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Telecomunicações
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© SENAI-SP, 2017

1ª Edição

Elaboração Pedro Fernando Neves da Costa


Revisão Equipe CFP 1.41

CPTM Cia Paulista de Trens Metropolitanos


Centro de Formação Profissional – “Engº James C. Stewart” - 1.41
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Sumário
1 HISTÓRIA DA TELEFONIA ..................................................................................................... 9
1.1 HISTÓRICO DA TELEFONIA NO BRASIL .............................................................................................. 12

2 NOÇÕES DE ACÚSTICA ...................................................................................................... 17


2.1 CARACTERÍSTICAS DA ONDA SONORA ............................................................................................. 17
2.2 PARÂMETROS DO SOM .............................................................................................................................. 19
2.3 INTELIGIBILIDADE ......................................................................................................................................... 19
2.4 TRANSFORMAÇÃO DE ENERGIA ACÚSTICA EM ENERGIA ELÉTRICA ................................. 21
2.5 TRANSFORMAÇÃO DE ENERGIA ELÉTRICA EM ENERGIA ACÚSTICA ................................. 22

3 UNIDADES DE MEDIDA ....................................................................................................... 23


3.1 RELAÇÃO DE POTÊNCIAS E QUADRIPOLOS ................................................................................... 23
3.2 DECIBEL ............................................................................................................................................................ 25
3.2.1 dBW e dBm ............................................................................................................................................26
3.2.2 Ganho de Tensão ...................................................................................................................................27

4 APARELHO TELEFÔNICO ................................................................................................... 29


4.1 COMPONENTES DO TELEFONE ............................................................................................................. 29
4.2 COMPONENTES DO TELEFONE: TIPOS DE MICROFONES ...................................................... 31
4.2.1 Microfone de carvão ...............................................................................................................................31
4.2.2 Microfones de eletreto ............................................................................................................................32
4.3 COMPONENTES DO TELEFONE: TIPOS DE CÁPSULAS RECEPTORAS ............................. 34
4.3.1 Cápsula eletromagnética ........................................................................................................................34
4.3.2 Cápsula dinâmica ...................................................................................................................................34
4.4 COMPOSIÇÃO DO APARELHO TELEFÔNICO.................................................................................... 35
4.5 FUNCIONAMENTO DO APARELHO TELEFÔNICO ........................................................................... 37
4.6 O APARELHO DECÁDICO COM DISCO ................................................................................................ 39
4.7 OPERAÇÃO DO CIRCUITO INTERNO NA EXECUÇÃO DE CHAMADAS ................................. 41
4.8 O CIRCUITO ANTIEFEITO LOCAL ........................................................................................................... 42
4.9 OPERAÇÃO DO CIRCUITO INTERNO PARA RECEBER CHAMADAS ...................................... 43

5 APARELHOS DE TECLA ...................................................................................................... 45


5.1 O APARELHO TELEFÔNICO COM TECLADO DECÁDICO. ........................................................... 45
5.2 APARELHO TELEFÔNICO COM TECLADO MULTIFREQUENCIAL – TDMF (DTMF) ........... 47
5.3 OPERAÇÃO DO CIRCUITO INTERNO NA EXECUÇÃO DE CHAMADAS ................................. 48
5.4 OPERAÇÃO DO CIRCUITO INTERNO NO RECEBIMENTO DE CHAMADAS ......................... 50
5.5 CAMPAINHA ELETRÔNICA ........................................................................................................................ 50

6 PRINCÍPIO DO POSITIVO ATERRADO ................................................................................ 53


6.1 ALIMENTAÇÃO DO TELEFONE ................................................................................................................ 53
6.2 PRINCÍPIO DO POSITIVO ATERRADO .................................................................................................. 54
6.2.1 Oxidação e Redução ............................................................................................................................................. 54
6.2.2 Galvanoplastia ou Eletrodeposição........................................................................................................................ 55
6.2.3 Descrição do processo: Galvanoplastia ou Eletroposição ..................................................................................... 56
6.2.4 Relacionando a Galvanoplastia com o procedimento do positivo aterrado da Telefonia. ...................................... 57

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7 REDE TELEFÔNICA ............................................................................................................. 59
7.1 REDE DE ASSINANTES (REDE DE ACESSO) .................................................................................... 59
7.1.1 Tipos de Redes de Acesso .................................................................................................................................... 61
7.1.2 Redes Rígidas ....................................................................................................................................................... 62
7.1.3 Redes Flexíveis ..................................................................................................................................................... 63
7.1.4 Combinação da Rede Rígida com a Flexível ......................................................................................................... 64
7.2 CARACTERÍSTICAS DE REDES DE CABOS. ..................................................................................... 64
7.3 REDE DE CABOS TRONCO ....................................................................................................................... 65
7.4 REDES DE CABOS ALIMENTADORES .................................................................................................. 65
7.5 REDES DE CABOS DISTRIBUIDORES .................................................................................................. 66
7.6 REDE DE FIOS DE ASSINANTES ............................................................................................................ 67
7.7 FIOS TELEFÔNICOS EXTERNOS ........................................................................................................... 67
7.7.1 Fio FE .................................................................................................................................................................... 67
7.8 FIOS TELEFÔNICOS INTERNOS ............................................................................................................. 69
7.8.1 Fio Jumper para Distribuidor Geral - FDG ............................................................................................................. 69
7.8.2 Cabos Utilizados na Rede Externa: Características Construtivas .......................................................................... 70
7.9 ISOLAMENTO DOS CONDUTORES ....................................................................................................... 77
7.9.1 CÓDIGO DE CORES DOS CONDUTORES DO CABO ........................................................................................ 78
7.9.2 GRUPOS DE PARES EM CABOS TELEFÔNICOS .............................................................................................. 80
7.9.3 FORMAÇÃO DOS CABOS CTP – APL. ................................................................................................................ 82

8 ELEMENTOS DAS REDES DE ACESSO ............................................................................. 83


8.1 BLOCOS DE TERMINAÇÃO ....................................................................................................................... 83
8.1.1 Blocos BLI .............................................................................................................................................................. 83
8.1.2 Blocos IDC, Bloco M10, Bloco Bargoa ou Bloco de engate rápido ........................................................................ 84
8.1.3 Outros tipos de blocos Terminais. .......................................................................................................................... 84
8.2 FERRAMENTAS UTILIZADAS NOS BLOCOS...................................................................................... 87
8.2.1 Chave de Engate Rápido ....................................................................................................................................... 87
8.2.2 Chave enroladeira.................................................................................................................................................. 88
8.3 DISTRIBUIDOR GERAL................................................................................................................................ 89
8.3.1 Localização ............................................................................................................................................................ 93
8.4 Caixas : distribuição, distribuição geral e passagem ........................................................................... 93
8.4.1 Características ....................................................................................................................................................... 93
8.4.2 Dimensões das caixas ........................................................................................................................................... 96
8.4.3 Localização ............................................................................................................................................................ 96
8.5 ARMÁRIO DE DISTRIBUIÇÃO ................................................................................................................... 98
8.5.1 Cabo Primário ou cabo alimentador....................................................................................................................... 99
8.5.2 Cabo Secundário ou cabo de distribuição............................................................................................................ 100
8.6 TERMINAIS DE ACESSO RÁPIDO (TAR) ............................................................................................ 101
8.7 PONTO DE TERMINAÇÃO DE REDE (PTR) ...................................................................................... 102
8.8 TOMADA PADRÃO ....................................................................................................................................... 103
8.9 CONCLUSÃO ................................................................................................................................................. 104

9 TIPOS DE CENTRAIS ......................................................................................................... 107


9.1 INTRODUÇÃO ............................................................................................................................................... 107
9.2 CENTRAL DE COMUTAÇÃO MANUAL ................................................................................................. 109
9.3 CENTRAL PASSO A PASSO ..................................................................................................................... 111
9.3.1 Funcionamento .................................................................................................................................................... 113
9.4 CENTRAL DE COMUTAÇÃO CROSSBAR .......................................................................................... 117
9.5 TRANSIÇÃO DA MATRIZ ELETROMECÂNICA PARA A MATRIZ ELETRÔNICA ................... 120
9.6 CENTRAIS POR PROGRAMA ARMAZENADO (CPA). .................................................................... 120
9.6.1 CPA-T .................................................................................................................................................................. 125
9.6.2 Modulação por Amplitude de Pulsos (PAM)......................................................................................................... 126

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9.7 MODULAÇÃO POR CÓDIGO DE PULSO – MCP (PCM) ............................................................... 128
9.7.1 Estágios do Sinal na formação do PCM .............................................................................................................. 131
9.8 MULTIPLEXAÇÃO POR DIVISÃO NO TEMPO (TDM) ..................................................................... 134
9.8.1 Multiplexação ....................................................................................................................................................... 135
9.8.2 Lado do transmissor – MUX ( Multiplexação ) ..................................................................................................... 135
9.8.3 Demultiplexação .................................................................................................................................................. 136
9.8.4 Considerações Finais do TDM ............................................................................................................................. 137
9.9 MATRIZES DE COMUTAÇÃO................................................................................................................... 138
9.9.1 Comutação Temporal .......................................................................................................................................... 138
9.9.2 Comutação Espacial ............................................................................................................................................ 139
9.10 CLASSIFICAÇÃO DAS CENTRAIS ........................................................................................................ 140
9.10.1 Central Local ........................................................................................................................................................ 140
9.10.2 Central Tanden .................................................................................................................................................... 141
9.10.3 Central de Trânsito .............................................................................................................................................. 142
9.10.4 ELR (Estágios de Linha Remotos) ou URAs (Unidades Remotas de Assinantes) .............................................. 143
9.10.5 Centrais Privadas de Comutação Telefônica (CPCT) .......................................................................................... 145

10 SINALIZAÇÃO TELEFÔNICA ............................................................................................. 163


10.1 SINALIZAÇÃO DE ASSINANTE ............................................................................................................... 165
10.1.1 Tom de Discar (TD) ........................................................................................................................................... 165
10.1.2 Tom de Chamada (TC) ou Tom de controle de Chamada ................................................................................ 166
10.1.3 Tom de Ocupado (TO ou LO) ........................................................................................................................... 166
10.1.4 Tom de Número Inacessível (TNI) .................................................................................................................... 167
10.1.5 Corrente de Toque (CT) .................................................................................................................................... 168
10.2 SINALIZAÇÃO INTERCENTRAIS............................................................................................................ 168
10.2.1 Sinalização associada a canal .......................................................................................................................... 169
10.2.2 Sinalização de Linha ......................................................................................................................................... 170
10.2.3 Sinalização entre Registradores ....................................................................................................................... 173
10.2.4 Sinalização a Canal Comum ............................................................................................................................. 176

11 PLANO DE NUMERAÇÃO .................................................................................................. 179

12 PLANO DE ENCAMINHAMENTO E HIERARQUIA DE CENTRAIS.................................... 185


12.1 CLASSIFICAÇÃO DE CENTRAIS ........................................................................................................... 185
12.1.1 Centrais Locais .................................................................................................................................................... 185
12.1.2 Central Tanden .................................................................................................................................................... 186
12.1.3 Centrais Mistas .................................................................................................................................................... 188
12.1.4 Centrais de Trânsito ............................................................................................................................................. 189
12.2 HIERARQUIA ENTRE CENTRAIS........................................................................................................... 190
12.3 Plano de Encaminhamento .................................................................................................................................. 191

13 PLANO DE TARIFAÇÃO E BILHETAGEM ......................................................................... 195


13.1 TAXA E TARIFA .............................................................................................................................................. 195
13.1.1 Custos de Operação ......................................................................................................................................... 196
13.1.2 Custos dependentes do tráfego ........................................................................................................................ 197
13.2 MÉTODOS DE TARIFAÇÃO ...................................................................................................................... 197
13.2.1 Multimedição ..................................................................................................................................................... 198
13.2.2 Métodos utilizados no processo de multimedição ............................................................................................. 199
13.3 BILHETAGEM AUTOMÁTICA ................................................................................................................... 201
13.4 DEGRAU CONURBADO (DC) .................................................................................................................. 202

REFERÊNCIAS .......................................................................................................................... 207

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1 História da Telefonia

Em todas as épocas, cada vez mais, o homem tem procurado aprimorar a


comunicação, fator primordial para escrever a sua própria história. Nos tempos mais
remotos, a linguagem na forma de sons guturais foi único meio existente de exprimir
ideias e pensamentos de uma pessoa para outra. Essa forma de comunicação foi-se
desenvolvendo com o tempo.
A comunicação elétrica começou com a invenção do telégrafo por Wheatstone e
Morse em 1837 e se expandiu por todo o mundo. A telegrafia é uma comunicação
codificada (digital) direcional e que, no Brasil, teve na figura do marechal indianista e
pacifista Cândido Mariano Rondon o seu grande implantador, especialmente na região
norte do país.
Naquela época, a única maneira de ampliar a voz era colocando as mãos ao
redor da boca, em forma de cone, a fim de concentrar as ondas sonoras em direção ao
ouvinte. Foi daí que surgiu a ideia de construção do megafone, em forma de um grande
cone, muito usado na comunicação de curta distância. Outro aparelho inventado, baseado
nos mesmos princípios, foi a trombeta de ouvido. Esse aparelho captava as ondas
sonoras de uma área relativamente extensa e as concentrava no ouvido.
Os esforços do homem para vencer a dissipação das ondas sonoras levaram-no à
construção de túneis sonoros entre prédios medievais. Um moderno avanço dessa ideia é
o tubo falante, usado em muitas casas e prédios antigos. Com a evolução, foi necessário
que a voz fosse transmitida entre cidades. O meio científico percebeu que a resposta ao
problema não estava na utilização da força bruta, num esforço para ampliar o campo de
ação da comunicação da voz.
Muitos estudiosos, cientistas e inventores tiveram uma ideia do que seria
necessário para providenciar a resposta à procura de um melhor meio de transmitir a
comunicação da voz.

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A invenção do telefone é atribuída a Alexander Graham Bell (1847-1922) que, em
1876, requereu a patente de sua invenção, denominada na época de “melhoramento da
telegrafia”. O francês Charles Bourseul (1829 – 1912), 20 anos antes, já havia mostrado o
princípio da telefonia elétrica: uma placa móvel, interposta num circuito cortado por suas
vibrações acústicas, poderia gerar uma corrente que, agindo à distância sobre outra placa
móvel, poderia reproduzir a voz que fizesse vibrar a primeira placa.
Em 1861, o físico alemão Philip Reis (1834-1874) construiu uma engenhoca
baseada no princípio anunciado anteriormente, mas que só transmitia tons musicais e não
era capaz de reproduzir a intensidade ou timbre da voz humana.
O transmissor consistia em um diafragma que vibrava com a pressão sonora
(Figura 1).

Figura 1 - Fenômeno batizado de Page Effect

No centro desse diafragma, havia um contato de platina que fechava ou abria de


acordo com as vibrações. Em série, com esse contato, eram colocadas uma bateria e
uma espécie de bobina enrolada num material previamente magnetizado, que com a
variação da corrente elétrica produzia um fenômeno chamado de Page Effect. Nesse
fenômeno, as linhas de forças do campo magnético do material são alongadas quando o
sentido da corrente na bobina é um; quando o sentindo é outro, o campo magnético é
comprimido. Com o alongamento e a compressão, produziam-se sons fracos no material
magnetizado. Na verdade, a invenção serviu apenas para produzir tons musicais.
Porém, só Bell conseguiu transmitir a primeira mensagem telefônica e, em 14 de
fevereiro de 1876, na cidade de Washington, um procurador seu deu entrada no pedido
da patente, cujo diagrama é mostrado na Figura 2.

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Figura 2 - Diagrama de Bell

Poucas horas antes, no United States Patent Office, Elisha Gray (1835 – 1901),
também requereu patente de outro invento contendo a mesma finalidade. Outros
inventores e Gray entraram na Justiça contra Bell e, depois de longa batalha judicial, Bell
acabou por ganhar a causa e entrou para história como inventor do telefone.
O invento de Bell foi o primeiro a utilizar uma corrente contínua cuja intensidade
variava de acordo de acordo com as vibrações de uma membrana (Figura 3).

Figura 3 - Primeiro telefone

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Seu aparato era transmissor e receptor ao mesmo tempo, sendo constituído por
um ímã permanente sobre o qual se enrolava uma bobina e cuja armadura era formada
por uma membrana de ferro. Ligando-se, por meio de um fio, as bobinas dos eletroímãs
dos dois aparelhos, tinha-se um telefone.
As vibrações da voz humana faziam deslocar a membrana conjugada com o ferro
causando uma variação do fluxo magnético que produzia uma corrente no circuito (Lei de
Faraday). Essa corrente provocava o deslocamento da armadura do aparelho receptor,
reproduzindo com as vibrações, transmitindo assim a voz humana. O deslocamento da
membrana era de pequena amplitude e Bell só conseguia o alcance de mais ou menos
uns 200 metros.
Bell tentou vender sua patente para a Western Telegraph Company por 100.000
dólares e não conseguiu. A empresa recusou sua oferta, porém, um ano depois,
reconsiderou e ofereceu ao inventor a quantia de 25 milhões de dólares à vista,
prontamente recusada por Bell, que conseguiu empréstimos bancários e criou uma das
maiores empresas do mundo, a BELL TELEPHONE CO.

1.1 HISTÓRICO DA TELEFONIA NO BRASIL

O Brasil ainda era uma monarquia agrícola quando D. Pedro II visitou a Exposição
de Tecnologia na Filadélfia (EUA), em 1876. Teve o prazer de ser o primeiro Chefe de
Estado a falar num telefone em 1877. Ao voltar da viagem aos Estados Unidos e Europa,
mandou instalar os primeiros telefones no Palácio de São Cristóvão. Era uma linha
telefônica entre as Forças Armadas e o Quartel dos Bombeiros. Em 15 de novembro de
1879, D. Pedro II criou a Companhia Telephonica do Brasil, cujas ações eram controladas
pela Western Telegraph Company, a primeira concessionária da telefonia no Brasil.

Linha do Tempo da telefonia no Brasil

1877 – D. Pedro II manda trazer dos Estados Unidos o primeiro telefone para ser
instalado no Palácio Imperial de São Cristóvão.

1889 – Foi dada a primeira concessão de uma linha telefônica no Brasil, sendo instaladas
também linhas telefônicas de aviso de incêndio com a central de bombeiros.

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1893 – Já existiam, no Rio de Janeiro, 5 centrais telefônicas manuais com 1000
assinantes cada uma. Foi viabilizada a primeira linha telefônica interurbana interligando o
Rio com Petrópolis.

1904 – Primeiros telefones em Natal.

1922 – O Rio de Janeiro já dispunha de 30.000 linhas instaladas, para uma população de
1.200.000 habitantes. Natal, com população de 45.000 habitantes, tem apenas 40
telefones.

1923 – Foi constituída a primeira companhia telefônica, a CTB (Companhia Telefônica


Brasileira)

1932 – Foi criada a Repartição de Serviços Públicos e a Telefonia em Natal. Foi


estatizada juntamente com Energia elétrica, Bonde e Lixo. João Sizenando Pinheiro é o
primeiro diretor. Eram 40 assinantes em Natal. A Central foi operada por telefonistas e
funcionava na Ribeira.

1939 – Foi inaugurada a primeira estação telefônica automática, tendo sido instalado, até
então, um total de 100.000 linhas de assinantes.

1945 – Já havia cerca de 1.000.000 de terminais no Brasil, operados por 800 empresas
particulares, dos quais 75% dos serviços eram prestados pela CTB nos estados do Rio de
Janeiro, São Paulo, Minas Gerais e Espírito Santo. A presença militar americana no RN
provocou expansão de terminais: Natal passou a ter 400 linhas incluindo as implantadas
na Base de Parnamirim.

Até 1962 – O Brasil sofreu uma estagnação no crescimento da Telefonia, com pouca
oferta de linhas para a população. Eram muito frequentes os congestionamentos dos
serviços telefônicos. As comunicações internacionais estavam nas mãos das operadoras
estrangeiras Western Telegraph, Radional, Italcable e Radiobrás. As únicas operações de
telecomunicações em mãos do Estado eram a telegrafia, operada pelos Correios, e
algumas emissoras de radiodifusão de alcance nacional. A situação geral, sob o domínio
de seis empresas estrangeiras, revelou-se um desastre de ineficácia.

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1962 – Criou-se o CONTEL (Conselho Nacional de Telecomunicações), órgão
subordinado diretamente à Presidência da República, destinado a coordenar,
supervisionar e regulamentar as telecomunicações no país.

1963 – Foi inaugurada, durante o governo Aluísio Alves, a TELERN Companhia


Telefônica do RN, empresa estadual cujos objetivos principais eram ampliar a telefonia na
capital e implantar a comunicação interurbana envolvendo as principais cidades do interior
do estado.

1965 - Criou-se a EMBRATEL (Empresa Brasileira de Telecomunicações) com a


finalidade de implantar e implementar os sistemas de longa distância no Brasil, para
interligar as capitais e grandes cidades entre si. Foi criado também o DENTEL
(Departamento Nacional de Telecomunicações), tendo como função a execução e
fiscalização das normas e diretrizes editadas pelo CONTEL. Estabeleceu-se uma
sobretaxa de 30% nas tarifas normais, com o propósito de financiar a EMBRATEL por
meio do Fundo Nacional de Telecomunicações.

1967 – O governo criou o Ministério das Comunicações para fixar a política nacional das
telecomunicações, assumindo a coordenação central do crescimento de toda a Rede
Nacional de Telefonia, dos Correios e da Radiodifusão.

1972 – O Ministério das Comunicações criou a TELEBRÁS, empresa de capital misto,


reduzindo o número de empresas prestadoras de serviços para 28, praticamente uma
para cada estado e território do país. Com sua criação, a TELEBRÁS começou a
contribuir de forma expressiva para o crescimento do plano de expansão nacional. As
Operadoras estaduais foram quase todas absorvidas pela Telebrás. A TELERN passou a
denominar-se Telecomunicações do Rio Grande do Norte S.A., empresa de economia
mista cujo principal acionista era a Telebrás, Ministério das Comunicações.

1985 – O setor das telecomunicações teve uma taxa de crescimento econômico da ordem
de 7,5% sendo considerada por especialistas como a maior do mundo, atingindo um
índice de 96% na nacionalização dos equipamentos industrializados por empresas do
setor.

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1988 – Foi adotado o padrão AMPS pela TELEBRÁS para a telefonia celular.

1990 – Teve início o primeiro serviço móvel celular do Brasil, no Rio de Janeiro.

1992 – O Brasil chegou a instalar 14 milhões de linhas telefônicas, atingindo a proporção


de 10 telefones para cada 100 habitantes e a TELEBRÁS foi afiliada como membro
internacional da CTIA.

1994 – A TELEBRÁS conseguiu cobrir com a telefonia celular todas as capitais dos
Estados e cerca de 250 cidades do país. Natal foi a segunda capital nordestina a ter
telefonia móvel celular.

1997 – O Brasil fechou o ano com cerca de 4,3 milhões de terminais celulares em
operação.

1998 – A TELEBRÁS foi privatizada.

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2 Noções de Acústica

O som é a sensação causada no sistema nervoso pela vibração de delicadas


membranas no ouvido, como resultado da energia transmitida pela vibração de corpos,
tais como um diapasão, um alto-falante ou a corda de um violão. O som, diferentemente
da energia eletromagnética, requer um meio de propagação: ele não se transmite no
vácuo.
O ar ambiente constitui um meio pelo qual o som pode ser transmitido, entretanto,
outros meios, quer sólidos ou líquidos, podem servir para sua propagação. Constata-se
que um meio com maior densidade, isto é, um sólido, propaga o som melhor que o ar. Por
exemplo, uma pessoa que encosta seu ouvido no trilho da linha férrea, pode constatar a
presença de um trem a longa distância, embora o som não chegue até ela pelo ar
(Cymrot, 1975).

2.1 CARACTERÍSTICAS DA ONDA SONORA

Frequência – Cada oscilação do corpo ou objeto corresponde a um ciclo da onda sonora.


Denomina-se frequência o número de ciclos de uma onda sonora em um segundo. Um
ciclo contém um pico positivo (condensação) e um pico negativo (rarefação). A frequência
é expressa em ciclos por segundo e sua unidade é o hertz (Hz).

Período – O tempo gasto para se realizar um ciclo é denominado período. A medida mais
comum do período é o segundo (s), podendo-se usar também o milésimo de segundo
(ms) e o microssegundo (µs). O período expressa o inverso da frequência. Por exemplo,
uma frequência de 500 Hz, corresponde um período de 1/500 segundos, ou seja, 2
milissegundos.

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Amplitude – o valor máximo da onda, que corresponde a seu pico, denomina-se
amplitude máxima. A faixa dinâmica do sinal resulta da diferença entre a máxima pressão
de condensação e rarefação, em relação à pressão atmosférica ambiente.

Comprimento de onda – o comprimento de onda, λ(Lambda) (Figura 4), pode ser


expresso pela relação entre a velocidade do som no meio, c , e a frequência do som,

c
f . = f

Figura 4 - Representação dos pontos para encontrar o comprimento de onda Lambda.

As formas de onda podem ter características simples ou complexas. Uma forma


de onda simples é constituída de uma única frequência. Uma forma de onda complexa é
composta de duas ou mais frequências. A frequência mais baixa de uma onda complexa
denomina-se frequência fundamental. As demais são denominadas harmônicas. Além
disso, os sinais podem ser classificados em determinísticos ou aleatórios. Os sinais
determinísticos, como a senoide, são geralmente descritos por uma equação. Os sinais
aleatórios, como o sinal de voz, são normalmente caracterizados por médias estatísticas.
Um som puro é representado por uma onda senoidal com curva definida e
frequência constante. A linguagem falada, sons musicais e ruídos correspondem a sons
complexos de forma e frequência variáveis e características aleatórias. Os sons da fala
podem ser divididos em duas classes principais, com características espectrais distintas.
Os sonoros (sons vibrantes), mais restritos em frequência, resultam da vibração das
cordas vocais. Os surdos (sons não vibrantes), com espectro mais espalhado, são obtidos
com a passagem forçada do ar pela região buconasal.
A frequência mais baixa presente na fala está associada aos sons sonoros,
podendo variar desde 60Hz (para homens de voz grave) até 350 Hz (para mulheres e
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crianças). Essa frequência recebe usualmente o nome de fundamental ou tom principal. A
maior parte da informação está contida em frequências ditas formantes ou formadoras.

2.2 PARÂMETROS DO SOM

Frequência - A faixa de frequência audíveis vai de 20 Hz a 20 kHz. Os sons cujas


frequências estejam abaixo de 20 Hz são denominados infrassons e os acima de 20kHz
são denominados ultrassons. Em telefonia, comprova-se que a reprodução satisfatória da
voz pode ser obtida com uma faixa de frequências de 300 Hz a 3kHz. Em notação
musical, a frequência determina a altura do som.

Amplitude - A amplitude determina a intensidade do som. Ela é função da força ou


potência com que o som é produzido pela fonte sonora. Pela amplitude do som pode-se
estabelecer se um som é forte ou fraco.

Timbre - Essa característica é fundamental para que se possam distinguir os sons e as


vozes de mesma frequência que sejam emitidos por diferentes instrumentos ou pessoas.
Uma nota tocada em um violão é diferente da mesma nota tocada em uma flauta. A nota
é, no entanto, facilmente reconhecida quando produzida pelo violão ou emitida pela flauta.
O timbre depende da combinação das frequências harmônicas que um determinado som
contém das frequências e das amplitudes desses mesmos harmônicos.

2.3 INTELIGIBILIDADE

Diversos estudos foram realizados para determinar qual a faixa de frequências


mais apropriada, sob o ponto de vista econômico e de qualidade, para as comunicações.
Para fonia (transmissão de voz), foram basicamente levados em conta os
seguintes fatores, resultantes das características da voz e do ouvido humano:
inteligibilidade e energia da voz.
Apesar de a voz humana estar compreendida entre 20 Hz e 10 kHz, os sistemas
de telefonia limitam a faixa de frequência a 3,4 kHz, na qual a perda de qualidade é
tolerável. Nessa faixa, está concentrada a maior energia da voz, com índice de
inteligibilidade de, aproximadamente, 80% das palavras.
Há uma curva de resposta para a orelha humana utilizada para definir o canal
telefônico (Figuras 5 e 6).

CPTM 19
Telefonia
Figura 5 - Curva da resposta do ouvido humano com o telefone.

Figura 6 - Distribuição típica da energia do sinal da voz.

A inteligibilidade é definida como o percentual de palavras perfeitamente


reconhecidas numa conversação. Verificou-se que, na faixa de 100 a 1,5 KHz, estavam
concentrados 90% da energia da voz humana, enquanto que, na faixa acima de 1,5 KHz,
estavam concentrados 70% da inteligibilidade das palavras.
Baseado num compromisso entre estes dois valores, foi escolhida a faixa de
voz entre 300 e 3,4 KHz para comunicações telefônicas, o que garante 85% de
inteligibilidade e 68% de energia da voz recebida pelo ouvinte. Para transmissão de
música, no entanto, é necessária uma faixa bem maior, de 50 Hz a 10 KHz.
Considerando esse fato, os sistemas telefônicos, em geral, foram projetados e
construídos no mundo todo para atender bem ao espectro definido para telefonia simples.
Assim, os aparelhos telefônicos têm boa resposta nas cápsulas transmissora e receptora

20 CPTM
Telefonia
para a parcela de energia da voz humana que se situa entre as frequências de 300 e 3,4
Khz, garantindo 85% de inteligibilidade.

2.4 TRANSFORMAÇÃO DE ENERGIA ACÚSTICA EM ENERGIA ELÉTRICA

A energia acústica produzida pela voz é transformada em energia elétrica por


intermédio de um microfone, também conhecido como transdutor. Nos aparelhos
telefônicos, o microfone é, geralmente, uma cápsula de carvão, constituída basicamente
de grânulos de carvão, limitados por uma membrana (figura 7) em que é aplicada uma
diferença de potencial que faz circular uma corrente DC.

Figura 7 - Transformação de energia acústica em elétrica.

Quando as vibrações sonoras incidem sobre a membrana, fazendo-a vibrar, este


movimento comprime mais ou menos os grânulos, diminuindo ou aumentando a
resistência, com uma correspondente vibração na corrente no mesmo ritmo das vibrações
sonoras. Esta variação da corrente produz uma potência elétrica que, às vezes, é maior
que a potência acústica aplicada na vibração da membrana, fazendo com que a cápsula
se comporte como um amplificador.

A cápsula de carvão é o microfone mais barato, porém, apresenta algumas restrições:


- produz uma distorção maior que a dos outros microfones;
- tem uma sensibilidade que varia com a frequência, atenuando muito as baixas
frequências.

