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Geração, Transmissão e Distribuição de Energia – ETEC José Rocha Mendes

O Operador Nacional do Sistema


Elétrico (ONS)
O que é ONS
O Operador Nacional do Sistema Elétrico (ONS) é o órgão responsável pela
coordenação e controle da operação das instalações de geração e transmissão de
energia elétrica no Sistema Interligado Nacional (SIN) e pelo planejamento da
operação dos sistemas isolados do país, sob a fiscalização e regulação da Agência
Nacional de Energia Elétrica (ANEEL).

Instituído como uma pessoa jurídica de direito privado, sob a forma de associação civil
sem fins lucrativos, o ONS foi criado em 26 de agosto de 1998, pela Lei nº 9.648, com
as alterações introduzidas pela Lei nº 10.848/2004 e regulamentado pelo Decreto nº
5.081/2004.

Para o exercício de suas atribuições legais e o cumprimento de sua missão


institucional, o ONS desenvolve uma série de estudos e ações exercidas sobre o
sistema e seus agentes proprietários para gerenciar as diferentes fontes de energia e
a rede de transmissão, de forma a garantir a segurança do suprimento contínuo em
todo o país, com os objetivos de:
(a) promover a otimização da operação do sistema eletro energético, visando ao
menor custo para o sistema, observados os padrões técnicos e os critérios de
confiabilidade estabelecidos nos Procedimentos de Rede aprovados pela ANEEL;
(b) garantir que todos os agentes do setor elétrico tenham acesso à rede de
transmissão de forma não discriminatória; e
(c) contribuir, de acordo com a natureza de suas atividades, para que a expansão do
SIN se faça ao menor custo e vise às melhores condições operacionais futuras.

O ONS é composto por membros associados e membros participantes, que são as


empresas de geração, transmissão, distribuição, consumidores livres, importadores e
exportadores de energia. Também participam o Ministério de Minas e Energia (MME)
e representantes dos Conselhos de Consumidores.

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Suas principais atribuições são planejamento, programação, supervisão e controle da


operação dos sistemas eletro energéticos nacionais e das interligações internacionais.

Estrutura institucional do Setor Elétrico

Para o perfeito funcionamento do modelo reestruturado do setor elétrico implantado,


foram criados novos agentes institucionais, entre eles a Câmera de Comercialização
de Energia Elétrica (CCEE), que também está subordinada à ANNEL, para a
comercialização de energia elétrica no Sistema Interligado Nacional. A CCEE é
responsável pelos contratos de compra e venda de energia para seu balanço final,
onde o consumidor pode escolher ser livre (comprando energia diretamente dos
produtores independentes), por meio de leilões públicos; ou ser consumidor cativo,
comprando energia das distribuidoras. Assim, ficou estabelecido o livre acesso à rede
por terceiros, tanto consumidores em alta tensão, como produtores independentes.

Características do Sistema Elétrico Brasileiro (SEB)


Para geração e transmissão de energia elétrica o país conta com um sistema (conjunto
composto por usinas, linhas de transmissão e ativos de distribuição) principal: o
Sistema Interligado Nacional (SIN). Essa imensa “rodovia elétrica” abrange a maior
parte do território brasileiro e é constituída pelas conexões realizadas ao longo do
tempo, de instalações inicialmente restritas ao atendimento exclusivo das regiões de
origem: Sul, Sudeste, Centro-Oeste, Nordeste e parte da região Norte. Além disso, há
diversos sistemas de menor porte, não-conectados ao SIN e, por isso, chamados de

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Sistemas Isolados, que se concentram principalmente na região Amazônica, no Norte


