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Regulação da Transmissão

Regulação da Transmissão

SUMÁRIO

1 . Modelo do Setor Elétrico..........................................................................................I-3

1.1 O Sistema Elétrico....................................................................................................I-3

2. Critérios para a definição das redes do sistema elétrico


interligado.......................................................................................................................I-6

2.1 Abrangências e responsabilidades........................................................................I-7

3. Critérios para a definição das instalações que compõem a


rede complementar, a rede de supervisão e a rede de simulação............................I-8

3.1 Critérios para definição de instalações críticas na rede de operação..............I-10

4. Requisitos técnicos para a conexão à rede básica...............................................I-11

4.1 Abrangência e disposições transitórias...............................................................I-11

5. Integração de Novas Instalações............................................................................I-12

6. Realização de estudos.............................................................................................I-12

6.1. Liberação para operação integrada.....................................................................I-13

7. O Processo de Comercialização.............................................................................I-13

7.1 Diretrizes da comercialização...............................................................................I-13

7.2 Procedimentos de Rede.........................................................................................I-14

8. Tarifa e Contratos.....................................................................................................I-14

9. Plano de Expansão de Energia Elétrica.................................................................I-15

10. Referências Bibliográficas....................................................................................I-17

I- 2
1 . Modelo do Setor Elétrico

Durante os anos de 2003 e 2004 o Governo Federal lançou as bases de um novo


modelo para o Setor Elétrico Brasileiro, sustentado pelas Leis nº 10.847 e 10.848, de 15 de
março de 2004; e pelo Decreto nº 5.163, de 30 de julho de 2004.Em termos institucionais, o novo
modelo definiu a criação de uma entidade responsável pelo planejamento do setor elétrico a
longo prazo (a Empresa de Pesquisa Energética – EPE), uma instituição com a função de avaliar
permanentemente a segurança do suprimento de energia elétrica (o Comitê de Monitoramento
do Setor Elétrico – CMSE) e uma instituição para dar continuidade às atividades do MAE
(Mercado Atacadista de Energia), relativas à comercialização de energia elétrica no Sistema
Interligado (a Câmara de Comercialização de Energia Elétrica - CCEE).Outras alterações
importantes incluem a definição do exercício do Poder Concedente ao Ministério de Minas e
Energia (MME) e a ampliação da autonomia do ONS. Em relação à comercialização de energia,
foram instituídos dois ambientes para celebração de contratos de compra e venda de energia: o
Ambiente de Contratação Regulada (ACR), do qual participam Agentes de Geração e de
Distribuição de energia; e o Ambiente de Contratação Livre (ACL), do qual participam Agentes de
Geração, Comercializadores, Importadores e Exportadores de energia e Consumidores Livres.
O novo modelo do setor elétrico visa atingir três objetivos principais:
- Garantir a segurança do suprimento de energia elétrica, - Promover a modicidade
tarifária - Promover a inserção social no Setor Elétrico Brasileiro, em particular pelos programas
de universalização de atendimento.
O modelo prevê um conjunto de medidas a serem observadas pelos Agentes, como a
exigência de contratação de totalidade da demanda por parte das distribuidoras e dos
consumidores livres, nova metodologia de cálculo do lastro para venda de geração, contratação
de usinas hidrelétricas e termelétricas em proporções que assegurem melhor equilíbrio entre
garantia e custo de suprimento, bem como o monitoramento permanente da continuidade e da
segurança de suprimento, visando detectar desequilíbrios conjunturais entre oferta e demanda.
Em termos de modicidade tarifária, o modelo prevê a compra de energia elétrica pelas
distribuidoras no ambiente regulado por meio de leilões – observado o critério de menor tarifa,
objetivando a redução do custo de aquisição da energia elétrica a ser repassada para a tarifa
dos consumidores cativos. A inserção social busca promover a universalização do acesso e do
uso do serviço de energia elétrica, criando condições para que os benefícios da eletricidade
sejam disponibilizados aos cidadãos que ainda não contam com esse serviço, e garantir subsídio
para os consumidores de baixa renda, de tal forma que estes possam arcar com os custos de
seu consumo de energia elétrica.

1.1 O Sistema Elétrico

O sistema de produção e transmissão de energia elétrica do Brasil, Sistema Interligado


Nacional - SIN, pode ser classificado como hidrotérmico de grande porte, com forte
predominância de usinas hidrelétricas e com múltiplos proprietários o Sistema Interligado
Nacional (SIN) é formado pelos Agentes das regiões Sul, Sudeste, Centro-Oeste, Nordeste e
parte da região Norte.
A Operação Nacional do Sistema Elétrico concentra sua atuação sobre a Rede de
Operação do Sistema Interligado Nacional. A Rede de Operação é constituída pela Rede Básica,
Rede Complementar e Usinas submetidas ao despacho centralizado, sendo a Rede
Complementar aquela situada fora dos limites da Rede Básica e cujos fenômenos têm influência
significativa nesta, a maior parte da capacidade instalada é composta por usinas hidrelétricas,
que se distribuem em 12 diferentes bacias hidrográficas nas diferentes regiões a integração
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eletroenergética entre os sistemas de produção e transmissão para o suprimento do mercado


consumidor que se dá através da Rede Básica de Transmissão é ilustrada pela figura a seguir:

Figura 1 - A integração eletroenergética no Brasil

Conceitualmente, a operação centralizada do Sistema Interligado Nacional está


embasada na interdependência operativa entre as usinas, na interconexão dos sistemas
elétricos e na integração dos recursos de geração e transmissão no atendimento ao mercado. A
interdependência operativa é causada pelo aproveitamento conjunto dos recursos hidrelétricos,
através da construção e da operação de usinas e reservatórios localizados em seqüência em
várias bacias hidrográficas. Dessa forma, a operação de uma determinada usina depende das
vazões liberadas a montante por outras usinas e/ou empresas, ao mesmo tempo em que sua
operação afeta as usinas a jusante, de forma análoga.
A utilização dos recursos de geração e transmissão dos sistemas interligados permite
reduzir os custos operativos, minimizando a produção térmica e o consumo de combustíveis
sempre que houver superávites hidrelétricos em outros pontos do sistema. Em períodos de
condições hidrológicas desfavoráveis as usinas térmicas contribuem para o atendimento ao
mercado como um todo e não apenas aos consumidores de sua empresa proprietária. Assim, a
participação complementar das usinas térmicas no atendimento do mercado consumidor exige
interconexão e integração entre os agentes.

ONS Operador Nacional do Sistema.

Para o exercício de suas atribuições legais e o cumprimento de sua missão institucional,


o Operador Nacional do Sistema Elétrico desenvolve uma série de estudos e ações, que têm
como base dois insumos fundamentais.

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Em primeiro lugar, estão os Procedimentos de Rede. Esses procedimentos são um


conjunto de normas e requisitos técnicos que estabelecem as responsabilidades do ONS e dos
Agentes de Operação, no que se refere a atividades, insumos, produtos e prazos dos processos
de operação do SIN e das demais atribuições do Operador. Esses documentos são elaborados
pelo ONS, com a participação dos Agentes e homologados pela ANEEL. Atualmente, em
atendimento à Resolução Normativa nº 115 da ANEEL, de 29.11.2004, os Procedimentos de
Rede estão em processo de revisão para adequação à legislação e regulamentação vigentes e
para assegurar a aderência à prática adotada pelo ONS e pelos diversos agentes setoriais.
O segundo conjunto de insumos são as informações externas que o ONS necessita
receber das autoridades setoriais, especialmente do MME e da ANEEL, e dos agentes
proprietários das instalações que compõem o SIN para a execução de suas atividades, conforme
estabelecido nos próprios Procedimentos de Rede.

A Agência Nacional de Energia Elétrica – ANEEL

A ANEEL foi criada pela Lei 9.427 de 26 de Dezembro de 1996. Tem como atribuições:
regular e fiscalizar a geração, a transmissão, a distribuição e a comercialização da energia
elétrica, atendendo reclamações de agentes e consumidores com equilibrio entre as partes e em
beneficio da sociedade; mediar os conflitos de interesses entre os agentes do setor elétrico e
entre estes e os consumidores; conceder, permitir e autorizar instalações e serviços de energia;
garantir tarifas justas; zelar pela qualidade do serviço; exigir investimentos; estimular a
competição entre os operadores e assegurar a universalização dos serviços.

CCEE – Câmara de Comercialização de Energia Elétrica

A partir de um amplo debate com a sociedade, o governo brasileiro estabeleceu em


2004 um novo marco regulatório para o setor elétrico, visando garantir estabilidade,
transparência e tranqüilidade para o mercado de energia no país, pré-requisitos para a
viabilização de investimentos, indispensáveis ao desenvolvimento econômico e social.
Fruto dessa regulamentação, a Câmara de Comercialização de Energia Elétrica
(CCEE) começou a operar em 10 de novembro de 2004 - regulamentada pelo Decreto nº 5.177,
de 12 de agosto de 2004, sucedendo ao Mercado Atacadista de Energia (MAE).
Associação civil integrada pelos agentes das categorias de Geração, de Distribuição e
de Comercialização, a instituição desempenha papel estratégico para viabilizar as operações de
compra e venda de energia elétrica, registrando e administrando contratos firmados entre
geradores, comercializadores, distribuidores e consumidores livres.
A CCEE tem por finalidade viabilizar a comercialização de energia elétrica no Sistema
Interligado Nacional nos Ambientes de Contratação Regulada e Contratação Livre, além de
efetuar a contabilização e a liquidação financeira das operações realizadas no mercado de curto
prazo, as quais são auditadas externamente, nos termos da Resolução Normativa ANEEL nº
109, de 26 de outubro de 2004 (Convenção de Comercialização de Energia Elétrica). As Regras
e os Procedimentos de Comercialização que regulam as atividades realizadas na CCEE são
aprovados pela ANEEL.

Principais atribuições da CCEE

- Manter o registro de todos os contratos fechados nos Ambientes de Contratação


Regulada (ACR) e de Contratação Livre (ACL);
- Promover a medição e registro dos dados de geração e consumo de todos os Agentes
da CCEE;

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- Apurar o Preço de Liquidação de Diferenças - PLD - do Mercado de Curto Prazo por


submercado;
- Efetuar a Contabilização dos montantes de energia elétrica comercializados no
Mercado de Curto Prazo e a Liquidação Financeira;
- Apurar o descumprimento de limites de contratação de energia elétrica e outras
infrações e, quando for o caso, por delegação da ANEEL, nos termos da Convenção de
Comercialização, aplicar as respectivas penalidades;
- Apurar os montantes e promover as ações necessárias para a realização do depósito,
da custódia e da execução de Garantias Financeiras, relativas às Liquidações Financeiras do
Mercado de Curto Prazo, nos termos da Convenção de Comercialização;
- Promover Leilões de Compra e Venda de energia elétrica, conforme delegação da
ANEEL;
- Promover o monitoramento das ações empreendidas pelos Agentes, no âmbito da
CCEE, visando à verificação de sua conformidade com as Regras e Procedimentos de
Comercialização, e com outras disposições regulatórias, conforme definido pela ANEEL;
- Executar outras atividades, expressamente determinadas pela ANEEL, pela pela
Assembléia Geral ou por determinação legal, conforme o art. 3º do Estatuto Social da CCEE.