CPTM 21
Telefonia

2.5 TRANSFORMAÇÃO DE ENERGIA ELÉTRICA EM ENERGIA ACÚSTICA

Para transformação da energia elétrica em energia acústica, nos aparelhos


telefônicos utilizam-se cápsulas magnéticas e dinâmicas. A cápsula magnética é
constituída, basicamente, de um ímã permanente com duas peças polares, providas de
bobinas (Figura 8) através das quais circula corrente DC. Uma membrana metálica fecha
o circuito magnético, e a força que atua sobre ela é proporcional ao quadrado da indução
resultante.

Figura 8 - Modelo da transformação de energia elétrica em acústica (princípio de


funcionamento da cápsula receptora magnética)

Nas cápsulas receptoras dinâmicas, a bobina pela qual circula a corrente DC está
unida à membrana, movendo-se num campo magnético cilíndrico. A força que atua sobre
a bobina e a membrana é proporcional à força do campo magnético permanentemente e à
energia que passa pela bobina.
Nos dois tipos de cápsulas receptoras, conseguem-se características lineares
para a faixa de frequências de voz, bem como baixa distorção.

22 CPTM
Telefonia

3 Unidades de Medida

Medir uma grandeza é compará-la com outra de mesma espécie, preestabelecida


e chamada unidade. A unidade de medida deve ser escolhida de maneira que os
resultados de diversas medidas sejam números fáceis de serem manuseados. Por
exemplo, para a grandeza comprimento, as estradas são medidas em quilômetros,
enquanto o alfaiate usa uma fita graduada em centímetros. Seria matematicamente exato,
mas pouco prático, dizer-se que uma estrada tem 40 000 000 centímetros, ou um pedaço
de tecido tem 0,00002 quilômetros.
Considerando a potência de um sinal elétrico, essa grandeza era normalmente
medida em Watt (W), ou em seus múltiplos e submúltiplos, sendo o miliwatt (mW) a
unidade que mais se adapta às medidas de potência elétrica realizadas em sistemas de
Telecomunicações, pois a potência sonora máxima de uma pessoa pode chegar a ser dez
mil vezes maior que a potência sonora mínima dessa mesma pessoa, numa conversação
normal.
Isto significa que, na entrada de um equipamento de comunicação, a potência
elétrica instantânea pode variar na razão de 10 000 para 1 e que, em casos extremos
(uma pessoa gritando), pode atingir variações maiores ainda, da ordem de 10 000 000
para 1. Esta extensa variação torna pouco prática a medida da potência em questão, por
meio de medidores com escalas decimais, pois teríamos uma escala de 1 até 10 milhões.
Este problema é resolvido comprimindo-se as escalas com o uso de logaritmos
pois, como sabemos da matemática, uma variação de 1 para 10 000 000 significa em
logaritmos decimais uma variação de somente 0 para 7, resultando com que,
praticamente, todas as medidas de nível de potência em Telecomunicações sejam
logarítmicas.

3.1 - RELAÇÃO DE POTÊNCIAS E QUADRIPOLOS

Quando uma informação é enviada de um ponto a outro, os sinais elétricos


passam através de diversos elementos que compõem o sistema de transmissão, tal como
telefone, linha física, central telefônica, multiplex etc.

CPTM 23
Telefonia
Cada um desses elementos, ou mesmo parte deles, pode ser representado por
um quadripolo que tem a possibilidade de atenuar o sinal (significa que a potência do
sinal de entrada desses elementos de sistema de transmissão é maior que a de saída), ou
amplificar o sinal (significa que a potência do sinal de entrada é menor que a de saída).
Se considerarmos como relação de potência M de um quadripolo, a razão entre a
potência de saída e de entrada desse quadripolo, ao ligarmos, em série, N elementos do
sistema de transmissão (Figura 9), poderemos calcular a relação de potência total do
sistema.

Figura 9 - Quadripolos em série

Tendo em vista que para um determinado sistema de transmissão

Psaída Pq
Mq = =
`Pentrada Pq −1

Então,

Pn P P P
= 1 x 2 x ..... x n
Po P0 P1 Pn −1

Do que se conclui que, para N quadripolos em série, a relação total de potência é


igual à soma do produto das relações de potências individuais dos N quadripolos.

24 CPTM
Telefonia

3.2 DECIBEL
O decibel é uma expressão da relação entre dois sinais que indica ganho
(amplificação) ou perda (atenuação). Os sinais podem ser tensões, correntes ou níveis de
potência (Figura 10).

Figura 10 - Amplificador com ganho de 100 ou, em decibéis, 20.

O decibel foi originalmente concebido pela indústria da telefonia para descrever


os ganhos e perdas de sinais de áudio nos circuitos de telefonia. A unidade original foi
denominada bel devido a Alexandre Graham Bell, o inventor do telefone. Na maioria das
atividades da eletrônica, entretanto, o bel provou ser uma unidade grande1, então, o
decibel (um décimo de um bel) foi adotado como notação padrão.
Dois valores de potência podem ser comprados usando uma unidade denominada
bel, definida pela seguinte equação:

P2
B = log10 (bels)
P1

No entanto, para se ter a unidade de menor magnitude, o decibel é definido pela equação:

1 bel = 10 decibéis (dB)

O resultado é a seguinte equação, que compara os valores de potência P2 e P1 em

decibéis:

P2
dB = 10 log10 (decibéis, dB)
P1

Se os valores de potência forem (P2 = P1) , não há diferença entre os valores de potência

e dB = 0.

CPTM 25
Telefonia
Se houver um aumento no valor da potência (P2 > P1), o valor de dB resultante será
positivo.

Se houver diminuição no valor da potência (P2 < P1), o valor em decibel resultante será
negativo.

No caso especial em que (P 2 = 2P1) , o ganho em decibéis é

P2
dB = 10 log10 = 10 log10 2 = 3 dB
P1

Portanto, para um sistema de alto-falantes, um aumento de 3 dB na saída requer


que o valor da potência seja duplicado. A indústria de áudio tem como regra, geralmente,
aceitar que aumentos razoáveis de nível sonoro sejam obtidos com variações de 3 dB na
saída dos equipamentos. Em outras palavras, um aumento de 1 dB é praticamente
imperceptível e um de 2 dB está no limite da percepção. Um aumento de 3 dB resulta,
normalmente, numa variação facilmente detectável do volume sonoro. Um aumento
adicional geralmente é obtido quando se eleva a saída com mais 3 dB.

3.2.1 dBW e dBm


Quando se deseja expressar um valor de potência em dB é comum utilizar o dBW
ou o dBm. Para algumas aplicações, é estabelecido um nível de referência para permitir
uma comparação de valores em decibéis de sistemas diferentes. No caso dos sistemas
de comunicação, um nível de referência muito usado é

Pref =1 mW ( com uma carga de 600  )

P
dB m = 10 log10
1 mW para uma carga de 600Ω

26 CPTM
Telefonia
Observe o índice m, que indica que o valor em decibéis foi medido em relação a
um nível de referência de 1 mW.

Em particular, para P = 40mW,

40 mW
dB m = 10 log10 = 10 log10 40 = 10(1,6) = 16 dB m
1mW

enquanto para P = 4W

4000 mW
dBm = 10 log10 = 10 log10 4000 = 10(3,6) = 36 dBm
1mW

Embora o valor da potência tenha aumentado por um fator de 4.000 mW / 40mW = 100, o
dBm dB m
aumento em foi de apenas 20 .

3.2.2 Ganho de Tensão

O decibel também é usado para comparar valores de tensão.

V
dBv = 20 log10 1
V2

Veja o exemplo a seguir.

Calcule o ganho de tensão em dB de um sistema no qual o sinal aplicado é 2mV e


a tensão de saída é 1,2 V.

V 1,2 V
dBv = 20 log10 o = 20 log10 = 20 log10 600 = 55,56 dB.
Vi 2 mV

V
A v = o de 600.
Vi
para um ganho de tensão

CPTM 27
Telefonia
Outro exemplo.

Se um sistema tem ganho de tensão de 36 dB, calcule a tensão aplicada se a de


saída for de 6,8 V.

V
dB v = 20 log10 o
Vi

V
36 = 20 log10 o
Vi

36 V
= log10 o
20 Vi

V
1,8 = log10 o
Vi

Vamos lembrar a definição de logaritmo.

V
1,8 = log10 o
Vi
Dessa forma, melhorando o resultado

(10) 1,8 = Vo
Vi
Vo
= 63,096
Vi
Tendo em vista que no enunciado a tensão de saída Vo = 6,8 V, vem

Vo 6,8 V
Vi = = = 107,77 mV
63,096 63,096

28 CPTM
Telefonia

4 Aparelho Telefônico

Para que seja transmitida a longas distâncias, a voz tem de ser convertida em
sinais elétricos, que percorrem a linha de transmissão até chegar ao destino, onde são
convertidos novamente em sinais sonoros, permitindo a troca de informações entre as
pessoas que estão se comunicando. Para isso, utiliza-se o aparelho telefônico.

4.1 COMPONENTES DO TELEFONE

O aparelho telefônico tem dois transdutores: o transmissor ou microfone e a


cápsula receptora. A voz emitida por uma pessoa incide sobre o microfone (cápsula
transmissora) do telefone A, transformando as ondas sonoras em sinais elétricos.
Os sinais elétricos percorrem um par de fios e chegam à cápsula receptora do
telefone B, onde são convertidos em ondas sonoras (Figura 11).

Figura 11 - Ligação telefônica entre pontos

A voz humana é produzida pela vibração do ar, sendo o transmissor, e o ouvido


humano é o receptor. Os fatores de inteligibilidade e energia da voz são medidos em faixa
de frequência (Hz). Assim, respeitando este conceito, os aparelhos têm a cápsula
transmissora ou microfone e a cápsula receptora.

CPTM 29
Telefonia
Cápsula transmissora - A energia acústica produzida pela voz humana é transformada
em energia elétrica por intermédio do microfone. Nos aparelhos telefônicos, as cápsulas
são de carvão, constituídas basicamente de grânulos de carvão. No microfone, as ondas
sonoras atuam sobre uma membrana. Esta pressiona os grânulos de carvão com força
variável na câmara de carvão. Consequentemente, produz-se uma variação da resistência
de passagem devido à variação da densidade de grânulos de carvão. Com a membrana
em repouso, a corrente que circula pelo microfone será contínua e de intensidade
constante, mas varia quando há incidência de ondas sonoras. A variação de corrente
corresponde exatamente à frequência do som e a pressão acústica (Figura 12).

Figura 12 - Interação da voz humana com a cápsula transmissora.

Cápsula receptora tem a função de converter a tensão alternada que chega em onda
sonora. Para isso, são usadas duas bobinas magnéticas, com dois núcleos de ferro doce,
que estão dispostas sobre um ímã permanente (magneto anular) de tal modo que estejam
magneticamente ligadas. A membrana de aço sobre as bobinas é atraída continuamente
pelo campo do ímã permanente e, por isso, previamente distendida. As variações da
corrente nas bobinas, ligadas em série, resultam em variações do campo que atuam
sobre a membrana e a fazem vibrar (Figura 13).
Figura 13 - Modelo da cápsula receptora.

30 CPTM
Telefonia

4.2 COMPONENTES DO TELEFONE: TIPOS DE MICROFONES - VISÃO


DETALHADA E CARACTERÍSTICAS CONSTRUTIVAS

4.2.1 Microfone de carvão

Trata-se de um tipo de microfone que já não é mais usado, tendo sido inventado
no século 19 e usado nos primeiros sistemas telefônicos (Figura 14).

Figura 14 - Corte de um microfone de carvão: em (a) grãos de carvão e ligação interna; em (b)
peça comercializada, em (1b) parte traseira e em (2b) parte traseira.

a) b)

Conforme visto acima, dentro de uma cápsula de material isolante existem


minúsculos grãos de carvão ou grafite os quais em conjunto apresentam certa resistência
elétrica, medida entre os eletrodos. A tampa da cápsula é um diagrama fino que tem por
finalidade captar as ondas sonoras. Quando o som incide nesse diafragma, pressiona-o e
distende os grãos de carvão, provocando, assim, uma alteração correspondente da
resistência. Isso significa que, ligando esse microfone a uma bateria e uma carga – por
exemplo um fone de ouvido – a corrente circulante será um retrato do som incidente,
podendo ser reproduzida pelo fone de ouvido. A principal vantagem no uso destes
microfones está na sua robustez e a principal desvantagem está na baixa fidelidade, já
que a qualidade de som obtida não é das maiores. Atualmente, estes microfones já não
mais são usados.

CPTM 31
Telefonia

4.2.2 Microfones de eletreto

Os microfones de eletreto possuem como elemento sensível um material


denominado eletreto que têm propriedades elétricas interessantes (Figura 15).

Figura 15 - Microfone de eletreto: Parte (a): Propriedades elétricas do material eletreto em 1(a).
Em (1.1a) componentes internos separados e circuito interno pré-amplificador com JFET. Em (b)
Peça comercializada com as partes traseira e frontal respectivamente.

a)

1(a) 1(b)

b)

Estes materiais apresentam cargas elétricas permanentes que se alteram quando


eles sofrem deformações mecânicas. Assim, se prendermos um material deste tipo a um
diafragma, a tensão que aparece em suas faces vai variar conforme o som que incidir no
diafragma.
Conforme vimos na figura 15, parte (1.1a), as tensões presentes no circuito são
muito baixas e a impedância do eletreto é extremamente alta. Estes microfones já levam
embutidos um circuito amplificador que consiste num transistor de efeito de campo de
junção (JFET) (Figura 16).

32 CPTM
Telefonia
Figura 16 - Circuito pré-amplificador é colocado no interior do invólucro do microfone

Dentre as funções mencionadas anteriormente, outra função básica do circuito


pré-amplificador interno é eliminar a capacitância dos longos fios de descida que estaria
em paralelo com a capacitância do microfone. Sendo a capacitância dos fios maior que a
do microfone, isto causaria uma drástica redução na sensibilidade do microfone. Além
disso, o pré-amplificador "casa" a alta impedância do microfone com a baixa impedância
de entrada de um amplificador convencional.
Por este motivo, para usarmos este tipo de microfone, precisamos de um circuito
de polarização (Figura 17).

Figura 17 - Circuito de polarização para o microfone de eletreto

Na figura acima está representado o modo de se usar um microfone de dois e de


três terminais com os valores típicos dos componentes de polarização.
As principais vantagens desses microfones são seu baixo custo, grande
sensibilidade, tamanho reduzido e facilidade de uso, o que os torna ideais para uma
grande gama de aplicações práticas modernas.
A única desvantagem, que não chega a afetar sua preferência por muitos
projetistas, está na necessidade de um circuito externo de polarização.

CPTM 33
Telefonia

4.3 COMPONENTES DO TELEFONE: TIPOS DE CÁPSULAS RECEPTORAS – VISÃO


DETALHADA E CARACTERÍSTICAS CONSTRUTIVAS

4.3.1 Cápsula eletromagnética

A cápsula eletromagnética é constituída por um ímã permanente sobre o qual é


enrolada uma bobina. A variação da corrente elétrica na bobina varia o fluxo magnético do
ímã permanente, que passa a atrair ou repelir um diafragma (membrana) construído por
um material magnético.
O movimento deste diafragma cria ondas de pressão que dão origem ao som
(Figura 18).

Figura 18 - Cápsula eletromagnética.

As características da cápsula eletromagnética são


a) ter grande resistência mecânica, pois sua única parte móvel é a membrana
(diafragma);
b) não possuir uma boa resposta em frequência.
Em virtude da sua resposta em frequência ser ruim, é pouco utilizada.

4.3.2 Cápsula dinâmica

Também é constituída por um ímã permanente e uma bobina. Entretanto, neste


caso, a bobina é presa à membrana (diafragma) e é móvel (dinâmica) em relação ao ímã.
O princípio de funcionamento da cápsula dinâmica é a interação entre o campo magnético
variável criado pela bobina com o campo fixo do ímã permanente, provocando o
deslocamento da bobina móvel e da membrana. A oscilação da membrana produz as
ondas acústicas. Neste caso, o diafragma é de material não magnético, geralmente
plástico (Figura 19).

34 CPTM
Telefonia
Figura 19 - Cápsula dinâmica

4.4 COMPOSIÇÃO DO APARELHO TELEFÔNICO

Figura 20 - Telefone antigo de disco modelo tijolinho.

Fonte: http://produto.mercadolivre.com.br/MLB-720579389-antigo-telefone-verde-tijolinho-
starlite-_JM

CPTM 35
Telefonia

O aparelho telefônico é constituído basicamente por:

monofone: dispositivo para manter as cápsulas emissora e receptora associadas de


forma rígida e conveniente, assegurando que elas mantenham simultânea e
respectivamente, junto à boca e ao ouvido do usuário. O monofone possui dois
receptáculos:
a) orelheira: na qual fica instalada a cápsula receptora;
b) bocal: no qual fica instalada a cápsula emissora.

corpo: parte do aparelho que serve de invólucro aos circuitos, componentes e


mecanismos que o integram.

cordões: os aparelhos possuem dois tipos de cordões:


a) do aparelho: faz a ligação do aparelho à rede telefônica;
b) do monofone: que faz a ligação do monofone com o corpo do aparelho.

teclado (ou disco) – é o dispositivo mecânico através do qual o usuário sinaliza o


equipamento de comunicação, informando o endereço (número) do assinante chamado.
O teclado possui dez algarismos usados na emissão da informação (de zero a 9).

Fazem também parte da composição do telefone os componentes descritos abaixo, aos


quais estaremos dando mais ênfase na seção que tratará do funcionamento do telefone.
Vejamos então os componentes.

Campainha – A função da campainha é de advertir o assinante de que ele está sendo


chamado. Existem dois tipos de campainha: eletromecânica e a eletrônica.

Transformador – A finalidade do transformador é a de fazer com que a corrente


microfônica (que circula na cápsula emissora) seja, o máximo possível, unicamente
dependente da resistência da cápsula emissora. Ele isola a cápsula receptora do
componente contínuo (corrente CC) do circuito, induzindo apenas o componente variável
proveniente da linha.

36 CPTM
Telefonia
Se o enrolamento secundário tem número de espiras maior que o primário, a
tensão no secundário será mais elevada e a corrente, menos intensa. Neste caso, a
emissão até a cápsula receptora se realiza com menores perdas, pois a perda por “efeito
joule” será menor.
A relação de transformação deve ser tal que permita um melhor casamento de
impedância entre o aparelho e a linha, diminuindo, assim, as perdas por reflexão. O
transformador faz parte, no aparelho telefônico, figura 21 e 22, de um circuito denominado
“ antiefeito local ”, que será visto posteriormente.

Figura 21 - Esquemático do aparelho telefônico (telefone no gancho)

Figura 22 - Esquemático do aparelho telefônico (telefone fora do gancho )

4.5 FUNCIONAMENTO DO APARELHO TELEFÔNICO

O equipamento terminal convencional do assinante é constituído pelo telefone.


Cada telefone é alimentado por bateria central (situada na central de comutação local)
que fornece uma tensão contínua de -48 V (valor típico).
Quando o telefone está no descanso, este não é percorrido por nenhuma corrente
significativa, pois a impedância do enlace de assinante é muito elevada. Quando o
telefone é levantado, estabelece-se um fluxo de corrente Is no enlace (Figura 23). O valor
dessa corrente depende da tensão de alimentação e da resistência do enlace.
CPTM 37
Telefonia

Figura 23 - Figura 23 – Telefone alimentado pela Central Local

A resistência do enlace inclui a resistência da linha telefônica e a resistência do


próprio telefone, sendo a resistência da linha telefônica dependente do calibre dos pares
simétricos e do seu comprimento. Valores típicos para a resistência máxima do enlace
variam entre os (1250 e 1800)Ω, enquanto os valores típicos para a corrente de enlace se
situam entre os 20 e os 100 mA.
De acordo com o que foi descrito anteriormente, “quando o telefone está no
descanso (monofone no gancho), este não é percorrido por nenhuma corrente
significativa, pois a impedância do enlace de assinante é muito elevada”, existe tensão de
alimentação nos pontos “a” e “b”, simbolizada pelas setas em “a” e em “b” (Figura 24).

Figura 24 - Telefone no gancho

Seguindo essa linha de raciocínio, conforme podemos ver na figura 24, não há
circulação de corrente contínua, pois ela é bloqueada pelo capacitor “C“, ficando somente
o circuito de campainha em posição de espera.
No momento em que um usuário retira o monofone do gancho, o enlace é
fechado, circulando corrente contínua pelo aparelho que será denominada “corrente
circulante”. O enlace é fechado pela chave “K”, que é acionada mecanicamente por mola,
no momento da retirada do monofone do gancho (Figura 25).

38 CPTM
Telefonia

Figura 25 - Monofone fora do gancho

Neste momento, ocorre a primeira sinalização entre o aparelho e a central de


comutação que é a conexão, ou seja, ao retirar o monofone do gancho, o usuário está
informando ao equipamento de comutação que ele deseja efetuar uma ligação. Esta
informação chega ao equipamento de comutação, através da corrente circulante, devido
ao fechamento do enlace, que aciona o relé de linha do assinante.
Quando o usuário recebe do equipamento o “sinal de linha”, inicia-se a segunda
sinalização do aparelho telefônico, que é a digitação (discagem ou teclagem), informando
ao equipamento o endereço (número do assinante) do assinante chamado.

4.6 O APARELHO DECÁDICO COM DISCO

Numa Marcação por Impulsos Decádicos, também designada por Marcação por
Abertura de enlace (Loop Disconnect Dialing), uma série de impulsos de corrente
contínua, representando cada dígito, é produzida pela interrupção de um sinal contínuo,
de acordo com um número definido no telefone Decádico de Impulsos (Figura 26)
Figura 26 - Telefone Decádico de Impulsos.

Imagem fonte: http://blog.render.com.br/diversos/10-de-marco-dia-do-telefone/

O Telefone Decádico de Impulsos está equipado com um Marcador Rotativo e


com um Disco de Marcação com 10 orifícios, instalado sobre ele. O Marcador Rotativo
tem como função o envio sequencial de Impulsos Eléctricos (Figura 27).

CPTM 39
Telefonia
Figura 27 - Circuito do telefone decádico com disco

Os três contatos eletromecânicos: o de Impulsos de Contacto (ICT), o do


Interruptor de Contorno 1 IC1 (BP1) e o do Interruptor de Contorno 2 IC2 (BP2) estão
instalados no interior do Marcador Rotativo (Figura 28).

Figura 28 - Marcador Rotativo ou disco com os contatos eletromecânicos: Impulsos de


Contato (ICT), Interruptor de Contorno 1 IC1 (BP1) e a do Interruptor de Contorno 2 IC2 (BP2)
presentes no seu interior.

40 CPTM
Telefonia

4.7 OPERAÇÃO DO CIRCUITO INTERNO NA EXECUÇÃO DE CHAMADAS

Quando o cliente levanta o monofone do gancho, o interruptor do descanso fecha


e um enlace de Corrente Contínua CC (DC) é formado entre a Central Telefônica e o
cliente (Figura 29). Dessa maneira, uma corrente contínua CC (DC) fluirá através do
enlace.
Figura 29 - Circuito interno do telefone decádico de disco. O Telefone está pronto para fazer
uma chamada quando o interruptor do descanso está fechado, concluindo que o monofone está fora
do descanso.

Analisando a figura 29, enquanto o número está sendo discado, por exemplo o
número 5, o marcador gira no sentido dos ponteiros do relógio em conjunto e pressionado
pelo dedo, que lhe oferece resistência, sendo depois libertado quando chega no fim de
curso do disco. O disco de Marcação regressa então à sua Posição de Descanso, pela
ação de uma mola. Enquanto isso, o interruptor IC2 (BP2) no Marcador Rotativo é
fechado para criar um Curto-Circuito, pelo que não se ouvem ruídos na Cápsula receptora
durante a discagem.
Seguindo essa linha de raciocínio, o contato de Impulsos de Contacto (ICT) gera
os Impulsos de marcação pela ação de se Fechar e Abrir, interrompendo o enlace de
Corrente Contínua CC (DC). O número de interrupções é igual ao dígito discado. Este tipo
de telefone gera dois impulsos adicionais, que são eliminados pelo contato IC1 (BP1).
Além disso, existe também um dispositivo mecânico, designado por Regulador
Centrífugo, instalado no interior do Marcador Rotativo, que ajuda a manter uma
velocidade uniforme de rotação do disco durante a discagem do número.

CPTM 41
Telefonia
Depois de terminar a discagem do número, os impulsos são identificados na
Central Telefônica que faz a ligação para o cliente chamado.
Os sinais de voz do cliente são transmitidos para a cápsula receptora através de
um transformador de isolamento. A cápsula receptora está ligada ao Enrolamento
Secundário do Transformador de Isolamento. Desta forma, a cápsula receptora está
protegida de qualquer destruição devida à ação da Corrente Contínua CC (DC). O
Transformador oferece, também, um isolamento elétrico entre a Central Telefônica e o
ouvido do cliente. Adicionalmente, os dois diodos montados em oposição protegem os
ouvidos contra excessos de ruídos. Se a tensão no enrolamento secundário for superior a
certo nível, um dos diodos começa a conduzir e cria um curto circuito à cápsula receptora.
Vale ressaltar aqui também que o transformador faz parte de um circuito denominado
“antiefeito local”.
Enquanto durar a chamada, todo o sinal de voz direcionado ao microfone pelo
assinante chamador é transmitido para o cliente chamado através da Central Telefônica, e
o mesmo acontece de forma inversa, ou seja, todo sinal de voz que o assinante chamado
responder, será transmitido ao chamador pela central telefônica.

4.8 O CIRCUITO ANTIEFEITO LOCAL

O transformador faz parte de um circuito denominado “antiefeito local” que impede


os sons introduzidos no transmissor de serem reproduzidos no receptor da mesma
unidade auscultador-microfone. (Figura 30)

Figura 30 - Telefone interligado na central – entendendo o antiefeito local.

Como mostra a figura 31, no telefone, “circuito do telefone”, é necessário fazer


uma conversão de quatro fios (cápsula receptora + microfone) em dois fios, pois no
enlace de assinante os sinais correspondentes à emissão e recepção viajam no mesmo
par de fios. Essa conversão é feita usando um circuito denominado híbrido (Figura 31).

42 CPTM
Telefonia

Figura 31 - Circuito híbrido. Representação da conversão de dois para quatro fios usando um
híbrido.

No caso em que há equilíbrio perfeito, ou seja, quando a impedância do circuito


de equilíbrio Ze é idêntica (em módulo e fase) à impedância apresentada pela linha ZL, a
corrente (vocal) gerada pelo microfone é repartida em duas partes iguais, que fluem pelo
circuito primário do híbrido com sinais contrários, fazendo com que seja nula a corrente
gerada no secundário onde está ligado o auscultador. Deste modo, este circuito também
se costuma designar por circuito antiefeito local, já que os sinais vocais gerados pelo
microfone não afetam o auscultador (cápsula receptora).

4.9 OPERAÇÃO DO CIRCUITO INTERNO PARA RECEBER CHAMADAS

Quando o monofone está no gancho, diz-se que o telefone está no descanso ou


pronto para receber uma chamada (Figura 32). O interruptor do descanso está aberto e a
malha para a parte direita do circuito está desligada.
Figura 32 - O telefone está pronto para receber uma chamada quando o interruptor do
descanso está aberto. O monofone está no descanso.

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Telefonia
Analisando a figura 32, sempre que houver uma chamada de entrada, vai soar um
sinal de toque de chamada CA (AC). Este sinal consiste em um sinal elétrico senoidal
intermitente de 25Hz e tensão de (75 até 90) Vrms com duração de 1s e intervalo de 4s
(Figura 33). Este sinal que é proveniente da Central Telefônica possibilita que o telefone
toque e é transmitido para o telefone que está sendo chamado.

Figura 33 - Exemplo de Tom de Toque de Chamada, proveniente da central telefônica ao


assinante chamado.

De acordo com a figura 33, nota-se que o sinal de chamamento é geralmente um


sinal de 10 mA CA (AC), variando entre (75 até 90)Vrms e com uma frequência entre 20 e
25 Hz, que ativa um eletroíman. Este respectivo eletroímam faz operar um pequeno
martelo que bate na campainha.

44 CPTM
Telefonia

5 Aparelhos de tecla
e o modo de discagem dedádica e multifrequencial

5.1 O APARELHO TELEFÔNICO COM TECLADO DECÁDICO.

Vale ressaltar que os conceitos do circuito híbrido e do tom de toque de chamada


que foram discutidos nas seções 4.8 e 4.9 do capítulo 4, são os mesmos conceitos
aplicáveis na operação do telefone com teclado decádico (Figura 34 )

Figura 34 - Aparelho telefônico com teclado decádico

No aparelho provido de teclado decádico, tem–se a seguinte interação em relação


à discagem das teclas. (Figura 35).

Figura 35 - Interação do teclado decádico

CPTM 45
Telefonia
Ao se pressionar a tecla, esta envia um determinado nível de tensão ao
codificador. O codificador transforma esse nível de tensão recebido num código binário
“BCD”, de acordo com a tabela a seguir.

Tabela 1 – Código Binário BCD

Código binário
Dígitos
Saídas A B C D
0000 0
0001 1
0010 2
0011 3
0100 4
0101 5
0110 6
0111 7
1000 8
1001 9

Analisando a tabela anterior, o código BCD é enviado a um “gerador de pulsos


decádicos” e por este transformado em um trem de pulsos que irá comandar o circuito de
chaveamento.
Obtém-se, dessa forma, uma corrente pulsada (Figura 36) em que cada dígito
corresponde a um fechamento e uma abertura do circuito de chaveamento, enviando-se,
assim, os dígitos ao equipamento de comutação.

Figura 36 - Trem de pulsos enviado ao equipamento de comutação

46 CPTM
Telefonia

5.2 APARELHO TELEFÔNICO COM TECLADO MULTIFREQUENCIAL – TDMF (DTMF)

O Telefone TDMF (DTMF), como o próprio nome indica, é baseado no conceito


conhecido como Tom Duplo de Multifrequência TDMF/DTMF (Figura 37). Este telefone
gera uma combinação de dois tons para cada dígito marcado e envia os dígitos para a
Central Telefônica como tons audíveis, em vez de impulsos elétricos, como é o caso do
telefone decádico de impulsos.

Figura 37 - Aparelho Tom Duplo de Multifrequência TDMF (DTMF)

O Telefone TDMF (DTMF) está equipado com um marcador de teclas, composto


por 10 dígitos de marcação (0 a 9), o asterisco "*" e o cardinal "#", que são símbolos
atribuídos a teclas específicas. As teclas estão organizadas numa matriz com quatro
linhas e três colunas (Figura 38).

Figura 38 - O Teclado de Marcação e os seus correspondentes Pares de Frequências.

Altas Frequências [Hz]

Baixas
Frequências
[Hz]

CPTM 47
Telefonia

5.3 OPERAÇÃO DO CIRCUITO INTERNO NA EXECUÇÃO DE CHAMADAS

Quando o cliente levanta o monofone do gancho, o interruptor do descanso fecha


e é formado um enlace entre a central telefônica e o telefone do cliente e o circuito de um
Telefone TDMF (DTMF) preparado para executar uma chamada (Figura 39).

