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CENTRO FEDERAL DE EDUCAÇÃO TECNOLÓGICA DE MINAS GERAIS

CAMPUS IX - NEPOMUCENO

MARCELO H. RIBEIRO BERNARDO

PROTEÇÃO DE BANCO DE CAPACITORES

Primeiro seminário apresentado à


disciplina de Eletrotécnica I do curso de
Engenharia elétrica com o objetivo de
adquirir conhecimentos e cumprir a
atividade proposta.

Professor: Carlos Antônio Rufino

NEPOMUCENO-MG
Abril/2022
SUMÁRIO
1. Introdução .......................................................................................................................... 3

2. Objetivo .............................................................................................................................. 6

3. Desenvolvimento ................................................................................................................ 6

3.1. Proteção dos bancos de capacitores contra sub e sobretensões .................................... 6

3.1.1 Proteção contra sobretensões por descargas atmosféricas ..................................... 6

3.1.2 Proteção contra sub e sobretensões de origem interna ........................................... 7

3.2. Proteção contra sobrecorrentes ....................................................................................... 8

3.2.1 Proteção de capacitores de baixa tensão .................................................................. 8

3.2.2 Proteção de capacitores de média e alta tensões ..................................................... 8

3.2.2.1 Proteção de capacitores através de fusíveis .................................................. 8

3.2.2.1.1 Proteção de Células Capacitivas .................................................................... 9

3.2.2.1.2 Proteção de banco de capacitores .................................................................. 9

3.2.2.1.3 Proteção da caixa metálica da célula capacitiva......................................... 11

3.2.2.2 Proteção de capacitores através de relés digitais ....................................... 11

3.3 Proteção contra correntes transitória de energização ................................................. 13

3.3.1 Operação de um único banco de capacitores......................................................... 13

3.3.2 Operação de um banco de capacitores em paralelo com outros .......................... 14

3.4 Exemplos de aplicação .................................................................................................... 14

4. Conclusão ......................................................................................................................... 17

5. Referências Bibliográficas .............................................................................................. 18


1. Introdução

A abertura do mercado brasileiro de energia elétrica ao capital privado em meados da


década de 90 impôs às empresas concessionárias severas restriçõesem relação a custos,
eficiência e desempenho. A criação de uma nova regulamentação para o setor vem
exigindo índices de qualidade cada vez mais elevados, visando, em última instância, o
benefício aos consumidores [2].

Uma das restrições estabelecidas pela Agência Nacional de Energia Elétrica(ANEEL)


se refere à tensão. De acordo com a agência reguladora do sistema elétrico brasileiro, as
concessionárias de energia necessitam manter a tensão de fornecimento para seus
consumidores dentro de determinadas faixas [3].

Dessa forma, elas precisam adotar ações de controle de forma a garantir, para todas
as situações de carga e de operação, um perfil de tensão dentro desses limites pré-
estabelecidos. Esse controle de tensão, muito relacionado aocontrole da potência reativa,
também deve satisfazer os outros dois objetivos abaixo para uma eficiente e confiável
operação dos sistemas de potência [4]:

• A maximização da utilização do sistema de transmissão, mantendo a estabilidade


do sistema elétrico.
• A minimização do fluxo de potência reativa pelas linhas de transmissão como
forma de reduzir as perdas por Efeito Joule em seus condutores e aumentar a
eficiência do sistema.

No meio de várias opções que podem ser tomadas, uma bastante utilizada éa variação
da reatância do sistema, realizada por meio da inserção ou retirada de operação de bancos
capacitores em derivação em suas subestações. Esses equipamentos injetam potência
reativa capacitiva nos sistemas elétricos onde são instalados, reduzindo perdas, elevando
o nível de tensão e evitando, no caso de instalações comerciais e industriais, que os
consumidores sejam penalizadoscom o pagamento de adicionais por excesso de potência
e consumo de energiareativa.[1]

Os capacitores normalmente são reunidos em bancos com capacidadenecessária para


atender a determinados requisitos de potência do sistema elétrico. Em geral, são
fabricados para suprir as necessidades de injeção de potência reativa nos sistemas de
baixa, média e alta tensões. Na maioria dos casos, as células capacitivas não ultrapassam
3
a tensão de 25 kV e a sua potência capacitiva fica limitada a 500 kVAr.[1]

Os bancos de capacitores podem operar de forma fixa ou manobrável, conforme as


necessidades do projeto:

• Banco de capacitores fixos


É aquele conectado permanentemente ao sistema elétrico, fornecendo continuamente
potência reativa capacitiva, independente das necessidades da carga. Em períodos de
baixo consumo, quando a capacitância do sistema elétrico é superior à potência reativa
indutiva, os bancos de capacitores fixos contribuem de forma negativa fornecendo mais
energia reativa capacitiva, provocando sobretensões. É o tipo de aplicação mais simples
e de menor custo.[1]

• Banco de capacitores manobráveis


É aquele que se conecta ao sistema elétrico por meio de chaves interruptoras
comandadas por um sistema de controle previamente ajustado para as condições que se
fizerem necessárias. Isso significa que ele atua somente quando for necessária a injeção
de potência reativa capacitiva para manter o fator de potência corrigido ou a tensão do
sistema em valores predefinidos. Os bancos de capacitores manobráveis têm custo muito
elevado em comparação com os bancos de capacitores fixos.[1]

Nos sistemas de distribuição, bem como nos sistemas industriais e comerciais de


pequeno, médio e grande portes, é comum a instalação de bancosfixos operando ao lado de
bancos manobráveis. Determina-se a menor necessidade de potência reativa capacitiva ao
longo de um ciclo de carga e se estabelece a capacidade do banco fixo para atender a essa
condição. Para compensar as potências reativas indutivas excedentes, determina-se a
potência de um banco de capacitores com várias células capacitivas que podem ser
manobradas individualmente ou em bloco, de forma a compensar as necessidades do
sistema.[1]

Nos sistemas de baixa tensão, os bancos de capacitores, na maioria dos casos, são
instalados no interior das subestações ou muito próximo a elas, conectados ao Quadro
Geral de Força. Esta tem sido a solução mais econômica nas aplicações normais. Em
determinadas situações os bancos de capacitores podem ser instalados nos Centros de
Controle de Motores, quando se trata de instalações industriais, ou nos Centros de
Distribuição, quando são instalações comerciais, hospitalares etc.[1]

4
Nos sistemas de distribuição de média tensão os bancos de capacitores sãoinstalados
tanto no interior das subestações de potência quanto ao longo dos alimentadores urbanos
e rurais. A grande vantagem de sua instalação no barramento de média tensão das
subestações de potência reside nacentralização do controle da potência reativa necessária
à avaliação dos níveis de tensão, e além disso, reduz o investimento inicial e os custos
operacionais.[1]

Já nos sistemas de potência, os bancos de capacitores são geralmente parteintegrante


dos compensadores estáticos, operando coordenados com bancos dereatores, fornecendo
potência reativa indutiva e capacitiva de acordo com as necessidades do sistema
elétrico.[1]

A proteção de banco de capacitores conectado a uma subestação de potência deve


considerar os seguintes pontos de interesse:[1]

▪ Proteção contra correntes de curto-circuito nos barramentos do banco de


capacitores.
▪ Proteção contra surtos de tensão, resultantes de descargas atmosféricas que
trafegam pelas linhas de transmissão e/ou distribuição.
▪ Proteção contra as correntes transitórias devido à energização oumanobra do
banco de capacitores.
▪ Proteção das células capacitivas devido às sobrecorrentes resultantes dedefeitos
internos.
▪ Proteção das células capacitivas devido à sobretensão de desbalançoquando da
exclusão de uma ou mais dessas células capacitivas.

Os capacitores podem ser submetidos a perturbações do sistema por causa externa ou


provocada pelo próprio equipamento, necessitando que sejam instalados conjuntos de
proteção a fim de se evitar danos às células capacitivas ou limitar os seus efeitos. As
perturbações mais comuns são as sobretensões eos curtos-circuitos. Assim, os bancos de
capacitores devem ser dotados de um esquema de proteção que minimize os danos
decorrentes de defeitos, reduza oscustos de manutenção e garanta a maior disponibilidade
possível, de forma a não ocasionar restrições ao sistema elétrico.[1]

5
2. Objetivo

O objetivo deste trabalho é realizar uma breve revisão bibliográfica sobre Proteção de
Bancos Capacitivos, abordando e exemplificando proteções contra: sobtensões,
sobretensões, sobrecorrentes e correntes transitórias de energização, de modo a agregar
conhecimento e cumprir a atividade proposta.