EPE – Empresa de Pesquisa Energética.

A Empresa de Pesquisa Energética - EPE tem por finalidade prestar serviços na área de
estudos e pesquisas destinadas a subsidiar o planejamento do setor energético, tais como
energia elétrica, petróleo e gás natural e seus derivados , carvão mineral, fontes energéticas
renováveis e eficiência

2. Critérios para a definição das redes do sistema elétrico interligado

Este critérios tem por objetivo apresentar diretrizes para a definição das instalações que
compõem as redes do sistema elétrico interligado (SIN), a serem adotadas pelo ONS no controle
da operação em tempo real, na supervisão da operação, nos estudos de programação e
planejamento da operação e nos estudos para proposição de ampliações e reforços em
instalações da Rede Básica.

2.1 Abrangências e responsabilidades

Agentes Envolvidos

Os seguintes agentes têm responsabilidades relativas a este submódulo dos


Procedimentos de Rede:

(a) Operador Nacional do Sistema Elétrico (ONS);


(b) Comitê Coordenador do Planejamento da Expansão dos Sistemas Elétricos (CCPE);
(c) Agentes de Transmissão;
(d) Todos os Usuários da Rede Básica, incluindo:
(1) Agentes de Geração detentores de centrais geradoras centralmente despachadas;
(2) Agentes de Distribuição;
(3) Consumidores Livres;
(e) Agentes de Geração detentores de concessão ou autorização de centrais geradoras
que, embora não estejam conectadas à Rede Básica e não sejam centralmente despachadas,

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possam de algum modo afetar os padrões de desempenho da Rede Básica;


(f) Agentes detentores de autorização para interligações internacionais.

Com o objetivo de permitir que o ONS cumpra suas atribuições conferidas pela Lei 9.648
de 27 de maio de 1998 e atenda ao estabelecido no MPO (Módulo 10 dos Procedimentos de
Rede), foram conceituadas as seguintes Redes:

(a) Rede Básica - Rede definida de acordo com os critérios estabelecidos pela ANEEL.
(b) Rede Complementar - Conjunto de instalações não integrantes da Rede Básica,
porém com influência significativa na operação daquela rede. A composição da Rede
Complementar será periodicamente atualizada, em função da evolução do sistema elétrico.
(c) Rede de Operação - União da Rede Básica, Rede Complementar e Usinas
submetidas ao despacho centralizado.
(d) Rede de Supervisão - Rede de operação e outras instalações cuja monitoração via
sistema de supervisão é necessária para a tomada de decisões em tempo real, pelo ONS,
relativas à Rede de Operação.
(e) Rede de Simulação - Rede composta pelas instalações integrantes da Rede de
Supervisão, acrescida de outras instalações que devam ser individualizadas na modelagem do
sistema para estudos do ONS, porque sua representação por modelos equivalentes levaria a
imprecisões significativas de resultados ou porque a operação dessas instalações deva ser
coordenada com a de instalações da Rede de Operação.

3. Critérios para a definição das instalações que compõem a rede complementar, a


rede de supervisão e a rede de simulação.

Considerações Básicas

As composições das redes de operação e de simulação são definidas a partir de


simulações realizadas pelo ONS, em conjunto com os Agentes, utilizando um modelo da rede
para estudos de fluxo de potência, denominado “caso com rede completa”, onde estejam
representados, no mínimo:

(a) As instalações integrantes da Rede Básica, com todas as subestações, usinas e


consumidores que estejam a elas diretamente conectados;
(b) As linhas de transmissão não integrantes da Rede Básica em tensão igual ou
superior a 230kV;
(c) As subestações não integrantes da Rede Básica com pelo menos um pátio em
tensão igual ou superior a 230kV;
(d) As usinas submetidas ao despacho centralizado, Planejamento da Operação
Energética, e as instalações de transmissão que interligam essas usinas ao sistema;
(e) Instalações em tensão igual ou superior a 138 kV através das quais sejam fechados
anéis entre duas ou mais subestações da Rede Básica, sempre que esses anéis operem
normalmente ou eventualmente fechados.

Os Agentes devem informar ao ONS qualquer alteração de parâmetros e de


configuração que modifique o modelo elétrico adotado na configuração para estudos de fluxo de
potência.As definições das Redes Complementar, de Supervisão e de Simulação devem ser
revistas toda a vez que a definição da Rede Básica for alterada. A cada reavaliação/revisão das
Redes Complementar, de Supervisão e de Simulação, o ONS solicitará aos Agentes a
atualização do modelo elétrico para o caso com rede completa.