Figura 39 - O telefone está pronto para fazer uma chamada quando o interruptor do descanso
está fechado. O microfone está fora do descanso

A cada linha e coluna é atribuído um tom de uma frequência específica, sendo


que as colunas têm tons de alta frequência e as linhas de baixa frequência. Quando a
tecla é pressionada, um sinal de tom duplo é gerado. Este sinal é o resultado da
combinação de dois tons de diferentes frequências, um do grupo de frequências baixas e
outro do grupo de frequências altas, e daí a razão da designação de "tom duplo de
multifrequência". Por exemplo, pressionando a tecla "5" os tons de 770 Hz e de 1336 Hz
são transmitidos simultaneamente para a Central Telefônica. Este sinal é decodificado
pela Central Telefônica para determinar o dígito que foi marcado.

48 CPTM
Telefonia
De acordo com o circuito acima (Figura 39), na geração dos tons de sinalização
durante a discagem do número, a operação de qualquer tecla gera um sinal composto por
dois tons, que se mantêm enquanto a tecla for pressionada.
Existem dois circuitos osciladores para gerar tons de diferentes frequências. Cada
circuito é composto por uma bobina de três enrolamentos (A, A', A" e B, B', B") e um
condensador (CA e CB). Os enrolamentos A e B têm um número de molas de contato,
divididos no grupo KA e no grupo KB. Existem sete patilhas debaixo do marcador de
teclas, sendo representadas pelas linhas ponteadas no circuito acima (Figura 39), quatro
das quais correspondem às linhas e três às colunas.
A operação de pressionar um botão tem como resultado a atuação da patilha
horizontal e da patilha vertical. Quando uma patilha atua, ela fecha as correspondentes
molas de contato. O fecho de um dos contatos de KA e de um dos contatos de KB permite
ligar cada condensador a um dos terminais do enrolamento A e B associado. Deste modo,
configuram-se os circuitos osciladores correspondentes ao número chamado.
Seguidamente, a atuação das pastilhas horizontais também vai colocar o
interruptor comum K, localizado ao lado da matriz de teclas, em movimento.
O interruptor comum K opera um conjunto de contatos, de forma sequencial
(Figura 39). A ordem e a função de cada contato são as indicadas seguidamente.

1) Atenua os tons de marcação na cápsula auscultadora, permitindo ao cliente ouvir o sinal de


marcação com um nível confortável.
2) Alimenta o transístor.
3) Desativa o microfone para evitar que outros ruídos possam interferir com o sinal de marcação.
4) Inicia o sinal de tom duplo proveniente do circuito oscilador. Este sinal é mantido pela
realimentação da amplificação, através da ação do transístor e do transformador entre os
enrolamentos secundários (A', B') e os enrolamentos terciários (A", B") de cada bobina.

Todo o circuito de geração de sinal é instalado na parte posterior do painel do


teclado, fazendo do marcador de teclas uma unidade independente, que pode ser
substituída pelo marcador rotativo num Telefone Decádico de Impulsos. Os outros
componentes do Telefone TDMF (DTMF) são semelhantes aos componentes do Telefone
Decádico de Impulsos, pelo que o processo de fazer e receber uma chamada é
semelhante ao do telefone de impulsos. Na Central Telefônica, os tons são
descodificados e a ligação é feita para o cliente chamado.

CPTM 49
Telefonia

5.4 OPERAÇÃO DO CIRCUITO INTERNO NO RECEBIMENTO DE CHAMADAS

Assim como no telefone eletromecânico, quando o monofone do telefone DTMF


está no gancho, diz-se que o telefone está no descanso (on the hook), ou pronto para
receber uma chamada. Isto é, o interruptor de descanso, está aberto e a malha da parte
direita do circuito está desligada.
Sempre que haja uma chamada terminada, um sinal de toque CA (AC),
proveniente da Central Telefônica, é transmitido ao Telefone. O Sinal de Toque é
geralmente um sinal de 10 mA CA (AC), com uma frequência entre 20 e 25 Hz, que faz
ativar um par de eletroímãs que acionam um pequeno martelo que bate na campainha.

5.5 CAMPAINHA ELETRÔNICA

O sinal de toque enviado pela central de comutação, conhecido como tom de


toque de chamada, é um sinal elétrico senoidal intermitente de 25Hz e tensão de 75Volts
podendo chegar até 90Volts com duração de 1s e intervalo de 4s. É o que possibilita que
o telefone toque (Figura 40).

Figura 40 - Exemplo de Tom de Toque de Chamada.

O sinal de toque (Figura 40) é enviado pela central de comutação e é retificado,


alimentando o circuito eletrônico da campainha, como ilustra o diagrama de blocos de um
circuito genérico de campainha eletrônica (Figura 41).
Figura 41 - Esquemático de uma campainha eletrônica

50 CPTM
Telefonia

De acordo com o circuito acima, o oscilador gera duas frequências que são
chaveadas eletronicamente, produzindo um sinal com dois tons diferentes.
Quando o assinante chamado atende (retirando o monofone do gancho), a chave
“K”, presente nos circuitos da figura 42 e 43 respectivamente, desconecta o circuito da
campainha, cessando o toque no aparelho.
Simultaneamente, a central de comutação, ao perceber a circulação de corrente
contínua na linha, desconecta o gerador de toque.

Figura 42 - Telefone no gancho, circuito da campainha conectado

Figura 43 - Telefone fora do gancho, desconexão do circuito da campainha.

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6 Princípio do positivo aterrado


Entendendo os -48V da linha telefônica

6.1 ALIMENTAÇÃO DO TELEFONE

O equipamento terminal convencional do assinante é constituído pelo telefone.


Cada telefone é alimentado por bateria central (situada na central de comutação local)
que fornece uma tensão contínua de -48 V (valor típico).
Quando o telefone está no descanso, não é percorrido por nenhuma corrente
significativa, pois a impedância do lacete de assinante é muito elevada. Quando o
telefone é levantado estabelece-se um fluxo de corrente Is no lacete (Figura 44). O valor
dessa corrente depende da tensão de alimentação e da resistência do enlace.

Figura 44 - Telefone alimentado com bateria central.

A resistência do lacete inclui a resistência da linha telefônica e a resistência do


próprio telefone, sendo a resistência da linha telefônica dependente do calibre dos pares
simétricos e do seu comprimento. Valores típicos para a resistência máxima do enlace
variam entre 1250 e 1800 Ω, enquanto os valores típicos para a corrente de enlace se
situam entre os 20 e os 100 mA.

CPTM 53
Telefonia

6.2 PRINCÍPIO DO POSITIVO ATERRADO

A alimentação da telefonia em - 48V tem como objetivo principal a proteção e o


aumento da resistência ao fenômeno da oxidação, quando o condutor desencapado, “nu”
fica exposto por um longo período ao meio ambiente sem a camada de proteção
(isolante). Para compreendermos a importância do positivo aterrado, vamos entender
primeiro o que é oxidação e redução.

6.2.1 Oxidação e Redução

A oxidação e a redução são fenômenos que ocorrem simultaneamente em


reações em que há transferência de elétrons entre os átomos. Esses fenômenos também
são chamados de oxirredução, oxidorredução ou redox.
O Nox, Número de Oxidação (Nox), é a carga elétrica que o elemento adquire
quando faz uma ligação iônica ou o caráter parcial que ele adquire quando faz uma
ligação predominantemente covalente.

A oxidação ocorre quando o elemento perde elétrons e o seu número de


oxidação (Nox) aumenta.

Já a redução ocorre quando o elemento ganha elétrons e o seu número de


oxidação diminui.

Seguindo essa linha de raciocínio vejamos um exemplo.Na formação do sal de


cozinha (cloreto de sódio – NaCl), o sódio cede definitivamente um elétron para o cloro,
formando o cátion Na+, ou seja, ele sofre oxidação, pois perdeu um elétron e seu Nox
aumentou de zero para +1. Simultaneamente, o cloro recebe um elétron, formando o
ânion cloreto (Cl-), ou seja, sofre redução, pois seu Nox passou de zero para -1.

0 0 +1 -1

2 Na(s) + 1 Cl2(g) → 2 NaCl(s)

Nesse exemplo, o sódio é chamado de agente oxidante, pois foi ele quem forneceu o
elétron para o cloro, provocando a sua redução. Já o cloro é o agente redutor, pois ele
provocou a oxidação do sódio, recebendo o elétron desse respectivo sódio.

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Telefonia
De acordo com que foi abordado até agora, nós temos.

As reações de oxirredução são bastante comuns em nosso cotidiano, como


quando um prego enferruja. O prego é feito de ferro, que com o tempo se oxida em
contato com o oxigênio e com a água, formando o Fe2O3 . 3H2O, que é a ferrugem.

Fe(s) → Fe2+ + 2e- (oxidação do ferro)

O2 + 2H2O + 4e- → 4OH- (redução do oxigênio)

2Fe + O2 + 2H2O → 2Fe(OH)2 ou Fe2O3 . 3H2O


(equação geral da formação da ferrugem)
A grande parte dos metais possui tendência a liberar elétrons para se estabilizarem
eletronicamente, por isso combinam-se facilmente com espécies oxidantes (como o oxigênio).

Existe um processo usado com a principal finalidade de proteger uma


peça metálica contra a corrosão por revesti-la com outro metal. Tal processo é
conhecido como galvanoplastia, eletrodeposição metálica e galvanostegia.

6.2.2 Galvanoplastia ou Eletrodeposição

A galvanoplastia é uma técnica que permite dar um revestimento metálico a uma


peça, colocando tal metal como polo negativo de um circuito de eletrólise.
Os termos galvanoplastia, eletrodeposição metálica e galvanostegia referem-se a
um processo usado com a principal finalidade de proteger uma peça metálica contra a
corrosão por revesti-la com outro metal. Esse metal impede a interação do metal da peça
com o ar e com a umidade, evitando, assim, a corrosão.
Em alguns casos, a proteção ocorre porque o metal do revestimento é mais nobre
e, portanto, mais resistente à oxidação. Um exemplo é o ouro, que é o metal menos
reativo existente, sendo esse, inclusive, um dos motivos do seu alto valor, pois, não
CPTM 55
Telefonia
reagindo, ele permanece intacto por muito tempo. Isso pode ser visto nos sarcófagos e
esculturas egípcias revestidas de ouro que datam desde a mais remota antiguidade.
Em outros casos, a proteção acontece porque o metal do revestimento possui
maior potencial de oxidação ou uma tendência maior de oxidar-se (perder elétrons) do
que o metal da peça que ele está revestindo. Desse modo, o metal do revestimento
oxidará e formará uma camada de óxido que protegerá a peça. Isso é útil principalmente
no caso de a peça ser riscada, pois o metal mais reativo será oxidado no lugar do metal
do objeto. Geralmente, as peças revestidas são feitas de ferro ou de aço, que têm a
tendência de enferrujar em contato com o oxigênio do ar e com a água.
Dependendo do metal utilizado para revestir a peça, o nome do processo de
galvanoplastia muda. Por exemplo, ao revestir uma peça de níquel, temos um processo
chamado de niquelação; se for com cromo, o nome será cromeação; se for com
prata, prateação; com ouro, douração, e assim por diante.

No caso de peças de ferro e de aço revestidas com zinco, temos a galvanização, e os materiais
obtidos nesses processos são chamados de ferro galvanizado e aço galvanizado.
Outro objetivo da galvanoplastia é deixar as peças mais bonitas para serem comercializadas,
como é o caso de bijuterias que passam por processos de prateação e douração, passando a ter
a aparência desses metais mais nobres e cobiçados.

6.2.3 Descrição do processo: Galvanoplastia ou Eletroposição

O processo utiliza a eletrólise, técnica que transforma energia elétrica em energia


química, fazendo passar a corrente elétrica por algum material líquido (fundido) ou em
solução aquosa. Nesse caso, a peça que desejamos revestir precisa ser condutora e ficar
no eletrodo negativo (cátodo), enquanto, no eletrodo positivo (ânodo), deve ficar o metal
que queremos usar para revestir a peça a peça que está conectada no negativo (cátodo).
Esses dois eletrodos ficam mergulhados em uma solução do metal que será revestido.
Um esquema de eletrólise ilustra o procedimento para se dourar um anel de
alumínio (Figura 45).

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Telefonia
Figura 45 - Galvanoplastia ou eletrodeposição de ouro sobre um anel de alumínio.

O anel é colocado ligado ao polo negativo da bateria, ou seja, ele passa a ser o
cátodo do sistema, enquanto uma barra feita de ouro é colocada no ânodo, estando essa
ligada ao polo positivo da bateria. Os dois estão mergulhados em uma solução de nitrato
de ouro III [Au(NO3)3].
Ao passar a corrente elétrica pelo sistema, no ânodo há a oxidação (perda de
elétrons) do ouro, e a placa começa a sofrer dissolução: Au → Au3++ 3 e-.
Por outro lado, no cátodo, há a redução (ganho de elétrons) do Au+3 e a
deposição do ouro metálico formado nessa redução sobre o anel: Au3++ 3e- → Au.

6.2.4 Relacionando a Galvanoplastia com o procedimento do positivo aterrado da


Telefonia.

I.A oxidação ocorre quando o elemento perde elétrons e o seu número de oxidação
(Nox) aumenta.

II.A galvanoplastia é uma técnica que permite dar um revestimento metálico a uma
peça, colocando tal metal como polo negativo de um circuito de eletrólise.

III.O termo galvanoplastia refere-se a um processo usado com a principal finalidade


de proteger uma peça metálica contra a corrosão. Esse metal impede a interação
do metal da peça com o ar e com a umidade, evitando, assim, a corrosão.

CPTM 57
Telefonia
Tendo em vista as discussões anteriores juntamente com os pontos (I, I I e I I I),
a grande maioria da rede telefônica está exposta ao ar livre e as constantes mudanças
climáticas, portanto,

a fim de preservar a boa condutividade dos condutores que levam o sinal da


linha telefônica até a casa dos assinantes, fazendo com que os mesmos resistam
a uma possível oxidação (perda de elétrons), na telefonia o positivo da linha
telefônica é aterrado conforme se observou na figura 44.

58 CPTM
Telefonia

7 Rede Telefônica

Basicamente, a rede telefônica estabelece contato entre um assinante e uma


Central Telefônica. Este contato é conhecido como Rede de Assinantes ou Rede de
Acesso. A seguir, um tópico apresenta um breve histórico das redes telefônicas e os tipos
de rede telefônicas (7.1). Posteriormente, outro tópico apresenta a rede de cabos e
similares que estabelece os contatos entre as redes telefônicas (7.2).

7.1 REDE DE ASSINANTES (REDE DE ACESSO)


Antigamente, as redes telefônicas eram formadas por fios desencapados de
diâmetro bem maior do que os usados atualmente, sustentados por postes de madeira ao
longo do trajeto até a casa do assinante. Quando eram bem construídas, ofereciam pouca
perda na transmissão, porém, as condições atmosféricas afetavam significativamente a
atenuação e também provocavam interferência nas linhas aéreas.
Com o passar do tempo e com ampliação significante de usuários de telefonia, a
quantidade de fios telefônicos nos postes cresceu de forma assustadora, ficando
impraticável a manutenção, controle e a ampliação do número de assinantes, daí
surgiram os Cabos Telefônicos de Pares.
A principal característica dos cabos telefônicos de pares é concentrar num mesmo
núcleo um grande número de pares condutores, que ocupam um espaço
consideravelmente menor em comparação aos fios nus. No início de sua utilização, eram
revestidos de chumbo e seus fios isolados por papel. Atualmente o isolamento dos fios é
feito com plástico.
Apesar da enorme vantagem de se utilizar cabo telefônico de pares, algumas
desvantagens precisam ser consideradas.

1) As características de transmissão são inferiores às de um circuito de fio nu equivalente.


2) Os cabos precisam ser emendados, par a par, em distâncias determinadas ao longo do trajeto,
introduzindo assim pontos passíveis de apresentar defeitos.

Apesar dessas desvantagens, o seu uso tornou-se um padrão nas redes


telefônicas do mundo todo.

CPTM 59
Telefonia
Alguns desenvolvimentos foram necessários para minimizar os problemas
apresentados, tais como: bobinas de pupinização, capacitores de compensação,
extensores de enlace, amplificadores de frequência de voz.
Além disso, novos métodos de dimensionamento de redes telefônicas urbanas
surgiram, novos tipos de emendas também, equipamentos eletrônicos que possibilitam a
instalação de mais de um assinante no mesmo par de fios foram inventados.
Novamente, com o crescimento acelerado do número de assinantes, ficou
impossível a sua sustentação de cabos telefônicos com alta capacidade nos postes,
devido ao peso excessivo. Foram, então, criadas as linhas de Dutos Telefônicos e
respectivamente as Caixas Subterrâneas, além de novos tipos de cabos telefônicos para
essa aplicação.
Portanto, num sistema telefônico convencional é denominado Rede de Acesso
ou Rede de Assinantes o conjunto de cabos de assinantes e demais dispositivos
complementares (linhas de duto, ferragens, postes, blocos terminais, etc.) que atendem a
uma determinada localidade ou área.
O atendimento aos assinantes é completado com os fios (“drop”) que dão acesso
aos assinantes, assim como os cabos de entroncamento para edifícios residenciais /
comerciais e as redes internas dos edifícios.
Hoje as redes são constituídas com condutores de cobre que podem variar de 0,4
a 0,9 mm de diâmetro. A Figura 46 mostra o diagrama esquemático de uma Rede de
Acesso.

Figura 46 - Diagrama típico de uma rede de acesso para telefonia

60 CPTM
Telefonia
A Rede de Acesso, no caso de telefonia, precisa apresentar resistência Ôhmica
máxima em torno de 2 KOhm para permitir a realização do processo de sinalização e
conversação. Supondo uma rede sem utilização de dispositivos eletrônicos na linha e com
a bitola mais comumente usada, então, a distância máxima fica em torno de 7,5 km.
A Rede de Acesso tradicional utiliza um par de fios para atender a cada assinante
possibilitando a sinalização e comunicação bidirecional entre duas pessoas, sendo que o
elo inteligente no processo é a central telefônica. Visando facilitar a manutenção e
proporcionar melhor estética, evitando poluição visual (Figura 47), é recomendável que os
fios FE que saem da CEV para as residências tenham, no máximo, 300 metros de
extensão.
Figura 47 - Figura 47 - Fios FE saindo diretamente de um armário para prédio em Beirute no
Líbano. O correto seria utilizar cabo telefônico subterrâneo.

As Redes de Transporte correspondem às conexões envolvendo duas centrais


telefônicas distintas. Atualmente a maioria das redes de transporte é composta por
sistemas de fibra ótica ou sistemas via rádio. Ainda existem redes de transporte utilizando
pares metálicos.

7.1.1 Tipos de Redes de Acesso

Tipos diversos de redes, cada um com suas vantagens e desvantagens, foram


criados, levando-se em consideração as condições regionais, os recursos econômicos
disponíveis para a implantação, a melhoria de confiabilidade. Numa mesma área de
central telefônica, podem existir diversos tipos de redes, estando interligadas sem causar
maiores problemas.
CPTM 61
Telefonia
O objetivo único é levar os pares de fios desde o DG (Distribuidor Geral) até a
casa do assinante, prevalecendo os padrões de qualidade, conciliados com os recursos
econômicos. Conforme normas da ANATEL, podemos encontrar 3 tipos de redes: rígidas,
flexíveis e múltiplas.

7.1.2 Redes Rígidas

Chama-se Rede Rígida a rede que não possui nenhum ponto de seccionamento
entre a central e o assinante. Os pares dos cabos subterrâneos são ligados diretamente
aos pares dos cabos aéreos (Figura 48).

Figura 48 - Rede Rígida

Isto quer dizer que as emendas são permanentes, ou seja, os condutores vão
sendo emendados desde o DG até as caixas terminais, e só poderá ser feita alguma
alteração mediante a abertura das emendas.
Este tipo de rede é utilizado em locais onde a densidade telefônica é baixa ou
onde as linhas dos assinantes são curtas.
A grande vantagem em utilizar-se este tipo de rede está na facilidade de se
tirarem defeitos em sua extensão, porque são poucas as intermediações até a casa do
assinante. Em contrapartida, no momento da implantação, as emendas devem ser
abertas para a nova configuração. Além disso, a quantidade de pares reserva tem que ser
alta, diminuindo a ocupação dos cabos alimentadores. Observe que não existe armário de
distribuição na rede rígida.

62 CPTM
Telefonia

A rede rígida é usada geralmente em redes de pequeno porte como, por


exemplo, em localidades com poucos assinantes, Estações Telefônicas com até
300 assinantes ou em subidas de laterais geralmente próximas à estação
telefônica, ou quando for conveniente.

7.1.3 Redes Flexíveis

Chama-se de Rede Flexível a rede que possui seccionamento entre a central e o


assinante; para isso, empregam-se Armários de Distribuição que interligam os pares dos
cabos da rede primária com os pares da rede secundária. (Figura 49).

Figura 49 - Diagrama de uma Rede Flexível

Um par de fios do cabo primário, que termina no armário, pode ser conectado a
qualquer par do cabo secundário, que deixa o armário. Todas as conexões são feitas por
intermédio de fios “Jumper”, facilitando em muito a manutenção dos pares.
A rede flexível é a mais comumente adotada no Brasil, em decorrência das
operadoras terem, nessa alternativa, uma margem maior para atendimento a uma
demanda futura de assinantes onde não há uma segurança quanto às características e o
tempo das edificações que irão surgir na área. Na dúvida (falta de dados precisos quanto
às novas edificações e ampliações), o projetista brasileiro tipicamente prefere a
precaução e espalha uma rede de cabos com pares com alguma folga na região de
crescimento urbano.

CPTM 63
Telefonia
Neste tipo de rede, o lado secundário pode ser ampliado além da conta, ou seja,
instalar pares a mais do que o necessário previsto, pois este lado da rede tem custo
menor em relação à rede primária. Em contrapartida, os armários de distribuição, têm seu
custo elevado e um planejamento mal feito pode tornar o lado secundário ocioso por
muito tempo.

Portanto,

Rede Flexível é aquela em que os cabos alimentadores, que saem do Distribuidor Geral
da Central Telefônica, vão distribuir suas contagens nos Armários de Distribuição ou
Distribuidores Gerais do Prédio, dentro da área de abrangência da Estação Telefônica.

7.1.4 Combinação da Rede Rígida com a Flexível

A combinação das redes rígida e flexível é vista na figura 50.

Figura 50 - Redes rígida e flexível dentro de uma mesma área de abrangência da central local.

7.2 CARACTERÍSTICAS DE REDES DE CABOS.

64 CPTM
Telefonia
A rede telefônica levando-se em consideração os cabos é classificada em três
tipos: rede de cabos tronco, rede de cabos Alimentadores, rede de cabos distribuidores.

7.3 REDE DE CABOS TRONCO

É aquela cujos cabos fazem a interligação entre as Centrais Telefônicas em uma


mesma localidade atendida por um sistema de Telecomunicações, isto é, entre uma e
outra central, ou entre uma central e uma URA. Os cabos que atendem podem ser
metálicos ou ópticos. Ex: cabos CT-APL, CTS-APL CFOA (figura 51).

Figura 51 - Exemplo de redes de cabos tronco

(a)

OBS: Na seção sobre Centrais de Comutação, estaremos nos aprofundando sobre a central telefônica propriamente dita, e a
URA (Unidade Remota de Assinante), conhecida também como ELR (Estágio de Linha Remoto).

7.4 REDES DE CABOS ALIMENTADORES

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É a rede que contém os cabos telefônicos metálicos com maior capacidade de
pares, instalada em canalização subterrânea, e faz a interligação entre o Distribuidor
Geral da Estação Telefônica e os armários de distribuição externos (Figura 52). Ex: CT-
APL, CTS-APL.

Figura 52 - Cabos Alimentadores

7.5 REDES DE CABOS DISTRIBUIDORES

A rede de cabos distribuidores é aquela que interliga o Armário de Distribuição às


caixas terminais aéreas, subterrâneas ou em distribuidores gerais de prédio (caixas de
distribuição), em uma área atendida por rede de um armário. Os cabos destas redes são
de pequena capacidade de pares do tipo CTP-APL (Figura 53).

Figura 53

66 CPTM
Telefonia

7.6 REDE DE FIOS DE ASSINANTES

A rede de fios de assinantes é aquela que é constituída dos fios FE (fio externo),
que se iniciam nas caixas terminais e vão até a tomada do assinante, sendo a parte final
da rede (Figura 54).

Figura 54

7.7 FIOS TELEFÔNICOS EXTERNOS

Os fios telefônicos externos são cabos constituídos por um par de fios. A capa
externa é mais resistente do que a empregada nos fios internos, já que é submetida a
condições ambientais adversas tais como: chuva, trepidação, poeira, umidade, esforços
mecânicos e ventos.

7.7.1 Fio FE

São constituídos por dois condutores de liga de cobre paralelos isolados com
material termoplástico. São indicados para instalações aéreas com derivação a partir das
caixas de distribuição até as entradas de assinantes. Estão disponíveis nos diâmetros do
condutor de 1,0 mm (FE-100, isolação de PVC) e 1,6 mm (FE- 160, isolação de
PE)(Figura 55).
Figura 55 - Fio FE

CPTM 67
Telefonia

7.7.1.1 Fio FEB-D

São constituídos por dois condutores de cobre estanhado, isolados em material


termoplástico, torcidos, com capa externa em material termoplástico contendo elementos
de sustentação em material dielétrico incorporados à capa externa. São indicados para
instalações aéreas como derivação a partir das caixas de distribuição até as entradas de
assinantes. Estão disponíveis em cabos de 0,65 mm (FEB-D-65) e 90 mm (FEB-D-90)
(Figura 56).
Figura 56

7.7.1.2 Fio FEB-M

São constituídos por dois condutores de cobre estanhados e isolados em material


termoplástico, torcidos, com capa externa em material termoplástico e elemento de
sustentação metálico incorporado à capa externa. São indicados para instalações aéreas
como derivação a partir das caixas de distribuição até as entradas de assinantes. Estão
disponíveis em cabos de 0,65 mm (FEB-M-65) e 0,90 mm (FEB-M-90) (Figura 57).

Figura 57

68 CPTM
Telefonia

7.8 FIOS TELEFÔNICOS INTERNOS

Os fios telefônicos internos são empregados no interior de edificações, sendo


então protegidos de umidade e esforços mecânicos.

7.8.1 Fio Jumper para Distribuidor Geral - FDG

Entende-se por jumpeamento a conexão física de pares de cabos diferentes ou


de pares de cabos com a fiação de equipamentos de telecomunicações. O FDG (Figura
58) mais utilizado é formado por um par de fios trançados, em geral de duas cores,
fornecidos em bobinas contendo 500 metros, possuindo as cores preto/laranja ou
preto/branco.

Figura 58 - Fio Jumper para DG.

7.8.1.1 FI-60

É constituído por um par torcido de condutores de cobre estanhado e isolados


com PVC. É indicado para uso interno na ligação de aparelhos domiciliares, instalações
em tubulações ou fixados em rodapés. Está disponível em cabos de 0,60 mm (FI-60),
figura 59.
Figura 59 - Fio FI 60.

CPTM 69
Telefonia

7.8.2 Cabos Utilizados na Rede Externa: Características Construtivas

Nas redes externas de telefonia, encontraremos dois tipos de linhas de


transmissão: o par trançado e a fibra ótica. O par trançado é composto por dois
condutores isolados entre si por material dielétrico. A fibra ótica é formada por um núcleo
de material dielétrico (em geral, vidro) e por uma casca de material dielétrico (vidro ou
plástico). Esta estrutura é envolvida pelo acrilato e outros materiais que fornecem
sustentação mecânica e ambiental para fibra.
Tanto os pares metálicos como as fibras são geralmente encontradas em cabos.
Os cabos apresentam diversos pares metálicos ou fibras, separados por meios isolantes,
agrupados segundo códigos de cores específicos. Além dos pares ou fibras, os cabos
apresentam outros componentes que se responsabilizarão pela sua sustentação
mecânica e sua proteção contra agentes ambientais.

7.8.2.1 Cabos Metálicos

Os cabos telefônicos de pares metálicos são constituídos por um ou mais pares


metálicos formados por condutores isolados entre si envolvidos por uma capa externa,
sendo o conjunto protegido ou não por substâncias não higroscópicas (substâncias que
evitam a penetração da umidade nos cabos), blindagem elétrica e capa isolante.
Dentro dos cabos, os pares podem ser reunidos em coroas concêntricas ou em
grupos que são formados por coroas concêntricas. Todos os pares são trançados
individualmente dentro dos grupos. Os grupos também são trançados entre si. O objetivo
do trançamento dos pares é o de minimizar os efeitos da diafonia nos mesmos.
Em função das diferentes condições de operação, existem diferentes tipos de
cabos de pares metálicos para telefonia. Alguns são apropriados para uso interno, outros
para redes externas aéreas e outros para redes subterrâneas. Na sequência,
apresentaremos diversos tipos de cabos normalizados pela Telebrás.

