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Capítulo 3 - Arranjos de Barramento de Média Tensão

Capítulo 3

ARRANJOS DE BARRAMENTO DE MÉDIA TENSÃO

SUMÁRIO

1. INTRODUÇÃO................................................................................................................................. 2

2.ARRANJOS DE CIRCUITOS............................................................................................................ 3

ƒ 2.1.SISTEMA RADIAL ............................................................................................................ 4

ƒ 2.2.SISTEMA PRIMÁRIO SELETIVO ..................................................................................... 6

ƒ 2.3.SISTEMA SECUNDÁRIO SELETIVO............................................................................... 7

ƒ 2.4.SISTEMA PRIMÁRIO EM MALHA.................................................................................... 9

ƒ 2.5.SISTEMA SECUNDÁRIO EM MALHA............................................................................ 10

3.SISTEMAS COMBINADOS ............................................................................................................ 13

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Capítulo 3 - Arranjos de Barramento de Média Tensão

1. INTRODUÇÃO

Ao projetar um sistema elétrico de distribuição, há diversas considerações básicas que o


projetista deve analisar. Dentre varias, podemos ressaltar:

Segurança

O projetista deve pensar na segurança do pessoal, do empreendimento, dos materiais e dos


equipamentos elétricos. O projetista nunca deve fazer um acordo onde a segurança seja concernida.
Quando os equipamentos apropriados são corretamente instalados e mantidos, a segurança é
inerente. Pode-se afirmar também, que quanto mais simples é o sistema, mais seguro torna-se
operar-lo e manter-lo.

Confiabilidade

O grau de confiabilidade que se deve dar ao projeto será dependente do tipo de


empreendimento. Em alguns edifícios e plantas as faltas momentâneas podem ser toleradas. Em
outros lugares tais como minas de carvão, hospitais, não deve existir descontinuidade no
fornecimento. Em ambos os casos o sistema deve ser projetado a fim de isolar falha com um mínimo
de distúrbio.

Custo Inicial

O custo inicial não deve ser o único fator determinante no projeto elétrico da planta.
Minimizar o custo inicial à custa da confiabilidade, da flexibilidade e da operação satisfatória pode
provar ser muito caro.

Regulação de tensão, tensões de sistema e variação de tensão

Deve-se selecionar a tensão de sistema apropriada para as distâncias e os equipamentos


envolvidos. Um estudo da variação e da regulação de tensão do sistema também é importante.

Custo operacional e de manutenção

Um sistema de distribuição com equipamento apropriado reduz o custo de manutenção de


emergência. Deve-se planejar, com cuidado, a acessibilidade e a disponibilidade do sistema para
inspeções e reparos. É necessário manter o projeto do sistema simples de modo que os eletricistas
tenham um trabalho mais fácil quando e se o problema ocorrer.

Flexibilidade

Com o tempo as cargas da planta provavelmente aumentarão. Esse fato deve ser levado em
conta no planejamento do sistema e esse aspecto deve ser analisado a fim de escolher a tensão
apropriada, bem como, o espaço para equipamentos adicionais. Deve-se considerar também a

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Capítulo 3- Arranjos de Barramento de Média Tensão

agilidade do sistema em acomodar mudanças de carga dentro da planta. O sistema deve ser
flexível.

Influência da construção do empreendimento no projeto

O projeto de edificação também é uma parte importante na escolha de um sistema de


distribuição. O empreendimento é um supermercado, um escritório, uma indústria?

2.ARRANJOS DE CIRCUITOS

Após a escolha do sistema de distribuição que melhor se adequa à situação da fonte de


alimentação da planta, é prática sadia fazer uma avaliação geral. Deve-se olhar o sistema como um
todo e indagar:

* O sistema é tão simples como a confiabilidade e a flexibilidade requeridas permitem?

* Existe a necessidade de trabalho em condutores energizados? Muitos procedimentos de


segurança requerem aterrar condutores da média tensão em ambas as extremidades antes que o
trabalho seja feito nelas.

* Uma falha localizada, será perdida somente uma parcela do sistema inteiro?

* Na capacidade do sistema foi prevista situações de emergências?

* O sistema pode ser expandido para um futuro crescimento?

* A tensão satisfatória será mantida em todo o sistema sob condições de variação de carga?

Se a resposta a todas estas perguntas for sim, então provavelmente o sistema é muito bom.