3. Desenvolvimento
3.1. Proteção dos bancos de capacitores contra sub e sobretensões
Em uma subestação, bancos de capacitores são geralmente protegidos contra eventos
externos a eles decorrentes de falhas no sistema elétrico, comosurtos de tensão provindos
de atividades atmosféricas ou próprias da operação
do sistema elétrico.[2]

3.1.1 Proteção contra sobretensões por descargas atmosféricas

Os capacitores estão frequentemente sujeitos a surtos de tensão ou sobretensões


transitórias do sistema elétrico. Uma aplicação comum de proteção para este caso tem
sido os para-raios a resistor não linear e secundariamente os gaps, tais como os
descarregadores de chifres.[1]

O dimensionamento dos para-raios para combater surtos de tensões é feito em função


do nível de sobretensão, que surge entre as fases não afetadas durante um defeito fase e
terra. Para qualquer configuração do banco decapacitores, devem-se utilizar para-raios.[1]

A proteção dos capacitores contra surtos de tensão é normalmente prevista para


descargas atmosféricas que geram ondas de impulso ao longo das linhas de transmissão e
de distribuição e que se deslocam até as subestações consumidoras. Não são contadas
descargas diretas sobre os terminais dos bancos de capacitores. Se o banco de capacitores
está ligado na configuração estrela aterrada fica praticamente assegurada a sua
autoproteção contra surtosde tensão devido à redução da frente de onda.[1]

De acordo com a equação (1), é possível determinar a potência mínima de um banco


de capacitores conectado em estrela aterrado, para a tensão nominalcorrespondente que
estaria auto protegido contra surtos de tensão transitória.[1]

6
2𝜋 𝐹 𝑉𝑛
𝑃𝑚𝑏𝑐 = − [𝐾𝑉𝐴𝑟] (1)
0,8 𝑉𝑖𝑚𝑝 − √0,66 𝑉𝑛

onde:

• Vn – tensão nominal trifásica do banco de capacitores, em kV.

• Vimp – tensão suportável de impulso, em kV.

Bancos de capacitores com potencias inferiores aquelas determinadas pela


equação (1), devem ser protegidos por para-raios cuja tensão máxima de descarga seja
multiplicada por 1,44 para que não ultrapasse a tensão suportávelde impulso das células
capacitivas vezes o número de grupos série. [1]
Para banco de capacitores em estrela não aterrada, a tensão máxima de descarga do
para-raios deve ser multiplicada por 1,44, cujo resultado não ultrapasse 1,5 vez a tensão
suportável de impulso das células capacitivas vezeso número de grupos série.[1]
A condição mais severa a que é submetido um banco de capacitores por uma
sobretensão de origem atmosférica é a que corresponde ao instante do impulso,quando a
tensão da linha está no seu valor máximo e coincide com a polaridadedo surto.[1]

Convém lembrar que mesmo considerando o banco de capacitores em estrela com o


ponto neutro aterrado auto protegido, já que isso diminui o ângulode inclinação da frente
de onda, é conveniente aplicar para-raios conforme orientações aqui mencionadas.[1]
3.1.2 Proteção contra sub e sobretensões de origem interna

A proteção geral do banco de capacitores pode ser obtida por meio de relés
digitais, de acordo com as funções de proteção 27 e 59 (proteções mais utilizadas,
independentemente do nível de tensão, condições e tamanho dos bancos de
capacitores), podendo ser definidos ajustes típicos da tensão e tempos de resposta
decorrentes, sendo:[1]

▪ Ajuste do nível de subtensão, função 27: 90% da tensão nominal.

▪ Ajuste do tempo de resposta da função 27 do relé: 2 s.

▪ Ajuste do nível de sobretensão, função 59: 110% da tensão nominal.

▪ Ajuste do tempo de resposta da função 59 do relé: 3 s.

7
3.2. Proteção contra sobrecorrentes

Há várias formas de proteção de sobrecorrente utilizadas em capacitores oubanco


de capacitores. Nos bancos de capacitores de baixa tensão é usual a proteção por fusíveis
NH (aplicados na proteção de sobrecorrentes de curto-circuito)ou diazed. Também são
utilizados disjuntores termomagnéticos. Já nos sistemas de média tensão os bancos de
capacitores podem ser protegidos por elos fusíveis, fusíveis do tipo HH ou por relés
digitais alimentados por transformadores de corrente atuando sobre disjuntores.[1]

