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INOVAÇÃO

Saiba o que é a Indústria 4.0 e descubra as


oportunidades que ela gera

Uma nova era industrial já molda o futuro de muitos empreendedores.


Leia o artigo de J. Rizzo Hahn e saiba como aproveitar essa
tendência.

 O que é?
 E o Brasil?
 Autor


A Revolução Industrial transformou a vida das pessoas. Agora,
qualquer um tem acesso à grande variedade de produtos, a novas
formas de geração e distribuição de energia, a meios de transporte
mais eficientes. Houve também uma migração massiva para as
cidades. Recentemente, a internet encolheu o planeta e
revolucionou o acesso à informação e o modo de relacionamento
entre as pessoas.

Vivemos agora uma revolução tecnológica que promete transformar


novamente a maneira como o mundo funciona, proporcionando
crescimento econômico, gerando empregos mais qualificados e
propiciando elevação dos padrões de vida.

A era da Internet Industrial já começou e ela une máquinas


inteligentes, análise computacional avançada e trabalho colaborativo
entre pessoas conectadas para gerar profundas mudanças e trazer
eficiência operacional para setores industriais diversos: manufatura,
transporte, energia e saúde.
Analistas indicam um mercado potencial de US$ 15 trilhões em 15
anos. Gigantes globais como GE e Intel, empresas de tecnologia no
geral, universidades e institutos de pesquisa trabalham para vencer
desafios técnicos, como nível de segurança viável para troca de
informações sensíveis e criação de padrões e referências para a
interoperabilidade entre máquinas e dispositivos.

Para acelerar esse processo e fomentar colaboração entre os


participantes dessa comunidade, foi criado, nos Estados Unidos,
em 2014, o Consórcio de Internet Industrial (IIC), com cerca de 250
associados, de 30 países. No entendimento das empresas
participantes, nós já dispomos da tecnologia para criar soluções
inovadoras, e boa parte do esforço do consórcio está em criar projetos
pilotos (testbeds) que coloquem em prática as novas ideias.

Aqui no Brasil, inspirados no modelo do IIC e buscando inserir o país


nesta revolução, a Pollux, a Fiesc/Ciesc e a Embraco fundaram, em
agosto de 2016, a Associação Brasileira de Internet Industrial. A ABII
visa divulgar e fortalecer a Internet Industrial no Brasil e criar um fórum
permanente de discussões sobre o tema, além de intercâmbio
tecnológico e de negócios com parceiros internacionais, promoção do
desenvolvimento econômico e geração de emprego.

O que é?

Foi na edição de 2011 da Feira de Hannover que o conceito da


Indústria 4.0 começou a ser revelado ao público em geral. A iniciativa,
fortemente patrocinada e incentivada pelo governo alemão em
associação com empresas de tecnologia, universidades e centros de
pesquisa do país, propõe uma importante mudança de paradigma
em relação à maneira como as fábricas operam nos dias de hoje.

Nessa visão de futuro, ocorre uma completa descentralização do


controle dos processos produtivos e uma proliferação de
dispositivos inteligentes interconectados, ao longo de toda a
cadeia de produção e logística.
O impacto esperado na produtividade da indústria é comparável ao
que foi proporcionado pela internet em diversos outros campos, como
no comércio eletrônico, nas comunicações pessoais e nas transações
bancárias.

Tornar a Indústria 4.0 uma realidade implicará a adoção gradual de


um conjunto de tecnologias emergentes de TI e automação industrial,
na formação de um sistema de produção físico-cibernético, com
intensa digitalização de informações e comunicação direta entre
sistemas, máquinas, produtos e pessoas; ou seja, a tão
famosa Internet das Coisas (IoT). Esse processo promete gerar
ambientes de manufatura altamente flexíveis e autoajustáveis à
demanda crescente por produtos cada vez mais customizados.

Para o sucesso do projeto, a consolidação de um único conjunto de


padrões técnicos de comunicação e segurança será um elemento-
chave. Com ele, a troca de informações entre os diferentes tipos
de sistemas e dispositivos será assegurada, eliminando-se as
restrições relacionadas aos padrões proprietários vigentes.

O tema também já foi explorado em um episódio especial do programa


do Sebrae Papo de Especialistas. O programa foi gramado em
um coworking dedicado à cadeia produtiva da confecção e moda.
Entre os convidados, estão o empresário Bernardo Fonseca, da Base
Avançada Confecção, Juliana Borges, especialista do Sebrae, e Flávio
Bruno, representante do Senai/Cetiqt. Confira no vídeo abaixo.