70 CPTM
Telefonia

7.8.2.1.1 CT-APL

CONSTRUÇÃO
São constituídos por condutores de cobre nu, isolados com papel e ar, núcleo
enfaixado com fita de papel e protegido por uma capa composta de uma fita de alumínio
politenada lisa, aderida à capa externa de polietileno preta (capa APL).
APLICAÇÃO: São indicados preferencialmente para instalações subterrâneas em dutos.
NORMAS APLICÁVEIS: SPT - 235-320-703 (TELEBRÁS) (Figura 60)

Figura 60 - Cabo CT-APL

7.8.2.1.2 CTS-APL

CONSTRUÇÃO
São constituídos por condutores de cobre nu, isolados com uma
camada de polietileno expandido revestida por uma película de polietileno
sólido (Foam-Skin), núcleo enfaixado com material não higroscópico e
protegido por uma capa APL.
APLICAÇÃO: São indicados para instalações subterrâneas em dutos.
NORMAS APLICÁVEIS: SPT - 235-320-714 (TELEBRÁS) (Figura 60)

Figura 61 - Cabo CTS-APL

CPTM 71
Telefonia

7.8.2.1.3 CTS-APL-G

CONSTRUÇÃO
São constituídos por condutores de cobre nu, isolados com uma camada de
polietileno expandido revestida por uma película de polietileno sólido (Foam-Skin), núcleo
completamente preenchido com material resistente à penetração de umidade (geleia),
enfaixado com material não higroscópico e protegido por uma capa APL.
APLICAÇÃO: São indicados para instalações subterrâneas em dutos ou diretamente
enterrados.
NORMAS APLICÁVEIS: SPT - 235-320-714 (TELEBRÁS) (Figura 62)

Figura 62 - Cabo CTS-APL-G

7.8.2.1.4 CTP-APL

CONSTRUÇÃO
São constituídos por condutores de cobre nu, isolados com polietileno ou polipropileno,
núcleo enfaixado com material não higroscópico e protegido por uma capa.
APLICAÇÃO: São indicados preferencialmente para instalações aéreas.
NORMAS APLICÁVEIS: SPT - 235-320-701 (TELEBRÁS) (Figura 63)
Figura 63 - Cabo CTP-APL

72 CPTM
Telefonia

7.8.2.1.5 CTP-APL-G

CONSTRUÇÃO
São constituídos por condutores de cobre nu, isolados com polietileno ou
polipropileno, tendo o núcleo preenchido completamente com material resistente à
penetração de umidade (geleia), enfaixado com material não higroscópico e protegido por
uma capa APL.
APLICAÇÃO: São indicados preferencialmente para instalações subterrâneas em dutos
ou diretamente enterrados.
NORMAS APLICÁVEIS: SPT - 235-320-702 (TELEBRÁS) (Figura 64)

Figura 64 - Cabo CTP-APL-G

7.8.2.1.6 CTP-APL-AS

CONSTRUÇÃO
São constituídos por condutores de cobre nu, isolados com polietileno ou
polipropileno, núcleo enfaixado com material não higroscópico e protegido por uma capa
APL. Possuem autossustentação através de uma cordoalha de aço incorporada à capa
externa formando um "8".
APLICAÇÃO: São indicados exclusivamente para instalações aéreas.
NORMAS APLICÁVEIS: SPT - 235-320-704 (TELEBRÁS) (Figura 65)
Figura 65 - Cabo CTP-APL-AS

CPTM 73
Telefonia

7.8.2.1.7 CTP-APL-SN

CONSTRUÇÃO
São constituídos por condutores de cobre estanhado, isolados com polipropileno,
núcleo enfaixado com material não higroscópico e protegido por uma capa APL.
APLICAÇÃO: São indicados para fabricação de cotos, para uso em armários de
distribuição, caixas terminais e entradas de edifícios.
NORMAS APLICÁVEIS: SPT - 235-320-713 (TELEBRÁS) (Figura 66)

Figura 66 - Cabo CTP-APL-SN

7.8.2.1.8 CCE

CONSTRUÇÃO
São constituídos por condutores de cobre nu, isolados com polietileno ou
polipropileno, com capa interna de polietileno ou copolímero preto, blindagem de fita de
cobre, núcleo enfaixado com material não higroscópico e capa externa de polietileno ou
copolímero preto.
APLICAÇÃO: São indicados para uso externo enterrados, em ligações de assinantes,
orelhões e cabines.
NORMAS APLICÁVEIS: SPT - 235-320-700 (TELEBRÁS) (Figura 67)

Figura 67 - Cabo CCE

74 CPTM
Telefonia

7.8.2.1.9 CCE-APL

CONSTRUÇÃO:São constituídos por condutores de cobre nu, isolados com polietileno ou


polipropileno, núcleo enfaixado com material não-higroscópico e protegido por uma capa.
APLICAÇÃO: São indicados para instalações aéreas ou subterrâneas em dutos.
NORMAS APLICÁVEIS: SPT - 235-320-710 (TELEBRÁS) (Figura 68)

Figura 68 - Cabo CCE-APL

7.8.2.1.10 CCE-APL-ASF

CONSTRUÇÃO São constituídos por condutores de cobre nu, isolados com polietileno ou
polipropileno, núcleo enfaixado com material não higroscópico e protegido por uma capa.
Possuem auto sustentação através de elementos de material dielétrico incorporados
diretamente na capa externa.
APLICAÇÃO: São indicados para instalações aéreas, em vãos de até 120 metros entre
postes.
NORMAS APLICÁVEIS: SPT - 235-320-705 (TELEBRÁS) (Figura 69)

Figura 69 - Cabo CCE-APL-ASF

CPTM 75
Telefonia

7.8.2.1.11 CCE-APL-G

CONSTRUÇÃO São constituídos por condutores de cobre nu, isolados com polietileno ou
polipropileno, tendo o núcleo preenchido completamente com material resistente à
penetração de umidade, enfaixado com material não higroscópico e protegido por uma
capa APL.
APLICAÇÃO: São indicados para instalações subterrâneas em dutos ou diretamente
enterrados.
NORMAS APLICÁVEIS: PT - 235-320-711 (TELEBRÁS) (Figura 70)

Figura 70 - Cabo CCE-APL-G

76 CPTM
Telefonia

7.9 ISOLAMENTO DOS CONDUTORES, CARACTERÍSTICAS FÍSICAS, LOCAIS DE


APLICAÇÃO E CÓDIGO DE CORES

Abaixo, planilhas de cabos telefônicos com tipos construtivos, capacidades de


pares, capa de PVC, isolamento dos condutores, características físicas e locais de
aplicação, para rede aérea e subterrânea. (Tabela 2, 3)

Tabela 2 – Cabos usados na rede aérea

Obs.: O cabo CTP-APL no projeto de rede é denominado de CA, quando o diâmetro dos condutores
são 0,40 mm. Exemplo: CTP-APL, 0,40mm x 100 p = CA-100 p, tabela 3 a seguir;

CPTM 77
Telefonia

7.9.1 CÓDIGO DE CORES DOS CONDUTORES DO CABO

O código de cores dos condutores do cabo é utilizado para identificar os pares no


cabo, direcionar a mão de obra quanto ao uso e manuseio dos pares, na distribuição em
emendas e locais de conexão, dentro de uma sequência lógica e ordenada dos pares do
cabo telefônico. Os cabos que utilizam o código de cor são CTP-APL, CTS-APL, CCE-
APL, CI e CCI.
As cores que formam o código de cores são 10 (dez). São constituídas de 05
(cinco) PRINCIPAIS, que identificam as Linhas A (BRANCO, VERMELHO, PRETO,
AMARELO e LILÁS) e 05 (cinco) SECUNDÁRIAS, que identificam as linhas B (AZUL,
LARANJA, VERDE, MARROM e CINZA). A junção das linhas A e B formam o par
telefônico, e estes obedecerão ao código de cor da Tabela Padrão (Tabela 4).

OBS 1: A Tabela Padrão norteia a contagem dos pares em relação ao código de cores. Ela é
repetida quantas vezes forem necessárias em função da quantidade de pares no cabo, isto é,
para os cabos do tipo CTP/CTS- APL.

OBS 2: A tabela abaixo faz uma demonstração de como são divididas as caixas terminais em um
cabo CTP-APL de 200 pares, demonstrando inclusive a distribuição das cores dos pares nas
caixas terminais e as contagens dos pares.

78 CPTM
Telefonia
EXEMPLO de distribuição de pares em caixas, e seus respectivos códigos de cores e
contagens de pares, nas tabelas a seguir (Tabela 5 e Tabela 6)

CPTM 79
Telefonia

7.9.2 GRUPOS DE PARES EM CABOS TELEFÔNICOS

Grupos de pares em cabos telefônicos é o ajuntamento ordenado de quantidades


determinada de pares na fabricação dos cabos. Os grupos de pares em cabos do tipo
CTP-APL contêm 25 (vinte e cinco) pares cada um, havendo uma contagem crescente do
primeiro ao último grupo do cabo. Os grupos são separados entre si, por cordões que os
envolvem obedecendo à ordem do código de cores padrão.

Na regra de formação dos grupos de pares, existe uma exceção que é o cabo
CTP-APL 50 pares, sua formação é com 02 subgrupos de 12 pares e 02
subgrupos de 13 pares.

1 subgrupo – 13p, 01 a 13.


2 subgrupo – 12p, 14 a 25.
3 subgrupo – 13p, 26 a 38.
4 subgrupo – 12p, 39 a 50

• Os cabos telefônicos possuem quantidades de pares denominados EXTRA, na


quantidade de 1% (1 por centro), dos pares do cabo, para serem utilizados em alguma
eventualidade (geralmente na manutenção). Estes pares não possuem numeração
definida e são formados com a junção de duas linhas A (cor principal).

• A identificação dos grupos de pares dos demais cabos do tipo CTP-APL é feita por
meio de cordões que envolvem os grupos, com as cores da tabela padrão, conforme
tabela abaixo, para cabos de 202, 303, 404 e 606 pares (Tabela 7).

80 CPTM
Telefonia
Tabela 7 - A identificação dos grupos de pares

CPTM 81
Telefonia

7.9.3 FORMAÇÃO DOS CABOS CTP – APL.

Os cabos com capacidade de 50 pares em diante, apresentam formações


múltiplas (ou de grupos) (Figura 71)

Figura 71 - Formação dos cabos CTP – APL: 50, 100 e 200 pares

Os cabos a partir de 100 pares são de formações múltiplas, ou seja, em grupos completos de 25
pares.

Cabos CTP-APL de 300, 400, 600 pares são considerados de capacidades especiais, podendo
serem utilizados tanto no aéreo como no subterrâneo (Figura 72).

Figura 72 - Formação dos cabos CTP – APL: 300, 400 e 600 pares

82 CPTM
Telefonia

8 Elementos das Redes de Acesso

Descreveremos agora de forma resumida todos os elementos que fazem parte


das redes telefônicas urbana, externa e interna, bem como são aplicados. Na seção 8.9
concluiremos nossa abordagem, exibindo na figura 102 um exemplo típico de redes
urbanas, com boa parte dos elementos que as constituem e que serão discutidos ao longo
desse capítulo 8.

8.1 BLOCOS DE TERMINAÇÃO

São destinados à interligação de pares de fios permitindo que sejam efetuadas


trocas nas ligações. Possuem uma base de material isolante (madeira ou plástico) onde
são alojados pinos metálicos que recebem as conexões dos fios. Esses pinos possuem
diversos formatos de acordo com o processo de conexão poderá ser: por parafusamento,
por enrolamento, por encaixe, etc.

8.1.1 Blocos BLI


O bloco BLI, (Figura 73), realiza a conexão por enrolamento do condutor, já sem o
isolante, no contato do bloco. O enrolamento deve ser realizado por instrumento
apropriado.
Figura 73 - Bloco BLI

fonte: https://http2.mlstatic.com/bloco-bli-c-suporte-p-enroladeiradesenroladeira-unidade-D_NQ_NP_451801-
MLB20412671456_092015-F.jpg

CPTM 83
Telefonia
Os blocos BLI não são recomendados, pois a quantidade de fio desencapada
facilita sua oxidação, e o trabalho para sua instalação é mais demorado do que a conexão
dos blocos IDC. Em armários mais antigos, é possível encontrarmos estes blocos.
Em algumas concessionárias blocos com conectores de enrolar são utilizados nos
Distribuidores Gerais das centrais telefônicas.

8.1.2 Blocos IDC, Bloco M10, Bloco Bargoa ou Bloco de engate rápido

Embora o título expresse diferentes nomes, cada um deles representa o mesmo


bloco. Os contatos presentes nos blocos IDC (Figura 73) realizam a conexão com o
condutor através do seu deslocamento para dentro da ranhura formada por duas lâminas
que cortam o material isolante do condutor. Este tipo de conexão minimiza a possibilidade
de oxidação. Além de diminuir a área desencapada do condutor, os blocos IDC podem ter
seus espaços vazios preenchidos com geleias para evitar a penetração de umidade
próxima aos contatos.

Figura 74 - Bloco de engate rápido

São os blocos utilizados atualmente nos armários metálicos. Cada bloco permite a
conexão de 10 pares telefônicos.

8.1.3 Outros tipos de blocos Terminais.

A seguir mostramos outros diferentes blocos terminais, que também são


extremidades da rede, ou ponto onde terminam os pares da rede aérea ou subterrânea, e
facilitam as conexões entre as partes distintas da rede.

84 CPTM
Telefonia

8.1.3.1 Bloco Vertical ou Bloco Cook

Os Blocos Terminais Cook (Figura 75) são utilizados em DGs de Centrais


Operadoras de Telecomunicações, carriers e outros serviços especiais que precisem de
proteção contra sobrecorrente e/ou sobretensão, ou também para continuidade,
aterramento ou isolamento de suas linhas, através de módulos adequados.adequados.
Para proteção do par contra surtos de tensão / corrente é necessária a conexão de
Módulos Protetores de 5 pinos, figura 75, tipo MP-R / MP-N, para Continuidade MC,
Aterramento MA e Isolamento MI.

Figura 75 - Bloco Cook.

Os módulos de proteção promovem a proteção da central de comutação contra


sobrecorrente e sobretensão em todos os enlaces através de um centelhador tripolar e
um par de pastilhas fusível. O centelhador faz proteção contra sobretensões. A pastilha
fusível faz a proteção contra sobrecorrentes (figura 75).

CPTM 85
Telefonia
Figura 76 - Módulo MPN em vistas diferentes

8.1.3.2 – Blocos Horizontais


Os blocos de distribuição entre os equipamentos de comutação até o DG são geralmente
posicionados na horizontal (Figura 77), nesses blocos de distribuição onde estão
disponibilizados 64 terminais telefônicos. Os terminais telefônicos estão conectados na
parte posterior dos blocos, através de cabos que vão diretamente para a central
telefônica. Os terminais telefônicos estão dispostos numa matriz de 4 terminais em cada
uma das 16 colunas de conectores.
Figura 77 - Bloco Horizontal.
(a) bloco sem fio jumper

(b) bloco com fios jumper conectados nos seus pinos.

86 CPTM
Telefonia

8.2 FERRAMENTAS UTILIZADAS NOS BLOCOS

8.2.1 Chave de Engate Rápido

Ao utilizar blocos de engate rápido ou M10B não é necessário remover a capa do


fio, apenas é necessário utilizar a ferramenta de Inserção e Corte conhecida como chave
de engate rápido (Figura 78).
Figura 78 - Chave de engate rápido.

Caso um fio seja conectado erroneamente ou caso se deseje retirar um


determinado fio do bloco, podemos utilizar uma das chaves que estão acopladas na
chave de engate rápido, conforme se ilustrou na figura 78 (parte d). Veja na figura 79 a
ilustração da retirada do fio do bloco.

CPTM 87
Telefonia
Figura 79 - Chave de engate rápido. Retirada do fio jumper do bloco utilizando a chave com
ponta de gancho.

Fonte: http://www.maxcabos.com.br/Bloco-Telefonico-Engate-Rapido-Bargoa-M10B/prod-1842082/

8.2.2 Chave enroladeira

A Chave Enroladeira para bloco BLI (figura 80), conhecida como chave
enroladeira para bloco BLI, ou conectadeira BLI ou chave conecta e desconecta BLI-10, é
uma ferramenta utilizada para conectar cabos e fios em blocos BLI. Esta ferramenta
enrola o cabo ou fio no bloco proporcionando uma conexão precisa sem desgastar o
bloco.

Figura 80 - Chave Enroladeira.

88 CPTM
Telefonia
O fio no bloco deve ser enrolado no sentido horário (Figura 81), porque, se houver
necessidade de se retirar o fio de um determinado par do bloco que foi enrolado no
sentido anti-horário, a parte chanfrada da desenroladeira não conseguirá se acoplar a
esse determinado condutor.

Figura 81 - Exemplo de fio enrolado no bloco BLI com a enroladeira

Fonte: https://br.habcdn.com/photos/project/big/bloco-bli_554204.jpg

8.3 DISTRIBUIDOR GERAL

Os pares de fios provenientes da planta externa do sistema penetram no centro


telefônico, normalmente por dutos subterrâneos, e alcançam uma galeria também
subterrânea, denominada “Galeria de Cabos” (figura 82).
Figura 82 - Galeria de cabos abaixo da sala do DG.

CPTM 89
Telefonia

Nesta galeria, os cabos de grande diâmetro, que possuem milhares de pares de


fios cada, são subdivididos em cabos menores e mais flexíveis, que são direcionados
para uma série de “subidas” verticais e passam ao piso superior, onde se acha o
Distribuidor Geral (abreviadamente DG).
O Distribuidor Geral (DG) é o local na central telefônica onde é feita a interface entre
a comutação e a rede externa. O DG é feito de uma armação metálica (Figura 82) que nos
grandes centros telefônicos podem ter da ordem de uma a três dezenas de metros de
comprimento por uns 2 a 5 metros de altura. Observe as imagens a seguir.

Figura 83 - Estrutura metálica do DG

Os blocos de distribuição entre os equipamentos de comutação até o DG são


geralmente posicionados na horizontal (Figura 84), nesses blocos de distribuição estão
disponibilizados 64 terminais telefônicos.

90 CPTM
Telefonia
Figura 84 - Blocos de distribuição

Analisando a figura 84, vemos que os terminais telefônicos estão conectados na


parte posterior dos blocos, através de cabos que vão diretamente para a central
telefônica.
Os terminais telefônicos estão dispostos numa matriz de 4 terminais em cada uma
das 16 colunas de conectores. Cada terminal utiliza um par de pinos (fio a e fio b),
dispostos sequencialmente na linha vertical.
A conexão com a coluna vertical do DG (cabo da rede externa) dá-se pela parte
frontal, através do fio jumper branco e preto e obedece ao seguinte padrão: na posição a
é conectado o fio branco e na posição b é conectado o fio preto. (Figura 85).

Figura 85 - Posição correta da conexão do fio jumper do bloco da figura 84(a).

CPTM 91
Telefonia
A conexão (Figuras 84 e 85) exige o emprego de ferramenta adequada para
enrolamento do fio no pino, garantindo um excelente contato, firme e sem possibilidades
de produzir contatos com os pinos adjacentes. Tal ferramenta, conhecida como chave
enroladeira foi discutida na seção 8.2.2.
Com vistas ainda para a figura 85, logo acima da linha dos blocos, podemos
identificar a passagem de fios jumpers lançados sobre uma bandeja suporte de cerca de
40cm de profundidade. O fio jumper percorre esta bandeja até encontrar a fila vertical
onde está distribuída a contagem do cabo onde será conectado o terminal telefônico. Os
terminais estão ordenados de cima para baixo e da esquerda para a direita. Assim, os
primeiros 4 terminais estão na primeira coluna (mais à esquerda), na sequência de cima
para baixo. O 5° terminal está no primeiro par de pinos da 2° coluna e assim por diante.
Logo após o DG horizontal, a rede segue até os distribuidores verticais os quais
possuem os blocos verticais (Figura 86) conhecidos também como blocos cook, que
foram discutidos na seção 8.1.3.1. Os blocos verticais estão distribuídos em colunas
verticais, geralmente de 800 pares (8 blocos de 100 pares) e estão situados no lado
oposto aos blocos horizontais. Podemos identificar os módulos de proteção contra
sobrecorrentes e sobretensões, de cor preta, alinhados em grupos de 5 componentes na
horizontal, por 20 linhas verticais (100 módulos para 100 pares). Cada módulo de
proteção está associado a um par do cabo telefônico, que está distribuído logo à direita,
em conjuntos de 5 pares de pinos numerados sequencialmente.

Figura 86 - Distribuidores verticais

92 CPTM
Telefonia

8.3.1 Localização

A sala do DG deve ser localizada preferencialmente no pavimento térreo,


eventualmente em subsolos que não estejam sujeitos a inundações e sejam bem
ventilados, ou no primeiro andar, de acordo com as características da edificação.
O acesso à sala de DG deve ser através das áreas de uso comum da edificação.
Sempre que possível, a sala deve ser posicionada imediatamente abaixo do poço de
elevação ou da prumada telefônica convencional. (Figura 86).

Figura 87 - Posicionamento da Sala do DG.

8.4 CAIXAS : DISTRIBUIÇÃO, DISTRIBUIÇÃO GERAL E PASSAGEM

Esta seção define os critérios para dimensionamento, localização e instalação das


caixas de distribuição geral, de distribuição e de passagem.

8.4.1 Características

As caixas devem ser confeccionadas utilizando-se aço ou alumínio, providas de


uma ou duas portas com dobradiças, fechaduras e barra de aterramento. As de aço são
adequadas para uso interno e em ambientes secos; as de alumínio para uso interno ou
externo, em ambientes sujeitos a intempéries, zona industrial, orla marítima ou locais
úmidos. (Figura 88).

CPTM 93
Telefonia
Figura 88 - Caixas de parede

As caixas são de três tipos e utilizadas conforme segue.

A) Caixa de distribuição geral


Caixas que contém a instalação de blocos terminais, fios e cabos telefônicos da rede
externa e da rede interna da edificação (Figura 89).

Figura 89 - Caixa de distribuição geral

94 CPTM
Telefonia
B) Caixa de distribuição
Caixas que contém a instalação blocos terminais, fios e cabos telefônicos da rede interna
(Figura 90).

Figura 90 - Caixa de distribuição

C) Caixa de passagem
Utilizada para a passagem de cabos telefônicos (Figura 91).

Figura 91 - Caixa de passagem

CPTM 95
Telefonia

8.4.2 Dimensões das caixas

As caixas de distribuição geral, de distribuição e de passagem devem ser


definidas em função do número de pontos telefônicos nelas acumulados, conforme tabela
8. O dimensionamento das caixas é feito prevendo-se a utilização de BER (Blocos de
Engate Rápido).
Para o dimensionamento de caixa de distribuição geral compartilhada com Central
Privada de Comutação Telefônica - CPCT, deve-se considerar a quantidade total de
linhas de entrada e de saída como: tronco, linha direta, FAX, linha de dados e ramais
internos conforme a tabela 8 a seguir.

Tabela 8 - Dimensionamento de caixas internas

8.4.3 Localização

As caixas devem ser localizadas conforme segue:


a) em áreas comuns;
b) preferencialmente em áreas internas e cobertas da edificação;
c) em "halls" de serviços, se houver;
d) locais devidamente iluminados.

As caixas não devem ser localizadas:


a) em "halls" sociais;
b) em áreas que dificultam o acesso a elas;
c) no interior de salão de festas;
d) em cubículos de lixeiras;
e) embutidas em paredes à prova de fogo;
f) atrás de portas;
g) em escada enclausurada.

96 CPTM
Telefonia
As caixas de distribuição e de passagem não pertencentes à prumada telefônica
podem ser projetadas dentro de uma área privativa, desde que estejam previstas para
atendimento específico dessa área.
A regra geral é cada caixa de distribuição atender o andar em que está localizada,
um andar acima e um andar abaixo, porém, as últimas caixas da prumada podem atender
dois andares acima.

8.4.4 Detalhes de Instalação

As caixas de distribuição geral, de distribuição e de passagem devem ser


instaladas a uma altura de 130 a 150 cm do piso acabado, ao centro das mesmas e
devidamente niveladas (Figura 92).

Figura 92 - Detalhes de instalação

Em frente a cada caixa deve haver um espaço suficiente para abrir sua porta num ângulo
mínimo de 90º (Figura 93).

CPTM 97
Telefonia
Figura 93 - Abertura da porta > 90º

As caixas devem estar isentas de restos de argamassa e


devidamente limpas.

8.5 ARMÁRIO DE DISTRIBUIÇÃO

Os armários de distribuição geralmente têm a função de interligar os cabos


primários (oriundos da central telefônica) com os cabos secundários (destinados à
distribuição dos assinantes). (Figura 94).

Figura 94 - Armário interligando central telefônica e rede de assinantes

O conceito sobre armário telefônico, cabo primário e cabo secundário foi tratado
de forma genérica na seção 7.1.3 quando foi inserido o conceito de redes flexíveis. Agora,
vamos nos aprofundar mais em cada um desses tópicos.

98 CPTM
Telefonia
O armário de distribuição comporta os blocos de terminais para que sejam feitas
manobras entre a rede primária e secundária por intermédio de jumpers. Os armários são
instalados em lugares estratégicos Figura 95).

Figura 95 - Armário de distribuição.

8.5.1 Cabo Primário ou cabo alimentador

O cabo primário, exibido na figura 94, conhecido também como cabo alimentador
é o trecho da rede que interliga o DG ao Armário de distribuição. É um cabo de alta
capacidade, acima de 200 pares, instalado em caixas e dutos subterrâneos (Figura 96).
Este trecho da rede é também chamado de rede primária.

Figura 96 - Cabo primário embutido nos dutos de distribuição subterrânea

CPTM 99
Telefonia
Em relação a um prédio ou condomínio, podemos dizer que o cabo primário é o
cabo telefônico que forma a rede principal de um prédio e que se estende desde o
distribuidor geral (DG) até a última caixa de distribuição da prumada.

8.5.2 Cabo Secundário ou cabo de distribuição

O cabo secundário, visto na figura 94, é o trecho da rede que interliga o armário
de distribuição às caixas terminais. É um cabo de baixa capacidade de 200 pares, usado
em instalações aéreas. Este trecho da rede também é denominado de rede secundária.
O cabo secundário também pode ser chamado de cabo de distribuição, porque
interliga os assinantes pertencentes a uma seção de serviço, célula ou nó, a seu ponto de
controle correspondente.

8.6 - Caixas de Emendas Ventiladas (CEV)

Partindo do Armário de Distribuição, o cabo secundário segue até as Caixas de


Emendas Ventiladas (CEV), que são responsáveis pela distribuição do acesso das linhas
telefônicas até os endereços dos assinantes, conforme vimos na figura 94. Para
seguirmos a dinâmica do raciocínio vamos exibir a figura 94 novamente na figura 95, com
destaque para a CEV.

Figura 97 - Caixa de Emenda Ventilada (CEV). Em (a) CEV de um determinado logradouro, com
destaque tracejado, e em (b) imagem ampliada dessa respectiva CEV.

Como podemos ver, (Figura 97) as conexões aéreas entre a rede interna do
assinante e o cabo de distribuição das operadoras são possíveis através de caixas de
emendas, com capacidade para 10 ou 20 terminais telefônicos.

100 CPTM
Telefonia
Na figura 74(b), a qual mostra a imagem ampliada da CEV, temos a identificação
da mesma, cuja a caixa é a de número 19, atendida pelo cabo secundário ZJD03, com
uma capacidade de 20 terminais - pares de 822 a 841.
Dentro da caixa de emendas ventiladas o cabo tem sua capa de proteção externa
removida (Figura 96) para que se possa acessar os pares e proceder à distribuição deles
na caixa. Vale ressaltar que, geralmente, o cabo é de 100 a 200 pares, mas apenas 10 ou
20 pares ficam distribuídos por caixa.

Figura 98 - Caixa de Entrada Ventilada. Em (a) CEV com o cabo secundário e com o fio FE do
assinante, e em (b) imagem expandida das conexões internas dessa CEV.

8.6 TERMINAIS DE ACESSO RÁPIDO (TAR)

A partir das CEV a rede segue para as Caixas de Terminais de Acesso Rápido
(TAR) (Figura 99) onde termina a rede de cabos e são conectados os pares de cada
assinante.
Figura 99 - Terminal de Acesso Rápido

CPTM 101
Telefonia
Dentro da caixa, são instalados blocos de conexão, figura 99(b). São empregadas
caixas específicas, onde estão disponibilizadas apenas as conexões para os terminais por
ela atendidos. Não existe acesso por parte do instalador/reparador aos conectores
internos de emendas.

8.7 PONTO DE TERMINAÇÃO DE REDE (PTR)

Tendo em vista as conexões que compreendem a conexão entre Central de


Comutação e a residência do assinante, estudadas no decorrer do capítulo 7, o limite da
rede, e que é de responsabilidade da operadora, está localizado no PTR ou Ponto de
Terminação de Rede (Figura 100).
Figura 100 - Ponto de Terminação de Rede

A partir deste ponto, a rede passa a ser de responsabilidade do assinante e é


denominada de Rede Interna. O fio FE proveniente da caixa de emendas é conectado em
um bloco terminal de conexão. O tipo mais comum é o que está no poste da esquerda na
foto, que é o mais antigo, e o BLE também no poste à direita na foto. Esse último é o mais
moderno e o mais resistente à oxidação da emenda. Na figura 101 é mostrado um bloco
PTR do tipo BLE aberto.
Figura 101 - Bloco de ligação externa BLE. A esquerda da foto bloco aberto e a direita da foto
bloco fechado.

Fonte: http://www.sijsistemas.com.br/terminais.htm

102 CPTM
Telefonia

8.8 TOMADA PADRÃO

Todas as caixas de saída devem ser equipadas com tomada padrão Telebrás
(TPP) e interligadas entre si.
Todas as tomadas devem ser instaladas de tal forma que os fios fiquem ligados
nos bornes L1 e L2, os quais ficam localizados na parte superior da tomada. (Figura 102).

Figura 102 - Tomada padrão.

Os espelhos devem ser de dois furos, na medida 4x4 polegadas, com duas
tomadas, ou uma tomada e uma tomada falsa, conforme mostra a figura 103.

CPTM 103
Telefonia
Figura 103 - Espelho de dois furos, 4 x 4 polegadas com duas tomadas, ou uma tomada e uma
tomada falsa.

Outros tipos de tomadas padrão. (Figura 104).

Figura 104 - TOMADA PARA TELEFONE COM CONECTOR RJ11 PADRÃO TELEBRÁS - 2 VIAS

Fonte:http://www.geracaocenterlar.com.br/produto/3150/fame+sobrepor+tomada+para+telefon
e+com+conector+rj11+padrao+telebras++2+vias+ref+0410#.V9GF-PkrLDc

8.9 CONCLUSÃO

De acordo com as discussões feitas no atual capítulo 8 e no capítulo 7


anteriormente, na figura 105 são exibidos de forma resumida todos os elementos que
fazem parte das redes telefônicas urbana e como são aplicados.

104 CPTM
Telefonia
Figura 105 - Uma rede telefônica urbana típica

CPTM 105
Telefonia

106 CPTM
Telefonia

9 Tipos de Centrais
e o Processo de Digitalização e Transmissão dos Sinais Telefônicos

9.1 INTRODUÇÃO

Para que seja possível a comunicação entre dois terminais de assinantes, é


necessário que haja uma conexão entre os mesmos.
Imagine uma rede de pares (dois fios) metálicos em expansão, tabela 9, onde
cada terminal necessita comunicar-se um com o outro.

Tabela 9 – Formação de rede de pares (dois fios metálicos).

CPTM 107
Telefonia
A progressão de conexões pode ser obtida pela seguinte expressão:

N
C= x (N − 1)
2
Onde:

C: número de conexões

N: número de terminais

Exemplo: Para uma rede de 100 terminais de assinantes, seriam necessárias 4.950
conexões.
100
C= x (100 − 1) = 4950
2

A expansão de uma rede desse tipo ficaria muito complexa (conforme progressão
mostrada na tabela 10, abaixo), tornando a distribuição da rede telefônica
economicamente inviável.

Tabela 10 – Exemplificando a expansão da rede de assinantes

Com o intuito de minimizar o número de conexões, surgiu a ideia de, ao invés de


comutar o telefone no assinante, se comutassem todos os assinantes centralizadamente
(Figura 106), surgindo então um novo conceito, o da central de comutação.

Figura 106 - Exemplo de central de comutação e assinantes comutando-se entre si de forma


centralizada e interligados a essa central.