do país. Isto ocorre porque as características geográficas da região, composta por
floresta densa e heterógena, além de rios caudalosos e extensos, dificultaram a
construção de linhas de transmissão de grande extensão que permitissem a conexão
ao SIN.
Para o atendimento ao consumidor, outros fatores, como nível de atividade
econômica, capacidade de geração e circulação de renda e densidade demográfica
(número de habitantes por quilômetro quadrado) são variáveis importantes. Sudeste
e Sul, por exemplo, são as regiões mais desenvolvidas do país em termos econômicos
e sociais. São, também, as que apresentam maior densidade demográfica. Em
consequência, o atendimento a novos consumidores pode ser realizado a partir de
intervenções de pequeno porte para expansão da rede.
Elas são, portanto, as regiões
que registram melhor relação entre número de habitantes e unidades consumidoras
de energia elétrica.
Já o Nordeste, Centro-Oeste e Norte historicamente concentram a maior parte da
população sem acesso à rede. O atendimento foi comprometido por fatores como
grande número de habitantes com baixo poder aquisitivo (no caso do Nordeste
principalmente), baixa densidade demográfica (principalmente na região Centro-
Oeste) e, no caso da região Norte, baixa densidade demográfica e pequena geração
de renda, aliada às características geográficas. Estas últimas, por sinal,
comprometeram a extensão das redes de transmissão e distribuição, mas também
transformaram o Norte na região com maior potencial para aproveitamentos
hidrelétricos do país.

Geradoras
A atividade de geração ou produção de energia elétrica, definida no Decreto 41.019,
de 26 de fevereiro de 1957, consiste na transformação em energia elétrica de qualquer
outra forma de energia, seja qual for a sua origem (fonte primária): combustíveis
fósseis, biomassa, sol, vento etc. Há três regimes jurídicos aplicáveis à geração de
energia elétrica:
- Serviço público – Concessão e demais atos de outorga do Poder Concedente
para os serviços de geração de energia elétrica e aproveitamento de cursos de água.

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- Autoprodução – Concessão ou autorização para produzir energia para


consumo próprio.
- Produção independente – Concessão ou autorização pelo Poder Concedente
para a produção de energia elétrica destinada ao comércio de toda ou parte da
produção por conta e risco do Produtor Independente de Energia Elétrica (PIE).
O SEB é em sua grande parte um sistema interligado, portanto não cabe ao produtor
a decisão de gerar ou não energia.
O agente entra em operação sob o comando do ONS, que pode despachar, ou não,
a energia produzida por cada agente no intuito de aperfeiçoar o sistema do ponto de
vista de risco e custo. Embora não tenha liberdade de gerar energia, as geradoras
podem comercializar energia até o limite de sua garantia física, que é calculado a
partir de parâmetros técnicos.

Transmissoras
Consiste no transporte da energia elétrica do sistema produtor às subestações
distribuidoras, ou na interligação de dois ou mais sistemas geradores. A transmissão
de energia compreende também:
1) o transporte pelas linhas de subtransmissão ou de transmissão secundária
que existirem entre as subestações de distribuição; e
2) o fornecimento de energia a consumidores em alta tensão, mediante
suprimentos diretos das linhas de transmissão e subtransmissão.
A transmissão é tipicamente um monopólio natural, sendo assim fortemente regulada.
As transmissoras são concessionárias de serviço público e como tal assinam
contratos de concessão com a ANEEL (esta, atuando como representante do poder
concedente). Além deste, há outros quatro instrumentos contratuais na atividade de
transmissão:
1) Contrato de Prestação de Serviço de Transmissão (CPST);
2) Contrato de Uso de Sistemas de Transmissão (CUST);
3) Contratos de Conexão ao Sistema de Transmissão (CCT); e
4) Contrato de Compartilhamento de Instalações (CCI).
O sistema de transmissão do SIN compreende a Rede Básica e as Demais Instalações
de Transmissão – DIT. Quanto à rede básica, deve atender aos seguintes critérios:
1) linhas de transmissão, barramentos, transformadores de potência e
equipamentos de subestação em tensão igual ou superior a 230 kV; e

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2) transformadores de potência com tensão primária igual ou superior a 230 kV


e tensões secundária e terciária inferiores a 230 kV, bem como as respectivas
conexões e demais equipamentos ligados ao terciário, a partir de 1° de julho de 2004.
Não integram a Rede Básica e são classificadas como DIT, as Instalações de
Transmissão que atendam aos seguintes critérios:
1) linhas de transmissão, barramentos, transformadores de potência e
equipamentos de subestação, em qualquer tensão, quando de uso de centrais
geradoras, em caráter exclusivo ou compartilhado, ou de consumidores livres, em
caráter exclusivo;
2) interligações internacionais e equipamentos associados, em qualquer
tensão, quando de uso exclusivo para importação e/ou exportação de energia elétrica;
e
3) linhas de transmissão, barramentos, transformadores de potência e
equipamentos de subestação, em tensão inferior a 230 kV, localizados ou não em
subestações integrantes da Rede Básica.

