificar os limites permissíveis de aproximação das partes metálicas.

130 CPTM
Manutenção de Sistemas de Alta Tensão

10 Trabalho em Alta Tensão

10.1 Programas de interrupções

Quando um desligamento for realizado num sistema de AT, é essencial que seja feita uma
programação prévia e uma lista dos procedimentos a serem executados, para assegurar que o
desligamento será feito corretamente, exceto nos casos de desligamento de rotina (motores, por
exemplo) ou em emergências. Tal programação deve receber aprovação do engenheiro responsável
que autorizará o desligamento. Somente um desligamento de emergência pode ser feito sem o
prévio consentimento do engenheiro responsável, porém suas causas devem ser informadas assim
que possível.
Os responsáveis por todos os subsistemas ou redes cujo fornecimento de energia seja
afetado pelo desligamento a ser efetuado devem ser comunicados com antecedência.

10.2 Operação programada

(Permissão de Serviços em Subestações) - P.S.S.


Para qualquer operação desse tipo deverá ser emitida uma Permissão de Serviço em
Subestações. Sua principal função é assegurar que todas as medidas de segurança foram tomadas,
bem como todos os setores envolvidos foram notificados em tempo útil de modo a não provocar
paradas prejudiciais à produção. É importante que nessa permissão sejam fixados os seguintes
itens:

1) motivo da manobra; 10) responsável pela execução, em caso de entrega


2) horário de início; de circuito para manutenção;
3) se há interrupção; 11) data e horário que o circuito será devolvido para
4) se a interrupção é parcial ou total; religamento;
5) os setores afetados; 12) responsável que liberará o circuito;
6) os equipamentos que serão manobrados; 13) número do diagrama a ser consultado para
7) tempo total de duração da interrupção; executar as manobras;
8) solicitante da manobra; 14) relatório dos serviços executados e encerramento
9) responsável pela(s) manobra(s); da permissão pelo responsável que liberou a
subestação ou circuito.

Essa permissão deverá ser visada pelo engenheiro responsável antes do início de qualquer
manobra e após o encerramento dos serviços.

CPTM 131
Manutenção de Sistemas de Alta Tensão

10.3 Operação de emergência

Após a realização de uma operação de emergência, deverá ser emitida uma permissão
idêntica à anterior, porém com a indicação de operação de emergência não devendo faltar as
informações dos serviços executados e motivos dessa operação.
É muito importante, quando houver possibilidade, indicar quais os relês e disjuntores que
operaram automaticamente.
Em caso de curto-circuito indicar o local da ocorrência e quais as medidas adotadas para
sua eliminação.

132 CPTM
Manutenção de Sistemas de Alta Tensão

Referências
ANEEL (Agência Nacional de Energia Elétrica)- Empreendimentos em Operação -
<http://www.aneel.gov.br/aplicacoes/capacidadebrasil/OperacaoCapacidadeBrasil.asp>

CAERN (Cia. De aguas e esgotos do Rio Grande do Norte) - Apostila Procedimento de


Manutenção Preventiva elétrica –– Rio Grande do Norte, 2014.

CPFL Energia – Aterramento Temporário de Redes Aéreas de Distribuição Primária e


Secundária – Orientação Técnica/Distribuição, Campinas, 2001.

CPTM (Companhia Paulista de Trens Metropolitanos) - Apostila de Treinamento Técnico Básico


de Componentes Elétricos Ferroviários. São Paulo, 2007.

CPTM (Companhia Paulista de Trens Metropolitanos) - Manuais Técnicos Diagrama e Esquemas


de Operação e Manutenção do Sistema Elétrico Ferroviário – São Paulo.

CPTM (Companhia Paulista de Trens Metropolitanos) - Portal do CIM - Subestações e cabines


seccionadoras. São Paulo, 2009

CPTM (Companhia Paulista de Trens Metropolitanos) - Apostila de Treinamento Técnico Básico


de Componentes Elétricos Ferroviários. São Paulo, 2007.

CPTM / SENAI-SP – MORALES, Robinson Tomageski – JESUS, Geovane - Manutenção de


Sistemas Eletro-ferroviários, Sistemas de Energia – São Paulo, 2009.

LEÃO, Ruth P.S. - Geração, Transmissão e Distribuição de Energia Elétrica - Universidade


Federal do Ceará - Centro de Tecnologia - Departamento de Engenharia Elétrica – Ceará, 2009.