Após essa etapa, é possível prosseguir com especificações e detalhes para o projeto, deve-
se agora escolher o tipo de arranjo de circuito.

Os principais arranjos de circuitos para o sistema de distribuição são:

Radial
Primário Seletivo
Primário em Malha
Secundário Seletivo
Secundário em Malha

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Capítulo 3- Arranjos de Barramento de Média Tensão

2.1.SISTEMA RADIAL

Figura 1. Sistema Radial

O sistema radial é o mais simples, tem somente um alimentador e um banco do


transformador. As cargas são servidas de uma barra secundária através de diversos alimentadores.
No sistema radial um alimentador principal entrega a potencia na tensão primária a diversas
subestações unitárias situadas próximas aos centros de carga.

Quando grandes áreas da planta são envolvidas, diversos alimentadores primários podem
ser usados, cada um serve um grupo de subestações unitárias.

Figura 2. Sistemas Radiais

O sistema radial também possue o mais baixo custo de investimento dos sistemas a serem
discutidos. Oferece um baixo custo de manutenção e operação e é completamente flexível ao
melhoramento do sistema porque é fácil estender um alimentador primário, ou adiciona um extra,
para servir as subestações adicionais. A confiabilidade do serviço é elevada porque as taxas de
falhas são muito baixas.

Sob operação normal, as cargas são servidas através de um único circuito.

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Uma falha dentro do circuito da fonte, no transformador, ou na barra principal causará uma
interrupção de serviço a todas as cargas.
Uma falha em um dos circuitos do alimentador ou da filial deve ser isolada pelo dispositivo
de proteção do circuito. Sob esta circunstância, a continuidade do serviço é mantida para todas as
cargas exceto aqueles servidas pelo circuito defeituoso.

A necessidade da continuidade do serviço, freqüentemente requer trajetos múltiplos da fonte


de alimentação.

Uma falha em um alimentador primário, no arranjo mostrado na figura abaixo, causará a


atuação do dispositivo de proteção e interromperá todas as cargas.

Figura 3. Sistema Radial Expandido – Único Alimentador Primário

Se a falha for em um transformador, o serviço pode ser restaurado a todas as cargas exceto
aquelas servida pelo referido transformador.

Se a falha for no alimentador primário, o serviço não pode ser restaurado até a fonte do
problema ser eliminada.

Como é de se esperar mais falhas nos alimentadores do que nos transformadores, torna-se
lógico fornecer proteção individual no circuito primário, como mostra figura abaixo.

Figura 4. Expanded Radial Systems Individual Primary Protection

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2.2.SISTEMA PRIMÁRIO SELETIVO

No sistema primário seletivo, dois alimentadores no primário são trazidos a cada subestação
de modo que um ou outro alimentador possa ser selecionado para fornecer o serviço.

Figura 5. Primário Seletivo

Cada circuito primário do alimentador deve ter a capacidade suficiente para suprir a carga
total do empreendimento.

Sob as circunstâncias de operação normal, as chaves apropriadas são fechadas na tentativa


de dividir igualmente a carga entre os dois circuitos primários.

Então, se uma falha no alimentador primário ocorrer, só haverá interrupção no fornecimento


na metade das cargas.

O serviço de todas as cargas pode ser restaurado comutando os transformadores


desenergizados ao outro circuito primário.

As chaves seletoras geralmente são operadas manualmente.

Um arranjo com as chaves automatizadas pode ser usado para evitar que ocorra essa
interrupção de serviço à metade da carga. Entretanto, o custo adicional da automação pode não se
justificar em muitas aplicações.

Se uma falha ocorrer em um transformador secundário da subestação, o serviço pode ser


restaurado a todas as cargas exceto aqueles servidas pelo transformador defeituoso.

Um maior grau de continuidade do serviço no arranjo primário seletivo é realizado há um


custo mais elevado do que um sistema radial simples devido aos cabos e disjuntores primários
extras

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Figura 6. Sistemas Primário Seletivos

O arranjo do circuito da figura acima fornece meios de reduzir tanto a extensão quanto à
duração da falta de potencia quando ocorre uma falha no alimentador primário.

2.3.SISTEMA SECUNDÁRIO SELETIVO

O sistema secundário seletivo é, de fato, dois sistemas radiais com um laço secundário
normalmente aberto entre eles. O laço pode ser um cabo entre um disjuntor extra em cada
barramento de duas subestações distantes, ou um disjuntor de interligação entre as barras de duas
subestações próximas.