108 CPTM
Telefonia
Um sistema de comutação tem como funções principais, possibilitar e
supervisionar a interligação dos aparelhos telefônicos, dois a dois. Inicialmente a
comutação era feita manualmente e a operadora era responsável pelo estabelecimento e
controle da ligação.
Posteriormente, surgiram os sistemas automáticos de comutação; primeiro o
sistema passo a passo, depois os sistemas semieletrônicos e eletrônicos.

9.2 CENTRAL DE COMUTAÇÃO MANUAL

As primeiras centrais que surgiram com o desenvolvimento da telefonia,


distinguiam-se pelo fato de possuírem uma mesa comutadora, controlada por uma
telefonista.
O operador (telefonista) observava o sinal de chamada, ligava-se com o assinante
chamador através de um circuito de cordão, recebia a informação verbal, selecionava o
número pedido, dava o sinal ao assinante chamado e supervisionava a ligação,
observando o sinal para desligar no fim da conversação. (Figura 107)

Figura 107 - Quadro de comutação telefônica operado manualmente

Essas centrais eram totalmente manuais e comandadas por telefonistas, que


normalmente eram mulheres. Nessa mesma época, a ligação permanente entre um
aparelho telefônico e o equipamento de comutação (central) passou-se a chamar-se Linha
de Assinante.
A comutação manual apresenta muitas desvantagens quando o tráfego telefônico
ou o número de assinantes for consideravelmente grande, pois há a necessidade de
muitas mesas, jacks e operadores. (Figura 108).
As ligações e desconexões ficam muito demoradas, e o trabalho do operador
torna-se cansativo e sujeito a erros, diminuindo a qualidade do serviço.

CPTM 109
Telefonia
Além da dificuldade da manutenção do sigilo dos telefonemas, o serviço pode ser
facilmente interrompido por descuido dos operadores. (Figura 108)

Figura 108 - Central de Comutação Manual.

110 CPTM
Telefonia

O desenvolvimento crescente dos serviços de telefonia e os problemas surgidos


com a comutação manual mostraram que a comutação automática era uma necessidade.
Dentre os problemas ocorridos com a comutação manual pode-se citar:

• baixo nível de sigilo na comunicação, devido ao fato de as telefonistas terem total


acesso à conversa entre os usuários, porque, de tempos em tempos, teriam de escutar
a conversação para saberem se a ligação entre os usuários ainda estava em curso
para desfazerem a ligação do cordão que os interligava.

• Outros problemas diziam respeito às ligações erradas ocasionadas por distração das
atendentes, gerando constantes aborrecimentos.

• Ainda, uma conversação sempre, obrigatoriamente, deveria ser estabelecida por uma
pessoa, tornando as conexões lentas devido ao crescente número de usuários, o que
também dificultava a memorização das centenas de nomes pelas telefonistas.

• Outro problema era a dificuldade de efetuar tarifação do uso do sistema, ficando


apenas o assinante responsável pelo pagamento de um valor mensal.

9.3 CENTRAL PASSO A PASSO

O crescimento do tráfego tanto urbano quanto interurbano determinou a


modernização e proliferação das mesas telefônicas.
Era necessário automatizar o serviço telefônico. A evolução começou por
automatizar as funções da telefonista, e, em 1891, foi desenvolvida a primeira chave
seletora automática baseada na invenção de Almon B. Strowger. Era a primeira chave
central telefônica automática, denominada central “passo a passo”.
Este sistema utilizava seletores (Figura 109) que eram acionados pelos pulsos de
corrente gerados pelos discos dos telefones para realizar a comutação entre os terminais.

CPTM 111
Telefonia
Figura 109 - Sistema Strowger de comutação automática de dois movimentos (1904).

As primeiras interligações automáticas entre os usuários passaram a ser


efetuadas em curtas distâncias (ligações locais), ficando ainda as ligações de longa
distância (interurbanas) sendo estabelecidas por telefonistas.

112 CPTM
Telefonia

9.3.1 Funcionamento

Existem dois tipos de Seletores utilizados na tecnologia de Comutação Strowger.


O primeiro (Figura 110) chama-se Uniseletor, constituído por um conjunto de braços
móveis de contato, designados por Escovas.
Figura 110 - Uniseletor Strowger. Em (a) componentes eletromecânicos que constituem o
dispositivo. Em (b) e em (c) diferentes modelos de Uniseletor.

O conjunto de Escovas do Uniseletor gira apenas um movimento sobre um banco


de contatos fixos, organizados em forma de um arco semicircular, para encontrar e
prender um Seletor do Primeiro Grupo que esteja Livre. (Figura 109).
O outro tipo de Seletor é chamado Bidirecional, acoplado momentaneamente no
Uniseletor (Figura 111).

CPTM 113
Telefonia
Figura 111 - A escova encontra e prende o seletor do primeiro grupo que esteja livre. A escova
do seletor do primeiro grupo sobe verticalmente (primeiro dígito marcado) e gira para ligar a um
seletor do segundo grupo que esteja livre.

Como exemplos de seletores do tipo bidirecional (Figura 112), temos o Seletor de


Grupo e o Seletor Final. Ambos possuem um conjunto de escovas que se move na
vertical e na horizontal (dois movimentos) sobre um banco de contatos. Os contatos são
organizados na vertical, como dez níveis separados, um por cima do outro, e na
horizontal, como dez saídas separadas.

Figura 112 - Seletor do tipo Bidirecional

Fonte:http://people.seas.harvard.edu/~jones/cscie129/nu_lectures/lecture11/switching/strowger/strowger.html

114 CPTM
Telefonia
Os movimentos na vertical e na horizontal do seletor de grupo estão,
respectivamente, associados com o dígito marcado e com o seletor de grupo seguinte que
esteja livre. Os movimentos na vertical e na horizontal do seletor final estão
respectivamente associados com o penúltimo e o último dígitos marcados.
A seguir será descrita, de uma forma sintetizada, a operação dos seletores
durante o processo de chamada.

1. Quando o cliente chamador levanta o microtelefone do respectivo descanso, o


interruptor do descanso do telefone fecha, formando-se um circuito elétrico entre o
telefone e a central telefônica. A central telefônica recebe o sinal que indica que o cliente
está pronto para marcar o número. O conjunto de escovas do uniseletor gira para
encontrar e prender um seletor do primeiro grupo, que esteja livre.

2. Depois de um seletor do primeiro grupo ter sido prendido, ele liga o "tom de discar" ao
cliente chamador e depois espera pela digitação dos algarismos. Durante a marcação, o
conjunto de escovas do seletor do primeiro grupo sobe, passo a passo, na vertical, de
acordo com o primeiro dígito marcado, e depois gira para encontrar e prender um seletor
do segundo grupo, que esteja livre conforme verificamos na figura 109.

3. Depois de um seletor do segundo grupo ter sido prendido, o conjunto de escovas sobe,
passo a passo, na vertical, de acordo com o segundo dígito marcado e depois gira para
encontrar e prender um seletor final, que esteja livre. (Figura 113).

Figura 113 - Escova do seletor.

CPTM 115
Telefonia
4. O conjunto de escovas do seletor final sobe, passo a passo, na vertical de acordo com
o terceiro dígito marcado e depois gira de acordo com o quarto número marcado (Figura
114), ficando assim estabelecida a ligação.
Das explicações anteriores, pode-se concluir que cada seletor de grupo "absorve"
apenas um dígito marcado, enquanto o seletor final "absorve" os dois últimos. De forma
sintetizada, representamos na figura 114 todos os passos descritos anteriormente,
inclusive a interligação de todos os seletores envolvidos durante o processo de chamada,
quando o assinante chamador discou o número 2369.

Figura 114 - Representação simplificada de um agrupamento de seletores no processo de


chamada.

Fonte: http://www.britishtelephones.com/howauto1.htm

As centrais passo a passo, à medida que foram crescendo, apresentaram


algumas desvantagens:

• seletores de ajuste e lubrificação frequentes;


• contatos deslizantes (escovas sobre os contatos) e com acentuado desgaste por
abrasão;
• sistema de numeração rígido, devido à movimentação direta dos seletores;
• uso ineficiente das séries de numeração;
• sistema de movimentação de seletores obrigatoriamente na base decimal;
• ocupação prematura de seletores com os primeiros algarismos discados.

116 CPTM
Telefonia
Dentre os principais problemas que as centrais eletro-mecânicas passaram a
apresentar, um dos que passou a chamar muito a atenção foram as dimensões
exageradas que esse tipo de central tinha. Portanto, passou-se a ambicionar um modelo
de central que apresentasse dimensões reduzidas, principalmente devido à crescente
quantidade de assinantes do sistema.

9.4 CENTRAL DE COMUTAÇÃO CROSSBAR

Os sistemas CROSSBAR sucederam os rotativos, proporcionando grande


confiabilidade e baixo custo de manutenção. Seu sistema de funcionamento é baseado no
estabelecimento de pontos de conexão por meio da operação de duas barras horizontais,
seguido do acionamento de uma barra vertical.
As barras seletoras funcionam por ação de relés. Pela operação dos relés é
possível mover as barras de forma ocorra o fechamento dos contatos debaixo do ponto
onde duas barras se cruzam (Figura 115). Este mecanismo é o que estabelece o
encaminhamento e ligação da chamada telefônica, através da Central Telefônica.

Figura 115 - Diagrama esquemático de uma matriz crossbar com ênfase nos Relés de operação
das barras.

CPTM 117
Telefonia
Tão logo a barra vertical opere, as horizontais são desoperadas e um estilete
elástico de aço permanece preso entre a vertical e os contatos indicados pelas
horizontais. Como os contatos são exclusivamente de pressão, semelhante aos contatos
de um relé, proporciona uma grande confiabilidade na utilização desse tipo de seletor, que
apresenta apenas pequeno movimento basculante nas horizontais e verticais. Veja na
figura 116 a imagem real de uma matriz crossbar e o mecanismo de seleção e conexão.

Figura 116 - Seletor Crossbar ou Matriz Crossbar.

(a) imagem real do seletor

118 CPTM
Telefonia

Como vimos anteriormente, um seletor Crossbar é essencialmente uma matriz de


comutação espacial (pois existe um encaminhamento físico entre os terminais telefônicos
durante a ligação), na qual a ligação entre uma determinada entrada e uma determinada
saída é estabelecida por meio de um grupo de contatos específicos que depende
unicamente do cruzamento ou interação entre dois pontos para realizar a conexão.
A figura 117 mostra uma matriz de comutação formada por seis colunas e cinco
linhas. O número de chaves pode ser calculado pelo produto “X x Y” (colunas x linhas),
neste caso, igual a 30 chaves. Para um assinante “A” se comunicar com o assinante “B”,
basta fechar a chave nº 10, conectando a linha 2 à coluna 4.

Figura 117 - Matriz de comutação Crossbar, 6 x 5 (coluna x linha), com ênfase nos Relés de
operação das barras.

CPTM 119
Telefonia

9.5 TRANSIÇÃO DA MATRIZ ELETROMECÂNICA PARA A MATRIZ ELETRÔNICA

Com o desenvolvimento da eletrônica dos semicondutores, os relés foram


substituídos por matrizes de elementos PNPN, que apresentaram vantagens evidentes:

• os sistemas passam a ter tamanho reduzido,


• maior vida útil,
• maior velocidade de comutação.

Porém, alguns problemas tiveram de ser vencidos, pois os semicondutores


apresentam impedância elevada quando em regime de condução, atenuando os sinais,
exigindo uma amplificação posterior.
Idealmente, os dispositivos eletrônicos voltados para tais finalidades, devem
apresentar:

• alta impedância quando estão no estado “ aberto” (superior a 108 ohms),


• baixa impedância no estado “ fechado” (inferior a 1 ohm),
• consumo reduzido, principalmente no estado aberto,
• facilidade de controle e ser economicamente viáveis.

Se o componente for utilizado no encaminhamento da conversação (canal de


voz), é necessário observar mais algumas características. O componente deve

• permitir a passagem de toda a faixa de frequências e da potência do sinal em


curso;
• introduzir baixo nível de ruído e permitir a transição de sinais em ambos os
sentidos.

9.6 CENTRAIS POR PROGRAMA ARMAZENADO (CPA).

Com a evolução dos computadores nas décadas de 1950 e 1960, surgiu a ideia
de se utilizarem processadores para executar as tarefas de controle implementadas nas
centrais telefônicas.
A utilização de processadores permitia um grande avanço para as centrais, uma
vez que introduzia um novo elemento que tornava as centrais mais flexíveis,

120 CPTM
Telefonia
possibilitando análises lógicas e disponibilizando um maior número de informações ao
operador.
Este novo elemento, o software, passou a fazer parte das centrais telefônicas
que, por este motivo, são denominadas Centrais por Programa Armazenado (CPA).
Na central CPA, o controle dos caminhos da matriz de comutação e todo o
gerenciamento são feitos por meio de um computador (Figura 118), utilizando programas
que possibilitam flexibilidade e facilidade nas alterações, por exemplo, na numeração dos
usuários. Na realidade, os números dos usuários nas centrais CPAs, são números lógicos
que não têm relação direta com os caminhos físicos na matriz de comutação.

Figura 118 - Diagrama em blocos simplificado de uma central CPA.

As primeiras centrais CPA eram chamadas analógicas (CPA-A), uma vez que
toda informação de áudio (voz) que trafegava pela central era analógica. Posteriormente,
surgiram as centrais CPA digitais, nas quais as informações de áudio que trafegam (na
central) são digitais.
A primeira central pública de programa armazenado (digital), a central IESS (nº 1
Electronic Switching System), desenvolvida pela AT&T, foi instalada em New Jersey,
EUA, em maio de 1965.

CPTM 121
Telefonia
a) Facilidades para os assinantes
As centrais de programa armazenado (CPA) permitem um conjunto amplo de facilidades
para os assinantes, tais como:
• transferência de chamada;
• restrição às chamadas recebidas;
• conta telefônica detalhada;
• identificação de chamadas.

b) Facilidades administrativas
São facilidades operacionais, tais como
• controle das facilidades dos assinantes;
• mudança no roteamento, para evitar congestionamento de curto prazo;
• produção de estatísticas detalhadas do funcionamento da central.

c) Velocidade de estabelecimento da ligação

As centrais CPA utilizam dispositivos eletrônicos, por isso a velocidade de conexão é


muito alta (da ordem de 250μ s).

d) Economia de espaço

Ocorre devido às dimensões reduzidas das centrais de programa armazenado. (Figura


119).
Figura 119 - Central de comutação do tipo CPA.

Fonte: https://pt.wikipedia.org/wiki/Central_telef%C3%B4nica#CPA

e) Facilidade de manutenção
Equipamentos CPA têm uma menor taxa de falhas.

f) Qualidade de conexão
Sendo o sinal digital, há menores problemas de conexão.

g) Potencial para outros serviços


122 CPTM
Telefonia
Inclui a transmissão de dados e serviços tipo videofone.

h) Custo

As centrais de programa armazenado são mais econômicas para se manter em


funcionamento, possuindo um custo final menor de fabricação.
Na central CPA, o controle dos caminhos da matriz de comutação e todo o
gerenciamento são feitos por meio de um computador. A matriz de comutação pode ter a
mesma estrutura mostrada na Figura 120.

Figura 120 - Matriz de comutação de uma central CPA

De acordo com a figura 116, as linhas de assinantes e troncos recebem a


varredura periódica para detectar se um assinante retirou o fone da posição de repouso.
Quando se detecta que o fone está fora de gancho, aquela linha recebe uma varredura
com período menor para detectar os dígitos enviados. Os dígitos são enviados ao controle
central e são traduzidos baseados nas informações de usuários contidas na
armazenagem semipermanente.
Essas informações são referentes às localizações físicas dos usuários: se é um
assinante normal ou assinante de categoria especial, etc. Tendo as informações dos dois
assinantes que se querem comunicar, procura-se um caminho na matriz de comutação
para estabelecer a conexão. Todos os sinais audíveis de sinalização como tom de discar,
tons de campainha (para o assinante que está fazendo a chamada como para o assinante
que receberá a chamada), tons de ocupados são enviados pelo distribuidor de sinais.

Portanto,

CPTM 123
Telefonia

uma central de comutação com controle por programa armazenado pode ser
interpretada como um computador de aplicação específica e que tem uma
interface de entrada e de saída bastante complexa denominada de matriz de
comutação.

A central de comutação com controle por programa armazenado acima descrito,


embora tenha a parte de controle totalmente digital pelo uso do computador, é conhecida
como analógica, CPA-A, pois os sinais tratados na matriz de comutação são analógicos.
A partir da década de 1960, mas especificamente nos anos de 1970, as CPAs se
consolidaram inicialmente na sua versão analógica.
Nestas, o sistema acoplador continuava sendo uma estrutura de matrizes
normalmente com contatos protegidos (reed relays).

Acoplador : conexão de dois ou mais circuitos através da qual a energia é


transferida de um sistema qualquer a outro.
(Glossário da Anatel – Agência Nacional de Telecomunicações)

Na figura 121 a seguir, vemos um diagrama em blocos de uma central de


comutação com seu respectivo acoplador, interagindo com os circuitos dessa central e
com os circuitos de outras centrais.

Figura 121 - Central de comutação

124 CPTM
Telefonia
Os sistemas CPA analógicos não tiveram um grande sucesso e representaram
uma tecnologia de transição no caminho para as centrais CPA – T (CPA temporais), que
acabaram se impondo na década de 1980. As centrais CPA analógicas apresentaram um
anacronismo tecnológico entre o processador (microeletrônica) e os acopladores (reed
relays). O volume físico e o custo desses acopladores representam cerca da metade do
custo total da central.

9.6.1 CPA-T

Nos sistemas CPA-T, o volume do acoplador se reduz a uma parcela desprezível,


utilizando–se acopladores totalmente eletrônicos que não mais comutam o sinal telefônico
diretamente, mas sim amostras destes, multiplexadas no tempo e codificadas.
Nos sistemas CPA-T, o sinal telefônico é amostrado e codificado em 8 bits (PCM),
preferivelmente já na entrada da central. Como daí em diante se transmitem sinais
binários, que são insensíveis a ruídos e interferências, consegue-se utilizar acopladores
totalmente eletrônicos (chips), sem os sérios problemas de dia que caracterizam os
pontos de acoplamento eletrônico nos sistemas analógicos.
Nos sistemas CPA-T, atingiu-se uma coerência tecnológica entre o processador e
os acopladores. Os sistemas CPA-T dominam uma boa parte do cenário atual de centrais
telefônicas.
Antes de darmos continuidade com os tipos de comutação, vamos entender os
sistemas amostrados, o processo de modulação PAM e PCM, que serão conceitos
chaves para a compreensão dos tipos de comutação e das redes de transporte bem como
da transmissão digital. Voltaremos a tratar de comutação temporal bem como outros tipos
de comutação no capítulo 9.

9.7 – Princípios Básicos de Sistemas Amostrados

É extremamente importante para a compreensão dos sistemas de transmissão


digital, entender de que forma um sinal analógico, como a voz humana, é transformado
em um sinal digital e trafega pela rede de telecomunicações.
A amostragem constitui uma etapa primordial na geração de sinais PCM, que é a
base para o entendimento das hierarquias digitais.
O resultado clássico da teoria da amostragem foi estabelecido em 1933 por Harry
Nyquist, que demonstrou que um sinal analógico pode ser reconstituído, desde que
tenham sido retiradas amostras em tempos regularmente espaçados. (Figura 122).

CPTM 125
Telefonia

Figura 122 - Processo de amostragem e de reconstrução de sinal

9.6.2 Modulação por Amplitude de Pulsos (PAM)

Como o sinal analógico é contínuo no tempo e em nível, contém uma infinidade


de valores e, como o meio de comunicação, tem banda limitada, somos obrigados a
transmitir apenas uma certa quantidade de amostras deste sinal.
É obvio que, quanto maior a frequência de amostragem, mais fácil será reproduzir
o sinal. O circuito que permite amostrar o sinal é uma simples chave eletrônica, acionada
por um gerador de frequências que fará com que essa chave se feche por um brevíssimo
instante, na cadência da frequência de amostragem. (Figura 123).

Figura 123 - Circuito responsável pela Amostragem do sinal analógico

126 CPTM
Telefonia
Por exemplo, analisando a figura 123, se a frequência de amostragem for de 8
kHz, a chave se fecha 8000 vezes por segundo, ou seja, a cada 125 microssegundos.
Dessa forma, como a chave se fecha por um tempo extremamente curto, teremos
na sua saída um sinal em forma de pulsos estreitos, com amplitude igual ao valor
instantâneo do sinal, chamados pulsos PAM (Pulse Amplitude Modulation). (Figura 124).

Figura 124 - Amostragem e geração de sinais PAM.

CPTM 127
Telefonia

9.7 MODULAÇÃO POR CÓDIGO DE PULSO – MCP (PCM)

O sinal analógico que trafega em um enlace pode ser transformado em um sinal


digital usando-se a Modulação por Código de Pulso – MCP (PCM – sigla em inglês –
Pulse Code Modulation), através de uma amostragem do sinal analógico, o qual recebe
uma Modulação por Amplitude de Pulso (sigla inglesa – PAM).
Posteriormente, estas amostragens são transformadas em um trem de bits, por
um processo denominado quantificação. Desta forma, conforme veremos no decorrer da
seção 8.8, qualquer sinal analógico (voz, áudio, vídeo etc.) pode ser transformado
novamente em sinal analógico, pela decodificação do trem de pulsos PCM em sinais
PAM, o qual após a filtragem, volta a ser analógico.
O sinal analógico é amostrado segundo o teorema da amostragem, o qual exige
que a frequência de amostragem deva ser, no mínimo, duas vezes maior que a maior
frequência contida no sinal analógico a ser amostrado.
De acordo com o teorema da amostragem, o sinal telefônico analógico, que tem
sua maior frequência igual a 3400Hz, deve ter uma amostragem de, no mínimo 6800Hz (2
x 3400 Hz), a fim de que não ocorra perda de informação referente ao sinal original,
quando da sua reconversão no destino, por meio do equipamento receptor. Tendo em
vista uma maior adequação, sob o ponto de vista tecnológico, adotou-se a frequência de
amostragem em 8000Hz (em nível internacional). Na figura 125, estão exibidos todos os
aspectos do sinal analógico submetido no processo de digitalização do sinal.

128 CPTM
Telefonia
Figura 125 - Os vários aspectos do sinal analógico submetido no processo de digitalização e a
formação do PCM.

CPTM 129
Telefonia
Considerando a frequência de amostragem de 8000Hz (Figura 121), temos que o
intervalo de tempo entre duas amostras consecutivas é de

1
TA = = 125s
8000

Onde TA é o intevalo de amostragem

Portanto,

o PCM é uma extensão do PAM, onde cada valor da amostra


analógica é quantizada num valor discreto para representa-lo numa
forma digital.

Na figura 126, temos a representação em bloco da interação entre o PCM e o PAM, onde

F.P.F: Filtro Passa Faixa

F.P.B: Filtro Passa Baixa

Figura 126 - Diagrama em Blocos da Interação entre PCM e PAM.

130 CPTM
Telefonia

9.7.1 Estágios do Sinal na formação do PCM: Quantização, Codificação e


Compressão digital

De acordo com que vimos nas seções anteriores, o sistema PCM é composto de
várias etapas, nas quais o sinal é tratado devidamente antes de ser transmitido. Essas
etapas são apresentadas no diagrama de blocos da figura 127.

Figura 127 - Etapas de formação e da transmissão do sinal PCM.

1) Amostragem
Consiste em substituir o sinal analógico por uma sucessão de amostras de curta duração
em intervalos regulares, conforme vimos nas figuras 122 e 123 vistas nas seções
anteriores.

2) Quantização
Quantizar consiste em “medir” eletronicamente as alturas dos pulsos recebidos
em “n” níveis fixados. A intenção é obter, de cada altura medida inicialmente, 13 bits
sendo 1 de paridade do sistema e 12 derivados da amostra. Posteriormente os 13 bits
serão submetidos a uma compressão e reduzidos a 8 bits.

CPTM 131
Telefonia
Para obtenção dos 12 bits por amostra, são necessários
n = 212 = 4096 níveis de quantização (Figura 125). A base 2 é própria do sistema binário.

Assim é feito para reduzir os erros de quantização, decorrentes das amostras cujos
valores chegam próximo, mas não têm exatamente o valor do nível fixado e, em
consequência, precisam sofrer uma aproximação para mais ou menos.
O quantizador, (Figura 128), função degrau, é o responsável pela medição das
alturas das amostras do sinal analógico da informação.

Figura 128 - Função degrau utilizada no estágio de quantização

3) Codificação
O circuito codificador tem por função gerar 13 bits por amostra quantizada num certo
código preestabelecido. Vale lembrar que, posteriormente, os 13 bits serão reduzidos
para apenas 8 no estágio de compressão digital (Figura 129).
Figura 129 - Codificação em bits de cada amostra

132 CPTM
Telefonia

4) Estágio da compressão digital


A compressão digital consiste na redução dos 13 bits codificados em apenas 8
bits, em obediência a certo critério, de modo a não haver distorção no sinal analógico
recuperado quando na recepção. Dessa forma, um certo nível do sinal amostrado pode
ser codificado como: 1 1 1 0 0 1 0 1, figura 130(a).
Figura 130

5) Amplificação e Regeneração
Devido ao fenômeno da atenuação, devem ser usados equipamentos
(amplificadores), quando a distância exceder determinados limites.
Já a regeneração significa que os sinais distorcidos da informação são lidos e
interpretados, recriados e amplificados à sua aparência original antes de serem enviados.
Ruídos e outras perturbações desaparecem inteiramente. Esse não é o caso da
transmissão analógica, na qual as perturbações também são amplificadas.
A figura 131 mostra, de uma forma simbólica, a atuação do conceito de
amplificação e regeneração respectivamente no tratamento de sinais.

CPTM 133
Telefonia
Figura 131 - A aplicação dos conceitos de amplificação e regeneração no tratamento de sinais

Agora que compreendemos como é formado e tratado o sinal PCM, vamos


introduzir a técnica para e enviar esse sinal entre o transmissor e o receptor. Tendo isso
em vista, os conceitos de MUX, Demux e decodificação serão inseridos na seção 8.9
onde abordaremos a técnica do TDM, do inglês Time Division Multiplex e no português
Multiplexação por Divisão no Tempo.

9.8 MULTIPLEXAÇÃO POR DIVISÃO NO TEMPO (TDM)

A Multiplexação por Divisão no Tempo (TDM), é uma técnica que permite a


transmissão de vários sinais por um único meio, e consiste na divisão do tempo em
canais apropriados. (Figura 132).

Figura 132 - Princípio do TDM

134 CPTM
Telefonia

9.8.1 Multiplexação

As palavras de código de diversos sinais telefônicos podem ser transmitidas em


uma sequência cíclica, isto é, entre duas palavras de código de um mesmo sinal
telefônico são introduzidas em sequência palavras de código de outros sinais telefônicos,
formando assim o sinal PCM multiplexado por divisão de tempo.

Multiplexação é uma técnica utilizada para permitir que mais de uma


mensagem ocupe o mesmo meio de transporte. Ela é usada em redes de
computadores, em linhas telefônicas e no envio de telegramas.

Os processos de multiplexação são totalmente eletrônicos. A figura 132 mostra, a


título de explicação, quatro sinais de entrada amostrados periodicamente por um seletor
rotativo “A”.
Este seletor “A” gira de uma entrada à próxima em sincronismo (síncrono) com a
entrada das palavras de código. Na saída “A” tem-se, então, um sinal PCM multiplexado
por divisão de tempo. O intervalo de tempo, em que uma palavra de código é transmitida,
é denominada de time slot.
A sequência de bits, que contém uma palavra de código de cada sinal de entrada,
é denominada de quadro de pulsos.
No exemplo da figura 132, um quadro de pulsos é formado por quatro palavras de
código sequenciais dos sinais de entrada de S1 até S4.
A figura 132 representa o canal de comunicação entre o transmissor e o receptor.
Antes dos sinais S1 até S4 entrarem na dinâmica do seletor para serem enviados, há um
tratamento dos mesmos conforme mostraremos a seguir.

9.8.2 Lado do transmissor – MUX ( Multiplexação )

Analisando a figura 133, nota-se que inicialmente os filtros passa-baixas ou


passa-faixa, em cada um dos canais, limitam a banda passante. Segue-se a amostragem
dos sinais, canal por canal, pela ação do comutador, representado por uma chave rotativa
em contato com as saídas dos canais. Na prática, o comutador é um circuito eletrônico.

CPTM 135
Telefonia
Figura 133 - Esquema de transmissão TDM. No esquema acima os sinais estão sendo tratados
antes de entrarem no canal de comunicação.

O comutador retira sequencialmente as amostras dos sinais que são


encaminhadas ao quantizador e posteriormente ao codificador para completar a
conversão A/D em PCM (oito bits por amostra). A figura 131 mostra as formas de onda no
domínio do tempo complementando a explicação. O sinal na saída do conversor, é um
dos sinais (palavra de código de 8 bits), S1 até S4 conforme a figura 132 que serão
multiplexados para serem enviados pelo canal de comunicação.

Figura 134 - Sinais no domínio do tempo no processo de transmissão TDM. A saída do


conversor representa cada um dos sinais, S1, S2, S3 e S4 que entrarão no seletor “A”da figura 132.

9.8.3 Demultiplexação

Do sinal multiplexado no tempo, obtêm-se na recepção novamente os sinais


PCM, isto é, as palavras de código 8 bits são distribuídas às correspondentes saídas. Tal
como na multiplexação na emissão, isto é, do lado do transmissor, também na
demultiplexação os processos envolvidos são totalmente eletrônicos. Para melhor
entendimento, observe o seletor rotativo “B” da figura 132, que distribui as palavras de
código às 4 saídas em total sincronismo com o seletor “A”.

136 CPTM
Telefonia
Dessa forma, o tratamento do sinal no DEMUX será inverso ao da transmissão,
ou seja, do MUX na transmissão. O comutador da recepção precisa estar sempre em
sincronismo com o comutador da transmissão para manter a correspondência entre os
canais. Os 8 bits por amostra de cada canal, de forma sequencial, são entregues ao
conversor D/A para a restauração das amostras. O comutador entrega amostra por
amostra a cada um dos filtros onde o sinal analógico é refletido e os sinais recuperados
estão disponíveis nas saídas dos filtros. A figura 135 mostra um diagrama em blocos do
lado receptor.

Figura 135 - Sinais no domínio do tempo no processo de recepção TDM. A entrada do


conversor representa cada um dos sinais, S1, S2, S3 e S4 que sairão no seletor “B”da figura 132.

9.8.4 Considerações Finais do TDM

Um ponto importante na multiplexação no tempo é o sincronismo entre


transmissão e recepção. Tanto o transmissor quanto o receptor devem conhecer,
a cada instante de tempo, a qual sinal de informação pertence a amostra que está
ocupando o canal.

