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INTEGRAÇÃO DE SISTEMAS
DE GERAÇÃO
CONTEXTUALIZANDO
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antiga estação ferroviária, localizada atrás do então Congresso Estadual (atual
Câmara Municipal de Curitiba). A usina começou a funcionar oficialmente em 12
de outubro de 1892, sob a direção do engenheiro Leopoldo Starck, seu construtor.
Duas unidades a vapor fabricadas em Budapeste produziam 4.270 HP de força,
consumindo 200 metros cúbicos de lenha por dia.
O segundo período estendeu-se de 1930 a 1945, e foi caracterizado pela
aceleração do processo de industrialização. Na era Vargas, o Estado promoveu
uma maior regulação do setor, por exemplo, promulgando o Código de Águas
(1934) que transmitiu à União a propriedade das quedas d’água e a exclusividade
de outorga das concessões para aproveitamento hidráulico, e a criação, em março
de 1939, do Conselho Nacional de Águas e Energia Elétrica (CNAEE), que tinha
como finalidade estudar o problema da exploração e utilização da energia elétrica
no país.
O terceiro período iniciou-se no pós-guerra e se estendeu até o final da
década de 1970, sendo caracterizado pela forte presença do Estado no setor
elétrico, principalmente por meio da criação de empresas estatais em todos os
segmentos da indústria, tais como a Chesf (Companhia Hidrelétrica do São
Francisco), em 1945, Furnas, em 1957, Ministério de Minas e Energia (MME), em
1960, Eletrobras, em 1962, e o Departamento Nacional de Águas e Energia
Elétrica (DNAEE), em 1979. Para se ter uma ideia do nível de investimentos
realizados nesta época, a potência instalada no país passou de 1.300 MW para
30.000 MW em pouco mais de 20 anos.
O quarto período iniciou-se na década de 1980, com a inauguração da
hidrelétrica Itaipu Binacional (Brasil e Paraguai), em 1984, e foi marcado pela crise
da dívida externa brasileira, que resultou em altos cortes de gastos e
investimentos pelo governo. As tarifas de energia, que eram iguais para todo o
país, foram mantidas artificialmente baixas como medida de contenção da
inflação, não garantindo às empresas do setor uma remuneração suficiente para
o seu equilíbrio econômico.
Nesse contexto, iniciou-se o quinto período do desenvolvimento da
indústria de eletricidade no Brasil, que perdura até os dias atuais. Em meados da
década de 1990, a partir de um projeto de reestruturação do setor elétrico,
denominado RESEB, o Ministério de Minas e Energia preparou as mudanças
institucionais e operacionais que culminaram no atual modelo do setor. Este foi
baseado no consenso político-econômico do “estado regulador”, o qual deveria
direcionar as políticas de desenvolvimento, bem como regular o setor, sem se
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postar como executor em última instância. Assim, muitas empresas foram
privatizadas e autarquias de caráter público e independente foram criadas, como
é o caso da própria agência reguladora, a Aneel (Abradee).
Uma das principais alterações promovidas em 2004 foi a substituição do
critério utilizado para concessão de novos empreendimentos de geração.
Passaram a vencer os leilões do investidor que oferecesse o menor preço para a
venda da produção das futuras usinas. Além disso, o novo modelo instituiu dois
ambientes para a celebração de contratos de compra e venda de energia: o
Ambiente de Contratação Regulada (ACR), exclusivo para geradoras e
distribuidoras, e o Ambiente de Contratação Livre (ACL), do qual participam
geradoras, comercializadoras, importadores, exportadores e consumidores livres.
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dados históricos, presentes e futuros da oferta de energia elétrica e do mercado
consumidor (Aneel, 2008).
Para decidir quais usinas devem ser despachadas, opera o Newave,
programa computacional que, com base em projeções, elabora cenários para a
oferta de energia elétrica. O mesmo programa é utilizado pela Câmara de
Comercialização de Energia Elétrica (CCEE) para definir os preços a serem
praticados nas operações de curto prazo do mercado livre (Aneel, 2008).
As figuras 1, 2 e 3 a seguir, apresentam a hierarquia do setor elétrico
brasileiro moderno, mostrando a relação entre os diversos agentes que planejam,
operam e controlam o sistema de forma integrado sob supervisão do estado.
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Figura 2 – Estrutura do sistema elétrico brasileiro
Fonte: MME - ABCE / Energia Elétrica – Geração, Transmissão e Sistemas Interligados (2016).
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2.1 Sistema dos leilões e mercado livre
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participantes será movida a bagaço de cana (apenas uma é abastecida por capim
elefante).
Como são realizados com antecedência de vários anos, esses leilões são,
também, indicadores do cenário da oferta e da procura a médio e longo prazos.
Para a EPE, eles fornecem variáveis necessárias à elaboração do planejamento.
Para os investidores em geração e para as distribuidoras, proporcionam maior
segurança em cálculos, como fluxo de caixa futuro, por permitir a visualização de,
respectivamente, receitas de vendas e custos de suprimento ao longo do tempo.
Segundo o governo, o mecanismo de colocação prioritária da energia ofertada
pelo menor preço também garante a modicidade tarifária (Aneel, 2008).
No mercado livre, ou ACL, vendedores e compradores negociam entre si
as cláusulas dos contratos, como preço, prazo e condições de entrega. Da parte
vendedora, participam as geradoras enquadradas como PIE (produtores
independentes de energia). A parte compradora é constituída por consumidores
com demanda superior a 0,5 MW que adquirem a energia elétrica para uso
próprio. As transações geralmente são intermediadas pelas empresas
comercializadoras, também constituídas na década de 90, e que têm por função
favorecer o contato entre as duas pontas e dar liquidez a esse mercado (Aneel,
2008).