3.2.1 Proteção de capacitores de baixa tensão

Os bancos de capacitores são formados por um agrupamento de células capacitivas,


estes bancos são configurados diferentemente para aplicações em baixa, média e alta
tensão. Em baixa tensão, comumente os bancos de capacitores são constituídos por
células capacitivas trifásicas, cujo ligamento é feito diretamente ao quadro do banco de
capacitores através de disjuntores ou chaves com fusíveis. Para consulta da capacidade
das células capacitivas é utilizado uma tabela referência.[1]

Já os bancos de capacitores automáticos são formados normalmente por uma ou mais


células capacitivas trifásicas chaveadas por contactores tripolares,protegidos por fusíveis
dos tipos diazed ou NH ou por disjuntores.[1]

Recomenda-se que cada capacitor componente de um banco seja protegido


individualmente contra curto-circuito interno, a fim de se evitar a ruptura de sua caixa
metálica, o que resulta na formação de gases devido à queima de seus componentes. [1]

3.2.2 Proteção de capacitores de média e alta tensões

Os capacitores e bancos de capacitores podem ser protegidos por fusíveis ou relés


digitais.
3.2.2.1 Proteção de capacitores através de fusíveis

Os fusíveis constituem a proteção de menor custo de um banco de capacitores, porém,


pode não ser a de maior confiabilidade. Podem ser utilizadostanto na proteção individual
das células capacitivas, como na proteção do bancode capacitores.[1]

O dimensionamento do elo fusível de proteção é função da corrente de fase em serviço


8
contínuo, ressaltando-se que não deve atuar durante os transitórios de descarga ou de
energização do banco de capacitores.[1]
3.2.2.1.1 Proteção de Células Capacitivas

Aprofundando um pouco, a proteção pode ser feita nas células capacitivas, desejando
manter a integridade da caixa da caixa da célula capacitiva defeituosae não permitir que a
corrente de curto-circuito danifique as células capacitivas não afetadas, proporcionando a
operação do banco de capacitores dentro de condições satisfatórias. O projeto dos
fabricantes de células capacitivas pode serconcebido de três diferentes formas:[1]

• Capacitores de potência com proteção externa individual por fusível (Essa prática
é uma das mais utilizadas em banco de capacitores instalados nas subestações das
concessionárias de energia elétrica. Tem as seguintes vantagens: Identifica
visualmente a presença de uma célula capacitiva defeituosa, Facilidade de
desconectar da rede a célula capacitiva defeituosa, etc);
• Capacitores de potência com proteção interna individual por fusível(Essas células
capacitivas permitem montar bancos de capacitores maiscompactos e com menor
quantidade de pontos energizados, reduzindo ocontato com pequenos animais que
costumeiramente acessam partes vivas de uma instalação. Particularmente
utilizados em bancos de capacitores destinados a filtros);
• Capacitores de potência sem proteção individual (Esses capacitores nãocontêm
proteção por fusíveis instalados nem interna nem externamente.

Isso somente é possível em virtude da alta qualidade dos materiaisdesenvolvidos para


a sua construção.)
3.2.2.1.2 Proteção de banco de capacitores

Dando sequência, outra forma de proteção é realizada no banco de capacitores.


inicialmente requer que sejam conhecidas as limitações de projeto e construção das
células capacitivas, regidas por normas, operando individualmente ou em grupo, além de
utilizar dispositivos e equipamentos de proteção e manobra especificados para esse tipo
de aplicação.

Quando ocorre um defeito no sistema a qual está ligado o banco de capacitores, toda
a energia armazenada pelos capacitores é descarregada no ponto em curto-circuito,
fazendo com que a corrente resultante (contribuição doscapacitores mais a do sistema)

9
percorra toda a rede, dessa forma, todos os equipamentos presentes serão submetidos
a níveis elevados de sobrecorrente. A corrente de contribuição dos capacitores pode ser
obtida com a Equação (2).[1]

𝐼𝑐 = 0,816 𝑉𝑓 √𝐶/𝐿 [𝑘𝐴] (2)

Por sua vez, um sistema de banco de capacitores deve levar em consideração as


limitações das células capacitivas. Para realizar a proteção de células ou bancos de
capacitores, algumas condições normativas estabelecem as limitações operativas
continuas desses equipamentos, por exemplo:

• Os capacitores devem suportar 110% da sua tensão nominal eficaz.

• Os capacitores devem suportar até 180% da corrente nominal, valor eficaz,


incluindo a corrente na frequência fundamental e as correntes harmônicas.