Um bom exemplo é o material disponibilizado pelo site da Academia


Nacional de Ciência e Engenharia da Alemanha (conteúdo disponível
em inglês). É importante frisar que boa parte dessas novas
tecnologias já está disponível, mas que a transição para a Indústria
4.0 não ocorrerá de forma repentina, e sim gradual, com uma
velocidade de implantação que dependerá de fatores econômicos e
estratégicos e da capacitação tecnológica da indústria presente em
cada país.

 Clique aqui e saiba como se preparar para a Indústria 4.0


E o Brasil?

E o Brasil no meio dessa história toda? O consenso entre os


especialistas é de que a indústria nacional ainda está em grande parte
na transição do que seria a Indústria 2.0, caracterizada pela utilização
de linhas de montagem e energia elétrica, para a Indústria 3.0, que
aplica automação por meio da eletrônica, robótica e programação.

Para termos uma ideia da nossa defasagem, precisaríamos instalar


cerca de 165 mil robôs industriais para nos aproximarmos da
densidade robótica atual da Alemanha. No ritmo atual, cerca de 1,5
mil robôs instalados por ano no país, levaremos mais de 100 anos
para chegar lá.

A boa notícia é que não precisaremos passar por todo o processo de


modernização fabril ocorrido nos países desenvolvidos nas últimas
décadas para poder abraçar as tecnologias da Internet Industrial e da
Indústria 4.0. Podemos e devemos queimar etapas. O que não
podemos fazer é ignorar essa revolução se quisermos preservar
a indústria presente no Brasil e prepará-la para esse novo
panorama competitivo.

Trata-se de criar um cenário no qual as tecnologias de informação e


de automação, e não a mão de obra de baixo custo, é que vão gerar
as vantagens competitivas para as nações com setor de manufatura
relevante. A conjuntura brasileira atual, marcada por uma severa crise
econômica e política, torna esse desafio ainda mais difícil para o país.

Precisaremos, mais do que nunca, de lideranças fortes e


articuladores na indústria, no governo e nas instituições acadêmicas
e de pesquisa. Precisaremos também de níveis de investimento
relevantes e da capacitação intensiva de gestores, engenheiros,
analistas de sistemas e técnicos nessas novas tecnologias, além de
parcerias e alianças estratégicas com entidades de outros países.

Cada um precisará fazer a sua parte:

 Governo: políticas estratégicas inteligentes, incentivos e fomento.


 Empreendedores e gestores da indústria: visão, arrojo e postura proativa.
 Instituições acadêmicas e de pesquisa: formação de profissionais e com
desenvolvimento tecnológico, preferencialmente em grande proximidade com
a indústria.
A Internet Industrial e a Indústria 4.0 criam também enormes
oportunidades para empreendedores que atuam na área de
tecnologia, talvez como nunca antes na história da humanidade.
Muito do que será necessário para converter a manufatura, os meios
de transportes, o agronegócio e outros setores industriais ainda
precisa ser desenvolvido. Boa parte dessas tecnologias disruptivas
ainda requer aperfeiçoamento, customização e a criação de soluções
abrangentes que funcionem e gerem os benefícios esperados.

Para mencionar apenas algumas dessas novas ferramentas,


precisaremos de empresas e de startups focadas em Big Data,
Analytics, nuvem, segurança e automação de conhecimento na área
de software e em robótica avançada, manufatura aditiva, novos
materiais, energias sustentáveis e simulação no campo da
engenharia. Para empreendedores que já atuam em um dos
segmentos diretamente impactados por essa revolução, vale investir
tempo na formulação de um plano consistente para avaliar e
aplicar as novas tecnologias em suas operações.

O ideal é reunir a equipe interna com especialistas do mercado para


analisar a viabilidade e o impacto de cada uma das novas tecnologias.
Na transição, uma dica é pensar grande e começar pequeno, ou seja,
pilotar cada ideia, medir os resultados e expandir para toda a
operação. Outra dica é não esperar por um momento futuro, a hora
é agora, antes que seus competidores o tirem do mercado.

Autor
José Rizzo é fundador da Pollux, empresa fundada em 1996,
especialista em automação industrial e Empreendedor Endeavor.

Conteúdo feito em parceria com a Endeavor Brasil

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