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Nos últimos anos, a entidade passou a abrigar a operacionalização de parte
dos leilões de venda da energia que, junto às licitações para construção e
operação de linhas de transmissão, são atribuição da Aneel.
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usina hidrelétrica de Itaipu, com uma capacidade instalada de 134 GW e uma
oferta de eletricidade de 624,3 TWh.
Fonte: <http://www.ons.org.br/conheca_sistema/mapas_sin.aspx>
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Do total de 29,08% da energia térmica produzida, ainda podemos subdividi-
la pela origem dos combustíveis e classificá-los entre não-renováveis e renováveis
(MME, 2016).
Gás Natural
(13.036 MW)
Biomassa
8%5% (11.554 MW)
31%
Petróleo
29% (12.254 MW)
Carvão
27% (3.612 MW)
Nuclear
(1.990 MW)
Fonte: ONS.
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TEMA 4 – OS SISTEMAS ISOLADOS
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Eles são assim denominados por não estarem interligados ao SIN e por
não permitirem o intercâmbio de energia elétrica com outras regiões, em função
das peculiaridades geográficas da região em que estão instalados. Apesar de
estarem localizados em 45% da área territorial brasileira, com cerca de 1,2 milhão
de consumidores, os sistemas isolados respondem apenas por 3,4% da energia
elétrica produzida no país (2010). Após a interligação do Acre de Rondônia, o
mercado dos sistemas isolados alcançou, no primeiro semestre de 2010, 1,6% do
total do mercado nacional. Em 2013, com a interligação de Manaus e Macapá ao
SIN, chegou a menos de 1% de participação.
A capital de Roraima, Boa Vista, e seus arredores são, na verdade,
abastecidos pela Venezuela. De características predominantemente térmicas, os
Sistemas Isolados apresentam custos de geração superiores ao SIN. Além disso,
as dificuldades de logística e de abastecimento dessas localidades pressionam o
frete dos combustíveis (com destaque para o óleo diesel). Para assegurar os
benefícios usufruídos pelos consumidores do SIN à população atendida por esses
sistemas, o Governo Federal criou a Conta de Consumo de Combustíveis Fósseis
(CCC), encargo setorial que subsidia a compra do óleo diesel e óleo combustível
usado na geração de energia por usinas termelétricas que atendem às áreas
isoladas (cobrado nas tarifas de distribuição e de uso do sistema de transmissão
e distribuição – TUST e TUSD). Essa conta é paga por todos os consumidores de
energia elétrica do país. Em 2008, o valor da CCC foi de 3 bilhões de reais. Os
recursos da CCC são administrados pela Eletrobras, e os valores (recolhidos
mensalmente nas contas de luz pelas distribuidoras de energia elétrica) são
fixados pela Aneel (Reis, 2011).
A Diretoria de Geração da Eletrobras é responsável pela coordenação do
Grupo Técnico Operacional da Região Norte (GTON), criado por meio da Portaria
MINFRA n. 895, de 29 de novembro de 1990. “Esse órgão colegiado é
responsável pelo planejamento e acompanhamento da operação dos sistemas
isolados, visando assegurar a esses consumidores, não contemplados com as
vantagens oferecidas pelo Sistema Interligado, o fornecimento de energia elétrica
em condições adequadas de segurança e qualidade” (Brasil, 1990).
O GTON é composto por uma Secretaria Executiva (SGTON) e cinco
Comitês Técnicos: Planejamento (CTP), Operação (CTO), Distribuição (CTD),
Mercado (CTM) e Financeiro (CTF), todos coordenados pela Eletrobras. Também
conta com o apoio do Centro de Pesquisas de Energia Elétrica (Eletrobras Cepel)
em projetos pesquisa e desenvolvimento (Eletrobras).
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TEMA 5 – SISTEMAS INTERLIGADOS INTERNACIONAIS
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Figura 8 – Intercâmbio Energético do Brasil com os países da América do Sul
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regional. Há dez RTOs na América do Norte que servem a 2/3 dos consumidores
de eletricidade nos Estados Unidos e a 50% no Canadá (Reis, 2011).
Na Europa, temos o ENTSO-E (The European Network of Transmission
System Operators for Electricity), a associação dos operadores de transmissão,
composto por 41 operadores de 34 países, com 800 GW de capacidade de
geração e 3.200 TWh de consumo de eletricidade (2012). Devido à crescente
demanda por energia elétrica na Europa, o ENTSO-E foi criado em 2008, em
Bruxelas, na Bélgica. Completamente operacional desde 2009, ele gerencia 305
mil quilômetros de linhas de transmissão para 535 milhões de clientes. Não há
uma agência reguladora geral para o ENTSO-E. Uma agência independente de
cada Estado-membro coopera com o ERGEG (European Regulator´s Group for
Eletricity and Gas). O ENTSO-E incorpora as cinco maiores organizações de
operadores de transmissão, UCTE, Nordel, UKTSOA, Baltso e ATSOI (Reis,
2011).
FINALIZANDO
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REFERÊNCIAS
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COPEL – Companhia Paranaense de Energia. História da energia no Paraná.
Disponível em:
<http://www.copel.com/hpcopel/root/nivel2.jsp?endereco=%2Fhpcopel%2Froot%
2Fpagcopel2.nsf%2F0%2F938F473DCEED50010325740C004A947F>. Acesso
em: 16 set. 2017.
REIS, L. B. dos. Geração de energia elétrica. 2. ed. rev. e atual. Barueri, SP:
Manoele, 2011.
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