NBR 10295 – Transformadores de Potência Secos

NBR 13886 – Fio de contato 107m² - desgaste.

NBR 14039 – Instalações elétricas de média tensão – 1kV a 36,2kV.

NBR 5032 – Isoladores.

NBR 5356 – Transformador de Potência: Especificação

NBR 5380 – Transformador de Potência: Método de Ensaio

NBR 5416 – Aplicação de Cargas em Transformadores de Potência: Procedimento

NBR 5419 – SPDA – Sistema de proteção contra descargas atmosféricas.

NBR 5440 – Transformadores para Redes Aéreas de Distribuição: Padronização

NBR 9523 – Subestações de Distribuição.

CPTM 133
Manutenção de Sistemas de Alta Tensão

134 CPTM
Manutenção de Sistemas de Alta Tensão

ANEXO A

Plano Mínimo de Manutenção ANEEL

O Plano Mínimo de Manutenção define as atividades mínimas de manutenção preditiva e


preventiva e suas periodicidades para transformadores de potência e autotransformadores, reatores,
capacitores, disjuntores, chaves seccionadoras, transformadores para instrumentos, para-raios e
linhas de transmissão.
As atividades estabelecidas no Plano Mínimo de Manutenção da ANEEL não constituem o
conjunto completo de atividades necessárias à manutenção dos equipamentos e linhas de
transmissão, mas o mínimo aceitável do ponto de vista regulatório. Assim, cabe à transmissora
estabelecer seu plano de manutenção, com base nas normas técnicas, nos manuais dos fabricantes
e nas boas práticas de engenharia, a fim de garantir a prestação do serviço adequado e a
conservação das instalações sob sua concessão.
A partir dos resultados das manutenções preditivas e preventivas a transmissora deve
efetuar as correções das anomalias verificadas.
As manutenções preventivas só poderão ser realizadas em intervalos superiores aos
estabelecidos neste plano quando forem adotadas técnicas de manutenção baseadas na condição
ou na confiabilidade. Neste caso, deverá ser apresentado laudo técnico que aponte a condição do
equipamento que justifica a postergação da manutenção preventiva baseada no tempo.

Manutenção Preditiva

As atividades mínimas de manutenção preditiva em subestações consistem em:

• inspeções visuais;
• inspeções termográficas nos equipamentos e em suas conexões;
• ensaios do óleo isolante dos equipamentos.

As inspeções visuais devem ser realizadas regularmente visando verificar o estado geral
de conservação da subestação, incluindo a limpeza dos equipamentos, a qualidade da iluminação
do pátio e a adequação dos itens de segurança (por exemplo, extintores e sinalização). Durante as
inspeções visuais devem ser verificados, entre outras coisas, a existência de vazamentos de óleo
nos equipamentos e de ferrugem e corrosão em equipamentos e estruturas metálicas, a existência
de vibração e ruídos anormais, o nível de óleo dos principais equipamentos e o estado de
conservação dos armários e canaletas e as condições dos aterramentos.

CPTM 135
Manutenção de Sistemas de Alta Tensão

As inspeções termográficas em subestações devem ser realizadas, no mínimo, a cada seis


meses, devendo ser avaliados não apenas as conexões, mas todos os equipamentos da
subestação.
Para os ensaios do óleo isolante, como envolvem equipamentos específicos, os critérios e
periodicidades serão definidos no item referente aos equipamentos.

Transformadores de Potência e Autotransformadores

As atividades mínimas de manutenção em transformadores e autotransformadores consistem em:

• análise dos gases dissolvidos no óleo isolante;


• ensaio físico-químico do óleo isolante;
• manutenção preventiva periódica.
• a análise dos gases dissolvidos e o ensaio físico-químico do óleo isolante devem ser realizados conforme
as normas técnicas específicas e com a periodicidade definida na Tabela 1.
• a manutenção preventiva periódica de transformadores deve ser repetida em período igual ou inferior a
seis anos, com a realização, no mínimo, das seguintes atividades:
✓ inspeção do estado geral de conservação: limpeza, pintura e corrosão nas partes metálicas;
✓ verificação da existência de vazamentos de óleo isolante;
✓ verificação do estado de conservação das vedações;
✓ verificação do nível do óleo isolante do tanque principal;
✓ verificação do aterramento do tanque principal;
✓ verificação do funcionamento do relê de gás, do relê de fluxo e da válvula de alívio de pressão do tanque
principal;
✓ verificação do estado de saturação do material secante utilizado na preservação do óleo isolante;
✓ verificação do estado de conservação das bolsas e membranas do conservador;
✓ verificação dos indicadores de nível do óleo isolante e dos indicadores de temperatura;
✓ verificação do funcionamento do sistema de circulação de óleo;
✓ verificação do sistema de resfriamento;
✓ medição de vibração e ruído de ventiladores e bombas do sistema de resfriamento;
✓ verificação do sistema de comutação manual e automática (se existente);
✓ verificação do nível do óleo do compartimento do comutador;
✓ inspeção da caixa de acionamento motorizado do comutador;
✓ inspeção da fiação e das caixas de interligação;
✓ ensaios de fator de potência e de capacitância das buchas com derivação capacitiva.