Para o dimensionamento de grupos de capacitores, o sistema de deve levar em


consideração os diversos tipos de arranjo dos capacitores em diferentes combinações, em
que se definem o número de grupos em série por fase e o número de capacitores em
paralelo por grupo variando-se a potência e a tensãonominal das células capacitivas.[1]

A determinação do número mínimo de capacitores em paralelo em cada grupo série


para banco de capacitores em que a tensão de operação é igual à tensão nominal da célula
capacitiva, é função do tipo de configuração do bancode capacitores, as configurações
são:[1]

a) Banco de capacitores conectado com o ponto neutro aterrado ouconectado em


triângulo;
b) Banco de capacitores conectado em estrela com o ponto neutroisolado;

c) Banco de capacitores conectado em dupla estrela isolada.

Dando ênfase para a configuração a), o número mínimo de capacitores em paralelo


em cada grupo série, 𝑁𝑐𝑝𝑦𝑡, pode ser dado pela Equação (3).
11 × (𝑁𝑔𝑠 − 1)
𝑁𝑐𝑝𝑦𝑡 = (3)
𝑁𝑔𝑠
𝑁𝑔𝑠- Número de grupos por série

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Outra forma de proteção de banco de capacitores é por meio de elos fusíveis,
devendo obedecer a alguns critérios, de forma a evitar danos ou mesmo explosão na caixa
metálica das células capacitivas. Esses critérios devem ser aplicados de acordo com o tipo
de configuração do banco de capacitores.
3.2.2.1.3 Proteção da caixa metálica da célula capacitiva

A norma NEMA estabelece, por meio de gráficos, os limites de coordenaçãoentre a


atuação dos elos fusíveis e a ruptura da caixa da célula capacitiva. Ela estabelece quatro
regiões de segurança, que significam as probabilidades de ruptura da caixa da célula
capacitiva. Essas regiões são limitadas por curvas que indicam a percentagem de
probabilidade de ocorrer uma ruptura da caixa. Na zona segura, a célula é considerada
protegida quanto ao rompimento da caixa, podendo ocorrer, no entanto, um leve
estufamento da mesma. Nas demais zonas, zona 1, zona 2 e zona perigosa são previstas
percentagens para ocorrência de uma ruptura da caixa, respectivamente 10%, 50% e
90%.[1]
3.2.2.2 Proteção de capacitores através de relés digitais

A proteção de maior confiabilidade para banco de capacitores é realizada porrelés de


sobrecorrente digitais. Podem ser utilizados em vários esquemas, dependendo do tipo de
proteção que se deseja. Os relés de sobrecorrente são ligados a transformadores de
corrente e atuam sobre disjuntores que manobramtodo o banco de capacitores.[1]

Além de seu alto desempenho, a proteção através de relés digitais proporciona maior
disponibilidade do banco de capacitores e fornece funções deproteção, como:[1]

• Proteção contra sobretensões sustentadas que podem ocasionarrompimento da


caixa metálica das células capacitivas.
• Proteção contra sobrecorrentes devido a falhas entre fases, entre fase eterra no
ponto entre o disjuntor e o banco de capacitores.
• Indica e dá o alarme se estiver ocorrendo algum defeito no barramentodo banco
de capacitores.
Em geral, as falhas que ocorrem no barramento do banco de capacitores têmorigem
no movimento de pequenos animais sobre partes vivas do sistema. Pássaros também
podem provocar falhas no barramento.
Como apresentado no inicio deste tópico, podem ser utilizados vários esquemas para

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proteção com relés digitais, dependo do tipo de proteção que se deseja. Os esquemas
apresentados por [1] são:

a) Banco na configuração triângulo;

b) Banco na configuração estrela com o ponto neutro aterrado;

c) Banco na configuração estrela com o ponto neutro isolado;

d) Banco na configuração de dupla estrela isolada com neutrosinterligados;


e) Banco na configuração de dupla estrela com o ponto neutro aterrado.

Aprofundando no esquema c). Neste caso, a queima de um fusível de proteção


individual da célula capacitiva provoca um desequilíbrio no banco, o que resulta numa
tensão entre o neutro do sistema e a terra.

