Evolução nas máquinas elétricas e influência da indústria 4.0.
SÃO BERNARDO DO CAMPO
2020 1. Evolução das máquinas elétricas
Ao longo do tempo, as máquinas elétricas foram evoluindo, sendo essas
mudanças marcadas tanto pela procura de uma maior eficiência e, assim, tornando- se um diferencial de mercado, como pela necessidade de adaptação à momentos de crise.
Em exemplo da busca pela eficiência, a primeira revolução industrial foi uma
das primeiras grandes conquistas das máquinas elétricas, tendo esta proporcionado um grande salto na produção, com grande melhoria nos processos de fabricação de seus produtos, reduzindo o tempo de fabricação e os custos envolvidos. Na segunda revolução industrial, após a década de 1880, essas máquinas passaram a ter grandes utilidades nas áreas domésticas, devido ao aumento do uso de bens de consumo duráveis.
Neste sentido, um dos maiores avanços tecnológicos das máquinas elétricas
foi o desenvolvimento dos isolantes elétricos, que reduziu cerca de 60% do espaço ocupado pelos condutores, deixando os motores mais leves e tornando a produção mais barata.
Na busca pela eficiência e a concorrência de fabricantes, as dimensões de peso
e tamanho variavam entre um fabricante e outro, o que tornava a intercambialidade muito difícil. Por isso, em 1923, foi publicada na Alemanha a norma DINVDE-2650, que fixava valores para rendimento, fator de potência, conjugado de partida e corrente de partida para motores abertos trifásicos com rotor em curto circuito de 0,12 a 100kW, essa foi uma das primeiras medidas para a padronização das características mais importantes do motor. Depois dessa, ocorreram várias outras, mas a que está até os dias atuais servindo como diretriz é a norma IEC-72, na qual o Brasil segue as recomendações na norma NBR 5432/1983.
O governo de Getúlio Vargas foi o grande responsável pelo primeiro empurrão
para a disseminação das indústrias no Brasil, na época houve uma queda de produção cafeeira, que deixou os produtos de importação muito caros, sendo esse um dos exemplos de mudanças tecnológicas em consequência de adaptações a crises. Na gestão de Juscelino Kubitschek, foram implantadas as usinas hidroelétricas de Furnas e Três Marias, que criou uma infraestrutura forte o suficiente para atender à demanda da produção industrial brasileira e foi nesse momento em que o país entrou de vez na era industrial e os motores elétricos começaram a ser comercializados em grande escala.
Um exemplo mais recente de adaptação a crises foi durante o início do século
21, no qual o Brasil passou por uma situação peculiar para os padrões de vida contemporâneos. No período entre 1 de julho de 2001 até 19 de fevereiro de 2002, no mandato do presidente Fernando Henrique Cardoso, o brasileiro teve que enfrentar frequentemente quedas de energia em sua casa, principalmente devida falta de planejamento e investimento nas áreas de geração de energia.
Por conta da precariedade do setor de energia no país, era necessário forçar
diversos cortes ao longo do dia. Esses blecautes foram batizados de “apagões” por parte da imprensa. O país estava em uma época próspera economicamente, e para amenizar o prejuízo e manter o crescimento econômico, parte da população voluntariamente racionava energia. Mesmo assim, foi um período de dificuldade que culminou em grandes perdas de dinheiro e mudou a forma como administramos a nossa energia elétrica.