136 CPTM
Manutenção de Sistemas de Alta Tensão

Em função das manutenções preditivas e preventivas realizadas e do número de comutação


(em transformadores com comutador em carga) deve ser avaliada a necessidade de realização das
seguintes atividades na manutenção preventiva periódica:

• inspeção interna do comutador;


• verificação do estado das conexões elétricas do comutador e do sistema de isolação;
• verificação do desgaste dos contatos elétricos e troca dos componentes desgastados;
• ensaio de relação de transformação nos pontos de comutação;
• verificação do estado do óleo isolante dos comutadores (quando aplicável);
• verificação do mecanismo de acionamento do comutador;
• ensaios de fator de potência, de resistência de isolamento e de resistência ôhmica dos enrolamentos.

A Tabela 1 resume as atividades mínimas e periodicidades para a manutenção de transformadores


de potência e autotransformadores.

Tabela 1
Atividade Periodicidade máxima (meses)
Análise de gases dissolvidos no óleo isolante 6
Ensaio físico-químico do óleo isolante 12
Manutenção preventiva periódica 72

Reatores

As atividades mínimas de manutenção em reatores consistem em:


• análise dos gases dissolvidos no óleo isolante;
• ensaio físico-químico do óleo isolante;
• manutenção preventiva periódica.

A análise dos gases dissolvidos e o ensaio físico-químico do óleo isolante devem ser
realizados conforme as normas técnicas específicas e com a periodicidade definida na Tabela 2.
A manutenção preventiva periódica de reatores deve ser repetida em período igual ou
inferior a seis anos, com a realização, no mínimo, das seguintes atividades:
• inspeção do estado geral de conservação: limpeza, pintura e corrosão nas partes metálicas;
• verificação da existência de vazamentos de óleo isolante;
• verificação do estado de conservação das vedações;
• verificação do nível do óleo isolante do tanque principal;
• verificação do aterramento do tanque principal;
• verificação do funcionamento do relê gás, do relê de fluxo e da válvula de alívio de pressão do
tanque principal;
• verificação do estado de saturação do material secante utilizado na preservação do óleo isolante;
• verificação do estado de conservação das bolsas e membranas do conservador;

CPTM 137
Manutenção de Sistemas de Alta Tensão

• verificação dos indicadores de nível do óleo isolante e dos indicadores de temperatura;


• verificação do funcionamento do sistema de circulação de óleo;
• verificação do sistema de resfriamento;
• medição de vibração e ruído de ventiladores e bombas do sistema de resfriamento;
• inspeção da fiação e das caixas de interligação;
• ensaios de fator de potência e de capacitância das buchas com derivação capacitiva.

Em função das manutenções preditivas e preventivas realizadas deve ser avaliada a


necessidade de realização dos ensaios de fator de potência, de resistência de isolamento e de
resistência ôhmica dos enrolamentos. A Tabela 2 resume as atividades mínimas e periodicidades
para a manutenção de reatores.

Tabela 2

Atividade Periodicidade máxima (meses)


Análise de gases dissolvidos no óleo isolante 6
Ensaio físico-químico do óleo isolante 12
Manutenção preventiva periódica 72

Capacitores

Os capacitores devem ser inspecionados, no mínimo, a cada dois anos, quando devem ser
realizadas as seguintes atividades:
• inspeção do estado geral de conservação: limpeza, pintura e incrustações;
• inspeção geral das conexões e verificação da existência de vazamentos e deformações;
• ensaios de medição da capacitância;
• no caso de compensadores paralelos estáticos ou compensadores série variáveis, verificação
dos filtros indutivos e/ou módulos de tiristores;
• medição da corrente de desbalanço e substituição, quando necessário, dos elementos
capacitivos internos danificados;
• reaperto de conexões e substituição de componentes, quando necessário.