Uma outra alternativa, com maior seletividade, é usar dois alimentadores primários radiais
de modo que o fornecimento para cada subestação seja através de circuitos primários diferentes.

Figura 7. Sistema Secundário Seletivo

O sistema secundário seletivo oferece todas as vantagens de um sistema radial simples:


baixo custo, segurança, facilidade de operação e permite manutenções em qualquer parte do
sistema com quase nenhuma perda na produção.

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Figura 8. Sistema Secundário Seletivo usando Close-Coupled Double-Ended Substation

Sob circunstâncias normais, o arranjo secundário seletivo, mostrado na figura acima, opera
como dois sistemas radiais separados. Os disjuntores do circuito secundários entre cada subestação
secundária estão normalmente abertos.

A carga de uma subestação com arranjo secundário seletivo deve ser dividida igualmente
entre as duas seções da barra. Se uma falha ocorrer em um alimentador primário ou em um
transformador, o fornecimento a todas as cargas associadas ao alimentador ou ao transformador
defeituoso será interrompido.

O serviço pode ser restaurado a todas as barras secundárias primeiramente abrindo o


disjuntor do circuito associado ao alimentador ou transformador em falha e então se fecha o disjuntor
do laço

Em cada subestação, os disjuntores do circuito secundário do transformador devem ser


intertravados com o disjuntor secundário do laço de tal maneira que todos não possam estar
simultaneamente na posição fechados. Isto impede a operação paralela dos dois transformadores e
elimina também a possibilidade de interromper o serviço a todas as cargas na barra quando uma
falha ocorre em um alimentador primário ou em um transformador.

Os custos do sistema secundário seletivo dependem da capacidade de reposição dos


transformadores e dos alimentadores primários.

O transformador e a capacidade do alimentador primário serão determinados pelas cargas


essenciais que devem ser servidas sob circunstâncias de emergência. Se o serviço deve ser
fornecido para todas as cargas sob circunstâncias de emergência, cada alimentador primário deve
ter a capacidade suficiente para suprir a carga total, e cada transformador deve ser capaz de suprir a
carga total de cada subestação. Este tipo de sistema será mais caro do que o sistema radial e do
que o primário seletivo, mas faz a restauração do serviço a todas as cargas essenciais em uma falha
no alimentador primário ou em uma falha no transformador.

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O custo mais elevado resulta da duplicação da capacidade do transformador em cada


subestação secundária. Este custo pode ser reduzido excluindo cargas não essenciais no momento
de fornecimento emergenciais. Uma modificação no arranjo secundário seletivo é mostrada na figura
abaixo.

Figura 9.

Neste arranjo há somente um transformador em cada subestação secundária, más as


subestações adjacentes são interconectadas aos pares por um circuito normalmente aberto no laço
de baixa tensão.

Quando o alimentador ou o transformador primário que fornece potencia a uma barra


secundária da subestação está fora do serviço, as cargas essenciais nessa barra da subestação
podem ser supridas pelo circuito do laço. Os aspectos de operação deste sistema são um tanto
quanto complicados se as duas subestações forem separadas por grandes distâncias.

2.4.SISTEMA PRIMÁRIO EM MALHA

Em um sistema primário seletivo, se forem conectadas as extremidades dos alimentadores


primários e for instalado equipamento seccionador em cada subestação, dar-se forma a um sistema
primário em malha. Um dos seccionadores entre as subestações está normalmente aberto, quando
a malha não está fechada. Toda falha no circuito primário, abre-se o disjuntor principal da
subestação que alimenta a seção com defeito. Assim somente metade do sistema é perdido. Se a
falha estiver no cabo primário, a subestação pode ser isolada da falha e ser energizada pela outra
parte do laço, bastando apenas fechar a seccionadora entre as subestações.

Se a malha fosse operada com a seccionadora fechada, o sistema inteiro seria interrompido
em uma condição de falha. Se o laço for equipado com disjuntores durante todo o laço, cada um é
ajustado para seleção automática, nesse caso o laço pode ser operado com todos os disjuntores
fechados. Quando uma falha ocorre nesta configuração, ambos os disjuntores primários principais

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abrem e as seccionadoras apropriadas são abertas manualmente para isolar o cabo ou a


subestação que causaram a falha.

Figura 10. Sistema Primário em Malha

Nesse tipo de arranjo, tanto as seccionadoras quanto os disjuntores podem ser usados
como meio de seleção.