Além da falta de atenção por parte do governo de melhorar a geração e
transmissão de energia, um longo período de seca também contribuiu para o agravamento da crise, pois as hidrelétricas não eram suficientemente abastecidas. Com contínuo crescimento da população e o aumento da demanda energética, a quantidade de energia produzida não era o suficiente. A solução do governo para amenizar os danos foi elaborar um plano de racionamento. Era necessário cortar cerca de 20% da energia no país inteiro, com exceção da região Sul, cuja hidrelétrica estava funcionando bem e conseguindo suprir sua demanda. No resto do Brasil, foram estipulados benefícios para quem conseguisse racionar e punições para quem não conseguisse. Além disso, o governo investiu fortemente em termoelétricas, que teriam a função de ser um back-up para caso as hidrelétricas apresentassem dificuldades de abastecimento. 2. Indústria 4.0 e seus impactos nas máquinas elétricas
A indústria 4.0, ou quarta revolução industrial, tem como fundamento
básico a intercomunicação de máquinas e os princípios que a impulsionam são o aumento massivo de monitoramento de processos industriais e a inserção do conceito de Internet das Coisas (IoT, do inglês Internet of Things), que integra e interagem por meio da computação sem fio entre várias máquinas e sistemas computacionais, otimizando processos e reduzindo distâncias. Essa metodologia permite coletar e analisar dados entre máquinas, criando processos mais rápidos, mais flexíveis e mais eficientes para produzir produtos de maior qualidade a custos reduzidos. No âmbito da energia, essa revolução tem o papel de coletar e analisar grandes volumes de dados, o chamado Big Data, e de proporcionar maior eficiência operacional e energética. Por meio de tamanha eficiência, personalizar a iluminação em diferentes ambientes será cada vez mais comum, garantindo economia para o setor como um todo. Além disso, a eficiência energética viabiliza a redução dos níveis de emissão de CO2 e, consequentemente, do impacto ambiental, promovendo uma política ambiental sustentável no longo prazo. A tendência é que nos próximos 10 ou 20 anos, a Indústria 4.0 predomine em todos os setores e os postos de trabalho estarão fortemente relacionados com inovação colaborativa e automação. No cenário brasileiro, há diversos fatores que dificultam o avanço da Indústria 4.0. O principal deles é a falta de conhecimento sobre as novas tecnologias disponíveis, dessa forma há grande desconfiança acerca dos reais benefícios refletidos para a indústria. Além disso, outros fatores são relacionados ao alto custo de implantação e a falta de pessoal qualificado para utilização das tecnologias. Apesar das dificuldades, é importante incentivar o desenvolvimento do mundo 4.0, indústrias manufatureiras que implementaram soluções em IoT em seu processo produtivo relatam ter 82% de aumento na eficiência, menos 49% de defeitos nos produtos e 45 % obtiveram maior satisfação dos seus clientes (PRWeb, 2018). As aplicações da indústria 4.0 nas máquinas elétricas está trazendo grandes impactos para os meios de produção. O princípio básico desse meio de produção é a interoperabilidade, ou seja, a capacidade das máquinas, dispositivos, sensores e pessoas se comunicarem através se um sistema de IoT, com isso as máquinas podem utilizar os dados coletados e usá-los para monitorar e prever casualidades na operação. Além disso o fato de que decisões podem ser tomadas de forma remota e autônoma pelo próprio dispositivo o máximo quanto é possível aumenta a confiabilidade do sistema de operação. Algumas mudanças são necessárias nos equipamentos e máquinas elétricas que possuímos hoje para que essa interoperabilidade se torne viável. A princípio existe a necessidade de um banco de dados que comporte o fluxo de informação entre os dispositivos, servidores e sistema de comunicação com elevado grau de confiabilidade, pois um dos principais desafios é manter a segurança de informação entre as máquinas (M2M – Machine – to -Machine), e entre maquinas e operadores, além disso a falta de estabilidade da rede de energia também afetaria a produção e eficiências das maquinas. Devido a esses requisitos necessários para essas novas máquinas e dispositivos elétricos criaram uma novas demandas para o mercado como a de proteção de sistemas, aplicação e utilização de forma de produção de energia alternativa e aumento na confiabilidade da rede de fornecimento.
3. CONCLUSÃO
Tendo em vista os aspectos apresentados sobre evolução das formas
de produção devido ao surgimento da indústria 4.0 ficou claro que a necessidade de máquinas mais eficientes e com mais autonomia também serão necessários. Eventos demostrados durante a pesquisa, como o apagão de 2001, mostram as fragilidades que existiam e criaram uma motivação para a pesquisa e evolução das máquinas, sobretudo aquelas que operação com energia elétrica. Além disso foi visto que esse crescimento tecnológico não só trouxe benefícios para indústria, todos os setores são afetados e impulsionados para o desenvolvimento e produção de novas tecnologias. REFERÊNCIAS
Indústria 4.0: Aplicação experimental em motor de indução monofásico. Disponível em:
<https://www.confea.org.br/sites/default/files/antigos/contecc2018/eletrica/13_i4aeem dim.pdf> . Acesso em: 15 de maio de 2020.
Impacto da indústria 4.0 no sistema elétrico de distribuição de enrgia. Disponível em:
<http://conic-semesp.org.br/anais/files/2017/trabalho-1000024051.pdf>. Acesso em: 15 de maio de 2020.
Indústria 4.0 e seu impacto no setor elétrico. Disponível em:
<https://portogente.com.br/noticias/opiniao/109150-industria-4-0-e-seu-impacto- no-setor-eletrico>. Acesso em: 15 de maio de 2020.