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Carta IEDI
Edição 899
Publicado em: 04/01/2019
Ainda que a nova revolução industrial traga implicações importantes sobre vários
aspectos em todo os países, o momento é de muita atenção para os países emergentes,
notadamente para os da América Latina, que nas últimas décadas apresentaram uma
performance inferior a outras regiões em desenvolvimento, sobretudo, em relação ao
Leste Asiático.
Como será discutido a seguir, dois traços que são muito característicos dos países latino-
americanos – a saber, elevada desigualdade social e inserção acanhada nas cadeias
globais de valor, se comparada, por exemplo, às economias asiáticas – correm o risco de
serem aprofundados com o avanço da integração entre o mundo físico e o virtual,
possibilitada pela maior automação e robotização dos processos produtivos e o
desenvolvimento de Internet das Coisas, Big Data, inteligência artificial, além de outras
tecnologias 4.0
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Esse movimento reforçaria a tendência à concentração de produto e emprego industrial
em um pequeno número de países, tornando a trajetória de upgrading industrial em
direção a atividades intensivas em conhecimento mais árdua e dificultando as trajetórias
de catching-up de produtividade e renda per capita dos emergentes.
No segundo estudo, a OCDE, em “The Future of Global Value Chains: business as usual
or ‘a new normal’?”, trata da reestruturação das cadeias globais de valor (CGV),
fenômeno que passa pelo questionamento político nos países desenvolvidos sobre os
benefícios da globalização e pela reorientação dos modelos de desenvolvimento de
alguns países emergentes (sobretudo a China) em direção ao mercado interno, mas que
também decorre das transformações tecnológicas da indústria 4.0.
Constatando que as principais economias latino-americanas, tal como o Brasil, ainda não
alcançaram as capacidades mínimas em tecnologias habilitadoras da indústria 4.0
(conectividade, infraestrutura de armazenamento de dados, computação em nuvem, Big
Data e Internet das Coisas etc.), os pesquisadores da CEPAL defendem que propostas
de política industrial devem compreender três dimensões principais:
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• infraestrutura e regulação: elevar os níveis de investimento em infraestrutura,
particularmente em banda larga fixa e móvel de alta velocidade, assegurando a
conectividade e a velocidade requeridas pela Indústria 4.0, ao mesmo tempo em que se
avance nos marcos regulatórios e segurança para as redes virtuais
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de que o que é tecnicamente viável apenas se concretizará se também apresentar
benefícios econômicos. Em outras palavras, é preciso comparar os custos da automação
com os custos da mão de obra nas atividades mais rotineiras em que os robôs podem
operar.
O setor automotivo é o que apresenta maior potencial para utilização de robôs, uma vez
que combina elevada viabilidade tanto técnica como econômica para automação de suas
atividades rotineiras. Outros setores manufatureiros, como o de eletrônicos, também
poderiam apresentar tal viabilidade. Já setores com custos de mão de obra menores,
como o de vestuário, poderiam permanecer menos robotizados, ainda que suas
atividades fossem, em grande medida, rotineiras e passíveis de robotização. Logo, a
implementação de robôs no processo produtivo varia conforme o setor, o que implica que
a distribuição dos efeitos do uso de robôs dependerá da composição estrutural de cada
economia.
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Cabe ressaltar o rápido crescimento recente no uso de robôs industriais em economias
em desenvolvimento, notadamente na China. Entre 2010 e 2015, o estoque de robôs
industriais na China quadruplicou e, em 2015, sua parcela no estoque global (15,7%) já
superava a de Alemanha (11,2%) e a dos Estados Unidos (14,4%), permanecendo
apenas um pouco inferior à do Japão (17,6%). A participação das demais economias em
desenvolvimento não localizadas no Leste Asiático era muito baixa. Na América Latina e
Caribe, por exemplo, totalizava apenas 2%.
O uso de robôs industriais não é somente concentrado em alguns países, mas também
em alguns setores. A indústria automotiva respondeu por 40% a 45% do uso anual de
robôs entre 2010 e 2015, seguida pelos setores de computadores e equipamentos
eletrônicos (cerca de 15%), equipamentos elétricos, eletrodomésticos e componentes
(entre 5% e 10%), além do grupo de produtos químicos, de plástico e de borracha, e do
setor de máquinas industriais.
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A ampla base industrial chinesa é, em parte, responsável pela elevada parcela do país
no estoque global de robôs industriais. Todavia, a densidade de robôs, isto é, o número
de robôs industriais por empregado na indústria, é maior em países desenvolvidos e
antigos países em desenvolvimento que agora se encontram em estágios mais maduros
de industrialização, como a Coreia do Sul. Conforme este indicador, as economias em
desenvolvimento melhor classificadas são Tailândia (25ª posição), México (27ª posição),
Malásia (31ª posição) e China (35ª posição).