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Rede Complementar

A Rede Complementar é formada pelas instalações não pertencentes à Rede Básica


que afetam significativamente esta última. As instalações que integram a Rede Complementar
são definidas pela simulação de todas as contingências simples em equipamentos que não
pertencem à Rede Básica, utilizando o caso de rede completa.
Uma instalação integrará a Rede Complementar quando sua contingência levar a
variações significativas de carregamento em alguma linha de transmissão ou transformador ou
variações significativas de tensão em barramento integrante da Rede Básica. Uma variação de
grandeza elétrica é dita significativa se for superior às seguintes tolerâncias:

(a) valor absoluto da variação de tensão nos barramentos da Rede Básica superior a 2%
(se esta variação estiver compreendida na faixa de 1,5% a 3%, a inclusão da instalação na Rede
Complementar será avaliada pelo ONS e o Agente proprietário da mesma);
(b) valor absoluto da variação de potência ativa nos circuitos da Rede Básica superior a
15 MW ou 5% da capacidade nominal do circuito (se esta variação estiver compreendida na faixa
de 10 a 20 MW ou 4% a 06%, a inclusão da instalação na Rede Complementar será avaliada
pelo ONS e o Agente proprietário da mesma).

Rede de Supervisão

Os equipamentos/instalações que compõem a Rede de Supervisão devem ser todos


aqueles pertencentes à Rede de Operação (Rede Básica, Rede Complementar e Usinas com
despacho centralizado) e demais equipamentos ou instalações cuja observabilidade seja
necessária à tomada de decisões em tempo real pelo ONS e à análise dos fenômenos
observados em instalações da Rede de Operação, devendo:

Garantir que o sistema supervisionado forme, em condições normais de operação, uma


única ilha elétrica observável, considerando todas as usinas com despacho centralizado,
viabilizando uma modelagem do sistema elétrico que permita:

(1) Aos Centros do ONS, tanto ao Centro Nacional de Operação do Sistema – CNOS,
quanto aos Centros de 2o nível (COSR/COS):
(i) O processamento das funções avançadas de tempo real;
(ii) A realização de estudos elétricos que podem abranger todo o Sistema Elétrico
Brasileiro ou partes dele;

Permitir aos sistemas de supervisão e controle dos Centros do ONS suprir os dados
necessários à modelagem do sistema para a realização dos diferentes estudos de planejamento,
programação e análise da operação. Manter a observabilidade e controlabilidade do sistema em
caso de eventuais perdas de medidas.

Rede de Simulação

A Rede de Simulação é composta pelo conjunto de instalações integrantes da Rede de


Supervisão, acrescido de outras instalações que, apesar de não serem objeto de supervisão em
tempo real, devam estar representadas na base de dados adotada nos estudos do ONS.

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A definição da Rede de Simulação deve ser feita após a identificação da Rede


Complementar e da Rede de Supervisão. A Rede de Simulação é definida como a rede de
dimensões mínimas que atenda aos seguintes objetivos:

(a) Permita reproduzir com a precisão requerida, nos diferentes estudos, o


comportamento da Rede de Operação;
(b) Permita ao ONS prever problemas operativos em instalações não integrantes da
Rede de Operação, que possam ocorrer em função de manobras naquela rede, que não possam
ser caracterizados pelas condições nas barras de fronteira.

As instalações que, mesmo não pertencendo à Rede de Supervisão, devem integrar a


Rede de Simulação, são definidas pelos critérios descritos a seguir.

Primeiro critério: são simuladas todas as contingências simples em equipamentos não


integrantes da Rede de Operação. Uma instalação integrará a Rede de Simulação quando sua
contingência levar a variações significativas de carregamento em alguma linha de transmissão
ou transformador ou variações significativas de tensão em algum barramento integrante da Rede
de Operação. A variação de uma grandeza elétrica será considerada significativa se for
superior às seguintes tolerâncias:

• valor absoluto da variação de tensão nos barramentos da Rede de Operação


superior a 2% (se esta variação estiver compreendida na faixa de 1,5% a 3%, a
inclusão da instalação na Rede Complementar será avaliada pelo ONS e o
Agente proprietário da mesma);
• valor absoluto da variação de potência ativa nos circuitos da Rede de Operação
superior 10 MW ou 5% de sua capacidade nominal (se esta variação estiver
compreendida na faixa de 5 a 15 MW ou 4% a 6%, a inclusão da instalação na
Rede Complementar será avaliada pelo ONS e o Agente proprietário da
mesma).

Segundo critério: são simuladas todas as contingências simples em equipamentos


integrantes da Rede de Operação. Uma linha de transmissão ou um transformador (e,
conseqüentemente, suas barras terminais) integrarão a Rede de Simulação quando, para
alguma dessas contingências, apresentar variação de carregamento superior a 20% de sua
capacidade nominal. Essa tolerância poderá ser inferior, em casos específicos, a critério dos
Agentes proprietários das instalações.

Terceiro critério: devem integrar a Rede de Simulação todas as instalações de


transmissão que interliguem ao sistema usinas submetidas ao despacho centralizado, conceito
este definido no Planejamento da Operação Energética.

3.1 Critérios para definição de instalações críticas na rede de operação.

Considerações Básicas

Em função das diferentes características de arranjo físico, equipamentos e sistemas de


controle e proteção, bem como da topologia da rede, as instalações de transmissão e geração
da Rede de Operação possuem diferentes graus de risco de sofrerem desligamentos
intempestivos, com diferentes conseqüências para o atendimento de energia aos consumidores.