Distribuidoras
A conexão e atendimento ao consumidor, qualquer que seja o seu porte são realizados
pelas distribuidoras de energia elétrica. Além delas, as cooperativas de eletrificação
rural, entidades de pequeno porte, transmitem e distribuem energia elétrica
exclusivamente para os associados. As distribuidoras são empresas de grande porte
que funcionam como elo entre o setor de energia elétrica e a sociedade, visto que
suas instalações recebem das companhias de transmissão todo o suprimento
destinado ao abastecimento no país. Nas redes de transmissão, após deixar a usina,
a energia elétrica trafega em tensão que varia de 88 KV a 750 KV. Ao chegar às
subestações das distribuidoras, a tensão é rebaixada e, por meio de um sistema
composto por fios, postes e transformadores, chega à unidade final em 127 volts ou
220 volts. Exceção a essa regra são algumas unidades industriais que operam com
tensões mais elevadas (de 2,3 KV a 88 KV) em suas linhas de produção e recebem
energia elétrica diretamente da subestação da distribuidora (pela chamada rede de
subtransmissão).
Uma característica marcante do setor de distribuição é sua identidade junto ao
consumidor final como o único representante do setor elétrico. Se problemas
institucionais, regulatórios, de geração ou de transmissão ocorrem, não são estes que

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o consumidor final identifica, mas a má qualidade da entrega da energia elétrica. Para


os consumidores, de forma geral pouco esclarecidos, o setor elétrico são as
distribuidoras de energia elétrica.
A relação entre os agentes operadores do setor elétrico e os consumidores pode ser
observada na figura a seguir.

Os direitos e obrigações dessas companhias são estabelecidos no Contrato de


Concessão celebrado com a União para a exploração do serviço público em sua área
de concessão – território geográfico do qual cada uma delas detém o monopólio do
fornecimento de energia elétrica.
O cumprimento dos Contratos de Concessão e as atividades desenvolvidas são
estritamente reguladas e fiscalizadas pela ANEEL. O objetivo da Agência é, de um
lado, assegurar ao consumidor, o pagamento de um valor justo e o acesso a um
serviço contínuo e de qualidade e, de outro, garantir à distribuidora o equilíbrio
econômico-financeiro necessário ao cumprimento do Contrato de Concessão.
Entre as variáveis reguladas pela Agência estão as tarifas e a qualidade do serviço
prestado – tanto do ponto de vista técnico quanto de atendimento ao consumidor. Dois
desses indicadores são o DEC (Duração Equivalente de Interrupção por Unidade
Consumidora) e o FEC (Frequência Equivalente de Interrupção por Unidade
Consumidora) que medem, respectivamente, a duração e a frequência das
interrupções no fornecimento.
Além de responder pelo atendimento ao cliente final, as distribuidoras desenvolvem
programas especiais compulsórios com foco no consumidor. Alguns dos principais
estimulam a inclusão social da população mais pobre por meio do acesso formal à
rede elétrica e da correspondente fatura mensal (que passa a funcionar como
comprovante de residência ao permitir o acesso a instrumentos econômico-sociais,
como linhas de crédito e financiamento). Entre esses programas estão o Baixa Renda

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(com tarifas diferenciadas para consumidores que atendem a determinadas


especificidades de consumo e renda), o Luz para Todos (universalização) e a
regularização das ligações clandestinas (os chamados “gatos”, ou conexões
irregulares que permitem o acesso ilegal à energia elétrica sem o pagamento da
correspondente fatura e se configuram legalmente como crime).
Comercializadoras
Agentes de comercialização são todas as entidades jurídicas que possuem
autorização para comprar e vender energia no SIN. Inserem-se, portanto, nessa
categoria as geradoras (incluindo concessionárias, produtores independentes e
autoprodutores), distribuidoras, importadoras, exportadoras, consumidores livres e
comercializadoras propriamente ditas. As comercializadoras compram energia
através de contratos bilaterais celebrados, podendo vender energia aos consumidores
livres ou aos distribuidores através de leilões.