138 CPTM
Manutenção de Sistemas de Alta Tensão

Disjuntor

Para a definição da periodicidade da manutenção preventiva, os disjuntores foram divididos


de acordo com a concepção do sistema utilizado para extinção do arco elétrico, ou seja, disjuntores
a ar comprimido, disjuntores a grande volume de óleo – GVO –, disjuntores a pequeno volume de
óleo – PVO e disjuntores a SF6. Em todos os casos, as atividades mínimas de manutenção
preventiva consistem em:

• verificação geral na pintura, estado das porcelanas e corrosão;


• remoção de indícios de ferrugem e lubrificação;
• verificações do sistema de acionamento e acessórios;
• aferição de densímetros, pressostatos e manostatos;
• verificações do circuito de comando e sinalizações e dos níveis de alarmes;
• verificação das caixas de interligações;
• verificação de aperto de parafusos;
• verificação de vazamento em circuitos hidráulicos e amortecedores;
• verificação de vazamentos de gás ou óleo;
• execução de ensaios de resistência de contatos do circuito principal;
• execução de ensaios de operação mecânica;
• execução de ensaios dielétricos no circuito principal;
• execução de ensaios nos circuitos auxiliar e de controle;
• execução de ensaios nas buchas;
• execução de ensaios de condutividade;
• medição dos tempos de operação: fechamento, abertura, abertura fechamento, atuação das bobinas e
sistema antibombeamento;
• teste do comando local e a distância e acionamento do relê de discordância de polos.

No caso de disjuntores a óleo:


• Ensaio de rigidez dielétrica do óleo.

No caso de disjuntores a GVO:


• Ensaios de fator de potência e resistência de isolamento do disjuntor.

No caso de disjuntores a ar comprimido:


• Ensaios nos reservatórios de ar comprimido.

No caso de disjuntores a SF6:


• ensaios de fator de potência e capacitância dos capacitores;
• verificação do tanque de ar e do óleo do compressor;
• verificação de umidade e reposição de gás SF6.

CPTM 139
Manutenção de Sistemas de Alta Tensão

A partir dos resultados das manutenções preditivas, preventivas e do número de operações


dos disjuntores, deve ser avaliada a necessidade de abertura da câmara de extinção e da
substituição de contatos, vedações, rolamentos, buchas, molas, gatilhos, amortecedores e
componentes elétricos do painel. A Tabela 3 apresenta as periodicidades para a manutenção
preventiva de disjuntores:

Tabela 3
Disjuntor Periodicidade Máxima da Manutenção
Preventiva (meses)
Ar comprimido 72
GVO 36
PVO 36
SF6 – acionamento a mola 72
SF6 – acionamento pneumático 72
SF6 – acionamento hidráulico 72

Chaves Seccionadoras, Transformadores para Instrumento e Para-Raios

As manutenções preventivas periódicas de chaves seccionadoras, transformadores para


instrumento e para-raios devem ser realizadas na periodicidade definida para o equipamento
principal da Função Transmissão – FT à qual estes equipamentos estão associados, buscando o
aproveitamento dos desligamentos e uma maior disponibilidade da FT. Para as chaves
seccionadoras, as atividades mínimas de manutenção a serem realizadas nas manutenções
preventivas periódicas são:

• inspeção geral do estado de conservação;


• verificação da limpeza da parte ativa;
• limpeza dos contatos e aplicação de lubrificante na superfície do contato;
• verificação da necessidade de substituição de contatos danificados ou corroídos;
• verificação dos cabos de baixa tensão e de aterramento;
• inspeção do armário de comando e seus componentes;
• verificação do mecanismo de operação;
• inspeção e limpeza de isoladores, das colunas de suporte e dos flanges dos isoladores;
• lubrificação dos principais rolamentos e articulações das hastes de acoplamento;
• verificação do aperto dos parafusos;
• verificação do funcionamento dos controles locais e da operação manual;
• verificação dos ajustes dos batentes e das chaves de fim de curso;
• verificação de ajustes, alinhamento e simultaneidade de operação das fases;
• medição de resistência de contato;
• execução de manobras de fechamento e abertura;
• verificação da operação da resistência de aquecimento, proteção do motor e intertravamento
eletromecânico.