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Desta forma, tratamento especial, entendido como acompanhamento diferenciado de


manutenção e cuidados especiais na operação, deve ser dado para instalações denominadas
“críticas”, que em desligamentos intempestivos, provoquem grande impacto no desempenho de
uma área da Rede de Operação (interrupção de carga, restrições ao controle de tensão,
variação acentuada de tensão ou oscilação sistêmica). A relação das instalações críticas é
elaborada e atualizada através de estudos .
Critérios para Identificação das Instalações Críticas (Subestações, Linhas de
Transmissão e Usinas) São consideradas instalações críticas da Rede de Operação aquelas
que atendam pelo menos a um dos critérios descritos a seguir.
Quando o desligamento intempestivo da instalação ou parte dela provoque instabilidade
sistêmica de potência, freqüência ou tensão numa Região Geográfica (Norte, Nordeste, Sul e
Sudeste / Centro-Oeste). Quando o desligamento intempestivo da instalação ou parte dela
provoque interrupção de carga numa Região Geográfica (Norte, Nordeste, Sul e Sudeste /
Centro-Oeste), superior a 30%, ou em Unidade da Federação, superior a 70%. Quando o
desligamento intempestivo da instalação ou parte dela provoque restrição de transferência de
energia entre Regiões Geográficas superior a 50%. Façam parte de corredores de
recomposição (descritos nas Instruções de Operação), pertencentes à Rede Básica ou Usinas
submetidas ao despacho centralizado, Outras instalações, que não atendam a nenhum dos
critérios acima descritos, poderão ser classificadas como críticas, a partir de estudos específicos
pelo ONS em consenso com os agentes envolvidos.

4. Requisitos técnicos para a conexão à rede básica

Os Procedimentos de Rede define os requisitos técnicos mínimos para a conexão de


Agentes à Rede Básica, com o propósito de :

(a) balizar as ações do Operador Nacional do Sistema Elétrico – ONS, visando a


proposição das ampliações, reforços e melhorias na Rede Básica, bem como a coordenação do
processo de acesso à Rede Básica;
(b) subsidiar os usuários conectados, ou que requeiram conexão, à Rede Básica com as
informações necessárias para o desenvolvimento ou atualização do projeto da conexão. Os
requisitos técnicos mínimos associados às instalações de conexão,
(c) fornecer subsídios para o projeto das instalações de transmissão de uso
exclusivo/restrito.

Os padrões de desempenho da Rede Básica e os requisitos mínimos para as suas


instalações estão estabelecidos nos Procedimentos de Rede. Por princípio, os requisitos
técnicos das instalações de conexão devem estar em conformidade com as Normas Técnicas da
ABTN no que for aplicável e, na sua falta, com as Normas Técnicas da IEC e ANSI, nesta ordem
de preferência. Todos os Agentes envolvidos devem agir para assegurar que na fronteira com a
Rede Básica sejam observados os padrões de desempenho e os requisitos técnicos
especificados nos Procedimentos de Rede.
O ONS poderá, dependendo do ponto de conexão e das condições do sistema, desde
que devidamente justificado, definir requisitos especiais a serem atendidos pelos Acessantes
para a sua conexão à Rede Básica, não cobertos pelos Procedimentos de Rede e que
eventualmente venham a se mostrar necessários para garantir a segurança do sistema, O CCT
estabelece as penalidades associadas à não observância destes requisitos e à violação dos
limites especificados.

4.1 Abrangência e disposições transitórias

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Regulação da Transmissão

Os requisitos técnicos estabelecidos nos Procedimentos de Rede, são aplicáveis às


novas conexões à Rede Básica, bem como às instalações de transmissão associadas. Para as
conexões e instalações de transmissão existentes, deverá ser adotado o seguinte procedimento:

(a) com autorização da ANEEL, o ONS coordena a realização de medições e estudos


para elaboração de diagnóstico das condições atuais da Rede Básica;
(b) com base no diagnóstico elaborado e numa análise de benefício/custo, o ONS
propõe à ANEEL as ações para a adequação de conexões e instalações de transmissão aos
requisitos técnicos definidos neste módulo dos Procedimentos de Rede;
(c) a ANEEL estabelece os prazos para o cumprimento das ações que venha a aprovar;
(d) a metodologia, dados e resultados de estudos e medições a serem realizados pelo
ONS com o objetivo descrito neste item, são submetidos à ANEEL e disponibilizados aos
Agentes.

5. Integração de Novas Instalações

Esse processo de integração abrange novas instalações e alterações de características


de instalações já existentes, uma vez que a entrada em operação dessas instalações afeta não
só a operação do SIN, como também os encargos de uso do sistema de transmissão. O
processo de integração de instalações à operação do Sistema Interligado Nacional - SIN envolve
o ONS, a CCEE, o agente legalmente responsável pela instalação perante a ANEEL e outros
agentes conectados à rede básica ou à rede de distribuição, cuja operação venha a ser afetada
pela integração dessa instalação. O processo de integração de instalações é coordenado pela
DGL e executado pelas diretorias DAT, DPP e DOP, sendo aplicado à:

instalações de agentes de geração conectadas à rede básica, despachados


centralizadamente pelo ONS, ou que comercializam energia no âmbito da CCEE;
instalações de agente de transmissão pertencentes à rede básica;
instalações de consumidor livre, de central geradora ou de importador/exportador de
energia para acesso à rede básica por meio de seccionamento de linha de transmissão
pertencente à rede básica;
instalações de agentes de distribuição e de consumidores livres conectados à rede
básica; instalações de agentes de importação/exportação;
reservatórios.

processo de integração de uma instalação de transmissão se inicia junto ao ONS após a


assinatura do contrato de concessão e a emissão da resolução de autorização.
Já, o processo de integração de uma instalação de geração, de distribuição, de
consumidor livre e de importação/exportação se inicia junto ao ONS com a solicitação de acesso

6. Realização de estudos

Para a integração de instalações ao SIN, o ONS efetua uma série de estudos em


conjunto com o agente legalmente responsável pela instalação. Esses estudos visam:

avaliar o impacto da instalação sobre o sistema, feita por meio de estudos pré-
operacionais;

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Regulação da Transmissão

definir as condições de observabilidade e controlabilidade necessárias à operação da


instalação, implantação dos sistemas de comunicação de voz e dados, dos sistemas de
supervisão, proteção e controle;
elaborar estudos e definir as condições para a realização das intervenções necessárias
ao comissionamento e à conexão das instalações ao SIN;
elaborar instruções de operação e treinamento dos operadores; operacionalização da
medição; testes do sistema de supervisão; aprovação, autorização e execução dos testes de
comissionamento.