Consumidores
Os consumidores são agentes econômicos por afetação dado que, embora não
desempenhem regularmente e/ou por definição atividades econômicas no âmbito do
setor elétrico, são atingidos por estas. Para fins deste trabalho, consumidores são
considerados uma categoria por si só, que interage com os agentes institucionais e
econômicos. Cabe um destaque para a tipologia de consumidores largamente
utilizada no SEB e que se reflete, também, na estrutura tarifária vigente: residencial;
comercial, serviços e outras; industrial; rural; poder público; iluminação pública;
consumo próprio; rural agricultor; rural irrigante; serviço público (água, esgoto e
saneamento) e serviço público (tração elétrica).

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O Sistema Integrado Nacional


(SIN)
O SIN abrange as regiões Sul, Sudeste, Centro-Oeste, Nordeste e parte do Norte.
Concentra aproximadamente 900 linhas de transmissão que somam 89,2 mil
quilômetros nas tensões de 230, 345, 440, 500 e 750 kV (também chamada rede
básica que, além das grandes linhas entre uma região e outra, é composta pelos ativos
de conexão das usinas e aqueles necessários às interligações internacionais). Além
disso, abriga 96,6% de toda a capacidade de produção de energia elétrica do país –
oriunda de fontes internas ou de importações, principalmente do Paraguai por conta
do controle compartilhado da usina hidrelétrica de Itaipu.
O Operador Nacional do Sistema Elétrico (ONS) é responsável pela coordenação e
controle da operação do SIN, realizada pelas companhias geradoras e transmissoras,
sob a fiscalização e regulação da ANEEL. Entre os benefícios desta integração e
operação coordenada está a possibilidade de troca de energia elétrica entre regiões.
Isto é particularmente importante em um país como o Brasil, caracterizado pela
predominância de usinas hidrelétricas localizadas em regiões com regimes
hidrológicos diferentes. Como os períodos de estiagem de uma região podem
corresponder ao período chuvoso de outra, a integração permite que a localidade em
que os reservatórios estão mais cheios envie energia elétrica para a outra, em que os
lagos estão mais vazios – permitindo, com isso, a preservação do “estoque de energia
elétrica” represado sob a forma de água. Esta troca ocorre entre todas as regiões
conectadas entre si.
Outra possibilidade aberta pela integração é a operação de usinas hidrelétricas e
termelétricas em regime de complementaridade. Como os custos da produção têm
reflexo nas tarifas pagas pelo consumidor e variam de acordo com a fonte utilizada,
transformam-se em variáveis avaliadas pelo ONS para determinar o despacho –
definição de quais usinas devem operar e quais devem ficar de reserva de modo a
manter, permanentemente, o volume de produção igual ao de consumo. A energia
hidrelétrica, mais barata e mais abundante no Brasil, é prioritária no abastecimento do
mercado. As termelétricas, de uma maneira geral, são acionadas para dar reforço em
momentos chamados como picos de demanda (em que o consumo sobe
abruptamente) ou em períodos em que é necessário preservar o nível dos

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reservatórios – ou o “estoque de energia”. O sistema interligado se caracteriza,


também, pelo processo permanente de expansão, o que permite tanto a conexão de
novas grandes hidrelétricas quanto a integração de novas regiões.
Em agosto de 2010 o Sistema Interligado Brasileiro (SIN) era composto por 2.271
empreendimentos de geração em operação, totalizando uma potência instalada de
110.224 MW. Desta potência, 69,24% correspondem a Usinas Hidrelétricas (UHEs),
25,15% correspondem a Usinas Termelétricas Convencionais (UTEs), 1,82% a Usinas
Termelétricas Nucleares (UTNs) e o restante a Pequenas Centrais Hidrelétricas
(PCHs), e Centrais Eólicas (EOL).
A necessidade de alimentar os grandes centros consumidores do Sudeste a partir da
energia produzida em regiões remotas do país tornou necessária a construção de uma
extensa rede de transmissão, conforme ilustrada na figura a seguir.