Para um arranjo em que há um ou mais grupos em série por fase, contendo cada um
deles uma determinada quantidade de capacitores ligados em paralelo,a queima de um ou
mais elos fusíveis de uma ou mais células capacitivas acarreta um desequilíbrio no
sistema, cuja tensão nas células capacitivas remanescentes do grupo considerado pode
ser bastante elevada, de acordo coma Equação (4):
3 𝑁𝑐𝑝
𝑉𝑔𝑟 = 𝑉𝑓𝑛 × (4)
3 𝑁𝑔𝑠 × (𝑁𝑐𝑝 − 𝑁𝑐𝑒 ) + 2𝑁𝑐𝑒
onde:

𝑁𝑔𝑠 – número de grupos série por fase.

𝑁𝑐𝑒 – número de células capacitivas eliminadas em um único grupo série.

𝑁𝑐𝑝 – número de células capacitivas em paralelo em cada grupo série.

𝑉𝑔𝑟 – é a tensão nas células restantes do grupo, quando este é operado com

Nce células excluídas.

𝑉𝑓𝑛 – tensão entre fase e neutro do sistema, em Kv.

O desequilíbrio de tensão nos terminais do banco de capacitores pode ser dado pela
Equação (5):

12
𝑁𝑐𝑒
𝑉𝑑 = 𝑉𝑓𝑛 × (5)
3 𝑁𝑔𝑠 × (𝑁𝑐𝑝 − 𝑁𝑐𝑒 ) + 2𝑁𝑐𝑒

A corrente que circula na fase afetada com eliminação de Nce células capacitivas é
dada pela Equação (6):
3 𝑁𝑔𝑠 × (𝑁𝑐𝑝 − 𝑁𝑐𝑒 )
𝐼𝑓𝑎 = 𝐼𝑛𝑐 × (6)
3 𝑁𝑔𝑠 × (𝑁𝑐𝑝 − 𝑁𝑐𝑒 ) + 2𝑁𝑐𝑒
onde:

𝐼𝑓𝑎 – corrente que circula na fase afetada com a eliminação de Nce capacitores.

𝐼𝑛𝑐 – corrente nominal dos capacitores, na fase A.

3.3 Proteção contra correntes transitória de energização

Quando da energização de um banco de capacitores são geradas correntestransitórias


elevadas de alta frequência, denominadas corrente de inrush, cujosvalores dependem das
várias condições assumidas pelo sistema no momento desse evento. Essas condições são:

• Resistência do sistema.

• Indutância do sistema.

• Capacitância do sistema.

• Eventuais resistências ou reatâncias inseridas nos disjuntores de operação do


banco de capacitores.

A corrente de energização de um banco de capacitores gera campos eletromagnéticos


intensos que podem afetar o desempenho de determinados componentes do sistema se
não forem tomadas medidas que reduzam ou eliminem o efeito desses transitórios. Os
componentes mais afetados são os equipamentos digitais que funcionam por meio de
lógicas digitais.

Para a determinação da corrente de energização de um banco de capacitoresdevem-se


considerar duas condições operacionais distintas, que implicam em diferentes resultados.
3.3.1 Operação de um único banco de capacitores

Para simular essa condição operacional do banco de capacitores são consideradas 5

13
premissas, estas relacionadas com a energização após um tempo referente a última
energização, condições das tensões nos terminais, desligamento e resistências.

Em seguida, pode-se calcular a corrente de energização de um único banco,


determinar a frequência.
3.3.2 Operação de um banco de capacitores em paralelo com outros

Significa a energização de um banco de capacitores conectado a uma barra já


energizada juntamente com outro banco de capacitores, formando a partir daenergização
dois bancos em operação paralela. É comum esse tipo aplicação, principalmente nas
subestações de grande porte.

Para o cálculo da corrente de energização, utiliza-se uma equação onde necessita


realizar o cálculo da capacitância equivalente. O mesmo vale para a frequência,
possuindo uma equação para seu cálculo.

3.4 Exemplos de aplicação

Exemplo de cálculo de potência mínima de um banco de capacitoresconectado em


estrela 3.1.1

Para um banco de capacitores de 69 kV de tensão nominal, cuja tensãosuportável de


impulso é de 350 kV, calcule o valor da potência nominal mínima do banco para que o
mesmo esteja auto protegido.