6.1. Liberação para operação integrada

Para a liberação de uma instalação para operação integrada ao SIN, o ONS, dentro de
suas responsabilidades legais, verifica se a integração dessa instalação atende às condições
contratuais e aos requisitos estabelecidos – incluindo observabilidade e controlabilidade –, além
de verificar se os testes de comissionamento foram realizados sem restrições.

7. O Processo de Comercialização

O Processo de Comercialização de Energia Elétrica ocorre de acordo com parâmetros


estabelecidos pela Lei nº 10848/2004, pelos Decretos nº 5163/2004 e nº 5.177/2004, e pela
Resolução Normativa ANEEL nº 109/2004, que instituiu a Convenção de Comercialização de
Energia Elétrica. As relações comerciais entre os Agentes participantes da CCEE são regidas
predominantemente por contratos de compra e venda de energia, e todos os contratos
celebrados entre os Agentes no âmbito do Sistema Interligado Nacional devem ser registrados
na CCEE. Esse registro inclui apenas as partes envolvidas, os montantes de energia e o período
de vigência; os preços de energia dos contratos não são registrados na CCEE, sendo utilizados
especificamente pelas partes envolvidas em suas liquidações bilaterais. A CCEE contabiliza as
diferenças entre o que foi produzido ou consumido e o que foi contratado. As diferenças positivas
ou negativas são liquidadas no Mercado de Curto Prazo e valorado ao PLD (Preço de Liquidação
das Diferenças), determinado semanalmente para cada patamar de carga e para cada
submercado, tendo como base o custo marginal de operação do sistema, este limitado por um
preço mínimo e por um preço máximo.
De acordo com os critérios regulamentados pela ANEEL, os custos relacionados aos
serviços de transmissão devem ser determinados de forma a compensar os custos de
investimento, manutenção e operação das respectivas empresas prestadoras e,
simultaneamente, fornecer sinais econômicos que induzam os agentes a instalar novas fontes de
geração nos locais mais adequados do ponto de vista do sistema elétrico interligado, os sinais
locacionais. A determinação destes custos através do cálculo da Tarifa de Uso da Rede Básica -
TUSTRB é realizada segundo a Metodologia Nodal incorporada ao Programa Nodal. Este
programa utiliza como dados de entrada a configuração da rede, representada com suas linhas
de transmissão, subestações, gerações e cargas previstas para o horizonte do final do ciclo
tarifário.

7.1 Diretrizes da comercialização

As concessionárias, as permissionárias e as autorizadas de serviço público de distribuição de


energia elétrica do Sistema Interligado Nacional - SIN deverão garantir o atendimento à
totalidade de seu mercado, mediante contratação regulada, por meio de licitação, conforme
regulamento. O Poder Concedente homologará a quantidade de energia elétrica a ser
contratada para o atendimento de todas as necessidades do mercado nacional, bem como a

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Regulação da Transmissão

relação dos novos empreendimentos de geração que integrarão, a título de referência, o


processo licitatório de contratação de energia. Fica autorizada a constituição, no âmbito do
Poder Executivo e sob sua coordenação direta, do Comitê de Monitoramento do Setor Elétrico -
CMSE, com a função precípua de acompanhar e avaliar permanentemente a continuidade e a
segurança do suprimento eletro-energético em todo o território nacional.
As concessionárias e autorizadas de geração poderão, mediante autorização e
regulamentação do Poder Concedente, realizar operações de compra e venda de energia
elétrica para entrega futura, os atuais contratos de comercialização de energia elétrica
celebrados pelas concessionárias, permissionárias e autorizadas de distribuição já registrados,
homologados ou aprovados pela ANEEL não poderão ser objeto de aditamento para prorrogação
de prazo ou aumento das quantidades ou preços contratados após a publicação desta Lei,
ressalvado o disposto no art. 27 da Lei nº 10.438, de 26 de abril de 2002, Ocorrendo a
decretação de racionamento de energia elétrica pelo Poder Concedente em uma região, todos
os contratos por quantidade de energia do ambiente de contratação regulada, registrados na
CCEE, cujos compradores estejam localizados nessa região, deverão ter seus volumes
ajustados na mesma proporção da redução de consumo verificado.

7.2 Procedimentos de Rede

Os Procedimentos de Rede são documentos elaborados pelo ONS, com a participação


dos Agentes e homologados pela ANEEL, que estabelecem os procedimentos e os requisitos
técnicos para o planejamento, a implantação, o uso e a operação do Sistema Interligado
Nacional e as responsabilidades do ONS e de todos os demais Agentes de Operação.

Os principais objetivos dos Procedimentos de Rede são:

Legitimar, garantir e demonstrar a Transparência, Integridade, Equanimidade,


Reprodutibilidade e Excelência da Operação do Sistema Interligado Nacional;
Estabelecer, com base legal e contratual, as responsabilidades do ONS e dos Agentes
de Operação, no que se refere a atividades, insumos, produtos e prazos dos processos de
operação do sistema elétrico;
Especificar os requisitos técnicos contratuais exigidos nos Contratos de Prestação de
Serviços de Transmissão - CPST, dos Contratos de Conexão ao Sistema de Transmissão -CCT
e dos Contratos de Uso do Sistema de Transmissão - CUST.