Integração eletroenergética do Sistema Interligado Nacional (SIN)

A capacidade instalada de geração do SIN é composta, principalmente, por usinas


hidrelétricas distribuídas em dezesseis bacias hidrográficas nas diferentes regiões do
país. Nos últimos anos, a instalação de usinas eólicas, principalmente nas regiões
Nordeste e Sul, apresentou um forte crescimento, aumentando a importância dessa
geração para o atendimento do mercado. As usinas térmicas, em geral localizadas
nas proximidades dos principais centros de carga, desempenham papel estratégico

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relevante, pois contribuem para a segurança do SIN. Essas usinas são despachadas
em função das condições hidrológicas vigentes, permitindo a gestão dos estoques de
água armazenada nos reservatórios das usinas hidrelétricas, para assegurar o
atendimento futuro. Os sistemas de transmissão integram as diferentes fontes de
produção de energia e possibilitam o suprimento do mercado consumidor.
A interligação do SIN é feita por meio da Rede Básica, redefinida em 1998 por meio
da Resolução ANEEL 245/1998.
A Rede Básica dos sistemas elétricos interligados é constituída por todas as linhas de
transmissão em tensões iguais ou superiores a 230 KV e subestações que contenham
equipamentos em tensão igual ou superior a 230 KV, integrantes de concessões de
serviços públicos de energia elétrica. Excepcionalmente, linhas e subestações em
tensões inferiores a 230 KV podem fazer parte da Rede Básica, desde que autorizadas
pelo Operador Nacional do Sistema (ONS). A interconexão dos sistemas elétricos, por
meio da malha de transmissão, propicia a transferência de energia entre subsistemas,
permite a obtenção de ganhos sinérgicos e explora a diversidade entre os regimes
hidrológicos das bacias. A integração dos recursos de geração e transmissão permite
o atendimento ao mercado com segurança e economicidade.
O planejamento e operação de sistemas elétricos, do porte do sistema brasileiro ou
não, demandam estudos bastante complexos, tais como os estudos de previsão de
carga, de fluxo de potência, de curto-circuito e de estabilidade.
O Sistema Interligado Nacional (SIN) constitui uma grande rede de transmissão com
mais de 100 mil quilômetros de extensão. Considerado único em âmbito mundial,
devido ao seu tamanho e características, o SIN é considerado um sistema
hidrotérmico, com predominância de usinas hidrelétricas. Formado por empresas
espalhadas por várias regiões do país, seu sistema como o próprio nome diz foi todo
conectado através de linhas de transmissão, as quais ligam grandes geradores aos
centros consumidores.

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Rede básica de transmissão do SIN

Os Sistemas Isolados
Os Sistemas Isolados são predominantemente abastecidos por usinas térmicas
movidas a óleo diesel e óleo combustível – embora também abriguem Pequenas
Centrais Hidrelétricas (PCH), Centrais Geradoras Hidrelétricas (CGH) e termelétricas
movidas a biomassa. Estão localizados principalmente na região Norte: nos Estados
de Amazonas, Roraima, Acre, Amapá e Rondônia. São assim denominados por não
estarem interligados ao SIN e por não permitirem o intercâmbio de energia elétrica
com outras regiões, em função das peculiaridades geográficas da região em que estão
instalados.
Os sistemas isolados de maior porte suprem as capitais Rio Branco (AC), Macapá
(AP), Manaus (AM) e Porto Velho (RO) e o estado de Roraima (com exceção da capital

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Boa Vista e seus arredores, abastecidos pela Venezuela). Manaus tem o maior deles,
com 50% do mercado total dos sistemas isolados.
Por ser predominantemente térmico, os Sistemas Isolados apresentam custos de
geração superiores ao SIN. Além disso, as dificuldades de logística e de
abastecimento dessas localidades pressionam o frete dos combustíveis (com
destaque para o óleo diesel).