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A concentração de robôs em setores como o automotivo e o de eletrônicos sugere que a
automação baseada na robotização não tem afetado, até o momento, os estágios iniciais
de industrialização, isto é, atividades manufatureiras intensivas em trabalho e baseadas
nas tradicionais vantagens de custo da mão de obra. Em contrapartida, tem dificultado o
upgrading industrial posterior. Logo, os países desenvolvidos e em desenvolvimento com
ampla base industrial estão mais expostos à automação com uso de robôs do que os
países menos desenvolvidos. Argumentam os autores do estudo que, ao mesmo tempo
em que isso não invalida o papel tradicional desempenhado pela industrialização
enquanto estratégia de desenvolvimento para países de mais baixa renda, limita o
escopo destes países, assentados em setores industriais menos dinâmicos e de
menores salários, na trajetória de catching-up da produtividade e da renda per capita
com países mais avançados, sobretudo em um contexto de arrefecimento da demanda
global.
Cabe destacar que, mesmo nos países em que o uso de robôs é limitado, isto é, em que
prevalecem setores industriais intensivos em trabalho e de baixos salários, as
oportunidades de emprego e renda podem ser impactadas com o retorno das atividades
industriais para países desenvolvidos. Tal movimento, quando ocorre, tem sido
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acompanhado predominantemente por investimentos intensivos em capital, sendo a
pouca geração de emprego resultante desse processo concentrada em atividades
altamente especializadas, perfil este bastante distinto das atividades intensivas em
trabalho outrora externalizadas para economias menos desenvolvidas.
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Em termos de salários reais, o trabalho da UNCTAD não verificou uma relação muito
clara entre variações no uso de robôs industriais e variações de salários reais na
indústria para o grupo de países considerados. Maior utilização de robôs esteve
associada com crescimento de salário real em todas as economias, exceto México,
Portugal e Cingapura, que registraram pequenas reduções. O crescimento de ambos –
salários reais e uso de robôs industriais – foi particularmente significativo para a China
(cerca de 150% e 55%, respectivamente). É sempre válido lembrar, no entanto, que
correlação não implica causalidade entre as variáveis.
Mesmo se este não for o caso, para alguns países o emprego pode ainda se manter
estável ou mesmo aumentar se a oferta adicional resultante do crescimento da
produtividade baseado na automação for absorvida por acréscimos na demanda externa
via exportações. Neste caso, no entanto, quaisquer efeitos adversos da automação
sobre emprego e renda seriam transferidos a outros países por meio do comércio, como
parece ser, em parte, os casos de Alemanha e México.
Os efeitos que o uso de robôs industriais pode causar e como lidar com tais efeitos ainda
dividem a opinião de estudiosos sobre o tema. Alguns especialistas sugerem que reduzir
a automação ao taxar robôs daria à economia mais tempo para se ajustar, ao mesmo
tempo em que geraria receitas fiscais para financiar o ajuste. Porém, tal imposto
dificultaria os usos mais benéficos dos robôs: aqueles em que robôs e trabalhadores são
complementares, e aqueles que poderiam levar à criação de novos produtos e empregos
baseados na robótica.
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superar limitações de tamanho na produção e, assim, conduzir negócios em escala
ampliada. Ao mesmo tempo, a robotização poderia levar à fragmentação da oferta global
e do comércio internacional de serviços, abrindo novas oportunidades de estratégias de
desenvolvimento para economias menos desenvolvidas, embora permaneçam incertos
os efetivos ganhos em termos de emprego, renda e produtividade que os serviços
digitais podem ocasionar, sobretudo se comparados aos tradicionalmente gerados pelas
atividades industriais. Cabe ao conjunto de políticas a serem adotadas ponderar os
riscos e benefícios da robotização a fim de escolher qual caminho trilhar.
A fim de compreender quais são as mudanças por que passam as cadeias de produção
organizadas em âmbito mundial e quais serão seus efeitos sobre o comércio
internacional nos próximos 10 a 15 anos, o trabalho da OCDE intitulado “O futuro das
cadeias globais de valor” e realizado por Koen de Backer e Dorothée Flaig, identifica as
forças a favor da importância crescente das CGV, preservando um quadro de business
as usual” bem como as forças que atuarão na direção oposta, pressionando para a
formação de um “novo normal”.
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Assim, em virtude das transformações das configurações nas CGV, os pesquisadores da
OCDE esperam que nos próximos 10 a 15 anos a economia mundial sinta importantes
impactos na relação entre comércio internacional, crescimento da produtividade, geração
de emprego e crescimento do PIB. É neste sentido que o trabalho da OCDE procura
analisar os impactos de um conjunto de potenciais transformações na economia mundial
(tecnológicas, produtivas, de estrutura de demanda, de custos etc.) no futuro das CGV.