8. Tarifa e Contratos

Para assegurar livre acesso à rede de transmissão, as concessionárias verticalizadas foram


obrigadas a assinar contratos de prestação de serviços de transmissão com o ONS (que não é
detentor de ativos de transmissão), delegando-lhe o direito de comercializar o uso de suas linhas
– evitando que as empresas de geração e/ou comercialização detentoras dos ativos de
transmissão exerçam poder de mercado. Por outro lado, as empresas com ativos de transmissão
terão remuneração assegurada para seus investimentos. Os usuários do sistema arcarão com os
custos de sua conexão à rede e pagarão ao ONS uma tarifa pelo uso do sistema (encargo de
uso) que deverá cobrir o montante dos custos dos serviços prestados pelo ONS, inclusive os
ancilares – esses serviços (tais como, energia reativa, manutenção da freqüência, eventuais
custos adicionais de geração) são necessários para garantir a qualidade do serviço do sistema,
não podendo ser imputados a uma transação específica.
Para estabelecer o preço da energia foi criado o Mercado Atacadista de Energia (MAE) –
o MAE foi estabelecido com a finalidade de realizar todas as transações de compra e venda de

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Regulação da Transmissão

energia dos sistemas interligados, não negociados através de contratos bilaterais –, que será
administrado pela Administradora dos Serviços do Mercado Atacadista de Energia Elétrica
(ASMAE).

O preço da energia no mercado spot é calculado com base na demanda residual – a demanda
prevista menos a oferta das centrais inflexíveis – e na disponibilidade do parque hidrotérmico
formado pelas centrais hidrelétricas e pelas térmicas flexíveis. Esse preço será calculado em
dois momentos: antes e após a operação efetiva. O preço ex-ante é somente uma expectativa
que desempenha o papel de sinalizador para que os agentes do mercado possam melhor definir
suas decisões de oferta e demanda. O preço ex-post é usado para calcular os fluxos financeiros
entre os agentes em função da produção ou consumo de energia não contratada.
Devido ao modo de operação centralizada, inerente do sistema hidrotérmico brasileiro, o "preço
spot" apresenta uma alta correlação com a hidrologia afluente, refletindo esta característica
estocástica dos preços do mercado de curto prazo. Períodos com grandes afluências (período
úmido) levam os "preços spot" a valores muito baixos devido a não necessidade de geração com
usinas térmicas flexíveis, que operam em modo de complementação térmica. Entretanto, em
períodos com baixa hidrologia (período seco), o "preço spot" é elevado. Logo, os riscos
financeiros para transações no mercado de curto prazo são elevados, devido a esta dependência
da hidrologia atual e futura e do "mix" de oferta de energia – distribuído em usinas térmicas e
hidrelétricas.

Para se proteger dos riscos econômicos da volatilidade dos preços e lograr estabilidade nos
fluxos financeiros, geradores e comercializadores podem assinar contratos bilaterais de caráter
exclusivamente financeiro – os contratos não acarretam em garantia física de suprimento elétrico
– que estabelecem quantidades e preços. Apesar de não existir um modelo padrão para esses
contratos, no mercado internacional os contratos por diferença – contra o preço de mercado spot
são predominantes.

9. Plano de Expansão de Energia Elétrica.

O Ministério de Minas e Energia – MME, através de seus órgãos e empresas, promove


diversos estudos e análises com o objetivo de subsidiar a formulação de políticas energéticas,
bem como orientar a definição dos planejamentos setoriais.
A Empresa de Pesquisa Energética – EPE, empresa pública vinculada ao MME,
instituída pela Lei n° 10.847, de 15 de março de 2004, tem por finalidade prestar serviços na
área de estudos e pesquisas destinadas a subsidiar o planejamento do setor energético, tais
como energia elétrica, petróleo e gás natural e seus derivados, carvão mineral, fontes
energéticas renováveis e eficiência energética, dentre outras.
Entre as atribuições da EPE, consta a responsabilidade de elaborar estudos
necessários para o desenvolvimento dos planos de expansão da geração e transmissão de
energia elétrica de curto, médio e longo prazos.
Com a criação da EPE, os estudos associados ao Plano Decenal de Expansão de
Energia Elétrica (PDEE), anteriormente conduzidos no âmbito do Comitê Coordenador do
Planejamento dos Sistemas Elétricos (CCPE), passaram a se constituir em serviços contratados
pelo MME à EPE.
Nesta fase inicial das atividades da EPE, cuja formação da equipe técnica se iniciou no
ano de 2005, a elaboração dos estudos associados ao Plano Decenal de Expansão de Energia
Elétrica - 2006-2015 se desenvolveu contando com o apoio, além da equipe da Secretaria de
Planejamento e Desenvolvimento Energético – SPE/MME, de técnicos das empresas do setor
elétrico, participando em Grupos de Estudos, sob a coordenação da EPE. Essa forma de

