Escolar Documentos
Profissional Documentos
Cultura Documentos
1 INTRODUÇÃO
O sistema elétrico brasileiro em 1960 era de responsabilidade do setor público, por meio
da atuação da Eletrobrás, órgão competente por todo seu funcionamento. Inicialmente o setor
público por meio de toda uma estratégia precisa de planejamento, conferiu a esse setor uma
expansão gigantesca e importância significativa para a economia do país.
Com o passar do tempo o setor elétrico ganhava cada vez mais visibilidade e
confiabilidade do mercado, construção de centros de operação, investimentos em expansão e
as tecnologias de ponta para uma produção limpa, eram apenas uns dos exemplos que
destacaram o Brasil no mercado internacional e que obviamente fortalecera cada vez mais a
competência do Poder Público pelo setor.
Não obstante esse cenário promissor começou a declinar nos anos 80 e o planejamento
público dava seus últimos passos. Não é possível apontar apenas um fator determinante para
a precariedade em que o sistema elétrico estava iniciando, porém conforme será detalhado
posteriormente fatores como crise do petróleo, taxas de juros, alterações legislativas, dentre
outros, contribuíram para arruinar o setor elétrico de um modo geral.
Nessa toada, tornou-se necessário encontrar alternativas para amenizar de alguma forma
a situação. O presente trabalho discute sobre as novas medidas adotadas para o setor elétrico
pelo então presidente Fernando Henrique Cardoso, que segundo especialistas, geraram
consequências não muito boas para o país.
Para evitar a perspectiva de uma crise elétrica ainda pior, foi implementado, entre 1º
de junho de 2001 a 1º de março de 2002, o racionamento de energia, com a meta de
economizar 20% de energia elétrica. FHC teve que dar explicações a sociedade em razão das
perdas e danos causados a todos os setores, inclusive, usuários do sistema, os quais foram os
mais prejudicados. Assim, as medidas que foram adotadas pelo governo não foram
satisfatórias.
Para o setor elétrico, o governo deixou uma situação comprometedora e caótica, com
a grande maioria das empresas bastante endividadas e dependentes do dinheiro público para
não irem à bancarrota. As privatizações levaram muitas empresas internacionais a
financiarem o projeto em curto prazo, fazendo com que o setor tivesse não somente a
preocupação na remessa de lucros como também no pagamento dos juros do dinheiro
emprestado para a privatização. Consequentemente, os investimentos diminuíram tendo em
vista todas as inúmeras dificuldades enfrentadas pelo setor elétrico.
O estoque líquido da dívida pública federal, passou de R$ 153,4 bilhões, em janeiro
de 1995, para R$ 881,1 bilhões, em dezembro de 2002. Essa dívida correspondia a 30% do
PIB, em janeiro de 1995, e 57,4%, em dezembro de 2002. O racionamento de energia acabou
sendo adotado pelo governo como forma de evitar um "apagão".
Ao final, os consumidores de energia elétrica foram os que acabaram sofrendo as
consequências do racionamento, além de terem as tarifas elevadas durante o governo de FHC,
cujo aumento chegou a 64,1% para a classe residencial.
Tarifa de Eletricidade Industrial, Residencial e Média (em reais de julho/1999 por Mwh)
Por fim, pode-se depreender que as políticas adotadas no governo FHC para o setor
elétrico tiveram insucesso em razão das resistências políticas e da falta de recursos externos.
Ressalta-se, entretanto, que isso não foi o grande fator gerador de tão grave situação. O que
mais aponta o fracasso do governo são as falhas no planejamento estratégico, na coordenação
e na gestão do sistema elétrico, demonstrando que tanto no plano tático quanto no plano
operacional, falhou-se, uma vez que as estratégias adotadas basearam-se em experiências de
outros países cujas características do setor elétrico não eram compatíveis com às
características do Brasil.
5 CONSIDERAÇÕES FINAIS
O objetivo desse trabalho foi analisar de forma panorâmica, o sistema elétrico
brasileiro a partir da década de 1960, com enfoque na substancial reforma protagonizada pelo
governo Fernando Henrique Cardoso, trazendo um cenário que levou à realização da reforma
no sistema elétrico brasileiro, os termos da reforma proposta pelo governo e os atuais
desafios que se apontam na produção de energia elétrica do país.
No segundo capítulo, a partir de uma pesquisa bibliográfica, apresentou-se o cenário
do sistema elétrico brasileiro na década de 1960, que estava sob o controle do setor público,
apontando como este havia se consolidado e as crises que começaram a culminar no setor
elétrico antes do governo FHC. No terceiro capítulo, trabalhou-se a reforma do setor elétrico
realizada pelo governo FHC, os termos em que ela se deu, sem desconsiderar o contexto de
crise do setor energético que o país enfrentava, bem como apontando o cenário caótico que
acompanhou a gestão de Fernando Henrique. Por fim, no quarto capítulo, apontou-se os
problemas ainda vigentes no sistema elétrico brasileiro.
Dessa forma, percebeu-se que o Brasil passou a adotar diferentes modelos ao decorrer
do tempo, em que havia maior controle do setor público e, posteriormente, dando maior
participação ao setor privado, visando conter os gargalos do setor. Contudo, ainda estão
presentes substanciais problemas no setor energético do país, sendo imprescindível a solução
destas questões para que o Brasil não retome uma crise generalizada no setor.
6 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
GOLDENBERG, José; PRADO, Luiz Tadeu Siqueira. Reforma e crise do setor elétrico no
período FHC. Tempo Social, São Paulo, Vol. 15, nº 2, nov. 2003.
______. O estado atual do setor elétrico brasileiro. Revista USP, n. 104, p. 37-44, 5 mar.
2015.
GALVÃO, Gustavo Antônio et al. Por que as tarifas foram para os céus? Propostas para o
setor elétrico brasileiro. Revista do BNDES, Rio de Janeiro, Vol. 14, nº 29, p. 435-474, jun.
2008.
GOMES, Antônio Claret S. et al. O setor elétrico. BNDES Setorial, Rio de Janeiro, 2002.