Inicialmente, são analisadas as influências de fatores favoráveis ao avanço das cadeias
globais, formando um quadro de “business as usual”. Já no cenário denominado “novo
normal”, são analisados fatores que tendem a contribuir para a redução da importância
relativa das CGV.
“Business as usual”. Apesar das tendências gerais de modificações das CGV nos
últimos anos e da consequente redução da importância relativa do comércio
internacional como motor do crescimento global, inúmeros fatores de natureza
tecnológica e econômica podem contribuir positivamente para o crescimento a o
aumento da complexidade destas cadeias nos próximos 10 a 15 anos.
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Duas mudanças importantes nos países emergentes também podem contribuir para o
crescimento das CGV nos próximos 10 a 15 anos: o surgimento de novos produtores de
baixo custo e o crescimento da demanda interna nestes países.
Igualmente como resultado dos impactos positivos derivados da integração dos países
asiáticos nas CGV durante as últimas décadas, vislumbra-se desde então um
crescimento exponencial de seus mercados consumidores domésticos. Com a
emergência de uma nova classe média principalmente na China e na Índia, espera-se
que a participação da Ásia (excluindo o Japão) no total dos gastos mundiais da classe
média aumente de 10% em 2000 para algo em torno de 40% em 2040 e 60% no longo
prazo. Apesar do impacto que tal crescimento possa ter na demanda por produtos
importados oriundos de CGV, espera-se também que parcela importante desta demanda
seja atendida pela produção local.
Adicionalmente, cumpre lembrar que uma eventual erosão da competividade dos atuais
países integrantes das CGV em setores intensivos em mão de obra não implicaria
necessariamente em uma estratégia de deslocamento das atividades produtivas para os
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países desenvolvidos. Isso porque, conforme já fora mencionado, atualmente está em
curso um processo de reorganização destas CGV intra continente asiático, com o
deslocamento de atividades intensivas em mão de obra de baixo custo para novos
integrantes das CGV como Vietnã e Camboja.
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Ainda na dimensão tecnológica, a emergência de técnicas produtivas que permitem a
migração da produção em massa para a customização em massa pode contribuir
decisivamente para a reorganização das CGV em alguns segmentos – principalmente
aqueles de alto valor agregado, baixo volume de produção, baixas economias de escala
e baixa capacidade de automação utilizando tecnologias tradicionais. A partir da
utilização de ferramentas como impressão 3D, tais transformações poderiam viabilizar,
no longo prazo, a aproximação geográfica entre consumo e produção, reduzindo os
custos inerentes à gestão de uma CGV e permitindo o aumento exponencial das
possibilidades de agregação de valor aos produtos via customização.
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De maneira geral o trabalho conclui que os impactos negativos, aqueles do cenário “novo
normal”, são dominantes, o que implicaria em uma dramática reestruturação das CGVs.
Como resultado seria verificada uma redução das exportações totais, do sourcing de
bens intermediários e uma queda de 4,1 pontos percentuais da relação comércio exterior
/ PIB mundial em 2030.
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Os impactos desta reestruturação, por sua vez, seriam mais intensos nos países
emergentes, com o incremento da competitividade relativa dos países desenvolvidos,
particularmente dos EUA (que aumentariam sua participação na produção global).
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Ainda segundo as estimativas dos pesquisadores da OCDE, os principais fatores
responsáveis por esta restauração da competitividade dos países desenvolvidos
decorreriam da adoção de tecnologias como robotização, digitalização, inteligência
artificial, impressão 3D, entre outras. De maneira adicional, porém bem menos intensa, o
aumento dos salários nos emergentes também contribuiria para este processo. Já o
crescimento exponencial da classe média em países emergentes favoreceria o
fortalecimento do comércio regional (principalmente na Ásia). Mas, de maneira geral,
pode-se esperar que parcela importante do crescimento da demanda viabilizada pelo
surgimento desta classe média seja atendida por produtores locais, com impacto
relativamente menor nas CGV.
O trabalho “La política industrial 4.0 en América Latina”, de autoria de Mario Castillo,
Nicolo Gligo e Sebastián Rovira, um dos capítulos de “Políticas industriales y
tecnológicas en América Latina”, publicado pela Comissão Econômica para a América
Latina e o Caribe (CEPAL) em 2017, discute os avanços que vêm ocorrendo nos países
desenvolvidos e, de maneira ainda incipiente, na América Latina sobre o fenômeno da
Indústria 4.0 para, diante disso, propor desenhos de política industrial compatíveis à
realidade da região.
A análise da Indústria 4.0 em nível internacional envolve cinco dimensões: (i) o impacto
econômico da Indústria 4.0; (ii) a velocidade da mudança tecnológica; (iii) os desafios
para o desenvolvimento da Indústria 4.0; (iv) a liderança da Indústria 4.0; e (v) a relação
entre automação e desemprego.