Solução:

Exemplo de Dimensionamento de grupos de capacitores para bancos capacitivos


3.2.2.1.2

Calcular o número de capacitores em paralelo em cada grupo série de um bancode


capacitores de 3.600kVAr, conectado em estrela com o ponto neutro aterrado, para

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que possa ser excluída uma célula capacitiva sem que a tensão a que ficamsubmetidas as
células capacitivas remanescentes seja igual ou inferior a 110% da tensão nominal. A
tensão nominal do banco de capacitores é de 13,80 kV. Apotência nominal de cada célula
capacitiva utilizada é de 100 kVAr. Serão adotados 2 grupos série.

Solução:

• Tensão nominal das células capacitivas

• Potência por fase

• Número de capacitores em paralelo em cada grupo série por fase

• Seleção do arranjo do banco de capacitores

Como a potência reativa em cada fase é 1.200 kVAr e foi definido que seriam 2
grupos série, logo a potência nominal de cada grupo é de 600 kVAr. Como a potência
nominal de cada célula capacitiva é de 100 kVAr,logo cada grupo será composto por 6
células capacitivas, que é o númeromínimo de capacitores em que pode ser excluída uma
célula capacitiva de qualquer grupo série sem que a tensão ultrapasse 110% da tensão
nominal. Consultando a Tabela 10.3 obtém-se o mesmo resultado.

Exemplo proteção de capacitores através de relés digitais para Banco naconfiguração


estrela com o ponto neutro isolado 3.2.2.2

Considere que o banco de capacitores da Figura 1 é constituído de células


capacitivas de 200 kVAr, na tensão nominal de 3,98 kV. Determinar a tensão nascélulas
remanescentes do grupo de capacitores após duas delas serem simultaneamente
eliminadas pela abertura dos seus elementos fusíveis. Calcular, também, a corrente que

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circulará na fase dos capacitores atingidos e atensão entre neutro e terra.

Figura 1. Banco de capacitores em estrela aterrada sob alta impedância(isolada).

Solução:
• Tensão nas células capacitivas restantes do grupo afetado pela exclusão de Nce
capacitores.
De acordo com a Equação (4), tem-se:

A tensão de operação normal de cada grupo vale:

𝑉𝑓𝑛𝑔 = 7,96/2 = 3,98 𝑘𝑉

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A sobretensão a que ficam submetidas as células capacitivas remanescentesdo grupo
afetado valem 80% da tensão nominal, ou seja:

• Corrente da fase afetada pela exclusão de Nce capacitores De


acordo com a Equação (6) vale:

• Tensão entre o neutro e a terra após a exclusão de Nce capacitoresSegundo a


Equação (5), vale:

4. Conclusão

Este trabalho procurou explorar as proteções de bancos capacitores utilizando como


fonte de pesquisa principal a literatura [1]. Desta forma, foi possível compreender os
conceitos e termos básicos sobre a utilização dos capacitores, suas características
construtivas, e o mais importante como tema principal, a proteção em geral, ramificando
em diversas situações e subcategorias e exemplificando algumas delas.

Também, no contexto do sistema elétrico nacional, constatou-se em rigorosaaplicação


de regras de operação, fazendo com que as indústrias não pensem duas vezes em investir
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em equipamentos que protejam e garantam a segurança. A utilização de bancos de
capacitores é comumente utilizada como estratégia daabordagem da correção do fator de
potência, entretanto, a sua aplicação necessita de projetos e estudos compatíveis com o
problema a ser solucionado.

Logo, existem diversas possibilidades de proteções para bancos de capacitores,sendo levado


em consideração diversos fatores para suas aplicações.

5. Referências Bibliográficas

[1] Mamede Filho, João - Proteção de sistemas elétricos de potência /JoãoMamede


Filho, Daniel Ribeiro Mamede. - [Reimpr.]. - Rio de Janeiro: LTC,2013.

[2] SANTOS, Henrique Lopes dos. INFLUÊNCIA DAS DISTORÇÕES


HARMÔNICAS NA PROTEÇÃO DE BANCOS DE CAPACITORES.
2010.128 f. Dissertação (Mestrado) - Curso de Engenharia Elétrica, Universidade
Federal de Minas Gerais, Belo Horizonte, 2010. Disponíve em:
https://repositorio.ufmg.br/bitstream/1843/BUOS-8D8GDH/1/89m.pdf. Acesso em:
12 nov. 2020.

[3] AGÊNGIA NACIONAL DE ENERGIA ELÉTRICA. Resolução n o 505 de 26de


novembro de 2001. Brasília. 2001.

[4] KUNDUR, P. Power Stability and Control. [S.l.]: McGraw-Hill Inc., 1994.

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