O sistema primário em malha é em geral relativamente caro quando comparado ao sistema


radial, mas seu custo é um tanto mais baixo do que um sistema primário seletivo devido às
exigências reduzidas do cabo. A confiabilidade e a flexibilidade são um tanto melhores

2.5.SISTEMA SECUNDÁRIO EM MALHA

O sistema de maior confiança dar-se quando na rede secundária todas as subestações têm
suas barras amarradas em um laço ou em uma rede. A finalidade principal do laço secundário é
fornecer uma fonte alternativa a toda barra de carga, mas existem outras vantagens:

Figura 11. Sistema Secundário em Malha

* Carregamento mais uniforme do transformador,

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* Perdas reduzidas no sistema,

* Maior flexibilidade em encontrar cargas, e

* Melhor regulação da tensão porque dá forma a um sistema "duro" e a uma queda de tensão
reduzida

O sistema secundário em malha de secundário em rede é complicado e conseqüentemente


mais difícil de operar e manter. O custo de um sistema completamente automático é também
relativamente elevado - duas vezes o valor de um sistema radial e até 50% mais elevado do que um
sistema secundário seletivo de mesmo porte. Entretanto, onde a continuidade do serviço é de
grande importância, o custo adicionado pode ser justificado.

O sistema secundário em malha assegura um grau relativamente elevado da confiabilidade


do serviço. Com isso, nos empreendimentos onde é necessária tal característica ou quando a fonte
da rede não for muito confiável, o sistema secundário em malha é usado freqüentemente. Isto ocorre
em algumas edificações tal como hospitais.

Sob circunstâncias normais de operação e a carga total conectada à barra é compartilhada


igualmente pelos transformadores. Se uma falha ocorrer em um transformador ou em um
alimentador primário, o protetor da rede associado com o transformador ou o alimentador em falha
irá interromper o fluxo de potência a fim de isolar a falha da barra de baixa tensão. O transformador
ou os transformadores restantes da subestação continuará a fornecer potência à carga e não haverá
nenhuma interrupção no serviço.

Se somente dois transformadores forem usados em uma subestação em malha, cada


transformador deve ser capaz de suprir a carga total solicitada pela barra de baixa tensão.

A quantidade de capacidade de reposição do transformador na subestação pode ser


reduzida usando um arranjo primário seletivo para cada transformador, ou usando três ou mais
transformadores. Se o arranjo primário seletivo for usado, a carga total pode ser aproximadamente
160 por cento da avaliação da placa de identificação de um dos transformadores.

A capacidade de reposição do transformador, os protetores da rede, dentre outras, faz do


arranjo secundário em malha muito mais caro do que os outros arranjos. Porém, estes elementos
fazem com que a confiabilidade deste sistema seja superior aos demais.

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Figura 12. Sistema Secundário em Malha

No arranjo mostrado na figura acima, há somente um transformador em cada subestação


secundária e as subestações são interconectadas por circuitos normalmente fechados pelo lado de
baixa tensão.

Os circuitos da malha permitem o intercâmbio do fluxo de potencia entre as subestações.

Na operação normal, as subestações são alimentadas igualmente. Entretanto, se o disjuntor


da rede abrir para isolar um transformador em uma falha no alimentador primário, a carga na barra
associada é então suprida pelas unidades adjacentes.

Este arranjo permite que uma fonte de alimentação alimente todas as cargas da baixa
tensão, assim, mesmo que um circuito alimentador primário ou um transformador seja removido o
fornecimento permanece.

Figura 13. Sistema Secundário em Malha Primário Seletivo

No arranjo em malha, como mostrado na figura acima, se houver três circuitos primários de
alimentação e três transformadores, a capacidade combinada de dois dos transformadores deve ser

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suficiente para suprir a carga inteira nas três subestações. Se associarmos a este sistema um
arranjo primário seletivo em cada transformador da subestação. Pode-se conseguir uma redução na
capacidade de reposição do transformador.

3.0.SISTEMAS COMBINADOS

Dependendo das exigências de uma planta, se faz necessária a combinação dos arranjos
discutidos anteriormente. Por exemplo, pode-se usar um arranjo primário em malha com um arranjo
secundário seletivo. Ou dentro de uma determinada planta, dependendo das exigências da produção
e da confiabilidade, pode-se servir uma seção com um sistema radial e a uma outra seção com um
sistema secundário seletivo.

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