Os avanços de cada uma das tecnologias associadas à Indústria 4.0, bem como a
interação entre elas, produzem mudanças disruptivas nos processos produtivos, com
impactos diretos em termos de produtividade, custos e emprego. Também possibilitam
maior flexibilidade na produção e surgimento de novos produtos, serviços e modelos de
negócios. Há diversas estimativas de empresas de consultoria sobre esses impactos,
apontando para importantes ganhos de produtividade e redução de custos de produção,
sobretudo em países como Alemanha, mas também Estados Unidos e Japão, a partir da
implementação das tecnologias digitais nos processos produtivos.
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eles: (i) maior viabilidade técnica das soluções tecnológicas para automação interativa de
processos, atividades e tarefas; (ii) menores custos econômicos das plataformas e
soluções de hardware e software; (iii) melhora na rentabilidade econômica de
alternativas de automação como consequência de restrições de oferta e maiores custos
trabalhistas; (iv) obtenção de benefícios econômicos associados a uma maior eficiência,
melhor qualidade e redução de custos; e (v) contexto regulatório favorável.
Há, no entanto, elementos que ainda se apresentam como desafios bastante relevantes
ao desenvolvimento da Indústria 4.0. Destacam-se quatro: (i) definição de padrões de
comunicação e garantia de segurança das redes frente à transmissão de dados e
interoperabilidade entre sistemas; (ii) capacidade analítica de elevado volume de dados,
por meio de algoritmos, aplicações e soluções que permitam analisar e administrar os
dados coletados por milhares de sensores conectados a máquinas e sistemas; (iii)
infraestrutura das redes de comunicação dentro das empresas e das empresas com o
ambiente externo, melhorando as condições de conexão e acesso em termos de largura
de banda, velocidade e latência; e (iv) disponibilidade de recursos humanos qualificados,
com conhecimentos específicos para desenvolvimento, implementação e uso das novas
tecnologias digitais.
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de dados, computação em nuvem, análise de Big Data e Internet das Coisas. A
velocidade de conexão e a densidade de sensores e robôs na região, por exemplo,
encontram-se bastante aquém do observado em países avançados.
Este atraso tecnológico se traduz em baixo nível de digitalização dos setores industriais
na América Latina. A Indústria 4.0 apresenta, todavia, elevado potencial de mudança
estrutural dos setores. Seu uso por parte de empresas na região, embora limitado,
encontra-se em setores, tais como a indústria automotiva no México e no Brasil, a
indústria florestal e extrativa mineral no Chile, a agroindústria na Argentina, além dos
setores de energia elétrica, comércio varejista e serviços de logística em diversos países.
A região também carece de mais iniciativas públicas relacionadas à implementação e
difusão da Indústria 4.0.
A Política Industrial. Neste contexto, cabe se perguntar sobre qual o melhor momento
de intervir com uma política industrial 4.0. Ao se esperar para apoiar a transferência
tecnológica somente de inovações consolidadas, pode-se perder as vantagens
associadas ao líder de uma determinada tecnologia e mesmo ampliar o atraso
tecnológico em relação aos países desenvolvidos e demais competidores. Por outro
lado, ao se fomentar a rápida adoção de novas tecnologias, pode-se incorrer no risco e
nos custos de promover tecnologias que não se transformem na trajetória tecnológica
dominante. Sob incerteza tecnológica, cabe avançar em uma política industrial 4.0 mais
flexível e inovadora, preparando as empresas para avaliar as tecnologias, fazer bom uso
delas, inserir-se na discussão mundial e acelerar os processos de difusão e adoção de
novas tecnologias.
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transferência e catching-up tecnológico como também mecanismos para desenvolver
inovações em setores estratégicos, atentando-se às distintas realidades dos países da
região.
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1. inserção tecnológica internacional: conectar a região às redes tecnológicas
internacionais e transferir aos países conhecimentos e capacidades tecnológicas em
novas áreas
Por fim, dado o atraso tecnológico e a elevada heterogeneidade digital entre os países
latino-americanos, torna-se imprescindível uma maior cooperação e coordenação
regional. Uma iniciativa inédita na região para abordar este desafio consiste na agenda
digital para a América Latina e o Caribe (eLAC 2018), que fomenta o uso de tecnologias
digitais como instrumentos para o desenvolvimento sustentável. Aos fatores críticos ao
desenvolvimento da Indústria 4.0 na América Latina, relacionados a questões de
infraestrutura, capacidades tecnológicas e governança, cabem respostas conjuntas e
articuladas em âmbito regional, envolvendo todas as partes interessadas na Indústria
4.0, como governo, setor privado e academia.
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