Assim, definem-se dois conceitos na multiplexação no tempo. Veja novamente a


figura 129 para ajudar no entendimento dos conceitos a seguir.
▪ Time slot (janela de tempo): corresponde a um intervalo de tempo dedicado à
transmissão de um único sinal de informação, ou seja, um único circuito de
conversação para o caso de transmissão de sinais de voz. O conjunto de bits dentro
de um time slot é chamado de palavra de código.
▪ Quadro: um quadro corresponde a um intervalo de tempo dedicado à transmissão de
uma única amostra de cada sinal de informação, portanto, um quadro é composto de
n time slots.

CPTM 137
Telefonia

9.9 MATRIZES DE COMUTAÇÃO

No item 9.8, tratamos dos tipos de centrais de comutação bem como as matrizes
de comutação eletromecânicas, com pouca ênfase nas digitais. Além disso, abordamos
também as técnicas de amostragem, multiplexação, de multiplexação e multiplexação por
divisão de tempo. Agora vamos ver como trabalham as matrizes de comutação mais no
âmbito eletrônico de acordo com o tipo de central.

9.9.1 Comutação Temporal

Quando os sinais tratados na matriz de comutação são digitais, a central de


comutação é conhecida como CPA-T, ou Controle por Programa Armazenado Temporal,
e foi desenvolvida na década de 1970.
As CPA-T são centrais de comutação totalmente digitais como mostrado na figura
136.
Figura 136 - Diagrama em blocos de uma central CPA-T.

Os enlaces que chegam ou saem da matriz de comutação são enlaces digitais,


em geral multiplexados pela técnica denominada multiplexação por código de pulsos
(MCP), ou PCM (Pulse Code Multiplexing), em inglês.
A evolução para central totalmente digital trouxe à central flexibilidade,
confiabilidade, diminuição de tamanho, economia no consumo de potência e facilidade na
incorporação de novos serviços.
A central telefônica é composta de três estruturas básicas:

▪ o processador central;
▪ o conjunto de programas;
▪ a estrutura de comutação digital.

138 CPTM
Telefonia
As centrais do tipo temporal transferem as informações de um respectivo intervalo
de tempo de canal (ITC), para outro ITC de um enlace PCM.
O processo de comutação temporal permite a transmissão, em qualquer ordem
das chamadas que se apresentam nos canais multiplex de entrada até os canais de
saída. (Figura 137).
Figura 137 - Técnica TDM em CPA-T

9.9.2 Comutação Espacial


A figura 138 seguir mostra o esquemático de um comutador tipo espacial.

Figura 138 - Matriz de comutação espacial

Este tipo comutador possui os pontos de conexões em linhas e colunas, em forma


de uma matriz, possibilitando que as informações, geralmente digitais, provenientes dos
enlaces de entrada (linhas horizontais), alcancem qualquer saída (linhas verticais),
através de um dos contatos livres, existentes nos cruzamentos das linhas com as colunas.

CPTM 139
Telefonia
Como se pode constatar na figura 135, existe uma grande quantidade de contatos
para a execução de uma conexão.
A figura 136 apresenta o diagrama simplificado de uma central do tipo espacial.
Para que a realização de uma conexão seja possível, são necessários órgãos de controle
que definam para cada linha a conexão necessária. Observe que, para quatro assinantes,
são necessários doze pontos de conexão, na matriz de comutação espacial.

Figura 139 - Diagrama simplificado de uma central do tipo espacial.

9.10 CLASSIFICAÇÃO DAS CENTRAIS

Quanto à aplicação, a central telefônica pode ser classificada em pública ou


privada. As centrais privadas são utilizadas em empresas e outros setores nos quais
existe uma demanda de alto tráfego de voz.
Os aparelhos telefônicos ligados a uma central privada são chamados de ramais,
enquanto os enlaces com a central pública local são chamados troncos.
As centrais públicas por sua vez são classificadas de acordo com a abrangência e
os tipos de ligações que efetuam.

9.10.1 Central Local

Uma central local (Figura 137) está situada em uma região de pequeno alcance,
denominada de local. Nessa central, são ligados os assinantes, cada qual com uma
numeração própria.

140 CPTM
Telefonia
Figura 140 - Representação de uma Central Local

Uma central local tem como principais características

▪ alcance limitado, aproximadamente 5 km;


▪ capacidade de funcionamento com até 10.000 assinantes;
▪ função de interligar os assinantes entre si na mesma central;
▪ função de possibilitar a interligação dos assinantes ao resto do sistema telefônico.

9.10.2 Central Tanden

Uma vez que as centrais locais estejam estabelecidas em localidades diferentes,


há a necessidade de estabelecer uma conexão entre elas.
Para essa finalidade, foram criadas as centrais Tanden (Figura 141) cuja função é
interligar diversas centrais entre si. As interligações entre as centrais são conhecidas pelo
nome de “Cabo Tronco”.

CPTM 141
Telefonia
Figura 141 - Central Tanden - Representação da ligação entre Centrais Locais via Centra
Tanden, com os respectivos cabos troncos interligando as centrais.

As centrais Tanden se subdividem em:


▪ Centrais Tanden Locais: interligam Centrais Locais entre si;
▪ Centrais Tanden Interurbanas: interligam centrais interurbananas.

9.10.3 Central de Trânsito

É uma central destinada à interligação de centrais de áreas locais diferentes. Por


ela circulam o tráfego interurbano, delimitado por uma área de atendimento regional,
agregando uma certa quantidade de centrais locais.
Basicamente, as centrais de trânsito visam atender, de forma econômica, o fluxo
de tráfego entre as áreas de comutação.
Os centros de trânsito são para os centros locais o que esses últimos são para os
assinantes, e se dividem em duas.

▪ Centrais de Trânsito Interurbano: interligam dois ou mais sistemas locais completos


da rede nacional. Essas centrais se interligam diretamente o por meio de outra central
de trânsito. Visam interconectar o volume de tráfego dos assinantes de uma região de
atuação previamente estabelecida.

142 CPTM
Telefonia

▪ Centrais de Trânsito Internacional: visam interconectar os assinantes em nível


internacional, isto é, países entre si. Situam-se em localidades específicas,
normalmente em grandes centros urbanos.

As conexões podem ser estabelecidas por meio de cabos submarinos ou via


satélite (onde a maioria das conexões ocorre atualmente).

9.10.4 ELR (Estágios de Linha Remotos) ou URAs (Unidades Remotas de


Assinantes)

O ELR ou URA corresponde a um equipamento que integra as funções de


comutação, transmissão de energia, climatização e distribuição geral, em um robusto
gabinete mecânico (container), para um número limitado de assinantes, em torno de no
máximo 700 terminais. (Figura 142).
Figura 142 - ELR (Estágios de Linha Remotos) ou URAs (Unidades Remotas de Assinantes)

CPTM 143
Telefonia
Geralmente, esse equipamento é pré-testado em fábrica antes da sua
implantação, de forma a facilitar e agilizar sua instalação e ativação prática, que poderá
ser feita de forma interna ou externa, essa última conhecida como “instalação no tempo”.
Diversas URAS são interligadas a uma central de maior porte, denominada de
“Central Mãe”, constituindo assim um sistema distribuído de comutação, cujas funções
são completamente transparentes aos usuários.
A interligação entre a central mãe e a URA também é conhecida pelo nome de
entroncamento, que pode ser realizado fisicamente por meio de par metálico ou fibra
óptica. A sinalização poderá ficar a cargo da URA ou da própria central a qual estiver
ligada. Isso promove a liberação de terminais próximos à central mãe e a redução no
custo da “rede primária”, que é o sistema que forma as linhas de assinante, em que o raio
médio entre URA (ELR) e assinante cai para em torno de1 Km, reduzindo a complexidade
do sistema. (Figura 143).

Figura 143 - Representação gráfica de ELRs ou URAs interligadas a central mãe

Na verdade, uma URA corresponde a uma parte da central-mãe envolvendo as


funções de conversão Analógico/Digital, sinalização de assinante e interface com a rede
externa. É uma espécie de minicentral local, claro que com funções limitadas permitindo
obter a redução da fiação das linhas de assinante até as centrais locais.

144 CPTM
Telefonia
Além da função técnica, também diminui os custos de infraestrutura, já que o
equipamento não necessita de instalações prediais, uma vez que foi projetado para
instalação diretamente “em campo”.
A URA é adequada a aplicações como central autônoma, principalmente em
pequenas localidades, áreas rurais, grandes clientes, central de quarteirão ou
condomínios, soluções rápidas ou em lugares nos quais a rede a expandir encontra-se
saturada.
Estudos efetuados pela Austrália Telecom, nos anos 90, indicam que a adoção de
URAS aumenta o custo da rede de transporte (que normalmente nas áreas urbanas são
via fibras ópticas) e diminui o custo da rede de acesso (que são metálicas e se tornam
mais curtas). Isso, na maioria dos casos, dá um resultado total de redução de
investimentos e de tempo para implantação, daí a frenética utilização dessa alternativa
nos últimos tempos no Brasil.
As URAS contribuem para a melhoria da condição de oferta e qualidade de novos
serviços especialmente aqueles de banda mais larga, porque o trecho metálico fica
limitado e aumenta a utilização de fibras.
Exemplificando de uma forma simplista: o serviço banda larga Velox, quando
implantado em uma rede de acesso metálica de 7,5 km, poderá não funcionar bem, em
vista dessa rede praticamente funcionar como um “filtro passa baixas de 3,4 KHz”. Daí o
sinal, que ocupa originalmente uma faixa mais larga, irá ter uma parte da informação
perdida e terá provavelmente maior taxa de erros na recepção.
Se o mesmo serviço Velox for implantado em uma rede de acesso de 0,8 km (800
metros) essa poderá se comportar como um “filtro passa baixas com maior largura de
espectro”, algo como 300 KHz. Então, toda a banda original poderá ser transmitida e
recebida com menor taxa de erros.

9.10.5 Centrais Privadas de Comutação Telefônica (CPCT)

Central privada de comutação de canais de voz ou dados, para uso privado e com
acesso ao Serviço Telefônico Fixo Comutado – STFC, Serviço Móvel Pessoal – SMP ou a
quaisquer outros serviços de interesse coletivo por meio de troncos analógicos ou digitais.
(Figura 144).

CPTM 145
Telefonia
Figura 144 - PABX – Private Automatic Branch Exchange ou Central Automática de Comutação
Privada é um equipamento de interconexão automática para telefonia interna.

Embora existam outras centrais privadas, o nosso foco de estudo será voltado
para as centrais PABX.
As Centrais Privadas são divididas em:

▪ PBX (Private Branch Exchange): onde os ramais dependem de uma telefonista para
fazer ligações externas e precisam de auxílio para a comunicação entre si;

▪ PAX (Private Automatic Exchange): os ramais fazem ligação entre si automaticamente,


não havendo troncos;

▪ PABX (Private Automatic Branch Exchange): os ramais fazem ligações entre si


automaticamente. A operadora atende as ligações da Central Pública, conectando-as
aos ramais. As ligações de saída para a central pública se processam
automaticamente. Além das funções básicas, o PABX incorpora funções específicas
tais como: categoria de ramais, captura de ligações, chamadas em espera, etc. O
PABX, cuja tradução seria Troca automática de ramais privados), é um centro de
distribuição telefônica pertencente a uma empresa que não inclua como sua atividade o
fornecimento de serviços telefônicos ao público em geral.

146 CPTM
Telefonia

9.10.5.1.1 INSTALAÇÃO DA REDE ELÉTRICA PARA O PABX

Normalmente, o Micro PABX pode ser ligado em 110/127VAC ou 220VAC. Por


norma, os equipamentos com mais de 6 linhas telefônicas devem possuir equipamentos
que garantam a continuidade dos serviços, numa eventual falta de energia elétrica.
Este equipamento pode ser um No-Break, instalado externamente no PABX com
potência mínima de saída de 50VA e uma saída senoidal de 60Hz. Em locais onde houver
variação muito acentuada na tensão da rede elétrica ou que estiverem sujeitos a
transientes elétricos, um Estabilizador de Tensão com potência adequada ao porte do
equipamento e transformador com núcleo saturado deve ser instalado. Em locais sujeitos
a transientes elétricos ou descargas atmosféricas, protetores contra transientes devem
ser instalados na entrada AC. Em locais sujeitos a transientes elétricos ou descargas
atmosféricas, protetores contra transientes devem ser instalados na entrada AC.
Os transientes ou surtos de tensão são picos de tensão de pouquíssima duração,
com cerca de alguns microssegundos, isto é, uma elevação muito rápida da tensão,
proveniente de duas formas.

▪ Interna
Quando na mesma rede elétrica participam equipamentos de grande porte, tais como:
motores com alta potência, compressores de ar, condicionadores de ar etc.

▪ Externa
A elevação muito rápida da tensão, em particular, provoca maiores danos ao Micro
PABX, pois sua origem é atribuída a raios que, descarregados nas proximidades,
podem atingir tanto os troncos, os ramais externos, quanto a própria rede elétrica.
Outro agente externo é quando há o restabelecimento da energia elétrica pela
concessionária local, após uma interrupção do seu fornecimento.

O aterramento é a parte fundamental para uma efetiva proteção do equipamento.


O aterramento não deve ser ignorado e o usuário precisa ser conscientizado de sua
importância.

CPTM 147
Telefonia
Proteção de Ramais e Linhas
Apesar da maioria dos PABX possuírem varistores e centelhadores a gás, para
proteção contra transientes elétricos, nos troncos deve-se fazer uma proteção, fora do
gabinete do PABX, pois a capacidade de dissipação de energia dos varistores é pequena.
Os centelhadores, a gás, figura 145, devem funcionar como proteção primária, devendo
ser colocado um resistor de fio entre o varistor e o centelhador a gás.

Figura 145 - centelhador a gás.

Fonte: http://www.compuland.com.br/helio/centelhador/

O centelhador a gás é um dispositivo que tem a sua vida útil limitada pelo número
de atuações e quantidade de energia dissipada. Esgotada a sua vida útil, o centelhador
torna-se inoperante, geralmente sem apresentar sintoma de tal fato. Desta forma,
aconselha-se a substituição periódica do centelhador, de preferência anualmente.
Outro problema que pode acontecer num ramal ou num tronco é a interferência de
RF, ocasionada por transmissores de rádio próximos ao local onde é instalado o PABX.
Para minimizar ou eliminar o problema, utiliza-se circuito de filtro de RF que deverá ser
ligado em série com o ramal ou tronco sob interferência.

9.10.5.2 As Partes que Compõem um Micro-PABX

As partes que serão discutidas a seguir fazem parte do PABX de pequeno porte.
Existe uma tendência entre os fabricantes de montar as centrais telefônicas privadas em
subconjuntos, isto é, dividindo o circuito em diversas placas menores. O Micro PABX
basicamente divide-se nas seguintes partes:
Placa Principal ou Placa da CPU, formada pelo cérebro do equipamento; Placa da
Fonte de Alimentação; Placas de Troncos; Placas de Ramais; e, em alguns modelos,
existe uma placa de proteção contra surtos de tensão nas entradas das linhas telefônicas.
148 CPTM
Telefonia

Placa de Ramais
É formada pelos circuitos eletrônicos de cada ramal, podendo possuir
modularidade de 2 em 2, de 5 em 5 etc., ou seja, cada placa de ramais pode conter 2, 5
ou mais ramais. A forma da odularidade foi adotada pelos fabricantes para facilitar a
manutenção desses circuitos e também para que o usuário não precise adquirir, por
exemplo, 10 ramais se vai precisar de somente de 5. As placas de ramais são conectadas
na Placa da CPU do Micro PABX, normalmente por intermédio de conectores especiais
par circuito impresso. Quando o Micro PABX sai de fábrica com a placa de ramais
desbalanceados, ou seja, com um ponto comum na alimentação dos ramais, ao se utilizar
um cabo telefônico para encaminhar os ramais, pode haver quebra de sigilo nas
conversações, provocada pela diafonia (indução do sinal de voz de um ramal para outro).

Placa de Tronco
Dependendo do modelo de equipamento, a modularidade das placas de tronco
em relação ao número de linhas pode ser de: 1 em 1, 2 em 2, 4 em 4 etc. Quando
possuem circuitos de proteção embutidos, as linhas telefônicas são ligadas numa placa
de proteção de troncos. Alguns modelos de placas de troncos possuem um jumper de
habilitação de linha, ou seja, se o tronco estiver disponível, este jumper deve ser ligado,
caso contrário, deve ser desligado. Isso é necessário para que numa requisição de linha
pelo usuário, o PABX não caia no vazio, isto é, se a linha estiver habilitada e não houver
alimentação, o usuário pensará que está com defeito. No mesmo esquema das placas de
ramais, as placas de troncos são conectadas na placa da CPU por intermédio de
conectores especiais para circuito impresso.
Placa de Proteção
É uma placa que contém os componentes (varistores, resistores, centelhadores)
utilizados para proteger as linhas telefônicas contra surtos de tensão e corrente que, por
ventura, surjam nas mesmas, normalmente provocados por raios.
Placa da CPU
É a principal do sistema, onde são alojadas todas as outras placas, possuindo
ainda os conectores das interfaces, jumpers de configuração, o processador central, a
memória de armazenamento do software etc. Esta placa deve ser manuseada com
cuidado, pois há circuitos integrados que podem ser danificados com a eletricidade
estática do corpo humano.

CPTM 149
Telefonia

9.10.5.3 Acessórios para PABX

Algumas empresas e os próprios fabricantes de PABX produzem acessórios e,


ultimamente, têm lançado vários modelos de equipamentos e softwares que incrementam
a central telefônica, implementando para os usuários mais facilidades ou exercendo
algumas funções específicas. Esses acessórios, quando se trata de hardware, podem vir
montados em gabinetes próprios (geralmente quando são fabricados por empresas que
não fazem o PABX) ou em placas de circuito impresso para serem inseridas na placa
principal do equipamento.
Os acessórios mais comuns montados em placas são: Placa de Atendimento
Digital, Placa Identificadora de chamadas, Placa de tarifação Remota, etc. Dentre os
acessórios, podemos destacar alguns.

Tarifador
Este tipo de acessório é utilizado para que sejam emitidos relatórios sobre a utilização
genérica do Micro-PABX. (Figura 146).

Figura 146 - Tarifador interagindo com o PABX.

O tarifador contém as seguintes informações:


a) ligações efetuadas e seu custo;
b) ligações não identificadas como: fonogramas, tele-900 etc.;
c) data, horário e telefone chamado;
d) número de ligações recebidas;
e) taxas administrativas como, por exemplo: aluguel de linhas, assinatura mensal, etc.

150 CPTM
Telefonia
O Tarifador é muito usado em empresas que desejam controlar suas ligações,
uma vez que as informações que o equipamento fornece são distribuídas por ramais e a
conta telefônica pode ser dividida por usuário ou departamento da empresa.
O Micro PABX tem saídas (serial e paralela), uma delas ligada diretamente numa
impressora, para imprimir a bilhetagem, ou seja, as ligações que são efetuadas, porém,
não são tarifadas. A função do tarifador é justamente essa: ligado numa dessas saídas,
obtém as ligações armazenadas da CPU, aplica os valores dos degraus tarifários,
convertendo-as em valores de moeda corrente. Todos os dados que forem fornecidos à
memória do tarifador, bem como o comando para a emissão de relatórios, são enviados
via teclado telefônico, que vem acoplado no equipamento.

Atendedor Digital
Trata-se de um acessório utilizado para atender automaticamente as ligações que
chegam ao PABX e transferi-las após emitir mensagens explicativas para quem ligou. As
mensagens são gravadas num chip e podem ser personalizadas de acordo com o
usuário. O tempo de gravação, em alguns equipamentos, ultrapassa 30 segundos.
Normalmente, esse aparelho faz o anúncio do bom-dia, boa-tarde ou boa-noite, de acordo
com o horário de entrada da ligação, pois com o relógio embutido no atendedor, é feito o
reconhecimento da hora e selecionado o cumprimento correto. A interligação é feita como
se fosse um ramal normal, sendo compatível com qualquer modelo de PABX.

Espera Personalizada
Dispositivo utilizado para reproduzir mensagens digitalmente quando algum ramal
coloca na espera a ligação que entrou. A vantagem desse equipamento é que se pode
personalizar a espera, colocando-se mensagens de divulgação da empresa, de algum
produto, de serviços executados etc., com capacidade para até 180s. Sua ligação é feita
diretamente na entrada da música do PABX, possui um potenciômetro para regular o
volume da mensagem e, quando se quiser trocar a mensagem gravada, o chip deverá ser
substituído por outro previamente gravado.

Interface para Porteiro


O Micro-PABX permite que seja ligado um porteiro eletrônico no sistema,
intercalando-se uma Interface para Porteiro. Quando o botão do porteiro é acionado, a
interface interpreta o sinal enviado e informa à central o ocorrido. Imediatamente, o ramal

CPTM 151
Telefonia
que foi programado como atendedor do porteiro é chamado. Caso o ramal atendedor do
porteiro desejar, poderá acionar a fechadura elétrica teclando o código de abertura.
Também é possível ao ramal programado como atendedor, chamar o porteiro sem que o
mesmo esteja chamando e acionar a fechadura.
Na placa principal da central, existe um conector que envia o comando para
atuação externa. Nesse conector é ligada a Interface para Porteiro, devendo-se antes
acertar alguns jumpers de configuração, de acordo com o modelo de porteiro eletrônico
utilizado. Os fabricantes da interface anexam junto ao equipamento um pequeno manual
de instalação que contém uma tabela de configuração com os modelos de porteiros
possíveis para aquela interface.

Interface para Bilhetagem


Algumas centrais precisam de uma interface para gerar a bilhetagem. Para este
tipo de controle, a interface deve ser intercalada entre o PABX e a impressora, podendo o
equipamento ficar até uma distância de 50m da impressora. Caso haja problemas de
comunicação entre o equipamento e a impressora, os bilhetes serão armazenados na
memória do PABX e assim que o problema for solucionado, as ligações serão
descarregadas para a impressão devida.
A capacidade de armazenamento da central varia de acordo com o modelo e de
versão da Interface. Convém lembrar que, se a comunicação falhar, um alarme será dado
pela central, desde que se tenha mais um acessório opcional. Aqui também poderá ser
implementado um software tarifador, com a instalação de um computador. Em modelos
recentes de centrais, o kit bilhetador não é mais necessário, bastando apenas ligar uma
impressora e os bilhetes serão impressos normalmente, ou ainda, tarifando com o
software.

9.10.5.4 Automatização no Atendimento de Chamadas

Considere que o telefone de sua empresa é mais que um telefone. É a sua outra
"porta de entrada" da empresa. A título de explanação, veja a figura 147, que ilustra o
atendimento automático por meio de um robô, enfatizando a ideia de um atendimento
automatizado.

152 CPTM
Telefonia
Figura 147 - Ilustrando ao atendimento automatizado. Na figura está ocorrendo uma chamada
de um usuário da central pública de comutação, com destino ao cliente final simbolizado pelas
torres do condomínio.

O autoatendimento normalmente é composto por uma gravação de saudação


objetiva, com ou sem menu, ou mensagens para fora do expediente ou feriados (quando
suportado pelo sistema).

▪ Profissionais irão analisar seu script e oferecer sugestões.


▪ Um profissional da voz irá gravar sua mensagem.
▪ Gravações em outros idiomas por nativos.
▪ Sua mensagem poderá ser entregue em formato específico ou gravado diretamente na
placa, quando houver viabilidade técnica.

9.10.5.5 DISA - Direct Inward Station Access (Acesso Direto de Estação por Canal Interno).

A DISA é um recurso de sistemas de telefonia (geralmente PABX) que permite a


chamadores externos entrar no sistema e, mediante identificação por senha, fazer
chamada usando as linhas da empresa.
A DISA automatiza o atendimento de chamadas por meio de mensagens pré-
gravadas e menus interativos que destinam o interlocutor ao ramal ou setor desejado.
Pode ser programado para ser acionado em horários pré-determinados (fora do horário
comercial, fim de semana, etc.)
O modo de gravar estas placas varia, e algumas podem apenas ser gravadas
com auxílio do próprio fabricante. Certos PABX são limitados para esta finalidade, e a
gravação é feita pelo próprio gancho em um dos ramais.

CPTM 153
Telefonia

9.10.5.6 URA (UNIDADE DE RESPOSTA AUDÍVEL)

É também conhecida pela sigla em inglês IVR (Interactive Voice Response). É a


Interface telefônica para um sistema de computador, ou seja, um sistema que está
localizado no front-end de um sistema de computador e que permite a entrada de dados
por meio do teclado do telefone ou da fala humana.
O cliente pode receber informações do sistema por meio de voz gravada (e
digitalizada) ou de uma voz sintetizada: em alguns casos, pode-se receber informações
via fax ou por meio de telas especiais ligadas ao telefone. O que se pode fazer com um
computador, pode ser feito por meio de um sistema de URA, com algumas limitações. Por
exemplo, para entrada, os dígitos numéricos são mais simples do que qualquer palavra ou
letra por causa da facilidade do teclado telefônico.

As tecnologias de reconhecimento de voz que permitem ao usuário ditar as


informações de entrada, estão caminhando a passos largos, mas seu vocabulário ainda é
restrito. A saída de informações é mais simples, embora a conversão de texto em voz
possa produzir resultados estranhos algumas vezes e qualquer gráfico tenha de ser
transmitido via fax.
A mais clássica aplicação é a disponibilização, por telefone, fax e email, entre
outras mídias, de informações disponíveis em um banco de dados (como os extratos
bancários, por exemplo). Os sistemas de URA possibilitam acesso, armazenam registros
e efetuam vendas 24 horas por dia suplementando ou substituindo mão de obra humana.
Usado como front end de um sistema DAC, a URA pode fazer perguntas (”Qual é
o código de série de seu produto?”) que ajudam a rotear chamadas e tornam seu
processamento mais inteligente e bem informado, independentemente de estar a cargo de
agentes ou recursos de atendimento automático. A URA supera tecnologias mais
rudimentares (como a identificação do chamador) nessas aplicações. Usado no lugar de
programação em espera, pode agregar valor ao tempo que, de outro modo, seria perdido
na fila. As aplicações mais novas permitem que os chamadores usem a URA enquanto
esperam o atendimento de um agente, ao passo que mantêm suas posições na fila de
espera e lhes dão a opção de utilizar o atendimento automático, só recorrendo a ajuda
humana se isso realmente se fizer necessário. Nesses casos, o sistema transfere para a
estação do agente que dará prosseguimento a ligação todas as informações a registradas
até o momento da transferência, para que ele possa continuar exatamente desse pronto.

154 CPTM
Telefonia

9.10.5.7 Linhas Tronco

Em uma rede privada de comutação telefônica, chama-se tronco a linha


conectada à central pública. Portanto, o tronco é o canal que permite à central privada
realizar ligações externas. (Figura 148).
Figura 148 - Ilustrando a ideia de tronco. Na figura temos a linha 3985-9350 vindo da Central
Pública e conectando-se numa posição de tronco do PABX.

Uma ligação chega pelo tronco e é comutada na central para um dos ramais, ou
então parte de algum dos ramais para chegar a um tronco. Note-se que o número de
troncos sempre será menor que o de ramais, visto que um dos objetivos do PABX é
racionalizar a ocupação das linhas telefônicas de um local
Empresas utilizam o PABX para conectar seus telefones internos a uma linha
externa. Dessa maneira, é possível contratar algumas linhas telefônicas e ter muitas
pessoas compartilhando, cada um possuindo um telefone em sua mesa com um número
diferente.

9.10.5.8 Tronco Chave

Quando se trata de assinante de negócios, ele tem vários troncos urbanos ligados
ao seu equipamento. Cada tronco tem sua identidade na central urbana e deve ser
ignorada pelo público. A este somente se divulga um número coletivo associado ao
negócio, denominado Número Chave ou Tronco Chave.
Deve-se discar sempre o número-chave, pois a central local pública o identifica
como tal e faz uma busca automática no seu grupo de troncos, escolhendo um deles
dentre os livres. Ao discar o número-chave (tronco chave), o assinante chamador tem a

CPTM 155
Telefonia
chance de completar a ligação por qualquer um dos troncos do grupo que estiver livre no
momento. Por isso, os troncos individuais não devem ter seus números divulgados.

9.10.5.9 O Tronco Chave e a operação de Busca Automática

A busca automática está disponível apenas para os planos com mais de uma
linha. A primeira linha a ser cadastrada será o tronco-chave e quando estiver ocupada, a
ligação será direcionada para as linhas seguintes, conforme a ordem configurada.
A busca automática é linear, ou seja, as ligações são direcionadas inicialmente
para a linha principal (tronco-chave) e, em caso de “ocupado “ ou “não atende”, as
ligações são direcionadas para as linhas da sequência da busca.
A primeira linha a receber a chamada é o tronco – chave da busca.
Quando alguma linha da busca não atender após aproximadamente três toques, a
ligação será direcionada para a próxima linha do grupo da busca.
A busca automática só poderá ser cadastrada para todas as linhas do pacote.
Você não poderá solicitar a busca automática para uma parte das linhas.

9.10.5.10 Troncos Analógicos e Digitais

As linhas tronco fornecidas pelo provedor de serviços de telefonia e que são


conectadas ao PABX podem ser: analógicas ou digitais (E1).
Os recursos e funcionalidades que cada um permite para a comunicação da
empresa são diferentes, sendo o tronco digital mais moderno.

a) Troncos Analógicos

Os troncos analógicos também conhecidos como linhas analógicas são os dois


fios (par metálico) que são entregues pelas operadoras de telefonia convencional aos
usuários residenciais ou comerciais. Esta linha telefônica, quando entregue ao usuário
residencial, normalmente é ligada a um aparelho de telefone e, quando entregue a um
usuário comercial, pode ser conectada a um PABX. Neste caso, o PABX deve conter uma
placa de tronco analógico para receber esta linha.
Os troncos analógicos possuem algumas características como:
▪ serem responsáveis por alimentar a placa de tronco do PABX ou o aparelho telefônico
com uma tensão polarizada de -48V (volts) por padrão;
▪ sinalizar o recebimento de chamadas por meio de uma tensão alternada de 90VRMS
denominado RING.

156 CPTM
Telefonia
▪ fornecer a identificação do assinante chamador, normalmente chamado por BINA,
utilizando o padrão em DTMF (Dual Tone Multi Frequency).

Na figura 149 temos um exemplo de conexão de uma linha analógica a um PABX


convencional. A sigla PSTN significa rede pública de telefonia comutada ou RPTC (do
inglês Public Switched Telephone Network ou PSTN) é o termo usado para identificar a
rede telefônica mundial comutada por circuitos destinada ao serviço telefônico, sendo
administrada pelas operadoras de serviço telefônico.

Figura 149 - Conexão de uma linha analógica ao PABX.

b) Troncos Digitais e o conceito de DDR


Antes de falarmos sobre troncos digitais, vamos dar o significado de algumas
siglas que serão importantes na introdução desse conceito.