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A Agência Nacional de Energia


Elétrica (ANEEL)
A Agência Nacional de Energia Elétrica (ANEEL) é uma autarquia em regime especial
vinculada ao Ministério de Minas e Energia, foi criada para regular o setor elétrico
brasileiro, por meio da Lei nº 9.427/1996 e do Decreto nº 2.335/1997.
A ANEEL iniciou suas atividades em dezembro de 1997, tendo como principais
atribuições:
- Regular a geração (produção), transmissão, distribuição e comercialização de
energia elétrica;
- Fiscalizar, diretamente ou mediante convênios com órgãos estaduais, as
concessões, as permissões e os serviços de energia elétrica;
- Implementar as políticas e diretrizes do governo federal relativas à exploração
da energia elétrica e ao aproveitamento dos potenciais hidráulicos;
- Estabelecer tarifas;
- Conceder, permitir e autorizar instalações e serviços de energia;
- Garantir tarifas justas;
- Zelar pela qualidade do serviço;
- Exigir investimentos;
- Estimular a competição entre os operadores;
- Dirimir as divergências, na esfera administrativa, entre os agentes e entre
esses agentes e os consumidores, e
- Promover as atividades de outorgas de concessão, permissão e autorização
de empreendimentos e serviços de energia elétrica, por delegação do Governo
Federal.

Tarifas de Energia Elétrica


A Tarifa de Energia Elétrica no Brasil é calculada considerando variados fatores, como
a infraestrutura de geração, transmissão e distribuição, bem como fatores econômicos
de incentivos à modicidade tarifária e sinalização ao mercado.
A ANEEL desenvolve variadas metodologias que visam que cada um dos segmentos
do setor elétrico (geração, transmissão, distribuição e comercialização) tenha uma

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remuneração adequada que garanta ao consumidor final o acesso ao serviço com


continuidade e qualidade, ao mesmo tempo que crie incentivos às empresas
fornecedoras melhorem e barateiem continuadamente este serviço. A ANEEL também
desenvolve, aplica e estuda formas de sinalizar adequadamente o mercado para que
este tenha um comportamento que seja benéfico para todos.

Classificação dos consumidores


A energia elétrica pode ser cobrada de diversas maneiras, dependendo do
enquadramento tarifário de cada consumidor. Resumidamente, a classificação dos
consumidores é:
· Grupo A: Engloba os consumidores que recebem energia em tensões acima
de 220V. Possui três tipos de tarifação: convencional, horo-sazonal azul e horo-
sazonal verde. Nesta categoria, os consumidores pagam pelo consumo, pela
demanda e por baixo fator de potência.
· Grupo B: Engloba os demais consumidores, divididos em três tipos de
tarifação: residencial, comercial e rural. Neste grupo, os consumidores pagam apenas
pelo consumo medido.
A maioria das pequenas e médias empresas (industriais ou comerciais) brasileiras se
encaixa no Grupo A.
Estes consumidores podem ser enquadrados na tarifação convencional ou, na
tarifação horo-sazonal (azul ou verde). Os custos por KWh são mais baixos nas tarifas
horo-sazonais, mas as multas por ultrapassagem de demanda são mais altas.
Assim, para a escolha do melhor enquadramento tarifário (quando facultado ao
cliente) é necessária uma avaliação específica.

Tarifação Convencional
Na tarifação convencional, o consumidor paga à concessionária até três parcelas:
consumo, demanda e ajuste de fator de potência.
O faturamento do consumo de energia (CA) não apresenta a divisão do dia em horário
de ponta e fora de ponta e será aquele verificado pela medição no período de
funcionamento. Acumula-se o total de KWh consumidos, e aplica-se uma tarifa de
consumo para chegar-se à parcela de faturamento de consumo.
O valor de demanda faturada (DF) é obtido pela aplicação de uma tarifa de demanda
à demanda faturada, que é o maior valor entre: a demanda registrada (DR) no mês.

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A demanda contratada (DC), caso haja contrato de fornecimento de energia, é 85%


da máxima demanda registrada (DR) nos últimos 11 meses.
Com isso, é muito importante o controle de demanda, pois um pico de demanda na
tarifação convencional pode significar acréscimos na conta de energia por até 12
meses.
Para determinar o valor da fatura (VF), utiliza-se a seguinte expressão:

onde:
VF = valor da fatura;
CA = consumo de energia;
TC = tarifa convencional;
DF = demanda faturada;
TD = tarifa de demanda;
ICMS = imposto sobre circulação de mercadorias e prestações de serviço.