140 CPTM
Manutenção de Sistemas de Alta Tensão

No caso de transformadores para instrumento, as atividades mínimas de manutenção


preventiva consistem em verificações do estado geral de conservação, limpeza de isoladores,
reposição de óleo e/ou gás SF6 e verificação do estado do material secante utilizado, além dos
ensaios de medição de resistência de isolação e fator de potência.
Na manutenção preventiva de para-raios devem ser realizadas verificações gerais do
estado de conservação das ferragens e da porcelana, dos invólucros, dos miliamperímetros e
dispositivo contador de descargas. A medição da corrente de fuga pela componente resistiva deve
ser realizada em locais onde os para-raios estejam expostos a altas atividades atmosféricas ou muita
poluição; ou, ainda, antes de uma temporada de descargas e após períodos com condições
climáticas adversas.

Linhas de Transmissão

As atividades mínimas de manutenção para as linhas de transmissão são:


• inspeção Terrestre;
• inspeção Aérea.

A inspeção terrestre e a inspeção aérea devem ser realizadas, no mínimo, a cada doze
meses e em períodos não coincidentes, preferencialmente intercaladas a cada seis meses (antes
do início do período chuvoso e antes do início do período de queimadas).
Nas inspeções terrestres deverão ser verificados: o estado geral da linha de transmissão,
a estabilidade das bases das estruturas quanto a erosões e desbarrancamentos, a situação dos
estais, a situação dos aterramentos (contrapesos), a situação dos acessos até as estruturas, a
proximidade da vegetação aos cabos, a possibilidade de queimadas e a possibilidade de invasão
da faixa de servidão.
Nas inspeções aéreas deverão ser verificados: o estado geral da linha de transmissão, a
integridade das cadeias de isoladores, a verificação de pontos quentes, a integridade dos cabos
para-raios, a estabilidade das estruturas, a aproximação da vegetação aos cabos e a possibilidade
de queimadas.
A partir dos resultados das inspeções terrestres e aéreas regulares deve ser avaliada a
necessidade de inspeções terrestres detalhadas com escalada de estruturas, inspeções
termográficas, inspeções noturnas para observação de centelhamento em isolamentos ou de
inspeções específicas para identificação de defeitos (oxidação de grelhas, estado de parafusos de
sustentação de cadeias, danificação de condutores internos a grampos de suspensão ou
espaçadores, danificação de isoladores de pedestal, etc.).
Devem ser realizadas inspeções adicionais nas áreas com risco potencial de vandalismo
(trechos urbanos com alta concentração demográfica), áreas de implantação industrial (com alta
concentração de poluentes) e áreas junto ao litoral.

CPTM 141
Manutenção de Sistemas de Alta Tensão

Nos relatórios de inspeção de linhas de transmissão deve constar registro fotográfico dos
pontos relevantes que permita a verificação da limpeza da faixa de servidão e do tipo e altura da
vegetação circunvizinha. Devem ser registradas a data e a hora das fotografias e as coordenadas
geográficas dos pontos em que elas foram tiradas.
As concessionárias deverão manter cadastro atualizado das linhas de transmissão,
contendo as restrições ambientais, o tipo de arborização existente sob as linhas e as periodicidades
de podas e roçadas recomendadas.

Resumo das Periodicidades de Manutenção

Equipamento Atividade Periodicidades máximas


(meses)

Equipamentos de Subestações Inspeções 6


Termográficas
Transformadores/Autotransformadores Análise de gases 6
dissolvidos no óleo
isolante
Ensaio físico-químico 12
do óleo isolante
Manutenção 72
preventiva periódica
Reatores Análise de gases 6
dissolvidos no óleo
isolante
Ensaio físico-químico 12
do óleo isolante
Manutenção 72
preventiva periódica
Capacitores Inspeção Periódica 24
Disjuntores – GVO/PVO Manutenção 36
Preventiva Periódica
Disjuntores – Ar Comprimido/SF6 Manutenção 72
Preventiva Periódica
Linha de Transmissão Inspeção Terrestre 12
Inspeção Aérea 12
Chave Seccionadora Manutenção *
Preventiva Periódica
Transformadores para Instrumento Manutenção *
Preventiva Periódica
Para-raios Manutenção *
Preventiva Periódica
* Periodicidade da manutenção preventiva periódica do equipamento principal da Função Transmissão.

142 CPTM

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