ISDN - (Integrated Services Digital Network) Traduzido por RDSI Rede Digital de Serviços
Integrados é a digitalização da rede telefônica para tráfego simultâneo de voz, dados,
imagens, aplicações e serviços multimídia. O ISDN foi concebido para substituir a rede
telefônica convencional (analógica) por uma rede digital. Existem dois tipos distintos de
interfaces ISDN. A interface ISDN/BRI é utilizada na residência do usuário, que conta com
2 canais que podem ser utilizados a velocidade de 64 Kbps e um canal de controle, todos
dentro de um par de fios de telefone comum.

CPTM 157
Telefonia
MFC (Multi Frequencial Compelida) é o tipo de sinalização de registro (isto é, que envia
informações como identidade do assinante A, identidade do assinante B, categoria…)
mais utilizada no Brasil. Caracteriza-se por enviar sinais (cifras) compostas por
frequências combinadas duas a duas (daí a característica multifrequencial) e que são
enviadas até que recebam uma outra cifra de resposta (daí a característica compelida). A
sinalização MFC possui quatro grupos de sinais (2 para frente e 2 para trás), cada grupo
possuindo 15 cifras diferentes.

MCDU - Número do terminal telefônico, M (milhar), C (centena), D (dezena) e U


(unidade).

DDR – DISCAGEM DIRETA A RAMAL (DID em inglês). Serviço telefônico que permite
aos chamadores entrarem em contato direto com determinado ramal de um sistema
telefônico, sem ter de falar com o atendente geral. A discagem direta a ramal elimina a
necessidade de ter um atendente automatizado para rotear as chamadas em sua entrada
na central de comutação telefônica.

E1: é um padrão de linha telefônica digital europeu criado pela ITU-TS e o nome
determinado pela Conferência Europeia Postal de Telecomunicação (CEPT), sendo o
padrão usado no Brasil e na Europa; é o equivalente ao sistema T-carrier norte-
americano, embora o sistema T norte-americano utilize taxas de transmissão diferentes.
O E1 possui uma taxa transferência de 2 Mbps e pode ser dividido em 32 canais de 64
Kbps cada, contudo, 30 canais dos 32 canais existentes transportam informações úteis,
pois a velocidade efetiva da transmissão (through put) da portadora E1, é de 30 x 64 =
1920 Kbit/s, os outros 2 canais restantes (canal 0 e canal 16) destinam-se à sinalização
(sistema designado por "Sinalização por Canal Comum"). A contratação de linhas E1
abaixo de 2 Mbps é conhecida como "E1 fracionário".
A partir dos conceitos descritos anteriormente, são os DDR´s que utilizam como
meio físico de transmissão os troncos digitais, e as chamadas externas provenientes da
ou dá ou dão acesso direto aos ramais de uma Central Privativa de Comutação
Telefônica (CPCT), sem a necessidade de passar pela telefonista.
O DDR é fornecido exclusivamente por meio de tronco digital, e normalmente um
tronco digital que utiliza o padrão E1. Os troncos digitais E1 mais utilizados no Brasil são
os que possuem a sinalização R2 MFC seguidos pelos troncos ISDN.

158 CPTM
Telefonia

Estes troncos têm como características principais:

▪ fornecer até 30 linhas;


▪ encaminhar a identificação do assinante chamador por padrão;
▪ encaminhar um DID (Direct Inward Dialing) utilizado normalmente para uso como DDR
(Discagem Direta a Ramal).

As prestadoras de serviços de telefonia, quando entregam um tronco digital E1


encaminham o DID, também conhecido neste caso como MCDU (Milhar, Centena,
Dezena e Unidade do número de destino encaminhado pela operadora) quando a
sinalização utilizada é a R2/MFC.
O PABX Convencional, ao receber um DID, pode executar algumas funções como
encaminhar a chamada

▪ a chamada para um destino programado, como um ramal que passará a ser chamado
de "Ramal DDR";

▪ a chamada recebida para um serviço como uma URA ou uma fila.

Este DID é fornecido pela operadora em faixas como, por exemplo 6350 a 6399,
uma faixa disponível de 50 números que poderão ser utilizados para serviços ou ramais
DDR. Normalmente, é possível escolher, dentre os números fornecidos, um número a ser
divulgado como o tronco chave da empresa. Este tronco chave será responsável por
receber todas as chamadas e as encaminhar a uma URA ou a telefonista.

Para uma melhor compreensão dos números DID podemos citar um exemplo.

A operadora oferece um tronco digital E1 em R2/MFC com o número tronco chave


11-21916363 e a faixa DDR de 6350 a 6399, compreendendo os números telefônicos de
11-21916350 a 11-21916399. Apesar de um tronco digital E1 permitir, no máximo, 30
chamadas simultâneas, percebemos que a faixa DDR pode ser maior que a capacidade
do tronco em receber chamadas, pois os números DDR serão encaminhados pelo PABX
enquanto houver linhas disponíveis.

CPTM 159
Telefonia

A figura 150 mostra a interação entre um DDR encaminhado pela operadora e o PABX.

Figura 150 - DDR sendo encaminhado pela operadora e direcionado a um ramal pelo PABX.

9.10.5.11 Diferenças entre troncos digitais e analógicos

a)Condutor utilizado em tronco analógico, figura 148

Condutor utilizado em troncos analógicos (Figura 151).


Figura 151 - CABO CCI 1 PAR

Fonte: https://www.bomshop.com.br/eletrica/fios-e-cabos/cabo-cci-1-par.html#.WCxRfNUrLDc

160 CPTM
Telefonia
Condutor utilizado em tronco digital (Figura 152)
Figura 152 - Cabo Coaxial Eldtec RGC213.

Fonte: http://www.aclinformatica.com/products.php?product=cabo-coaxial-eldtec-rgc213-
%252d-avulso

b) Em único PABX podemos ter os dois tipos de tronco, analógico e digital,


instalados no mesmo equipamento (Figura 150).

Figura 153 - Em (a) ilustrando a interligação do PABX até a central de comutação pública por
meio dos dois tipos de troncos, e em (b) ) tabela com principais diferenças entre os dois tipos de
tronco.

CPTM 161
Telefonia

9.10.5.12 Plano de numeração interno do PABX

O número de telefone interno não possui o mesmo formato que um número de


telefone convencional. Ele depende do plano de numeração interno do PABX. Com o
PABX só é necessário discar 3 ou 4 dígitos para chamar outro telefone dentro da
empresa. Geralmente este número é denominado extensão. (Figura 154).

Figura 154 - Plano de numeração interno do PABX, repare na figura acima que cada ramal
possui 3 dígitos e o número da central pública 8 dígitos.

162 CPTM
Telefonia

10 Sinalização Telefônica
A sinalização telefônica compreende todos os sinais de comando, seleção e
supervisão que são trocados entre as centrais de comutação e entre a central e o
aparelho do assinante, para que seja possível o estabelecimento da chamada telefônica.
[SOARES – 1999] [JASZENSKY – 2004]
A sinalização telefônica é de suma importância para o processo de efetivação e
tarifação das chamadas. É a sinalização quem informa a prestadora de serviços os dados
necessários para faturar as contas dos assinantes, através dela também as operadoras
têm dados estatísticos extremamente importantes para a gestão operacional.
Ao se bilhetar a chamada, temos, também, de fazer chegar ao ponto de
bilhetagem os números completos do chamador (assinante A) e do chamado (assinante
B) e o resultado da chamada (se foi atendida ou não). Deste modo, as centrais que irão
estabelecer o caminho para o circuito de conversação (sejam analógicas ou digitais)
precisam ser previamente informadas, principalmente, sobre o número chamado.
Ora, o assinante chamador, quando teclou ou discou, depositou na área do
registrador da sua central local o número do assinante chamado de forma completa
(internacional, nacional, local). Esta mesma central, identificou e memorizou o número de
quem chamou (identidade do chamador) e atributos a ele vinculados, deduzidos pela
central a partir de sua identidade (categoria do chamador: assinante comum, telefone
público, terminal de dados, telefonista, manutenção da central, etc.).
Todos estes dados serão usados durante as decisões de encaminhamento ao
longo da cadeia comutadora e estão disponíveis na central de origem do assinante
chamador, mais especificamente no seu registrador ou área de mesmo nome nas
centrais, e precisarão ser enviados às outras centrais.
Como esses dados serão usados em cada ponto de comutação até o destino, as
centrais necessitam de um sistema de sinais para transmiti-los e recebê-los, numa fase
anterior à existência do próprio circuito por onde far-se-á a telecomunicação. Esse
sistema de comunicação entre centrais denomina-se Sistema de Sinalização de
Registrador.
Além das informações numéricas prévias ao estabelecimento da comutação, há
outros sinais que circulam antes, durante e depois da conversação. São aqueles sinais

CPTM 163
Telefonia
referentes aos troncos que indicam sua disponibilidade (ou indisponibilidade), sua
ocupação, seu bloqueio, o atendimento do assinante chamado, o desligamento
espontâneo ou forçado, etc. Esse grupo de sinais constitui a Sinalização de Linha.
O terminal telefônico utiliza par metálico ou acesso por rádio para enviar uma
série de sinais a central. No caso do telefone analógico, estes são transmitidos por
abertura e fechamento de “loop” da linha. As informações do disco (ou teclado decádico)
são também transferidas a central por sequências de abertura-fechamento. Quando o
teclado for DTMF5, os algarismos 1-0 e demais sinais do teclado (* e #) são transferidos
por códigos multifrequênciais. Esse grupo de sinais constitui a SINALIZAÇÃO DE
ASSINANTE.
Além dos três grupos de sinais acima, há um quarto grupo de sinais destinado a
informar várias situações aos assinantes. Entre eles, temos os sinais de discar, de
ocupado, tom de controle de chamada, toque da campainha, etc. É a sinalização
audível.
Com esses 4 grupos, concluímos a identificação dos quatro conjuntos de sinais
presentes na sinalização telefônica, e com finalidades especificas, que ocorrem em um
sistema telefônico. (Figura 155).

Figura 155 - As quatro sinalizações da Telefônia

164 CPTM
Telefonia

Tradicionalmente, a sinalização entre o assinante da rede e sua central local é


chamada de sinalização do assinante, e a que interliga centrais é designada por
sinalização intercentrais.

10.1 SINALIZAÇÃO DE ASSINANTE

Também conhecida como Sinalização Acústica, consiste em uma série de sinais


audíveis com frequências e cadências preestabelecidas emitidas da central telefônica
para o assinante e se divide em:

▪ Tom de Discar (TD)


▪ Tom de Controle de Chamada (TCC)
▪ Tom de Ocupado (TO)
▪ Tom de Número Inacessível (TNI)
▪ Corrente de Toque (CT).

10.1.1 Tom de Discar (TD)

Também chamado tom de teclar, é o sinal que informa ao assinante originador da


chamada o momento de iniciar o processo de chamada, por meio da discagem ou
teclagem do número do assinante destino.
A central enviará esse sinal toda vez que for reconhecido que o assinante retirou
o fone do gancho, pois isso indicará que ela estará pronta para receber o número do
assinante destino. A tensão presente na linha de assinante quando o fone estiver no
gancho (loop aberto) será de 48 volts DC. Quando o usuário retirar o fone, uma chave
fechará o loop de linha e a tensão cairá para aproximadamente 12 Volts DC, que será
detectada pela central e assim saberá que o fone foi retirado do gancho. (Figura 156).
Figura 156 - Gráfico do sinal elétrico do tom de discar.

CPTM 165
Telefonia

O assinante que deseja fazer a ligação terá um tempo determinado pela central
entre 15 a 20 segundos para fazê-lo, caso não o faça, será desligado da central, para que
não ocupe o sistema e receberá um sinal de ocupado, sinalizando para que refaça a
ligação.
O sinal é enviado ao assinante originador continuamente em uma frequência de
425 Hz ± 25Hz até a recepção do primeiro dígito acionado pelo mesmo.

10.1.2 Tom de Chamada (TC) ou Tom de controle de Chamada

É o sinal que informa ao assinante originador da chamada que ela foi processada
pela central e que o assinante de destino foi localizado. Nesse momento, no mesmo
instante o assinante chamado recebe a corrente de toque de campainha, fazendo soar um
sinal no seu telefone.
O sinal vem de forma cadenciada, na razão de 1:4, isto é, um segundo de toque
(corrente de toque de campainha) para 4 segundos de silêncio. A frequência desse sinal é
de 425Hz ± 25Hz (Figura 157).

Figura 157 - Gráfico do sinal elétrico do Tom de Chamada (TC) ou Tom de controle de
Chamada

10.1.3 Tom de Ocupado (TO ou LO)

O tom de ocupado é enviado diretamente da central para o assinante que originou a


chamada, informando-o das seguintes situações:

• se a linha do assinante destino encontra-se ocupada no momento do chamado;


• se há congestionamento em algum ponto da cadeia de comutação, seja nas rotas
diretas ou no tráfego de transbordo;

166 CPTM
Telefonia
• se os dígitos não foram enviados satisfatoriamente ou em tempo hábil para a central;
• se o enlace não pôde ser processado em algum ponto da cadeia de comutação, por
problemas técnicos.

Esse sinal será de 425Hz, cadenciado em ciclos iguais de 250ms de sinal e 250ms de
silêncio (1/4 de segundo). (Figura 158).

Figura 158 - Gráfico do sinal elétrico do Tom de Ocupado

10.1.4 Tom de Número Inacessível (TNI)

Também é chamado de Tom de Nível Vago ou Número Inexistente. É um sinal de


425Hz enviado ao assinante originador da chamada (chamador) em uma sequência de
sinal com duração de 250ms por 750ms, intercalado por um período de silêncio de
250ms. Indica as seguintes possíveis situações:

▪ número do assinante enviado não existe;


▪ a linha do assinante destino está com defeito;
▪ número do assinante destino foi mudado;
▪ acesso ao número é negado para a sua categoria de usuário.

Esse sinal tem sido gradativamente substituído por uma gravação do tipo “esse
número não existe ou foi mudado, favor ligar para o serviço de auxílio à Lista”.

CPTM 167
Telefonia

10.1.5 Corrente de Toque (CT)

É uma corrente alternada produzida com uma tensão de 75 Volts rms (eficazes)
com tolerância de +20% e frequência de 25Hz, enviada à campainha (circuito ring) do
telefone do assinante de destino, informando-o sobre a existência da chamada.
A corrente é enviada na mesma cadência do tom de controle de chamada, um
segundo de sinal por quatro segundos de silêncio, até que o assinante atenda ou após
completar um período de temporização (Figura 159).

Figura 159 - Gráfico do sinal elétrico da Corrente de Toque (CT)

10.2 SINALIZAÇÃO INTERCENTRAIS

Se mais de uma central local está envolvida no estabelecimento de uma conexão


ou na ativação de um serviço suplementar, essas centrais precisam trocar informações.
Algumas centenas de sistemas de sinalização intercentrais estão disponíveis. A
maioria deles foi desenvolvida apenas para uso nacional, enquanto alguns poucos foram
aceitos e definidos pelo ITU-T ou ANSI como sistemas de sinalização padronizados.
Segundo o glossário de termos técnicos da ANATEL, os significados dos órgãos
reguladores mencionados anteriormente são:

▪ ITU-T :International Telecommunication Union -Telecommunication


Setor da ITU responsável pela padronização em telecomunicações

▪ ITU “International Telecommunication Union”


Órgão da ONU responsável pelo estabelecimento de normas e padrões em
telecomunicações e radiodifusão no mundo.

▪ ANSI “American National Standard Institute”


Organização afiliada à ISO que é a principal organização norte americana envolvida na
definição de padrões (normas técnicas) básicos como o ASCII.

168 CPTM
Telefonia
Seguindo o raciocínio no conceito da sinalização intercentrais, muitos dos
sistemas utilizados nesse tipo de sinalização são baseados no princípio de Chanel
Associated Signaling – CAS (Sinalização Associada ao Canal).

A sinalização CAS divide-se em sinalização de linha e sinalização entre registradores.


Essa divisão dá origem a funções de sinalização separadas dentro da central.

A sinalização de linha trata da troca de informações, mostrando o estado da linha


dos troncos entre duas centrais, tais como linha tomada para comunicação, resposta em
andamento etc. Essa informação de rotina é usada da mesma maneira para todas as
conexões.
A sinalização entre registradores trata da troca de informações de roteamento
(número do assinante B, categoria do assinante A, status de B etc.).
Uma outra forma de sinalização intercentrais para conexões baseadas em
comutação de circuito é a Common Chanel Signaling – CCS (Sinalização por Canal
Comum). Vamos conhecer melhor cada uma delas.

10.2.1 Sinalização associada a canal

A relação entre as funções de sinalização e controle nas centrais de comutação


tem sido o principal fator de desenvolvimento dos sistemas de sinalização.
A sinalização associada a canal é aquela em que os sinais de controle fluem pelo
mesmo caminho da conversação. Mesmo a sinalização ocorrendo antes da conversação
ser iniciada, ela usa o circuito que depois será usado para a conversação. Vemos que o
canal da sinalização está associado ao canal de conversação. Esta vinculação pode ser
na mesma faixa de voz ou numa faixa adjacente associada ao canal. Veja a figura 160
que mostra de maneira sintetizada as descrições anteriores.

Figura 160 - Sinalização associada a canal.

CPTM 169
Telefonia

No PCM de 30 ou 24 canais, onde os sinais correspondentes a cada canal de voz


estão em intervalos de tempo diferentes, a sinalização é do tipo associado a canal, pois a
voz e sinais de controle fluem pelos mesmos caminhos.

10.2.2 Sinalização de Linha

Antes de abordarmos o assunto sobre sinalização de linha, vamos introduzir


rapidamente o conceito de juntor.
Juntor: órgão ou função de uma central de comutação, responsável pela
interface com o meio de transmissão. Observe a figura 158 a presença dos juntores nas
centrais A e B.

Figura 161 - Juntores interagindo com sua respectiva central. (JS) juntor de saída e (JE) juntor
de entrada.

A sinalização de linha é a que estabelece a comunicação entre centrais nas linhas


de junções (juntores), agindo durante toda a conexão.

Envolve trocas de informações relacionadas com os estágios da conexão e


supervisão da linha de junção:

• Inicia os procedimentos de ocupação e liberação de juntor.


• retransmitir os sinais de "no gancho" e 'fora do gancho" do telefone do assinante
chamado para a supervisão da conexão, inicio da tarifação, etc.;
• Ocorre em todas as fases da chamada.
• controlar o processo de desconexão, supervisionando quando o tronco retornar a
condição de disponível;
• controlar a integridade do circuito, isto e, que ele não esta interrompido.

170 CPTM
Telefonia
Diferentes tipos de sinais de linha são trocados entre os juntores. Cada sinal tem
um significado e aplicação. Tendo isso em vista a sinalização de linha é composta dos
seguintes sinais:

Tabela 11 – Sinais da sinalização de linha.

Legenda:
Os sinais indicados por → são enviados da Central de Origem para a Central de Destino e
são denominados “Sinais para Frente”.

Os sinais indicados por  são enviados da Central de Destino à Central de Origem e são
denominados “Sinais para Trás”.

Vamos analisar esses sinais observando a figura 162.


Figura 162 - Ligação de centrais através de juntores

Analisando a figura 162 e a tabela 11, vemos que diferentes tipos de sinais de
linha são trocados entre os juntores; cada sinal tem um significado e aplicação.

CPTM 171
Telefonia

➢ Ocupação
É um sinal enviado para frente, a partir do juntor de saída, para levar o juntor de
entrada associado à condição de ocupação.
➢ Sinal de Atendimento
É um sinal enviado para trás, a partir do juntor de entrada, ao juntor de saída
associado, para indicar que o assinante chamado atendeu.
➢ Sinal de Desligar para Frente
É um sinal enviado para frente pelo juntor de saída ao juntor de entrada associado,
para liberar, na Central de Destino e depois dela, todos os órgãos envolvidos na
chamada.
➢ Sinal de Desligar para Trás
É um sinal para trás, a partir do juntor de entrada, ao juntor de saída associado,
para indicar que o assinante chamado desligou.
➢ Sinal de Confirmação de Desconexão
É um sinal enviado para trás, a partir do juntor de entrada, ao juntor de saída
associado, em resposta a um sinal de desligar para frente, para indicar que ocorreu
a liberação dos órgãos associados ao juntor de entrada.
➢ Sinal de Desconexão Forçada
É um sinal que substitui o sinal de desligar para trás a partir da Central de tarifação
para a Central de Origem, após ocorrida a temporização.
➢ Sinal de Bloqueio
É um sinal enviado para trás, a partir do juntor de entrada ao juntor de saída
associado, provocando o bloqueio do mesmo, enquanto durar este sinal.
➢ Sinal de Rechamada
É um sinal enviado para frente, a partir do juntor de saída ao juntor de entrada
associado, quando uma telefonista deseja rechamar o assinante chamado (ou
outra telefonista), após o desligamento do mesmo.
➢ Tarifação
Sinal emitido em direção à central de origem durante a conversação, para acionar o
contador do assinante chamador (somente na tarifação por pulsos).

172 CPTM
Telefonia

10.2.3 Sinalização entre Registradores

Sinais de registro podem ser transmitidos de diferentes formas, mas o método


mais comum baseia-se a sinalização multifrequencial, no qual duas entre seis frequências
são combinadas para formar 15 sinais diferentes representando dígitos ou categorias.
O equipamento da central para esse sistema é constituído por transmissores e
receptores de código, genericamente designados por registradores.
O conceito que foi originalmente proposto para centrais e redes analógicas
evoluiu para uma versão digital a ser usada com centrais e transmissão digitais. Os sinais
de registro são enviados e recebidos por transmissores e receptores de código nas
janelas de tempo reservadas para cada chamada. Os transmissores e receptores de
código constituem um recurso comum em uma central. Eles são conectados em uma
dada janela de tempo, somente durante a fase de sinalização entre registradores. Isso
corresponde a um tempo de ocupação do recurso de 2 a 4 segundos por conexão. O
tempo de ocupação do recurso depende de três fatores:
• a velocidade com que o assinante disca o número,
• o número de dígitos discados e
• o modo de utilização do equipamento, ou seja, se ele é usado como transmissor ou como
receptor de código.

Veja a figura 163, a qual faz aborda as descrições anteriores, especificamente na


interação assinante – central, e demostra de forma simplificada a operação entre
registradores durante a chamada.
Figura 163 - Forma simplificada da sinalização entre registradores.

CPTM 173
Telefonia

O Brasil adota o sistema de sinalização entre registradores multifrequencial,


conforme era especificado na prática Telebrás SPT 210-110-702, cujas principais
características são as seguintes.

a) Sistema compelido, isto é, cada sinal transmitido em um sentido depende de uma


resposta no sentido oposto, sem o que não será interrompido, até o limite de tempo
permitido pela temporização dos equipamentos de comutação.
b) Utilizam-se 12 frequências em dois grupos de seis, denominados grupos de
frequências altas e grupo de frequências baixas;
c) As frequências que constituem cada um dos grupos são as exibidas na tabela 12 a
seguir.

Tabela 12

Grupo de Frequências Altas - É formado pelas frequências utilizadas para a composição


dos sinais para frente. Estas frequências são transmitidas no sentido do estabelecimento
da cadeia de comutação.

Grupo de Frequências Baixas - É formado pelas frequências utilizadas para a


composição dos sinais para trás. Estas frequências são transmitidas no sentido inverso ao
das frequências altas.

A figura 164 a seguir ilustra a sinalização entre registradores para o sistema CAS
(Sinalização Associada a Canal).

174 CPTM
Telefonia
Figura 164 - sinalização entre registradores para o sistema CAS
(Sinalização Associada a Canal)

O sistema de sinalização compelida caracteriza-se pela seguinte sequência de


operações.

a) Com a tomada de um circuito de saída, o registrador de origem inicia o envio de um sinal


multifrequencial para frente. Esse sinal não é limitado em sua duração, a não ser pela
temporização dos equipamentos de comutação.
b) Assim que o primeiro sinal multifrequencial para frente é reconhecido e interpretado pelo
registrador de destino, este envia um sinal para trás que não é limitado em sua duração, a não
ser pela temporização dos equipamentos de comutação.
c) Quando o sinal para trás é reconhecido e interpretado pelo registrador de origem, este
interrompe o envio do primeiro sinal multifrequencial para frente.
d) Com o reconhecimento da interrupção do primeiro sinal multifrequencial para frente, o
registrador de destino interrompe, por sua vez, o envio do sinal para trás.
e) Reconhecendo a interrupção do sinal para trás, o registrador de origem passa a enviar o
segundo sinal multifrequencial para frente, de acordo com a indicação fornecida pelo sinal para
trás.
f) O processo descrito anteriormente repete-se nos ciclos multifrequenciais subsequentes.

CPTM 175
Telefonia

10.2.4 Sinalização a Canal Comum

Os sistemas que utilizam esse tipo de sinalização contêm um canal de


comunicação dedicado à sinalização, interligando os sistemas de processamento das
centrais envolvidas na conexão, independentemente dos outros canais existentes para o
transporte de voz e dados comutados. Os caminhos usados pela sinalização e controle e
pelo tráfego de voz e dados são separados, resultando no desmembramento da rede
telefônica em duas: rede de sinalização e rede de conexão de circuitos (Figura 165).

Figura 165 - Sinalização por Canal Comum.


Ilustração da Sinalização e controle separada do canal de voz.

O canal de sinalização e controle separado do canal de voz apresenta as


seguintes características.

• É um canal de dados entre as centrais.


• Emprega protocolo de comunicação digital, baseado no modelo OSI (Open System
Interconnection).
• Não precisa utilizar o mesmo caminho dos canais de áudio.
• Pode ocupar qualquer um dos canais do tronco digital, exceto o zero, que transporta
informação de sincronismo.
• Normalmente é usado o canal 16 de um dos troncos de 2 Mbps para transportar informações
de sinalização.
• O ITU-T padronizou um sistema de sinalização por canal comum denominado sistema no 7
(SS#7), que é o sistema adotado no Brasil.

A rede de sinalização por canal comum é independente da rede de telefonia, e os


sinais são transferidos utilizando comutação de pacotes (64 kbps).

176 CPTM
Telefonia
Cada componente da rede de sinalização SS#7 é chamado de ponto de
sinalização, com três funções básicas:
• enviar e receber as informações (corresponde às centrais de comutação telefônica).
• rotear ou transferir as informações.
• permitir o acesso a banco de dados centralizados.

• Essas funções definem os tipos de pontos de sinalização.

• Service switching point (SSP) ou ponto de serviço (PS) – Corresponde às centrais


de comutação. Essas centrais geram as mensagens de sinalização telefônica que
devem ser transmitidas de um SSP para outro.

• Signal transfer point (STP) ou ponto de transferência de sinalização (PTS) –


Responsável pelo roteamento das mensagens de sinalização entre os SSPs. Não tem
função de comutação de áudio, embora muitos equipamentos possam executar tanto a
função de STP como de SSP.

• Service control point (SCP) – Corresponde aos bancos de dados que podem ser
acessados pelos demais pontos da rede para obter informações necessárias para
disponibilizar serviços mais elaborados.

• Cada ponto da rede de sinalização possui um endereço chamado point code. É o point
code que permite que um ponto da rede acesse outro ponto. Para isso, o sistema
insere em cada mensagem enviada o endereço correspondente ao ponto de destino
que se deseja acessar (figura 166).
Figura 166 - Sinalização por Canal Comum - Arquitetura da rede de sinalização SS#7.

CPTM 177
Telefonia
A rede SS#7 possui três modos de operação descritos logo a seguir, e na
sequência ilustrados na figura 167.

Modo associado – As mensagens de sinalização entre duas centrais são transportadas


em uma rota que consiste de um enlace direto entre as duas centrais.
Modo não associado – A rota de sinalização entre duas centrais é composta por mais de
um enlace de sinalização. Um ou mais STPs são usados para transferência do tráfego de
sinalização. Além disso, o caminho percorrido pela mensagem não é único, ou seja,
existem várias alternativas para a sinalização (o caminho não é predeterminado).

Figura 167 - Modos de operação da rede de sinalização SS#7.

178 CPTM
Telefonia

11 Plano de Numeração
Criado para identificação e acesso de um assinante na rede de telefonia pública
por meio de um código numérico único, é classificado em plano de numeração nacional e
plano de numeração internacional.
O plano de numeração nacional divide nosso país em nove regiões, de 1 a 9,
cada uma delas composta por um ou mais estados, abrangendo diferentes áreas
numéricas (figura 168).
Figura 168 - Regiões e áreas numéricas em telefonia.

Cada área numérica é identificada por um dígito, não repetitivo, dentro de uma
região numérica. A figura 169 apresenta a região numérica 1, constituída pelo Estado de
São Paulo, com as respectivas áreas numéricas.

CPTM 179
Telefonia
Figura 169 - Região numérica 1 e respectivas áreas numéricas.

As áreas numéricas são formadas por centrais telefônicas, que fazem parte da
rede de telefonia pública nacional. Elas também recebem uma identificação numérica, de
três ou quatro dígitos, denominada prefixo da central. O primeiro algarismo do prefixo (o
mais significativo) deve ser diferente de 0 e 1, pois estes são utilizados para outras
finalidades. O prefixo não se repete dentro de uma área numérica. A figura 170 ilustra as
centrais dentro da área numérica 12.
Figura 170 - Exemplo de centrais localizadas na área numérica 12.

180 CPTM
Telefonia
Os assinantes de uma central local são identificados por números, que podem possuir
sete ou oito dígitos, com a seguinte formação:

• Numeração com sete dígitos: ABC-MCDU.


• Numeração com oito dígitos: ABCD-MCDU.
• ABC e ABCD representam o prefixo da central; MCDU, milhar, centena, dezena e
unidade.
• Por exemplo, um assinante localizado na cidade de Santos (São Paulo) será assim
identificado no plano nacional: 13 232-9214
• indica o código de área (região numérica 1, área numérica 3);
• 232-9214, o número do assinante (prefixo da central 232, assinante 9214).

No plano de numeração internacional, cada país integrado à rede mundial tem um


código internacional próprio, formado por um, dois ou três dígitos. A numeração
internacional é dividida em regiões de numerações correspondentes aos continentes. A
tabela 13 apresenta alguns exemplos de códigos internacionais.

Tabela 13 - Exemplos de códigos internacionais.

Por exemplo, um assinante localizado em Belo Horizonte (Minas Gerais) será identificado
no plano internacional como: 55 31 4640-3320

• 55 indica o código do país (Brasil); 31, o código de área (região numérica 3, área
numérica 1);
• 4640-3320, o número do assinante (prefixo da central 4640, assinante 3320).