Para o cálculo da parcela de ajuste de fator de potência, o dia é dividido em duas


partes: horário capacitivo e o restante.
- Se o fator de potência do consumidor estiver fora dos limites estipulados pela
legislação, haverá penalização por baixo fator de potência;
- Se o fator de potência do consumidor estiver dentro dos limites pré-estabelecidos,
esta parcela não é cobrada.

Tarifação Horo-Sazonal (Azul e Verde)


Na tarifação horo-sazonal (azul ou verde), os dias são divididos em períodos fora de
ponta e de ponta para faturamento de demanda, e em horário capacitivo e o restante,
para faturamento de fator de potência. Além disto, o ano é dividido em um período
seco e outro período úmido.
Assim, para o faturamento do consumo, acumula-se o total de KWh consumidos em
cada período: fora de ponta seca ou fora de ponta úmida, e ponta seca ou ponta
úmida.
Para cada um destes períodos, aplica-se uma tarifa de consumo diferenciada, e o total
é a parcela de faturamento de consumo.
A tolerância de ultrapassagem de demanda dada aos consumidores das tarifas horo-
sazonais é de:

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· 5% para os consumidores atendidos em tensão igual ou superior a 69 KV;


· 10% para os consumidores atendidos em tensão inferior a 69 KV (a grande
maioria), e demanda contratada superior a 100 kW;
· 20% para os consumidores atendidos em tensão inferior a 69 KV, e demanda
contratada de 50 a 100 KW.

Tarifação Horo-Sazonal Azul (THA)


Na tarifação horo-sazonal azul, o faturamento da parcela de demanda será igualmente
composto por parcelas relativas à cada período: fora de ponta seca ou fora de ponta
úmida, e ponta seca ou ponta úmida. Para cada período, o cálculo será o seguinte:
Caso 1 - Se a demanda registrada (DR) for inferior à demanda contratada (DC),
então aplica-se a tarifa de demanda correspondente à demanda contratada.
Caso 2 – Se a demanda registrada (DR) for superior à demanda contratada
DC), mas dentro da tolerância de ultrapassagem, então deverá ser aplicada a tarifa
de demanda correspondente à demanda registrada.
Caso 3 – Se a demanda registrada (DR) for superior à demanda contratada
(DC) e acima da tolerância, deve ser aplicada a tarifa de demanda correspondente à
demanda contratada, e somar a isso a aplicação da tarifa de ultrapassagem
correspondente à diferença entre as demanda registrada e a demanda contratada. Ou
seja: paga-se tarifa normal pelo contratado, e tarifa de ultrapassagem sobre todo o
excedente.

Tarifação Horo-Sazonal Verde (THV)


Na tarifa verde, o consumidor contrata apenas dois valores de demanda, um para o
período úmido e outro para o período seco. Não existe contrato diferenciado de
demanda no horário de ponta, como na tarifa azul.
Assim, o faturamento da parcela de demanda será composto uma por parcela apenas,
relativa ao período seco ou ao período úmido, usando o mesmo critério acima.

Cálculo do Ajuste do Fator de Potência.


Para o cálculo da parcela de ajuste de fator de potência, o dia é dividido em três partes:
horário capacitivo, horário de ponta, e o restante.

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Se o fator de potência do consumidor, registrado de hora em hora ao longo do mês,


estiver fora dos limites estipulados pela legislação, haverá penalização por baixo fator
de potência.
Se o fator de potência do consumidor estiver dentro dos limites pré-estabelecidos,
esta parcela não será cobrada.

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Bibliografia
Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel) – disponível em www.aneel.gov.br.
Acessado em 28 de julho de 2019.
Atlas de Energia Elétrica do Brasil. Agência Nacional de Energia Elétrica - ANEEL,
Editora Brasília, 2008, Brasília.
MONTICELLI, Alcir; GARCIA, Ariovaldo. Introdução a sistemas de energia elétrica.
Campinas: Editora da Unicamp, 2003.
Operador Nacional do Sistema Elétrico (ONS) – disponível em www.ons.org.br.
Acessado em 28 de julho de 2019.
Procedimentos de Distribuição de Energia Elétrica no Sistema Elétrico Nacional –
PRODIST. Introdução, Módulo 1. Agência Nacional de Energia Elétrica – ANEEL.

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