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Regulação da Transmissão

condução dos estudos permitiu manter a continuidade histórica do processo participativo das
empresas, necessário para conferir a qualidade, eficiência e eficácia necessárias aos resultados
obtidos.
Assim, na conclusão desse processo de planejamento energético, que culminou com a
Consulta Pública sobre o PDEE, aberta no período de 14 de março a 28 de abril de 2006,
destaca-se o alto nível das contribuições recebidas no processo de Consulta Pública, sendo que,
algumas delas por exigirem um maior grau de detalhamento, serão avaliadas durante a
realização dos trabalhos do próximo ciclo de planejamento.
No processo de expansão do parque gerador e das instalações de transmissão no novo
Modelo Institucional do Setor Elétrico, os agentes privados e públicos decidem o montante de
energia elétrica a contratar e os investimentos a realizar a partir da participação em leilões de
usinas geradoras e sistemas de transmissão.
De fato, são os agentes de distribuição que decidem e se comprometem a pagar, por
meio de contratos, resultantes de leilões, montantes de energia elétrica provenientes de novas
instalações de geração de energia elétrica a serem entregues a partir do terceiro ou quinto ano
futuro. Estes leilões estão estabelecidos na legislação nacional (Lei 10.848, de 15 de março de
2004), onde são denominados de leilões de A-3 e A-5. Com a informação das distribuidoras, os
geradores podem então decidir que novos empreendimentos de geração desejam construir,
apresentando, nos leilões, propostas de preços de venda de sua energia elétrica, competindo
por contratos de compra de energia das concessionárias distribuidoras. Adicionalmente, os
geradores podem ainda contratar direta e livremente com consumidores livres.
Uma vez definidas as novas usinas geradoras e conhecido o crescimento das cargas, é
estabelecida a expansão do sistema de transmissão (novas linhas de transmissão e subestações
da rede básica) necessária para o transporte de energia elétrica desde as fontes de produção
até o local de consumo, atendendo a critérios de confiabilidade, continuidade e segurança no
abastecimento.
Assim, os principais papéis na expansão do sistema de energia elétrica pertencem aos
agentes, tanto de geração e transmissão, quanto de distribuição, responsáveis, respectivamente,
pelos investimentos e pela contratação da maior parcela de energia, com antecedência
necessária a implantação dos novos empreendimentos.
Contudo, para expandir o Sistema Interligado Nacional (SIN), por suas características
ímpares, é indispensável a existência de um processo de planejamento que possa orientar
futuras ações governamentais e fornecer uma correta sinalização a todos os agentes do setor
elétrico brasileiro, para induzir uma alocação eficiente dos investimentos, base para a
modicidade tarifária futura.
Enquanto o planejamento da expansão fornece sinais para minimizar os custos totais
futuros da energia elétrica para a sociedade como um todo, o objetivo de cada um dos agentes,
é, principalmente, a maximização de seus resultados. Desta forma, os agentes tomam decisões
de investimentos baseados em suas estratégias e aspirações de taxas de retorno. Além disto,
como efeito da globalização de muitas empresas, suas decisões também estão muitas vezes
subordinadas a estratégias internacionais. Em suma, cada agente privado desenvolve seu plano
de expansão empresarial, com objetivos que podem ser bastante distintos daqueles do
planejamento governamental.
Ao governo cumpre, no entanto, buscar a utilização adequada, racional e otimizada dos
recursos naturais nacionais, em especial o hídrico, como previsto na Constituição Brasileira. Isto
exige um cuidadoso planejamento da expansão do parque gerador de energia elétrica, o qual
deve considerar não apenas as diversas opções de fontes geradoras disponíveis, mas também,
as interligações elétricas existentes e potenciais entre as diferentes bacias hidrográficas sul-
americanas, visando o aproveitamento da diversidade hidrológica existente. O objetivo do
planejamento decenal da expansão do SIN consiste então, em se definir um cenário de

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Regulação da Transmissão

referência para implementação de novas instalações de geração e transmissão necessárias para


atender ao crescimento dos requisitos do mercado, segundo critérios de garantia de suprimento
pré-estabelecidos, de forma ambientalmente sustentável e minimizando os custos totais
esperados de investimento, inclusive socioambientais e de operação.
O planejamento decenal irá, portanto, subsidiar: a realização dos futuros leilões de
compra de energia de novos empreendimentos de geração e de novas instalações de
transmissão; a definição de quais estudos de expansão da transmissão devem ser priorizados;
bem como de quais estudos de viabilidade técnica, econômica e socioambiental de novas usinas
geradoras realizar e, eventualmente, quais estudos de inventários deverão ser atualizados.
Esses estudos de planejamento abrangem o horizonte dos próximos 10 anos, devendo ser
objeto de revisões anuais. Essas atualizações anuais irão considerar, entre outras, as mudanças
nas previsões de crescimento do consumo de energia elétrica e reavaliações da economicidade
e viabilidade dos projetos de geração em função de um maior detalhamento dos seus estudos
técnicos de engenharia e de meio ambiente, além da incorporação de novos projetos cujos
estudos tenham sido finalizados.
As análises do planejamento decenal devem ser orientadas pelas diretrizes do
planejamento de longo prazo do Setor. Esses estudos são responsáveis por identificar no
horizonte de até 30 anos, as principais linhas de desenvolvimento dos sistemas elétricos de
geração e transmissão, face aos diferentes cenários de crescimento da economia, do consumo
de energia, das fontes de geração disponíveis, das políticas de aumento da eficiência energética
e do desenvolvimento industrial sustentável.

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10. Referências Bibliográficas

1. Contratação do Acesso e Uso do Sistema de Transmissão


Artigo Técnico 3º SEPOCH – 2003
Autores: João Carlos Ferreira da Luz e Vilmar Villa

2. Site da ANEEL : <http://www.aneel.gov.br>

3. Site do MME : <http://www.mme.gov.br>

3. Site do ONS : <http://www.ons.org.br>

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