CPTM 181
Telefonia

Os códigos de serviços especiais são números iniciados por 0 e 1 não atribuídos


aos assinantes. O algarismo 0 discrimina o fluxo de tráfego que se destina para fora da
área numérica (tráfego nacional e internacional) e o 1, os códigos especiais, que, segundo
o CCITT (Comitê Consultivo de Telefonia e Telegrafia Internacional), devem ser
compostos por três dígitos (1XY). O objetivo dos códigos especiais é proporcionar o
acesso aos serviços e às informações de utilidade pública, designados por números
curtos e de fácil memorização. Alguns serviços são gratuitos e outros tarifados. Exemplos
no Brasil:

a) Serviços especiais da operadora:


102: informações.
103: reclamações.
104: solicitação de serviços.

b) Serviços de utilidade pública tarifados:


130: hora certa.
134: despertador.
36: farmácias de plantão

c) Serviços de emergência gratuitos:


190: polícia.
192: atendimento móvel de urgência.
193: bombeiros.
199: defesa civil.

As chamadas são classificadas em:

Chamada local – Ocorre dentro de uma área numérica.


Chamada de longa distância (DDD) – Ocorre entre áreas numéricas, dentro do mesmo
país. O assinante chamador deve discar o prefixo nacional “0” antes da identificação de
destino, indicando à central que a chamada é para fora da sua área.
Chamada internacional (DDI) – Ocorre entre países. O assinante chamador deve discar
o prefixo internacional 00 antes da identificação de destino, indicando à central que a
chamada é para fora do país.

182 CPTM
Telefonia
Para possibilitar a escolha da operadora de serviço de telefonia, a Agência Nacional de
Telecomunicações (Anatel) designou um código de acesso para cada operadora. Utilizado
em chamadas de longa distância e internacionais, o código de acesso deve ser discado
depois do prefixo nacional 0 (DDD) ou internacional 00 (DDI).

Exemplo de chamada DDD: 0XX81 295-3425

• 0 indica o prefixo nacional;


• XX, o código de acesso da operadora da região;
• 81, o código de área (região numérica 8, área numérica 1);
• 295-3425, o número do assinante (prefixo da central 295, assinante 3425).

Para efeito de ilustração veja outros exemplos, inclusive ligações a cobrar, utilizando um
respectivo o código de operadora, por exemplo o 21 da Embratel. Lembrando que essa
operação pode ser feita com o código de qualquer operadora.

E para ligações internacionais devemos proceder da seguinte forma.

CPTM 183
Telefonia

184 CPTM
Telefonia

12 Plano de Encaminhamento
e Hierarquia de Centrais

As centrais trânsito de uma rede nacional subordinam-se a uma hierarquia de


nível crescente, desde a central local até a central internacional. A estrutura assim
formada exige definição de regras de encaminhamento.

12.1 CLASSIFICAÇÃO DE CENTRAIS

12.1.1 Centrais Locais

Uma central local, como o próprio nome revela, está situada em uma região de
pequeno alcance, denominada de local. Nessa central, são interligados os assinantes,
cada qual com uma numeração própria. São utilizados dispositivos para comutação
totalmente automática.
O comprimento médio da linha de assinante é de 5Km, isto é, é a distância
aproximada dos condutores entre o assinante e a central. Na realidade, o limite de
distância entre terminal do assinante e a central depende da faixa de frequência utilizada
para transmissão do sinal e da resistência ôhmica do trecho, ou seja, depende da bitola
dos fios. Considerando o uso de fios de menor diâmetro, o limite fica em torno de 8 km,
caso utilizemos apenas o serviço de telefonia na faixa de até 3,4 KHz. Veja na figura 171
a representação de uma central local.

Figura 171 - Representação de uma Central Local

CPTM 185
Telefonia
Uma central local tem como principais características

• alcance limitado à distâncias locais;


• capacidade de funcionamento com até 10.000 assinantes;
• função de interligar os assinantes entre si na mesma central;
• função de possibilitar a interligação dos assinantes ao resto do sistema telefônico;
• proporcionalidade entre a quantidade de centrais locais em uma região e a densidade
demográfica da área;
• função de gerar e repassar sinais de áudio e de sinalização aos assinantes e demais
centrais;
• prefixo (número) para cada central local;
• função de gerar o número de assinante.

12.1.2 Central Tanden

Uma vez que as centrais locais estejam estabelecidas em localidades diferentes,


há a necessidade de estabelecer uma conexão entre elas.
Para essa finalidade, foram criadas as centrais Tanden, cuja função é interligar
diversas centrais entre si. (Figura 172).

Figura 172 - Representação da ligação entre Centrais Locais via Central Tanden.

186 CPTM
Telefonia
As centrais Tanden se subdividem em:

• Centrais Tanden Locais: interligam Centrais Locais entre si.


• Centrais Tanden Interurbanas: interligam centrais interurbananas.

Quando houver necessidade impreterível de interligar duas ou mais centrais


locais diretamente entre si, por razões de otimização econômica, como é o caso em
bairros de uma cidade que tenham centrais locais onde o volume de tráfego de ligações
entre elas seja muito intenso, poderá ser efetuada uma conexão especial que será
denominada de “Linha de Junção”, (Figura 173).

Figura 173 - Representação de Linhas de Junção

Dessa maneira, poderá também haver uma ligação direta entre centrais locais
para casos específicos onde seja justificável economicamente essa ligação, devido ao
excesso de tráfego de dados entre elas. Essa situação é a predominante na maioria das
médias e grandes cidades.
As interconexões entre centrais, sejam elas por linhas de junção ou por centrais
Tanden são denominadas “Rotas”. As linhas de junção que possuem interligação direta
entre centrais específicas são chamadas de “Rotas Diretas”. São necessárias por terem
alto tráfego de interesse entre elas, como é o caso que acontece entre uma determinada
Central Local 1 e uma determinada Central Local 2. (Figura 174).

CPTM 187
Telefonia
Figura 174 - Representação de Rota Direta, Rotas Alternativas e Rotas.

Analisando a figura 171, o tráfego de conversação é encaminhado para a rota


alternativa, quando houver um aumento no tráfego, com ocupação de todos os
denominados “juntores de rota direta”, que são os pontos extremos de interconexão entre
as centrais (ponto de partida e chegada dos troncos). Esse tráfego resultante é
denominado de “Tráfego de Transbordo”. Pode haver mais de uma rota alternativa entre
as centrais e, nesse caso, deve-se definir uma ordem de prioridade entre elas,
programada no sistema que gerencia as centrais.

12.1.3 Centrais Mistas

Tipo especial de central que possui as características das Centrais Tanden em


que podem também ser interconectados assinantes, é claro se ela estiver preparada para
essa possibilidade. A esse tipo de central, que interliga tanto linhas de assinantes quanto
linhas de junção, denominamos “Central Mista”. Nesse caso, na realidade, a função
Tanden é denominada “Trânsito” (Figura 175).
Figura 175 - Representação da Central mista

188 CPTM
Telefonia

12.1.4 Centrais de Trânsito

Seguindo o mesmo raciocínio, podemos dizer que as Centrais de Trânsito são


aquelas destinadas à interligação de centrais de áreas locais diferentes. Por elas circulam
o tráfego interurbano, delimitado por uma área de atendimento regional, agregando uma
certa quantidade de centrais locais.
Essa hierarquia de interligação entre centrais pode crescer mais, interligando as
centrais de trânsito, diferentes diretamente entre si, por meio de outras centrais de trânsito
com classes diferenciadas (superiores), responsáveis pelo encaminhamento das
chamadas no âmbito regional, estadual, nacional ou internacional respectivamente.
Discutiremos com maior profundidade sobre hierarquia de centrais na seção 13.2.
Quando o volume de trânsito entre centrais de uma mesma região for muito
grande, também poderá haver uma central de trânsito que as interligue, sendo
denominada de “Central de Trânsito Local”. Basicamente, as centrais de trânsito visam
atender, de forma econômica, o fluxo de tráfego entre as áreas de comutação. Os Centros
de Trânsito são para os centros locais o que esses últimos são para os assinantes e, se
dividem em:
• Centrais de Trânsito Interurbano: interligam dois ou mais sistemas locais completos da
rede nacional. Essas centrais se interligam diretamente ou por meio de outra central
de trânsito. Visam interconectar o volume de tráfego dos assinantes de uma região de
atuação previamente estabelecida (exemplo: código 84, referente ao Rio Grande do
Norte) com outra região de atuação (exemplo: código 83, referente à Paraíba). As
conexões podem ser estabelecidas por meio de cabos submarinos ou via satélite
(onde a maioria das conexões ocorre atualmente) (figura 176).

Figura 176 - Central Trânsito Interurbano. A figura ilustra uma chamada em andamento

• Centrais de Trânsito Internacional: visam interconectar os assinantes em nível


internacional, isto é, países entre si, situam-se em localidades específicas,
normalmente em grandes centros urbanos. As conexões podem ser estabelecidas por
CPTM 189
Telefonia
meio de cabos submarinos ou via satélite, onde a maioria das conexões acorre
atualmente (Figura 177).

Figura 177 - Central trânsito internacional. A figura ilustra uma chamada em andamento

12.2 HIERARQUIA ENTRE CENTRAIS

Entre as diferentes centrais telefônicas da “Rede de Telefonia Pública Comutada


(RTPC)” estabeleceu-se uma hierarquia: os centros locais dependem hierarquicamente de
centros de trânsito correspondentes.
• Centro Classe V (Local) - Centro de comutação onde são ligados a redes de assinantes e os
troncos de conexão a outros centros locais, ou mesmo ao centro de trânsito de área. É o centro
de comutação hierarquicamente mais baixo.
• Centro de Trânsito Classe IV - Centros onde se ligam os centros locais ou linhas de assinantes.
São as Centrais Tanden locais ou Mistas.
• Centro de Trânsito Classe III - Centros onde se ligam os circuitos que constituem as rotas finais
de centros classe IV, centros locais ou ainda linhas de assinantes, podem ser Centrais Mistas
ou Tanden Locais.
• Centro de Trânsito Classe II - Centros onde se ligam os circuitos que constituem as rotas finais
de centros classe III. São as Centrais de Trânsito Interurbano. Necessariamente não têm a
função de interligar centrais entre si, apenas são trânsito para o tráfego de comunicação.
• Centro de Trânsito Classe I - Centro onde se ligam os circuitos que constituem as rotas finais
de centros classe II. Representa o nível mais elevado da rede interurbana. Essa central tem
acesso a pelo menos uma central que processa o tráfego internacional.
• Centro de Trânsito Internacional - Centro onde se ligam os circuitos que constituem as rotas
finais de centros de, no mínimo, um Centro da Classe I. São responsáveis pelas comunicações
internacionais e concebidas com Centrais denominadas Internacionais.

Veja na figura na figura 178 a hierarquização, chamada de “Encaminhamento


Nacional”, onde existem os centros locais e os centros de classes I, II, III, IV e V .

190 CPTM
Telefonia
Figura 178 - Representação gráfica de centros de classes I, II, III, IV e V

12.3 Plano de Encaminhamento

O encaminhamento das chamadas dentro da rede telefônica comutada flui


hierarquicamente, buscando o melhor caminho entre as centrais de origem e de destino.
Esta hierarquia do sistema se faz necessária devido à otimização dos pontos de
comutação, concentração dos feixes de transmissão e interesse de tráfego das áreas.
O encaminhamento de chamadas interurbanas obedece a um conjunto de normas
e regras que fazem parte do Plano Nacional de Encaminhamento. Este Plano define
normas e regras para o encaminhamento de chamadas interurbanas, estabelecendo uma
hierarquia entre as centrais trânsito com o objetivo de disciplinar o tráfego que passa por
elas.
Já sabemos que as centrais locais podem ser comutadas através de centrais
trânsito locais ou de centrais Tanden, e que as ligações interurbanas são comutadas
através de centrais trânsito interurbanas.
CPTM 191
Telefonia
Nas grandes cidades, devido à característica elevada de tráfego telefônico,
gerando consequentemente elevado tráfego interurbano, há necessidade de várias
centrais trânsito. Assim, pode existir, por exemplo, central trânsito estadual para o tráfego
intraestadual e central trânsito para o tráfego interestadual e nacional.
As cidades médias, do interior do estado, podem possuir também centrais
trânsito, interligadas a trânsito estadual e esta, por sua vez, ligada a trânsito nacional. É
necessário estabelecer uma hierarquia entre estas centrais para disciplinar o tráfego que
passa por elas. Assim, o tráfego puramente estadual não deve passar por uma central
trânsito nacional, destinada ao tráfego interurbano, para não prejudicar o tráfego nacional.
A hierarquia, dentro de um país, inicia-se nas centrais locais e sobe até atingir a
central trânsito internacional. Naturalmente, pode existir mais de uma trânsito
internacional e pode-se também eleger uma delas como a de mais alta hierarquia. (Figura
179)
Figura 179 - Plano de Encaminhamento

Analisando a figura 179, no intuito de seguir as rotas, verifica-se que as centrais


locais “A” e “J” não estão interligadas diretamente, porém, pelo encaminhamento
mostrado, elas se interligam via trânsito local (classe IV) pela rota A-B-I-J.
As chamadas passando por esta rota, são denominadas de primeira escolha. Se
esta rota ficar congestionada, automaticamente as chamadas excedentes passam para a
rota de segunda escolha A-B-H-I-J, envolvendo a central H de maior hierarquia (classe
III).Naturalmente, a própria estrutura da rede apresentada ainda ofereceria a possibilidade

192 CPTM
Telefonia
de uma terceira alternativa que seria a rota de terceira escolha, através de A-B-C-I-J,
envolvendo novamente uma central de hierarquia superior (classe III).
Uma chamada internacional é roteada diretamente por A-B-C-D-E - Internacional.
É possível estabelecer ligações essenciais entre as centrais mantendo hierarquia. (Figura
180)

Figura 180 - Hierarquia de centrais em diferentes planos

De acordo com a figura 177, todas as centrais locais são ligadas a uma central
trânsito local ou Tanden que são de hierarquia superior (classe IV) e providenciam a
comutação entre as centrais locais. A Tanden pode atender assinantes. A interconexão
entre as trânsito locais e as Tanden é feita pelas centrais de trânsito classe III, através de
cabos troncos.

CPTM 193
Telefonia

194 CPTM
Telefonia

13 Plano de Tarifação e Bilhetagem

A implantação, a expansão e a operação de um sistema de telecomunicações


requerem vultuosos investimentos. O plano de tarifação é de importância fundamental
para prover os recursos à empresa operadora para adquirir equipamentos, pagar seus
funcionários, arcar com as despesas gerais como energia elétrica, materiais de consumo,
edição de guias telefônicos, etc. Isto significa que a receita das taxas e tarifas deve ser
suficiente para amortizar os investimentos realizados, pagar a operação dos
equipamentos, prover reservas para o fundo de expansão e renovação, pagar os
impostos e remunerar os acionistas ao nível do mercado acionário, para poder atrair
novos capitais.
Ao se adquirir uma linha telefônica, os assinantes contribuem com uma parcela
que cobre uma pequena parte do total investido na instalação do sistema; sendo que o
total investido é recuperado em longo prazo, pelos serviços oferecidos aos assinantes que
usufruem o sistema.
Os assinantes ao efetuarem uma conexão telefônica, custeiam os gastos
efetuados nesta conexão e ainda uma grande parte dos gastos efetuados na instalação
do sistema.
O total que o assinante deve pagar pelo serviço prestado pela concessionária
deve levar em conta a duração da chamada e também a distância coberta pela conexão
(quanto maior a duração da conversação e a distância coberta, maior a quantia a ser
paga).

13.1 TAXA E TARIFA

O plano de tarifação disciplina os critérios de cobrança dos serviços prestados. A


receita da operadora provém da cobrança de taxas e tarifas.
A taxa refere-se a um pagamento fixo para remunerar o serviço executado uma
única vez. Por exemplo, quando um assinante vai ser conectado à rede, a operadora tem
que lhe atribuir um número, enviar um instalador para instalar a linha no poste mais

CPTM 195
Telefonia
próximo da residência e executar manobras na rede para levar a linha do distribuidor geral
(DG) até o poste. Cada instalação tem um custo específico: a operadora calcula seu custo
médio e fixa o valor da taxa de instalação ou tarifa de habilitação. O que caracteriza a
taxa é seu caráter não repetitivo.
A tarifa é repetitiva e relacionada à remuneração periódica pelo serviço prestado e
aluguel de instalações. A tarifa deve cobrir os custos de operação, custos administrativos
e provisões para ampliações e renovações.

13.1.1 Custos de Operação

Os custos de operação da concessionária são de duas naturezas.

• Custos independentes do tráfego - são aqueles que ocorrem obrigatoriamente, quer


o assinante use ou não seu telefone; como custos do prédio, da linha do assinante, do
condicionamento de ar, do equipamento de energia. Estes custos devem ser cobertos
pela assinatura básica residencial, não residencial ou tronco que é parte da tarifa
mensal cobrada de toda linha ativada, tenha ou não utilizado o serviço no período, e
que dá direito à franquia de 100 pulsos. Cobre também a depreciação dos
equipamentos, a sua manutenção e o nome em lista telefônica. Há também tarifas
adicionais por utilização de serviços suplementares (que são as facilidades CPA,
chamadas de linha inteligente, como atendimento simultâneo, chamada a 3,
transferência de chamada, transferência quando ocupado, transferência quando não
responde, consulta e transferência, discagem abreviada, linha direta e bloqueados de
interurbano).

• Pulso - é uma unidade de medida relacionada ao tempo das chamadas. Todo terminal
telefônico possui um contador na central, que identifica o número de pulsos utilizados
no mês. Os pulsos são cobrados em chamadas locais e em chamadas interurbanas
multimedidas (ligações regionais).

196 CPTM
Telefonia

13.1.2 Custos dependentes do tráfego

São aqueles proporcionais ao uso do serviço telefônico, sendo formados por duas
parcelas.
Custos de estabelecimento da ligação - são aqueles que ocorrem para o
estabelecimento da conexão entre assinantes; compreendem o custo de acionamento das
centrais comutadoras.
Custos de transmissão - referem-se àqueles proporcionais ao tempo de duração da
chamada, nos quais se incluem juntores, circuitos troncos, estágios comutadores, etc.
A tarifa de utilização é a parcela de custo relativa ao uso que o assinante faz de
seu telefone, cobrindo custos de comutação e transmissão. Esta se baseia no tempo de
conversação de uma chamada, que é o intervalo de tempo decorrido entre o momento
que o assinante chamado atende e o momento em que o assinante chamador repõe o
fone no gancho.
Hoje em dia cobra-se do assinante a assinatura básica e, caso ele não tenha
completado chamadas durante o mês ou o número de chamadas não tenha ultrapassado
o limite de chamadas estabelecido pela concessionária (100 pulsos por mês), pagará
somente o valor da assinatura básica.
O serviço telefônico apresenta uma complexidade tarifária que o distingue dos
demais serviços públicos (água, energia elétrica, gás, etc.). Existe uma diferenciação da
tarifa em função da hora, data e distância envolvida na conversação. A diferenciação das
tarifas impede que o tempo das sucessivas chamadas sejam simplesmente adicionadas.
Em cada uma das chamadas deve-se conjugar o tempo de conversação e a tarifa
aplicável, e assim registrar essas informações em um “contador de chamadas de
assinante” (dispositivo capaz de acumular informações de tarifação).

13.2 MÉTODOS DE TARIFAÇÃO

Existem dois métodos de tarifação por utilização aplicados em telefonia:


multimedição (contador de pulsos de assinante) e bilhetagem automática (armazena
dados da chamada como local, horário, duração, degrau tarifário, etc.).
Os métodos de tarifação variam de acordo com as distâncias entre os assinantes.
Para conexões a pequena distância (ligações locais) e distâncias de até 50Km, a tarifação
é feita através da multimedição. Para distâncias maiores (ligações interurbanas) utiliza-se
o sistema de bilhetagem automática.

CPTM 197
Telefonia

13.2.1 Multimedição

A multimedição pode ser feita por tempo (ligação local) ou por tempo e distância
(Degrau Tarifário). Na multimedição, o contador de chamadas do assinante chamador
receberá pulsos de tarifação repetidos enquanto durar a chamada. As marcações
recebidas no contador, durante diferentes chamadas, serão somadas umas às outras,
sendo impossível distinguir as diferentes chamadas ou o número de chamadas
realizadas. As ligações locais são contabilizadas por meio de pulsos. (Figura 181).

Figura 181- Tarifação de chamadas locais completadas

De a acordo com a figura 181, considera-se somente um pulso por chamada,


independentemente da duração, de segunda a sábado das 0h às 6h; sábado das 14h às
0h e domingos e feriados nacionais o dia todo. Fora desses horários, ela é tarifada com 1
pulso quando a chamada for completada (o chamado atender), 1 pulso entre os 4
primeiros minutos (aleatoriamente) e 1 pulso a cada 4 minutos adicionais sucessivamente.
A solução adotada para conjugar o tempo de conversação e o degrau tarifário
(que é função da distância) foi obtida pela substituição da grandeza tempo de
conversação por um pulso elétrico. Assim, um pulso corresponde a um intervalo de tempo
T, para um dado degrau tarifário.
Cada degrau tarifário possui o seu valor T correspondente para as tarifas normais,
reduzidas, super reduzida e diferenciada (ou de pico), como mostra a Tabela 5. Quanto
maior o degrau tarifário, mais curto é o intervalo de tempo T, correspondente a um pulso.
O intervalo T, expresso em segundos, é denominado cadência da multimedição.

Tabela 14 - Quantidade de segundos por pulso para ligações multimedidas com degrau tarifário

198 CPTM
Telefonia
Para ligações a longa distância multimedida, as chamadas são registradas
mediante a geração de pulsos, sendo que a quantidade de tempo que cada pulso terá de
duração vai depender do degrau, dia e horário em que se efetuar a ligação.
Para efeito de tarifação, deve ser considerado como horário de início da chamada
a hora da localidade de origem, mesmo que seja uma chamada a cobrar em outra
localidade com fuso horário diferente.
Feriados para fins tarifários: 1 de janeiro, 21 de abril, 1 de maio, 7 de setembro,
12 de outubro, 2 de novembro, 15 de novembro, 25 de dezembro, Terça-feira de carnaval,
Sexta-feira santa, Corpus Christi e dia de eleição.

13.2.2 Métodos utilizados no processo de multimedição

a) Pulso sincronizado com o atendimento - consiste em fazer com que, no instante em


que o chamado atende, ative-se um gerador de pulsos, coincidindo o 1º pulso com o
sinal de atendimento e os demais pulsos sucederem-se a intervalos T até o
desligamento da chamada. Neste tipo de tarifação, utiliza-se o critério de pré-
pagamento do pulso antes de usufruir todo o intervalo T que lhe corresponde, e no
último pulso cobra-se um excesso do assinante (cobra-se T e o assinante utiliza T-Y)
prejudicando-o (Figura 182).

Figura 182 - Pulso Sincronizado com o Atendimento

b) Karlson puro - Método desenvolvido por S. A. Karlson (engenheiro chefe da telefônica


de Helsinque, Finlândia) no final da década de 1930, em que um trem de pulsos com
início aleatório em relação ao momento do atendimento é o responsável pela tarifação.
(Figura 183).

CPTM 199
Telefonia
Figura 183 - Método Karlson Puro

No Karlson puro, o instante do atendimento e a posição dos pulsos no gerador


são dois eventos independentes, e o intervalo X é de duração aleatória (0<X<T).
Verifica-se que X beneficia o assinante (usa sem pagar) em prejuízo à
concessionária, enquanto que Y beneficia a concessionária (recebe sem oferecer) em
prejuízo do assinante. Em algumas chamadas pode-se ter X<Y (sobretarifação sobre o
assinante); X>Y (subtarifação contra a concessionária) ou X=Y (tarifa justa).

c) Karlson modificado - Método derivado do anterior, no qual se procurou anular o risco


de se estabelecer uma conversação sem a correspondente tarifação, adiantando-se o
1º pulso que ocorreria após o intervalo X para coincidir com o momento do
atendimento. Resolve-se este problema emitindo um pulso no atendimento e
cancelando o 1º da cadência de Karlson (Figura 184).

Figura 184 - Método Karlson Modificado

O Karlson modificado garante a tarifação das chamadas com Tc muito curto,


protegendo a concessionária contra o risco de não tarifação de chamadas muito curtas.

200 CPTM
Telefonia
d) Karlson acrescido - Neste método adiciona-se um pulso no atendimento, sem
cancelar o 1º pulso aleatório. Comparando os métodos Karlson puro, modificado e
acrescido, nota-se que este último é o que conduz aos maiores erros contra o
assinante, oferecendo grande garantia à concessionária. Este é o método
implementado e em uso pelas empresas concessionárias telefônicas.

Figura 185 - Karlson Acrescido

13.3 BILHETAGEM AUTOMÁTICA

É o processo de tarifação usado nas chamadas de longa distância (interurbanas –


DDD, DDC e DDI) devido à impraticabilidade da multimedição nestas conexões. A
tarifação por bilhetagem automática é centralizada na central trânsito de origem.
Cada chamada completada origina um conjunto de informações, que são
armazenadas em um meio adequado à computação (fita magnética) para posterior
processamento e faturamento. O bilhetador automático extrai, no ponto de tarifação
interurbana, em todas as chamadas iniciadas pelo prefixo nacional “0”, os seguintes
dados:

• identidade (número) do chamador;


• categoria do chamador (assinante comum; com tarifação especial; equipamento de
manutenção; telefone público; operadora; equipamento de transmissão de dados);
• identidade (número) do chamado;
• condição do chamado (assinante livre com tarifação; assinante ocupado; assinante com
número mudado; congestionamento; assinante livre sem tarifação);
• hora do atendimento;
• hora do desligamento (ou tempo de conversação);
• data em que foi realizada a chamada;
• classe da tarifa (normal; diferenciada; reduzida ou super reduzida);
• degrau tarifário (função da distância), conforme a tabela da operadora.

CPTM 201
Telefonia
Com os dados acima, calculam-se o tempo de conversação e a tarifa aplicável por
unidade de tempo e também a eventual redução ou acréscimo tarifário em função da hora
ou data (domingos, feriados, etc.). O resultado desse processamento alimenta o processo
de emissão das contas, nas quais as chamadas interurbanas são relacionadas uma a
uma.
O bilhetador fornece ao centro de computação administrativo uma fita magnética
com os dados referentes às chamadas para a emissão da conta dos assinantes. No
computador administrativo, tem-se a tabela de distâncias, na qual se seleciona a distância
em função do número nacional do chamador e do chamado; a tabela de degraus tarifários
também está depositada neste computador. Pela distância, ela indicará a tarifa básica por
minuto. O cômputo da hora de início e fim e, eventualmente data, fornecerá a duração da
chamada em minutos. A data e a hora de atendimento indicarão tratar-se de dia ou parte
do dia em que há acréscimo.
O produto “Duração da Chamada x Tarifa Normal por Minuto x Variação da Tarifa”
dará o preço da chamada.
Portanto,
Veja a figura 186, a qual mostra a variação do preço da tarifação em função do
horário.
Figura 186 - Horários para tarifação de ligações a longa distância

13.4 DEGRAU CONURBADO (DC)

Antes de tratarmos sobre degrau conurbado, vamos dar algumas predefinições


sobre áreas conurbadas e sobre distâncias geodésicas.
São consideradas áreas conurbadas duas localidades vizinhas e distintas que
apresentam continuidade urbana entre si e as chamadas telefônicas são realizadas sem a
necessidade de uso do atual código de área (por exemplo, o 011, em algumas localidades
de São Paulo; ou o 019, no caso de Campinas). Mas essas chamadas são consideradas
de longa distância e o valor de cada pulso está pouco acima daquele cobrado em
chamadas locais. São exemplos ligações telefônicas entre Campinas e Paulínia; Santos e
Cubatão, ou da cidade de São Paulo para Osasco.

202 CPTM
Telefonia

Veja na figura 187 o mapa da região metropolitana de São Paulo e na tabela 10,
as zonas consideradas conurbadas pela Anatel. Para assimilar o conceito de zonas
conurbadas é importante analisar a tabela da Anatel em conjunto com o mapa da região
metropolitana de São Paulo.

Figura 187 - Região Metropolitana de São Paulo.

Fonte: http://3.bp.blogspot.com/-2HHOT-
PkMgI/UsWZLXRxsOI/AAAAAAAADiw/4pgQNM6X0to/s1600/regiao-metropolitana-de-sao-paulo.jpg

CPTM 203
Telefonia
Tabela 15 – Área Conurbada de São Paulo.

Área Conurbada de São Paulo


(1) São Paulo
(2) Arujá
(3)Barueri
(4) Biritiba - Mirim
(5) Caieiras
(6) Cajamar
(7) Carapicuiba
(8) Cotia
(9) Diadema
(10) Embu
(11) Embu - Guaçu
(12) Ferraz de Vasconcelos
(13) Francisco Morato
(14) Franco da Rocha
(15) Guararema
(16) Guarullhos
(17) Itapecerica da Serra
(18) Itapevi
(19) Itaquaquecetuba
(20) Jandira
(21) Juquitiba
(22) Mairiporã
(23) Mauá
(24) Mogi das Cruzes
(25) Osasco
(26) Pirapora do Bom Jesus
(27) Poá
(28) Ribeirão Pires
(29) Rio Grande da Serra
(30) Salesópolis
(31) Santa Isabel
(32) Santana de Parnaíba
(33) Santo André
(34) São Bernado do Campo
(35) São Caetano do Sul
(36) São Lourenço da Serra
(37) Suzano
(38) Taboão da Serra
(39) Vargem Grande Paulista
Fonte: Adaptado de
http://www.anatel.gov.br/Portal/verificaDocumentos/documento.asp?numeroPublicacao=10394&assu
ntoPublicacao=null&caminhoRel=null&filtro=1&documentoPath=biblioteca/releases/1999/areas_conu
rbadas.pdf

204 CPTM
Telefonia
As chamadas entre localidades com continuidade urbana entre seus municípios,
são chamadas que utilizam Degrau 1, 2, 3 e 4 (D1, D2, D3 e D4) - Ligações interurbanas,
intraestaduais ou interestaduais entre localidades com as distâncias geodésicas variando
conforme tabela de tarifas.
A geodésica é a menor distância, num plano, que une dois pontos tal que, para
pequenas variações da forma da curva, o seu comprimento é estacionário. A
representação da geodésica em um plano representa a projeção de um círculo máximo
sobre uma esfera. Assim, tanto na superfície de uma esfera ou deformada num plano, a
reta é uma curva, já que a menor distância possível entre dois pontos somente poderá ser
curvada, pois uma reta necessariamente precisaria, permanecer sempre num plano, para
ser a menor distância entre pontos. Do ponto de vista prático, na maioria dos casos, a
geodésica é a curva de menor comprimento que une dois pontos.

Veja a tabela 16 a seguir.

Tabela 16 - Tarifas para chamadas interurbanas de telefone fixo para fixo

A unidade de tarifação a longa distância nacional é o décimo de minuto, sendo


que após o primeiro minuto (que é o período de tarifação mínima), a ligação será tarifada
a cada 6 segundos, sendo que qualquer fração menor será sempre arredondada para 6
segundos.

CPTM 205
Telefonia

206 CPTM
Telefonia

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